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MEMORIAL Esta praça deveria ser algo presente no imaginário da gente do interior. Não uma praça típica, inspirada no paisagismo francês, que nada tem a ver com nossa realidade, com aqueles canteiros e caminhos dizendo: “vá por aqui, vá por ali”. Deveria ser uma área sombreada e com piso livre, algo que lembrasse o refúgio de um fundo de quintal ou de um pomar de fazenda. Ao mesmo tempo, tinha que ser uma praça com qualidade urbana, uma vez que seria uma praça publica inserida no contexto de uma cidade planejada e em uma quadra com grande valor histórico. Simbolicamente escolhemos uma árvore frutífera: a jabuticabeira. No universo caipira, “a jabuticaba é por antonomásia a fruta, sempre pronunciada fruita e preferida a todas as outras” ¹. Árvore que nos remete aos pequenos refúgios de fundo de quintal de nossas infâncias, a jabuticabeira sempre foi vista por trás dos muros e passa, agora, à frente destes oferecendo-se à cidade. Mas não foi só pelo aspecto simbólico que a escolhemos, foi também por suas qualidades físicas. É uma árvore nativa da região, portanto apta às condições climáticas e de solo, tem um porte adequado à escala da praça e gera uma meia sombra suave, criando um ambiente mágico que só os que conhecem um jabuticabal sabem com é. O plantio obedeceu a uma rígida disposição em triângulos eqüiláteros, de modo que as quarenta árvores ficassem eqüidistantes seis metros umas das outras, gerando um sombreamento constante e uniforme. O piso foi executado com pedras portuguesas pretas, em contrapartida a essa rigidez o desenho do piso desenvolveu-se com toda a liberdade em canteiros-bola, concêntricos com as árvores, porém de raios variados. Através da variação dos raios foram construídos caminhos, largos, áreas de passagem e áreas de permanência no desenho sugerido no negativo das bolas, assim foi criada uma importante circulação diagonal sem necessariamente desenha- la no piso. Alguns bancos, desenhados especialmente para este projeto, foram distribuídos estrategicamente pela praça e um pequeno muro de arrimo de concreto define uma área mais resguardada no interior da praça, deixando uma larga faixa livre junto às ruas. A iluminação explora a presença das jabuticabeiras iluminando- as de maneira suave, de baixo para cima, usando elementos discretos. A praça conta ainda com um bom sistema de drenagem e irrigação para manter as plantas viçosas e gerar um clima fresco e úmido embaixo das copas, uma espécie de oásis diante de aridez urbana. Assim esperamos que “nossa” praça tenha cumprido suas funções poéticas e práticas, simbólicas e triviais... E que dê bons frutos. PLANTA DO PISO PLANTA BAIXA ESTUDOS

Praça orlandia 1

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Projeto de praça

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Page 1: Praça orlandia 1

MEMORIAL

Esta praça deveria ser algo presente no imaginário da gente do interior. Não uma praça típica, inspirada no paisagismo francês, que nada tem a ver com nossa realidade, com aqueles canteiros e caminhos dizendo: “vá por aqui, vá por ali”. Deveria ser uma área sombreada e com piso livre, algo que lembrasse o refúgio de um fundo de quintal ou de um pomar de fazenda. Ao mesmo tempo, tinha que ser uma praça com qualidade urbana, uma vez que seria uma praça publica inserida no contexto de uma cidade planejada e em uma quadra com grande valor histórico.

Simbolicamente escolhemos uma árvore frutífera: a jabuticabeira. No universo caipira, “a jabuticaba é por antonomásia a fruta, sempre pronunciada fruita e preferida a todas as outras” ¹. Árvore que nos remete aos pequenos refúgios de fundo de quintal de nossas infâncias, a jabuticabeira sempre foi vista por trás dos muros e passa, agora, à frente destes oferecendo-se à cidade. Mas não foi só pelo aspecto simbólico que a escolhemos, foi também por suas qualidades físicas. É uma árvore nativa da região, portanto apta às condições climáticas e de solo, tem um porte adequado à escala da praça e gera uma meia sombra suave, criando um ambiente mágico que só os que conhecem um jabuticabal sabem com é.

O plantio obedeceu a uma rígida disposição em triângulos eqüiláteros, de modo que as quarenta árvores fi cassem eqüidistantes seis metros umas das outras, gerando um sombreamento constante e uniforme. O piso foi executado com pedras portuguesas pretas, em contrapartida a essa rigidez o desenho do piso desenvolveu-se com toda a liberdade em canteiros-bola, concêntricos com as árvores, porém de raios variados. Através da variação dos raios foram construídos caminhos, largos, áreas de passagem e áreas de permanência no desenho sugerido no negativo das bolas, assim foi criada uma importante circulação diagonal sem necessariamente desenha-la no piso. Alguns bancos, desenhados especialmente para este projeto, foram distribuídos estrategicamente pela praça e um pequeno muro de arrimo de concreto defi ne uma área mais resguardada no interior da praça, deixando uma larga faixa livre junto às ruas.

A iluminação explora a presença das jabuticabeiras iluminando-as de maneira suave, de baixo para cima, usando elementos discretos. A praça conta ainda com um bom sistema de drenagem e irrigação para manter as plantas viçosas e gerar um clima fresco e úmido embaixo das copas, uma espécie de oásis diante de aridez urbana.Assim esperamos que “nossa” praça tenha cumprido suas funções poéticas e práticas, simbólicas e triviais... E que dê bons frutos.

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