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FERNANDO ANTONIO LOPES PONTES A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE MELHORIA DE DESEMPENHO DE MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Art R-1 Carlos Chagas dos Santos. Rio de Janeiro 2013

PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

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Page 1: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

FERNANDO ANTONIO LOPES PONTES

A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE MELHORIA DE DESEMPENHO DE MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Art R-1 Carlos Chagas dos Santos.

Rio de Janeiro 2013

Page 2: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

C2013 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Pontes, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como instrumento de melhoria de desempenho de

militares do Exército Brasileiro / Coronel de Infantaria Fernando Antonio Lopes Pontes. - Rio de Janeiro : ESG, 2013.

61 f.: il.

Orientador: Cel Art R-1 Carlos Chagas dos Santos. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013.

1. Avaliação de desempenho. 2. Gestão por competências. 3.

Exército Brasileiro. I.Título.

Page 3: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a minha família. Aos meus pais, Moysés e Ely

pelos conselhos e incentivo em todos os momentos. À Edilena, Ana Tereza e

Antônio pelo apoio e dedicação constantes.

Ao Cel R-1 Carlos Chagas dos Santos pela orientação, colaboração e

acompanhamento deste trabalho.

Aos membros do Corpo Permanente da ESG e aos companheiros

estagiários do CAEPE pela amizade durante o curso e pelo apoio conferido durante

a realização deste trabalho.

Page 4: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um com um pão, e, ao se encontrarem, trocarem os pães, cada um vai embora com um. Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um com uma ideia, e, ao se encontrarem, trocarem as ideias, cada um vai embora com duas.

Provérbio chinês

Page 5: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

RESUMO

Em qualquer organização a avaliação de desempenho, cada vez mais assume

importante papel, pois permite o levantamento de dados sobre a atuação de seus

membros no exercício de suas funções. A publicação do Decreto 5.707 de 23 de

fevereiro de 2006, que estabeleceu a Política Nacional de Desenvolvimento de

Pessoal, tornou a Gestão por Competências referencial para a gestão de pessoas

no âmbito da administração pública federal e, desde então, foram estabelecidas as

diretrizes e orientações para que todos os órgãos direcionassem seus esforços no

sentido de implementar tal método de gestão, ao qual deve estar alinhado qualquer

processo de avaliação, inclusive o dos militares. No Exército Brasileiro, foi realizada

a transformação do Sistema de Avaliação no ano de 2008, utilizando um novo

processo, o nono desde 1973, quando o primeiro modelo foi instituído na Força.

Ressalte-se que a avaliação tem grande importância para a vida profissional dos

militares, pois fornece subsídios para decisões administrativas do Exército Brasileiro,

relacionadas a processos seletivos e promoções. Neste trabalho buscou-se analisar

o Sistema de Avaliação do Exército Brasileiro e propor ações visando o

aperfeiçoamento do mesmo utilizando de forma mais efetiva os preceitos da Gestão

por Competências.

Palavras chave: Avaliação de desempenho. Gestão por competências. Exército

Brasileiro.

Page 6: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

ABSTRACT

In any organization the evaluation of performance, increasingly assumes an

important role, because it allows the collection of data about the performance of its

members in the exercise of their functions. The publication of Decree 5,707 of

February, 23, 2006, which established a National Policy for Staff Development, has

become the Competence Management by reference to the management of people in

the context of the federal public administration and has since been established

guidelines and orientations so that all agencies target their efforts to implement this

management method, which must be aligned with any evaluation process, including

the military. In the Brazilian Army, the transformation was performed in the

Assessment System in 2008, using a new process, the ninth since 1973, when the

first model was introduced in the Force. It should be stressed that the assessment

has great importance for the professional life of the military, because it provides

subsidies for administrative decisions of the Brazilian Army, related to selection

processes and promotions. In this study, we aimed to analyze the System of

Evaluation of the Brazilian Army and propose actions aiming at the process

improvement using more effectively the precepts of Competence Management.

Keywords: Evaluation of performance. Competence management. Brazilian Army.

Page 7: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 Condecorações e critérios relativos à avaliação do militar............. 22

QUADRO 2 Detalhamento dos aspectos da competência profissional.............. 34

QUADRO 3 Detalhamento dos aspectos da competência relacionamento.......

interpessoal..................................................................................... 35

QUADRO 4 Detalhamento dos aspectos da competência espírito militar.......... 35

QUADRO 5 Detalhamento das faixas de desempenho e suas descrições........ 37

QUADRO 6 Detalhamento do conceito de conhecimento, habilidades e...........

atitudes........................................................................................... 40

QUADRO 7 Regras básicas para construir uma avaliação de desempenho..... 43

QUADRO 8 Tipos de feedback........................................................................... 45

QUADRO 9 Ações na gestão por competências................................................ 46

QUADRO 10 Relação de cargos por áreas.......................................................... 49

Page 8: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAS Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos

CEP Centro de Estudos de Pessoal

CFO Curso de Formação de Oficiais

CFS Curso de Formação de Sargentos

CFST Curso de Formação de Sargentos Temporários

Cmt/Ch/Dir Comandante, Chefe ou Diretor

CPO Comissão de Promoções de Oficiais

DA Prom Diretoria de Avaliação e Promoções

DCA Diretoria de Cadastro e Avaliação

DGP Departamento-Geral do Pessoal

FAO Ficha de Avaliação de Oficial

FAOP Ficha de Avaliação de Oficiais e Praças

FAP Ficha de Avaliação de Praça

FI Ficha de Informações

FI/B Ficha de Informações Modelo B

FVM Ficha de Valorização do Mérito

LPOAFA Lei de Promoção de Oficiais da Ativa das Forças Armadas

OM Organização Militar

QA Quadro de Acesso

QAM Quadro de Acesso por Merecimento

TAF Teste de Avaliação Física

TAT Teste de Aptidão no Tiro

Page 9: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................10

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA........................................................................ 10

1.2 IMPORTÂNCIA DO ASSUNTO ................................................................... 11

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 11

1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................. 11

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................. 12

1.4 METODOLOGIA A SER EMPREGADA........................................................ 12

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ................................................................ 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 13

2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ................................................................. 13

2.1.1 Conceito ...................................................................................................... 14

2.1.2 O que avaliar ............................................................................................... 15

2.1.3 Porque avaliar ............................................................................................. 16

2.1.4 Métodos tradicionais de avaliação de desempenho................................ 16

2.1.5 Problemas comuns na avaliação de desempenho .................................. 18

2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............ 18

2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO EXÉRCITO BRASILEIRO ................. 19

2.3.1 Importância da avaliação para o militar .................................................... 19

2.3.2 Importância da avaliação nos processos seletivos................................ 20

2.3.3 Importância da avaliação na promoção de militares.............................. 20

2.3.4 Importância da avaliação na concessão de condecorações.................. 21

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DO .............

EXÉRCITO BRASILEIRO ........................................................................... 23

3.1 PERÍODO DE 1973 A 1980 .......................................................................... 23

3.1.1 O primeiro instrumento de avaliação ....................................................... 24

3.1.2 O primeiro sistema formal de avaliação. .................................................. 24

3.2 PERÍODO DE 1981 A 2002 ......................................................................... 25

3.2.1 O sistema de 1981 ..................................................................................... 25

3.2.2 O sistema de 1986...................................................................................... 26

3.2.3 O sistema de 1989 ..................................................................................... 27

3.2.4 O sistema de 1996 ..................................................................................... 28

Page 10: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

3.2.5 O sistema de 2000 ...................................................................................... 29

3.2.6 O sistema de 2002 ...................................................................................... 30

4 O SISTEMA DE AVALIAÇÃO ATUAL ......................................................... 32

4.1 PERFIL DO AVALIADO ................................................................................ 37

4.2 AUDITORIA E RECURSOS À AVALIAÇÃO ................................................. 38

5 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ................................................................ 39

5.1 CONCEITO DE COMPETÊNCIA - CHA ....................................................... 39

5.2 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS ......................................................... 41

5.2.1 Mapeamento de competências técnicas................................................... 41

5.2.2 Mapeamento de competências comportamentais ................................... 42

5.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO COM FOCO EM COMPETÊNCIAS ........ 42

5.3.1 Regras básicas para a avaliação de desempenho ................................... 42

5.3.2 Banco de talentos ....................................................................................... 43

5.4 FEEDBACK .................................................................................................. 44

5.4.1 Tipos de feedback ...................................................................................... 44

5.5 PLANO DE AÇÃO ....................................................................................... 45

5.6 RESUMO DAS AÇÕES NA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS .................... 45

6 PROPOSTA DE AÇÕES ............................................................................. 47

6.1 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES. .......................................................... 47

6.2 PROPOSTA RELATIVA AO MAPEAMENTO ............................................... 48

6.3 PROPOSTA RELATIVA À AVALIAÇÃO ....................................................... 50

6.4 PROPOSTA RELATIVA AO FEEDBACK ..................................................... 51

6.5 PROPOSTA RELATIVA AO PLANO DE AÇÃO ........................................... 52

7 CONCLUSÃO .............................................................................................. 53

7.1 CUMPRIMENTO DOS OBJETIVOS PROPOSTOS. .................................... 53

7.2 ASPECTOS IMPORTANTES ....................................................................... 55

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 58

ANEXO A – PERFIL DO AVALIADO .......................................................... 61

Page 11: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

10

1 INTRODUÇÃO

A administração pública visa a atender ao interesse público e às

necessidades sociais, utilizando para isso a estrutura administrativa, de forma direta

ou indireta, bem como os meios que a legislação permite.

Para cumprir sua função administrativa, o Estado se vale de certas prerroga-

tivas que a lei lhe assegura como, por exemplo o uso da força. Entretanto, tais

prerrogativas devem ser utilizadas no estrito cumprimento dos fins a que se

destinam.

Na administração pública, administrar não significa apenas prestar e executar

serviços, mas buscar o bem comum e a satisfação da sociedade. Para tanto, é

preciso que a estrutura administrativa de cada órgão procure satisfazer, de forma

planejada e sistemática, as necessidades do cidadão. Para que isso ocorra, são

necessários agentes públicos devidamente qualificados

Nesse contexto, em todas as organizações públicas a avaliação de

desempenho, cada vez mais, assume importante papel, pois permite o levantamento

de dados sobre a atuação de seus membros no exercício de suas funções.

A publicação do Decreto 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que estabeleceu

a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, tornou a Gestão por

Competências referencial no âmbito da administração pública federal e, desde

então, foram estabelecidas as diretrizes e orientações para que todos os órgãos

direcionassem seus esforços no sentido de implementar tal método, ao qual deve

estar alinhado qualquer processo de avaliação, inclusive o dos militares.

No Exército Brasileiro, foi realizada a transformação do Sistema de Avaliação

em 2008, utilizando um novo processo, o nono desde 1973, quando o primeiro

modelo foi instituído na Força.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Como os recursos humanos são peça fundamental em qualquer força

armada, eles devem estar em condições de serem orientados para, de forma

contínua e sistematizada, alcançar os resultados desejados.

Page 12: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

11

A Gestão por Competências, segundo Chiavenato (2008), consiste em um

programa sistematizado no sentido de definir perfis profissionais que proporcionem

maior produtividade e adequação ao negócio e a identificação dos pontos de

excelência e de carência, tendo por base objetivos mensuráveis. Portanto, tem como

foco uma visão das necessidades futuras do negócio e de como as pessoas poderão

agregar valor. A Avaliação de Desempenho por Competências é uma ferramenta da

Gestão por Competências

O tema central deste trabalho é realizar uma proposta orientada para o

seguinte problema de pesquisa: “Quais as ações que devem ser realizadas visando

o aprimoramento do sistema de avaliação do Exército e seu alinhamento com o

sistema de Gestão por Competências estabelecido para a Administração Pública

Federal ?”

1.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

A relevância deste trabalho consiste em identificar melhorias que possam

ser implementadas no Sistema de Avaliação do Exército Brasileiro, considerando os

valores e particularidades da instituição, de modo a propiciar um maior

desenvolvimento profissional de seus quadros e, em consequência, trazer melhores

resultados para a Força.

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho estão divididos em geral e específicos, conforme

detalhado a seguir:

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o Sistema de Avaliação do Exército Brasileiro e propor ações visando

o aperfeiçoamento do mesmo utilizando de forma mais efetiva preceitos da Gestão

por Competências.

Page 13: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

12

1.3.2 Objetivos Específicos

- Apresentar a evolução histórica dos sistemas de avaliação adotados pelo

Exército Brasileiro.

- Identificar como funciona o atual Sistema de Avaliação do Exército.

- Identificar as influências que esse sistema tem na carreira dos militares.

- Definir Gestão por Competências.

- Identificar como alinhar o atual sistema de Avaliação do Exército com a

Gestão por Competências.

- Apresentar proposta de ações a serem implementadas no atual Sistema de

Avaliação do Exército, visando aperfeiçoá-lo.

1.4 METODOLOGIA A SER EMPREGADA

A pesquisa será bibliográfica e documental, visando conhecer os detalhes do

atual Sistema de Avaliação do Exército, bem como a parte teórica da Gestão por

Competências, o que proporcionará o embasamento teórico do trabalho. Com base

nos dados levantados será apresentada proposta de ações para o aperfeiçoamento

do Sistema de Avaliação do Exército.

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Este trabalho apresentará a seguinte sequência de eventos: Introdução;

revisão teórica sobre avaliação de desempenho; súmula histórica dos sistemas de

avaliação já adotados pelo Exército; apresentação do sistema atual e reflexos da

avaliação na carreira dos militares; exposição teórica dos fundamentos da Gestão

por Competências e da Avaliação de Desempenho por Competências; apresentação

de uma proposta de ações visando o aperfeiçoamento do Sistema de Avaliação do

Exército e Conclusão.

Page 14: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A avaliação de desempenho, cada vez mais, assume importante papel em

uma organização, pois permite o levantamento de dados sobre a atuação de seus

membros no exercício de suas funções.

Apresentam-se, a seguir, os principais conceitos relativos aos sistemas de

avaliação de desempenho que proporcionaram fundamentação teórica ao presente

trabalho.

2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Segundo Koontz; O’Donnell (apud CHIAVENATO, 2006), as práticas de

avaliação de desempenho não são novas. Desde que um homem deu emprego a

outro, seu trabalho passou a ser avaliado. A História conta que, no século IV, antes

da fundação da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola utilizava um sistema

combinado de relatórios e notas das atividades e, principalmente, do potencial de

cada um de seus jesuítas.

Nos Estados Unidos, em 1842, o Congresso aprovou uma lei que obrigava

os chefes dos departamentos executivos do Serviço Público Federal a fazer um

relatório anual para, entre outras coisas, ver se cada um de seus contínuos tinha

sido aproveitado corretamente e se a demissão de uns para permitir a admissão de

outros levaria a um melhor desempenho do serviço público.

Em 1845, o então presidente dos Estados Unidos, James Holk, ordenou que

esses relatórios lhe fossem enviados diretamente. Em 1879, o Departamento de

Pensões criou um sistema que tentava medir o desempenho dos funcionários

simplesmente contando o número de erros que eles cometiam durante o ano.

A partir de 1880, o Exército Americano desenvolveu um sistema de

avaliação mais funcional que impressionou o presidente Benjamin Harrison que,

inicialmente, sugeriu e depois baixou uma ordem exigindo que os departamentos

Page 15: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

14

adotassem o sistema utilizado pelo Ministério da Guerra, o que foi feito com pouca

uniformidade.

Em 1918, a General Motors já possuía um sistema de avaliação formal de

seus executivos. Contudo, a partir da Segunda Guerra Mundial, os sistemas formais

regulares e escritos de avaliação de desempenho tiveram seu desenvolvimento

efetivo (CHIAVENATO, 2006).

2.1.1 Conceito

A palavra avaliar tem origem no latim – a + valere – e significa dar valor,

atribuir mérito ou juízo de valor, aferição da qualidade. Avaliar é próprio da condição

humana. Nesse sentido, Chiavenato (2010) refere que:

Em todas as circunstâncias e momentos estamos avaliando tudo o que vemos ao nosso redor [...]. A avaliação de desempenho é um tema constante e corriqueiro em nossas vidas particulares. O mesmo ocorre nas organizações. Elas sempre se defrontam com a necessidade de avaliar os mais diferentes desempenhos [...]. E, principalmente, como está o desempenho humano. Afinal são as pessoas que dão vida à organização. Elas constituem a mola mestra da dinâmica organizacional. Na moderna organização não há mais tempo para remediar um desempenho sofrível ou abaixo da média. O desempenho humano precisa ser excelente em todos os momentos para que a organização tenha competitividade e possa sair-se bem no mundo globalizado de hoje.

Vários autores têm se debruçado sobre o assunto na tentativa de manifestar

a grande importância da avaliação de desempenho para as organizações que

desejam ser eficientes no seu setor de atividade.

Para Sobral; Peci (2008) a avaliação de desempenho “é um conjunto de

procedimentos que visam coletar e analisar informações que possibilitem estimar a

contribuição prestada pelo empregado à organização”. E complementam: “é uma

das tarefas mais importantes e difíceis da administração de recursos humanos”.

Segundo Periard (2011) a avaliação de desempenho é a melhor forma de o

gestor demonstrar estar observando o trabalho do seu funcionário, valorizando suas

decisões, métodos e conhecimento técnico. Por meio dela é possível identificar

diversos pontos que necessitam de melhoria dentro de uma organização.

Page 16: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

15

Assim, a avaliação de desempenho é a crítica que deve ser feita na

defasagem existente no comportamento de cada integrante entre a expectativa de

desempenho definida pela organização e o seu desempenho real. A análise da

distância entre o comportamento ideal e o real é o foco essencial da avaliação de

desempenho.

Para Siqueira (2009), os valores da crítica à defasagem existente entre um

comportamento real e o ideal incluem: aprendizagem a partir da experiência;

identificação de problemas; definição de causas e alternativas definidas por meio de

soluções estabelecidas por consenso entre o avaliado e o avaliador e estímulo ao

empenho do avaliado e à capacidade do avaliador em dar feedback.

Para o autor, é necessário, pois, que o avaliador aja como educador,

conselheiro e orientador de sua equipe e não como juiz, que julga os bons e maus

comportamentos do réu e prolata a sentença.

Portanto, a otimização dos resultados formais de avaliação de desempenho

pressupõe uma permanente interação entre avaliador e avaliado, de modo que nas

funções de trabalho do dia a dia haja uma constante troca de informações, de

avaliações críticas e de correções de rumo, quando for o caso.

Nessa direção, Rabaglio (2013) considera que o processo de avaliação do

desempenho humano nas organizações implica menos a criação de um instrumental

técnico sofisticado e mais o desenvolvimento de uma atmosfera em que as pessoas

possam se relacionar umas com as outras de maneira espontânea, franca e

confiante. Para ela, quanto mais saudável for o contexto organizacional, maior a

facilidade para se conseguir as mudanças esperadas.

2.1.2 O que avaliar

Para Chiavenato (2010), geralmente a preocupação principal das

organizações está voltada para a medição, avaliação e monitoração de quatro

aspectos principais: resultados, ou seja, os resultados concretos finais que se

pretende alcançar dentro de um certo período de tempo; desempenho, ou seja, o

comportamento e os meios instrumentais que se pretende por em prática;

Page 17: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

16

competências, ou seja, as competências individuais que as pessoas oferecem ou

agregam à organização e fatores críticos de sucesso, ou seja, os aspectos

fundamentais para que a organização seja bem sucedida no seu desempenho e nos

seus resultados.

2.1.3 Porque Avaliar

Rabaglio (2013) assinala que “avaliar com eficiência é a chave do sucesso

na Gestão de Pessoas”. Para ela, o processo de avaliação bem administrado

beneficia funcionários e organização, podendo ser usado para:

• manter a motivação e o compromisso.

• melhorar o desempenho.

• estimular a eficácia da comunicação interna.

• ajustar os objetivos com as metas da organização da equipe.

• analisar o desenvolvimento.

• identificar as necessidades de treinamento.

• comemorar os êxitos e aprender com os insucessos.

• entender as aspirações de carreira.

• avaliar o potencial.

• promover mudanças.

• desafiar e estimular o aperfeiçoamento.

• desenvolver a visão sistêmica da empresa.

• extrair o máximo de produtividade de cada colaborador.

• ter o histórico de desenvolvimento de cada colaborador.

2.1.4 Métodos tradicionais de avaliação de desempenho

De acordo com Pio (2008), os métodos tradicionais de avaliação do

desempenho mais utilizados são: escalas gráficas, escolha forçada, pesquisa de

campo, incidentes críticos e lista de verificação.

Page 18: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

17

• Método das Escalas Gráficas: É o método de Avaliação de desempenho mais utilizado, divulgado e simples. Utiliza um formulário de dupla entrada, no qual as linhas em sentido horizontal representam os fatores de avaliação de desempenho enquanto as colunas em sentido vertical representam os graus de variação daqueles fatores. Geralmente utilizam-se três, quatro ou cinco graus de variação (ótimo, bom, regular, sofrível e fraco) para cada fator.

• Método da Escolha Forçada: Consiste em avaliar o desempenho dos indivíduos por intermédio e frases descritivas de determinadas alternativas de tipos de desempenho individual. O avaliador, ao julgar, escolhe as frases que mais se aplicam ao desempenho do avaliado.

• Método da pesquisa de campo: é feito com assessoria de um especialista (staff) em Avaliação de Desempenho. O especialista vai a cada sessão para entrevistar a chefia sobre o desempenho de seus respectivos subordinados.

• Método dos incidentes críticos: uma técnica sistemática, por meio da qual o superior imediato observa e registra os fatos excepcionalmente positivos e os fatos excepcionalmente negativos a respeito do desempenho dos seus subordinados.

• Método da lista de verificação: É um método tradicional de avaliação do desempenho baseado na relação de fatores de avaliação a serem considerados (check-lists) a respeito de cada funcionário. A lista de verificação funciona como uma espécie de lembrete para o gerente avaliar todas as características principais de um funcionário.

É muito comum organizações que se caracterizam pela complexidade de

seus cargos, recorrerem a uma mistura de métodos na composição do modelo de

Avaliação de Desempenho.

Chiavenato (2008) propõe, ainda, a chamada Avaliação por Objetivos. Neste

método de avaliação o gestor e o colaborador negociam os objetivos a alcançar

durante um período de tempo. Os objetivos devem ser específicos, mensuráveis e

estar alinhados aos objetivos da organização. Periodicamente o gestor e o

colaborador devem se reunir e discutir o nível de desempenho, podendo ser

renegociados os objetivos.

Lara; Silva (2004) relatam que a tendência contemporânea é a Avaliação por

Competências. Nesta avaliação a premissa básica é a de que o funcionário sabe ou

pode aprender a identificar suas próprias competências, necessidades, pontos

fortes, pontos fracos e metas. Assim, ele é a pessoa mais capaz de determinar o que

é melhor para si. O papel dos superiores e da área de recursos humanos passa a

ser o de ajudar o funcionário a relacionar seu desempenho às necessidades e à

realidade da organização.

Page 19: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

18

2.1.5 Problemas comuns na avaliação de desempenho

Segundo Lacombe; Heilborn (2003), os vícios mais comuns em avaliações

de desempenho são: subjetivismo, unilateralidade (avaliar conforme critérios

pessoais e não conforme definido pelo instrumento de avaliação), tendência central

(atribuir conceito sempre médio), efeito halo (avaliar todos os aspectos da mesma

forma, reproduzindo a média da percepção), falta de memória (avaliar apenas os

eventos mais recentes), supervalorização da avaliação, desvalorização da avaliação,

falta de técnica, força do hábito (não considerar mudanças no comportamento desde

a última avaliação) e posições contrárias (assumir uma postura contrária,

independente de quaisquer argumentos).

2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA

Conforme Uchoa et al (2011), a avaliação de desempenho na administração

pública brasileira foi instituída pela Lei do Reajustamento, de 1936. Dentre inúmeras

inovações, essa lei lançou as bases de uma administração de pessoal racional,

institucionalizando o sistema de mérito e fincando as diretrizes do primeiro plano de

classificação de cargos.

Atualmente, a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, regulamenta as

avaliações de desempenho do estágio probatório no âmbito do Poder Executivo

Federal e determina a realização de uma avaliação de desempenho ao final desse

estágio.

Existem ainda duas normas legais pertinentes ao tema em questão, a lei nº

11.907, de 2 de fevereiro de 2009, que instituiu gratificações em diversas carreiras e

cargos da administração pública federal e as vinculou ao desempenho do servidor; e

o decreto nº 7.133, de 19 de março de 2010, que regulamentou os critérios e

procedimentos gerais a serem observados para a realização das avaliações de

desempenho individual e institucional para o pagamento de gratificações de

desempenho em diversas entidades da administração direta e indireta, fundacional e

autárquica do Poder Executivo Federal.

Page 20: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

19

2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

No Exército Brasileiro o primeiro sistema de avaliação foi instituído em 1973.

Desde então foram adotadas várias metodologias, sendo a mais recente do 2º

semestre de 2008, e gerou em 2011 o primeiro do perfil dos militares. É o sistema

que está atualmente em vigor.

Ressalte-se que a avaliação tem grande importância para a vida profissional

dos militares, pois fornece subsídios para decisões administrativas relacionadas a

processos seletivos e de promoções, como será visto a seguir.

2.3.1 Importância da avaliação para o militar

Conforme consta no Art. 15 das Instruções Gerais para Avaliação do

Pessoal Militar do Exército (IG 30-06), os aspectos das competências básicas a

serem considerados pela DA Prom nos diversos processos seletivos e de

promoções poderão ser estabelecidos:

- pelo DGP; - pelo Gabinete do Comandante do Exército, para os processos seletivos de sua competência; - pelas Comissões de Promoção de Oficiais ou de Subtenentes e Sargentos, para os processos de promoção; e - pela Secretaria-Geral do Exército, para os processos de concessão de condecorações.

Verifica-se, portanto, a importância que o resultado da avaliação tem para os

militares do Exército Brasileiro. Esse resultado será utilizado nos processos seletivos

a cargo do Gabinete do Comandante do Exército, estará disponível para as

comissões de promoções e será usado no estudo das propostas de concessão de

medalhas pela Secretaria-Geral do Exército.

Page 21: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

20

2.3.2 Importância da avaliação nos processos seletivos

A DA Prom como gestora do processo de avaliação é solicitada a fornecer

os dados relativos aos militares que concorrem a processos seletivos para cursos e

missões no exterior.

Esses dados são ordenados em mapas de indicadores que incluem o

resultado das avaliações e posicionam os candidatos, servindo como um importante

apoio à decisão nos diversos processos seletivos.

Para a seleção de comandantes de organizações militares, de igual forma, é

consultada a avaliação do oficial integrante do universo para seleção a essa

importante função. No artigo 14 da Portaria 180-DGP, de 5 de dezembro de 2011,

que altera dispositivo das Instruções Reguladoras do Processo de Seleção para

Oficiais para Comando, Chefia ou Direção de Organização Militar (IR 30-25), consta

o seguinte:

Art. 14. Embora não impositivamente é desejável que os futuros Cmt/Ch/Dir OM satisfaçam aos seguintes padrões: I - apresentar, no perfil vigente, todos os aspectos incidindo na faixa de desempenho igual ou superior a representada pela letra “B”; [...].

2.3.3 Importância da avaliação na promoção de militares

Também para a promoção ao posto (oficiais) ou graduação (sargentos)

imediatamente superior, a avaliação para militares do Exército é levada em

consideração.

No que se refere à promoção de oficiais, a Lei de Promoção de Oficiais da

Ativa das Forças Armadas – LPOAFA (1972), estabelece que:

[...] Art 6º Promoção por merecimento é aquela que se baseia no conjunto de qualidades e atributos que distinguem e realçam o valor do oficial entre seus pares; avaliados no decurso da carreira e no desempenho de cargos e comissões exercidos, em particular, no posto que ocupa ao ser cogitado para a promoção.

Page 22: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

21

Cabe ressaltar que os militares são promovidos pelos critérios de

antiguidade e de merecimento, sendo que por este último critério é considerada a

avaliação que o militar teve de seus superiores. Para a promoção por merecimento é

publicado um documento chamado de Quadro de Acesso por Merecimento (QAM),

em que todos os militares pertencentes ao universo que concorre à promoção

recebem uma pontuação que os coloca em uma ordem decrescente de acordo com

o número de pontos que cada um possui. Logicamente os que tiveram maior

pontuação em cada quadro serão promovidos antes dos demais, considerando o

número de vagas estabelecido pela legislação.

A pontuação do oficial e do graduado que vai constar no QAM

corresponderá à soma algébrica de três parcelas: do total de pontos constantes na

Ficha de Valorização do Mérito1, dos pontos da sua avaliação (valores das letras

convertidos em pontos de 0 a 10 por programa de informática) e do total de pontos

apurados pela Comissão de Promoções.

2.3.4 Importância da avaliação na concessão de condecorações

A avaliação tem também importância significativa no estudo para a

concessão de condecorações para o militar. Essas condecorações além de

demonstrar o reconhecimento da Força pelo valor moral e profissional do militar e,

como já visto, contam pontos para a Ficha de Valorização do Mérito, o que pode ter

influência positiva na classificação para processos seletivos e promoção.

A seguir é apresentado um quadro onde constam as condecorações que

fazem referência à avaliação do militar proposto para recebê-la.

1 É um documento onde constam e são pontuados de forma absoluta cursos, condecorações, habilitação em

idiomas, vivência profissional, resultados do teste físico e de tiro, elogios e também são deduzidos pontos

relativos a deméritos (punições e condenações judiciais) que o militar possua em sua carreira.

Page 23: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

22

Medalha Critério para concessão Referência à avaliação Pontos na FVM

Ordem do

Mérito

Militar

Distinguir-se no âmbito da Força, ou entre os seus pares, pelo valor pessoal e pelo zelo profissional e ter prestado ao Exército ou à segurança nacional serviços de relevância, em qualquer domínio: científico, técnico, político-militar, econômico, diplomático.

O inciso III do Art. 26 do Decreto nº 3.522, de 26 de junho de 2000 estabelece que o valor pessoal será apreciado nos aspectos: [...] III - rendimento e qualidade do seu trabalho nos encargos e missões que houver desempenhado.

5

Medalha do

Pacificador

Destina-se a condecorar militares, civis, organizações militares e instituições civis, nacionais e estrangeiras, que tenham prestado relevantes serviços ao Exército e que se tenham tornado credores de homenagem especial da Força, nas condições previstas no Decreto nº 4.207, de 23 de abril de 2002.

A letra c do Inciso I do Art 19 da Portaria Nº 752, de 29 de novembro de 2011 estabelece os seguintes critérios para concessão da Medalha: [...] c) ter, no mínimo, o conceito “C” em todos os aspectos das competências básicas do perfil em vigor, conforme as diretrizes da Diretoria de Avaliação e Promoções.

2

Medalha

Marechal

Osório - O

Legendário

Destina-se a premiar os militares do Exército que, apresentando excelente desempenho funcional e irrepreensível conduta civil e militar, tenham se destacado por seu excepcional preparo físico, demonstrado pelos resultados dos sucessivos testes de aptidão física (TAF) realizados, ou por sua participação como integrante de representações desportivas em competições nacionais ou internacionais.

O inciso V do Art. 4º da Portaria nº 718 de 21 de novembro de 2011 que, para a concessão da Medalha, é necessário o proposto: [...] V - ter, no mínimo, conceito “C” em todos os aspectos das competências básicas do perfil em vigor, conforme as diretrizes da Diretoria de Avaliação e Promoções.

--

Medalha

Sargento

Max Wolf

Filho

Destina-se a premiar os subtenentes e sargentos do Exército Brasileiro, do serviço ativo ou na inatividade, que tenham se destacado pela dedicação à profissão e pelo interesse no seu aprimoramento, agraciando aqueles que demonstrem características e/ou atitudes evidenciadas pelo 2º Sgt Max Wolff Filho, componente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e herói brasileiro da II Guerra Mundial.

O inciso VI do Art. 5º da Portaria nº 746 de 28 de novembro de 2011 que, para a concessão da Medalha, é necessário o proposto: VI - ter, no mínimo, conceito “C” em todos os aspectos das competências básicas do perfil em vigor, conforme as diretrizes da Diretoria de Avaliação e Promoções.

2

Quadro 1: Condecorações e critérios relativos à avaliação do militar Fonte: o autor, baseado na legislação citada na coluna “Referência à avaliação”

Na seção a seguir será apresentada a evolução histórica dos sistemas de

Avaliação de Desempenho adotados pelo Exército Brasileiro.

Page 24: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

23

3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DO EXÉRCITO

BRASILEIRO

Devido à necessidade de preparar a Força Expedicionária Brasileira para se

deslocar para a Itália, na década de 40 do século passado, o Exército Brasileiro teve

de substituir a doutrina que adotava, baseada nos ensinamentos da Missão Militar

Francesa, pela doutrina norte americana, que tinha como base colocar o homem

certo no lugar certo.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, o intercâmbio com os

americanos foi intensificado em vários campos das ciências militares,

particularmente no que se referia à administração de pessoal.

Os militares brasileiros que retornavam de cursos nos Estados Unidos

enfatizavam a necessidade de uma força armada conhecer profundamente o

material humano de que dispunha. No Exército Brasileiro, pouca coisa havia se

realizado sobre o tema.

A única referência que se tinha em relação às habilitações e dados dos

militares no Departamento-Geral do Pessoal (DGP) eram as constantes dos

almanaques de oficiais, subtenentes e sargentos. O dos oficiais existia desde 1829 e

o de praças, a partir de 1934.

Em 1971, com a reorganização do DGP, foi criada a Diretoria de Cadastro e

Avaliação (DCA), inicialmente sediada no Rio de Janeiro e, em 1972, instalada

definitivamente em Brasília.

Em 1972 a edição e distribuição dos almanaques passou a ser feita pela

DCA e com periodicidade anual.

Como conseqüência da criação da DCA, surgiram as primeiras idéias sobre

avaliação de desempenho no Exército Brasileiro. A partir de 1973 passou a ser

desenvolvido um trabalho de pesquisa científica com o Centro de Estudos de

Pessoal (CEP), o qual perdura até os dias atuais (Diretoria de Cadastro e Avaliação,

2001).

Page 25: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

24

3.1 PERÍODO DE 1973 A 1980

3.1.1 O primeiro instrumento de avaliação

Em julho de 1973 surgiu o primeiro instrumento de avaliação, com a criação

e distribuição da Ficha de Informações de Oficial, destinada a avaliar o universo de

capitão a coronel. Essa ficha constituiu o marco inicial de todos os estudos e

procedimentos sobre avaliação realizados pelo Exército. A ficha foi instituída em

cumprimento ao prescrito no Decreto 71848, de 16 de fevereiro de 1973, que

regulamentou a Lei de Promoções de Oficiais da Ativa das Forças Armadas, o qual

determinava que dentre os documentos a serem apresentados à Comissão de

Promoções de Oficiais (CPO), para fins de inclusão no Quadro de Acesso (QA),

deveria constar a Ficha de Informações.

3.1.2 O primeiro sistema formal de avaliação

O primeiro sistema formal de avaliação de desempenho do Exército

Brasileiro passou a vigorar no final de 1977, regido pela Portaria Ministerial nº 2222,

de 24 de novembro de 1977, em caráter experimental, com vigência para os três

anos seguintes.

Por aquele sistema eram avaliados, semestralmente, todos os oficiais

possuidores de Curso de Formação de Oficiais (CFO).

Era constituído pela Ficha de Informações (FI) e estava dividida em três

partes: A, B e C.

A Parte A era composta por 54 proposições e existiam duas opções para o

avaliador: Concordo (C) e Discordo (D), caso fosse ou não aplicável ao avaliado.

A parte B apresentava 10 atributos cuja mensuração seguia uma escala

decrescente de conceitos em que a letra “a” significativa o conceito excelente e a

letra “f” o conceito insuficiente.

Page 26: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

25

A parte C não era de preenchimento obrigatório e nela, se assim o avaliador

desejasse, seriam registrados procedimentos que fugissem à rotina, positiva ou

negativamente do avaliado nos atributos lealdade, coragem, conduta civil,

honestidade ou outros julgados necessários à melhor compreensão do caráter do

oficial. Em 1980 o preenchimento da parte C passou a ser obrigatório.

Os sargentos passaram a ser avaliados somente a partir do ano de

1979, com a aprovação em 16 de outubro, da Ficha de Conceito de Sargentos, pela

qual passaram a ser feitos os registros de desempenho dos primeiros e segundo

sargentos.

3.2 PERÍODO DE 1981 A 2002

3.2.1 O Sistema de 1981

Este sistema entrou em vigor em outubro de 1981 e, através dele, passaram

a ser avaliados semestralmente todos os oficiais possuidores de Curso de Formação

de Oficiais de carreira, de 2º tenente a coronel, inclusive.

Era materializado também por uma Ficha de Avaliação, a qual se dividia em

três partes: A, B e C.

Na parte A constavam 54 proposições sobre comportamentos e, em cada

proposição, o avaliador assinalava com um X no espaço correspondente as letras C

(concordo), P (concordo parcialmente) ou D (discordo), a opção que achasse mais

aplicável ao oficial que estava sendo avaliado.

Na parte B constavam 8 atributos e um local para o avaliador colocar a

menção que julgasse mais adequada em relação àquele atributo, numa escala que

ia da letra A, correspondente ao excelente à letra F, correspondente ao insuficiente.

Na parte C, que não era mais de preenchimento obrigatório, constavam

linhas em branco nas quais o avaliador poderia colocar aspectos que considerava de

difícil mensuração nas outras escalas ou que não se revelavam com regularidade e

ainda atos relacionados à moral do avaliado.

Page 27: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

26

Com base nos dados acumulados nas partes A e B, poderia ser levantado

pela DCA o perfil profissiográfico de qualquer oficial.

A partir de agosto de 1986, foi acrescido o atributo COMUNICAÇÃO na parte

B e a parte C passou a ser de preenchimento obrigatório somente se o avaliado

fosse aspirante-a-oficial (se possuía ou não condições de prosseguir na carreira) ou

se o avaliador quisesse acrescentar um conceito sintético sobre o oficial avaliado.

3.2.2 O Sistema de 1986

As modificações abrangeram somente universo dos subtenentes e sargentos

(de carreira, do Quadro Especial e temporários), além dos alunos do Curso de

Formação de Sargento (CFS) e Curso de Formação de Sargento Temporário

(CFST). Com exceção dos alunos, a avaliação era semestral.

Era um sistema mais aperfeiçoado que o dos oficiais, pois nele foram

aproveitadas as experiências colhidas na aplicação daquele sistema.

Composto da Ficha de Avaliação Modelo B (FI/B), que se dividia em 5

partes: A, B, C, D e E.

Na parte A existiam sessenta proposições e o avaliador assinalar com um X

no espaço correspondente as letras C (concordo), P (concordo parcialmente) ou D

(discordo), a opção que achasse mais aplicável ao graduado que estava sendo

avaliado.

Na parte B constavam 12 atributos e um local para o avaliador colocar a

menção que julgasse mais adequada em relação àquele atributo, numa escala que

ia da letra A, correspondente ao excelente à letra F, correspondente ao insuficiente.

Na parte C o avaliador preenchia de próprio punho as observações a

respeito ao desempenho funcional do graduado e no final atribuía uma das menções

de A a F, a qual tinha que ser coerente com o texto analítico escrito.

A parte D não era de preenchimento obrigatório e continha espaço para o

avaliador escrever mais informações sobre o avaliado, particularmente no que se

referia a conduta Civil, Coragem, Honestidade, Integridade e Lealdade.

Page 28: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

27

A parte E nada continha e destinava-se a futuros dados a serem colocados

pela DCA após estudos e definição daquela diretoria.

3.2.3 O sistema de 1989

O universo de avaliação abrangia tanto oficiais como subtenentes e

sargentos de carreira.

A periodicidade de avaliação continuou a ser semestral e seu objetivo foi

corrigir distorções que foram identificadas nos processos anteriores como a

excessiva generosidade e falta de parâmetros que definissem com exatidão os

aspectos que deveriam ser observados pelos avaliadores na parte C das fichas.

O instrumento de avaliação que foi usado foi a Ficha de Informações tipo A

(FI/A) para oficiais e tipo B (FI/B) para subtenentes e sargentos.

A FI/A (oficiais) era composta pelas partes A, B e C. A parte A era

constituída de 54 proposições em que o grau variava de 0,00 a 1,00, com graus

intermediários de 0,25, 0,50 e 0,75. A parte B apresentava 11 atributos com

avaliação de A (excelente) a F (insuficiente). A parte C deveria ser preenchida

obrigatoriamente e de próprio punho pelo avaliador. Este tinha de exarar um

conceito analítico sobre conhecimentos profissionais, capacidade administrativa e

outras informações a respeito do avaliado. No final, preenchia um campo em que

atribuía uma menção para o oficial, que poderia variar de A a F, na mesma escala da

parte B.

A FI/B (subtenentes e sargentos) tinha o preenchimento muito semelhante à

FI/A. A Parte “A” tinha 60 proposições, 12 atributos na parte “B” e a parte “C” era

adaptada aos cargos dos graduados.

O principal produto dessas avaliações era o perfil profissiográfico do militar.

Cada perfil traduzia o resultado médio das 10 últimas avaliações. Começou a ser

distribuído anualmente a partir de 1990, tendo sido modificado em 1991.

Page 29: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

28

3.2.4 O sistema de 1996

Com esse sistema foi modificada a tendência de avaliar, em um único

padrão, militares de diferentes posições hierárquicas e possuidores de diversificadas

habilitações funcionais.

A avaliação era diferente, sob o aspecto do desempenho funcional, para 7

universos de oficiais e 5 de subtenentes e sargentos. A periodicidade passou a ser

anual.

Eram avaliados todos os militares da ativa, com exceção dos que

estivessem realizando curso no Brasil, exercendo cargo ou missão isolada no

exterior e os sargentos do Quadro Especial (que não freqüentaram CFS).

Para os oficiais foram instituídas a Ficha de Avaliação de Oficiais (FAO), a

Ficha Complementar de Informações e a Ficha de Avaliação de Desempenho de

Oficial em Função de Comando, Chefia ou Direção.

A FAO era composta de três partes: A, B e C. A parte A apresentava 21

pautas comportamentais da área afetiva e o julgamento de cada pauta era feito por

intermédio da concessão de graus pelo avaliador que iam de 1,0 a 5,0 de meio em

meio ponto.

A parte B apresentava 9 atributos que eram avaliados, em graus, da mesma

forma da parte A.

A parte C referia-se ao desempenho funcional, expresso em pautas com 8

proposições, de acordo com a escala de avaliação da parte A, sendo que 7

universos a serem avaliados: oficiais superiores das Armas, Serviço de Intendência

e Quadro de Material Bélico; Intermediários das Armas, Serviço de Intendência e

Quadro de Material Bélico; médicos, farmacêuticos e dentistas; Quadro

Complementar de Oficiais; Quadro de Engenheiros Militares; Serviço de Assistência

Religiosa do Exército e Quadro Auxiliar de Oficiais.

Ao final da ficha existia uma menção final a ser concedida, a qual deveria

estar compatível com a avaliação realizada nas demais partes da ficha.

Page 30: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

29

A Ficha Complementar de Informações apresentava um elenco de

informações funcionais sobre a saúde, ambiente familiar, resultados do Teste de

Avaliação Física (TAF) e Teste de Aptidão no Tiro (TAT). Nesta ficha existia também

um campo para o avaliador justificar, de próprio punho, a concessão de menção final

Excelente ou Insuficiente colocada na FAO.

A avaliação dos oficiais, nesse sistema, era complementada pela Ficha de

Avaliação de Desempenho de Oficial em Função de Comando, Chefia ou Direção,

para aqueles que estivessem em função de comando em unidade.

Para os graduados foi instituída a Ficha de Avaliação de Praça (FAP), a qual

era de formatação semelhante a FAO nas partes A e B. A diferenciação era na parte

C, que se referia ao desempenho funcional e os praças eram divididos em

subtenentes, sargentos com Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS),

sargentos sem CAS, subtenentes e sargentos músicos e subtenentes e sargentos de

Saúde. O conceito sintético do avaliado seguia as mesmas normas estabelecidas

para a FAO.

Existia também a Ficha Complementar de Informações, que tinha como

finalidade a obtenção de dados que complementassem as informações sobre os

avaliados. Assim como na ficha dos oficiais, existia também um campo para o

avaliador justificar, de próprio punho, a concessão de menção final Excelente ou

Insuficiente colocada na FAP.

3.2.5 O sistema de 2000

Por esse sistema passaram a ser avaliados todos os militares de carreira,

compreendendo apreciações distintas para os diversos universos de oficiais e

praças, com exceção dos sargentos do Quadro Especial e dos militares que

tivessem passado mais da metade do período de avaliação considerado realizando

curso.

Diminuiu o número de fichas e foi acrescentado mais um universo de oficiais

que passou a abranger os que estavam em função de comando de unidade ou

subunidade independente. A periodicidade permaneceu anual.

Page 31: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

30

O instrumento de avaliação passou a ser único e era constituído da Ficha de

Avaliação de Oficiais e Praças (FAOP), que era dividida em três partes: A, B e C.

Na parte A constavam 21 pautas comportamentais e seu julgamento era

feito numa escala de valores que variava de 1,0 a 5,0, com posições intermediárias

de 0,5.

Na parte B constavam 9 atributos da área afetiva que era avaliados numa

escala de valores igual à da parte A.

Na parte C constavam proposições funcionais referentes a cada universo

considerado de oficiais ou praças. Esses universos eram os mesmos do sistema

anterior, acrescido como já citado, do universo dos oficiais que estavam em função

de comando de unidade ou subunidade independente.

No final da ficha, o avaliador deveria colocar o conceito sintético do avaliado,

expresso sob a forma de grau e menção utilizando a escala de valores das partes A

e B.

Com a exaração da Portaria nº 118-DGP, de 30 de novembro de 2001, a

FAOP foi modificada. Na parte A o avaliador deveria selecionar 8 atributos da área

afetiva, dentre 42 listados, que eram os mais evidenciados pelo avaliado.

A parte B referia-se à avaliação do desempenho funcional do oficial e da

praça. As proposições funcionais eram apresentadas de acordo com a área de

atuação e o universo funcional do militar avaliado. A cada proposição funcional eram

atribuídos graus de 1 a 5, espaçados de 1 décimo e no final era apresentada a

média dos graus atribuídos e a menção correspondente.

As áreas foram divididas em Comandante de Organização Militar (OM),

Ensino, Administrativa, Operacional e Técnica.

3.2.6 O sistema de 2002

Com a Portaria 117-DGP, de 18 de novembro de 2002 foi aprovado um novo

sistema de avaliação, o penúltimo, até omomento a ser adotado pelo Exército

Brasileiro.

Page 32: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

31

Por aquele sistema os militares passaram a ser avaliados em dois aspectos:

relacionamento e trabalho. Tanto no aspecto relacionamento, como no aspecto

trabalho eram avaliados em 10 atributos da área afetiva.

Cada atributo possuía pautas comportamentais correspondentes a notas de

números inteiros de 1,0 a 10,0. Quando o avaliador atribuísse às pautas

comportamentais as maiores notas (9 e 10) ou menores (1, 2, 3 e 4) deveria justificar

sucintamente sua escolha em campo apropriado da ficha de avaliação.

Por esse sistema era gerado um Perfil do Avaliado, no dia 30 de agosto de

cada ano, para o qual seriam consideradas as 20 últimas avaliações, enquanto este

número não fosse atingido, todas as avaliações seriam consideradas. A

periodicidade de avaliação continuou semestral.

O último perfil gerado por esse sistema foi o de agosto de 2009. A partir de

então entrou em vigor um novo sistema de avaliação. As características desse

sistema serão apresentadas na seção a seguir.

Page 33: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

32

4 O SISTEMA DE AVALIAÇÃO ATUAL

O sistema em vigor foi regulado pelas Instruções Gerais para Avaliação do

Pessoal Militar do Exército (IG 30-06), aprovadas pela Portaria nº 993, de 18 de

dezembro de 2008.

No Exército Brasileiro a legislação de forma mais genérica e abrangente

sobre determinado tema é aprovada pelo Comandante da Força por meio de

instruções gerais (como foi o caso das IG 30-06) e, posteriormente, o chefe do

departamento ao qual o assunto é ligado efetua o detalhamento dos procedimentos

a serem executados por intermédio de instruções reguladoras.

No caso do novo sistema de avaliação implantado em 2008, o detalhamento

foi procedido pelas Instruções Reguladoras para o Sistema de Avaliação do Pessoal

Militar do Exército (IR 30-27), aprovadas pela Portaria nº 336 – DGP, de 31 de

dezembro de 2008.

Atualmente estão em vigor as IR 30-27 aprovadas pela Portaria nº 095 –

DGP, de 6 de julho de 2011, que contém aperfeiçoamentos em relação à redação da

de 2008.

O novo sistema de avaliação foi implementado a partir do 2º semestre de

2008 e trouxe significativas modificações em relação ao sistema de 2002.

Segundo a Diretoria de Avaliação e Promoções, BRASIL (2011)2

Esta mudança teve a principal finalidade de combater a leniência, ou seja, a tendência dos avaliadores de serem benevolentes em sua avaliação, dificultando a percepção do real perfil dos militares pela instituição. A leniência não ocorre quando o avaliador atribui elevado valor na avaliação de militares que, de fato, apresentaram excelente desempenho. Ela ocorre, sim, quando é atribuído elevado valor em relação a militares que não o fizeram por merecer, fornecendo informações falsas à administração. A excessiva leniência compromete a justiça e a eficiência dos processos decisórios no âmbito da Força.

2 Informação constante no vídeo institucional “Transformações no Sistema de Avaliação do Pessoal Militar do

Exército”, distribuído às organizações militares em 2011.

Page 34: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

33

De acordo com as IR 30-27, os objetivos da avaliação por este sistema

passaram a ser:

• Fornecer à instituição informações sobre o desempenho de seus integrantes;

• Possibilitar o planejamento e a execução de ações para a correção de desempenhos insatisfatórios;

• Permitir o constante aperfeiçoamento de militares; e

• Subsidiar os processos decisórios que utilizam os resultados da avaliação.

Os militares passaram a ser avaliados com base em três competências

básicas: a profissional (orientada para o resultado do trabalho), o relacionamento

interpessoal (com foco na harmonia das relações sociais) e espírito militar

(específica da carreira das armas, onde são relevantes os princípios e valores

militares).

Cada competência básica é constituída, para fins de avaliação de vários

aspectos, conforme os quadros a seguir:

Page 35: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

34

COMPETÊNCIA

BÁSICA ASPECTOS A SEREM AVALIADOS

PROFISSIONAL

Conhecimento e Habilidade Técnico-Profissional - conhecimento

e habilidades técnicas necessárias ao desempenho profissional.

Conhecimento Institucional - conhecimentos de assuntos

específicos ou correlacionados com a atividade castrense, que

habilitam o avaliado a atuar com desenvoltura, não apenas no

exercício funcional do cargo que ocupa, mas em todas as

diferentes áreas de atuação militar.

Cultura Geral – conhecimentos que vão além dos assuntos

estritamente militares e abrangem diferentes áreas do saber

humano.

Capacidade de Trabalho – capacidade de atingir os resultados

desejados com o emprego judicioso dos recursos disponíveis.

Qualidade do Trabalho – capacidade de realizar com qualidade as

ações e processos funcionais, visando resultados que se

distinguem pela excelência.

Capacidade de Inovação – capacidade de formular novos

conceitos e práticas que levem ao aperfeiçoamento das ações,

das metodologias e dos processos correntes, de forma a alcançar

resultados cada vez mais ajustados às necessidades da

organização.

Comunicabilidade – capacidade de comunicação oral e escrita,

que possibilita a transmissão de idéias de forma clara, concisa e

precisa, em observância às normas da linguagem culta, ajustada

e acessível ao público alvo.

Capacidade de Direção e Controle – capacidade de conduzir

processos gerenciais e administrativos de forma a atingir os

resultados desejados por meio das pessoas.

Confiabilidade – grau de confiança que desperta, em razão do

seu desempenho funcional e postura militar, refletindo o grau de

credibilidade do profissional militar.

Quadro 2: Detalhamento dos aspectos da Competência Profissional a serem avaliados Fonte: Portaria nº 095-DGP, de 6 de julho de 2011.

Page 36: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

35

COMPETÊNCIA BÁSICA ASPECTOS A SEREM AVALIADOS

RELACIONAMENTO

INTERPESSOAL

Camaradagem – capacidade de interagir com seus companheiros de farda,

sejam seus superiores, pares ou seus subordinados. É fundamental no

interesse coletivo, no espírito de cooperação, no respeito e no tato.

Interação com a sociedade – capacidade de integrar-se com a sociedade,

respeitar as regras de convivência social, ter participação comunitária e

cumprir os deveres de cidadão.

Liderança Militar – capacidade de mobilizar a vontade, de manter a coesão e o

moral de sua equipe ou de pessoas, levando-as ao cumprimento de qualquer

tipo de missão, mesmo aquelas em situações adversas, onde haja o evidente

risco para vida.

Quadro 3: Detalhamento dos aspectos da Competência Relacionamento Interpessoal a serem avaliados Fonte: Portaria nº 095-DGP, de 6 de julho de 2011.

COMPETÊNCIA BÁSICA ASPECTOS A SEREM AVALIADOS

ESPÍRITO MILITAR

Atitude Militar – comprometimento do militar com os deveres, valores e

princípios da ética institucional, em especial a lealdade, a probidade, a

verdade, a responsabilidade e o sentimento do dever, princípios de honra que

levam o militar a sobrepor os interesses da Instituição aos seus interesses

pessoais.

Postura e Apresentação Militar – atitude de permanente atenção para com a

sua imagem, uniformizado ou não, consciente de que a sua postura e

apresentação pessoal devem ser condignas com a sua condição de militar

integrante do Exército Brasileiro.

Disciplina Militar – capacidade de acatar e cumprir as leis, regulamentos,

normas e disposições que fundamentam o organismo militar e pela atitude de

respeito à hierarquia dentro da estrutura das Forças Armadas.

Resistência Física e Mental – capacidade de resistir à fadiga, mesmo diante

de esforços prolongados. Este aspecto também é evidenciado pela

permanência na ação, em relação às particularidades da atividade, e pela

quantidade de trabalho suportada ou que o militar é capaz de realizar.

Quadro 4: Detalhamento dos aspectos da Competência Espírito Militar a serem avaliados Fonte: Portaria nº 095-DGP, de 6 de julho de 2011.

Page 37: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

36

Por este sistema, a avaliação passou a ser feita anualmente e realizada com

auxílio de um programa de informática próprio e realizada em dois ambientes: o da

avaliação interna, onde o militar é avaliado por até três avaliadores, oficiais de

carreira, que tenham condições de observar o desempenho do militar e a externa,

que é facultativa e realizada por oficiais generais, que tenham condições de avaliar o

desempenho de algum militar. Normalmente esta avaliação é realizada quando o

oficial ou praça ficou, provisoriamente, realizando trabalhos em determinado período

de tempo durante o ano sob o comando de algum oficial general e este julgou

importante se manifestar sobre aspectos específicos do desempenho do militar.

A conceituação é feita pelo avaliador conferindo a cada aspecto a pauta que

mais corresponde ao desempenho do avaliado, que pode ser a letra A (desempenho

mais positivo) até letra E (desempenho mais negativo). A pauta correspondente a

letra A pode ser atribuída pelo avaliador, no máximo, cinco vezes para cada

avaliado.

É desejável que o avaliador avalie todos os aspectos constantes das fichas.

Eventualmente pode abster-se de avaliar no máximo três aspectos, selecionando a

opção “aspecto não observado – NO”. Entretanto, é impositiva a avaliação de pelo

menos um aspecto que compõe cada uma das Competências Básicas.

Existe a orientação para que cada comandante envide esforços para que

cada militar seja avaliado por mais de um avaliador. O ideal que sejam três

avaliadores para cada militar.

Na avaliação externa, facultativa e realizada por oficiais generais, devem ser

avaliados apenas os aspectos sobre os quais tenha sido feita uma observação, não

havendo limites para a seleção da opção “aspecto não observado – NO”.

Após o término do trabalho dos avaliadores internos, o comandante tem

como atribuição analisar cada ficha de avaliação e, caso concorde com a opinião

dos avaliadores, procederá a homologação das avaliações. Ele pode desconsiderar

qualquer avaliação realizada em sua organização militar e pode também designar

um outro oficial de carreira para realizar nova avaliação sobre qualquer militar que

lhe seja subordinado, desde que este tenha vínculo funcional com o avaliador.

Page 38: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

37

Quando o comandante proceder a homologação das avaliações no

programa de informática, as fichas de avaliação serão gravadas em definitivo no

banco de dados do Departamento-Geral do Pessoal, não sendo mais possível a

organização militar alterá-las.

Após o processamento das avaliações pela Diretoria de Avaliação e

Promoções, esta disponibilizará um relatório ao comandante com os militares que

apresentaram médias correspondentes às letras D ou E em qualquer um dos

aspectos para acompanhamento e orientação específica a esses militares.

4.1 PERFIL DO AVALIADO

Em 30 de agosto de cada ano, a partir de 2011, passou a ser disponibilizado

no sítio do DGP na Internet o perfil de cada militar, com base nas avaliações válidas

dos últimos cinco períodos de avaliação.

Esse perfil é constituído pelas médias de cada aspecto avaliado, calculadas

com base nas médias das avaliações de cada período considerado, representadas

por letras indicadoras de faixas de desempenho, conforme o quadro a seguir:

Letra correspondente a Faixa

de Desempenho Descrição das Faixas de Desempenho

A O avaliado demonstrou excepcional grau de desempenho, alcançando excelentes resultados em relação ao aspecto considerado, na maioria das situações em que foi observado por seus avaliadores;

B O avaliado demonstrou elevado grau de desempenho, alcançando resultados de alto nível em relação ao aspecto considerado, em diversas situações em que foi observado por seus avaliadores

C O avaliado demonstrou desempenho satisfatório, atendendo às expectativas básicas relacionadas ao aspecto considerado, nas situações em que foi observado por seus avaliadores

D O avaliado demonstrou dificuldades de desempenho, que eventualmente prejudicaram os resultados relacionados ao aspecto considerado, em algumas das situações em que foi observado por seus avaliadores

E O avaliado demonstrou acentuadas deficiências de desempenho, que prejudicaram significativamente os resultados relacionados ao aspecto considerado, em muitas das situações em que foi observado por seus avaliadores

NO Não foram efetuadas observações em relação ao aspecto considerado no período de avaliação

Quadro 5: Detalhamento das faixas de desempenho e suas descrições

Fonte: Portaria nº 095-DGP, de 6 de julho de 2011.

Page 39: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

38

O modelo de perfil do avaliado corresponde ao Anexo A do presente trabalho.

4.2 AUDITORIA E RECURSOS RELATIVOS À AVALIAÇÃO

Após o processamento das avaliações a DA Prom realiza uma auditoria nas

mesmas e, identificadas inconsistências e fichas discrepantes no tratamento

estatístico, estas poderão ser submetidas à Comissão de Análise de Fichas de

Avaliação (CAFA), nomeada pelo Chefe do Departamento-Geral do Pessoal e

poderão ser total ou parcialmente anuladas.

Além disso, o militar pode pedir vistas às fichas de avaliação que compõem

o seu Perfil, mediante requerimento ao Chefe do DGP, através do canal de

comando.

Após ter acesso às suas fichas de avaliação, caso discorde de alguma

delas, poderá solicitar análise de qualquer das fichas que compõem o seu perfil ,

mediante requerimento dirigido ao Chefe do DGP. Nesse requerimento, o militar

deverá apresentar as razões e argumentos que motivam o seu pleito. De posse

desse requerimento, a DA Prom solicitará informações ao comandante da OM da

época da avaliação, aos avaliadores e avaliados e considerará as referências

elogiosas e punições ocorridas no período, que sejam relacionadas aos aspectos

analisados.

Após a análise, emitirá parecer pela manutenção ou desconsideração da

avaliação registrada nas Fichas de Avaliação que compõem o perfil do militar. O

parecer decorrente desta análise será, então, encaminhado ao Chefe do DGP para

aprovação e o militar que tiver uma avaliação ou ficha de avaliação desconsiderada,

integral ou parcialmente, terá seu perfil atualizado.

Page 40: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

39

5 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

Como já visto, o Governo Federal, definiu a importância do tema de

competências para todas as organizações públicas com a publicação do Decreto

5.707, de 23 de fevereiro de 2006. Este decreto instituiu a Política e as Diretrizes

para o desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública Federal Direta,

Autárquica e Fundacional (BRASIL, 2006) e evidencia, em seu artigo 1º, suas

finalidades:

• melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão; • desenvolvimento permanente do setor público; • adequação das competências requeridas dos servidores aos objetivos das instituições, tendo como referência o plano plurianual; • divulgação e gerenciamento das ações de capacitação; e • racionalização e efetividade dos gastos com capacitação.

Sobre esse assunto, Leme (2011), observa que:

Indo diretamente ao ponto, Gestão por Competências ainda é um tema de muito discurso, porém muito incipiente no setor público. Não que empresas privadas estejam anos-luz à frente e tampouco em relação à capacidade das pessoas em realizar um projeto ou ainda de não poder compartilhar dos sonhos ou benefícios que ela possa trazer, mas por uma questão cultural do serviço público [...] e pela “proteção” da estabilidade que dá o falso direito para alguns maus servidores de não querem se desenvolver tendo um desempenho inapropriado.

A publicação desse Decreto fez com que as organizações públicas

considerassem o modelo de competências na formulação de seus planos de

capacitação.

5.1 CONCEITO DE COMPETÊNCIA – CHA

É consenso entre os diversos autores que quando falamos em competências

não tem como não citar a abreviatura CHA, que representa as palavras

conhecimentos, habilidades e atitudes.

Um conceito de competências bastante abrangente é fornecido por Parry

apud Leme (2011):

Page 41: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

40

Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas, que afeta parte considerável a atividade de alguém, que se relaciona com seu desempenho, que pode ser medido, segundo padrões preestabelecidos, e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento.

O quadro a seguir detalha os conceitos de conhecimentos, habilidades e

atitudes:

C H A

Conhecimentos Habilidades Atitudes

Saber Saber fazer Querer fazer

O que sabemos mas não

necessariamente

colocamos em prática

O que praticamos, temos

experiência e domínio

As características

pessoais, que nos levam a

praticar ou não o que

conhecemos e sabemos

Quadro 6: Detalhamento do conceito de conhecimentos, habilidades e atitudes Fonte: Rabaglio (2013).

Para Rabaglio (2013) em todas as atividades que desempenhamos

precisamos de conhecimentos, habilidades e atitudes específicas que são os nossos

diferenciais de qualidade, excelência e resultados. Portanto, para essa autora pode-

se definir competência como: conhecimentos, habilidades e atitudes que são os

diferenciais de cada pessoa e tem impacto em seu desempenho e

consequentemente nos resultados atingidos.

Nessa linha de raciocínio, muitos autores costumam separar o CHA em dois

grupos para poder trabalhar de forma prática a implantação dos projetos de Gestão

por Competências. Esses dois grupos de competências são:

• Competências Técnicas – É tudo o que o profissional precisa ter para

desempenhar seu papel. São expressas pela letra C e letra H do CHA, o “saber” e o

“saber fazer”.

• Competências Comportamentais – São o diferencial competitivo de cada

profissional e têm impacto em seus resultados. São expressas pela letra A do CHA,

o “querer fazer”.

Page 42: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

41

Leme (2012) cita o “quarteto” que deve ser utilizado para o desenvolvimento

das pessoas na Gestão por Competências:

• Mapear

• Avaliar

• Feedback

• Plano de Ação

Neste trabalho serão apresentadas, portanto, essas quatro atividades ou

ações necessárias para o entendimento da Gestão por Competências.

5.2 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS

Segundo Rabaglio (2013) mapear competências significa identificar as

competências técnicas e comportamentais que são pré-requisitos para o atingimento

das estratégias da organização.

E no entendimento da autora o caminho para encontrar as competências

técnicas e comportamentais são os Indicadores de Competências do Cargo ou

Função. Portanto são necessárias todas as informações a respeito do cargo para

que se chegue a conclusão de quais conhecimentos, habilidades e atitudes são

imprescindíveis para o sucesso nos resultados do cargo.

5.2.1 Mapeamento de competências técnicas

Para Leme (2012) existem três métodos principais de mapear as

competências técnicas: leitura das descrições da função atualizadas; entrevista com

o superior imediato da função e com colaboradores que executam a função; e

formulários de coleta de dados.

De acordo com o autor o meio mais convencional é a leitura das descrições

atualizadas da função. A entrevista é a menos utilizada por conta do custo do

processo, porém pode ser utilizada para algumas funções estratégicas dentro da

organização, ou mesmo para questões que não ficarem claras pelos outros métodos.

Os formulários para a coleta de dados são uma alternativa se a instituição

não tiver a descrição das funções atualizadas e poderão ser aproveitados para

atualizar essas descrições.

Page 43: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

42

5.2.2 Mapeamento de Competências Comportamentais

Segundo Leme (2012), as pessoas apresentam a todo momento indicadores

de competências comportamentais por meio de seus comportamentos diários. É fato

também que nem sempre estes comportamentos são adequados, sendo que alguns

precisam ser melhorados, outros desenvolvidos e outros até “implantados”, por ainda

não serem evidenciados.

A finalidade do mapeamento das competências comportamentais é

identificar quais são esses comportamentos, os bons, os ruins e quais precisam ser

desenvolvidos nos servidores.

5.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO COM FOCO EM COMPETÊNCIAS

Várias ferramentas e diversos modelos de avaliação podem ser usados na

Avaliação com Foco em Competências. Para isso é necessário que cada cargo

tenha definido seu perfil de competências e a ferramenta de avaliação seja usada

para identificar as competências do perfil que já estão presentes no comportamento

do avaliado e aquelas que precisam de desenvolvimento e aperfeiçoamento.

Portanto, é importante que todos os membros de uma organização tenham

conhecimento da descrição do seu cargo atualizada e das competências técnicas e

comportamentais que são necessárias para exercê-lo. Essas informações serão de

fundamental importância para que se possa planejar o desenvolvimento profissional

de cada um e os ajustes que forem necessários ao seu perfil.

A avaliação com foco em competências é uma ferramenta que proporciona

verificar com clareza a diferença entre o desempenho real o desempenho esperado

e, baseado no que for observado, se possa fazer um plano de ação em busca do

perfil adequado e o desempenho compatível com a expectativa do cargo.

5.3.1 Regras básicas para a avaliação de desempenho

Leme (2012) propõe regras básicas para construir uma avaliação de

desempenho, as quais são apresentadas, de forma resumida, no quadro a seguir:

Page 44: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

43

Regra Comentário

1. Não é possível implantar a Avaliação de Desempenho inciando-se pela avaliação

É preciso iniciar pelo empenho, ou seja, é preciso estabelecer as regras do jogo e determinar o que será avaliado e como, para que possa haver o empenho consciente de toda a organização.

2. É necessário que haja um período razoável entre a implantação do processo da avaliação e o momento da Avaliação de desempenho

O período entre a divulgação do início da avaliação e o momento da avaliação deve ser o suficiente para que possam ser gerados resultados. Geralmente esse período é de, no mínimo, seis meses e, mais comum, de um ano.

3. É preciso deixar claro qual o resultado esperado e como acontecerá a avaliação

Definir objetivos não significa querer ou não trabalhar um ou outro deles, pois os objetivos devem estar inseridos na estratégia da organização e, certamente alguns, mesmo que difíceis e dolorosos, precisam ser trabalhados.

4. O avaliador precisa estar preparado para avaliar

Se a avaliação é o valor determinado pelos avaliadores, é preciso que esse valor seja justo e que não haja dúvida sobre ele. Daí a importância em utilizar critérios justos e mensuráveis.

5. É necessário apresentar o resultado ao avaliado

Se o colaborador não tiver acesso, não apenas ao resultado da avaliação, mas a uma orientação sobre esse resultado e o detalhamento de sua composição, ele ficará sem saber o que fazer.

6. Não assumir o que não pode ser cumprido Um dos problemas comuns no processo de avaliação é a organização estabelecer vários objetivos não alcançáveis, irreais. Assim é fundamental não cometer exageros na fase de preparação da avaliação.

Quadro 7: Regras básicas para construir uma avaliação de desempenho Fonte: Leme (2012), adaptado pelo autor.

Segundo esse autor, a Avaliação de Desempenho é o passado, sempre foi.

Porém a Avaliação de Desempenho com Foco em Competências olha para o futuro,

que é o desenvolvimento das pessoas e onde os resultados obtidos no passado

servem, ao serem analisados, para a criação de novas estratégias e alternativas.

Isso permite que os resultados a serem alcançados na próxima avaliação de

desempenho possam ser melhores em termos do colaborador e, por consequência,

da organização.

5.3.2 Banco de talentos

No escopo da Avaliação de Desempenho com Foco em Competências uma

das estratégias gerenciais que vem sendo difundida é a formação de um Banco de

Talentos Internos, através da identificação dos potenciais das pessoas que

compõem cada organização.

Page 45: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

44

E um Banco de Talentos nada mais é que um banco de dados que configure

informações sobre competências que algum colaborador tenha em destaque além

daquelas que seu cargo requer.

Segundo Gramigna (2003) dentre outras características que os bancos de

talentos possuem, destacam-se as seguintes:

• permite a identificação de talentos ocultos disponíveis na organização;

• auxilia nas tomadas de decisão relativas a remanejamentos, promoções e

formação de grupos de aconselhamento.

5.4 FEEDBACK

Rocha (2012) define feedback como o procedimento que consiste no

provimento de informação a uma pessoa sobre o desempenho, conduta ou

eventualidade executada por ela, objetivando reorientar e/ou estimular uma ou mais

ações determinadas, executadas anteriormente.

Para ele, o objetivo do feedback, para quem aplica, deve ser o de mostrar ao

outro como ele é visto, com a finalidade de maximizar o seu desempenho ou de

readequá-lo ao objetivo proposto pela organização.

Leme (2007) complementa afirmando que

o feedback é, sem dúvida, a maneira mais simples e sem qualquer custo adicional para a empresa manter seus colaboradores alinhados às expectativas estratégicas. Quando bem aplicado, de forma criteriosa e direcionada às necessidades organizacionais, possibilita ao colaborador visualizar, entender e compreender suas potencialidades, seus pontos de melhoria e o impacto nos resultados da empresa.

5.4.1 Tipos de Feedback

Rabaglio (2013) classifica os feedback em três tipos: feedback positivo,

feedback construtivo e feedback destrutivo.

O quadro a seguir apresentas as características destes três tipos de

feddback.

Page 46: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

45

Tipo Características

Feedback Positivo

Demonstra reconhecimento e valoriza o que as pessoas fazem de bom. Reforça os pontos fortes para aumentar os comportamentos positivos. Alimenta a autoestima, contribuindo para aumentar a segurança, a autoconfiança e o poder de realização

Feedback Construtivo

É toda informação específica referente a um determinado comportamento ou desempenho, que encoraja uma pessoa a melhorá-los, reforçá-los ou desenvolvê-los. Ao invés de julgar ou criticar, são reveladas as percepções ao comportamento do avaliado, o que funciona para atingir os resultados.

Feedback Destrutivo

Foca apenas nos comportamentos negativos e ignora os positivos. Há ausência de reconhecimento e valorização e ênfase nos erros e comportamentos inadequados. Atinge de forma negativa a autoestima das pessoas.

Quadro 8: Tipos de Feedback Fonte: Rabaglio (2013) adaptado pelo autor.

5.5 PLANO DE AÇÃO

Quando uma pessoa não corresponde à expectativa da organização, o fato é

analisado pelos gestores para verificar se tem motivação na própria organização ou

é resultante de deficiências individuais.

Podem ser problemas comportamentais, falta de conhecimento ou

habilidades ou mesmo falta de orientação. Descoberto o problema, estabelece-se

com a pessoa um Plano de Ação para o seu desenvolvimento e posteriormente

afere-se sua afetividade.

Para Dutra (2002), a cumplicidade entre a chefia e o subordinado no

estabelecimento do Plano de Ação aumenta as chances de sucesso do plano. É

necessário habilidade para a chefia em propor ações de desenvolvimento do

subordinado capazes de corrigir os pontos fracos e potencializar os fortes.

5.6 RESUMO SIMPLIFICADO DAS AÇÕES NA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

Apresenta-se a seguir um quadro com o resumo simplificado das ações a

serem desenvolvidas na Gestão por Competências.

Page 47: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

46

Ordem Ação

1 Informar ao colaborador sobre sua descrição de cargo atualizada e fazer as devidas alterações sempre que houver mudanças.

2 Informar e discutir o perfil de competências técnicas e comportamentais com o colaborador para que ele tenha total clareza do que é esperado sobre seu desempenho.

3 Fazer a avaliação com foco em competências, periodicamente, para assegurar a eficácia no desempenho e o aperfeiçoamento contínuo do colaborador.

4 Identificar na avaliação as competências a serem desenvolvidas e fazer em consenso o Plano de Desenvolvimento, que deverá ter acompanhamento do líder imediato até a próxima avaliação.

Quadro 9: Ações na Gestão por Competências Fonte: Rabaglio (2013).

Com base nos dados estudados serão apresentadas, na seção seguinte,

propostas de ações visando o aperfeiçoamento do Sistema de Avaliação do

Exército.

Page 48: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

47

6 PROPOSTA DE AÇÕES

Consoante com o Objetivo Geral deste trabalho, estabelecido como “Analisar

o Sistema de Avaliação do Exército Brasileiro e propor ações visando o

aperfeiçoamento do mesmo utilizando de forma mais efetiva preceitos da Gestão por

Competências”, nesta seção serão apresentadas as propostas de ações deste autor.

6.1 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

É importante ressaltar a seriedade com que todos os envolvidos, avaliadores

e avaliados, devem encarar o sistema de avaliação no Exército Brasileiro.

Não deve ser visto simplesmente como cumprimento de um preceito

regulamentar mas, sobretudo, um poderoso instrumento de melhoria de

desempenho dos integrantes da Força, uma vez que possibilita identificar

comportamentos dissonantes do que se espera de oficiais e praças para corrigi-los e

também identificar aqueles que se destacam para fortalecer e potencializar suas

boas condutas.

Para que isso aconteça os avaliadores devem estar plenamente preparados

e cientes do funcionamento do processo de avaliação e os avaliados estarem em

condições de entender o que será considerado e plenamente abertos às orientações

que receberem para correção de rumos em relação à sua conduta profissional.

Cabe ressaltar que as ações que serão propostas buscarão otimizar o que é

previsto nas Instruções Reguladoras para o Sistema de Avaliação do Pessoal Militar

do Exército (IR 30-27), uma vez que o sistema atual já contempla a avaliação em

três competências básicas: a profissional (orientada para o resultado do trabalho), o

relacionamento interpessoal (com foco na harmonia das relações sociais) e espírito

militar (específica da carreira das armas, onde são relevantes os princípios e valores

militares) e cada competência básica é constituída, para fins de avaliação, de vários

aspectos, conforme visto na seção 4 do presente trabalho.

As ações propostas visarão adicionar mais algumas ferramentas da Gestão

por Competências ao sistema, visando aperfeiçoá-lo e, no nosso entendimento,

melhorá-lo.

Page 49: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

48

Para uma melhor compreensão, as ações propostas serão apresentadas

seguindo o que Leme (2012) chamou de “quarteto” que deve ser utilizado para o

desenvolvimento das pessoas na Gestão por Competências: mapear, avaliar,

feedback e plano de ação.

6.2 PROPOSTA RELATIVA AO MAPEAMENTO

Foi visto que o sistema atual contempla a avaliação das competências

básicas, ou seja, o mínimo de competências técnicas e comportamentais que todos

os militares de carreira precisam ter ou desenvolver para estarem alinhados com os

preceitos da Força.

O que se propõe é que também sejam estabelecidas e mapeadas as

competências relacionadas aos diversos grupos profissionais existentes na

instituição. Esse mapeamento inicialmente não seria feito especificamente para cada

cargo, devido à enorme quantidade e à multiplicidade existente, mas por grupos

profissionais, que paulatinamente poderiam ser mais detalhados com o passar do

tempo.

Com esse mapeamento seriam definidas e especificadas as competências

que se deseja em cada grupo específico de militares, de acordo com o cargo que

ocupa.

Numa primeira aproximação já poderia ser utilizada a divisão estabelecida

pela Portaria Nº 118-DGP, de 30 de novembro de 2001, que já foi citada na seção 3

do presente trabalho e que consta no quadro a seguir:

Page 50: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

49

Área Cargo desempenhado por

Comando de Organização Militar (OM) - Comandante de OM com autonomia administrativa - Comandante de OM sem autonomia administrativa

Ensino - Oficial Instrutor - Subtenente e Sargento monitor

Administrativa - Oficial com Eceme - Oficial com EsAO - Oficial do QCO - Oficial de Saúde - Oficial Engenheiro Militar - Oficial da AMAN - Oficial do QAO - Oficial do SAREx - Subtenente / Sargento com CAS - Sargento sem CAS

Operacional - Oficial com Eceme - Oficial com EsAO - Oficial da AMAN - Subtenente / Sargento com CAS - Sargento sem CAS

Técnica - Oficial com Eceme - Oficial com EsAO - Oficial da AMAN - Oficial de Saúde - Oficial Engenheiro Militar - Oficial do QCO - Oficial do QAO - Oficial do SAREx - Sargento de Aviação com CAS - Sargento de Aviação sem CAS - Sargento de Intendência com CAS - Sargento de Intendência sem CAS - Sargento de Manutenção de Comunicações com CAS - Sargento de Manutenção de Comunicações sem CAS - Sargento de Material Bélico com CAS - Sargento de Material bélico sem CAS - Subtenente / Sargento Músico - Subtenente / Sargento de Saúde com CAS - Sargento de saúde sem CAS - Subtenente / Sargento de Topografia com CAS - Sargento de Topografia sem CAS

Quadro 10 – Relação de cargos por áreas Fonte: Portaria Nº 118-DGP, de 30 de novembro de 2001.

Pode-se verificar que o trabalho de mapeamento das competências será um

trabalho bastante denso, mas que valerá a pena por ter condições de particularizar e

identificar as competências de cada cargo dentro da instituição.

Cabe ressaltar que o Centro de Estudos de Pessoal (CEP) já está

desenvolvendo um projeto denominado “Descrição de Cargos e Atribuições” por

força de Portaria do DGP e possui como principal objetivo disponibilizar catálogos

Page 51: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

50

contendo a descrição das atribuições referentes a todos os cargos de oficiais e

praças constantes nos Quadros de Cargos Previstos (QCP) das organizações

militares da Força com todos os atributos da área afetiva, cognitiva e psicomotora

considerados indispensáveis ou necessários ao seu desempenho (CEP, 2013)

Os resultados deste projeto poderão ser aproveitados no mapeamento dos

diversos cargos e das competências necessárias para sua ocupação.

6.3 PROPOSTA RELATIVA A AVALIAÇÃO

Como verificado no item anterior as competências básicas já constam na

Ficha de Avaliação do sistema atual.

O que se propõe é a adoção de ficha com as competências para grupos de

militares conforme o mapeamento dos cargos, isto é, a ficha contendo as

competências que se consideram importantes para cada cargo devidamente

mapeado.

Enquanto o mapeamento não tivesse sido completado para todos os cargos

a ficha com as competências básicas corresponderia a 70% do valor numérico do

conceito do militar e os outros 30% para as competências específicas do cargo.

A avaliação seria realizada utilizando as mesmas ferramentas de tecnologia

da informação utilizadas atualmente, inclusive com um campo para que fosse

disponível ao avaliador sugerir atualizações de competências para os diversos

cargos. Essas sugestões seriam devidamente justificadas, advindas da experiência

do militar no dia a dia e no contato freqüente com os militares ocupantes dos cargos

na OM. Os próprios avaliados poderiam ser também provocados pelo avaliador para

apresentar sugestões. Posteriormente, todas as sugestões seriam reunidas e

analisadas pela equipe de gestão da avaliação na alta administração.

Considerando a criação e manutenção de um Banco de Talentos para o

Exército, citado na seção 5 do presente trabalho, propõe-se que uma das telas

disponíveis no aplicativo de avaliação fosse a inclusão do nome de militares que

demonstrassem um acentuado destaque em tarefas que não fizessem parte do rol

de competências previstos para o cargo que ocupam.

Essas novas competências a serem indicadas já viriam especificadas no

aplicativo e seriam relacionadas mediante solicitação dos diversos órgãos ao DGP.

Page 52: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

51

Essas tarefas, numa primeira aproximação, seriam relacionadas a Assessoramento

Jurídico, Desenvolvimento de Sistemas de Informática, Magistério, Comunicação

Social e Gerenciamento de Projetos.

Cabe ressaltar a importância que teria o avaliador em alimentar esse banco

de talentos. Só deveriam dele constar militares que efetivamente tivessem uma

excepcional capacidade e, logicamente, possuíssem uma formação acadêmica que

os habilitasse a serem aproveitados na área em que forem relacionados.

Quando algum órgão tivesse necessidade de um militar com formação em

uma das áreas específicas, esse banco de talentos seria consultado e o militar

requerido seria localizado.

6.4 PROPOSTA RELATIVA AO FEEDBACK

O feedback nada mais é que uma reunião entre avaliador e avaliado em que

é dado o retorno ao avaliado sobre seu desempenho.

Porém não é tarefa simples de ser realizada. Para que os avaliadores

estejam em condições de dar esse feedback há necessidade de uma preparação

bastante cuidadosa.

Sugere-se um treinamento que poderia ser coordenado pelo DGP,

conduzido nos comandos militares de área e posteriormente repassados através de

militares que serviriam de multiplicadores, com utilização maciça de tecnologia da

informação para o aprendizado. A proposta é que militares encarregados desta

tarefa estivessem, no mínimo, no posto de capitão.

Propõe-se também que os graus obtidos que constarem nos perfis dos

militares sejam expressos em números e não em faixas de desempenho

representadas por letras, como é feito atualmente.

E que as fichas de avaliação preenchidas estejam disponíveis na área de

Informações de Pessoal de cada militar na página do DGP na internet,

imediatamente após a divulgação do perfil do militar, no dia 30 de agosto de cada

ano. Dessa forma não haveria mais necessidade de requerimento ao Chefe do DGP

para acessar as fichas.

Nesses feedbacks é importante o desenvolvimento de uma aproximação

positiva entre avaliador e avaliado. Devem ser informados resultados das

Page 53: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

52

competências básicas e das específicas para o cargo ocupado pelo militar e,

principalmente a diferença entre os resultados percebidos e os esperados.

Devem ser usados os feedbacks positivos e os construtivos, nunca os

destrutivos.

Os avaliadores devem ter em mente que o feedback não é uma opinião, nem

uma bronca, nem um conselho. É uma informação que deve ser transmitida de

forma precisa e direta para que atinja os resultados esperados, obviamente, como já

dito, com o preparo necessário e os devidos cuidados.

6.5 PROPOSTA RELATIVA AO PLANO DE AÇÃO

Com base no que for observado na avaliação e transmitido no feedback será

estabelecido um plano de desenvolvimento individual para o avaliado propondo

ações de melhoria de seu desempenho.

Cada militar que não tenha tido o desempenho esperado será acompanhado

pelo seu superior imediato durante a implementação das ações de desenvolvimento,

que podem ser formais e informais.

Exatamente nesse ponto entra a ação de comando do superior imediato. Ele

pode estabelecer palestras, instruções específicas, participação em atividades

dirigidas, etc. Cabe ressaltar que nem sempre serão necessárias ações formais de

desenvolvimento. Às vezes a leitura de um manual, um texto, a ajuda de um par ou

companheiro mais antigo pode sanar a dificuldade apresentada pelo avaliado.

Na avaliação subseqüente verifica-se se a discrepância de desempenho foi

eliminada ou não. Caso ainda apresente deficiência, faz-se o feedback e propõe-se

novas ações de correção.

.

Page 54: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

53

7 CONCLUSÃO

A busca incessante de melhoria dos processos de gestão em todas as áreas

vem sendo adotada por um número crescente de instituições, as quais procuram

melhorar seus procedimentos em função da rápida evolução de conceitos e das

técnicas de gestão de pessoas do mundo atual.

Neste contexto, o Exército Brasileiro, com seu grande efetivo, tem

necessidade constante de avaliar e desenvolver os conhecimentos, habilidades e

atitudes de seus integrantes para potencializar as ações positivas e aperfeiçoar e

melhorar as que ainda não correspondem ao esperado. A Gestão por Competências

apresenta importantes métodos de trabalho que, se bem aplicados, podem

proporcionar esta desejada otimização dos recursos humanos da Força.

Assim, no presente trabalho foram propostas ações visando o

aperfeiçoamento do Sistema de Avaliação do Exército, utilizando de forma mais

efetiva preceitos da Gestão por Competências.

7.1 CUMPRIMENTO DOS OBJETIVOS PROPOSTOS

Na seção 1 foram estabelecidos o Objetivo Geral e os Objetivos Específicos

que nortearam a execução deste trabalho.

O Objetivo Geral foi atingido uma vez que foram propostas ações visando o

aperfeiçoamento do Sistema de Avaliação do Exército, utilizando de forma mais

efetiva preceitos da Gestão por Competências.

O Cumprimento dos Objetivos Específicos foram caracterizados do seguinte

modo:

Objetivo específico 1: Apresentar a evolução histórica dos sistemas de

avaliação adotados pelo Exército Brasileiro.

Na seção 3 foram apresentados todos os sistemas de avaliação já adotados

pelo Exército, desde o primeiro em 1973, até o atual de 2008. Foram apresentadas

as principais características de cada um, bem como o modo como eram

disponibilizadas, para o avaliador, as ferramentas para o entendimento e a execução

do processo.

Page 55: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

54

Objetivo específico 2: Identificar como funciona o atual Sistema de Avaliação

do Exército.

Na seção 4 foi mostrado como está regulado o funcionamento do atual

Sistema de Avaliação do Exército. Foi visto que neste sistema os militares passaram

a ser avaliados por competências. Foram estabelecidas as três competências

básicas: profissional, relacionamento interpessoal e espírito militar e a partir delas

foram definidos os aspectos que seriam levados em consideração para serem

avaliados.

Objetivo Específico 3: Identificar as influências que esse sistema tem na

carreira dos militares.

Na seção 2 foram apresentadas, baseando-se na legislação em vigor, a

influência da avaliação nos processos seletivos, na promoção e na concessão de

condecorações.

Objetivo Específico 4: Definir Gestão por Competências

Na seção 5 foram apresentados a definição e os preceitos de Gestão por

Competências, bem como a relação com os conhecimentos, habilidades e atitudes

que cada pessoa deve possuir em relação ao cargo que ocupa na organização.

Foram destacadas as fases do mapeamento de competências, avaliação com foco

em competências, feedback e plano de ação, além de explanação sobre a

importância da criação de um Banco de Talentos.

Objetivo Específico 5: Identificar como alinhar o atual Sistema de Avaliação

do Exército com a Gestão por Competências.

Com base no explanado na seção 5, onde foram vistos os preceitos da

Gestão por Competências e, como mostrado na seção 2, sobre o sistema atual de

avaliação (que já é dividido por competências), foi realizado esse alinhamento na

seção 6 quando foram apresentadas as propostas de ação do autor.

Objetivo Específico 6: Apresentar proposta de ações a serem

implementadas no atual Sistema de Avaliação do Exército, visando aperfeiçoá-lo.

De igual forma, este objetivo foi atingido na seção 6, em que foram

apresentadas as propostas de ações a serem implementadas no Sistema de

Avaliação do Exército. De acordo com o que preceitua a Gestão por Competências e

considerando as particularidades do Exército Brasileiro, buscando sempre a

manutenção dos valores cultuados na Instituição.

Page 56: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

55

7.2 ASPECTOS IMPORTANTES

Como foi visto, a realização deste trabalho possibilitou a efetivação de uma

proposta de ações visando aperfeiçoar o Sistema de Avaliação do Exército adotando

os preceitos da Gestão por Competências. Com base no que foi levantado, pode-se

destacar os seguintes aspectos importantes e conclusões sobre este processo:

• Viabilidade do Processo

É perfeitamente viável a utilização dos preceitos da Gestão por

Competências no Sistema de Avaliação do Exército. Como visto, já são usadas as

competências básicas no atual sistema, faltando ainda as específicas de cada cargo.

Esse detalhamento, junto com a avaliação, o feedback e o correspondente plano de

ação para correção de rumos, possibilitará um acompanhamento mais cerrado do

desempenho do subordinado, ajudando-o no desenvolvimento das competências

inerentes ao seu cargo. Tudo de forma bastante exeqüível e que praticamente

prossegue o que já foi iniciado no atual Sistema de Avaliação.

• Necessidade de Treinamento de Pessoal

Para o sucesso das ações propostas é fundamental o treinamento do

pessoal militar. Treinamento este que deve ser ministrado por especialistas,

particularmente psicólogos e pedagogos, devendo ser usados de forma intensa

meios de tecnologia da informação. O treinamento é fundamental, particularmente

para os que irão realizar o mapeamento das competências dos cargos (pode ser

aproveitado o trabalho já iniciado pelo CEP sobre catálogo de cargos) e, de modo

fundamental os que realizarão os feedback com os avaliados. Procedimentos

incorretos na fase do feedback podem trazer resultados opostos aos esperados.

Ressalte-se a necessidade da participação de militares que já tenham servido em

corpo de tropa junto com especialistas para possam transmitir sua experiência

quando estiverem sendo montados os treinamentos. Conceitos teóricos são

importantes, mas nada substitui o conhecimento das peculiaridades do dia a dia de

um quartel.

Page 57: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

56

• Necessidade Limitada de Recursos Financeiros

Em qualquer proposta é importante que se considere a sempre existente

limitação de recursos financeiros. Visualiza-se que as ações propostas irão requerer

limitados recursos financeiros. Os especialistas citados já existem nos quadros da

Força e a montagem de treinamentos não exigirá grande investimento. É importante

a participação da área de ensino da Instituição na viabilização do processo como um

todo.

• Acompanhamento constante

Para o sucesso de qualquer proposta é fundamental o monitoramento

constante de sua implementação. Pesquisas a comandantes, avaliadores e

avaliados são fundamentais para identificar acertos e oportunidades de melhoria e

validar o processo.

• Necessidade do envolvimento dos comandantes em todos os níveis

É de fundamental importância que os comandantes, em todos os níveis,

estejam envolvidos no processo. Respostas às pesquisas do escalão superior,

apresentação de sugestões, conhecimento do processo e neutralização de

resistências internas são medidas desejáveis a serem adotadas por comandantes.

• Divulgação ao Público Interno

Para o entendimento e aceitação da metodologia é importante o

conhecimento de todos os integrantes da Força. Instruções de quadros e informação

constante sobre o andamento da implementação do processo são importantes para

melhor aceitação da metodologia e correto uso das ferramentas de avaliação. É

desejável também que todos os militares estejam perfeitamente esclarecidos dos

reflexos da avaliação em relação a processos seletivos, promoção e concessão de

condecorações.

Page 58: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

57

Verificou-se, portanto, que é perfeitamente viável a implementação das

ações propostas neste trabalho, visando o aperfeiçoamento do Sistema de

Avaliação do Exército, utilizando de forma mais efetiva preceitos da Gestão por

Competências.

É importante que se tenha em mente que as ações propostas visam

melhorar os recursos humanos da Instituição, sendo necessário, para isso

acompanhar de perto o desempenho do subordinado, ajudando-o no

desenvolvimento das competências necessárias ao desempenho de seu cargo e

também oportunizando o desenvolvimento das competências necessárias à sua

ascensão profissional dentro da Força.

Deve ficar bem claro a todos que venham a se envolver na implantação

qualquer metodologia de avaliação que o homem deve ser a chave de todo o

processo. E que somente possuindo recursos humanos altamente qualificados,

treinados, avaliados corretamente, bem remunerados e motivados, o Exército

Brasileiro estará em condições de cumprir adequadamente a missão constitucional

que lhe é atribuída.

Page 59: PONTES, Fernando Antonio Lopes. A avaliação como

58

REFERÊNCIAS

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ANEXO A – PERFIL DO AVALIADO

Fonte: Portaria 095, de 6 de julho de 2011