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Junho 2012 Ano 20 Edição 2 Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2012 Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung 2012

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha · PDF file6 BRASIL ALEMANHA Junho 2012 Brasil rasilien O dragão da desindustrialização Governo percebe tamanho do problema e decide reduzir

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Junho 2012Ano 20Edição 2

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2012Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung 2012

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São Paulo: Rua Verbo Divino 1488 04719-904 São Paulo - SPTel.: (+55 11) 5187-5100 Fax: (+55 11) 5181-7013 E-mail: [email protected]

Rio de Janeiro: Av. Graça Aranha 1 20030-002 Rio de Janeiro - RJTel.: (+55 21) 2224-2123 Fax: (+55 21) 2252-7758 E-mail: [email protected]

Rio Grande do Sul: Rua Castro Alves, 600 90430-130 Porto Alegre - RS Tel.: (+55 51) 3222-5766 Fax: (+55 51) 3222-5556 E-mail: [email protected]

Paraná: Rua Duque de Caxias 150 80510-200 Curitiba - PR Tel.: (+55 41) 3323-5958 Fax: (+55 41) 3222-0322 E-mail: [email protected]

Santa Catarina: Rua Hermann Hering 1 89010-600 Blumenau - SCTel.: (+55 47) 3336-4515 Fax: (+55 47) 3336-4784 E-mail: [email protected]

Brasília: Quadra 6, Conjunto A, Bloco E, SHS BR 70322-915 Brasília-DFTel.: (+55 61) 3039-8282/8383 Fax: (+55 61) 3039-8070 E-mail: [email protected]

Alemanha/Deutschland: DIHK - Deutscher Industrie- und HandelskammertagBreite Straße 29 10178 Berlin Tel. (+ 0049) 30 20 308-1000

Distribuição gratuita a todos os associados das Câ-maras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Os conceitos emitidos nas matérias não representam necessariamente a opinião oficial das Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.

BRASIL-ALEMANHA é uma publicação da Câ-mara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha produzida e editada pelo Departamento de Comunicação Social / Veröffentlichung der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Handels-kammern, die von der Abteilung Öffentlichkeit-sarbeit erstellt und herausgegeben wird

CONSELHO EDITORIAL / HERAUSGEBERThomas Timm (Vice-Presidente-Executivo Câ-mara São Paulo / Hauptgeschäftsführer der AHK São Paulo), Hanno Erwes (Diretor-Execu-tivo Câmara Rio de Janeiro / Hauptgeschäfts- führer der AHK Rio de Janeiro), Valmor Kerber (Gerente Geral AHK Porto Alegre / Leiter der AHK Porto Alegre)

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL MERCOSUL / LEITER ÖFFENTLICHKEITSARBEIT MERCOSUREckart Michael Pohl

DIRETORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / ABTEILUNG ÖFFENTLICHKEITSARBEITCecilia Degen

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL Cecília Degen - MTB 27.114 (SP)

REDAÇÃO / REDAKTIONRaquel Sander e Rafaela Musto (reportagens e textos / Reportagen und Texte); Vladimir Goitia, Júlia Zillig e Luciana Riccó (colaboração / Freie Mitarbeiter); Wiebke Herbig (tradução / Über-setzungen); Regina Helena Caetano e Thomas Tünnemann (revisão / Lektorat)

FOTO DE CAPA / TITELBILDAgência Estado, Cristina Villares e B. Braun Melsungen

PRODUÇÃO GRÁFICA / GRAFISCHE UMSETZUNGNobreart Comunicação Ltda.Rua Deputado João Sussumu Hirata, 940 - cj 43Tel.: (+55 11) 3739-4947

FORNECEDORES / DRUCKBandeirantes Indústria Gráfica (Impressão)

COORDENAÇÃO COMERCIALCelia Utsch BensadonTel.: (+55 11) 5187-5210 / 5187-5209

Homepage: http://www.brasilalemanhanews.com.br

Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha / Deutsch-Brasilianische Industrie- und Handelskammern:

6 Editorial / Leitartikel

34 Educação / Bildung País sem educação? / Land ohne Bildung? Empresas fazem a lição de casa / Ausbildungsprogramme von Unternehmen

46 PME’S / KMU’s Melhora o cenário das PME’s / Bessere Aussichten für den Mittelstand

52 Artigo / Artikel A nova classe média do Brasil / Die neue Mittelschicht in Brasilien

60 Sustentabilidade / Nachhaltigkeit O trabalho não acaba nas prateleiras / Die Verantwortung endet nicht

im Supermarkt Soja livre de transgênicos briga por espaço nas exportações brasileiras / Brasilien exportiert gentechnikfreie Soja

68 Acontece Câmara / Kammergeschehen AHK Curitiba comemora 40 anos / AHK Curitiba feiert 40 -jähriges Bestehen

72 Opinião econômica / Wirtschaftskommentar Perspectivas para os investimentos no Brasil /

Aussichten auf Investitionen in Brasilien

Divulgação/Petrobras

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O dragão da desindustrializaçãoO nível de participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é, hoje, praticamente a mesma de 55 anos atrás.

Das Damoklesschwert der DeindustrialisierungIndustrie am Bruttoinlandsprodukt ist in Brasilien seit 55 Jahren fast unverändert geblieben.

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2012A entrega do Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2012 acontece pela 18ª vez. Os homenageados são o Prof. Dr. Ludwig Georg Braun, Presidente do Conselho de Administração da B. Braun Melsungen AG e Klaus H. Behrens, Membro do Conselho de Administração do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo.

Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung 2012Die Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung wird 2012 zum 18. Mal ausgesprochen. Die diesjährigen Geehrten sind Prof. Dr. Ludwig Georg Braun, Vorsitzender des Aufsichtsrates der B. Braun Melsungen AG, und Klaus H. Behrens, Mitglied des Aufsichtsrats des Hospital Alemão Oswaldo Cruz in São Paulo.

Uma janela de oportunidadesA exploração do petróleo na camada do pré-sal, energias renováveis e a biotecnologia são setores com grande potencial de desenvolvimento no País

Möglichkeiten auf dem brasilianischen MarktDie Erdölförderung in der Pré-Sal-Schicht, erneuerbare Energien und die Biotechnologie sind Branchen mit großem Entwicklungspotential

Sumário / Inhalt

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Prezados leitores,No início do próximo mês de julho será realizado em

Frankfurt, na Alemanha, o 30º. Encontro Econômico Brasil-Alemanha, sem dúvida, o evento mais importante no calendário das atividades que unem os dois países. A sua programação, que se estenderá por dois dias, está estru-turada em torno do tema New strategies for new markets.

Brasil e Alemanha mantém entre si, uma parceria histórica e sólida, cujos laços extrapolam os campos econômico e comercial e envolvem também vínculos sociais,científicos e culturais.A conjuntura mundial do início do século 21, entretanto, coloca o Brasil e a Alemanha diante de novos questionamentos: o aumento da competitividade entre as economias globais; a rapidez dos novos desenvolvimentos tecnológicos; a crescente demanda por inovações; a neces-sidade de preservar os recursos naturais e garantir o desen-volvimento sustentado. Enfim, um conjunto de desafios que demandam reflexões e posicionamento

O Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2012 é uma oportunidade durante a qual as inúmeras autoridades po-líticas e empresariais reunidas poderão discutir e apontar novos caminhos para as relações entre os dois países. Trata--se de uma oportunidade para atualização e aprimoramento dessa parceria, além de oferecer o ambiente adequado para definir novos temas de interesse para a expansão das relações bilaterais.

O desenvolvimento econômico do Brasil nos últimos anos levou-o a ocupar uma nova posição no contexto mundial. As reservas de óleo e gás em águas profundas, os grandes eventos esportivos que sediará, a necessidade de atualiza-ção da infraestrutura do País com destaque para os portos e aeroportos, a questão da transferência de tecnologia e a inovação – todos são temas que trazem ao contexto das relações entre os dois países novas possibilidades para o seu desdobramento.

Além de apresentar matérias sobre alguns dos assuntos que serão discutidos no Encontro Econômico, esta edição da revista BRASILALEMANHA publica entrevistas ex-clusivas com o Prof. Dr. H.c. Ludwig Georg Braun e Klaus H. Behrens, ambos laureados como Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2012.

A todos, desejo uma boa leitura!

Sehr geehrte Leser,Anfang Juli finden in Frankfurt am Main die 30. Deutsch-

Brasilianischen Wirtschaftstage statt, die zweifelsfrei wichtigste Veranstaltung im Rahmen der bilateralen Be-ziehungen. Zwei Tage lang geht es um das Thema New strategies for new markets.

Brasilien und Deutschland pflegen eine traditionsreiche und solide Partnerschaft, die über das Wirtschaftliche hinausgeht und sich auch auf gesellschaftliche, wissen-schaftliche und kulturelle Aspekte erstreckt. Aber die Weltkonjunktur zum Anfang des 21. Jahrhunderts stellt Brasilien und Deutschland vor neue Herausforderungen: der verschärfte weltweite Wettbewerb; die Geschwindigkeit neuer technologischer Entwicklungen; der steigende Bedarf an Innovationen; und die Notwendigkeit, die natürlichen Ressourcen zu schützen und eine nachhaltige Entwicklung zu gewährleisten. All diese Fragen müssen diskutiert werden.

Die Deutsch-Brasilianischen Wirtschaftstage 2012 bieten den zahlreich erscheinenden Politikern und Unternehmern die Chance, sich auszutauschen und neue Wege zum Ausbau der bilateralen Beziehungen aufzuzeigen. Sie sind eine gute Gelegenheit, diese Beziehungen weiter zu vertiefen und neue Schwerpunkte zu setzen.

Dank der wirtschaftlichen Entwicklung in den letzten Jahren konnte sich Brasilien auf dem Weltmarkt neu positio-nieren. Die Öl- und Gasvorkommen in der Tiefsee, die großen Sportveranstaltungen, die in den nächsten Jahren in Brasilien stattfinden werden, die notwendige Modernisierung der Infrastruktur und besonders der Häfen und Flughäfen, der Technologietransfer und die Innovation - all diese Themen eröffnen neue Möglichkeiten zur Weiterentwicklung der deutsch-brasilianischen Beziehungen.

Die vorliegende Ausgabe der BRASILALEMANHA beschäftigt sich mit einigen der Themen, die auf den Wirt-schaftstagen debattiert werden sollen, und enthält außerdem Exklusivinterviews mit Prof. Dr. h. c. Ludwig Georg Braun und Klaus H. Behrens, den beiden Deutsch-Brasilianischen Persönlichkeiten 2012.

Ich wünschen Ihnen eine interessante Lektüre..

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Weber PortoPresidente da Câmara Brasil-Alemanha de São PauloPräsident der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Handelskammer São Paulo

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O dragão da desindustrializaçãoGoverno percebe

tamanho do

problema e

decide reduzir

juros, além

de conceder

incentivos fiscais

e desonerar folha

de pagamento de

alguns setores

Vladimir Goitia

O Brasil pode até estar surpreendendo o mundo com o avanço econômico dos últimos anos – exceto em 2008/2009, quando a crise financeira global afetou praticamente todo o planeta – e com a forma como vem resistindo aos problemas persistentes na Europa, à nada alentadora situação norte-americana e à de-saceleração da China. Pode ainda estar sendo visto como a mais nova potência econômica, com janelas de oportunidades para mais in-vestimentos diante do enfraquecimento das moedas dos países ricos. Mas, por trás de tudo isso, há uma inquietação que se inten-sifica e está deixando empresários de cabelos em pé: a desindustrialização do país.

Dados e números não deixam dúvidas sobre esse preocupante quadro. A participação da indústria de transformação no Produto Inter-no Bruto (PIB), por exemplo, é praticamente a mesma de 55 anos atrás. Em 1956, quando

Juscelino Kubitschek assumiu a presidência do Brasil com o lema “50 anos em cinco”, a fatia desse setor que produz bens de consumo e máquinas e equipamentos no PIB era de 13,75%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Passadas cinco décadas e meia, essa partici-pação aumentou para apenas 14,6%.

Pior é que o desempenho desse segmento dá sinais de que não vai mesmo melhorar. Saiu de uma expansão de 2,7%, nos três primeiros meses de 2011, para uma queda de 3,1% no primeiro trimestre deste ano. Antes da crise financeira, entre 2002 e 2008, a indústria de transformação vinha crescendo, em média, 3,3%, taxa muito próxima à média de 4% do PIB, segundo números do IBGE e da Con-federação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, depois dos piores momentos desse período, desacelerou para apenas 1%, per-dendo de lavada para a média de expansão do PIB, de 3,3%.

Entre 2009 e 2011, as importações brasileiras cresceram 77,1% trazendo fortes reflexos para a indústria nacional / In den Jahren 2009 bis 2011 sind die brasilianischen Importe um 77,1% gestiegen, was sich stark auf die Industrie ausgewirkt hat

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Das Damoklesschwert der Deindustrialisierung

Vladimir Goitia

Brasilien kann die Welt überraschen mit den wirtschaft-lichen Fortschritten der letzten Jahre - mit Ausnahme der Jahre 2008/2009, als die Finanzkrise den ganzen Planeten erfasste - und mit der Widerstandsfähigkeit gegen die Auswirkungen der Probleme in Europa, der nicht gerade ermutigenden Lage in den USA und des langsameren Wirtschaftswachstums in China. Brasilien kann auch als neue Wirtschaftsmacht gesehen werden, mit Möglichkeiten zu mehr Investitionen angesichts der Währungsschwäche in den reichen Ländern. Aber hinter all dem steht eine besorgniserregende, gefährliche Ent-wicklung: die Deindustrialisierung des Landes.

Die Zahlen lassen keinen Raum für Zweifel. Der Anteil der verarbeitenden Industrie am Bruttoinlandsprodukt ist seit 55 Jahren fast unverändert. 1956, als Juscelino Kubitschek mit dem Motto „50 Jahre [Fortschritt] in fünf“ die Präsidentschaft übernahm, hatte dieser Sektor, der Konsum- und Investitionsgüter produziert, nach Daten des Statistikinstituts IBGE einen Anteil von 13,75% am BIP. Heute, 55 Jahre später, sind es gerade einmal 14,6%.

Schlimmer noch: Es gibt keine Anzeichen einer Besse-rung. Nach einem 2,7%igen Wachstum im ersten Quartal 2011 musste in diesem Jahr im ersten Quartal ein Rück-gang von 3,1% verzeichnet werden. Vor der Finanzkrise, in den Jahren 2002 bis 2008, wuchs die verarbeitende Industrie um durchschnittlich 3,3%, also fast so schnell wie das BIP mit 4%. Das belegen Zahlen des IBGE und des brasilianischen Industrieverbands CNI. Aber nachdem das Schlimmste vorbei war, verlangsamte sich das indus-trielle Wachstum auf 1% und blieb damit weiter hinter dem durchschnittlichen BIP-Wachstum von 3,3% zurück.

Die Branchen, die von 2009 bis 2011 am stärksten geschrumpft sind, geben ein alarmierendes Bild ab. Die Schuhindustrie beispielsweise musste einen Rückgang von 12,75% verzeichnen. Im Maschinenbau und in der Elektro-technik waren es 16,1%, in der Textilindustrie 16,7% und in der Elektroindustrie 21,8%. Fachleuten zufolge ist es diesen Branchen nicht gelungen, sich gegen die Importprodukte durchzusetzen. Und das aus gutem Grund: Importierte Industrieprodukte haben in Brasilien bereits einen Markt-anteil von 18,5% (nach Wert), während es 2005 noch 14,5% waren. Und nach Angaben des Instituts für Industrieent-wicklung (IEDI) wird sich dieser Anteil stark erhöhen.

Die Regierung hat das Ausmaß des Problems erkannt und senkt die Zinsen,

gibt Steueranreize und verringert die Lohnnebenkosten in einigen Branchen

A indústria farmacêutica responde por 64% do deficit do setor de saúde que, em 2011, ultrapassou o patamar de US$ 10 bilhões / Die Pharmaindustrie ist für 64% des Handelsbilanzdefizits in der Gesundheitsbranche verantwortlich, das im Jahr 2011 bei über US$ 10 Mrd. lag

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Estrangulamento“A indústria de transformação foi es-trangulada pelas políticas econômicas adotadas desde o Plano Real. Embora existam aqueles que afirmem que o setor busca manter benesses e vanta-gens, não há como negar que houve e está havendo um esvaziamento desse segmento industrial”, avalia Hermann H. Wever, ex-presidente da Siemens e hoje presidente da Hermann H. Wever Assessoria Empresarial.

Segundo ele, a indústria de trans-formação vem tentando sobreviver há mais de 20 anos. Wever, também mem-bro do Conselho da Embraer, acredita que uma das várias razões desse quadro preocupante é o baixo investimento do País. “O Brasil está investindo menos de 20% do PIB há décadas. O País já chegou a investir 23%... 24% do PIB, e crescia entre 8% e 10% ao ano conse-cutivamente”, argumenta.

O governo da presidente Dilma Rousseff parece ter percebido o tama-nho do problema e as dificuldades da indústria, tanto que baixou um pacote de medidas: reduziu fortemente a taxa básica de juros (8,5%, o menor nível da história), concedeu incentivos fis-cais para alguns setores da indústria atingidos pela competição externa, desonerou a folha de pagamento de outros segmentos, impôs restrições ao mercado de derivativos cambiais e taxou com 6% de Imposto sobre Opera-ções Financeiras (IOF) os empréstimos externos com prazo de até cinco anos.

em que chega a (quase) 40%. “O defi-cit comercial de produtos de elevada tecnologia atingiu US$ 80 bilhões em 2011 e continua se ampliando”, alerta Lacerda. Para este ano, espera-se um deficit de US$ 35 bilhões só no setor eletroeletrônico e de US$ 26 bilhões no químico.

Na outra ponta, o coeficiente de ex-portação – a relação entre o quanto o país exporta, em valor, e o que produz sua indústria de transformação – che-gou a 21,6% após as desvalorizações de 1999 e 2002, mostrando uma expressi-va orientação exportadora da indústria brasileira, de acordo com dados da CNI e da Funcex. No ano passado, entretanto, houve um processo intenso de reversão, com o coeficiente de expor-tação retornando a 15%, média do final dos anos 90. Para o Iedi, esse retrocesso pode representar menor propensão ao investimento e baixo ímpeto inovador por parte das empresas instaladas no País, caso o mercado interno, do qual dependem excessivamente, diminua seu dinamismo.

O retrato dos setores que mais encolheram entre 2009 e 2011 é preo-cupante. A indústria de calçados, por exemplo, retraiu-se 12,75%; a de máquinas e material elétrico, 16,1%; a têxtil, 16,7%; e a de material eletrônico, 21,8%. Para especialistas, são segmen-tos que não conseguiram fazer frente aos produtos importados. E não é para menos. O coeficiente de penetração de importações que avalia a participação, em valor, das importações no mercado interno de produtos industriais já é de 18,5%, ante 14,5% em 2005. E a ten-dência é de forte aumento, de acordo com o Instituto de Estudos para o De-senvolvimento Industrial (Iedi).

Segundo a entidade, o coeficiente cresceu muito em mercados tradicio-nais, como têxteis, chegando a 18,5% em 2011, ante 9,1% em 2005. Mas ele está particularmente alto em mercados de produtos químicos (26,3% em 2011), farmacêuticos (30,2%), informática, eletrônicos e ópticos (51,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (24,0%) e máquinas e equipamentos (36,8%).

Antônio Corrêa de Lacerda, econo-mista-chefe da Siemens Brasil e profes-sor doutor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), explica que o coe-ficiente de importações aumentou em todos os segmentos, especialmente na-queles que exigem maior sofisticação, como o de máquinas e equipamentos,

Participação da indústria de transformação no PIB (em %)

Fonte: IBGE

18,34

21,19

11,27

14,6013,75

24,90

18,0218,62

1947 1956 1961 1964 2003 20111985 1990 1995

Anteil der verarbeitenden Industrie am BIP (in %)

A balança comercial de máquinas e equipamentos fechou o

primeiro trimestre de 2012 com um deficit 7,5% superior ao

verificado no mesmo período de 2011 / Im Maschinen- und Anlagenbau lag das

Handelsbilanzdefizit im ersten Quartal 2012 um 7,5% höher als

im ersten Quartal 2011

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Besonders in den traditionellen Branchen sei er stark gestiegen, wie z.B. in der Textilindustrie von 9,1% im Jahr 2005 auf 18,5% im Jahr 2011. Besonders hoch ist er aber bei den Chemieprodukten (26,3% im Jahr 2011), den Pharmaprodukten (30,2%), in der Informatik, Elektronik und Optik (51,0%), bei den elektrischen Maschinen, Ap-paraten und Materialien (24,0%) und bei den Maschinen und Anlagen (36,8%).

Dr. Antônio Corrêa de Lacerda, Chefökonom von Sie-mens Brasil und Dozent an der Pontifícia Universidade Católica in São Paulo (PUC-SP), erklärt, der Anteil der Importprodukte sei in allen Branchen gestiegen, aber besonders in den Branchen mit komplizierteren Produk-tionsverfahren, als z.B. im Maschinen- und Anlagenbau, wo der Anteil bei fast 40% liegt. „Das Handelsbilanzdefizit bei den technologieintensiven Produkten lag 2011 bei US$ 80 Mrd. und steigt weiter“, warnt Lacerda. Für dieses Jahr wird mit einem Defizit von US$ 35 Mrd. allein bei den elek-trischen und elektronischen Produkten gerechnet, bei den Chemieprodukten werden es voraussichtlich US$ 26 Mrd.

Auf der anderen Seite ist der Anteil der Exportprodukte am Wert der Produktion der verarbeitenden Industrie nach den Währungsabwertungen 1999 und 2002 auf 21,6% gestiegen. Diese Daten des CNI und der Stiftung für Außenhandelsstudien (FUNCEX) zeigen, dass die brasilianische Industrie stark exportorientiert ist. Im

letzten Jahr ist dieser Anteil jedoch stark zurückgegangen und lag bei 15%, was dem Durchschnitt Ende der 90er Jahre entspricht. Nach Ansicht des IEDI könnte dies ein Zeichen dafür sein, dass die Investitions- und Innovati-onsbereitschaft der Unternehmen in Brasilien niedrig ist, sobald der Binnenmarkt, von dem sie zu stark abhängig sind, an Dynamik verliert.

Überlebenskampf der Industrie„Die verarbeitende Industrie ist durch die Wirtschafts-politik seit dem Plano Real (der Währungsreform in den 90er Jahren) förmlich stranguliert worden. Auch wenn einige behaupten, der Sektor versuche, weiterhin einträg-lich zu arbeiten, so ist dennoch nicht zu leugnen, dass die Industrie an Kraft verloren hat und weiter verliert“, erklärt Hermann Wever, ehemaliger Präsident von Siemens und heute Präsident der Unternehmensberatung Hermann Wever Assessoria Empresarial.

Die verarbeitende Industrie kämpfe seit über 20 Jahren um ihr Überleben. Wever, der außerdem Mitglied des Aufsichts-rats von Embraer ist, nennt als einen der Hauptgründe für diese besorgniserregende Situation die niedrigen Investitio-nen in Brasilien: „Brasilien investiert schon seit Jahrzehnten weniger als 20% des BIP. Es waren schon einmal 23%, 24% des BIP, womit ein Wachstum von 8% bis 10% in aufeinan-derfolgenden Jahren erreicht wurde“, so Wever.

Die Regierung unter Präsidentin Dilma Rousseff scheint das Ausmaß des Problems und der Schwierigkeiten der Industrie erkannt zu haben und hat eine Reihe von Maß-nahmen ergriffen: Der Leitzinssatz wurde stark gesenkt (auf 8,5%, ein historisches Tief); für einige Industriezweige, die dem internationalen Wettbewerb besonders ausgesetzt sind, wurden Steuervergünstigungen geschaffen; für andere Zweige wurden die Lohnnebenkosten gesenkt; auf dem Markt für Wechselkursderivate wurden Einschränkungen eingeführt; und Auslandskredite mit Laufzeiten von bis zu fünf Jahren wurden mit einer Finanztransaktionssteuer (IOF) von 6% belegt.

Außerdem stellt die Regierung über die Entwicklungs-bank BNDES Finanzierungen zu niedrigeren Zinsen für den Kauf von Lkw, Maschinen und Anlagen zur Verfügung. Bei den Investitionsgütern beispielsweise gingen die Zinsen von 7,7% auf 5,5% p.a. zurück. Das ist unvergleichlich niedrig und entspricht einem Realzinsatz von etwa 0%. Fachleu-

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especialistas, é correr atrás da meta de aumentar a taxa de investimento, es-tacionada em 19% do PIB nos últimos anos, para 24% já em 2014.

“A agenda do governo parece estar muito clara, do ponto de vista cambial, tributário e de financiamento. Até porque o ritmo de desindustrialização estava se acentuando”, lembra Ingo Plöger, coordenador do Comitê de Re-lações Governamentais e Institucionais da Câmara Brasil-Alemanha. Para ele, o governo reconheceu o tamanho do pro-blema e, na medida em que se admitiu, por exemplo, que o problema cambial é uma ameaça ao desenvolvimento, medidas começaram a ser tomadas.

“Nos últimos cinco anos, por exem-plo, o real valorizou-se em mais de 50%. Não há indústria que possa au-mentar sua produtividade nessa mes-ma proporção. Anulou todo e qualquer esforço que tenha sido tomado”, diz Plöger. Ele avalia que, apesar das medidas desencadeadas pelo governo neste semestre, há ainda muito a resol-ver para conter a desindustrialização e para deixar o País mais competitivo.

Imposto e câmbio“No que se refere à desoneração tributária, financiamento e outros itens cruciais para as decisões em-presariais, embora bem-vindas, as medidas anunciadas não criam novas vantagens competitivas”, argumenta

Lacerda. De acordo com ele, os con-correntes, como chineses e coreanos, contam há muitos anos com condi-ções melhores do que as oferecidas no Brasil. No que toca ao financiamento, acrescenta o economista, os produ-tores de bens de capital, naqueles países, têm acesso a linhas cujo juro cobrado é igual a zero. “Isso significa que tudo que fizermos representa um avanço, mas não nos torna mais competitivos frente aos concorrentes externos”, afirma.

O embaixador Rubens Ricupero, que foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) e ministro

Garantiu ainda recursos com ju-ros menores de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a compra de caminhões, máquinas e equipamentos. As taxas para bens de capital, por exemplo, caíram de 7,7% para 5,5% ao ano, o que leva a um inédito juro real próximo de zero. A intenção do governo, na avaliação de

ten zufolge will die Regierung damit dazu beitragen, das Investitionsziel zu erreichen: Der Anteil der Investitionen am BIP, der in den letzten Jahren bei 19% stagnierte, soll bis 2014 auf 24% erhöht werden.

„Das Regierungsprogramm scheint klar zu sein, was den Wechselkurs, die Steuern und die Finanzierungsmöglich-keiten angeht, schon allein deshalb, weil sich die Deindust-rialisierung beschleunigt“, erklärt Ingo Plöger, Koordinator des Ausschusses für Regierungsbeziehungen und institutio-nelle Zusammenarbeit der Deutsch-Brasilianischen Indust-rie- und Handelskammer. Die Regierung habe das Ausmaß der Probleme erkannt, und als beispielsweise klar wurde, dass der Wechselkurs eine Gefahr für die Entwicklung darstellt, wurden entsprechende Maßnahmen ergriffen.

„In den letzten fünf Jahren hat der Real eine Aufwer-tung von über 50% erfahren. Keine Branche kann ihre Produktivität so stark erhöhen. Das hat alle Bemühungen zunichte gemacht“, so Plöger. Trotz der Maßnahmen, die

die Regierung in diesem Halbjahr getroffen hat, gebe es noch viel zu tun, um die Deindustrialisierung aufzuhalten und die Wettbewerbsfähigkeit Brasiliens zu erhöhen.

Steuern und Wechselkurse„Maßnahmen zur steuerlichen Entlastung, zur Schaffung von Finanzierungsmöglichkeiten und zu anderen für die Unternehmen wichtigen Aspekten sind zwar willkommen, schaffen aber keine neuen Wettbewerbsvorteile“, erklärt Lacerda. Die Konkurrenz z.B. aus China und Korea profitiere schon seit vielen Jahren von günstigeren Voraussetzungen, als sie Brasilien zu bieten habe. Die Produzenten von Inves-titionsgütern hätten dort Zugang zu zinsfreien Kreditlinien. „Das bedeutet, dass wir zwar Fortschritte machen, aber im Vergleich zur ausländischen Konkurrenz nicht an Wettbe-werbsfähigkeit gewinnen.“

Rubens Ricupero, ehemaliger Generalsekretär der Welt-handels- und Entwicklungskonferenz (UNCTAD) und

“O déficit comercial de produtos de elevada tecnologia atingiu US$ 80 bilhões em 2011 e continua se ampliando” informa Antônio Corrêa de Lacerda, economista –chefe da Siemens Brasil / „Das Handelsbilanzdefizit bei den technologieintensiven Produkten lag 2011 bei US$ 80 Mrd. und steigt weiter“, erklärt Antônio Corrêa de Lacerda, Chefökonom von Siemens Brasil

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Finanzminister, erklärt, die Erholung des Wechselkurses, der im Mai bei R$ 2 pro Dollar angekommen ist, und die Senkung der Zinsen könnten sich für die Industrie zwar als günstig erweisen, aber die Schwächung der Industrie würde so nicht aufgehalten.

„Brasilien leidet unter einer frühzeitigen Deindustrialisie-rung. Das passiert, wenn die Deindustrialisierung einsetzt, bevor die Wirtschaft sich so weit entwickelt hat, dass das Durchschnittseinkommen bei US$ 22.000 bis US$ 25.000/Jahr liegt. Auf diesem oder höherem Niveau verliert die Industrie an Bedeutung und wird, wie es in Schweden oder in den Niederlanden geschehen ist, zunehmend durch den Dienstleistungssektor ersetzt. Aber in Brasilien setzt die Deindustrialisierung früher ein“, so Ricupero.

Plöger teilt diese Ansicht. Die Deindustrialisierung sei in allen weit entwickelten Ländern zu beobachten gewesen, z.B. in Deutschland, Frankreich und Großbritannien, wo ein hoher Grad der Industrialisierung erreicht worden war.

da Fazenda, diz que a recuperação da taxa de câmbio, que em maio chegou ao patamar de R$ 2 por dólar, e a redução dos juros podem até ajudar o setor industrial, mas o esvaziamento da indústria continuará.

“O Brasil sofre a desindustrialização precoce ou prematura. É o tipo de perda da indústria antes que a economia tenha atingido um nível de prosperidade em que o cidadão obtém um nível de ren-da anual de US$ 22 mil a US$ 25 mil. Porque quando chega a esse patamar ou mais, como na Suécia e na Holanda, di-minui o peso da indústria e começa a se consumir serviços. Ou seja, terminada a desindustrialização, ela é compensada

pelo setor de serviços. Mas no Brasil a desindustrialização está chegando antes de as pessoas atingirem um nível de renda alta”, explica Ricupero.

Plöger tem a mesma opinião. De acordo com ele, o processo de desin-dustrialização ocorreu em todos os países que se desenvolveram, como Ale-manha, França e Inglaterra, onde havia um alto grau de industrialização. Mas, afirma ele, a desindustrialização veio acompanhada do aumento de renda de suas populações, chegando, em alguns casos, a US$ 35 mil. “Não é o caso aqui”, diz. O grande risco disso tudo, avalia ele, é que o Brasil dificilmente conseguirá criar setores industriais dinâmicos, como o de componentes eletrônicos e química fina, entre outros.

“Esses setores mais dinâmicos pra-ticamente não existem no Brasil. O que se faz na Zona Franca de Manaus, por exemplo, é apenas montagem. Por outro lado, a indústria automobilística nacional, que de nacional nada tem, está longe de ser de vanguarda”, critica Ricupero. De acordo com ele, o setor automotivo, que representa 23% do PIB industrial, tem um nível de proteção altíssimo – 105% antes da redução de IPI, que vai até 31 de agosto –, razão pela qual ainda consegue sobreviver.

Aber die Deindustrialisierung sei mit einer Erhöhung der Einkommen einhergegangen, die in einigen Fällen bei US$ 35.000 lagen. „Das ist in Brasilien nicht der Fall“, erklärt Plöger. Das große Risiko bestehe darin, dass es Brasilien kaum gelingen wird, dynamische Industriezweige zu entwi-ckeln, wie z.B. die Produktion von elektronischen Bauteilen oder von Feinchemikalien.

„Diese dynamischen Branchen sind in Brasilien so gut wie nicht existent. In der Freihandelszone von Manaus beispielsweise findet lediglich Montage statt. Anderer-seits ist die brasilianische Automobilindustrie erstens überhaupt nicht brasilianisch und zweitens weit von einer Spitzenreiterposition entfernt“, beklagt Ricupe-ro. Die Automobilindustrie, die 23% der industriellen Wertschöpfung ausmache, könne überhaupt nur wegen des starken Protektionismus - 105% schon vor Senkung der Industrieproduktsteuer IPI, die bis 31. August gilt - überleben.

A indústria têxtil nacional apresentou uma retração de 16,7% entre 2009 e 2011 / Die Textilindustrie ist von 2009 bis 2011 um 16,7% geschrumpft

Para Hermann H. Wever, presidente de honra da AHK São Paulo e ex-presidente da Siemens Brasil, as baixas taxas de investimento no País são uma das várias razões para as dificuldades enfrentadas pela sua indústria de transformação / Hermann H. Wever, Ehrenpräsident der AHK São Paulo und ehemaliger Präsident von Siemens Brasil, sieht einen der Hauptgründe für die Schwierigkeiten der verarbeitenden Industrie in den niedrigen Investitionsquoten in Brasilien

Luiz Machado / AHK Brasil

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Brasil Brasilien

Uma janela de oportunidades

Vladimir Goitia

Apesar do quadro preocupante pelo qual a indústria brasileira de transfor-mação passa atualmente, inclusive com o temor de desaparecimento de alguns segmentos, os especialistas acreditam que o Brasil pode encontrar um nicho no qual ainda terá vantagens competiti-vas, principalmente em setores como o de petróleo, minério de ferro e agrope-cuário. De fato, esses segmentos estão entre os mais promissores para quem quiser investir ou para as empresas estrangeiras já instaladas no Brasil.

Nos próximos seis a oito anos, por exemplo, o País necessitará de apro-ximadamente 500 embarcações, entre

As atuais dificuldades

enfrentadas pela indústria

nacional não ofuscam as

grandes oportunidades

que o País oferece. O

mercado interno também

é um atrativo, mas

existem grandes desafios

para crescer de forma

continuada

navios de apoio e sondas de perfuração flutuante, para a exploração de petróleo na camada de pré-sal. Recentemente, o Fundo da Marinha Mercante aprovou investimentos de R$ 546 milhões para a construção de 148 navios fluviais (124 barcaças e 24 empurradores), além de R$ 2,6 bilhões previstos pelo governo federal no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC2) até 2014 para melhorar a navegabilidade dos rios do país. Com isso, ampliou o horizonte de estaleiros especializados nesse tipo de embarcações, que veem animados as novas oportunidades de negócios. Na área de agribusiness, novas usinas de etanol ou a ampliação de instalações também estão no foco dos investidores.

O embaixador Rubens Ricupero, que foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), alerta que não adianta o Brasil apenas ser produtor natural e ter vantagens com-

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Brasil Brasilien

A exploração na camada do pré-sal abriu novas perspectivas para a cadeia de petróleo e gás natural no Brasil / Die Erschließung der Pré-Sal-Schicht eröffnet neue Perspektiven für den Öl- und Gassektor in Brasilien

Junho 2012 BRASILALEMANHA 13

Möglichkeiten auf dem brasilianischen MarktTrotz der Schwierigkeiten, vor denen die brasilianische Industrie derzeit steht, bietet das Land große Geschäftsmöglichkeiten. Der Binnenmarkt ist interessant für Investoren, aber es muss noch viel getan werden, um kontinuierliches Wachstum zu gewährleisten

Vladimir Goitia

Auch wenn die verarbeitende Industrie in Brasilien derzeit vor großen Problemen steht und einige Branchen vom Zusammenbruch bedroht sind, gehen Fachleute davon aus, dass Brasilien eine Marktni-sche finden kann, in der das Land noch Wettbewerbsvorteile genießt. Genannt werden v.a. Erdöl, Eisen-erz und die Landwirtschaft. Diese Branchen gehören auch zu den viel-versprechendsten für interessierte Investoren oder für ausländische Unternehmen, die bereits eine Nie-derlassung in Brasilien unterhalten.

In den nächsten sechs bis acht Jah-ren beispielsweise werden im Land etwa 500 Schiffe benötigt, darunter Versorgungsschiffe und schwim-mende Bohrtürme zur Förderung

von Erdöl aus der Pré-Sal-Schicht, der Schicht unter der Salzschicht im Mee-resboden. Kürzlich hat der Fonds der Handelsmarine Investitionen in Höhe von R$ 546 Mio. für den Bau von 148 Flussschiffen genehmigt (124 Leichter und 24 Schubboote); außerdem plant die Bundesregierung im Rahmen des Wachstumsbeschleunigungs-programms (PAC2), R$ 2,6 Mrd. zu investieren, um die Schiffbarkeit der Flüsse zu verbessern. Das eröffnet neue Geschäftsmöglichkeiten für entsprechend spezialisierte Werften. Im Agrobusiness konzentrieren sich Investoren auf den Bau neuer und den Ausbau bestehender Ethanolfabriken.

Rubens Ricupero, ehemaliger Ge-neralsekretär der Welthandels- und Entwicklungskonferenz (UNCTAD), warnt, Brasilien könne keine Wettbe-werbsvorteile haben, solange es sich

auf die Agrarproduktion beschränkt; das Land brauche Innovation und Technologie, wenn es Fortschritte machen und Produkte mit höherem Mehrwert herstellen will. Derzeit gebe es viele Möglichkeiten in den genannten und in anderen Branchen, in denen das Land hinterherhinkt, z.B. Finanzen, Versicherungen, Rechnungswesen, Wirtschaftsprü-fung und Unter nehmens beratung. „Ausländische Investoren müssen es sich zunutze machen, dass es in Brasilien keine Einschränkungen wie in anderen Ländern, z.B. China, gibt“, so Ricupero.

Dr. Antônio Corrêa de Lacerda, Chefökonom von Siemens Brasil und Dozent an der Pontifícia Universidade Católica in São Paulo (PUC-SP) teilt diese Ansicht und erklärt, die große Herausforderung für Brasilien sei es

A biodiversidade brasileira garante ao País grande potencial para o desenvolvimento do setor de biotecnologia / Die brasilianische Biodiversität macht die Biotechnologie zu einer der vielversprechendsten Branchen mit einem großen Entwicklungspotential

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Brasil Brasilien

petitivas; ele precisa de inovação e de tecnologia se quiser subir de patamar e agregar maior valor a seus produtos. Ricupero acredita que há sim uma ja-nela de oportunidades nesses setores e em outros, como financeiro, seguros, contabilidade, auditoria e consultoria, nos quais o País ainda está atrasado. “Os estrangeiros precisam aproveitar o fato de o Brasil não ter restrições como existem em outros países, como na China”, diz o ex-secretário da Unctad.

Antônio Corrêa de Lacerda, econo-mista-chefe da Siemens Brasil e profes-sor doutor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), faz coro junto ao embaixador ao lembrar que o grande desafio do Brasil é aproveitar o ciclo de investimentos do pré-sal para agregar valor e “fugir da maldição dos recursos naturais”. “Isso implica viabilizar toda a cadeia de fornecedores, inclusive bens de capital, para a exploração do petróleo, assim como seus derivados”, pondera o professor da PUC-SP. O obje-tivo, de acordo com ele, é agregar valor, criando tecnologia e empregos de alta qualidade. “A política em vigor, com alguns ajustes, está na direção correta.”

Lacerda diz que o Brasil não pode abrir mão de sua indústria, ao contrário de países como o Chile, por exemplo, cuja população total é inferior à da área metropolitana da cidade de São Paulo ou mesmo da Austrália. “Não podemos nos dar ao luxo de viver da produção e exportação de commodities”, diz. Além disso, acrescenta, não há por que abdicar da indústria de transformação,

justamente o diferencial que proporcio-nou o grande salto dado pela economia brasileira no século passado. “O desafio brasileiro é, ao invés de retroceder, avançar no processo, agregando mais valor em todas as cadeias produtivas, e incorporar novas tecnologias para diminuir a dependência de importados, assim como ampliar e diversificar nos-sas exportações”, diz Lacerda.

Por outro lado, o agravamento da crise em países europeus abriu uma janela de oportunidades de negócios no setor financeiro brasileiro. O grupo franco-americano de assessoria finan-ceira e gestão de recursos Lazard, por exemplo, deu, ao final de maio, dois passos para fortalecer sua presença no Brasil. Um deles foi a compra da Signa-tura, empresa com a qual já mantinha uma parceria e por meio da qual atuava no Brasil, e o outro foi a contratação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como chairman para as Américas. Isso, de acordo com o próprio Lazard, revela a aposta da ins-tituição nas “oportunidades do Brasil”.

Dependência internaEmbora a crise financeira europeia es-teja com um viés mais negativo do que no início do ano e ninguém seja capaz de prever o que ocorrerá naquele con-tinente e no restante do mundo, caso a Grécia deixe a zona do euro de forma desordenada, os especialistas avaliam que o Brasil está “blindado” contra eventuais impactos. “Não espero um desastre, mas também não terá grande

desempenho”, diz Rubens Ricupero, ao se referir ao Brasil.

Para ele, as recentes medidas do governo vão acabar produzindo uma pequena recuperação da economia, que já apresenta desaceleração. “Não espero um crescimento econômico superior a 3% ou 3,5% nos próximos anos”, diz. De acordo com ele, o Brasil depende exclusivamente do mercado interno. Mas, na opinião do embaixador, essa abordagem já está dando “sinais de es-gotamento”. Para Ricupero, não se pode esperar, nem imaginar, que as pessoas continuem comprando, por exemplo, carros pelo resto da vida. “Daí é que, na minha opinião, as perspectivas não são nada extraordinárias.”

Hermann H. Wever, ex-presidente da Siemens Brasil, também acredita nessa dependência, razão pela qual avalia que o Brasil não corre sérios riscos com os efeitos da crise internacional. “Temos de procurar um refúgio no mercado in-terno, que responde por 90%”, resume. Wever avalia ainda que a economia este ano não deve crescer mais do que 3% e, em 2013, entre 4% e 4,5%. Para ele, o Brasil precisará pelo menos de mais uma geração para crescer num patamar de 5% de forma continuada.

Para os dois, os desafios são gigan-tescos. No curto prazo, superar todos os problemas políticos que possam tumultuar o processo de desenvolvi-mento. No médio prazo, a aplicação correta de recursos públicos. Já no longo prazo, resolver problemas em educação, principalmente.

Nos próximos 6 a 8 anos, o Brasil necessitará

aproximadamente 500 embarcações entre navios

de apoio e sondas de perfuração flutuantes para

exploração de petróleo na camada de pré-sal / In den nächsten sechs

bis acht Jahren werden in Brasilien etwa 500

Schiffe benötigt, darunter Versorgungsschiffe und

schwimmende Bohrtürme zur Förderung von Erdöl

aus der Pré-Sal-SchichtTasso Marcelo / Agência Estado

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jetzt, den Investitionszyklus auszunutzen, der sich aus der Öl-und Gasförderung in der Pré-Sal-Schicht ergibt, um Mehrwert zu schaffen und dem „Fluch der natürlichen Ressourcen“ zu entkommen. „Das erfordert den Aufbau der gesamten Lieferkette, einschließlich der Investitions-güter, zur Förderung von Erdöl und seinen Derivaten“, so Lacerda. Ziel sei es, Mehrwert zu schaffen, durch die Entwicklung von Technologien und die Schaffung von Arbeitsplätzen hoher Qualität. „Die derzeitige Politik geht in die richtige Richtung, wobei ein paar Anpassungen vorgenommen werden sollten.“

Das Land dürfe nicht auf seine Industrie verzichten, wie es Chile - ein Land mit weniger Einwohnern als der Großraum São Paulo - oder auch Australien getan hätten: „Wir können es uns nicht leisten, von der Herstellung und dem Export von Rohstoffen zu leben.“ Außerdem gebe es keinen Grund, die verarbeitende Industrie aufzugeben; gerade dieser Sektor habe Brasiliens Wirtschaft im 20. Jahrhundert den großen Entwicklungssprung ermöglicht. „Brasilien darf sich nicht zurückentwickeln, sondern muss Fortschritte machen und in allen Produktionsketten zusätzlichen Mehrwert schaffen und neue Technologien integrieren, um die Abhängigkeit von Importprodukten zu verringern und die Exporte zu diversifizieren“, so Lacerda.

Andererseits hat die Verschärfung der Krise in Europa neue Geschäftsmöglichkeiten für den brasilianischen Finanzsektor eröffnet. Die französisch-amerikanische Fi-nanzberatungsgruppe Lazard beispielsweise hat Ende Mai zwei Schritte unternommen, um ihre Präsenz in Brasilien zu verstärken. Zum einen übernahm Lazard Signatura, ein brasilianisches Partnerunternehmen; zum anderen hat Lazard den ehemaligen Präsident der brasilianischen Zen-tralbank Henrique Meirelles zum Präsidenten von Lazard

Americas ernannt. Damit zeigt die Finanzgruppe, dass sie - in den Worten des Unternehmens - „auf die Chancen in Brasilien setzt“. Abhängigkeit vom Binnenmarkt

Auch wenn die Finanzkrise in Europa sich seit Anfang des Jahres verschärft hat und niemand voraussehen kann, was in Europa und im Rest der Welt passiert, falls Grie-chenland die Eurozone ungeordnet verlässt, sind Fachleute der Ansicht, Brasilien habe einen „Schutzpanzer“ gegen eventuelle Auswirkungen. „Ich erwarte keine Katastrophe, aber die Wirtschaftsleistung wird sich in Grenzen halten“, sagt Rubens Ricupero über Brasilien.

“O Brasil tem condições de

crescer a uma taxa de 5%, mas, para isso, temos

problemas a vencer”, diz Ingo

Plöger, Diretor da AHK SP /

„Brasilien könnte ein Wachstum von 5% erreichen, aber zuerst müssen wir

einige Probleme überwinden“,

erklärt Ingo Plöger, Beiratsmitglied der

AHK São Paulo

Luis Machado / AHK Brasil

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Brasil Brasilien

Die jüngsten Maßnahmen der Regierung werden seiner Ansicht nach für eine leichte Erholung des Wirtschafts-wachstums sorgen, das sich bereits verlangsamt hat. „Für die nächsten Jahre erwarte ich ein Wachstum von höchstens 3% bis 3,5%.“ Brasilien sei ausschließlich vom Binnenmarkt abhängig. Der zeige jedoch erste Anzeichen einer Übersättigung. Es wäre schließlich kaum zu erwar-ten, dass die Menschen ihr Leben lang immer wieder Autos kaufen. Deshalb hält Ricupero die Aussichten für nicht sehr vielversprechend.

Hermann Wever, ehemaliger Präsident von Siemens Bra-sil, sieht ebenso eine Abhängigkeit vom Binnenmarkt und geht deshalb davon aus, dass Brasilien durch die Auswir-kungen der internationalen Krise nicht ernsthaft gefährdet ist. „Wir müssen Zuflucht auf dem Binnenmarkt suchen, der für 90% der Umsätze verantwortlich ist“, so Wever. Für das laufende Jahr erwartet Wever ein Wirtschaftswachs-tum von höchstens 3%, für 2013 4% bis 4,5%. Es würde noch mindestens eine Generation dauern, bis Brasilien ein stabiles Wachstum von etwa 5% erreicht.

Beide sehen enorme Herausforderungen. Kurzfristig seien alle politischen Probleme zu lösen, die den Ent-wicklungsprozess hemmen könnten. Mittelfristig seien öffentliche Mittel sinnvoll zu verwenden. Und langfristig müsse v.a. das Bildungssystem verbessert werden.

Ingo Plöger, Beiratsmitglied der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Handelskammer, ist weniger optimistisch und erwartet für das laufende Jahr ein BIP-Wachstum von 2% bis 3%, für 2013 3% bis 4%. „Brasilien könnte ein Wachstum von 5% erreichen, aber zuerst müssen wir einige Probleme überwinden.“ Er nennt die verheerenden Engpässe in der Infrastruktur, im Energiesektor und im Verkehrswesen und die hohen Lohnsteuern, die die Pro-duktion, die Produkte und indirekt alles verteuern, was die internationale Wettbewerbsfähigkeit verringert.

Lacerda erwartet ein geringes Wachstum v.a. aufgrund der ungünstigen Konjunktur auf dem Weltmarkt. „Wir werden ein Wachstum von 2,5% bis 3% erreichen. Wenn wir die genannten Probleme lösen, können wir das Wachs-tum in den nächsten Jahren auf 4% bis 5% erhöhen.“ Brasilien wird zu einem enorm großen Absatzmarkt und hat das sechstgrößte BIP der Welt, aber wegen der geringen systemischen Wettbewerbsfähigkeit wird ein großer Teil der Binnennachfrage durch die Erhöhung der Importe ge-deckt. Auch wenn das eine kurzfristig bequeme Lösung ist, werden auf diese Art Devisen verschwendet, und es wird auf Arbeitsplätze, auf Einkommen und auf Steuereinnah-men verzichtet, die im Inland Mehrwert schaffen könnten. Das ist besonders wichtig, wenn die Volkswirtschaften weltweit ein geringes Wachstum aufweisen.

Ingo Plöger, diretor da Câma-ra Brasil-Alemanha, é menos otimista e acredita que o PIB este ano deve se expandir entre 2% e 3% e, no ano que vem, entre 3% e 4%. “O Brasil tem condições de crescer a uma taxa de 5%, mas, para isso, temos problemas a vencer”, diz. Ele cita gargalos compli-cadíssimos no setor de infraes-trutura, energia e transporte e a carga tributária trabalhista, que encareceram a produção, os produtos e, por tabela, tudo, pesando na competitividade internacional.

Para Lacerda, o incremento está limitado, principalmente pelas restrições impostas pelo quadro internacional adverso. “Vamos crescer entre 2,5% e 3%. Para os próximos anos, temos todas as condições, me-diante a solução dos problemas já apontados, de evoluir entre 4% e 5%”, afirma. A questão é que nos tornamos um enorme

mercado consumidor, o sexto maior PIB do mundo, mas, devido às condições desfa-voráveis de competitividade sistêmica, grande parte da demanda doméstica vem sen-do atendida com o aumento das importações. Embora seja uma saída confortável no curto prazo, estamos desperdiçando divisas, empregos, renda e im-postos, que poderiam agregar mais valor localmente. Isso é especialmente importante em um quadro internacional de menor crescimento das economias.

As dimensões continentais do território brasileiro continuam

a oferecer oportunidades para o setor agrícola / Dank der

kontinentalen Ausmaße Brasiliens bieten sich in der Landwirtschaft

viele Möglichkeiten

Jacques Lepine / Agência Estado

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Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

Desde 1995, quando foi criado pela Câmara Brasil-Alemanha em conjunto com a Confederação das Câmaras Alemãs de Comércio e Indústria (DIHK na sigla em ale-mão), o Prêmio Personalidade Brasil--Alemanha reverencia, anualmente, dois representantes – um de cada país – pelas iniciativas tomadas e que contribuíram para fortalecer as relações bilaterais.

Prêmio Personalidade Brasil-AlemanhaO Prof. Dr. h.c. Ludwig Georg Braun e Klaus H. Behrens

serão os homenageados deste ano

Este ano, a cerimônia de entrega da homenagem será realizada no suntuoso salão Friedrich von Thiersch do Kurhaus de Wiesbaden, conhecido pela beleza de suas linhas arquitetô-nicas neoclássicas. O local segue a tradição já estabelecida nas dezes-sete edições anteriores do Prêmio Personalidade, sempre sediadas em edificações de grande valor histórico e cultural.

Os homenageados deste ano pas-sarão a integrar uma galeria de 36 Personalidades Brasil-Alemanha da qual fazem parte ministros de Estado, embaixadores, empresários e lideran-ças envolvidas com causas sociais. Todos eles receberam o reconheci-mento da comunidade empresarial Brasil-Alemanha pelas valiosas con-tribuições dadas ao relacionamento entre as duas nações.

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Berlim - 2006

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Die Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

Die Geehrten

in diesem Jahr sind

Prof. Dr. h. c. Ludwig

Georg Braun und

Klaus H. Behrens

Seit sie 1995 von der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Han-delskammer und dem Deutschen Industrie- und Handelskammertag (DIHK) ins Leben gerufen wurde, wer-den mit der Deutsch-Brasilianischen Persönlichkeitsehrung jedes Jahr zwei Persönlichkeiten - eine aus jedem Land - ausgezeichnet, die mit ihren Initiativen zur Stärkung der bilateralen Beziehungen beitragen haben.

In diesem Jahr findet die Ehrung im prunkvollen Friedrich-von-Thiersch-Saal im Kurhaus Wiesbaden statt,

einem berühmten neoklassizistischen Bauwerk. Damit folgt auch diese Ausga-be der Persönlichkeitsehrung der Tradi-tion: Für die Feierlichkeiten wurden fast immer Gebäude von hohem historischen und kulturellen Wert gewählt.

Die diesjährigen Geehrten reihen sich in die Galerie der 36 Deutsch-Brasilianischen Persönlichkeiten ein, zu denen Minister, Botschafter, Unter-nehmer und Führungspersönlichkeiten gehören, die sich auch im sozialen Bereich engagieren. Ihnen allen wurde die Anerkennung der deutsch-brasili-anischen Unternehmerschaft ausge-sprochen für ihre wertvollen Beiträge zu den bilateralen Beziehungen.

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Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

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Cecília Degen

A expressividade e a facilidade de comu-nicação de Klaus H. Behrens contrastam com a sua aparência germânica. Nascido no Paraguai, filho de pais alemães, passou a infância e adolescência na Argentina. A carreira profissional levou-o a atuar em várias nações da América do Sul, che-gando, em 1974, ao Brasil, país ao qual se adaptou tão bem, que não vacila em declarar: “É aqui que me sinto em casa”.Pai de dois filhos – um nascido no Chile e o outro na Argentina –, dono de cédulas de identidade do Peru, Chile, Argentina e Brasil, ao lado dos passaportes para-guaio e alemão, Behrens, com a mesma determinação que enfrentou desafios pro-fissionais, agora, apesar de parcialmente aposentado, continua envolvido com ati-vidades empresariais, além de se dedicar aos esportes. Nesse quesito, atualmente, é no campo de golfe onde aprimora as suas habilidades, mas em outros tempos foi campeão de remo (Argentina, 1961), dedicou-se ao hipismo e ao tênis e tam-bém foi um exímio piloto de aeroplano.As inúmeras iniciativas que promoveu e que ajudou a realizar no campo das relações Brasil-Alemanha são certamente resultado de seus múltiplos interesses e de sua facilidade em aproximar e inter-conectar pessoas. Cabe aqui mencionar a coordenação, entre 1992 e 2010, do Grupo de Trabalho de Comunicação Social da Câmara Brasil-Alemanha, ao lado de ações junto ao Instituto Martius-Staden de Ciências, Letras e Intercâmbio Cultural Brasileiro-Alemão, à Associação Benefi-cente Alemã, ao Lar Girassol, um centro que cuida de crianças e adolescentes, e ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cujo Con-selho presidiu no período de 2004 a 2007.À BrasilAlemanha, Klaus Behrens conce-deu uma entrevista exclusiva, que pode ser lida a seguir:

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Klaus H. BehrensMembro do Conselho de Administração do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo

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Hinter dem deutschen Erscheinungsbild von Klaus H. Behrens verbirgt sich eine extrovertierte, kontaktfreudige Persönlich-keit. Der in Paraguay geborene Sohn deutscher Eltern ver-brachte Kindheit und Jugend in Argentinien. Seine berufliche Laufbahn führte ihn in verschiedene Länder Südamerikas und schließlich, 1974, nach Brasilien, wo er sich so gut eingelebt hat, dass er bis heute sagt: „Hier fühle ich mich zu Hause.“Seine zwei Söhne wurden in Chile und Argentinien geboren. Behrens selbst hat einen peruanischen, chilenischen, argenti-nischen und brasilianischen Personalausweis sowie einen para-guayischen und einen deutschen Pass. So entschlossen, wie er berufliche Herausforderungen stets angegangen ist, engagiert er sich heute, im Teilruhestand, für unternehmerische Aktivi-täten und im Sport. Heute spielt er hauptsächlich Golf; früher war er Rudermeister in Argentinien (1961), machte Reitsport und spielte Tennis und war ein hervorragender SegelfliegerIn den unzähligen deutsch-brasilianischen Initiativen, an de-nen Behrens mitgewirkt hat, spiegeln sich seine vielfältigen Interessen und sein Talent als Netzwerker. So koordinierte er beispielsweise von 1992 bis 2010 die Arbeitsgruppe Öf-fentlichkeitsarbeit der AHK und arbeitete an Projekten mit dem Martius-Staden-Institut für Wissenschaft, Literatur und deutsch-brasilianischen Kulturaustausch, mit dem deutschen Hilfsverein (Associação Beneficente Alemã), dem Kinderheim Lar Girassol und dem Oswaldo-Cruz-Krankenhaus, dessen Aufsichtsrat er von 2004 bis 2007 leitete.

Jetzt gab Klaus Behrens der BrasilAlemanha ein Exklusivinterview:

BRASILALEMANHA: Welches waren die wichtigsten Momente in den 37 Jahren, in denen Sie bei Henkel gearbeitet haben?Klaus Behrens: 1964 war ich in Hamburg, machte eine Ausbildung im Außenhandel und ein Praktikum bei Theodor Wille, einem Unternehmen, das im Handel mit Brasilien eine sehr wichtige Rolle spielte, und zwar v.a. als Kaffeeimporteur. Danach wollte ich ein deutsches Unternehmen in Südamerika vertreten. Glücklicherweise suchte Henkel gerade jeman-den mit meinem Profil, der in Peru arbeiten sollte und von dort aus auch für Bolivien, Ecuador und Chile zuständig war. Also machte ich eine einjährige Schulung im Stammhaus in Düsseldorf und ging dann 1966 nach Lima. Ich war für den Verkauf der aus Deutschland importierten Produkte zuständig, Produkte für die Kosmetik- und die Pharmaindus-trie, die Kunststoffindustrie und die Farben- und Lackindustrie.Das war eine sehr gute Zeit. Ich reiste per Flugzeug und Auto durch die ganze Region. Ich gewann neue Kunden für Henkel, lernte neue Menschen und die lokalen Gepflogenheiten kennen. Es war eine großartige Erfahrung. Nach zwei Jahren empfahl ich dem Stammhaus, einen Delegierten nur für Chile zu ernennen, da der chilenische Markt großes Potential hatte, dem ich nicht gerecht werden konnte. Henkel war einverstanden und beschloss, ich solle das selbst machen. Also zog ich nach Santiago.Das war 1969. Aber schon ein Jahr später kaufte Henkel ein Unter-nehmen in Argentinien, für das dringend ein Geschäftsführer für den Verkauf gebraucht wurde. So zog ich 1970 mit meiner Familie nach Buenos Aires, wo ich bis 1974 blieb. Danach übernahm ich den Vertrieb von Industrieprodukten in der brasilianischen Niederlassung. Brasilien war ein sehr viel größerer Markt, also hatte ich auch mehr Verantwor-tung und stand vor größeren Herausforderungen.

BRASILALEMANHA: O senhor poderia re-constituir os fatos mais importantes de sua carreira na Henkel, empresa na qual atuou por 37 anos? Klaus Behrens: Em 1964, estava em Hamburgo fazendo os estudos na área comercial inter-nacional e estagiando na Theodor Wille, uma empresa que teve um papel muito importante no comércio com o Brasil, especialmente nas importações de café. Minha meta era, ao concluir essa fase, representar uma empresa alemã na América do Sul. Por sorte, na ocasião, a Henkel procurava um profissional com esse perfil, que teria o Peru como base, atendendo, a partir dali, Bolívia, Equador e Chile. Então, passei um ano em treinamento na matriz, em Düsseldorf, e, em 1966, estava na represen-tação em Lima. Eu era responsável pela área comercial, pela venda de produtos que eram importados da Alemanha e atendiam indústrias dos setores cosmético, farmacêutico, além de plásticos e de tintas e vernizes.

Em 2006, Dr. Rolf-Dieter Acker, então Presidente da AHK SP entrega a Klaus H. Behrens, um diploma de Honra ao Mérito pela contínua colaboração com os trabalhos da instituição / 2006 überreichte Dr. Rolf-Dieter Acker, damals Präsident der AHK São Paulo, Klaus H. Behrens eine Ehrenurkunde für seine Verdienste in der Kammerarbeit

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Klaus H. BehrensAufsichtsratsmitglied des Deutschen Krankenhauses Oswaldo Cruz in São Paulo

26 BRASILALEMANHA Junho 2012

Foi uma época muito boa. Cruzei a região de todas as formas possíveis em avião e carro. Aumentei a distribuição dos produtos Henkel, conheci novas pessoas e os costumes locais. Uma experiência muito rica! Passados dois anos, recomendei à matriz que indicasse um re-presentante para se encarregar exclusivamente do Chile, mercado com grande potencial e que eu não conseguia atender adequadamente. A Henkel concordou, só que nomeou a mim próprio para fazer o trabalho e foi quando me mudei para Santiago. Comecei a trabalhar no Chile em 1969, mas decorrido um ano a Henkel comprou uma empresa na Argentina, para a qual precisava urgentemente de um gerente de vendas. As-sim, em 1970, transferi-me com a família para Buenos Aires, permanecendo até 1974, quando fui designado para assumir a área comercial de produtos industriais da subsidiária brasileira, um mercado muito maior e, consequentemente, com maiores responsabilidades e desafios.Na Henkel do Brasil, permaneci alguns anos como responsável pela área comercial, depois passei a diretor de Marketing da Divisão In-dustrial e, em 1987, assumi a presidência. Na sequência, em 1996, em função da constituição do Mercosul, integramos as várias subsidiárias e eu assumi a responsabilidade pela Henkel da Argentina e do Chile. Assim permaneci até 2002, quando completei 62 anos e me aposentei.

BA: Quais os maiores problemas e desafios que a empresa enfrentou na época? Poderia citar alguns?Klaus Behrens: Bem, os anos 1970, 1980 e até o início dos anos 1990 foram, sob o ponto de vista de gestão financeira, muito difíceis no Brasil. Havia problemas para obter licenças de importação, questões com o câmbio, inflação muito forte, controle de preços de venda. Não é sem razão que são chamados de “década

perdida”. Era preciso ajustar os preços todos os meses... Era um trabalho sob grande pressão e, naturalmente, havia sempre a preocupação com os resultados. Outro desafio durante o período em que presidi a Henkel Mercosul foi a integração de sete em-presas – algumas adquiridas exclusivamente no Brasil e outras, em nível mundial. Esse processo de fusão e integração foi muito trabalhoso. Nessa ocasião, também constatei como são intrincadas as leis trabalhistas brasileiras, na comparação com outros países. BA: O que é mais importante para quem está encabeçando um processo de fusão de empresas?

Klaus Behrens: Conseguir fazer uma integração de pessoas. É o mais importante e o mais difícil porque temos de ter cuidado com a questão humana. É um período de muitas incertezas e, mesmo assim, precisamos manter os colabo-radores motivados para o trabalho. Ao reunir duas empresas, identificam-se funcionários com os mesmos cargos e responsabilidades. Na Henkel, o processo sempre teve o objetivo de manter o profissional com as melhores condi-ções, mas as decisões são difíceis. O processo de integração é pesado – envolve a produção, a contabilidade, a parte tributária, a equipe de vendas etc. BA: Nessas circunstâncias, cabia ao senhor, em última instância, criar um bom ambiente de trabalho e motivar a equipe. Mas, em sua carreira pessoal, qual era a sua motivação? Klaus Behrens: Eu pessoalmente sempre fui motivado pelos desafios do mercado, pelas oportunidades que se criavam para as em-presas. Em termos de pessoal, não posso deixar de mencionar Konrad Henkel, último membro da família fundadora da empresa a ocupar a sua presidência mundial. Viajei com ele pelo Brasil e ele me marcou pela sua simplicidade e amabilidade, pela amplitude de interesses e pela facilidade de contato com as pessoas. Uma personalidade inesquecível para mim, muito pé no chão e muito motivador.

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

Foto comemorativa a 100ª. Reunião do Grupo de Trabalho de Relações Públicas l presidido por Klaus Behrens de 1992 a 2009 / Erinnerungsfoto der 100. Sitzung der Arbeitsgruppe Öffentlichkeitsarbeit, die Klaus Behrens von 1992 bis 2009 leitete

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Behrens (5º. e/d) e uma confraternização em um campo de golfe / Behrens (5. von links) auf einer Feier auf einem Golfplatz

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Nach einigen Jahren wurde ich Leiter von Marketing in der Industrie-sparte, und 1987 übernahm ich die Geschäftsführung. 1996 übernahm Henkel Brasil die Verantwortung für die Niederlassungen in Mercosul, und ich übernahm die Verantwortung für Henkel in Argentinien und Chile, bis ich mich 2002, mit 62 Jahren, zur Ruhe setzte.

BA: Welches waren in dieser Zeit die größten Probleme und Heraus-forderungen für Henkel?Klaus Behrens: In den 1970er und 1980er Jahren und auch zu Anfang der 90er war das Finanzmanagement in Brasilien sehr problematisch. Es war schwierig, Importgenehmigungen zu bekommen, der Wechselkurs war ein Problem, die Inflation war sehr stark, und die Preise wurden staatlich kontrolliert. Nicht ohne Grund nennt man die 80er Jahre das „verlorene Jahrzehnt“. Die Preise mussten einmal im Monat angepasst werden... Das war sehr aufwendig, und man konnte sich der Ergebnisse nie sicher sein.Eine weitere Herausforderung in der Zeit, als ich die Geschäftsführung innehatte, war die Einbindung von sieben Unternehmen, die Henkel aufgekauft hatte - zum Teil nur in Brasilien, zum Teil auf internationaler Ebene. Das war ein sehr aufwendiger Prozess. Damals musste ich auch feststellen, wie undurchschaubar das brasilianische Arbeitsrecht im Vergleich zum Arbeitsrecht in anderen Ländern ist.

BA: Was ist bei der Fusion von Unternehmen besonders zu beachten?Klaus Behrens: Die Mitarbeiter müssen in den Prozess eingebunden werden. Das ist das Wichtigste und zugleich das Schwierigste, weil wir den menschlichen Faktor berücksichtigen müssen. Eine Fusion bringt viele Unsicherheiten mit sich, aber wir müssen die Mitarbeiter trotzdem motivieren. Wenn zwei Unternehmen zusammengelegt werden, sind

Funktionen zunächst doppelt besetzt. Henkel hat immer versucht, den jeweils besseren Mitarbeiter auf dem Posten zu belassen, aber das sind schwierige Entscheidungen. Der Integrationsprozess ist komplex - dabei geht es um die Produktion, um die Buchführung, um Steuerfragen, um das Verkaufspersonal etc.

BA: In letzter Instanz waren Sie dafür verantwortlich, für ein gutes Arbeitsklima zu sorgen und die Mitarbeiter zu motivieren. Was hat Sie selbst in Ihrer beruflichen Laufbahn motiviert?Klaus Behrens: Mich haben stets die Herausforderungen des Marktes motiviert und die Geschäftsmöglichkeiten, die sich für Unternehmen bieten.Und ich muss hier auch Konrad Henkel erwähnen, das letzte Mitglied der Gründerfamilie, das den Konzern leitete. Ich reiste mit ihm durch Brasilien, und er hatte einen prägenden Einfluss auf mich. Er war ein ungezwungener, freundlicher Mann mit vielseitigen Interessen, der schnell Kontakte zu anderen Menschen knüpfte. Er war eine unver-gessliche Persönlichkeit, stand mit beiden Füßen fest auf dem Boden und hat mich sehr motiviert.

BA: Wer heute ins Berufsleben einsteigt, bleibt selten über 30 Jahre im selben Unternehmen. Was halten Sie von dieser Entwicklung?Klaus Behrens: Zu meiner Zeit wollte man lange in einem Unternehmen bleiben und dort Karriere machen. So habe ich es bei Henkel gemacht, wo ich als Verkäufer anfing und als Präsident aufhörte. Das war eine sehr dankbare Zeit für mich, denn meine Laufbahn bei Henkel war sehr dynamisch, und ich bin immer weiter aufgestiegen. Als ich bei Henkel aufhörte, wurde ich in den Beirat von Odgers Berndtson eingeladen.

28 BRASILALEMANHA Junho 2012

BA: Atualmente, para quem está iniciando uma carreira é inconcebível permanecer mais de 30 anos em uma única empresa. Do seu ponto de vista, o que isso tem de positivo e de negativo? Klaus Behrens: Eu sou um exemplo da época em que se apregoava que um profissional deveria permanecer na mesma empresa por um longo prazo e nela fazer uma próspera carreira. Esse foi o meu caso na Henkel, onde comecei como vendedor e me despedi como diretor-presidente. Para mim, pessoalmente, foi muito gratificante, pois lá a minha vida profissional foi bastante dinâmica e progredi continuamente. Ao sair da Henkel, fui convidado para integrar o Con-selho Consultivo da Odgers Berndtson, uma empresa na área de Recrutamento e Seleção de Executivos, da qual sou hoje vice-presidente do Conselho. Isso já faz alguns anos e nesse tempo pude observar e constatar que a experiência que eu vivi não é mais habitual nem usual. Na Od-gers Berndtson observei que os clientes na sua maioria procuram executivos com experiências multissetoriais e multiculturais. Essa tendência deve-se à grande competitividade das empresas no mercado em que atuam, onde a polivalência de seus executivos pode fazer a diferença com inovação e criatividade.

BA: Passar 37 anos na mesma empresa também é sinal de conhecimento de seus processos e domínio de sua cultura. Isso é uma vantagem ou desvantagem? Klaus Behrens: Isso é uma clara vantagem para cargos de empresas de setores oligo-

ein Personalberatungunternehmen. Heute bin ich Vizepräsident des Bei-rats. Dort kann ich seit einigen Jahren beobachten, dass eine Laufbahn wie meine heute ungewöhnlich ist. Die meisten Kunden von Odgers Berndtson suchen Führungskräfte mit Erfahrungen in verschiedenen Branchen und Kulturen. Das liegt an dem starken Wettbewerb, dem die Unternehmen auf dem Markt ausgesetzt sind. Vielseitige Führungskräfte können entscheidend sein, wenn es darum geht, sich durch Innovation und Kreativität gegen die Konkurrenz durchzusetzen.

BA: Wer 37 Jahre lang im selben Unternehmen arbeitet, kennt den Betrieb und die Unternehmenskultur. Ist das ein Vorteil oder ein Nachteil?Klaus Behrens: In einem Oligopol, wo ein Unternehmen oder (häufiger) eine Gruppe von Unternehmen dasselbe Produkt oder dieselben Produkte anbietet und wenig Wettbewerb herrscht, ist das ein klarer Vorteil. Sonst ist es heute für die Unternehmen ein klarer Nachteil, denn die Konkur-renz kann auf Führungskräfte zählen, die Erfahrungen in verschiedenen Branchen und in verschiedenen Regionen haben und damit sicherlich flexibler an die Herausforderungen herangehen, die sich aus der aus der weltweiten Konjunktur ergeben.

BA: Wie können junge Führungskräfte ihre geringen Kenntnisse des Betriebs und der Unternehmenskultur wettmachen?Klaus Behrens: Dafür sind die Unternehmensstrukturen verantwort-lich. Die Hierarchien überlagern sich und sind nach verschiedenen Geschäftsbereichen organisiert. Bei einer solchen Organisation bilden sich automatisch Arbeitsgruppen, die sich gegenseitig ergänzen und die miteinander interagieren. So werden fehlende Kenntnisse ausgeglichen.In der Gruppenarbeit zeigt sich auch, wer die Führungspersönlichkeiten sind. Diese bekommen später Managerposten, in denen sie die Arbeit der Mitarbeiter leiten und koordinieren können.

BA: Wie haben Sie die Nachricht aufgenommen, dass Sie mit der Deutsch-Brasilianischen Persönlichkeitsehrung 2012 ausgezeichnet werden?Klaus Behrens: Das war ein bewegender Moment. Ganz ehrlich, ich hatte das nicht erwartet. Ich habe mich sehr gefreut, und ich sehe das als Bestätigung, dass ich vieles im Leben richtig gemacht habe. Ich erhalte eine Auszeichnung für meine Arbeit, für das, was ich getan habe. Darauf bin ich sehr stolz. Es ist einfach fantastisch, anders kann ich es nicht sagen.

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polizados, ou seja, quando uma determinada empresa ou grupo de empresas (mais comu-mente) detém a distribuição de produtos ou determinado produto sem uma concorrência significativa. Afora essa situação, há uma clara desvantagem competitiva para as empresas atualmente, pois os seus concorrentes po-dem contar com executivos com experiências setoriais e geográficas diversificadas, o que certamente lhes proporcionará mais agilidade no enfrentamento dos desafios impostos pela conjuntura econômica mundial.

BA: Como os jovens executivos podem atual-mente suprir o seu menor conhecimento sobre os processos e a cultura das empresas em que atuam?Klaus Behrens: As estruturas organizacionais atuais se encarregam de executar essa tarefa, pois os sistemas hierárquicos são matriciais e

organizados por unidades distintas de negó-cios. Esse modelo organizacional proporciona a formação instintiva de grupos de trabalho que, ao se complementarem e interagirem, podem suprir o seu menor conhecimento sobre processos e cultura.Os líderes naturais que surgirão desses grupos de trabalho serão os dirigentes da empresa, onde a sua maior habilidade vai estar em liderar e orquestrar talentos.

BA: Como recebeu a notícia de que seria homenageado com o Prêmio Personalidade Brasil Alemanha 2012?Klaus Behrens: Emocionante, sinceramente não esperava. Foi uma alegria enorme e com isso tenho a confirmação de ter feito muitos acertos na vida. Recebo um prêmio pelo meu trabalho, pelo que eu fiz, o que me enche de orgulho. Para mim, é fantástico, o que mais posso dizer?

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

Parceria entre os hospitais alemães de São Paulo, de Buenos Aires e de Santiago: uma

iniciativa de Klaus H. Behrens / Partnerschaft zwischen den deutschen Krankenhäusern in São Paulo, Buenos Aires und Santiago: eine

Initiative von Klaus H. Behrens

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30 BRASILALEMANHA Junho 2012

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

Prof. Dr. h.c. Ludwig Georg BraunPresidente do Conselho de Administração da B. Braun Melsungen AG

Alemanha com uma vasta experiência, que ob-viamente influenciou a minha vida profissional.

BA: O que levou o senhor a se transferir para o Brasil?Prof. Dr. Braun: Nos anos 60, o Brasil chamava a atenção de muitas empresas alemãs, inclusive da B. Braun. Em 1967, realizamos a aquisição do Laboratório Americano, localizado em Nite-rói (RJ). O gerente alemão, indicado pela matriz, tomou algumas decisões infelizes e teve de ser substituído. Quando meu pai me pediu para as-sumir a tarefa, só havia uma resposta: Sim, sem mas nem porquês. Eu senti ali a oportunidade de realmente realizar mudanças empresariais e, graças a Deus, não vi os problemas. Pois, na época, transformar a nova unidade em uma em-presa moderna e rentável foi muito trabalhoso.

O Prof. Dr. Ludwig Georg Braun representa a quinta geração de sua família no coman-do da B. Braun, empresa do setor de saúde cuja origem remonta a 1839, quando Julius Wilhem Braun adquiriu a RosenA-potheke, em Melsungen. Ali, iniciou um negócio com ervas medicinais e produção de medicamentos, que anos depois seria responsável pelo desenvolvimento do primeiro material absorvível para suturas cirúrgicas, assim como do primeiro mate-rial de sutura estéril no mundo.Como um empreendedor visionário, o Prof. Braun foi, nas últimas décadas, responsável por valiosos impulsos para o desenvolvimento do setor de tecnologia médica. Fiel ao lema de sua empresa – Sharing Expertise –, está sempre aberto a novos temas e novos desenvolvimentos, deixando-se guiar sempre por sólidos princípios morais e cristãos. A sua ligação com o Brasil data de 1968, quando, aos 24 anos, assumiu a direção dos Laboratórios Americanos S.A., em Niterói (RJ), transformando-os em La-boratórios B. Braun, braço do grupo no continente sul-americano.Além das atividades empresariais, o Prof. Braun envolveu-se com iniciativas de cunho comunitário, associativo e político. Aqui vale mencionar a presidência da Câ-mara e Comércio de Kassel (1991 a 2004), a presidência da Associação da Indústria Química (1996 e 1997) e a presidência da Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria – DIHK (2001 a 2009).Em fevereiro de 2002, Ludwig Georg Braun recebeu o título de Dr. honoris causa da Universidade de Freiburg e, em setembro de 2006, o Estado de Hessen homenageou-o com o título de Professor.Pai de cinco filhos, o Prof. Braun também é conhecido como um grande incentivador das artes e um entusiasmado colecionador de selos.À Brasil-Alemanha, o Prof. Dr. Ludwig Ge-org Braun concedeu uma entrevista exclu-siva por e-mail, que pode ser lida a seguir:

BRASILALEMANHA: Como jovem executivo, o senhor trabalhou no Brasil. O que aprendeu com o País e com as pessoas? A sua expe-riência no Brasil influenciou a sua carreira?Prof. Dr. Braun: Eu estive no Brasil em uma época de transformação econômica, ou seja, em uma época muito interessante. Ir para outro país, um país com uma cultura diferente, sempre é um desafio para uma pessoa jovem. Assumir a direção de uma empresa aos 25 anos exige, de um dia para outro, maturidade e prontidão para tomar decisões. Além disso, estava consciente da minha responsabilidade por mais ou menos 1.500 colaboradores. Ape-sar da prosperidade econômica do Brasil, a inflação continuava em alta, com a necessidade de ajustar os preços uma vez por mês. Para mim, foi uma lição dura, mas boa. Voltei para a

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„Rio erlebt einen historischen Moment“

Prof. Dr. Ludwig Georg Braun leitet in fünfter Generation das Familienunternehmen B. Braun. Die Unternehmensgeschichte nahm 1839 ihren Anfang, als Julius Wilhelm Braun die Rosen-Apotheke in Melsungen kaufte. Dort begann der Handel mit Heilkräutern und die Produktion von Arzneimitteln. Jahre später wurde die Produktion des ersten sterilen resorbierbaren Nahtmaterials aufgenommen.Als visionärer Unternehmer gab Prof. Braun in den letzten Jahrzehnten wertvolle Impulse in der Entwicklung der Medizin-technik. Getreu dem Unternehmensmotto „Sharing Expertise“ ist er stets offen für neue Themen und neue Entwicklungen, wobei er sich immer von soliden moralischen und christlichen Prinzipien leiten lässt.Seine Verbundenheit mit Brasilien geht bis ins Jahr 1968 zurück, als er im Alter von 24 Jahren die Leitung von Laboratórios Americanos S.A. in Niterói (im Bundesstaat Rio de Janeiro) übernahm und daraus die Laboratórios B. Braun machte, ein Unternehmen der B.-Braun-Gruppe.Neben seiner Arbeit als Unternehmer engagiert sich Prof. Braun auch in sozialen und politischen Initiativen sowie in der Verbandsarbeit. So war er beispielsweise Präsident der Indus-

trie- und Handelskammer Kassel (1991 bis 2004), des Verbands der Chemischen Industrie (1996 bis 1997) und des Deutschen Industrie- und Handelskammertags (2001 bis 2009).Im Februar 2002 erhielt Ludwig Georg Braun die Ehrendoktor-würde der Universität Freiburg, und im September 2006 verlieh ihm das Land Hessen den Ehrentitel Professor.Der Vater von fünf Kindern ist außerdem ein großer Förderer der Kunst und leidenschaftlicher Briefmarkensammler.Jetzt gab Prof. Dr. Ludwig Georg Braun der BrasilAlemanha per E-Mail ein Exklusivinterview.

BRASILALEMANHA: Sie waren als junger Manager in Brasilien tätig. Was haben Sie von Land und Leuten gelernt? Hat ihre Brasilien-Erfahrung Einfluss auf ihr weiteres berufliches Leben gehabt? Prof.Dr. Braun: Meine Zeit in Brasilien war eine Zeit des wirtschaftli-chen Aufbruchs und deshalb äußerst spannend. Als junger Mensch in ein fremdes Land mit einer fremden Kultur zu gehen, ist für jeden eine Herausforderung. Mit 25 Jahren ein Unternehmen zu übernehmen, verlangte von heute auf morgen Reife und Entscheidungsfreudigkeit. Dazu kam das Bewusstsein, dass man mit seinem Handeln die Ver-antwortung für etwa 1.500 Mitarbeiter trägt. Trotz wirtschaftlichen Aufschwungs herrschte immer noch eine hohe Inflationsrate, weshalb die Preise monatlich angepasst werden mussten. Das war eine harte,

Prof. Dr. h.c. Ludwig Georg BraunAufsichtsratsvorsitzender der B. Braun Melsungen AG

Ludwig Georg Braun (ao centro) recebe o pai, Otto Braun (à esq.), em 1971, na

visita à subsidiaria brasileira do grupo / Ludwig Georg

Braun (Mitte) empfängt seinen Vater, Otto Braun

(links), 1971 bei einem Besuch der brasilianischen

Niederlassung der Unternehmensgruppe

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32 BRASILALEMANHA Junho 2012

Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha Deutsch-Brasilianische Persönlichkeitsehrung

BA: O Brasil nem sempre foi um país fácil. Por que a B. Braun sempre manteve seu compromisso com o País?Prof. Dr. Braun: A B. Braun já está presente na América do Sul há muitos anos. O Brasil é o maior mercado na região e, por isso, é uma im-portante base para a B. Braun. A perseverança valeu a pena. Com uma política engenhosa e, finalmente, preços justos para matérias-primas, o Brasil conseguiu resultados que nos anos 60, 70 ainda eram sonhos distantes. Hoje, a Améri-ca Latina, junto com a região Ásia-Pacífico, é o motor de crescimento de nossa empresa. O Bra-sil tem de continuar a construir uma indústria moderna e a aumentar a participação nacional do valor agregado. Sobretudo, o Brasil está enfrentando o desafio da educação: todos os brasileiros devem ter acesso à educação, para atender à demanda de mão de obra qualificada e para que todos possam construir seu próprio futuro e realizar os seus sonhos.

BA: Quais são os vínculos que o senhor tem com o Brasil nos dias de hoje?Prof. Dr. Braun: Tenho muitos. Passei um período marcante da minha vida no País, e o Brasil sempre será muito importante

para mim. O que me deixa muito feliz é o fato de que meu filho mais velho compartilha esse entusiasmo. Ele está vivendo, junto com a sua família, no Brasil e, a partir de São Gonçalo, dirige as atividades de nossa empresa na América Latina e – o que é notável – também na Península Ibérica. Isso é outro vínculo que tenho com o Brasil.

BA: A B. Braun tem uma história de 173 anos e hoje ocupa uma posição de liderança no mercado de saúde. Como o senhor vê o futu-ro da empresa? Quais são as estratégias da B. Braun para os próximos anos para manter essa posição de liderança?Prof. Dr. Braun: Há alguns anos, desenvolve-mos vários programas de investimentos para nos capacitar para o futuro, envolvendo um total de € 4 bilhões, até 2015. Principalmente, estamos construindo novas unidades produ-

tivas no mundo inteiro e modernizando unidades existentes – inclusive no

Brasil. Além disso, mantemos um estreito intercâmbio com pro-fissionais de saúde no mundo todo, para criar inovações de

alta qualidade e a preços competitivos. Isso é muito importante para assegurar

uma boa posição no mercado

internacional. E, não por último, damos muito valor à qualidade da educação, que conside-ramos um importante investimento no futuro.

BA: A B. Braun tem uma forte atuação so-cial e se preocupa muito com a questão da sustentabilidade. Quais foram os resultados obtidos com esse trabalho? Quais foram os principais projetos nos últimos anos?Prof. Dr. Braun: Nossa meta principal é apre-sentar perspectivas aos jovens. E isso em todos os países nos quais atuamos. Para enfrentar os problemas relevantes nas diferentes loca-lidades, há alguns anos iniciamos o programa “B. Braun for Children” em todas as nossas subsidiárias. As atividades das subsidiárias são tão diversificadas quanto as culturas. No Brasil, entre outras iniciativas, apoiamos o projeto-modelo “Arsenal do Bem”, que oferece aos alunos da última série a oportunidade de fazer um curso de educação técnica básica, como preparação à vida profissional.

BA: Como o senhor analisa o desenvolvi-mento da parceria Brasil-Alemanha? Em quais áreas essas relações poderiam ser aprofundadas?Prof. Dr. Braun: Sempre houve um intercâmbio econômico intenso entre os dois países, o que eu acho ótimo. Mas ainda há muito potencial, especialmente na área de educação.

BA: Qual foi a sua reação quando ficou sa-bendo que foi escolhido como Personalidade Brasil-Alemanha 2012?Prof. Dr. Braun: Fiquei muito feliz. Passei um período intenso no Brasil, e o País virou uma segunda pátria para mim. Esse prêmio é uma grande honra para mim. (CD)

Em 2008, A Assembléia Legislativa

Estadual concedeu ao Prof. Braun o

título de “Cidadão do Estado do Rio de

Janeiro”. / Im Jahr 2008 ernannte das Parlament von Rio

de Janeiro Prof. Braun zum Ehrenbürger des

Bundesstaates

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aber gute Lehre für mich. Ich habe einen gro-ßen Erfahrungsschatz mit nach Deutschland genommen, der natürlich Einfluss auf mein weiteres berufliches Leben hatte.

BA: Was bewegte Sie nach Brasilien zu gehen?Prof. Dr. Braun: Wie viele andere Unter-nehmen Deutschlands war auch B. Braun in den 60er Jahren auf Brasilien aufmerksam geworden. 1967 übernahmen wir die Firma Laboratório Americano in Niteroi. Der aus Deutschland entsandte Geschäftsführer handelte nicht glücklich und musste abgelöst werden. Auf die Bitte des Vaters, diese Aufga-be zu übernehmen, gab es nur eine Antwort: Ja, ohne wenn und aber. Ich sah viele Chancen für mich, unternehmerisch wirklich etwas zu bewegen, und ‚Gott sei Dank‘ nicht die auch auf dem Weg liegenden Stolpersteine. Denn es gab damals sehr viel zu tun, um ein modernes und rentables Unternehmen zu formen.

BA: Brasilien war nicht immer einfach. Warum hat B. Braun immer zu dem Land gehalten?Prof. Dr. Braun: B. Braun war schon sehr früh auf dem südamerikanischen Kontinent vertre-ten. Brasilien ist dort der größte Markt und war und ist deshalb ein wichtiges Standbein für B. Braun. Die Ausdauer hat sich gelohnt. Brasilien hat dank einer klugen Politik und endlich fairen Preisen für Rohstoffe erreicht, wovon man in den 60er und 70er Jahren im Lande träumte. Heute ist ganz Lateinamerika zusammen mit der Region Asien/Pazifik der Wachstumsmotor des Unternehmens. Brasilien muss jetzt fortfahren, seine moderne Industrie aufzubauen und die Wertschöpfung im Lande zu erhöhen. Vor allem steht Brasilien heute vor der Herausforderung, allen seinen Bür-gern die Bildung zuteil werden zu lassen, um den qualifizierten Personalbedarf im Land zu decken, so dass jeder seine Zukunft selbstbe-stimmt in die Hand nehmen und seine Träume verwirklichen kann.

BA: Was verbindet Sie heute mit Brasilien?Prof. Dr. Braun: Sehr viel. Ich habe eine prägende Zeit meines Leben dort verbracht, weshalb mir das Land immer am Herzen liegen wird. Zu meiner Freude konnte ich diese Begeisterung auch an meinen ältes-ten Sohn weitergeben, der dort zurzeit mit seiner Familie lebt und von São Gonçalo aus die Aktivitäten unseres Unternehmens in Lateinamerika und – das ist bemerkenswert – von dort auch die Aktivitäten der Iberischen Halbinsel verantwortet. Auch das verbindet mich heute natürlich mit Brasilien.

BA: B. Braun ist ein Unternehmen mit einer 173-jährigen Geschichte und hat heute eine Spitzenposition im Gesundheitsmarkt. Wie sehen Sie die Zukunft des Unternehmens?

Welche Strategien verfolgt das Unterneh-men in den nächsten Jahren, um seine Spitzenposition zu halten?Prof. Dr. Braun: Wir haben vor ein paar Jahren Investitionsprogramme mit einem Gesamtvolumen von über 4 Mrd. Euro bis 2015 aufgelegt, um uns für die Zukunft zu rüsten. In erster Linie bauen wir weltweit neue Produktionsstätten und modernisieren und erweitern schon bestehende – auch in Brasilien. Außerdem arbeiten wir in engem Austausch mit medizinischem Fachpersonal in der ganzen Welt ständig daran, qualitativ hochwertige Innovationen zu wettbewerbs-fähigen Preisen zu schaffen. Das ist von großer Bedeutung für eine dauerhaft gute Positionierung auf dem Weltmarkt. Und nicht zuletzt legen wir viel Wert auf eine hohe Qualität der Ausbildung, auch eine wichtige Investition in die Zukunft.

BA: B. Braun engagiert sich sehr stark so-zial und legt viel Wert auf Nachhaltigkeit. Welche Ergebnisse konnten durch diese Engagements erreicht werden? Welche waren die wichtigsten Projekte diesbe-züglich in den letzten Jahren?Prof. Dr. Braun: Es ist uns in aller erster Linie ein Anliegen, jungen Menschen Per-spektiven aufzuzeigen. Und das in allen Ländern, in denen wir tätig sind. Da wir den Problemen begegnen möchten, die jeweils vor Ort akut sind, haben wir vor ein paar Jahren ein konzernweites Programm „B. Braun for Children“ ins Leben gerufen. Die Aktivitäten unserer Tochtergesellschaften sind so vielfältig wie die Kulturen. In Bra-silien unterstützen wir unter anderem das Modellprojekt „Arsenal do Bem“. Junge Menschen erhalten im letzten Schuljahr die Chance, eine technische Basisausbildung zu absolvieren, um besser für das Berufsleben vorbereitet zu sein.

BA: Wie sehen Sie die Entwicklung der deutsch-brasilianischen Partnerschaft? In welchen Bereichen könnten diese Beziehungen vertieft werden?Prof. Dr. Braun: Es gab schon immer einen sehr intensiven wirtschaftlichen Austausch zwischen den beiden Nationen, was ich sehr begrüße. Aber gerade im Bereich Aus-bildung junger Menschen gibt es bestimmt noch Potential.

BA: Wie haben Sie reagiert, als sie erfahren haben, dass sie zur Deutsch-Brasilianischen Persönlichkeit 2012 gewählt worden sind?Prof. Dr. Braun: Ich habe mich sehr gefreut. Durch die intensive Zeit dort ist Brasilien auch ein Stück zweite Heimat geworden. Diese Auszeichnung ist eine große Ehre für mich.

34 BRASILALEMANHA Junho 2012

Educação Bildung

A corrida pela educaçãoJúlia Zillig

Aumento do poder de consumo e de renda da população, oferta de crédito em larga escala, real em alta, entre outros fatores, levam o Brasil a se destacar entre as prin-cipais economias do mundo. No entanto, para que esse horizonte promissor continue fazendo parte da realidade da nação nos próximos anos, é necessário mexer em um assunto considerado o seu calcanhar de aquiles: a educação. Quando esse tema é abordado, o país fica em desvantagem nos rankings mundiais. É uma área em que ainda tem de caminhar – e muito – para fortalecer sua capacidade de formar seus cidadãos e conceder conhecimento a eles, especialmente quando o crescimento da economia cria novos postos de trabalho e pede mão de obra qualificada. Apenas 5,3% do PIB do Brasil é investido em educação, valor considerado aquém do necessário. O tema vem sendo observado por especia-listas e também pelo próprio governo, que procura implantar programas para reverter o quadro desfavorável. A questão envolve

O crescimento

econômico do Brasil

aumenta a procura

dos jovens por cursos

profissionalizantes

e universitários

não somente a falta de um ensino infantil qualificado, mas também o período de for-mação de mão de obra, iniciado no ensino médio e que continua ao longo da vivência universitária.

As vantagens dos cursos profissionalizantes Por conta da mudança da economia, que criou uma nova classe média que hoje vive com uma renda entre R$ 1,2 mil e R$ 5,3 mil, os cursos de educação profissional – ou profissionalizantes – começaram a ganhar força no País. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do PNAD /2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), os jovens dessa classe média são responsáveis pela expansão de quase 77% no volume de pessoas que frequentam ou frequentaram cursos de educação profissional no Brasil entre o período de 2004 a 2010. Entende--se por curso profissionalizante o ensino médio técnico ou o curso superior de tecnólogo, com carga de até 400 horas. Marcelo Neri, professor da Fundação

Antonio Milena / Agência Estado

Educação Bildung

Apenas 5,3% do PIB brasileiro é investido em educação, o que está muito abaixo do necessário / Mit nur 5,3% des BIP wird in Brasilien viel zu wenig in die Bildung investiert

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Der Wettlauf um die BildungDas Wirtschaftswachstum in Brasilien bringt mehr junge Leute an die Berufsschulen und Universitäten

Júlia Zillig

Dank der Erhöhung von Kaufkraft und Einkommen, des großen Kre-ditangebots, des starken Real und weiteren Faktoren gehört Brasilien zu den wichtigsten Volkswirtschaften

der Welt. Aber damit die Aussichten in den nächsten Jahren so vielversprechend bleiben, muss ein Thema angegangen werden, das als Brasiliens Achillesferse gilt: die Bildung. Hier steht das Land in den internationalen Ranglisten weit hinten. Auf diesem Gebiet muss noch

viel getan werden, zumal durch das Wirtschaftswachstum neue Arbeits-plätze entstehen und qualifizierte Arbeitskräfte gebraucht werden. Mit nur 5,3% des BIP wird in Brasilien zu wenig in Bildung investiert.Damit setzen sich Fachleute und auch die Regierung auseinander, die Projekte plant, um das Problem in den Griff zu bekommen. Von der Grund-schule bis hin zu den Universitäten fehlt es an qualifizierten Ausbildungs-möglichkeiten.

Os cursos profissionalizantes

oferecidos pelas Faculdades de

Tecnologia – Fatec´s atraem um número cada

vez maior de jovens / Immer mehr junge Leute entscheiden

sich für die berufsbildenden Kurse

an den technischen Hochschulen (FATECs)

Evelson de Freitas / Agência Estado

36 BRASILALEMANHA Junho 2012

Educação Bildung

Getulio Vargas (FGV) e responsável por estudos desenvolvidos a respei-to do assunto no Brasil, afirma que esse aumento reflete a recuperação do mercado de trabalho desde 2004. “Passado o período de estagnação, que veio com a crise de 2008 e 2009, o mercado está retomando as perdas de salário e aumentando a busca por profissionais.” Neri pontua que, nos anos 1960, a corrida do mercado de trabalho foi vencida pela demanda. Mas, nos últimos sete anos, a situa-ção se inverteu: a oferta de educação ganha a batalha. “Isso vem aumentan-do significativamente desde os anos 1990 e gerou uma forte redução da desigualdade.”O especialista destacou que, com o fortalecimento da educação profissio-nal, o jovem passou a enxergar outras oportunidades de crescimento. “Não há mais a mentalidade de que você só sobe na vida se frequentar a universi-dade. O curso profissionalizante pode trazer essa ascensão profissional.” De acordo com uma das pesquisas coordenadas por Neri, os principais fatores que atraem novos alunos para esses cursos são o custo – geralmente menor do que o valor cobrado por um curso universitário –, o tempo de du-ração e menos exigência em termos de requisitos. Em março de 2011, 22,1% dos estudantes haviam concluído os cursos profissionalizantes – um cres-

cimento de 75,6% em relação a 2004. “A chance de ocupação de uma pessoa em idade ativa com formação profis-sional concluída é de 48,2%”, cita Neri no estudo. “A educação profissional e a corrida trabalhista.” O trabalho indica também os cursos com o maior número de alunos formados. Os liga-dos à área automobilística ocupam o primeiro lugar, com 45,71%, seguidos por Finanças (38,17%), Petróleo e Gás (37,34%) e Construção Civil (17,80%). “Quem faz um curso profissionalizan-te tem 62% de chance de conseguir emprego na área escolhida. Uma das grandes vantagens é que ele permite que o jovem trabalhe e estude ao mes-mo tempo”, comentou.

País “educado”O governo, por outro lado, também reforça essas estatísticas. Dados for-necidos pelo Ministério da Educação mostram que o número de alunos do ensino técnico chegou a cerca de 1,2 milhão em 2010. Desses, 62,1% estavam retornando para os estudos, dos quais 19% estavam fazendo o curso profissionalizante juntamente com o ensino médio. De acordo com informações do órgão governamental, o número de vagas em escolas federais voltadas para essa finalidade aumentou 114,2% de 2002 a 2010. Hoje, o País conta com 38 instituições federais de educação, ciência e tecno-

logia, que são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricur-riculares e multicampi, especializadas na oferta de educação profissional e tec-nológica. Em 2003, havia 140 escolas e, em 2010, eram 354. Segundo dados do ministério, a meta é alcançar 562 unidades em 2014; e até 2018 o número de matrículas deve chegar a 600 mil. Outro aspecto que se destaca na questão dos cursos profissionalizan-tes é o ensino universitário, ou seja, a graduação de tecnólogos. Segundo um levantamento da FGV, os cursos de graduação tecnológica equivalentes ao nível superior proporcionam um aumento de 95,7% na ocupabilidade das pessoas. O cenário mostra uma expansão signi-ficativa desse tipo de ensino no País. No entanto, se comparado ao montante de alunos matriculados no ensino médio, a participação do ensino profissional ainda é pequena. Do total de 9 milhões de alunos que frequentam o ensino médio no País, apenas 1 milhão cursa o ensino técnico e apenas 6 milhões ingressam no nível superior. “Ainda tem muito a ser feito”, diz Neri.

Nos bancos da universidadeO número de alunos que conseguiram chegar às salas de aula das faculdades também aumentou nos últimos anos. Em 2000, o Brasil contava com apenas 3 milhões de universitários – 7,3% dos

As políticas de inclusão implantada

pelo governo garantiram que a

cada ano, 2,1 milhões de pessoas possam ir

para as universidades / Dank der

Eingliederungsmaß-nahmen der Regierung

können jedes Jahr 2,1 Mio. Menschen ein Hochschulstudium

beginnenMárcio Fernandes / Agência Estado

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Die Vorteile der BerufsausbildungDurch das Wirtschaftswachstum ist eine neue Mittelklasse mit einem monatlichen Einkommen von R$ 1.200 bis R$ 5.300 entstanden, und die Berufsausbildung gewinnt in Brasilien an Bedeutung. Nach Daten des Statistikinstituts IBGE und der Haushaltsumfrage PNAD 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) sind es in erster Linie die jungen Leute aus der Mittelschicht, die berufsbildende Kurse absolvieren. Die Zahl der Personen, die eine Berufs-ausbildung machen oder gemacht haben, ist von 2004 bis 2010 um fast 77% gestiegen. Dazu werden Fachkurse in der Sekundarstufe oder Fachausbildungen im tertiären Bereich mit bis zu 400 Stunden gezählt. Marcelo Neri, Dozent an der Getúlio-Vargas-Stiftung (FGV), ist verant-wortlich für die Studien, die zu dieser Thematik in Brasilien durchgeführt werden, und führt diese Entwicklung auf die Erholung des Arbeitsmarktes seit 2004 zurück. “Nach einer Zeit der Stagnation infolge der Krise in den Jahren 2008 und 2009 steigen die Einkommen und die Nachfrage nach qualifizierten Arbeitskräften wieder.” In den 1960er Jahren herrschte Fachkräftemangel. Aber in den letzten sieben Jahren habe sich die Situation umgekehrt: Das Bildungsangebot kann mit der Nachfrage mithalten. “Das Angebot ist seit den 1990er Jahren deutlich gestiegen, was die Verteilungsgerechtigkeit sehr erhöht hat.”

Die Verbesserung der Berufsbildung eröffne jungen Menschen neue Möglichkeiten. “Sie glauben nicht länger, sie könnten im Leben nur aufsteigen, wenn sie eine Universität besuchen. Auch eine Berufsausbildung bietet ihnen diese Chance.” Eine der von Neri koordi-nierten Studien nennt als Hauptgründe für die Wahl einer Berufs- anstelle einer Universitätsausbildung die im Allgemeinen geringeren Kosten, die kürzere Dauer und die niedrigeren Zulassungsvoraussetzungen. Im März 2011 hatten 22,1% der Schüler eine Berufsaus-bildung abgeschlossen - 75,6% mehr als im Jahr 2004. “Die Chance auf Beschäftigung liegen bei einer Person im erwerbsfähigen Alter mit einer abgeschlossenen Berufsausbildung bei 48,2%”, schreibt Neri in der Stu-die “Die Berufsbildung und der Wettbewerb auf dem Arbeitsmarkt”. Die Studie listet auch die Kurse auf, die die meisten Absolventen verzeichnen können. An erster Stelle stehen Kurse im Kfz-Gewerbe mit 45,71%, gefolgt von Finanzen (38,17%), Öl und Gas (37,34%) sowie dem Baugewerbe (17,80%). “Wer eine Berufsausbildung macht, hat eine 62%ige Chance auf einen Arbeitsplatz in der gewünschten Branche. Einer der großen Vorteile einer Berufsausbildung liegt darin, dass die jungen Menschen gleichzeitig lernen und arbeiten”, so Neri.

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Educação Bildung

„Gebildetes“ LandDie Statistiken der Regierung belegen diese Tendenz. Nach Daten des brasilianischen Bildungsministeriums befanden sich im Jahr 2010 ca. 1,2 Mio. Personen in der Berufsausbildung. Davon machten 62,1% die Ausbildung auf dem zweiten Bildungsweg, 19% pa-rallel zur Sekundarstufe. Die Zahl der Plätze an den Bundeseinrichtungen zur Berufsausbildung hat sich nach Angaben des Ministeriums von 2002 bis 2010 um 114,2% erhöht.Heute gibt es in Brasilien 38 Bildungs-, Wissenschafts- und Technologieinstitute in der Sekundarstufe und im Tertiärbereich, die sich auf die Berufsausbildung und auf die technische Ausbildung spezialisiert haben.Im Jahr 2010 waren es 354 Einrichtungen, im Jahr 2003 nur 140. Bis 2014 sollen es 562 Einrichtungen werden, und bis 2018 soll die Zahl der Schüler 600.000 erreichen.Eine wichtige Rolle spielen auch die Universitäten und ihre technischen Studiengänge. Nach einer Erhebung der FGV haben sich die Beschäftigungschancen von Technikern mit einem Abschluss, der einem Univer-sitätsabschluss gleichgestellt ist, um 95,7% erhöht.Immer mehr Menschen machen eine solche Ausbil-dung, aber im Vergleich zur Schülerzahl in der Se-kundarstufe sind es immer noch wenig. Von den neun Millionen Schülern in der Sekundarstufe machen nur eine Million eine Berufsausbildung, nur sechs Millio-nen studieren. “Es gibt noch viel zu tun”, erklärt Neri.

Im HörsaalAuch die Zahl der Studenten hat sich in den letzten Jahren stark erhöht von 3 Mio. im Jahr 2000 (7,3% der Personen zwischen 18 und 24 Jahren) auf 6,5 Mio. (14,4%) im Jahr 2010. Jedes Jahr beginnen 2,1 Mio. Menschen mit dem Studium. “Die Ein-gliederungsmaßnahmen der Regierung und ein strukturiertes Bewertungssystem haben in vier Jahren dafür gesorgt, dass über eine Million Brasilianer die Chance auf eine gute Hoch-schulausbildung haben”, teilte das Bildungsministerium mit.Die Regierung hat in die Bundesuniversitäten investiert. Im letzten Jahr flossen R$ 23,7 Mrd. in die Bundesuniversitäten, wodurch die Zahl der Studienplätze von 139.900 im Jahr 2007 auf 218.200 im Jahr 2010 erhöht werden konnte. Außerdem sollen 126 neue Campus und 14 neue Universitäten in 230 Städten und Gemeinden entstehen. Bis Ende 2014 will die Regierung 63 neue Universitäten und 321 neue Campus in 275 Städten einrichten.Auch die Zahl der Stipendien erhöht sich nach Angaben des Bildungsministeriums. “Von dem Programm ProUni, das Voll- und Teilstipendien für Studenten aus einkommens-schwachen Familien an privaten Universitäten vergibt, und von der Studienstiftung FIES, die ein Studium zu geringen Zinsen und mit einer Karenzzeit von acht Jahren finanziert, haben bereits über 1,5 Mio. Brasilianer profitiert, die sich den Traum eines akademischen Studiums erfüllen konnten. Und wer ein Lehramts- oder Medizinstudium absolviert, kann den Studienkredit über die Arbeit an öffentlichen Schulen bzw. Krankenhäusern zurückzahlen.”

jovens de 18 a 24 anos. No ano retra-sado, atingiu 6,5 milhões – 14,4%. A cada ano, 2,1 milhões de pessoas vão para as universidades. “As políticas de inclusão, juntamente com um estrutu-rado sistema de avaliação, garantiram que, em quatro anos, mais de 1 milhão de brasileiros tivessem a oportunidade de fazer um curso de ensino superior de qualidade”, informou o Ministério da Educação. O governo investiu em sua rede de universidades federais. Elas receberam recursos de R$ 23,7 bilhões no ano passado, o que gerou um aumento no número de vagas oferecidas em graduação presencial, de 139,9 mil, em 2007, para 218,2 mil em 2010. O

órgão declarou ainda a criação de 126 novos campi e 14 universidades em 230 municípios. Segundo o ministério, até o final de 2014 o governo pretende atingir 63 novas universidades e 321 campi, atendendo 275 cidades. O número de bolsas de estudo também vem aumentando, de acordo com o Ministério da Educação. “Por meio do ProUni, que oferece bolsas integrais e parciais a estudantes de baixa renda em

instituições particulares, e do Fies, que financia cursos superiores com juros baixos e carência de até oito anos, já foi beneficiado mais de 1,5 milhão de brasi-leiros, que realizam o sonho de adquirir conhecimento e concluir suas carreiras acadêmicas. Isso sem falar naqueles que buscam cursos de licenciatura e das áre-as médicas, que poderão pagar as bolsas financiadas com trabalho prestado para a rede pública.”

Cursos profissionalizantes ligados à área automobilística, petróleo e gás e construção

civil estão entre os mais procurados / Besonders beliebt sind berufsbildende

Kurse im Kfz-Gewerbe, im Öl- und Gassektor und im Baugewerbe

Divulgação

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Educação Bildung

Lição de casa

Educação na proposta de trabalhoLocalizada na cidade paulista de Piracicaba, a Elring Klinger, da área de autopeças, passou a enfrentar difi-culdade para encontrar pessoas para integrar suas equipes. “Quanto maior a qualificação da mão de obra, mais difícil de encontrar esses profissionais com rapidez”, diz Marcelo Seneme, diretor de operações da empresa. Se-gundo ele, para preencher a vaga de um ferramenteiro, por exemplo, é preciso pagar um salário maior e buscar o pro-fissional nos grandes centros. “O setor de serviços cresceu significativamente e atraiu muita gente da indústria”, diz o executivo. Hoje a empresa mantém

Empresas investem em educação para formar mão

de obra, reter profissionais e atrair novos talentos

para preencher suas vagas

ativo um programa de indicação de futuros colaboradores pelos próprios funcionários. “É uma forma de ter mão de obra qualificada disponível.” De qualquer forma, o apelo educacional é algo forte na empresa. Já na proposta de trabalho existem cláusulas que garan-tem o fornecimento de educação para o funcionário. “Procuramos amarrar as necessidades individuais de educação de cada colaborador ao contrato com a empresa”, explica Seneme.Para o executivo, um fator complica-dor é a mudança de mentalidade do jovem. “Falta a criação de raízes, algo que acontecia com os profissionais das outras gerações. Hoje o mercado oferece muitas opções e o jovem en-contra mais facilidade para arrumar emprego.” Na Elring Klinger, o turn over de reposição de funcionários está entre 2% e 3%. “Para ocupar uma vaga operacional, demoramos cerca de sete dias. Se a vaga for para um nível gerencial, esse prazo se estende para três meses.”

Educação Bildung

Julia Zillig

No quadro de desequilíbrio entre oferta e demanda de profissionais no mercado, as próprias empresas colocam a mão na massa para minimizar seus efeitos. Os investimentos em educação têm diversas finalidades: formar mão de obra futura, reter o bom profissional e atrair novos para preencher suas vagas. As ações têm vários focos. Incluem subsídios para cursos técnicos, de graduação, para o aprendizado de línguas, tanto no País quanto fora dele. Além disso, muitas companhias multinacionais levam o funcionário para suas matrizes e pro-movem treinamentos.

Subsídios para cursos universitários e de pós-graduação integram o pacote de ofertas das empresas para os seus funcionários / Die Mitarbeiter erhalten z.B. finanzielle Unterstützung für ein Grund- oder Aufbaustudium

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Ausbildungsprogramme von UnternehmenUnternehmen investieren in Ausbildungsprogramme, um Fachkräfte heranzubilden und an sich zu binden und um neue Mitarbeiter zu finden

Júlia Zillig

Um die Auswirkungen des Ungleichgewichts zwischen Angebot und Nachfrage auf dem Arbeitsmarkt abzumil-dern, ergreifen die Unternehmen jetzt selbst die Initiative. Die Investitionen in Bildung erfüllen verschiedene Zwecke: die Ausbildung zukünftiger Arbeitnehmer, die Bindung von Fachkräften an das jeweilige Unternehmen und die Gewinnung neuer Mitarbeiter. Die Projekte haben un-terschiedliche Schwerpunkte. So werden beispielsweise Mitarbeiter finanziell unterstützt, wenn sie studieren oder technische Kurse oder Sprachkurse im In- und Ausland belegen. Viele multinationale Unternehmen schicken ihre Mitarbeiter außerdem zu Schulungen ins Stammhaus.

Fortbildungsmöglichkeiten als Teil des ArbeitsvertragsDie brasilianische Niederlassung des Automobilzuliefe-rers ElringKlinger in Piracicaba im Bundesstaat São Paulo

stand bei der Suche nach neuen Mitarbeitern vor Proble-men. „Je höher die Anforderungen an die Qualifikation der Arbeitskräfte sind, desto schwieriger wird es, diese Fachkräfte schnell zu finden“, erklärt Marcelo Seneme, Leiter des operativen Geschäfts. Um beispielsweise einen Werkzeugmacher zu finden, müssten höhere Löhne an-geboten werden, und man müsse die Fachkräfte in den Großstädten suchen. Der Dienstleistungssektor sei stark gewachsen und habe Arbeitskräfte aus der Industrie abge-zogen. Heute unterhält das Unternehmen ein Programm, bei dem die Mitarbeiter selbst Bewerber vorschlagen können. „So erreichen wir qualifizierte Arbeitskräfte.“ ElringKlinger misst der Aus- und Weiterbildung große Bedeutung bei. Schon der Arbeitsvertrag enthält Klau-seln, die dem Mitarbeiter Fortbildungsmöglichkeiten gewährleisten. „Wir versuchen, den individuellen Weiter-bildungsbedarf bei jedem Mitarbeiter im Arbeitsvertrag zu verankern“, erklärt Seneme.

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Educação Bildung

Ein Problem sieht er in der veränderten Mentalität der jungen Menschen. „Sie schlagen keine Wurzeln mehr, wie es die Arbeitnehmer früherer Generationen taten. Heute bietet der Markt den jungen Leuten mehr Optionen, und sie finden leichter einen Arbeitsplatz.“ Bei ElringKlinger liegt die Mitarbeiterfluktuation bei 2% bis 3%. „Um eine Stelle im Betrieb zu besetzen, brauchen wir etwa sieben Tage. Im Management dauert es drei Monate.“Zu den Programmen von ElringKlinger gehört die finanziel-le Unterstützung für die Teilnahme an technischen Kursen sowie für Studiengänge im Grund- und Aufbaustudium. Das Unternehmen übernimmt 50% der Kosten. Ein Aus-schuss entscheidet über die Kostenübernahme und folgt dabei bestimmten Kriterien. Alle sechs Monate wird diese Entscheidung überprüft. Etwa 10% der Mitarbeiter nutzen dieses Angebot. Besonders gefragt sind nach Angaben von Seneme Studiengänge im Grundstudium.Manager und Geschäftsführer besuchen nach drei Mo-naten im Unternehmen das Stammhaus in Deutschland und nehmen dort an Fortbildungen teil. „Das ist eine Art Integrationsprogramm. Sie sollen die Unternehmenskultur kennenlernen“, so Seneme. Aber auch in Brasilien wer-den viele Schulungen durchgeführt, u.a. zu den Themen Sicherheit, Qualität und Produktivität. Jeder Mitarbeiter verbringt im Jahr zehn bis 15 Stunden in einer Fortbildung.Aber trotz all dieser Investitionen glaubt Seneme nicht, dass sich die Gefahr eines gravierenden Fachkräftemangels

abwenden lässt. „Das Problem wird sich verschärfen, weil in den Fabriken immer mehr automatisiert wird.“

Vom Fabrikarbeiter zum IngenieurIn einigen Branchen ist es noch schwieriger, wie z.B. in der Bauwirtschaft, in der gerade Hochkonjunktur herrscht. „Die Arbeitskräfte sind das Wichtigste im Baugewerbe. Mit modernen Geräten allein lässt sich nichts bauen. Wir brauchen Leute“, erklärt André Glogowsky, Präsident von Hochtief do Brasil. Er sieht die große Herausforderung in den Investitionen in die Bildung, um auch in Zukunft ein erfolgreiches Wirtschaften zu ermöglichen. „Die Ausbildung hört nicht mit der Universität auf. Sie geht ein Leben lang weiter. Die Berufe sind immer spezialisierter, und die Suche nach guten Fachkräften wird immer schwieriger. Es gibt heute Ingenieure, sie sich auf Türen, auf Klimaanlagen oder auf Akustik spezialisiert haben. Und die Arbeit erfordert viel mehr als nur die technischen Kenntnisse. So wird z.B. auch Zeitmanagement verlangt und das Sprechen vor Publikum. Wenn nicht in Arbeitskräfte investiert wird, schießen die Kosten in die Höhe, denn der Markt ändert sich ständig.“Für die Fachkräfte von heute zählt nicht nur eine gute Be-zahlung. „Man muss Zeit investieren und den Mitarbeitern Aufmerksamkeit widmen, um zu sehen, wie zufrieden sie an ihrem Arbeitsplatz sind. Wir müssen es schaffen, dass unsere Mitarbeiter bei uns bleiben wollen, auch wenn ihnen andere Arbeitsplätze angeboten werden“, erklärt Glogowsky.

Entre os programas oferecidos pela Elring Klinger está a concessão de sub-sídios educacionais para que os colabo-radores possam fazer cursos técnicos, de graduação e pós-graduação. O valor da bolsa é de 50%. Um comitê de análise avalia a concessão do benefício seguindo alguns critérios. Após o fornecimento da bolsa, é feito um acompanhamento semestral que influencia na decisão de manter ou não o crédito. Cerca de 10% dos funcionários utilizam esse benefício. A maior procura, segundo Marcelo Seneme, é para cursos de graduação.Com três meses de casa, gerentes e diretores da empresa embarcam rumo à sede, na Alemanha, para conhecer a matriz e participar de treinamentos de capacitação. “Isso funciona semelhante a uma integração, para que conheçam a cultura da empresa”, explica o diretor da Erling Klinger. Mas há também vários programas de treinamento realizados em casa abordando temas como segu-rança, qualidade e produtividade. Cada funcionário passa de 10 a 15 horas por ano em treinamento.

Mas mesmo com todos esses investi-mentos, Seneme não vê uma mudança do cenário de um possível apagão de mão de obra. “A tendência é que esse quadro fique ainda mais desfavorável, pois hoje existe mais trabalho auto-matizado do que manual nas fábricas, ou seja, as coisas estão mais prontas.”

Engenheiros e canteiro de obrasAlguns mercados contam com uma dificuldade ainda maior, como é o caso da construção civil, que no momento

está bastante aquecida. “A mão de obra é o principal negócio da construção civil. Não fazemos obras somente com equipamentos modernos. Precisamos de pessoas”, diz André Glogowski, pre-sidente da Hochtief do Brasil. Para ele, o grande desafio é investir em educa-ção para garantir o sucesso futuro dos negócios. “O aprendizado educacional não termina na faculdade, mas con-tinua ao longo da vida. As profissões estão cada vez mais especializadas e a busca por esses profissionais é cada

André Glogowsky, presidente da Hochtief do Brasil : investimentos em educação contribuíram para diminuir a flutuação de pessoal na empresa / André Glogowsky, Präsident von Hochtief do Brasil: Dank der Investitionen in die Ausbildung ist die Mitarbeiterfluktuation zurückgegangen

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Educação Bildung

vez maior. Hoje existe engenheiro com conhecimento específico em portas, em ar-condicionado e acústica. E muito mais do que dominar a técnica, é pre-ciso saber fazer gestão de tempo, falar em público, entre outros atributos. Se não houver investimento em mão de obra, os custos vão às alturas, pois o mercado muda constantemente.”Os profissionais que hoje estão no mer-cado não querem mais somente o salário como principal atrativo. “É fundamental investir tempo e dedicação nas pessoas que fazem parte da empresa, ter noção de seu grau de satisfação em trabalhar em prol do nosso negócio. Temos de criar ferramentas que façam com que elas te-nham vontade de ficar quando recebem propostas para sair”, explica o executivo.As ações feitas pela Hochtief abrangem funcionários das áreas operacional e de gestão. Segundo a empresa, houve uma redução de 23% na sua “flutuação”. Isso aconteceu graças a iniciativas que envolveram fortes investimentos em treinamento – foram mais de 20 mil horas em 2011 –, em programas de lín-guas, intercâmbio internacional, escola técnica, desenvolvimento de liderança, entre outros. Na escola técnica, voltada para a capacitação de jovens engenhei-ros e arquitetos, os cursos têm duração de um ano e meio e oferecem uma visão generalista da empresa. Já para os operários das obras, a empresa tem um programa de alfabetização gratuito,

que dura de três a seis meses, e forma o colaborador no ensino fundamental I, com certificado reconhecido pelo MEC. “Construção civil é uma fábrica móvel, que aparece e some em qualquer lugar. Por isso, fazemos um trabalho específico para as obras”, analisa Glogowski.A Hochtief também oferece subsídios de 50% do pagamento da mensalidade de cursos de idiomas. Promove progra-mas de estágio, com a designação de tutores para acompanhar os futuros profissionais. Para formar líderes, foca em treinamentos ligados ao desenvol-vimento de competências técnicas e comportamentais.

Cursos online e MBA’sA Basf, indústria do setor químico, também segue a mesma linha das demais companhias sobre o preenchi-mento de determinadas vagas de seu quadro de funcionários. “Algumas posições são bastante complexas, devido ao negócio da empresa, o que, certas vezes, demanda conhecimento de negócio e de mercado. Para sermos mais assertivos, investimos no trei-namento da nossa equipe de seleção para definirmos a melhor estratégia de busca do profissional”, explica Wagner Brunini, vice-presidente de RH da empresa para a América Latina. Antes de sair para o mercado, a procura acontece internamente. “Um fator que dificulta o preenchimento da vaga é o aquecimento do mercado. Hoje obser-

vamos que há excelentes oportunida-des abertas, mas não há profissionais qualificados suficientes para suprir a demanda.” Cargos de nível sênior, de coordenadores, engenheiros e posições gerenciais são os que mais demoram a serem preenchidos – em média, 75 dias. O portfólio de oportunidades de desen-volvimento de profissionais oferecido pela Basf inclui a Academia de Lideran-ça, cursos de idiomas, MBA – feito em parceria com a Fundação Dom Cabral no Brasil –, treinamentos online em universidades como a Harvard Busi-ness School, além de cursos técnicos. A maioria é subsidiada pela empresa e depende da necessidade do cargo. Desde sua criação, a Academia de Liderança já formou 963 colaboradores. E para 2012, a previsão é que 80 líderes passem por ela. Quanto aos cursos de línguas, atual-mente 175 funcionários estão aprenden-do um novo idioma. Uma bolsa mensal com teto máximo ajustado anualmente ajuda o aluno no pagamento do estudo. Nas salas de aula dos cursos de MBA, já passaram 74 colaboradores da empresa. Segundo Brunini, é a liderança quem decide a concessão de subsídio para esse tipo de curso.Também nos treinamentos internos, o investimento da Basf é significativo. Eles variam de acordo com a necessi-dade de cada área e envolvem temas como comunicação e relacionamento interpessoal, gestão de conf litos, pensamento estratégico, criatividade e inovação, entre muitos outros. Para os trabalhadores das fábricas, isso é feito dentro das suas unidades e ainda aborda assuntos vinculados à seguran-ça do trabalho, operação de máquinas etc. No ano passado, o volume de trei-namentos alcançou 31 horas/homem.

Desenvolvimento de liderança, relacionamento interpessoal, gestão de conflitos são alguns dos temas abordados em treinamentos internos / Die Entwicklung von Führungskräften, zwischenmenschliche Beziehungen und Konfliktmanagement gehören zu den Themen von internen Schulungen

Wagner Brunini, vice-presidente de RH da Basf América Latina – ofertas para desenvolvimento profissional vão desde aprendizado de idiomas até cursos de pós-graduação / Wagner Brunini, der für Lateinamerika zuständige Personalchef von BASF - die Angebote zur beruflichen Weiterbildung reichen von Sprachkursen bis zu Aufbaustudiengängen

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Divulgação / Basf

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Die Projekte von Hochtief richten sich an die Mitarbeiter in der Fabrik und im Management. Nach Unternehmens-angaben konnte die Fluktuation damit um 23% reduziert werden. Hochtief investiert viel in Fortbildungsprogramme - mehr als 20.000 Stunden im Jahr 2011 -, in Sprachkurse, in den internationalen Austausch, in eine Technikerschule, in die Entwicklung von Führungskräften etc. Die Kurse in der Technikerschule für junge Ingenieure und Architekten dauern eineinhalb Jahre und bieten einen allgemeinen Überblick über das Unternehmen. Für die Bauarbeiter bietet das Unternehmen ein kostenloses Alphabetisie-rungsprogramm, das drei bis sechs Monate dauert, und eine Grundschulausbildung. Der Abschluss wird vom Bildungsministerium anerkannt. „Das Baugewerbe funkti-oniert wie eine mobile Fabrik, die überall aufgebaut werden kann und dann wieder verschwindet. Deshalb haben wir ein eigenes Programm für die Baustellen“, so Glogowsky.Die Kosten für Sprachkurse übernimmt Hochtief zu 50%. Außerdem bietet das Unternehmen Praktikumsplätze an, und die künftigen Fachkräfte werden von Mentoren beglei-tet. Um Führungskräfte heranzubilden, konzentriert sich Hochtief auf Schulungen zur Entwicklung von technischen und sozialen Kompetenzen.

Online-Kurse und MBA-StudiengängeDas Chemieunternehmen BASF verfolgt dieselbe Strategie und besetzt bestimmte Stellen vorzugsweise intern. „Einige Stellen erfordern umfassende Kenntnisse des Marktes und der Geschäfte des Unternehmens. Wir gehen das Problem aktiv an und investieren in die Schulung unserer Mitarbei-ter im Personalbereich, um die beste Strategie für die Suche nach Fachkräften zu entwickeln“, erklärt Wagner Brunini, der für Lateinamerika zuständige Personalchef. Zunächst wird versucht, Stellen intern zu besetzen. „Was die Mitar-

beitersuche erschwert, ist die boomende Konjunktur. Es gibt derzeit ausgezeichnete berufliche Möglichkeiten, aber es gibt nicht genug ausreichend qualifizierte Fachkräfte, um die Nachfrage zu decken.“ Führungspositionen, Stellen für Koordinatoren und für Ingenieure sowie Management-positionen sind am schwersten zu besetzen: Es dauert im Durchschnitt 75 Tage.Zu den beruflichen Entwicklungsmöglichkeiten, die BASF bietet, gehören die Führungsakademie, Sprachkurse, MBA-Kurse (die gemeinsam mit der Dom-Cabral-Stiftung durchgeführt werden), Online-Schulungen an Universi-täten wie der Harvard Business School sowie technische Kurse. Meistens werden die Kurse vom Unternehmen finanziell unterstützt, je nachdem, welche Kenntnisse in einer bestimmten Position benötigt werden. Seit ihrer Gründung haben bereits 963 Mitarbeiter die Führungs-akademie abgeschlossen. Im laufenden Jahr wird mit 80 Absolventen gerechnet. 175 Mitarbeiter machen derzeit einen Sprachkurs. BASF unterstützt die Schulungen mit monatlichen Beiträgen, deren Höchstwert einmal im Jahr neu festgesetzt wird. 74 Mitarbeiter haben bei BASF ih-ren MBA gemacht. Wie Brunini erklärt, entscheidet das Management, ob es für MBA-Studiengänge finanzielle Unterstützung gibt.Auch in interne Schulungen investiert BASF stark. Je nach dem Bedarf des jeweiligen Unternehmensbereichs geht es dabei um Kommunikation und zwischenmenschliche Beziehungen, Konfliktmanagement, strategisches Denken, Kreativität und Innovation etc. Für die Fabrikarbeiter fin-den die Schulungen innerhalb der Produktionsstätten statt, und es werden auch Themen wie beispielsweise Sicherheit am Arbeitsplatz und der Umgang mit Maschinen behan-delt. Im vergangenen Jahr summierten sich die Schulungen auf 31 Stunden/Mitarbeiter.

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PMEs KMUs

Melhora no cenário para as PMEs

de um dos maiores mercados internos e de um bom ambiente de negócios, a complexidade do sistema tributário, a ineficiência do Estado e as deficiências de infraestrutura pesam contra, de acordo com o um levantamento da consultoria Deloitte. “O Brasil tem forte burocracia, ainda assim as pequenas e médias empresas representam um segmento econômico importante e empregador”, complementa Furtado. Pelos dados do Sebrae, por exemplo, as micro e pequenas respondem por 25% do PIB, por 40% da massa salarial e por 53% dos empregos formais. O levantamento apontou que a vinda de companhias estrangeiras para dis-putar o consumidor brasileiro é vista com receio pela maioria das empresas locais, que teme a competição e a perda de mercado. A sondagem apontou que 40% dos empresários consideram a concorrência como um dos principais desafios enfrentados em 2011. É em razão disso, segundo especialistas, que ganham mais pontos as pequenas e médias companhias que souberem gerir com mais eficiência e conseguirem se diferenciar no mercado – especialmente por meio da inovação. “Muitos creem que inovação se dá apenas na indús-tria. Isso está na cultura brasileira. O grande desafio é o de inovar, ou seja, de fazer diferente. Há vários casos de empresas que, com agregação de valor, conseguem ter uma estratégia de maior rentabilidade e maior presença no mer-cado”, avalia Paulo Alvim, gerente de acesso a mercado e serviços financeiros do Sebrae Nacional.

Apesar de beneficiadas com a expansão do mercado interno, é preciso que as empresas brasileiras de pequeno e médio portes adotem uma cultura de inovação e se internacionalizem

InovaçãoOs investimentos em inovação – de pequenas a grandes empresas – financia-dos pelo Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) devem aumentar em torno de 40% em 2012, na comparação com o ano passado. Em 2011, o volume ficou em R$ 3,5 bilhões. “Os planos de investimento em inovação estão em ascensão, porque voltou a confiança do investidor”, assinala Luciano Coutinho, presidente do BNDES, um dos integran-tes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), coordenada pela CNI. “O empresário sabe que a sobrevivência está ligada ao investimento em inovação e em produtividade”, destaca Robson Braga de Andrade, presidente da Con-federação Nacional da Indústria (CNI). Outra iniciativa ligada à inovação, desta vez privilegiando as pequenas e médias que muitas vezes são forne-cedoras de grandes organizações, faz parte de uma parceria estabelecida, no final de 2011, entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Associação Nacional das Empresas Inovadoras (ANPEI) e o Comitê de Inovação e Tecnologia da AHK-SP. Atualmente, o processo de coopera-ção está sendo formatado e a rede de parceiros, desenhada, com previsão de visitas técnicas e participação em feiras na Alemanha. “A ideia é criar uma rede de apoio completa que gere inovação de forma mais rápida. Queremos, portan-to, que empresas brasileiras e alemãs se conectem por meio da inovação”, desta-ca Claudio Costa, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

InternacionalizaçãoMais de 95% das empresas brasileiras são pequenas e médias, alinhando o Brasil com a realidade de outros países, especialmente com os desenvolvidos. “O que nos diferencia em relação a essas nações é quantas dessas companhias respondem pela geração de riqueza glo-bal e pelas exportações. Essa proporção é muito pequena diante do número

Luciana Riccó

Mesmo que as perspectivas de queda de juros, o aumento da possibilidade de financiamento e o mercado interno aquecido favoreçam as pequenas e médias companhias brasileiras, elas ainda se veem diante de diferentes desafios e precisam superar alguns en-traves. Os especialistas são unânimes em afirmar: As pequenas e médias empresas (PMEs) precisam crescer com sustentabilidade e inovação, de olho na expansão de mercados domésticos e na internacionalização. Em cenário de crise global, os investi-dores internacionais estão atentos aos países que ofereçam um retorno maior, caso de emergentes como o Brasil. Com isso, as PMEs ganham novos concor-rentes internacionais e precisam se esforçar para fazer frente à ameaça dos importados e à valorização do real. “É necessário criar uma cultura de quali-dade, com a vantagem de já conhecer o mercado. Concorrência é bom, não é necessário temê-la. Mas, se a empresa brasileira não estiver preparada, acaba perdendo mercado não apenas para um concorrente estrangeiro – mas também internamente”, avalia Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios. Embora seja considerado a sexta maior economia do mundo, o Brasil ainda ocupa a 53a posição no ranking global de competitividade do Fórum Econômi-co Mundial – WEF (World Economic Forum). Mesmo que o País se beneficie

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Bessere Aussichten für den MittelstandDie kleinen und mittelständischen Unternehmen in Brasilien profitieren zwar von der Expansion des Binnenmarktes, müssen aber unbedingt in Innovationen investieren und den Weltmarkt erschließen

Luciana Riccó

Trotz der Aussichten auf fallende Zinsen, der besseren Verfügbarkeit von Finanzierungen und der guten Binnenkonjunktur müssen die klei-nen und mittelständischen Unterneh-men (KMUs) in Brasilien noch einige Herausforderungen überwinden. In Fachkreisen ist man sich einig: Die KMUs müssen ein nachhaltiges Wachstum erzielen und innovativ sein, um ihre Anteile auf dem Bin-nenmarkt zu erhöhen und auch den Weltmarkt zu erschließen.

Vor dem Hintergrund der globalen Krise richten internationale Investoren ihr Augenmerk zunehmend auf Länder, die höhere Rendite versprechen, also auch auf Schwellenländer wie z.B. Brasilien. So bekommen die KMUs neue Konkurrenz aus dem Ausland und müssen sich bemühen, sich gegen die Importprodukte durchzusetzen und der Aufwertung des Real standzuhal-ten. „Es muss eine Kultur der Qualität entstehen, und die hiesigen Unterneh-men haben den Vorteil, dass sie den Markt schon kennen. Konkurrenz ist gut, es gibt keinen Grund zur Furcht.

Aber wenn die brasilianischen Unter-nehmen nicht vorbereitet sind, verlie-ren sie Marktanteile, und zwar nicht nur auf dem Weltmarkt, sondern auch auf dem Binnenmarkt“, erklärt Olavo Henrique Furtado, Koordina-tor der Aufbaustudiengänge und der MBA-Studiengänge an der Trevisan-Hochschule für Betriebswirtschaft.Brasilien gilt zwar als sechstgrößte Volkswirtschaft der Welt, steht aber im vom Weltwirtschaftsforum erarbeiteten globalen Ranking der wettbewerbsfähigsten Standorte nur auf Platz 53. Brasilien profitiert von einem der größten Binnenmärkte und von einem guten Geschäftsklima, aber das komplizierte Steuersystem, die Ineffizienz der Verwaltung und

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PMEs KMUs

maciço de empresas. No Brasil há, ainda, várias possibilidades de explo-ração dos mercados regionais. Mas o que se tem, no final das contas, é uma dificuldade de se instalar uma cultura exportadora e inovadora”, avalia Costa, da ABDI. “As grandes organizações têm uma parcela maior das exportações e de internacionali-zação e, nesse sentido, o Brasil tem o desafio de expandir a participação de PMEs no mercado internacional”, complementa.Para Furtado, da Trevisan, diferen-te da Alemanha (vide box) onde as PMEs são empurradas para o mercado externo por não terem um mercado interno tão amplo, o grande desafio das PMEs brasileiras é de se inserir internacionalmente. Em espe-cial a pequena que não tem tradição exportadora. “O Brasil se preocupa em como aproveitar o bom momento econômico, já as empresas alemãs buscam sobreviver ao cenário de crise econômica da Europa”, diz. O melhor caminho para a interna-cionalização, especialmente para as MPEs brasileiras, garante Paulo Alvim, do Sebrae, é via cadeias de fornecedores. Atualmente, cerca de 12 mil pequenas empresas brasilei-ras exportam diretamente, segundo dados do Secex. “Elas sofrem um risco maior, não apenas cambial, mas de processo de comercializa-ção no mercado internacional. A forma mais fácil e mais tranquila, até em termos de aprendizado, é na participação de cadeias de valor que estão sendo internacionalizadas, em um processo de incorporação pau-latino”, destaca. Segundo Alvim, as MPEs têm se voltado mais para os mercados de fronteira, ou seja, do Mercosul e da América Latina.

Apesar da crise europeia, a situação das PMEs alemãs é a mais positiva dos últimos 16 meses. Quase 90% das PMEs alemãs classificam sua situação atual dos negócios como positiva. E uma em cada quatro empresas de médio porte planeja contratar novos funcionários nos próximos seis me-ses. É o que aponta um levantamento do DZ Bank, quarto maior banco alemão, feito com 1,5 mil PMEs. O medo das consequências da crise da dívida do euro, além disso, diminuiu consideravelmente. “As empresas de médio porte continuarão a ser um dos motores econômicos da Alemanha em 2012 e devem contribuir para a redu-ção da taxa de desemprego”, destaca o economista-chefe do DZ Bank, Stefan Bielmeier. O levantamento apontou que 87% das empresas entrevistadas conside-ram que sua situação de negócios é boa ou muito boa, especialmente dos segmentos de comércio, agrícola, de alimentos e bens de consumo. Apenas 2,5% afirmam que piorou. A pesquisa do DZ Bank também identificou uma melhora significativa nas expectativas de negócios das empresas alemãs de médio porte. E 37% esperam uma melhora na sua situação nos próxi-mos seis meses. “Depois do primeiro trimestre muito fraco, o crescimento econômico deverá acelerar novamente. Acreditamos que o PIB alemão suba, em média, 1,4% em 2012”, afirma Bielmeier, do DZ Bank.

Experiência Dr. Sven Wieczorek, CEO Witte Pumps & Technology GmbH, vê com bons olhos o cenário para as PMEs na Alemanha e, sem mencionar números, projeta um ano muito positivo econo-

micamente para a Witte em 2012 – com destaque para o mercado externo. Ele só aponta dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados, nas regras mal formuladas para o imposto sobre herança e na pouca segurança política.A empresa alemã Witte, produtora de bombas e fundada em 1984, em Uetersen, no norte da Alemanha, que já iniciou seu processo de internacio-nalização e está presente inclusive na China, está de olho no mercado brasileiro. “Estamos montando uma representação de vendas em São Paulo em conjunto com a AHK”, adianta. Para Henning Wrage, diretor de marke-ting da COG, este é o momento das PMEs alemãs se voltarem para outros mercados/países. O Brasil está no radar da COG, mas ainda é preciso solucionar alguns problemas. “Há a barreira da lingua e dificuldades na importação por parte de empresas brasileiras, porque muitas não tem registro no sistema Radar. Estamos atualmente buscando estruturar canais de vendas no Brasil”, destaca Wrage.A empresa familiar alemã COG existe há 145 anos em Pinneberg, próximo a Hamburgo. Com cerca de 190 colabo-radores, está no ramo da engenharia mecânica e industrial como fabricante de anéis (O-Rings) de precisão e veda-ções de elastômeros para diferentes se-tores. Sua administração já passa pela quinta geração. “Pequenas e medias empresas alemãs são geralmente mais flexiveis que as grandes organizações. Isso porque são mais rápidas e focadas e, podem atender melhor as necessida-des de seus clientes”, afirma Wrage. O executivo avalia, entretanto, que falta mão-de-obra e recursos restritos para P&D e para investimentos em projetos em fase inicial de PMEs na Alemanha.

Mais otimismo na Alemanha

Para Paulo Alvim, gerente de acesso a mercados do Sebrae Nacional, afirma que o melhor caminho

para a internacionalização das PME´S é por meio das cadeias de fornecedores / Paulo Alvim, beim

SEBRAE für die Abteilung Marktzugang und Finanzdienstleistungen zuständig, sieht den besten Weg zur Internationalisierung für KMUs in den Lieferketten

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die Infrastrukturdefizite wirken sich nach der Erhebung des Forums negativ aus. „Brasilien ist sehr bürokratisch, aber der Mittelstand ist wichtig für die Wirtschaft und den Arbeitsmarkt“, so Furtado. Nach Daten des Förderinsti-tuts der mittelständischen Wirtschaft (SEBRAE) sind die KMUs für 25% des BIP, 40% der Lohnsumme und 53% der formellen Arbeitsplätze verantwortlich.Eine Erhebung der Unternehmensberatung Deloitte hat ergeben, dass die meisten brasilianischen Unternehmen befürchten, wegen der Konkurrenz aus dem Ausland Marktanteile auf dem Binnenmarkt zu verlieren. 40% der Unternehmer sehen die Konkurrenz als eine der wichtigsten Herausforderungen, vor denen sie im Jahr 2011 standen. Deshalb punkten nach Ansicht von Fachleuten besonders die KMUs, denen es gelingt, effizient zu arbeiten und sich vom Markt abzuheben - v.a. durch Innovationen. „Viele glauben, Innovation fände nur in der Industrie statt. Das ist Teil der brasilianischen Kultur. Die große Herausforderung besteht darin, Innovationen zu schaffen, etwas anders zu machen. Es gibt viele Unternehmen, denen es durch eine Strategie der Wertschöpfung gelingt, ihre Rentabilität und ihre Marktprä-senz zu erhöhen“, erklärt Paulo Alvim, der beim SEBRAE die Abteilung Marktzugang und Finanzdienstleistungen leitet.

InnovationDie Investitionen sowohl kleiner als auch großer Unterneh-men, die von der Entwicklungsbank BNDES und von der Finanzierungsagentur für Untersuchungen und Projekte (FINEP) finanziert werden, werden sich 2012 voraussicht-lich um 40% im Vergleich zum Vorjahr erhöhen. Im Jahr 2011 beliefen sich diese Investitionen auf R$ 3,5 Mrd. „Es werden mehr Investitionen in Innovationen geplant, weil die Investoren das Vertrauen zurückgewonnen haben“, erklärt Luciano Coutinho, Präsident der BNDES und Mitglied des vom brasilianischen Industrieverband (CNI) koordinierten Projekts „Mobilisierung von Unternehmen durch Innovation“ (Mobilização Empresarial pela Inovação - MEI). „Die Unternehmer wissen, dass ihr Überleben von

Investitionen in Innovation und Produktivität abhängt“, betont CNI-Präsident Robson Braga de Andrade.Eine weitere Innovationsinitiative, die sich allerdings gezielt an kleine und mittelständische Unternehmen - oft Zulieferer von großen Konzernen - richtet, ist Teil einer Partnerschaft, die Ende 2011 zwischen der Behörde für industrielle Entwicklung (ABDI), dem Verband der inno-vativen Unternehmen (ANPEI) und dem Ausschuss für Technologie und Innovation der AHK São Paulo ins Leben gerufen wurde. Diese Zusammenarbeit nimmt derzeit Gestalt an. Vorgesehen sind u.a. Fachbesuche und die Teilnahme an Messen in Deutschland. „Es soll ein unter-stützendes Netzwerk geschaffen werden, um Innovationen voranzutreiben. Wir wollen erreichen, dass brasilianische und deutsche Unternehmen in diesem Bereich zusammen-arbeiten“, betont Claudio Costa von der ABDI.

InternationalisierungÜber 95% der brasilianischen Unternehmen sind kleine und mittelständische Unternehmen. Das ist in anderen Ländern ebenso, besonders in den Industrieländern. „Was uns von diesen Ländern unterscheidet, ist der Anteil der KMUs an der Wertschöpfung und an den Exporten. Die-ser Anteil ist angesichts der Vielzahl an KMUs sehr klein. Es gibt in Brasilien noch viele Möglichkeiten, regionale Märkte zu erschließen. Aber letzten Endes ist es schwierig, eine Innovations- und Exportkultur zu schaffen“, so die Einschätzung von Costa von der ABDI. „Die großen Un-ternehmen exportieren mehr und sind stärker internationa-lisiert. Brasilien steht vor der Herausforderung, den Anteil der KMUs am Weltmarkt zu erhöhen“, ergänzt Costa.Furtado von der Trevisan-Hochschule ist der Ansicht, im Gegensatz zu Deutschland (siehe Box), wo die KMUs auf den Weltmarkt gedrängt werden, weil der Binnenmarkt zu klein ist, sei die Internationalisierung für den Mittelstand in Brasilien eine große Herausforderung. Besonders die kleinen Unternehmen hätten keine Außenhandelstradition. „Brasilien will die günstige Konjunktur nutzen, während

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PMEs KMUs

Trotz der Krise in Europa geht es den deutschen KMUs besser als in den letzten 16 Monaten. Fast 90% beurtei-len ihre derzeitige Lage positiv. Jedes vierte mittelständische Unternehmen plant, in den nächsten sechs Monaten neue Mitarbeiter einzustellen. Das ist das Ergebnis einer Erhebung der DZ Bank, dem viertgrößten deutschen Kreditinstitut, die unter 1.500 KMUs durchgeführt wurde. Außerdem hat die Angst vor den Folgen der Euro-Schuldenkrise erheblich nachgelassen. „Die mittelständischen Unternehmen sind auch weiterhin die Wachstums-motoren in Deutschland und werden im laufenden Jahr voraussichtlich dazu beitragen, die Arbeitslosenquote zu senken“, betont der Chefökonom der DZ Bank, Stefan Bielmeier.87% der befragten Unternehmen beurteilen ihre Lage gut oder sehr gut, besonders im Handel, in der Landwirtschaft, in der Lebensmit-telindustrie und in der Konsumgü-terindustrie. Nur 2,5% gaben an, dass sich ihre Lage verschlechtert habe. Die Erhebung der DZ Bank hat außerdem ergeben, dass sich die Erwartungen der mittelständischen Unternehmen erheblich verbessert haben. 37% gehen davon aus, dass

sich ihre Situation in den nächsten sechs Monaten verbessern wird. „Nach einem sehr schwachen ersten Quartal sollte sich das Wirtschaftswachstum wieder beschleunigen. Wir erwarten für 2012 einen Anstieg des BIP um durchschnittlich 1,4%“, erklärt Biel-meier von der DZ Bank.

Beispiele: Witte Pumps und COGDr. Sven Wieczorek, Geschäftsfüh-rer von Witte Pumps & Technology GmbH, sieht die Zukunft für die KMUs in Deutschland optimistisch. Er nennt keine konkreten Zahlen, geht aber davon aus, dass 2012 für Witte ein sehr gutes Jahr wird - v.a. auf dem Weltmarkt. Ein Problem sieht Wieczorek lediglich darin, qualifizierte Arbeitskräfte zu finden, in den unkla-ren Vorschriften zur Erbschaftssteuer und in der politischen Unsicherheit.Das Unternehmen, das seit 1984 im norddeutschen Uetersen Pumpen pro-duziert und bereits auf dem Weltmarkt tätig ist, u.a. mit einer Präsenz in Chi-na, hat großes Interesse am brasiliani-schen Markt. „Wir bauen mithilfe der AHK eine Verkaufsrepräsentanz in São Paulo auf“, erklärt Wieczorek.Henning Wrage, Geschäftsführer Mar-keting von COG, ist der Ansicht, die

Größerer Optimismus in Deutschlanddeutschen KMUs müssten jetzt andere Märkte und Länder erschließen. COG hat Interesse am brasilianischen Markt, aber noch müssen einige Probleme ge-löst werden. „Da wäre zum einen die Sprachbarriere und zum anderen die Schwierigkeiten beim Import durch brasilianische Unternehmen, von denen viele nicht im RADAR-System des brasilianischen Bundesfinanzamts erfasst sind. Derzeit versuchen wir, Vertriebskanäle in Brasilien zu struk-turieren“, erklärt Wrage.Das Familienunternehmen COG wur-de vor 145 Jahren gegründet und hat seinen Sitz in Pinneberg bei Hamburg. COG beschäftigt ca. 190 Mitarbeiter und stellt Präzisions-O-Ringe und Elastomerdichtungen für verschiedene Branchen her. Es befindet sich bereits seit fünf Generationen in Familienbe-sitz. „Die kleinen und mittelständi-schen deutschen Unternehmen sind im Allgemeinen flexibler als die großen Konzerne. Denn sie sind schneller und spezialisierter und könnten besser auf die Bedürfnisse ihrer Kunden einge-hen“, so Wagner. Andererseits fehle es den deutschen KMUs an Arbeitskräf-ten und an Mitteln für Forschung und Entwicklung sowie für Investitionen in neue Projekte.

es den deutschen Unternehmen ange-sichts der Wirtschaftskrise in Europa ums Überleben geht“, so Costa.Der beste Weg auf den Weltmarkt, versichert Paulo Alvim vom SEBRAE, ginge über Lieferketten. Dies gelte besonders für die brasilianischen KMUs. Nach Daten des Außenhan-delssekretariats im Ministerium für Entwicklung, Industrie und Außenhandel (SECEX) exportieren 12.000 kleine brasilianische Un-ternehmen direkt. „Sie sind einem höheren Risiko ausgesetzt. Neben Wechselkursproblemen kann die Vermarktung schwierig sein. Einfa-cher und risikofreier ist die Beteili-gung an Wertschöpfungsketten, die

internationalisiert werden. Das ist ein allmählicher Prozess“, betont Alvim. Die brasilianischen KMUs konzen-trierten sich in erster Linie auf die Nachbarländer, also auf den Mercosur und auf Lateinamerika.

“O grande desafio das PME s brasileiras é se inserir internacionalmente”, declara

Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-gradução e MBA da Trevisan Escola de

Negócios / „Die große Herausforderung für die brasilianischen KMUs ist die

Internationalisierung“, erklärt Olavo Henrique Furtado, Koordinator der Aufbaustudiengänge und der MBA-

Studiengänge an der Trevisan-Hochschule für Betriebswirtschaft

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Artigo Artikel

A nova classe média do Brasil

ávidos consumidores com produtos e serviços específicos. Trata-se de um segmento bastante promissor.Os componentes da “nova classe média” têm origem na classe menos favorecida. Lutaram diariamente pela sobrevivência e pelo sustento de suas famílias, com uma criatividade enorme e uma inventividade notável. Agora, finalmente, têm condições de consumir em um nível que vai além das necessi-dades básicas. Não é uma questão de adaptação ao estilo e aos hábitos dos “ricos” - mas de um código próprio, no qual está refletido o orgulho de sua origem e a sua autoconfiança.O otimismo, tão típico da sociedade brasileira, fica mais evidente entre a “nova classe média” : com base na confiança nas próprias capacidades e no próprio desempenho, considera-se que o futuro só pode ser cada vez melhor. Para tanto, as pessoas estão dispostas a fazer grandes sacrifícios: trabalhar muito, renunciar às férias, ter uma educação contínua - tudo isso é considerado absolutamente normal. A marca da “nova classe média” é um for-te empreendedorismo: ser o seu próprio chefe é um grande sonho, que muitos realizam através de idéias criativas de negócios, especialmente no setor de serviços. Hoje, aproximadamente 55% das pessoas da “nova classe média” têm seu próprio negócio.Tudo que se faz, porém, não é feito apenas para satisfazer as próprias necessidades; trata-se, muito mais, das necessidades da comunidade, e especialmente da família. A vida na comunidade e pertencer a um grupo são valores muito importantes. Por isso, em termos de estilo, também, o impor-

Grandes mudanças na sociedade e no consumo

tante não é destacar a individualidade e alteridade, mas, revelar a integração, “o pertencer a”. A dedicação ao grupo, a ajuda mútua, ações conjuntas - isso dá sentido à vida, isso deixa as pessoas contentes. Os integrantes da “nova classe média” vivem em bairros vib-rantes, e a religião, com muitos rituais focados na comunidade, constitui uma importante âncora em suas vidas.A “nova classe média” é plena de grati-dão: a vida, assim como ela está, é uma vida boa. Os seus integrantes estão dispostos a dar muito, a fazer muitos es-forços - e a colher os frutos. A sua atitude básica positiva é evidente. Investimentos em educação são considerados garantias para um futuro ainda melhor, um futuro seguro. Isso vale tanto para a própria capacitação contínua quanto para uma boa educação escolar para os filhos. Uma graduação universitária é um símbolo de status e vale muitos esforços.Sempre olham para frente, para o futu-ro. Têm orgulho das realizações, mas pensam que as coisas poderiam ser ainda melhores. Com muita ambição, flexibilidade e adaptabilidade, mas também com perseverança e disciplina, os membros da “nova classe média” querem alcançar suas metas pessoais.É justamente este fôlego, este desem-penho, que diferencia a “nova classe média“ da classe média tradicional no Brasil. A classe média tradicional também foi beneficiada pelo aqueci-mento econômico, mas o padrão de vida sofreu alterações menos drásticas. Enquanto a “nova classe média” foi praticamente catapultada para uma vida nova, para a classe média tradici-onal, os benefícios vieram em forma de melhorias materiais em um nível já alto. Tanto que a classe média tradicional olha para o futuro com mais tranqui-lidade e é menos preocupada com a ascenção social. Importante para ela é manter o atual padrão de vida.Tanto a classe média tradicional quanto a “nova classe média” são muito oti-mistas e adeptas à modernidade. Os dois grupos estão entre os primeiros a adotar coisas novas e mostram alta receptividade e curiosidade frente a inovações. Ambos são consumidores bem informados e com muito conheci-mento de mercado, como por exemplo

Isabel Schützer de Magalhães e Ana Bauer*

No Brasil, mesmo nos tempos mais difíceis, as pessoas sempre tiveram mo-tivos para ser otimistas, e este otimismo tem sido recompensado nos últimos anos. Em 2003, 35% dos brasileiros viviam abaixo da linha de pobreza. Hoje, são apenas 20%.Nesse período, 30 milhões de habitan-tes deixaram a classe baixa e ascende-ram à classe média. Hoje, essa “nova classe média”, junto com a classe média tradicional, corresponde a mais da metade da população (52%).A “nova classe média” é fortemente orientada pelo consumo, e revela es-pírito empreendedor: mais da metade trabalha como autônoma ou são pe-quenos empresários. Entre estes, mais de 50% são mulheres que sustentam as suas famílias.Graças à geração de empregos e a melhores condições de crédito, mas também a programas do governo, essas pessoas podem, finalmente, realizar os seus sonhos. Os antigos moradores de favelas transformaram-se em consu-midores, que exploram as suas novas possibilidades com entusiasmo.A “nova classe média” é o grupo que mais se beneficiou do aquecimento econômico dos últimos anos. A sua enorme necessidade de recuperação transformou-a em um decisivo fator no mercado de consumo. Atualmente, este grupo já é responsável por 65%-70% do poder de compra no Brasil.Quem consegue entender a mentalida-de dessa “nova classe média” e recon-hecer os seus sonhos e necessidades, pode atender esse grupo integrado por

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Die neue Mittelschicht in BrasilienGesellschaft und Konsum werden entscheidend beeinflusst

Isabel Schützer de Magalhães und Ana Bauer*

In Brasilien fanden die Menschen selbst in den schwerstens Zeiten Grund zum Optimismus, und diese Zuversicht wurde in den vergangenen Jahren tatsächlich belohnt. Im Jahr 2003 lebten noch 35% der Brasilianer unter der Armutsgrenze. Heute sind es nur noch ca. 20 %.30 Millionen Einwohner sind von der Unterschicht in die Mittelschicht auf-gestiegen, die „Neue Mittelschicht“ umfasst zusammen mit der tradi-tionellen Mittelschicht inzwischen etwas mehr als die Hälfte der Bevöl-kerung (52 %).Die „Neue Mittelschicht“ ist extrem konsumorientiert, und sie zeigt unternehmerische Initiative: Über-durchschnittlich viele der Aufsteiger sind (kleine) Selbständige. Jeder zweite Kleinunternehmer ist eine Frau, die ihre Familie ernährt.Durch neu entstandene Arbeitsplät-ze, verbesserte Kreditbedingungen, aber auch durch Sozialprogramme der Regierung sind diese Menschen zum ersten Mal in ihrem Leben in der Lage, sich etwas zu wünschen. Aus ehemaligen Bewohnern von

Elendsquartieren sind Konsumenten geworden, die ihre neuen Möglichkei-ten begeistert ausleben.Die „Neue Mittelschicht“ ist diejenige Gruppe, die am stärksten vom Wirt-schaftsboom der vergangenen Jahre profitiert. Mit ihrem enormen Nach-holbedarf ist diese aufstrebende Ge-sellschaftsschicht ein entscheidender Motor für den privaten Konsum. Schon heute gehen 65 – 70% der Kaufkraft des Landes von dieser Gruppe aus.Wer versteht, wie diese „Neue Mittel-schicht“ tickt, wer ihre spezifischen Wün-sche und Bedürfnisse kennt, der kann dieser extrem konsumfreudigen Gruppe mit maßgeschneiderten Ange-boten begegnen und in diesem Segment erfolgreich sein.Die Menschen der „Neuen Mittel-schicht“ wurden in der Unterschicht geboren. Mit enormer Kreativität und ausgeprägtem Ideenreichtum haben sie jeden Tag aufs Neue ums Überleben ge-kämpft und ihre Familie durchgebracht. Jetzt endlich können sie sich etwas leisten. Dabei geht es nicht darum, den Stil und Habitus der „Reichen“ zu adap-tieren – sondern mit ihren ganz eigenen Codes, in denen sich der Stolz auf die eigene Herkunft und das Selbstbewusst-sein dieser Gruppe widerspiegelt.

Der für die brasilianische Gesell-schaft typische Zukunftsoptimismus wird in der „Neuen Mittelschicht“ überdeutlich: Mit ausgeprägtem Vertrauen in die eigene Kraft und Leistungsfähigkeit geht man hier davon aus, dass die Zukunft einfach nur noch viel besser werden kann. Dafür ist man bereit, großen Einsatz zu bringen: Viel zu arbeiten, auf Urlaub zu verzichten, sich stetig wei-terzubilden ist selbstverständlich. Die „Neue Mittelschicht“ kennzeichnet ein ausgeprägter Unternehmergeist: Sein eigener Chef zu sein ist ein großer Traum, den viele durch kre-ative Geschäftsideen vor allem im Dienstleistungsbereich in die Tat um-setzen. Derzeit haben etwa 55% der Mitglieder der „Neuen Mittelklasse“ ein eigenes Geschäft.Alles, was man tut, geschieht jedoch nicht in erster Linie für sich selbst, sondern für die Gemeinschaft, das heißt hier vor allem für die Familie. Das Leben in der Community, das Dazugehören zur Gruppe, hat einen hohen Stellenwert. Auch in stilisti-scher Hinsicht geht es deshalb nicht um das Herausstellen von Indivi-dualität und Anderssein, sondern gerade um die Demonstration von

A “nova classe média” brasileira, integrada por mais de 30 milhões de pessoas, foi a mais beneficiada com o recente desenvolvimento econômico do País / Über 30 Mio. Menschen bilden die „neue Mittelschicht“, die am stärksten von der jüngsten wirtschaftlichen Entwicklung in Brasilien profitiert hatPa

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Artigo Artikel

Zugehörigkeit und Integriert-Sein. Sich für die Gruppe zu engagieren, zu helfen, etwas gemeinsam zu tun ist sinnstiftend und schafft Zufriedenheit. Die Menschen der „Neuen Mittelschicht“ leben in einer lebendigen Nachbar-schaft und gerade auch die Religion mit ihren vielfältigen gemeinschaftsbezogenen Ritualen ist ein wichtiger Anker in ihrem Leben.Die „Neue Mittelschicht“ ist von einer großen Dankbarkeit erfüllt: Das Leben, so wie es ist, ist ein gutes Leben. Sie sind bereit, viel zu geben, viel zu leisten – und dafür belohnt zu werden. Ihre positive Grundhaltung ist überdeutlich. Vor allem die Investition in Bildung gilt ihnen als Garant für eine noch bessere und sichere Zukunft. Dies betrifft die eigene Weiterbildung, vor allem aber auch die gute Schulbildung der Kinder. Ein Hochschulabschluss gilt als Statussymbol, für dessen Erlangen hart gearbeitet wird.Immer ist der Blick nach vorn, weiter in die Zukunft ge-richtet. Man ist stolz auf das Erreichte, aber es kann doch immer noch besser werden. Mit großer Strebsamkeit, Flexibilität und Anpassungsbereitschaft, aber auch mit Durchhaltevermögen und Disziplin arbeiten die Mitglieder der „Neuen Mittelschicht“ auf das Erreichen ihrer persön-lichen Ziele hin.Gerade diese große Antriebskraft, diese enorme Ein-satzbereitschaft sind es, die die „Neue Mittelschicht“ von der traditionellen Mittelschicht in Brasilien unter-scheidet. Auch die traditionelle Mittelschicht hat vom Wirtschaftsboom profitiert, aber hier sind die Verände-rungen im Lebensstandard weniger drastisch. Während die „Neue Mittelschicht“ in den letzten Jahren förmlich in ein anderes Leben katapultiert wurde, geht es für die traditionelle Mittelschicht um materielle Verbesserungen auf ohnehin höherem Niveau. In Bezug auf die Zukunft ist die traditionelle Mittelschicht deshalb entspannter und weniger aufstiegsorientiert. Ziel ist es hier, den derzeitigen Lebensstandard zu halten.Traditionelle wie „Neue Mittelschicht“ kennzeichnet ein ausgeprägter Zukunftsoptimismus und eine große

rodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo, celulares, laptops, refrigera-dores, máquinas de lavar e televisores.Portanto, a “nova classe média” precisa de ofertas específicas, com uma atenção especial quanto às modalidades de pa-gamento. Quem vende para este público deve dar atenção aos clientes e tratá-los com respeito, não apenas como con-sumidores, mas como seres humanos; deve falar a sua língua e apoiá-los com conselhos e suporte – deve fazer isso em paralelo ao processo de venda. Deve enfocar, em vez do indivíduo, a família e a comunidade. A comunicação deve ser calorosa e confiável.

Pois, apesar de toda a receptividade para coisas novas, as pessoas da “nova classe média” ainda são consumidores insegu-ros, que procuram, neste novo mundo, referências àquilo que já conhecem, àquilo ao que já estão acostumados.

Isabel Schützer de Magalhães e Ana Bauer, atuando há mais de 25 anos com pesquisa qualitativa de mercado, são diretoras da Brazilintervisions. Nessa atividade, desenvolveram abordagem própria, assessorando empresas e inves-tidores interessados em ampliar a sua presença no País.Mais informações sobre as atividades da Brazilintervisions podem ser obtidas, acessando: www.Brazil-interVisions.com

em relação a preços, condições de pagamento, descontos etc.Especialmente a “nova classe média” é entusiasmada com coisas novas, que-rendo explorar todas as suas possibili-dades. São consumidores empolgados e espontâneos. O consumo é um sinal de integração a um grupo, revela que uma pessoa conseguiu chegar lá, que ela pode ser dar esse luxo. O consumo é divertimento, é curtição.Por isso, importantes mercados para a “nova classe média” são: cosméticos e produtos de beleza; o carro como símbolo de status; e todos os tipos de eletroeletrônicos: computadores, elet-

Offenheit gegenüber Modernität. Beide Gruppen sind Early Adopters, die Innovationen mit Aufgeschlossenheit und Neugier gegenüberstehen. Beide sind gut informierte Verbraucher, die z.B. im Hinblick auf Preise, Zahlungs-konditionen, Rabatte etc. eine ausgeprägte Marktkenntnis aufweisen.Insbesondere die „Neue Mittelschicht“ ist begeistert von allem Neuen, sie möchte ihre Konsummöglichkeiten voll ausschöpfen. Enthusiasmus und Spontaneität kennzeich-nen ihr Konsumverhalten. Durch Konsum zeigt man, dass man dazugehört, dass man es geschafft hat, dass man es sich leisten kann. Konsum ist Spaß und Genuss.Wichtige Konsumbereiche der „Neuen Mittelschicht“ sind deshalb: Kosmetik und Schönheit; das Auto als Statussym-bol, sowie alle Art von IT-, Haushalts- und Unterhaltungs-elektronik, wie z.B. Mobiltelefone, Laptops, Kühlschränke, Waschmaschinen, Fernseher.Die „Neue Mittelschicht“ braucht deshalb maßgeschnei-derte Angebote, insbesondere im Hinblick auf Zahlungs-modalitäten. Anbieter in diesem Segment sollten ihren Kunden Aufmerksamkeit und Respekt entgegenbringen, sie als Men-schen und nicht nur als Konsumenten sehen; ihre Sprache sprechen, ihnen mit Rat und Unterstützung – auch über den Kauf hinaus – zur Seite stehen. Angebote sollten nicht den Einzelnen, sondern die Familie, die Gemein-schaft im Blick haben. Die Ansprache sollte warmherzig und vertrauenswürdig sein.Denn bei aller Offenheit für das Innovative handelt es sich bei den Angehörigen der „Neuen Mittelschicht“ auch um noch unsichere Konsumenten, die in der neuen Vielfalt An-knüpfungspunkte an das Bekannte und Vertraute suchen.

Isabel Schützer de Magalhães und Ana Bauer sind seit über 25 Jahren in der qualitativen Marktforschung tätig und leiten das Unternehmen Brazilintervisions. Brazilintervisions berät Unternehmen und Investoren, die ihre Präsenz in Brasilien ausbauen wollen.Weitere Informationen finden sich unter www.Brazil-Intervisions.com

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Sustentabilidade Nachhaltigkeit

O trabalho não acaba na prateleira

Raquel Sander

A responsabilização das empresas por todo o ciclo de vida dos produtos é um caminho sem volta, seja pela lei, pela pressão de consumidores e sociedade ou mesmo pela conscientização dos próprios dirigentes das companhias. O tema ganhou mais força no Brasil a partir da promulgação da Política Na-cional de Resíduos Sólidos (PNRS) pelo governo federal em agosto de 2010. A PNRS determina, entre outros pontos, que o setor produtivo implante sistemas de logística reversa, pelos quais os pro-dutos ou embalagens, após usados pe-los consumidores, são recolhidos para serem reciclados ou terem a destinação ambientalmente correta.A legislação estipula que a logística reversa, inicialmente, seja implemen-tada por fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de agro-tóxicos (resíduos e embalagens), pilhas

e baterias, pneus, óleos lubrificantes (resíduos e embalagens), lâmpadas (fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista) e produtos eletroeletrônicos e seus componentes. O artigo 33 da lei também ressalta que a aplicação do sistema se estenderá a produtos comercializados em embala-gens plásticas, metálicas ou de vidro e aos demais produtos e embalagens, a partir de regulamentos ou termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial.E como as empresas estão se saindo? Segundo André Vilhena, diretor--executivo do Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), uma associação empresarial dedicada à promoção da reciclagem e da gestão integrada do lixo, o desempenho varia de setor para setor. “Nos segmentos de embalagens de óleos lubrificantes, embalagens de agrotóxicos e pneus, já existe a logística reversa implantada. Em eletroeletrônicos, algumas empre-sas fazem, outras ainda não, a mesma coisa para pilhas e baterias. Para alguns setores, o desafio é grande, como o de lâmpadas, por exemplo, em que é preciso encontrar uma equação eco-nômica que não inviabilize o comércio dos produtos em algumas regiões mais distantes dos polos de reciclagem”, afirma Vilhena.

Cada vez mais, ganha

espaço a concepção de que

as empresas devem ser

responsáveis pelo produto

em todo o seu ciclo de uso,

da fabricação ao descarte

Separação de placas moídas de computadores

para reciclagem / Getrennte Sammlung von

Computerschrott zum Recycling

O setor de pilhas e baterias é um dos que deverão implantar a logística reversa, de acordo com a PNRS / Nach den PNRS-Vorgaben müssen die Hersteller von Akkus und Batterien ein System der Entsorgungslogistik einführen

Eduardo Nicolau / Agência Estado

Agência Estado

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Die Verantwortung endet nicht im SupermarktUnternehmen werden heute zunehmend für den gesamten Lebenszyklus ihrer Produkte, von der Herstellung bis zur Entsorgung, verantwortlich gemacht

Raquel Sander

Unternehmen werden heute für den gesamten Lebenszyk-lus ihrer Produkte verantwortlich gemacht, sei es gesetz-lich, auf Druck der Verbraucher und der Gesellschaft oder auch, weil sich die Unternehmensleiter selbst ihrer Verant-wortung bewusst sind. Diese Entwicklung ist nicht mehr rückgängig zu machen. In Brasilien gewann das Thema im August 2010 an Bedeutung, als die Bundesregierung die nationale Abfallpolitik (PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos) verabschiedete. Die PNRS schreibt u.a. vor, dass das produzierende Gewerbe Systeme der Entsor-gungslogistik einführen muss, über die die Produkte oder Verpackungen nach ihrer Verwendung gesammelt und

entweder recycelt oder ökologisch korrekt entsorgt werden.Diese Vorschrift gilt zunächst für die Hersteller, Importeure, Großhändler und Händler von Pflanzenschutzmitteln (Rest-stoffe und Verpackungen), Akkus und Batterien, Reifen, Schmierölen (Reststoffe und Verpackungen), Leuchtmitteln (Leuchtstoffröhren, Quecksilberdampflampen und Misch-lichtlampen) sowie von elektrischen und elektronischen Geräten und ihren Bauteilen. Artikel 33 des Gesetzes be-stimmt außerdem, dass die Vorschrift später erweitert wird auf Produkte, die in Plastik-, Metall- oder Glasverpackun-gen vertrieben werden, und auf alle übrigen Produkte und Verpackungen, und zwar über zusätzliche Regelungen oder über Abkommen, die zwischen der öffentlichen Verwaltung und der Privatwirtschaft geschlossen werden.

58 BRASILALEMANHA Junho 2012

Sustentabilidade Nachhaltigkeit

As distâncias são, na opinião dele, um dos maiores obstáculos a serem enfren-tados pelas empresas. “Na verdade, o grande desafio do Brasil é a dimensão continental. Nesse sentido, o transporte é o item de maior peso na equação de custos. Então, o desafio é fazer com que o resíduo transite a menor distância possível, e com isso é preciso expandir as unidades de reciclagem pelo País para que não haja necessidade de transportar o que é coletado por grandes distâncias.”Vilhena ressalta que é fundamental, também, o papel dos consumidores. “Principalmente em alguns setores, como o de eletroeletrônicos, os consu-midores não têm o hábito de devolver o equipamento. Ou a pessoa fica com o equipamento por muito tempo ou ela doa para alguém que poderá reutilizá-lo, então até ele chegar ao fim da sua vida útil demora bastante. A participação da população é fundamental e ainda é um gargalo grande no País. Apesar de que,

em muitos lugares, os cidadãos querem colaborar, até separam o lixo e enca-minham os materiais para programas empresariais e cooperativas de catado-res, onde a prefeitura não faz a coleta seletiva. Aliás, é importante mencionar que as prefeituras têm até 2014 para implantar a coleta seletiva e para acabar com os lixões [de acordo com a PNRS].”Pelas estimativas do diretor-executivo do Cempre, o percentual de reciclagem da fração seca do lixo, hoje, gira em

torno de 20% e, com a implantação plena da logística reversa, esse índice poderia ser dobrado em cinco ou dez anos e chegar a 70% dentro de 20 anos.

Do berço ao berçoCom a sustentabilidade ocupando cada vez mais o centro do cenário corpo-rativo, além da logística reversa, vêm ganhando espaço no País conceitos e modelos que estipulam visões globais do ciclo de uso dos produtos.

Disponibilizar os produtos aos consumidores é apenas uma etapa da

cadeia produtiva / Der Verkauf an die Verbraucher ist nur ein Teil des

Produktlebenszyklus

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Und wie kommen die Unternehmen damit zurecht? André Vilhena, Leiter des Verbands CEMPRE (Selbst-verpflichtung von Unternehmen zum Recycling), der sich für die Förderung des Recyclings und für ein integriertes Abfallmanagement einsetzt, erklärt, das sei von Branche zu Branche unterschiedlich. „Bei den Verpackungen von Schmierölen, den Verpackungen von Pflanzenschutzmit-teln und bei Reifen gibt es bereits eine Entsorgungslogistik. Bei den elektrischen und elektronischen Produkten haben einige Unternehmen entsprechende Systeme eingeführt, andere noch nicht; dasselbe gilt für die Hersteller von Akkus und Batterien. Einige Branchen stehen dabei vor einer großen Herausforderung, wie z.B. die Hersteller von Leuchtmitteln, die eine ökonomische Lösung finden müssen, damit der Handel in einigen Regionen, die weit von den Sammelstellen entfernt sind, weiterhin möglich ist“, erklärt Vilhena.Die Entfernungen sind seiner Ansicht nach mit das größte Problem: „Die wahre Herausforderung in Brasilien ist die enorme Größe des Landes. Der Transport ist der teuerste Posten in der Kostenaufstellung. Es muss also dafür gesorgt werden, dass die Entfernungen möglichst gering sind, und deshalb müssen mehr Recyclingstandorte entstehen.“Vilhena betont, auch die Verbraucher spielten eine wichtige Rolle: „Besonders in einigen Branchen, wie bei den elektri-schen und elektronischen Produkten, sind es die Verbrau-cher nicht gewohnt, die Geräte zurückzugeben. Entweder behalten sie die Geräte sehr lange, oder sie verschenken sie weiter. Es dauert also ziemlich lange, bis der Produktlebens-zyklus endet. Es ist äußerst wichtig, dass die Bevölkerung sich aktiv beteiligt. Das funktioniert in Brasilien noch nicht. Aber es gibt auch viele Menschen, die mitmachen wollen, die den Müll trennen und, falls die Stadtverwaltung keine ge-trennte Abfuhr anbietet, an Unternehmen mit entsprechen-den Programmen und an Kooperativen von Müllsammlern

weiterleiten. Übrigens wurde den Stadtverwaltungen [im Rahmen der PNRS] eine Frist bis 2014 gesetzt - dann müs-sen sie eine getrennte Müllabfuhr anbieten und die wilden Müllkippen entfernt haben.“Nach Einschätzung von Vilhena liegt der Recyclinganteil bei den Trockenabfällen heute bei ca. 20%. Wenn die Entsorgungslogistik durchgängig eingeführt ist, könnte sich dieser Anteil in fünf oder zehn Jahren verdoppeln und innerhalb von 20 Jahren auf 70% steigen.

Von der Wiege bis zur WiegeDie Nachhaltigkeit wird für Unternehmen immer wich-tiger, und neben der Entsorgungslogistik gewinnen auch Konzepte und Modelle an Bedeutung, die den Produktle-benszyklus ganzheitlich betrachten.Ein solches Konzept ist das Cradle-to-Cradle-Prinzip („Von der Wiege bis zur Wiege“) des deutschen Chemikers Michael Braungart und des US-amerikanischen Archi-tekten William McDonough. Das Konzept schlägt eine Neugestaltung der industriellen Verfahren vor, damit die Produkte immer wieder verwendet werden können, sei es in der Produktionskette oder in der Natur, und kein Müll mehr produziert wird.Dabei orientiert sich das Konzept an der Natur und ba-siert auf drei Grundprinzipien: Abfall ist Nahrung (in der Natur sind Organismen, die verfallen, Rohstoffe für andere Organismen), die Nutzung erneuerbarer Energien in der Produktion und die Unterstützung von Diversität (im Gegensatz zur Einförmigkeit der traditionellen Indus-trieproduktion entwickeln sich natürliche Systeme durch Komplexität). Andere wichtige Bestandteile des Modells sind die Zusammenarbeit von Fabrikanten, Lieferanten, Verbrauchern und Regierungen und die Verwendung si-cherer Materialien, die kein Gesundheitsrisiko darstellen.Die Unternehmensberatung KCA, die im August ein Büro

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in São Paulo eröffnen will, vertritt in Brasilien das von Prof. Dr. Braungart gegründete wissenschaftliche Beratungsin-stitut EPEA (Environmental Protection Encouragement Agency) und berät Unternehmen, die die Cradle-to-Cradle-Prinzipien umsetzen wollen.Alexandre Gobbo Fernandes, Mitbegründer und Teilhaber von KCA, sieht eine der großen Herausforderungen für inte-ressierte Unternehmen in den lang- und kurzfristigen Zielen:„Im Unternehmensalltag werden sehr schnelle Ant-worten gefordert. Die Unternehmen haben nicht viel Spielraum für Experimente, und die meisten mittelstän-dischen Unternehmen müssen sich kurzfristigere Ziele setzen. Nachhaltigkeit hingegen bedeutet normalerweise eine langfristige Planung und langfristige Ziele. Aber bei der Arbeit mit langfristigen Zielen zeigt sich, dass diese auch dabei helfen, kurzfristige Entscheidungen zu treffen, die sich auch kurzfristig auszahlen... Das

halte ich für die große Herausforderung. Wir müssen mit der Vorstellung aufräumen, dass Nachhaltigkeit nur langfristig sinnvoll ist, und die Möglichkeiten nutzen, die sich jetzt bieten, im Management der Produktions-kette und in der Verarbeitung von Produkten“, erklärt Fernandes.Das Cradle-to-Cradle-Prinzip erfordere eine klare Definiti-on von Zielen: „Die Möglichkeiten werden deutlich, wenn eine sogenannte Roadmap erstellt wird, eine transparente Strategie mit konkreten Zielen, die Kunden und Lieferanten klar kommuniziert werden können. Die Planung ist natür-lich langfristig, aber sie enthält auch kurzfristige Aktionen, die sich kurzfristig auszahlen.“Weltweit sind heute etwa 500 Produkte nach den Cradle-to-Cradle-Prinzipien zertifiziert, und Fernandes geht davon aus, dass es in Brasilien bis Ende 2013 etwa 100 zertifizierte Produkte geben wird.

É o caso do Cradle to Cradle (do ber-ço ao berço, em português), modelo criado pelo químico alemão Michael Braungart e pelo designer e arquiteto norte-americano William McDonough. Resumidamente, o Cradle to Cradle propõe um redesenho dos processos industriais de modo a permitir que os produtos sejam sempre reutilizados, seja na cadeia produtiva, seja na nature-za, acabando com a existência do lixo, de resíduos que não são aproveitados. Inspirado na natureza, o Cradle to Cra-dle tem três princípios fundamentais: resíduo = insumo (no ciclo natural, um organismo que fenece serve de matéria-prima para outro organismo se desenvolver), o uso de energia solar (e de outras fontes renováveis) para a produção e a celebração da diversidade (a natureza, ao contrário dos esquemas uniformes da produção industrial tradicional, se desenvolve através da complexidade). Outras questões im-portantes no modelo são o trabalho em rede de fabricantes, fornecedores, consumidores e governos, e o uso de materiais seguros, que não ofereçam riscos para a saúde de quem entra em contato com eles.Com previsão de abrir um escritório em São Paulo em agosto deste ano, a empresa de consultoria KCA é a representante no Brasil da agência científica alemã EPEA (Environmental Protection Encouragement Agency), fundada pelo Prof. Dr. Braungart, e oferece assessoria a empresas que

queiram colocar em prática os princí-pios do Cradle to Cradle.Na opinião do sócio-fundador da KCA, Alexandre Gobbo Fernandes, um dos grandes desafios das companhias inte-ressadas em aplicar o modelo refere-se às metas de longo e de curto prazo.“Existe a questão da exigência por respostas muito rápidas no dia a dia corporativo. As empresas não podem experimentar muito, a maioria das empresas médias tem de ter metas mais imediatistas. Quando se fala em sustentabilidade, normalmente, isso implica planejar, ter visão de longo prazo. Mas, quando você trabalha com metas de longo prazo e consegue entender que elas ajudam você a tomar uma decisão no curto prazo, e essa decisão faz você recuperar o valor dos investimentos no curto prazo... esse eu acho que talvez seja o grande desafio. É preciso quebrar o paradigma

da sustentabilidade como apenas ser sustentável ao longo do tempo, e abrir a avenida de oportunidades que exis-tem no presente, na gestão da cadeia e na transformação de produtos”, afirma o executivo.Ele ressalta que o Cradle to Cradle esti-pula a definição de metas claras. “Essa avenida de oportunidades começa a ser aberta quando é desenhado o que cha-mamos de roadmap, um plano de voo transparente, com metas tangíveis, que podem ser comunicadas claramente para os clientes e fornecedores. É pla-nejamento no longo prazo, claro, mas com ações no curto prazo que trazem retorno no curto prazo.”Em nível internacional, hoje há cerca de 500 produtos certificados de acordo com os critérios do Cradle to Cradle, e Fernandes acredita que, no Brasil, se consiga alcançar a certificação de 100 produtos até o final de 2013.

Reciclagem é parte fundamental do ciclo de uso dos produtos / Ein sehr wichtiger Teil des Produktlebenszyklus ist das Recycling

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Soja livre de transgênicos briga por espaço nas exportações brasileiras

da Alimentação, Agropecuá ria e Silvi-cultura do Estado da Baviera. Atualmente, a região importa 800 mil toneladas por ano de ração animal à base de soja – a maior parte genetica-mente modificada – principalmente dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina, que são, respectivamente, os maiores produtores e exportadores de grãos mundiais. As três nações também representam os mercados mais permissivos ao cultivo de espécies transgênicas e, segundo o ISAAA (In-ternational Service for the Acquisition of Agribiotech Applications), dedica-ram 69 milhões (EUA), 30,3 milhões (Brasil) e 23,7 milhões (Argentina) de hectares em 2011 para a plantação de espécies geneticamente modificadas.Para o diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa – Em-presa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária, Mauricio Antonio Lopes, o

País avança na comercialização de produtos não geneticamente modificados, mas ainda

enfrenta desafios para garantir o seu embarque para o exterior

aumento do uso de transgênicos tem a ver com os desafios enfrentados para garantir uma produção de alimentos compatível com o crescimento popu-lacional. “Um País tropical como o nosso, diferentemente daqueles loca-lizados em regiões temperadas, tem grande diversidade de ambientes para agricultura, pecuária e silvicultura, assim como uma estrutura fundiária complexa e padrões diversificados de utilização tecnológica, de infraestru-tura e logística. Portanto, não há como imaginar a ampliação da produção, da produtividade e da competitividade agropecuária sem se lançar mão de am-plo arsenal de pesquisas e tecnologia, do qual fazem parte a biotecnologia e a transgenia, que nos permite responder, de forma sustentável, rápida e indepen-dente, a problemas que comprometam o desempenho futuro do agronegócio”, explica Lopes.

Rafaela Natacci Musto

Enquanto a produção de variedades geneticamente modificadas cresce ao redor do mundo, a população dos países da União Europeia tem mos-trado forte resistência ao consumo de alimentos que contenham transgênicos em sua composição.Nessa direção, a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneti-camente Modificados (Abrange) e o governo do Estado da Baviera firmaram um acordo que prevê, por parte do Brasil, o fornecimento de farelo de “soja livre” para a ração animal utilizada no Estado alemão. A parceria agrícola, concordada em março deste ano, assegura a exportação de 200 mil toneladas por ano do produ-to e, por meio de um grupo de trabalho, reunirá comerciantes agrícolas, repre-sentantes da Abrange e do Ministério

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Europa importiert gentechnikfreie Soja aus Brasilien

Brasilien bringt immer mehr gentechnikfreie Produkte auf den Markt, aber der Export gestaltet sich noch schwierig

Rafaela Natacci Musto

Während weltweit immer mehr gentechnisch modifizierte Sorten angebaut werden, weigert sich die Bevölkerung in der Europäischen Union standhaft, Lebensmittel zu konsumieren, in denen transgene Organismen enthalten sind.Vor diesem Hintergrund haben der brasilianische Verband der Produzenten von gentechnikfreiem Getreide (ABRANGE) und die bay-erische Regierung im März 2012

ein Abkommen über die Lieferung von gentechnikfreiem Sojaschrot für Tierfutter unterzeichnet.Damit wird der Export von jährlich 200.000 Tonnen gentechnikfreien Sojaschrots vertraglich gewährleistet. Außerdem wurde eine Arbeitsgruppe eingerichtet aus Agrarhändlern und Vertretern der ABRANGE und des bayerischen Staatsministeriums für Er-nährung, Landwirtschaft und Forsten.Derzeit importiert Bayern im Jahr 800.000 Tonnen Futtermittel auf Soja-basis - größtenteils genmodifizierte Soja

- v.a. aus den USA, Brasilien und Ar-gentinien, den größten Getreidepro-duzenten und -exporteuren der Welt. Die drei Länder sind außerdem die Länder mit den liberalsten Vorschrif-ten zum Anbau transgener Sorten und haben dafür im Jahr 2011 nach Angaben des ISAAA (International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications) 69. Mio (USA), 30,3 Mio. (Brasilien) bzw. 23,7 Mio. (Argentinien) Hektar genutzt.Der Geschäftsführer Forschung und Entwicklung des Unternehmens für landwirtschaftliche Forschung Embrapa, Mauricio Antonio Lopes, erklärt, es würden zunehmend trans-gene Sorten angebaut, um die Nah-rungsmittelversorgung der wachsen-den Bevölkerung zu gewährleisten.

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De acordo com a Abrange, aproxima-damente 25% da superfície cultivada no País é ocupada por variedades convencionais, uma área maior que a existente em outras regiões abertas ao plantio de transgênicos. É com base nesse espaço que, na contramão da manipulação genética, o País se posi-ciona como um dos poucos capazes de desenvolver sistemas alternativos de produção com aptidão para atender a demanda internacional por produ-tos não geneticamente modificados. No caso da “soja livre”, o Brasil é seu principal fornecedor mundial, segundo dados da Embrapa. “Longe de ser uma estratégia baseada em ativismo contrário à adoção da biotecnologia, a opção pelo cultivo de grãos não transgênicos é uma opção comercial, essencialmente calcada em lógica de mercado”, comenta o diretor--executivo de Pesquisa e Desenvolvi-mento da Embrapa.Quase a totalidade do volume de farelo de soja convencional brasileiro é com-prada pela União Europeia, sobretudo pela Alemanha e pela França, que têm uma estrutura que garante o acesso à informação da procedência dos ali-mentos aos consumidores, e por países asiáticos como o Japão e a Coreia do Sul – regiões onde a soja faz parte da alimentação básica da população.

Desafios do setorApesar da sustentação dessa atividade comercial estar intimamente ligada ao cumprimento das garantias e de padrões de qualidade e identidade internacionalmente aceitos, como o limite máximo permitido de 0,1% de contaminação por transgênicos, o Brasil ainda enfrenta desafios na hora de exportar a soja convencional.A infraestrutura deficiente para a en-trada e saída de cargas no Brasil, com gargalos nos portos e aeroportos para escoamento de produção, na visão do diretor-executivo da Abrange, Ricardo Sousa, é um dos entraves comerciais. “No caso de produtos segregados, que precisam de cuidados e armazenamen-to especiais, como a soja fornecida pela Abrange, a dificuldade logística é maior ainda e acarreta custos adi-cionais”, relata.

No mais, a entrada dos transgênicos no País fez com que fosse implemen-tada uma série de medidas para as-segurar a qualidade da produção dos organismos convencionais, tais como certificações que atestam que o grão é livre de modificações genéticas, arma-zéns segregados para a estocagem e na-vios diferenciados para a exportação. “A vantagem é que os custos gerados por conta das diferenciações inerentes a esses produtos são remunerados pelo mercado europeu, que é enfático em sua preferência por variedades não transgênicas para a alimentação animal e para o consumo humano e paga a mais para ter essa garantia”, completa Sousa. Fora isso, os agricultores têm de lidar com a distribuição das variedades produtivas. Em alguns casos, “as empresas produtoras de transgênicos multinacionais têm forte presença no mercado e canais de distribuição bem elaborados, capazes de influenciar o acesso dos outros atores às sementes transgênicas ou não modificadas”, explica o representante da Abrange. Para a safra de setembro/outubro de 2012, por exemplo, Ricardo Sousa reve-la que já existe dificuldade na obtenção de sementes de soja convencional e que, quanto maior o uso de transgênicos, mais agravante é o risco da contamina-ção de culturas, pela ação do vento, re-síduos nas plantadeiras, ou pela proxi-midade das espécies na área cultivada. “Muitas vezes, o agricultor não tem a segurança que irá colher o que plantou. A fim de evitar esse risco, é importante

trabalhar com as empresas envolvidas no processo produtivo, na garantia da pureza das sementes, no rastreamento da produção e na certificação. Isso evita que as sementes venham com um grau elevado de contaminação”, diz Sousa.

Como ficam os consumidores?Na União Europeia, em geral, a rotu-lagem permite que os consumidores possam reconhecer facilmente, no ato da compra, se o conteúdo de uma lata de milho, por exemplo, contém ou não organismos com modificações genéticas.Mesmo com a crescente preocupação da população nacional em relação ao uso de agrotóxicos ou transgênicos na alimentação, a maioria dos produtos nas prateleiras dos supermercados do Brasil não contém rótulos informa-tivos em suas embalagens. Por falta de rastrea mento das etapas da cadeia produtiva, ao comprar alimentos como carne ou uma caixa de ovos, os brasilei-ros não sabem se o gado ou as galinhas foram nutridos com rações à base de grãos geneticamente modificados. Países como Alemanha e Áustria adotaram legislações e selos que ates-tam quando os produtos são isentos da adição de transgênicos, o “Ohne Gentechnik” e o “Gentechnik-frei Hergestellt”, respectivamente. “A ro-tulagem é um passo muito importante para a consolidação do mercado de não transgênicos. É uma vitória dos alemães, porque ela é a expressão mais importante para a decisão de consumo”, conclui Sousa.

Convênio assinado por Helmut Brunner, Ministro da Alimentação, Agropecuária e Silvicultura da Baviera e César Borges de Souza, presidente da Abrange, garante a remessa de farelo de “soja livre” para aquele Estado alemão / Der bayerische Landwirtschaftsminister Helmut Brunner und ABRANGE-Präsident César Borges de Souza unterzeichneten ein Abkommen über die Lieferung von gentechnikfreiem Sojaschrot nach Bayern

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„In einem tropischen Land wie Brasilien gibt es, anders als in den gemäßigten Breiten, Regionen mit ganz unter-schiedlichen Bedingungen für Ackerbau, Viehzucht und Forstwirtschaft. Außerdem ist die Landbesitzstruktur sehr komplex, und es herrschen landesweit verschiedene Stan-dards, was den Einsatz von Technologien, die Infrastruktur und die Logistik betrifft. Produktion, Produktivität und Wettbewerbsfähigkeit ließen sich nicht erhöhen, ohne auf die vielen Forschungsarbeiten zurückzugreifen und auf Technologien, darunter eben auch die Biotechnologie und die Gentechnik. So können wir nachhaltig, schnell und unabhängig auf Probleme reagieren, die sich schlecht auf das Agrobusiness auswirken könnten“, erklärt Lopes.Nach Angaben der ABRANGE werden ungefähr 25% der Anbaufläche in Brasilien für konventionelle Sorten genutzt. Das ist mehr als in anderen Ländern, in denen der Anbau transgener Sorten ebenfalls erlaubt ist. Damit positioniert sich Brasilien als eins der wenigen Länder, die alternative Produktionssysteme entwickeln und der internationalen Nachfrage nach gentechnikfreien Produkten nachkom-men können. Nach Zahlen von Embrapa ist Brasilien der weltgrößte Lieferant gentechnikfreier Soja.

„Das ist alles andere als Aktivismus gegen die Biotech-nologie. Der Anbau von gentechnikfreiem Getreide ist eine kaufmännische Entscheidung, die sich nach der Marktlogik richtet“, so Lopes.Fast der gesamte konventionelle Sojaschrot aus Brasilien wird exportiert, und zwar in die Europäische Union, v.a. nach Deutschland und Frankreich, wo die Verbraucher Zugang zu Informationen über die Herkunft von Lebens-mitteln haben, und in asiatische Länder wie Japan und Südkorea, wo Soja zu den Grundnahrungsmitteln der Bevölkerung gehört.

HerausforderungenAuch wenn dieses Segment eng an die Erfüllung von Garantien und an die Einhaltung von international aner-kannten Qualitäts- und Identitätsstandards geknüpft ist, wie z.B. einem Höchstanteil an transgener Kontamination von 0,1%, stellt der Export konventioneller Soja Brasilien dennoch vor Herausforderungen.Die defizitäre Infrastruktur im Im- und Export mit Eng-pässen an Häfen und Flughäfen ist nach Ansicht von Ricardo Sousa, geschäftsführender Direktor von ABRAN-

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GE, ein großes Problem. „Bei Produkten, die getrennt von anderen gelagert und verschifft werden müssen, wie z.B. die Soja von ABRANGE, ist die Logistik noch schwieriger und außerdem teurer.“Weil in Brasilien auch transgene Sorten angebaut werden, müssten eine Reihe von Maßnahmen getroffen werden, um die Qualität der gentechnikfreien Produkte zu gewähr-leisten, wie z.B. die Zertifizierung von gentechnikfreiem Getreide, getrennte Lagerhallen und besondere Schiffe für den Export. „Das Gute ist, dass die unvermeidlichen Kosten, die dadurch entstehen, vom europäischen Markt gezahlt werden, der eine deutliche Präferenz für gentech-nikfreie Futter- und Lebensmittel hat und bereit ist, dafür zu bezahlen“, erklärt Sousa.Außerdem sei der Zugang zu verschiedenen Anbausorten für die Landwirte nicht immer einfach. In einigen Fällen hätten die multinationalen Produzenten von transgenen Nahrungsmitteln schon eine starke Präsenz auf dem Markt und verfügten über sehr gute Vertriebskanäle, so dass sie einen Einfluss darauf haben, ob andere Marktteilnehmer Zu-gang zu transgenem oder gentechnikfreiem Saatgut haben.Für die Ernte im September/Oktober 2012 sei es bereits schwierig, Saatgut für konventionelle Soja zu finden. Und je mehr transgenes Saatgut eingesetzt würde, umso höher sei das Risiko einer Kontamination, weil das Saatgut ver-weht wird, wegen der Rückstände in den Sämaschinen oder wegen der räumlichen Nähe der Anbauflächen. „Oft kann der Landwirt nicht sicher sein, dass er ernten kann,

was er gesät hat. Um dieses Risiko zu vermeiden, ist die Zusammenarbeit mit Unternehmen wichtig, die die Rein-heit des Saatguts garantieren, die Rückverfolgbarkeit der Produktion gewährleisten und die Nahrungsmittel zerti-fizieren können. So wird ein hoher Kontaminierungsgrad verhindert“, erklärt Sousa.

Und die Verbraucher?In der Europäischen Union können die Verbraucher im Allgemeinen auf dem Etikett überprüfen, ob beispielsweise eine Dose Mais genetisch veränderte Organismen enthält oder nicht.In Brasilien machen sich die Verbraucher zwar zunehmend Gedanken über den Einsatz von Pflanzenschutzmitteln oder über genetisch veränderte Organismen in den Le-bensmitteln; trotzdem enthalten die meisten Etiketten keine Informationen dazu. Da die Produktionskette nicht rückverfolgbar ist, wissen die Brasilianer beim Kauf von Rindfleisch oder Eiern nicht, ob im Futter der Rinder oder Hühner genmodifiziertes Getreide enthalten war.In Ländern wie Deutschland und Österreich wurden entsprechende Gesetze erlassen, und es gibt das „Ohne Gentechnik“-Siegel bzw. das „Gentechnikfrei erzeugt“-Siegel. „Die Kennzeichnung auf dem Etikett ist ein sehr wichtiger Schritt zur Konsolidierung des Marktes für gen-technikfreie Nahrungsmittel. Das ist in Deutschland sehr gut geregelt, denn diese Kennzeichnung ist beim Einkauf entscheidend“, so Sousa abschließend.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), na safra de 2011 foram colhidas 75 milhões de toneladas / Brasilien ist der zweitgrößte Sojaproduzent der Welt. Nach Angaben von EMBRAPA (Unternehmen für landwirtschaftliche Forschung) wurden 2001 75 Mio. Tonnen Soja geerntet

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a trazer 20 organizações que estavam de olho no mercado do Estado. Isso fez com que surgisse a primeira onda de empresas associadas, estabelecendo as bases para a Câmara conquistar a importância que tem hoje”, relembra o advogado. Ele também acredita que o trabalho da AHK vai se intensificar ainda mais, pois o interesse de em-presas alemãs e de outros países da Europa pelo Brasil cresceu muito nos últimos anos.

Ao longo das quatro décadas de atuação, a AHK Curitiba reuniu mais de 200 associados para os quais presta serviços e disponibiliza trabalhos rela-cionados à economia de mercado, pro-movendo intercâmbio de investimento, comércio e serviços entre Alemanha e Brasil. Também se desenvolveu a opor-tunidade de alemães e seus descenden-tes criarem raízes em solo paranaense, formando famílias e construindo carreiras de sucesso no Brasil.

“Quando a Câmara foi fundada, as bases econômicas do Estado do Paraná se apoiavam, essencialmente, na agricultura. Hoje, a indústria está fortemente consolidada como um dos pilares de sua riqueza e desenvolvi-mento, responsável pela geração de empregos. A Câmara Brasil Alemanha de Curitiba esteve ativamente presente

nessa transformação, desempenhando inclusive o vetor inicial na criação do polo automotivo, e se orgulha em ver o Paraná posicionado entre as mais importantes economias do País”, ga-rante Wilson J. Andersen Ballão, atual presidente da AHK Curitiba.

Os associados da Câmara dispõem de diversas atividades que procuram estimular a troca de experiências entre empresários locais e alemães. As roda-das de negócios, eventos que proporcio-nam intercâmbio entre os dois países, atraem empresas germânicas interes-sadas em estabelecer laços comerciais com empresários locais. São, em última instância, oportunidades para início de conversas que podem render parcerias entre empresas alemãs de setores que buscam, no exterior, oportunidade de crescimento.

Os Grupos de Intercâmbio e Expe-riências desenvolvem projetos como palestras, cursos, mesas-redondas e al-moços relacionados a temas de interes-se das empresas associadas, tais como meio ambiente, assuntos tributários, assuntos trabalhistas, secretariado, tecnologia da informação e plane-jamento estratégico. Esses eventos, além de capacitar os colaboradores das empresas, permitem o relacionamento entre os empresários locais e a comu-nidade externa, pois a Câmara Alemã de Curitiba abre alguns de seus eventos para pessoas de fora.

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O Estado do Paraná sempre teve como um dos pilares de sua economia a in-dústria e o comércio e, em especial, a agroindústria e o setor automobilístico, assim como papel e celulose. Essa base econômica floresceu a partir da segun-da metade do século 20 e o desenvol-vimento fez com que o PIB do Estado se tornasse, hoje, o quinto do País. Nesse processo foi criado um ambiente propício para o fortalecimento das rela-ções comerciais do Estado com outros países, em especial com a Alemanha, já que uma parte representativa de sua população tem ascendência germânica. Essa é a razão para, há 40 anos, no dia 4 de abril de 1972, a Câmara de Indústria e Comércio Brasil Alemanha ter inaugurado a sua filial no Estado do Paraná, com sede em Curitiba, com jurisdição sobre o Estado. Na ocasião, Hans Maschke e Wilmar Eppinger ocuparam, respectivamente, os cargos de diretor-fundador e vice.

Wilmar Eppinger, vice-diretor da Câmara Alemã de Curitiba, quando da sua fundação, se diz muito feliz com o patamar de excelência que a AHK atingiu ao longo desses anos. “Quando começamos, Curitiba possuía 300 mil habitantes e a industrialização do Pa-raná dava os primeiros passos. Minhas constantes viagens à Europa ajudaram

AHK Curitiba: 40 anos de intercâmbio entre Brasil e Alemanha

Desde 1972, o Estado do Paraná conta com uma filial da Câmara Brasil-Alemanha, sediada em Curitiba / Die Zweigstelle der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Handelskammer im Bundesstaat Paraná wurde 1972 gegründet und hat ihren Sitz in Curitiba

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AHK Curitiba: 40 Jahre deutsch- brasilianischer Austausch

Die Wirtschaft im Bundesstaat Paraná baut traditionell auf verschie-denen Branchen auf: Industrie und v.a. die Agrarindustrie, Handel, die Automobilindustrie sowie Papier und Zellstoff. In der zweiten Hälfte des 20. Jahrhunderts blühte die Wirtschaft auf, und das BIP von Paraná ist zum fünftgrößten in Brasilien geworden. Dabei wurden auch günstige Voraus-setzungen geschaffen, um Handelsbe-ziehungen zu anderen Bundesstaaten und anderen Ländern aufzubauen. Hier spielt Deutschland eine beson-dere Rolle, zumal ein großer Teil der Bevölkerung von Paraná deutsche Wurzeln hat. Die Deutsch-Brasiliani-sche Industrie- und Handelskammer hat ihre Zweigstelle in Curitiba vor 40 Jahren, am 4. April 1972, eröffnet. Damals waren Hans Maschke und Wilmar Eppinger Gründungsdirektor bzw. Vizedirektor.

Wilmar Eppinger erklärte, er sei sehr froh über die ausgezeichnete Ar-beit der AHK. „Als wir hier anfingen, hatte Curitiba 300.000 Einwohner, und die Industrialisierung von Paraná hatte gerade begonnen. Ich bin oft nach Europa gereist, was dazu bei-getragen hat, dass 20 Unternehmen nach Paraná kamen. Das war die erste Mitgliederwelle, die die Basis für die Kammerarbeit bildete. So konnte die Kammer zu der wichtigen Institution werden, die sie heute ist“, erinnert sich der Anwalt. Seiner Ansicht nach wird die Arbeit der AHK noch an Intensität gewinnen, da das Interesse deutscher und anderer europäischer Unternehmen an Brasilien in den letzten Jahren stark gestiegen ist.

Heute, 40 Jahre nach ihrer Grün-dung, zählt die AHK Curitiba über 200 Mitglieder, für die sie Dienst-leistungen erbringt und denen sie Wirtschafts- und Marktstudien zur Verfügung stellt. So fördert die Kammer den Austausch von Investi-

tionen, Handel und Dienstleistungen zwischen Deutschland und Brasilien. Außerdem ist so auch eine Möglichkeit für Deutsche und ihre Nachkommen entstanden, in Paraná Wurzeln zu schlagen, Familien zu gründen und eine erfolgreiche berufliche Laufbahn in Brasilien einzuschlagen.

„Als die Kammer gegründet wurde, bestand die Wirtschaft in Paraná haupt-sächlich aus Ackerbau und Viehzucht. Heute hat der Bundesstaat eine konso-lidierte Industrie, die Einkommen und Arbeitsplätze schafft und die Entwick-lung ankurbelt. Die AHK Curitiba war an diesem Wandel aktiv beteiligt und war u.a. ausschlaggebend für die Entste-hung des Automobilstandorts. Wir sind stolz darauf, das Paraná mittlerweile zu den wichtigsten Volkswirtschaften Brasiliens gehört“, so Wilson J. Ander-sen Ballão, Präsident der AHK Curitiba.

Die Mitglieder haben viele Möglich-keiten zum Erfahrungsaustausch zwi-

schen deutschen und brasilianischen Unternehmern. Zu den Unterneh-merbörsen kommen deutsche Unter-nehmen, die Handelsbeziehungen in Brasilien aufbauen wollen. Die Börsen bieten Möglichkeiten zu Gesprächen, aus denen sich Partnerschaften ent-wickeln können für deutsche Unter-nehmen aus verschiedenen Branchen, die im Ausland Wachstumsmöglich-keiten suchen.

Die Erfahrungsaustauschgruppen entwickeln Projekte mit Vorträgen, Kursen, runden Tischen und Arbeits-essen, in denen Themen im Mittel-punkt stehen, die für die Mitglieds-unternehmen von Interesse sind, z.B. Umwelt, Steuern, Arbeitsrecht, Sekre-tariatswesen, Informationstechnolo-gie und strategische Planung. Diese Veranstaltungen dienen zum einen der Fortbildung von Mitarbeitern und ermöglichen zum anderen den Aus-tausch zwischen den Unternehmern vor Ort mit Nichtmitgliedern, die zu einigen Veranstaltungen ebenfalls eingeladen sind.

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Dr. Wilson Andersen Ballão, Presidente da AHK Curitiba recebe homenagem nas comemorações / Dr. Wilson Andersen Ballão und Gratulanten

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Antônio Corrêa de Lacerda

Chef-Volkswirt bei Siemens Brasil, Dozent an der Universität PUC-SP und Autor mehrerer Bücher, darunter „Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil“ (“Globalisierung und ausländische Investitionen in Bra-silien“, auf Portugiesisch erschienen im Saraiva-Verlag)

E-mail: [email protected]

Comentário Econômico Kommentar zur Wirtschaft

Antônio Corrêa de Lacerda

tigen Aussichten diesbezüglich recht gut. Brasilien steht vor der Herausforderung, den Anteil der Investitionen am BIP in den nächsten Jahren von derzeit 19% auf 23% bis 24% zu steigern, um die Produktionska-pazitäten zu erhöhen und die Infrastruktur auszubauen und so ein höheres Wirtschafts-wachstum zu gewährleisten.Die öffentlichen Investitionen müssen unbedingt erhöht werden, und es muss ein günstiges Klima für private Investitionen geschaffen werden. Dazu muss die syste-mische Wettbewerbsfähigkeit verbessert werden; neben anderen Maßnahmen sind v.a. die Steuern auf produktive Investitio-

ie brasilianische Wirtschaft zeigt sich resistent gegen die Auswirkungen der internationalen Krise. Dabei hat das Land einen großen Trumpf in der Hand: das außer-gewöhnliche Potential des Binnenmarktes. Die Arbeitslosigkeit in Brasilien liegt bei nur 6%. Der soziale Aufstieg von Personen aus den untersten Einkommensklassen (D und E) in die mittlere Einkommensklasse (C), zu der bereits mehr als die Hälfte der 190 Mio. Einwohner gehören, kurbelt die Nachfrage an. Dazu tragen auch soziale Programme bei, v.a. die Bolsa Família, die Bedürftigen ein Mindesteinkommen garantiert.Die hinlänglich kontrollierte Inflation und die aktivere Rolle der Zentralbank haben eine deutliche Senkung der Zinsen ermöglicht; gesenkt wurde nicht nur der Leitzinssatz (von 12,5% auf 8,5% p.a. in den letzten neun Monaten), sondern auch die Zinsen, die von Unternehmen und Verbrauchern erhoben werden. Nachdem das durch-schnittliche Wachstum in den Jahren 2003 bis 2010 bei 4% lag, ist es 2011 auf 2,7% zurückgegangen. Ein ähnliches Ergebnis ist auch für das laufende Jahr zu erwarten.Die brasilianische Regierung hat eine Reihe weiterer antizyklischer Maßnahmen getroffen, wie z.B. punktuelle Steuersen-kungen, Maßnahmen zur Erhöhung der Wettbewerbsfähigkeit und zur Förderung von Innovationen und eine Erhöhung des Kreditangebots v.a. über die Entwicklungs-bank BNDES, eine wichtige Finanzierungs-quelle für die Privatwirtschaft.Obwohl die Investitionen im ersten Quartal 2012 um 1,8% niedriger lagen als im letzten Quartal 2011, sind die mittel- und langfris-

nen und auf Exporte zu senken; die Kapi-talkosten müssen niedriger werden; und die Bürokratie muss vereinfacht werden. Weitere wichtige Beiträge zur Erhöhung der Wettbewerbsfähigkeit sind die Ver-besserung der Logistik, die Ausbildung von Arbeitskräften und die Infrastruktur im Allgemeinen.Besonders wichtig für Investitionsentschei-dungen ist die feste Überzeugung, dass die Nachfrage steigen wird - das wusste schon John Maynard Keynes, der renommierteste Ökonom des 20. Jahrhunderts. In diesem Zusammenhang herrscht weitgehend Einigkeit, dass der brasilianische Markt viele Möglichkeiten bietet, und zwar nicht nur dank der bereits erwähnten makroökonomischen Aspekte, sondern auch aus anderen wichtigen Gründen: Brasilien ist ein demokratisches Land, in dem viele Ethnien, Rassen, Religionen und Kulturen friedlich zusammenleben, und alle Einwohner des riesigen Landes mit 8,5 Mio. km2 sprechen dieselbe Sprache, um nur einige dieser Gründe zu nennen.

D

Die öffentlichen Investitionen müssen

unbedingt erhöht werden, und es muss ein günstiges

Klima für private Investitionen geschaffen werden

Brasilien: Investitionsquote (Bruttoanlageinvestitionen in % des BIP)

Fonte: Statistikinstitut IBGE / Ausarbeitung und Prognose (p): Chefökonom - Siemens Brasil

20,0

19,5

19,0

18,5

18,0

17,5

17,0

16,5

16,0

15,5

15,02000-2005

(Durchschnitt)2006 2007 2008 2009 2010 2010 2012(p)

19,1

18,1

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16,3 16,4

17,4

19,519,3

Aussichten auf Investitionen in Brasilien

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74 BRASILALEMANHA Junho 2012

anterior, as perspectivas de investimentos são bastante favoráveis no médio e longo prazo. O desafio que se apresenta ao Brasil é aumentar a fatia de investimentos no PIB (Produto Interno Bruto), dos atuais 19% para algo entre 23% e 24% nos próximos anos, de forma a garantir a ampliação da capacidade produtiva e da infraestrutura para assegurar a expansão do crescimento econômico.É fundamental ampliar os investimentos governamentais e oferecer um ambiente favorável aos investimentos privados. Para isso, é preciso melhorar as condições de

Antônio Corrêa de LacerdaEconomista-chefe da Siemens Brasil, professor-doutor da PUC-SP e autor do livro “Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil” (Editora Saraiva).

E-mail: [email protected]

economia brasileira vem resistindo bem aos desafios impostos pela crise interna-cional. O grande trunfo para isso continua sendo o excepcional potencial do mercado doméstico. O desemprego no Brasil é de apenas 6% da população economicamente ativa. A ascensão social das classes de renda mais baixa (D e E) para a classe de renda média (C), que já representa mais da metade da população total de 190 milhões de pessoas, tem proporcionado um crescimento da demanda. Para isso também tem contribuído o papel dos programas sociais, em especial o Bolsa Família, que garante uma renda mínima para as pessoas carentes.Sob o ponto de vista econômico, uma inflação razoavelmente controlada e uma postura mais ativa do Banco Central têm promovido uma redução expressiva da taxa de juros, não apenas a taxa básica, que foi de 12,5% para 8,5% ao ano, nos últimos nove meses, mas também os juros cobrados das empresas e consumidores. Depois de crescer 4% ao ano na média de 2003 a 2010, o desempenho de 2011 reduziu-se a 2,7%, nível que deve se manter este ano.O governo brasileiro tem adotado uma série de outras medidas anticíclicas, como redução pontual de impostos, medidas de fomento à competitividade e inovação, e ampliado a oferta de crédito e financiamento, especialmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), importante fonte para os investimentos do setor privado.Apesar da queda observada nos investi-mentos no primeiro trimestre deste ano, de 1,8% comparativamente ao trimestre

Perspectivas para os investimentos no Brasil

competitividade sistêmica da economia, especialmente reduzir impostos sobre investimentos produtivos e exportações, diminuir o custo do capital, simplificar a burocracia, entre outros aspectos. Melho-rar a logística dos portos, por exemplo, é outro fator de competitividade importante, assim como a qualificação da mão de obra e a infraestrutura em geral.Além disso, o principal motivador da de-cisão de investimentos é mesmo a expec-tativa firme de crescimento da demanda, como nos ensinou John Maynard Keynes, o mais destacado economista do século XX. Nesse ponto, há um representativo consenso de que o mercado brasileiro oferece grandes oportunidades, não apenas pelos aspectos macroeconômicos já mencionados, mas por outros também importantes, como por ser uma nação democrática, de ampla tolerância étnica, racial, religiosa e cultural e ter unidade linguística no seu vasto território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

A

Antônio Corrêa de Lacerda

É fundamental ampliar os investimentos

governamentais e oferecer um ambiente favorável aos

investimentos privados

Brasil: taxa de investimento (Formação Bruta de Capital Fixo/PIB, em %)

Fonte: IBGE / Elaboração e prognóstico (p): Chief Economist - Siemens Brasil

20,0

19,5

19,0

18,5

18,0

17,5

17,0

16,5

16,0

15,5

15,02000-2005

(Média)2006 2007 2008 2009 2010 2010 2012(p)

19,1

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19,519,3

Comentário Econômico Kommentar zur Wirtschaft

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