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PRODUÇÃO DE TENSOATIVO BIOLÓGICO POR Penicillium corylophilum Fernanda Pinheiro de Souza . Rio de Janeiro 2009

PRODUÇÃO DE TENSOATIVO BIOLÓGICO POR Penicillium … · momentos de cansaço e desânimo pude encontrar força e motivação. A minha Orientadora Liliana Lemos e ao meu professor

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PRODUÇÃO DE TENSOATIVO BIOLÓGICO POR Penicillium corylophilum

Fernanda Pinheiro de Souza

.Rio de Janeiro

2009

FERNANDA PINHEIRO DE SOUZAAluna do curso de Biotecnologia

Matrícula: 0613800064

PRODUÇÃO DE TENSOATIVO BIOLÓGICO POR Penicillium corylophilum

Trabalho de Conclusão de Curso,

TCC, apresentado ao Curso de Graduação em

Biotecnologia, da UEZO como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de

Tecnólogo em Biotecnologia, sob a orientação

da Profª Judith Liliana Solórzano Lemos.

Rio de Janeiro

Julho de 2009

PRODUÇÃO DE TENSOATIVO BIOLÓGICO POR Penicillium corylophilum

Elaborado por Fernanda Pinheiro de Souza

Aluna do Curso de Biotecnologia da UEZO

Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com

Grau: 10

Rio de Janeiro, 23 de julho de 2009.

_____________________________________________Profª. Drª Maria de Fátima Sarro.

Membro

_____________________________________________Profª. Drª Marise Costa de Mello.

Membro

_____________________________________________Prof. de TCC, M.Sc. Rafael Berrelho Bernini.

_____________________________________________Profª orientadora, Drª Judith Liliana Solórzano Lemos.

Presidente

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JULHO DE 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

S719p Souza, Fernanda Pinheiro. Produção de tensoativo biológico por Penicillium corylophilum / Fernanda

Pinheiro Souza. — 2009. 16 f.; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Tecnológica emBiotecnologia)—Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio de Janeiro, 2009. Bibliografia: f. 15-16.

1. Petróleo 2. Biorremediação 3. Penicillium corylophilum 4. Biossurfactante. I. Título.

CDD 665

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar o fôlego de vida, por

ter me sustentado com saúde e forças a cada dia.

À minha família que sempre me apoiou e me

incentivou a buscar o melhor caminho, onde nos

momentos de cansaço e desânimo pude encontrar

força e motivação.

A minha Orientadora Liliana Lemos e ao meu

professor de TCC I e II Rafael Bernini pela

compreensão, dicas e sugestões que me foram de

suma importância na realização deste trabalho.

À técnica de laboratório Mônica por ter estado

presente e me apoiado durante as atividades

práticas para execução deste trabalho.

Aos colegas de estudo Akio Kosaka, Bruno

Gabriel, Vânia Priscila, Paula Fernandes e em

especial ao Marcelo Eugênio pelas atividades em

grupo desenvolvidas e pela divertida e agradável

companhia.

A todos os professores que com muito afinco e

dedicação nos proporcionaram um aprendizado

com qualidade.

Ao Centro Universitário Estadual da Zona Oeste

que proporciono não só a mim, mas a muitos outros

alunos uma oportunidade de formação superior

através de um ensino de qualidade.

RESUMO

Os tensoativos biológicos ou biosurfactantes são moléculas anfifílicas, ou seja,

compostos que apresentam uma parte apolar (hidrofóbicas) e outra parte polar (hidrofílica).

Esses compostos são produzidos por microrganismos para aumentar a acessibilidade de

substratos hidrofóbicos às células, facilitando o desenvolvimento da microbiota existente e,

conseqüentemente, favorecendo a biodegradação. O presente trabalho teve por objetivo

estudar o desenvolvimento do processo de produção de tensoativo biológico a partir do

fungo Penicillium corylophilum, o qual já tem sido usado na biorremediação de borras

oleosas principalmente relacionadas com acidentes ambientais com derramamento de

petróleo. O ensaio foi desenvolvido em três estágios: cultivo da cepa, fermentação e

análise da tensão superficial (usando um tensiômetro para avaliar o potencial de produção

de tensoativo). O resultado encontrado para a tensão superficial ficou na faixa de 50mN/m

indicando baixo potencial de produção de tensoativo pelo fungo sob as condições

utilizadas. Valores de tensões superficiais desejáveis encontram-se na faixa de 35mN/m a

40mN/m.

Palavras-Chave: Petróleo; Biorremediação; Penicillium corylophilum; Tensoativo Biológico.

SUMÁRIO

Página

AGRADECIMENTOS ..........................................................................................................4

RESUMO...............................................................................................................................5

SUMÁRIO..............................................................................................................................6

Página.....................................................................................................................................6

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................................3

2. OBJETIVO ........................................................................................................................7

3. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................8

4.RESULTADO E DISCUSSÕES.......................................................................................11

5. CONCLUSÃO..................................................................................................................13

6. PERSPECTIVAS.............................................................................................................14

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................15

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento crescente da sociedade moderna e contemporânea é

fundamentado na exploração do petróleo. O aumento desta demanda implica no alto risco

de derrames acidentais, que podem ser minimizados, mas não totalmente eliminados

(PEREIRA e LEMOS, 2004). Pesquisas que buscam alternativas de tratamento aos

impactos causados pelo ser humano estão sendo realizadas com objetivo de reduzir os

problemas ambientais gerados. Na busca de novas tecnologias, estudos vêm demonstrando

que os processos biológicos podem ser as melhores escolhas. Nesse contexto surgem à

produção de tensoativos de origem biológica.

Os tensoativos podem ser quimicamente sintetizados (sintéticos) ou produzidos por

microrganismos (tensoativo biológico). Os tensoativos sintéticos têm origem petroquímica,

podem ser catiônicos, aniônicos, não iônicos ou anfóteros, e são usados como dispersantes

de óleos. Por outro lado os tensoativos biológicos podem ser produzidos por bactérias,

leveduras e fungos, sendo classificados de acordo com a sua natureza bioquímica e o tipo

de espécies microbianas produtoras de tensoativo biológico (UYSAL e TURKMAN,

2005).

Diferentemente dos surfactantes sintéticos, que são classificados de acordo com a

natureza dos seus agrupamentos polares, os tensoativos biológicos constituem uma das

principais classes de tensoativos naturais e são classificados pelo seu peso molecular, sua

composição química e sua origem microbiana (DESAI E BANAT, 1997).

A composição química dos tensoativos biológicos pode estar incluída nos grupos

químicos tais como: glicolípidios, lipopeptidios, fosfolipídios, lipoproteínas, ácidos graxos

e surfactantes poliméricos. A estrutura química dos tensoativos biológicos é altamente

influenciada pelos substratos e as condições do meio de cultura (PUNTUS et al., 2005).

Os tensoativos biológicos exibem um amplo potencial industrial, e de aplicação

ambiental para a biorremediação de ambientes contaminados por petróleo e derivados. Ao

contrário dos sintéticos, estes apresentam propriedades bem interessantes como

biodegradabilidade e baixa toxicidade, que incentivam a sua produção em escala industrial

(MULLIGAN, 2005). O tipo e o rendimento do tensoativo biológico são influenciados por

parâmetros como a fonte de carbono, possibilidade de limitação de nutrientes, fatores

físicos e químicos, temperatura e pH (FIECTHER, 1992).

Entre os fungos produtores de biosufactantes temos o Penicillium corylophilum que

já vem sendo empregado na biorremediação de solos contaminados com petróleo

(ARAÚJO e LEMOS, 2002). Nesse trabalho, a produção de biosufactante a partir desse

fungo sob as condições experimentais empregadas foi avaliada.

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2

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. PETRÓLEO

O petróleo é uma substância oleosa, inflamável e menos densa que a água. Ele

consiste basicamente em compostos de apenas dois elementos (82 a 87% de carbono e de

12 a 15% de hidrogênio) que, no entanto, formam grande variedade de complexas

estruturas moleculares. Além do número praticamente infinito de hidrocarbonetos que

formam o óleo cru ainda estão presentes, geralmente, pequenas quantidades de enxofre,

nitrogênio e oxigênio. Os hidrocarbonetos podem ser classificados em três grupos:

1. Hidrocarbonetos aromáticos: são constituídos de moléculas hidrofóbicas, tem baixa

solubilidade em água, o que contribui para a sua persistência no meio ambiente.

2. Hidrocarbonetos alifáticos: abrangem substâncias gasosas, líquidas e sólidas tanto

em cadeias lineares como ramificadas. O estado físico é muito importante, pois

indica a susceptibilidade ao ataque microbiano. Em geral, compostos gasosos e

líquidos são mais rapidamente atacados.

3. Hidrocarbonetos alicíclicos: os mais estudados são os cicloalcanos, provavelmente

porque eles sejam mais resistentes ao ataque microbiano.

Estruturas mais complexas (tais como estruturas com cadeias ramificadas ou estruturas com anéis

condensados) são mais resistentes à biodegradação, significando que poucos micro-organismos podem

degradar aquelas estruturas e as taxas de degradação são mais baixas que as taxas de degradação de estruturas

de hidrocarbonetos simples encontrados no petróleo (MENDONÇA, 2004).

Como a maioria do petróleo é extraída em locais distantes do seu consumo é normal

que este seja transportado em grandes quantidades. Os mais importantes métodos de

transporte de petróleo ocorrem por reservatórios oceânicos e por oleodutos sobre a terra.

Estes métodos de transporte podem poluir o ambiente através de acidentais

derramamentos. Para se ter uma idéia, em 18 de janeiro de 2000 uma ruptura no oleoduto

próximo a uma refinaria na Baía de Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro rompeu-se,

causando a liberação de aproximadamente 1,3 milhões de litros de petróleo bruto na Baía.

Em 16 de julho de 2000, uma ruptura no oleoduto próximo à refinaria Presidente Getúlio

Vargas, localizada a aproximadamente 20 km de Curitiba, capital do Estado do Paraná,

liberou aproximadamente 4 milhões de litros de petróleo bruto nos rios da região. Em 4 de

novembro de 2000, a colisão entre o navio de bandeira cipriota Vergina II e o píer sul do

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terminal da Companhia na cidade de São Sebastião, causou a liberação de

aproximadamente 700 barris de petróleo bruto no canal de São Sebastião. O vazamento

atingiu praias em São Sebastião e em Ilhabela. Em 16 de fevereiro de 2001, a ruptura do

oleoduto Araucária-Paranaguá, causou a liberação de 50 mil litros de petróleo bruto nos

rios Sagrado, Meio, Neves e Nhundiaquara, localizados no Estado do Paraná.

Para tentar reverter o impacto causado por tais derramamentos foram desenvolvidas

técnicas que incluem métodos físicos, químicos e biológicos para remediar as áreas

contaminadas por petróleo e seus derivados. As técnicas que aplicam métodos biológicos

são denominadas de biorremediação, que é a utilização de organismos que transformam ou

acumulam compostos químicos de alto risco, para eliminar ou transformar os poluentes

presentes no solo ou outros ambientes em amostras ambientais. As técnicas de

biorremediação podem ser realizadas no local do derrame (in situ) ou fora deste (ex situ)

(MOREIRA e SIQUEIRA, 2002).

2.2. TENSOATIVOS

Os tensoativos constituem uma classe importante de compostos químicos

amplamente utilizados em diversos setores industriais. Uma característica comum a todos

os tensoativos é sua dupla natureza química; com distintas atividades hidrofílicas e

hidrofóbicas numa única molécula. Por isso são conhecidos como compostos anfifílicos.

Estas propriedades fazem os surfactantes serem adequados para uma ampla gama de

aplicações industriais envolvendo: detergência, emulsificação, lubrificação, capacidade

molhante, solubilização e dispersão de fases (NITSCHKE e PASTORE, 2002).

Os tensoativos tendem a se concentrar nas interfaces onde ajudam a fazer a

dispersão. Na interface óleo/água, quando os surfactantes são adicionados, estes penetram

nessa interface, facilitando a formação de pequenas gotas, que ficam dispersas. Quando o

surfactante adsorve essa interface, facilita a mistura do óleo com a água (COELHO e

ACHER, sd).

No que tange aos solos que sofreram derramamentos de petróleo, a presença dos

tensoativos se torna crucial no tratamento daqueles submetidos a um longo intemperismo

devido ao fato do poluente estar mais aderido na sua matriz. Neste caso, o tensoativo

disponibilizaria o poluente para o ataque microbiano.

A grande maioria dos tensoativos disponíveis comercialmente é sintetizada a partir

de derivados de petróleo e, na maioria dos casos, a adição de tensoativos sintéticos inibe a

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biodegradação por serem tóxicos aos microorganismos. Já os compostos de origem

microbiana facilitam o desenvolvimento da microbiota existente e, conseqüentemente,

aumentam a biodegradação (ROCHA, 1999) por não terem efeitos danosos ao ambiente e

não serem tóxicos aos microorganismos (MORÁN et al., 2000). Os tensoativos biológicos

consistem em subprodutos metabólicos de bactérias, fungos e leveduras. Entretanto, as

referências quanto ao emprego de fungos como produtores de tensoativos são escassas,

merecendo, portanto, um pouco da nossa atenção. Por outro lado, comparado ao volume de

trabalho feito na identificação de cepas microbiológicas em processos de fermentação, e de

isolamento e caracterização das espécies, pouco tem sido feito na definição da aplicação da

tecnologia de tensoativos (BOGNOLO, 1999).

Há diversos tipos de tensoativos e uma variedade de microorganismos envolvidos é

demonstrada no quadro 1.

Quadro 1 - Principais classes de biosurfactantes e microorganismos envolvidos.

Peso Molecular Tensoativo Biológico Microorganismos

Baixo Peso Ramnolipídios Pseudomonas aeroginosaMolecular Lipídio Trealose Arthrobacter paraffineus

Rhodococccus erythropolisMycobacterium sp.

Lipídio Soforose Candida lipolyticaTorulopsis bombicola

Viscosina Pseudomonas fluorescensSurfactina Bacillus subtilis

Gramicidinas Bacillus polymyxaFosfolipídios Acinetobacter spp.

Lipopeptídeos Bacillus pumilisBacillus licheniformis

Pseudomonas fluorescens

Lipídio Poliol Rhodotorula glutinisRhodotorula graminis

Serrawettin Serratia marcencesÁcidos graxos Corynebacterium lepus

Arthrobacter parafineusPenicillium spiculisporum

Talaromyces trachyspermus

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Lipídios Sulfonil Capnocytophaga spp.Diglicerídeos diglicosil Lactobacillus fermentii

Alto Peso Alasan Acinetobacter radioresistensMolecular Emulsan Acinetobacter calcoaceticus

Biodispersan Acinetobacter calcoaceticusLiposan Candida lipolytica

Lipoproteína manana Candida tropicalisPolissacarídeo sulfatado Halomonas eurihalina

Heteropolissacarídeo acetil Sphingomonas paucimobilis

2.3. FUNGOS

Os fungos são organismos uni ou multicelulares, sendo encontrados em

praticamente todas as regiões do planeta e que desempenham um importante papel para a

manutenção do equilíbrio ecológico dos ecossistemas, podendo ser encontrados sob a

forma de vida livre ou formando associações com algas. Seu corpo é dividido entre o

micélio e o corpo de frutificação, que é o responsável pela reprodução dos mesmos, que se

dá a partir dos esporos, que são células reprodutoras. Já o micélio é constituído por uma

trama de filamentos, chamados de hifas.

Devido ao seu crescimento micelial, os fungos ramificam-se rapidamente no

substrato, digerindo-o através da secreção de enzimas extracelulares; disponibilizando,

desta forma, o acesso para o ataque bacteriano (ARAÚJO e LEMOS, 2002).

Fungos do gênero Penicillium pertencem à família Trichocomaceae e ao filo

Ascomicota, tendo como características principais talos septados e reprodução assexuada

através de propágulos denominados conídios. Trata-se de um grupo de microrganismos

amplamente distribuído na natureza e de grande importância biológica, devido à

diversidade de estruturas químicas que podem ser isoladas em função do metabolismo

secundário. A espécie estudada nesse trabalho, Penicillium corylophilum, pode ser

encontrada em material em decomposição, no solo, em grãos de cereais e em ambientes

com baixa umidade.

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2. OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de tensoativo biológico a

partir do fungo Penicillium corylophilum, visando o seu emprego na bioremediação de solo

(ex situ) contaminado por petróleo.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. AMOSTRA

Fungo Penicillium corylophilum. Esse microrganismo estava conservado em areia e

foi isolado no trabalho desenvolvido por ARAÚJO e LEMOS (2002) a partir de um solo de

Guararema/SP contaminado com petróleo.

3.2. PROCEDIMENTOS

O ensaio foi dividido em 3 etapas: Cultivo da linhagem, Fermentação e Análise da

tensão superficial.

3.2.1. CULTIVO DA LINHAGEM

3.2.1.1. PREPARO DO MEIO

Para preparar o meio de cultura Batata Dextrose Agar (BDA), 20g de batatas (sem

casca) foram cozidas em água e o líquido obtido após o cozimento foi reservado e

acrescido de 2g de glicose e 2g de Agar (Quadro 2). Após a dissolução completa dos todos

os componentes do meio, 4,0 mL foram distribuídos em tubos e esterilizados a 0,5 atm por

15 minutos e ao final desse processo, os tubos foram mantidos inclinados até solidificação

do meio BDA.

Quadro 2. Composição e preparo do meio de cultura, g/100 mL

3.2.1.2. CULTIVO

Antes de iniciar o processo de cultivo da linhagem, foi necessário fazer uma

suspensão dos fungos conservados em areia com de 3ml de solução salina a 0,9%. O

plaqueamento do fungo para tubos inclinados, os quais continham o meio de cultura BDA,

foi realizado com auxilio de uma alça. Esse procedimento foi realizado por três vezes,

sendo que nas duas primeiras, os tubos foram incubados a temperatura ambiente e na

última em estufa a 28ºC. O tempo de incubação em todos os casos foi de 7 dias.

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Composição Batata cortada em pedaços de ± 0,5 cm de lado

Glicose Ágar

Quantidade 20g 2,00g 2,00g

3.2.2. FERMENTAÇÃO

Ao final do tempo de incubação de crescimento dos fungos, os conídeos formados

foram suspensos em 4,0 mL de solução salina a 0,9%. Para a etapa de fermentação, 2 ml

dessa suspensão foram retirados e inoculados em um frasco cônico de 250 ml contendo

100 ml do meio de cultura mineral, cuja composição está descrita no Quadro 3. O frasco

foi tampado com rolha de gaze e algodão e permaneceu sob agitação num agitador

magnético, na velocidade 3, como mostra a figura 1. Para favorecer a produção de

tensoativo, 0,4 ml de óleo de soja estéril, usado como fonte de carbono pelos fungos, foram

adicionados somente no sétimo dia do ensaio.

Quadro 3. Composição do meio mineral, g/100mL

Figura 1: Cultivo de P. corylophilum em meio líquido mineral

O tempo de fermentação, após a adição da fonte de carbono, variou para os fungos

crescidos a temperatura ambiente e em estufa a 28 ºC. Para a primeira e segunda vez que

os fungos cresceram a temperatura ambiente, o tempo de fermentação foi de dois e quatro

dias, respectivamente. Para terceira vez, onde o crescimento ocorreu em estufa a 28ºC, a

fermentação durou 6 dias. Para a determinação da tensão superficial, em todos os casos

citados, ao termino da fermentação, as amostras foram filtradas em funil usando papel de

filtro comum como esquematizado a seguir:

1ª vez de cultivo da linhagem: amostras filtradas 2 dias após a adição do óleo de

soja.

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Composto Quantidade (g)KH2PO4 0,5460Na2HPO4 0,4760NH4Cl 0,2500MgSO4.7H2O 0,0800NaCl 0,0100

2ª vez de cultivo da linhagem: amostras filtradas 4 dias após a adição do óleo de

soja.

3ª vez de cultivo da linhagem: amostras filtradas 6 dias após a adição do óleo de

soja.

3.2.3. ANÁLISE DA TENSÃO SUPERFICIAL

Para análise da tensão superficial, as amostras filtradas anteriormente foram

colocadas, uma de cada vez, em um aparelho denominado tensiômetro, o qual consiste

basicamente de uma balança de torção que usa um fio para aplicar a força necessária para

remover um anel de platina da superfície do líquido a ser testado. Essa análise é

qualitativa, é permite avaliar a produção de tensoativos através da medida da redução da

tensão superficial em relação a tensão da água (70mN/m). De acordo com a literatura, as

tensões na faixa de 35mN/m a 40mN/m, indicam que o microorganismo é promissor na

produção de biosurfactantes, mas para que seja considerado um eficiente produtor, os

valores encontrados devem estar abaixo de 35mN/m (SILVA e TAPIA, 2002).

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4. RESULTADO E DISCUSSÕES

4.1. CULTIVO DA LINHAGEM

Após os 7 dias de incubação do fungo Penicillium corylophilum em meio BDA a

temperatura ambiente, foi observado uma coloração branca típica de crescimento micelial,

indicando que o fungo não atingiu o seu ponto ótimo de crescimento (Figura 2).

Provavelmente, isso tenha ocorrido pelas condições empregadas durante a incubação. Por

outro lado, as culturas incubadas em estufa a 28 ºC apresentaram ótimo crescimento

(Figura 3), foi observada a presença de um tapete verde uniforme devido ao aparecimento

dos conídeos. Isso indica que o fungo P.corylophilum necessita de temperatura controlada (em

torno de 28ºC) para o eficiente aparecimento dos conídeos e colabora com a hipótese de que

a incubação a temperatura ambiente não seja adequada.

Figura 2: Tubos inclinados contendo P. corylophilum em BDA, cultivado em temperatura

ambiente

Figura 3: Placa de Petri contendo P. corylophilum em BDA, cultivado em estufa a 28 ºC

1

4.2. PRODUÇÃO DE TENSOATIVO

Em relação à produção de tensoativo pelo fungo P. corylophilum, observou-se que

o valor médio encontrado ficou acima de 40mN/ (Quadro 3), indicando uma baixa

produção de biosufactante. Entretanto, REICHE e LEMOS (2005) usando a mesma

estratégia de adição tardia da fonte de carbono, após 7 dias de inoculação, encontraram um

valor de 34,9 mN/m. O resultado obtido foi atribuído ao estresse em relação à fonte de

carbono a que foram submetidas as células microbianas que, provavelmente, favoreceu a

produção de tensoativo por P. corylophillum. Uma vez que no presente trabalho foi

observado baixa produção de tensoativo tanto pelas culturas crescidas a temperatura

ambiente quanto em estufa a 28ºC, outras condições usadas, como por exemplo, o uso de

um agitador magnético durante a fermentação ao invés de um shaker com agitação a 150

rpm, como empregado no trabalho de REICHE e LEMOS (2005) tenha influenciado na

divergência dos resultados.

Quadro 3. Valores de tensão superficial em mN/m para P.corylophilum após 2, 4 (crescidos a

temperatura ambiente) e 6 (crescidos em estufa a 28ºC) dias de cultivo

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Fungo 2 dias 4 dias 6 diasP.corylophilum

50,25 56,80 55,52

5. CONCLUSÃO

A produção de biosufactante por P. corylophilum sob as condições experimentais

usadas não favoreceu a produção de biosufactante, pois os valores encontrados para a

tensão superficial ficaram todos acima de 40mN/m.

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6. PERSPECTIVAS

Supõe-se que as condições empregadas durante o ensaio tenham sido as

responsáveis pelo o não favorecimento da produção do tensoativo biológico por P.

corylophilum. Dessa forma, sugere-se a repetição desse experimento para confirmar essa

hipótese e a influência do procedimento realizado na produção do biosufactante,

principalmente em relação ao crescimento fúngico a temperatura ambiente e ao tipo de

agitador empregado. Outras sugestões seriam:

1- Construir uma curva de crescimento através da relação massa do fungo X

rendimento de tensoativo e determinar a média da sua tensão superficial.

2- Testar a quantidade ideal de substrato, ou seja, adicionar diferentes quantidades de

substrato.

3- Verificar, estatisticamente, a tendência observada de quanto menor o tempo de

fermentação, menor o valor da tensão superficial.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, F.M.S.; LEMOS, J.L.S. Isolamento e Identificação de Fungos Degradadores

de petróleo, X Jornada de Iniciação Científica do Centro de Tecnologia Mineral, Rio de

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BOGNOLO, G. Biosurfactants as Emulsifying Agents for Hydrocarbons. Colloids and

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COELHO, R.R.; ACHER, T. Modelamento Comparativo entre os Cálculos da Energia

e da Correlação de Cargas, com CMC e Número de Agregação, no Vácuo e na Água,

dos Surfactantes Iônicos – Decil Pirinidium, Iniciação Científica, Engª Química da

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DESAI, J.D.; BANAT, I. M. Microbial production of surfactants and their commercial

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PEREIRA, L.T.C.; LEMOS, J.L.S.Degradação de Hidrocarbontos de Petróleo por

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Tecnologia Mineral/MCT, Rio de Janeiro/RJ, 2004.

PUNTUS, I.F.; SAKHAROVSKY, V.G.; FILONOV, A.E.; BORONIN, A.M. Surface

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hexadecane and naphthalene. Process Biochemistry, v.40, p.2645-2648, 2005.

MENDONÇA, M.C.M. Caracterização e tratabilidade de resíduos líquidos gerados em

Terminais de armazenamento de álcool e derivado do petróleo, 2004. 161p.

Dissertação de Pós-Graduação do Departamento de Engenharia Civil da Universidade

Federal de Pernambuco, Recife, 2004. Orientadora: Maria de Lourdes Florêncio dos

Santos.

MORÁN, A.C. at al. Enhancement of hydrocarbon waste biodegradation by addition of a

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MOREIRA, F.M.S.; SIQUEIRA, J.O. Microbiologia e bioquímica do solo; Editado pela

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MULLIGAN, C.N. Environmental applications for biosurfactants. Environmental

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ROCHA, J.M.S. Aplicações de agentes tensoativos em Biotecnologia. Boletim de

Biotecnologia, v. 64, 1999.

REICHE, A.P.; LEMOS, J.L.S. Produção de Tensoativos Biológicos, XIII Jornada de

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