176
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INORGÂNICA PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA BIODEGRADABILIDADE DE BLENDAS DE AMIDO/QUITOSANA/PVA Anida Maria Moraes Gomes Orientadora: Nágila Maria Pontes Silva Ricardo FORTALEZA-CE 2008

PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ... Gomes.pdf · ferramentas fundamentais para a transmissão de conhecimentos. Ao Professor José Marcos Sazaki e seus alunos Daniel

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Page 1: PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ... Gomes.pdf · ferramentas fundamentais para a transmissão de conhecimentos. Ao Professor José Marcos Sazaki e seus alunos Daniel

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INORGÂNICA

PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA

BIODEGRADABILIDADE DE BLENDAS DE

AMIDO/QUITOSANA/PVA

Anida Maria Moraes Gomes

Orientadora: Nágila Maria Pontes Silva Ricardo

FORTALEZA-CE

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INORGÂNICA

PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

DA BIODEGRADABILIDADE DE BLENDAS DE

AMIDO/QUITOSANA/PVA

Anida Maria Moraes Gomes

Tese apresentada junto à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Química Inorgânica, como requisito para obtenção do grau de Doutor em Química Inorgânica pela Universidade Federal do Ceará.

FORTALEZA-CE

2008

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G614p Gomes, Anida Maria Moraes

Preparação, caracterização e avaliação da biodegradabilidade de blendas de amido/quitosana/PVA/ Anida Maria Moraes Gomes.

175f, il. color. enc.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.

Área de Concentração: Polímeros Orientadora: Profa. Dra. Nágila Maria Pontes Silva Ricardo

1. Amido de jalapa 2. Embalagem 3. Biodegradável I.

Ricardo, Nágila Maria Pontes Silva (orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Pós-Graduação em Química inorgânica III. Título

CDD 546

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Esta Tese foi submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação

em Química Inorgânica, como parte dos requisitos necessários à obtenção do

grau de Doutor em Química Inorgânica, outorgado pela Universidade Federal

do Ceará.

A citação de qualquer trecho desta Tese é permitida, desde que seja

feita de conformidade com as normas de ética científica.

Tese Aprovada em 5 de maio de 2008

Anida Maria Moraes Gomes

BANCA EXAMINADORA

______

Profa. Dra. Nágila Maria Pontes Silva Ricardo

Orientadora

Profa. Dra. Cristina Tristão de Andrade

Instituto de Macromoléculas - UFRJ

______

Profa. Dra. Maria Izabel Gallão

Departamento de Biologia da UFC

____

Prof. Dr. Cláudio Ernani Mendes da Silva

Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFC

____

Profa. Dra. Sandra de Aguiar Soares

Departamento de Química Inorgânica da UFC

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Ao meu Pai Eterno e Soberano Deus, ao meu Rei e Salvador Jesus Cristo e ao meu amigo Espírito Santo, por ter me escolhido, amado, levantado e sustentado.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente em todos os momentos de minha vida, me

dando força, coragem e me mostrando o caminho certo. Toda a Honra e Glória

sejam para Ele!

Aos meus pais, Teresa e Antonio, por mesmo distantes, estarem sempre

presentes em cada momento de minha vida.

À professora Nágila Maria Pontes Silva Ricardo, pela orientação e acima

de tudo, pela amizade sincera.

Aos meus irmãos e sobrinhos, por cada um a seu modo, contribuírem

para que eu atingisse os meus objetivos.

Ao professor Cláudio Ernani Mendes da Silva, do Departamento de

Tecnologia de Alimentos da UFC, pela amizade e confiança de permitir a

realização da maioria dos experimentos em seu laboratório.

À professora Maria do Carmo pela atenção, amizade e humildade,

ferramentas fundamentais para a transmissão de conhecimentos.

Ao Professor José Marcos Sazaki e seus alunos Daniel e Eulivana

Livalter, do Laboratório de raio-x, do Departamento de Física, pela preciosa

ajuda nas análises de fluorescência de raios-x e difração de raio-x.

À professora Sandra de Aguiar Soares, do Departamento de Química

Inorgânica da UFC e ao Laboratório de Asfalto, do Departamento de

Engenharia de Transporte, pela preciosa ajuda nas análises de FTIR.

Às amigas Maria Elenir, Leônia e Ana Ellen do Laboratório de Polímeros,

pela amizade e ajuda em muitos momentos.

Ao Yarly e ao Flávio do laboratório LACAM do Departamento de

Engenharia Mecânica da UFC, pelas ajudas nas análises de INSTRON e MEV.

Ao prof. Willane Batista (Departamento de Tecnologia de Alimentos) e

ao prof. Sebastião, do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC, pela

ajuda na cessão da área para realização das análises de biodegradabilidade.

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Aos professores Almiro, Marcos Bezerra e Adunias Teixeira, do

Departamento de Engenharia Agrícola da UFC, pela preciosa ajuda na

realização das análises de biodegradabilidade.

Ao professor Rogério Germani (EMBRAPA-RJ), pela ajuda nas análises

de RVA.

Ao Laboratório de análises físico-químicas da EMBRAPA-CE pelas

análises de cor.

A Profa. Izabel Gallão do Departamento de Biologia pela ajuda nas

análises de microscopia de luz simples e polarizada.

A Coordenação de Química Inorgânica, especialmente ao Prof. Luiz de

França Lopes, pela atenção e boa vontade e ao Orlando, secretário, pela boa

vontade e amizade.

A Teresa Lima do laboratório de termo análise pela ajuda nas análises

de DSC.

À Rejane Albuquerque pela ajuda em muitos momentos importantes e

pelas horas divertidas no laboratório.

Às amigas Tatiana de Oliveira Lemos e Germânia Bezerra, pela

convivência de profundo respeito, cumplicidade e amizade sincera.

À Paloma Lima, minha fiel escudeira, pela imensurável dedicação e

contribuição a este trabalho (só o Senhor pra te recompensar!) e pela amizade

fraternal e sincera.

À Francisca Maria Martins Pereira (minha irmã) pela presença constante

e apoio nos momentos difíceis e pela amizade fraternal e sincera.

À FUNCAP, pelo auxílio financeiro que viabilizou a realização deste

trabalho.

A todas as pessoas boas desta instituição, que de alguma forma

contribuíram para a realização deste trabalho.

A todos os irmãos e amigos que sempre oraram e intercederam pela

minha vida.

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“O Senhor é meu Pastor e nada me faltará”. Salmo: 23:1

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LISTA DE TABELAS

p.

TABELA 1 Destino dos resíduos sólidos urbanos........................................... 24

TABELA 2 Composição centesimal dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa

e feijão verde...........................................................................

76

TABELA 3 Efeitos da temperatura na solubilidade dos amidos........................ 82

TABELA 4 Efeito da temperatura no poder de inchamento dos amidos............. 82

TABELA 5 Propriedades de pasta das amostras de amido.............................. 84

TABELA 6 Temperaturas de gelatinização e ΔH dos amidos de inhame, jalapa,

cará chinesa e feijão verde........................................................

86

TABELA 7 Permeabilidade ao vapor d’água dos filmes de amido CH, PVA e das

blendas CH/PVA e com 20% de amido.........................................

92

TABELA 8 Permeabilidade ao vapor d’água das blendas de amido de feijão

verde/CH/PVA...........................................................................

93

TABELA 9 Atribuições das principais bandas do espectro de infravermelho dos

filmes de amido, quitosana (CH), PVA e CH/PVA............................

109

TABELA 10 Atribuições das principais bandas do espectro de infravermelho das

blendas de amido com quitosana e PVA intactas e biodegradadas.....

123

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LISTA DE FIGURAS

p.

FIGURA 1 Tubérculo de inhame (Dioscorea alata)............................................. 19

FIGURA 2 Rizomas de cará chinesa (Colocasia esculenta (L.) Schott).................. 20

FIGURA 3 Grãos de Feijão verde (Vigna unguiculata (L.) Walp.).......................... 21

FIGURA 4 Estrutura da amilose...................................................................... 34

FIGURA 5 Estrutura ramificada da amilopectina................................................ 35

FIGURA 6 Esquema representando a estrutura do grânulo de amido (Jenkins e

Donald, 1995)...............................................................................

38

FIGURA 7 Padrões de difração de raios-x de amidos tipo A (I) e tipo B (II),

mostrando os anéis (linhas) de difração............................................

40

FIGURA 8 Estrutura da quitina....................................................................... 43

FIGURA 9 Estrutura da celulose...................................................................... 43

FIGURA 10 Estrutura da quitosana................................................................... 43

FIGURA 11 Representação da possível formação de pontes de hidrogênio entre o

amido e o PVA na blenda (Siddaramaiah et al., 2004).........................

55

FIGURA 12 Parâmetros observados nos gráficos obtidos no visco-analizador rápido

(RVA)...........................................................................................

67

FIGURA 13 Representação do sistema utilizado na determinação de

permeabilidade ao vapor d’água......................................................

72

FIGURA 14 Esquema de colocação dos filmes. (a) no local especifico para cada dia;

(b) ordem de colocação, de acordo com o tipo e proporção de amido....

74

FIGURA 15 Microscopia de luz simples e polarizada dos amidos de inhame (A),

jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) (Barra= 50μm)..............

77

FIGURA 16 Microscopia eletrônica de varredura dos amidos de inhame (A), jalapa

(B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) (aumento de 2000x)...............

78

FIGURA 17 Difratogramas de raios-x dos pós de amidos de inhame, jalapa, cará,

chinesa e feijão verde.....................................................................

79

FIGURA 18 Cristalinidade relativa (CR) dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa

e feijão verde................................................................................

80

FIGURA 19 Viscoamilogramas dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa e feijão

verde...........................................................................................

85

FIGURA 20 Termograma dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa e feijão verde 87

FIGURA 21 Filmes de amido puro e blendas com quitosana e PVA......................... 88

FIGURA 22 Filmes de PVA, quitosana, PEBD e da blenda CH:PVA (1:1).................. 89

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FIGURA 23 Valor de L* (a), a* (b), b* (c) dos filmes das blendas de amido de

inhame (A), Jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) com

quitosana e PVA............................................................................

89

FIGURA 24 Solubilidade em água das blendas de amido de inhame (A), Jalapa (B),

cará chinesa (C) e feijão verde(F) com quitosana e PVA......................

91

FIGURA 25 Difratogramas de raios-x dos filmes de amido puro............................ 94

FIGURA 26 Difratogramas de raios-x da quitosana, PVA e da blenda CH/PVA

(1:1)............................................................................................

95

FIGURA 27 Difratogramas de raios-x das blendas dos amidos de inhame (a) e

Jalapa (b) com quitosana e PVA em várias concentrações....................

97

FIGURA 28 Difratogramas de raios-x das blendas dos amidos de cará chinesa (a) e

feijão verde (b) com quitosana e PVA em várias concentrações............

98

FIGURA 29 Cristalinidade relativa (CR) das blendas de amido de inhame (A),

jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) com quitosana e PVA.....

99

FIGURA 30 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para os amidos puros....... 100

FIGURA 31 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para os filmes de

quitosana, PVA e blenda CH/PVA (1:1).............................................

101

FIGURA 32 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com 80%

de amido......................................................................................

103

FIGURA 33 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com 60%

de amido......................................................................................

104

FIGURA 34 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com 40%

de amido......................................................................................

104

FIGURA 35 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com 20%

de amido......................................................................................

105

FIGURA 36 Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para os filmes de PVA e

PEBD...........................................................................................

105

FIGURA 37 Espectro de infravermelho usando acessório ATR (FTIR-ATR) dos filmes

de amido puro na faixa de 1800 a 650 cm-1.......................................

106

FIGURA 38 Espectro de Infravermelho (FTIR-ATR) da quitosana, PVA e da blenda

CH:PVA (1:1) na faixa de 1800 a 650 cm-1........................................

108

FIGURA 39 Espectro de infravermelho usando acessório ATR (FTIR-ATR) das

blendas de amido inhame (a) e jalapa (b) com quitosana e PVA na

faixa de 1800 a 650 cm-1................................................................

111

FIGURA 40 Espectro de infravermelho usando acessório ATR (FTIR-ATR) das

blendas de amido de cará chinesa (a) e feijão verde (b) com quitosana

e PVA na faixa de 1800 a 650 cm-1...................................................

112

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FIGURA 41 Variação da umidade do solo durante o teste de biodegradação........... 113

FIGURA 42 Aspecto do solo durante a retirada das amostras com 14 dias.............. 113

FIGURA 43 Variação do pH do solo durante o teste de biodegradação................... 114

FIGURA 44 Filmes de amido degradados........................................................... 115

FIGURA 45 Difratogramas de raios-x das blendas F811 (a) e F622 (b) submetida à

biodegradação no solo....................................................................

118

FIGURA 46 Difratogramas de raios-x das blendas F433 (a) e 244 (b) submetida à

biodegradação no solo....................................................................

119

FIGURA 47 Termogramas das blendas de amido de feijão verde/quitosana/PVA

com (a) 80%, (b) 40% e (c) 20% de amido......................................

121

FIGURA 48 Espectros na região de infravermelho dos filmes de PEBD (a) e PVA (b)

submetidos à degradação no solo.....................................................

125

FIGURA 49 Espectros na região de infravermelho das blendas A433 (a) e B433 (b)

submetidas à degradação no solo.....................................................

126

FIGURA 50 Espectros na região de infravermelho da blenda C433 (a) e F433 (b)

submetidas à degradação no solo.....................................................

127

FIGURA 51 Espectros na região de infravermelho da blenda A244 (a) e B244 (b)

submetidas à degradação no solo.....................................................

128

FIGURA 52 Espectros na região de infravermelho da blenda C244 (a) F244 (b)

submetida à degradação no solo......................................................

129

FIGURA 53 Taxa de biodegradabilidade do filme de feijão verde 100% e da blenda

com 80% de amido........................................................................

130

FIGURA 54 Taxa de biodegradabilidade das blendas com 60% de amido................ 130

FIGURA 55 Taxa de biodegradabilidade das blendas com 40% de amido................ 131

FIGURA 56 Taxa de biodegradabilidade das blendas com 20% de amido................ 132

FIGURA 57 Taxa de biodegradação dos filmes de PVA e PEBD medida por FTIR-ATR

na faixa de 1800 a 650 cm-1............................................................

133

FIGURA 58 Taxa de biodegradação das blendas com 40% de amido, medida por

FTIR-ATR na faixa de 1800 a 650 cm-1..............................................

133

FIGURA 59 Taxa de biodegradação das blendas com 20% de amido, medida por

FTIR-ATR na faixa de 1800 a 650 cm-1..............................................

134

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SUMÁRIO

p.

LISTA DE TABELAS.................................................................... 8

LISTA DE FIGURAS.................................................................... 9

1 INTRODUÇÃO............................................................................ 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................... 24

2.1 Plásticos biodegradáveis........................................................... 24

2.1.1 Biodegradação............................................................................. 25

2.1.1.1 O mecanismo da biodegradação..................................................... 26

2.1.1.2 Métodos de detecção da biodegradabilidade..................................... 27

2.2 Biofilmes (filmes poliméricos naturais)..................................... 29

2.2.1 Propriedades de filmes poliméricos................................................. 30

2.2.1.1 Propriedades mecânicas............................................................... 30

2.2.1.2 Propriedades de barreira............................................................... 31

2.2.1.2.1 Barreira ao vapor de água............................................................. 31

2.2.1.3 Solubilidade em água................................................................... 32

2.2.1.4 Propriedades óticas...................................................................... 32

2.3 Polímeros usados na elaboração de plásticos biodegradáveis... 33

2.3.1 O amido..................................................................................... 33

2.3.1.1 A estrutura do grânulo de amido.................................................... 33

2.3.1.2 Amilose...................................................................................... 34

2.3.1.3 Amilopectina............................................................................... 35

2.3.1.4 Organização interna do grânulo..................................................... 37

2.3.1.5 Biofilmes de amido...................................................................... 40

2.3.2 A quitosana................................................................................. 42

2.3.3 Poli (álcool vinílico) (PVA)............................................................. 45

2.4 Estratégias para melhorar as propriedades dos biofilmes......... 48

2.4.1 Plastificantes............................................................................... 48

2.4.2 Reticulação................................................................................. 49

2.4.2.1 Tratamento físico......................................................................... 49

2.4.2.2 Tratamento químico..................................................................... 50

2.4.2.3 Blendas..................................................................................... 52

2.4.2.3.1 Blendas de Quitosana/PVA (CH/PVA).............................................. 52

2.4.2.3.2 Blendas de amido/PVA................................................................. 54

2.5 Aplicação dos polímeros biodegradáveis................................... 57

2.5.1 Embalagens................................................................................ 57

2.5.2 Aplicações médicas...................................................................... 60

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2.5.2.1 Implantes re-absorvíveis............................................................... 60

2.5.2.2 Liberação controlada de fármacos.................................................. 60

2.5.3 Outras áreas de aplicação............................................................. 62

3 OBJETIVOS............................................................................... 63

3.1 Gerais....................................................................................... 63

3.2 Específicos................................................................................ 63

4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................ 64

4.1 Reagentes e soluções............................................................... 64

4.1.1 Preparo da solução de quitosana 1%............................................. 64

4.1.2 Preparo da solução de PVA 1%...................................................... 64

4.2 Matéria-prima........................................................................... 64

4.2.1 Isolamento e purificação da matéria-prima...................................... 64

4.3 Caracterização físico-química dos amidos................................. 65

4.3.1 Umidade. ................................................................................... 65

4.3.2 Cinzas. ...................................................................................... 65

4.3.3 Lipídios....................................................................................... 66

4.3.4 Proteínas.................................................................................... 66

4.3.5 Teor de amido............................................................................. 66

4.3.6 Acidez titulável........................................................................... 66

4.3.7 Teor de amilose........................................................................... 66

4.3.8 Poder de inchamento e solubilidade............................................... 66

4.3.9 Características de pasta (viscosidade aparente)............................... 67

4.3.10 Difração de Raios-X...................................................................... 68

4.3.11 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)...................................... 68

4.3.12 Microscopia de luz simples e polarizada........................................... 68

4.3.13 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)...................................... 69

4.4 Obtenção dos filmes (Blendas)................................................. 69

4.4.1 Preparo das blendas..................................................................... 69

4.4.1.1 Notação das blendas de amido:quitosana:PVA................................ 69

4.5 Caracterização físico-química dos filmes (Blendas)................... 69

4.5.1 Espessura dos filmes.................................................................... 69

4.5.2 Cor dos filmes............................................................................. 70

4.5.3 Solubilidade em água................................................................... 70

4.5.4 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)...................................... 70

4.5.5 Espectroscopia de infravermelho com acessório ATR (FTIR-ATR)........ 70

4.5.6 Difração de Raios-x...................................................................... 71

4.5.6.1 Cristalinidade relativa (CR)............................................................ 71

4.5.7 Propriedades mecânicas (teste de tensão/tração)............................. 71

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4.5.8 Propriedades de barreira............................................................... 72

4.5.8.1 Permeabilidade ao vapor d água.................................................... 72

4.6 Estudo da biodegradabilidade dos filmes.................................. 73

4.6.1 Preparo do solo........................................................................... 73

4.6.1.1 Umidade do solo......................................................................... 73

4.6.1.2 pH do solo.................................................................................. 73

4.6.2 Colocação e retirada das amostras no solo..................................... 73

4.6.3 Taxa de biodegradação das amostras............................................. 74

4.6.3.1 Perda de peso............................................................................. 74

4.6.3.2 Espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR)................................... 74

4.7 Análise estatística dos resultados............................................. 74

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................... 75

5.1 Caracterização físico-química e reológica dos amidos............... 75

5.1.1 Composição centesimal dos amidos................................................ 75

5.1.2 Microscopia de luz simples e polarizada.......................................... 77

5.1.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)...................................... 78

5.1.4 Difração de Raios-X e cristalinidade relativa..................................... 79

5.1.5 Poder de inchamento e solubilidade................................................ 81

5.1.6 Características de pasta (viscosidade aparente)............................... 83

5.1.7 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)...................................... 85

5.2 Caracterização físico-química dos filmes (blendas)................. 87

5.2.1 Espessura dos filmes.................................................................... 87

5.2.2 Aparência dos filmes.................................................................... 87

5.2.3 Análise de cor............................................................................. 89

5.2.4 Solubilidade em água................................................................... 90

5.2.5 Permeabilidade ao vapor d’ água.................................................... 92

5.2.6 Difração de Raios-X...................................................................... 94

5.2.6.1 Dos filmes de amido puro.............................................................. 94

5.2.6.2 Das blendas de amido/quitosana/PVA............................................. 95

5.2.6.3 Cristalinidade relativa das blendas................................................. 99

5.2.7 Propriedades mecânicas (Teste tensão/tração)................................. 100

5.2.8 Espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR)................................... 106

5.2.8.1 FTIR dos filmes de amido puro....................................................... 106

5.2.8.2 FTIR dos filmes de PVA, quitosana, CH:PVA(1:1) e das blendas com

variação de amido........................................................................

107

5.3 Estudo da biodegradabilidade dos filmes.................................. 113

5.3.1 Caracterização físico-química do solo.............................................. 113

5.3.1.1 Umidade do solo.......................................................................... 113

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5.3.1.2 pH do solo.................................................................................. 114

5.3.2 Caracterização físico-química dos filmes biodegradados..................... 114

5.3.2.1 Aparência dos filmes biodegradados............................................... 114

5.3.2.2 Difração de Raios-X...................................................................... 117

5.3.2.3 Calorimetria exploratória diferencial............................................... 120

5.3.2.4 Espectroscopia de Infravermelho (FTIR-ATR) das blendas de

amido/quitosana/PVA biodegradadas..............................................

122

5.3.2.5 Taxa de biodegradação................................................................. 130

5.3.2.5.1 Por análise de perda de peso......................................................... 130

5.3.2.5.2 Por espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR).............................. 132

6 CONCLUSÕES............................................................................ 136

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................. 138

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 139

ANEXOS.................................................................................... 168

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RESUMO

Os objetivos deste trabalho foram desenvolver, caracterizar físico-química e

reologicamente blendas de amido de inhame (Dioscorea esculenta L.), jalapa

(Operculina tuberosa Meisn.), cará chinesa (Colocassia esculenta L.) e feijão

verde (Vigna unguiculata (L.) Walp.) com quitosana e PVA e avaliar sua

biodegradação no solo. As propriedades mecânicas dos amidos variaram entre

si, indicando uma organização molecular diferente entre eles. Os filmes de

amido de feijão foram os mais extensíveis e resistentes, enquanto os de cará

chinesa foram os mais frágeis e quebradiços. A adição de PVA e quitosana na

mesma proporção melhorou as características das blendas, principalmente

quando o teor de amido foi baixo. As análises de FT-IR revelaram certa

interação entre os três componentes o que pode ser verificado com as

melhorias nas propriedades mecânicas do material. A solubilidade em água e a

permeabilidade ao vapor d’água foram melhoradas pela adição de quitosana e

PVA . As características apresentadas pelos filmes mostraram que do ponto de

vista tecnológico apresentaram desempenho inferiores aos filmes comerciais

(PEBD) e inadequados para embalagem de produtos úmidos, mas podem ser

úteis em outras aplicações. Entretanto do ponto de vista ecológico, estes

materiais mostraram-se muito superiores aos filmes sintéticos, pois

degradaram rapidamente no solo. As blendas apresentaram potencial para

serem usados em aplicações médicas como curativos e na liberação controlada

de fármacos, porém necessita-se de mais estudos para melhorias dessas

características. Os amidos de jalapa e feijão verde apresentaram desempenho

similar ou superior as do inhame, colocando-se como alternativa na

elaboração de biofilmes de amido.

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SUMMARY

The objectives of this work were to develop, characterize physico-chemical

and rheologicaly blend films of yam (Dioscorea esculenta L.), jalapa

(Operculina tuberosa Meisn.), taro (Colocassia esculenta L.) and cowpea

(Vigna unguiculata (L.) Walp.) starches with chitosan and poly(vinyl alcohol)

(PVA) and to evaluate its biodegradation in the soil. The mechanical properties

of the starches varied to each other, indicating a different molecular

organization among them. The films of bean starch were the most expandable

and resistant, while the ones of chinese yam were the most fragile and brittle.

The analyses of FT-IR revealed certain interaction among the three

components which can be verified by the improvements in the mechanical

properties, solubility in water and the water vapor permeability of blends. The

characteristics presented by the blend films showed that from the

technological point of view they were inferior to the commercial films (LDPE)

and inadequate for packing of humid products, but they can be useful in

another applications. However from the ecological point of view, these

materials were better than the synthetic films, because they were quickly

degraded in the soil. The blends presented potential to be used in medical

applications as wound healing in drug delivery, however is needed more

studies for improvements of those characteristics. The jalapa and cowpea

starches showed similar or superior characteristics to the yam, what place

them as alternative in the elaboration of starch biofilms.

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1 INTRODUÇÃO

Os polímeros sintéticos têm sido muito importantes desde o seu

desenvolvimento durante a Segunda Guerra Mundial (Mestriner, 2007). Isto

levou ao aparecimento dos primeiros plásticos de importância comercial nos

anos quarenta. A área de embalagens foi revolucionada pelos polímeros

derivados do petróleo (olefinas) como polietileno (PE), polipropileno (PP),

poliestireno (PS), poli (tereftalato de etileno) (PET) e poli (cloreto de vinila)

(PVC). Estes polímeros encontraram rápida aceitação em diferentes tipos de

embalagem, em função de suas atraentes propriedades, como flexibilidade,

dureza, processabilidade, baixo custo e menor densidade (Robertson, 1993).

Porém, estes produtos tornaram-se um dos principais problemas ambientais

da atualidade, visto que são extremamente estáveis e permanecem intactos

por longos anos (Shimao, 2001).

Atualmente a poluição ambiental e os problemas gerados por ela têm

sido abordados com grande ênfase. Os resíduos plásticos representam uma

parte significativa do volume de resíduos em aterros sanitários e representam

um sério problema ambiental, pois grande parte deste material não é

biodegradável e dificilmente são reciclados. Aproximadamente 140 milhões de

toneladas de plásticos são produzidos anualmente em todo mundo (Shimao,

2001). Segundo dados estatísticos, só no Brasil, são despejados de 240 a 300

mil toneladas diárias de resíduos urbanos no meio ambiente (Sotero, 2007),

dos quais 100 mil toneladas são resíduos domésticos, na sua maioria

embalagens plásticas, conforme a estimativa do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2007).

A situação atual dos resíduos sólidos no Brasil é crítica, principalmente

nos municípios do interior. De acordo com o censo do IBGE de 2000, 79% da

população das grandes metrópoles ou capitais do país têm o lixo coletado pela

limpeza pública, o restante (72%) é queimado ou jogado em aterros a céu

aberto, sem controle da poluição (IBGE, 2007).

Nas duas últimas décadas tem surgido um interesse particular na

obtenção de materiais biodegradáveis com o objetivo de resolver os problemas

ambientais ocasionados pelo acúmulo de plásticos sintéticos. Dentro deste

panorama a substituição gradual de plásticos derivados de petróleo por

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materiais biodegradáveis, passa a ser uma solução para diminuir o volume

desses resíduos.

Os polissacarídeos são polímeros naturais que tanto agem como

depósito de energia nas plantas (amido) e animais (glicogênio), como exercem

funções estruturais na parede celular de plantas (celulose, pectina) ou no

exoesqueleto de insetos e crustáceos (quitina) (Nelson e Cox, 2000).

Atualmente, os principais polissacarídeos de interesse são a celulose, os

amidos, as gomas e a quitosana (Garcia et al., 2004).

As fontes comerciais de amido mais importantes são os grãos de

cereais, apresentando de 40 a 90 % do peso seco constituído por amido, os

grãos de leguminosas, com 30 a 70% e as tuberosas, contendo de 65 a 85%

(Franco et al., 2001). Dentre os amidos mais empregados comercialmente

estão os de milho, batata, arroz, trigo e mandioca, porém outras fontes de

amido também vêm se destacando nestas aplicações. Dentre estes pode-se

destacar o cará e o inhame

O inhame (Dioscorea alata L.) é constituído por aproximadamente 20%

de amido (Figura 1), é uma raiz tropical sensível à desidratação e ao

resfriamento e rico em carboidratos e vitaminas do complexo B (Araújo,

1982). É o terceiro tubérculo mais cultivado no mundo após a mandioca

(Manihot esculenta) e a batata doce (Ipomoea batatas). De acordo com a FAO,

no ano de 2004, cultivaram-se 4.406.000 hectares de inhame, obtendo-se

uma produção de 40.655.000 toneladas, apresentando uma produtividade de

9,2 toneladas por hectare, representando 5,6% da produção total das

principais espécies tuberosas cultivadas no mundo (FAO, 2004).

Figura 1: Tubérculo de inhame (Dioscorea alata L.)

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O inhame destaca-se pelo seu alto teor de amilose (~30%),

configurando-se como uma alternativa interessante para a confecção de filmes

e revestimentos biodegradáveis e/ou comestíveis (Mali e Grossmann, 2003).

O cará chinesa (Colocasia esculenta (L.) Schott) é um tubérculo

pequeno da família das Aráceaes, e seu rizoma tem forma arredondada, é

peludo e de ponta afilada. Apresenta alto teor de açúcar, é rico em

carboidratos, sendo uma excelente fonte energética, além de ser rico em

proteínas e vitaminas do complexo B e sais minerais como cálcio, fósforo e

ferro.

Também conhecida como taro, coco-yam e dasheen, o cará chinesa

(Figura 2) é utilizado na indústria e dieta alimentar de muitos países tropicais,

por ser de fácil digestibilidade, ser rico em amido, ter grande produção por

unidade de área, ser pouco exigente em gastos com mão-de-obra e insumos e

por ser de fácil conservação (Abramo,1990).

Figura 2: Rizomas de cará chinesa (Colocasia esculenta (L.) Schott)

A jalapa (Operculina tuberosa Meisn.) é uma trepadeira pertencente a

família das Convolvulaceaes comum no Nordeste brasileiro. É popularmente

conhecida como batata-de-purga ou jalapa, e é amplamente utilizada pela

população devido à sua atividade laxante, purgativa, ‘depurativa’ contra

moléstias da pele e no tratamento da leucorréia (Martins et al., 2000; Michelin

e Salgado, 2004). Essa espécie é encontrada abundantemente no norte do

Maranhão, onde pode ser coletada nos meses de maio a junho.

O feijão verde (Vigna unguiculata (L.) Walp.) (Figura 3) também

conhecido como feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão-macassar é uma

excelente fonte de proteínas (23-25% em média) e apresenta todos os

aminoácidos essenciais, carboidratos (62%, em média), vitaminas e minerais,

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além de possuir grande quantidade de fibras dietéticas, baixo teor de gordura

e não conter colesterol.

A área ocupada com feijão-caupi, no mundo, está em torno de 12,5

milhões de ha, com 8 milhões (64% da área mundial) na parte oeste e central

da África (Quin, 1997). No Brasil, o feijão-caupi é cultivado

predominantemente no sertão semi-árido da região Nordeste e em pequenas

áreas na Amazônia. Representa 95% a 100% do total das áreas plantadas

com feijão-caupi nos estados do Amazonas, Maranhão, Ceará, Piauí e Rio

Grande do Norte (Maia, 1996).

Figura 3: Grãos de Feijão verde (Vigna unguiculata (L.) Walp.)

O amido é usado tanto em aplicações alimentícias quanto para outros

fins industriais. Do total de amido produzido no mundo, as aplicações

alimentícias correspondem a 55% e as não alimentícias 45%. Há mais de 50

anos atrás os amidos foram primeiramente usados como filmes comestíveis ou

revestimentos (Wolff et al., 1951; Langlois e Wagoner, 1967). Muitas

pesquisas têm enfatizado o uso do amido como bioplástico (Van Soest e

Essers, 1997; Della Valle et al., 1998; Hulleman et al., 1998; Forssell et al.,

1999).

A quitosana é um polissacarídeo N-desacetilado derivado da quitina

que tem as mesmas unidades estruturais β-(1→4)-D-glucopiranose da

celulose, onde a hidroxila no carbono 2 é substituída por um grupo acetamida.

Tem sido alvo de diversos estudos devido às suas excelentes propriedades

como bioatividade, biocompatibilidade, biodegradabilidade, adsorção e

complexação. Estas excelentes características, aliadas à sua capacidade de ser

“moldada” para adquirir diferentes formas (filmes e esferas), fazem dela um

material passível de ser utilizado nas mais diversas áreas como o meio

ambiente, a agricultura e a medicina. A quitosana por ser um polissacarídeo

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biodegradável tem também atraído atenção de muitos pesquisadores acerca

de suas múltiplas aplicações (Kumar, 2000; Francis e Matthew, 2002;

Ishihara, 2002). Sabe-se que suas propriedades hidrofóbicas e mecânicas

podem ser modificadas e melhoradas através de blendas com PEG e PVA,

poliamidas, ácido poli (acrílico), gelatina, amido e celulose (Lee et al., 1999;

Arvanitoyannis et al., 1997; Hasegawa et al., 1994; Zhai et al., 2004).

Sabe-se que a quitosana acelera a cicatrização de feridas em seres

humanos (Cho et al., 1999), pois confere considerável atividade antifúngica e

antibacteriana contra um amplo espectro de microrganismos (Li et al, 2002;

Liu et al., 2001).

O poli (álcool vinílico) (PVA) é um polímero biodegradável e hidrofílico,

composto principalmente por ligações C-C (Zhang et al., 2004). Sua

solubilidade em água está relacionada com seu grau de hidrólise, peso

molecular e modificações proporcionadas pela mistura com outros

componentes (Alexy et al., 2003) e é máxima quando o grau de hidrólise é de

88% (Coffin et al., 1996).

Todos estes biopolímeros são por natureza, hidrofílicos, têm baixa

extensibilidade e resistência mecânica (com exceção do PVA) e são

semicristalinos, fatores que causam problemas, especialmente em relação à

embalagem de produtos úmidos. Por outro lado, estes polímeros produzem

materiais com excelentes barreiras a gases (Krochta e Mulder-Johnston,

1997). Existem várias maneiras de melhorar o desempenho mecânico e dessa

forma ampliar sua gama de aplicações. As principais são: uso de plastificantes

(glicerol), o intercruzamento ou reticulação com formaldeído (Hernandez-

Muñoz et al., 2004) ou glutaraldeído (Orliac et al., 2002), radiação gama

(Ciesla et al., 2004) e UV (Micard et al., 2000), reforço com fibras naturais

(Espert, 2005) e o mais utilizado de todos que é a utilização de blendas.

Esforços para superar deficiências mecânicas do amido incluem

também misturá-lo com outros polímeros, como polietileno (Agamuthu e

Faizura, 2005), polihidroxialconatos, ácido polilático, proteína (Reis e Cunha,

1995), pectina, quitosana e poli (álcool vinílico) (PVA) (Lawton e Fanta, 1994).

Essas blendas têm recentemente mostrado grande potencial no mercado em

filmes para agricultura (mulchings), sacolas para lixo e compostagem,

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embalagem para alimentos, na indústria de fast food, bem como no campo

biomédico (Ishihara, 2002; Marques et al., 2002).

O Brasil é um dos maiores produtores de amido e possui uma

variedade imensa de espécies, muitas ainda a serem exploradas. Por ser um

país costeiro também possui uma disponibilidade de matéria prima para

obtenção da quitosana.

Vários trabalhos relatam a interação da quitosana em blendas com o

amido ou PVA e entre amido e PVA. Com base nestas características,

procuramos neste trabalho juntar as ótimas propriedades mecânicas do PVA,

as propriedades antimicrobianas da quitosana e o baixo custo, a diversidade e

a biodegradabilidade do amido para elaboração de uma blenda que conserve

estas características e possa ser utilizada não apenas como embalagem, mas

em aplicações biomédicas, como curativos.

Dessa forma, intencionamos mostrar que amidos de raízes e

leguminosas, como o feijão, têm potencial para serem utilizados como matéria

prima na elaboração de biofilmes. Esperamos com este trabalho contribuir

para o incentivo de novas pesquisas na área e ampliar o campo de aplicações

destas blendas, viabilizando a substituição de resinas sintéticas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Plásticos biodegradáveis

A importância de reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte

inadequado de plásticos no ambiente é um assunto de interesse mundial. Da

Róz (2003) ressalta que a solução em curtíssimo prazo é a reciclagem do

produto, enquanto a solução a médio prazo é o uso de plástico foto-

degradável e a solução a longo prazo é o uso de plástico biodegradável. No

Brasil, são descartadas mais de 100 mil toneladas por ano de resíduos sólidos

e os polímeros representam quase 10% deste total (Da Róz, 2003; IBGE,

2007).

A Tabela abaixo mostra o destino dos resíduos sólidos em vários países

desenvolvidos e subdesenvolvidos. Nela se pode observar que ainda hoje o

destino do lixo na maioria dos países é o aterro ou os lixões (Pradella, 2006).

Tabela 1: Destino dos resíduos sólidos urbanos

País Aterros (%)

Incineração c/ recuperação de

energia

Compostagem (%)

Reciclagem (%)

Brasil 90% (aterros

ou lixões) -

1,5% 8,0%

México 97,6% (aterros

ou lixões) -

- 2,4%

Estados Unidos

55,4% 15,5% 29,1%

compostagem + -

Alemanha 50% 30% 5,0% 15,0%

França 48% 40% 12%

compostagem + -

Suécia 40% 52% 5% 3,0% Austrália 80% Menos de 1% Insignificante 20%

Israel 87% - - 13%

Grécia 95% (aterros

ou lixões) - - 5%

Itália 80% 7% 10% 3% Reino Unido 83% 8% 1% 8%

Holanda 12% 42% 7% 39% Suíça 13% 45% 11% 31%

Dinamarca 11% 58% 2% 29%

Fontes: Cempre/Tetra Pak Américas/EPA/Nolan - ITU Pty (2002)

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2.1.1 Biodegradação

As definições de biodegradação não são claras. Vários autores no

mundo, bem como entidades normatizadoras, têm se preocupado em definir

plástico biodegradável (Rosa e Filho, 2003).

Deve-se claramente distinguir entre degradação e biodegradação.

Degradação é um processo irreversível, que leva a uma alteração significante

na estrutura do material, sendo caracterizada tipicamente pela alteração nas

suas propriedades (integridade, peso molecular, estrutura e força mecânica)

e/ou pela sua fragmentação (Van der Zee, 1997 apud Grima et al., 2000;

Innocentini-Mei e Mariaini, 2005).

O termo biodegradação, na área de biomateriais pressupõe a

degradação por hidrólise. Por outro lado, para plásticos biodegradáveis, o

termo significa fragmentação, perda das propriedades mecânicas ou

degradação pela ação de organismos vivos (Iman e Gould, 1990; Van der Zee,

1997 apud Grima et al., 2000). Uma definição geral que exclui outros tipos de

degradação diz que: “biodegradação é a transformação e deterioração de

polímeros somente pela ação de microrganismos vivos (inclusive

microrganismos e/ou enzimas excretadas por este)” (Casarin, 2004).

Segundo a ASTM-D-883, polímeros biodegradáveis são polímeros

degradáveis nos quais a degradação resulta primariamente da ação de

microorganismos tais como bactérias, fungos e algas de ocorrência natural.

Em geral, derivam desse processo CO2, CH4, componentes celulares

microbianos e outros produtos (ASTM, 2001).

A definição de biodegradação deve incluir não apenas o grau de

biodegradação, mas também o impacto dos subprodutos (derivados) do

polímero ao ambiente.

Os polímeros podem se degradar por cinco mecanismos de interação

(Decriaud-Calmon et al, 1998):

Fotodegradação pela luz natural;

Oxidação por aditivos químicos;

Degradação térmica pelo calor;

Mecanismos de degradação por efeitos naturais;

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• Biodegradação por microrganismos.

Para os polímeros sintéticos a degradação acontece por dois

mecanismos bastante distintos que dependem da natureza do polímero e das

condições ambientais, e estas são: hidrólise pelos abióticos seguido por

assimilação. Outro mecanismo é a peroxidação seguido por bio-assimilação e

se aplica a polímeros de cadeia carbônica. Os produtos da peroxidação são

ácidos carboxílicos e álcool (Scott, 2000). A oxidação dos polímeros depende

de sua estrutura química e morfologia. A capacidade de oxidação das

poliolefinas depende do número de átomos de carbono terciários na cadeia,

assim a ordem de capacidade de oxidação é polipropileno (PP), polietileno de

baixa densidade (PEBD) e polietileno de alta densidade (PEAD). Porém, como

PEAD e PP têm um grau mais alto de cristalinidade que PEBD, eles sofrem

cristalização química e enfraquecimento mais rapidamente (Scott e Gilead,

1995).

2.1.1.1 O mecanismo da biodegradação

A biodegradação é uma degradação catalisada por microrganismos,

levando a formação de dióxido de carbono, água e nova biomassa. Pode

ocorrer em dois ambientes diferentes: aeróbico (oxigênio disponível) e

anaeróbico (nenhum oxigênio presente). Esses dois ambientes são

subdivididos em aquáticos e sólidos. Assim existem quatro ambientes

diferentes. O caso mais comumente estudado é a biodegradação no estado

sólido com condições aeróbicas (Grima et al., 2000).

O processo químico pode ser resumido pelas seguintes equações

(Grima et al., 2000; Scott, 2000):

Condições aeróbicas:

Cpolímero + O2 → CO2 + H2O + Cresíduo + Cbiomassa + sais

Condições anaeróbicas:

Cpolímero → CO2 + CH4 + N2 + H2 + H2O + Cresíduo + Cbiomassa + sais

A degradação de um polímero depende da natureza do mesmo e das

condições ambientais, as quais podem variar desde a exposição a fatores

abióticos (sol, calor, umidade) até a assimilação por um microorganismo vivo

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(bactérias e fungos). A degradação completa é alcançada em duas etapas

(Grima et al., 2000; Innocentini-Mei e Mariani, 2005):

• Despolimerização ou fragmentação

Durante esta fase a área de contato entre o polímero e os

microrganismos aumenta. Então a decomposição das macromoléculas em

cadeias mais curtas ocorre. Essa etapa normalmente ocorre fora do organismo

(extracelular) devido ao tamanho da cadeia polimérica e da natureza insolúvel

de alguns polímeros. As enzimas extracelulares são responsáveis pela quebra

da cadeia polimérica. As enzimas envolvidas nesta etapa são tanto endo

(quebra aleatória nas ligações internas das cadeias do polímero) ou exo

enzimas (quebra seqüencial nas unidades monoméricas terminais na cadeia

principal) (Kaplan et al., 1993; Van der Zee, 1997).

• Mineralização

A segunda etapa corresponde a mineralização. Uma vez que os

monômeros de tamanhos suficientemente pequenos são formados, estes são

transportados em células onde são bioassimilados por microorganismos e

então mineralizados. A partir desse processo de mineralização são produzidos

gases (CO2, CH4, N2, H2), água, sais, minerais e nova biomassa (Scott, 2000,

Grima et al., 2000).

2.1.1.2 Métodos de detecção da biodegradabilidade

Os testes para biodegradabilidade de polímeros podem ser

classificados em testes de campo e de laboratório, mas é preferível que seja

conduzida em um meio que, de um lado, esteja próximo do meio natural

(como solo e composto) e de outro lado, permita que se recuperem os

metabólitos e resíduos. A biodegradação pode ser avaliada determinando-se

mudanças nas propriedades físicas e químicas dos plásticos, ou avaliando a

atividade biológica (Maddever e Chapman, 1989; Kim, 2003).

Em meio aquoso, os testes de biodegradabilidade são geralmente mais

fáceis de estabelecer e mais reprodutíveis. Além do mais, esse meio facilita a

recuperação dos metabólitos produzidos durante a biodegradação. Entretanto,

a pobre representação das reais condições é a principal desvantagem (Pagga

et al., 1995; Tosin et al., 1998; Prashanth et al., 2005).

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O meio mais próximo à condição natural é um meio sólido. Estudos

sobre biodegradação de matérias poliméricos em solos e compostos são

relativamente bem descritos na literatura (Rutiaga et al., 2005). Entretanto a

recuperação de resíduos nesse meio complexo é uma tarefa difícil.

Os métodos para se determinar a taxa de biodegradabilidade são

similares tanto para o solo como em compostos (solo rico em nutrientes)

(Narayan, 2000). Eles envolvem medidas da perda de peso (testes de

desintegração) (Mao et al., 2000; Prashanth et al., 2005; Rutiaga et al.,

2005), O2 consumido (DBO), carbono orgânico dissolvido (COD) ou

quantificação do CO2 (Rosa e Filho, 2003).

A degradação pode ser mensurada através do monitoramento das

mudanças físicas ou químicas, como por exemplo:

• Formação de novos grupos funcionais através dos espectros de FTIR

(Goheen e Wool, 1991; Rutiaga et al., 2005; Elizondo, 2007).

O espectro infravermelho do amido tem mostrado que é sensível às

mudanças na estrutura a nível molecular, como a conformação da cadeia do

amido, a cristalinidade e o processo de retrogradação, assim como o teor de

água (Van Soest et al., 1995) e biodegradação (Prashanth et al., 2005;

Rutiaga et al., 2005). A espectroscopia FTIR relacionada a métodos de

amostragem, como a reflexão total atenuada (ATR), e a possibilidade de

melhorar a resolução por deconvolução, tem ampliado os campos de aplicação

da informação espectral do infravermelho (Van Soest et al., 1995; Pawlak e

Mucha, 2003).

• Análise de superfície por microscopia eletrônica (Agamuthu e Faizura,

2005).

Duas técnicas utilizadas no estudo da microestrutura dos filmes

biodegradáveis são: microscopia eletrônica de transmissão (MET) e a

microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Para os testes de desintegração Decriaud-Calmon (1998 apud Grima et

al., 2000) apresentou um novo método baseado nas analises de imagem,

onde a superfície eliminada pela biodegradação é quantificada (Prashanth et

al., 2005). No entanto esse método é difícil de ser aplicado a material

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enterrado em solos compostos sob altas temperaturas, porque as amostras

ficam distorcidas (Agamuthu e Faizura, 2005).

• Redução da massa molar usando cromatografia de permeação em gel

(GPC) (Akahori e Osawa, 1994);

• Variação nas propriedades mecânicas (perda das propriedades elásticas)

utilizando o Instron (Karlsson e Albertsson, 1995, Lee et al., 1999).

Outros métodos para estimar a taxa de degradação incluem calorimetria

exploratória diferencial (DSC), quimioluminescência (CL), cromatografia

gasosa (CG) e cromatografia líquida (HPLC), espectrometria de ultravioleta

visível (UV-VIS) e ressonância magnética nuclear (RMN) (Agamuthu e Faizura,

2005).

2.2 Biofilmes (filmes poliméricos naturais)

Os biofilmes são materiais de fina espessura, preparados a partir de

macromoléculas biológicas, que agem como barreira a elementos externos

(umidade, gases e óleos) e conseqüentemente, protege o produto e

aumentam a sua vida de prateleira (Krochta e Mulder-Johnston, 1997). A

elaboração de biofilmes requer a utilização de pelo menos um constituinte

capaz de formar uma matriz contínua e de coesão adequada (Gontard e

Guilbert, 1996), sendo este uma macromolécula.

Geralmente utilizam-se dois tipos de biomoléculas na elaboração de

filmes biodegradáveis, os hidrocolóides e os lipídios. Os hidrocolóides, como

polissacarídeos (amido, celulose, gomas) ou proteínas (gelatina, glúten, zeína)

por serem hidrofílicos apresentam uma pobre barreira à umidade, sendo essa

propriedade compensada pela adição de lipídios, os quais apresentam uma

boa barreira à umidade (Tharanathan, 2003).

Filmes biodegradáveis de proteína e polissacarídeos com propriedades

mecânicas satisfatórias e boa aparência são alternativas potenciais e

ecológicas como substituinte de embalagem sintética em aplicações

farmacêuticas e alimentícias. Cada um desses materiais tem suas vantagens e

desvantagens. Dessa forma, muitos revestimentos e filmes atualmente são

produzidos através da combinação dos mesmos (Baldwin et al., 1996).

Os filmes biodegradáveis são preparados geralmente pelo método

“casting”, onde a solução aquosa é depositada numa superfície apropriada e

29

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30

posteriormente seca. A formação do filme envolve ligações inter e/ou

intramoleculares, ou a reticulação das cadeias dos polímeros, formando assim

uma rede tridimensional semi-rígida que retém e imobiliza o solvente. O grau

de coesão depende da estrutura do polímero, do solvente usado, da

temperatura e da presença de outras moléculas, como os plastificantes

(Tharanathan, 2003).

Qualquer que seja o processo de produção, a transformação da

solução filmogênica em filmes ou coberturas é conseqüência de interações

intermoleculares, que se traduz em forças estruturais (Carvalho, 1997). As

características finais dos biofilmes são resultados de inúmeros parâmetros,

tais como: características e concentração da macromolécula e demais

constituintes (solvente, plastificante, etc.), pH, condições de desnaturação,

tipo de suporte utilizado, condições de secagem e condições ambientais

(temperatura e umidade).

Atualmente, a produção de filmes biodegradáveis tem despertado

interesse em função das possíveis aplicações adicionais tais como: habilidade

em funcionar como suporte de substâncias ativas (antioxidantes, agentes

antimicrobianos, etc.), utilização no interior de alimentos heterogêneos

funcionando como barreira seletiva ao transporte de gases e solutos (Cherian

et al., 1995; Han, 2000), além de ser uma alternativa para embalagens

sintéticas e não biodegradáveis provenientes de matéria-prima não renovável.

2.2.1 Propriedades de filmes poliméricos

2.2.1.1 Propriedades mecânicas

Um filme com propriedades de barreira adequadas pode ser ineficiente

se as propriedades mecânicas não permitirem a manutenção da integridade do

filme durante o processo de manipulação, empacotamento e transporte. Os

biofilmes devem ser resistentes à ruptura e à perfuração, fazendo com que o

produto não perca a sua proteção por manuseio ou armazenamento

(Sarmento, 1999). As propriedades mecânicas estão diretamente relacionadas

com a natureza dos componentes utilizados e com a coesão da estrutura da

matriz polimérica, que está relacionada com a distribuição e concentração de

ligações inter e intramoleculares das cadeias do polímero (Cuq et al., 1998).

30

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31

As principais propriedades mecânicas dos filmes são a resistência à

tração, que expressa a tensão máxima desenvolvida pelo filme durante um

teste de tração, e a elongação, que é a capacidade do filme em esticar.

Segundo Gontard et al. (1994), é necessário que o filme tenha uma alta

resistência à tensão, enquanto que o valor da elongação depende do tipo de

aplicação do filme, já que para manter a sua integridade e propriedades de

barreira, um filme deve tolerar a tensão normal encontrada durante a sua

aplicação, além do transporte e manuseio.

Os testes utilizados para avaliar as propriedades mecânicas são os

testes de tração, onde podem ser derivadas as propriedades de resistência à

tração e elongação na ruptura; além do teste de perfuração, do qual se pode

obter valores de força e deformação na ruptura. Os testes mecânicos são

geralmente conduzidos de acordo com métodos padrão para determinação de

propriedades mecânicas de filmes plásticos finos (ASTM, 1997).

2.2.1.2 Propriedades de barreira

A capacidade de uma embalagem em limitar as transferências ou

trocas entre o alimento e o meio ambiente é definida como barreira. A escolha

de uma embalagem adequada depende das propriedades de barreira que essa

pode oferecer. Dentre estas podem ser citadas as permeabilidades ao vapor

d’água, ao oxigênio, ao gás carbônico e a outros gases e solutos.

2.2.1.2.1Barreira ao vapor de água

A migração de vapor de água é um dos principais fatores de alteração

da qualidade sensorial e da estabilidade da estocagem dos alimentos (Gontard

et al., 1994). A transferência de água em materiais poliméricos ocorre por

difusão molecular. O processo de difusão em sistema polímero-solvente

depende do tamanho, natureza química, polaridade e configuração da

molécula penetrante e do movimento molecular da cadeia do polímero na

matriz do filme (Kester e Fennema, 1986). A permeabilidade ao vapor d’água

é definida pela ASTM E96-90 como a taxa de transmissão de vapor d’água por

unidade de área através do filme, de espessura conhecida, induzida por um

gradiente de pressão entre duas superfícies específicas, de temperatura e

umidade relativa especificada (ASTM, 1990).

31

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O coeficiente de permeabilidade não é só função da estrutura química

do polímero, também depende de fatores como a densidade, cristalinidade,

reticulação, plastificante, sensibilidade à umidade e temperatura. Por isso, é

preciso manter as condições do teste o mais próximo possível para não afetar

o resultado (Olabarrieta, 2005).

2.2.1.3 Solubilidade em água

A solubilidade em água de filmes biodegradáveis é de grande

importância, uma vez que a grande maioria dos filmes elaborados a partir de

carboidratos e proteínas possui grande afinidade com a água (Veiga-Santos,

2004).

Além disso, a solubilidade é uma propriedade importante dos filmes no

que se refere ao seu emprego. Algumas aplicações requerem insolubilidade

para manter a integridade do produto, como nos casos de utilização como

proteção de alimentos onde a atividade de água é alta, ou quando o filme é

submetido ao contato com água durante o processamento do alimento

embalado (Gontard et al., 1992).

A solubilidade também influencia a propriedade de barreira ao vapor

de água dos filmes. Para se obter uma baixa permeabilidade ao vapor de água

(dentro de uma grande faixa de umidade relativa), torna-se necessária a

utilização de material insolúvel ou pouco solúvel em água (Fakhouri, 2002).

A maioria dos valores de solubilidade dos biofilmes é alta, o que limita

sua aplicação. A manutenção da integridade do filme ao estar em contato com

água é de grande importância nas possíveis aplicações dos biofilmes como

material de embalagem.

2.2.1.4 Propriedades óticas

Dentre as propriedades óticas dos biofilmes para aplicação como

embalagens destacam-se cor e transparência (opacidade). A cor pode ser

considerada um importante parâmetro na caracterização dos biofilmes, pois

está relacionada com a matéria-prima utilizada na elaboração dos mesmos

(Vicentini, 2003).

A cor pode ser representada tridimensionalmente por um sólido de cor

através de um atributo de luminosidade chamado value (L*) e dois atributos

32

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de cromaticidade chamados de hue (a*) e chroma (b*). Hue é o nome da cor,

ou seja, é a qualidade pela qual se distingue uma família de outra família de

cores cromáticas como o vermelho do amarelo. O chroma é a intensidade de

um tom distinto ou a intensidade da cor, isto é a posição da cor entre o tom

cinza e o tom puro. O value é a luminosidade da cor, é a qualidade pela qual

se distingue uma cor clara de outra escura (Ferreira, 1981).

Para a determinação da cor de um material pode-se utilizar cartas ou

Atlas de cores, através do uso de colorímetros que se baseiam nas escalas de

cor CIELab ou Hunterlab. Tanto nas cartas quanto nos colorímetros descrevem

os três atributos da cor (hue, chroma e value).

Na maioria das vezes é desejável que as embalagens plásticas tenham

elevado brilho e transparência. Por outro lado muitas vezes a proteção contra

incidência de luz se faz necessária (baixa ou nenhuma transparência) como no

acondicionamento de produtos sensíveis a reações de deterioração catalisadas

pela luz (Oliveira et al., 1996).

2.3 Polímeros usados na elaboração de plásticos biodegradáveis

Existem muitos polímeros de origens naturais importantes utilizados

atualmente. Dentre estes podemos citar os poliésteres naturais como

polilactatos (PLA´s), poli (hidroxialconatos) (PHA´s) e a policaprolactona (PCL)

(Chandra e Rustigi,1998; Savenkova et al., 2000), os polissacarídeos (gomas,

amidos, quitosana, celulose, etc.), as proteínas (glúten, zeína e proteínas

miofibrilares) e os lipídios. Porém nos restringiremos a abordar apenas aqueles

utilizados neste trabalho que são o amido, a quitosana e o PVA.

2.3.1 O amido

2.3.1.1 A estrutura do grânulo de amido

O amido é um polissacarídeo de reserva, sintetizado na forma de

grânulos, dentro de organelas celulares, chamadas de amiloplastos. A forma e

o tamanho dos grânulos do amido variam em relação à idade e cultivar

(Moorthy e Ramanujam, 1986). Dependendo da origem botânica e da idade, o

tamanho dos grânulos pode variar entre 2-100 μm de diâmetro. Os grânulos

dos amidos de cereais são normalmente pequenos e poliédricos (milho e

arroz), dos tubérculos são elípticos (batata) e das leguminosas, ovóides

(lentilha).

33

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34

Os dois principais componentes do amido são a amilose e a

amilopectina. Mas além desses, o amido ainda contém pequenas quantidades

de lipídios, proteínas, fósforo e minerais. Apesar de serem encontrados em

pequenas quantidades, eles podem afetar suas propriedades físico-químicas.

De acordo com Hoseney (1996), os amidos de cereais contêm baixos níveis de

lipídios, enquanto os amidos de raízes e tubérculos, essencialmente não

contêm lipídios.

A maioria dos amidos contém entre 20,0 e 25,0% de amilose (p/p),

mas alguns amidos com alto teor de amilose, contêm em torno de 60,0-75,0%

de amilose (amylomaize), enquanto os que contêm quase 100% de

amilopectina são chamados amidos cerosos (Parker e Ring, 2001).

2.3.1.2 Amilose

A amilose é formada por unidades de anidroglucose unidas através de

ligações α:1→4 (Figura 4). O grau de polimerização (GP) varia de 500-6000

unidades de glucose (UG). Seu peso molecular varia de 105-106 g.mol-1

(Hizukuri et al., 1989). Existem evidências, de que há um leve grau de

ramificação entre as moléculas de amilose, de 9-20 pontos de ramificação em

α:1→6, por molécula. Essas evidências surgiram através da hidrólise com β-

amilase, que provocava uma conversão incompleta da amilose em maltose

(Takeda et al., 1984; Takeda et al., 1993). Buleon et al. (1998) estima que o

número de moléculas de amilose em um grânulo (20 μm de diâmetro e

densidade de 1,5 g/cm3) seja de 1,8 x 109 UG.

OO

OHOH

OHO

OHOH

OHO

O

OH

OOH

OH

Figura 4: Estrutura da amilose

34

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35

Na forma cristalina, a molécula de amilose tem uma conformação

helicoidal com um interior hidrofóbico. Em soluções diluídas, as moléculas de

amilose existem como segmentos distendidos, fazendo com que as hélices

fiquem muito afastadas umas das outras, permitindo a existência de pontes de

hidrogênio entre elas. Estudos de microscopia eletrônica indicam que a

amilose retrogradada ou na forma de complexos, é constituída por regiões

cristalinas, em forma de duplas hélices, com 10 nm de comprimento,

encontrando-se dispersas na região amorfa. As regiões amorfas são

preferencialmente hidrolisadas por ácidos e enzimas, deixando a região

cristalina intacta (Jane e Robyt, 1984).

Morrison et al. (1986), observaram que na cevada normal, a amilose

ocorria como duas frações distintas: a amilose livre de lipídios (FAM) e

complexada com lipídios (LAM), cujas distribuições no grânulo não são

homogêneas. Morrison (1995) verificou que a presença de LAM nos amidos de

cereais era maior na superfície do grânulo.

2.3.1.3 Amilopectina

A molécula de amilopectina é composta de milhares de resíduos de

anidroglucose, unidas por ligações α:1→4 formando a parte linear e ligações

α:1→6 que formam os milhares de pontos de ramificações da molécula. A

representação esquemática da amilopectina é mostrada na Figura 5. É um dos

maiores biopolímeros conhecidos, com pesos moleculares típicos em torno de

109 g.mol-1 (Parker e Ring., 2001).

HO

OO

OHOH

OO

OHOH

OHO

OHOH

OH

O

OO

OHOH

OHO

OHOH

OHO

O

O

OOH

OH

Figura 5: Estrutura ramificada da amilopectina

35

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É uma molécula altamente ramificada, com um GP que varia de 3x103

a 3x106 UG (Zobel, 1988a), e possui 4,0-5,0% de ligações α:1→6 por

molécula de amilopectina (Manners, 1989).

Devido a sua forma ramificada, a amilopectina após a gelatinização,

apresenta maior estabilidade durante a estocagem, retardando o processo de

retrogradação, o que aumenta a vida útil da suspensão de amido após o

cozimento. Ela apresenta também, menor digestibilidade por β-amilase.

A proporção de amilose e amilopectina nos amidos varia de acordo

com a espécie. Estas variações têm influência direta nas propriedades

reológicas das pastas e géis de cada amido.

A amilopectina domina a composição, a estrutura e as propriedades

dos grânulos, sendo por isso alvo de muitos estudos, em relação ao tamanho

molecular, ramificações e comprimento das cadeias externas e internas.

Devido as suas várias conformações, suas cadeias foram denominadas de A, B

e C, para facilitar a caracterização dos segmentos e dos cachos das cadeias

externas, que é a forma atualmente predominante nos modelos da

amilopectina. As cadeias curtas A e B possuem GP de 14-18 UG; as cadeias B

médias possuem GP de 45-55 UG, enquanto as cadeias B longas apresentam

GP acima de 60 UG (Buleon et al., 1998).

As cadeias A, são ligadas ao restante da molécula por uma ligação

simples α:1→6, através do seu grupo redutor (Hizukuri, 1985). As cadeias B

são unidas por uma ligação α:1→6, mas pode trazer uma ou mais cadeias A

e/ou cadeias B no grupo hidroxila primário, enquanto as cadeias C são aquelas

que possuem o grupo redutor (Zobel, 1988b).

Estudos de Hizukuri (1986) com enzimas desramificantes confirmaram

a existência da organização dos grânulos de amido em blocos. Usando

cromatografia líquida de alta performance (HPLC), ele demonstrou que as

cadeias B podem participar em mais de um cacho da amilopectina cristalina.

Ele propôs uma revisão no modelo da amilopectina e classificou as cadeias B

de acordo com o número de cachos laterais aos quais elas participam. Assim,

as cadeias B1 participam de um cacho, B2 e B3 de dois e três cachos,

respectivamente, enquanto as cadeias B4 ligam quatro ou mais cachos.

36

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37

O comprimento das cadeias da amilopectina é um fator intrínseco que

determina a estrutura cristalina dos grânulos de amido (Hizukuri, 1985).

Assim, nos amidos tipo A, a amilopectina possui ramificações mais curtas que

nos amidos tipo B (Hizukuri et al., 1983, Hizukuri, 1985, Hanashiro et al.,

1996). O tipo C possui amilopectina com ramificações curtas e longas.

Hanashiro et al. (1996) investigou a distribuição das cadeias ramificadas em

vários amidos, através de cromatografia de troca iônica de alta performance e

dividiu as cadeias ramificadas dos tipos A, B e C em GP de 6-12, 13-24, e ≥

37, respectivamente.

2.3.1.4 Organização interna do grânulo

Os grânulos são compostos de anéis de crescimento, que são camadas

esféricas, mais ou menos concêntricas e alternadas nas formas semicristalina

e amorfa. Em função dessas características, as camadas variam em seus

índices de refração, densidades, cristalinidades e resistências às hidrólises

ácida e enzimática. As camadas semicristalinas são mais densas e possuem

espessura de 120-400 nm (French, 1984), e segundo Cameron e Donald

(1992), são formadas por, aproximadamente, 16 lamelas que se alternam

consecutivamente em lamelas cristalinas (5-6 nm) e lamelas amorfas (2-5

nm).

Cameron e Donald (1992), afirmam que a camada menos densa é

totalmente amorfa, contem mais água e é mais espessa que a camada

semicristalina (mais densa). Por isso, podemos dizer que o grânulo de amido é

parcialmente cristalino, com um grau de cristalinidade que varia de 20-40%

(Hizukuri, 1986; Zobel, 1988b).

De acordo com estudos de espalhamento de nêutrons e raios-x de

baixo ângulo, Blanshard et al. (1984), Oostergetel e Van Bruggen (1989),

Cameron e Donald (1992) e Jenkins et al. (1993), observaram para amidos de

várias fontes botânicas, uma periodicidade para as distâncias entre as lamelas

cristalinas e amorfas de 9-11 nm.

A lamela cristalina é constituída pelas duplas hélices da amilopectina,

formadas através da associação das ramificações lineares (cadeias A e B1)

externas da amilopectina (Hizukuri, 1986), empacotadas em um arranjo

hexagonal bem fechado, e pelas duplas hélices da amilopectina com amilose e

37

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38

da amilose com a própria amilose. Os pontos de ramificações da amilopectina

são os responsáveis pelas zonas amorfas das camadas semicristalinas. A

Figura 6 mostra a representação da estrutura do grânulo de amido. As

camadas semicristalinas e amorfas alternadas, representando os anéis de

crescimento (a); a ampliação da camada semicristalina de um anel de

crescimento, formada de lamela cristalina e amorfa (b) e a estrutura em

cachos da amilopectina dentro da camada semicristalina (c) (Jenkins e Donald,

1995).

Acredita-se que a amilopectina seja responsável pela cristalinidade do

grânulo, pois em estudos com mutantes cerosos (~100% amilopectina), estes

apresentaram alta cristalinidade, enquanto amidos com alto teor de amilose

foram menos cristalinos (Krueger et al., 1987). Segundo Jenkins et al. (1993),

a cristalinidade do grânulo é atribuída principalmente, as duplas hélices

formadas pelas ramificações da amilopectina. Dados obtidos com Ressonância

Magnética Nuclear de 13C com rotação do ângulo mágico, acoplada a

polarizador cruzado (13C-CP/MAS-NMR), confirmam que o amido é uma

combinação de material amorfo (cadeias simples) e ordenado (duplas hélices)

(Gidley e Bociek, 1985).

Figura 6: Esquema representando a estrutura do grânulo de amido (Jenkins e

Donald, 1995).

38

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39

A localização exata da amilose nos grânulos de amido, ainda não está

bem esclarecida. Mas alguns autores acreditam que ela se encontre dispersa

entre as moléculas de amilopectina (Jane e Chen, 1992). Jenkins et al. (1994),

afirma que a amilose está localizada nas camadas amorfas dos anéis de

crescimento. Segundo Morrison et al. (1993a,b), nos amidos de cereais,

existem duas formas amorfas de amilose: a amilose livre de lipídios e a

amilose complexada com lipídios.

Quando submetidos à difração de raios-x, os grânulos intactos

fornecem diferentes padrões, resultantes da difração causada pelos grânulos.

Os principais são os padrões A, B, C e V. O tipo A é característico de amidos

de cereais, como milho normal, trigo e arroz. O tipo B é característico de

amidos de raízes (inhame), tubérculos (batata), frutas (banana), cereais com

alto teor de amilose (amylomaize) e amido retrogradado. O padrão C é

característico dos amidos de raízes e tubérculos, como batata doce e

mandioca, e de leguminosas como ervilha lisa e feijão. Acredita-se que este

padrão seja uma forma intermediária entre os padrões A e B (French, 1984),

podendo ainda ser classificado em CA, CB e CB C, de acordo com o nível de

semelhança com os padrões A e B (Hizukuri et al., 1960). O padrão V, não é

encontrado naturalmente nos amidos, mas após a gelatinização ou

complexação da amilose com lipídios ou compostos semelhantes (Zobel et al.,

1988a).

Os amidos tipo A, mostram picos nos difratogramas de raios-x, para

radiação CuKα, em 15o (intensidade forte), pico duplo em 17 e 18o e pico

simples em 23o (ver Figura 7-I). Os amidos tipo B, apresentam um pico

característico em 5,6o, pico duplo em 14o e 15o, pico simples em 17o (forte) e

pico duplo em 22 e 23o (ver Figura 7-II). Já os amidos tipo C, apresentam

picos em 15o, 18o (fraco), 17o (forte) e 23o. Mas, dependendo das

semelhanças com os padrões A e B, podem apresentar picos mais ou menos

característicos dos dois padrões. O padrão V apresenta três picos

característicos em 12, 13 e 20o (Zobel, 1988a).

O padrão de raio-x tipo A, é constituído pelas duplas hélices da

amilopectina, empacotadas em um arranjo monoclínico. O tipo B possui um

alto teor de água e apresenta uma estrutura mais aberta, constituído de

39

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40

duplas hélices empacotadas em um arranjo hexagonal (Imberty e Perez,

1988).

0 5 10 15 20 25 30 35 40

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

9a

Inte

nsid

ade

de d

ifraç

ão (c

ps)

Ângulo de difração (2θ)

2a2b

3b

4a4b

5a

6a

7a 8a 8b

0 5 10 15 20 25 30 35 40

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

8b8a7a

6b6a

5a

4a

3b3a

2b2a1a

Inte

nsid

ade

de d

ifraç

ão (c

ps)

Ângulo de difração (2θ)

(II) (I)

Figura 7: Padrões de difração de raios-x de amidos tipo A (I) e tipo B (II),

mostrando os anéis (linhas) de difração.

2.3.1.5 Biofilmes de amido

O amido é um importante segmento da economia e pode ser

convertido (química, física e biologicamente) em compostos úteis à indústria

(Da Róz, 2003). Os filmes de amido têm as características de serem

biodegradáveis e facilmente se dissolverem em água (Cascone et al., 2001;

Zhai et al, 2002). São excelentes barreiras a oxigênio para compostos de

baixa polaridade, devido ao seu firme empacotamento, estrutura organizada

em rede, ligada por pontes de hidrogênio (McHugh e Krochta, 1994). Porém,

não oferecem boa barreira à umidade (Azeredo et al, 2000).

Sob condições de baixa umidade ou extrema secagem, os filmes de

amido ficam frágeis, visto que as forças coercitivas dentro do filme aumentam

quando o teor de água nos filmes diminui. Os mesmos tendem a serem

flexíveis sob condições de alta umidade e suas forças coesivas e adesivas

diminuem com o aumento do teor de água (Kirby, 1986). Um aumento no teor

de água de um filme de amido induz a uma diminuição na força de tração e

um aumento na tensão de ruptura (Koskinen et al., 1996; Hulleman et al.

1998).

A amilose, que é um polímero linear, contribui grandemente para

capacidade de formar filmes do amido. Por essa razão é muito comum o

40

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desenvolvimento de filmes plásticos a partir de cereais como o milho. Porém o

amido de inhame, que tem alto percentual de amilose, aproximadamente 30%

(Freitas et al, 2004; Mali et al, 2004), vem sendo muito estudado para essa

finalidade. Os amidos de batata e mandioca também vêm sendo muito usados

na elaboração de filmes. Myllärinen et al. (2002) verificou que amidos de

batata com alto teor de amilose formaram filmes menos frágeis que filmes de

batata normal.

Atualmente, há o interesse no desenvolvimento de materiais

termoplásticos compostos essencialmente de amido (Van Soest et al., 1996).

O amido, sob pressão e temperatura, e na presença de um agente

plastificante, pode ser gelatinizado, sob efeito de cisalhamento se transformar

em um fundido. Este material é denominado amido termoplástico (Da Róz,

2003). O conhecimento de algumas propriedades características do amido e

de seu comportamento durante o processamento tem-se mostrado de muita

importância para o desenvolvimento de amidos termoplásticos (Willet et al.,

1997).

Em face ao contexto atual, os amidos termoplásticos vêm

revolucionando o mercado de descartáveis. Produtos obtidos exclusivamente

de amido termoplástico são mais baratos que os plásticos sintéticos derivados

de petróleo e possuem a vantagem adicional de serem biodegradáveis. Além

das vantagens já citadas, o amido termoplástico é compostável e pode ser

processado nos mesmos equipamentos tradicionalmente empregados para o

processamento dos plásticos convencionais (Da Róz, 2003).

A introdução de amido a matrizes poliméricas sintéticas, realizada

inicialmente em meados dos anos 70, tem-se mostrado uma alternativa viável

para a obtenção de plásticos mais facilmente biodegradáveis (Reis et al.,

1997).

Filmes poliméricos biodegradáveis feitos a partir de blendas de

polietileno de baixa densidade (PEBD), amido de arroz e de batata

(Arvanitoyannis et al., 1998; El-Rahim et al., 2004) vem sendo elaborados.

Verificou-se que a presença de alto teor de amido (>30%) teve um efeito

adverso nas propriedades mecânicas das blendas de PEBD/amido. Tanto a

taxa de permeabilidade a gás quanto à taxa de transmissão de vapor d’água

aumentaram proporcionalmente com o teor de amido na blenda. Mas adição

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de aditivos como amido ao polietileno (PE) promove o consumo microbiano e a

oxidação das cadeias de PE (Jana et al., 1998; Raj et al., 2002). Filmes de

Polietileno com pró-oxidantes promotores de degradação UV e baixa

quantidade (<10%) de amido granular foi prosperamente usado para fazer

sacola de compras e lixo e mulchings agrícolas.

Vargha e Truter (2005) elaboraram filmes de amido biodegradáveis

após reação de trans-esterificação do amido de trigo com poli (acetato de

vinila) e poli (vinil acetato-co-butil acrilato). As análises mostraram uma

trans-esterificação parcial entre o amido e os polímeros. Os filmes foram

homogêneos e translúcidos com uma transição vítrea (Tg) entre a do amido e

dos polímeros. A blenda apresentou força mecânica melhorada, embora a

deformação na ruptura tenha diminuído acentuadamente.

2.3.2 A quitosana

A quitina é a segunda maior fonte de biomassa e o componente

orgânico mais abundante na estrutura esquelética de muitas classes de

invertebrados, como os artrópodes, anelídeos, moluscos e celenterados,

estando também presente nas paredes celulares de alguns fungos e em

algumas espécies de algas (Dinesh e Alok, 2000). É constituída por unidades

de 2-acetamido-2-desoxi-D-glucose, também designada N-acetil-D-

glucosamina, unidas por ligações glucosídicas β(1→4) (Figura 8). A sua

estrutura é bastante semelhante à da celulose (Figura 9), diferindo apenas na

hidroxila do carbono 2 do anel de glucopiranose que se encontra substituída

por um grupo acetamida.

A quitina, embora sendo uma fonte de matéria-prima com muitas

potencialidades, tem uma aplicação ainda muito reduzida, principalmente

devido ao seu difícil tratamento e baixa solubilidade, resultantes da existência

de fortes ligações de hidrogênio entre as cadeias poliméricas (Aoi et al.,

2000). Uma forma de controlar este problema consiste na desacetilação da

quitina, em meio alcalino forte e a temperaturas superiores a 60 ºC. Deste

tratamento, resulta o derivado mais importante da quitina, o poli [β-(1-4)-2-

amino-2-desoxi-D-glucopiranose], mais conhecido por quitosana (Figura 10).

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OO

NHOH

OH

O

NH

OH

O

O

OH

OOH

NHC

CH3

O

C

CH3

O

CO

CH2

Figura 8: Estrutura da quitina

OO

OHOH

OH

O

OH

OH

O

O

OH

OOH

OH

Figura 9: Estrutura da celulose

OO

NH2

OH

OH

O

NH2

OH

O

O

OH

OOH

NH2

Figura 10: Estrutura da quitosana

A quitosana foi obtida pela primeira vez em 1859 por Rouget, quando

tratava quitina com uma solução quente de hidróxido de potássio. O produto

obtido deste tratamento, ao contrário da quitina inicial, era solúvel em ácidos

orgânicos. Este novo produto foi denominado “quitina modificada” por Rouget

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e, mais tarde, em 1894, Hoppe-Seyler designou-o pela primeira vez com o

nome “quitosana” (Chitin e Chitosan Association, 2008).

Embora insolúvel em água, é possível solubilizar a quitosana em

soluções aquosas de ácidos orgânicos, tais como os ácidos acético, fórmico e

cítrico, e em ácidos inorgânicos diluídos como os ácidos clorídrico, nítrico e

perclórico, devido à protonação dos grupos amino (Okuyama et al., 2000). Em

meio ácido tem-se a seguinte reação de equilíbrio:

NH2 + H3O+ ⇔ NH3+ + H2O

A solubilidade da quitosana está intimamente relacionada com a

quantidade de grupos amino protonados (NH3+) na cadeia polimérica. Quanto

maior a quantidade destes grupos, maior o número de interações

eletrostáticas repulsivas entre as cadeias e também maior a solvatação em

água (Canella e Garcia, 2001; Santos et al., 2003).

O peso molecular da quitosana vai depender do método utilizado na

desacetilação e da fonte utilizada na sua produção. De um modo geral, o peso

molecular da quitosana comercial pode oscilar entre 100.000 e 1.200.000

Dalton, dependendo do processo utilizado (Li et al., 1992).

Devido à sua abundância como matéria-prima e características únicas,

a quitina, a quitosana e seus derivados têm sido utilizados no

desenvolvimento de muitos produtos e para as mais diversas áreas de

aplicação como medicina, meio ambiente, nutrição, cosméticos, agricultura,

fotografia, etc. Devido à sua maior versatilidade, a quitosana tem sido

preferida em detrimento da quitina, na maior parte dessas aplicações.

Quando administrada por via oral, a quitosana apresenta a vantagem

de não ser absorvida pelo organismo. Por outro lado, apresenta propriedades

mucoadesivas, podendo ser utilizada para promover o transporte de proteínas,

fármacos e outras moléculas através da mucosa, tanto a nível do estômago,

do intestino ou mesmo por via nasal (Illum et al., 2001; Guggi et al., 2003).

São também reconhecidas as capacidades da quitosana no auxílio da

reconstrução de tecidos. Os estudos já realizados permitiram constatar que a

quitosana fomenta o crescimento celular, porque as células aderem

fortemente ao polímero e proliferam mais rapidamente. Este comportamento

tem sido aproveitado para os estudos na engenharia de tecidos, sendo a

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quitosana utilizada em trabalhos de regeneração da pele, do tecido ósseo e

cartilaginoso e no preparo de pele artificial (Hirano, 1999; Tokura e Tamura,

2001; Mao et al., 2003; Zhao et al., 2003).

Atualmente, a quitosana é parte constituinte de suturas cirúrgicas,

agentes hemostáticos, implantes biodegradáveis e próteses vasculares. É já

utilizada como excipiente em soluções orais de medicamentos, sendo

atualmente um dos muitos materiais propostos para preparação de

microesferas e microcápsulas para transporte de fármacos no organismo (Felt

et al., 1998; Kumar e Kumar, 2001; Oliveira e Lima, 2006).

A aplicação mais conhecida da quitosana, e de certa forma a

responsável pela divulgação comercial deste polissacarídeo, tem sido a sua

utilização em produtos dietéticos como inibidor da digestão de gorduras (“fat

trapper”). Ela é dissolvida sob as condições ácidas do estômago, onde vai

emulsionar as gorduras. Ao chegar ao intestino o complexo quitosana-gordura

geleifica e é expulso do organismo, impedindo que as gorduras sejam

absorvidas pelas paredes intestinais (Kanauchi et al., 1995).

Devido a sua atividade antibacteriana, a quitosana é utilizada como

revestimento protetor e biofungicida para pulverização em frutas, verduras e

sementes. Nos Estados Unidos, já se encontram registrados vários pesticidas à

base de quitosana (Hirano, 1999).

É utilizada como agente floculante no tratamento de águas residuais e

como agente complexante no tratamento de águas ricas em metais pesados

(Kumar, 2000).

2.3.3 Poli (álcool vinílico) (PVA)

O poli (vinil álcool) (PVA) ((H2C=CH-OH)n) é um polímero

biodegradável, cristalino e solúvel em água, é utilizado por sua flexibilidade e

boa capacidade de formar filmes (Sreedhar et al., 2005). É produzido a partir

do monômero de acetato de vinila num processo de várias etapas. No início, o

monômero é polimerizado em poli (acetato de vinila) para logo ser convertido

em poli (álcool vinílico) ao ser hidrolisado com NaOH.

As propriedades do PVA são influenciadas pelo peso molecular e grau

de hidrólise. A massa molecular do PVA é de aproximadamente 160 kDa

(Brannigan et al., 2007). O peso molecular é expresso geralmente em termos

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da viscosidade da solução, e de acordo com os fabricantes, ao aumentar a

viscosidade, aumenta-se a resistência do filme. O grau de hidrólise é expresso

em porcentagem de moles hidrolisados, e esta propriedade afeta a

sensibilidade à água dos filmes, aumentando a resistência à água com o

aumento do grau de hidrólise, devido ao aumento nas pontes de hidrogênio

(Celanese, 2002).

O PVA comercial é uma mistura de tipos diferentes de estruturas

esteroregulares de PVA (isotático, sindiotático e atático). Sua

esteroregularidade e propriedades físicas e químicas são altamente

dependentes do método de preparo usado. O PVA tem uma estrutura

ziguezague planar como o polietileno (Horii et al., 1992). Todos os graus de

PVA são prontamente solúveis em água e dependem de fatores como peso

molecular, distribuição de tamanho de partícula, e cristalinidade da partícula.

Como um polímero hidrofílico, o PVA exibe excelentes propriedades de

retenção de água (Peppas e Merrill, 1977). Uma solubilidade ótima acontece

em percentual de hidrólise na faixa de 87% a 89%. Para dissolução total em

água, porém, o PVA requer aquecimento em temperaturas de

aproximadamente 100 oC por um período de 30 minutos.

O PVA puro é parcialmente cristalino e consiste de camadas cristalinas

ou lamelas de cadeias unidas por moléculas em forma de laço, que formam as

regiões amorfas entre as lamelas. Quanto maior o peso molecular do PVA,

maior o grau de desordem. Abd El-Kader e Abdel Hamied (2002) e Abd El-

Kader et al. (2002) verificaram que o aumento no peso molecular do PVA

diminuiu a resistência mecânica dos filmes por causa do aumento no grau de

desordem das cadeias (diminuição da cristalinidade).

O poli (álcool vinílico) é um dos polímeros mais amplamente usados por

causa de suas excelentes propriedades mecânicas. Também é biodegradável

sob condições adequadas (Takasu et al., 1999).

As blendas de PVA desde há muito tempo vem sendo usadas com outros

polímeros naturais por causa de sua habilidade de formar filmes. Os filmes de

PVA podem ser plastificados com glicerol ou com moléculas de baixo peso

molecular que atuam como umectantes retendo água no filme. O PVA é

amplamente usado em materiais que mantêm contato direto com os

alimentos, incluindo adesivos para embalagens de alimentos e coberturas para

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papel. Os filmes de PVA apresentam um interesse crescente pelos seus

atributos: solubilidade em água, biodegradabilidade, propriedades de barreira

ao oxigênio, resistência a solventes e óleos, inocuidade e não contaminação do

meio ambiente (Takasu et al., 1999; Celanese, 2002).

Abd El-Kader e Orabi (2002) estudaram o efeito do peso molecular nas

propriedades ópticas e mecânicas de filmes de PVA. De acordo com eles, o

estudo detalhado de PVA com diferentes pesos moleculares mostrou que suas

propriedades mecânicas diminuíram devido à redução da cristalinidade da

amostra, com o aumento do peso molecular. Os espectros de absorção no

infravermelho próximo (NIR) mostraram as bandas nas mesmas posições, mas

a intensidade de absorção variou de forma contrária ao aumento do peso

molecular.

Malinconico et al. (2002) elaboraram blendas de PVA e policaprolactona

funcionalizada (PCL). Eles verificaram que as cadeias de PVA formavam pontes

com a policaprolactona (PCL) diretamente durante a extrusão e laminação dos

filmes. Os filmes resultantes foram resistentes à umidade e sua degradação no

solo iniciou-se devido ao ataque microbiano das pontes de PCL. Um annealing

térmico é necessário após a extrusão para completar a reticulação do filme

obtido. Eles verificaram que os filmes quando usados como mantas (mulching)

na agricultura, tem uma resposta térmica muito interessante que permite

temperaturas dentro do solo de 40-50 oC, comparável aos bem conhecidos

mulchings não biodegradáveis.

Pal et al (2007) elaboraram e caracterizaram blendas de PVA/gelatina

para possíveis aplicações biomédicas. A comparação de viscosidade indicou

um aumento na densidade molecular. A membrana teve maior resistência

mecânica e capacidade de reter água. O hidrogel desenvolvido foi

superabsorbente, hemocompatível com o sangue humano, e permitiu a

difusão de ácido salicílico. Portanto poderá ser utilizado em várias aplicações

biomédicas, como sistema de liberação de fármacos implantáveis e curativos.

Chiellini et al. (2001) relatou o efeito reticulante do glutaraldeído em

blendas de gelatina/PVA, com melhorias nas propriedades térmicas e na taxa

de degradação das blendas, em relação aos componentes puros. Os autores

verificaram uma rápida e completa biodegradabilidade destes filmes.

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2.4 Estratégias para melhorar as propriedades dos biofilmes

Existem várias estratégias para melhorar as propriedades dos filmes. A

maioria dessas são modificações no pré-tratamento, onde as mudanças são

feitas na solução filmogênica. Os métodos mais comuns são: a adição de

plastificantes, a reticulação e o uso de blendas (Olabarrieta, 2005).

2.4.1 Plastificantes

As propriedades mecânicas dos filmes podem ser melhoradas pela

plastificação da rede polimérica. Para superar a fragilidade dos filmes de

amido causada por suas altas forças intermoleculares é comum utilizar-se

plastificantes (Lourdin et al., 1995; García et al., 2000; Souza e Andrade,

2000). Os agentes plastificantes são substâncias de baixo peso molecular que

reduzem as interações intermoleculares ao acoplar-se entre as cadeias da

rede polimérica. A composição, tamanho, e forma da molécula do

plastificante influenciam na sua habilidade de interagir com as cadeias dos

polímeros e ligar-se às moléculas de água (Cuq et al., 1997; Sothornvit e

Krochta, 2001). Os mais comuns são os polióis, como o polietilenoglicol, o

glicerol e o sorbitol.

A incorporação desses agentes modifica a organização molecular

tridimensional da rede polimérica, diminuindo as forças de atração

intermoleculares e aumentando o volume livre do sistema (Tanaka, et al.,

2001). A rede torna-se menos densa devido à redução das forças entre as

cadeias, ocorrendo assim, a diminuição da temperatura de transição vítrea

(Tg) (Gontard e Guilbert, 1996) e o aumento da mobilidade da estrutura

polimérica (Mali et al., 2002), como conseqüência o filme torna-se mais

flexível e extensível.

Porém, a adição de plastificante pode aumentar a permeabilidade do

filme, dependendo do tipo e quantidade adicionada (Gontard et al., 1993;

Sobral et al., 2001). Em resposta aos problemas causados pelos plastificantes

de baixo peso molecular, é possível substituí-los por compostos de peso

molecular maior, que sejam hidrofóbicos. As substâncias estudadas como seus

substitutos são os ácidos graxos (ácido láurico, esteárico e oléico)

(Olabarrieta, 2005).

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O plastificante mais usado é o glicerol, que é um produto com alto

ponto de fusão, solúvel em água, polar e não-volátil (Olabarrieta, 2005). O

glicerol geralmente aumenta a permeabilidade a gases e ao vapor de água de

filmes hidrofílicos, pois este tem uma maior facilidade de interagir com cadeia

de amido, reduzindo o empacotando entre as cadeias. A matriz do filme torna-

se menos densa com a adição de glicerol e sob tensão o movimento das

cadeias do polímero é facilitado (Monterrey e Sobral, 1999), resultando em um

aumento da permeabilidade a gás e vapor d’água pela matriz do filme (Mali et

al., 2004).

2.4.2 Reticulação

Uma outra alternativa para melhorar as propriedades dos filmes é a

modificação da estrutura do polímero através da reação de reticulação.

Segundo Belitz e Grosch (1988), a reação do amido com grupos poli funcionais

produz compostos com temperatura de gelatinização mais alta e capacidade

espessante menor, em função do agente reticulante utilizado. Também a

estabilidade frente ao cisalhamento e valores extremos de pH é aumentada.

Os amidos reticulados são utilizados em produtos onde é preciso uma grande

estabilidade, como nos biofilmes poliméricos naturais (Belitz e Grosch, 1988).

A reticulação envolve a formação de ligações intermoleculares entre

macromoléculas adjacentes do polímero. O aumento no grau de reticulação

torna o material mais rígido, ao aumentar o número de ligações covalentes na

estrutura do polímero, reduzindo assim a sua mobilidade (Delval et al., 2004),

e melhorando a resistência do filme. A presença de grupos reativos no

polímero torna possível a reticulação das cadeias por três métodos:

tratamento físico, tratamento químico e o uso de blendas.

2.4.2.1 Tratamento físico

O tratamento físico pode ser térmico (usado para formar ligações

intermoleculares nos filmes de proteína) e a radiação gama (γ) ou UV. Follain

et al. (2005b) reticularam filmes de blendas de amido de trigo nativo e PVA

com radiação UV, usando benzoato de sódio como foto sensibilizador,

observando que a modificação na distribuição molecular do amido, por adição

de PVA e a reticulação com radiação UV, produziu um aumento na tensão na

ruptura do filme.

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Atualmente, a tecnologia do processamento por radiação está sendo

usada para melhorar as propriedades de produtos poliméricos, devido sua

tendência de sofrer a reação química entre as moléculas do polímero sob

irradiação (Gehring, 2000). Essa técnica provou ser um método importante

para reticulação de polímeros porque seus grupos funcionais sofrem reações

induzidas pela luz (Foussier e Rabek, 1993).

A aplicação de radiação para o enxerto (Tamada et al., 2004) e

reticulação (Zhao et al., 2003) vem sendo usada na síntese de vários

polímeros. Zhai et al. (2002) preparam um hidrogel de PVA/amido usando

irradiação gama, mostrando que houve reação de enxerto entre as moléculas

de PVA e amido, além de intercruzamento das moléculas de PVA sob

irradiação.

Zhai et al. (2003) estudaram as modificações promovidas por radiação

em filmes de amido. A investigação mostrou que as propriedades dos filmes

foram melhoradas pela reticulação (intercruzamento) induzida por radiação.

Khan et al. (2006) estudaram as propriedades físicas e mecânicas de

filmes de amido de sago/PVA usando radiação ultravioleta (UV). O alto teor de

amido dos filmes promoveu fragilidade e resistência à tração mais baixa.

Porém, o alto teor de amido também promoveu a biodegradabilidade da

mistura. O tratamento com radiação UV, melhorou as propriedades físicas do

filme. Como resultado, o filme tratado teve resistência à tração alta e baixa

fragilidade. A resistência à tração do monômero tratado foi aumentada em até

46% em relação ao não tratado.

2.4.2.2 Tratamento químico

A reticulação química apresenta-se como a opção mais viável por ser a

mais econômica e com diversidade de alternativas, já que a reticulação

enzimática envolve um custo elevado e o tratamento com radiação requer

equipamentos especiais.

A reação de reticulação é desenvolvida em presença de reagentes

bifuncionais que possam reagir com dois grupos hidroxilas. Entre os agentes

reticulantes mais usados estão: a epicloridrina (ECH), o metafosfato trisódico

(STMP), o oxiclorato de fósforo (POCl3) e o formaldeído. Nos três primeiros

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reagentes é preciso que o meio esteja alcalino para que a reação ocorra,

entretanto para os aldeídos é necessário o meio ácido (Fleche, 1985).

Os aldeídos (formaldeído, glutaraldeído, glioxal, hexa-metoxi-metil-

melamina) são geralmente utilizados para reticular proteínas, mas apresentam

efeitos indesejáveis ao meio ambiente, e seu uso encontra-se regulado. A

epicloridrina é o agente de reticulação mais usado para o amido (Delval et al.,

2004).

A modificação química do amido é baseada na alteração dos grupos

hidroxilas por reações químicas (esterificação, eterificação ou oxidação). A

presença de três grupos hidroxilas por unidade glucosídica, mostra que o

amido atua fundamentalmente como um álcool, embora a natureza química da

macromolécula do amido não permita que seja considerado como um álcool

(Fleche, 1985). A reticulação química tem sido usada para limitar a

hidrofilicidade do amido (Follain et al., 2005a).

O glutaraldeído é um agente intercruzante (reticulante) comumente

usado na reticulação de polipeptídios e proteínas por causa da alta atividade

dos grupos aldeído que prontamente formam a base de Schiff com grupos

amino das proteínas. O glutaraldeído também é usado como um agente

reticulante para PVA e alguns polissacarídeos como a heparina (Rollason e

Sefton, 1989), ácido hialurônico e quitosana (Roberts e Taylor, 1989).

A combinação de quitosana e PVA na presença de glutaraldeído

mostrou atributos promissores, como alto inchamento, alta sensibilidade ao

pH e biodegradabilidade (Wang, 2002).

Parra et al. (2004) elaboraram filmes de amido de mandioca usando

glicerol e polietileno glicol (PEG) como plastificante e glutaraldeído como

reticulante. As blendas estudadas tiveram boa flexibilidade e baixa

permeabilidade ao vapor d’água indicando aplicação potencial como filmes

comestíveis.

Kim et al. (2002) e Sreedhar et al. (2006) avaliaram os efeitos da

reticulação de filmes amido/PVA com epicloridrina e observaram que a

incorporação de PVA melhorou as propriedades térmicas e mecânicas dos

filmes, devido à reticulação simultânea dos grupos hidroxilas do amido e PVA

através da epicloridrina.

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2.4.2.3 Blendas

O preparo de filmes a partir de blendas é um método que procura

combinar as vantagens de cada um dos componentes, para a obtenção de

propriedades melhores que as esperadas para cada substância

individualmente (Olabarrieta, 2005).

As principais desvantagens dos materiais biodegradáveis a base de

amido são as baixas propriedades mecânicas, geralmente atribuídas à

estrutura muito ramificada da amilopectina, alem de sua hidrofilicidade

intrínseca. A baixa resistência à umidade e alta fragilidade dos filmes de amido

limitam sua extensiva aplicação (Zhang et al., 2004, Kim, 2003; Santayanon e

Wootthikanokkhan, 2003). Portanto, muitas tentativas para superar estes

problemas foram feitas misturando amido com polímeros sintéticos e naturais.

A biodegradabilidade dos filmes de amido diminui com a adição de

polímeros sintéticos não degradáveis. Portanto, existe muito interesse em

misturar amido com polímeros sintéticos biodegradáveis. As técnicas para

aumentar a compatibilidade entre amido e polímeros sintéticos e melhorar as

propriedades das blendas incluem a adição de compatibilizantes (Avella et al.,

2000), modificações químicas dos polímeros sintéticos (Wu, 2003; Bikiaris e

Panayiotou, 1998) e do amido.

Estudos de blendas ou combinações de biopolímeros isolados ou

associados com polímeros sintéticos é uma área promissora da ciência de

materiais já que pode conduzir a novos materiais com propriedades funcionais

melhoradas e biodegradabilidade, a custo relativamente baixo.

2.4.2.3.1 Blendas de Quitosana/PVA (CH/PVA)

A quitosana pode formar blendas com polímeros naturais e sintéticos,

cujas propriedades têm potenciais aplicações terapêuticas. Vários estudos de

blendas quitosana/PVA vêm sendo realizados. Misturas de quitosana e PVA

têm boas propriedades mecânicas, e aplicações destas misturas foram

relatadas (Miya et al., 1984; Nakatsuka e Andrady, 1992; Koyano et al.,

2000; Wang et al., 2004). Miya et al. (1984) sugeriu que o aumento na

resistência à tração da mistura pode ser devido às pontes de hidrogênio entre

grupos hidroxila do PVA e os grupos amino ou hidroxila da quitosana. No

entanto vários autores sugerem que estes dois polímeros sejam imiscíveis e,

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portanto inadequados para elaboração de blendas (Minoura et al., 1998;

Koyano et al., 2000; Yang et al., 2004).

Minoura et al. (1998) preparou blendas de quitosana/PVA (CH/PVA) e

verificou que a quitosana ficava retida na superfície do gel. Isto indicou a

ocorrência de uma separação de fase na blenda CH/PVA. Chuang et al. (1999)

prepararam uma mistura de CH/PVA e mostraram que eram imiscíveis através

de analise de SEM e DSC. Yang et al. (2004) preparou blendas de CH e PVA

em várias proporções e tratou com formaldeído. Eles verificaram que a

quitosana e PVA não foram muito compatíveis nas blendas. Para aumentar a

compatibilidade e melhorar suas propriedades para aplicação biomédica, o PVA

vem sendo enxertado na quitosana.

A copolimerização por enxerto da quitosana com polímeros sintéticos

confere propriedades desejadas aos materiais híbridos. Além disso, a formação

de copolímero por enxerto aumentaria a compatibilidade entre os dois

polímeros individuais. Vários métodos podem ser utilizados para iniciar a

copolimerização de enxerto e podem ser incluídas radiações eletromagnéticas

como raio-γ e luz UV, e iniciadores de radicais livres como peróxido de

hidrogênio-ferro (II) (Lagos e Reyes, 1998) e íons de metal de transição

(Nagarajan et al., 1994; Qiu et al., 1994).

Don et al (2006) enxertou PVA e poli (vinil acetato) na cadeia de

quitosana de baixo peso molecular (CS-g-PVA) com o objetivo de aumentar a

compatibilidade entre os dois componentes. Os resultados mostraram que a

compatibilidade do PVA foi melhorada devido à incorporação da quitosana.

Para adesão plaquetária, o PVA puro ofereceu uma boa propriedade de contato

com sangue, enquanto a quitosana pura foi muito inferior. Porém, as blendas

com uma pequena quantidade de CS-g-PVA com PVA melhorou a

compatibilidade com sangue. Uma composição ótima da blenda CS-g-PVA/PVA

foi determinada neste estudo para sua aplicação em dispositivos biomédicos

que tenham contato com sangue.

Cho et al. (2000) prepararam um copolímero enxertando um oligômero

de quitosana na cadeia de PVA (CS-g-PVA), usando um agente de

acoplamento, a N-metilolacrilamida. Kweon e Kang (1999) prepararam

copolímeros de CS-g-PVA enxertando PVA solúvel em água na quitosana

diretamente, usando íon cérico. O íon cérico quebra preferencialmente as

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unidades dióis vicinais (1,2-glicol) presentes em baixa porcentagem ao longo

da cadeia de PVA, produzindo um número limitado de segmentos de cadeia

que levam os grupos aldeído em ambas as extremidades. Os grupos aldeído

terminais reagem com os grupos amino da quitosana, formando assim os

copolímeros de CS-g-PVA.

Wang et al. (2005) estudaram as propriedades dos filmes de blendas

de quitosana e PVA para medicamentos de liberação controlada,

caracterizaram os filmes com FT-IR, microscopia eletrônica de varredura

(MEV), e avaliaram a influência dos fatores (proporção quitosana-PVA) na

velocidade de liberação de um medicamento modelo. Os resultados indicaram

que o filme foi sensível ao pH e força iônica do meio, e o tempo de reticulação

influenciou as propriedades de liberação do medicamento. Por esta razão o

filme tem aplicação na liberação de medicamentos no intestino (Wang et al.,

2005).

2.4.2.3.2 Blendas de amido/PVA

Diversos autores estudaram filmes de blendas de poli (álcool vinílico)

(PVA) com amido, usando diferentes formas de reticulação química e física,

obtendo melhorias nas propriedades mecânicas dos filmes, e demonstrando

assim a boa compatibilidade que existe entre esses dois polímeros (Follain et

al., 2005b; Sreedhar et al., 2005; Yin et al., 2005; Imam et al., 2005; Yoon et

al., 2006b).

O PVA muda as propriedades termodinâmicas do amido ao modificar a

estrutura do polímero a nível molecular e morfológico (Sreedhar et al., 2005).

Do ponto de vista prático e econômico, é preferível que a blenda contenha o

máximo de amido possível. Porém, as propriedades dos filmes ficam

comprometidas quando a proporção de amido na formulação aumenta. Lawton

(1996) atribui essa perda nas propriedades mecânicas, a baixa

compatibilidade entre o amido e o PVA e separação de fase durante o preparo

do filme (Lawton e Fanta, 1994), que segundo ele pode ser minimizada pela

adição de ácido poli (etileno-co-acrílico) (EAA). Além disso, a resistência à

água do filme de amido/PVA é inferior a do filme de PVA.

Lawton (1996) também estudou o efeito de diferentes tipos de amido

nas propriedades de filmes de amido e PVA. Ele observou que os filmes com

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alto teor de amilose possuem as melhores propriedades mecânicas, estáveis

ao longo do tempo, entretanto os filmes com amido ceroso apresentaram

pobre desempenho mecânico comparado com os outros filmes, devido a sua

estrutura com alto teor de amilopectina. O EAA não consegue se complexar

com a amilopectina tão bem quanto com a amilose (Shogren et al., 1991).

Jayasekara et al. (2004) estudaram a adição de PVA (20%) e glicerol

(20%) ao amido de trigo (60%); os filmes foram analisados por

espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e não se

evidenciou a formação de ligações entre os componentes individuais.

Porém Kondo et al. (1994) verificaram excelente compatibilidade dos

componentes na blenda amido/PVA. Follain et al (2005b) também estudou

blendas de amido/PVA com várias concentrações de PVA pelo método casting

e extrusão, com e sem reticulante e glicerol como plastificante. Como

resultado, o alongamento foi aumentado sem redução significante da força nos

dois processos. As habilidades de absorção de água e foto-reticulação também

foram medidas, mostrando uma compatibilidade bastante boa entre o PVA e o

amido. A diminuição na absorção de água com a adição de PVA foi atribuída a

uma interação entre eles. Os resultados dos testes mecânicos nestes materiais

mostraram um aumento do alongamento na fratura.

Tanto o amido quanto o PVA são polímeros polares. Na Figura 11

observa-se o mecanismo da possível interação entre as moléculas de amido e

o PVA.

O

O O O

CH2OHO

HO

CH2OH

CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2

OH

OH

CH2OH

HOH

n

CH2OH

OH OH OH OH

HO CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 n

OH

OH

PVA

PVA

Amido

Figura 11: Representação da possível formação de pontes de hidrogênio entre

o amido e o PVA na blenda (Siddaramaiah et al., 2004)

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Siddaramaiah et al. (2004) avaliaram o efeito da adição de 1-10% de

amido de milho em filmes de PVA com 99% de hidrólise e grau de

polimerização de 17000-18000, e observaram que a incorporação do amido

não afetou as propriedades mecânicas dos filmes de PVA e considerou a

provável formação de pontes de hidrogênio entre os dois componentes.

Cascone et al. (2001) prepararam filmes a partir das blendas de

PVA/amido e PVA/amilose. Eles observaram que a mistura PVA/amido formou

um sistema de duas fases, enquanto PVA/amilose formou uma estrutura

homogênea, indicando que o PVA poderia misturar-se uniformemente com a

amilose, sugerindo a possibilidade de reação química entre eles sob irradiação.

Raj et al. (2003) fizeram a modelagem das isotermas de sorção de

umidade dos filmes de PVA com amido de milho (10-50%) concluindo que os

filmes são apropriados para a embalagem de alimentos.

Park et al. (2005) e Yoon et al. (2006a) avaliaram o efeito de aditivos

com diferentes grupos funcionais (hidroxila e carboxila) nas propriedades

físicas dos filmes de amido de milho com PVA na mesma proporção. Os

autores observaram que as melhores propriedades foram atingidas com a

adição de ácido cítrico, devido este conter grupos hidroxila e carboxila que

aumentaram as interações inter e intramoleculares do amido através de

pontes de hidrogênio. As melhores propriedades foram obtidas com agitação

da blenda por 50 min a 1500 rpm.

Guohua et al (2006) investigaram as propriedades mecânicas, a

resistência à água e biodegradabilidade de blendas de amido de milho

metilado (MSC) e PVA. Eles verificaram que o filme de MCS/PVA teve maior

resistência a água que o filme de amido de milho in natura/PVA. A taxa de

degradação do amido no filme de amido/PVA foi dificultada pela mistura com

PVA, quando comparado com a blenda de amido não modificado, mas

dependeu da proporção de amido no filme. Tanto a resistência à tração quanto

o percentual de alongamento do filme melhoraram quando o grau de

substituição do amido metilado no filme aumentou. Reciprocamente, o

aumento na proporção desse amido na matriz do filme reduziu a resistência à

tração e percentual de alongamento do filme.

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Elizondo (2007) elaborou filmes de farinha de amaranto modificada com

epicloridrina e PVA. Ela verificou que a reticulação teve um efeito plastificante

sobre os filmes, reduzindo a resistência e aumentando a flexibilidade dos

mesmos. As propriedades de barreira foram melhoradas, com uma diminuição

considerável da permeabilidade ao vapor de água. Além disso, reduziu a

solubilidade em água e manteve a integridade dos filmes durante o teste. Nas

blendas de farinha de amaranto com PVA, tanto a resistência quanto à

flexibilidade, foram aumentadas enquanto a solubilidade em água foi

diminuída com o aumento da concentração de PVA na blenda. A análise do FT-

IR confirmou a formação de pontes de hidrogênio entre os componentes dos

filmes a partir de blendas de farinha de amaranto e PVA.

2.5 Aplicação dos polímeros biodegradáveis

Nas últimas duas décadas a diversificação de matéria-prima, forma de

processamento e de área de aplicação e a demanda por novos materiais

biodegradáveis aumentaram de forma significativa. Com isso a maioria dos

novos plásticos biodegradáveis ainda está em fase de desenvolvimento, e a

cada ano surgem novas e importantes áreas de aplicações. Atualmente, os

polímeros biodegradáveis têm aplicação importante em duas áreas principais:

embalagem e na área médica (Scott, 2000; Innocentini-Mei e Mariani, 2005).

2.5.1 Embalagens

A maior aplicação dos polímeros biodegradáveis é como embalagem

(Scott, 2000). Nas últimas décadas tem surgido um interesse particular na

obtenção de materiais biodegradáveis com o objetivo de resolver os problemas

ambientais ocasionados pelo acúmulo de plásticos sintéticos. A utilização de

biopolímeros, derivados de produtos agrícolas, na formulação de embalagens

biodegradáveis também almeja finalidades econômicas, pois apesar destes

recursos estarem disponíveis em grandes quantidades, seu uso esta abaixo do

desejado (Kester e Fennema, 1986; Petersen et al., 1999; Scott, 2000).

A futura geração dos materiais de embalagem será oriunda de

recursos renováveis (Petersen et al., 1999). Atualmente tem-se dado grande

importância a embalagens biodegradáveis devido ao marketing de materiais

ecologicamente corretos. Por essa razão os polímeros naturais, os chamados

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biopolímeros, surgem como principal matéria prima para as embalagens

biodegradáveis (Chandra e Rustigi, 1998).

Os setores de embalagem de alimentos e sacolas plásticas são as mais

bem sucedidas no mercado e as maiores aplicações desta área. Como

embalagens de alimentos os mercados principais são para sacos de frutas,

hortaliças e produtos de panificação. O preço elevado dos produtos

biodegradáveis limita muito a extensão deste mercado, mas os filmes

derivados de amido possuem a vantagem, sobre os plásticos tradicionais, de

permitir uma melhor respiração dos produtos (Bastioli, 2000).

Os polilactatos (PLA), polihidroxoalconatos (PHA), policaprolactonas

(PCL) e os amidos e as blendas com estes polímeros, são os mais empregados

como embalagem de alimentos e recobrimentos cartonados com baixa

permeação de oxigênio para embalagens de líquidos, bandejas, embalagens

para “fast food” e outros alimentos regulares (Innocentini-Mei e Mariani,

2005).

O polímero NatureWorks (PLA) fabricado pela Cargill-Dow a partir do

milho vem tendo ótimo desempenho para embalagens rígidas e flexíveis. Esse

polímero pode ser utilizado nos processos de injeção, extrusão, sopro e

estiramento (Embalagem Marca, 2002). As empresas Fertec (italiana) e

Warner-Lambert (americana) produzem sacolas plásticas feitas a partir do

ácido poliláctico (PLA), sintetizado a partir do milho e da beterraba (Lopes,

2002).

A Novamont (Itália) é a maior produtora de materiais a base de amido

modificado, em que parte dos grupos OH das cadeias de amilose e

amilopectina são substituídos por grupos éter ou éster. Tendo a capacidade

instalada de cerca de 50.000 t/ano, produz uma variedade de polímeros para

várias aplicações sob o nome comercial Mater-Bi®. Muitas outras pequenas

empresas utilizam-se também desta tecnologia oferecendo vários produtos,

destacando-se os filmes de recobrimentos para agricultura, material para

embalagens e filmes para sacos de lixos (Pradella, 2006).

Além dos filmes biodegradáveis destinados a substituir os plásticos

sintéticos, é possível também à produção de filmes comestíveis. Baldwin et al.

(1996) indicam que os filmes comestíveis podem propiciar uma barreira a

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vapor de água ou a outros gases, permitindo a criação de uma atmosfera

controlada em volta do produto. Esses filmes são também usados como

carreadores de aditivos (filmes inteligentes) tais como antioxidantes,

acidulantes, fungicidas, bactericidas e conservantes e melhoram a preservação

da cor dos alimentos.

Para Tuil et al. (2000), filmes biodegradáveis multicamadas podem ser

usados como embalagens alimentícias com atmosfera controlada ou com gás.

O amido é uma excelente barreira a O2 e CO2, encontrando problemas apenas

com água ou vapor d’água. A aplicação de camadas de biopolímeros

resistentes à água na proporção de 10%, permitiu a Tuil et al. (2000) obter

filmes resistentes à água. Esse material é atualmente comercializado pela

AVEBE com o nome de Paragon® e pode ser processado por sopro e usado em

multicamadas com ácido poliláctico (PLA) ou poli (hidroxi butirato valerato)

PHBV (Weber, 2000).

O CERAT (Centro de Raízes e Amidos Tropicais) da UNESP

(Universidade Estadual Paulistana) em Botucatu, São Paulo, desenvolveu uma

formulação à base de fécula de mandioca que pode ser utilizada para

embalagens flexíveis como sacolas ou moldadas, tipo bandejas. Para evitar

que estas se degradem pela ação da umidade, estudos com cera de abelha ou

de carnaúba para impermeabilizá-las estão sendo realizados (Globo Rural,

2002).

Na Tailândia vem sendo produzidas embalagens a partir do amido de

mandioca, que além de baixo custo de produção e biodegradabilidade,

possibilitam a utilização em freezer e forno de microondas, e após a

desintegração podem virar adubo ou mesmo ração de gado (Kamio, 2002).

A produção de sacolas responde a 40% do mercado de embalagem

plástica (Averous, 2002) e sua utilização vem sendo substituída e até mesmo

proibida em muitos países. As blendas de amido e PCL são usadas em sacos

para reciclagem de lixo orgânico (compostagem) e as embalagens desses

filmes possuem propriedades similares ao PEBD (Bastioli, 2000, Averous et al.,

2001, Martin et al., 2001). Essas sacolas foram introduzidas no mercado em

1999, onde a coleta de lixo orgânico já existia e foram aceitas como sacolas

biodegradáveis, passando a serem usadas em muitos supermercados na

Escandinávia e no litoral mediterrâneo (Bastioli, 2000).

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A formação de material biodegradável a partir de amido pode ser feita

por sopro, mas com adaptação do material, onde o amido termoplástico é

misturado com poliésteres, sistema que permite a produção de um filme por

co-extrusão e sopro (Averous, 2002).

2.5.2 Aplicações médicas

Os materiais biodegradáveis estão tornando-se cada vez mais

importantes no campo dos biomateriais, particularmente para o tratamento de

feridas, reconstrução de tecidos e liberação controlada de fármacos (Tomihata

e Ikada, 1997).

2.5.2.1 Implantes re-absorvíveis

Materiais biodegradáveis são normalmente utilizados para aplicações

temporárias, tais como implantes, usados pelo corpo para suportar a

regeneração de funções normais. Durante o processo de regeneração, o

implante é degradado em produtos que são reabsorvidos, não deixando

qualquer resíduo no organismo. Assim, quando um implante de polímero

biodegradável é utilizado, não há necessidade de uma cirurgia posterior para

sua remoção, como ocorre no caso dos implantes de metal, poupando o

paciente deste desconforto e risco (Innocentini-Mei e Mariani, 2005).

A vantagem principal de materiais biodegradáveis em comparação aos

não-biodegradáveis na área de implantes é a ausência de materiais estranhos

implantados no corpo como resultado de sua biodegradação. Esta é uma

importante diferença em relação aos biomateriais não-biodegradáveis que

poderia gerar reações adversas durante o contato a longo prazo com uma

estrutura viva (Tomihata e Ikada, 1997).

2.5.2.2 Liberação controlada de fármacos

Os medicamentos são armazenados em matrizes baseadas em

polímeros biodegradáveis. Essas matrizes permitem que os medicamentos

sejam liberados no organismo na concentração ideal, no local desejado e num

determinado período. Futuros desenvolvimentos são apontados pelas extensas

pesquisas que estão sendo feitas com estes materiais nas áreas de liberação

controlada de fármacos (Innocentini-Mei e Mariani, 2005). Entre todas as

técnicas de liberação controlada, a utilização de membranas é a mais

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promissora devido à atividade local e sua habilidade de manter a constância

nos perfis de liberação controlada.

O objetivo da utilização de material de bandagem para queimaduras é

acelerar o tratamento da ferida evitando perda de fluido e infecção bacteriana.

Entre as propriedades gerais necessárias para uma eficiente cobertura para

queimaduras, estão a absorção controlada de exudados e prevenção de

infecção bacteriana. Portanto materiais impregnados com antimicrobianos são

necessários e os materiais de cobertura de feridas desenvolvidos nos últimos

anos satisfazem essas exigências (Lee et al., 2000; Khan et al., 2000).

A quitosana está entre os polímeros naturais mais comumente

estudados para utilização em processos de regeneração de pele. Este

polissacarídeo apresenta diversas características de interesse, como ação

antimicrobiana (bactericida, bacteriostática, fungicida e fungistática) e

redutora do tempo de cicatrização de lesões provenientes de agressões físicas

a tecidos animais, como por exemplo, ferimentos ou queimaduras (Craveiro e

Craveiro, 2000).

A quitosana vem sendo regularmente utilizada em processos de

regeneração de pele em clínicas no Japão (Craveiro et al., 1999). O

tratamento consiste na combinação de três procedimentos: aplicação de uma

solução de quitosana sobre a lesão cutânea, banhos de imersão contendo

soluções diluídas de quitosana e ingestão oral de uma solução de quitosana.

Experimentos utilizando aplicações tópicas de quitosana através de

pomadas e bandagens mostraram que ela promove uma rápida cicatrização de

ferimentos e abscesso infectados por Staphylococcus. Tais aplicações

diminuíram o tempo de coagulação, que é de fundamental importância na

cicatrização de ferimentos (Craveiro et al., 1999).

Dallan (2005) sintetizou e caracterizou membranas de quitosana para

aplicação na regeneração de pele. Os resultados indicaram que a maioria das

composições apresentou características adequadas para utilização como

curativos temporários não biodegradáveis sendo as membranas compostas

somente por quitosana e obtidas a partir de uma solução a 2,5%, aquelas que

mostraram os resultados mais promissores de uso para esta finalidade.

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Chuang et al (1999) reportaram o uso da blenda CH/PVA reticulada

como curativo. Mangala et al. (2003) relataram a utilização de blendas de

quitosana/PVA impregnadas com gentamicina, usadas em bandanas no

tratamento de queimaduras obtendo ótimos resultados.

2.5.3 Outras áreas de aplicação

A agricultura gera uma quantidade considerável de resíduos plásticos

chegando a 10% por peso dos plásticos totais nos aterros. Além disso, só uma

fração pequena destes plásticos pode ser reutilizada, devido a resíduos de

areia e substâncias químicas usadas no tratamento das plantas. O

desenvolvimento de produtos biodegradáveis para uso na agricultura é

conseqüentemente um ponto importante para reduzir o impacto ambiental nas

terras cultivadas (ETAP, 2006).

Na agricultura, as mantas agrícolas (mulchings), filmes finos de

polietileno foto-biodegradável, são colocados no solo com o objetivo de

aumentar a temperatura e reter umidade do solo, e com isso reduzir a

formação de ervas daninhas, garantir a antecipação da colheita e aumentar

também os rendimentos da colheita. Gradativamente o polietileno vem sendo

substituído pelos mulchings feitos a partir do amido, PLA (ácido polilático) e

PHB (ácido polihidroxibutirato). Um benefício ecológico principal dos

mulchings é a redução de água de irrigação e da utilização de fertilizante. Ao

final da colheita os filmes são enterrados e incorporados ao solo fornecendo

nutrientes (Scott, 2000; ETAP, 2006).

No setor de higiene, amidos termoplásticos e as blendas de amido e

PCL (policaprolactona) são usadas em fraldas descartáveis (Bastioli, 2000;

Martin et al., 2001; Innocentini-Mei e Mariani, 2005), em cotonetes e palitos

de dentes (Thouzeau, 2001), papéis sanitários, luvas cirúrgicas (Innocentini-

Mei e Mariani, 2005), talheres, pratos e copos descartáveis, estojos,

barbeador descartável, escovas de dente, brinquedos, utensílios de cutelaria,

caixa de ovos, linhas e redes de pesca, isolante térmico e de cabos elétricos

(Da Róz, 2003; Innocentini-Mei e Mariani, 2005).

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3 OBJETIVOS

3.1 Gerais

Sintetizar, caracterizar e avaliar a biodegradação no solo de blendas de

diversas fontes de amido (inhame, jalapa, cará chinesa e feijão verde)

contendo quitosana e poli (vinil álcool) (PVA).

3.2 Específicos

Caracterizar físico-química e reologicamente os amidos de inhame,

jalapa, cará chinesa e feijão verde;

Preparar blendas de amido de inhame, jalapa, cará chinesa e feijão

verde com quitosana e PVA em várias concentrações de amido;

Produzir filmes plásticos capazes de serem usados como material de

embalagem e em outras aplicações;

Verificar os efeitos da substituição do amido por quitosana e PVA nas

propriedades físico-químicas, mecânicas e na biodegradabilidade dos

filmes no solo;

Estudar a biodegradação dos filmes através de análise de perda de peso

e por Espectroscopia na região do Infravermelho;

Incentivar o uso de plásticos biodegradáveis no mercado brasileiro, e

contribuir para a redução de resíduos sólidos no meio ambiente.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Reagentes e soluções

No preparo das soluções utilizadas na elaboração dos filmes utilizou-se

o pó de quitosana da casca de camarão, com grau de desacetilação de 83%,

fornecido pelo PADETEC/CE (Parque de Desenvolvimento Tecnológico) e poli

(vinil álcool) da Aldrich, com grau de hidrólise de 85%.

4.1.1 Preparo da solução de quitosana 1%

O pó de quitosana foi dissolvido em solução de ácido acético glacial a

1%, sob agitação magnética até completa dissolução. A solução a 1%

dissolvida foi peneirada em peneira com abertura de poro de 0,025 mm (500

mesh), para total retirada de impurezas, como areia e restos de cascas.

4.1.2 Preparo da solução de PVA 1%

Cerca de 1 g de PVA foi dissolvido em 100 mL água fervente (95 oC),

sob constante agitação até a obtenção de uma solução transparente.

4.2 Matéria-prima

Utilizaram-se as raízes de inhame (Dioscorea esculenta L.), jalapa

(Operculina tuberosa Meisn.), cará chinesa (Colocassia esculenta L.) e feijão

verde (Vigna unguiculata (L.) Walp.). As raízes de inhame e jalapa foram

coletadas em Paço do Lumiar-MA entre os meses de abril e maio. A cará

chinesa e o feijão verde foram obtidos nos supermercados locais.

4.2.1 Isolamento e purificação dos amidos

a) Amido de inhame

As raízes foram lavadas, descascadas e trituradas até obtenção de

uma massa densa e uniforme. A essa massa acrescentou-se água suficiente

para facilitar a peneiração. Deixou-se a suspensão descansar por 24 horas, até

que a água pudesse ser sifonada. Adicionou mais água a massa e sifonou-se

quantas vezes necessário para a obtenção do amido purificado. O material foi

seco em estufa com circulação de ar a 60 oC por 24 horas.

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b) Amido de jalapa

As raízes previamente lavadas e secas foram descascadas e trituradas

manualmente. Adicionou-se água o suficiente para facilitar a peneiração da

polpa rica em amido em peneira com abertura de poro de 0,075 mm (200

mesh). Após esta fase a suspensão ficou decantando por 24 horas e o

sobrenadante vermelho foi descartado e a polpa lavada várias vezes até o pó

branco ser obtido. O material foi seco em estufa com circulação de ar a 60 oC

por 24 horas.

c) Amido de cará chinesa

As raízes foram lavadas, descascadas e trituradas. A massa obtida foi

peneirada em peneiras com abertura de poro de 0,075 mm e 0,037 mm (200

e 400 mesh) e mais água acrescida à massa, o suficiente para facilitar a

peneiração. Em seguida a suspensão foi centrifugada sucessivas vezes até que

o pó branco do amido fosse obtido. A secagem da massa de amido foi feita

conforme descrito anteriormente para as outras fontes.

d) Amido de feijão verde

O feijão verde foi descascado manualmente e triturado em

liquidificador doméstico. A massa obtida foi peneirada e purificada através de

sucessivas lavagens. A secagem da massa de amido foi feita conforme

descrito anteriormente para as outras fontes.

4.3 Caracterização físico-química dos amidos

4.3.1 Umidade

Determinado através de secagem em estufa a 105 oC. As amostras

foram pesadas a cada duas horas, até que os pesos se tornassem constantes,

de acordo com método no 930.15 da AOAC (1990).

4.3.2 Cinzas

Determinado após calcinação em mufla por 4 horas à 550 oC, de

acordo com método no 42.05 da AOAC (1990).

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4.3.3 Lipídios

Os lipídios totais foram determinados através de extração em Soxhlet,

utilizando-se álcool metílico como solvente, de acordo com método no 954.02

da AOAC (1990).

4.3.4 Proteínas

O nitrogênio total foi determinado em aparelhagem micro Kjeldahl, e o

teor de proteínas, calculado utilizando-se o fator de conversão N x 5,75, de

acordo com método no 984.13 da AOAC (1990).

4.3.5 Teor de amido

Foi determinado após hidrólise ácida, multiplicando-se o teor de

açúcares redutores pelo fator 0,9, segundo método de AOAC (1990).

4.3.6 Acidez titulável

Determinado após titulação com NaOH 0,1N, conforme metodologia

descrita pela AOAC (1990)

4.3.7 Teor de amilose

O teor de amilose dos amidos foi determinado através de análises

espectrofotométricas, após medida da cor azul do complexo iodo-amilose,

conforme o método 6647 da ISO (1987).

4.3.8 Poder de inchamento e solubilidade

Através da metodologia descrita por Schoch (1964), na qual 1 g de

amido em base seca (b.s.) e 40 mL de água foram colocados em erlenmeyers,

previamente tarados e levados a aquecimento em banho-maria com agitação,

por 30 minutos nas temperaturas de 55 oC, 65 oC, 75 oC, 85 oC e 95 oC. A

suspensão de amido foi então colocada em tubos e centrifugada a 5000 x g

por 30 minutos. O sobrenadante foi cuidadosamente separado e uma alíquota

de 10 mL foi retirada, seca em estufa e pesada, para avaliar o percentual de

solubilidade. O sedimento foi pesado para avaliar o percentual de grânulos

inchados e os percentuais de solubilidade e poder de inchamento foram

calculados a partir das relações abaixo:

Solubilidade = (b.s.)amostra da peso

solúvel material peso x 100 (1)

66

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67

Poder de Inchamento =solúveis) %-(100x (b.s.)amostra peso

sedimento do peso x 100 (2)

4.3.9 Características de pasta (Viscosidade aparente)

Os padrões de formação de pasta de cada amido foram acompanhados

em visco-analizador rápido (RVA), RVA-4 Newport Scientific.

Aproximadamente 4,5g de amostra foram pesadas e 25 mL de água

adicionadas (14% de umidade) para iniciar-se o ciclo de medição. A velocidade

das pás giratórias manteve-se em 160 rpm e o perfil de aquecimento foi: 1

minuto a 50 oC, sendo a temperatura progressivamente aumentada até 95 oC

(13oC/min.). Após 3 minutos a 95 oC, a temperatura foi então reduzida para

50 oC (13oC/min.), e mantida por 3 minutos nessa temperatura, finalizando o

teste após 13 minutos. Ao final dos testes, obtiveram-se os seguintes

parâmetros: temperatura de pasta (A), pico de viscosidade máxima (B),

tempo de viscosidade máxima, quebra (breakdown) (C), viscosidade mínima

(hold) (D), setback (E) e viscosidade final (F), conforme Figura 12. As

viscosidades foram expressas em centipoise (cP) e todas as curvas de pasta

foram obtidas em triplicata.

Temperatura de Pasta (A)

Perfil de temperatura

Viscosidade Máxima (B)

Hold (D)

Setback (E)

Viscosidade Final (F)

Quebra ou Breakdown (C)

300

0

Vis

cosi

dad

e

Tem

p

(ºC

)

15 0 3 6 9 12

Tempo (min.)

Figura 12: Parâmetros observados nos gráficos obtidos no visco-analizador

rápido (RVA)

67

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68

4.3.10 Difração de Raios-X

As amostras secas foram passadas em peneira com abertura de poro

de 0,075 mm e compactadas entre duas lâminas de alumínio, para que as

leituras fossem realizadas em um difratômetro de raios-x (Dmax-B, Rigaku),

com radiação de cobre (kα1,2), operando à 40 kV e 25 mA; monocromador de

grafite pirolítico curvo, posicionado entre a amostra e o detector de cintilação.

A região de varredura do ângulo de difração (2θ ) foi de 3-40o, em 1/2o/min.

4.3.11 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

Cerca de 3,0 mg das amostras foram colocados em recipientes de

alumínio, seguida da adição de 15 μL de água destilada (proporção

amido/água de 1/5). As amostras ficaram em repouso cerca de 1 hora, e

então os recipientes foram selados para serem submetidos a aquecimento em

calorímetro diferencial de varredura (DSC-50, Shimadzu). A velocidade de

aquecimento foi de 10oC/min, utilizando-se fluxo de nitrogênio de 50 mL/min,

a uma temperatura inicial de 25 oC e final de 100 oC. Ao final dos testes,

obteve-se a temperatura inicial de gelatinização (To), a temperatura máxima

de gelatinização (Tp), a temperatura final de gelatinização (Tc), e a entalpia de

gelatinização (ΔH).

Para os filmes, as amostras foram pesadas (10 mg) e analisadas a

uma taxa de aquecimento de 10oC/min e faixa de temperatura de 25 oC a 250 oC e fluxo de nitrogênio de 50 mL/min.

4.3.12 Microscopia de luz simples e polarizada

A morfologia dos grânulos foi observada em microscópio de luz simples

e polarizada, marca Carl Zeiss JENA, modelo Jenalab Pol, do Laboratório de

Biologia Celular Vegetal do Departamento de Biologia da UFC. O pó de amido

foi suspenso em água e uma gota da suspensão foi colocada em lâminas, que

foram recobertas com lamínulas de vidro. As amostras foram observadas em

luz simples e polarizada, sendo as imagens aumentadas 50x e fotografadas

com câmera digital.

68

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4.3.13 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A morfologia e o tamanho dos grânulos foram realizadas em

microscópio eletrônico de varredura PHILIPS XL-30, equipado com um

detector EDAX-CDU do Laboratório de Microscopia do Departamento de

Engenharia Mecânica da UFC. O pó de amido foi depositado sobre fita adesiva

dupla face, fixada em suporte metálico. A placa metálica foi recoberta com

ouro em sputter coater Emitech K500, operando a 5mA e 50 kV, fornecendo

uma cobertura de aproximadamente 50 μm.

4.4 Obtenção dos Filmes (Blendas)

4.4.1 Preparo das blendas

As soluções de amido a 1,5% (com exceção da cará chinesa que foi

2%) foram gelatinizadas a 95 oC por 1 hora. Em seguida foram misturadas

com as soluções de quitosana a 1% e PVA a 1%, nas concentrações de 80%,

60%, 40%, 20% e 0% e agitadas por 1 hora. Após esse tempo as amostras

eram espalhadas sobre placas de acrílico e secas em estufa com circulação

forçada de ar por 3 horas a 60 oC. Em seguida os filmes eram retirados das

placas, etiquetados e armazenados em local apropriado para posterior análise.

4.4.1.1 Notação das blendas de amido: quitosana:PVA

Cada amido foi identificado por uma letra maiúscula: Inhame (A),

Jalapa (B), Cará chinesa (C) e Feijão verde (F)

Na notação das blendas, a letra indica o tipo de amido, o primeiro

número indica a concentração de amido, o segundo e terceiro indicam as

concentrações de quitosana e PVA, respectivamente.

Ex: B811 - blenda com 80% de amido de jalapa + 10% de quitosana

+ 10% de PVA.

4.5 Caracterização físico-química dos filmes (blendas)

4.5.1 Espessura dos filmes

Foi determinada em micrômetro digital Mitutoyo (± 0,001 mm) em 12

pontos diferentes, considerando-se a espessura do filmes como a média entre

todas as leituras.

69

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4.5.2 Cor dos filmes

A cor dos filmes foi determinada com um colorímetro Minolta, modelo

CR-310, do Laboratório de análises da EMBRAPA Agroindústria. Utilizou-se os

padrões CIE Lab: L*, variando de 0 (preto) a 100 (branco); a*, do verde (-)

ao vermelho (+); e b*, do azul (-) ao amarelo (+). Os filmes foram aplicados

na superfície de uma placa branca padrão: L* = 94,89; a* = -0,78; b* =

1,43.

4.5.3 Solubilidade em água

Foi determinada segundo o método proposto por Gontard et al. (1992).

Amostras de filmes com 2 cm de diâmetro, de umidade conhecida, foram

pesadas e mergulhadas em 50 mL de água destilada. O sistema foi agitado

lentamente em agitador magnético por 24 horas. Após este período as

amostras foram retiradas da água, filtradas em papel de filtro previamente

tarado e secas (105oC por 24 h) para determinar o peso do material não

solubilizado. A solubilidade foi expressa pela porcentagem de material seco

solubilizado através da equação:

( ) 100xPi

PfPi%S

−=

Onde:

Pi= peso inicial do material seco

Pf= peso final do material seco não solubilizado

4.5.4 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

Os filmes foram cortados em pedaços bem pequenos e colocados em

recipientes de alumínio (aproximadamente 5 mg). As amostras foram

submetidas a aquecimento em calorímetro, conforme descrito no item 4.3.11.

A velocidade de aquecimento foi de 10oC/min, utilizando-se fluxo de nitrogênio

de 50 mL/min, a uma temperatura inicial de 25 oC e final de 300 oC.

4.5.5 Espectroscopia de infravermelho com acessório ATR (FTIR-ATR)

As análises foram realizadas em espectrofotômetro de infravermelho

com transformada de Fourier (FT-IR) Prestige-21 da Shimadzu no modo ATR

(Reflectância Atenuada Total). Os filmes foram colocados diretamente sobre o

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cristal de ZnSe com índice de refração de 2,4 e ângulo de incidência de 45o e

pressionados de maneira uniforme, de modo que todas as amostras

recebessem a mesma pressão. Os espectros foram obtidos no modo

absorbância na faixa de 400-4000 cm-1 com uma resolução de 4 cm-1. Uma

média de 6 espectros foi obtida para cada amostra.

4.5.6 Difração de raios-x

Os filmes foram cortados em quadrados de 2 x 2 cm fixados com

silicone em uma placa de alumínio e submetidos à leitura no difratômetro de

raios-x, nas mesmas condições já descritas no item 4.3.10.

4.5.6.1 Cristalinidade relativa (CR)

A cristalinidade relativa (CR) foi determinada de acordo com o método

de Hermans, descrito em Fujita et al. (1998), usando a fórmula:

100xRAaAc

AcC

+=

Os difratogramas foram plotados de modo que as intensidades

ficassem no eixo y e os ângulos de difração (2θ ) no eixo x. Através dos

difratogramas, as porções amorfa e cristalina das amostras foram separadas

através de uma linha de base com 27 pontos, traçada desde 3o até 40o (2θ ).

Em seguida essas áreas foram integradas, para obtenção de Aa (área amorfa)

e Ac (área cristalina).

4.5.7 Propriedades mecânicas (teste de tensão/tração)

Todos os testes mecânicos foram realizados em INSTRON modelo

4443, em sala climatizada (T= ± 22 oC, 35-45 % UR). Os resultados dos testes

foram analisados com o programa Instron Bluehill.

Os filmes com espessura variando de 0,03 a 0,09 mm foram cortados

em tiras de 15 mm de largura e 100 mm de comprimento, fixados no aparelho

e submetidos a teste de tensão e deformação, baseando-se no método padrão

da ASTM D 882-97 (1997). A distância inicial entre as garras foi de 80 mm e a

velocidade de tração de 10 mm/min. Os parâmetros de tensão na ruptura,

tensão de escoamento, percentual de deformação e módulo de elasticidade (E)

foram obtidos.

71

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4.5.8 Propriedades de barreira

4.5.8.1 Permeabilidade ao vapor d’água

Foi determinada gravimetricamente segundo teste da ASTM E96-90

(ASTM, 1990). Os filmes foram aplicados em células de permeação (4-4,5cm

de diâmetro e 8,5-9,0 cm de altura) utilizando-se um anel de silicone, de

modo a garantir que a migração de umidade ocorresse exclusivamente através

do filme. O interior da célula foi parcialmente preenchido com sílica gel (4 cm

de altura aproximadamente). As células foram colocadas em dessecadores

contendo água destilada (UR=100%), onde o vapor de água transferido

através do filme foi absorvido pela sílica, conforme Figura 13.

Filme

4 cm

Água destilada

UR1

UR2

Dessecador

Sílica

Figura 13: Representação do sistema utilizado na determinação de

permeabilidade ao vapor d’água

O peso da célula foi determinado a cada hora em uma balança analítica

perfazendo um total de 8 pesagens. Inicialmente calculou-se a taxa de

permeabilidade ao vapor de água (TWVP) de acordo com a equação:

tA

gTWVP = ,

Onde, A é a área de permeação (12,56 cm2). O termo g/t foi calculado por

regressão linear entre os pontos de ganho de peso e o tempo, no regime

constante. Em seguida calculou-se a permeabilidade ao vapor de água (WVP),

utilizando-se a equação:

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X

tA

gWVP = ,

onde X é a espessura média dos filmes; Δp é a diferença de pressão de vapor

do ambiente contendo sílica gel (zero) e do contendo água pura (3,16746 kPa,

25oC).

4.6 Estudo da Biodegradabilidade dos filmes

4.6.1 Preparo do solo

Utilizou-se uma área total de aproximadamente 300 m2, cedida pelo

Departamento de Agronomia da UFC, onde o solo era predominantemente

areno-argiloso. A área foi limpa e a areia peneirada para homogeneização do

solo. Durante o desenvolvimento do teste a umidade e o pH do solo foram

monitorados para se avaliar suas influências no percentual de degradação.

4.6.1.1 Umidade do solo

A cada dois dias, as amostras foram coletadas nos pontos definidos

para cada dia de aplicação, conforme método no 930-15 da AOAC (1990).

4.6.1.2 pH do solo

10 g de amostra foram retiradas, adicionadas a 500 mL de água

destilada, misturadas por 5 min com um agitador magnético e deixadas em

repouso para decantar. Após decantação, o pH do sobrenadante foi medido no

pHmetro digital, conforme descrito por Rosa e Filho (2003).

4.6.2 Colocação e retirada das amostras no solo

As amostras de filmes de 10 x 15 cm, com espessura média de 0,05

mm e pesando em média 0,70 g, foram depositadas no solo a uma

profundidade de 30 cm, conforme descrito em Rutiaga et al. (2005), entre os

meses de abril e maio de 2007. Para cada dia havia um local (buraco, espaço)

especificado (Figura 14a). As amostras contendo amido 100% e com 80% na

blenda foram analisadas em intervalos de 3 em 3 dias, perfazendo um total de

9 dias. O restante das amostras foram retiradas após 12, 14, 16, 18 e 22 dias.

Após a retirada, estas foram limpas, pesadas e submetidas às análises físico-

químicas.

73

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Figura 14: Esquema de colocação dos filmes. (a) no local especifico para cada

dia; (b) ordem de colocação, de acordo com o tipo e proporção de amido

4.6.3 Taxa de biodegradação das amostras

A taxa de biodegradabilidade dos filmes foi determinada através de

análise de perda de peso e espectroscopia de infravermelho, conforme descrito

por Rutiaga et al. (2005).

4.6.3.1 Perda de peso

As amostras retiradas do solo foram limpas para retirada do excesso

de solo impregnado nos filmes. Após estes estarem secos e livres de resíduos

de areia, foram pesados e os pesos comparados aos pesos iniciais (antes da

colocação no solo).

4.6.3.2 Espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR)

O somatório das áreas das bandas mostradas nos espectros na faixa

de 1800 a 650 cm-1 (referente a região de carboidratos) das amostras não

submetidas a biodegradação (Ai) e biodegradadas (Af) foram calculadas, para

obtenção do percentual de biodegradação, segundo equação abaixo:

Biodegradação (%) = Σ 100Ai

AfAi −

4.7 Análise estatística dos resultados

As comparações das médias de cada determinação foram calculadas

pelo teste de Tuckey, ao nível de 5%, utilizando a análise de variância

(ANOVA) do programa Origin 7.0, da Microcal Inc.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização físico-química e reológica dos amidos

5.1.1 Composição centesimal dos amidos

A composição centesimal dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa e

feijão verde são descritos na Tabela 2. Observa-se que algumas características

dos amidos de inhame e jalapa são muito semelhantes, principalmente,

quanto ao teor de lipídios e amilose. A cará chinesa apresentou os menores

percentuais para estes parâmetros. Isto pode ser um indicativo de que o tipo

de amilose presente nesta fonte de amido seja do tipo ligada aos lipídios

(LAM), como descrito por Tester e Morrison (1990).

O teor de amilose influencia a opacidade e a força dos filmes e géis de

amidos; os amidos que têm menor teor de amilose, como a mandioca e outras

raízes, formam géis e filmes mais frágeis e menos flexíveis, porém mais

transparentes do que os cereais como o milho. Entretanto, o inhame e a

jalapa apresentaram um teor considerado muito bom para esta finalidade

(24,58% e 21,52%, respectivamente).

Os amidos de jalapa e cará chinesa apresentaram teores de amido

similares (76,11 e 73,97% respectivamente), enquanto o inhame apresentou

uma pureza de 81,60%, o feijão verde mostrou um baixo valor (68,68%). O

teor de amido nos dá uma indicação do quanto as fibras podem dificultar a

extração. Por isso inhame teve um maior rendimento, pois é rico em amido e

apresenta pouco material fibroso, o que facilitou sua extração. O mesmo não

aconteceu com feijão verde, onde o processo de extração foi mais difícil,

ocasionando muitas vezes fragmentação do grânulo.

A cará chinesa apresentou uma acidez titulável muito próxima a de

uma fécula fermentada (3,85 ml de NaOH N/100g). Esta característica será

um fator determinante em suas propriedades físico-químicas, que

provavelmente irá diferenciá-la dos demais.

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Tabela 2: Composição centesimal dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa e feijão verde1, 2

Análisesa

Amostras Umidade (%) Cinzas (%) Lipídios

(%) Acidezb Proteínasc

Amido

(%) Amilose (%)

A3 13,53 ± 0,40ª 0,06 ± 0,01b 0,52 ± 0,04b 1,50 ± 0,06c 0,35 ± 0,03b 81,60 ± 2,96a 24,58 ± 0,45a

B3 11,26 ± 0,31b 0,05 ± 0,01b 0,52 ± 0,02b 1,70 ± 0,34b 0,06 ± 0,01c 76,11 ± 1,70b 21,52 ± 0,42b

C3 11,66 ± 0,83b 0,12 ± 0,02a 0,08 ± 0,04c 3,85 ± 0,00a 2,65 ± 0,01a 73,97 ± 1,46c 12,56 ± 0,01d

F3 10,40 ± 0,27c 0,10 ± 0,01a 0,72 ± 0,01a 1,70 ± 0,35b 0,06 ± 0,06c 68,68 ± 0,83c 17,55 ± 1,06c

1Média ± desvio padrão (n=5) aDeterminadas em base seca bmL de NaOH N/100g c%N x 5,75 2Letras iguais em uma mesma coluna indica que não há diferença significativa entre as médias, ao nível de 5% 3A= Inhame B= Jalapa C= Cará chinesa F= Feijão verde

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5.1.2 Microscopia de luz simples e polarizada

As micrografias dos grânulos de amido são mostradas na Figura 15.

Nestas imagens observa-se a forma dos grânulos de amido sob luz simples e

luz polarizada.

Figura 15: Microscopia de luz simples e polarizada dos amidos de inhame (A),

jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) (Barra= 50μm).

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Em quase todas as amostras (com exceção da cara chinesa) é possível

observar a típica cruz de malta, bem centrada e visível, indicativo da

birrefringência dos grânulos de amido.

5.1.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As imagens obtidas no microscópio eletrônico de varredura (MEV) são

mostradas na Figura 16. Observa-se que o amido de inhame apresentou

grânulos elípticos com tamanho variando de 19,40-40,00 μm e diâmetro

médio de 29,66 μm. A jalapa apresentou grânulos com formas poligonais,

esféricas e semi-esféricas truncadas, cujos tamanhos variaram de 9,18-19,50

μm, 11,50-27,00 μm e 6,00-15,50 μm respectivamente. A origem dessas

formas é provavelmente o resultado da dissociação dos grânulos compostos

durante a extração do amido. O feijão verde apresentou formas lenticular e

poligonal variando de 4,68-30,30 μm e diâmetro médio de 15,35 μm.

F C

B A

Figura 16: Microscopia eletrônica de varredura dos amidos de inhame (A),

jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) (aumento de 2000x).

Nos amidos de cará chinesa foram observados três tamanhos de

grânulos: os menores medindo 0,80 μm, os médios 1,30 μm e os maiores 1,86

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μm. As formas foram poligonais, porém estas só foram definidas, após

aumento de 16000x.

A forma e o tamanho dos grânulos influenciam grandemente nas

propriedades físico-químicas dos amidos. Alguns autores relataram que o teor

de amilose é maior nos grânulos grandes (Peng et al 1999; Takeda et al

1999), enquanto outros verificaram o mesmo teor de amilose em grânulos

pequenos e grandes (Myllärinen et al., 1998). Outros relatam a influência

deste parâmetro na temperatura e entalpia de gelatinização (Eliasson e

Karlsson 1983; Myllärinen et al., 1998; Chiotelli e Le Meste, 2002).

5.1.4 Difração de raios-X e cristalinidade relativa

Os difratogramas de raios-x dos pós dos amidos são mostrados na

Figura 17. Os amidos de cará e jalapa (tubérculos) apresentaram padrão de

raios-x tipo A. Os amidos tipo A apresentaram os principais picos em 15o, 17o,

18o, 20o e 23o (ver Figura 17). O inhame apresentou padrão B, que se

caracteriza pelo pico em 5o e picos duplos em 14o e 15o, 17o e 23o e 24o.

5 10 15 20 25 30 35 40

Feijão verde (F)

Ângulo(2θ)

Cará chinesa (C)

Jalapa (B)

Inhame (A)

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

Figura 17: Difratogramas de raios-x dos pós de amidos de inhame, jalapa,

cará chinesa e feijão verde.

O amido de feijão verde (leguminosa) foi caracterizado como do tipo

CA, pois apresentou picos em 12o, 15o, 17o, 18o, 20o e 23o (ver Figura 17). O

79

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80

tipo C é caracterizado por ser um tipo intermediário entre os padrões A e B,

podendo o amido ter mais características de um ou de outro. O pico em 14o é

característico de amidos tipo B, enquanto a maioria dos outros picos teve

características de tipo A.

O padrão de raios-x tipo A, é constituído pelas duplas hélices da

amilopectina, empacotadas em um arranjo monoclínico. O tipo B possui um

alto teor de água e apresenta uma estrutura mais aberta, constituída de

duplas hélices empacotadas em um arranjo hexagonal (Imberty et al., 1988).

Os amidos tipo B são reconhecidamente característicos de grânulos maiores

que os do tipo A e agregam maiores quantidades de água em sua célula

unitária. Essas características influenciarão nas propriedades de absorção de

água e gelatinização dos amidos.

A Figura 18 mostra a cristalinidade relativa (CR) dos pós de amido.

Conforme se pode observar o amido de cará chinesa (C) apresentou a maior

CR (14,87%) em relação aos demais amidos. Isto pode ser uma conseqüência

do maior teor de amilopectina deste amido e do seu menor tamanho de

grânulo, o que pode indicar um arranjo molecular mais organizado.

Consequentemente a CR do amido de inhame (A) foi um pouco menor

(10,60%). Supõe-se que grânulos menores como os da cará chinesa, que

possuem menor área superficial, favoreçam a formação de uma estrutura mais

coesa do que grânulos maiores (como o inhame), que tem maior área

superficial.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

CR

(%

)

A B C F

Amido

Figura 18: Cristalinidade relativa (CR) dos amidos de inhame, jalapa, cará

chinesa e feijão verde.

80

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Como a cará chinesa apresentou baixo teor de lipídios, supõe-se que

sua maior solubilidade a 55 oC (0,28%) possa ser uma influência da maior

acidez desta espécie em relação aos outros amidos, em decorrência do

processo de purificação ter sido mais demorado, gerando um certo grau de

fermentação na massa obtida. Até 75 oC, a solubilidade manteve-se constante,

mas a partir de 85 oC, observou-se uma alteração, provavelmente devido ao

rompimento dos complexos amilose/lipídios, facilitando o lixiviamento da

amilose, visto que este amido teve a maior solubilidade a 95 oC.

Os resultados de poder de inchamento e solubilidade são mostrados

nas Tabelas 3 e 4. O amido de inhame apresentou menores solubilidades a 55 oC e 95 oC e a cará chinesa as maiores. Estas características podem ter sido

influenciadas pelo teor de amilose e lipídios das espécies, pois a presença de

lipídios leva a formação do complexo amilose/lipídios, restringindo o

inchamento e a solubilidade dos amidos (Moorthy, 1985; Swinkels, 1985).

Quando há um maior teor de lipídios ligado a amilose, uma temperatura como

a de 55 oC não é suficiente para lixiviar grande quantidade de amilose de

dentro do grânulo e trazê-la para a fase contínua (solução de amido).

5.1.5 Poder de inchamento e solubilidade

81 81

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82

Inchamento (%)

Amostras3 55oC 65 oC 75 oC 85 oC 95 oC

A 1,80 ± 0,08b 2,03 ± 0,02c 8,41 ± 0,45b 20,22 ± 0,33a 17,93 ± 1,70b

B 1,70 ± 0,04c 8,24 ± 0,38a 10,00 ± 0,85a 16,62 ± 0,41b 32,50 ± 3,08a

C 1,86 ± 0,01a 2,21 ± 0,22b 2,63 ± 0,15c 8,97 ± 0,16d 18,30 ± 0,17b

F 2,00 ± 0,04a 2,02 ± 0,01c 8,38 ± 0,20b 14,90 ± 0,37c 18,60 ± 0,15b

Solubilidade (%)

Amostras3 55 oC 65 oC 75 oC 85 oC 95 oC

A 0,10 ± 0,56b 0,25 ± 0,68b 0,60 ± 0,14c 2,60 ± 0,67b 4,46 ± 0,71b

B 0,20 ± 0,08ab 0,45 ± 0,06a 1,26 ± 0,25b 1,80 ± 0,08c 6,72 ± 0,61a

C 0,28 ± 0,04a 0,30 ± 0,02ab 0,31 ± 0,14d 2,10 ± 0,14b 8,66 ± 2,15a

F 0,10 ± 0,01b 0,10 ± 0,01c 1,94 ± 0,21a 3,83 ± 0,13a 5,17 ± 0,34b

Tabela 3: Efeitos da temperatura na solubilidade dos amidos1,2

1Média ± desvio padrão 2Letras iguais em uma mesma coluna indica que não existe diferença significativa entre as médias a nível de 5% 3A= Inhame B= Jalapa C= Cará chinesa F= Feijão verde

Tabela 4: Efeito da temperatura no poder de inchamento dos amidos1,2

1Média ± desvio padrão 2Letras iguais em uma mesma coluna indica que não existe diferença significativa entre as médias a nível de 5% 3A= Inhame B= Jalapa C= Cará chinesa F= Feijão verde

82

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As viscosidades máximas e o hold (parâmetro medido quando a

temperatura é mantida por 3 minutos a 95 oC sob cisalhamento) dos amidos

de feijão verde e jalapa foram altos, sendo que não houve diferença

significativa entre eles (Tabela 5), porém a cará chinesa apresentou um valor

bem menor que as demais nos dois parâmetros.

As características de pasta dos amidos são mostradas na Tabela 5 e os

viscoamilogramas na Figura 19. O processo de gelatinização inicia-se quando o

amido é aquecido em excesso de água e sua estrutura cristalina se rompe,

devido à quebra das ligações de hidrogênio, e as moléculas de água unem-se

através de pontes de hidrogênio, expondo os grupos hidroxilas da amilose e

amilopectina. Isso causa um aumento no inchamento e na solubilidade do

grânulo, de tal maneira que a amilose é expulsa do grânulo, causando um

aumento na viscosidade da pasta.

5.1.6 Características de pasta (viscosidade aparente).

O poder de inchamento fornece evidências do nível de interações entre

as cadeias de amido dentro das zonas amorfas e cristalinas. A intensidade

dessas interações é influenciada pelo pH, teor de lipídios, pela proporção de

amilose e amilopectina e pelas características de cada uma, em termos de

peso molecular, grau, comprimento e conformação das ramificações. A água

penetra preferencialmente a zona amorfa, para depois chegar à zona

cristalina, logo quanto maior a cristalinidade do amido (maior teor de

amilopectina), mais difícil a solubilização e o inchamento.

O inchamento do amido de jalapa sofreu aumento gradual e mais

intenso que os demais, principalmente a 95 oC. A 65 oC, o inchamento já era

bem maior que o dos outros. O inhame e o feijão verde tiveram

comportamentos parecidos, exceto a 95 oC em que o inhame sofreu redução.

As tendências a retrogradação (“setback”) do inhame e feijão verde

foram altas. As prováveis razões para isso, podem ser devido ao maior teor de

amilose do inhame. No caso do feijão verde, apesar de não apresentar alto

teor de amilose, é provável que a amilopectina tenha alto grau de ramificação.

Essas ramificações podem ser tão longas quanto à amilose, que ao serem

rompidas assumiriam características (em solução) da própria amilose,

influenciando no processo de retrogradação.

83

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84

Amostras3 Visc. máx. (cP) Breakdown4

(cP) Hold4 (cP) Setback4 (cP)

Visc. Final

(cP)

Temp. pasta

(oC)

A 4682,50 ± 5,96a 156,00 ± 7,68d 4526,50 ± 3,64a 2153,00 ± 7,07a 6679,50 ± 4,71a 80,75 ± 0,21b

B 4328,00 ± 6,77b 1311,50 ± 9,70b 3016,50 ± 2,93b 863,00 ± 11,31b 3879,50 ± 4,25b 75,95 ± 0,15c

C 1966,50 ± 0,71d 382,50 ± 2,12c 1584,00 ± 1,41c 337,00 ± 4,24c 1921,00 ± 5,66c 83,10 ± 0,05a

F 4455,00 ± 2,63b 1669,00 ± 2,63a 2786,00 ± 5,26b 1215,00 ± 7,12b 4001,00 ± 5,86b 80,70 ± 0,16b

Tabela 5: Propriedades de pasta das amostras de amido1,2

1Média ± desvio padrão 2 Letras iguais em uma mesma coluna indicam que não existe diferença significativa entre as médias a nível de 5% 3A= Inhame B= Jalapa C= Cará chinesa F= Feijão verde 4breakdown= viscosidade máxima-hold; setback= final viscosidade-hold

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85

0 2 4 6 8 10 12

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Tempo (min.)

Inhame (A) Jalapa (B) Cará chinesa (C) Feijão verde (F)

Figura 19: Viscoamilogramas dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa e

feijão verde.

Quase todos os géis formados foram “géis rígidos”, pois após o

resfriamento estes restabeleceram suas viscosidades para valores próximos ou

acima da viscosidade máxima. Isto indica estabilidade do gel, ou seja, mesmo

após o resfriamento, a viscosidade não é comprometida, ao contrário de

algumas espécies, como a mandioca, em que a viscosidade após o

resfriamento ficou abaixo da viscosidade máxima (que é a de formação do

gel), indicando uma pasta fluida.

A menor viscosidade do amido de cará chinesa pode ser uma indicação

de que este possui cadeias mais curtas que os demais, visto que maiores

viscosidades são observadas em amidos com cadeias mais longas.

5.1.7 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

Os parâmetros de gelatinização são mostrados na Tabela 6, enquanto

o perfil dos termogramas é mostrado na Figura 20. Através desses parâmetros

é possível obter informações acerca da organização molecular dos amidos.

Todos os amidos iniciaram o processo de gelatinização em temperaturas

85

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86

próximas e gastaram quase a mesma quantidade de energia para esse

processo.

Tabela 6: Temperaturas de gelatinização e ΔH dos amidos de inhame,

jalapa, cará chinesa e feijão verde

Amostras1 To (oC)2 Tp(oC) 2 Tc (oC) 2 ΔT (Tc-To) 2 ΔH(J/g) 2

A 75,39 78,71 84,77 9,38 7,69

B 66,24 71,48 77,72 11,48 8,22

C 75,19 78,30 83,70 8,51 9,01

F 72,00 76,74 87,63 15,63 8,08 1A= Inhame B= Jalapa C= Cará chinesa F= Feijão verde 2To= temperatura de início da fusão; Tp= temperatura máxima de fusão; Tc= temperatura de término da fusão; ΔT = faixa de gelatinização; ΔH= entalpia de gelatinização

Comparando-se os parâmetros de gelatinização nos amidos, podemos

verificar leves diferenças entre eles. Os amidos que apresentam maior

temperatura de gelatinização e faixa de gelatinização mais estreita indicam

que as duplas hélices da amilopectina possuem um empacotamento mais

denso e organizado.

As entalpias de gelatinização (ΔH) dos amidos também foram

próximas. Esse parâmetro relaciona-se com a fusão da zona cristalina. Ou

seja, quanto mais cristalina for a amostra, maior a energia gasta para fundir

esses cristais, indicando que as ligações estão mais organizadas.

Os grânulos menores gelatinizam em temperaturas mais altas que os

maiores (Eliasson e Karlsson 1983; Myllärinen et al., 1998; Chiotelli e Le

Meste, 2002) e possuem menor entalpia de gelatinização (Chiotelli and Le

Meste, 2002). No entanto, Eliasson e Karlsson (1983) observaram que a

entalpia de gelatinização não dependia da distribuição de tamanho de

partícula. Porém observamos que o amido de cará chinesa teve maiores ΔH e

temperatura de fusão (Tp) que a jalapa e o feijão verde.

86

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50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

Cará chinesa (C)

Jalapa (B)

Flu

xo

de c

alo

r en

do

térm

ico

Feijão verde (F)

Temperatura (oC)

Inhame (A)

Figura 20: Termograma dos amidos de inhame, jalapa, cará chinesa e feijão

verde.

5.2 Caracterização físico-química dos filmes (blendas)

5.2.1 Espessura dos filmes

A espessura dos filmes variou de 0,03 a 0,09 mm, com média de 0,05

mm.

5.2.2 Aparência dos filmes

As imagens dos filmes de amido puro e suas blendas com quitosana

(CH) e PVA são mostradas na Figura 21. Os filmes de PVA, PEBD, quitosana e

da blenda CH:PVA são mostradas na Figura 22. Os filmes de amido puro

apresentaram-se transparentes, porém pouco flexíveis. O amido de cará

chinesa foi o mais frágil de todos, fragmentando-se muitas vezes com a

manipulação, e um dos mais transparentes (ver análise de cor). Os filmes de

feijão verde e jalapa foram os mais flexíveis e transparentes.

A análise visual das blendas mostrou que à medida que PVA e

quitosana foram incorporados ao amido, estes tornaram-se transparentes e

brilhantes.

87

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Figura 21: Filmes de amido puro e blendas com quitosana e PVA

88

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Figura 22: Filmes de PVA, quitosana, PEBD e da blenda CH:PVA (1:1).

5.2.3 Análise de cor

Conforme mostra a Figura 23, todos os filmes de amido puro

apresentaram-se mais claros que as blendas. Esta afirmação é baseada na

observação de maior valor de L* (Figura 23a).

Figura 23: Valor de L* (a), a* (b), b* (c) dos filmes das blendas de amido de

inhame (A), Jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) com

quitosana e PVA.

91,5

91,8

92,1

92,4

92,7

93

0 20 40 60 80 100

Amido (%)

L* A

BCF

-0,43

-0,23

-0,03

0,17

0,37

0,57

0,77

0,97

0 20 40 60 80 100

Amido (%)

a*

(a)

ABCF

(b)

-2,8

-1,8

-0,8

0,2

1,2

2,2

3,2

0 20 40 60 80 100

Amido (%)

b*

ABCF

(c)

89

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90

O valor de L*, que indica a luminosidade do material, foi reduzindo seu

valor à medida que a concentração de amido foi reduzida na blenda, indicando

que as amostras tornaram-se menos transparentes. Esta tendência é uma

forte influência da quitosana na blenda. Os amidos de cará chinesa e feijão

verde têm menores teores de amilose (12,56% e 17,55%, respectivamente) e

isto provavelmente levou a obtenção de filmes mais claros e transparentes

(menor opacidade), pois tiveram maiores valores de L*.

Os valores de a* (Figura 23b) das amostras indicaram que as blendas

B244 e CH/PVA apresentaram valores negativos para a*, indicando uma

tendência para a coloração verde. Os valores de b* (Figura 23c) apresentaram

uma tendência de aumento, com a redução na concentração de amido na

blenda, indicando que as amostras foram tendendo para a coloração amarela,

o que provavelmente é uma influência do aumento da concentração de

quitosana na blenda, que como sabemos tem uma tendência a sofrer reação

de Maillard quando aquecida, gerando pigmentos escuros.

5.2.4 Solubilidade em água

A solubilidade em água de filmes é mostrada na Figura 24. Essa

propriedade é um indicativo da resistência dos filmes em ambientes úmidos.

Uma alta solubilidade indica baixa resistência à umidade. Todos os filmes de

amido puro tiveram alta solubilidade em água, principalmente a cará chinesa

(58,82%) e a jalapa (35,43%). Porém o feijão verde apresentou a menor

solubilidade (26,30%).

Elizondo (2007) verificou para o filme de amido de amaranto

(Amaranthus cruentus) uma solubilidade de 67,5%. O amido de amaranto,

assim como a cará chinesa, possui um dos menores grânulos verificados na

literatura (1- 2μm) (Qian e Kuhn, 1999). Este resultado confirma os resultados

de Chiotelli e Le Meste (2002) que verificaram que os grânulos pequenos têm

alta afinidade por água à temperatura ambiente. Isto pode ser uma indicação

de que as cadeias de amilopectina do amido de cará chinesa, após a

gelatinização para formação do filme, provavelmente adquiriram uma

conformação menos organizada que a anterior (em pó), facilitando a

penetração da água. O amido de inhame, por outro lado, por possuir maior

teor de amilose e grânulos maiores, terá maior área superficial por grama de

90

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amostra e consequentemente absorverá mais água. Porém, após a

gelatinização, as moléculas adquiriram uma conformação mais estável,

provavelmente por causa da recristalização da amilose após o resfriamento.

Quando o teor de PVA e quitosana aumentou na blenda a solubilidade

diminuiu, ou seja, os filmes tornaram-se menos hidrofílicos. Essa redução

pode ser atribuída à formação de pontes de hidrogênio entre os três

polímeros. A homogeneização das blendas é outro fator que pode ter

contribuído para a redução da solubilidade das blendas quando o teor de

amido foi reduzido. Park et al (2005) observaram que o tempo de mistura das

blendas amido/PVA diminuiu a solubilidade. Eles atribuíram esse

comportamento a formação de pontes de hidrogênio entre o amido e o PVA.

A solubilidade é uma propriedade importante dos filmes no que se

refere ao seu emprego, pois algumas aplicações requerem insolubilidade para

manter a integridade do produto, como nos casos de utilização como proteção

de alimentos onde a atividade de água é alta (Gontard et al., 1992). A

manutenção da integridade do filme ao estar em contato com água é de

grande importância nas possíveis aplicações dos biofilmes como material de

embalagem. A solubilidade também influencia a propriedade de barreira ao

vapor de água dos filmes. Para se obter uma baixa permeabilidade ao vapor

de água (dentro de uma grande faixa de umidade relativa), torna-se

necessária a utilização de material insolúvel ou pouco solúvel em água

(Fakhouri, 2002).

0

10

20

30

40

50

60

Solu

bilid

ad

e (

%)

20 40 60 80 100

Amido (%)

A

B

C

F

Figura 24: Solubilidade em água das blendas de amido de inhame (A), Jalapa

(B), cará chinesa (C) e feijão verde(F) com quitosana e PVA.

91

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92

5.2.5 Permeabilidade ao vapor d’ água

Os valores de permeabilidade ao vapor d’ água (WVP) para os filmes de

amidos, quitosana e PVA puros e das blendas CH/PVA e com 20% de amido

são mostrados na Tabela 7. A WVP dos filmes com 100% de amido variou de

1,00 ± 0,01 x 10-4 g.mm/h.m2.kPa (F100) a 5,92 x 10-4 g.mm/h.m2.kPa

(C100). Não houve diferença significativa entre A, B e F. Porém a amostra

C100, diferiu dos outros de forma significativa. O que é surpreendente e pode

revelar o grande efeito plastificante da água sobre este amido. Uma vez que

sendo rico em amilopectina, formou um filme rígido e fraco. Porém, quando a

superfície do filme entrou em contato com as moléculas da água, estas

provavelmente formaram pontes de hidrogênio com as hidroxilas da amilose

ou amilopectina, tornando as cadeias mais flexíveis (ação plastificante) e,

portanto mais favorável à passagem de vapor de água.

Tabela 7: Permeabilidade ao vapor d’água dos filmes de amido CH, PVA

e das blendas CH/PVA e com 20% de amido1.

Amostras Espessura WVP (x10-4) (g.mm/h.m2.kPa)2

A100 0,040 ± 0,01 1,44 ± 0,66deg

B100 0,040 ± 0,04 1,08 ± 0,24dg

C100 0,044 ± 0,01 5,92 ± 0,01bc

F100 0,071 ± 0,01 1,00 ± 0,01g

A244 0,041 ± 0,04 7,63 ± 0,50ac

B244 0,036 ± 0,05 2,56 ± 0,57cf

C244 0,031 ± 0,04 5,73 ± 2,56bc

F244 0,040 ± 0,04 0,95 ± 0,44g

CH 0,038 ± 0,02 0,70 ± 0,99g

PVA 0,025 ± 0,00 1,75 ± 4,00df

CH:PVA (1:1) 0,040 ± 0,04 3,06 ± 2,21c

PEDB 0,030 ± 0,01 1,60 ± 0,01de 1Média ± desvio padrão 2Letras iguais em uma mesma coluna indica que não existe diferença significativa entre as médias a nível de 5%

Quando analisamos as blendas com 20% dos outros amidos, verifica-se

que quase todas (com exceção da F244) apresentaram elevação na WVP. Este

comportamento pode ser uma conseqüência da incorporação dos outros

componentes da blenda, que tornaram a cadeia de amido mais flexível,

aumentando assim a mobilidade molecular, tendo como conseqüência o

92

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aumento na WVP. A incorporação de quitosana e PVA a blenda teve o mesmo

efeito dos plastificantes de baixo peso molecular (como o glicerol) sobre a

cadeia de amido.

As blendas CH/PVA/amido de feijão (Tabela 8) tiveram comportamentos

muito diversificados. A adição de quitosana e PVA à blenda não melhorou as

propriedades de barreira ao vapor d’água. Apenas a amostra F244 teve uma

leve melhora, mas não foi significantemente diferente da F100.

Tabela 8: Permeabilidade ao vapor d’água das blendas de amido de

feijão verde/CH/PVA1

Amido (%) Espessura PVA (x10-4) (g.mm/h.m2.kPa)2

100 0,071 ± 0,01a 1,00 ± 0,01b

80 0,041 ± 0,01b 0,55 ± 0,01c

60 0,041 ± 0,01b 3,95 ± 3,05a

40 0,047 ± 0,07b 1,32 ± 2,30b

20 0,040 ± 0,04b 0,95 ± 0,04b 1Média ± desvio padrão 2Letras iguais em uma mesma coluna indica que não existe diferença significativa entre as médias a nível de 5%

Existe uma dificuldade muito grande em se comparar valores de WVP

com os da literatura, pois são materiais diferentes e condições também

diferentes. Os nossos valores para o PEBD (0,00016 g.mm/m2.h.KPa) estão

abaixo dos observados por Cuq et al (1995) de 0,0031 g.mm/m2.h.KPa. Assim

como neste trabalho Elizondo (2007) e Vicentini (2003) verificaram que

numericamente os valores são muito diferentes, mas a tendência de mostrar

alta permeabilidade para filmes de amido não submetidos à modificação e

suas blendas é a mesma.

A natureza química dos polímeros influencia grandemente nas

propriedades de barreira dos filmes. Assim polímeros muito polares como

muitos polissacarídeos e proteínas têm alta capacidade de formar pontes de

hidrogênio, o que resulta em baixa permeabilidade a gases, mas alta

permeabilidade ao vapor d’água.

Parâmetros como umidade relativa, espessura, temperatura,

dimensões das células de permeação, etc., podem influenciar nos resultados

93

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94

de WVP. Cada pesquisador utiliza condições diferentes o que inviabiliza a

comparação de resultados.

5.2.6 Difração de Raios-X

5.2.6.1 Dos filmes de amido puro

Após a gelatinização do amido, o resfriamento leva à ordenação das

moléculas de amilose, formando uma estrutura cristalina tipo B, que é

diferente da forma observada no amido em pó, pois se trata da amilose

recristalizada. O padrão V também surge após a gelatinização do amido e é

caracterizado por picos em ~12o (6,8 Å) e 20o (4,4 Å).

Na Figura 25 são mostrados os difratogramas de raios-x dos filmes de

amido puro. Verifica-se claramente a perda dos principais picos de difração em

relação à amostra em pó (ver Figura 17), em decorrência da gelatinização. A

maioria dos amidos mostrou um padrão tipo B, enquanto a cará chinesa

mostrou um padrão V. Os filmes de inhame e feijão verde apresentaram

cristalinidade tipo B, mostrando picos em 5,76o, 12,26o, 13,96o, 15,02o e um

pico bem definido em 17,16o. O amido de feijão verde, que mostrou padrão

tipo C, após a gelatinização e posterior geleificação para formação do filme,

apresentou picos que caracterizaram um padrão tipo B (recristalização da

amilose).

5 10 15 20 25 30 35 40

Inhame (A)

Inte

nsi

dad

e (

u.a

.)

Ângulo (2θ)

Jalapa (B) Cará chinesa (C) Feijão Verde (F)

Figura 25: Difratogramas de raios-x dos filmes de amido puro

94

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95

O filme de amido de jalapa apresentou cristalinidade tipo B, embora

uma pequena quantidade de estrutura V seja observada. Esse padrão é

semelhante ao observado por Van Soest et al. (1996) para filmes de amido de

batata in natura hidrolisado com HCl, armazenados por 1 ano a 20 ºC. Esse

tipo de estrutura só é formado pela amilose e sua abundância relativa

depende do teor de amilose encontrado no amido. Segundo Ispas-Szabo et al.

(2000) as formas B e V podem coexistir com a estrutura amorfa.

5.2.6.2 Das blendas de amido/quitosana/PVA

A Figura 26 nos mostra que tanto os filmes de quitosana quanto de

PVA e a blenda CH/PVA (1:1) apresentaram picos em ~10-12o e 20o

(Hasegawa, 1992), indicando que estes mantiveram seu estado cristalino em

relação à amostra em pó, mas com menor intensidade, conforme já mostrado

por Cervera et al. (2004) ao analisar o pó e filmes de quitosana por difração

de raios-X.

No difratograma da blenda CH/PVA (1:1), observa-se redução

acentuada do pico em 11,70o (2θ) e leve redução do pico em 20o, indicando

uma possível interação entre a quitosana e o PVA e redução da cristalinidade

do material formado em relação aos componentes originais.

5 10 15 20 25 30 35 40Ângulo (2θ)

PVA

Inte

nsi

dad

e (

u.a

.) CH/PVA

Quitosana

Figura 26: Difratogramas de raios-x da quitosana, PVA e da blenda CH/PVA

(1:1).

95

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Krogars et al. (2003) estudaram os padrões de difração de raios-x de

dispersões de amido de milho rico em amilose resfriados até 80, 40 e 10oC. A

dispersão resfriada a 80oC apresentou picos em 7,5o; 12,9o; 19,8o e 26o (2θ)

que são característicos de estrutura cristalina de hélice simples do tipo Vh (Le

Bail et al., 1995).

Em todas as blendas observa-se um aumento de intensidade no pico

em 20o, indicando, que principalmente o PVA formou ligações (complexos)

com a amilose. Pela conformação molecular do PVA, observa-se que ele pode

facilmente ser inserido na cavidade da hélice simples da amilose, como o

fazem os ácidos graxos e álcoois (Krogars et al., 2003). Ispas-Szabo et al.

(2000) sugeriram que o aumento de intensidade nos picos em 20o (4,5 Å) e

12o (6,8 Å) em amidos reticulados com alto teor de amilose, foi uma

conseqüência das interações com amilose.

Conforme se observa na Figura 27a, nas blendas de amido de inhame,

o pico em ~12o foi decrescendo à medida que o teor de amido foi diminuindo,

enquanto o pico em 20o foi aumentando. Isso evidencia que as moléculas

(amilose) interagiram com os outros componentes da blenda, favorecendo a

formação do complexo tipo V.

Nos filmes de amido de jalapa (Figura 27b) observa-se que os

difratogramas das blendas com 100 e 80% de amido foram similares, mas

diferem na intensidade, muito provavelmente por causa das umidades dos

filmes no momento da medida ser diferentes. Novamente observa-se que o

pico em 20o tornou-se mais definido à medida que o teor de amido diminuiu

(B433 e B244), indicando um predomínio de padrão V. Porém essa tendência

não foi observada no pico em ~12o das amostras B811 e B622, onde os

padrões B e V parecem coexistir quase na mesma proporção. Nas blendas de

amido de feijão verde (Figura 28b) com 80 e 60% (F811 e F622), o pico em

20o é largo e de baixa intensidade, tornando-se mais alto e definido nas

proporções seguintes.

96

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97

5 10 15 20 25 30 35 40

Ângulo (2θ)

A433A244

CH/PVA

A622

A811

A100

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

(a)

5 10 15 20 25 30 35 40

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

CH/PVA

B244

B433

B622

B811

Ângulo(2θ)

B100

(b)

Figura 27: Difratogramas de raios-x das blendas dos amidos de inhame (a) e Jalapa (b) com quitosana e PVA em várias

concentrações

97

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Figura 28: Difratogramas de raios-x das blendas dos amidos de cará chinesa (a) e feijão verde (b) com quitosana e PVA em

várias concentrações

98

5 10 15 20 25 30 35 40

CH/PVA

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

F244

F433

F622

F811

Ângulo(2θ)

F100

(b)

5 10 15 20 25 30 35 40

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

Ângulo (2θ)

C100

(a)

C811

C622

C433

C244

CH/PVA

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99

5.2.6.3 Cristalinidade relativa das blendas

Conforme se observa na Figura 29 as cristalinidades relativas dos filmes

de amidos de inhame (A), jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F)

(100%) foram próximas entre si, porém os filmes de inhame e feijão verde

apresentaram maior cristalinidade que os de jalapa e cará chinesa. Esta

característica é fortemente influenciada pelo teor de amilose dos amidos, pois

após a gelatinização, a pasta é resfriada para obtenção das películas. Durante

esse processo ocorre a retrogradação, que é um processo mais lento nos

amidos com alto teor de amilopectina como a cará chinesa e mais rápido em

amidos com maior teor de amilose, como o inhame.

5

10

15

20

25

30

0 20 40 60 80 10

Amido (%)

CR

(%

)

0

A

B

C

F

Figura 29: Cristalinidade relativa (CR) das blendas de amido de inhame (A),

jalapa (B), cará chinesa (C) e feijão verde (F) com quitosana e

PVA.

As blendas sofreram poucas alterações em relação às amostras 100%

(puras). A cristalinidade da amostra sem amido (CH/PVA) foi de 28,80%, bem

maior que as obtidas com a mistura dos três componentes, indicando que a

incorporação de amido na blenda reduziu a cristalinidade relativa dos filmes.

Este aspecto, do ponto de vista tecnológico é benéfico, pois indica que as

cadeias têm alguma mobilidade, o que se reflete na flexibilidade do filme.

Outro aspecto benéfico seria que os filmes poderão sofrer um processo de

degradação das suas propriedades mecânicas mais lentamente.

99

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100

5.2.7 Propriedades mecânicas (teste tensão/tração)

Os parâmetros mecânicos obtidos no teste de tensão/tração para todas

as blendas estão contidos nos Anexos 1 e 2. As curvas típicas do amido e suas

blendas (Figuras 30 a 36) apresentaram um pico característico do escoamento

sofrido por polímeros semicristalinos, e no caso do amido e da quitosana,

associado ao mecanismo de fratura dúctil. A presença do patamar de

escoamento permitiu a identificação da tensão de escoamento.

Na Figura 30, que mostra as curvas de tensão (σ) versus deformação

(ε) para os filmes de amido puro, pode-se observar que a cará chinesa foi o

mais frágil de todos (ε = 2,38 %). Os amidos de feijão verde e jalapa foram os

mais extensíveis, ou seja, sofreram maior deformação (3,92% e 4,35%,

respectivamente).

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0

10

20

30

40

Ten

são (

MP

a)

Deformação (%)

A B C F

Figura 30: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para os amidos puros

Os filmes de amido e de quitosana 100% apresentaram propriedades

mecânicas inferiores ao PVA puro. Por outro lado a maioria dos parâmetros da

blenda CH/PVA (Figura 31) foram inferiores aos das blendas contendo amido,

exceto a deformação e extensão na quebra.

As propriedades mecânicas dos amidos termoplásticos são altamente

influenciadas pelo teor de água nos filmes e revelam o efeito plastificante

exercido por ela. As propriedades das blendas amido/PVA dependem da

100

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101

umidade, pois a água age como um plastificante reduzindo sua resistência à

tração, mas aumentando seu alongamento e resistência ao rasgo.

0 20 40 60 80 100 120 140

0

10

20

30

40

50

Ten

são (

MP

a)

Deformação(%)

Quitosana PVA CHPVA

Figura 31: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para os filmes de

quitosana, PVA e blenda CH/PVA (1:1).

A tensão máxima aplicada para provocar o rompimento do corpo de

prova (filme) variou de 27,5 MPa (cará chinesa) a 41,72 MPa (jalapa) nos

filmes de amido puro e de 41,95 MPa (inhame) a 54,39 MPa (feijão verde) nas

blendas com 20% de amido (ver Anexo 3). Em todos os filmes com 40% de

amido houve redução na tensão máxima e no módulo de elasticidade, porém a

deformação aumentou. Isto indica que apesar de perder em resistência,

ganhou em elasticidade. Este comportamento pode ter sido provocado por

incorporação insuficiente dos componentes durante a agitação, o que pode ter

provocado micro falhas na superfície dos filmes, enfraquecendo-o durante os

testes. Supomos ainda que pelo fato dos componentes se encontrarem quase

na mesma proporção isto poderia causar certa incompatibilidade entre os

componentes da blenda, visto que em teores de amido maiores (80%) ou

menores (20%) este comportamento não foi observado.

As medidas de tensão máxima indicaram que, quanto maior o teor de

amido nas blendas, maiores as reduções nas propriedades mecânicas das

mesmas. Quando analisamos os valores para deformação na ruptura, notou-se

101

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102

que a redução foi ainda mais acentuada. As amostras com 20% e 60% de

amido mostraram maiores valores para o módulo de Young. Quando

comparados aos componentes puros, observa-se que o amido de feijão verde

apresentou os maiores valores para o módulo, indicando uma maior

resistência.

O percentual de deformação cai drasticamente quando a composição

muda de 80% para 60% de amido (Figura 32 e 33, respectivamente), ou seja,

quando o amido constitui a matriz. Esses resultados indicam que essa

propriedade (deformação), assim como os mecanismos de fratura, é mais

sensível a alterações na composição que o módulo, sendo determinada pelo

polímero da matriz, no caso o amido.

O módulo de elasticidade nos dá uma noção da rigidez e resistência de

um material e pode ser significativamente aumentado com adição de

plastificante ou com a formação de ligações cruzadas (reticulação) em uma

blenda. As blendas de polímeros sintéticos incompatíveis produzem materiais

mais frágeis que o polímero sozinho.

O teor de amilose influencia na opacidade e força dos géis e filmes de

amido. O amido de cará chinesa, que teve o menor teor de amilose, originou

filmes (100% de amido) mais fracos e quebradiços, porém mais transparentes

que os outros. Isto ocorre porque as cadeias da amilopectina têm baixa

tendência de interagir entre si, enquanto as cadeias lineares da amilose têm

alta tendência de interagir através de pontes hidrogênio. Como conseqüência

os géis e filmes de amilose ou de amido com alto teor de amilose são mais

fortes e resistentes que os da amilopectina (Rindlav-Westling et al., 1998) e

tem maior tendência a retrogradação.

O teor de amilopectina e sua estrutura podem também afetar o

percentual de alongamento dos filmes durante o envelhecimento, pois

dependendo do teor presente, esta pode cristalizar durante a estocagem.

Porém essa cristalização é mais lenta que a da amilose. Isto levaria a

obtenção de filmes em que as moléculas estariam mais organizadas, com

menor volume livre e menor mobilidade das cadeias durante o teste de

alongamento.

102

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103

0 1 2 3 4 5 6

0

10

20

30

40

50

Ten

são

(M

Pa)

Deformação (%)

A811 B811 C811 F811

Figura 32: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas de

com 80% de amido

A incorporação de PVA e quitosana melhorou as propriedades

mecânicas dos filmes, principalmente o alongamento das blendas,

provavelmente por causa da formação de pontes de hidrogênio com o amido,

visto que tanto a quitosana quanto o PVA possuem grupos reativos que

facilmente formariam pontes com as hidroxilas do amido. A mudança no

comportamento mecânico de um polímero de rígido e quebradiço para leve e

flexível é devido ao aumento na mobilidade molecular à temperatura ambiente

(Stein e Greene, 1997). As boas propriedades mecânicas do PVA e sua alta

compatibilidade com água, também podem ter favorecido a mistura dos

componentes, levando a obtenção de filmes com boas propriedades

mecânicas.

É provável que baixas concentrações de amido, por algum mecanismo

ainda desconhecido (talvez por pontes ou formação de complexos) favoreçam

uma maior compatibilidade entre os componentes de uma forma muito eficaz,

pois se analisarmos a blenda CH/PVA (1:1) observaremos que suas

propriedades mecânicas foram inferiores a maioria das blendas

(principalmente com 20% de amido).

103

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104

0 1 2 3 4 5 6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Ten

são (

MP

a)

Deformação (%)

A622 B622 C622 F622

Figura 33: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com

60% de amido

0 1 2 3 4 5 6 7 8-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Ten

são (

MP

a)

Deformação (%)

A433 B433 C433 F433

Figura 34: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com

40% de amido

104

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105

0 2 4 6 8 10

0

10

20

30

40

50

Ten

são (

MP

a)

Deformação (%)

A244 B244 C244 F244

Figura 35: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para as blendas com

20% de amido

Quando comparamos as características mecânicas de dois polímeros

sintéticos como o PVA e o polietileno de baixa densidade (PEBD) (Figura 36),

pode-se observar que estes polímeros são bastante extensíveis chegando a

mais de 100% de alongamento.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

5

10

15

20

25

30

35

PVA PEBD

Ten

são (

MP

a)

Deformação (%)

Figura 36: Curvas de tensão (σ) versus deformação (ε) para os filmes de PVA

e PEBD.

105

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106

5.2.8 Espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR)

5.2.8.1 FTIR dos filmes de amido puro

Os espectros de FTIR dos filmes dos amidos puros são mostrados na

Figura 37 e as atribuições das principais bandas estão na Tabela 9. Todos os

amidos analisados apresentaram uma banda intensa e larga na região entre

3300 e 3284 cm-1 correspondente à vibração de estiramento OH (Demirgõz et

al., 2000; Fang et al., 2002; Xu et al., 2004), em 1647 cm-1 devido à

deformação angular de O-H das moléculas de água absorvidas (Fang et al.,

2002) e em 995 cm-1 correspondente a deformação angular no plano de C-OH

(Van Soest et al., 1995).

A água tem grande influência em algumas bandas do amido como em

995 cm-1 (Van Soest et al., 1995) e 1647 cm-1 (Rueda et al., 1999; Proniewicz

et al., 2002). Para filmes de amido armazenados ao ar e hidratados essas

absorções tornam-se mais largas devido à interação dos grupos polares com

as moléculas de água incorporadas no filme.

A deformação angular de CH2 e estiramentos de C-CH são observados

entre 1200 e 1500 cm-1 (Pawlak e Mucha, 2003; Demirgõz et al., 2000; Xu et

al., 2004; Proniewicz et al., 2002).

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

Feijão verde (F)

cm-1

Cará chinesa (C) Jalapa (B)

Ab

sorb

ân

cia

Inhame (A)

Figura 37: Espectro de infravermelho usando acessório ATR (FTIR-ATR) dos

filmes de amido puro na faixa de 1800 a 620 cm-1

106

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107

A banda em 1448 cm-1 foi atribuída à deformação angular do CH2 do

anel (Kim et al., 2003). As bandas de 1149 cm-1 e 937 cm-1 correspondem a

estiramento da ligação glucosídica C-O-C (Pawlak e Mucha, 2003; Fang et al.,

2002). As bandas em 1074 cm-1 e 1016 cm-1 correspondem a estiramento C-O

do anel (Fang et al., 2002).

5.2.8.2 FTIR dos filmes de PVA, quitosana, CH:PVA(1:1) e das blendas com

variação de amido

As atribuições das bandas de absorção para o amido e as blendas com

quitosana e PVA estão mostrados na Tabela 9. Os espectros da quitosana

(CH), PVA e da blenda CH/PVA (1:1) são mostrados na Figura 38. No espectro

de FTIR da quitosana, as bandas na região de 600–1000 cm-1 são atribuídas à

estrutura de polissacarídeo. A banda larga em 3440 cm-1 é causada pela

vibração simétrica de N–H de amina, enquanto banda em 2916 cm-1 é devido

à vibração de estiramento C–H do anel piranose (Don et al., 2006). As bandas

características da quitosana aparecem em 1641 cm-1 (amida I, estiramento

C=O), 1552 cm-1 (amida II, deformação angular de N-H) devido aos seus

grupos amidas (Andrady et al., 1996; Don et al., 2006) (Pawlak e Mucha,

2003). As bandas em 1380 e 1409 cm-1 são devido à deformação de C-H (Don

et al., 2006).

O espectro do PVA puro mostrou estiramento OH em 3273 cm-1,

estiramento C-H de alcanos em 2937 cm-1 e bandas em 1438 cm-1

(deformação angular de CH2) e 1328 cm-1 (deformação angular CH), 1236 cm-

1 (deformação angular de CH2), 1085 cm-1 (estiramento C-O) e 844 cm-1

(deformação angular de CH2) (Pawlak e Mucha, 2003; Sriupayo et al., 2005).

A blenda CH/PVA apresentou bandas em 1732 e 1716 cm-1, que não

aparece nos componentes puros. Pode-se observar também uma redução nas

intensidades em quase todas as bandas, sugerindo uma interação entre os

dois componentes (Tabela 9). Pawlak e Mucha (2003) sugeriram que essa

interação seja o resultado das fortes interações, através de pontes de

hidrogênio, entre os grupos funcionais dos componentes, em que os grupos

amino e amida, presentes na quitosana participam. Alguns autores (Aoi et al.,

1998; Mya et al., 1984) sugeriram que a identificação dessas interações fosse

possível através da constante de força. A redução da constante de força

ocasionada por algumas interações está diretamente relacionada com as

107

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108

alterações de freqüências das vibrações de estiramento. Assim quanto menor

a freqüência da banda mais forte a interação.

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

Ab

sorb

ân

cia

CH/PVA

cm-1

PVA Quitosana

Figura 38: Espectro de Infravermelho (FTIR-ATR) da quitosana, PVA e da

blenda CH:PVA (1:1) na faixa de 1800 a 620 cm-1

Quando observamos as blendas de amido (Figura 39 e 40), verificamos

algumas modificações na intensidade e forma de algumas bandas, muito

provavelmente como resultado da interação entre os componentes das

blendas. Essas alterações foram sendo intensificadas ou reduzidas na medida

em que o teor de amido foi modificado.

A maioria das bandas encontrou-se na faixa de 600-1650 cm-1, com

exceção das blendas de cará chinesa (60-20%) que apresentaram duas

bandas em 1716 cm-1 e 1732 cm-1, atribuídos a carbonila, muito

provavelmente oriunda das interações com a quitosana. Essas bandas também

são encontradas nas blendas A622, B244, F622 e F811. Nestas últimas elas

são vistas como bandas de baixa intensidade, enquanto nas blendas de cará

elas são bem visíveis e aumentam quando o teor de amido é reduzido na

blenda.

108

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109

Tabela 9: Atribuições das principais bandas do espectro de infravermelho dos

filmes de amido, quitosana (CH), PVA e CH/PVA.

Amido Quitosana PVA CH/PVA Amido/CH/PVA

Intens1 Atribuição2 No de onda

(cm-1)

No de onda

(cm-1)

No de onda

(cm-1)

No de onda

(cm-1)

No de onda

(cm-1)

ν sim NH - 3440 - - -

F ν OH 3300-3284 3361 3273 3311 3292

M ν assim. e sim. CH2

(anel)*

2930

-

2937

-

2980

M ν CH2 - 2916 2906 2916 -

f ν assim. e sim. CH2

(anel)*

ν sim. CH2**

2850

2866

2848

2881

2850

f ν C=O (carbonila) - - - 1732 1732

f ν C=O (carbonila) - - - 1716 1717

f δ OH (água)

ν C=O (amida I)***

1647

1641

1658

1649

1645

M δ NH(amida II)*** - 1552 - 1577 1558

M δ CH2 (anel)* 1448 1423 1438 - 1450

f δ CH2 - 1409 1415 1419 -

M δ CH2 1367 1380 1377 1375 1371

f δ CH2 1336 1327 1328 1327 1340

f ω CH2 1251 1261 1236 1249 1230

f δ CH2 1205 1184 - - 1201

M ν C-O-C (anel)* 1149 1151 1143 1143 1149

M δ C-C do anel 1101 - - - -

M ν C-O (anel)*

ν CH (anel)*

1076

1068

1085

1068

1074

F ν C-O e C-C (anel)* 1016 1028 1047 1028 1018

F δ C-OH 995 997 - - 997

M ν assim. C-O-C* 937 954 - 948 931

f ν assim. C-O-C anel - 894 916 893 904

M ρ CH2 849 - 844 833 840

f δ C-O (anel)* 760 - - - 754

f - 694 704 684 -

f - 665 - 665 - 1M= médio; f= fraco; F= forte 2ν = estiramento δ= deformação angular (ω = wagging ; ρ = rocking) * vibração correspondente ao anel glucosídico ** vibração correspondente ao PVA *** vibração correspondente a quitosana

109

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As bandas em 1645 cm-1, 1149 cm-1, 1074 cm-1, 995 cm-1 e 931 cm-1

tiveram suas intensidades reduzidas, com a redução do teor de amido nas

blendas (C433, C244, A244) e foram deslocadas para freqüências maiores.

Enquanto as bandas em 1450 cm-1, 1305 cm-1, 1201 cm-1, 754 cm-1 e 704 cm-

1 praticamente desaparecem em teores de amido maior que 40%. A banda em

1251 cm-1, que nos outros amidos pareceu de forma discreta e quase não

sofreu alteração, no amido de cará aumenta consideravelmente com redução

do teor de amido.

Conforme se pode observar na Tabela 9, a banda em 1101 cm-1 só

aparece nos filmes de amido puro, enquanto a banda em 893 cm-1 só é bem

nítida na amostra quitosana/PVA, sendo talvez o resultado de interação entre

esses dois componentes. As bandas em 1732 cm-1, 1716 cm-1 e 1558 cm-1 só

aparecem nas blendas, sendo uma contribuição direta da quitosana.

Algumas bandas foram deslocadas para freqüências maiores, quando a

concentração de quitosana e PVA aumentou nas blendas. A banda larga em

3292 cm-1 é devido aos grupos OH que formam pontes de hidrogênio. Essa

banda é de grande importância, pois indica a presença de pontes de

hidrogênio no polímero (Elizondo, 2007). Observa-se um deslocamento para

freqüências mais baixas desta banda, quando a concentração de quitosana e

PVA aumentou nas blendas. Isso pode significar a formação de pontes entre os

grupos OH dos amidos e a quitosana e PVA, o que provocou também

melhorias nas propriedades mecânicas, redução da solubilidade e

permeabilidade ao vapor d’água das blendas.

A banda em 840 cm-1 praticamente não sofre alteração na intensidade,

mas vai ficando mais larga à medida que o teor de amido é reduzido. Em

todas as blendas as bandas em 1371 cm-1 e 1018 cm-1 vão ficando mais bem

definidas à medida que o teor de amido foi reduzido.

110 110

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111

Figura 39: Espectro de infravermelho usando acessório ATR (FTIR-ATR) das blendas de amido inhame (a) e jalapa (b) com

quitosana e PVA na faixa de 1800 a 650 cm-1

111

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112

Figura 40: Espectro de infravermelho usando acessório ATR (FTIR-ATR) das blendas de amido de cará chinesa (a) e feijão verde

(b) com quitosana e PVA na faixa de 1800 a 650 cm-1

112

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113

5.3 Estudo da biodegradabilidade dos filmes

5.3.1 Caracterização físico-química do solo

5.3.1.1 Umidade do solo

A umidade do solo, medida antes e durante a aplicação das amostras,

ao longo dos 6 pontos distribuídos na área de trabalho, variou de 9,20% a

10,85%. Durante o primeiro teste realizado entre os dias 10 de abril a 11 de

maio de 2007, variou de 9,88% a 13,94% como mostra a Figura 41. Após a

colocação das três primeiras amostras, ocorreu a intensificação das chuvas. O

solo apresentava-se bastante úmidos, principalmente após 14 dias, conforme

se observa na Figura 42, o que dificultou a retirada das amostras.

11,3410,4810,03 11,0111,41

13,94

9,88

02468

101214

0 6 12 14 16 18 22

Tempo (dias)

Um

idad

e (%

)

Figura 41: Variação da umidade do solo durante o teste de biodegradação

Figura 42: Aspecto do solo durante a retirada das amostras com 14 dias

113

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114

A retirada das amostras do solo em condições de alta umidade tornou-

se muito difícil, porque as mesmas tornaram-se frágeis, de difícil manuseio,

impossibilitando sua retirada intacta do solo, ocorrendo perda total de

algumas amostras.

5.3.1.2 pH do solo

O pH do solo durante a coleta dos filmes é mostrado na Figura 43.

Pode-se observar que antes da colocação das amostras, o solo apresentou pH

básico (pH = 8,5), mas foi reduzindo com o passar do tempo, chegando a

aproximadamente 8,0 (7,98) após 22 dias. Esta redução provavelmente foi

ocasionada pela degradação dos componentes da blenda, o que pode ter

facilitado a ação de microorganismos, principalmente leveduras e bactérias.

Novamente, o solo após 14 dias diferenciou-se dos demais, muito

provavelmente por também apresentar uma maior umidade.

7,67,77,87,9

88,18,28,38,48,5

0 3 6 12 14 16 18 22Tempo (dias)

pH

Figura 43: Variação do pH do solo durante o teste de biodegradação

5.3.2 Caracterização físico-química dos filmes biodegradados

5.3.2.1 Aparência dos filmes biodegradados

Conforme se observa na Figura 44 os filmes após serem retirados do

solo apresentaram-se escuros, frágeis e em alguns casos (60 e 40% de

amido) com manchas escuras na superfície, uma indicação da degradação

microbiana, principalmente por leveduras. Todos os filmes com 100% e 80%

de amido degradaram-se totalmente a partir do 3o dia, com exceção do feijão

verde que resistiu até o 6o (F100) e 12o (F811) dia. As amostras com 14 dias

de todas as blendas analisadas apresentaram-se mais escuras que as demais,

114

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115

indicando uma maior degradação. Estas amostras estiveram expostas a

condições de alta umidade (10,03% a 13,94%).

Figura 44: Filmes de amido degradados

115

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116

Figura 44: Filmes de amido degradados (continuação)

116

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Os difratogramas de raios-x das blendas de feijão verde submetidas à

biodegradação com 80%, 60%, 40% e 20% de amido são mostrados nas

Figuras 45 e 46. Todas as amostras degradadas apresentaram novos picos em

relação às amostras não degradadas. Na blenda F811 (Figura 45a) com

apenas 3 dias já era possível observar o surgimento do pico em 26,70o. Com 6

dias, além desse pico, observou-se o surgimento de outro em 24,96o e o

desaparecimento do pico em 17,26o, tendência que foi observada com 12 dias.

Porém as duas amostras com 60% de amido que puderam ser analisadas por

difração de raios-x, apresentaram comportamento diferenciado das demais

blendas, mostrando picos extremamente intensos (principalmente com 16

dias) em 26,90º (intensidade =19420) e 21,10o, alem de pico bem definido

em 36,80o.

Nas blendas com 40% de amido (Figura 46a) pode-se observar que os

picos em ~11,84o e 19,62o (F433-0) agora nas amostras degradadas,

aparecem em 12,44o e 19,94, e tornaram-se mais estreitos e definidos,

indicando um aumento na cristalinidade das blendas com o tempo de

degradação.

5.3.2.2 Difração de Raios-X

Os difratogramas de raios-x das blendas F244 são mostrados na Figura

46b, onde se observa aumento de intensidade dos picos em 24,96o e 26,68o,

de uma maneira mais intensa que na F433. O pico em 11,84o parece ser a

sobreposição de dois picos.

Os picos em 24,96o e 26,68o só aparecem nas amostras

biodegradadas. Estes picos podem representar produtos de degradação

formados com a biodegradação, o que não pode ser confirmado por FTIR. O

surgimento destes picos pode também ser uma indicação de que o amido e,

provavelmente, a quitosana estão sendo consumidos pelos microrganismos,

sendo o resultado do predomínio da fração correspondente ao PVA na blenda e

até mesmo a fração cristalina do amido, que são mais resistentes à ação

microbiana. Quando analisamos as amostras com maior percentual de PVA na

blenda (40 e 20% de amido), poderíamos aceitar a segunda hipótese, pois

segundo Lee et al. (1996), os picos em 22,90o e 28o são decorrentes da

estrutura monoclínica do PVA e são próximos aos observados neste trabalho

em 24,96o e 26,68o.

117

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118

Figura 45: Difratogramas de raios-x das blendas F811 (a) e F622 (b) submetida à biodegradação no solo.

5 10 15 20 25 30 35 40

Ângulo (2θ)

F622-18

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

I=19420

F622-16

F622-0

(b)

5 10 15 20 25 30 35 40

F811-12

F811-6

Ângulo (2θ)

Inte

nsi

dad

e (

u.a

)

F811-0

F811-3

(a)

118

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119

5 10 15 20 25 30 35 40

F244-18

Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

Ângulo (2θ)

F244-16

F244-14

F244-12

F244-0

(b)

Figura 46: Difratogramas de raios-x das blendas F433 (a) e 244 (b) submetida à biodegradação no solo.

5 10 15 20 25 30 35 40

Ângulo(2θ)

F433-22

F433-18Inte

nsi

dad

e (

u.

a.)

F433-16

F433-14

F433-0

(a)

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Porem quando analisamos amostras com maior percentual de amido

como 80 e 60%, essa tendência é observada com maior intensidade. Esses

aumentos, principalmente na F622-16, poderiam representar a presença de

metais oriundos do solo ou areia fortemente aderida aos filmes, porém

descartamos estas hipóteses. Acreditamos que seja o resultado do

metabolismo microbiano, que estando na sua fase de maior atividade (maior

percentual de substrato), fez com que a parte amorfa do amido fosse

totalmente consumida, ficando presente a fase cristalina do amido, mais

organizada, induzindo a um aumento de intensidade nestas amostras (F811 e

F622). Nas amostras com 18 e 22 dias os picos em 24,96o e 26,68o já

aparecem com menor intensidade, o que poderia representar a fase lag do

metabolismo microbiano.

5.3.2.3 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

120

Os resultados de difração de raios-x, DSC e FTIR, não nos fornecem

evidências da formação de novas substâncias como subproduto da

biodegradação, visto que não foi observada a formação de novos grupos nos

espectros de infravermelho. Mas é bem notável que houve uma degradação

preferencial pelas zonas amorfas do amido que modificaram os difratogramas

de raios-x e os termogramas das amostras em relação às amostras não

degradadas. O aparecimento de novos picos na difração de raios-x e DSC pode

representar o desaparecimento da parte amorfa do amido, sobressaindo-se as

partes cristalinas, agora visíveis, nos difratogramas e termogramas.

Os termogramas das blendas com 80%, 40% e 20% de amido de

feijão verde são mostrados na Figura 47. As blendas não submetidas à

biodegradação apresentaram apenas um pico de degradação térmica,

evidenciando a ocorrência de um só fenômeno térmico. Porém quando

analisamos os termogramas das amostras biodegradadas pode-se observar

que em todas aparecem dois picos de degradação, que vai tornando-se mais

estreito com o aumento no tempo de permanência no solo das amostras. Em

todos os termogramas observa-se que as temperaturas e entalpias de fusão

aumentaram com o tempo de degradação (ver Anexos 5-7).

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121

(a) (b) (c)

75 100 125 150 175 200 225 250Temperatura (oC)

F811-0

Flu

xo

de c

alo

r en

do

térm

ico

F811-12

F811-3

F811-6

150 175 200 225 250Temperatura (oC)

Flu

xo

de c

alo

r en

do

térm

ico

F433-22

F433-16

F433-14

F433-0

150 175 200 225 250Temperatura (oC)

Flu

xo

de c

alo

r en

do

térm

ico

F244-18

F244-14

F244-12

F244-0

Figura 47: Termogramas das blendas de amido de feijão verde/quitosana/PVA com (a) 80%, (b) 40% e (c) 20% de amido

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122

5.3.2.4 Espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR) das blendas de

amido/quitosana/PVA biodegradadas

As atribuições das bandas e os espectros de absorção das blendas

submetidas à biodegradação são mostrados na Tabela 10 e Figuras 48 a 52,

respectivamente. As atribuições específicas para cada dia de degradação

podem ser observadas no anexo 10. No espectro do polietileno de baixa

densidade (PEBD) pode-se observar a existência de 5 bandas de absorção bem

definidas (Figura 48a). As bandas em 2914 cm-1 e 2846 cm-1 foram os que

mais sofreram alterações com a biodegradação. Os filmes de polietileno

comercial permaneceram inteiros e claros, mas com pequenas modificações

nos espectros de FTIR, indicando certa degradação nos estágios finais do

teste. O PVA teve o mesmo comportamento, apresentando reduções de

intensidades com aumento no tempo de degradação (Figura 48b). A quitosana

foi totalmente degradada logo no inicio dos testes inviabilizando sua retirada

do solo para análise.

Conforme se observa nas Figuras 49-52, em todos os amidos

analisados verificou-se uma degradação significativa dos filmes, caracterizada

por uma progressiva diminuição nas intensidades de absorção, principalmente

na região de 1200 cm-1 a 700 cm-1, que é a chamada região de carboidratos.

Qualquer perda devido à biodegradação resultará em diminuição na

absorbância dessas bandas.

A redução de intensidade da banda OH (3292-3284 cm-1) indicou uma

quebra das pontes de hidrogênio (hidrólise enzimática ou química), muitas das

quais responsáveis pela compatibilidade entre os componentes na blenda,

evidenciando a perda das suas características iniciais (ver Anexos 8 e 9). A

redução na intensidade das bandas e variação nas posições das bandas em

1200-1600 cm-1, indica uma provável cisão do anel.

A intensidade das bandas na região entre 1075-1080 cm-1 sofreu fortes

reduções a partir do 12o dia em todas as amostras. A banda que aparecia

entre 900-906 cm-1, que antes era apenas um ombro, foi deslocada para 908-

910 tornando-se muito bem definida nas amostras biodegradadas. Esta banda

segundo Van Soest et al. (1995) está relacionada com as pontes de hidrogênio

da hidroxila no carbono 6 e é mais sensível a presença de água. Por isso

supomos que a degradação do amido na blenda possa ter sido conduzida

122

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123

principalmente pelas α-amilases, que degradam a ligação·α-1,4 e pelas·β-

amilases, que teriam acesso parcial a ligação α-1,6 das cadeias de amido.

Tabela 10: Atribuições das principais bandas do espectro de infravermelho das

blendas de amido com quitosana e PVA intactas e biodegradadas.

Blenda amido/CH/PVA Blenda amido/CH/PVA

biodegradada

Intens. 1 Atribuição 2 No de onda (cm-1) No de onda (cm-1)*

F ν OH 3292 3272-3543

M ν assim. e sim. CH2(anel) 2980 2953-2910

f ν assim. e sim. CH2(anel) 2850 2893-2848

f δ OH (água) 1645 1683-1635

M δ NH(amida II) 1558 1575-1537

f δ CH2 do anel 1450 1456-1417

M δ CH2 1371 1386-1373

f δ CH2 1340 1338-1323

f ω CH2 1230 1269-1217

δ CH2 1201 -**

M ν C-O-C do anel 1149 1151-1134

M ν C-O (anel)* ν CH (anel)*

1074

1091-1062

F ν C-O e C-C do anel 1018 1029-1018

F δ C-OH 997 999-995

M ν assim. C-O-C anel 931 943-921

f ρ CH2 904 912-900

M ρ CH2 849 850-840

ρ CH2 - 792-788

M δ C-O do anel 754 758-731 1M= médio; f= fraco; F= forte 2ν = estiramento δ= deformação angular (ω = wagging ; ρ = rocking) *Faixa de absorção das amostras degradadas durante 12 e 22 dias. ** banda não detectada

123

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Como resultado da exposição no solo por 22 dias observou-se redução

na intensidade de todas as bandas do espectro dos filmes analisados (Anexo

10). A quitosana pareceu degradar-se mais rápido que o amido e PVA no

filme, como evidenciado pela redução nas áreas das bandas em 1650 cm e

1558 cm-1. Estes filmes degradados tornaram-se quebradiços e amarelados. O

enfraquecimento dos filmes ocorreu provavelmente por quebras nas pontes de

hidrogênio, principalmente em que os grupos amidas participam. A coloração

amarelada é uma conseqüência da reação de Maillard, uma reação de

escurecimento comum em carboidratos e compostos aminados em decorrência

da formação das melanoidinas (pigmentos escuros).

Não foi evidenciada a formação de novos compostos, oriundos da

biodegradação, uma vez que não houve surgimento de novas bandas de

absorção. Porém foi notória a destruição da estrutura inicial dos componentes

da blenda, principalmente o amido e quitosana. As reduções nas intensidades

de absorção evidenciam a perda da organização molecular causada pela

biodegradação.

Vários trabalhos têm relatado a utilização da espectroscopia de

infravermelho modo ATR (Reflectância Atenuada Total) para quantificar a

biodegradação de blendas poliméricas (Iman e Gould, 1990; Arévalo-Niño et al.,

1996; Iman et al., 2001; Sevenou et al., 2002; Rutiaga et al., 2005). Porém

esta técnica mostrou-se inadequada para a caracterização de amostras muito

degradadas, visto que é necessário que a amostra cubra o cristal de ZnSe.

Mas mostrou-se muito prática para análise de grande volume de amostras,

pois não requer preparo de amostra.

A banda em 1016-1018 cm-1 foi deslocada para 1029 cm-1 que

segundo Van Soest et al. (1996) corresponde a parte amorfa do amido. À

medida que o tempo de colocação no solo aumentou esta foi ficando mais

definida, indicando que as amostras foram perdendo sua cristalinidade.

124

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125

Figura 48: Espectros na região de infravermelho dos filmes de PEBD (a) e PVA (b) submetidos à degradação no solo.

125

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126

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

A433-0

Ab

sorb

ân

cia

cm-1

(a) A433-12 A433-14 A433-16 A433-18 A433-22

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

B433-0(b) B433-12

B433-14 B433-16 B433-18 B433-22

Ab

sorb

ân

cia

cm-1

Figura 49: Espectros na região de infravermelho das blendas A433 (a) e B433 (b) submetidas à degradação no solo.

126

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127

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

C433-0

cm-1

(a) C433-12 C433-14 C433-16 C433-18 C433-22

Ab

sorb

ân

cia

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

F433-0(b)

F433-14 F433-16 F433-18 F433-22

Ab

sorb

ân

cia

cm-1

Figura 50: Espectros na região de infravermelho da blenda C433 (a) e F433 (b) submetidas à degradação no solo.

127

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128

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

A244-0(a)

A244-18 A244-16 A244-14 A244-12

A244-22

cm-1

Ab

sorb

ân

cia

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

B244-0

Ab

sorb

ân

cia

(b) B244-12

B244-16 B244-18 B244-22

cm-1

B244-14

Figura 51: Espectros na região de infravermelho da blenda A244 (a) e B244 (b) submetidas à degradação no solo.

128

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129

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

F244-0 (b) F244-12 F244-14 F244-16 F244-18

Ab

sorb

ân

cia

cm-1

1760 1600 1440 1280 1120 960 800 640

C244-0

cm-1

Ab

sorb

ân

cia

(a) C244-12 C244-14 C244-16 C244-18 C244-22

Figura 52: Espectros na região de infravermelho da blenda C244 (a) F244 (b) submetida à degradação no solo

129

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130

5.3.2.5 Taxa de biodegradação

5.3.2.5.1 Por análise de perda de peso

Os resultados da degradação dos filmes de amido de feijão verde e

suas blendas, determinados por análise de perda de peso, são mostrados nas

Figuras 53 a 56. As amostras com 100% de amido (Figura 53) sofreram total

degradação a partir do 6o dia. A amostra F811 sofreu 39,72% e 59,51% de

degradação ao 6o e 12o dia.

86,42

9,25

100

39,72

100 100

59,51

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Bio

de

gra

da

çã

o (

%)

3 6 9 12

Tempo (dias)

F100

F811

Figura 53: Taxa de biodegradabilidade do filme de feijão verde 100% e da

blenda com 80% de amido.

As blendas com 60% de amido (Figura 54), apesar de encontrarem-se

muito degradadas, foram retiradas após 12 (todas), 16 e 18 dias (somente

F622), porém isto só tornou-se possível devido à redução na freqüência de

chuvas.

89,48

76,36

83,05

63,27

100

66,78

10094,47

50556065707580859095

100

Bio

deg

rad

açã

o (

%)

12 16 18

Tempo (dias)

A622

B622

C622

F622

Figura 54: Taxa de biodegradabilidade das blendas com 60% de amido

130

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131

As blendas C433 e F433 (Figura 55) apresentaram altas taxas de

degradação com 12 dias de (51,70% e 85,53%, respectivamente). As blendas

A433 e B433 tiveram um comportamento diferente, mostrando baixa taxa de

degradação no mesmo período, (18,27% e 24,43%), mas aumentou com 14

dias (31,11% e 62,87%).

Todas as blendas com 14 dias foram coletadas em condições de alta

umidade do solo (13,94%), o que dificultou a retirada das amostras e

provavelmente contribuiu para que estas se apresentassem mais escuras que

as demais, pressupondo-se uma maior degradação. No entanto isto não foi o

observado em todas as amostras, pois apenas as amostras A433 e B433

apresentaram uma maior degradação. Estes resultados também podem ter

sido afetados por perdas de material durante a coleta.

0

15

30

45

60

75

90

12 14 16 18 20 22

Tempo (dias)

Bio

deg

rad

açã

o (

%)

A433

B433

C433

F433

Figura 55: Taxa de biodegradabilidade das blendas com 40% de amido

A biodegradação inicial das blendas com 20% de amido (Figura 56) foi

baixa em relação às com 40%. A blenda B244, que apresentou a menor taxa

de biodegradação com 12 dias (1,23%) teve uma elevação quase linear da

taxa ao longo do período do teste. Um comportamento semelhante foi

observado para as amostras A244 e C244.

A blenda F244 teve uma degradação de 100% no 22o dia de colocação

no solo. Não podemos afirmar que o percentual observado foi uma

conseqüência somente do processo biodegradação, mas principalmente porque

131

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132

as condições do solo (umidade) dificultaram a coleta da amostra, ocasionando

perda total do material.

0

20

40

60

80

100

12 14 16 18 20 22

Tempo (dias)

Bio

deg

rada

ção

(%

)

A244

B244

C244

F244

Figura 56: Taxa de biodegradabilidade das blendas com 20% de amido

A biodegradação do filme de quitosana e da blenda CH/PVA (1:1) foi

muito rápida e total, logo no inicio do teste (12 dias). Em comparação os

filmes de PVA e PEBD apresentaram-se praticamente intactos (análise visual),

embora o PVA encontrar-se um pouco enrugado devido à umidade. Por essa

razão não foi possível determinar a taxa de biodegradação dessas amostras

por perda de peso.

5.3.2.5.2 Por espectroscopia de infravermelho (FTIR-ATR)

Os resultados da determinação da taxa de biodegradação por

espectroscopia de infravermelho são mostrados nas Figuras 57 a 59. Os filmes

de polietileno de baixa densidade (PEBD) comercial permaneceram inteiros e

claros, mas com pequenas modificações nos espectros de FTIR, indicando

certa degradação nos estágios finais do teste. As taxas de biodegradação dos

filmes de PEBD e PVA variaram de 25,56 e 66,78% (12 dias) a 29,10% e

81,28% (22 dias), respectivamente (Figura 57).

132

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133

10

20

30

40

50

60

70

80

12 14 16 18 22

Tempo (dias)

Bio

de

gra

da

çã

o (

%)

PVA

PEBD

Figura 57: Taxa de biodegradação dos filmes de PVA e PEBD medida por

FTIR-ATR na faixa de 1800 a 650 cm-1

Conforme se observa na Figura 58, as taxas de biodegradabilidade das

amostras com 40% de amido com 12 dias foram altas, variando de 77,22%

(B433) a 85,10% (C433). Como a quantidade de amostra F433 recuperada

com 12 dias foi muito pequena, isso impossibilitou sua análise por FTIR, e

consequentemente o cálculo da taxa de biodegradação, por isso designou-se

que esta tenha sofrido 100% de degradação.

75

80

85

90

95

100

12 14 16 18 20 22

Tempo (dias)

Bio

deg

rada

ção

(%)

A433B433C433F433

Figura 58: Taxa de biodegradação das blendas com 40% de amido

medida por FTIR-ATR na faixa de 1800 a 650 cm-1

133

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134

As blendas A244 e B244 tiveram comportamentos semelhantes até o

16o dia de teste (Figura 59) com taxa de degradação de 78,22% e 75,70% (12

dias) e 85,04% e 88,14% (22 dias), respectivamente. As taxas de degradação

inicial (12 dias) nas blendas C244 e F244 foram mais baixas (62,50% e

58,98%, respectivamente), porém nos estágios finais foram mais altas

(95,50% e 100%).

56

66

76

86

96

12 14 16 18 20 22

Tempo (dias)

Bio

de

gra

da

ção

(%

)

A244

B244

C244

F244

Figura 59: Taxa de biodegradação das blendas com 20% de amido,

medida por FTIR-ATR na faixa de 1800 a 650 cm-1

As blendas de quitosana e PVA com todos os amidos analisados, bem

como os filmes de quitosana e o PVA sofreram altas taxas de degradação

quando em contato direto com o solo. O que nos permite classificar a blenda

dos três componentes como biodegradável. Vários fatores podem ter

contribuído para isso. Os microrganismos presentes no solo como leveduras e

bactérias (Pseudomonas aeruginosas) provavelmente contribuíram para a

biodegradação das amostras, uma vez que estes são produtores de enzimas

capazes de degradar o amido (amilases) e a quitosana (quitosanase) (Zhang

et al., 2000; Cheng et al., 2000).

As características hidrofílicas dos três componentes foi outro fator

fundamental. Por esta razão a umidade do solo influenciou grandemente na

degradação das blendas. Essa contribuição pode ter sido de duas maneiras:

facilitando a degradação química (quebra de ligações) ou fornecendo

condições adequadas para o crescimento microbiano. Os filmes de quitosana

134

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135

têm alta afinidade por água, provavelmente porque suas moléculas estejam

protonadas (Cervera et al., 2004; Prashanth et al., 2005). Por isso supomos

que a degradação da quitosana tenha ocorrido principalmente pelas quebras

das pontes de hidrogênio e das interações hidrofóbicas, causando assim a

desaminação da molécula, como sugerido por Byaruhanga et al. (2005). Isto

foi evidenciado pela perda das bandas em 1653 cm-1, 1600 cm-1 e 1554 cm-1

nas blendas.

A taxa de degradação das blendas foi reduzida pela substituição do

amido por PVA e quitosana na blenda, provavelmente, devido à interação das

moléculas de amido com estes componentes dificultarem a ação das enzimas

sobre as cadeias de amido. Jang et al. (2001) sugeriram que a dispersão de

algumas moléculas de amido dentro das cadeias de PVA dificulte o acesso das

enzimas a elas. Guohua et al. (2006) verificou que as amilases não degradam

o PVA, mas as blendas de amido de milho metilado/PVA sofreram degradação

induzida pelas amilases.

135

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136

6 CONCLUSÕES

• Os amidos de jalapa, cará chinesa e feijão verde, mostraram ser novas

alternativas para elaboração de filmes de amido;

• O teor de amilose dos amidos influenciou na capacidade formadora de

filme e na melhoria das características mecânicas dos filmes após a

formação das blendas;

• O amido de cará chinesa apesar de apresentar baixo teor de amilose,

produziu filmes transparentes e flexíveis, principalmente quando o teor

de amido foi baixo (20%)

• O PVA e a quitosana tiveram alta compatibilidade com o amido,

melhorando as propriedades mecânicas, reduzindo a solubilidade e a

permeabilidade ao vapor d’água e a resistência a biodegradação dos

filmes;

• Todas as blendas sofreram degradação no solo e a extensão da

biodegradação foi proporcional à concentração de amido;

• A umidade do solo influenciou diretamente na degradação das blendas,

acelerando o metabolismo microbiano, principalmente dos produtores

de amilase;

• Apesar de não ter sido evidenciada a formação de novos grupos

funcionais nas amostras degradadas, as análises de FTIR, DSC e

difração de raios-X mostraram que houve uma degradação das partes

amorfas da fração de amido, o que fez sobressair as parte cristalinas

das amostras;

• O produto degradado garantiu certa umidade ao solo, permitindo a

proliferação de leveduras e bactérias, necessários para a produção de

nutrientes orgânicos;

• A determinação da biodegradabilidade por FTIR-ATR foi mais eficiente e

confiável que a determinação por perda de peso, pois é capaz de

detectar a organização helicoidal das moléculas de amido, mas é

sensível ao tamanho das amostras;

• As blendas de amido/quitosana e PVA (40 e 20% de amido) tiveram alta

taxa de permeabilidade ao vapor d’água o que as tornou impróprias

136

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137

para utilização como embalagens de alimentos de alta umidade. No

entanto, são adequadas para aplicações como embalagens de produtos

de baixa umidade (eletro-eletrônicos, etc.), como mulchings agrícolas,

embalagem para frutas e hortaliças e produtos de panificação, sacos de

compostagem e peças moldadas e curativos.

• A biodegradabilidade destes filmes poderá contribuir grandemente para

a redução do volume de resíduos sólidos que ficam acumulados por

muito tempo em aterros.

137

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138

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A área dos plásticos é um assunto que vem ganhando destaque cada

vez mais acentuado na mídia e mais pesquisas estão sendo realizadas com o

intuito de se obter novos materiais que sejam de fontes renováveis, para

resolver alguns problemas atuais. Nesse sentido sugerimos a continuidade

deste trabalho com o objetivo de explorar alguns aspectos que não foram

abordados no presente trabalho como:

• Elaborar hidrogéis hemocompatíveis para tratamento de feridas e

sistemas de liberação de drogas implantáveis;

• Realização de testes que viabilizem a utilização das blendas como:

• embalagens de frutas e verduras

• mulchings agrícolas

• Aumentar a resistência das blendas frente à umidade através de

modificações no amido;

• Preparar blendas com outros componentes que melhorem suas

propriedades mecânicas.

138

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139

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168

ANEXOS

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169

ANEXO 1: Variação no módulo de elasticidade (MPa) das blendas de

amido/quitosana/PVA

Amido (%) Inhame Jalapa Cará chinesa Feijão verde

100 336,35 ± 2,46 311,60 ± 0,03 285,80 ± 1,96 383,93 ± 9,44

80 294,10 ± 3,35 364,30 ± 0,01 321,40 ± 0,01 420,72 ± 5,12

60 370,80 ± 0,12 400,58 ± 3,54 400,42 ± 0,23 380,64 ± 0,01

40 205,63 ± 1,41 257,88 ± 6,72 247,70 ± 0,01 239,16 ± 0,01

20 447,10 ± 4,42 474,20 ± 1,62 361,30 ± 5,62 404,25 ± 2,20

0* * * * *

*E=244,15 ± 4,72 MPa

ANEXO 2: Percentual de deformação (σ) para as blendas de amido/quitosana/PVA

Amido (%) Inhame Jalapa Cará chinesa Feijão verde

100 3,28 ± 0,51 4,35 ± 1,41 2,38 ± 0,21 3,92 ± 0,74

80 4,34 ± 0,68 5,90 ± 1,68 3,70 ± 0,52 5,30 ± 0,82

60 5,47 ± 0,82 5,15 ± 0,44 5,83 ± 0,27 6,02 ± 0,26

40 8,27 ± 0,96 6,10 ± 0,23 7,83 ± 1,41 7,47 ± 0,83

20 8,50 ± 0,50 9,10 ± 1,20 10,16 ± 0,10 9,26 ± 1,36

0* * * * *

*σ=7,11 ± 1,12

169

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170

ANEXO 3: Tensão máxima (MPa) para as blendas de amido/quitosana/PVA

Amido (%) Inhame Jalapa Cará chinesa Feijão verde

100 35,27 ± 6,10 41,72 ± 4,57 27,50 ± 1,96 36,60 ± 3,30

80 38,44 ± 4,45 37,95 ± 5,01 40,77 ± 5,59 44,04 ± 2,90

60 38,90 ± 2,50 48,47 ± 0,40 53,07 ± 0,52 54,01 ± 0,55

40 32,84 ± 2,22 48,30 ± 0,92 37,67 ± 1,51 30,60 ± 2,60

20 41,93 ± 2,43 53,94 ± 2,06 50,80 ± 3,85 54,40 ± 0,67

0* * * * *

*TM=47,22 ± 3,37 MPa

ANEXO 4: Extensão na quebra (mm) para as blendas de amido/quitosana/PVA

Amido (%) Inhame Jalapa Cará chinesa Feijão verde

100 1,31 ± 0,20 2,20 ± 0,45 0,95 ± 0,10 1,57 ± 0,30

80 1,73 ± 0,27 2,00 ± 0,22 1,50 ± 0,21 2,12 ± 0,33

60 2,20 ± 0,30 2,06 ± 0,12 2,33 ± 0,11 2,41 ± 0,10

40 3,12 ± 0,38 2,44 ± 0,09 3,06 ± 0,53 3,00 ± 0,33

20 3,38 ± 0,20 3,37 ± 0,48 4,07 ± 0,04 3,40 ± 0,54

0* * * * *

*EQ=2,84 ± 3,05 mm

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ANEXO 5: Parâmetros de DSC de blendas com 80% de amido de feijão verde degradadas

Amostra To1 Tp1 Tc1 ΔT1 ΔH(J/g)1 To2 Tp2 Tc2 ΔT2 ΔH(J/g)2

F811-0 126,33 140,10 160,31 33,98 251,40 - - - - -

F811-3 174,10 174,30 187,70 13,60 56,31 - - - - -

F811-6 161,30 164,80 176,80 15,50 32,93 206,10 220,40 230,70 24,60 11,53

F811-12 178,50 182,20 194,70 15,70 38,40 201,50 225,40 237,90 36,40 19,50

ANEXO 6: Parâmetros de DSC de blendas com 40% de amido de feijão verde degradadas

Amostra To1 Tp1 Tc1 ΔT1 ΔH(J/g)1 To2 Tp2 Tc2 ΔT2 ΔH(J/g)2

F433-0 168,23 169,70 178,90 10,67 161,10 - - - - -

F433-14 191,87 203,40 211,90 20,03 19,26 218,86 225,23 231,40 12,54 8,25

F433-16 166,70 178,60 190,05 23,35 61,02 213,57 222,97 230,63 17,05 9,82

F433-18 198,70 211,44 218,54 19,84 10,78 220,75 238,03 230,40 9,65 18,81

F433-22 191,91 201,80 211,77 19,86 23,16 218,00 224,13 230,02 12,02 14,01

171

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ANEXO 7: Parâmetros de DSC de blendas com 20% de amido de feijão verde degradadas

Amostra To1 Tp1 Tc1 ΔT1 ΔH(J/g)1 To2 Tp2 Tc2 ΔT2 ΔH(J/g)2

F244-0 173,30 177,20 193,00 19,70 70,30 - - - - -

F244-12 172,93 180,24 187,57 14,64 93,03 218,60 223,24 228,36 9,76 1,83

F244-14 165,11 176,15 186,91 21,80 58,08 211,08 221,50 230,52 19,44 12,12

F244-16 132,41 144,03 160,80 28,39 103,11 207,08 222,70 230,60 23,52 18,00

F244-18 180,03 193,28 205,80 25,77 41,35 216,10 223,85 230,57 14,47 21,88

172

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173

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

A433-0

Ab

sorb

ân

cia

cm-1

(a)

A433-12 A433-14

A433-16 A433-18 A433-22

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

B433-0

(b)

B433-12 B433-14 B433-16 B433-18 B433-22

Ab

sorb

ân

cia

cm -1

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

C433-0

cm -1

(c)

C433-12 C433-14 C433-16 C433-18 C433-22

Ab

sorb

ân

cia

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

F433-0

(e)

F433-14 F433-16 F433-18 F433-22

Ab

sorb

ân

cia

cm-1

Anexo 8: Espectros FTIR-ATR das blendas com 40% de amido submetidas a degradação no solo

173

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174

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

A244-0

(a)

A244-18 A244-16 A244-14 A244-12

A244-22

cm -1

Ab

sorb

ân

cia

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

B244-0

Ab

sorb

ân

cia

(b)

B244-12

B244-16 B244-18 B244-22

cm-1

B244-14

3800 3420 3040 2660 2280 1900 1520 1140 760

F244-0

(e)

F244-12 F244-14 F244-16

F244-18

Ab

sorb

ân

cia

cm-13 8 0 0 3 4 2 0 3 0 4 0 2 6 6 0 2 2 8 0 1 9 0 0 1 5 2 0 1 1 4 0 7 6 0

C 2 4 4 - 0

c m - 1

Ab

sorb

ân

cia

( c )

C 2 4 4 - 1 2 C 2 4 4 - 1 4

C 2 4 4 1 4

C 2 4 4 - 1 6 C 2 4 4 - 1 8 C 2 4 4 - 2 2

Anexo 9: Espectros FTIR-ATR das blendas com 20% de amido submetidas a degradação no solo

174

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175

Anexo 10: Atribuições das principais bandas do espectro de FTIR-ATR das blendas de amido/CH/PVA biodegradadas

durante 22 dias.

Tempo (dias) Intens.1 Atribuição* 0 32 62 123 143 163 183 223

F ν OH 3292 3527 3500 3272-3288 3541-3221 3535-3498 3523-3371 3543-3435

M ν assim. e sim. CH2(anel) 2980 2918 2918 2937-2916 2922-2914 2953-2914 2916-2910 2916

f ν assim. e sim. CH2(anel) 2814 2848 2848 2850-2835 2893-2846 - 2848-2846 2850

f δ OH (água) 1645 1683 1651 1656-1645 1652-1651 1654-1635 1651-1641 1663-1654

M δ NH(amida II) 1558 - 1556 1560-1556 1575-1537 1551-1539 1558-1539 1556-1537

f δ CH2 do anel 1450 - - 1447-1441 1456-1448 1417-1456 - 1458-1454

M δ CH2 1371 - - 1377-1373 1375-1373 1386-1375 1375-1373 1375

f δ CH2 1340 - - 1330-1323 1336-1325 1327 1338 1336

f ω CH2 1230 - - 1265-1238 1269-1242 1263-1217 1255-1246 1274

f δ CH2 1201 - - - - - - -

M ν C-O do anel 1149 1151 - - 1145-1141 1136 1143-1141 1134

M ν C-O do anel 1074 - - 1078-1076 1089-1085 1091-1066 1087-1062 1089-1072

F ν C-O e C-C do anel 1018 1028 1028 1020-1018 1028 1028 1029 1028

F δ C-OH 997 995 997 999-995 999-995 999-997 999-997 997

M ν assim. C-O-C anel 931 - - 943-937 933-927 931-921 935-927 937-923

f ν assim. C-O-C anel 904 912 908 906-900 912-908 912-908 910 910-908

M ρ CH2 849 - - 844-840 846 850 850-840 848

f ρ CH2 - - - 790-788 790-788 792-790 792 792-790

M δ C-O do anel 754 748 748 758-731 748-746 748-744 748-746 748-746

f - 682 680 673-665 680-677 684-682 684-665 682-675 1M= médio; f= fraco; F= forte 2Faixa de absorção da blenda F811. 3Faixa de absorção das blendas com 40 e 20 % de amido degradadas de 12 a 22 dias *ν = estiramento δ= deformação angular (ω = wagging ; ρ = rocking)

175