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    “Derradeira Noite” Trecho da peça de Hiruma Nabuko

    Ato V Cena VII

    (Isoko, Nichiko e sua mãe Tomono são as únicasrestantes no palco. Há uma violenta BATIDA na

     porta externa, esquerda do palco. Elas conge-lam.) 

    VOZ: Isoko? Nichiko?NICHIKO: Pai! (Ela corre em direção à por-

    ta. Isoko a agarra.) ISOKO: Idiota! Fique parada! (para sua mãe)

    Consegue andar?TOMONO: Eu não sei. (Isoko gentilmente

    examina o rasgo no kimono.) Aaaaahhh!VOZ: Nichiko… Abra a porta. (Um momento.) ISOKO: É o bushi, mãe?(Outro momento: um terrível.) TOMONO: Não.(Mais BATIDAS violentas na porta. Nichiko

     se esconde atrás de sua mãe.) ISOKO: São eles… Não são? VOZ: Isoko? Vocês estão aí? Está tudo bem,

    minha flor de cerejeira, nós vencemos. Os Hidavieram e os Hida não falham.

    NICHIKO: É o Papai!

    TOMONO: Esta coisa que está lá fora não éseu pai.NICHIKO: (histérica) Mas eles disseram que

    venceram.TOMONO: Os bushis teriam apagado a fu-

    maça das torres primeiro. (pausa) Isoko… Dê-me. (Isoko pega a naginata e entrega a ela, eTomono a usa para se apoiar numa perna.)  Ni-chiko-chan… Você sabe o que deve ser feito.(Nichiko olha em descrença para sua mãe e irmã,então…) 

    NICHIKO: Eu não posso! Não sou uma bus-

    hi! Não posso lutar, eu vou morrer!TOMONO: Você é uma Hiruma?NICHIKO: Você disse que não posso ter

    meu gempukku até os treze anos!TOMONO: Esta é a torre interna, Nichiko.

    Somos as últimas.NICHIKO: Pare de olhar para mim! PARE!

     Não posso! (Ela está chorando.) Sensei disse quesou a pior. Mal posso levantá-la. Ele disse que setiver dúvida na mente, você falha, e… E eu sóvou me machucar de novo. Eu não posso.

    ISOKO: (calmamente) Nichiko… Ela não es-

    tá falando disso.(Pensamos de início que ela não ouviu… E n-

    tão ela olha para cima. Sua irmã assente. Ela

    olha para sua mãe. Outro assentir. Mais BATI- DAS na porta chocam Nichiko, mas as outrasduas são frias como porcelana. Sons de rachadu-

    ras. As mãos de Tomono deslizam na naginata.) TOMONO: Tudo que tem que fazer é se cur-

    var. (sem reação) Por favor… Olhe para o retr a-to.

    (Outra longa pausa antes de Nichiko tomar sua decisão.) 

    NICHIKO: Papaaaaaaai! (Ela corre para a porta.) 

    TOMONO: IYE! (Não funciona, e a criançade oito anos corre para a porta interna e batenela, enquanto Isoko a agarra. Nichiko morde

     seus dedos e sua irmã recua, ela fecha a porta e

    a barra, deitando-se contra a parede.) NICHIKO: Papai… VOZ: Eu as ouvi, querida. Elas querem matar

    você. Elas têm a Mácula.ISOKO: Mentiroso! Sua criatura de sangue

    negro! Espero que coma jade e ela queime atéseus intestinos!

    VOZ: Abra a porta, Nichiko-chan. Não voudeixar elas te ferirem.

    ISOKO: Não ouse! Nichiko, ele só está usan-do a pele dele!

    TOMONO: (Fraca, mas nunca demonstran-do) Isoko… Olhe para o retrato… Se você pu-der… 

    ISOKO: Eu não posso, mãe. Se você tirar aminha, quem tirará a sua?

    TOMONO: Minha outra filha se perdeu. Elenunca terá vocês duas.

    ISOKO: Juntas, mãe. Sem… Sem dúvida emnossas mentes, podemos fazer isto juntas.

    VOZ: Nichiko-chan… Abra a porta.ISOKO: (meiga) É como cortar bambu. (Ela

     pega a outra naginata.)

    TOMONO: Você é uma Hiruma.(Elas erguem as naginatas. Tomono tentacontrolar sua respiração. Ela anda para frente,testando o alcance. Elas tocam os pescoços umada outra com as lâminas. Isoko fecha os olhos,uma vez, uma longa piscada. Elas recuam. As

     BATIDAS e o choro de Nichiko são constantesagora.)

    IMONO: Só um momento. (recomposta) Emsan.

    TOMONO: No san.(Isoko respira algumas vezes.) 

    ISOKO: (praticamente um kiai) Ichi!TOMONO: (tentando, mas sem respiração)

     Ni!

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    (As BATIDAS são intermitentes, parando an-tes de golpearem. Os contrarregras apagam aslanternas. As duas caem no chão com força. Uma

     pausa de pelo menos doze batidas antes de umavela ser acesa. Sangue está por todo o palco, e

     Isoko está sem cabeça. Tomono grunhe e rola, segurando sua têmpora ensanguentada.) 

    TOMONO: Você… Duvidou. (Ela sente seu próprio pescoço. Ainda está lá) Vou procurar umHida.

    VOZ: Nichiiiiiko-chan… Por favor.TOMONO: (lúcida) Não abra esta porta.(Os olhos dela relaxam, largos e observado-

    res. Nichiko fica parada e quieta.)VOZ:  Nichiko… Está tudo bem. Estou aqui.

    Os Hida não falham.NICHIKO: Elas estão mortas.VOZ: Você não tem que morrer. Elas esta-

    vam muito doentes.NICHIKO: Elas estão mortas.VOZ: Eu posso levar você embora, Nichiko.

    Há um lugar secreto que eu conheço.

    NICHIKO: Caranguejos não têm segredos.VOZ: É um lugar maravilhoso onde ninguém

    comete  seppuku. Um dos kamis me mostrou.Você não quer honrar os kamis?

    NICHIKO:  Não! Eu odeio os kamis, odeioeste castelo estúpido, e odeio você!

    VOZ: Perdoe-me, minha flor. Porque eu a

    amo. Por favor… Nichiko-chan. Abra a porta.Por seu pai. Você sabe que pais devem amar suas pequenas. Sempre.

    (Contrarregra apaga a última vela. Há silên-cio por três batidas do coração, e então na escu-ridão, ouvimos o cair de uma das barras da por-ta. Ela recua com um raspado. Há um rugido e o

     grito de uma criança que dura por dez segundos. Ele é interrompido pelo som de um corpo sendo jogado contra o palco. O grito continua numa segunda respiração, até que se torna um engas- go. Mais batidas: quatro delas. Contrarregrasrasgam carne.)

    (CORTINAS)

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    A Meu Muito Estimado Colega, Kancho Isawa Tadaka daIsawa Tensai Tsuchi-Ryu, Kyuden Isawa, no 13º Ano doReinado do Filho dos Céus Hantei XXXVIII:

     Escrevo a respeito de nosso encontro nasterras Kuni, em que discutimos vasta-mente nossas pesquisas. Não é costumeironestes dias que eu fale com alguém tãoeducado como você sobre os caminhos dasTerras Sombrias, e mais raro ainda é queeu receba aprovação em meus métodos.Você disse que talvez fôssemos como raízes; se aprofundando pela terra, nunca cien-tes da presença do outro, mas da mesmaárvore, buscando a mesma água.

    Concordo com o que disse naquele dia; éessencial que nossos shugenjas saibam quearmas eles precisam na guerra contra oIrmãozinho Negro dos Kamis. É necessárioque busquemos a verdade. Porém, devorespeitosamente fazer menção à declara-ção de que “qualquer” informação que eu possa fornecer deva ser estimada por seusalunos.

     Pois apesar de terdes deduzido correta-mente que minha bolsa estava recheada pelas obras dos Agasha, e a tsuba da wa- kizashi de meu avô simbolizar casamentode um Kitsuki a esta honrada família,

    entendo sua preocupação quando desvieiminha conversa sobre o meu nome.Você sabe que todos perdem pedaços de si

     próprios quando guerreiam com as TerrasSombrias. Procurar por coisas perdidas,não pelo que não existe.

    Os que viveram a estas histórias nãotêm esperança de que suas palavras vivam para sempre após suas mortes. De fato, creio que poucos deles negariam se associar entre si se estivessem vivos hoje. Trago-lhe as palavras dedaimyos, historiadores, ronins, heimins, hinins, etas e dos corrompidos pela Mácula. Muitos

    Sobre o AutorSeikansha é um shugenja ronin que viaja por

    Rokugan, muitas das vezes fazendo amigosentre camponeses e samurais subordinados. Ele parece simpático, mas os que o conhecem des-cobrem que ele é cauteloso e às vezes implacá-vel. Ele segue grupos de magistrados inexperi-

    entes, vigiando e pesquisando-os antes de seaproximar para conversar sobre os perigos das

    Terras Sombrias. Ele oferece pedaços de seu

     precioso conhecimento em troca de notícias earroz, então se retira antes de se preocuparem

    com quem ele é.Se as coisas ficarem ruins, Seikansha foge.

    Ele se esconde. Ele cura suas feridas e aprendemais sobre seus eternos inimigos. Ele os atingecom fogo de shugenja e foge de novo. Ele é um

    cão sem honra que precisa ficar vivo porque temque continuar ajudando.

    Alguns Escorpiões na corte suspeitam dequem ele é de verdade, mas de fato, por que isso

    importa? Ele é apenas outro ronin agora, e nin-

    guém em juízo perfeito sugeriria devolver suaantiga vida. Isto insultaria a competência de

    dúzias de pessoas em altos cargos.Entenda, quando os Magistrados de Esme-

    ralda alcançam seu novo status, espera-se queeles exerçam os nobres ofícios a que são desig-nados. Eles agradecem ao Campeão fervorosa-mente pela posição gloriosa e astutamente vão

    trabalhar. Não se espera que eles procurem por Mácula

    entre seus superiores, ou continuem a procurarapós os testes iniciais serem negativos.

    E nunca se espera que encontrem.Ou corram do perigo.

    Ou finjam suas mortes.Ou assassinem Magistrados de Esmeralda

    em nome do Trono.E vivam.

    Seikansha significa “sobrevivente”. 

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    deles foram vitoriosos —  muitos foram caídos e esquecidos. Alguns tiveram a coragem delendas e alguns ainda vivem pela virtude de suas sandálias.

     Eles não têm nada em comum além disso: eles se aproximaram dos lacaios paridos pelo Poço Infecto, e vieram usando jade.

    Só você dentre os Fênix saberiam que não os envio, intencionalmente ou não, comoafronta à sua posição. E só você, eu creio, não só leria estas páginas, mas as veria pelo que são.

     Palavras.O Escorpião diz que entre os cegos, até o mais honesto mente sobre a cor do céu. Achei esta

     sabedoria útil, e a repito aqui para sua edificação. Os relatos de séculos atrás podem ser nos- sa melhor fonte de informação, um colorido exagero de um artista, ou um mero rumor dealgum cortesão há muito falecido. O maior herói pode ter sido um tolo em sua própria época, pois quando a honra está em jogo, o pincel do escriba costuma ceder ante a espada do samu-

    rai. Se esta é uma feia verdade na corte de Rokugan, eu os convido a virem comigo além daMuralha Kaiu onde podemos discutir a questão com o apropriado decoro. É com a mesma antecipação que lhe digo do manuscrito que você encontrará no fundo

    desta caixa, que devo pedir que nunca mostre aos que não ganharam sua confiança. Você pediu que lhe contasse a fonte do rumor dos feiticeiros-demônios voadores que ganham força para cada samurai vivo que abatem. Deles, só tenho dois relatos. Um, como você sabe, é do famoso romance Meifumado, que reescrevo como questão de conhecimento público no primei-ro manuscrito. O outro está no último, que encontrei colocado em minha porta quando espí-

    ritos do fogo gritaram para me acordar à noite. Suspeito da natureza de suas origens. Ele tem a informação que você pediu para saber.Se você estiver disposto a abrir a porta.

     Respeitosamente,Seikansha

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    “Untem suas pontas de flechas em pó de jade,” Bayushi Sashiko ordenou, “e atirem em qualqueroni que virem, pois eles lutam mais forte que qualquer homem. Guardem o muro norte, e olhem para otelhado, pois o oni sem dúvidas aparecerá no último lugar que esperam.” 

    E com isto, fomos para dentro nos aquecer antes de nos retirarmos.Um grito infernal do sul logo agitou a noite, chocando-nos ao despertar. Agarrei minha wakizashi,

    só para encontrar o Dragão a um passo de mim. A porta de carvalho voou em lascas, e uma das criasdo Irmão Negro voou perante nós assim como o vento gélido.

    Pensei certamente que era uma Fortuna ou o fantasma de um deus, pois era o mais belo homem queeu já vira. O fogo místico de seus olhos iluminou a sala, esverdeando a pedra e enegrecendo o sangueem suas katanas. Sua pele era o branco de Lorde Lua, e ele pendia no ar sobre calcanhares lisos, pi-sando na névoa que soprava na direção de Lady Bayushi.

    Toshimichi golpeou sem pensar em suas lâminas, quase a tempo. Seu aço na parede e na coxa deSashiko. Ela não teve a presença de espírito para gritar antes que o Kitsuki cravasse sua katana e wa-kizashi juntas no cotovelo da criatura.

    As lâminas penetraram, e a sala ficou paralisada. Percebemos como um só que todo o pó de jadeestava no lado de fora.

    Masakatada recuou numa tempestade de espadas que se abanava e chiava e explodia com dolorosasfaíscas. Logo a porta atrás de mim se rachou e caí no chão, sua mão dividida ao meio e quebrada noantebraço. Mas uma borrada parede de metal infernal penetrou diretamente a confusão e derrubou odemônio com o som parecido com o de um palanque destruído.

    Hida Shonojo, daimyo do Caranguejo, veio aos gritos, e golpeava um tetsubo de ferro ensanguen-tado cravado com pontas de jade e cristal. A arma brilhante estourava contra seu corpo como um tsu-nami. Ainda assim ele resistia mesmo após sua katana ter se partido sob seus primeiros golpes. Suasgarras negras sibilavam para rasgar a armadura ancestral de seu corpo, e ele pesava o tetsubo entreeles, prendendo a criatura contra a parede de pedra.

    Só então, seus yojimbos chegaram, afundando as lâminas de suas yaris em suas costelas. Um Kuniem roupas negras bradou palavras de poder, clamando pela Terra num raio de luz do sol esverdeadaque rasgou sua carne. Quando o akutenshi caiu de joelhos, Shonojo se ergueu como o pico de umamontanha, sacando a lâmina em brasas de Chikara, e a desceu em seus braços incansáveis. Uma. Duas.Mais duas vezes, forçando a noite ao silêncio mais uma vez.

    Ficamos no eco daqueles terríveis golpes, olhando para o fantasma sedoso que entortou o tetsubocom sua carne e ossos, e nenhum de nós falava.“Estas são criaturas terríveis,” Bayushi Sashiko admitiu enquanto o shugenja Kuni cuidava de suas

    feridas. O cheiro do sangue dela estava no ar, e ele lavava o azedume remanescente de sakê.“São,” admitiu Toshimichi. “E diria que o Caranguejo tem seus guerreiros também.” “E o torneio?” Masakatada perguntou, recuperado do choque que faz um homem não sentir dor. “E

    nossos bushis?”  Nisto Hida Shonojo só nos de uma palavra. “Que?” Rapidamente, os outros daimyos contaram a ele. Ele mexeu sua cabeça.“Vocês deveriam saber. Este não é lugar para jogos.” A daimyo do Escorpião ardeu como o sol. “Não sou ingrata, Hida,” disse a Bayushi generosamen-

    te, “mas neste teste, você salvou minha vida, não seu homem arrogante. Deixe-nos ver onde aquele

    tolo está agora.” E caminhamos no frio da madrugada que fazia de nosso hálito vento cristalino.  No muro norte, os bushis Bayushi estavam mortos, rasgados e cobertos de sangue preto. Os servos

    Hida os decapitaram, juntaram suas armaduras, e sinalizavam os códigos para baixo da muralha queum ataque estava terminado. Os etas os colocaram nas fogueiras sinalizadoras, e os cadáveres logoforam envoltos em chamas.

     No muro leste, os bushis Mirumoto estavam mortos, pescoços rasgados por trás em golpes fundos osuficiente para quebrar a espinha. Eles, também, receberam os ritos finais do Caranguejo e suas carnesdemoraram um longo tempo para queimar.

     No muro oeste, as espadas dos Kakita estavam salpicadas de gelo e suas faces, secas com idade nãonatural. Vermes se enterravam em suas veias e isto foi tudo o que pude ver deles antes de partirem.

     No muro sul jazia um último cadáver armadurado, seu corpo repleto de moscas. Elas tiravam peda-ços de sua pele com estranhas mandíbulas serrilhadas, um grupo se aventurava pelos seus olhos. Seus

    ouvidos e lábios já haviam sido arrancados, deixando-o sorrindo na luz da manhã.Kitsuki Masakatada apertou ainda mais o cobertor em seu kimono, e mexeu sua cabeça se curvan-

    do. “Acredito que eu entenda a lição, Caranguejo.” 

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    “Assim como eu,” o Kakita disse calmamente. “Somos todos iguais diante das Terras Sombrias.” “Não aceito,” Bayushi Sashiko disparou. “Não houve vencedor em meu torneio. Nunca direi que

    este homem é igual a meus yojimbos, pois ele não lutou mais ou melhor. Na verdade, não vejo sinal deque tenha lutado afinal.” 

    O daimyo Hida a atravessou com um olhar.“Escorpião,” ele disse gravemente, “o trabalho deste homem é gritar.” 

    Das Cartas Coletadas de Kakita Nanmaru“Cartas da Muralha” Décimo dia, mês do Touro, Quinto Ano de Hantei XXXVI

    Onde estou, irmã?Juntei-me aos loucos de pedra.Se há uma lição aqui, é a que se pode se acostumar a tudo. Há quatro meses, soube que minha vida

    na corte estava terminada. Ofenda um Shosuro, e você ainda pode viver. Ofenda três, e eles não serãogentis em lhe darem um duelo.

    Eles têm um apelido para nós aqui. Pôneis. Vem da antiga prática Yasuki de enviar pôneis mancos

    como presentes para os Hida ao invés de mata-los, para serem domados e usados como iscas quandoogros procuram carne fresca.Só os Yasuki, minha irmã. E só o Caranguejo.Comecei meu primeiro dia correndo em armadura completa, que já coloquei atrasado, embora os

    servos tenham feito o melhor que puderam. Esperava pelas provocações e minha designação com osservos, e esperava que desmaiasse e vomitasse pelo cansaço. Não esperava o vento infernal no topo daMuralha Kaiu, que fazia os maiores Caranguejos baixarem suas posturas enquanto corriam e me con-venciam de que eu estava prestes a morrer quando levamos nossas pernas exaustas pelos degraus en-charcados o mais rápido que podíamos. Não esperava a gritaria pífia dos goblins capturados, libertadosnas Terras Sombrias para serem mortos pelas costas no treino de kyujutsu.

    E a suspeita! Um bushi esbarrou em mim, se desculpando. De início achei que ele fosse desastrado,mas vi que ele tinha uma ponta de flecha de jade na palma e tocou minha pele com ela, esperando que

    eu me queimasse com o toque! Rotina, eles dizem!Hoje, nos quartéis, eles contaram aos hoheis um conto. Um shugenja Kuni vai para as Terras Som- brias em busca de seu primo Hida perdido, e o encontra vivendo numa caverna, com cabelos e olhosselvagens, cercado por caveiras de goblins e armado apenas com uma tanto. O Kuni o examina e in-crivelmente, o homem está livre da Mácula.

    “Como você viveu, meu primo?” Pergunta o Kuni. “Você não tinha comida ou água.” “Foi terrível,” sussurra o Hida. “Mas me lembrei que você disse que a Terra nas criaturas vivas r e-

    sistem à Mácula mais do que comida. Então vasculhei as rochas até encontrar um pequeno escorpiãogordo. Arranquei suas pernas e suguei as entranhas, e isto serviu como água.” 

    “Você aprendeu minhas lições muito bem.” O Kuni sorri. “Os outros homens vão querer saber.Como é o gosto de escorpião?” 

    “Não tão diferente de fênix.” 

    Todos os Caranguejos jovens na sala riem.Os Caranguejos mais velhos não.

    Décimo primeiro dia, mês do Touro, Quinto Ano de Hantei XXXVI“Recebi ordens de levar armas,” uma heimin me falou hoje. “Elas são suas se você quiser, mas os

     bakemonos veem atrás de nós às vezes, porque somos fáceis.” O cabelo dela varreu o chão enquantoela me mostrava sua sai sem olhar para minha face. A amiga dela tinha uma kama.

    “Vocês acham que podem se defender?” Perguntei. “Oh, não, não, Kakita-sama, os samurais nos defendem. Não podemos ser samurais. Mas os bake-

    monos, os ogros… Se eles tiverem comida, eles podem ficar mais tempo. Então…” Ela se encolheu. “Mas eles só lhes dão armas pequenas para inimigos pequenos, então está tudo bem?” Eu estava

    sendo sarcástico.A amiga olhou para ela, e elas me mostraram onde mantinha as nuntes. “Por favor, Kakita -sama,

    deixe-nos chegar a eles antes que cheguem até nós.” 

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     Não consegui acreditar. Não há lei aqui. O Caranguejo arrancaria as estrelas do céu se achassemque queimariam o Deus Caído com elas.

    “Vocês não pensam em mais nada?” “Nunca.” Ela olhou nos meus olhos. A mulher heimin já foi morta.E ainda assim, ela falava a verdade.

    Décimo segundo dia, mês do Touro, Quinto Ano de Hantei XXXVIEstou no segundo turno. Eles têm três aqui: da Lebre ao Cavalo, do Bode ao Cão e do Javali ao Ti-

    gre. Eu guardo os operários.Os túneis requerem vigilância constante. Quando goblins se infiltram, as armadilhas devem ser re-

     postas ou da próxima vez eles não serão freados. Se muitas criaturas descobrissem um túnel, está tudoselado. Se o Caranguejo precisar de outro, eles abrem um antigo e esperam que as criaturas tenhamesquecido. Ou eles abrem um antigo e colocam o dobro de armadilhas.

    Esta prática é mais prática do que imaginária. Muitas armadilhas são variações de poços com espi-nhos e câmaras trancadas com buracos assassinos. Vidro ou cristal é por vezes fundido à argamassa para desencorajar as criaturas a escalar. Veneno tem pouco ou nenhum efeito nas criaturas das TerrasSombrias.

    Eles me disseram isto sem vergonha.Treinamos para quando elas invadem. “Saiba onde a pedra está,” meu senpai ordenou. O nome dele

    é Seiki. “Pedra não é para onis, mas lhe dá tempo. Nunca confie em madeira.” “Não há espaço para lutar,” eu disse. Ele pôs o punho na minha face, e o abriu, tocou suas unhas nos meus cílios.“Há espaço suficiente para lutar.” Terminei o treino do lado errado de um portão fechado.

    Décimo quarto dia, mês do Touro, Quinto Ano de Hantei XXXVI“Tome cuidado,” disse a Seiki, “A coisa mais macia não pode quebrada. Aprendi a usar sua força

    contra você.” 

    Hida Seiki sorriu. “O que te faz pensar que vou dá-la a você?” Sangrei no chão e nem soube como.“Coisas macias,” ele riu. “Lute como água. Lute como vento. Você não é um elemento. Você é um

    homem, com juntas e dobras e peso.” Ele me mostrou. O que eles usam não é um caminho. É uma escola, kobo ichi-kai. Jujitsu, mas não

    como o nosso. Seiki falou de alcance, linhas de centro, circunferências de círculos, enfrentar o pontode contato, distribuição de peso em termo de embate, tempo em batidas do coração.

    “Imagine que somos ogros,” ofereceu Seiki. Eles me cercaram, até aprender como lutar numa multidão.Coloquei meus olhos em um, e eles me atacaram por trás.Tentei atirar um, eles caíram sobre mim até que estivesse no chão em seu meio.Girei como um Dragão enrolado, e eles atacaram minhas costas quando me virei.Olhei para o chão, e pude ver todos os seus pés. Assim que um se moveu, saltei sobre ele para ma-

    ta-lo. Embora estivesse de armadura, ainda consegui atirá-lo nos outros. O resto me golpeou por trás eme derrubaram no chão.

    Olhei para o chão, e assim que um se moveu, corri dele, forçando-o a me perseguir, golpeando-o aocontrário do que esperava. Corri por eles, e então corri de volta, derrubando-os, sem olhar em seusolhos.

     Não renascerei como um camponês.Eu já sou um.

    Décimo sétimo dia, mês do Touro, Quinto ano de Hantei XXXVIHoje venta. Tiramos a armadura, e após uma hora de torcer e quebrar, eles me fazem ficar de pé.

    Eles esperaram até eu tentar respirar e me acertaram de novo. Com punhos.“Começamos ao raiar do dia,” Seiki anunciou. “Inspire, espire, mas continue tenso. O músculo es-

     palha o choque pelo corpo, o corpo para as pernas, as pernas para a terra.” 

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    “Não seria melhor sair do caminho?” “Claro que é,” ele disse. “Este é um treinamento para quando você falhar.” “Eu não vou falhar.” Que ele coma o lema de sua própria família. “Então você nunca foi ordenado a fazer o impossível mais de uma vez.” Ele me acertou com uma boken, e eu me dobrei. Meu abdômen era água e meus membros pesados

    como ouro. Eles riram de mim, mas me levantei de novo.“Não sou cortesão,” disse a Seiki depois no salão. “Use a boken de agora em diante. Acerte-me

    com golpes fortes.” “Isto não foi forte,” ele disse, balançando seu tetsubo. “Isto é.” 

    Décimo nono dia, mês do Touro, Quinto Ano de Hantei XXXVIMatei na noite passada.Eles me deram um arco.Acordei de armadura quando ele veio gritando pelos nossos leitos. Goblins haviam invadido para

    nos matar à noite. Eles disseram para segui-lo enquanto os outros partiram para as catacumbas.O piso explodiu, e meu senpai caiu morto. As coisinhas irritantes pisotearam os mortos, batendo

    lâminas. Direcionamos nossos golpes a eles pela fumaça e fogo. Siga o gritador, eles disseram, en-quanto corpos se partiam. Siga o gritador. Segurei um deles, como uma tigela quebrada, e toda a sopa

    escorria pela minha armadura. Ele estava me abraçando. Seu nome era Nanashige.Algo com nove cabeças se ergueu abaixo de nós e partiu para cima de uma samurai-ko. Ela não

    respirava, ela era argila misturada a tinta vermelha. Os braços saíram, e a tinta só ficava lá. Continueiatirando, e tropeçava como um bushi bêbado, como se as flechas se tornassem estúpidas, e homensmorriam me dizendo para seguir o gritador.

    Eu o segui. Nos corredores. As velas se apagaram com sua passagem e corri no escuro. O ouvi gri-tar que estavam vindo de baixo, pegar a jade de baixo. Então ele correu e gritou para topo da muralhaenquanto todos morriam no poço de pedra. Corri pela muralha no vento atrás dele e nossos Carangue- jos investiam pelos degraus a que eu iria assim que chegasse à terceira torre, mas ele continuou cor-rendo. Olhei de volta e algo com asas estava atrás de mim e eles estavam levando a jade para baixo eme lembrei que tinha nove cabeças, não dez, porque ela tinha cortado, ela a cortou antes de morrer eestavam levando a jade para baixo e a coisa com asas estava me perseguindo e não fazia som e parei eatirei nela e ela repeliu a flecha e as sombras estavam sobre toda a lua, sombras com asas e garras co-mo pregos que podiam escalar pedra e todas as flechas quicavam.

    Atirei no gritador.Meu novo senpai diz que fiz a coisa certa.

     Não quis saber o nome dele. Ele me disse mesmo assim. É Muneru.“Seu olhos não são firmes,” ele disse esta manhã.“Como pode suportar isto?” Perguntei. “Cacei por três anos pelo homem que matou meu primo.

    Um homem. E na noite passada a distração matou cinquenta. Ainda assim, eu…” Eu não conseguia dizer.Só olhei para meu chá.

    Reunimos-nos para o desjejum para isto. Os Hida são tão polidos conosco. Comigo. Eles se viramquando caminhamos para a fila. Eles sabem. Todos nós sabemos que eles sabem. Não há segredosaqui. Segredos são para Escorpiões e onis. Não para nós. Mas eles são polidos mesmo assim.

    Deixo as pétalas para Iso, que não consegue aguentar. Iso não tem boca, mas ele cutuca um buracoonde ela costumava estar, e senpai o ajuda a engolir.

    “Perdi dois primos,” Muneru disse, “um avô, um tio e dois de meus amigos. Comando homens queviverão o resto de suas vidas bebendo chá como o seu. Nos quartéis à noite, ouço-os gritando no escu-ro porque agora eles nunca se casarão. Mas eles devem parecer fortes pelos que precisam deles.” Oolhar dele passou pelo futon gasto, e sei que ele viu as manchas dos meus olhos.

    “Eles vêm a mim.” Muneru ergueu o braço. “E pergunto a eles: ‘Você já lutou com facas?’” Mexo a cabeça. Ou tinha minhas espadas ou estava na casa de alguém que as tinha por mim. “Não

    é como kenjutsu,” ele disse suavemente. “É bagunçado. As duas mãos são ameaças; pés também. A

    faca o mata, mas a mão livre o atinge e o atrai à lâmina. As pernas chutam as suas para pará-lo.” 

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    Observei quando ele tirou seu kote. “Quando tudo acontece rapidamente,” ele disse, “você será cor-tado e ganhará cicatrizes. Mas você pode usá-las aqui com músculo e osso,” ele  passou um dedo pelolado de fora do pulso, “ou pode tê-las aqui.” 

    Muneru segurou seu polegar sobre os tendões e artérias do lado de dentro do meu braço. Conhecium homem que foi cortado ali uma vez. Ele não pode mais fechar sua mão.

    “Um Caranguejo usa suas cicatrizes no lado de fora.” Eles devem parecer fortes pelos que precisam deles.

    Entendi mais do que ele imaginava.

    Sobre as Terras Sombrias, Mácula e Vida Além, dasTeses de Isawa Ichiro e Kitsu Bantaro

     Embora eu esteja certo de que você está familiarizado com a doutrina Shintao sobre acorrupção de almas, raramente vi alguém

     fazer uso direto dele como o Inquisidor Isawa Ichiro e seu assistente Kitsu Bantaro. Estouincluindo o texto de sua tese aos bushis Macu-

    lados atualmente buscando ajuda no Monasté-rio do Broto Caído. Não creio que tenhas estado no Broto Caí-

    do. Eles são uma ordem monástica, nas Mon-tanhas Yugure ocidentais, buscando um meiode lidar com a Mácula além de tratamento por

     jade e magia. Muitos monges são Fênix e Dra- gões, esperando equilibrar o fluxo de chi do Maculado pela acupuntura e medicina, inges-tão de minerais e sabedoria fitoterápica. Estesmétodos são impressionantes na intenção, masquestionáveis em efeito.

    Caranguejos da Muralha com problemasde disciplina costumam ser enviados à Ordem

     para um interlúdio tranquilo, enquanto bushisaposentados costumam ficar para manter a

     paz entre os monges infestados de podridão.Uma posição inglória certamente, mas é uma

     fortaleza de honra à beira da Desolação.- Seikansha

    “Sou um maldito?” você pergunta, quandovê o mon dos cinco elementos e a insígnia dalótus dos Inquisidores sobre minha manga. Emtodo lugar, encontrei homens como você, bus-cando minha resposta para suas perguntas as-sombradas. Quando a Mácula do Ente Sombriotoca sua carne, seppuku é a única opção, ou isto é meramente outra adversidade a ser enfrentada emnome de seu senhor?

    É bom que tenha perguntado isso, pois não tenho resposta simples.Shinsei nos ensina que tudo nasce, morre e vive de novo. Mas a Mácula come corpo e alma. O que

    eles se tornam neste ciclo kármico?Para entender isto, você deve entender que a queda de um kami criou um sexto elemento, fora de

    equilíbrio com os outros cinco. Este é o elemento da Mácula, de corrupção em todas as suas formas.Sua dor e ímpetos tenebrosos vêm da Corrupção criando desequilíbrio dos outros cinco elementos em

    seu corpo, mente e espírito. Quando isto chega a um ponto crítico, você cederá para um deles. Se for ocorpo, você morrerá por doença. Se for a mente, você enlouquecerá. Só se for o espírito o status de suaalma na Ordem Celestial mudará.

    Shinsei Sobre aPrimeira Guerra

    Homens pacientes e homens preguiçosos fazemarmas terríveis.

    Há esperança? Corrupção corrompe.

    O leão gosta do sabor do lobo até encontrar amatilha.

    Um amigo só o engana uma vez.

    Você vê um homem assassinar uma criança. Acriança é você. Saiba o que fazer a seguir.

    Um homem corajoso não precisa de armas; um

    homem sensível quer todas elas; um homemambicioso tem planos para o sensível.

    Seja gentil com o fraco, o velho e o ignorante.Durante sua vida, você será todos eles.

    Espelhos matam aos poucos.

    Há três homens fortes que procuram por armas;o guarda-costas, o soldado e o pai.

    O escorpião faminto rasteja pelo campo de bata-lha. O escorpião saciado dorme em sua bota.

    Qual deles você teme?

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    Se todos os fracos no corpo fossem derrubados, o Império perderia muitos de seus maiores pensa-dores. Os dentre vocês com corrupção em sua carne ainda podem servir a seu senhor e clã com pala-vras e pensamentos e ações. Os fracos em mente ainda podem ter momentos de lucidez, e seus corpos podem permanecer fortes o bastante para suportar as linhas de frente. São os fracos de espíritos quedevemos vigiar e eliminar.

    Sem dúvida alguns dos seus sentiram o Sombrio lhes testando, sentiram a tentação de se aproveitarde sua força. Não.

    Pois assim como os que dizem que sua magia com sangue pode negar sua ligação ao Imperador dasMentiras mas o fortalecem com suas preces, assim também fazem os que se alegram com o que ele dá.Se o chamado se torna forte demais para resistir, na primeira oportunidade caia sobre sua espada emantenha seu nome honrado, pois caso contrário você arrisca seu lugar na Ordem.

    Se a Mácula o perseguirá em sua próxima vida, poucos podem dizer. Nenhum Kitsu já se aventurouno Jigoku ao sul da Muralha Kaiu e viveu. Porém, minha experiência demonstrou que a Mácula atingeos espíritos do homem bem como a carne, pois shiryos podem ser feridos se acompanharem seus des-cendentes a áreas corruptas. Embora estejam dentro da proteção de qualquer jade que seu descendentecarregue, meu próprio irmão assombrado certa vez encontrou o espírito de meu avô em dores poucoantes de ele próprio estar assim que a jade acabou. A pele fantasmagórica retorcida, e um sangue ne-gro translúcido escorrido pelas costelas, e ainda assim, ele se recusou a deixar o lado de meu irmão.

    Só posso concluir que o Ente Caído pode macular todas as coisas no reino material, e sem dúvidascorrompe a matéria primária do próprio Jigoku. Se ouvir deste poder o assombra, só posso dizer queisto é bom, pois se você subestima o que aconteceu, você se abre para a tortura. Seja sempre vigilante, pois ele está sempre esperando. Esperando para você perder a paciência, entrar em pânico por ser fracoou feio ou doente, e pedir-lhe por ajuda.

    A única nota de esperança que posso oferecer é que meu aprendiz Kitsu-san se juntou a minha es-cola após muitos anos de busca no outro mundo por almas perdidas para a Mácula. E embora elas pos-sam portar cicatrizes sombrias, ele as viu lá, cumprindo seus deveres.

    Embora o Deus Negro possa enfiar um kansen em sua caveira e retorcer seu corpo num zumbi, elenão pode perturbar o ciclo kármico. Ele não pode tirar sua alma viva sem seu consentimento.

     Embora Isawa-sama viaje entre bushis que descobrem a corrupção de espírito, falei com Kitsu-

     sama. Ver as lágrimas de outro homem quando ele ouve pela segunda vez que sua vida acabou é umavisão que não se tem todo dia; esperava que o concedessem um mínimo de privacidade enquanto es-colhiam seu kaisakunin entre os outros condenados. Os que foram inocentados pelo Inquisidor se

     juntaram a nós, perguntando a Kitsu-sama as perguntas que ansiavam em ser respondidas. O queShinsei pensava dos Maculados? O mais sábio homem tinha uma cura para que viraram presas dacorrupção? Por que ele não conseguiu achar um meio de matar o Deus Negro, apenas prendê-lo? Eu

     parafraseio suas respostas abaixo.- Seikansha

     Nos primeiros dias da Primeira Guerra, poucos tinham a força de vontade para resistir contra o po-der irrestrito do nono kami. Os que eram Maculados morriam rapidamente, ou entregavam suas vidasa serviço da escuridão. Por Shinsei nunca ter encontrado um sobrevivente da Mácula, toda escola de

    shugenjas e ordem monástica de Rokugan ensina diferentemente a respeito dela. Confio em Isawa-sanquando ele diz o que é e o que não é perigoso, pois os Inquisidores da Fênix não tendem ao lado daleniência.

    Embora o Tao de Shinsei contenha muitas das perguntas de Hantei sobre os exércitos de seu irmãoe se Shinsei via qualquer solução pacífica, não há respostas diretas. A mais famosa pergunta e suaresposta  —  Hantei pergunta por que os kamis não podem ir e Shinsei diz que a Fortuna favorece ohomem mortal —  os estudiosos interpretam como um “não”. 

    As crenças de Shinsei neste quesito têm sido extensamente debatidas, e muitos estudiosos têm se perguntado por que Shinsei escolheu selar o Deus Negro ao invés de mata-lo. Em toda família e gera-ção, uma resposta diferente surge.

    Minha própria escola diz simplesmente que matar o Sombrio o enviaria de volta ao Jigoku. Ensi-namos nossos alunos de treze anos a caminhar por partes do Jigoku; por que então nosso maior inimi-

    go não faria o mesmo?A escola Agasha focou suas atenções na primeira resposta de Shinsei quando Hantei perguntou so-

     bre as táticas de seu irmão. “Um homem vê os fios do kimono, perguntando a eles porque são tão

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    grossos. Um tecelão pergunta a outro sobre o padrão”. A escola Asahina por sua vez cita as palavrasde Shinsei a Shiba: “Deve-se curvar-se para oferecer ajuda a um homem caído,” e pergunta a seusalunos se talvez o maior professor tenha usado os Doze Pergaminhos para ensinar uma lição ao nãoensinável.

    Os Isawa olham para os escritos de seu ancestral, sabendo que Shinsei usou o conhecimento deIsawa para criar os pergaminhos, e sugeriram que eles fossem um risco calculado. Matar o Decaído eenviá-lo ao Jigoku levaria à corrupção lá, destruindo as energias do mundo de maneiras que ainda não

     pensamos. Nas fronteiras entre mundos, sua mácula tocaria a Ordem Celestial, nossos ancestrais, oGrande Ciclo ou até mesmo o Vazio até permear tudo que foi ou será.

    A família Iuchi dedicou pouco tempo ao assunto. Para eles, mesmo Shinsei era apenas um homem,e sua sabedoria, uma improvisação que fazia melhor uso do que estava disponível no momento.

    Os Kuni grifam que Akodo morreu lutando com os servos do Ente Sombrio, e ninguém sabe o des-tino de Hida… Ou Shinjo… Ou Shiba… Ou Bayushi. Como Kuni conhecido meu certa vez disse:“Shinsei sabia que dividir Fu Leng em doze pedaços e prendê-los em manuscritos de tortura eterna erao único meio de distraí-lo, e ainda assim, ele conserva o poder de Macular as Terras Sombrias inteiras,de criar onis e conceder poderes como os de Iuchiban a seu servos. Agora você faz ideia de com o queeu luto?” 

    De escolas do Escorpião, sei pouco. Quando perguntei a um sensei Soshi porque ele achava queShinsei havia criado doze pergaminhos, ele sorriu sem humor e me perguntou: “O homem mais sá bioda terra recorre a Ikoma a respeito do destino de Rokugan. Matsu arrogantemente derruba Ikoma etoma o seu lugar, e você debate comigo por que os resultados não foram perfeitos?”. O único Yogoque conheci simplesmente foi embora, dizendo que responder a pergunta era perigoso demais para sediscutir.

    O próprio Hantei perguntou a Shinsei se seu irmão era irredimível, e Shinsei respondeu: “Um mes-tre ensina. Um estudante aprende. Se houvesse tempo suficiente em todo o mundo, não haveria deci-são.” 

     Não posso dar-lhe frase mais astuta que esta.

    Sobre as Superstições das Meio-Pessoas de Rokugan,

    por Yasuki MasahineYasuki Masahine foi, em todos os relatos, uma ajudante a todos, uma amante para alguns, e inimi- ga de ninguém. “A Caranguejinha amigável” —  uma alcunha curiosa para uma mulher que idolatra-va sua mãe Kuni —  tem um legado na corte como confidente que evitou uma guerra potencial entreCaranguejo e Garça.

     Embora não seja uma shugenja, em seus anos finais ela dedicou seu tempo a registrar superstiçõescamponesas para a escola Kuni, convencida de que algumas delas tinham bases reais. “Um lordenunca se preocupa na frente de seus samurais,” ela disse certa vez, “mas a garçonete sabe quem estácomendo.” 

     Infelizmente, seus testes a levaram à morte por um oni no território do Leão, mas algumas de suasnotas sobrevivem em forma de rascunho. Os ronins ainda falam dela como membro de sua otokodate —  bravos heróis que se impõem contra a injustiça.

    - Seikansha

    Pensei que camponeses da Fênix fossem mais bem educados que a maioria, mas não é o caso noVilarejo Lar Sagrado. Eles não conhecem vidro ou cristal e não podem adquirir jade, logo eles com- pensam com cobre. O chamado “teste de cobre” perfura uma parte do corpo com um fio que deveriaescurecer se Maculada. A prática é comum entre mulheres que perfuram seus umbigos para garantirque seus filhos nascerão sem influências sombrias.

    Os trabalhadores da plantação de chá do Caranguejo portam mais cicatrizes de queimaduras. Dizemque quando uma criança nasce com marcas, é sinal de potencial para o mal. A marca é queimada eesfregada com cinzas quando não conseguem sal marinho.

    Uma geisha Maculada nas terras da Garça tomava pequenas quantidades de pó kirei-ko  para osolhos em seu sakê, mantendo sua pele pálida e prevenindo que tumores crescessem.

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    Uma grande quantidade de “histórias de casas de chá” revela dúzias de meios de detectar se um cli-ente é um oni metamorfoseado ou maho-tsukai.

    Se um samurai tem dentes particularmente brancos e olha demais no espelho, ele pode ser um onichecando se sua forma humana está vestida corretamente. Se seus dedos dos pés são peludos, ele podeser um ogro. Se ele aceitar a primeira garota que oka-san oferecer, repare se ele não olha só para ocoração ou olhos, pois onis comem estas partes primeiro.

    Se tentar tocar cedo demais, ele pode estar tentando espalhar a Mácula. Água salgada queima oniscom sua pureza, então prepare seu banho com sal.

    Muitos onis respiram ruidosamente por seus narizes.Se ele a levar para um passeio, ela deve virar à esquerda e distraí-lo até que façam um grande círcu-

    lo. Assim que retornar ao seu ponto inicial, sua verdadeira natureza se manifestará.Recuse se ele insistir que você deve ir ao seu castelo, pois ele a levará para ser devorada.Embora estas histórias sejam mais comuns em terras do Caranguejo, encontrei tantas quanto perto

    de Yogo Shiro e entre os etas de Ryoko Owari. O que foi exasperante, pois descobri poucos relatos deatividades das Terras Sombrias lá. Em terras próximas como as dos Matsu e Iuchi, as geishas são tãoincultas quanto, mas ausentam estas proibições.

    Curiosamente, as tradições não mencionam onis tomando formas de samurai-kos, só samurais, pre-dominantemente dos clãs Caranguejo e Escorpião.

    Uma história bem perturbadora a respeito de um oni surgido perto da Cascata Anéis de Ferro. Di-zem que homens infiéis o atingiram com pura jade e nada ocorreu. Um shugenja Fênix consultou oOráculo —  em alguns contos o Oráculo da Água, em outros o Oráculo do Ar  —  e ele disse que só umsamurai que matou antes de poder andar mataria o oni. Ele foi finalmente banido por um bushi recém-aprovado em seu gempukku cuja mãe morrera dando-lhe a luz.

    Um cremador em Toshi no Inazuma me disse que uma vez, em um vilarejo queimado, os cremado-res encontraram o corpo de uma mulher que morreu no parto. Ainda assim, a criança vivia dentro docaixão, nutrida pelo seu fantasma. Um dos samurais adotou a criança e a chamou de Yorei-ke, “cabelofantasma”, por seu cabelo translúcido. 

    Anos depois, um oni apareceu, e exigiu a carne de todas as crianças do vilarejo, uma de cada vez.Os samurais não foram páreo para ele, exceto Yorei-ke, que substituiu outra criança. Quando o oni omordeu, ele gritou em dor. Ele untou sua espada em seu próprio sangue e matou a coisa facilmente.

    Suspeito que isto seja mais uma versão evoluída da antiga lenda originada da ideia de que fantas-mas podem ser feridos por armas com sangue humano nelas.

    Entre os camponeses do Dragão e da Fênix, sextos filhos são considerados azar, pois o Ente Caídoera o sexto filho dos Céus. Pais de seis filhos darão o sexto para outra família criar na esperança de poupá-los do destino do Ente Sombrio.

    O palácio de Otosan Uchi tem vários suplicantes Maculados buscando audiência com o Imperadorna esperança de que seu perdão os cure. Os guardas os mandam embora, mas alguns pedem esmolas

    nos quatro Vilarejos Centrais.

    Os mercadores de Mura Sabishii dizem que toda primavera, um enorme ogro chamado namahage desce das montanhas, vestido num hakama de grama, carregando uma boken. Embora completamenteresistente a flechas, lanças e preces às Fortunas, ele é incrivelmente tolo, e aterrorizado de onis, logoeles fazem um festival anual para repelir o ogro usando máscaras de onis e batendo em tambores.

    Os fazendeiros do Vilarejo do Viajante Amigável falam de onigo, crianças-demônio nascidas comdentes na boca. Sua mãe é normalmente exilada em vergonha e espera-se que andem mar a dentrocarregando o demônio até que ambos se afoguem.

    Os etas deste mesmo vilarejo chamam seus jovens por nomes desagradáveis (como “esterco” ou“carne animal”) ou por nomes de meninas, para que onis que os ouçam do mundo espiritual vejam

    seus filhos como inúteis e não os ataque.

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    Sei que seus deveres no Conselho dos Cinco reduziram suas oportunidades de explorar os reinosnegros pessoalmente, e sua importância para com o império deve manter estas jornadas que você fazlonge do interior. Os documentos a seguir podem ajuda-lo em sua busca pelo lorde oni Akuma, ou aomenos dar ideias de locais específicos para evitar e examinar.

    - Seikansha

    Para Bayushi Shoju, Daimyo do Clã Escorpião, de SoshiNeota, Magistrado e Visitante nas Terras do Caranguejo Pelas Terras Sombrias periféricas, as minas de jade do Caranguejo pareciam de suficiente impor-

    tância para garantir inclusão. Um conhecido encontrou este documento no cadáver de um mensageiro Escorpião (o resultado usual quando alguém é repentinamente revelado como espião no meio de umacasa de chá cheia de Caranguejos). Seu código foi fácil de decifrar.

    - Seikansha

    Saudações, Bayushi-sama, e votos de que tudo esteja bem com sua família e lar. Certamente prefe-riria o ar perfumado de Kyuden Bayushi comomeus arredores. Os Yasuki tentam cobrir a

    coação de um Caranguejo com penas de umaGarça, e só provam que são burros e tolos.Ainda assim, quando tanto de sua terra porta amaldição do Ente Sombrio, a mão do tolo commoedas é de fato forte.

    Mas embora eu esteja certo de que meu se-nhor não interesse em questões mercantis co-muns, ficaria honrado em lembra-lo do grande papel dos Yasuki em manter a guerra do Ca-ranguejo contra as Terras Sombrias. É verdadeque poucos pegam a katana e tetsubo para se juntarem aos Hida na Muralha, mas algo deles

     permeia todo bushi que jogou sua vida fora noRio Onda Retumbante.

    Jade.Embora o Louva-a-deus não colete peque-

    nas quantias da pedra, e nossas próprias ativi-dades mercantes estejam em dia, os cartéisYasuki não mostram sinais de desacelerar a produção. As montanhas Muralha Sobre oOceano, aonde vim a me encontrar, são reple-tas da base ao pico de tendas e carrinhos demineiros. Embora meu pobre cavalo mal possame carregar com eles, e as montanhas sejam grandes o bastante para nem mesmo os espíritos da terra poderem responder quantos são, detectei cerca de uma dúzia só nas colinas ocidentais.

    Eles ficam localizados muito atrás da estrada, em faixas de terra que os camponeses não podemdeixar, pois os Hida não desejam que ninguém saiba as localizações das minas. De fato, eles guardamseus segredos bem, pois os Yasuki não veem lucro deste comércio. Ao invés disso, eles vendem a jademinerada, Yasuki Taka (sim, aquele mascate imundo é realmente o daimyo da família c omo ele diz…Se ao menos ele pudesse ter aulas de um Shosuro venerável, ele poderia aprender que disfarces só sãoúteis quando podem ser abandonados) ordenou envios quatro vezes ao ano diretamente para o CasteloHida, tendo como recompensa proteção e favores.

    Para confundir ainda mais potenciais bandidos, o sistema é decentralizado; cada mina familiar Ya-suki é ordenada um tempo de envio, determinado por uma complexa fórmula Kaiu envolvendo a rota-ção das trelas e o número de vezes que choveu numa estação. Um ataque bem pontuado pararia o en-

    vio de uma mina, mas nunca do fluxo inteiro.Qualquer ladrão teria uma grande surpresa, pois fiquei chocado em descobrir que os “mercadores”que dirigem as carroças de pedra são samurais Yasuki treinados pelos Hida, empurrando carros como

    Usando as

    Terras MaculadasAs Terras Sombrias são uma vasta selva on-

    de o sol não brilha, fogo não queima e ferimen-tos não curam. As árvores estão mortas, a terra é

    lama e a água é veneno. Mas mesmo isso nãoimpressionará jogadores calejados a menos que

    as descrições continuem frescas.Este capítulo detalha locais específicos den-

    tro ou perto das Terras Sombrias para ambientarcenas, de investigações iniciais a desfechos

    dramáticos. Há também milhares de locais das

    Terras Sombrias que não temos espaço paradescrever, então fique à vontade. A única regra

    é que as terras de Fu Leng destruirão tudo o queRokugan preza. Ele terá oratórios fazendo ofe-

    rendas de sangue, vilarejos onde homens sãocosturados como bonsais para retorcer seu cres-cimento, até mesmo camponeses zumbis de pés

    e mãos decepados por samurais ciumentos. A própria existência deste lugar é um insulto deli-

     berado ao Filho dos Céus.

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     plebeus. Só os mais confiáveis Hiruma os acompanham como guardas, com ordens de investir pararepelir um ataque e conseguir tempo para fuga da caravana. Os relatórios de progresso de cada minasão enviados por batedores disfarçados, que rasgarão as próprias gargantas ao invés de serem captura-dos.

    Mencionei a paranoia Caranguejo sobre sua jade é… Significativa, não? O daimyo das famílias do Caranguejo viaja entre as minas, mas não é certo se eles sequer têm per-

    missão de falar sobre suas descobertas. Só o próprio Hida-sama e seus mais confiáveis yojimbos visi-

    taram todas as minas no território do Caranguejo, e espero que perdoe minha impertinência se digoque considerei imprudente ver de perto a seu respeito. Ao deixar a mina Zanrui, a maior das minas

    Yasuki, a expressão em sua face era um pou-co… Infeliz. 

    Caso as minas Yasuki se esgotem, talvez is-to dê a nossos mercadores a ferramenta de barganha necessária em conflitos futuros como Caranguejo. Porém, aconselho fortementecontra apressar tais circunstâncias.

    Embora eu saiba que no passado meu co-nhecimento dos elementos se provou menosvalioso a ti que meu conhecimento da política,devo falar sobre esta questão como seu shu-genja, não menos servo teu. Pense nisto: Jade étudo o que nos protege quando enfrentamos asforças do Ente Sombrio. Se for removida, oque protegerá a própria terra?

    Meu senhor, não posso grifar este pontomais fortemente. Eu mesmo descobrir a mina perdida Dorui, uma antiga fonte familiar noDeserto Kuni. Ela se esgotou, minerada até osúltimos traços de verde a ser retirado da rocha,e então abandonada, na confiança de que mais

    chegaria com o tempo.Estive lá, meu senhor, cavei na rocha paraservi-lo. A Mácula se aprofunda mais do que o bando de heimins que pode cavar num dia.

    Dúzias destas minas vazias temperam asterras Kuni e Hiruma, a fonte original dos de- pósitos de jade do clã, e temo que quando fo-rem esvaziadas, será possível que a Máculadevore as fundações da terra, fazendo com quecaiam para o Mandíbula. Como Mestre dosSegredos, você sem dúvidas ouviu dos trolls damontanha encontrados ao norte das terras do

    Unicórnio, e a sugestão de uma rede subterrâ-nea de cavernas levando direto às Terras Som- brias. E estou certo de que notou que muitasvezes estes relatos ocorrem perto de uma minaesgotada.

    É com isto em mente que chego à minha re-comendação, Bayushi-sama. O conselho sugeriu vender jade e pedra verde para Kyuden Hida esteano, logo nossos próprios suprimentos estão um pouco defasados. Não posso aconselhar isto. A únicacoisa pior que um Caranguejo furioso é um morto. Gentilmente peço que não vendam jade falsa, e nãovendam a nossa a eles.

    Porém, criei um plano para as negociações com os Shinjo que ficaria feliz em enviar.Espero servi-lo bem, Bayushi-sama.

    Seu Humilde Servo,Soshi Neota

    Nenhum Trabalho éGrande Demais

    Desafio: As forças de Fu Leng irrompem na província natal de um dos personagens (preferi-velmente um com Grande Destino). Onis estão por todo o lugar e as forças do daimyo só têm jade para aguentar uma semana antes das criatu-

    ras destruírem tudo. Eles precisam de aliados, erápido.

    Foco: Enquanto os bushis lutam, os corte-sãos correm em busca de aliados, mas mesmo juntos, o exército combinado é esmagado numahorrenda derrota. As notícias críticas chegam:não há jade suficiente entre os Clãs para umainvasão como esta.

    Sua única esperança é um misterioso Dragão,que pode ter depósitos secretos que poderiamusar. Após uma infernal escalada, os PJs devemconvencer Yokuni em pessoa a ajuda-los.

    Saque: Em troca de sua ajuda, Yokuni pedeque entrem nas terras do Dragão para recupe-rar… Uma urna de cerâmica. Suas virtudes sãotestadas ao máximo, e se retornarem com suces-so, Togashi se recusa a ajudar mais, dizendo queo que precisam está lá dentro.

    Os heróis retornam ao campo de batalha,aonde podem abrir a urna para liberar uma nu-vem reluzente, uma memória preservada deAmaterasu da época em que Onnotangu a feriu.O céu escurece quando Ela desvia sua face. Os

    onis rugem em triunfo. Castelos caem. Odaimyo morre. Mesmo as forças do Imperadorcessam quando o desastre se desvela.

    A luz passa pelo eclipse, Lady Sol chora, eaté onde o olho alcança, começa a chover jade.

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    A Terra TerrívelDos Documentos de Hiruma Furososhi

    Um ex associado de meus estudos em terras Kuni me permitiu examinar alguns manuscritos cha-muscados com data um pouco após o retorno do Unicórnio. Este em particular me horrorizou, pois

     suas ideias eram tão lógicas, ainda que nunca discutidas. Seus documentos geralmente desaparece-

    ram de muitos campos de estudo, mas alguns senseis Hiruma ainda reconhecem esta teoria como aúnica resposta para suas próprias experiências.- Seikansha

    Esta é a quarta vez que leio os mapas, temo que não possa estar enganado.As discrepâncias que vi sempre foram culpa dos efeitos de confusão da Mácula e fome, diferenças

    de estilo ou a natureza amorfa do terreno dasTerras Sombrias. É fácil dizer que uma trilhade árvores secas se parece muito com outro, eem alguns graus é quase impossível dizerquando a névoa bloqueia todo sinal de sol ouestrelas, mas segui como Kaiu ensinou: relató-

    rios são como farinha, e devem ser peneirados.Eu o fiz e encontrei uma ocorrência comum:Uma vez que se passa da divisão do Rio Dedo Negro e o Dedo da Lua Negra, nunca houveum só detalhe da paisagem preservado de rela-to em relato.

    É inacreditável que nenhum batedor foi ca- paz de reunir as mais básicas perícias de ob-servação. Meus próprios alunos Yakoshi eMareiko, dois dos mais promissores da suageração, entraram nas terras com não mais doque seis semanas na exata mesma rota, e ainda

    assim retornaram respectivamente com ummapa de um pântano fétido e uma detalhadadescrição de uma vastidão seca. Não possomais crer em qualquer explicação exceto a tãoóbvia que ninguém deseja acreditar.

    A terra se move.É a única explicação racional. Os Kuni sa-

     bem que o solo mais intensamente Maculadose torna pantanoso, massa líquida, e a Máculamais forte vaza de seu mestre. Imagine, então,as camadas de rocha e solo que flutuam nestelíquido como pétalas de flor numa larga vasi-lha de chá. Agora beba o chá. À medida queestas terras são atraídas ao Deus Negro, elas

    orbitam, lenta mas definitivamente, ao redor de seu mestre. Isto explica porque mesmo os mais bravosguerreiros às vezes não retornam do reino sombrio. Ainda que vitoriosos, eles ainda podem ser abati-dos pela conveniência da própria terra, deixando-os vagarem até inanição ou morte. As áreas ao norte parecem terem sucumbido ao empuxo (talvez ainda estejam presas ao leito rochoso de Rokugan), masacredito que a taxa de rotação aumente quanto mais se aproxima do centro.

    Embora este movimento seja lento demais para ser detectado numa missão de reconhecimento, setorna claro que a geografia das Terras Sombrias rotacionaram: colinas, florestas e vales estão mudan-do. Acredito que os Kaiu poderiam calcular seu centro se pudessem medir a jornada até o limite maisao sul. Os estrangeiros Unicórnios não dizem se tal coisa existe, mas ouvi histórias de torres de mar-

    fim e ossos do outro lado das terras negras, onde estranhos homens rezam pelas próprias mortes.Minhas suspeitas foram confirmadas a não mais de um mês atrás, quando Geiku, um homem denão pequena reputação, retornou de uma jornada na margem do Dedo Negro. Embora já tenha estado

    Encontrar Jade Nas terras natais dos PJs, mercadores ficarão

    felizes (sob pena de morte) a doar um ou trêsdedos de jade para negócios do daimyo. Fora de

    suas terras ou a curto prazo, magistrados ou seuservos podem ter mais dificuldade. Quando osPJs passarem por uma cidade procurando por jade e necessidade dramática for opcional, roleum dado com seguintes modificadores. Em 1-5não há jade; ela terá que ser importada. Em 6-10alguma está disponível.

    Terras do Caranguejo: +3Terras da Garça: -1Terras do Dragão: Sem modificador.Terras do Leão: -3Terras da Fênix: -2

    Terras do Escorpião: Sem modificador.Terras do Unicórnio: +1Terras dos Clãs Menores: -2Terras do Louva-a-deus: +2Cidade Grande: +1Vilarejo Pequeno: -1Mercadores geralmente têm um dedo de jade

     bruto no valor de 2 a 4 kokus, e uma tigela de póde jade de 1-2. Bushis do Caranguejo preferemguardar o suprimento de jade para si, e estran-geiros podem precisar de testes de Sinceridadeou Comércio para convencer o mercador a ven-der para eles.

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    lá antes e sabia de uma planície intercortada pelas águas negras, dessa vez ele trazia de volta o contode uma floresta, árvores tão espessas que podiam conter um homem adulto nos troncos. Elas eramcinza e distorcidas, com folhas da cor do sangue seco. Precisamente o que Mareiko viu seis mesesantes… Muito mais ao sul. 

    Meu filho está perto do Lua Negra neste momento. Ele carrega consigo a melhor lâmina dos Kaiu enossos mais trabalhados mapas. Ele encontrou a saída dos labirintos negros contando com nada alémde seu próprio senso de direção. Agora só rezo para que ele não durma.

     Não peço para que o recupere, ou mude as agendas de exploração para tentar saber o insondável.Muitos mais bushis o seguirão, e eles, também vão morrer. Mas que a razão de suas mortes não seja ofato de termos medo de aceitar as respostas que descobrimos.

    Dos Diários do Hohei Hiruma KatsuhitoVocê mencionou que não esteve nas ruínas Hiruma, mas com as recentes visões de Oni no Akuma

    entre as abominações lá, achei que fosse se interessar neste relato de sua falha retomada. O diário de Katsuhito, recuperado de uma urna de arroz após a famosa batalha de Hiruma Naomike pelo casteloem 819, o tornou bastante conhecido nos dojôs do Caranguejo, onde senseis acham seus escritos bemúteis para impedir que alunos audazes invistam nas Terras Sombrias despreparados.

    - Seikansha

    O Primeiro Dia Não posso chama-lo de outro jeito, pois sem sol ou estrelas, ou feriados para honrar nossos ances-

    trais, o único tempo significante é a hora em que saímos, quanto tempo suportamos o insuportável. Jáestive aqui antes. Todos nós estivemos. Mostramos que somos barras de ferro que não podem quebrar,e eles nos escolheram para golpear o Deus Caído.

    Deixamos Kyuden Hida ao amanhecer. A segunda coluna sai amanhã de Shiro Kuni, onde Tia Shi-hime está alojada. Ouvi que posso escrever isto. Goblins não podem ler.

    Algo passa pelo meu calcanhar, enterrado na lama. Nós não olhamos para baixo. Muito melhorvem cem pés Hiruma pisarem o chão do que pensar nos milhares que estão abaixo deles.

    Estamos muito tempo sem atacar. Já é quase o crepúsculo, e ainda não vimos nada. Eles sabem de

    nossos planos? Eles fugiram para o castelo? Talvez isso simplificasse, ter todos em um lugar só. Masquantos são?

    Eu sei o que o barulho é agora. As pedras do chão são mais moles do que enxofre, como cera velha,marcando nossa rota com uma faixa preta que se estende além do alcance da visão. A Trilha de Jade Negra, como o gunso a chama, descartada por todos os que estiveram aqui antes de nós. Nossas botasestão encharcadas; elas deixam manchas em nossas solas.

    Eu preferia pensar que eram ossos.

     Não posso acreditar que só chegamos nesta manhã. Parecemos ter estado lutando por dias, mas não podemos descansar. Eles não podem passar fome.

    A segunda coluna tem nossa comida. Quando chegarem, poderemos comer nos dias quatro e cinco.Então o comboio de suprimento chegará, e comeremos para os dias seis e sete.

    O castelo é como nossas pinturas o mostram. Demolido nos cantos sul e noroeste, pequeno, porquenunca fomos uma família grande, e retangular. Quatro andares de granito. Não tão belo quanto o dosYasuki, talvez, e pequeno de fato se comparado ao dos Hida, mas acima das portas de ferro, o monainda é visível. As casas de camponeses e estábulos em torno dele apodreceram, mas encontrei ocasi-onais panelas ou pedaços de ferro, meio enterrados na lama.

    Ao longe, pensei que os muros fossem mais espessos no andar de baixo, mas quando nos aproxi-mamos, eu os vi se moverem. A carne de ogros, dificilmente distinguível do granito cinza, ombro aombro. Quatro de cada lado. Eles sabiam que estávamos indo. O grito começou e eles responderamcom urros.

    Investimos, katanas aos nossos lados, pois carne de ogro não clama por jade. Tetsubo, naginata, ya-ri, tudo cortaria pela pele dura. Não contei quanto caíram, não na hora, mas sem fogo para queimar os

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    corpos, descobriremos os nomes de cada cadáver em breve. Quando ficou muito escuro para enxergar,nos retiramos. Nunca é tão fácil.

    Tiramos o mon de ciam da porta para limpá-lo. Ele é nosso para sempre.

    O esquadrão dianteiro dormiu no vale, o resto de nós nas escadas. Não encontramos a segunda co-luna.

    A noite toda, enquanto cortamos cabeças, o gunso me contou histórias dos dias antigos. Aqui ficava

    o rio onde os servos limpavam as rochas pra que as roupas pudessem ser lavadas devidamente; aqui oregente Tadateru atirou Kaiu Shio no lago por sonhar acordado no treino de kenjutsu; aqui os falcõesde caça se amontoavam nos dias ensolarados de cavalgada.

    Ele me mostrou o oratório aos ancestrais. Não vi arco, nem marcadores.Exatamente, ele disse.Prometi matar todos eles.

    Conseguimos.Algo ainda possui o quarto do senhor. Seus pés curvaram o piso. Sacamos katanas untadas em jade

    e cortamos o que podíamos, mas ninguém quer entrar num quarto onde o tatame grita e seus tentáculosinvestem em qualquer passo. O shugenja finalmente manteve o fogo por tempo o suficiente paraqueimá-lo; a carne queimada envenenou um homem com seu fedor.

    Passamos de quarto em quarto, quebrando os braços e joelhos dos goblins que encontramos. Elesdefecaram numa pilha de katanas, então dois de nós os mantêm prisioneiros enquanto os outros lim- pam as lâminas em seus estômagos. Minha garganta está rouca, pois disse a cada um que quando vi-rem o Ente Negro, falem de seu erro foi tocar esta família.

    Seus crânios adornam nossas paredes, sua carne se empilha em nosso piso. Fortunas nos perdoem,não há sal suficiente para purifica-los, muito menos a nós, e pior ainda estão as paredes, onde sangue e pus de oni ainda goteja. Muitos pararam de recitar as bênçãos da pureza. Esmagamos dedos de jade atévirar pó, e isto é tudo que precisamos.

     Não há espaço suficiente, pelo menos. Nem paredes de papel mais. Cem salas se tornaram um sim- ples buraco. O arsenal é impenetrável. Algo derreteu as armas lá dentro, e o metal selou a porta numamassa sólida. Nenhum sinal de túnel de entrada.

    Duzentos e quarenta e dois homens restam. Os vinte e cinco mais rápidos saíram esta manhã, car-regando o mon. Eles se curvaram a todos nós. Se tudo correr bem, eles voltarão em cinco dias com jade e suprimentos. No escuro, é impossível diferenciar um verme de um grão de arroz.

    A lesma voltou de novo, uma coisa imensa que baba ácido borbulhante. Ela tentou subir as paredesvinte vezes, e em todas a afastamos com flechas. Ela ainda não morreu.

    Foi simples. Eles sabiam que tínhamos armaduras, e sabiam que tínhamos muros, mas a florestavomitou goblins como um enxame de moscas venenosas. No calor, logo ficamos exaustos, e sem fle-chas e sem fogo para o piche, só podemos aguentar enquanto os shugenjas sacudissem a terra. Hirumanão caem. Mas a poeira estava cegando.

    Um shugenja sepultou um oni com jade e arrancou lascas para nós. Colamo-las em nossas armadu-ras com piche, pois quando as bigornas vierem, eles venham em companhias. Ainda assim, quebramosmuitos tetsubos em um oni sem cabeça. Eu o atirei da murada e ele arrancou meu cabelo pela raiz. Na

     brecha sul, eles não tinham mais pó, então dois homens estufaram a boca de um cadáver com seu ha-ramaki e três outros o seguraram enquanto um quarto o espancou. Suportamos três esquadrões de onisantes da jade se acabar. Então os cadáveres eram nossa única opção.

    Tento pensar que isto é lar, mas não posso dizer onde nossa terra termina e as Terras Sombrias co-meçam. O céu não é menos cinza por ser visto das ameias aonde Jikomi andou, e o cheiro não é maisagradável quando se senta no salão de Kutsuko. As fileiras de estacas com caveiras e corpos se esten-dem pela planície. Mal posso fechar minhas mãos, mas eles parecem com medo agora.

    Esqueci-me do poeta da Garça que escrever sobre o sangue do herói fertilizar um campo de bata-lha, dando significado à sua morte ao nutrir o arroz abaixo dele. Ele deveria tentar viver onde nadacresce.

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    Dia Treze? Não pudemos arrastar os corpos longe o bastante dos muros. Eles os usam como escadas. Não pu-

    demos defender os muros, então fomos para o terceiro andar. O primeiro se foi. O segundo se foi. Es-tamos dormindo em turnos. Não há espaço para mais do que vinte homens se deitarem por vez.

    Escondemos os feridos dentro de urnas de arroz enquanto lutamos. Meu braço esquerdo ainda está bom. Esfaqueio goblins por uma janela. A visão de nossas cabeças nas ameias externas é chata. Os

    tolos não viram a metade corretamente.Os novos onis são pegajosos. Só me resta uma tanto.

    Hoje vi um raio de luz do sol. Não desviei o olhar e agora não posso ver.

    O piso é fino. Podemos ouvir o espaço abaixo em cada passo. Atiramos os mortos abaixo para es-maga-los, então pulamos neles, então só temos que lutar contra dez de cada vez. Quando o cadávercomeça a tremer, atiramos ele pela janela. Ele se puxa do finco e passa pela porta. Mas não temosespadas, e é melhor que se levantem lá fora.

     Não sei o que os onis estão usando no piso, mas ele se estreita a cada dia. Erodindo até o topo.Conquistamos Hiruma por dezesseis dias. É melhor do que muitos. Há meios piores de morrer do

    que em busca de nossa terra natal ancestral.

     Não posso pensar em nenhum agora.Lady Sol chora por nós.

    O Kokai-Nisshi do Navio Metora, como Escrito por AnjuO registro do navio foi encontrado amarrado à perna de um pombo correio quase morto, tão apo-

    drecido pela Mácula que quase não podia voar. As outras páginas estavam rasgadas e ilegíveis, masa última fala eloquentemente sobre o que enfrentaram. Nunca mais se ouviu do autor de novo.

    - Seikansha

    […] decidir vir aqui? Só um tolo deixaria meia garrafa de sakê e uma bela heimin o forçarem a

     tal missão. Se eu pudesse ver o sol de novo eu juraria nunca mais beber. Grandes Fortunas, rasparei minha cabeça, me juntarei a um monastério, só por favor me deixem ver as estrelas!Não surpreende que ela risse de mim, acenando aquelas mãos brancas. Não surpreende que ela te-

     nha ido ao Caranguejo com sangue de oni ainda manchando sua saya. Ao menos ele sabia no que estava se metendo. Que infantil eu fui.

    Contorne as Terras Sombrias, eu disse a eles. Veja o que há do outro lado. Já se tentou, ele disseram. Ah, eu disse a eles, mas nunca por um Louva-a-deus.Não posso mais acreditar que acreditei nas minhas próprias palavras. Experiência não serve de

     nada aqui. Nossos navios ainda são de madeira, nossas velas ainda são telas e nossos corações ainda são muito humanos. Naveguei pela Costa da Névoa Negra, tão perto da costa que podia cheirar a podridão. Estávamos a três dias da costa quando minha tripulação começou a brigar. Não posso culpa-los. O cheiro mexe com você depois de um tempo. O suave e espesso ar que aperta a garganta e dói nos pulmões. Ele o faz desejar por qualquer outro cheiro. Sangue fresco e quente parece uma boa mudança.

    Dois dias depois, o vento parou.Você já tentou fazerem homens remarem por água tão espessa que parece sugar os remos? É pior

     quando os remos ficam mais leves, as pás mais finas a cada vez que se levantam. Quando as gotas abrem buracos na sua pele para competir com a madeira, isto é quase impossível.

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    Se voltarmos agora, eles me disseram. Se voltarmos agora, podemos chegar em casa antes de o alimento acabar.

    É claro, eu disse a eles, certamente, concordo completamente, mas pelo amor das Fortunas alguém me dirá qual é o caminho para casa? Você deveria ver este nevoeiro. Você não pode ver a costa. E as estrelas? Lembro-me de ter ficado feliz quando a escuridão chegava e havia estrelas para seguir. Talvez

     se eu tivesse agradecido mais a Amaterasu, ela não tivesse me abandonado assim.Há mais faces na água agora. Enquanto olho para meu pincel eu não tenho que vê-las. Guardei

     um pombo. Ninguém sabe que eu o tenho. Quando foi a última vez que viu um homem insano com um pombo? Vê? Ainda estou são.

    Não temos homens suficientes para remar de volta mesmo se soubéssemos o caminho. Tropecei numa pilha de tripas nesta manhã. Qualquer um que tenha um amigo em que possa confiar para

     decapitá-lo está cometendo seppuku. É incon- siderável, de fato. Eles não sabem o que o chei- ro de sangue faz para o resto de nós?

    Eles não vão pegar meu pombo.Falta pouco. As águas estão quase sólidas

     com onis à espreita. Alguns têm espinhos co- mo terríveis baiacus que partem as ondas, enquanto as línguas dos outros raspam o casco, espreitando como texugos procurando mel. Os tubarões são o pior. Suas guelras são da altura da lâmina de uma katana, a face

     de uma criança em sua base. Eles olham, e às vezes, quando a luz é certa, você enxerga seu reflexo em seus olhos.

    Os trolls do mar têm mãos, e tentamos impedi-los de escalar, mas nem sempre funci- ona. Acho que há um a bordo agora. Bloqueei minha cabine, mas isto não engana ninguém.Eles podem nos farejar, mesmo sob o fedor. Tentei rolar no sangue de oni para disfarçar,

     mas só ardeu mais e eles vieram mais rápido— 

    Oh, grandes Fortunas, estou salvo!Posso ver as nuvens entre suas velas. Eles estão vindo por mim! Oh, por favor por favor por favor

     por favor por favor casa casa casa casa casa casa

    O Relato do Tempo Ranpo, por Kuni Shiki Há cinco cópias deste conto no Império. Uma está arquivada em Kyuden Hida. Três outras são

     guardadas por proeminentes shugenjas Kuni. A quinta foi deixada no próprio templo, e termina dife-rente das outras quatro. Esta é a cópia que encontrei.

    Você pediu a verdade.- Seikansha

    O Shito Dama doTemplo Ranpo

    Bishamon protege o templo Ranpo, determi-nado a nunca permitir de novo corrupção dentrode seus muros. Criaturas das Terras Sombriassão atiradas por mãos invisíveis se tentarementrar, e lá dentro, magia funciona normalmente.

    Quando humanos adentram o templo, o shitodama aparece no centro, pesando seu valor.Personagens Maculados com Honra inferior a 2devem testar Vontade contra 10 x seu Nível deMácula das Terras Sombrias, ou correrem demedo. Personagens Maculados com Honra mai-or testam Vontade contra 5 vezes seu próprio Nível de Mácula ou sofrem os mesmos efeitos

    Personagens que passem a noite no templosofrem pesadelos horrendos. Role 1 dado + 5,menos a Honra do personagem (não re-roledez). Em 1-5, não há efeito no dia seguinte. Em6-9, o personagem não pode usar seu maiordado em todas as ações no dia seguinte. Em 10ou mais, ele não pode usar seu maior dado emtodas as ações por 5 dias menos sua Honra. Se personagens ficarem mais de uma noite, os efei-tos são cumulativos.

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    Kuni Hakirei, aprendiz de Gokuken, visitou sua mãe adoentada na noite em que o Mandíbula foivisto pela primeira vez. Correndo de volta para o templo, ele o encontrou abandonado. Um oni menordo exército do Mandíbula o descobriu acovardado atrás do oratório. Hakirei implorou por sua vida e,espantado, ele atendeu à prece, contanto que o jovem sacerdote o trouxesse uma refeição fresca tododia. Hakirei sacrificou sua honra junto com a primeira vítima, acovardado e servil ao seu novo mestrecomo o mais baixo eta enquanto o oni engolia o sangue do pobre homem.

    Mas na segunda noite, quando Hakirei baixou sua tanto no pescoço de sua nova vítima, algo estra-

    nho aconteceu. Embora a pele se partisse sob a lâmina, não havia sangue, e quando ele puxou a faca denovo, a carne estava intacta. Ele tentou de novo e de novo, sem resultado, até que se virou e viu quecada lugar que cortava abria uma ferida na estátua da Fortuna, deixando o aterrorizado sacrifício incó-lume.

    Mesmo quando o próprio oni usou suas garras no homem indefeso, nada aconteceu, e pelo menosos dois foram forçados a soltá-lo. Por uma semana eles tentaram outra vítima por noite, mas todo ino-cente era protegido pela força de Bishamon. Por fim, o oni ficou impaciente, e saciou sua fome emHakirei.

    Ele não foi protegido.De fato, ele nunca teve as proteções das Fortunas de novo, pois após sua morte, Hakirei retornou

    como um jikiniki para sempre assombrar a região me que pecou. Rezo para que nunca veja um sacer-dote decair tanto de novo.

    Deixei o templo Ranpo para ele e sua raça. Há pouquíssimos pedintes que se importam em sentir otoque das Fortunas tão de perto. Mas os puros de espírito podem encontrar refúgio lá, no coração dasDesolações, onde eles precisam temer apenas a própria corrupção ao invés das forças do Deus Caído.

    Shinjo Naohide e o Cadáver EternoO mais incomum e possivelmente o mais perigoso local das Terras Sombrias de que já ouvi vem de

    uma história contada por um velho ferreiro Unicórnio. Tentei preservar a narrativa deste interessanteheimin intacta, mas se a história é real, ela não é risível.

    - Seikansha.

    Armas usadas, sim. Mas não roubo dos mortos. Ronins como você veem aqui, eles precisam de di-nheiro, ou o senhor diz que eles usam apenas espada e yari. O que podem fazer? Eles vendem o resto.Tragédia. Eles olham tanto antes de largarem as armas, eles me contam histórias. Toda vez, tento per-suadi-los a deixarem-nas para trás.

    A kusari-gama ali, aquela foi de Shinjo Naohide-sama. Ele não quis nada por ela, só me contou ahistória e deixou. Dinheiro cega a arma, ele disse. Esta foice tirou sangue do maior oni do mundo.

    Ele sempre cavalgava com minha dama, Shimiko-sama. Pequena samurai-ko, com belo cabelo,como Garças. Ela sempre estava ali, perguntando “E quanto a esta arma? E esta?” A família Ide a en-viou para os Shinjo, e Naohide-sama a ensinou tudo sobre bushis. Então eles saíram uma semana paraver as Terras Sombrias, pois ela deveria ser uma bushi durona. Eles viajam por três dias quando a co-mida estraga, mas eles não podem encontrar caminho de volta, e eles avançam cada vez mais.

    Os outros bushis começam a discutir, eles estão assustados, e Naohide-sama os manda na frente pa-

    ra explorarem por trilhas enquanto ele e Shimiko-sama treinam com kusari-gama perto de uma caver-na. Se não encontrarem o caminho, talvez passem a noite ali.Eles ouvem um grito, e correm para frente para ver bushis jogados no ar por um oni imenso, outro

    rasgado por vinte goblins. Este oni… Dez ken-na de altura, com cabeça como besouro de esterco! Elecheira o ar, e ele diz a goblins: “Farejo mais. Ache-os.” Goblins correm. 

     Naohide-sama sabe que podem enfrentar goblins e oni, mas não ambos, então ele diz a lady Shimi-ko: “Entre na caverna. Oni não vai caber, e podemos lutar com os goblins.” Eles correm para dentro,chutando lixo e grandes hastes. Todo lugar cheira a esterco. Naohide-sama diz: “Oh, não. É um ninho.Venha, talvez haja um esconderijo.” Caverna fica menor após talvez cinquenta  pés, e eles rasteja porum longo túnel. Oni diz a goblins: “Tire-os de dentro!” 

    Então eles procuram outra saída. Túnel fica mais largo e agora eles estão numa imensa caverna, en-tão Shimiko-sama tem espaço para tirar um pequeno cristal para talvez verem onde estão. De repente a

    terra dança, e eles caem no chão.Atrás deles, todos os goblins gritam. “Kusatte Iru! Oni no Kusatte Iru!” Shimiko -sama procura,mas não vê nada. Eles continuam andando, encontram a parede empurrada por imenso buraco, como

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    montanha atingida por raio. E encontram rio de sangue, até os tornozelos, paredes piscando em todolugar.

    Shimiko-sama diz: “Oh, não… Isto é sangue. Estamos numa veia. Aquilo era pulmões e isto eragarganta e devemos ter passado por sua narina! Estamos no maior oni do mundo inteiro!” 

     Naohide-sama diz: “Acalme-se. Devemos pensar. Bem… Esta grande veia, mas sangue só até aqui.Ele deve estar quase morto. Se rastejarmos a ferida, podemos fugir.” Então eles vasculham, mas tudoque encontram é rocha, porque ele cair de bruços. Mas eles passar em nervo muito grande, e a monta-

    nha inteira estremece. Sangue vem escorrendo… Eca. Então eles ouvem oni besouro de esterco rugir. Ele entra pela boca, e cristal de Shimiko acende de

    novo. Eles o ouvem farejando, “Eu quero seu sangue.”  Naohide-sama se corta e joga kimono ensan-guentado para despistar seu cheiro. Mas oni trazer outro bushi, diz, “Saiam ou os matamos.” Naohide-sama sabe que eles já estão mortos, e não diz nada. Goblins cortam garganta do bushi, espirram sanguenas veias de Kusatte Iru, rezando para ele acordar.

    “Oh, não,” diz Shimiko-sama, porque há mais agora, e eles estão na garganta, perto de sair. Entãoela e Naohide-sama conversam, e planejam, e então usam suas kusari-gamas e amarram as correntesaos seus obis.

    E investem e matam dois goblins. Corta! Corta! Sangue para todo lado. Atiram as cabeças nos ou-tros, e correm direto para o coração. Oni os persegue todo o caminho, mas só goblins cabem na veia, esangue fica muito fundo para eles no coração. Eles correm, e chutam o lado do coração, e kachunk, asala fica pequena. Eles chutam de novo, e kachunk, a sala fica grande, e o sangue quase os leva embo-ra.

    “Aguente,” Naohide-sama diz. Ela passasuas mãos pelo seu cinto, e então ele pega asduas foices, e as levanta.

    THUNK! AAAAAA… Sala inteira diminuia metade de seu tamanho! Eles escalam com asduas foices, e sangue vem escorrendo pelaartéria e manda os goblins embora para osdedos do pé de novo. Eles fluem gritando denovo, uma hora depois.

    Eles correm para a outra narina, e veemgrande oni besouro, agarrado na pequena veia.Pegam as foices. Fura! Fura! Oni morto. Entãoeles saem e agradecem Lorde Lua por poderemver sua face de novo. E Shimiko-sama olha devolta e vê montanha com pálpebras cair sobreárvores, e olho imenso, e casas de oni em suas costas, e minha lady pensa: “E se ele tiver sangue suf i-ciente para acordar?” 

    “Mundo inteiro acaba.” Ela diz: “Você acha que ele vai procurar por nós?”  Naohide-sama assente. “Eu vendo kusari-gama.” Você real herói bravo, você compra esta arma.

    Em Terras Inimigas, por Ikoma Daikaji Daikaji-sama foi, devemos dizer, um bardo de mais entusiasmo do que percepção. Quando seu

    conto do “valente Akodo Keikyo” incluiu menção à sua perseguição ébria por geishas, seu senseiachou que o Caranguejo poderia ser mais ameno a um cronista tão honesto. Daikaji passou um ano

     seguindo Hida Kirenai pelas Terras Sombrias. Quando, para grande surpresa de seu superior, eleretornou, ele tinha um imenso manuscrito dos feitos do Caranguejo. O sensei Ikoma o agradeceu po-lidamente por seus esforços, imediatamente o mandou para o Unicórnio, e arquivou seus documentosnos fundos da biblioteca, selos inviolados. Embora sua obra faça pouco para melhorar a pobre repu-tação de Kirenai, sua honestidade ao menos nos servem bem em suas descrições dos terrenos ocultosdas Terras Sombrias.

    - Seikansha

    Os Campos de CabeloNA de Conhecimento: 25

    Estes campos aparecem onde grande númerode guerreiros morreram e não foram consumidos por goblins ou onis carnívoros. Eventualmente,

    uma seção das terras moles os suga para baixoda terra líquida, deixando seus cabelos flutuando

    na superfície, como uma vitória régia.

    [NT.: Neste ponto, aparecem estatísticas para“Mor tos Afogado pelo Pó”. Usar os “Zumbis”

    do livro básico os substitui sem maiores pro- blemas.

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    Hida Kirenai é da altura de uma árvore jovem, embora talvez não tão reto de costas ou grosso demembros. Seus olhos, peças pretas de carvão, sempre vasculham cada lado, passando por todos que bloqueiam sua visão. Em suas mãos, retorcidas e arranhadas com marcas de pedras, qualquer objeto pode se tornar uma arma e ele busca por todas com igual fervor quando o horizonte se enche com asilhueta de um oni.

    Suas pegadas desaceleraram quando nos aproximamos da Floresta de Lava, embora ele não pisquecom os tentáculos maléficos de vapor que lambiam sua face. O cheiro era quase insuportável: enxofre

    e cinza e podridão.É errado, este lugar, como um espelho de cobre. As árvores são vermelhas e crescem de cabeça pa-

    ra baixo, suas folhas chatas cobrem o chão e raízes enroladas formam uma cobertura afiada sobre nos-sas cabeças. Elas parecem se alimentar da lava que flui entre elas num líquido laranja e cinza, nãodiferente de molho de soja no arroz.

    Kirenai dá um passo, buscando a bruxa do pântano que rastreou até a beira da floresta.Mas embora sua espada seja rápida, estes ini-migos são mais rápidos ainda. Assim que sua bota tocou uma folha, ela estalou como se comterrível gozo, e raízes inertes ganharam vida,caindo nos nobres samurais como cobras no bote. Kirenai atravessou um galho com um sógolpe, e seu brado quando a seiva fervente da planta atingiu sua pele foi da mais fúria de batalha.

    Um líder sábio de fato, Kirenai permitiuque seus homens destruíssem a primeira árvo-re, demonstrando sua confiança neles paradesvencilhar sua espada das raízes em fugaquando eles o puxaram de suas garras. Reco-nhecendo que a bruxa do pântano havia sidosimilarmente atacada e consumida, ele não

    desperdiçou tempo em retornar à Muralha paradeveres mais urgentes.

    Incólume, Kirenai retornou às Terras Som- brias no dia seguinte, orgulhosamente cum- prindo o comando de seu senhor de ir aonde pudesse fazer algum bem. Desta vez ele esco-lheu uma planície árida, aparentemente vazia para vigiar, obviamente guiado por seus ances-trais a ver perigo mesmo num lugar tão pláci-do.

    As fibras tremulantes que ao longe pareci-

    am tufos de grama de fato eram fios pretos decabelo humano, cobrindo a fria terra como umtapete. Incapaz de conter sua fúria à visão,

    Kirenai puxou um, liberando um cadáver há muito morto de um antigo guerreiro, profanamente enter-rado aqui por séculos apesar do decreto de Hantei XXVII de cremação.

    Efusivamente, Kirenai caiu sobre o homem, levado por sua paixão de libertar a alma aprisionada. Everdadeiramente, meu respeito por ele cresceu ainda mais, pois mesmo na crise ele se lembrou de suastáticas e correu entre vários deles até desistir em desespero.

    Isto foi quase uma semana antes do grande Kirenai retornar às Terras Sombrias, desta vez, entreti-do em procurar uma unidade de bushis Hida que saíram há vários dias antes e não retornaram. Seguin-do suas pegadas, ele chegou por fim a um vasto pântano, enfiado na terra como um corte da espada do próprio Akodo.

     No fundo, quase invisíveis, centenas de esqueletos jaziam, dispersos aos pedaços contra duras ro-chas. Os do topo tinham armaduras frescas e mantos com o mon Hida, e Kirenai sentiu grande dor emseu coração por pensar no que os teria levado a suicídio tão desonrado.

    Pântano dos SexagenáriosNA de Conhecimento (Terras Sombrias ouHistória (Caranguejo)): 35

    Há muito tempo, um daimyo menor Hidachamado Renchi notou que onis frequentemente

    imitavam anciões honrados, aproveitando-se darelutância dos samurais em questionar seus pais.Para resolver este problema e livrar suas terrasdo fardo de centenas de pessoas velhas demais para lutar, Renchi ordenou que todas as pessoascom mais de sessenta anos fossem atiradas neste pântano.

    Hida Shuhai, um velho porém ainda astuto bushi, se escondeu das tropas de Renchi, entãoos seguiu às Terras Sombrias, onde ele observouum oni os matar, então retornou para contar aseu filho a aparência e fraquezas do oni. Juntos,eles mataram a criatura, e Renchi rescindiu aordem e cometeu seppuku. Embora os registrosdesta política tenham sido apagados das histó-rias Kaiu, os fantasmas raivosos ainda assom- bram o pântano.

    Quando um personagem de sangue Hida ficaa três metros do precipício, as vozes começam achama-lo para dividir sua juventude. Ele devefazer um teste de Vontade, NA 15 para resistirao chamado, ou caminhar sobre o precipício. Seele andar a dois passos da beirada, os fantasmas

    tentam puxá-lo fisicamente; teste Força, NA 20, para resistir.

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     Pensei que pudesse interessa-lo em saber que itens de lendas são perdidos às Terras Maculadas, eque portam a maldição do Deus Caído. Embora alguns destes tesouros seriam de grande uso, mani-

     festo atenção ao lidar com qualquer coisa tocada pelas Terras Sombrias. Ainda assim, para muitos que trilham o caminho sombrio, a chance de descoberta da vida de seus

    ancestrais lhes dá esperança. Talvez estejam certos. Dos dezenas de milhões mortos na guerra eterna,ninguém pode contar quantas têm poder que nos salvariam.

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