Upload
lydang
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOCIÊNCIA ANIMAL
THICIANE CARVALHO DE ALBUQUERQUE
Isolamento, seleção e caracterização de Enterococos produtores de
enterocinas isolados do queijo de Coalho artesanal produzido nos Municípios
de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, Brasil
Recife
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOCIÊNCIA ANIMAL
THICIANE CARVALHO DE ALBUQUERQUE
Isolamento, seleção e caracterização de enterococos produtores de
enterocinas isolados do queijo de Coalho artesanal produzido nos Municípios
de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, Brasil
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Biociência Animal da
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
como pré-requisito para obtenção do grau de
Doutor em Biociência Animal
Orientadora: Profa DraAna Lúcia Figueiredo Porto
Co-orientadora: Profa Dra Maria Taciana Cavalcanti Vieira Soares
Recife
2014
Ficha catalográfica
A345i Albuquerque, Thiciane Carvalho de Isolamento, seleção e caracterização de Enterococos produtores de enterocinas isolados do queijo de coalho artesanal produzido nos municípios de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, Brasil / Thiciane Carvalho de Albuquerque. – Recife, 2014. 148 f. : il. Orientadora: Ana Lúcia Figueiredo Porto. Tese (Doutorado em Biociência Animal) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Recife, 2014. Inclui referências e anexo(s). 1. Queijo de colho artesanal 2. Bactérias acido láticas 3. Bacteriocinas 4. Enterocinas I. Porto, Ana Lúcia Figueiredo, orientadora II. Título CDD 636.089
THICIANE CARVALHO DE ALBUQUERQUE
Isolamento, seleção e caracterização de enterococos produtores de
enterocinas isolados do queijo de Coalho artesanal produzido nos Municípios
de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, Brasil
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Biociência Animal da
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
como pré-requisito para obtenção do grau de
Doutor em Biociência Animal.
Tese defendida e aprovada em 21 de Fevereiro de 2014
Banca Examinadora:
--------------------------------------------------------------------- Profa Dra Ana Lúcia Figueiredo Porto (Orientadora) - UFRPE
-------------------------------------------------------------------- Dra Cynthia de Oliveira Nascimento - PNPD / UFRPE
--------------------------------------------------------------------- Profa Dra Galba Maria de Campos Takaki – UNICAP
--------------------------------------------------------------------- Profa Dra Keila Aparecida Moreira - UAG/UFRPE
--------------------------------------------------------------------- Profa Dra Tatiana Souza Porto - UAG/UFRPE
“Senhor,
Eu sei que me conheces e sabes dos meus problemas.
Eu sei que me acompanhas mesmo quando eu me perco.
Eu sei que quando tudo me falta o Senhor está comigo.
Eu sei que Tu me deste uma mãe, Maria.
A Tua mãe é a minha mãe.
Maria, na simplicidade de sua presença, nunca esteve ausente.
Nos momentos em que a angústia atormentava as celebrações da vida,
ela soube reconhecer e interceder.
Por isso eu peço, ó Mãe intercede por mim.
Quando alguma coisa acabar, intercede por mim.
Quando alguma coisa faltar, intercede por mim.
Quando eu pecar, intercede por mim.
Quando eu deixar de amar, intercede por mim.
Senhor amado, obrigado pela mãe que nos destes.
É mais uma prova de Teu imenso amor.
Cuida de nós.
Amém.”
Pe. Marcelo Rossi
DEDICATÓRIA
À minha mãe Fátima
Aos meus saudosos Avós Jorge e Edna
Ao meu marido Luiz
Aos meus filhos Puppy e Ringo
À minha irmã Thâmisa
À minha sobrinha Sophie
Porque família é tudo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelo seu amor incondicional;
A minha amada Mãe, Maria de Fátima por todo amor, dedicação e educação;
A meus saudosos avós, Edna e Jorge;
.
A Luiz, luz da minha vida;
Às Thâmisa e Sophie, minhas amadas irmã e sobrinha;
Aos meus amados Puppy, Pequeno, Ringo, Miu, Zig, Xing;
A minha Orientadora Profa Ana Lúcia Figueiredo Porto e Co-orientadora Profa
Taciana Cavalcanti Soares pela oportunidade, confiança e orientação;
Aos Componentes examinadores da Banca examinadora de Qualificação e Defesa,
por todas as valiosas contribuições;
Aos amigos do LABTECBIO e CENAPESQ, em especial a equipe do Queijo de
Coalho, cuja colaboração foi fundamental para a finalização deste trabalho;
A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Biociência Animal da
UFRPE, e todos os amigos de turma do Doutorado;
A UFRPE, minha segunda casa, que me acolheu tão bem desde 2001
A FACEPE, CAPES e CNPq pelo apoio financeiro.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS i
LISTA DE FIGURAS iii
LISTA DE TABELAS vi
RESUMO Vii
ABSTRACT Viii
1. INTRODUÇÃO 17 2. OBJETIVOS 21 2.1 Objetivo geral 22 2.2 Objetivos específicos 22 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23 3.1 Queijos 24 3.1.1 Queijos artesanais 25 3.1.2 Queijo de Coalho 29 3.1.2.1 Identidade e qualidade do queijo de Coalho 31 3.1.2.2 Perfil microbiano lático do queijo de Coalho 34 3.2 Bactéria Ácido Láticas 35 3.2.1 Enterococos 37 3.3 Bacteriocinas 39 3.3.1 Classificação das bacteriocinas 42 3.3.2 Aplicação das bacteriocinas em alimentos 46 3.3.3 Enterocinas 49 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54 5. ARTIGOS 75
CAPÍTULO I. Perfil da microbiota lática endógena do queijo de Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde - PE, Brasil.
76
CAPÍTULO II. Atividade antagonista de Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis isolados do queijo de Coalho artesanal dos municípios de Cachoeirinha e Arcoverde- PE, Brasil.
93
CAPÍTULO III. Produção e caracterização de enterocinas obtidas a partir do queijo de Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde- PE, Brasil.
105
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS 6.1 Conclusão Geral 6.2 Sugestões para trabalhos futuros 7. Anexo – Notas para autores
131 132134 135
i
LISTA DE ABREVIATURAS
ACNFP - Advisory Committee on Novel Foods and Processors
ADAGRO - Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco
ADPIC - Acordo sobre Aspectos Direitos de Propriedade Intelectuais Relacionados
ao Comércio
APL - Arranjos Produtivos Locais
APT - All Purpose Medium With Tween
ATCC - American Type Culture Collection
BAL - Bactéria Ácido Lática
CENAPESQ - Centro de Apoio a Pesquisa da UFRPE
DO - Denominação de Origem
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ESPM - Estudos e Negócios do Varejo do SEBRAE
FDA - Food and Drug Administrativo
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
GRAS - Generally Recognized As Safe
IG - Indicação Geográfica
IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária
IN - Instrução Normativa
INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial
IP - Indicação de Procedência
IPA - Instituto de Pesquisas Agropecuária do Estado de Pernambuco
ii
ITEP - Instituto de Tecnologia de Pernambuco
LABTECBIO - Laboratório de Tecnologia de Bioativos
LDR - Leite desnatado reconstituído
MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
MRS - Man, Rogosa e Sharpe
OMC - Organização Mundial do Comércio
SEBRAE - Serviço Brasileiro de apoio a micro e pequenas empresas
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SECTMA - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
TRIPS - Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights
TSB - Caldo triptona de Soja
UA - Unidade Arbitrária
UFC - Unidade Formadora de Colônia
iii LISTA DE FIGURAS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Pg
Figura 1. Fluxograma de produção do queijo de Coalho artesanal
fabricado a partir de leite cru pelos produtores na região Agreste do
Estado de Pernambuco, Brasil (NETO, 2010).
33
Figura 2. Mecanismos de atuação das bacteriocinas que podem contribuir
para a funcionalidade de Probióticos. Facilitando a introdução e / ou
domínio de um produtor num nicho já ocupado através da eliminação de
patógenos, atuando como peptídeos colonizadores e sinalizadores
(DOBSON, 2011).
41
Figura 3. Modo de ação de bacteriocinas de Bactérias Ácido Láticas
(COTTER, HILL E ROSS, 2005).
44
Figura 4. Evolução do uso da Nisina, desde sua descoberta até sua
comercialização (COTTER, 2005).
48
5. ARTIGOS
CAPÍTULO I
Figura 1. Morfologia das Bactérias Ácido Láticas (BAL) isoladas de queijo
de Coalho artesanal, produzidos em Cachoeirinha e Arcoverde –
Pernambuco, Brasil, “sur-plate” no meio All Purpose Medium With Tween -
APT ágar (Himedia) e “pour-plate” no meio Man, Rogosa e Sharpe - MRS
ágar (Himedia), nas temperaturas de 30 e 42°C. Morfologia de Cocos ( )
e morfologia de bacilos ( ).
83
Figura 2. Frequência dos gêneros de Bactérias Ácido Láticas (BAL)
isoladas de queijo de Coalho artesanal, produzido em Cachoeirinha e
Arcoverde – PE, “sur-plate” no meio All Purpose Medium With Tween -
APT ágar (Himedia) e “pour-plate” no meio Man, Rogosa e Sharpe - MRS
ágar (Himedia), nas temperaturas de 30 e 42°C. Enterococcus ( ),
Streptococcus ( ), Lactococcus ( ), Lactobacillus ( ), Leuconostoc ( )
85
iv
Figura 3. Perfil microbiano lático dos Queijos de Coalho Artesanais
produzidos em Cachoeirinha e Arcoverde – PE. Enterococcus ( ),
Streptococcus ( ), Leuconostoc ( ), Lactococcus ( ), Lactobacillus
( ) .
87
CAPÍTULO III
Figura 1. Quantificação* da atividade antimicrobiana (UA/mL)** das
enterocinas produzidas por E. faecalis (A) e E. faecium (B), isolados do
queijo de Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, frente a L.
innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC
25922 ( )
116
Figura 2. Atividade antimicrobiana residual (%) após tratamento térmico*
de enterocinas produzidas por Enterococcus faecalis (A) e E. faecium (B)
isolados do queijo de Coalho de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, frente a
L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC
25922 ( ).
118
Figura 3. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida
por Enterococcus faecalis (A) e E. Faecium (B) isolados do queijo de
Coalho de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, estocadas por dois meses sob
refrigeração*(4°C), frente a L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC
6538 ( ), e E. coli ATCC 25922 ( ).
119
Figura 4. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida
por Enterococcus faecalis e E. faecium isolados do queijo de Coalho
artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, em estoque congelado ( -
20°C)* frente as bactérias indicadoras L. innocua ATCC 33090 ( ), S.
aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC 25922 ( ).
120
v
Figura 5. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida
por Enterococcus faecalis e E. faecium isolados do queijo de Coalho
artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, em variados pH, frente as
bactérias indicadoras L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538
( ), e E. coli ATCC 25922 ( ).
122
Figura 6. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida
por Enterococcus faecalis (A) e E. faecium (B) isolados do queijo de
Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, submetidas a
presença de Lisozima (à 0,1mg/ML e 1mg/mL), frente as bactérias
indicadoras L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 ( ), e
E. coli ATCC 25922 ( ).
123
vi
LISTA DE TABELAS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 1. Diferenciação quanto à morfologia, temperatura de crescimento e
produtos formados pelos gêneros de BAL presentes em queijos.
37
Tabela 2. Presença enterococos em queijos de diferentes origens e tipos de
leite.
38
Tabela 3. Principais diferenças entre bacteriocinas e antibióticos (Adaptado
de ROSA, FRANCO, 2002).
40
Tabela 4. Classificação das Bacteriocinas segundo Klaenhammer (1993) 43
Tabela 5. Estudos envolvendo enterocinas de diferentes origens de
isolamento 50
5. ARTIGOS
CAPÍTULO I
Tabela 1. Bactérias isoladas do queijo de Coalho artesanal fabricado nos
municípios de Cachoeirinha e Arcoverde- PE, Brasil.
82
CAPÍTULO II
Tabela 1. Frequência de Enterococcus faecalis e E. faecium isolados do
queijo de Coalho artesanal, com atividade antagonista total*, parcial** e não
antagonistas a Listeria innocua ATCC 33090, Staphylococcus aureus ATCC
6538, e Escherichia coli ATCC 25922.
99
CAPÍTULO III
Tabela 1. Espectro de ação de Enterococcus faecalis e E. faecium, isolados
do queijo de Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, frente a
Staphylococcus aureus (ATCC 6538), Listeria innocua (ATCC 33090), e
Escherichia coli (ATCC 25922).
114
vii
RESUMO
Os Enterococcus são parte da microbiota natural de muitos queijos artesanais,
influenciando no desenvolvimento de características sensoriais destes produtos.
Além disto, os Enterococcus são capazes de produzir peptídeos com atividade
antimicrobiana chamados de enterocinas, destacando seu potencial uso como
bioprotetor em alimentos, sendo necessárias pesquisas que elucidem e possibilitem
sua utilização de modo eficiente e seguro. Assim, o presente trabalho objetivou isolar
e selecionar e caracterizar enterococos produtores de enterocinas isoladas a partir
do queijo de Coalho artesanal produzido nos Municípios de Cachoeirinha e
Arcoverde – PE / Brasil. Para isso foram isoladas, purificadas e identificadas por
método clássico 609 Bactérias Ácido Láticas (BAL) dos gêneros: Enterococcus
(50,7%), Streptococcus (20,5%), Lactococcus (17,8%), Lactobacillus (9,1%) e
Leuconostoc (1,9%). Do total de 309 amostras do gênero Enterococcus, 205
(66,34%) foram identificadas como E. faecalis e 104 (33,66%) como E. faecium. A
atividade antagonista esteve presente em 79,93% dos Enterococcus frente a Listeria
innocua ATCC 33090, em 57,60% frente ao Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e
em 27,18% frente a Escherichia coli (ATCC 25922). Na produção e seleção de
enterocinas, 102 (41,29%) Enterococcus foram considerados produtores, sendo
43,8% dos E. faecalis testado e 35,5% dos E. faecium. Os resultados à
caracterização das enterocinas produzidas demonstraram atividade antimicrobiana
estável a temperatura, pH e presença de enzimas proteolíticas. revelaram a
potencial aplicação destas enterocinas como conservantes biológicos, melhorando a
qualidade microbiológica e a segurança alimentar.
Palavras chave: Queijo de Coalho artesanal, Enterococcus, Bacteriocinas
viii ABSTRACT
Enterococcus are part of the natural microflora of many artisan cheeses, influencing
the development of sensory characteristics of these products. Moreover,
Enterococcus are capable of producing peptides with antimicrobial activity called
enterocins, its potential use as bioprotector in food research is needed to elucidate
and to enable their use in an efficient and safe manner . Thus, this study aimed to
isolate, select and characterize enterocins produced by Enterococcus isolated from
artisanal “Coalho” cheese produced in the Cachoeirinha and Arcoverde - PE / Brazil.
To this were isolated, purified and identified by classical method 609 lactic acid
bacteria (LAB) of the genera: Enterococcus (50.7 %), Streptococcus (20.5 %),
Lactococcus (17.8%), Lactobacillus (9.1 %) and Leuconostoc (1.9%). Of the total of
309 samples of the genus Enterococcus, 205 (66.34 %) were identified as E. faecalis
and 104 (33.66 %) as E. faecium. The antagonist activity was present in 79.93 % of
Enterococcus against Listeria innocua ATCC33090 at 57.60 % against
Staphylococcus aureus (ATCC 6538) and 27.18% against Escherichia coli (ATCC
25922). In the production and selection, 102 (41.29%) were considered
Enterococcus enterocins producers, with 43.8 % of E. faecalis tested and 35.5 % of
E. faecium. The results of the characterization enterocins demonstrated antimicrobial
activity produced stable temperature, pH and the presence of proteolytic enzymes.
revealed the potential application of these enterocins as biological preservatives,
improving the microbiological quality and food safety. The technology assessments,
the ability to acidification and proteolytic qualitative , producers of Enterococcus
enterocins show that the evaluated crops were considered slow acid producers and
producers of proteolytic activity and can be used in preparing a lactic starter for the
manufacture of cheese rennet .
Keywords: Artisanal “Coalho” cheese, Enterococcus, Bacteriocins
18
O queijo é um dos alimentos mais antigos de que se tem registro (HARBUTT,
2010). No Brasil os primeiros queijos foram fabricados no Estado de Minas Gerais,
(SEBRAE, 2008) estando sua produção em curva crescente em território nacional
(ABIQ, 2011; PAULA et al., 2012).
No Nordeste do Brasil, o queijo de Coalho artesanal recebe destaque
(SEBRAE, 2008). Produzido há mais de 150 anos (CAVALCANTE et al., 2007) este
queijo é uma representação genuína da tradição e cultura do estado de Pernambuco
(ALMEIDA et al.; 2010).
O conhecimento sobre a microbiota lática dos queijos artesanais é importante
para o desenvolvimento de processos que melhorem a qualidade higiênico-
sanitárias, assegure a autenticidade e a rastreabilidade do produto artesanal
(GIANNINO et al., 2009), possibilitando ainda o desenvolvimento de fermentos
láticos que melhoram a qualidade organoléptica dos queijos produzidos
industrialmente (; LÓPEZ-DÍAZ et al., 2000; MEDINA et al., 2001; CARVALHO,
2007).
A microbiota lática dos queijos é composta por Bactérias Ácido Láticas (BAL),
grupo de bactérias Gram-positivas, catalase negativas, não formadoras de esporos e
que crescem sob condições microaerófilas ou estritamente anaeróbicas. Os gêneros
de BAL são Enterococcus, Lactobacillus, Lactococcus, Streptococcus, Pediococcus,
Leuconostoc, Weissela, Carnobacterium, Tetragenococcus e Bifidobacterium (KLEIN
et al., 1998).
O gênero Enterococcus é descrito como parte da microbiota lática endógena
de muitos queijos artesanais produzidos no sul da Europa. A influência positiva dos
enterococos no queijo se dá no desenvolvimento de características sensoriais,
através de reações bioquímicas durante a cura: proteólise, lipólise, utilização do
citrato e produção de compostos aromáticos voláteis (HUGAS, 2003; JAMET, 2012).
Além disto, os Enterococos são capazes ainda de produzir substâncias com
atividade antagonistas, dentre eles as bacteriocinas, capazes de inibir o crescimento
de patógenos e micro-organismos deterioradores sem provocar alterações
sensoriais nos alimentos, despertando grande interesse pela indústria alimentícia
(GIRAFFA, 2003; HAJIKHANI; BEYATLI; ASLIM, 2007; SETTANNI, 2008).
19
A primeira bacteriocina foi descoberta em 1925 (GRATIA, 1925 apud
COTTER, 2005) e em 1953 foi proposta a utilização destas em alimentos (HIRSCH
et al., 1953). Sendo aprovada para uso comercial em alimentos em 1969 pela Food
and Agriculture Organization e World Health Organization (COTTER, 2005). Seu
desenvolvimento bem sucedido é um modelo que tem estimulado a pesquisa de
novas bacteriocinas nos últimos anos. No entanto, se faz necessário primeiro
entender a biologia de novas bacteriocinas, elucidando suas relações estrutura-
função, produção, imunidade, regulação e modo de ação (COTTER, 2005).
As bacteriocinas são peptídeos com atividade antimicrobiana (SCHULZ et al.,
2003; ZACHAROF, LOVITT, 2012; MARTINEZ et al., 2013). A utilização de
bacteriocinas de origem láctea na indústria de alimentos tem sido amplamente
relatada nos últimos anos, este fato se deve principalmente pela ocorrência natural
de BAL em muitos alimentos, incluindo leite e produtos lácteos, ovos, vegetais e
produtos de carne (ZACHAROF, LOVITT, 2012). O potencial de aplicação de
bacteriocinas em alimentos inclui benefícios na qualidade e segurança alimentar.
Apresentando-se como uma alternativa para satisfazer a crescente demanda dos
consumidores por alimentos seguros e minimamente processados (ARQUES, 2011).
As bacteriocinas produzidas por enterococos são chamadas de enterocinas,
que apresenta atividade antimicrobiana contra estirpes estreitamente relacionadas
com o micro-organismo produtor (POETA, 2008). Franz et al. (2008) afirmaram que
enterocinas, à semelhança dos enterococos, são notáveis por sua diversidade e
presença entre os isolados de diferentes fontes, aumentando a possibilidade de
encontrar um determinado tipo de bacteriocina adequada para cada produto
alimentar.
Embora exista uma preocupação sobre a segurança alimentar na utilização
dos Enterococcus, a utilização de micro-organismos isolados a partir de produtos
tradicionais fermentados tem se revelado segura para serem utilizadas como
culturas iniciadoras, proporcionando a preservação natural através da produção de
enterocinas in vivo (DE VUYST et al., 2003). Estes estudos destacam a grande
importância de enterococos em alimentos e do potencial de aplicação de sua
20
enterocina, sendo novas pesquisas essenciais para elucidar e possibilitar sua
utilização de modo eficiente e seguro.
22
2.1 Objetivo Geral
• Isolar, selecionar e caracterizar os enterococos produtores de enterocinas obtidos
do queijo de Coalho artesanal produzidos nos Municípios de Cachoeirinha e
Arcoverde, Pernambuco – Brasil.
2.2 Objetivos Específicos
• Isolar e identificar as Bactérias Ácido Láticas a partir do queijo de Coalho artesanal
produzido nos Municípios de Cachoeirinha e Arcoverde- PE, Brasil;
• Identificar as espécies de Enterococcus isolados através de provas bioquímicas;
• Selecionar Enterococcus produtores de atividade antagonista e produtores de
enterocinas frente a Listeria innocua, Staphylococcus aureus e Escherichia coli;
• Avaliar e quantificar a capacidade antimicrobiana das enterocinas obtidas frente à
Listeria innocua, Staphylococcus aureus e Escherichia coli;
• Caracterizar as enterocinas produzidas através da avaliação da estabilidade ao pH,
temperatura e suscetibilidade a enzimas proteolíticas.
• Avaliar a capacidade tecnológica das amostras dos Enterococcus produtores de
enterocinas, em relação à capacidade de acidificação e proteolítica qualitativa.
24
3.1 Queijos
Segundo a Portaria nº 146 de 1996, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), entende-se por queijo o produto fresco ou maturado que se
obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial
ou totalmente desnatado), ou de soros lácteos coagulados pela ação física do
Coalho, de enzimas específicas, de bactérias específicas, de ácidos orgânicos,
isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem
agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos
especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes (BRASIL,
1996).
O queijo é um dos alimentos mais antigos de que se tem registro. Porém, não
se sabe com precisão a data de sua origem, mas acredita-se que tenha surgido por
volta de 11.000 a.C., antes mesmo da manteiga (ALBUQUERQUE, 2007). Harbutt
(2010) cita que a antiga mitologia Grega creditou a Aristeu, um dos filhos de Apolo, a
descoberta do queijo. Citando também o pensamento de Hipócrates, 450 a.C.,
ajudando a elucidar a origem do queijo:
“...És forte porque estás próximo da origem da criatura. És nutritivo porque
manténs o melhor do leite. És quente, porque és gordo...” (HARBUTT, 2010).
Descreve-se que a descoberta do queijo teria sido o resultado de um acidente
afortunado, no qual algum leite teria sido armazenado em um saco feito com
estômago de animal, o que causou a coagulação dos sólidos (a coalhada) e a
separação do líquido (o soro) dando ao homem a oportunidade de conhecer um
produto tão valioso (HARBUTT, 2010).
Inicialmente, Roma era um rico mercado para os queijos, no reinado dos
Césares a fabricação de queijo floresceu e rapidamente se estendeu por toda a
Europa, mas foi na Suíça que a produção de queijos teve seu maior
desenvolvimento, graças à vegetação e às pastagens abundantes dos Alpes. Bem
alimentadas, as vacas produziam mais leite e de melhor qualidade, sendo este um
dos fatores que fez com que a indústria suíça prosperasse e se tornasse
mundialmente famosa (SEBRAE, 2008).
25
No Brasil os primeiros queijos foram fabricados no Estado de Minas Gerais,
com a produção do queijo Prato por imigrantes dinamarqueses. Posteriormente, em
Seritinga-MG, iniciava a produção do queijo Gorgonzola, inspirado no Blue Cheese
dinamarquês. Seguindo essa tendência, muitos são os tipos de queijos de origem
estrangeira produzidos no Brasil, tais como Brie, Gruyère, Emmental, Parmesão,
Provolone, entre outros. Esses queijos de origem estrangeira, produzidos
localmente, devem apresentar a expressão “tipo” em sua denominação, para indicar
que se trata de formulação e processo originalmente estrangeiros. Os queijos
considerados brasileiros, por terem sido desenvolvidos localmente são Prato, Minas
Frescal, Minas Padrão, Minas Meia Cura, Reino, Requeijão (cremoso e culinário) e
Queijo de Coalho (SEBRAE, 2008).
A produção de queijos no Brasil está em uma curva crescente. Em 2011
foram produzidos 867,1 mil toneladas de queijos no país, 9,4% mais que em 2010,
segundo os últimos dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de
Queijos (ABIQ, 2011; PAULA et al., 2012).
De acordo com o relatório completo do Núcleo de Estudos e Negócios do
Varejo (ESPM) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2008), a produção de queijo no Brasil é liderada pela região Sudeste
(42,5%), seguida pelas regiões Sul e Nordeste, respectivamente com 26,5% e
24,8%. As demais regiões, Centro-Oeste e Norte, apresentam produção pouco
expressiva, com menos de 6,3%. O referido relatório ressalta ainda que 60% dos
queijos produzidos no Brasil são de origem industrial, os demais 40%
correspondentes a produção de forma artesanal, por pequenos e micro laticínios.
3.1.1 Queijos Artesanais
Embora se tenha sempre o “mesmo ingrediente”, o leite, a diversidade de
texturas, sabores e aromas dos queijos é enorme, existindo mais de 1000 tipos de
queijos produzidos em todo o mundo (IRLINGER E MOUNIER, 2009).
O caráter singular de cada queijo é resultante de uma complexa combinação
de fatores locais denominado de terroir (em francês) ou tipicitá (em italiano). Estas
26
características peculiares do local de origem do queijo como clima, solo, umidade,
vegetação, raça animal, processo tecnológico de fabricação do queijo e a microbiota
lática endógena, influenciam de maneira singular o produto final (BERESFORD et
al., 2001; BROOME, 2007; CASALTA et al., 2009).
Para o Programa SEBRAE de Artesanato, produtos alimentícios típicos e/ou
artesanais são os processados segundo métodos tradicionais, em pequena escala,
muitas vezes em família ou por um determinado grupo (SEBRAE, 2004). Em relação
ao queijo artesanal refere-se à preservação da forma tradicional de preparo com o
leite cru, que lhe confere a característica de sabor próprio (SEBRAE, 2008).
Com o intuito de eliminar a possível veiculação de patógenos através do
queijo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através do
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade dos Queijos, estabelece que o leite
deve ser submetido à pasteurização ou a tratamento térmico equivalente para a
fabricação de queijos em escala industrial (BRASIL, 1996).
Porém, segundo Grappin e Beuvier (2007) a pasteurização não representa
garantia de segurança alimentar em queijos, uma vez que pode ocorrer
contaminação pós-pasteurização. Furtado (2005) e Cavalcante (2005) citam que a
segurança alimentar nos queijos artesanais, feitos com leite cru, depende de vários
fatores, sobretudo a adoção de Programas de Autocontrole na obtenção da matéria-
prima, na água de abastecimento utilizada na produção, bem como nas condições
gerais durante a fabricação e maturação dos queijos.
Além disso, o tratamento térmico como método de conservação afeta o teor
nutricional e provoca mudanças nas características sensoriais do leite e seus
derivados (NETO et al., 2002) e possui também a desvantagem de promover a
eliminação da microbiota lática natural do leite, que é responsável pelo
desenvolvimento das características sensoriais dos queijos artesanais (GRAPPIN,
BEUVIER, 2007).
Macedo e colaboradores (2004) citam que uso de fermento lático na
fabricação dos queijos industriais resulta na perda das características típicas
encontradas nos queijos artesanais, e isto ocorre em consequência da substituição
27
da complexa microbiota endógena presente no leite cru por fermentos láticos
comerciais, conduzindo a padronização cega do produto.
Os queijos feitos com leite cru apresentam aroma e sabor mais intensos do
que os produzidos com leite pasteurizado, devido às Bactérias Ácido Láticas
originárias do leite cru, responsáveis pela sua diferenciação (FRANCIOSI et al.,
2009).
A fim de conseguir que o queijo artesanal brasileiro obedeça à legislação
vigente sem perder as características tradicionais de sua origem, o Estado brasileiro,
no âmbito Legislativo Nacional, tem recebido implementos visando facilitar a
produção e comercialização dos queijos artesanais, ao estimular a certificação de
regiões produtoras e ao reconhecer as já tradicionais, inicialmente com a Instrução
Normativa nº 57/2011 do MAPA (BRASIL, 2011) que fora revogada pela Instrução
Normativa MAPA nº 30/2013, que define requisitos para sua produção, garantindo a
qualidade do produto e atendendo aos aspectos de sanidade e saúde pública
(BRASIL, 2013).
Em paralelo, vários projetos veem sendo desenvolvidos com o apoio de
instituições como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas
Empresas), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Tais projetos visam implantar um
selo de certificação geográfica aos queijos artesanais nacionais agregando valor ao
produto e gerando uma valorização geral da região onde os produtores estão
inseridos, beneficiando toda a comunidade (SEBRAE, 2008).
De acordo com Almeida et al. (2010), no Brasil o processo de Indicação
Geográfica (I.G.) foi regulamentada pela Lei de Propriedade Industrial (Lei n. 9.279,
de 14 de maio de 1996) e no âmbito internacional são reconhecidas pelo Acordo
sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio
(ADPIC), em inglês, Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS) da
Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nos termos do art. 176 da Lei de Propriedade Industrial (BRASIL, 1996b)
constitui Indicação Geográfica a Indicação de Procedência (I.P.) ou a Denominação
28
de Origem (D.O.), a distinção entre as espécies de identificação geográfica se
encontra nos artigos 177 e 178 da indigitada lei, que assim define os institutos
respectivamente:
Art. 177. Considera-se indicação de procedência o nome geográfico
de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha
tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação
de determinado produto ou de prestação de determinado serviço
(BRASIL, 1996b).
Art. 178. Considera-se denominação de origem o nome geográfico
de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe
produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam
exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores
naturais e humanos (BRASIL, 1996b).
Ainda segundo Almeida et al. (2010) a indicação de procedência e a
denominação de origem se diferenciam uma vez que a Indicação de Procedência é
atribuída à região ou localidade que adquiriu fama por causa de seus produtos ou
serviços. Nessa modalidade de IG, o centro de extração, produção ou fabricação é
indicado, mas não são realçadas as qualidades ou características únicas de um
produto ou serviço vinculadas com o meio geográfico. Por outro lado, a
Denominação de Origem (D.O.) tem por obrigação destacar qualidades ou
características de um produto ou serviço, que se devem essencialmente ao meio
geográfico. Isso significa que para as D.O. não basta o estabelecimento no local
designado, mas também a comprovação de que os fatores naturais (clima, solo,
temperatura, água, fauna, flora) e humanos (práticas e técnicas típicas empregadas
pelos moradores do lugar e da região) atribuem uma característica ímpar ao produto.
Em queijos a questão de D.O. está ligada ao conceito de “sabor da terra”,
conforme explica Benoit Paquereau, Gerente de Inovação do APL (Arranjos
Produtivos Locais – Pecuária Leiteira) da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio
Ambiente de Pernambuco (SECTMA), e refere-se a um produto com características
29
visuais e sensoriais bastante específicas, relacionadas a uma determinada região
geográfica e cuja certificação de denominação de origem objetiva principalmente
agregar valor ao produto. Este conceito vem sendo desenvolvido no Brasil à luz do
sistema de denominação de queijos existente na França, precursora desse tema
(RANGEL, 2009).
No Brasil dois trabalhos para a obtenção do D.O. se destacam: no Nordeste,
o Queijo de Coalho e, em Minas Gerais, o Queijo Minas. Estes trabalhos têm como
objetivo agregar valor ao queijo artesanal e desenvolver todo um conceito de
produção e comercialização que dará ao produtor maior oportunidade de ganhos e,
sobretudo, valorização do seu produto (SEBRAE, 2008).
3.1.2 Queijo de Coalho
Produzido há mais de 150 anos (CAVALCANTE et al., 2007), o queijo de
Coalho artesanal é um produto típico do Nordeste Brasileiro, representando um
importante patrimônio para a Região (SILVA et al., 2012ª; FREITAS, 2013).
O queijo de Coalho artesanal é produzido tradicionalmente com leite cru, sem
adição de ácido lático ou fermento, tendo a microbiota endógena como fator
predominante no desenvolvimento do sabor (MACHADO, 2011). É um queijo com
tecnologia de fabricação simples e não exige equipamentos sofisticados (NASSU,
2006). Sua fabricação inicialmente utilizava estômago seco e salgado de animais
silvestres ou bezerros para a coagulação do leite (GONDIM, 1995; LIMA, 1996).
Por ser o principal queijo consumido na região (FONTENELE et al., 2010)
trata-se de um produto artesanal com importância expressiva para a cultura e para o
contexto econômico do Nordeste (PERRY, 2004), principalmente nos Estados da
Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco (SILVA et al., 2012a). Não
obstante, a cada ano, o queijo de Coalho vem se popularizado em outras regiões do
país (SOBRAL, 2007).
Em Pernambuco, a maior parte da produção do queijo de Coalho artesanal se
dá nos municípios localizados na Região Agreste, bacia leiteira do Estado
(ESCOBAR, 2001), área que abrange 44 municípios e que produz 70% do leite de
30
Pernambuco, e está historicamente ligada a criação de gado bovino (SEBRAE,
2008).
A produção do queijo de Coalho artesanal pernambucano se dá em pequenas
fazendas rurais e em pequenas queijarias urbanas ou rurais (ESCOBAR, 2001),
representando importante papel no desenvolvimento da agricultura familiar, uma vez
que em determinadas localidades é a principal fonte de renda e sobrevivência para
produtores que não têm acesso às usinas de beneficiamento (SILVA et al., 2012a,
ALMEIDA et al., 2010, EMBRAPA, 2008).
Infelizmente, diante do caráter predominantemente informal de sua
fabricação, há escassez de dados estatísticos sobre a produção de queijo de Coalho
nos Estados e no país como um todo (MENEZES, 2011). Segundo Escobar (2001),
cerca de 30% do leite produzido em Pernambuco é destinado para esta finalidade,
atingindo 40 a 50% em algumas microrregiões.
De acordo com Almeida et al. (2010) e Silva et al. (2013), o queijo de Coalho
é uma representação genuína da tradição e cultura do Estado de Pernambuco, e por
esta razão está passando por um processo de obtenção de certificação de indicação
geográfica, com a finalidade de lhe atribuir uma identidade própria que irá diferenciá-
lo dos demais produzidos na região Nordeste, como uma maneira de agregar valor a
um produto tipicamente regional.
O projeto para obtenção do selo de Indicação Geográfica do queijo de Coalho
Pernambucano envolve produtores locais, pesquisadores e instituições públicas e de
apoio. Este projeto começou a ser desenvolvido em 2001 através da parceria entre o
Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) e do SEBRAE de Garanhuns, para
desenvolver melhorias na produção do queijo de Coalho local (SEBRAE, 2008).
Em 2003 o SEBRAE promoveu o primeiro seminário sobre qualificação de
queijos, em Garanhuns. No ano seguinte, 2004, promoveu uma missão internacional
a região de Auvergne, na França. Na ocasião, oito produtores e sete técnicos
institucionais visitaram fazendas francesas que possuem forte tradição na produção
de queijos. Como resultado, houve a criação de um plano de trabalho denominado
“Carta de Auvergne”, que possibilitou ao SEBRAE fornecer orientações técnicas aos
produtores para a criação de uma associação e para a melhoria do processo
31
produtivo do queijo de Coalho do Agreste de Pernambuco. Em 2005 este projeto foi
aprovado pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), em 2008 pelo SEBRAE
(SEBRAE, 2008) e em 2009 foi solicitado o selo IP junto ao Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), primeiro passo para a obtenção do selo de Indicação
Geográfica (RANGEL, 2009).
Segundo Rangel (2009) o queijo de Coalho Pernambucano tem tudo para
conseguir essa obtenção do selo DO, uma vez que o agreste de Pernambuco
apresenta em seu terroir características específicas para a produção deste tipo de
queijo, como a cultura secular da produção e consumo de laticínios, o clima e a
alimentação do gado, que consome ração tradicional e palma forrageira, cacto de
origem mexicana, que é hoje um complemento indispensável na alimentação do
gado do Agreste.
3.1.2.1 Identidade e qualidade do queijo de Coalho
As características do queijo de Coalho fabricado industrialmente no Brasil
devem seguir os padrões oficiais designados no seu Regulamento Técnico de
Identidade e Qualidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), na Instrução Normativa nº 30, de 26 de junho de 2001, que institui os
padrões de identidade e qualidade a estes produtos, inclusive no que concerne
importância da qualidade da matéria-prima (BRASIL, 2001).
Conforme esta norma o queijo de Coalho é aquele obtido por coagulação do
leite por meio de Coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas,
complementada ou não pela ação de bactérias lácteas selecionadas e
comercializado, normalmente, com até 10 dias de fabricação. Devendo apresentar
consistência semi-dura, elástica, textura compacta (sem olhaduras mecânicas) ou
aberta (com olhaduras mecânicas), cor branca amarelada uniforme, odor
ligeiramente ácido de coalhada fresca, casca fina e não muito definida, formato e
peso variáveis. Ao queijo de Coalho podem ser adicionados condimentos e a sua
forma de apresentação pode ser tanto em retângulos já com o espeto para ser
assado como em barra. O leite utilizado como matéria-prima deve ser
obrigatoriamente pasteurizado (BRASIL, 2001).
32
Os requisitos físico-químicos e microbiológicos para este tipo de queijo
correspondem às características de composição e qualidade dos queijos de média a
alta umidade, conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA), no Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de
Queijos – Portaria No 146/96 – MAPA (BRASIL, 1996).
Sem prejuízo aos critérios microbiológicos oficiais federais estabelecidos pela
Portaria No 146/96 – MAPA (BRASIL, 1996), a fabricação dos queijos artesanais,
aqueles produzidos com leite cru, é permitida através da Instrução Normativa
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nº. 30, de 07 de agosto de 2013,
que institui os critérios de produção e comercialização deste tipo de queijo (BRASIL,
2013).
O queijo de Coalho artesanal, por sua vez, pode apresentar diferentes
características organolépticas dependendo do estado produtor. Uma vez que,
segundo Silva (2012b) o fluxograma de produção difere em cada região como, por
exemplo, em Pernambuco é produzido com massa crua e tradicionalmente
consumido fresco, enquanto que no Ceará e Rio Grande do Norte é fabricado com
massa semi-cozida e consumido fresco ou maturado.
Em Pernambuco, o queijo de Coalho artesanal segue os padrões oficiais
estabelecidos pela Lei Estadual 13.376 (PERNAMBUCO, 2007) que regulamenta a
fabricação e comercialização deste tipo de queijo dentro do Estado.
Este regulamento define o queijo de Coalho artesanal pernambucano como
queijo produzido em Pernambuco, a partir do leite fresco e cru de bovinos e
bubalinos, retirado e beneficiado na propriedade de origem, que apresente
consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, isenta de corantes e
conservantes, com ou sem olhaduras mecânicas (PERNAMBUCO, 2007).
A Figura 1 mostra o fluxograma de produção do queijo de Coalho artesanal
fabricado tradicionalmente a partir de leite cru pelos produtores na região Agreste do
Estado de Pernambuco (NETO, 2010).
33
Figura 1. Fluxograma de produção do queijo de Coalho artesanal fabricado a partir
de leite cru pelos produtores na região Agreste do Estado de Pernambuco, Brasil
(Adaptado de NETO, 2010).
A qualidade do queijo de Coalho artesanal pernambucano e sua adequação
para o consumo são asseguradas, nos termos da Lei Estadual nº 13.376/2007, por
meio de produção com leite proveniente de rebanho sadio devidamente
inspecionado; que não apresente sinais clínicos de doenças infectocontagiosas e
cujos testes oficiais de zoonoses, tais como brucelose e tuberculose, apresentem
resultados negativos, de acordo com as normas estabelecidas pela legislação
estadual vigente, certificados de registro do estabelecimento e registro do produto,
ambos emitidos pela Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de
Pernambuco (ADAGRO) e, por fim, os produtores deverão integrar os programas de
qualificação dos produtos, instituídos pelo Instituto de Pesquisas Agropecuária do
Estado de Pernambuco (IPA) e pela ADAGRO, para o cumprimento das exigências
necessárias à obtenção dos Certificados (PERNAMBUCO, 2007).
Recepção do Leite
Adição do Coalho
Repouso (coagulação por 45 minutos)
Corte da coalhada
Sinérese
Enformagem
Salga em superfície por 24 h
Embalagem e resfriamento
34
Além destes requisitos determinantes para a produção de um queijo de
Coalho de qualidade e adequado ao consumo humano, a supramencionada Lei
estadual, estabelece condicionantes de sanidade e higiene também relacionadas à
produção e ligadas à qualidade da água, higiene do estabelecimento, equipamentos,
transporte e embalagem do produto (PERNAMBUCO, 2007).
3.1.2.2 Perfil microbiano lático do queijo de Coalho
Embora muitos trabalhos relatem as características microbiológicas do ponto
de vista higiênico-sanitário do queijo de Coalho em Pernambuco (DUARTE et al.,
2005; FERREIRA, 2008; FILHO et al., 2009) na Paraíba (DANTAS, 2012; FREITAS,
2013), em Sergipe (SANTANA et al., 2008) e no Ceará (BENEVIDES et al., 2000),
pouco se sabe a respeito do perfil microbiano lático do queijo de Coalho artesanal,
informação de importância fundamental para a obtenção de DO, garantindo
qualidade sanitária e tecnológica deste tipo de queijo.
Várias pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de caracterizar o perfil
microbiano lático dos queijos artesanais em outros países, tais como Peñamellera -
Espanha (ESTEPAR et al., 1999), Valdeón de Léon - Espanha (LÓPEZ-DÍAZ et al.,
2000), Sán Simon - Espanha (FONTÁN et al., 2001), Aspromonte - Itália (CARIDI et
al., 2003), Genestoso - Espanha (ARENAS et al., 2004), Manchego - Espanha
(BALLESTEROS et al., 2006), Terrincho - Portugal (MALCATA, 2008), Raschera -
Itália (DOLCI et al., 2008).
Carvalho (2007) estudou o perfil microbiano lático do queijo de Coalho
artesanal produzido no Ceará, isolando os gêneros Enterococcus (59,6%),
Lactobacillus (22%), Lactococcus (1,7%), Leuconostoc (0,6%) e Streptococcus
(12,8%). Descrevendo como um perfil termofílico e atribuindo o resultado encontrado
ao tipo processamento do queijo de Coalho local, decorrente do cozimento da
massa (CARVALHO, 2007).
Apenas recentemente foi estudado o perfil microbiano lático no queijo de
Coalho artesanal pernambucano. Silva et al. (2012c) descrevem que o perfil Ácido
Lático deste queijo é constituído por Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium,
35
Streptococcus thermophilus e Lactococcus lactis e sugere que as características
organolépticas do produto estão baseadas em um ecossistema heterogêneo com a
interação de todos os gêneros testados O conhecimento sobre a microbiota ácido
lática dos queijos artesanais é importante para auxiliar no desenvolvimento de
processos que melhorem a qualidade, assegurem autenticidade e rastreabilidade do
produto artesanal (GIANNINO et al., 2009), possibilitando ainda, o desenvolvimento
de fermentos láticos que melhorem a qualidade organoléptica dos queijos
produzidos industrialmente (LÓPEZ-DÍAZ et al., 2000; MEDINA et al., 2001;
CARVALHO, 2007).
3.2 Bactérias Ácido Láticas
Bactérias Láticas ou Bactérias Ácido Láticas (BAL) são um grupo de micro-
organismos Gram-positivos, catalase negativos, não formadores de esporos e que
crescem sob condições microaerófilas ou estritamente anaeróbicas. Os gêneros
mais importantes de BAL são os Lactobacillus, Lactococcus, Enterococcus,
Streptococcus, Pediococcus, Leuconostoc, Weissela, Carnobacterium,
Tetragenococcus e Bifidobacterium (KLEIN et al., 1998).
O grupo de BAL pode ser agrupado em homofermentativas ou
heterofermentativas, dependendo do produto final da fermentação. As
homofermentativas produzem ácido lático como o principal produto da fermentação
da glucose, enquanto que as heterofermentativas produzem, além de ácido lático,
substâncias como dióxido de carbono, ácido acético, etanol, aldeído e diacetil
(CARR et al., 2002).
As BAL podem, ainda, ser classificadas de acordo com a temperatura de
crescimento em mesofílicas e termofílicas, com temperaturas ótima de 30 e 42°C,
respectivamente (FOX et al., 2000).
A importância das BAL na fermentação de alimentos se dá primeiramente por
contribuírem tecnologicamente para a produção e formação das propriedades
organolépticas do produto. Posteriormente, as BAL possuem importância sanitária
36
na conservação do alimento, através da diminuição do pH devido a degradação dos
carboidratos presentes na matéria prima, o que torna o meio inóspito para a maioria
dos micro-organismos deterioradores e patogênicos. Adicionalmente algumas BAL
também produzem peptídeos com atividade antimicrobiana (MADERA et al., 2003).
É interessante também ressaltar que, no caso específico das BAL
heterofermentativas, sua utilização em alimentos é, sobretudo, pela sua capacidade
de produzir compostos flavorizantes, muito mais do que pela sua habilidade
acidificante. Isto ocorre porque os micro-organismos heterofermentativos utilizam na
fermentação de hexoses, via pentose monofosfato, produzindo, durante o processo
de conversão de hexose em pentose, substâncias aromáticas, como aldeído e
diacetil (CARR et al., 2002).
O emprego de BAL, na forma de fermento lático, para elaboração de produtos
lácteos fermentados é muito conhecido, principalmente na fabricação de leite
acidificado, iogurte e queijos. No entanto, elas também são usadas no
processamento de carnes, bebidas alcoólicas e vegetais (BRUNO, CARVALHO,
2009).
O fermento lático pode ser definido como uma preparação microbiana
contendo números elevados de células de um ou mais gêneros e espécies de BAL.
Sua principal função é promover uma acidificação rápida durante o processo
fermentativo e assim garantir a segurança do alimento. O fermento lático também
tem a finalidade de contribuir para o desenvolvimento das características sensoriais
desejadas do produto e pode ainda oferecer benefícios à saúde do consumidor,
como os proporcionados pelos probióticos (BERESFORD, WILLIAMS, 2004).
Os fermentos láticos procuram reproduzir a microbiota lática de queijos e,
portanto, são compostos de BAL iniciadoras ou são culturas starters e micro-
organismos secundários que também são denominados de culturas adjuntas. As
BAL iniciadoras são responsáveis pela produção de ácido durante a elaboração do
queijo e contribuem para o processo de cura. Enquanto que os micro-organismos
secundários geralmente estão envolvidos na definição das características sensoriais
do queijo (BERESFORD et al., 2001).
37
Os gêneros de BAL mais encontrados em queijos são os Lactococcus,
Lactobacillus, Streptococcus, Leuconostoc e Enterococcus (FOX et al., 2000;
BERESFORD et al., 2001). A Tabela 1 apresenta a classificação dos gêneros de BAL
de acordo com sua morfologia, temperatura de crescimento e produto formado.
Tabela 1. Diferenciação quanto à morfologia, temperatura de crescimento e produtos
formados pelos gêneros de BAL presentes em queijos.
Gênero Morfologia Temperatura ótima
de crescimento Tipo de ácido lático formado
Fermentação de açúcar
Lactococcus Cocos/cadeias 30°C L(+) Homofermentativa Streptococcus Cocos/cadeias 42°C L(+) Homofermentativa Enterococcus Cocos/cadeias 42°C L(+) Homofermentativa Leuconostoc Cocos/pares 30°C D(-) Homofermentativa Lactobacillus Bastões/pares 30°C e 42°C D(-), L(+) e DL Homo e Hétero
Fonte: Adaptado de Fox et al. (2000) e Carr et al. (2002).
3.2.1 Enterococos
Os micro-organismos do gênero Enterococcus foram descritos pela primeira
vez por Thiercelin (1899 apud DOMIG et al., 2003). Inicialmente classificados como
pertencentes ao grupo de estreptococos, proposto por Sherman (1937 apud DOMIG
et al. 2003), teve sua classificação revista após estudos bioquímicos, imunológicos e
genéticos, indicando que os enterococos deveriam ser separado do gênero
Streptococcus. O novo gênero Enterococcus foi oficialmente estabelecido por
Schleifer e Kilpper-Balz (1984).
O gênero Enterococcus inclui mais de 20 espécies, sendo o Enterococcus
faecium e Enterococcus faecalis os dois mais frequentes em alimentos (GIRAFFA,
2003). Este gênero sobrevive em condições adversas como pH, temperatura e
salinidade extremos (CARIDI et al., 2003) e fazem parte da microbiota lática
secundária dos produtos lácteos (SARANTINOPOULOS et al., 2009).
Nos queijos artesanais produzidos a partir de leite cru, os enterococos advêm
da matéria-prima ou do ambiente, variando conforme as condições de higiene do
processo e da época do ano (FONTÁN et al., 2001; MEDINA et al., 2001). Sendo
38
descritos como parte da microbiota natural de muitos queijos artesanais produzidos
no sul da Europa, como os queijos Feta, Kasseri, Manchego e Majonero (BRUNO,
CARVALHO, 2009). No Brasil, o gênero Enterococcus foi predominante entre as BAL
isoladas do queijo Coalho artesanal produzido no Ceará (CARVALHO, 2007) e no
Rio Grande do Norte (BRUNO et al., 2007). A Tabela 2 apresenta uma lista de
queijos nos quais os Enterococcus foram citados como parte da microbiota lática
endógena.
Tabela 2. Presença enterococos em queijos de diferentes origens e tipos de leite.
Origem
Queijo Tipo de leite Referência
Brasil Coalho Bovino Carvalho et al.(2007) Brasil Coalho Bovino Bruno et al. (2007) França Roquefort Bovino Devoyod (1969) França Comté Bovino Bouton et al. (1998) França Venaco Ovino/caprino Casalta e Zennaro (1997) Grécia Feta Ovino Sarantinopoulos et al. (2002) Grécia Kefalotyri Ovino Litopolou-Tzanetakiet al. (1990) Grécia Orinotyri Ovino Prodromou et al. (2001) Irlanda Cheddar Bovino Gelsomino et al. (2001) Itália Montasio Bovino Basso et al. (1994) Itália Mozzarella Bovino Morea et al. (1999) Itália Pecorino Pardo Ovino Mannu e Paba (2002) Itália Semicotto Caprino Suzzi et al. (2000) Portugal Serra da Estrela Ovino Tavaria e Malcata (1998) Espanha Armada Caprino Tornadijo et al. (1995) Espanha Cebreiro Bovino Centeno et al. (1999) Espanha Majonero Caprino Fontecha et al. (1990) Espanha Manchego Ovino Nieto-Arribas (2011) Espanha Tetilla Bovino Menéndez et al. (2001) Espanha San Simón Bovino García et al. (2001) Espanha Quesailla Arochena Caprino Martín-Platero, 2009
Fonte: Adaptado de Foulquié Moreno et al. (2006).
De acordo com Foulquié-Moreno et al. (2006), há um crescente interesse pelo
uso de Enterococcus na fabricação de queijos. Porém, os Enterococcus podem ser
vistos como benéficos ou prejudiciais, dependendo da sua origem, em conjunto com
aspectos de segurança tecnológica e de alimentos (KAYSER, 2003; GOMES, 2008,
CEBRIÁN et al., 2012).
39
O Advisory Committee on Novel Foods and Processors - ACNFP- permite o
uso de E. faecium K77D como fermento lático em produtos lácteos fermentados
(GIRAFFA, 2003). No entanto, o uso de outras espécies de Enterococcus em queijos
é questionado, pois há necessidade de mais estudos sobre os aspectos clínicos e
epidemiológicos deste uso (GIRAFFA, 2002; BRUNO, CARVALHO, 2009).
As espécies do gênero Enterococcus apresentam geralmente baixa
capacidade de reduzir o pH do leite. Pesquisas realizadas por Durlu-Ozkaya et al.
(2001) e Sarantinopoulos et al. (2009) mostraram que somente uma pequena
parcela destas espécies promoveu a redução do pH do leite para 5,0–5,2, após 16–
24h de incubação a 37°C. Suzzi et al. (2000) observaram que o E. faecalis, isolado
de queijos artesanais italianos, reduziu o pH de leite desnatado a 4,5 após 24h de
fermentação. Confirmando que o E. faecalis tem maior poder de acidificação que o
E. faecium.
A influência positiva dos enterococos no queijo é devida ao desenvolvimento
de características sensoriais, através de reações bioquímicas durante a cura:
proteólise, lipólise, utilização do citrato e produção de compostos aromáticos voláteis
(HUGAS, 2003; JAMET, 2012).
Além disto, os Enterococcus são capazes de produzir substâncias com
potencial antagonista, como os ácidos orgânicos (ácido láctico), peróxido de
hidrogênio, bacteriófago lítico, enzimas proteolíticas e substâncias antimicrobianas
de natureza proteica, denominadas bacteriocinas (NAIDU et al., 1999; GIRAFFA,
2003; HAJIKHANI et al., 2007; SETTANNI, 2008).
3.3 Bacteriocinas
Um grande número de bactérias produzem, durante seu crescimento,
peptídeos com atividade antimicrobiana chamados de bacteriocinas (SCHULZ et al.,
2003; ZACHAROF, LOVITT, 2012; MARTINEZ et al., 2013).
Embora possuam atividade antimicrobiana, as bacteriocinas não são
classificadas como antibióticos. Dentre as principais diferenças entre eles é que as
40
bacteriocinas são ribossomicamente sintetizadas e produzidas durante a fase
primária de crescimento microbiano, enquanto que os antibióticos são metabólitos
secundários (BEASLEY; SARIS, 2004; ZACHAROF, LOVITT, 2012). Na Tabela 3
Rosa e Franco (2002) apresentam outras diferenças entre bacteriocinas e
antibióticos.
Tabela 3. Principais diferenças entre bacteriocinas e antibióticos (Adaptado de
ROSA, FRANCO, 2002).
Características Antibióticos Bacteriocinas
Modo de produção Sintetizados por enzimas Síntese ribossomal
Fase de Produção Metabolismo secundário Metabolismo primário
Mecanismo de ação Diversos Membrana citoplasmática
Aplicação clínica Sim Não
Resistência microbiana Foram encontradas cepas
resistentes
Foram encontradas cepas
resistentes
Ação de enzimas
proteolíticas do sistema
digestivo humano
Não são digeridos São digeridos
Atividade antagonista é a aplicação mais descrita para as bacteriocinas
(GILLOR, GHAZARYAN, 2007). Entretanto, outras funções têm sido o assunto de
muito debate. Dobson (2011) cita que é possível que as bacteriocinas possam
contribuir para a funcionalidade dos probióticos de várias formas, como facilitando a
introdução e/ou domínio de um produtor num nicho já ocupado através da
eliminação de patógenos e atuando como peptídeos colonizadores e/ou
sinalizadores (Figura 2).
41
Fonte:
(Fonte: Adaptado de Dobson, 2011)
Figura 2 - Mecanismos de atuação das bacteriocinas que contribuem para a
funcionalidade de probióticos. Facilitam a introdução e/ou domínio de um produtor
num nincho já ocupado através da eliminação de patógenos, atuando como
peptídeos colonizadores e sinalizadores (Adaptado de DOBSON, 2011).
A primeira bacteriocina foi descrita por Gratia em 1925, que a chamou
inicialmente de "colicina", por que a atividade antimicrobiana foi observada pela
primeira vez através da Escherichia coli (GRATIA, 1925 apud COTTER, 2005),
atualmente são conhecidas muitas bacteriocinas, sendo sua nomenclatura
relacionada ao organismo produtor (YUSUF, 2013).
Existe uma grande variedade entre as bacteriocinas em tamanho, sequência
de aminoácidos, secreção e mecanismos de processamento, modificações pós-
traducionais e atividade antimicrobiana (COTTER et al., 2005).
Células do Sistema
imune
Epitélio
Microbiota
Probiótico
Bacteriocina
Bacteriocina
Probiótico Probiótico
Bacteriocina Patógeno
Peptídeos colonizadores Peptídeos antimicrobianos Peptídeos sinalizadores
42
O espectro de ação das bacteriocinas pode ser bem variado, em geral, a
atividade antimicrobiana é dirigida contra espécies Gram-positivas. Sua atividade
contra bactérias Gram-negativas têm sido descrita apenas em situações onde a
integridade da membrana externa foi comprometida (MARTINEZ et al., 2013).
A produção das bacteriocinas ocorre geralmente durante a fase log de
crescimento, sendo muitas vezes influenciado pelo quorum sensing e sinalização de
estresse. Sua síntese envolve quatro diferentes genes: o responsável pela produção
do pré-peptídio ou pré-bacteriocina; o gene responsável pela produção da proteína
que confere imunidade à célula produtora; o da produção das proteínas do
transporte que exterioriza a bacteriocina e, por fim, o gene que codifica uma proteína
acessória, não pertencente ao transporte, mas necessária para a excreção da
bacteriocina (NES et al., 1996).
As bacteriocinas são sintetizadas ribossomicamente na forma de pré-
peptídios ou pré-bacteriocinas biologicamente inativos. Esses pré-peptídios contêm
uma seqüência de 18 a 27 aminoácidos, apresentando 2-glicinas na região N-
terminal. As funções dessa sequência de aminoácidos são: evitar que a bacteriocina
seja biologicamente ativa dentro da célula produtora e servir como sinal de
reconhecimento para o sistema de transporte que envolve as proteínas do transporte
e uma proteína acessória (NES et al., 1996). Segundo Moll et al. (1999), as duas
glicinas presentes na sequência de aminoácidos são as responsáveis pelo
reconhecimento da pré-bacteriocina no sistema de transporte. Após o
reconhecimento do pré-peptídio, a seqüência de aminoácidos é removida, e a
bacteriocina, excretada da célula (ENNAHAR et al., 2011).
3.3.1 Classificação das bacteriocinas
Bacteriocinas são um grupo heterogêneo de peptídeos e proteínas
(MARTINEZ et al., 2013). Klaenhammer (1993) propôs a divisão das bacteriocinas
em quatro grupos de acordo com as propriedades estruturais e físico-químicas. As
bacteriocinas da classe I e II, as mais conhecidas, apresentam peso molecular
43
inferior a 10 kDa e termoestabilidade. As das classes III e IV não são bem
conhecidas, mas apresentam peso molecular superior a 30 kDa; são termolábeis e
podem ser proteínas hidrofílicas ou complexos formados por proteínas, fosfolipídios
e/ou carboidratos (Tabela 4).
Tabela 4. Classificação das Bacteriocinas segundo Klaenhammer (1993)
Grupo Características
I peptídios de baixo peso molecular (<5KDa) que contém lantionina e B metil
lantionina, termoestáveis.
II II a Peptídios pequenos (<10KDa), sintetizados na forma de precursores, os quais
saem processados depois da adesão de dois resíduos de glicina. Apresentam a
sequência YGNGV-C comum na parte N-terminal da molécula, termoestáveis.
II b Sistema de dois componentes, dois peptídios diferentes necessários para a
formação de um complexo, termoestáveis.
II c Peptídios que requerem a presença de resíduos de cisteína na forma reduzida
para atividade biológica da molécula, termoestáveis.
III Moléculas grandes (>30 KDa), Termolábeis
IV Moléculas complexas constituídas por proteínas e uma ou mais moléculas como
lipídios ou carboidratos e termoestáveis.
Embora muitos autores ainda citem a classificação feita por Klaenhammer
(1993), Outros autores propõem que a classificação das bacteriocinas por
características de seus mecanismos de ação (Figura 3), dividindo as bacteriocinas
em duas categorias distintas: A classe I agora chamada de lantibióticos, a classe II e
suas divisões, de não lantibióticos, a antiga classe III recebe uma designação
separadamente, chamada de Bacteriolisinas. As bacteriocinas da classe IV não
foram incluídas nesta nova proposta de classificação, por que exigem porções não
proteicas para a sua atividade e por não serem muito descritas na literatura
44
(SAAVEDRA et al., 2004; COTTER et al., 2005; DRIDER et al., 2006; ZACHAROF,
LOVITT, 2012).
Figura 3. Modo de ação das bacteriocinas produzidas por Bactérias Ácido Láticas
(Adaptado de COTTER et al., 2005
Classe I: L antibióticos que são pequenos peptídeos (< 5kDa) com anéis de
lantionina e β-metil-lantionina. A classe I está subdividida em duas subclasses
de acordo com as suas similaridades estruturais:
- Subclasse Ia: lantibióticos catiônicos e anfifílicos que agem através da formação
de poros na parede celular. A nisina, utilizada como bioconservador em alimentos,
pertence a esse grupo de bacteriocinas.
Classe II Classe I Classe III
Membrana celular
Lipídeo
Peptideoglicano
45
- Subclasse Ib: Lantibióticos globulares que agem através da inibição de enzimas
(ZACHAROF, LOVITT, 2012).
É importante ressaltar que existem diferenças entre os lantibióticos
(antibióticos que contém resíduos de lantionina) e os antibióticos terapêuticos.
Os lantibióticos são agentes proteicos rapidamente digeríveis por proteases do
trato gastrointestinal humano. Eles são peptídeos sintetizados ribossomicamente
e esse fato cria a possibilidade de melhorar suas características aumentando
sua atividade e espectro de ação. Já os antibióticos são considerados
metabólitos secundários (SAAVEDRA et al., 2004).
Classe II: Não-lantibióticos, são bacteriocinas de variável peso molecular (<10kDa),
termoestáveis, formada de aminoácidos regulares, cujo mecanismo de ação se
baseia na permeabilização da membrana e, consequente, perda de moléculas da
bactéria alvo. Essa classe está dividida em três subgrupos (DRIDER et al., 2006;
ZACHAROF, LOVITT, 2012):
- Subclasse IIa: P eptídeos ativos contra Listeria, como a Pediocina PA-1 que tem
um limitado espectro de atividade, mas alta especificidade para agir contra Listeria
monocytogenes;
- Subclasse IIb: Bacteriocinas formadas por dois peptídeos distintos que trabalham
em sinergia dissipando o potencial de membrana, provocando a perda de íons
e/ou diminuição do ATP celular;
- Subclasse IIc: Pequenos peptídeos termoestáveis que são transportados por um
peptídeo guia. Apenas as bacteriocinas Divergicina A e Acidocina B pertencem a
essa subclasse.
- Classe III – Também conhecidas como bacteriolisinas, são moléculas grandes
de proteínas antimicrobianas e termolábeis. Seu mecanismo de ação difere das
bacteriocinas por provocarem a lise das células bacterianas catalisando a
hidrólise da parede celular (ZACHAROF, LOVITT, 2012).
46
3.3.3 Aplicações de bacteriocinas em alimentos
A utilização de bacteriocinas de origem láctea na indústria de alimentos tem
sido amplamente relatada nos últimos anos, este fato se deve principalmente pela
ocorrência natural de BAL em muitos alimentos, incluindo leite e produtos lácteos,
ovos, vegetais e produtos de carne (ZACHAROF, LOVITT, 2012).
O potencial de aplicação de bacteriocinas em alimentos inclui benefícios na
qualidade e segurança alimentar. A utilização de bacteriocinas como bioprotetores,
ou seja, agentes antimicrobianos naturais em alimentos ajuda na conservação,
promove extensão da vida útil e evita perdas por deterioração, reduzir a utilização de
conservantes químicos e diminuindo o risco de transmissão de agentes patogênicos.
Apresentando-se como uma alternativa para satisfazer a crescente demanda dos
consumidores por alimentos seguros e minimamente processados (ARQUES, 2011).
A utilização de bacteriocinas para controlar agentes patogênicos e bactérias
de deteriorantes foi avaliada numa variedade de alimentos, incluindo leite e produtos
lácteos (ZOTTOLA et al., 1994; RODRÍGUEZ et al., 2001). Seu espectro de ação
antimicrobiana inclui patógenos de grande preocupação para a indústria de laticínios
tais como Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella, Listeria
monocytogenes e L. innocua (AHMED, 2010; ARQUÉS et al., 2011).
Segundo Cotter (2005) as bacteriocinas produzidas por BAL são mais
facilmente propensas à regulamentação e podem ser facilmente introduzidas nos
alimentos fermentados, sem necessidade de purificação (COTTER, 2005). Segundo
Shea et al. (2013) as bacteriocinas podem ser introduzidas nos alimentos através da
adição da bacteriocina purificada ou da produção in situ da bacteriocina, por adição
ou presença da estirpe produtora.
A produção de bacteriocina é influenciado por muitos fatores, os mais
importantes são o pH, temperatura e composição do meio (KECEROVÁ et al., 2004).
Em alimentos, outros fatores podem influenciar a produção de bacteriocinas, tais
como a concentração da bacteriocina, antagonismo a outros micro-organismos, pH
do meio, presença de enzimas proteolíticas, micro-organismos resistentes, ligação
aos componentes do alimento (partículas lipídicas e proteínas e inativação pela
47
presença de aditivos alimentares) (DAESCHEL, 1990; HOOVER; STEENSON, 1993;
ALVES et al., 2006).
Segundo Ghanbari et al. (2013) os principais aspectos a serem considerados
para utilização das bacteriocinas em alimentos são, primeiramente a segurança, o
micro-organismo produtor tem que ser considerado seguro, possuindo status GRAS
(Generally Recognized As Safe) e aprovado para uso como aditivo alimentar pelo
FDA – Food and Drug Administration.
Não obstante, outro aspecto a ser considerado para a utilização das
bacteriocinas em alimentos como a estabilidade ao tratamento térmico e a
estocagem, efetividade contra os principais micro-organismos patogênicos e
deteriorantes relacionados e a compatibilidade com o alimento alvo, adquirindo
assim, vantagem as bacteriocinas produzidas por bactérias advindas do alimento
alvo (GHANBARI et al., 2013).
A primeira bacteriocina foi descoberta em 1925 (GRATIA, 1925 apud
COTTER, 2005), e a sua utilização em alimentos foi proposta em 1953 (HIRSCH et
al., 1953). Segundo Cotter et al. (2005), é provável que a humanidade tenha se
beneficiado da produção casual de bacteriocinas em alimentos há anos, desde a
invenção do queijo e outros alimentos obtidos de leites fermentados
A perspectiva da aplicação de bacteriocina em alimentos surgiu a partir da
descoberta da primeira bacteriocina advinda de BAL por Rogers, em 1928, que
verificou a atividade antagonista produzida por certas linhagens de Lactococcus
lactis. A propriedade antimicrobiana dos L. lactis foi melhor estudada e descrita em
1933 por Whitehead (WHITEHEAD, 1933 apud COTTER, 2005), sendo esta
bacteriocina nomeada como nisina em 1947 (MATTICK, HIRSCH, 1947) cujo nome é
derivado do termo "N-inhibitory substances" (NiS) adicionado ao sufixo INA (DAVIES
et al., 1998; CLEVELAND et al., 2001).
A nisina é um peptídeo com 34 aminoácidos, sua ampla aplicação em
alimentos se dá pelo seu amplo espectro de inibição frente a micro-organismos
Gram-positivos e por ser facilmente digerida por proteases digestivas, de forma que
não perturba a microbiota intestinal, sendo a única bacteriocina aprovada para uso
48
comercial, pertencendo a lista de aditivos de alimento desde 1983 como aditivo
número E234, em 1988 foi também aprovado pela FDA, sendo aprovada para uso
como um conservante de alimento em aproximadamente 50 países (Figura 4)
(COTTER, 2005; GUINANE et al., 2005).
Figura 4. Evolução do uso da nisina, desde sua descoberta até sua comercialização
(COTTER, 2005).
Comercialmente a nisina é produzida pela Danisco&DuPont© e recebe a
denominação de Nisaplin®, sendo indicada para todos os tipos de alimentos contra
bactérias Gram-positivas. Seu uso é permitido em diversos países, podendo ser
utilizada em produtos como leite, queijo, produtos lácteos, tomates e outros vegetais
enlatados, sopas enlatadas, maionese e alimentos infantis. No Brasil, a nisina é
comercializado pela Fermentech© e seu uso é aprovada para uso em todos os tipos
de alimentos, sendo o país pioneiro na utilização dessa bacteriocina em produtos
Linha do Tempo: Desenvolvimento comercial da nisina
Nomeação da nisina
Comercialização da nisina na
Inglaterra
Aprovação da nisina pela Food and Agriculture Organization e
pela World health organization
Aprovação comercial pela União Europeia
Aprovação comercial pelos Estados Unidos
Descoberta das colinas
Descoberta das bacteriocinas
produzidas por
Bactérias Ácido Láticas
Descoberta da
nisina
49
cárneos, permitindo sua utilização na superfície externa de diferentes tipos de
salsichas (DE MARTINIS, 2002).
O desenvolvimento bem sucedido da nisina é um modelo que tem estimulado
a pesquisa de novas bacteriocinas. No entanto, se faz necessário a primeiro
entender a biologia de novas bacteriocinas, elucidando suas relações estrutura-
função, produção, imunidade, regulação e modo de ação (COTTER, 2005).
3.3.4 Enterocinas
As bacteriocinas produzidas por enterococos são chamadas de enterocinas,
que apresenta atividade antimicrobiana contra estirpes estreitamente relacionadas
com o micro-organismo produtor (POETA, 2008). Segundo Pagianni (2003) as
enterocinas têm uma grande estabilidade a ao tratamento térmico e a variação de
pH, possuindo um espectro de atividade antimicrobiana variável.
A produção de bacteriocina por enterococos foi observado pela primeira vez
em 1955 durante uma pesquisa sobre bacteriófagos, naquele tempo os enterococos
ainda eram classificados como subgrupo dos Streptococcus (KJEMS, 1955 apud
FRANZ et al., 2007). Desde então muitos esforços têm sido empregados para
caracterizar as enterocinas bioquímica e geneticamente.
Segundo Franz et al. (2007) e Ozdemir et al. (2011), as enterocinas podem
ser agrupadas em um esquema simplificado de classificação baseado na
classificação descrita por Klaenhammer (1993).
A Classe I – Enterocinas lantibióticas, possuem dois peptídeos e sofrem
modificação pós-traducional.
A Classe II – Enterocinas não lantibióticas, possuem até 10kDa e não sofrem
modificação pós-traducional. Esta classe pode ser subdividida em três subclasses:
Classe II.1, enterocina da família pediornita (enterocina A, P e enterocina
bacteriocina 31). Classe II.2, enterocinas sintetizado sem peptídeo líder (enterocina
50
L50A/B, e enterocina Q). Classe II.3, outros, enterocinas não-lineares de tipo
enterocina pediocina (B).
Classe III – Enterocinas composta de péptidos cíclicos e inclui peptídeos
antibacterianos cíclicos como a enterocina AS-48
Classe IV – Compreendendo as grandes proteínas, lábeis ao calor, tais como
enterolisina).
Essas quatro classes, especialmente os enterocinas da classe II e III, têm
atraído um interesse considerável para o seu uso potencial como conservantes
alimentares naturais, pois não são tóxicos e inibem bactérias patogênicas e
deteriorantes dos alimentos (KECEROVÁ et al., 2004; COTTER et al., 2005).
Muitas enterocinas foram identificadas ao longo dos anos, a partir de diversas
fontes. A maioria delas produzidas pelos Enterococcus faecium e E. faecalis (Tabela
5)
Tabela 5. Estudos envolvendo enterocinas de diferentes origens de isolamento.
Origem de isolamento
Cultura protetora
Atividade Contra
Referência
Fezes humana e de galinhas
Enterococcus faecium; E. faecalis
Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus, Escherichia coli
CAMPO et al., 2001
Queijo Argentino E. faecalis Listeria monocytogenes FRANZ et al., 2002
Queijo Feta E. faecium L. innocua SARANTINOPOULOS et al., 2002
Queijo kashkaval (Bulgaro)
E. faecium Listeria, Bacillus, Streptococcus
PANTEV et al., 2002
Queijo artesanal Mexicano
E. faecium Listeria monocytogenes ALVARADO et al., 2005
51
Origem de isolamento
Cultura protetora
Atividade Contra
Referência
Frutas e vegetais E. faecalis B. cereus,macroides GRANDE et al., 2007
Leite caprino E. faecium L. monocytogenes, Clostridium butyricum
COCOLIN, 2007
Intestino de Galinhas
E. faecium L. monocytogenes STROMPFOVA et al., 2007
Efluentes industriais
E. faecium L. innocua, L. monocytogenes, Clostridium, E.coli
MAREKOVÁ et al., 2007
Intestino de frango E. durans, E.faecium E. hirae
Salmonella enterica; E. Coli, Yersinia enterocolitica, Campylobacter jejun
LEVCHUK et al., 2008
Salmão E. faecium L. innocua TOMÉ et al., 2008
Leite E. faecalis S. aureus ALOMAR et al., 2008
Mangue E. faecium Lactobacillus plantarum, E. facealis, L. monocytogens Salmonella paratyphii.
ANNAMALAI et al., 2009
Colostro humano E. faecalis E. coli BARRAGÁN et al., 2009
Leite fermentado da Tunísia
E. faecium E. coli BELGACEM et al., 2010
Frutos do mar E. faecium S.aureus, L. monocytogenes
CAÑAMERO et al., 2010
Maca tailandesa E. faecium S. aureus, L. nnocua
BOHU et al., 2010
Fezes de galinhas E. faecalis L. innocua BELGUESMIA et al., 2010
Fezes humanas e de animais
E. faecium, E. faecalis, E. gallinarum E. durans
L. monocytogenes BRANDÃO et al., 2010
Queijo Rigouta (Tunísia)
E. faecium L. monocytogenes GHRAIRI et al., 2011
Tarag (Iogurte da Mongólia)
E. faecium L. innocua, L.monocytogenes
IMEN HADJI-SFAXI et al., 2011
52
Origem de isolamento
Cultura protetora
Atividade Contra
Referência
Queijo Mossarela E. faecium L. monocytogenes, S. aureus
TULINI1 et al., 2011
Queijo Peruano E. faecium, E.mundtii
L. monocytogenes, S. aureus, Clostridium spp.
GALVEZ et al., 2011
Leite fermentado marroquino
E. faecium L. monocytogenes BAYOUB et al., 2011
Peixe E. faecium L. innocua, S. aureus
CAMPOS et al., 2012
Leite e queijo de ovelha
E. faecium L. monocytogenes, L.innocua, S. aureus.
RIVAS et al., 2012
Minas Frescal E. mundtii E. faecium
L. monocytogenes PINGITORE, 2012
Leite bovino E. faecalis E. coli GÚTIEZ et al., 2013
Queijo de Azerbaijani
E. faecium L. monocytogenes. AHMADOVA et al., 2013
Queijo cottage E. faecalis E. faecium E.mundtii
L.monocytogenes, L.innocua, E.coli; S. aureus
HUANG et al., 2013
Fezes humanas E. faecium L. monocytogenes; L. innocua, E. coli
TURGIS et al., 2013
Franz et al. (2008) afirmaram que enterocinas, à semelhança dos
enterococos, são notáveis por sua diversidade e por sua distribuição onipresente
entre os isolados de diferentes fontes, aumentando a possibilidade de encontrar um
determinado tipo de bacteriocina adequadas para cada produto alimentar.
As duas espécies de enterococos mais frequentes em alimentos, os
Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis, são capazes de produzir
bacteriocinas com atividade anti-listeria quando crescem em leite e queijo
(GIRAFFA, 2003).
53
Segundo Moreno e outros (2006) as enterocinas são capazes de reduzir a
contagem de Listeria de 2-9 ciclos logarítimicos, dependendo do produto e da
enterocina testada. Os mesmos autores detectaram a produção de enterocinas por
E. faecium RZS C5 e DPC 1146, com ação frente a Listeria spp.
Moreno e outros (2002) observaram que o E. faecium produziram enterocina
durante todo o período de elaboração do queijo Cheddar, indicando que a
contaminação do leite e do queijo pode ser controlada com uma produção estável de
enterocinas. Assim, o uso de um fermento adjunto, aliado as boas práticas de
fabricação, pode fornecer segurança microbiológica adicional à produção de queijos
(SARANTINOPOULOS et al., 2009).
Embora exista uma preocupação sobre a segurança alimentar na utilização
dos Enterococcus, a utilização de micro-organismos isolados a partir de produtos
tradicionais fermentados pode revelar-se segura para serem utilizados como culturas
iniciadoras, proporcionar a preservação natural através da produção de enterocinas
in vivo (DE VUYST et al., 2003).
Estes estudos destacam a importância de enterococos em alimentos e do
grande potencial de suas enterocinas. No entanto se faz necessário novas
pesquisas para elucidar e possibilitar as suas utilizações de modo eficiente e seguro.
55
AHMED Z, WANG Y, CHENG Q, IMRAN M. Lactobacillus acidophilus bacteriocin,
from production to their application: An overview. Afr J Biotechnol, n.9, 2843–2850,
2010.
ALBUQUERQUE, L.C. História da fabricação de queijos. Disponível em:
<http://www.cienciadoleite.com.br>. Acesso em: 12 mar. 2007. apud SEBRAE,
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Relatório Completo de
Estudo de Mercado: Queijos nacionais. Setembro, 2008.
ALMEIDA, S.L.; JÚNIOR, P.G.F.; GUERRA, J.R.F. A estratégia de internacionalização
de negócios na perspectiva da tradução cultural: o caso da indicação geográfica no
agronegócio. RIAE - Rev. Ibero-Americana de Estratégia, v.9, p.74-97, 2010.
ALOMAR, J.; LOUBIEREB, P.; DELBESA,C.; NOUAILLEB, S.; MONTELA, M.C;
Effect of Lactococcus garvieae, Lactococcus lactis and Enterococcus faecalis on the
behaviour of Staphylococcus aureus in microfiltered milk. Food Microbiology, 25,
p.502–508, 2008.
ALVARADO, C.; GARC&A-ALMEND'REZ, B.E.; MARTIN, S.E.; REGALADO, C.\Anti-
Listeria monocytogenes Bacteriocin-Like Inhibitory Substances From Enterococcus
faecium UQ31 Isolated from Artisan Mexican-Style Cheese. Current Microbiology
Vol. 5, p.110–115, 2005.
ALVES, V.F.; MARTINEZ, R.C.R.; LAVRADOR, M.A.S.; DE MARTINIS,E.C.P.
Antilisterial activity of lactic of lactic acid bacteria inoculated on cooked ham. Meat
Science, Banking, v.74, p.623-627, 2006.
56
ANNAMALAI, N.; MANIVASAGAN, P.; BALASUBRAMANIAN, T.; VIJAYALAKSHMI,
S. Enterocin from Enterococcus faecium isolated from mangrove environment.
African Journal of Biotechnology. Vol.8 (22), p.6311-6316, 16 November, 2009.
ARENAS, R.; GONZALEZ, L.; BERNARDO, A.; FRESNO, J.M.; TORNADIJO, M.E.
Microbiological and physico-chemical changes in Genestoso cheese, a Spanish acid
curd variety, throughout ripening. Food Control, n.15, p.271–279, 2004.
ARQUES, J.L.; RODRÍGUEZ, E.; NUÑEZ, M.; MEDINA, M. Combined effect of
reuterin and lactic acid bacteria bacteriocins on the inactivation of food-borne
pathogens in milk. Food Control. v.22, p.457-461, 2011.
BALLESTEROS, C.; POVEDA, J.M.; GONZA´LEZ-VIÑAS, M.A.; CABEZAS, L.;
Microbiological, biochemical and sensory characteristics of artisanal and industrial
Manchego cheeses. Food Control. 17, p.249–255, 2006.
BELGACEM, B.; ABRIOUEL, H.; BEN OMAR, N.; LUCAS, R.; MARTINEZ-
CANAMERO, M.; GALVEZ, A. MANAI, M. Antimicrobial activity, safety aspects, and
some technological properties of bacteriocinogenic Enterococcus faecium from
artisanal Tunisian fermented meat Zouhaier. Food Control, 21, p.462–470, 2010.
MALDONADO-BARRAGÁN, A.; CABALLERO-GUERRERO, B.; JIMÉNEZ, E.;
JIMÉNEZ-DÍAZ, R.; RUIZ-BARBA, J.L.; RODRÍGUEZ, J.M. Enterocin C, a class IIb
bacteriocin produced by Enterococcus. faecalis C901, a strain isolated from human
colostrum. International Journal of Food Microbiology.133, p.105–112, 2009.
BENEVIDES, S.D.; TELLES, F. J. S.; GUIMARÃES, A. C. L.; FREITAS, A. N. M.
Aspectos Físicoquímicos e microbiológicos do queijo de Coalho produzido com leite
cru e pasteurizado no estado do Ceará. CEPPA, Curitiba, v.19, n.1, p.139153,
jan./jun. 2000.
57
BERESFORD, T. P., FITZSIMONS, N. A., BRENNAN, N. L., COGAN, T. (2001).
Recents advances in cheese microbiology. International Dairy Journal, v. 11, p.
259-274.
BERESFORD, T.; WILLIAMS, A. The microbiology of cheese ripening. In: FOX, P. F.;
McSWEENEY, P. L. H.; COGAN, T. M.; GUEENE, T. P. (Ed.). Cheese chemistry,
physics and microbiology, 3.ed. Amsterdam:Elsevier, p.287-317, v.1, General
Aspects, 2004.
BRASIL. Ministério da Agricultura pecuária e abastecimento. Portaria n. 146, de
07/03/1996. Regulamento Técnico de identidade e qualidade queijos. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, 11/03/1996.p.3977-3978.
BRASIL, Congresso Nacional. LEI Nº 9.279, DE 14 DE MAIO DE 1996. Regula
direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. 1996 b.
BRASIL. Instrução Normativa n.30 de 26 de Julho de 2001. Regulamento técnico de
Identidade e qualidade do queijo de Coalho. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16/07/2001. Seção 1, p.14-15.
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Portaria n. 57, de
15/12/2011. Estabelece critérios adicionais para elaboração de queijos artesanais, e
o que consta do Processo nº 21000.014787/2011-28. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, 20011.
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Portaria n. 57, de
15/12/2011. Estabelece critérios adicionais para elaboração de queijos artesanais, e
o que consta do Processo nº 21000.014787/2011-28. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, 20011.
58
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução
Normativa Nº 30, DE 7 DE AGOSTO DE 2013. Revoga a Portaria n. 57, de
15/12/2011. Estabelece novos critérios adicionais para elaboração de queijos
artesanais. Brasília, 2013.
BROOME, M.C. Starter culture development for improved cheese flavor. In:
WEIMER, B.C. Improving the flavor of cheese. Cambridge: Woodhed Publishing,
chap. 7, p.157-174, 2007.
BRUNO, L. M.; CARVALHO, J. D. G.; CARVALHO, AK. F.; ANDRADE, A. P. C.;
QUEIROZ, A. A. M. Caracterização de microbiota lática isolada de queijos de Coalho
comercializados no Rio Grande do Norte. In: Encontro nacional de analistas de
alimentos; congresso latino americano de analistas de alimentos, n.15,
fortaleza. anais. Fortaleza: 2007.
BRUNO, L.M.; CARVALHO, J. D. G. Microbiota Lática de Queijos Artesanais.
Embrapa Agroindústria Tropical, Documentos 124, ISSN 1677-1915. Fortaleza-
CE. p.30, 2009.
CARIDI, A.; MICARI, P.; FOTI, F.; RAMONDINO, D.; SARULLO, V. Ripening and
seasonal changes in microbiological and chemical parameters of the artisanal
cheese Caprino d’Aspromonte produced from raw or thermized goat’s milk. Food
Microbiology, London, v.20, n.2, p.201-209, 2003.
CARR, F. J.; CHILL, D.; MAIDA, N. The acid lactic bacteria: A literature survey.
Critical Reviews in Microbiology. v.28, n.4, 2002.
59
CARVALHO, J.D.G. Caracterização da microbiota lática isolada do queijo de Coalho
artesanal produzido no Ceará e suas propriedades tecnológicas. 187f. Tese
(Doutorado) – Universidde Estadualde Campinas, Campinas 2007.
CASALTA, E.; SORBA, J-M.; AIGLE, M.; OGIER, J-C. (2009) Diversity and dynamics
of the microbial community during the manufacture of Calenzana, an artisanal
Corsican cheese. International Journal of Food Microbiology,
doi:10.1016/j.ijfoodmicro. 2009.
CAVALCANTE, J. F. M. Sistema de apoio á decisão na produção de leite e queijo
Coalho com segurança alimentar. 158f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia
de Alimentos) – Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa. 2005.
CAVALCANTE, J. F.; ANDRADE, N. J.; FURTADO, M. M.; FERREIRA, C. L. L. F.;
PINTO, C .L. O.; ELARD, E . Processamento do queijo Coalho regional empregando
leite pasteurizado e cultura lática endógena. Ciência e Tecnologia de Alimentos;
Campinas, v. 27, n. 1, p. 205-214, 2007.
CAVALCANTE, J. F.; ANDRADE, N. J.ç FURTADO, M. M.; FERREIRA, C. L. L. F.;
PINTO, C .L. O.; ELARD, E . Processamento do queijo Coalho regional empregando
leite pasteurizado e cultura lática endógena. Ciência e Tecnologia de Alimentos;
Campinas, v.27, n.1, p.205-214, 2007.
CEBRIÁN, R.; BAÑOS. A.; VALDIVIA , E.; PÉREZ-PULIDO, R.; MARTÍNEZ-BUENO,
M.; MAQUEDA, M. Characterization of functional, safety, and probiotic properties of
Enterococcus faecalis UGRA10, a new AS-48-producer strain. Food Microbiology
30 (2012) 59e67.
60
CLEVELAND, J., MONTVILLE, T., NES, I., & CHIKINDAS, M. Bacteriocins: safe,
natural antimicrobials for food preservation. International Journal of Food
Microbiology, n.71, p.1:20, 2001.
COCOLIN, L.; FOSCHINO, R.; COMI, G.; FORTINA, M.G. Description of the
bacteriocins produced by two strains of Enterococcus faecium isolated from Italian
goat milk. Food Microbiology, 24, p.752–758, 2007.
COTTER, P.C.; HILL, C.; ROSS, R.P. Bacteriocins: Developing Innate Immunity
For Food. Nature: Reviews microbiology, London, v.3, p777-778, 2005.
DAESCHEL, M.A. Application of bacteriocin in food systems. In: BILLS,D.D.; KUNG,
S. (Ed.). Biotechnology and food safety. Boston: Butterworth-heinemenn, p. 55-74,
1990.
DANTAS, D.S. Qualidade microbiológica do queijo de Coalho comercializado no
município de Patos, PB. Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Campina Grande, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de
concentração Sistemas Agrosilvipastorisno Semi-árido, Patos – PB, 2012.
DAVIES, E. A. et al. Research note: the effect of pH on the stability of nisin solution
during autoclaving. Lett. Appl. Microbiol., v. 27, n. 3, p. 186-187, 1998.
DE MARTINIS, E. C. P., ALVES, V. F., FRANCO, B. D. G. M. Fundamentals and
perspectives for the use of bacteriocins produced by lactic acid bacteria in meat
products. Food Rev. Int., v. 18, n. 2/3, p. 191-208, 2002.
61
DOBSON, A.; COTTER, PAUL D; ROSS, P. R.; HILL, C. Bacteriocin Production: a
Probiotic Trait? Minireview. Applied and Environmental Microbiology,
doi:10.1128/AEM.05576-11, p. 1–6, 2012.
DOLCI, P.; ALESSANDRIA, V.; ZEPPA, G.; RANTSIOU, K.; COCOLIN, L.
Microbiological characterization of artisanal Raschera PDO cheese: Analysis of its
indigenous lactic acid bacteria. Food Microbiology, n.25. p.392–399, 2008.
DUARTE, D.A.M., SCHUCH, D.M.T.; SANTOS, S.B., RIBEIRO, A.R.
VASCONCELOS, AM.M.; SILVA, J.V.D.; MOTA, R.A. Pesquisa de listeria
monocytogenes e micro-organismos indicadores higiênico-sanitários em queijo de
Coalho produzido e comercializado no estado de Pernambuco. Arq. Inst. Biol., São
Paulo, v.72, n.3, p.297-302, jul./set., 2005.
DURLU-OZKAYA, F.; XANTHOPOULOS, V.; TUNAIL, N.; LITOPOULOU-
TZANETAKI. E.; Technologically important properties of lactic acid bacteria isolates
from Beyaz cheese made from raw ewes’ milk. Journal of Applied Microbiology, v.
91, n. 5, p. 861-870, 2001.
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Queijo de Coalho é fonte
de renda no Nordeste. 2008. Disponível em:
<http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2008/outubro/4a-semana/queijo-
deCoalho-e -tema-do-dia-de-campo-na-tv/?searchterm=queijo de Coalho>. Acesso
em: 10 jan. 2010.
ENNAHAR S., SASHIHARA T., SONOMOTO K., ISHIZAKI A.. Class IIa bacteriocins:
biosynthesis. Structure and activity. FEMS Microbiol. Rev. v.24, n.1. p.85-106, 2011
62
ESCOBAR, C. A. M. Avaliação dos pontos críticos na produção de queijo de Coalho
em Pernambuco. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de
Fora, v. 56, n. 321, p. 248-256, 2001.
ESTEPAR, J.; SÁNCHEZ, M. M.; ALONSO, L.; MAYO, B. Biochemical and
microbiological characterization of artisanal ‘Peñamellera’ cheese: analysis of its
indigenous lactic acid bacteria. International Dairy Journal, v. 9, n. 10, p. 737-746,
Oct., 1999.
FERREIRA, W.F.; FILHO, J. R. F. Avaliação da qualidade físico - químicos do queijo
Coalho comercializado no município de Barreiros-PE. Revista Brasileira de
Tecnologia Agroindustrial, Campus Ponta Grossa - Paraná - Brasil. ISSN: 1981-
3686 / v.02, n.01, p.127-133, 2008.
FILHO, J. R. F.; FILHO, J.S.S.; OLIVEIRA, H.B.; ANGELO, J.H.B.; BEZERRA, J.D.C.
Avaliação da qualidade do queijo “Coalho” artesanal fabricado em Jucati – PE.
EXTENSIO: Revista Eletrônica de Extensão, ISSN 1807-0221, v.6, n.8, 2009
FONTÁN, M. C. G.; FRANCO, I.; PRIETO, B.; TORNADIJO, M. E.; CARBALLO, J.
Microbiological changes in ‘San Simón’ cheese throughout ripening and its
relationship with physico-chemical parameters. Food Microbiology, v.18, n.1, p.25-
33, 2001.
FONTENELE, M.A.; EGITO, A.S.; FOLSTA, K.C.B.M.; BASTOS, M.S.R.
Padronização de método cromatográfico para caracterização queijo Coalho.
Congresso Brasileiro de Qualidade do leite, Florianópolis. anais. florianópolis: cbql,
2010. 3f. 1cd-rom. 4, 2010.
63
FOX, P. F.; GUINEE, T. P.; COGAN, T. M.; McSWEENEY, P. L. H. Fundamentals of
cheese science. Gaithersburg: Aspen Publishers, 2000.
FRANCIOSI, E.; SETTANNI, L.; CAVAZZA, A.; POZNANSKI, E. Biodiversity and
technological potential of wild lactic acid bacteria from raw cow’s milk.
International Dairy Journal, v.19, p.3 – 11, 2009.
FRANZ, C. M. A. P.; GRUBE, A.; HERRMANN, A.; ABRIOUEL, H.; STÄRKE, J.;
LOMBARDI, A.; TAUSCHER, B.; HOLZAPFEL, W.H. Biochemical and Genetic
Characterization of the Two-Peptide Bacteriocin Enterocin 1071 Produced by
Enterococcus faecalis FAIR-E 309 Applied and environmental microbiology,
p.2550–2554, Vol.68, No.5 0099-2240/02/$04.000 DOI: 10.1128/AEM.68.5.2550–
2554. 2002.
FREITAS, W. C.; TRAVASSOS, A.E.R.; MACIEL, J.F. Avaliação microbiológica e
físico-química de leite cru e queijo de Coalho produzidos no estado da Paraíba.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.35-
42, 2013.
FOULQUIÉ -MORENO, M. R.; SARANTINOUPOULOS, P.; TSAKALIDOU, E.; DE
VUYST, L. The role and application of enterococci in food and health. International
Journal of Food Microbiology, v.106, n.1, p.1-24, 2006.
FRANZ, C.M.; VAN BELKUM, M.J.; HOLZAPFEL, W.H.; ABRIOUEL, H.; GALVEZ, A.
(2007) Diversity of enterococcal bacteriocins and their grouping in a new
classification scheme. FEMS Microbiol Rev 31:293–310, 2006.
FURTADO, M.M. A qualidade do leite. In: A arte e a ciência do queijo. São Paulo
Editora Globo, p.21-33, 2005.
64
GHANBARI, M; JAMI, M.; DOMIG, K.J.; KNEIFEL, W. Seafood biopreservation by
lactic acid bacteria - A review. LWT - Food Science and Technology. v.54,
p.315:324, 2013.
GIANNINO, M. L. Study of microbial diversity 1 in raw milk and fresh curd used for 2
Fontina cheese production by culture independent methods. Int. J. Food Microbiol.,
3 v.130, n.3, p.188-195, 2009.
GILLOR O, GHAZARYAN L. Recent advances in bacteriocin application as
antimicrobials. Recent Pat. Antiinfect. Drug Discov. 2:115–122, 2007.
GIRAFFA, G. Enterococci from foods. FEMS Microbiology Reviews, n.26, p.163-171,
2002.
GIRAFFA, G. Functionality of enterococci in dairy products – A review. International
Journal of Food Microbiology, v.88, n.2/3, p.215-222, 2003.
GOMES, B.C., ESTEVES, C.T., PALAZZO, I.C.V., DARINI, A.L.C., FELIS, G.E.,
SECHI, L.A., FRANCO B.D.G.M., Martinis E.C.P. Prevalence and characterization
of Enterococcus spp. Isolated from Brazilian foods. Food Microbiology, n.25,
p.668– 675, 2008.
GONDIM, F.A.L. Reforcement des proprietés organoleptiques dún fromage à pâte
pressée brésilien COALHO DO CEARÁ à l''aide de la lipase-estérasede Rhizomucor
miehei. 1995. Thèse (Doctorat), L`Institue National Polytecnique de Lorraine, 118p.
1995.
65
GRAPPIN, R.; BEUVIER, E. Possibile implications of milk pasteurization on the
manufacture and sensory quality of ripened cheese. International Dairy Journal,
Barking, v.7, n.12, p.751-871, 2007.
GRANDE, M.J., ABRIOUEL, H., LÓPEZ, R.L., VALDIVIA, E., BEN OMAR, N.,
MARTÍNEZ-CAÑAMERO, M., GÁLVEZ, A., Efficacy of enterocin AS-48 against bacilli
in ready-to-eat vegetable soups and purees. Journal of Food Protection, n.70,
p.2339–2345. 2007.
GRATIA, A. Sur un remarquable exemple d’antagonisme entre deux souches de
Colibacille. C. R. Soc. Biol. 93, 1040–1041 (1925) (in French). apud: COTTER, P.C.;
HILL, C.; ROSS, R.P. Bacteriocins: developing innate immunity for food. Nature:
Reviews microbiology, London, v.3, p777-778, 2005.
GUINANE, C.M.; COTTER, P.D.; HILL, C.; ROSS, R.P. Microbial solutions to
microbial problems; lactococcal bacteriocins for the control of undesirable biota in
food. A review. Journal of Applied Microbiology, v.98, p.1316–1325, 2005.
HAJIKHANI, R.; BEYATLI, Y.; ASLIM, B. Antimicrobial activity of enterocci strains
isolated from white cheese. International Jounal of dairy technology, Oxford, v.60,
n.2, p.105-108, 2007.
HARBUTT, J. O livro dos queijos. São Paulo: Editora Globo, 1a Ed., p.5-6, 2010.
HIRSCH, A., GRINSTED, E., CHAPMAN, H. R. & MATTICK, A. T. R. A note on the
inhibition of an anaerobic sporeformer in Swiss-type cheese by a nisin-producing
Streptococcus. J. Dairy Sci. 18, 205–206 (1953) apud COTTER, P.D.; HILL, C.;
66
ROSS, R.P. Bacteriocins: developing innate immunity for food. Nat. Rev. Microbiol.
3:777–788. 2005.
HOOVER, D.G.; STEENSON, L.R. Bacteriocins of lact acid bacteria. San Diego:
Academic Press, p.274, 1993.
HUGAS, M.; GARRIGA, M.; AYMERICH, M.T. Functionalty of enterococci in meat
products. Review Meat Technology Center (IRTA), Granja Camps i Armet s/n, ES-
17121 Monells, Spain Accepted 26 February 2003. International Journal of Food
Microbiology 88 (2003) 223– 233
IRLINGER, F., MOUNIER, J. Microbial interactions in cheese: implications for cheese
quality and safety. Curr Opin Biotechnol, doi:10.1016/j.copbio.2009.02.016. 2009.
JAMET, E.; AKARY,E.; POISSON, M.A.; CHAMBA, J.F.; BERTRAND, X.; SERROR,
P. Prevalence and characterization of antibiotic resistant Enterococcus faecalis in
French cheeses. Food Microbiology, n.31, p.191-198, 2009.
KARL H. SCHLEIFER* AND RENATE KILPPER-BALZ. Transfer of Streptococcus
faecalis and Streptococcus faecium to the Genus Enterococcus norn. rev. as
Enterococcus faecalis and Enterococcus faecium. International Union of
Microbiological Societies. Vol. 34, No. 1. 1984.
KAYSER, F.H. Safety aspects of enterococci from the medical point of view. Review.
Institute of Medical Microbiology, University of Zu¨rich, Gloriastrasse 30/32, P.O.
International Journal of Food Microbiology, n.88, 255– 262, 2003.
67
KECEROVÁ, K.; PRISTAŠ, P.; JAVORSKÝ, P. Bacteriocin Production and Sensitivity.
Folia Microbiol. v.49 (2), p.172–174, 2004.
KJEMS, E., 1955. Studies on streptococcal bacteriophages: I techniques for isolating
phage producing strains. Pathology and Microbiology Scandinavia 36, 433–440
apud
FRANZ, C.M.; VAN BELKUM, M.J.; HOLZAPFEL, W.H.; ABRIOUEL, H.; GALVEZ, A.
(2007) Diversity of enterococcal bacteriocins and their grouping in a new
classification scheme. FEMS Microbiol Rev 31:293–310.
KLAENHAMMER, T. R. Bacteriocins of latic acid bacteria. Biochimie, v. 70, p. 337-
349, 1988.
KLEIN, G.; PACK, A.; BONAPARTE, C.; REUTER,G. Taxonomy and physiology of
probiotic lactic acid bacteria. International Journal of Food Microbiology, v.41, n.
2, p. 103-125, 1998.
LAUKOVÁ, A.; SKAUGEN,M. NES, I. Isolation and characterization of a new
bacteriocin, termed enterocin M, produced by environmental isolate Enterococcus
faecium AL41. Ind Microbiol Biotechnol (2007) 34:533–537 DOI 10.1007/s10295-
007-0226-4 123.
LINE,J. E.; SVETOCH,E. A.;ERUSLANOV, B.V.; PERELYGIN, V.V; MITSEVICH,
E.V.; MITSEVICH, P.; LEVCHUK; SVETOCH, O.E.; SEAL,B.S.; SIRAGUSA, G. R.;
STERN, N.J. Isolation and Purification of Enterocin E-760 with Broad Antimicrobial
Activity against Gram-Positive and Gram-Negative Bacteria. American Society for
Microbiology. All Rights Reserved. Mar. 2008, p. 1094–1100 Vol. 52.
68
LIMA, C.D.L.C.; LIMA, L.A.; CERQUEIRA, M.M.O.P.; FERREIRA, E.G.; ROSA, C.A.
Bactérias acido laticas e leveduras associadas com o queijo minas artesanal
produzido na regiao de Serra do sallitre, Minas Gerais Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia (online). 1996, vol.61, n.1. pp.266-272.ISSN
0102-0935.
LÓPEZ-DÍAZ, T. M.; ALONSO, C.; ROMÁN, C.; GARCÍA-LÓPEZ, M. L.; MORENO B.
Lactic acid bacteria isolated from a hand-made blue cheese. Food Microbiology,
London, v. 17, n. 1, p. 23-32, Feb., 2000.
MACHADO, G. M.; COSTA, R.G.B; PAULA, J.C.J.; PAIVA, P.H.C; TAVEIRA, L.B.;
ALMEIDA, f.a. viabilidade tecnológica do uso de ácido lático na fabricação de queijo
de Coalho. Rev. Inst. Latic. “Cândido Tostes”, mar/abr, nº 379, 66, 1:15, 2011.
MADERA, C.; GARCÍA, P.; JANSEN, T.; RODRÍGUEZ, A.; SUÁREZ, J. E.
Characterisation of technologically proficient wild Lactococcus lactis strains resistant
to phage infection. International Journal of Food Microbiology, v. 86, n. 3, p. 213-
222, 2003.
MALCATA, F.X.; PINTADO, A.I., PINHO, O.; FERREIRAB, I. M.P.L.V.O.; PINTADO,
M. M. E.; GOMES, A. M.P. Microbiological, biochemical and biogenic amine profiles
of Terrincho cheese manufactured in several dairy farms. International Dairy
Journal 18 (2008) 631–640.
MAREKOVÁ, M.; LAUKOVÁ, A.; SKAUGEN,M. NES, I. Isolation and
characterization of a new bacteriocin, termed enterocin M, produced by
environmental isolate Enterococcus faecium AL41. Ind Microbiol Biotechnol (2007)
34:533–537 DOI 10.1007/s10295-007-0226-4 123.
69
MARTINEZ, F. A. C.; BALCIUNAS, E. M.; CONVERTI, A.; COTTER, P. D.;
OLIVEIRA, R. P. S. Bacteriocin production by Bifidobacterium spp. A review.
Biotechnology Advances 31 482–488, 2013.
MATTICK, A. T. R. & HIRSCH, A. Further observations on an inhibitory substance
(nisin) from lactic streptococci. Lancet 2, 5–7 (1947) apud COTTER, P.D.; HILL, C.;
ROSS, R.P. Bacteriocins: developing innate immunity for food. Nat. Rev. Microbiol.
3:777–788. 2005.
MEDINA, R.; KATZ, M.; GONZALES, S.; OLIVER, G. Characterization of lactic acid
bacteria in Ewe’s milk and cheese from Northwest Argentina. Journal Food
Protection, Des Moines, v. 64, n. 4, p. 559-563, 2001.
MENEZES, S.S.M. Queijo de Coalho: tradição cultural e estratégia de reprodução
social na região Nordeste. Revista de Geografia (UFPE) V. 28, No. 1, 2011.
MOLL, G.N., KONINGS, W. N., DRIESSEN, A. J. M. Bacteriocins mechanism of
membrane insertion and pore formation. Antonie van Leeuwenhoek, Dordrecht, v.76,
p.185-198, 1999.
NASSU , R.T.; MACEDO, B. A.; LIMA, M. H. P. Queijo de Coalho Embrapa
Informação Tecnológica, Brasília, DF: 40 p, ISBN 85-7383-325-4. Embrapa
Informação Tecnológica, 2006.
NES IF, JOHNSBORG O. Exploration of antimicrobial potential in LAB by genomics.
Curr Opin Biotechnol 15: 100–104, 2004.
NETO, L. G. G., et al. Influência do tratamento UAT no valor nutritivo do leite. Leite e
derivados, São Paulo, vol.12, n.67, p.36-39, nov./dez. 2002.
70
NETO, T. M. S. Caracterização da microbiota lática, não lática e utilização do
tratamento ôhmico para processamento de queijo de Coalho. Tese apresentada à
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em
Ciência Veterinária. RECIFE, 2010.
OZDEMIR, G.B.; ORYAS, E.; IBIYIK, H.; ZTEBER, M.O.; BOZDOG˘AN, B.
Phenotypic and Genotypic Characterization of Bacteriocins in Enterococcal Isolates
of Different Sources. Indian J Microbiol (Apr–June 2011) 51(2):182–187 DOI
10.1007/s12088-011-0143-0.
PAPAGIANNI, M. Ribosomally synthesized peptides with antimicrobial properties:
biosynthesis, structure, function, and applications. Biotechnology Advances,
Baltimore, v.21, p.465-499, 2003.
PAULA, J. C.J.; ALMEIDA, F.A; PINTO, M.S.; MARTINS, V.A.; TEODORO, V.A.M;
COSTA, R.G.B. Aproveitamento de soro de queijo de Coalho na elaboração de
bebida láctea pasteurizada. Rev. Inst. Latic. “Cândido Tostes”, Jul/Ago, nº 387, 67:
13-20, 2012.
PANTEV, A.;.KABADJOVA, P.; DALGALARRONDO, M.; HAERTLE, T.; IVANOVA,I.;
DOUSSET, X.; VOST,H.; CHOBERT, J.M. Isolation and Partial Characterization of an
Antibacterial Substance Produced by Enterococcus faecium Folia Microbiol. 47 (4),
391-400 (2002).
PERNAMBUCO. Lei n 13.376, de 20 de dezembro de 2007. Sanciona a Lei que
dispõe sobre o processo de produção do Queijo de Coalho artesanal, Governo
Estadual de Pernambuco. 2007.
71
PERRY, K.S.P. Queijos: aspectos químicos, bioquímicos e microbiológicos. Química.
Nova, v.27, p.293-300, 2004.
POETA, P.; IGREJAS, G.; COSTA, D.; SARGO, R.; RODRIGUES, J.; TORRES, C.
Virulence factors and bacteriocins in faecal enterococci of wild boars. J Basic
Microbiol, 48:385–392., 2008.
RANGEL, R. Leite e derivados com mais qualidade e preço justo. In: Revista
inovação em Pauta. FINEP, Pernambuco, p.68-71. 2009.
ROSA, C.M.; FRANCO, B. D. G. M. Bacteriocinas de bactérias láticas. ConScientiae
Saude, São Paulo, v.1, p.9-15, 2002.
STROMPFOVA, V.; LAUKOVA, A. In vitro study on bacteriocin production of
Enterococci associated with chickens. Microbial host interactions. Anaerobe 13
(2007) 228–237. Food Control 30 (2013) 631e641.
SANTANA, R.F.; SANTOS, D.M.; MARTINEZ, A.C.C.; LIMA, Á.S. Qualidade
microbiológica de queijo-Coalho comercializado em Aracaju, SE. Arq. Bras. Med.
Vet. Zootec., v.60, n.6, p.1517-1522, 2008.
SARANTINOPOULOS, P.; LEROY, F.; LEONTOPOULOU, E.; GEORGALAKI, M.D.;
KALANTZOPOULOS, G.; TSAKALIDOU, E.; VUYST, L. Bacteriocin production by
Enterococcus faecium FAIR-E 198 in view of its application as adjunct starter in
Greek Feta cheese making. International Journal of Food Microbiology 72 (2002)
125– 136.
72
SARANTINOPOULOS, P.; ANDRIGHETTO,C.; GEORGALAKI,M.D. REA, M.C.;
LOMBARDI, A.; COGAN, T.M.; KALANTZOPOULOS,G.; TSAKALIDOU,E.
Biochemical properties of enterococci relevant to their technological performance.
International Dayry Jounal, v.11, n.8, p.621-647, 2009.
SHEA, E.F.O; COTTER, P.D.; ROSS, R.P.; HILL, C. Strategies to improve the
bacteriocin protection provided by lactic acid bacteria. Current Opinion in
Biotechnology, v.24, p.130–134, 2013.
SCHULZ, D.; PEREIRA, M.A; BONELLI, R.R.; NUNES, M.M. BATISTA, C.R.V.
Bacteriocinas: mecanismo de ação e uso na conservação de alimentos. Alim. Nutr.,
Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003.
SEBRAE. Programa SEBRAE de Artesanato – Termo de Referência de Março de
2004.
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Relatório
Completo de Estudo de mercado: Queijos nacionais. 2008.
SHERMAN, J.M., 1937. The streptococci. Bacteriol. Rev. 1, 3 – 97. apud DOMIG, K.
J., MAYER, H. K., KNEIFEL, W. Methods used for the isolation, enumeration,
characterisation and identification of Enterococcus spp., Media for isolation and
enumeration. - Review article. International Journal of Food Microbiology. v.88,
p.147– 164, 2003.
SILVA, R.A.; LIMA, M.S.F.; VIANA, J.B.M.; BEZERRA, V.S.; PIMENTEL, M.C.B.;
PORTO, A.L.F.; CAVALCANTI, M.T.H.; LIMA FILHO, J.L. Can artisanal ‘‘Coalho’’
73
cheese from Northeastern Brazil be used as a functional food? Food Chemistry
135, 1533–1538. 2012 a
SILVA, R.A. Caracterização microbiológica, físico-química, proteômica e bioativa de
queijos de Coalho Artesanal produzidos na Região Agreste do Estado de
Pernambuco-Brasil. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Biociência Animal – Área de Concentração em Biotecnologia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Recife, 2012 b.
SILVA, R.A.; BISMARA, P.A.; R.B. MOURA; LIMA FILHO, J.L.; PORTO, A.L.F.;
CAVALCANTI, M.T.H. Avaliação da microbiota bacteriana do queijo de Coalho
artesanal produzido na região Agreste do estado de Pernambuco. Arq. Bras. Med.
Vet. Zootec., v.64, n.6, p.1732-1738, 2012 c.
SILVA, R.A. Boa saúde com queijo de Coalho artesanal. Revista Ciência Hoje, ed.
março/abril, vol. 51, p. 54, 2013.
SOBRAL, D. et al. Queijo de Coalho: características e tecnologia. Informe
Agropecuário - Agroindústria: leite e derivados, Belo Horizonte, v.28, n.238, p.57-
62, 2007.
SUZZI, G.; CARUSO, M.; GARDINI, F.; LOMBARDI, A.; VANNINI, L.; GUERZONI,
M.E.; ANDRIGHETTO, C.; LANORTE, M.T. A survey of the enterococci isolated from
an artisanal Italian goat’s cheese (semicotto caprino). Journal of Applied
Microbiology, v. 89, n. 2, p. 267-274, 2000.
THIERCELIN, M.E., 1899. Sur un diplocoque saprophyte de l’intestin susceptible de
devenir pathoge`ne. C.R. Se`ances Soc. Biol. 5, 269– 271. apud DOMIG, K. J.,
74
MAYER, H. K., KNEIFEL, W. Methods used for the isolation, enumeration,
characterisation and identification of Enterococcus spp., Media for isolation and
enumeration. - Review article. International Journal of Food Microbiology. v.88,
p.147– 164, 2003.
ZACHAROF, M. P.; LOVITT, R. W. Bacteriocins Produced by Lactic Acid Bacteria. A
Review Article. Published by Elsevier B.V. Selection and/or peer review under
responsibility of Asia-Pacific Chemical, Biological & Environmental Engineering
Society/ APCBEE, Procedia 2, p.50-56, 2012.
YUSUF, M. A. Lactic Acid Bacteria:Bacteriocin Producer: A Mini Review IOSR
Journal Of Pharmacy (e)-ISSN: 2250-3013, (p)-ISSN: 2319-4219 Www.Iosrphr.Org
Volume 3, Issue 4, p44-50, 2013.
WHITEHEAD, H. R. A substance inhibiting bacterial growth, produced by certain
strains of lactic streptococci. Biochem. J. 27, 1793–1800 (1933). apud COTTER,
P.D.; HILL, C.; ROSS, R.P. Bacteriocins: developing innate immunity for food. Nat.
Rev. Microbiol. 3:777–788. 2005.
76
CAPÍTULO I
Perfil microbiano lático endógeno do queijo de Coalho artesanal de Cachoeirinha e
Arcoverde - PE, Brasil.
ISSN 1981-0997
77
PERFIL MICROBIANO LÁTICO ENDÓGENO DO QUEIJO DE COALHO
ARTESANAL DE CACHOEIRINHA E ARCOVERDE - PE, BRASIL
1
Thiciane Carvalho Albuquerque(1), Giselle Dias(1) José Luiz de Lima Filho(2), Maria 2
Taciana Holanda Cavalcanti(3) e Ana Lúcia Figueiredo Porto(3) 3
4
1 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Biociência Animal. Universidade Federal 5
Rural de Pernambuco (UFRPE). Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal. Rua Dom 6
Manoel de Medeiros s/n-Dois Irmãos-CEP 52171-900, Recife – PE 7
2 Professor Titular do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco 8
(UFPE), Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) 9
3 Professora do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal 10
Rural de Pernambuco (UFRPE), Laboratório de Tecnologia de Bioativos (LABTECBIO). 11
12
Resumo 13
O queijo de Coalho artesanal é um produto típico do Nordeste Brasileiro, com 14
importância expressiva para a cultura e economia do Estado de Pernambuco. A 15
microbiota endógena do leite cru é fator predominante no desenvolvimento das 16
características organolépticas típicas do produto, o presente trabalho teve por 17
objetivo caracterizar a microbiota láctea endógena do queijo de Coalho produzido 18
artesanalmente nos municípios de Cachoeirinha e Arcoverde – Pernambuco/ Brasil. 19
O isolamento foi realizado nos meios All Purpose Medium With Tween e Man 20
Rogosa and Shape, à 30 e 42°C. Foram consideradas Bactérias Ácido Láticas as 21
Gram-positivas, cocos ou bacilos, catalase negativa, produtoras de ácido em leite 22
tornassolado. A identificação clássicas dos gêneros foi baseada na fisiologia dos 23
isolados. Foram isoladas 200 bactérias, 191 (95,5%) BAL. A identificação dos 24
gêneros Enterococcus, Streptococcus, Lactococcus, Lactobacillus e Leuconostoc. O 25
78
conhecimento do perfil microbiano lático dos queijos estudados representa passo 26
importante no processo de obtenção de certificação de Denominação de Origem do 27
queijo de Coalho Artesanal pernambucano. 28
Palavras chave: Bactérias Ácido Láticas, caracterização microbiológica, microbiota 29
láctea endógena. 30
31
32
.Introdução 33
Produzido há mais de 150 anos (CAVALCANTE et al., 2007), o queijo de 34
Coalho artesanal é um produto típico do Nordeste Brasileiro (FREITAS, 2013; SILVA 35
et al., 2012a). Por ser o principal queijo consumido na região (FONTENELE et al., 36
2010) trata-se de um produto artesanal com importância expressiva para a cultura e 37
para o contexto econômico do Nordeste, principalmente nos Estados da Paraíba, 38
Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco (SILVA et al., 2012a). Não obstante, a 39
cada ano, o queijo de Coalho vem se popularizado em outras regiões do país 40
(SOBRAL, 2007). 41
O queijo de Coalho artesanal é produzido tradicionalmente com leite cru, sem 42
adição de ácido lático ou fermento, tendo a microbiota endógena como fator 43
predominante no desenvolvimento do sabor (MACHADO, 2011). É um queijo cuja 44
tecnologia de fabricação simples e não exige equipamentos sofisticados (NASSU, 45
2006). Sua fabricação inicialmente utilizava estômago seco e salgado de animais 46
silvestres ou bezerros para a coagulação do leite (GONDIM, 1995; LIMA, 1996). 47
O caráter singular de cada queijo é resultante de uma complexa combinação 48
de fatores locais denominado de terroir (em francês) ou tipicitá (em italiano). Estas 49
características peculiares do local de origem do queijo como clima, solo, umidade, 50
vegetação, raça animal, processo tecnológico de fabricação do queijo e a microbiota 51
lática endógena, influenciam de maneira singular o produto final (CASALTA et al., 52
2009; BROOME, 2007; BERESFORD et al., 2001). 53
79
De acordo com Almeida et al. (2010) e Silva et al. (2013), o queijo de Coalho 54
é uma representação genuína da tradição e cultura do estado de Pernambuco, e por 55
esta razão está passando por um processo de obtenção de certificação de indicação 56
geográfica, com a finalidade de lhe atribuir uma identidade própria que irá diferenciá-57
lo dos demais produzidos na região Nordeste, como uma maneira de agregar valor a 58
um produto tipicamente regional. 59
Este projeto começou a ser desenvolvido em 2001 através da parceria entre o 60
Instituto de Tecnologia de Pernambuco e do SEBRAE de Garanhuns, para 61
desenvolver melhorias na produção, assegurar a qualidade e obter do selo de 62
Indicação Geográfica do queijo de Coalho artesanal Pernambucano. O projeto 63
envolve a produtores locais, pesquisadores e instituições públicas e de apoio. Que 64
promovem projetos relacionados à identificação e caracterização de do terroir, 65
cadastro e capacitação de produtores e criação de cooperativas e implementação de 66
programas de autocontrole que visam melhor à qualidade higiênico-sanitária do 67
produto. (SEBRAE, 2008). 68
Como passo importante no processo de obtenção de certificação de indicação 69
geográfica do queijo de Coalho artesanal de Pernambuco, o presente trabalho teve 70
por objetivo caracterizar a microbiota láctea endógena do queijo de Coalho 71
produzido artesanalmente nos municípios de Cachoeirinha e Arcoverde, Região 72
Agreste e Sertão de Pernambuco-Brasil. 73
74
75
Material e métodos 76
77
Seleção e coleta das amostras de queijo 78
Foram coletadas duas amostras de queijo de Coalho Artesanal fabricadas em 79
Cachoeirinha e Arcoverde, Pernambuco – Brasil. 80
As unidades produtoras foram pré-selecionadas de acordo com a higiene e 81
com a presença do selo do SIE (Serviço de Inspeção Estadual de Pernambuco). A 82
80
unidades produtoras localizadas no município de Cachoeirinha é uma associação de 83
produtores de leite, enquanto que a unidades produtoras de Arcoverde é de 84
propriedade particular. 85
As visitas de coleta contaram com a visualização completa do fluxograma de 86
produção, desde a hora da chegada do leite até o produto final pronto para o 87
consumo. As amostras foram transportadas acondicionadas em caixas isotérmicas 88
e encaminhadas para análise no Laboratório de Tecnologia de Bioativos 89
(LABTECBIO), localizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco. 90
Os Municípios estudados pertencem estão incluídos na área geográfica de 91
abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional 92
em 2005. Esta delimitação tem como critérios baixa umidade, temperaturas médias 93
anuais cerca de 26oC, índice pluviométrico inferior a 800 mm ao ano, o índice de 94
aridez até 0,5 e o risco de seca maior que 60%. 95
O Município de Cachoeirinha pertencente a Mesorregião Agreste 96
Pernambucano, Microrregião Vale do Ipojuca (latitude 08°29'11" sul, longitude 97
36°13'59" oeste, altitude de 536 metros). Enquanto que Arcoverde pertencente a 98
Mesorregião Sertão Pernambucano, Microrregião Sertão Moxotó (latitude 08º25'08" 99
sul, longitude 37º03'14" oeste, altitude 663 metros). 100
101
Preparo das amostras de queijo 102
Para a análise microbiana 25g das amostras de queijo foram 103
homogeneizadas com 50mL de solução de citrato de sódio 2% (m/v), previamente 104
aquecida à 45°C, em um homogenizador tipo Stomacher (Seward, 400), até a 105
completa dissolução. Em seguida, foi realizado um enriquecimento das amostras 106
com 5mL do homogeneizado inoculadas em 10mL de Leite Desnatado Reconstituído 107
(LDR) 12% (m/v), nas temperatura 30 e 42°C por 24 horas. 108
109
110
81
Isolamento, purificação e identificação das BAL 111
O isolamento foi realizado a partir de diluições seriadas decimais das 112
amostras enriquecidas em LDR em solução peptonada a 0,1% (m/v), sendo 113
escolhida a diluição de 10-5 para plaqueamento, em duplicata, “sur-plate” no meio All 114
Purpose Medium With Tween - APT ágar (Himedia) e “pour-plate” no meio Man, 115
Rogosa e Sharpe - MRS ágar (Himedia), ambas incubadas nas temperaturas de 30 116
e 42°C, por 48h (HALL et al., 2001). Os isolados foram mantidos em estoque 117
congelado a -20°C, em caldo LDR 12% (m/v) e glicerol 15% (m/v), para posterior 118
identificação (FRANK et al., 1992; HARRIGAN, 1998). 119
As bactérias isoladas foram identificadas através dos testes de coloração de 120
Gram (QEEL KIT – Química Especializada Erich, LTDA), morfologia celular, atividade 121
da catalase e produção de ácido em meio leite tornassolado - Litmus Milk – LM 122
(Himedia), sendo consideradas BAL apenas as Gram-positivas, catalase negativa, 123
na forma de cocos ou bacilos e produtoras de ácido em leite tornassolado em até 124
sete dias (HALL et al., 2001). 125
126
Identificação dos gêneros de BAL 127
A identificação dos gêneros das BAL com morfologia de coco foi realizada 128
através de testes de crescimento com base na fisiologia dos isolados, em duplicata, 129
nas seguintes condições de crescimento: temperaturas de 10 e 45°C, pH de 4,4, e 130
9,6; teor de NaCl 6,5% e produção de CO2 a partir da glicose. Enquanto que as BAL 131
em forma de bacilo foram submetidas aos testes de crescimento nas temperaturas 132
de 15 e 45°C, incubados, respectivamente, por 5 e 2 dias, e produção de CO2 a 133
partir da glicose (COGAN, 1997). 134
O teste de crescimento em diferentes temperaturas foi realizado em LDR 135
10%, enquanto que os testes de crescimento nos pH 4,4 e 9,6 e na presença de 136
6,5% de NaCl foram conduzidos no caldo APT. Para o teste de produção de CO2 foi 137
utilizado o caldo MRS, suplementado com 5% de glicose com tubo de Durham 138
invertido, acrescido de uma camada de 1cm de óleo mineral (COGAN, 1997). 139
82
Resultados e discussão 140
A avaliação da microbiologia lática do queijo de Coalho artesanal de 141
Cachoeirinha e Arcoverde, Pernambuco – Brasil, foram isoladas um total de 200 142
bactérias, 100 do município de Arcoverde e 100 de Cachoeirinha. 143
Do total de amostras isoladas, apenas 9 (4,5%) bactérias isoladas não foram 144
identificadas, por não apresentaram desenvolvimento nas condições de cultivo 145
utilizadas durante a purificação e identificação. As demais 191 (95,5%) colônias 146
foram classificadas como BAL por serem Gram-positivas, na forma de cocos ou 147
bacilos, catalase negativa, produtoras de ácido em leite tornassolado em até sete 148
dias (HALL et al., 2001). Dentre as BAL isoladas, a morfologia de cocos foi 149
predominante em 176 (92,15%) dos isolados, enquanto que apenas 15 (7,85%) 150
apresentaram morfologia de bacilos (Tabela 1). 151
152
Tabela 1. Bactérias isoladas do queijo de Coalho artesanal fabricado nos municípios 153
de Cachoeirinha e Arcoverde-PE, Brasil. 154
Cachoeirinha Arcoverde
n % n %
Amostras não identificadas 4 4 5 5
Bactéria Ácido Lática 96 96 95 95
Morfologia de Bacilo 6 6,25 9 9,47
Morfologia de coco 90 93,75 86 90,53
Total de amostras 100 100% 100 100%
Os resultados encontrados neste trabalho demonstraram prevalência de 155
micro-organismos com morfologia de cocos, corroborando com Franciosi et al. 156
(2009) que cita a contagem de BAL em amostra de leite cru demonstraram a 157
predominância de cocos sobre bacilos. 158
Em queijos a prevalência de BAL com morfologia de cocos também foi 159
descrita em queijos artesanais fabricado em outros países, tais como ‘Peñamellera’ - 160
83
Espanha (ESTEPAR et al., 1999), Valdeón de Léon - Espanha (LÓPEZ-DÍAZ et al., 161
2000), ‘Sán Simon’ - Espanha (FONTÁN et al., 2001), Aspromonte - Itália (CARIDI et 162
al., 2003), Genestoso - Espanha (ARENAS et al.; 2004), Manchego - Espanha 163
(BALLESTEROS et al., 2006), Terrincho - Portugal (MALCATA, 2008), Raschera - 164
Italia (DOLCI et al., 2008). 165
A Figura 1 mostra os resultados obtidos neste trabalho, correlacionando a 166
morfologia das BAL isoladas e as diferentes condições de cultivo utilizadas. Foi 167
possível observar que ambos os meios e temperaturas empregadas proporcionaram 168
bom crescimento microbiano de todas as BAL. Embora o meio APT à 42oC tenha se 169
apresentado com melhor desempenho para o cultivo das BAL com morfologia de 170
cocos, enquanto que para os bacilos as melhores condições foram observadas em 171
meio MRS à 30oC. 172
173
Figura 1. Morfologia das Bactérias Ácido Láticas (BAL) isoladas de queijo de Coalho 174
Artesanal, produzidos em Cachoeirinha e Arcoverde – Pernambuco, Brasil, “sur-175
plate” no meio All Purpose Medium With Tween - APT ágar (Himedia) e “pour-plate” 176
no meio Man, Rogosa e Sharpe - MRS ágar (Himedia), nas temperaturas de 30 e 177
42°C. Morfologia de Cocos ( ) e morfologia de bacilos ( ) 178
BA
L (
%)
84
Estes resultados obtidos podem ser justificados pela maior especificidade do 179
meio APT para o cultivo de micro-organismos com morfologia de cocos, enquanto 180
que o MRS é particularmente seletivo para o isolamento de bacilos, uma vez que 181
seu pH é reduzido pela adição de ácido acético, favorecendo o crescimento destes 182
micro-organismos. (RICHTER E VEDAMUTHU, 2011). 183
A identificação dos gêneros das 191 BAL isoladas e identificadas neste 184
trabalho revelaram a predominância dos gêneros Enterococcus (50,7%) e 185
Streptococcus (20,5%), seguida pelos Lactococcus (17,8%), Lactobacillus (9,1%) e 186
Leuconostoc (1,9%). 187
Silva et al. (2012b) obteve resultados similares aos encontrados neste 188
trabalho, quando analisou a microbiota lática do queijo de Coalho artesanal fabricado 189
em Venturosa, Correntes, Capoeiras e Arcoverde, São Bento do Una e 190
Cachoeirinha. Descrevendo que o perfil ácido lático do queijo de Coalho da Região 191
Agreste de Pernambuco é constituído de Enterococcus faecalis, Enterococcus 192
faecium, Streptococcus thermophilus e Lactococcus lactis, sugerindo que as 193
características organolépticas deste queijo estão baseadas em um ecossistema 194
heterogêneo com a interação de todos os gêneros encontrados. 195
A Figura 2 mostra a frequência dos gêneros das BAL obtidos nas diferentes 196
condições de cultivo empregadas para seu isolamento e identificação. Através das 197
análises feitas neste trabalho foi possível observar que as melhores condições de 198
cultivo para os gêneros Enterococcus, Streptococcus, Lactococcus, Leuconostoc 199
foram obtidas em meio APT, apenas o gênero Lactobacillus apresentou melhor 200
crescimento em meio MRS. Em relação as temperaturas empregadas a temperatura 201
42°C isolou a maior parte dos Enterococcus e Streptococcus, enquanto que a 202
temperatura de 30°C foi melhor para o isolamento dos Lactococcus, Leuconosto. e 203
Lactobacillus. 204
205
85
206
Figura 2. Frequência dos gêneros de Bactérias Ácido Láticas (BAL) isoladas de 207
queijo de Coalho artesanal, produzido em Cachoeirinha e Arcoverde – PE, “sur-208
plate” no meio All Purpose Medium With Tween - APT ágar (Himedia) e “pour-plate” 209
no meio Man, Rogosa e Sharpe - MRS ágar (Himedia), nas temperaturas de 30 e 210
42°C. Enterococcus ( ), Streptococcus ( ), Lactococcus ( ), Lactobacillus ( ), 211
Leuconostoc ( ) 212
213
A prevalência dos gêneros Enterococcus e Streptococcus obtidos neste 214
trabalho, demonstra um perfil microbiano lático termofílico do queijo de Coalho 215
artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – Pernambuco, Embora alguns autores citem 216
os gêneros Lactococcus e Lactobacillus como predominantes para queijo frescos 217
produzidos artesanalmente (GUEDES NETO et al., 2005; CAVALCANTE et al., 2007; 218
QUEIROZ, 2008). 219
A presença de Enterococcus e Streptococcus em queijos artesanais já foi 220
descrita em diferentes países, na Espanha em queijos como Quesailla Arochena 221
(MARTÍN-PLATERO, 2009) e Manchego (NIETO-ARRIBAS, 2011), na Grécia com o 222
queijo Feta (SARANTINOPOULOS et al., 2002), na Itália o Pecorino Pardo (MANNU 223
E PABA, 2002). No Brasil, o gênero Enterococcus foi predominante entre as BAL 224
86
isoladas do queijo Coalho artesanal produzido no Ceará (CARVALHO, 2007) e no 225
Rio Grande do Norte (BRUNO et al., 2007). 226
O benefício dos gêneros Enterococcus e Streptococcus em queijos artesanais 227
está relacionado ao desenvolvimento do aroma e sabor, através da intensa atividade 228
lipolítica, produção de compostos aromáticos voláteis a partir do citrato, como 229
diacetil, acetaldeído e acetoína (BULUT et al., 2005; KONGO et al., 2007). 230
A predominância dos gêneros Enterococcus e Streptococcus isolados dos 231
queijos de Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde pode estar relacionada 232
com a temperatura ambiental elevada, que atua como fator predeterminante de 233
bactérias mais resistentes a temperaturas elevadas, CARIDI et al. (2003) citam que 234
estes gêneros sobrevivem em condições adversas como pH, temperatura e 235
salinidade extremas. Condições ambientais estas encontradas nos Municípios de 236
Cachoeirinha e Arcoverde, que estão incluídos na área geográfica de abrangência 237
do semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional (2005) e 238
delimitação tem como critérios baixa umidade, temperaturas médias anuais cerca de 239
26oC, índice pluviométrico inferior a 800 mm ao ano, o índice de aridez até 0,5 e o 240
risco de seca maior que 60%. 241
. Outros gêneros isolados em menores proporções das amostras de queijo de 242
Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde foram os gêneros Lactococcus, 243
Lactobacillus e Leuconostoc. Segundo (TORRES-LIANEZ et al., 2006) a baixa 244
prevalência desses micro-organismos está relacionada com a alta seletividade 245
necessária para o crescimentos desses micro-organismos e baixa resistência à 246
temperaturas elevadas. A Figura 3 mostra o perfil microbiano lático dos Queijos de 247
Coalho Artesanais produzidos em Cachoeirinha e Arcoverde – PE. 248
87
249
Figura 3. Perfil microbiano lático dos Queijos de Coalho Artesanais produzidos em 250
Cachoeirinha e Arcoverde – PE. Enterococcus ( ), Streptococcus ( ), Leuconostoc 251
( ), Lactococcus ( ), Lactobacillus ( ) 252
253
Através dos resultados obtidos foi possível observar a semelhança do perfil 254
microbiano lático encontrado nos dois municípios estudados, Cachoeirinha e 255
Arcoverde (Figura 3). 256
Irlinger & Mounier (2009) e Ramiro (2009) que citam que os queijos artesanais 257
sofrem grande influência da tecnologia e o Terroir singular de cada local que o 258
produzem, influenciando diretamente a qualidade microbiológica lática da matéria 259
prima do queijo, o leite, e consequentemente seus produtos. 260
Situação encontrada nas condições estudadas uma vez que, segundo Rangel 261
(2009) o queijo de Coalho Pernambucano tem tudo para conseguir essa obtenção do 262
selo DO, uma vez que o agreste de Pernambuco apresenta em seu terroir 263
características específicas para a produção deste tipo de queijo, como a cultura 264
secular da produção e consumo de laticínios, o clima e a alimentação do gado, que 265
consome ração tradicional e palma forrageira, cacto de origem mexicana, que é hoje 266
um complemento indispensável na alimentação do gado. 267
88
Segundo Neto (2010) o fluxograma de produção do queijo de Coalho 268
artesanal em Pernambuco tem o fluxograma de produção tradicionalmente 269
padronizado por 270
. 271
272
Conclusões 273
A maior parte das bactérias isoladas (92,2%) do queijo de Coalho de 274
Cachoeirinha e Arcoverde – PE, foram confirmadas como BAL; 275
Os gêneros isolados por ordem de frequência foram: Enterococcus, 276
Streptococcus, Lactococcus, Lactobacillus e Leuconostoc; 277
A semelhança do perfil microbiano lático encontrado nos dois municípios 278
estudados, Cachoeirinha e Arcoverde – PE, sugere padronização do queijo de 279
Coalho artesanal produzido em Pernambucano, através de particularidades do 280
Fluxograma de produção e do terroir 281
282
283
Agradecimentos 284
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e 285
à Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - 286
FACEPE, pelo suporte financeiro. Processo n. IBPG-0687-5.07/09. 287
288
Referências 289
ARENAS, R.; GONZALEZ, L.;BERNARDO, A. ; FRESNO, J.M.; TORNADIJO, M.E. 290
Microbiological and physico-chemical changes in Genestoso cheese, a Spanish acid 291
curd variety, throughout ripening. Food Control 15 (2004) 271–279. 292
293
89
BALLESTEROS, C.; POVEDA, J.M.; GONZA´LEZ-VIÑAS, M.A.; CABEZAS, L.; 294
Microbiological, biochemical and sensory characteristics of artisanal and industrial 295
Manchego cheeses. Food Control 17 (2006) 249–255. 296
297
CARIDI, A.; MICARI, P.; FOTI, F.; RAMONDINO, D.; SARULLO, V. Ripening and 298
seasonal changes in microbiological and chemical parameters of the artisanal 299
cheese Caprino d’Aspromonte produced from raw or thermized goat’s milk. Food 300
Microbiology, London, v. 20, n. 2, p. 201-209, Apr., 2003. 301
302
COGAN, T. M.; BARBOSA, M.; BEUVIER, E.; BIANCHI-SALVADORI, B.; 303
COCCONCELLI, P. S.; FERNANDES, I.; GOMEZ, J.; GOMEZ, R.; 304
KALANTZOUPOULOS, G. LEDDA, A.; MEDINA, M.; REA, M. C.; RODRIGUEZ, E. 305
Characterization of the lactic acid bacteria in artisanal dairy products, Journal of Dairy 306
Research, Cambridge, v. 64, n. 3, p. 409-421, Aug., 1997. 307
308
DOLCI, P.; ALESSANDRIA, V.; ZEPPA, G.; RANTSIOU, K.; COCOLIN, L. 309
Microbiological characterization of artisanal Raschera PDO cheese: Analysis of its 310
indigenous lactic acid bacteria. Food Microbiology 25 (2008) 392–399. 311
312
ESTEPAR, J.; SÁNCHEZ, M. M.; ALONSO, L.; MAYO, B. Biochemical and 313
microbiological characterization of artisanal ‘Peñamellera’ cheese: analysis of its 314
indigenous lactic acid bacteria. International Dairy Journal, v. 9, n. 10, p. 737-746, 315
Oct., 1999. 316
317
FRANCIOSI, E.; SETTANNI, L.; CAVAZZA, A.; POZNANSKI, E. (2009) Biodiversity 318
and technological potential of wild lactic acid bacteria from raw cow’s milk. 319
International Dairy Journal, v. 19, p. 3 – 11. 320
90
FREITAS, W. C.; TRAVASSOS, A.E.R.; MACIEL, J.F. Avaliação microbiológica e 321
físico-química de leite cru e queijo de Coalho produzidos no estado da Paraíba. 322
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.35-42, 323
2013. 324
325
FONTÁN, M. C. G.; FRANCO, I.; PRIETO, B.; TORNADIJO, M. E.; CARBALLO, J. 326
Microbiological changes in ‘San Simón’ cheese throughout ripening and its 327
relationship with physico-chemical parameters. Food Microbiology, v. 18, n. 1, p. 25-328
33, 2001. 329
330
FORTINA, M. G.; RICCI, G.; ACQUATI, A.; ZEPPA, G.; GANDINI, A.; MANACHINI, P. 331
L. Genetic characterization of some lactic acid bacteria ocorring in an artisanal 332
protected denomination origin (PDO) Italian cheese, the Toma piemontese. Food 333
Microbiology, v. 20, n. 4, p. 137-404, Aug., 2003. 334
335
FRANK, J. F.; CHRISTEN, G. L.; BULLERMAN, L. B. Test for groups of 336
microorganisms. In: MARSHALL, R. T. Standard Methods for the Examination of 337
Dairy Products, 16 ed. Washington: American Public Health Association, 1992. Cap. 338
8, p.271-286. 339
340
HARRIGAN, W. F. Laboratory Methods in Food Microbiology. 3ª ed. San Diego: 341
Academic Press, 1998. 342
343
HALL, P. A.; LEDENBACH, L.; FLOWERS, R. S. Acid-producing Microorganisms. In: 344
DOWNES, F. P.; ITO, K. Compendium of Methods for the Microbiological 345
Examination of Foods. 4ª ed. Washington: American Public Health Association, 2001. 346
Cap.19, p.201-207. 347
91
KLEIN, G.; PACK, A.; BONAPARTE, C.; REUTER,G. Taxonomy and physiology of 348
probiotic lactic acid bacteria. International Journal of Food Microbiology, v.41, n. 2, p. 349
103-125, 1998. 350
351
LÓPEZ-DÍAZ, T. M.; ALONSO, C.; ROMÁN, C.; GARCÍA-LÓPEZ, M. L.; MORENO B. 352
Lactic acid bacteria isolated from a hand-made blue cheese. Food Microbiology, 353
London, v. 17, n. 1, p. 23-32, Feb., 2000. 354
355
MADERA, C.; GARCÍA, P.; JANSEN, T.; RODRÍGUEZ, A.; SUÁREZ, J. E. 356
Characterisation of technologically proficient wild Lactococcus lactis strains resistant 357
to phage infection. International Journal of Food Microbiology, v. 86, n. 3, p. 213-222, 358
2003. 359
360
MALCATA, F.X.; PINTADO, A.I., PINHO, O.; FERREIRAB, I. M.P.L.V.O.; PINTADO, 361
M. M. E.; GOMES, A. M.P. Microbiological, biochemical and biogenic amine profiles 362
of Terrincho cheese manufactured in several dairy farms. International Dairy Journal 363
18 (2008) 631–640. 364
365
PERRY, K.S.P. Queijos: aspectos químicos, bioquímicos e microbiológicos. Química. 366
Nova, v.27, p.293-300, 2004. 367
368
SILVA, R.A.; LIMA, M.S.F.; VIANA, J.B.M.; BEZERRA, V.S.; PIMENTEL, M.C.B.; 369
PORTO, A.L.F.; CAVALCANTI, M.T.H.; LIMA FILHO, J.L. Can artisanal ‘‘Coalho’’ 370
cheese from Northeastern Brazil be used as a functional food? Food Chemistry 135, 371
1533–1538. 2012 a 372
373
92
SILVA, R.A. Caracterização microbiológica, físico-química, proteômica e bioativa de 374
queijos de Coalho Artesanal produzidos na Região Agreste do Estado de 375
Pernambuco-Brasil. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 376
Biociência Animal – Área de Concentração em Biotecnologia da Universidade 377
Federal Rural de Pernambuco. Recife, 2012 b. 378
379
SILVA, R.A.; BISMARA, P.A.; R.B. MOURA; LIMA FILHO, J.L.; PORTO, A.L.F.; 380
CAVALCANTI, M.T.H. Avaliação da microbiota bacteriana do queijo de Coalho 381
artesanal produzido na região Agreste do estado de Pernambuco. Arq. Bras. Med. 382
Vet. Zootec., v.64, n.6, p.1732-1738, 2012 c. 383
384
SILVA, R.A. Boa saúde com queijo de Coalho artesanal. Revista ciência hoje, ed. 385
março/abril, vol. 51, p. 54, 2013. 386
387
388
389
390
391
392
393
394
395
396
397
398
399
400
401
402
403
404
405
406
407
408
409
93
1
2
3
4
5
6
7
8
CAPÍTULO II 9
Atividade antagonista de Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis 10
isolados do queijo de Coalho artesanal produzido nos municípios de 11
Cachoeirinha e Arcoverde- PE, Brasil 12
13
14
ISSN 1413-7054 printed version 15
ISSN 1981-1829 online version 16
17
18
19
20
21
22
23
94
ATIVIDADE ANTAGONISTA DE Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis 24
ISOLADOS DO QUEIJO DE COALHO ARTESANAL PRODUZIDO NOS 25
MUNICÍPIOS DE CACHOEIRINHA E ARCOVERDE- PE, BRASIL 26
27
THICIANE CARVALHO ALBUQUERQUE(1), MEIRE LIMA(2), MARIA TACIANA 28
HOLANDA CAVALCANTI(3) E ANA LÚCIA FIGUEIREDO PORTO(3) 29
30
1 Doutoranda do Programa Pós-graduação em Biociência Animal. Universidade 31
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Departamento de Morfologia e Fisiologia 32
Animal. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n-Dois Irmãos-CEP 52171-900, Recife – PE 33
2 Mestranda do Programa Pós-graduação em Biociência Animal. Universidade 34
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) 35
3 Professora do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade 36
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Laboratório de Tecnologia de Bioativos 37
(LABTECBIO). 38
39
40
Resumo 41
Os enterococos são bactérias naturalmente encontradas em vários alimentos, 42
desempenhando importante papel tecnológico e no controle de micro-organismos 43
deteriorantes e patogênicos no leite e seus derivados, através da produção de 44
determinados compostos com atividade antagonista. Este trabalho teve como 45
objetivo avaliar a presença de substâncias com atividade antagonista produzidas por 46
enterococos isolados de queijo de Coalho artesanal fabricados em Cachoeirinha e 47
Arcoverde – PE, Brasil. O isolamento e identificação das bactérias do gênero 48
Enterococcus foi baseado em testes nas temperaturas 10 e 45°C, pH de 4,4, e 9,6; 49
teor de NaCl 6,5% e produção de CO2 a partir da glicose. A identificação das 50
espécies foi realizada através de testes com sorbitol e citrato. A atividade 51
95
antagonista frente aos patógenos foi determinada através da metodologia Stab-over-52
law modificada utilizando Listeria innocua (ATCC33090), Staphylococcus aureus 53
(ATCC 6538) e Escherichia. coli (ATCC 25922). Foram isoladas e identificados 309 54
amostras do gênero Enterococcus, sendo 205 (66,34%) E. faecalis e 104 (33,66%) 55
E. faecium. Deste total, 79,93% apresentaram atividade antagonista contra pelo 56
menos uma das bactérias indicadoras testadas. A L. innocua foi a mais sensível, 57
inibida por 79,93% dos enterococos, seguida pelo S. aureus com 57,60% e E. coli 58
com 27,18%. A atividade antagonista apresentada pelos Enterococcus faecalis e E. 59
faecium isolados da microbiota endógena do queijo de Coalho artesanal possuem 60
grande potencial no controle de bactérias patogênicas e deteriorantes neste tipo de 61
alimento. 62
63
Palavras chave: Queijo de Coalho, Enterococos, atividade antagonista, Listéria 64
65
66
1. Introdução 67
O queijo de Coalho artesanal é um produto típico do Nordeste Brasileiro, 68
representando um importante patrimônio para a Região (FREITAS, 2013; SILVA et 69
al., 2012). 70
Silva (2012b) sugere que as características organolépticas deste queijo é 71
baseada em um ecossistema heterogêneo de bactérias ácido láticas (BAL) com a 72
interação dos gêneros Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium, Streptococcus 73
thermophilus e Lactococcus lactis. 74
O gênero Enterococcus inclui mais de 20 espécies, sendo o Enterococcus 75
faecium e Enterococcus faecalis os mais frequentes em alimentos (GIRAFFA, 2003). 76
Este gênero sobrevive em condições adversas, como pH, temperatura e salinidade 77
extremos (CARIDI et al., 2003) e fazem parte da microbiota lática secundária dos 78
produtos lácteos (SARANTINOPOULOS et al., 2009). 79
96
As espécies do gênero Enterococcus influenciam através do desenvolvimento 80
de características sensoriais através de reações bioquímicas durante a maturação 81
do queijo: proteólise, lipólise, utilização do citrato e produção de compostos 82
aromáticos voláteis (HUGAS, 2003; JAMET, 2012). Além disto, os Enterococcus são 83
capazes de produzir substâncias com potencial antagonista, como ácidos orgânicos 84
(ácido láctico), peróxido de hidrogênio, bacteriófago lítico, enzimas proteolíticas e 85
substâncias antimicrobianas de natureza proteica, denominadas bacteriocinas 86
(NAIDU et al., 1999; GIRAFFA, 2003; HAJIKHANI et al., 2007; SETTANNI, 2008). 87
A ação antagonista de espécies de BAL contra micro-organismos indesejáveis 88
em alimentos tem sido descrita em vários trabalhos, muitas BAL isoladas de leite e 89
queijos apresentaram poder de inibição frente a patógenos e deteriorantes, como 90
Staphylococcus spp., Listeria spp., Salmonella spp., Bacillus spp., Pseudomonas 91
spp. e bactérias do grupo coliforme (VAUGHAN et al., 1994; BREASHERS, DURRE, 92
1999; URAZ et al., 2001; ALEXANDRE, 2002; CARIDI, 2003). 93
Devido à preocupação em preservar o queijo de Coalho artesanal e como um 94
produto que representa a cultura tradicional do Nordeste do Brasile visando melhorar 95
a qualidade tecnológica e sanitária deste produto, o presente trabalho teve como 96
objetivo testar a atividade antagonista produzida por Enterococcus faecium e E. 97
faecalis obtidos do queijo de Coalho artesanal produzido nos Municípios de 98
Cachoeirinha e Arcoverde, PE – Brasil. 99
100
101
2. Metodologia 102
Coleta e preparo das amostras 103
Os Entercoccus foram isolados de cinco amostras de queijos de Coalho 104
artesanais produzidos nos Municípios de Cachoeirinha e Arcoverde, Região Agreste 105
de Pernambuco. As amostras de queijo foram coletadas de maneira estéril, 106
97
conservadas a 10oC e remetidas ao laboratório, onde ficaram armazenadas a 20oC 107
para posterior análise. 108
109
Isolamento e purificação das Bactéria Ácido Láticas 110
Para o isolamento e purificação das BAL as amostras de queijos foram 111
homogeneizadas com solução de citrato de sódio 2% (m/v) pré aquecida a 45°C, em 112
um homogenizador tipo Stomacher (Seward, 400) e inoculadas em Leite Desnatado 113
Reconstituído (LDR) 12% (m/v), nas temperaturas 30 e 42°C, por 24h. 114
Posteriormente, foram realizadas diluições seriadas decimais das amostras em 115
solução peptonada a 0,1% (m/v), onde a diluição de 10-5 foi plaqueada “sur-plate” no 116
meio All Purpose Medium With Tween - APT ágar (Himedia) e “pour-plate” no meio 117
Man, Rogosa e Sharpe - MRS ágar (Himedia), ambas incubadas nas temperaturas 118
de 30 e 42°C, por 48h (HALL et al., 2001). 119
120
Identificação das Bactérias Ácido Láticas 121
As bactérias isoladas foram submetidas aos testes fenotípicos e bioquímicos: 122
coloração de Gram (QEEL KIT – Química Especializada Erich, LTDA), morfologia 123
celular, atividade da catalase e produção de ácido em meio leite tornassolado - 124
Litmus Milk – LM (Himedia), sendo consideradas BAL apenas as Gram-positivas, 125
catalase negativa, na forma de cocos ou bacilos e produtoras de ácido em LM em 126
até sete dias (HALL et al., 2001). 127
A identificação do gênero Enterococcus foi baseado nos testes de avaliação 128
do crescimento nas temperaturas 10 e 45°C, pH 4,4, e 9,6; teor de NaCl 6,5% e 129
produção de CO2 a partir da glucose (HARRIGAN, 1998). A identificação das 130
espécies foi realizada através de testes com sorbitol e citrato (SCHLEIFER & 131
KILPPER-BALZ, 1984). 132
133
134
98
Identificação de Enterococcus Produtores de Atividade Antagonista 135
Para identificar os Enterococcus produtores de atividade antagonista foi 136
utilizado o método proposto Tagg et al. (1976) e Guedes Neto (2004). Onde os 137
Enterococcus isolados foram utilizados como culturas produtoras, ou seja, aquelas a 138
serem testadas quanto à capacidade antagonista frente a outros micro-organismos, 139
denominados de culturas indicadoras Staphylococcus aureus (ATCC 6538), Listeria 140
innocua (ATCC33090), e Escherichia coli (ATCC 25922). 141
Os Enterococcus cultivados em ágar APT a 37°C por 24 horas. Após esse 142
período, as placas foram abertas em capela, colocando-se 1mL de clorofórmio, 143
deixando-o agir por 30 minutos, eliminando micro-organismos e permanecendo 144
apenas substancias inibidoras. Em seguida, foi vertida uma segunda camada de 145
Agar TSB semi-sólido contendo a bactéria indicadora na concentração de 108 146
UFC/mL. (Escala de Mac farlland), previamente crescida em caldo TSB, a 37°C, 147
durante 24 horas. A placa foi novamente incubada a 37°C por 24 horas, após esse 148
período foi observada a formação de halos de inibição. Halos bem definidos foram 149
classificados como inibição total, halos difusos foram classificados como inibição 150
parcial (NERO, 2005). 151
152
153
3. Resultados e discussão 154
A partir das cinco amostras de queijo de Coalho artesanal, foram isoladas, 155
purificadas e submetidas a identificação, por análises de características fisiológicas. 156
Foram isoladas 609 Bactérias Ácido Láticas. Destas, 309 (54,9%) do gênero 157
Enterococcus, 205 (66,3%) E. faecalis, 104 (33,6%) E. faecium. 158
O teste de atividade antagonista realizado com 309 Enterococcus frente ao S. 159
aureus (ATCC 6538), L. innocua (ATCC33090) e E. coli (ATCC 25922) identificou 160
que 247 (79,9%) apresentaram atividade antimicrobiana contra pelo menos uma das 161
bactérias indicadoras testadas, E. faecalis com 83,4% e E. faecium 73,0%. 162
99
Todos os Enterococcus faecalis e E. faecium que apresentaram atividade 163
frente a bactéria indicadora Gram-negativa, E.coli, apresentaram atividade frente as 164
bactérias indicadoras Gram-Positivas, L. innocua e S. aureus. 165
Das bactérias indicadoras testadas, a L. innocua foi a mais sensível sendo 166
inibida por 247 (79,93%) dos Enterococcus, todos com inibição total. A atividade 167
antagonista frente o S. aureus esteve presente em 178 (57,60%) dos Enterococcus, 168
com inibição total apenas em 84 (65,12%) dos E. faecalis e em 31 (63,26%) dos E. 169
faecium. A bactéria indicadora E. coli foi inibida por 84 Enterococcus, 27,18%, com 170
inibição total em 21 (32,31%) dos E. faecalis e 6 (31,58%) dos E. faecium (Tabela 1). 171
172
Tabela 1. Frequência de Enterococcus faecalis e E. faecium isolados do queijo de 173
Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde- PE, com atividade antagonista total*, 174
parcial** e não antagonistas a Listeria innocua, Staphylococcus aureus e Escherichia 175
coli . 176
Atividade antagonista em relação a
L. innocua S. aures E. coli
n % n % n %
Culturas Não antagonistas E. faecalis 34 16,59 76 37,07 140 68,29
Culturas antagonistas E. faecalis 171 83,41 129 62,93 65 31,71
Inibição total* 171 100 84 65,12 21 32,31
Inibição parcial** 0 0 45 34,88 44 67,7
Culturas Não antagonistas E. faecium 28 26,93 55 52,89 85 81,73
Culturas antagonistas E. faecium 76 73,07 49 47,11 19 18,27
Inibição total* 66 86,84 31 63,26 6 31,58
Inibição parcial** 10 13,16 18 36,74 13 68,42
* Presença de halo de inibição bem definido; ** Presença de halo de inibição difuso 177
178
Resultado semelhante ao descrito por Huang et al., (2013) que descreveu que
69,95% dos E. faecalis, E. faecium e E.mundtii, isolados do queijo fresco Cottage
produzido na Grã-Bretanha, apresentaram atividade antagonista frente a pelo menos
100
um das bactérias indicadoras L.monocytogenes, L.innocua e S. aureuus. Ainda nos
estudos realizados por Huang et al., (2013) foi possível observar o maior potencial
de atividade antagonista obtido pela E. faecalis quando comparado com o
desempenho apresentado por E. faecium e E.mundtii.
A atividade contra S. aureus concomitantemente a Listeria, pode ser 179
justificada por ambas pertencerem a classificação Gram-positiva, já relatada como o 180
principal tipo de atuação da atividade antagonistas. 181
Em estudos realizados com enterococos isolados de outros queijo citam a 182
atividade em relação a L innocua. (LEROY, 2003; GÁLVEZ et al., 2007; GÁLVEZ et 183
al., 2008. GHRAIRI, 2008), porém com resultados de menor potencial em relação 184
aos achados encontrados neste trabalho, com apenas 25,5%, sendo que 3,1% 185
inibição total e 22,2% classificadas como inibição parcial 186
Apesar de a menor inibição ser apresentada contra o E. coli, ainda sim 187
apresenta-se como um resultado promissor uma vez que vários autores citam as 188
bacteriocinas contra micro-organismos Gram-positivos (DE VUYST et al., 2002; DE 189
VUYST et al., 2004; COGAN et al., 2007; CASTRO, 2011). 190
Pingitore et al. (2012) descreve de 408 E. faecalis e 280 E. faecium 191
provenientes do queijo Minas Frescal, apenas 3% e 1,7%, respectivamente, 192
apresentaram atividade antagonista frente a E.coli. 193
194
4. Conclusões 195
O teste de atividade antagonista realizado demonstrou que 79,9% dos 196
Enterococcus faecium e E. faecalis isolados de queijo de Coalho dos municípios de 197
Cachoeirinha e Arcoverde apresentaram atividade antagonista contra pelo menos 198
uma das bactérias indicadoras testadas. Das três espécies indicadoras testadas, L. 199
innocua foi a mais sensível (79,93%), seguida por S. aureus (57,60%) e E. coli 200
(27,18%). Apesar de a menor inibição ser apresentada contra o E. coli, ainda sim 201
apresenta-se como um resultado promissor uma vez que vários autores citam as 202
bacteriocinas contra micro-organismos Gram-positivos. 203
101
Os Enterococcus isolados apresentaram atividade antagonista e estão 204
presentes naturalmente em grandes quantidades no queijo de Coalho artesanal da 205
Região Agreste de Pernambuco, e podem auxiliar na segurança microbiológica 206
deste produto. 207
208
Agradecimentos 209
À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - 210
FACEPE, pelo suporte financeiro. Processo n. IBPG-0687-5.07/09. 211
212
Referências Bibliográficas 213
ALEXANDRE, D.P.; SILVA, M.R.; SOUZA, M.R. et al. Atividade antimicrobiana de 214
bactérias lácticas isoladas de queijo-de-minas artesanal do Serro (MG) frente a 215
microrganismos indicadores. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.54, p.424-428, 2002. 216
BRASHEARS, M.M.; DURRE, W.A.Antagonistic action of Lactobacillus lactistoward 217
Salmonella spp. and Escherichia coliO157:H7 during growth and refrigerated 218
storage.J. Food Protec., v.62, p.1336-1340, 1999. 219
CARIDI, A.; MICARI, P.; FOTI, F.; RAMONDINO, D.; SARULLO, V. Ripening and 220
seasonal changes in microbiological and chemical parameters of the artisanal 221
cheese Caprino d’Aspromonte produced from raw or thermized goat’s milk. Food 222
Microbiology, London, v. 20, n. 2, p. 201-209, Apr., 2003. 223
COTTER, P.C.; HILL, C.; ROSS, R.P. Bacteriocins: developing innate immunity for 224
food. Nature: Reviews microbiology, London, v.3, p777-778, 2005. 225
FREITAS, W. C.; TRAVASSOS, A.E.R.; MACIEL, J.F. Avaliação microbiológica e 226
físico-química de leite cru e queijo de Coalho produzidos no Estado da Paraíba. 227
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.35-42, 228
2013. 229
102
FRANZ, C. M. A. P.; GRUBE, A.; HERRMANN, A.; ABRIOUEL, H.; STÄRKE, J.; 230
LOMBARDI, A.; TAUSCHER, B.; HOLZAPFEL, W.H. Biochemical and Genetic 231
Characterization of the Two-Peptide Bacteriocin Enterocin 1071 Produced by 232
Enterococcus faecalis FAIR-E 309 Applied and environmental microbiology, May 233
2002, p. 2550–2554 Vol. 68, No. 5 0099-2240/02/$04.000 DOI: 234
10.1128/AEM.68.5.2550–2554.2002. 235
FRANZ, C.M.; VAN BELKUM, M.J.; HOLZAPFEL, W.H.; ABRIOUEL, H.; GALVEZ, A. 236
(2007) Diversity of enterococcal bacteriocins and their grouping in a new 237
classification scheme. FEMS Microbiol Rev 31:293–310. 238
GIRAFFA, G. Functionality of enterococci in dairy products. International Journal of 239
Food Microbiology, v. 88, n. 2-3, p. 215-222, Dec, 2003. Review. 240
GUEDES NETO, L.G., SOUZA, M.R., NUNES, A.C., NICOLI2, J.R., SANTOS, 241
W.L.M. Atividade antimicrobiana de bactérias ácido-láticas isoladas de queijos de 242
Coalho artesanal e industrial frente a micro-organismos indicadores. Arq. Bras. 243
Med. Vet. Zootec., v.57, supl. 2, p.245-250, 2005. 244
HAJIKHANI, R.; BEYATLI, Y.; ASLIM, B. Antimicrobial activity of enterocci strains 245
isolated from white cheese. International Jounal of dairy technology, Oxford, v.60, 246
n.2, p. 105-108, 2007. 247
HALL, P. A.; LEDENBACH, L.; FLOWERS, R. S. Acid-producing Microorganisms. In: 248
DOWNES, F. P.; ITO, K. Compendium of Methods for the Microbiological 249
Examination of Foods. 4ª ed. Washington: American Public Health Association, 250
2001. Cap.19, p.201-207. 251
HUGAS, M. .; GARRIGA, M M.; AYMERICH, M.T. Functionalty of enterococci in meat 252
products. Review Meat Technology Center (IRTA), Granja Camps i Armet s/n, ES-253
17121 Monells, Spain Accepted 26 February 2003. International Journal of Food 254
Microbiology 88 (2003) 223– 233 255
103
JAMET, E.; AKARY,E.; POISSON, M.A.; CHAMBA, J.F.; BERTRAND, X.; SERROR, 256
P. Prevalence and characterization of antibiotic resistant Enterococcus faecalis in 257
French cheeses. Food Microbiology 31 (2012) 191e198. 258
MARTINEZ, F. A. C.; BALCIUNAS, E. M.; CONVERTI, A.; COTTER, P. D.; 259
OLIVEIRA, R. P. S. Bacteriocin production by Bifidobacterium spp. A review. 260
Biotechnology Advances 31 482–488, 2013. 261
NAIDU, A.S.; BIDLACK, W.R.; CLEMENS, R.A. Probiotic spectra of lactic acid 262
bacteria.Crit. Rev. Food Sci. Nutr., v. 38, p.13-126, 1999. 263
NERO, L.A. Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus e Escherichia coli Em 264
leite cru, em quatro regiregiões leiteiras do Brasil: a ocorrencia e fatores que 265
interferem na sua detecção. 2005 Tese (Doutorado em Ciência dos alimentos) 266
Universidade Estadual de Campinas – São Paulo. 267
SABIA, C. et al. Enterocin 416K1, an antilisterial bacteriocin produced by 268
Enterococcus casseliflavus IM 416K1 isolated from Italian sausages. Int J Food 269
Microbiol, Amsterdam, v.75, p.163-170, 2002. 270
SARANTINOPOULOS, P.; ANDRIGHETTO,C.; GEORGALAKI,M.D. REA, M.C.; 271
LOMBARDI, A.; COGAN, T.M.; KALANTZOPOULOS,G.; TSAKALIDOU,E. 272
Biochemical properties of enterococci relevant to their technological performance. 273
International Dayry Jounal, v.11, n.8, p.621-647, 2009. 274
SCHLEIFER* AND RENATE KILPPER-BALZ. Transfer of Streptococcus faecalis and 275
Streptococcus faecium to the Genus Enterococcus norn. rev. as Enterococcus 276
faecalis and Enterococcus faecium. International Union of Microbiological 277
Societies. Vol. 34, No. 1. 1984. 278
SILVA, R.A.; LIMA, M.S.F.; VIANA, J.B.M.; BEZERRA, V.S.; PIMENTEL, M.C.B.; 279
PORTO, A.L.F.; CAVALCANTI, M.T.H.; LIMA FILHO, J.L. Can artisanal ‘‘Coalho’’ 280
cheese from Northeastern Brazil be used as a functional food? Food Chemistry 135 281
(2012) 1533–1538. 282
104
SILVA, R.A.; BISMARA, P.A.; R.B. MOURA; LIMA FILHO, J.L.; PORTO, A.L.F.; 283
CAVALCANTI, M.T.H. Avaliação da microbiota bacteriana do queijo de Coalho 284
artesanal produzido na região Agreste do estado de Pernambuco . Arq. Bras. Med. 285
Vet. Zootec., v.64, n.6, p.1732-1738, 2012.b 286
TAGG, J.R.; DAJAMI, A.S.; WANNAMAKER, L.W. Bacteriocin of Gram-positive 287
bacteria. Bacteriol. Rev., v.40, p.722-756, 1976. 288
URAZ, G.; SIMSEK, H.; MARAS, Y. The inhibitory effects of Lactobacillus casei and 289
Lactobacillus helveticus on Bacillus species isolated from raw milk in various salt 290
concentrations. Int. J. Dairy Technol., v.54, p.146-150, 2001. 291
VAUGHAN, E.E.; CAPLICE, E.; LOONEY, R.Isolation from food sources, of lactic 292
acid bacteria that produced antimicrobials. J. Appl.Bacteriol., v.76, p.118-123, 1994. 293
294
105
1
2
3
4
5
6
7
CAPÍTULO III 8
Produção e caracterização de enterocinas obtidas a partir do queijo de Coalho 9
artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde- PE, Brasil. 10
11
ISSN: 0023-6438 12
13
14
15
106
PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ENTEROCINAS OBTIDAS A PARTIR DO 16
QUEIJO DE COALHO ARTESANAL DE CACHOEIRINHA E ARCOVERDE – PE, 17
BRASIL 18
19
Thiciane Carvalho Albuquerque
(1), Meire dos Santos Falcão de Lima
(2), Maria Taciana Holanda 20
Cavalcanti(3)
e Ana Lúcia Figueiredo Porto(3) 21
1 Doutoranda do Programa Pós-graduação em Biociência Animal. Universidade Federal Rural de 22
Pernambuco (UFRPE). Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal. Rua Dom Manoel de 23
Medeiros s/n-Dois Irmãos-CEP 52171-900, Recife – PE 24
2 Mestranda do Programa Pós-graduação em Biociência Animal. Universidade Federal Rural de 25
Pernambuco (UFRPE). 26
3 Professora do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de 27
Pernambuco (UFRPE), Laboratório de Tecnologia de Bioativos (LABTECBIO). 28
29
30
Resumo 31
Os Enterococcus produzem durante seu crescimento peptídeos com atividade 32
antimicrobiana chamados de enterocinas, cuja ação é a inibição do crescimento de 33
patógenos e de micro-organismos deterioradores de alimentos. Com o objetivo de 34
selecionar e caracterizar enterocinas produzidas por Enterococcus faecium e E. 35
faecalis isolados do queijo de Coalho artesanal fabricados em Cachoeirinha e 36
Arcoverde – PE, Brasil. Foram produzidas, quantificadas e caracterizadas 37
enterocinas com atividade antimicrobiana frente à Listeria innocua, Staphylococcus 38
aureus e Escherichia coli. As enterocinas foram avaliadas quanto a sua estabilidade 39
térmica (40, 50, 60, 70, 80, 90, 100 e 121°C), temperatura de refrigeração (4°C) e 40
congelamento (-20°C), variação de pH (2-10) e ação de enzimas proteolíticas 41
(Proteinase K e Lisozima). Os resultados mostram que as enterocinas produzidas 42
por E. faecium e E. faecalis apresentaram atividades antimicrobianas frente à L. 43
innocua, S. aureus e E. coli., sendo estáveis ao tratamento térmico, às temperaturas 44
de refrigeração e ao congelamento, variação de pH, sendo hidrolisadas na presença 45
107
de enzimas proteolíticas. Sendo assim, as enterocinas aqui descritas se apresentam 46
como um promissor conservante biológico, para melhoria da qualidade 47
microbiológica e a segurança de alimentos. 48
49
Palavras chave: Queijo de Coalho artesanal, Enterococcus, Enterocina. 50
51
52
Abstract 53
The Enterococcus produce during their growth peptides with antimicrobial activity 54
called enterocins , whose action is the inhibition of growth in pathogens and spoilage 55
micro -organisms in foods. In order to select and characterize enterocins produced 56
by Enterococcus faecium and E. faecalis isolated from cheese curd handmade and 57
manufactured in Cachoeirinha Arcoverde - PE, Brazil. Quantified and characterized 58
enterocins with antimicrobial activity toward Listeria innocua, Staphylococcus aureus 59
and Escherichia coli were produced. The enterocins were evaluated for thermal 60
stability (40 , 50, 60, 70, 80, 90, 100 and 121°C ) , refrigeration temperature (4°C) 61
and freezing (-20°C), pH range (2-10) and action of proteolytic enzymes (Proteinase 62
K and Lysozyme). The results show that enterocins produced by E. faecalis and E. 63
faecium are show antimicrobial activity against the L. innocua, S. aureus and E. coli. , 64
being stable to heat , refrigeration and freezing temperatures, varying pH treatment , 65
being hydrolysed in the presence of proteolytic enzymes. Thus, the enterocins 66
described here are presented as a promising biological preservative to improve the 67
microbiological quality and safety of food. 68
69
Keywords: Artesanal “Coalho Cheese, Enterococcus, enterocin. 70
71
72
108
1. Introdução 73
As Bactérias Ácido Láticas (BAL) são um grupo de micro-organismos Gram-74
positivos, catalase negativos, não formadores de esporos e que crescem sob 75
condições microaerófilas ou estritamente anaeróbicas (KLEIN et al., 1998). 76
O papel das BAL na fermentação de alimentos é duplo, pois elas produzem 77
ácidos que modificam as propriedades organolépticas do produto, além de peptídeos 78
com atividade antimicrobiana, chamadas de bacteriocinas (MADERA et al., 2003; 79
MARTINEZ et al., 2013). 80
A utilização de bacteriocinas de origem láctea na indústria de alimentos tem 81
sido amplamente relatada nos últimos anos, este fato se deve principalmente pela 82
ocorrência natural de BAL em muitos alimentos, incluindo leite e produtos lácteos, 83
ovos, vegetais e produtos de carne (ZACHAROF, LOVITT, 2012). 84
A nisina é a única bacteriocina aprovada para uso comercial, sendo aprovada 85
para uso como um alimento conservante em aproximadamente 50 países (GUINANE 86
et al., 2005). O desenvolvimento bem sucedido da nisina é um modelo que tem 87
estimulado a pesquisa por novas bacteriocinas nos últimos anos. No entanto, se faz 88
necessário a primeiro entender a biologia de novas bacteriocinas, elucidando suas 89
relações estrutura-função, produção, imunidade, regulação e modo de ação 90
(COTTER, 2005). 91
As bacteriocinas produzidas por enterococos são chamadas de enterocinas, 92
que apresenta atividade antimicrobiana frente estirpes estreitamente relacionadas 93
com o micro-organismo produtor (POETA, 2008). Segundo (PAPAGIANNI, 2003) as 94
enterocinas têm uma grande estabilidade a ao tratamento térmico e a variação de 95
pH, possuindo um espectro de atividade antimicrobiana variável. 96
Franz et al. (2008) afirmaram que enterocinas, à semelhança dos 97
enterococos, são notáveis por sua diversidade e por sua distribuição onipresente 98
entre os isolados de diferentes fontes, aumentando a possibilidade de encontrar um 99
determinado tipo de bacteriocina adequadas para cada produto alimentar. 100
109
Como uma alternativa a nisina, enterocinas têm sido estudadas para a 101
potencial de aplicação como aditivo alimentar para o controle de micro-organismos 102
indesejáveis (NASCIMENTO, 2008). Deste modo, objetivou-se produzir e 103
caracterizar enterocinas de Enterococcus faecium e E. faecalis isolados do queijo de 104
Coalho artesanal produzidos em Cachoeirinha e Arcoverde – PE, Brasil. 105
106
107
2. Metodologia 108
109
Amostras de Enterococcus 110
Foram utilizados neste trabalho 247 Enterococcus, sendo 171 E. faecalis e 76 111
E. faecium previamente isolados e identificados de amostras de Queijos de Coalho 112
Artesanais produzidos nos Municípios de Cachoeirinha e Arcoverde-PE, Brasil. 113
114
Produção de enterocinas 115
As amostras de Enterococcus foram crescidas em caldo All Purpose Medium 116
With Tween (APT) a 37°C por 24 horas. Posteriormente as amostras foram 117
centrifugadas a 10.000rpm durante 5 minutos a 4ºC o obtido o sobrenadante livre de 118
células (SLC), o processo de centrifugação foi repetido por mais duas vezes de 119
modo a garantir que o sobrenadante estivesse livre de células (MARTINS et al., 120
2002). 121
O SLC teve o pH ajustado em 6,5 com solução NaOH 1M, para eliminar 122
possível efeito antimicrobiano provocado pelo ácido lático, também foi tratado em 123
banho maria a 95ºC por 10 minutos e esterilizado por filtração em membrana de 124
ésteres mistos (0,22µm, Syringe Filter), para retirar possível efeito de enzimas 125
proteolíticas e do peróxido de hidrogênio (GHALFI et al., 2006; LAUCOVA, 2011). 126
127
110
Determinação da atividade antimicrobiana 128
A atividade antimicrobiana dos SLC foi realizado frente às bactérias 129
Staphylococcus aureus (ATCC 6538), Listeria innocua (ATCC 33090), e Escherichia 130
coli (ATCC 25922), previamente crescidas em caldo TSB, à 37ºC por 24 h. Para isso 131
foi realizado em uma placa de microtitulação de 96 poços (Nunc), onde cada poço 132
recebeu o meio de cultura líquido caldo TSB, o inóculo da estirpe padrão contendo 133
1,5x108 UFC/mL (escala de Mac farlland) e amostra do SLC para um volume final de 134
100µl (NCCLS, 2003). A placa de microtitulação foi incubada a 37ºC por 24 horas. 135
Após este período, 30µl de solução resazurina (Resazurina ensaio de 136
viabilidade celular Kit, Biotium Inc.) foi adicionado a cada poço, incubando a placa 137
por mais 30 minutos. A coloração cor-de-rosa ou a falta de cor (incolor) indica o 138
crescimento de bactérias, enquanto que a cor roxa ou azul indica a inibição do 139
crescimento da bactéria indicadora pela presença de atividade antimicrobiana 140
(PALOMINO et al., 2002). 141
Em seguida, o conteúdo dos poços foi incubado ágar Trypticase Soy Broth 142
(TSB) à 37ºC, possibilitando avaliar o caráter bactericida ou bacteriostático da SLC 143
através da observação da presença ou ausência de crescimento das placas após 24 144
horas. 145
146
Determinação da atividade antimicrobiana cruzada 147
Os SLC produzidos tiveram sua atividade antimicrobiana avaliada frente aos 148
Enterococcus isolados, avaliados utilizando a mesma metodologia descrita no item 149
anterior de determinação da atividade antimicrobiana das enterocinas (PALOMINO 150
et al., 2002). 151
152
Quantificação da atividade antimicrobiana da enterocina 153
Apenas dos SLC que apresentaram atividade antimicrobiana contra as três 154
bactérias indicadoras testadas foram submetidas ao teste de quantificação da 155
111
atividade antimicrobiana. Para isso, os SLC foram diluídos sucessivamente na 156
proporção 1:1 com solução-tampão fosfato de sódio 10 mM pH 7,0, de acordo com o 157
método de diluição crítica de Mayr-Harting et al (1972) para as seguintes diluições: 1 158
(sem diluição),1:2, 1:4, 1:8, 1:16 e 1:32. 159
As diluições foram avaliadas em duplicata pelo método de difusão em poços 160
contra as bactérias indicadoras: L. innocua ATCC33090, S. aureus ATCC 6538 e E. 161
coli ATCC 25922, preparados de acordo com a escala de McFarland para 162
108UFC/mL, previamente crescidas em caldo TSB, à 37ºC por 24 h. As placas foram 163
incubadas em duplicatas a 37°C por 24 horas. Posteriormente os halos de inibição 164
formados foram medidos em milímetros com o auxílio de um paquímetro. A 165
quantificação da atividade dos SLC foi expressa em unidade arbitrária por mililitro 166
(UA/mL), definida pela medida do maior halo de inibição multiplicado pela constante 167
100 (KAWAMOTO et al., 2002). 168
169
Caracterização das enterocinas 170
As enterocinas foram caracterizadas em relação à estabilidade quanto ao pH, 171
temperatura e a susceptibilidade diante da ação de enzimas proteolíticas. O método 172
utilizado foi descrito por Todorov e Dicks (2007). Cada amostra de enterocina teve 173
sua atividade antimicrobiana determinada em UA/mL (Unidades arbitrárias por mL) 174
previamente ao tratamento a ser testado. A atividade residual (%) foi determinada 175
através da técnica de difusão em poços, em triplicata, contra as bactérias 176
indicadoras: L. innocua ATCC33090, S. aureus ATCC 6538, e E. coli ATCC 25922, 177
preparados de acordo com a escala de McFarland para 108UFC/mL, previamente 178
crescidas em caldo TSB, à 37C por 24 h. As placas foram incubadas em estufas a 179
37°C por 24 horas, posteriormente os halos de inibição formados foram medidos em 180
milímetros com o auxílio de um paquímetro, onde a seguinte formula foi utilizada 181
para calcular a atividade residual: 182
HT= halo após tratamento (mm), HC=halo controle (mm), AR=atividade residual (%), 9 = constante 183
(tamanho do poço). 184
112
Para observar a estabilidade ao tratamento térmico as amostras foram 185
submetidas às temperaturas de 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100°C por 30 minutos e a 186
121°C por 10 e 20 minutos. 187
As alíquotas das enterocinas foram estocadas por dois meses sob 188
congelamento (-20°C) e sob refrigeração (4°C), a cada 15 dias foi determinada a 189
atividade antimicrobiana residual das amostras. 190
Para a estabilidade das enterocinas frente à variação de pH, as amostras de 191
enterocinas tiveram seus pH em 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10, sendo o ajuste feito com 192
solução de NaOH 1M e HCl estéreis e tampão Tris. 193
Para o teste de estabilidade frente ação de enzimas proteolíticas, as amostras 194
de enterocinas foram submetidas ao efeito das enzimas: Proteinase K e Lisozima 195
nas concentrações finais de 0,1mg/mL e 1mg/mL, com incubação durante 2 horas. 196
Após esse período as enterocinas foram submetidas a 80°C por 10 minutos para 197
inativação das proteases. 198
199
Avaliação das propriedades tecnológicas 200
Para a avaliação da capacidade tecnológica foi avaliada a capacidade 201
acidificante dos Enterococccus maiores produtores de enterocinas, sendo um E. 202
faecalis e um E. faecium. As culturas foram preparadas através do crescimento por 203
18 horas em meio caldo APT, em seguida foram centrifugadas, lavadas com água 204
peptonada e inoculada (1% v/v) em Leite Desnatado Reconstituído (LDR), sendo 205
incubadas a 37°C. As medidas do pH foram realizadas após 6, 12 e 24 horas após a 206
inoculação (FRANCIOSI et al.; 2009). 207
Para a avaliação de capacidade tecnológica de atividade proteolítica 208
extracelular qualitativa, as suspensões bacterianas preparadas conforme descrito 209
para atividade acidificante, foram repicadas na superfície de placas contendo meio 210
sólido composto por 10 % (p/v) de leite desnatado e 2 % de ágar sendo incubadas a 211
37°C. A atividade proteolítica qualitativa foi indicada pela presença de uma zona 212
clara ao redor das colônias (JONES et al., 2007) 213
113
RESULTADOS E DISCUSSÃO 214
215
Produção e Seleção de Enterococos 216
Foram avaliados neste trabalho 247 sobrenadantes livre de células (SLC) 217
produzidos a partir dos Enterococcus isolados do queijo de Coalho artesanal, sendo 218
171 de E. faecalis e 76 de E. faecium. 219
Na determinação da atividade antimicrobiana dos SLC, L. innocua foi a 220
bactéria indicadora mais sensível, inibida por 75 (43,85%) dos SLC produzidas pelos 221
E. faecalis e 27 (35,53%) produzidos pelos E. faecium. Em seguida, a bactéria 222
indicadora S. aureus apresentou-se sensível a 43 (25,14%) e 15 (19,74%) dos SLC 223
produzidos por E. faecalis e E. faecium, respectivamente. A bactéria indicadora com 224
menor sensibilidade foi E.coli, inibida por 28 (16,37%) dos SLC produzidos por 225
Enterococcus faecalis e 7 (9,21%) E. faecium. 226
Foi observada atividade antimicrobiana simultânea às três bactérias 227
indicadoras em 28 (16,37%) dos SLC produzidos por E. faecalis e 7 (9,21%) dos E. 228
faecium, propriedade utilizada como critério para a seleção do melhor produtor de 229
enterocina. (Tabela 1). 230
231
232
233
234
235
236
237
238
239
114
Tabela 1. Atividade antimicrobiana de sobrenadantes livre de células produzidos por 240
Enterococcus faecalis e E. faecium, isolados do queijo de Coalho artesanal de 241
Cachoeirinha e Arcoverde – PE, frente a Staphylococcus aureus (ATCC 6538), 242
Listeria innocua (ATCC 33090), e Escherichia coli (ATCC 25922). 243
Sobrenadante livre de
células
Atividade antimicrobiana
Listeria innocua Staphylococcus aures Escherichia coli
Enterococcus faecalis
28 (16,37%) + + +
15 (8,77) + +
32 (18,71%) +
Total = 75 (43,85%)
96 (56,14%) - - -
Total = 171 (100%)
Sobrenadante livre de
células
Atividade antimicrobiana
Listeria innocua Staphylococcus aures Escherichia coli
Enterococcus faecium
7 (9,21%) + + +
8 (10,53%) + +
12 (15,79%) +
Total = 27 (35,53%)
49 (64,47%) - - -
N Total 76 (100%)
244
Todos os SLC produzidos por Enterococcus faecalis e E. faecium que 245
apresentaram atividade antimicrobiana frente a bactéria indicadora Gram-negativa, 246
E.coli, apresentaram atividade frente as bactérias indicadoras Gram-Positivas, L. 247
innocua e S. aureus. 248
À avaliação do efeito bactericida ou bacteriostático das atividades 249
antimicrobianas produzidas pelos SLC produzidos por Enterococcus faecalis e E. 250
faecium foi possível verificar a ausência de crescimento em 100% das amostras 251
após 24 horas, demonstrando a ação bactericida das amostras. 252
115
Determinação da atividade antimicrobiana cruzada 253
Nos testes de determinação da atividade antimicrobiana cruzada dos SLC 254
frente a seus Enterococcus produtores. Neste teste nenhum SLC foi capaz de inibir 255
seu respectivo Enterococcus produtor, demostrando que todos os isolados 256
apresentaram imunidade as suas respectivas enterocinas. Característica descrita 257
como desejável para micro-organismos com potencial bioconservador (HOLZAPFEL; 258
GEISEN; CHILLINGER, 2005). 259
260
Quantificação da atividade antimicrobiana 261
A quantificação da atividade antimicrobiana foi realizada com os 35 262
enterococos que apresentaram atividade antimicrobiana contra as três bactérias 263
indicadoras simultaneamente, sendo 28 produzidos por E.faecalis e 7 por E. 264
faecium. 265
Na Figura 1A apresenta os resultados obtidos na atividade antimicrobiana das 266
enterocinas produzidas por E. faecalis com as maior atividade antimicrobiana de 267
1450 UA/mL, 1350 UA/mL, e 820 UA/mL, frente a L. innocua, S. aureus e E. coli, 268
respectivamente. Enquanto que a menor atividade antimicrobiana com 850UA/mL 269
frente a L. innocua e S. aureus e 270 UA/mL frente a E. coli. 270
Na Figura 1B apresenta os resultados obtidos na atividade antimicrobiana das 271
enterocinas produzidos por E. faecium com as maiores atividade antimicrobiana de 272
1380 UA/mL, 1350 UA/mL, e 800 UA/mL, frente a L. innocua, S. aureus e E. coli, 273
respectivamente. Enquanto que a menor atividade antimicrobiana com 820UA/mL 274
frente a L. innocua, 480UA/mL S. aureus e 215 UA/mL frente a E. coli. 275
276
116
277
A B 278
Figura 1. Quantificação* da atividade antimicrobiana (UA/mL)** das enterocinas 279
produzidas por E. faecalis (A) e E. faecium (B), isolados do queijo de Coalho 280
artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, frente a L. innocua ATCC 33090 ( ), 281
S. aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC 25922 ( ). 282
*As enterocinas foram diluídas sucessivamente na proporção 1:1 com solução-tampão fosfato de 283
sódio 10mM pH 7,0, de acordo com o método de diluição crítica de Mayr-Harting et al (1972) para as 284
seguintes concentrações: 1 (solução original),1/2, 1/4, 1/8, 1/16 e 1/32. 285
** UA/mL - Unidade arbitrária por mililitro 286
287
Segundo Ennahar et al., (2011) as enterocinas caracterizam-se pela sua forte 288
atividade anti-listéria. Lauková et al. (2008), descreveram de 1100UA/mL de 289
atividade antimicrobiana para o SLC produzidos por E. faecalis isolados de 290
descreveram atividade antimicrobiana, o qual apresentou contra L. innocua. 291
O micro-organismo indicador que apresentou menor percentual de inibição 292
pelas enterocinas avaliadas neste trabalho foi a bactéria com 270 UA/mL e 215 293
UA/mL para E.faecalis e E. faecium, respectivamente. Porém os resultados podem 294
ser descritos como promissores uma vez que, poucas bacteriocinas caracterizadas 295
117
até o momento apresentaram atividade contra bactérias Gram-negativas 296
(CLADERA-OLIVERA et al., 2004; JENNES, 2010). 297
Os valores observados na quantificação da atividade antimicrobiana obtidos 298
neste trabalho mostraram valores superiores ao descrito na literatura por Sabia et 299
al., (2009), que caracterizaram duas enterocinas produzidas por E. casssellflavus e 300
E. faecalis isolados de salame italiano fermentado, onde as atividades 301
antimicrobianas foram de 450 e 620 UA/mL, respectivamete. 302
303
Caracterização das enterocinas 304
Para os testes de caracterização das enterocinas foram utilizados duas 305
amostras que apresentaram maiores valores de atividade antimicrobiana para todas 306
as bactérias indicadoras, sendo uma produzida por E. faecalis e outra E. faecium. 307
308
Estabilidade ao tratamento térmico 309
Na avaliação da estabilidade ao tratamento térmico, as enterocinas 310
permaneceram com no mínimo 70% de suas atividades antimicrobianas iniciais até a 311
temperatura de 100oC. Os menores valores de atividade antimicrobiana foram 312
verificados quando as enterocinas foram submetidas a 121°C por 20 minutos, com 313
atividade antimicrobiana residual média em torno de 20%. não houve inativação por 314
nenhuma amostra testada para as enterocinas produzidas por E. faecalis e E. 315
faecium. As enterocinas produzidas pelos E. faecium e E. faecalis estudados neste 316
trabalho podem ser consideradas resistentes ao aquecimento (Figura 2). 317
318
319
320
321
322
118
323
324
325
326
327
328
329
330
331
A B 332
Figura 2. Atividade antimicrobiana residual (%) após tratamento térmico* de 333
enterocinas produzidas por Enterococcus faecalis (A) e E. Faecium (B) isolados do 334
queijo de Coalho de Cachoeirinha e Arcoverde – PE, frente a L. innocua ATCC 335
33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC 25922 ( ). 336
* As amostras foram submetidas às temperaturas de 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100°C por 30 minutos e a 337
121 por 10 e 20 minutos. 338
339
Todorov (2006), Moreno et al. (2002) citam que a estabilidade da bacteriocina 340
ao aquecimento é uma característica desejável, e muito importante para aplicação 341
destas em alimentos. 342
Kawamoto et al., 2012 demostram que a bacteriocina mundicitina (enterocina 343
produzida pela E. mundtii) manteve 50% de sua atividade quando exposta a 100oC 344
por 20 minutos. Enquanto que JENNES et al., 2010), avaliando a estabilidade da 345
enterocina O12, obteve em seus resultados que a mesma apresentou 75% de sua 346
atividade após 10 minutos a 121oC, mas a 80oC por 30 minutos perdeu 50% de sua 347
atividade, concluindo que, além da temperatura em que são expostas, o tempo de 348
exposição é determinante na manutenção da atividade antimicrobiana. 349
Temperatura (°C) Temperatura (°C) Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
119
Estabilidade a refrigeração 350
Nas enterocinas armazenadas sob refrigeração foram observadas os 351
menores valores de atividade antimicrobiana, onde a enterocina produzida pelo E. 352
faecium (Figura 3B) perdeu totalmente a sua atividade antimicrobiana após 60 dias 353
de estocagem, para as três bactérias indicadoras testadas. a enterocina produzida 354
pelo E. faecalis (Figura 3A) foi mais estável, onde os menores valores de atividade 355
antimicrobiana foram obtidos entre 45 e 60 dias de estocagem, principalmente 356
menor frente a e.coli . 357
358
359
360
361
362
363
364
365
366
367
A B 368
Figura 3. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida por 369
Enterococcus faecalis (A) e E. Faecium (B) isolados do queijo de Coalho de 370
Cachoeirinha e Arcoverde – PE, estocadas por dois meses sob refrigeração*(4°C), 371
frente a L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC 372
25922 ( ). 373
*Atividades antimicrobiana residual determinada em intervalos de 15 dias. 374
375
376
B A
120
Estabilidade ao congelamento 377
Na estocagem a -20oC, nenhuma enterocina perdeu a atividade 378
antimicrobiana com 60 dias de estocagem. A enterocina E. faecalis (Figura 4A) 379
manteve mais de 80% de sua atividade após 60 dias de congelamento, para todas 380
as 3 bactérias indicadoras testadas. 381
A enterocina produzida pelo E. faecium (Figura 4B) apresentou-se mais 382
instável apresentando menores valores de atividade residuais entre 40 e 50% após 383
60 dias de estocagem. 384
385
386
A B 387
Figura 4. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida por 388
Enterococcus faecalis e E. faecium isolados do queijo de Coalho artesanal de 389
Cachoeirinha e Arcoverde – PE, em estoque congelado ( -20°C)* frente as bactérias 390
indicadoras L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 391
( ), e E. coli ATCC 25922 ( ). 392
*Atividades antimicrobiana residual determinada em intervalos de 15 dias. 393
394
Tempo de estoque (dias )
Tempo de estoque (dias )
121
A manutenção da atividade antimicrobiana residual após o período de 395
estocagem de dois meses à -20°C observada nas enterocinas de E. faecium e 396
E.faecalis deste trabalho, é uma característica muito importante para a sua aplicação 397
em alimentos (GHANBARI et al.; 2013) 398
Resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho foram descritos para 399
enterocinas produzidas por E. casselliflavus e E. faecalis, isoladas de salsichas 400
italianas, que mantiveram sua estabilidade em 70 % após 2 meses de estocagem a -401
20°C (Sabia et al.; 2004) e em outros casos com 67% pela enterocina, produzida 402
por E. faecium (Cintas et al, 2007) e com 60% enterocina, produzida por E. faecium 403
EK13 (MAREKOVÁ et, al, 2007). 404
405
Estabilidade a variação de pH 406
Nenhuma das enterocinas produzidas pelos E.faecium e E.faecalis testadas 407
apresentaram diminuição da atividade antimicrobiana em até 40% frente à variação 408
de pH. 409
Os menores valores de atividades antimicrobianas foram observados para nos 410
valores pH mais alcalinos (8, 9 e 10). Aproximadamente 80 % da atividade 411
antimicrobiana foi mantida entre os pH 5 a 7, e os melhores resultados foram 412
observadas na faixa ácida de pH (2 a 4) (Figura 5 A e B). 413
414
. 415
416
417
122
418
419
A B 420
Figura 5. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida por 421
Enterococcus faecalis e E. faecium isolados do queijo de Coalho artesanal de 422
Cachoeirinha e Arcoverde – PE, em variados pH, frente as bactérias indicadoras L. 423
innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC 25922 ( ) 424
* As amostras de enterocinas tiveram seus pH ajustados entre 2 e 10, com acréscimo de uma 425
unidade entre eles, sendo o ajuste feito com solução de NaOH 1M e HCL estéreis e tampão Tris. 426
427
A manutenção da atividade antimicrobiana das enterocinas em amplas faixas 428
de pH é descrita como uma característica desejável; permitindo sua utilização em 429
alimentos de pH ácido, como é o caso do queijo de Coalho e em alimentos 430
fermentados em geral, que possuem o pH baixo devido ao crescimento natural das 431
BAL (FRANZ et al., 2006). 432
433
Estabilidade a ação de enzimas proteolíticas 434
O resultado da estabilidade da atividade antimicrobiana das enterocinas frente 435
a ação de enzimas proteolíticas, demonstrou que a proteinase k, nas concentrações 436
123
de 0,1 e 1 mg/mL, inativou as enterocinas produzidas pelos E. faecalis e E. faecium, 437
frente todas as bactérias indicadoras testadas, L. innocua ATCC33090, S. aureus 438
ATCC 6538 e E. coli ATCC 25922. Resultado esse que sugere a natureza proteica 439
dessas enterocinas. 440
A lisozima não inativou as enterocinas produzidas por E. faecalis e E. 441
faecium, contudo reduziu os seus valores de atividade antimicrobiana em até 70% 442
quando utilizada na sua maior concentração (1mg/mL), frente ao micro-organismo 443
indicador E.coli. (Figura 6). 444
445
A B 446
447
Figura 6. Atividade antimicrobiana residual (%) de enterocinas produzida por 448
Enterococcus faecalis (A) e E. faecium (B) isolados do queijo de Coalho artesanal de 449
Cachoeirinha e Arcoverde – PE, submetidas a presença de Lisozima (à 0,1mg/ML e 450
1mg/mL), frente as bactérias indicadoras L. innocua ATCC 33090 ( ), S. aureus 451
ATCC 6538 ( ), e E. coli ATCC 25922 ( ). 452
453
Rosa Franco (2002) citam que além da capacidade de inibição de micro-454
organismos indesejáveis e estabilidade ao aquecimento, a biodegradação das 455
124
enterocinas por enzimas digestivas é desejável, tornando-a mais segura para serem 456
utilizadas em alimentos. 457
Vários trabalhos relatam que as enterocinas apresentam susceptibilidade à 458
proteinase K, e são parcialmente inativadas por outras enzimas como pela 459
quimosina, tripsina e lisozima (FLORIANO et al., 2008; JENNES et al., 2010; 460
KAWAMODO et al., 2012; MORENO et al., 2002; PARK et al., 2003). 461
462
Avaliação das propriedades tecnológicas 463
O resultado da capacidade de acidificação observado pelos Enterococcus 464
produtores de enterocinas, demonstrou o pH do leite foi reduzido somente após 12 465
de incubação, de 6,5 para 5,3 pela enterocina produzida pelo E. faecalis e 5,2 pela 466
enterocina produzida pelo E. faecium. Após 24 horas foi promovida a coagulação do 467
leite, o pH alcançou valores de 4,6 e 4,5, para E. faecalis e E. faecium, 468
respectivamente. 469
Esses dados demonstram que os Enterococcus faecalis e E. faecium testados 470
neste trabalho podem ser classificados como produtores lentos de ácido, uma vez 471
que segundo BERESFORD (2001), para uma cultura lática ser considerada 472
produtora rápida de ácido, ela deve reduzir o pH do leite do seu valor normal (6,6) 473
para 5,3 em 6h de incubação à temperatura adequada, esta característica pode ser 474
atribuída a uma BAL iniciadora. 475
Os resultados obtidos neste trabalho corroboram com HUGAS (2003) e 476
JAMET (2012) que citam que as espécies do gênero Enterococcus pertencem a 477
microbiota lática secundária e apresentam geralmente baixa capacidade de reduzir o 478
pH do leite e que a influência tecnológica positiva dos enterococos no queijo é dá 479
pelo desenvolvimento de características sensoriais, através de reações bioquímicas 480
durante a cura: proteólise, lipólise, utilização do citrato e produção de compostos 481
aromáticos voláteis 482
125
Pesquisas realizadas por Durlu-Ozkaya et al., 2001 e Sarantinopoulos e et al. 483
(2009) mostraram resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho onde os 484
Enterococcus promoveram a redução do pH do leite para 5,0–5,2, após 16–24h de 485
incubação a 37°C. Suzzi et al. (2000) observaram que o E. faecalis, isolados de 486
queijos artesanais italianos, reduziu o pH de leite desnatado a 4,5 após 24h de 487
fermentação. 488
Para a determinação da atividade proteolítica extracelular qualitativa, a 489
presença de uma zona clara ao redor das colônias nas placas indicou a atividade 490
proteolítica em todas as amostras de E. faecium e E. faecalis, 491
Segundo McSWEENEY (2004) a proteólise é uma característica tecnológica 492
desejável uma vez que é responsável pelo desenvolvimento de muitas 493
características organolépticas nos queijos, Um dos papéis mais importantes da 494
proteólise está na produção de compostos voláteis, que contribuem para o sabor e 495
aroma dos queijos. 496
Apesar do importante papel da atividade proteolítica, Carvalho (2007) ressalta 497
a importância da quantificação desta proteólise uma vez que o uso de 498
microrganismos com grande capacidade proteolítica provoca o amolecimento na 499
textura dos queijos, o que pode não ser muito desejado para o queijo de Coalho. 500
Assim os resultados obtidos para capacidade proteolítica mostram que as 501
culturas avaliadas podem ser utilizadas na elaboração de um fermento lático para a 502
fabricação de queijo de Coalho. 503
504
CONCLUSÕES 505
Os Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis isolados do Queijo de 506
Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE produziram enterocinas com 507
atividade antimicrobiana frente à Listeria innocua, Staphylococcus aureus e 508
Escherichia coli. 509
126
As enterocinas produzidas pelos Enterococcus isolados do queijo de Coalho 510
apresentaram características de estabilidade a temperatura e pH, sofrendo ação de 511
enzimas proteolíticas, representando um potencial promissor para uso como 512
conservantes biológicos, melhorando assim a qualidade microbiológica e a 513
segurança dos alimentos. 514
Os Enterococcus faecalis e E. faecium produtores de enterocinas testados neste 515
trabalho apresentaram atividade proteolítica extracelular e foram classificados como 516
produtores lentos de ácido, promovendo a coagulação do leite após 24 horas. 517
Possuindo potencial para serem utilizadas na elaboração de um fermento lático para 518
a fabricação de queijo de Coalho. 519
520
AGRADECIMENTOS 521
À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - 522
FACEPE, pelo suporte financeiro. Processo n. IBPG-0687-5.07/09. 523
524
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 525
ARQUÉS, J. L.; RODRÍGUEZ, E.; NUÑEZ, M.; MEDINA, M. Combined effect of 526
reuterin and lactic acid bacteria bacteriocins on the inactivation of food-borne 527
pathogens in milk. Food Control v.22, p.457-461, 2011. 528
CASAUS, P. et al. Enterocin B, a new bacteriocin from Enterococcus faecium T136 529
which can act synergistically with enterocin A. Microbiology, London, v.143, p.2287-530
2294, 1997. 531
CINTAS, L. et al. Biochemical and genetic characterization of enterocin P, a novel 532
sec-dependent bacteriocin from Enterococcus faecium P13 with a broad 533
antimicrobial spectrum. Appl Envir Microbiol, Washington, v.63, p.4321-4330, 2007. 534
127
CLADERA-OLIVEIRA, F.; CARON, G. e BRANDELLI, A. Bacteriocin-like substance 535
production by Bacillus licheniformis strain P40. Let Appl Microbiol, Oxford, v.38, 536
p.251-256, 2004. 537
CINTAS, L. et al. Biochemical and genetic evidence that Enterococcus faecium L50 538
produces enterocins L50A and L50B, the sec-dependent enterocin P, and a novel 539
bacteriocin secreted without na N-terminal extension termed enterocin Q. J 540
Bacteriol, Oxford, v.182, p.6806-6814, 2000. (COTTER, 2005). 541
ENNAHAR, S. et al. Biochemical and genetic evidence for production of enterocins A 542
and B by Enterococcus faecium WHE 81. Int J Food Microbiol, Amsterdam, v.70, 543
p.291-301, 2011. 544
FLORIANO, B.; RUIZ-BARBA, J. e JIMÉNEZ-DÍAS, R. Purification and genetic 545
characterization of enterocin I from Enterococcus faecium 6T1a, a novel antilisterial 546
plasmid-encoded bacteriocin which does not belong to the pediocin family of 547
bacteriocins. Appl Envir Microbiol, Washington, v.64, p.4883-4890, 2008. 548
FRANZ, C. M. A. P.; GRUBE, A.; HERRMANN, A.; ABRIOUEL, H.; STÄRKE, J.; 549
LOMBARDI, A.; TAUSCHER, B.; HOLZAPFEL, W.H. Biochemical and Genetic 550
Characterization of the Two-Peptide Bacteriocin Enterocin 1071 Produced by 551
Enterococcus faecalis FAIR-E 309 Applied and environmental microbiology, May 552
2002, p. 2550–2554 Vol. 68, No. 5 0099-2240/02/$04.000 DOI: 553
10.1128/AEM.68.5.2550–2554.2002. 554
GUINANE, C.M.; COTTER, P.D.; HILL, C.; ROSS, R.P. Microbial solutions to 555
microbial problems; lactococcal bacteriocins for the control of undesirable biota in 556
food. A review. Journal of Applied Microbiology, v.98, p.1316–1325, 2005. 557
JENNES, W.; DICKS, L. e VERWOERD, D. Enterocin 012, a bacteriocin produced by 558
Enterococcus gallinarum isolated from the intestinal tract of ostrich. J Appl 559
Microbiol, London, v.88, p.349-357, 2010. 560
128
KAWAMOTO, S. et al. Biochemical and genetic characterization of mundticin KS, an 561
antilisterial peptide produced by Enterococcus mundtii NFRI 7393. Appl Envir 562
Microbiol, Washington, v.68, p.3830-3840, 2012. 563
KLEIN, G.; PACK, A.; BONAPARTE, C.; REUTER,G. Taxonomy and physiology of 564
probiotic lactic acid bacteria. International Journal of Food Microbiology, v.41, n. 565
2, p. 103-125, 1998. 566
LAUKOVÁ, A.; SKAUGEN,M. NES, I. Isolation and characterization of a new 567
bacteriocin, termed enterocin M, produced by environmental isolate Enterococcus 568
faecium AL41. Ind Microbiol Biotechnol (2007) 34:533–537 DOI 10.1007/s10295-569
007-0226-4 123. 570
LAUKOVÁ, A. et al. Inhibition of Listeria innocua enterica serovar Dusseldorf by 571
enterocin A in gnotobiotic Japanese quails. Vet Med – Czech. v.49, p.47-51, 2008. 572
MADERA, C.; GARCÍA, P.; JANSEN, T.; RODRÍGUEZ, A.; SUÁREZ, J. E. 573
Characterisation of technologically proficient wild Lactococcus lactis strains resistant 574
to phage infection. International Journal of Food Microbiology, v. 86, n. 3, p. 213-575
222, 2003. 576
MARTINEZ, F. A. C.; BALCIUNAS, E. M.; CONVERTI, A.; COTTER, P. D.; 577
OLIVEIRA, R. P. S. Bacteriocin production by Bifidobacterium spp. A review. 578
Biotechnology Advances 31 482–488, 2013. 579
MAREKOVÁ, M.; LAUKOVÁ, A.; SKAUGEN,M. NES, I. Isolation and 580
characterization of a new bacteriocin, termed enterocin M, produced by 581
environmental isolate Enterococcus faecium AL41. Ind Microbiol Biotechnol 582
(2007) 34:533–537 DOI 10.1007/s10295-007-0226-4 123. 583
MAYR-HARTING, A.; HEDGES, A. e BERKELEY, R. Methods for studying 584
bacteriocins. Methods in Microbiology, v.12, p.39-86, 1972. 585
586
129
MORENO, F.M.R., SARANTINOPOULOS, P., TSAKALIDOU, E., DE VUYST, L. The 587
role and application of enterococci in food and health, review. International 588
Journal of Food Microbiology 106 (2006) 1 – 24. 589
MORENO, M. et al. Microbial analysis of Malaysian tempeh, and characterization of 590
two bacteriocins produced by isolates of Enterococcus faecium. J Appl Microbiol, 591
London, v.92, p.147-157, 2002. 592
NASCIMENTO, M.S.; MORENO, I.; KUAYE, A.Y. Bacteriocinas em alimentos: uma 593
revisão. Brasilian Jouurnal of Microbiology, São Paulo, v.11, p.120-127, 2008. 594
PAPAGIANNI, M. Ribosomally synthesized peptides with antimicrobial properties: 595
biosynthesis, structure, function, and applications. Biotechnology Advances, 596
Baltimore, v.21, p.465-499, 2003. 597
POETA, P.; IGREJAS, G.; COSTA, D.; SARGO, R.; RODRIGUES, J.; TORRES, C. 598
Virulence factors and bacteriocins in faecal enterococci of wild boars. J Basic 599
Microbiol, 48:385–392., 2008. 600
PARK, S.; ITOH, K. e FUJISAWA, T. Characteristics and identification of enterocinas 601
produced by Enterococcus faecium JCM 5804. J Appl Microbiol, London, v.95, 602
p.294-300, 2003. 603
SABIA, C. et al. Enterocin 416K1, an antilisterial bacteriocin produced by 604
Enterococcus casseliflavus IM 416K1 isolated from Italian sausages. Int J Food 605
Microbiol, Amsterdam, v.75, p.163-170, 2003. 606
SABIA, C. et al. Bacteriocin-producing Enterococcus casseliflavus IM 416K1, a 607
natural antagonist for control of Listeria monocytogenes in Italian sausages 608
(“cacciatore”). Int J Food Microbiol, Amsterdam, v.87, p.173-179, 2004. 609
SABIA, C. et al. Study of two bacteriocins produced by E. casseliflavus and 610
E.faecalis. Letters Appl Microbiol, Oxford, v.38, p. 99-105, 2009. 611
TODOROV, S.D.; DICKS, L.M.D. Bacteriocin prodution by lactobacillus pentosus 612
ST712BZ isolated from Boza. Brasilian Jounal of Microbiology, São Paulo, v.38, 613
p.166-172, 2007. 614
130
TODOROV, S. D. Bacteriocins from lactobacillus plantarum – production, genetic 615
organization and mode of action, Brazilian Journal of Microbiology. 40:209-221 616
ISSN 1517-8382, 2009. 617
ZACHAROF, M. P.; LOVITT, R. W. Bacteriocins Produced by Lactic Acid Bacteria. A 618
Review Article. Published by Elsevier B.V. Selection and/or peer review under 619
responsibility of Asia-Pacific Chemical, Biological & Environmental Engineering 620
Society/ APCBEE, Procedia 2, p.50 :56, 2012.621
132
6.1 Conclusões Gerais
Com o intuito de preservar as características originais do queijo de Coalho
artesanal produzido nos Municípios de Cachoeirinha e Arcoverde - em Pernambuco,
como um produto tradicional que representa a cultura nordestina e visando melhorar
a qualidade tecnológica e sanitária deste produto. A partir de cinco amostras de
queijo de Coalho artesanal foram isoladas, purificadas e submetidas à identificação,
por análises de características fisiológicas, 640 Isolados. Deste total 609 (95,16%)
foram identificadas como Bactérias Ácido Láticas, 553 (90,8%) cocos e 56 (9,2%)
bacilos. Os gêneros isolados por ordem de frequência foram: Enterococcus,
Streptococcus, Lactococcus, Lactobacillus e Leuconostoc.
A semelhança do perfil microbiano lático encontrado nos dois municípios
estudados, Cachoeirinha e Arcoverde – PE, sugere padronização do queijo de
Coalho artesanal produzido no Agreste Pernambucano, através de particularidades
do Fluxograma de produção e do terroir
Do total de 309 amostras do gênero Enterococcus, 205 (66,34%) foram
identificadas como E. faecalis e 104 (33,66%) como E. faecium. A atividade
antagonista esteve presente em 79,93% dos Enterococcus frente a Listeria innocua
ATCC 33090, em 57,60% frente ao Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e em
27,18% frente a Escherichia coli (ATCC 25922).A atividade antagonista apresentada
pelos Enterococcus faecalis e E. faecium isolados da microbiota endógena do queijo
de Coalho artesanal possuem grande potencial no controle de bactérias patogênicas
e deteriorantes neste tipo de alimento.
Os Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis isolados do queijo de
Coalho artesanal de Cachoeirinha e Arcoverde – PE produziram enterocinas com
atividade antimicrobiana frente à Listeria innocua, Staphylococcus aureus e
Escherichia coli. Apresentando características de estabilidade a temperatura, pH e
na presença de enzimas proteolíticas, representando um potencial promissor para
133
uso como conservantes biológicos, melhorando assim a qualidade microbiológica e
a segurança dos alimentos.
À avaliação tecnológica Os Enterococcus faecalis e E. faecium produtores de
enterocinas testados neste trabalho apresentaram atividade proteolítica extracelular
qualitativa e foram classificados como produtores lentos de ácido, onde só com 24
de incubação alcançaram, respectivamente, o pH 4,6 e 4,5; promovendo a
coagulação do leite. Possuindo assim o potencial para serem utilizadas na elaboração
de um fermento lático para a fabricação de queijo de Coalho.
134
6.2 Sugestões para trabalhos futuros
Este trabalho produziu conhecimentos originais sobre a microbiota lática do
queijo de Coalho artesanal produzido em Pernambuco, da atividade antagonista dos
Enterococcus faecalis e E. faecium, e de suas enterocinas. No entanto, os temas
aqui abordados podem ter sequência e serem aprofundados em trabalhos futuros.
Com o objetivo de contribuir para a continuidade das pesquisas são sugeridos a
seguir:
Purificação e sequenciamento das enterocinas produzidas;
Otimização do processo de produção das enterocinas produzidas através da
utilização de substratos de baixo custo, como o soro do leito;
Aprofundamento de estudos a respeito da patogenicidade das cepas de
Enterococcus isoladas do queijo de Coalho, com detecção de genes
envolvidos na expressão de fatores de virulência, avaliação da produção de
aminas biogênicas e da resistência a antibióticos.
Caracterização das enterocinas produzidas e avaliadas neste trabalho,
quanto ao seu espectro de atividade contra outros microrganismos
deteriorantes e patogênicos.
Formulação de fermentos lácteos a partir das culturas estudadas neste
trabalho, a fim de serem testados no processamento em escala experimental,
do queijo de Coalho com leite pasteurizado. As características sensoriais
deste queijo devem ser avaliadas e comparadas às do queijo artesanal
tradicional.
136
ISSN (on line) 1981-0997 Recife, v.8, , n.1, jan-mar, 2013, www.agraria.ufrpe.br
Diretrizes para Autores Objetivo e Polícia Editorial
A Revista Brasileira de Ciências Agrárias (RBCA) é editada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) com o objetivo de divulgar artigos científicos, Para o desenvolvimento científico das diferentes áreas daS Ciências Agrárias. As áreas contempladas São Agronomia, Engenharia, Agrícola, Engenharia, Florestal, Engenharia de Pesca, e Aqüicultura, Medicina Veterinária, e Zootecnia. . Os artigos submetidos à avaliação devem ser originais e inéditos, sendo vetada a submissão simultânea em outros periódicos. A reprodução de artigos é permitida sempre que seja citada explicitamente a fonte.
Forma e preparação de manuscritos O trabalho submetido à publicação deverá ser cadastrado no portal da revista (http://www.agraria.pro.br). O cadastro deverá ser preenchido apenas pelo autor correspondente que se responsabilizará pelo artigo em nome dos demais autores.Só serão aceitos trabalhos depois de revistos e aprovados pela Comissão Editorial, e que não foram publicados ou submetidos em publicação em outro veículo. Excetuam-se, nesta limitação, os apresentados em congressos, em forma de resumo. Os trabalhos subdivididos em partes 1,2..., devem ser enviados juntos, pois serão submetidos aos esmos revisores. Solicita -se observar as seguintes instruções para o preparo dos artigos. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente deve apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na sub missão.
Composição sequencial do artigo
a.Título: no máximo com 15 palavras, em que apenas a primeira letra da primeira palavra deve ser maiúscula. b.Os artigos deverão ser compostos por,no máximo,7(sete) autores; c .Resumo: no máximo com 15 linhas; d. Palavras-chave: no mínimo três e no máximo cinco, não constantes no Título; e. Título em inglês no máximo com 15 palavras, ressaltando-se que só a primeira letra da primeira palavra deve ser maiúscula; f.Abstract: no máximo com 15 linhas, devendo ser tradução fiel do Resumo; g. Key words: no mínimo três e no máximo cinco; h.Introdução: destacar a relevância do artigo, inclusive através de revisão de literatura; i. Material e Métodos; j.Resultados e Discussão; k.Conclusões devem serescritas de forma sucinta, isto é, sem comentários nem explicações adicionais, baseando-se nos objetivos da pesquisa; l.Agradecimentos (facultativo); m.Literatura Citada.
137
Observação:Quando o artigo for escrito em inglês, o título, resumo e palavraschave deverão também constar, respectivamente, em Português ou espanhol, mas com a sequência alterada, vindo primeiro no idioma principal.
Edição do texto a.Idioma: Português, Inglês e Espanhol b.Processador: Word for Windows; c.Texto: fonte Times New Roman, tamanho 12. Não deverá existir no texto palavras em negrito; d.Espaçamento: duplo entre o título, resumo e abstract; simples entre item e subitem; e no texto, espaço 1,5; e.Parágrafo: 0,5 cm; f.Página: Papel A4, orientação retrato, margens superior e inferior de 2,5 cm, e esquerda e direita de 3,0 cm, no máximo de 20 páginas não numeradas; g.Todos os itens em letras maiúsculas, em negrito e centralizados, exceto Resumo, Abstract, alavras -chave e Key words, que deverão ser alinhados à esquerda e apenas as primeiras letras maiúsculas. Os subitens deverão ser alinhados à esquerda, em negrito e somente a primeira letra maiúscula; h. As grandezas devem ser expressas no SI (Sistema Internacional) e a terminologia científica deve seguir as convenções internacionais de cada área em questão; i.Tabelas e Figuras (gráficos, mapas, imagens, fotografias, desenhos )-Títulos de tabelas e figuras deverão ser escritos em fonte Times New Roman, estilo normal e amanho 9 ;-As tabelas e figuras devem apresentar larguras de 9 ou 18 cm, com texto em fonte Times New Roman, tamanho 9, e ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Exemplo de citações no texto: Figura 1; Tabela 1. Tabelas e figuras que possuem praticamente o mesmo título deverão ser agrupadas em uma tabela ou figura criando - se, no entanto, um indicador de diferenciação. A letra indicadora de cada sub-figura numa figura agrupada deve ser maiúscula e com um ponto (exemplo: A.), e posicionada ao lado esquerdo superior da figura e fora dela. As figuras agrupadas devem ser citadas no texto da seguinte forma: Figura 1A; Figura 1B; Figura 1C. -As tabelas não devem ter tracejado vertical e o mínimo de tracejado horizontal. Exemplo do título, o qual deve ficar acima: Tabela 1. Estações do INMET selecionadas (sem ponto no final). Em tabelas que apresentam a comparação de médias, mediante análise estatística, deverá existir um espaço entre o valor numérico (média) e a letra. As unidades deverão estar entre parêntesis . -As figuras não devem ter bordadura e suas curvas (no caso de gráficos) deverão ter espessura de 0,5 pt, e ser diferenciadas através de marcadores de legenda diversos e nunca através de cores distintas. Exemplo do título, o qual deve ficar abaixo: Figura 1. Perda acumulada de solo em função do tempo de aplicação da chuva simulada (sem ponto no final). Para não se tornar redundante, as figuras não devem ter dados constantes em tabelas. Fotografias ou outros tipos de figuras deverão ser escaneadas com 300 dpi e inseridas no texto. O(s) autor(es) deverá(ão) primar pela qualidade de resolução das figuras, tendo em vista uma boa reprodução gráfica. As unidades nos eixos das figuras devem estar entre parêntesis, mas, sem separação do título por vírgula. Exemplos de citações no texto a.Quando a citação possuir apenas um autor: ... Freire (2007) ou ... (Freire2007). b.Quando possuir dois autores: ... Freire & Nascimento (2007), ou ... (Freire & Nascimento, 2007). c.Quando possuir mais de dois autores: Freire et al.(2007), ou (Freire et al., 2007).
138
Literatura citada O artigo deve ter, preferencialmente, no máximo 25 citações bibliográficas, sendo a maioria em riódicos recentes. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/2000) conforme normas próprias da revista. As referências citadas no texto deverão ser dispostas em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor e conter os nomes de todos os autores, separados por ponto e vírgula. As citações devem ser, preferencialmente, de publicações em periódicos, as quais deverão ser apresentadas conforme os exemplos a seguir: a.Livros Mello , A.C.L.de; Véras, A.S.C.; Lira, M.de A.; Santos, M.V.F. dos; Dubeux Júnior, J.C.B; Freitas, E.V.de; Cunha, MV.da . Pastagens de capim-elefante:produção intensiva de leite e carne. Recife: Instituto Agronômicode Pernambuco, 2008. 49p. b.Capítulo de livrosSerafim, C.F.S.; Hazin, F.H.V. O ecossistema costeiro. In: Serafim; C.F.S.; Chaves, P.T. de (Org.). O mar no espaço geográfico brasileiro. Brasília-DF: Ministério da Educação, 2006. v. 8, p. 101-116. c.RevistasSempre que possível o autor deverá acrescentar a url para o artigo referenciado e onúmero de identificação DOI (Digital Object Identifiers).Quando o artigo tiver aurl.Oliveira, A.B. de; Medeiros Filho, S. Influência de tratamentos pré-germinativos, temperatura e luminosidade na germinação de sementes de leucena, cv. Cunningham. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.7, n.4, p.268-274, 2007.http://agraria.pro.br/sistema/index.php?journal=agraria&page=article&op=view&path%5B%5D=183&path%5B%5D=104>. 29 Dez. 2012. Quando o artigo tiver DOI.Costa, R.B. da; Almeida, E.V.; Kaiser, P.; Azevedo, L.P.A. de; Tyszka artinez, D. Tsukamoto Filho, A. de A. Avaliação genética em progênies de Myracrodruon urundeuvaFr. All. na região do Pantanal, estado do Mato Grosso. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.6, n.4, p.685-693, 1.<http://dx.doi.org/10.5039/agraria.v6i4a1277>d.Dissertações e teses Bandeira, D.A. Características sanitárias e de produção da caprinocultura nas microrregiões do Cariri do estado da Paraíba. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2005. 116p. Tese Doutorado.e.WWW (World ide Web) e FTP (File Transfer Protocol)Burka, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. <http://www.aka.org.cn/Magazine/Aka4/interhisE4.html>. 29Nov. 2012. Não serão aceitas citações bibliográficas do tipo apud ou citado por, ou seja, as citações deverão ser apenas das referências originais.Citações de artigos no prelo, comunicação pessoal, folder, apostila, monografia, trabalho de conclusão de curso de graduação, relatório técnico e trabalhos em congressos, não são aceitos na elaboração dos artigos.
Outras informações sobre a normatização de artigos 1) Os títulos das bibliografias listadas devem ter apenas a primeira letra da primeira palavra maiúscula, com exceção de nomes próprios. O título de eventos deveráter apenas a primeira letra de cada palavra maiúscula; 2) O nome de cada autor deve ser por extenso apenas o primeiro nome e o último sobrenome, sendo apenas a primeira letra maiúscula;3) Não colocar ponto no final de palavras-chave, key words e ítulos de tabelas e figuras. Todas as letras das palavras-chave devem ser minúsculas, incluindo a primeira letra aprimeira palavra-chave; 4) No Abstract, a casa decimal dos números deve ser indicada por ponto em vez de vírgula; 5) A Introdução deve ter, preferencialmente, no máximo 2 páginas. Não devem existir na Introdução equações, tabelas, figuras, e texto teórico sobre um determinado assunto; 6) Evitar parágrafos muito longos; 7) Não deverá existir itálico no texto, em equações, tabelas e figuras, exceto nos nomes científicos de animais e culturas agrícolas, assim como, nos títulos das tabelas e figuras escritos em inglês; 8) Não deverá existir negrito no texto, em equações, figuras e tabelas, exceto no título do artigo e nos seus itens e subitens; 9) Em figuras agrupadas, se o título dos eixos x e y forem iguais, deixar só um título centralizado;
139
10) Todas as letras de uma sigla devem ser maiúsculas; já o nome por extenso de uma instituição deve ter maiúscula apenas a primeira letra de cada nome; 11) Nos exemplos seguintes o formato correto é o que se encontra no lado direito da igualdade: 10 horas = 10 h; 32 minutos = 32 min; 5 l (litros) = 5 L; 45 ml = 45 mL; l/s = L.s-1; 27oC = 27 oC; 0,14 m3/min/m = 0,14 m3.min-1.m-1; 100 g de peso/ave = 100 g de peso por ave; 2 toneladas = 2 t; mm/dia = mm.d-1; 2x3 =2 x 3(deve ser separado); 45,2 -61,5 = 45,2-61,5(deve ser junto). A % é unidade que deve estar junta ao número (45%). Quando no exto existirem valores numéricos seguidos, colocar a unidade somente no último valor (Exs.: 20 e 40 m; 56,0,82,5 e 90,2%).Quando for pertinente, deixar os valores numéricos com no máximo duas casas decimais; 12) No texto, quando se diz que um autor citou outro, deve-se usar apud em vez de citado por. Exemplo: Walker (2001) apud Azevedo (2005) em vez de Walker (2001) citado por Azevedo (2005). Recomendamos evitar essa forma de citação. 13) Na definição dos parâmetros e variáveis de uma equação, deverá existir um traço separando o símbolo de sua definição. A numeração de uma equação dever estar entre parêntesis e alinhada esquerda. Uma equação dever ser citada no texto conforme os seguintes exemplos: Eq. 1; Eq. 4.; 14) Quando o artigo for submetido não será mais permitida mudança de nome dos autores, eqüência de autores e quaisquer outras alterações que não sejam solicitadas pelo editor.
Procedimentos para encaminhamento dos artigos
O autor correspondente deve se cadastrar com autor e inseriro artigo no endereço http://www.agraria.ufrpe.brOu http://www.agraria.pro.br O autor pode se comunicar com a Revista por meio do e-mail [email protected], [email protected] ou [email protected] .
140
ISSN 1413-7054 printed version
ISSN 1981-1829 online version
Scope and Policy
The publication of articles depend on the observance of the Editorial Norms
and on the evaluation from the Editorial Board and/or ad hoc referees. All
evaluations are confidential and impartial; authors and members of the
Editorial Board and/or ad hoc referees do not share information.
Manuscripts Form and Presentation
1. Concepts and affirmations included in articles are of the entire responsibility of the
authors.
2. "Ciencia e Agrotecnologia", a journal edited once every two months by UFLA's
Publishing House (Editora UFLA) of the Universidade Federal de Lavras (Brazil), publishes
scientific articles in the area of agricultural crops, elaborated by researchers of the national
and international scientific community. Submission of a manuscript implies that it is neither
under consideration for publication elsewhere nor has appeared previously in part or in
whole. On acceptance for publication, authors assign to the Editors full copyright of the
manuscript in all languages and countries. Publications will depend on editorial rules and on
the review of experts and ad hoc commission. Reviewer and editorial opinions will be
anonymously communicated to authors.
3. Cost of publication: the cost for publication is US$15.00 (fifteen dollars) per edited page
(printed page in the final format) up to six pages and US$30.00 (thirty dollars) for additional
page. A non refundable, US$ 40.00 (forty dollars) fee must be paid at submission and it
will be discounted from the final edited article cost (final format). At submission, the receipt
of the bank deposit or money transfer (payable to FUNDECC/Editora, Banco do Brasil,
Agency 0364-6; Account number 58.382-0) must be sent attached in the field "Transference
141
of Supplementary Documents".
4. Articles submitted for publication must be presented electronically
(www.editora.ufla.br/revista), written in English, using only conventional abbreviations and
nomenclature with no abbreviations on the title. Articles must be edited using the program
Microsoft Word for Windows (version 98, 2000, 2003 or XP) on paper size A4 (21 cm x
29.7cm), double spaced using font Times New Roman, size 12, with a 2.5 cm margin on
both left and right hand side, upper and lower margin, heading and footnote. The manuscript
must present a maximum of 16 pages. All authors must sign a letter of agreement for the
publication (in a single document) and send attached in the field "Transference of
Supplementary Documents". Any insertion, exclusion or alteration in the authors order must
be notified by all authors (including the excluded author, if the case).
5. Each manuscript must be organized in:
a) TITLE sufficiently clear; conspicuous and complete, without superfluous words, written
in English and Portuguese. It is recommended to initiate with the term that represent the
most important aspect, with other terms in decreasing of importance;
b) FULL NAME(S) OF THE AUTHOR(S) IN CAPITAL LETTERS (without
abbreviations), on the right hand side, one name underneath the other, with the footnote
page containing their professional qualification or academic training and their work
institution. The manuscript must have a maximum of 6 (six) authors;
c) ABSTRACT must be written continuously without paragraph and it must not exceed 250
words. At least, it must contain a brief introduction, objective and results,
d) INDEX TERMS with 3 to 5 key words that express the content of the article, different of
those used in the title and described in capital and small letters and separated by comma;
e) RESUMO (abstract translated to Portuguese);
f) TERMOS PARA INDEXAÇÃO (index terms translated to Portuguese);
g) INTRODUCTION (including literature review and objective); h) MATERIALS AND
METHODS; i) RESULTS AND DISCUSSION (it may include tables and figures);
j) CONCLUSIONS;
k) ACKNOWLEDGEMENTS (optional);
l) REFERENCES (without thesis and dissertation cites).
6. FOOTNOTE: It must contain title degree (MS, PhD, Dr, etc), full work address
142
(Institution, street, number, zip code, city, state, country) and e-mail of the all authors.
7. ACKNOWLEDGEMENTS: Acknowledgements to people or institutions might be
included at the end of the text prior References. The written style must be serious and
clear, indicating the reasons of the acknowledgements made.
8. TABLES AND FIGURES: Must be included right after their citation in the text.
9. PHOTOGRAPHS, GRAPHS, FIGURES, SYMBOLS OR FORMULA
CONTAINED IN THEARTICLE SHOULD OBEY THE FOLLOWING RULES:
9.1. Photographs may be in color or in black and white, clear and with contrast, inserted
in the text after their citation and also in a separate file (on the same diskette as the article)
saved in extension "TIFF" or "JPEG" with resolution of 300 dpi. Press copies will only
present photographs in black and white.
9.2. Figures may be in color or in black and white, clear and with contrast, inserted in the
text after their citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved
in extension "TIFF" or "JPEG" with resolution of 300 dpi. They must be elaborated
using Times New Roman font, size 10, without bold, without text box and arranged.
Press copies will only present figures in black and white.
9.3. Graphs must be inserted in the text after their citation as well as in an attached file.
Graphs must be elaborated preferentially in Excel, using Times New Roman font, size 10,
without bold, saved in XLS extension and transformed in TIFF or JPG, with resolution
of 300 dpi.
9.4. Symbols and Chemical Formula must be presented using a word processor that
permits a format for Page Maker (ex: MathType, Equation) without loss of its original
form.
10. REFERENCES: starting with Volume 18, Number 1, 1994 the references must be cited
according to NBR6023/2002 of ABNT. All references and their correct citation in the text
are of the entire responsibility of the author(s). Some important orientations: all authors of
the scientific document must be presented (source); the journal must be cited using its full
name; all references must present the name of the city where the journal was published; all
references must be cited alphabetically. References must be cited using double space.
EXAMPLES (most common types).
JOURNAL ARTICLE: CAMPOS, V.P.; PINHO, R.S.C.; FREIRE, E.S. Volatiles produced
by interacting microorganisms potentially useful for the control of plant pathogens. Ciência
e Agrotecnologia, Lavras, v.34, n.3, p.525-535, maio/jun., 2010.
143
Book:
a) Complete book: FERREIRA, D.F. Estatística multivariada. Lavras: UFLA, 2008. 672p.
b) Book chapter With a specific author: BERGEN, W.G.; MERKEL, R.A. Protein accretion.
In: PEARSON, A.M.; DUTSON, T.R. Growth regulation in farm animals: advances in
meat research. London: Elsevier Science, 1991. v.7, p.169-202. Without a specific author
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Tecido muscular. In: ______. Histologia básica. 11.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 524p.
DISSERTATION AND THESIS: Do not use citations of dissertation or thesis.
ABSTRACTS PRESENTED IN A CONGRESS AND OTHER EVENTS: Do not use
citations of abstracts presented in a congress and other events.
ELECTRONIC DOCUMENTS:
Studies consulted online are referenced according to the specific rules for each type of
document with the addition of the electronic address information presented in
parenthesis (<>) preceded by the expression "Available at" and the date of access to
the document, preceded by the expression: "Access on:" Note: It is not recommended to
reference electronic material of short duration on the web. (ABNT, NBR6023, 2002, p.4).
According to international standards, the division of electronic address at the end of the line
should be always after the stroke (/).
a) Complete book TAKAHASHI, T. (Coord.). Tecnologia em foco. Brasília, DF:
Socinfo/MCT, 2000. Available in: <http://www.socinfo.org.br>. Access in: 22 ago. 2000.
b) Part of a book TAKAHASHI, T. Mercado, trabalho e oportunidades. In: ______.
Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília, DF: Socinfo/MCT, 2000. cap.2.
Available in: <http://www.socinfo.gov.br>. Access in: 22 ago. 2000.
c) Journal article (online access): JASPER, S.P.; BIAGGIONI, M.A.M.; RIBEIRO, J.P.
Avaliação do desempenho de um sistema de secagem projetado para os pequenos produtores
rurais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.32, n.4, p.1055-1061, jul./ago. 2008. Available
in: <http://www.editora.ufla.br/revista/32_4/(04)%20Artigo%204193.pdf>. Access in: 25
nov. 2008.
CITATION: BY THE ALPHABETIC SYSTEM (AUTHOR-DATA) (according to
ABNT, NBR10520/2002):
Two authors: Davis & Jones (2010) or (Davis & Jones, 2010). Three or more authors: Ross
et al. (2009) or (Ross et al., 2009). Note: When two authors are cited in the same article they
are separated by & (commercial). If there is more cites in the same text, it must present the
authors in a crescent chronological order: Souza (2008), Pereira (2009) and Holmes (2010);
144
or (Souza, 2008; Pereira, 2009; Holmes, 2010).
11. Publication process: upon submission, the editorial board evaluates if the article
presents comparative relevance with other articles of the same knowledge area that were
submitted for publication. If it is considered as relevant, the article will be submitted to peer
reviewers. Approved by the peer reviewers, if necessary, the article may return to the
correspondent author for corrections. If the corrections are not returned within the required
deadline, the article will be automatically canceled. Requested corrections not attended
without justification may also lead to cancellation. After these revisions, the article will
receive corrections of scientific nomenclature, English, references and Portuguese.
Following these corrections, the article will be edited and published according to the order
of receipt and approval.
[Home] [About the journal] [Editorial board] [Subscriptions]
All the content of the journal, except where otherwise noted, is licensed under a
Creative Commons License
Caixa Postal 3037, Campus Histórico
Caixa Postal
37200-000 Lavras - MG - Brasil
Tel.: +55 35 3829-1115
Fax: +55 35 3829-1532
146
LWT- Food Science and Technology
ISSN: 0023-6438
LWT- FOOD SCIENCE AND TECHNOLOGY An official journal of the Swiss Society of Food Science and Technology
(SGLWT/SOSSTA)and the International Union of Food Science and Technology
(IUFoST).AUTHOR INFORMATION PACKTABLE OF CONTENTS.
.
• Description
• Abstracting and Indexing
• Editorial Board
• Guide for Authors
DESCRIPTION .
LWT - Food Science and Technology
is an international journal that publishes innovative papers inthe fields
of food chemistry, biochemistry, microbiology, technology and nutrition The
work described should be innovative either in the approach or in the
methods used. The significance of the results either for the science
ommunity or for the food industry must also be specified. Contributions
written in English are welcomed in the form of review articles, short
eviews, research papers, and research notes. Papers featuring animal trials
are outside the scope of the journal and will not be considered for
publication.
Database Coverage includes Current Contents, Cambridge Scientific bstracts,
Biological Abstracts,IFIS, Chemical Abstracts, Dairy Science Abstracts,
Food Science and Technology Abstracts and AGRICOLA.Benefits to authors We
also provide many author benefits, such as free PDFs, a liberal copyright
147
policy, special discounts on Elsevier publications and much more. Please
click here for more information on our author services
.
Please see our Guide for Authorsfor information on article submission. If
you require any further
information or help, please visit our support pages:
http://support.elsevier.com
ABSTRACTING AND INDEXING .
AGRICOLACambridge Scientific AbstractsChemical AbstractsCurrent Contents
Dairy Science AbstractsInternational Food Information Service Food Science
and Technology AbstractsScience Citation Index Biological
tractsScienceDirectScopus AGORAEMBiologyEditor-in-ChiefKatrin Hecht,
Dept. Health Sciences and Technology, Lab. of Food and Nutrition
oxicology,EidgenössischeTechnische Hochschule (ETH) Zürich, Schmelzbergstrasse 9,
8092, Zürich, Switzerland U.S. EditorRakesh K. Singh, University of Georgia,
Athens, Georgia, USA Review Editor Shridhar K. Sathe, Florida State University,
Tallahassee, Florida, USA Associate EditorsVijay Juneja,
U.S. Department of Agriculture (USDA), Agricultural Research Service (ARS),
Wyndmoor,Pennsylvania, USAMelanie Loessner, Eidgenössische Technische Hochschule
(ETH) Zürich, Zurich, Switzerland
Catherine M.G.C. Renard, INRA Centre d'Avignon, Avignon, France Mingyong Xie,
Nanchang University, Nanchang, ChinaEditorial Board Members
R. Amado, Eidgenössische Technische Hochschule (ETH) Zürich, Zürich, Switzerland
S. K. C. Chang, IACC 322, Fargo, North Dakota, USA
J. Chirife, Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina
E. Choe, Inha University, Nam-Gu, Incheon, South Korea
F. Escher, Eidgenössische Technische Hochschule (ETH) Zürich, Zürich, Switzerland
R. Gormley, Teagasc, Dublin, Ireland
P. Gélinas, Agriculture and Agri-Food Canada (AAFC), St.-Hyacinthe, Quebec, Canada
D.G. Hoover, University of Delaware, Newark, Delaware, USA
W. Kerr, University of Georgia, Athens, Georgia, USA
W. Kneifel, Universitat für Bodenkultur Wien (BOKU), Vienna, Austria
U. Kulozik, Technische Universität München, Freising-Weihenstephan, Germany
C. Lacroix, Eidgenössische Technische Hochschule (ETH) Zürich, Zürich, Switzerland
K. Lorenz, Colorado State University, Fort Collins, Colorado, USA
H. N. Mishra, Indian Institute of Technology, Kharagpur, India
G.S. Mittal, University of Guelph, Guelph, Ontario, Canada
L. Nyström, Eidgenössische Technische Hochschule (ETH) Zürich, Zurich, Switzerland
S. Quek, University of Auckland, Auckland, New Zealand
R. N. Reddy, Food and Drug Administration (FDA), Summit-Argo, Illinois, USA
Y.H. Roos, University College Cork, Cork, Ireland
C.M. Rosell,Institute of Agrochemistry and Food Technology, Paterna, Valencia,
Spain
P. Schieberle, Technische Universität München, Garching, Germany
J. Shi, Agriculture and Agri-Food Canada (AAFC), Guelph, Ontario, Canada
H. Singh, Massey University, Palmerston North, New Zealand
W.E.L. Spieß, Max-Rubner-Institut; Federal Institute for Nutrition, Karlsruhe,
Germany
C.C. Tadini, Universidade de São Paulo (USP), Sao Paulo, Brazil
J.F. Thibault, Institut National de la Recherche Agronomique INR, Nantes, France
D. Topping, CSIRO (The Commonwealth Scientific and Industrial Research
Organization), Adelaide, SouthAustralia, Australia
H.M. Tuorila, University of Helsinki, Helsinki, Finland
A. van Loey, K.U.Leuven Association, Heverlee, Belgium
M. Venkatachalam, The Hershey Company, Hershey, Pennsylvania, USA
S. Wang, Tianjin University, Tianjin, China
H. Watzke, Nestlé Research Center, Lausanne, Switzerland
L. Yu, University of Maryland, College Park, Maryland, USA
148
F. Zhong, Jiangnan University, Jiangsu, China
AUTHOR INFORMATION PACK
16 Mar 2014www.elsevier.com/locate/lwt3
GUIDE FOR AUTHORS .
INTRODUCTION
LWT - Food Science and Technology is an official journal of the Swiss
ociety of Food Science and Technology (SGLWT/SOSSTA) and the International
Union of Food Science and Technology (IUFoST).LWT - Food Science and
echnology is an international journal that publishes innovative papers in
the fields of food chemistry, biochemistry, microbiology, technology and
nutrition. The work described should be innovative either in the approach
or in the methods used. The significance of the results either for the
science community or for the food industry must also be specified.
Contributions that do not fulfil these requirements will not be considered
for review and publication. Submission of a paper will be held to imply
that it presents original research, that it has not been published
previously, and that it is not under consideration for publication
elsewhere. Papers featuring animal trials are outside the scope of the
journal and will not be considered for publication. Types of paper Three
types of peer-reviewed papers will be published: Timely Reviews . These
concise reviews should present a focused aspect on a topic of current
interest or an emerging field. They are not intended as comprehensive
literature surveys covering all aspects of the topic, but should include
all major findings and bring together reports from a number of sources.
They should aim to give balanced, objective assessments by giving due
reference to relevant published work, and not merely present the prejudices
of individual authors or summarise only work carried out by the authors or
by those with whom the authors agree. Undue speculation should also be
avoided.These reviews will receive priority in publication.
The reviews may address pertinent issues in food science, technology,
processing, nutritional aspectsof raw and processed foods and may include
nutraceuticals, functional foods, use of "omics" in food quality, food
processing and preservation, and food production. Topics to be covered
should be at the cutting edge of science, well thought out, succinct,
focused and clear. Ideally, the review should provide a view of the state
of the art and suggest possible future needs and trends.
All articles will be subjected to peer review process.
Submit an abstract of the proposed review to the Reviews Editor (Professor
Shridhar Sathe,[email protected] for consideration prior to preparing the full
length manuscript. Abstract of the proposed work should include the
following:
a. The abstract should identify the need for the proposed article, the
intended audience, and fivekey words.
b. Title (120 characters or less)
c. Short abstract (≤ 300 words).
d. Identify the address and contact information for the contact author. The
contact information should include author name, postal address, telephone
number, fax number, and email.
e. Anticipated time needed to complete the proposed work once the initial
abstract has been approved.Manuscript Preparation
a. All lines and pages must be continuously numbered.
b. All text should be double-spaced.
c. Total manuscript length ≤ 3,000 words (text portion).
149
d. Total number of Tables ≤ 5.
e. Total number of figures ≤ 5.
f. Maximum number of references (including those cited in tables and
figures) not to exceed 50.
g. In the reference list identify five (5) key references (indicated by an
* in front of the reference in the reference section). In two to three
sentences explain why this reference is a key reference.
Research Papers. Reports of complete, scientifically sound, original
research which contributes new knowledge to its field. The paper must be
organised as described in Article Structure below. Papers should not exceed
5000 words (approximately 18 typed pages)AUTHOR INFORMATION PACK16 Mar 2014
www.elsevier.com/locate/lwt4
Research Notes
. Brief reports of scientifically sound, original research of limited scope
of new findings. Research Notes have the formal organisation of a full
paper. Such notes will receive priority of publication. Research notes
should not exceed 2500 words (approximately 9 typed pages)Contact details
for submissionSubmission for all types of manuscripts to LWT - Food
Science and Technologyproceeds totally online.Via the Elsevier Editorial
System (EES) website for this journal, http://ees.elsevier.com/lwt , you
willbe guided step-by-step through the creation and uploading of the
various files.Revised papers received more than three months after
reviewers' comments were sent may be treated as new submissions, at the
discretion of the Editor. If the author has not replied to
reminders/enquiries about revisions within 6 months, the paper will be
considered to have lapsed, and any subsequent submission will be treated as
a new submission and must be submitted to the journal using the above
process, addressed to the Editor-in-Chief, with an explanation that it had
previously been submitted to the journal.
BEFORE YOU BEGIN
Ethics in publishing
For information on Ethics in publishing and Ethical guidelines for journal
publication see http://www.elsevier.com/publishingethics and
http://www.elsevier.com/journal-authors/ethics.By submitting this
manuscript, the authors agree that text, equations, or figures from
previously
published articles or books have been clearly identified in full and their
origin clearly explained in the adjacent text, with appropriate references
given at the end of the paper. Duplication of text is rarely justified,
even with diligent referencing. Exceptions may be made for descriptions of
standard experimental techniques, or other standard methods used by the
author in the investigation; but an appropriate citation is preferable.
Authors who duplicate material from their own published work in a new
article, without clearly identifying the repeated material and its source
as outlined above, are self-plagiarising.
Conflict of interest
All authors are requested to disclose any actual or potential conflict of
interest including any financial,personal or other relationships with other
people or organizations within three years of beginning the submitted work
that could inappropriately influence, or be perceived to influence, their
work. See also http://www.elsevier.com/conflictsofinterest . Further
information and an example of a Conflict of Interest form can be found at:
150
http://help.elsevier.com/app/answers/detail/a_id/286/p/7923.
Submission declaration
Submission of an article implies that the work described has not been
published previously (except in the form of an abstract or as part of a
published lecture or academic thesis or as an electronic preprint, see
http://www.elsevier.com/postingpolicy ), that it is not under consideration
for publication elsewhere, that its publication is approved by all authors
and tacitly or explicitly by the responsible authorities where the work was
carried out, and that, if accepted, it will not be published elsewhere
including electronically in the same form, in English or in any other
language, without the written consent of the copyright-holder.
Authorship
All authors should have made substantial contributions to all of the
following: (1) the conception and design of the study, or acquisition of
data, or analysis and interpretation of data, (2) drafting the article or
revising it critically for important intellectual content, (3) final
approval of the version to be submitted.
Changes to authorship
This policy concerns the addition, deletion, or rearrangement of author
names in the authorship of accepted manuscripts:
Before the accepted manuscript is published in an online issue: Requests to
add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to
the Journal Manager from the corresponding author of the accepted
manuscript and must include: (a) the reason the name should be added or
removed, or the author names rearranged and (b) written confirmation (e-
mail, fax, letter) from all authors that they agree with the addition,
removal or rearrangement. In the case of addition or removal of
authors,this includes confirmation from the author being added or removed.
Requests that are not sent by the corresponding author will be forwarded by
the Journal Manager to the corresponding author,
who AUTHOR INFORMATION PACK 16 Mar 2014www.elsevier.com/locate/lwt5
must follow the procedure as described above. Note that: (1) Journal
Managers will inform the Journal Editors of any such requests and (2)
publication of the accepted manuscript in an online issue is suspended
until authorship has been agreed. After the accepted manuscript is
published in an online issue : Any requests to add, delete, or rearrange
author names in an article published in an online issue will follow the
same policies as noted above and result in a corrigendum. Copyright This
journal offers authors a choice in publishing their research: Open Access
and Subscription. For Subscription articles Upon acceptance of an article,
authors will be asked to complete a 'Journal Publishing Agreement' (for
more information on this and copyright, see
http://www.elsevier.com/copyright ). An e-mail will be sent to the
corresponding author confirming receipt of the manuscript together with a
'Journal Publishing Agreement' form or a link to the online version of this
agreement. Subscribers may reproduce tables of contents or prepare lists of
articles including abstracts for internal circulation within their
institutions. Permission of the Publisher is required for resale or
distribution outside the institution and for all other derivative works,
including compilations and translations (please consult
http://www.elsevier.com/permissions ). If excerpts from other copyrighted
works are included, the author(s) must obtain written permission from the
151
copyright owners and credit the source(s) in the article. Elsevier has
preprinted forms for use by authors in these cases: please consult
http://www.elsevier.com/permissions.
For Open Access articles
Upon acceptance of an article, authors will be asked to complete an
'Exclusive License Agreement' (for more information see
http://www.elsevier.com/OAauthoragreement ). Permitted reuse of open access
articles is determined by the author's choice of user license (see
http://www.elsevier.com/openaccesslicenses ).Retained author rights As an
author you (or your employer or institution) retain certain rights. For
more information on author rights for: Subscription articles please see
http://www.elsevier.com/journal-authors/author-rights-and-responsibilities
.Open access articles please see http://www.elsevier.com/OAauthoragreement
.
Role of the funding source
You are requested to identify who provided financial support for the
conduct of the research and/or preparation of the article and to briefly
describe the role of the sponsor(s), if any, in study design; in the
collection, analysis and interpretation of data; in the writing of the
report; and in the decision to submit the article for publication. If the
funding source(s) had no such involvement then this should be stated.
Funding body agreements and policies
Elsevier has established agreements and developed policies to allow authors
whose articles appear in journals published by Elsevier, to comply with
potential manuscript archiving requirements as specified as conditions of
their grant awards. To learn more about existing agreements and policies
please visit http://www.elsevier.com/fundingbodies . Open access
This journal offers authors a choice in publishing their research:Open
Access • Articles are freely available to both subscribers and the wider
public with permitted reuse • An Open Access publication fee is payable by
authors or their research funder Subscription • Articles are made available
to subscribers as well as developing countries and patient groups through
our access programs (http://www.elsevier.com/access )• No Open Access
publication fee AUTHOR INFORMATION PACK 16 Mar
2014www.elsevier.com/locate/lwt6All articles published Open Access will be
immediately and permanently free for everyone to read
and download. Permitted reuse is defined by your choice of one of the
following Creative Commons user licenses:
Creative Commons Attribution (CC BY): lets others distribute and copy the
article, to create extracts, abstracts, and other revised versions,
adaptations or derivative works of or from an article (such as a
translation), to include in a collective work (such as an anthology), to
text or data mine the article, even for commercial purposes, as long as
they credit the author(s), do not represent the author as endorsing their
adaptation of the article, and do not modify the article in such a way as
to damage the author's honor or reputation.Creative Commons Attribution-
NonCommercial-ShareAlike (CC BY-NC-SA): for non-commercial purposes, lets
others distribute and copy the article, to create extracts, abstracts and
other revised versions, adaptations or derivative works of or from an
article (such as a translation),to include in a collective work (such as an
anthology), to text and data mine the article, as long as they credit the
152
author(s), do not represent the author as endorsing their adaptation of the
article, do not modify the article in such a way as to damage the author's
honor or reputation, and license their new adaptations or creations under
identical terms (CC BY-NC-SA).
Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs (CC BY-NC-ND): for non-
commercial purposes, lets others distribute and copy the article, and to
include in a collective work(such as an anthology), as long as they credit
the author(s) and provided they do not alter or modify the article.To
provide Open Access, this journal has a publication fee which needs to be
met by the authors or their research funders for each article published
Open Access.Your publication choice will have no effect on the peer review
process or acceptance of submitted articles.The publication fee for this
journal is $3000, excluding taxes. Learn more about Elsevier's pricing
policy: http://www.elsevier.com/openaccesspricing.Language (usage and
editing services)
Please write your text in good English (American or British usage is
accepted, but not a mixture of these). Authors who feel their English
language manuscript may require editing to eliminate possible grammatical
or spelling errors and to conform to correct scientific English may wish to
use the English Language Editing service available from Elsevier's WebShop
(http://webshop.elsevier.com/languageediting/) or visit our customer
support site(http://support.elsevier.com) for more
information.SubmissionSubmission to this journal proceeds totally online
and you will be guided stepwise through the creation
and uploading of your files. The system automatically converts source files
to a single PDF file of the article, which is used in the peer-review
process. Please note that even though manuscript source files are converted
to PDF files at submission for the review process, these source files are
needed for further processing after acceptance. All correspondence,
including notification of the Editor's decision and requests for revision,
takes place by e-mail removing the need for a paper trail.
Authors must provide and use an email address unique to themselves and not
shared with another author registered in EES, or a department.
Review ProcessA peer review system involving two or three reviewers is used
to ensure high quality of manuscripts accepted for publication. The Editor-
in-Chief and Editors have the right to decline formal review of the
manuscript when it is deemed that the manuscript is 1) on a topic outside
the scope of the Journal, 2) lacking technical merit, 3) focused on foods
or processes that are of narrow regional scope and significance, 4)
fragmentary and provides marginally incremental results, or 5) is poorly
written.
RefereesPlease submit, with the manuscript, the names, addresses and e-
mail addresses of three potential referees. Note that the editor retains
the sole right to decide whether or not the suggested reviewers are
used.AUTHOR INFORMATION PACK16 Mar 2014 www.elsevier.com/locate/lwt7 Peer
ReviewsIt is the journal policy to keep the peer reviewing anonymous. Names
of reviewers are only revealed if they are in agreement with the request of
the author. When submitting a manuscript, authors may indicate names of
experts who are not suitable/appropriate for reviewing the paper.
PREPARATION
153
Use of word processing software It is important that the file be saved
in the native format of the word processor used. The textshould be in
single-column format. Keep the layout of the text as simple as possible.
Most formatting codes will be removed and replaced on processing the
article. In particular, do not use the word processor's options to justify
text or to hyphenate words. However, do use bold face, italics, subscripts,
superscripts etc. When preparing tables, if you are using a table grid, use
only one grid for each individual table and not a grid for each row. If no
grid is used, use tabs, not spaces, to align columns.
The electronic text should be prepared in a way very similar to that of
conventional manuscripts (see also the Guide to Publishing with Elsevier:
http://www.elsevier.com/guidepublication ). Note that source files of
figures, tables and text graphics will be required whether or not you embed
your figures in the text. See also the section on Electronic artwork. To
avoid unnecessary errors you are strongly advised to use the 'spell-check'
and 'grammar-check' functions of your word processor.
All lines must be consecutively numbered throughout the manuscript.
Article structure
Subdivision - numbered sections Divide your article into clearly defined
and numbered sections. Subsections should be numbered 1.1 (then 1.1.1,
1.1.2, ...), 1.2, etc. (the abstract is not included in section numbering).
Use this numbering also for internal cross-referencing: do not just refer
to 'the text'. Any subsection may be given a brief heading. Each heading
should appear on its own separate line.
Introduction
State the objectives of the work and provide an adequate background,
avoiding a detailed literature survey or a summary of the results.
Material and methods
Provide sufficient detail to allow the work to be reproduced. Methods
already published should be indicated by a reference: only relevant
modifications should be described.
Results
Results should be clear and concise.
Discussion
This should explore the significance of the results of the work, not repeat
them. A combined Results and Discussion section is often appropriate. Avoid
extensive citations and discussion of published literature.
Conclusions
The main conclusions of the study may be presented in a short Conclusions
section, which may stand alone or form a subsection of a Discussion or
Results and Discussion section.
Appendices
If there is more than one appendix, they should be identified as A, B, etc.
Formulae and equations in appendices should be given separate numbering:
Eq. (A.1), Eq. (A.2), etc.; in a subsequent appendix,Eq. (B.1) and so on.
Similarly for tables and figures: Table A.1; Fig. A.1, etc.Essential title
page information•
154
Title.
Concise and informative. Titles are often used in information-retrieval
systems. Avoid abbreviations and formulae where possible.• Author names and
affiliations.
Where the family name may be ambiguous (e.g., a double name),please
indicate this clearly. Present the authors' affiliation addresses (where
the actual work was done) below the names. Indicate all affiliations with a
lower-case superscript letter immediately after the author's name and in
front of the appropriate address. Provide the full postal address of each
affiliation, including the country name and, if available, the e-mail
address of each author.
AUTHOR INFORMATION PACK
16 Mar 2014www.elsevier.com/locate/lwt12medium for citing a document,
particularly 'Articles in press' because they have not yet received their
full bibliographic information. Example of a correctly given DOI (in URL
format; here an article in the journal Physics Letters
B):http://dx.doi.org/10.1016/j.physletb.2010.09.059
When you use a DOI to create links to documents on the web, the DOIs are
guaranteed never to change.
Online proof correction Corresponding authors will receive an e-mail with
a link to our online proofing system, allowing annotation and correction of
proofs online. The environment is similar to MS Word: in addition to
editing text, you can also comment on figures/tables and answer questions
from the Copy Editor. Web-based proofing provides a faster and less error-
prone process by allowing you to directly type your corrections,
eliminating the potential introduction of errors. If preferred, you can
still choose to annotate and upload your edits on the PDF version. All
instructions for proofing will be given in the e-mail we send to authors,
including alternative methods to the online version and PDF.
We will do everything possible to get your article published quickly and
accurately - please upload all of your corrections within 48 hours. It is
important to ensure that all corrections are sent back to us in one
communication. Please check carefully before replying, as inclusion of any
subsequent corrections cannot be guaranteed. Proofreading is solely your
responsibility. Note that Elsevier may proceed with the publication of your
article if no response is received.
Offprints
The corresponding author, at no cost, will be provided with a PDF file of
the article via e-mail (the PDF file is a watermarked version of the
published article and includes a cover sheet with the journal cover image
and a disclaimer outlining the terms and conditions of use). For an extra
charge, paper offprints can be ordered via the offprint order form which is
sent once the article is accepted for publication. Both corresponding and
co-authors may order offprints at any time via Elsevier's WebShop
(http://webshop.elsevier.com/myarticleservices/offprints).
Authors requiring printed copies of multiple articles may use Elsevier
WebShop's 'Create Your Own Book' service to collate multiple articles
within a single cover
(http://webshop.elsevier.com/myarticleservices/offprints/myarticlesservices
/booklets).
155
AUTHOR INQUIRIES
For inquiries relating to the submission of articles (including electronic
submission) please visit this journal's homepage. For detailed instructions
on the preparation of electronic artwork,please visit
http://www.elsevier.com/artworkinstructions. Contact details for questions
arising after acceptance of an article, especially those relating to
proofs, will be provided by the publisher.You can track accepted articles
at http://www.elsevier.com/trackarticle. You can also check our Author FAQs
at http://www.elsevier.com/authorFAQand/or contact Customer Support via
http://support.elsevier.com.© Copyright 2012 Elsevier | http://www.elsevier.co