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Notas de Augusto de Franco & Nilton Lessa (Draft 1 abril 2012)
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Plataformas de Aprendizagem
Parte Conceitual
Notas de
Augusto de Franco
& Nilton Lessa
FRANCO, A. & LESSA, N. (2012): Por que as
plataformas de aprendizagem não são boas (draft 1)
Texto de Referência
Há sempre uma
visão da aprendizagem pressuposta
quando nos dedicamos
a construir ambientes,
gerar processos
ou criar ferramentas educacionais.
Visão de aprendizagem
Há sempre uma resposta,
muitas vezes implícita,
para a pergunta fundamental:
Como uma pessoa aprende?
A resposta implícita
Queremos saber como promover
o processo de aprendizagem
de pessoas que achamos
que devem aprender alguma coisa
que queremos que elas aprendam.
Queremos uma resposta para o ensino
Como uma pessoa aprende?
Que fatores influenciam?
Qual o papel da memória?
Como ocorre a transferência?
Perguntas que definem a visão
Visões cognitivistas
Visões behavioristas
Visões construtivistas
Dennett Skinner Piajet Vygotsky Papert
Visões conectivistas
Visões autopoeticas
Siemens Downes Maturana Varela
Visões cognitivistas
Capacidades
de raciocínio
de evocar e interpretar experiências
de computar – codificar, armazenar, recuperar,
derivar para reconstruir ou construir conteúdos
(conhecimento)
de resolver problemas
Visões behavioristas (conducionistas)
Capacidades
de responder positivamente a estímulos e
recompensas:
à reprodução fiel de conteúdos pré-
determinados
ao bom desempenho em processos pré-
desenhados
Visões construtivistas
Capacidades
de ressignificar
de remixar
de atualizar
de socializar
conteúdos e processos educativos (cognitivos)
Visões conectivistas
Capacidades
de estabelecer conexões
de reconhecer e interpretar padrões
de abrir novos caminhos de apreensão e
compartilhamento de conhecimentos e atitudes
cognitivas
“Em 1986 75% dos
conhecimentos de que
necessitávamos para
trabalhar estavam em
nossa cabeça. Hoje nem
10%”. Hart Cross
“Conhecer significa estar posicionado em uma rede
de tal forma que se tenha fácil acesso ao que
necessitamos em diferentes contextos”. George
Siemens.
Conectivismo é
aprendizagem social em rede
Aprendizagem é o processo de conectar nodos e
fontes de informação
A tarefa principal é nutrir e manter conexões para
facilitar a aprendizagem permanente
Entornos Pessoais de Aprendizagem (PLE): Um PLE
é a combinação híbrida de dispositivos, aplicações,
serviços e redes pessoais que empregamos para
adquirir de forma autônoma novas competências
para resolver problemas.
Entornos Pessoais de Aprendizagem
“Um PLE é projetado para estimular a aprendizagem
por meio da imersão em uma comunidade e não por
meio de uma apresentação de fatos...” Stephen
Downes
PLE
Exemplo de PLE..
Visões autopoeticas
Acoplamento estrutural (visão da comunicação de
Maturana & Varela)
“Hay aprendizaje cuando la conducta de
un organismo varía durante su ontogenia
(historia) de manera congruente con las
variaciones del medio, y lo hace
siguiendo un curso contingente a sus
interacciones en el” (Maturana)
Visões autopoeticas
Acoplamento estrutural (visão da comunicação de
Maturana & Varela)
“Biologicamente, não há informação transmitida na
comunicação. A comunicação ocorre toda vez em que há
coordenação comportamental em um domínio de
acoplamento estrutural. Tal conclusão só é chocante se
continuarmos adotando a metáfora mais corrente para a
comunicação, popularizada pelos meios de comunicação. É
a metáfora do tubo, segundo a qual a comunicação é algo
gerado em um ponto, levado por um condutor (ou tubo) e
entregue ao outro extremo receptor...”
Visões autopoeticas
Acoplamento estrutural (visão da comunicação de
Maturana & Varela)
“Portanto [segundo a crença geral] há algo que é
comunicado e transmitido integralmente pelo veículo. Daí
estarmos acostumados a falar da informação contida em
uma imagem, objeto ou na palavra impressa. Segundo
nossa análise, essa metáfora é fundamentalmente falsa,
porque supõe uma unidade não determinada
estruturalmente, em que as interações são instrutivas,
como se o que ocorre com um organismo em uma
interação fosse determinado pelo agente perturbador e não
por sua dinâmica estrutural...”
Visões autopoeticas
Acoplamento estrutural (visão da comunicação de
Maturana & Varela)
“No entanto, é evidente no próprio dia-a-dia que a
comunicação não ocorre assim: cada pessoa diz o que diz
e ouve o que ouve segundo sua própria determinação
estrutural. Da perspectiva de um observador, sempre há
ambiguidade em uma interação comunicativa. O fenômeno
da comunicação não depende do que se fornece, e sim do
que acontece com o receptor. E isso é muito diferente de
‘transmitir informação’.” Maturana & Varela (1984) em A
Árvore do Conhecimento.
Se A se comunica com B, significa que B muda com A, que muda
com B, que muda novamente com A, que muda outra vez com B... e
assim por diante, recorrentemente, como em uma coreografia. Mas
tudo isso “multiplicado” pelo número de nodos em interação, pois
que se trata sempre de um multiacoplamento.
A B
Visões interativistas
Visões interativistas
Quem aprende: o indivíduo ou a pessoa (o
emaranhado)?
Se assim como o processo que chamamos de vida, o
processo de interação que chamamos de convivência
social também implica acoplamento estrutural
(proporcionando sempre alguma aprendizagem aos
sujeitos envolvidos), o que devemos fazer (ou,
sobretudo, o que devemos não-fazer) para não
impedir ou dificultar essa aprendizagem que ocorrerá
de qualquer modo (desde que haja interação)?
“Diamantes não brilham por que os átomos que os
constituem brilham, mas devido ao modo como
estes átomos se agrupam em um determinado
padrão. O mais importante é frequentemente o
padrão e não as partes, e isto também acontece
com as pessoas”. Marc Buchanan (2007)
Visões interativistas
Toda livre-aprendizagem é
criação (que é sempre co-criação) ou invenção
(você só aprende verdadeiramente o que inventa)
fruto da busca e da polinização (auto e alter
didatismo)
não há separação entre a produção (descoberta)
e a recepção (ou assimilação) quando essas
ações são compartilhadas
O que é fundamental em uma
Plataforma de Aprendizagem?
1 - Que a aprendizagem seja fruto de relações entre
humanos (pessoas) e não da relação do
aprendente com a máquina, com o software, com
o algoritmo
2 - Que as pessoas possam ter à sua disposição
itinerários pedagógicos e formativos já traçados,
mas que também possam criar seus próprios
itinerários, sozinhas e em interação com outras
pessoas
O que é fundamental em uma
Plataforma de Aprendizagem?
3 - Que as pessoas possam interagir em um
ambiente favorável à criação e não apenas à
reprodução e que aprendam criando, como
sujeitos ativos da construção de seus próprios
conhecimentos e não apenas como objetos
passivos de sistemas de ensinagem
(transferência).
O que é fundamental em uma
Plataforma de Aprendizagem?
Em suma, o fundamental é
Que a plataforma seja, de fato, de aprendizagem
livre e não uma plataforma predominantemente de
ensino
E, além disso, que a plataforma de aprendizagem
possa – ela própria – aprender.
O que caracteriza uma
Plataforma de Aprendizagem?
Variáveis
Natureza predominante do didatismo
(Heterodidatismo, Autodidatismo, Alterdidatismo)
Graus de distribuição do ambiente de
aprendizagem conformado (Número de Caminhos,
Monofluxo, Mutifluxo)
Níveis de interatividade que o ambiente enseja
e estimula (Adesão, Participação, Interação)
O que NÃO É uma boa
Plataforma de Aprendizagem?
Todos os sistemas
Predominante heterodidatas
Centralizados (mais centralizados do que
distribuídos)
Adesivos ou participativos (mas pouco
interativos)
O que é necessário para uma boa
Plataforma de Aprendizagem?
Que a plataforma
1 | Seja multifluxo
2 | Tenha funcionalidades que configurem uma
topologia mais distribuída do que centralizada
(plataforma de rede)
3 | Parta do que a pessoa conectada pode desejar
e não da oferta pré-desenhada
O que é necessário para uma boa
Plataforma de Aprendizagem?
Que a plataforma
4 | Tenha um design que contemple mecanismos e
funcionalidades que compreendam a adesão e a
participação, mas que atinjam a interação
(adaptação mútua, imitação, colaboração)
ensejando a manifestação dos fenômenos
capazes de gerar auto-organização (clustering,
swarming, cloning, crunching et coetera)
Plataforma Multifluxo
ABERTA
Entrada aberta
Processo aberto
Desfecho aberto
DISTRIBUIDA
Administradores
não são professores
Todos são
aprendentes
Não há meritocracia
Não há oligarquias
participativas
Funcionalidades transversais interativas
CONVERSAÇÃO (como objeto de primeira ordem) |
Uma pessoa pode sempre opinar e estabelecer um
diálogo com outras pessoas sobre isso ou a partir
disso
FORK (bifurcação) | Uma pessoa pode modificar o
que se lhe oferece criando sua própria versão
(clonagem variacional autônoma)
MOW (My Own Way) | Uma pessoa pode construir
uma alternativa ao que se lhe oferece (livre criação
de alternativas)
Se o que se quer é uma plataforma interativa, então
o design da plataforma deve contemplar mecanismos
e funcionalidades baseados em um gradiente de
interação.
Com a injeção de funções transversais de
Conversação, Fork e Mow, mesmo mecanismos de
plataformas posicionados em baixos níveis de
interação (de inspiração heterodidata) passam a
oferecer possibilidades de uso (ou ensejar
experiências) de matriz autodidata e alterdidata.
Desenhando funcionalidades
Experiência de Uso a partir do Desejo
O que a
pessoa
deseja?
Como a
plataforma
responde?
O que uma pessoa que se conecta a uma PA pode
desejar fazer?
BUSCA (ou “Pesquisa”)
DEMANDA ESPECÍFICA
OFERTA (Compartilhamento)
DESCOBERTA (ou Invenção)
O que a pessoa deseja?
À BUSCA (ou “Pesquisa”)
Oferece mecanismos de busca simples ou
refinada
Direciona a pessoa para um menu de processos
e objetos (acervo pré-organizado)
Expõe a busca à colaboração
Como a plataforma responde?
À DEMANDA ESPECÍFICA
Direciona a pessoa para um processo ou objeto
Promove o encontro da demanda com uma
oferta já existente
Expõe a demanda à colaboração
Como a plataforma responde?
À OFERTA (Compartilhamento)
Integra a oferta em um menu de processos e
objetos (acervo pré-definido e em construção)
Promove o encontro da oferta com uma
demanda já existente
Expõe a oferta à colaboração
Como a plataforma responde?
À DESCOBERTA (Invenção)
Expõe o desejo ou projeto à interação
Enseja a formação de uma comunidade de
pesquisa-aprendizagem-criação
Como a plataforma responde?
Timeline
Banco de Currículos
Itinerários Formativos Individuais e PLE
Sistemas de Auto-Avaliação
Painéis de Demanda de Processos e Objetos
Painéis de Oferta de Processos e Objetos
Grupos de Estudo (Comunidades)
Itinerários Formativos Coletivos
Bolsas de Oferta X Demanda de Processos e Objetos
Painel de Desejos e Projetos de Descoberta-Invenção
Comunidades de Descoberta-Invenção (Co-Creation)
Exemplos de novas funcionalidades
Tudo que aprende
Se modifica continuamente
Se constrói permanentemente
Se adapta tempestivamente
Se organiza autonomamente
E... interage livremente!
Como uma PA pode aprender?
Não há um mecanismo ou uma funcionalidade
específica capaz de produzir tal efeito.
É uma função de conjunto e não um efeito
voluntariamente produzido pela introdução de um
artifício.
Aprender significa que a plataforma tem que mudar,
não por iniciativa de seus administradores, mas com
o uso aleatório que fazem as pessoas conectadas
que nela interagem (configurando redes).
Somente redes podem aprender
Programação de fluxos internos e externos
Reconfiguração da membrana
Abertura de novos caminhos
Novas bifurcações
Novos aglomeramentos
Novos atratores (novos enxameamentos)
Graus menores de separação (crunch)
PA capazes de aprender serão
programáveis pelos “usuários”
Empowerfulness
Manifestações frequentes, intermitentes, da
fenomenologia da interação, significam que uma
inteligência coletiva já está se manifestando.
Se isso acontecer, a plataforma se modificará, a rigor
nunca será a mesma.
Porque estará aprendendo.