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Revista da Indústria 25 poluição e aumento da capacidade. “Com a má- quina que esperamos receber brevemente tere- mos capacidade para fazer todo o tipo de óleo usado em motores e máquinas como o 15W40, 20W40, óleo de valvulina, óleo de travões e ou- tros”, justificou. Outros projectos A Lobia-aço mantém activas outras duas fábri- cas no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela. No princípio do corrente ano foi inaugurada a fábrica de oxigénio. “Embora já ha- ja fábrica de oxigénio aqui no Lobito, achamos que há espaço no mercado e a concorrência é bem-vinda”, explicou o Administrador, dando conta depois que a fábrica tem capacidade pa- ra produzir 200 garrafas por hora. O oxigénio é destinado aos hospitais, às em- presas de construção civil e oficinas. “Os nossos maiores consumidores são mesmo os da cons- trução e oficinas mecânicas. Há pouca procura por parte dos hospitais. As oficinas pequenas que fazem trabalhos de bate-chapa são nossos clientes”, observou o nosso interlocutor. A segunda fábrica detida pela empresa está vocacionada para a produção de cartão. A uni- dade industrial produz caixas de cartão canela- do, entre 10 e 20 mil por dia. A fábrica de caixas é a segunda a nível de Benguela e fornece as cai- xas para as empresas de processamento de pes- cado da Baía Farta. A matéria-prima provém dos Estados Unidos da América. Em Benguela há ainda pouco mercado para este tipo de produto, conforme relatou o nos- so entrevistado. “As poucas indústrias que exis- tem ainda preferem importar as caixas de Por- tugal”, lamentou. “Mas nós garantimos a melhor qualidade. Embora tenhamos esse constrangi- mento, temos contacto com algumas empresas de Luanda, nomeadamente uma fábrica de sa- “No próximo ano pretendemos aumentar a capacidade instalada da fábrica de papelão com a instalação de uma nova linha de produção” bonete que já está a comprar as nossas caixas”, acrescentou. Apesar da pouca procura, o mercado de cai- xas de cartão canelado apresenta-se promis- sor e por isso mesmo Tanvir Tharadara e a sua equipa preparam-se para o futuro. “No próxi- mo ano pretendemos aumentar a capacidade instalada da fábrica de papelão com a instala- ção de uma nova linha de produção. O pólo es- tá a ganhar novas fábricas, como as de bebi- das, cosméticos e detergentes e estes são po- tenciais clientes. Estamo-nos a posicionar nes- se sentido”, concluiu. O rerrefino O rerrefino de óleo lubrificante usado ou contaminado (oluc) é um processo industrial que transforma o óleo usado em óleo básico novamente, e evita que este resíduo perigoso seja descartado no meio ambiente. Dessa forma, o óleo rerrefinado segue o caminho da sustentabilidade, fechando o ciclo de vida do produto, que retorna ao mercado por meio de formuladoras de óleo lubrificante. Com o rerrefino, o país economiza divisas garantindo a reposição do produto no mercado, poupando os recursos naturais e preservando o meio ambiente. O rerrefino é importante para o desenvolvimento sustentável do país, pois devolve nobreza ao óleo mineral, que pode ser reutilizado infinitas vezes. Se descartado incorrectamente, o óleo lubrificante usado torna-se um grande poluidor ambiental: ÁGUA: apenas um litro de óleo lubrificante usado pode contaminar mais de um milhão de litros de água, quantia que uma pessoa leva 14 anos para consumir. SOLO: o óleo lubrificante usado descartado no solo pode contaminar os mananciais de água, recurso natural tão importante à sobrevivência humana. AR: a queima indiscriminada do óleo lubrificante usado gera gases tóxicos e pode provocar doenças graves e agravar o efeito estufa. Fonte: hp://www.lwart.com.br/

Primeira fábrica de reciclagem de óleo abre em Benguelapolodeviana.com/magazines/Industria_N2_completo_Parte2.pdf · A Lobia-aço mantém activas outras duas fábri-cas no Pólo

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Primeira fábricade reciclagem de óleoabre em Benguela

Revista da Indústria 25

poluição e aumento da capacidade. “Com a má-quina que esperamos receber brevemente tere-mos capacidade para fazer todo o tipo de óleo usado em motores e máquinas como o 15W40, 20W40, óleo de valvulina, óleo de travões e ou-tros”, justificou.

Outros projectosA Lobia-aço mantém activas outras duas fábri-cas no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela. No princípio do corrente ano foi inaugurada a fábrica de oxigénio. “embora já ha-ja fábrica de oxigénio aqui no Lobito, achamos que há espaço no mercado e a concorrência é bem-vinda”, explicou o Administrador, dando conta depois que a fábrica tem capacidade pa-ra produzir 200 garrafas por hora.

O oxigénio é destinado aos hospitais, às em-presas de construção civil e oficinas. “Os nossos maiores consumidores são mesmo os da cons-trução e oficinas mecânicas. Há pouca procura por parte dos hospitais. As oficinas pequenas que fazem trabalhos de bate-chapa são nossos clientes”, observou o nosso interlocutor.

A segunda fábrica detida pela empresa está vocacionada para a produção de cartão. A uni-dade industrial produz caixas de cartão canela-do, entre 10 e 20 mil por dia. A fábrica de caixas é a segunda a nível de Benguela e fornece as cai-xas para as empresas de processamento de pes-cado da Baía Farta. A matéria-prima provém dos estados Unidos da América.

em Benguela há ainda pouco mercado para este tipo de produto, conforme relatou o nos-so entrevistado. “As poucas indústrias que exis-tem ainda preferem importar as caixas de Por-tugal”, lamentou. “Mas nós garantimos a melhor qualidade. embora tenhamos esse constrangi-mento, temos contacto com algumas empresas de Luanda, nomeadamente uma fábrica de sa-

“No próximo ano pretendemos aumentar a capacidade instalada da fábrica de papelão com a instalação de uma nova linha de produção”

bonete que já está a comprar as nossas caixas”, acrescentou.

Apesar da pouca procura, o mercado de cai-xas de cartão canelado apresenta-se promis-sor e por isso mesmo Tanvir Tharadara e a sua equipa preparam-se para o futuro. “No próxi-mo ano pretendemos aumentar a capacidade instalada da fábrica de papelão com a instala-ção de uma nova linha de produção. O pólo es-tá a ganhar novas fábricas, como as de bebi-das, cosméticos e detergentes e estes são po-tenciais clientes. estamo-nos a posicionar nes-se sentido”, concluiu.

O rerrefino

O rerrefino de óleo lubrificante usado ou contaminado (oluc) é um processo industrial que transforma o óleo usado em óleo básico novamente, e evita que este resíduo perigoso seja descartado no meio ambiente. Dessa forma, o óleo rerrefinado segue o caminho da sustentabilidade, fechando o ciclo de vida do produto, que retorna ao mercado por meio de formuladoras de óleo lubrificante.

Com o rerrefino, o país economiza divisas garantindo a reposição do produto no mercado, poupando os recursos naturais e preservando o meio ambiente. O rerrefino é importante para o desenvolvimento sustentável do país, pois devolve nobreza ao óleo mineral, que pode ser reutilizado infinitas vezes.

Se descartado incorrectamente, o óleo lubrificante usado torna-se um grande poluidor ambiental: 

águA: apenas um litro de óleo lubrificante usado pode contaminar mais de um milhão de litros de água, quantia que uma pessoa leva 14 anos para consumir.

SOLO: o óleo lubrificante usado descartado no solo pode contaminar os mananciais de água, recurso natural tão importante à sobrevivência humana.

AR: a queima indiscriminada do óleo lubrificante usado gera gases tóxicos e pode provocar doenças graves e agravar o efeito estufa.

Fonte: http://www.lwart.com.br/

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gRANDE ENTREVISTA

26 Revista da Indústria

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Fala-se muito da AIA, mas, na

realidade, as pessoas sabem pouco

sobre ela. conhecida como uma das

associações mais influente do País,

há essa curiosidade em saber mais

sobre a sua história?

A AIA foi fundada em 1930, e ao

contrário de muitas pessoas que têm

a percepção de que o passado deve

ser passado, por algumas coisas,

nós entendemos que não. Porque

conhecíamos o espírito dos líderes

da então Associação Industrial. Era

um espírito independentista em

conflito com o poder colonial e daí

ter havido, sobretudo a partir dos

anos 70, o crescimento de dois dígitos

na nossa economia. Claro que não

foi só no sector industrial, mas o da

agricultura e das pescas também

contribuíram para isso. Portanto,

independentemente de estar sobre o

regime colonial e alguns problemas de

gestão de recursos humanos, foi um

período de crescimento acelerado, de

1962 a 1974.

A sede era aqui em Luanda?

Sim. Essa memória não deve

ser apagada, tanto é que muito

recentemente o próprio Presidente

da República, Chefe do Executivo,

José Eduardo dos Santos, veio dizer

no Kwanza Norte, que nós temos que

atingir, pelo menos, os níveis de 1974.

Portanto, não devemos ter complexo.

Revista da Indústria 27

José Severino

“Neste momento é bem possível acelerar o crescimento industrial

em dois dígitos”

LídEr dA ASSOcIAçãO

INduStrIAL dE ANGOLA,

JOSé SEvErINO é umA vOz

AutOrIzAdA quANdO SE FALA

dE INdúStrIA NO NOSSO PAíS.

dIrIGIu PrOJEctOS cOmO A

FAtA, A SIdErurGIA NAcIONAL,

E EStEvE LIGAdO AO SEctOr

dAS mAdEIrAS. ALIáS, FOI

NESSE SEctOr quE, SOB A SuA

INIcIAtIvA, SE ExPErImENtArAm

AS PrImEIrAS PrIvAtIzAçõES,

NumA ALturA Em quE SE vIvIA

Em EcONOmIA cENtrALIzAdA.

tãO ELOGIAdOr quANtO

crítIcO quANdO NEcESSárIO,

SEmPrE PArA A ELEvAçãO

E O ENGrANdEcImENtO dE

ANGOLA, quE dIz dEFENdEr

mAIS quE tudO. NA

ENtrEvIStA quE SE SEGuE,

EStE ANGOLANO, NAturAL dAS

tErrAS ALtAS dO HuAmBO,

cOmENtA várIOS ASPEctOS dO

SEctOr INduStrIAL, APONtA

cONStrANGImENtOS E SuGErE

SOLuçõES.

Por: Celso Malavoloneke

e Adriano de Sousa

Devemos ter em atenção os factores

de correcção que, com certeza, foram

sendo introduzidos com a nossa

independência. A AIA sofreu uma

intervenção que levou à suspensão das

suas actividades. Não houve confisco,

até porque as associações não são

confiscadas, nem sequer foi confiscada

a Filda. Apenas uma intervenção.

Em 1992, com a abertura do País à

democracia, a classe empresarial,

sobretudo a do ramo industrial,

entendeu que se devia profissionalizar

o sector e com o beneplácito do

Executivo, principalmente na pessoa

do então primeiro-ministro França

Van-Dúnem, a AIA foi reconstruída.

Isso em 1992.

Assumimos a liderança com toda a

dinâmica para relançar a AIA a nível

nacional e tivemos, digamos, uma

nova percepção de que o País, cada vez

mais, precisava das associações, fosse

a AIA, fossem as outras. Ajudámos até

a estimular a criação de associações

provinciais no sentido de serem os

interlocutores entre o poder local e

a AIA. Por fim, estar mais ligada ao

poder central. E depois conseguimos

que se criasse esse instrumento

importante que é o Conselho Nacional

de Concertação Social, uma proposta

nossa.

Não por ser da AIA, mas por outras

razões, provavelmente por estar na

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defesa do solo pátrio, por ter estado

em negociações em Moscovo para

desobstaculizar a compra de materiais

do nosso lado – uma vez que a UNITA

tinha os seus circuitos –, fui convidado

pelo Presidente da República para ser

membro do Conselho da República.

Talvez hoje seja o mais velho. Sua

Excelência dá-me essa honra e essa

oportunidade de, a esse nível, poder

contribuir, o que facilita de certa

maneira e dá uma certa agilidade ao

papel da AIA, embora no Conselho da

República esteja em nome individual.

Portanto, lançámo-nos ao trabalho,

fizemos o melhor possível, criando e

discutindo propostas. Foi uma dinâmica

da dialéctica, mas tentando ser sempre

didáctico e construtivo, exercitando

uma política de não fechar portas.

Senhor presidente, ainda na fase

das memórias. como foi a transição

do sector industrial da economia

planificada (1975- 1989) para a

abertura? como se processou isso

uma vez que foi alguém que esteve

muito envolvido?

Na minha educação política, apesar

de todo o apoio dado ao partido num

período de guerra e sempre solidário

com aquilo que eram as ideias

nacionalistas de desenvolvimento do

País, sempre fui dizendo que o modelo

socialista não era o melhor para

Angola, sempre com o devido respeito

que o Presidente Agostinho Neto, o

Presidente José Eduardo dos Santos e

outros órgãos e estruturas mereciam.

Dei também a minha colaboração

no SEF (Saneamento Económico e

Financeiro). Curiosamente até era o

único indivíduo que não era militante

do partido.

como é que o sector da indústria

migrou?

Aqui conta um pouco a minha

experiência pessoal, a minha

vocação. Reconhecendo que o modelo

socialista não era o melhor para o

desenvolvimento económico-social, fui

pondo em prática o meu pensamento

na própria Panga-Panga, começando

por ser a primeira empresa que

fez privatização de gestão. Nunca

alienámos propriedade, fizemos sim a

privatização de gestão. Porquê? Porque

tínhamos atingido um conglomerado

tão grande que, na verdade, a direcção

unipessoal (que era a minha) deixou

de ser eficiente e começamos a

descentralizar. Descentralizámos em

Cabinda com uma Direcção Geral local,

fizemos contratos de gestão a nível

das florestas, a nível dos transportes

florestais e depois naquilo que era

um processo difícil que vinha de uma

falência não só técnica como financeira

e comercial, que foi a descentralização

dos contratos de gestão nas 17 unidades

da Empromóvel. É evidente que não

foi fácil na altura implementar esses

conceitos, mas sempre os prossegui.

E mostrando a eficiência desta

descentralização de gestão foram

aparecendo outros contratos de gestão

no País. Mas, não foi fácil, nem política

nem ideologicamente.

Então numa primeira fase o sector

industrial prosseguiu um modelo.

A privatização da gestão só vem

depois?

Depois houve alienação com a qual

eu não concordei porque não havia

condições objectivas para esse

processo.

Estava-se a passar de oito para

oitenta

Sim, estávamos a passar de oito a

oitenta. Houve colapso em Cabinda

porque se alienou a Panga-Panga,

que era a “umbrella” que fazia a

assistência técnica e a administração.

Tirou-se esse guarda-chuva da Panga

Panga de Cabinda. Não concordei

com a alienação da propriedade sem

que estivessem criadas as condições

objectivas, porque quem ia ficar

com as unidades não tinha recursos

financeiros, tinha muitas insuficiências

de gestão e o ambiente económico não

era favorável. Nós estávamos numa

economia altamente inflacional, não

havia recursos petrolíferos, o barril de

petróleo na altura estava a sete dólares.

O problema cambial, o acesso às divisas

era crítico. Portanto, havia uma série

de constrangimentos que logo faziam

antever o colapso desta privatização.

Será isso que terá levado a que a

indústria, até a poucos anos (2002-

2005), se tornasse numa sombra

daquilo que foi o boom da década de

60 e um pouco da década de 70?

Para além dos constrangimentos,

guerra e outros factores. Quanto a nós,

ainda houve muita pressão ideológica

sobre a gestão. A questão dos quadros,

as pressões partidárias na gestão das

empresas não permitiram, mesmo com

a competência de alguns gestores, que

as coisas andassem no processo de

transição.

doze anos depois da paz como é que

caracteriza o sector industrial? quais

os pontos fortes e os pontos fracos?

Um dos pontos estruturantes do

relançamento da indústria foi ter a

agricultura como base, logo condenamos

uma propensão muito actuante no

País que era a “petro-dolarmania”. Na

nossa perspectiva, sempre defendemos

a produção nacional porque era a

única forma de dar sustentabilidade

ao País, criar emprego, valorizar as

nossas matérias-primas, substituir

importações. Este é um dos princípios

que a AIA nunca abdicou, até com

gRANDE ENTREVISTA

28 Revista da Indústria

«Em 1992, com a abertura do País à democracia, a classe empresarial, sobretudo a do ramo industrial, entendeu que se devia profissionalizar o sector»

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uma certa contundência, se é que isso

se pode dizer. Com o advento da paz,

e havendo capacidades, agarramos

nesse desiderato para pô-lo a funcionar

moldando as políticas; tivemos

discussões até difíceis em termos de

pauta aduaneira. Eu recordo que na

primeira reunião, a mais difícil, houve

uma cisão entre os dirigentes das

finanças e da AIA.

Porquê?

Porque havia conceitos absolutamente

antagónicos, com o devido respeito pelo

senhor Ministro, mas pedimos para

interromper a reunião. E essa pauta,

digamos, foi um factor de desgraça e de

continuação da deterioração do sector

industrial, porque fomos tidos como

fundamentalistas e os nossos princípios

não aceites.

quais eram os princípios que vocês

defendiam?

Foram os princípios que depois vieram

aplicados na pauta de 1997, com o

Ministro José Pedro de Morais, que era

homem da indústria.

Esses princípios eram?

Penalizar as importações onde

houvesse alguma oferta e potencial

de aceleração da produção nacional.

Foi essa pauta que, afinal, relançou

o sector das bebidas, por exemplo,

e também alguns segmentos de

materiais de construção. Agora, nesta

pauta que entrou em vigor em 2013,

enfim, foi possível dar mais vento às

nossas velas. Portanto, foi com José

Pedro de Morais, em 2002, que esta

mudança começou.

Isto teve algum impacto na estrutura

societária da AIA?

Teve porque galvanizou. Nós saímos

de um agregado de 600/700 sócios para

cerca de cinco mil.

Número que se mantém até agora?

Sim, mas temos aderentes que são

aqueles que – não digo que hesitem

– mas ainda não têm as condições

materiais ou estatutárias para se

filiarem. São sete mil. Ao todo somos

um conglomerado de 12 mil.

Mas isso resultou muito da expansão

dos nossos delegados provinciais.

Nós sempre tivemos a percepção que

a concertação social tinha de chegar

às províncias. Defendemos isso

de tal forma que hoje esse nosso

ponto de vista está em discussão

na pessoa do titular do Ministério

da Administração do Território.

Então, temos delegados em todas

as províncias e delegados

municipais em 111 municípios.

mas já há industriais a esta escala?

Ou empresários que aspiram a esse

estatuto?

A AIA é transversal.

qual é, então, o escopro da AIA?

É que todas as empresas, no conceito

moderno de indústria, devem

pertencer a AIA.

Revista da Indústria 29

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Incluindo as empresas agrícolas?

Desde que estejam com vocação

industrial, agro-indústria. Temos

empresas, mesmo agrícolas, porque

agricultura moderna empresarial é

uma indústria. Nós somos transversais

com cerca de 40 segmentos: as novas

tecnologias, as pescas, a manutenção,

mas continuamos a dizer sempre

que o industrial pode pertencer à

AIA. Podem pertencer a associações

sectoriais, não há nenhuma

conflitualidade porque o direito

associativo é livre; pode pertencer

a uma associação provincial mas se

entender útil para a nossa perspectiva,

para o papel que a gente desempenha,

sobretudo na macroeconomia, também

são bem-vindos a sócios da AIA.

Temos ainda os aderentes, aqueles

que, tendo o espirito empresarial, não

podem ser marginalizados, porque

temos que trocar sinergias através

da nossa base, que é a rede AIA NET.

Aqueles que estão organizados, todos

os 14 mil, recebem todas as nossas

comunicações na rede AIA NET,

recebem o Vector, nosso programa

radiofónico. Enfim, recebem o nosso

anuário e o nosso marketing.

Se nós lhe pedíssemos para eleger

os três maiores subsectores da

Indústria quais elegeria?

Estamos a falar em termos de

contribuição para o PIB? Estamos a

falar de que dimensão?

Estamos a falar em termos de

capacidade de empregabilidade,

viabilidade, mobilidade de recursos.

O sector de bebidas é o timoneiro,

porque depois da pauta anterior

ser lançada nós conseguimos, de

três fábricas de cerveja, passar a

ter oito fábricas. Nos refrigerantes,

temos como referencial a Coca-

Cola e a Refriango. Não são só estas

duas, existem também fábricas de

sumos. Temos a parte da água com 45

unidades. O sector de bebidas lidera.

qual é o sector que se segue?

O de materiais de construção, com

grandes input’s neste momento. Com o

aparecimento das cimenteiras, temos

a fileira de cimento, mas também,

digamos, as fileiras do metal, como

é o caso da siderurgia, os laminados

de ferro, tubos e chapas, enfim. Já o

terceiro é a agro-indústria, que está a

despontar.

O fornecimento de matéria-

prima é fundamental para o

desenvolvimento óptimo da

indústria. como é que está Angola

nesse capítulo?

Há uma dependência grave em

relação às matérias-primas nacionais.

Nós estamos a alertar os nossos

associados de que na próxima pauta,

provavelmente, algumas matérias-

primas deixarão de ter benefícios

fiscais. Estamos a encorajar o “Angola

Investe”, que é um bom instrumento

de promoção do desenvolvimento, a

dar muitos mais benefícios, incluindo

a lei do investimento privado, a quem

vai ao interior do País porque é lá

onde estão os recursos.

Temos a terceira maior reserva de

terras aráveis de África, a terceira

maior reserva de água de África, as

terceiras reservas hidroeléctricas

de África, um clima equatorial

mediterrâneo e recursos minerais.

Portanto, para sermos uma indústria

competitiva, em definitivo, com a

excepção de subsidiária no ramo

químico, temos que, tanto quanto

possível, utilizar as matérias-primas

nacionais.

Sucatas é que não faltam neste

país, com tanto material metálico

espalhado por causa da guerra. Até

onde chega o seu conhecimento,

tem havido algum aproveitamento

disso?

Tem e qualquer observador atento

aos problemas de saneamento vai

verificar que na cidade não há sucatas

por causa das siderurgias que foram

montadas, as duas com capitais de

indianos e angolanos. Estamos a

recolher sucatas.

Temos também a função das senhoras

que recolhem e fazem a reciclagem

do vidro e levam às nossas unidades

de bebidas espirituosas. Por isso é que

não há garrafas na rua. Se você viajar

pelo País vai encontrar muitos sacos

empilhados. Não é carvão, são sacos de

garrafas. Também já há recolha do papel.

Outro pressuposto fundamental

para a indústria é o fornecimento de

energia e água. como é que estamos

nesta área?

A energia ainda é um

constrangimento. O facto de o

Executivo estar a investir, em base

orçamental, 100 mil barris de petróleo

por dia no sector é um bom sinal.

Recentemente o Chefe de Estado esteve

gRANDE ENTREVISTA

30 Revista da Indústria

«Não podemos continuar a fazer desenvolvimento industrial nas urbes nem em zonas económicas especiais periurbanas».

«O País está a mexer-se mas é preciso que os sectores que podem exponenciar esse crescimento actuem com sentido patriota»

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a lançar a barragem do Laúca para

dois mil megawatts.

São 100 mil barris de petróleo por

dia que o Executivo destina ao

sector industrial, ou também para

energia e águas?

Para a energia e águas. No sector da

água temos o projecto da “Água para

Todos”, dirigido ao consumo, que é

muito importante. Mas o problema

fundamental é o da energia. Nós

observamos o investimento que o

Estado está a fazer e vê-se as novas

subestações que estão a ser feitas em

Angola, vê-se a ampliação da Barragem

de Cambambe, a reabilitação da Matala,

Maú, Luachimo. Há investimentos no

sector. Agora, não podemos é continuar

a fazer desenvolvimento industrial

nas urbes nem em zonas económicas

especiais periurbanas.

A nossa zona económica especial, que

é um investimento estrutural muito

grande, de alta qualidade, já não

deveria ter sido feita aqui. Devíamos

É uma questão de soberania. Não

é uma mera questão de querermos

que seja assim, é uma questão de

segurança alimentar, de racionalização

e incorporação dos nossos recursos

naturais. É uma questão de criação de

emprego, melhoria da nossa qualidade

de vida e de ocupação do território,

porque em geopolítica não há territórios

vazios. Repara que a Califórnia, nos EUA,

é ocupada pelos mexicanos passando

barreiras.

Nós só somos 19 habitantes por

quilómetro quadrado...

E somos 24 milhões de habitantes

contra os 100 milhões de vizinhos, mas

de boa vizinhança (risos). Que, entanto,

têm a apetência de se apossarem dos

nossos recursos naturais. Temos que

ocupar o território e isso faz-se com

o crescimento da classe empresarial.

Sempre dissemos que para combater

a pilhagem do diamante é preciso

que os angolanos sejam detentores

dessa exploração e não só os grandes

Revista da Indústria 31

ter seguido o exemplo do colono, que

elegeu o Kwanza-Norte, Dondo. É ali,

na verdade, onde deveria estar, pois

lá encontram-se a energia, a água e as

matérias-primas. Portanto, julgamos

que neste momento é bem possível

acelerar o crescimento industrial em

dois dígitos.

Num horizonte de quanto tempo?

Até, pelo menos, 2025. A economia

colonial cresceu dois dígitos de

1972 a 1974, não havia petróleo,

novas tecnologias, nem cooperação

internacional, nem havia essa nossa

vontade política indomável de fazer

crescer o País como agora existe.

Poderá haver contradições mas essa

vontade está espraiada em todos nós.

Podemos dizer que o senhor

presidente está optimista quanto

ao futuro da indústria? Ela poderá

retomar o seu papel, constituindo

um contrapeso face à dependência

em relação ao petróleo?

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concessionários multinacionais,

porque eu defenderei o meu chão

diamantífero a todo preço. Acredito

que as pessoas que estão mobilizadas

nas nossas orgulhosas Forças Armadas,

TGFA e Polícia Nacional têm menos

propensão a defender da mesma forma

aquilo que não é deles directamente,

embora sejam recursos naturais.

Portanto, precisamos de fazer crescer o

empresariado nacional; ainda estamos

longe disso.

Já agora, sobre os 25% do Orçamento

Geral do Estado, também foi muito

importante conseguirmos a lei das

Micros, Pequenas e Médias empresas;

precisamos de pôr este instrumento

a avançar. Estamos a pedir que agora

seja regulamentado como os 25%

devem ser encaminhadas às micros,

pequenas e médias empresas, quer no

que toca às despesas do Orçamento

Geral do Estado quer sobre as obras

contratadas. As empresas que estão

aí com grandes contratos têm de

gRANDE ENTREVISTA

32 Revista da Indústria

«A África do Sul cresce mais em riqueza substantiva do que nós a dois dígitos, tenhamos consciência disso. O nosso modus operandi industrial não pode ser o mesmo de economias já estruturadas»

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subcontratar às micros, pequenas e

médias empresas nacionais 25% do

valor das obras.

Não acha que essas duas vertentes

que mencionou, nomeadamente,

o deslocamento do eixo industrial

para áreas próximas dos recursos e

das matérias-primas e esta questão

de também se potenciar as micros,

pequenas e médias empresas

industriais estão consubstanciadas

naquilo que o Estado vê como pólos

industriais?

Afirmativo. Temos os pólos da Caála,

Cabinda, Fútila, Catumbela, Lubango,

etc..

Já que é um conhecedor do campo, da

cidade e da indústria, como vê esse

triângulo?

Um dos problemas que nós temos é

a falta de infra-estruturas, o que não

pode pesar como custo directo do

investimento. Então, o Estado cria zonas

para implantar os pólos, infra-estruturar,

preparar os terrenos, os solos, preparar

o saneamento, a energia, a água e as

telecomunicações. Fundamentalmente

são estes os custos mais importantes

quando se quer implantar. Isto feito, o

financiamento bancário será mais fácil.

Hoje, a dificuldade prende-se com os 30%

que nós não conseguimos pôr.

«temos de entrar na zcL»

Além disso tudo que já apontou,

o que acha que ainda deveria ser

feito com vista a galvanizar esse

desenvolvimento que se quer que seja

uma certeza mais segura?

Uma concertação social imperativa e não

o rebuço da auscultação. A auscultação

é importante mas é preciso que aquilo

que seja concertado entre o Estado, o

Executivo e as associações sejam de facto

respostas para os problemas, isto a nível

central e local. A segunda questão é que

o Estado tem de ser comprador daquilo

que nós produzimos e deixarmos de

veleidades de presunções da qualidade

e podermos discutir preços e prazos de

entrega. A propósito de qualidade, o que

a gente produz, a princípio, pode não

ser o melhor mas é bom e nós temos que

gostar.

A outra questão que se põe é o

sector petrolífero. É preciso ser mais

persuasivo perante a Sonangol e as

multinacionais. Têm de incorporar

mais serviços, mais bens de produção

nacional. Se todos amamos este País, se

o Estado, na vertente Forças Armadas,

Policia Nacional, Educação e Saúde, se

esses sectores entenderem actuar com

sentido patriótico sem perda das suas

responsabilidades, Angola vai crescer a

dois dígitos e vamos ser um dos países

mais competitivos de África.

Mude-se a lei de investimento

privado porque os angolanos não têm

um milhão de dólares. Nenhuma das

micros, pequenas e médias empresas

estrangeiras, que tenham know-how, que

tenha competência, virá para Angola

porque não têm disponibilidade de um

milhão de dólares e se o têm não virão

para aqui. Porque repara: os EUA por 500

mil dólares dão visto de residência.

A Lei Geral do Trabalho está a ser

mudada numa excelente concertação

com a tutela. Enfim, existem aí outras

leis que o executivo está a implementar,

como a lei das cooperativas que é

um instrumento extraordinário para

fixar a população no campo, melhorar

a qualidade de vida e termos mais

produtos agrícolas. O País está a mexer-

se mas é preciso que os sectores que

podem exponenciar esse crescimento

actuem com sentido patriótico. De outra

forma nós vamos ter dificuldade em

ser competitivos. Vamos ter dificuldade

em integrar as ZCL, que é a Zona de

Comércio Livre da SADC. Esse é um dos

objectivos que a AIA defende, temos de

entrar na ZCL, mas para isso é preciso

crescer a dois dígitos pelo menos durante

cinco anos.

Estamos em desvantagem?

Em séria desvantagem competitiva. Mas

temos um mercado de 200 milhões de

consumidores com uma vizinhança de

60 milhões que é o Congo, com fronteira

marítima, fronteira terreste e vias

fluviais. O Congo está à nossa disposição,

porque com um clima equatorial não

tem as mesmas condições competitivas

na agricultura. E a agricultura é a

estruturação da indústria. O Congo tem

grandes recursos minerais, recursos

florestais, recursos hidroelétricos, mas

não pode competir connosco a nível

da agricultura, da agro-indústria e da

indústria transformadora. Por isso, é

um mercado que está aí. Foi criada a

comunidade das empresas exportadoras,

trabalhemos mais para ganharmos o

Congo e a Zâmbia.

O senhor presidente está a falar para

a revista institucional do ministério da

Indústria que é distribuída também

entre os associados da AIA. Portanto,

não queria terminar esta entrevista

sem dar-lhe a oportunidade de

mandar uma mensagem para aos

seus colegas, companheiros de luta de

muitos anos.

O que eu quero dizer à classe empresarial

angolana de uma forma abrangente,

sem sectarismos, é que todos nós temos

a responsabilidade de fazer este País

crescer, por ser um País competitivo,

um País onde todos nos sintamos bem e

que apresenta um horizonte promissor

para os nossos filhos e netos. Os jovens,

os industriais, têm que ser aliciados

por nós a virem para as empresas

na sua hora de ócio, em modelos

organizados. No processo que está agora

em curso encabeçado pelo Ministro da

Administração Pública, é importante, no

caso do trabalhador-estudante, que o seu

comportamento na empresa contribua

para a sua nota na escola. É caso para

dizer: abaixo a ociosidade, abaixo os

costumes de sociedades que já faliram

e trabalhemos com espírito 24 sobre

24 horas, porque só assim é que nós

podemos ter um futuro risonho, de modo

a eliminarmos a diferença abismal em

termos de competitividade que temos,

por exemplo, com a África do Sul. Com

um índice de 4%, a África do Sul cresce

mais em riqueza substantiva do que

nós a dois dígitos, tenhamos consciência

disso. O nosso modus operandi industrial,

operativo, não pode ser o mesmo de

economias já estruturadas.

Revista da Indústria 33

Page 10: Primeira fábrica de reciclagem de óleo abre em Benguelapolodeviana.com/magazines/Industria_N2_completo_Parte2.pdf · A Lobia-aço mantém activas outras duas fábri-cas no Pólo

empenho e dedicação reconhecidos

Angola está a lançar os alicerces para uma nova fase do desenvolvimento estrutural da indústria que irá permitir a substituição das importações por produtos nacionais. Contribuir para que esse desenvolvimento se efective deve ser uma alegria. e ser reconhecido por isso é um privilégio.

Ministério da Indústriahomenageia

mulheres do sector

gALA

34 Revista da Indústria

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O Ministério da Indústria acaba de ho-menagear as mulheres angolanas que, durante décadas, têm dado tudo de si em prol do desenvolvimento do

sector industrial nacional. Mais do que momen-to de confraternização e interacção, o Ministério, em parceria com a Associação Munakazi Mwene, realizou uma Gala denominada “Mulher Rainha”, que serviu de reconhecimento público do empe-nho e dedicação de cerca de 50 mulheres, todas homenageadas na cerimónia realizada na noite de 26 de Novembro.

Na realidade, foi a 36ª edição do evento. Numa mensagem da Ministra da Indústria – lida pelo Se-cretário de estado, Kiala Gabriel, sem adaptações nem alterações como o mesmo fez questão de realçar – ficou claro o sentimento de gratidão e a segurança de que o sector continuará a contar com mulheres como as que foram homenagea-das. “este é o reconhecimento da vossa e nossa luta, sobretudo no exemplo que dão. Nós, Minis-tério da Indústria, continuaremos a promover a elevação do papel da mulher na sociedade”, refe-riu Bernarda Martins no seu texto.

Como já afirmamos, foram homenageadas cerca de 50 mulheres vindas de vários pontos do país. Senhoras que lidam com máquinas nas di-ferentes unidades fabris e aquelas que auxiliam o executivo no departamento ministerial respon-sável pelas indústrias. Por exemplo, da Textang II foram homenageadas Maria da Conceição Fran-cisco, Maria da Luz Paixão e Arminda Maria. Vin-das da Fabimor estiveram Maria Clotilde Guilher-me, Inês Baltazar Manuel, Florencia dos Santos, Isabel Agostinho José Correia e Isabel Manuel Se-bastião. A Bolama esteve representada por Amé-lia António Agostinho, Maria de Fátima Cabus-so, Rosa Teresa Delgado, Rita Zeferino, Venância Bento de Oliveira e Ginoveva Ferreira da Costa. Muitas outras se seguiram.

em declarações à imprensa, Maria Filomena dos Santos, da província de Cabinda, uma das homenageadas, manifestou a sua satisfação pe-la organização do evento e o reconhecimento do seu trabalho durante anos em prol o desenvolvi-mento do país. “Muita coisa já mudou, antes ha-via muitas dificuldades para se trabalhar, ao con-trário de hoje  que existe maior abertura”, disse.

Helma Bastos, funcionária do referido sector há 30 anos, agradeceu ao Ministério da Indús-tria por reconhecer o trabalho das mulheres, que muito se têm dedicado com o seu esforço para o crescimento da indústria angolana.

Revista da Indústria 35

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Produção industrial com olhar na exportação

Benguela prepara-se para ser referência regional

Benguela pode orgulhar-se de ter um parque in-dustrial nada modesto, em comparação com as demais províncias do país. A província das acácias rubras, com mais de 2,6 milhões de consumidores, é a segunda maior referência em termos de in-dústrias, perdendo apenas para Luanda. Mas am-biciona muito mais. A estratégia do governo local visa abastecer não só a circunscrição, mas tam-bém o mercado regional e internacional, o que, de certa forma, já está a ser feito.

36 Revista da Indústria

Em FOcO

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Revista da Indústria 37

Benguela localiza-se no litoral centro de Angola e faz frontei-ra com Kwanza Sul, Huambo, Huíla e Namibe, ocupando uma

área de 39 827 quilómetros quadrados. A capital da província situa-se a 530 quilómetros da capital do país, Luanda. Possui infra-estruturas que a tornam uma espécie de entreposto para a re-gião centro-sul.

entre as infra-estruturas conta-se o caminho-de-ferro de Benguela, que tem uma extensão de 1344 quilómetros e dá acesso à parte mais interior de Angola. Para lá de Luau, será ligado aos sistemas ferroviários da  República Democrática do Congo e da Zâmbia.

A ligação com o mundo pode ser feita por meio dos dois aeroportos (situados em Benguela e Catumbela) e do Porto do Lobito.

O porto dista em 1410 milhas de Cape Town (África do Sul), 7537 milhas de Nova York (eUA), 5127 milhas de Ams-terdão (Holanda), 5050 milhas de Sou-thampton (Inglaterra) e 4197 milhas de

Lisboa (Portugal). Por tudo isso, o go-verno posiciona-se já no sentido de ala-vancar a indústria e tornar Benguela um dos pontos de germinação do desenvol-vimento industrial de Angola.

Os sectores dos alimentos e bebi-das, agro-indústria e dos materiais de construção são os considerados estra-tégicos, sendo por isso os que avançam com maior celeridade. No que se refere às bebidas, por exemplo, caminha-se já para a internacionalização.

De acordo com os últimos pronun-ciamentos do responsável da cervejeira Soba Catumbela, Joaquim Reis esteves, a empresa que dirige trabalha com o ob-jectivo de estender as suas exportações para Moçambique e Guiné-Bissau. Ac-tualmente a cervejeira exporta trimes-tralmente seis mil caixas de Cuca em lata para São Tomé e Príncipe.

embora ainda não se possa falar em exportações, outro sector visivelmen-te em ascensão é o da construção civil. Neste domínio, Benguela é autosufi-ciente, sobretudo em artigos como o cimento, blocos, tijolos e indústrias de transformação de inertes. Províncias como o Huambo, Huila e Bié também beneficiam dessa produção, servindo de mercado preferencial do excedente produzido.

Como dissemos, Benguela ambicio-na mais. Pelo menos sete pólos de de-senvolvimento industrial e uma zona económica especial serão erguidos até 2017. “O governo provincial local já tem algumas iniciativas para o desenvolvi-mento da indústria em Benguela. elas passam pela criação de algumas zonas para a implantação das indústrias e a criação de condições favoráveis para o investidor privado desenvolverem as

suas acções”, deu conta Abel Máquina Mussalo, Director provincial da Indús-tria, Geologia e Minas.

Outras prioridades

“Ainda a nível do governo local está em curso um processo de ordenamento de território ou das zonas fundiárias, que contemplam também talhões de 5 a 10 hectares para a implantação das indús-trias”, explicou o responsável. entre as zonas contempladas para a implemen-tação de indústrias constam Cubal, Baía Farta, Catumbela e Lobito.

O responsável máximo da pasta da indústria revelou ainda que no plano provincial de desenvolvimento há ex-pectativa de se implantar a indústria de processamento de massa de tomate, su-mos de ananás e uma gráfica no Lobito. “Na zona económica especial do Lobito a expectativa é de implantar uma indús-tria têxtil, entre outras que fazem parte da nossa prioridade, conforme as orien-tações do Ministério de tutela”, disse, acrescentando que as prioridades estão viradas para a indústria de materiais de construção.

Sendo Benguela uma província cos-teira, não quisemos terminar a conver-sa com Abel Mussalo sem abordarmos a questão das indústrias de processa-mento de peixe. O nosso interlocutor confessou que este sector ainda não está tão desenvolvido quanto se deseja. Contudo, salientou que este não está es-quecido. “Quanto à indústria pesqueira o Governo tem traçado algumas estraté-gias para o seu desenvolvimento. Ainda não temos muitos dados para lhe forne-cer mas é um sector que também temos em atenção”, assegurou.

Benguela é autosuficiente, sobretudo em artigos como o cimento, blocos, tijolos e indústrias de transformação de inertes

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Quem é o engenheiro máquina?Fiz a formação em Cuba onde concluí o ensino superior. Frequentei a escola secundária na Ilha de Juventude, em Cuba, mais precisamen-te na escola nº 49. Depois de terminar os qua-tro anos nesta instituição, passei para a escola nº 24 na mesma ilha, na altura uma escola pré-universitária e quando terminei fui para a Universidade de Moa, onde fiz formação em engenharia de minas.

Depois de concluído o curso ganhei uma oferta do próprio instituto para poder prosseguir os es-

“Às vezes gosto de fazer obras em casa”

Perfil do titular da pasta da Indústria na província

tudos. Fiz o mestrado em geologia na especialida-de de prospecção de recursos minerais sólidos.

em 2004, vim para Angola e fui logo chama-do para concorrer em concursos públicos para poder ser então efectivo da função pública. Cheguei a Benguela em 2004 e fui colocado na Direcção Provincial de energia e Água onde tra-balhei durante três anos.

é casado?Não sou casado, vivo maritalmente e tenho três filhos.

38 Revista da Indústria

Em FOcO

Em BENGuELA dESdE 2004,

ABEL mAquINA muSSALE tOmOu

cONtActO cOm O SEctOr Em 2010

quANdO FOI PrOmOvIdO A cHEFE

dE dEPArtAmENtO dE INdúStrIA,

GEOLOGIA E mINAS, vINdO

dA dIrEcçãO PrOvINcIAL

dE ENErGIA E áGuAS.

NãO tArdOu muItO

PArA SEr PrOmOvIdO

PArA O cArGO dE dIrEctOr

PrOvINcIAL dA INdúStrIA,

dE GEOLOGIA E mINAS.

NAS LINHAS

quE SE SEGuEm

O NOSSO INtErLOcutOr

FALA um POucO

mAIS dE SI.

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B.I.Abel Máquina Mussalo é o meu nome. Nasci no dia 5 de Janeiro de 1975 na comuna de Calunda, município do Alto Zambeze, província do Moxi-co. Ainda sobre o meu perfil como profissional acrescento que sou professor colaborador na Universidade de Katyavala Bwila e no Instituto Superior de Saúde, aqui em Benguela.

O que faz nos tempos livres?Dedico-me ao trabalho, quase que não tenho tem-po livre. Mas também arranjo tempo para brincar com as crianças no jardim. Às vezes gosto de fazer obras em casa, mexo na electricidade, troco toma-das, e, por vezes, faço pintura, entre outros. Gosto de dar atenção à casa.

gosta de desporto? Sim.

InvestIr em Benguela

em média dois pedidos de licenciamento de indústrias são recebidos pela Direcção de Indústria, Geologia e Minas da província. Na sua maioria são cidadãos nacionais, que escolhem preferenciamente o sector alimentar e das bebidas. Nesta edição, apresentamos um pequeno guia para auxiliar quem também pretender investir em Benguela.

Que documentos deve o investidor reunir?Requerimento dirigido ao Director Provincial da Indústria, Geologia e Minas;Número de contribuinte;estatuto da sociedade;Projecto a ser implementado;Fotocópia do Bilhete de Identidade do responsável;Declaração da zona;Planta de localização da área a implantar a indústria;Cópia da Certidão do Registo Comercial;Documento legal que atesta o compromisso de posse das instalações;Título de propriedade, reconhecido pelo notário.

Onde se dirigir?Dirige-se à Direcção Provincial da Indústria, Geologia e Minas.

Quais os prazos?Menos de três dias (recepção do processo, despacho, inserção dos dados no sistema, ordem de pagamento, emissão do Alvará e assinatura).

TramitaçãoApós a entrega de toda a documentação acima referida, existe um formulário a preencher pela entidade coordenadora e pela empresa requerente. Faz-se a inserção de dados no sistema de cadastramento informático e depois sai a ordem de pagamento. O requerente dirige-se aos serviços de Finanças e efectua o respectivo pagamento. Feito isso, segue-se a impressão do Alvará provisório em função do valor de investimento.

Revista da Indústria 39

Dedico-me ao trabalho, quase que não tenho tempo livre. Mas também arranjo tempo para brincar com as crianças no jardim

O que mais aprecia?O que mais aprecio é o futebol, a modalidade que mais atrai o mundo.

Pratica?Já pratiquei, mas quando fui estudante; prati-quei futebol e aquele carinho ficou.

é o tipo de adepto que veste a camisola e vai para o campo ou limita-se a ver em casa com amigos e umas cervejinhas?Sou adepto que só vê os jogos em casa com amigos.

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Qual o estado actual do Pólo Industrial da catumbela?Não diria que vai de vento em popa mas tem havido grandes esforços no sentido de se ir me-lhorando, fundamentalmente no que diz respeito às infra-estruturas, que são necessárias. Um dos principais problemas prende-se exactamente com as infra-estruturas. Há dificuldades de vária ordem, mas com alguma persistência e alguma paciência vamos ultrapassando os obstáculos. Já temos grande parte das vias estruturantes aber-tas, o que tem facilitado em grande medida a implantação dos industriais. Temos ainda grande dificuldade em assegurar a distribuição de água

e energia para toda a área, que são os factores principais para o desenvolvimento da indústria.

E quanto ao resto?O resto vem a reboque. Falo do saneamento, que são os “finalmente”. Nós estamos numa área em que precisamos que as águas escorram à vonta-de porque uma parte é montanhosa, e a outra alagadiça. Tudo foi identificado e será atacado.

Apesar de todos os constrangimentos, há já in-dústrias a funcionarem adequadamente no pólo?Para a primeira fase, entre a Catumbela e Lobito, onde os constrangimentos não são relevantes, já te-

Samuel Orlando do Amaral, PCA do Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela

“Nós estamos geralmente divididos entre muita alegria e alguma tristeza”

A PRIMEIRA FASE DE IMPLEMENTAçãO

DO PóLO DE DESENVOLVIMENTO

INDUSTRIAL DA CATUMBELA

COMPREENDE O EIxO LOBITO-

CATUMBELA COM UMA DIMENSãO DE

272 HECTARES APROxIMADAMENTE.

TEM JÁ EM FUNCIONAMENTO 23

EMPRESAS E NA SEGUNDA FASE, NA

ÁREA DO LUONGO, ESTÁ RESERVADO

UM ESPAçO DE 1835 HECTARES. ALí

JÁ FUNCIONAM AS INDúSTRIAS DE

TANQUES PLÁSTICOS, INDúSTRIAS

DE COLCHõES, FRALDAS E DO

RAMO ALIMENTAR. NO QUE DIZ

RESPEITO À CONSTRUçãO CIVIL,

PRODUZEM-SE TIJOLOS, BLOCOS E

BETUMES. NO TOTAL A PRODUçãO

RONDA AS 1228 TONELADAS/MêS

APROxIMADAMENTE. TODAVIA, OS

CONSTRANGIMENTOS AINDA ESTãO

BEM PATENTES NO DIA-A-DIA DOS

INVESTIDORES. SAMUEL ORLANDO

DO AMARAL, PCA DO POLO DE

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DA

CATUMBELA, FALA-NOS UM POUCO

MAIS DA INFRA-ESTRUTURA.

40 Revista da Indústria

Em FOcO

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mos algumas indústrias com algum peso na nossa economia. A outra fase é um bocadinho mais com-plicada porque é uma zona montanhosa e o traba-lho de implantação é mais difícil. Neste momento já contamos com cerca de 20 empresas. Pelas nossas contas, até ao fim do ano mais 10 empresas iniciarão actividade, o que significa que estamos a andar.

Fale-nos um pouco das indústrias já estabe-lecidas no pólo?São indústrias do sector da construção civil, fun-damentalmente, empresas como a eBM, que faz tratamento de betão. Temos também algu-

Para além do know how que trazem, os estran-geiros têm a facilidade de encontrar financia-mento. Não estou a dizer que é culpa dos ban-cos. Talvez porque não temos conseguido dar aos bancos garantias sólidas. Ouvimos relatos de pessoas que recebem os créditos e não apli-cam nas áreas destinadas.

Até onde vai a responsabilidade da direcção do pólo na relação com os empresários? Tem a ver apenas com a criação de condições de implementação das fábricas ou actua até na divulgação e marketing das marcas?Temos interagido bem com os empresários, cum-prindo ao máximo com as nossas responsabili-dades. Por outro lado, tem havido por parte dos órgãos de informação alguma divulgação. Nós, direcção do pólo, à nossa maneira (através do nosso site), temos divulgado as indústrias e agora a Revista do Ministério da Indústria vem reforçar o nosso trabalho como sendo mais um veículo.

Benguela tem o segundo maior parque indus-trial do país e o Pólo de Desenvolvimento In-dustrial da catumbela tem preponderância neste domínio. Qual é o seu sentimento ao constatar isso?Nós estamos geralmente divididos entre muita alegria e, às vezes, alguma tristeza. Alegria por-que algo está a ser feito em prol do desenvolvi-mento do país e da elevação da economia na-cional. Mas, por outro lado, com alguma tristeza porque esse avanço não está a ser tão rápido como gostaríamos por causa das dificuldades que já apontei.

Perspectivas?Para a área que já foi determinada e que tem sido distribuída aos investidores irão encontrar cada vez melhores condições de exploração. Nós esta-mos um pouco preocupados com a expansão do próprio pólo. Na Catumbela nem chegamos a mil hectares e a procura para Benguela é bastante grande por causa dos grandes investimentos que a província vai receber. estamos a tratar junto do Governo como encontrarmos soluções para um pólo industrial maior e onde a forma de actuação não seja idêntica ao do pólo actual.

Temos a visão de cerca de três mil hectares para a área do Biopio. Ali sim, poderemos ter áreas suficientemente grandes.

“Temos ainda grande dificuldade em assegurar a distribuição de água e energia para toda a área, que são os factores principais para o desenvolvimento da indústria”

Revista da Indústria 41

mas indústrias alimentares (bolachas, bolos e bebidas espirituosas). Temos ainda indústrias ligeiras como as de pequenas empresas de con-fecções de vestuários para bebés. Há ainda in-dústrias de plásticos e colchões.

A produção já satisfaz? consegue cobrir o mercado de Benguela?Há uma indústria que tem o seu produto em qua-se todas as bombas de combustível, não sei como. Nessas bombas de combustível encontramos umas bolachas que são fabricadas na Catumbela. É sinal de que, apesar de tudo, o nosso produto está a chegar longe. Sem falar doutros, como por exem-plo a empresa de betumes, que tem abastecido muitas unidades industriais que produzem asfalto.

Em visita ao pólo reparamos a presença sig-nificativa de estrangeiros. Que tipo de incen-tivos há para o empresariado local?O grande problema prende-se, a meu ver, com a possibilidade dos bancos concederem créditos.

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Nossa genteBOAS PRáTIcAS

42 Revista da Indústria

torrefacção de farinha de mandioca

Farinha de mandioca

Fluxograma da torrefação

de farinha de mandioca

A mandioca é uma das fontes de hidratos de carbono mais cultivadas mundialmente. Para além de se poder melhorar as variedades, para aumentar o rendimento, também se deverá aumentar o rendimento da sua transformação para diminuir o tempo despendido pela população.

Torrefacção

Enchimento em sacos

Farinha Torrada

Produtos finais tradicionais• Folhas verdes como acompanhamento• Bombó – tubérculo ralado e fermentado• Farinha Rústica – Tubérculo ralado e torrado• Mandioca – Farinha refinada

Produtos finais não tradicionais• Extracção de amido• Refeições prontas à base de mandioca• Folhas cozidas em lata• Alimentação Animal

Unidades Ruralizadas de pequena dimensão• Unidade de fermentação de bebidas alcoólicas• Produção de farinha/sêmola rústica com embalamento manual

unidades de média dimensão• Unidade conservação em lata das folhas• Unidade de limpeza, farinação e embalamento de farinha refinada• Unidade de fermentação e destilação de bebidas alcoólicas

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“No passado não havia concur-

sos públicos. As admissões

eram na base de recomenda-

ções. Depois de um teste de aptidão fui ad-

mitido”, lembra o nosso interlocutor, filho

das terras do Gulungo Alto, Província do

Kwanza Norte.

Paixão João Baptista, de nome com-

pleto, é quadro do Ministério da Indús-

tria desde 1983, tendo exercido primei-

ramente o cargo de chefe de Secção de

Estatística. Liderou ainda a Secção de

Compras e, de seguida, foi conduzido a

Paixão João BaPtista

“Os colegas são a minha família”Por pouco seria quadro da transportadora aérea nacional, TAAG. Na altura em que Paixão Baptista se candidatou a uma vaga no MIND, fez a petição em outras duas empresas, mas foi no Ministério da Indústria que a figura escolhida para “Nossa Gente” desta edição recebeu o primeiro parecer favorável de emprego.

chefe dos Transportes, cargo que exerce

há mais de nove anos.

Dos tempos antigos, sente saudades

do refeitório e da loja da cooperativa dos

trabalhadores, onde se vendiam todos os

produtos da indústria nacional e não só.

“Para falar a verdade, nós não nos preo-

cupávamos com os salários. Perdemos a

cooperativa mas ganhamos o cartão Kero.

Portanto, não há razões de queixas”, lem-

bra nostálgico, mas com sorriso no rosto.

Conhecedor da “casa”, uma vez que

passou por várias áreas, Paixão Baptista

revela que tem boas relações de traba-

lho com os seus superiores hierárquicos

e colegas, os quais, aliás, considera como

família. “Sou considerado um bom chefe

de família e a relação que tenho com a

minha família é a mesma que tenho aqui

com os colegas”, expõe. “Ninguém se quei-

xa de mim, até porque na função que de-

sempenho não dá para me manter fecha-

do ou tímido com os colegas”, diz adiante.

A figuraNome: Paixão João Baptista

Naturalidade: Kuanza Norte, município Gulungo Alto

Data de Nascimento: 29 de Março de 1958

Estado civil: Casado

Filhos: 5

Prato preferido: Arroz com bife e batata frita

Desporto: Futebol

Bebida: Sumo 

Tempos livre: Ler e ver TV

“Senhor Paixão”, como é carinhosa-

mente tratado, conta que no seu dia-a-dia

o trabalho ocupa a maior parte do tem-

po. E, não deixa dúvidas, desempenha as

suas tarefas com responsabilidade, sem

grandes constrangimentos. “Há mais agi-

tação quando um carro protocolar ava-

ria. Nessas situações eu entro em contac-

to com o Ministério dos Transportes que

prontamente disponibiliza uma viatura.

Entrego a nova viatura ao beneficiário

enquanto que a avariada vai para o con-

serto”, explica.

Além dos transportes, Paixão Baptista

cuida dos serviços de comunicação, no-

meadamente o carregamento de saldo

dos telemóveis de alguns funcionários.

A sua secção tem um mecânico e três

motoristas que tratam do transporte do

pessoal.

NOSSA gENTE

“A relação que tenho com a minha família é a mesma que tenho aqui com os colegas”

Revista da Indústria 43

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44 Revista da Indústria

Augusto Vladimir Dias dos Santos, natural de Luanda, goza de um privilégio impar entre os

quadros do Ministério da Indústria: o estatuto de funcionário mais novo. Com apenas 25 anos, ele faz parte dessa grande família, há menos de dois anos, com a qual diz já ter aprendido muito. Nestas linhas de celebração, destacamos o jovem, morador do Hoji-ya-Henda, para quem ser o mais novo não acrescenta vantagem nem constitui desvantagem.

Facto é que todos os seus colegas mais velhos merecem dele todo o respeito. Trata-os do mesmo jeito que trataria caso a situação fosse oposta. Ser o mais novo também não dá azo para se sentir no direito de receber mais mimos e ser o mais acarinhado. “Não encaro as coisas na visão do mimo ou de ser mais novo ou mais velho, mas sim na base do profissionalismo”, afirma.

Augusto Vladimir entrou para o Ministério da Indústria a partir de uma solicitação de quadros, há cerca de um ano e meio. Foi um dos muitos

candidatos e, felizmente, bem sucedido. exerce a categoria de arquivista principal no Gabinete da Ministra da Indústria. Tramitação documental, arquivo e secretariado são actividades recorrentes no seu dia-a-dia. A primeira lição que aprendeu à luz da convivência com os colegas é alimentar boas relações humanas. “Uma coisa que encaro, cá no Ministério da Indústria, como prioridade é respeitar o próximo e ‘beber’ da experiência. As relações humanas são muito importantes, assim como pedir conselhos, ser gentil e por aí fora”, diz.

Na infância sempre teve presente o carinho e a educação dos pais. Por isso diz ter tido uma infância muito simples. “Como era muito gago raramente falava. Passava a maior parte do tempo brincando sozinho”, revela.

No ensino médio fez dois cursos: Contabilidade e Gestão e Ciências Sociais. Agora, na universidade, está a seguir o curso de Direito (terceiro ano). Noivo, espera o nascimento do primeiro filho, um rapaz. Augusto celebrou os seus 25 anos no dia 1 de Dezembro.

Os aniversariantesdo trimestre

entre o último número da revista Indústria e a edição que o caro leitor tem em mãos

muita coisa aconteceu. Uma delas prende-se com a celebração da vida por parte daqueles

que fazem aniversário e de seus entes queridos. A data do nascimento é sempre

motivo de registo, tal fazemos nestas páginas em relação a alguns dos aniversariantes do

trimestre que abrange esta edição.

aniversários

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É tímida, simples e sem reservas. Preza o bom relacionamento com os colegas e é, sobretudo,

diligente no trabalho. Olímpia da Silva Almeida, funcionária

do Gabinete dos Recursos Humanos, entrou no Ministério da Indústria a 13 de Junho de 1977. exerceu as primeiras funções na ex-Direcção Nacional da Indústria Alimentar onde trabalhou com personalidades como Justino Fernandes. Na altura exercia as funções de escriturária dactilógrafa.

Um dos momentos mais marcantes da sua presença do Ministério da Indústria foi quando trabalhou com a actual Ministra no Gabinete Técnico, área que Bernarda Martins dirigia na altura. “enquanto trabalhámos directamente sempre tive bom relacionamento com a Srª Ministra e ela até hoje se lembra de mim”, recorda Olimpia Almeida, que fez 61 anos no dia 23 de Outubro.

A vozda experiência

Parabéns (Ministra) Bernarda Martins

O dia 19 de Novembro é uma data especial para uma ilustre figura da casa. É o dia de aniversário da Engenheira Bernarda gonçalves martins, ministra da

Indústria de Angola. Por coincidir com a véspera da realização da Expoindústria,

o colectivo de trabalhadores e colaboradores aproveitou a oportunidade para a felicitar. Até cantaram em uníssono os “Parabéns”, performance perfeita, salvo um pequeno reparo quando afirmou: “Obrigado, mas quem fez aniversário é a Bernarda e não a ministra”, corrigiu em tom descontraído.

Formada em Engenharia Química pela universidade Agostinho Neto desde 1981, fez quase toda a sua carreira profissional no Ministério da Indústria até 1992, quando foi eleita Deputada à Assembleia Nacional pelo círculo Nacional do partido mPLA. Exerceu o cargo até 1 de Outubro de 2012, sendo depois nomeada ministra da Indústria por decreto Presidencial.

Natural de malanje, Bernarda martins exerceu as funções de Directora Nacional da Indústria do ministério da Indústria, Antena do cDI – AcP/cEE –, Directora Nacional do gabinete Técnico do ministério da Indústria, Directora Nacional da Indústria Pesada, assim como de Directora do gabinete de Engenharia e Projectos Industriais.

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Lazer

Receitas

Tagine de Frango com Pera CaramelizadaIngredientes:• 2 cebolas• 7 colheres (sopa) de azeite de oliva• 1 frango cortado em pedaços• 1 colher (chá) de açafrão• 1 colher (chá) de cominho em pó• 1 colher (chá) de coentro em pó• 1 colher (chá) de sal• 2-3 paus de canela• 2 folhas de louro esmagadas• 1 maço de coentro picado• 2 colheres (sopa) de gengibre picado• 1/2 xícara de água• 30 g de manteiga• 2 peras fatiadas, sem casca e sem sementes• 2 colheres (sopa) de mel

Preparação: Preaquecerofornoemtemperaturamédia(180˚C).

Descascar e fatiar as cebolas e refogar por 2 minutos com 2 colheres de sopa de azeite até ficarem macias.

Transferir para o fundo de uma panela de tagine e colocar os pedaços de frango por cima.

Misturar o açafrão, o cominho, o coentro em pó e o sal numa tigela e juntar o restante do azeite. Misturar bem e pincelar sobre o frango.

Em seguida, colocar a canela e polvilhar o louro esmagado, o coentro fresco picado e o gengibre sobre o frango. Despejar a água por cima, tapar e levar ao forno por 50 minutos.

Derreter a manteiga numa panela e juntar a pera e o mel. Cozinhar por 5 minutos ou até caramelizar bem a pera.

Retirar o frango do forno, misturar a pera e voltar ao forno por mais 10 minutos antes de servir.

Mousse de maracujáIngredientes

• 1 lata de leite condensado

• 150 ml de suco de maracujá

• 1 lata de creme de leite

• 1 envelope de gelatina incolor sem sabor

• 5 claras de ovo em neve

• 5 colheres (sopa) de água

Preparação:

Bata as claras de ovos em neve e separe.

Hidrate a gelatina na água e depois dissolva

em banho-maria.

Bata o leite condensado, o suco e o creme

de leite no liquidificador, em seguida ainda

batendo coloque a gelatina dissolvida.

Junte a mistura batida no liquidificador com

as claras em neve.

Coloque em taças e leve ao congelador por 10

minutos, depois coloque na geladeira.

Decore com sementes de maracujá.

rendimento: 6 porções

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revista da indústria 47

Palavras cruzadas

respostas

HORIZONTAIS: 3 - Celebração do nascimento do Jesus Cristo. 6 - Um dos pratos tradicionais da época natalícia. 9 - Está nas palhinhas deitado e o seu nome significa “Javé é

salvação”, em hebraico.11 - Missa do ( ... ), missa celebrada à meia-noite, na passagem do

dia 24 para o dia 25 de Dezembro.12 - Cidade onde nasceu Jesus Cristo.13 - Cidade de onde partiram Maria e José.14 - Ceia em família, na noite de Natal.18 - Rei Mago representante da raça negra (africana) e que

ofereceu mirra ao Menino Jesus.23 - Representação do local do nascimento de Jesus Cristo.25 - Animal e uma das figuras do Presépio.26 - O Pai Natal desce por ela e há quem coloque junto dela um

sapatinho na Noite de Natal.27- Calendário do ( ... ), calendário que prepara a chegada

do Natal com 24 janelas, numeradas de 1 a 24, as quais escondem no seu interior uma pequena surpresa, vulgarmente, um pequeno chocolate.

29 - Embora seja uma festa em que estas ficam muito felizes com a quantidade de presentes que recebem, é bom que não te esqueças que, infelizmente, existem muitas que não têm a mesma sorte.

31 - Árvore que, habitualmente, se enfeita pela altura do Natal.33 - Nas férias do Natal as crianças não vão à ...34 - Indicou aos Reis Magos o caminho para o local onde estava o

Menino Jesus.35 - estas, estão dentro do saco do Pai Natal.39 - Rei Mago representante da raça branca (europeia) e que

ofereceu ouro ao Menino Jesus.41 - Personagens da narrativa cristã que visitaram Jesus após seu

nascimento (evangelho de Mateus).42 - Mãe de Jesus.43 - Meio de transporte do Pai Natal.

VERTICAIS: 1 - Dia festivo da Igreja Católica, consagrado à comemoração

da adoração dos Reis Magos a Jesus e da Sua aparição aos gentios.

2 - Sinónimo de PReNDAS. 4 - Anunciou aos pastores o nascimento de Jesus Cristo. 5 - Carpinteiro e marido da mãe de Jesus. 7 - É apanhado nas zonas húmidas da floresta e é um dos

elementos do presépio tradicional português. 8 - Um dos pratos tradicionais da época natalícia.10 - O Rei que queria matar o Jesus Cristo.15 - Mês em que se celebra o Natal.16 - O Menino Jesus està nelas deitado.17 - Como diz a canção, a Noite de Natal é uma Noite de ...19 - Outro nome para Fatias Douradas, um dos doces tradicionais

do Natal.20 - ( ... ) de Natal, manda a tradição que seja montada no dia 1 de

Dezembro.21- Sinónimo de CReNÇA.22 - Rei Mago representante da raça amarela (asiática) e que

ofereceu incenso ao Menino Jesus.24 - Antigamente, na Noite de Natal, todas as crianças colocavam-no

junto à chaminé, no dia seguinte, quando acordavam, tinham os presentes junto dele.

28 - O Natal é uma festa para ser comemorada em ...30 - Brilham, piscam e enfeitam a Arvore de Natal e as ruas das

localidades.31- estavam nos campos a cuidar das ovelhas e tiveram a missão

de espalhar a notícia do nascimento de Jesus Cristo.32 - Puxam o trenó do Pai Natal.36 - O nome do Pai Natal.37 - Massa de farinha batida com ovos, frita e polvilhada com

açúcar, um dos doces tradicionais do Natal.38 - Animal e uma das figuras do Presépio.40 - Bolo - ( ... ), confeccionado com frutas secas e cristalizadas,

assim chamado por ser típico da quadra do Natal até ao dia de Reis.

41 - Também há quem pendure uma ( ... ) junto da chaminé ou Árvore para que no dia seguinte esteja cheia de presentes.

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ADVENTO ANJO ÁRVORE BACALHAU BALTASAR ou BALTAZAR BELÉM BURRO CHAMINÉ CONSOADA

CRIANÇAS DEZEMBRO EPIFANIA ESCOLA ESTRELA FAMÍLIA FÉ FILHÓ GALO

GASPAR HERODES JESUS JOSÉ LUZES MAGOS MARIA MEIA MELCHIOR ou BELCHIOR

MUSGO NATAL NAZARÉ NICOLAU PALHINHAS PASTORES PAZ PERU PINHEIRO

PRENDAS PRESENTES PRESÉPIO RABANADAS REI RENAS SAPATINHO TRENÓ VACA

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PágINA FINAL

O prometido é devido. E é por isso mesmo que o(a) caro(a) colega tem

em mãos, e nos prazos devidos, este segundo exemplar da nossa e

vossa Revista “INDúSTRIA”.

Se por um lado, as coisas vão, a cada número, ficando mais fáceis – os

processos de trabalho vão-se afinando e automatizando – por outro lado,

os desafios por uma qualidade cada vez maior avolumam-se. Porque, os

elogios e as palavras de incentivo que recebemos aquando do primeiro

número fazem com que estejamos conscientes que precisaremos fazer

mais, muito mais, para que essa qualidade que todos queremos aumente

sempre.

Quero aqui fazer uma menção especial ao aniversário de alguém muito

especial para nós, no período coberto por este número. De facto, a Sr.ª

Ministra Bernarda Gonçalves completou mais uma risonha primavera

em vésperas da ExpoIndústria. Os expositores tiveram a gentileza de

cantar-lhe “Os Parabéns” na cerimónia de encerramento, o que deveras a

emocionou bastante. Convido também a todos os colegas que estejam a ler

estas linhas a juntar-se à direcção e redacção da Revista “INDúSTRIA” no

desejo de muitos e felizes anos de vida.

Este é também o último número deste ano, já que o próximo só sairá em

Março de 2015. Por isso, aproveitamos para apresentar a todos os colegas,

de Luanda e todas as Províncias, votos de Festas Felizes e Próspero Ano

Novo, na companhia da família e amigos.

Nós aqui estaremos preparando o próximo número que –

obrigatoriamente – terá que ser melhor que este que tem em mãos.

Não porque este não possua qualidade, longe disso. Mas sim porque

assumimos o compromisso permanente de cada número ser melhor que

o anterior e, ainda assim, não tão bom como o que se seguirá. Uma espiral

de qualidade em que o céu é o limite.

Boa leitura a todos e a todas as colegas e não só.

O Director da Revista

Dr. Ciel Cristóvão (Secretário Geral)

48 Revista da Indústria

“Este é também o último número deste ano, já que o próximo só sairá em Março de 2015. Por isso, aproveitamos para apresentar a todos os colegas, de Luanda e todas as Províncias, votos de Festas Felizes e Próspero Ano Novo, na companhia da família e amigos.”

E aqui estamos de novo!

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