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Bastidores 13 V ocê já parou para pensar em tudo que está por trás do show da sua banda preferida? Muitas coi- sas precisam ser feitas antes de o músico subir no palco e a quantidade de profissionais envolvidos numa única apresentação é surpreendente. O primeiro passo a ser dado é um acerto en- tre a produção do artista e a casa de espetáculos, momento em que pode surgir o primeiro impasse, pois nem sempre é fácil conciliar a disponibilidade do local com a data que se encaixa na agenda dos músicos. Para montar a programação, o estabeleci- mento precisa saber quando os artistas pretendem dar início à turnê de shows, e assim tentar combinar com as apresentações já marcadas. Por trás das cortinas CAROLINA HERINGER E THAÍS MEROLA PÁDUA O grupo Jeito Moleque faz cerca de 25 apresentações por mês

Por trás das cortinas - Portal PUC-Riopuc-riodigital.com.puc-rio.br/media/4 - por trás das... · 2009. 1. 27. · Jorge Vercillo. A casa de espetáculos, por seu lado, avisa à

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Você já parou para pensar em tudo que está por trás do show da sua banda preferida? Muitas coi-sas precisam ser feitas antes de o músico subir

no palco e a quantidade de profissionais envolvidos numa única apresentação é surpreendente.

O primeiro passo a ser dado é um acerto en-tre a produção do artista e a casa de espetáculos,

momento em que pode surgir o primeiro impasse, pois nem sempre é fácil conciliar a disponibilidade do local com a data que se encaixa na agenda dos músicos. Para montar a programação, o estabeleci-mento precisa saber quando os artistas pretendem dar início à turnê de shows, e assim tentar combinar com as apresentações já marcadas.

Por trás das cortinascaroLina Heringer e tHaís MeroLa Pádua

O grupo Jeito Moleque faz cerca de 25 apresentações por mês

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14Julho /Dezembro 2008

Tatiana Silva, que faz parte da produção do grupo de pagode Jeito Moleque, diz que a estratégia para definir as datas dos shows da banda é simples. ”Ge-ralmente, depois de uma apresentação em determi-nada cidade, demoramos, no mínimo, dois meses para fazer apresentação nesse mesmo lugar, ou até mesmo em qualquer outro que seja próximo”.

A mídia entra em cenaCom a agenda de apresentação já fechada, o pro-

dutor informa à assessoria do artista sobre a pro-gramação. A assessoria é responsável por garantir que o show esteja nas páginas de jornais, revistas, e nos programas de televisão. Quanto mais tempo para planejar a estratégia de trabalho, mais chan-ces de o artista conseguir espaço nos veículos de co-municação. A divulgação na imprensa e a marca-ção de entrevistas fica com a assessoria. Nem nos preocupamos com isso, apenas seguimos a agenda montada. É importante para o artista ter o seu show

na imprensa, mesmo que os ingressos já estejam es-gotados”, afirma Carlos Santos, produtor do cantor Jorge Vercillo.

A casa de espetáculos, por seu lado, avisa à sua própria assessoria que também atenderá a impren-sa. As duas assessorias precisam agir em comum, podendo surgir problemas caso uma queria “atro-pelar” a outra. Segundo Susana Ribeiro, da Ciranda Assessoria de Comunicação, elas precisam traba-lhar em conjunto, principalmente quando a deman-da por entrevistas ou informações é muito grande. Quando o volume de trabalho é grande, as asses-sorias precisam adotar uma estratégia em que uma ajude a outra. “Se, além do grande volume de traba-lho ainda tivermos que travar uma queda de braço com a assessoria da casa, o nosso trabalho fica ain-da mais difícil”, afirma Susana.

A realização de shows é uma boa oportunidade de o artista conseguir espaço na mídia. Quando o índice de popularidade no local de apresentação é alto, o trabalho das assessorias fica mais fácil, já que elas só precisam atender a imprensa. Em meio a uma turnê mais corrida, em que o artista passa “por 10 cidades em 10 dias”, a dificuldade é conciliar as altas deman-das dos veículos com a correria do dia-a-dia. Nesse caso, o jeito é atender os jornalistas no camarim, en-tre uma e outra preparação para as apresentações, ou então por telefone. Mas, com artistas em início de carreira, a dificuldade passa a ser conseguir que a im-prensa tenha interesse pelo show.

Outra parte essencial é o repertório da turnê, mon-tado de acordo com o gosto dos músicos e de sua produção. Nos shows de Jorge Vercillo, segundo o produtor do cantor, são escolhidos antigos sucessos e músicas do álbum de trabalho. Já a produção do Jeito Moleque afirma que o repertório padrão é sempre de-finido em cima do CD que está sendo trabalhado.

O transporte da equipe e dos equipamentos Durante uma grande turnê, em que o número

de shows pode chegar a até 25 por mês, o meio de transporte que costuma ser escolhido é o ônibus. As vantagens são a redução de custos e a facilidade do deslocamento, já que dessa forma é possível escolher o horário em que se deseja sair de determinado lo-cal. Quando a intenção é ficar na cidade por mais de um dia, é possível parar no hotel. Mas, às vezes não há tempo, e o artista acaba tendo que descan-sar no ônibus mesmo.

Apesar da correria, quando a turnê é bem plane-jada, o desempenho dos músicos não é prejudicado. “Quando chegamos ao local de apresentação e tudo

Jorge Vercillo em apresentação na sua última turnê

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já está organizado, o cansaço não costuma atrapa-lhar. Mas, quando temos que fazer praticamente tudo na chegada, é exaustivo”, afirma Tatiana Sil-va, integrante da produção do Jeito Moleque.

Além de toda a equipe que viaja com os artistas, há ainda o transporte dos instrumentos e do cenário, que pode ser feito de ônibus, caminhão ou avião. Car-los Santos, produtor de Jorge Vercillo, conta que, se o artista vai de avião, o equipamento vai de carga na mesma companhia. A opção por avião costuma ser feita quando o destino é mais distante que 500 quilômetros. Se o meio de transporte escolhido é ôni-bus, os instrumentos vão no bagageiro.

Carlos ainda acrescenta uma história curiosa: cer-ta vez, Vercillo fez um show em São Luís e tinha outro na mesma noite, em Belém. Só quando chegaram a Belém é que perceberam que três cases enormes não foram colocados no avião. O teclado e algumas par-tes da bateria haviam ficado em São Luís. Por conta disso, tiveram que alugar às pressas equipamentos para substituí-los na apresentação.

O dia do show: tudo para que não haja imprevistos

Além de toda a preocupação com a pré-produção, os artistas ainda precisam arrumar tempo para aten-der os fãs, ansiosos por conseguirem cinco minutos no camarim de seus ídolos. Como costumam ter muitas solicitações, o jeito, segundo o produtor de Jorge Vercillo, é dar preferência aos que nunca esti-veram com o artista. Em cidades do interior, Carlos Santos diz que costuma organizar uma fila na porta do camarim, já que nem sempre o fã consegue se comunicar com o escritório.

Há também artistas que optam por fazer promo-ções em que os ganhadores são premiados com uma visita ao camarim, como o grupo Jeito Moleque.

“Nós da produção optamos por essa forma de esco-lher os fãs que vão invadir o camarim, pois acredi-tamos que essa é a forma mais democrática de fazer a seleção”, afirma Tatiana Silva.

No dia do show, os músicos ainda dependem do trabalho de muita gente para que possam subir no palco. Iluminação e cenário, por exemplo, são ele-mentos importantes, e precisam estar perfeitos para que o sucesso seja garantido. Os músicos costumam ter iluminador e cenógrafo próprios, já que escolher profissionais qualificados atribui credibilidade. O trabalho deles costuma começar, no mínimo, cinco horas antes da apresentação.

Ainda para afastar contratempos, a passagem de som é uma etapa importante a ser cumprida. O teste nos aparelhos da casa de espetáculos é considerado indispensável por alguns artistas. Mas, há também os que optam por não fazer o teste, assumindo os riscos de um eventual imprevisto.

Nas horas anteriores ao show, os músicos procuram descansar um pouco e se alimentar bem. Aqueles que usam figurino e maquiagem precisam começar a preparação horas antes do início da apresentação. Já os que consideram tudo isso frescura, como os me-ninos do Jeito Moleque, não precisam se preocupar com esses retoques finais. “Eles odeiam essa história de maquiador e figurinista. Não há figurino, cada um usa o que gosta”, afirma Tatiana Silva.

Depois dos últimos ajustes, é só subir no palco e pre-sentear os fãs com uma verdadeira super produção. Acabado o show, mesmo com o cansaço a disposição continua, afinal, a próxima apresentação pode estar marcada para daqui a algumas horas.

LiNkswww.jeitomoleque.uol.com.brwww.jorge vercillo.com.br

Teste de iluminação antes do show e montagem do palco