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Prática de Tradução do Espanhol Meta Elisabeth Zipser Silvana Ayub Polchlopek

PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

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LETRAS ESPANHOL

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Prática de Tradução do EspanholMeta Elisabeth ZipserSilvana Ayub Polchlopek

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Introdução aos Estudos da Tradução

Meta Elisabeth Zipser Silvana Ayub Polchlopek

Florianópolis, 2008.

1° Período

Page 3: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 4: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Governo FederalPresidente da República: Luiz Inácio da SilvaMinistro de Educação: Fernando HaddadSecretário de Ensino a Distância: Carlos Eduardo BielschowkyCoordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa

Universidade Federal de Santa CatarinaReitor: Lúcio José BotelhoVice-reitor: Ariovaldo Bolzan

Secretário de Educação a Distância: Cícero BarbosaPró-reitor de Orçamento, Administração e Finanças: Mário Kobus

Departamento de Educação a Distância: Araci Hack CatapanPró-reitor de Desenvolvimento Urbano e Social: Luiz Henrique Vieira da SilvaPró-reitora de Assuntos Estudantis: Corina Martins EspíndolaPró-reitora de Ensino de Graduação: Thereza Christina Monteiro de Lima NogueiraPró-reitora de Cultura e Extensão: Eunice Sueli NodariPró-reitor de Pós-Graduação: Valdir SoldiPró-reitor de Ensino de Graduação: Marcos LaffinCentro de Comunicação e Expressão: Viviane M. HeberleCentro de Ciências da Educação: Carlos Alberto Marques

Curso de Licenciatura em Letras-Espanhol na Modalidade a DistânciaDiretora Unidade de Ensino: Viviane HeberleChefe do Departamento: Rosana Denise KoerichCoordenador de Curso: Maria José Damiani CostaCoordenador de Tutoria: Vera Regina de A. VieiraCoordenação Pedagógica: LANTEC/CEDCoordenação de Ambiente Virtual: Hiperlab/CCE

Projeto GráficoCoordenação: Luiz Salomão Ribas GomezEquipe: Gabriela Medved Vieira Pricila Cristina da Silva

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Equipe Coordenação Pedagógica Licenciaturas a DistânciaEaD/CED/UFSC

Laboratório de Novas Tecnologias - LANTEC/CEDCoordenação Geral: Andrea LapaCoordenação Pedagógica: Roseli Zen Cerny

Material Impresso e HipermídiaCoordenação: Thiago Rocha OliveiraDiagramação: Flaviza RighetoPreparação de gráficos: Flaviza RighetoIlustrações: Bruno NucciRevisão gramatical: Tony Roberson de Mello Rodrigues

Design InstrucionalCoordenação: Isabella Benfica BarbosaDesigner Instrucional: Felipe Vieira Pacheco

Copyright@2008, Universidade Federal de Santa Catarina/LLE/CCE/UFSCNenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada sem a prévia autorização, por escrito, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Ficha catalográficaZ68Zipser, Meta Elisabeth

Introdução aos estudos de tradução / Meta Elisabeth Zipser, Silvana Ayub Polchlopek.— Florianópolis : LLE/CCE/UFSC, 2008.

125p. : 28cmISBN 978-85-61483-03-6

1. Tradução. 2. Teorias tradutórias. I. Polchlopek, Silvana Ayub. II. Título.

CDD 418.02

Elaborado por Rodrigo de Sales, supervisionado pelo setor técnico da Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina

Page 6: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Sumário

Unidade A ....................................................... 17

1 Tradução - Conceitos e Definições ...............................19

2 Os Estudos da Tradução ................................................23

Sugestões de Leitura .........................................................26

Unidade B ........................................................ 29

1 O Modelo de James Holmes ..........................................31

Sugestões de Leitura .........................................................41

2 Um Pouco de História ...................................................43

Sugestões de Leitura .........................................................48

3 Rumo a uma Teoria - Contemporânea - da Tradução .49

Sugestões de Leitura .........................................................54

Unidade C ........................................................ 57

1 O Funcionalismo ...........................................................591.1. Teorias Funcionalistas da Tradução .............................................591.2. O Funcionalismo para os Estudos da Tradução .......................611.3. A Teoria de Christiane Nord ............................................................64

Sugestões de Leitura .........................................................68

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Unidade D ....................................................... 71

1 A Virada dos Anos 90 ....................................................73

Sugestões de Leitura .........................................................77

2 A Análise do Discurso e a Tradução.............................79

Sugestões de Leitura .........................................................86

Unidade E ........................................................ 89

1 A Tradução vista como processo e como produto .......911.1. A Tradução vista como Processo...................................................911.2. A Tradução vista como Produto ....................................................93

Sugestões de Leitura .........................................................95

Unidade F ........................................................ 97

1 Mapeamento da Disciplina ...........................................99

Sugestões de Leitura .......................................................103

Unidade G .....................................................105

1 Prática de Tradução .....................................................107Considerações Finais ..............................................................................116

Glossário ........................................................117

Bibliografia ...................................................123

Page 8: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

ApresentaçãoNossa Primeira Conversa

Caro(a) aluno(a),

Este curso sobre Introdução aos Estudos da Tradução tem por objetivo maior

oferecer a você uma breve introdução concernente à área, reunindo algumas

das mais importantes tendências e contribuições dos estudos tradutórios.

Apresentamos a você os principais conceitos e modelos de estudos tradutórios

dentro de uma área de pesquisa que tem se desenvolvido rapidamente nas

últimas décadas. Aproveitamos para esclarecer que o foco deste material de

estudo é a tradução em sua forma escrita e não como interpretação oral.

Pensando em apresentar a você uma visão abrangente dos principais pontos da

área, selecionamos e organizamos os tópicos de estudo da seguinte maneira:

Primeiros percursos, abrangendo alguns conceitos e definições de •tradução;

Alguns caminhos e teorias, com a apresentação do modelo de Hol-•mes, dados históricos e teorias contemporâneas da tradução;

O Funcionalismo, apresentando algumas teorias funcionalistas;•A década de 90 para os estudos da tradução;•A tradução vista como processo e produto;•Mapeamento da disciplina;•Prática de tradução (noções iniciais).•

No que diz respeito à organização das seções deste material, você poderá

encontrar ao final de cada item abordado um resumo de todo o conteúdo

e também sugestões de leitura, incluindo uma bibliografia especializada e

links para pesquisas na internet.

A área dos estudos da tradução oferece uma arena de pesquisa envolvente

e fascinante, visto que a tradução é uma forma de divulgar e aproximar

culturas e contextos históricos. Esperamos que, ao final deste curso, você

não só tenha uma visão mais completa dessa área de estudo, mas que

também tenhamos despertado em você a vontade de fazer parte dela.

Antes, porém, de apresentar os conceitos e definições da nossa disciplina,

gostaríamos que você lesse a entrevista que o Prof. Dr. João Azenha Junior,

A entrevista pode ser aces-sada no site: http://www.delila.ws/brasilien/projekt/artikel/p34s5-8.html

Page 9: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

da Universidade de São Paulo, USP, concedeu à Revista Projekt nº 34 (ISSN

1517-9281), em novembro de 1999. A revista é publicada no Brasil, em São

Paulo, sob os cuidados da ABRAPA (Associação Brasileira de Associações

de Professores de Alemão), com o apoio do Instituto Goethe. João Azenha

é professor da USP no âmbito do Ensino da Tradução e atua igualmente

como tradutor. Vejamos o que ele tem a nos dizer:

João Azenha Junior, o premiado tradutor de O mundo de Sofia, de

Jostein Gaarder - Redação da Projekt

Jostein Gaarder

O mundo de Sofia (1991), do escritor norueguês Jostein Gaarder, é um

dos grandes sucessos do mercado editorial brasileiro da década de 90.

Sofia ocupou, durante mais de 40 meses, desde o seu lançamento oficial

em 1995, os primeiros lugares nas listas de livros mais vendidos no Brasil,

segundo dados constantes da lista de best-sellers dos jornais Folha de

São Paulo e O Estado de São Paulo.

Sofia é um romance de 600 páginas que conta a história da filosofia para

um público destinado inicialmente a adolescentes. Apesar do evidente

mérito da obra em si, o que tornou o autor norueguês conhecido no Brasil

deve-se à tradução primorosa da obra feita por João Azenha Junior, tradu-

tor premiado, professor de tradução junto ao Curso de Língua e Literatura

Alemã da USP e diretor do Centro Interdepartamental de Tradução e Ter-

minologia (CITRAT) do Departamento de Letras Modernas na Faculdade

de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Engana-se, porém, quem pensa que ele só traduziu a Sofia (vide, ao final

da entrevista, a lista de suas traduções do alemão para o português).

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Ele é detentor de vários prêmios de tradução: o Prêmio APCA (da As-

sociação Paulista dos Críticos de Arte), ganhou em 1986 pela tradução

da série O pequeno vampiro, de Angela Sommer-Bodenburg, e o Prêmio

Monteiro Lobato (1996) pela tradução de O mundo de Sofia, além de

uma indicação para a Lista de Honra do IBBY (International Board of Book

for Young People) e duas indicações, pela Fundação Nacional do Livro In-

fantil e Juvenil, seção brasileira da IBBY, para a Lista dos Livros Altamente

Recomendáveis de 1995 e 1996, respectivamente, por O mundo de Sofia

e O dia do Coringa, de Gaarder. Na esteira do sucesso editorial de Sofia,

Azenha foi alvo de várias homenagens e entrevistas em órgãos da mídia

impressa e televisiva. Nós, da Revista Projekt, não poderíamos deixar de

entrevistá-lo também, dada sua condição de excelente tradutor brasilei-

ro de obras em língua alemã.

RP – Como você iniciou o ofício de tradutor?

JAJ – Iniciei meu trabalho como tradutor autônomo em 1982, com um li-

vro cujo título, em português, é Conceitos fundamentais da história da arte,

de Heinrich Wölfflin, para a Martins Fontes. Passei, depois, para a tradução

de literatura infanto-juvenil. Durante alguns anos, fiz a tradução de cinco

livros do autor dinamarquês Willy Breinholst sobre casais jovens que iam

ser pais pela primeira vez. Depois, veio a série “O pequeno vampiro”, des-

tinado a jovens, e, paralelamente, traduzi os diários de Paul Klee e Alma

Mahler-Werfel, e livros sobre o taoísmo e Yin-Yang, traduzidos do inglês.

RP – Para que editora ou editoras você trabalha hoje?

JAJ – Como tradutor autônomo, não tenho vínculo empregatício com

nenhuma editora. A Companhia das Letras me chamou para fazer a

tradução da Sofia, depois, O dia do Coringa, de Gaarder, e, mais recen-

temente, a obra de Hans-Magnus Enzensberger, Por onde você andou,

Robert? , já lançada no mercado este ano.

RP – Como se dá normalmente a escolha de trabalho de um tradutor?

JAJ – Em geral, o tradutor não escolhe o que quer traduzir, ele é con-

vidado a fazer a tradução de obras que a editora quer. De todos os li-

vros que traduzi até hoje, apenas um foi proposto por mim: A história

do mago Merlin, de Dorothea e Friedrich Schlegel, para a Martins Fontes.

A experiência dessa tradução deu origem, depois, à minha dissertação

de Mestrado. As demais foram propostas das editoras, que já têm linhas

editoriais previstas, já com determinados títulos. Elas procuram traduto-

res de acordo com o perfil de cada obra a ser traduzida.

Page 11: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

RP – Existe alguma diferença entre traduzir livros técnicos e livros literários?

JAJ – Uma vez me pediram para rever a tradução de um livro técnico

e avisaram: “Olha, o livro foi traduzido por um técnico da área, então,

está 100% correto do ponto de vista terminológico”. Quando me pe-

diram para rever a sintaxe, estavam me pedindo para reescrever o livro

usando a terminologia correta. O que isto significa? A tradução de livros

técnicos não pode se restringir somente ao plano da terminologia. Essa

tradução precisa passar por todos os processos de redação dos outros

livros. Precisa ter uma estrutura clara, ser bem escrita, a fim de que te-

nha efeito sobre o leitor. A diferença é que você trabalha de maneira

controlada, para um público específico. Mas, intrinsecamente, os pro-

blemas não são muito diferentes dos que surgem da tradução de textos

literários.

RP – Para traduzir uma obra como Sofia, cujo tema é a filosofia, foi necessário conhecer um pouco de filosofia?

JAJ – É necessário saber um pouco de filosofia, sim. O livro possui dois

aspectos: um, que tem que ser trabalhado do ponto de vista da lingua-

gem, dos diálogos da Sofia com sua mãe, com sua amiga e com seu

professor de filosofia. O outro diz respeito à história da filosofia, dos

pré-socráticos a Sartre. Diante desses dois aspectos, é preciso que o tra-

dutor tenha o bom senso de obter o conhecimento necessário e con-

seguir fazer o trabalho dentro do prazo previsto pela editora. Se alguém

me perguntar algo sobre esses filósofos, eu não vou saber responder.

No entanto, tudo o que está no livro foi pesquisado até onde me exi-

giu. Quando eu não entendia um conceito que estava sendo passado,

estudava mais, na medida do que precisava saber, tendo em vista que

o que eu estava traduzindo não era um tratado sobre Aristóteles ou

sobre Platão.

RP – Quais são os principais desafios de um trabalho de tradução: a obra ou o idioma?

JAJ – A principal dificuldade é quando o autor trabalha a linguagem de

uma forma estética, explorando os limites da língua até onde pode, o

que obriga o tradutor a trabalhar também as potencialidades da língua

na qual redige a tradução. Quanto às facilidades, o principal é quando

nos identificamos com a obra. Condições de trabalho plenas, ao nosso

alcance, também favorecem.

Page 12: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

RP – Qual a relação do tradutor com a leitura, a reescritura e a criatividade?

JAJ – O tradutor é um leitor diferente: lê sempre com a ótica da tradu-

ção, procurando localizar aqueles pontos que são problemáticos para

a tradução. Isto porque o processo de tradução não termina com a lei-

tura, ele avança para a parte da reescritura. Nessa fase, ele se preocupa

em utilizar os recursos criativos de que dispõe. É ilusório pensar que, na

tradução, você se embota e corta os laços com a criatividade e só traba-

lha mecanicamente a transferência de palavras e orações. Você trabalha

com o sentido que se forma dentro de você. A partir dessa reconstrução

do sentido, você reconta a história que leu, usando, para isso, toda a

sua força expressiva. Eu, francamente, não sei até que ponto essa escrita

expressiva difere de qualquer outra.

RP – Quantas línguas o tradutor hoje no Brasil deve dominar?

Vamos começar falando da Europa. Lá, quem quer ser tradutor deve

dominar bem as três línguas consideradas mais importantes: o inglês,

o francês e o alemão. E uma língua exótica: o dinamarquês ou o portu-

guês, por exemplo. No caso do Brasil, é um pouco diferente. O mercado

trabalha fundamentalmente com o inglês, depois, com o francês e o ale-

mão. São essas as línguas dominantes. Quero, porém, chamar a atenção

para o português. Ele serve tanto para o mais corajoso que quer ir para o

mercado europeu traduzir do português para outra língua, quanto para

aqueles que trabalham aqui, fazendo o percurso mais tradicional: tradu-

zir de outra língua para a nossa. Nesses dois casos, é importante inves-

tir na língua estrangeira, mas é importante, sobretudo, investir na nossa

própria língua.

RP – Quais as implicações que existem em traduzir uma obra já tra-duzida para outro idioma, como no caso de O mundo de Sofia?

JAJ – Em relação ao livro, nenhum problema. Eu estava com uma ver-

são alemã autorizada pelo autor e tinha também o original em norue-

guês; caso fosse necessário consultá-lo, poderia recorrer a um colega

de trabalho, que é norueguês e também tradutor. Mas isso não foi

preciso. Ocorreu apenas uma implicação dentro da própria editora,

que não indicou a tradução para o Prêmio Jabuti, alegando que não

traduzi a partir da versão original. Porém, a Fundação Nacional do Livro

Infantil e Juvenil concedeu-me o prêmio pela tradução, sem questio-

nar a língua de origem.

Page 13: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

RP – Como são feitos os acordos entre a editora e o tradutor?

JAJ – Se você já conhece o editor, ou melhor, se o editor já conhece o

nível do seu trabalho, as coisas são mais fáceis: é só combinar o preço

e o prazo. Quando digo “só combinar”, estou me referindo, na verdade,

àquilo que julgo estar no centro de um conceito de ética em tradução.

É preciso levar o trabalho proposto para casa, ler o que for possível, refle-

tir sobre possíveis problemas - assunto, terminologia específica, outros

tipos de texto contidos dentro do texto (poemas, por exemplo) - e só

então, depois de avaliar suas próprias capacidades e condições, é que

o tradutor deve exigir isso ou aquilo. Para mim, ser profissional é isso:

saber negociar sobre bases concretas. Ao longo do trabalho, a interlo-

cução com o editor e os revisores deve estar sempre aberta. Não é fá-

cil prever o que vai acontecer na vida da gente ao longo de um prazo

maior. A pior coisa que pode acontecer na relação de um tradutor com

o editor é o silêncio absoluto: um pressupõe que o outro está fazendo

“exatamente aquilo” que foi combinado. Nesse caso, as pressuposições

só atrapalham.

RP – O que ganha um tradutor, por exemplo, no caso de haver re-venda de direitos de reprodução de uma obra?

JAJ – Não existe tal acordo. Os contratos com os editores são muito fa-

lhos no Brasil e não garantem nenhum direito ao tradutor, exceto em

casos excepcionais (escritores famosos, por exemplo). Isso tem a ver

com a regulamentação da profissão que só poderá ser mudada através

do Congresso Nacional. Para tanto, porém, os tradutores deveriam se

organizar melhor, se articularem mais, pois essa luta é de todos. Mes-

mo que o tradutor já tenha um extenso currículo de publicações, ele

não tem como chegar para a editora e impor condições de trabalho.

Eu ganhei somente pela tradução da Sofia publicada pela Companhia

das Letras. Depois de lançado o livro, encontrei a Sofia em forma de CD-

ROM. Não tive tempo de examinar, mas como o CD-ROM era da mesma

editora, creio que o texto da minha tradução deve ter sido aproveitado.

Contudo, apesar de a tradução estar sendo veiculada em outro meio - o

eletrônico -, não recebi qualquer adicional por isso.

RP – Como está o mercado de tradução hoje no Brasil?

JAJ – O mercado de tradução está em expansão, mas apenas para os

bons tradutores, apenas para aqueles com sólida formação, experiência

e ética profissional.

Page 14: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

RP – O que você aconselha para aqueles que, mesmo sabendo da instabilidade do emprego numa profissão ainda mal regulamenta-da no Brasil, ainda assim querem ser tradutores?

JAJ - Acho que os interessados devem investir nessa alternativa de tra-

balho com a linguagem. Os cursos de tradução, como os que nós temos

na USP, têm se preocupado em sistematizar estratégias, para além do

domínio das línguas estrangeiras, que auxiliam os tradutores ingressan-

tes na profissão a repensarem a relação que eles próprios têm com os

seus recursos expressivos e a se prepararem, com maior sistematicidade,

para um mercado de trabalho que é competitivo sim, mas cujos desafios

- quando encarados com coragem e preparo - são extremamente bené-

ficos para o desenvolvimento do indivíduo. Pelo menos é essa a minha

experiência.

Lista das obras traduzidas do alemão por João Azenha Junior:

Breinholst, Willy. Série Ôi, mamãe, com cinco publicações, a saber: Ôi!

Olha eu aqui!; Ôi, mamãe! Ôi, papai!; Minha mãe é a melhor do mundo!;

Veja só, mamãe! Veja só, papai!; Êi, mamãe! O que está escrito aqui? São

Paulo: Livraria Martins Fontes, 1984.

Cassirer, Ernst. Indivíduo e cosmo na filosofia do Renascimento. São

Paulo: Martins Fontes (no prelo).

Delius, Friedrich Christian. As pêras de Ribbeck (em colaboração

com Gisela Eckschmidt). São Paulo: Nova Alexandria, 1997.

Ende, Michael. Jim Knopf e Lucas, o maquinista. São Paulo: Martins

Fontes, 1989.

Ende, Michael. Jim Knopf e os 13 piratas. São Paulo: Martins Fontes,

1993.

Enzensberger, Hans-Magnus. Para onde vai, Robert? São Paulo: Com-

panhia das Letras, 1999.

Gaarder, Jostein. O dia do curinga. São Paulo: Companhia das Letras,

1996.

Gaarder, Jostein. O mundo de Sofia. Romance da história da filosofia.

São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Hacke, Axel. O reizinho Dezembro. São Paulo: Companhia das Letras,

1996.

Page 15: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Klee, Paul. Diários. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

Mahler-Werfel, Alma. Minha vida. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Mann, Erika. Dez milhões de crianças. A educação de jovens no III Rei-

ch. São Paulo: Ática (no prelo).

Negt, Oskar e Kluge, Alexander. O que há de político na política? São

Paulo: EDUNESP, 1999.

Schlegel, Dorothea e Friedrich. A história do mago Merlin. São Paulo,

Martins Fontes, 1989.

Sommer-Bodenburg, Angela. Série “O pequeno vampiro”, com seis

publicações, a saber: O pequeno vampiro (1986), O pequeno vampiro

no sítio (1986), A mudança do pequeno vampiro (1986), A viagem do

pequeno vampiro (1987), O pequeno vampiro em perigo (1987) e O

grande amor do pequeno vampiro (1987). São Paulo: Martins Fontes.

Wick, Rainer. A pedagogia da Bauhaus. São Paulo: Martins Fontes,

1989.

Wölfflin, Heinrich. Conceitos fundamentais da história da arte. O proble-

ma da evolução dos estilos na arte mais recente. São Paulo: Martins Fontes,

1984.

João Azenha Junior – USP - Rua Augusta, 541 01305-000 - São Paulo/

SP - Tel.: 11 3258 5180 / Fax: 11 818-5041 - [email protected]

AnossaidéiadetrazeraentrevistadeJoãoAzenhacominformaçõesquetãobemilustramomundodatraduçãoconsisteemmotivá-lo(la),antesmesmodecomeçarmosonossocurso,paraquevocêpossateracertezadequeomundodatradução,apesardesercomplexoedifícil,émuitofascinante!

Entãovamoslá!

Page 16: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Unidade APrimeiros Percursos

Page 17: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 18: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Tradução – Conceitos e Definições

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Capítulo 01

Tradução – Conceitos e Definições

Neste capítulo vamos começar a definir conceitos de tradução.

Antesdecomeçarmosatrilharosdiversoscaminhosqueosestudos

datraduçãonosoferecem,énecessário,primeiramente,pensarsobreo

quesignificatraduzir,oqueétradução,comoconceituaressaatividade.

Portanto,antesdeprosseguirmoscomaleitura,reservamosumespaço

abaixoparaquevocêelaboreumconceitoarespeitodetradução:

Você,provavelmente,deveterformuladoalgumaidéianaquales-

tãoimplícitosconceitoscomoodefidelidadetotaldotextotraduzido

emrelaçãoaotextooriginal,istoé,noatodetraduzirdevemos“seguirà

risca”oqueotextooriginaltrazparanãoalterarmosasinformaçõesdo

autor.Bem,estaéumavisãocomumemrelaçãoàpráticatradutória,eé

justamenteissoquediscutimosaqui.

Otermotraduçãopodeterváriossignificadosdependendodacor-

renteteóricaqueadotacomoobjetodeestudoereflexão.Traduçãoéo

‘atoouefeitodetraduzir’etraduzirvemdoverbolatinotraducere,que

significa‘conduziroufazerpassardeumladoparaoutro’,istoé,traduzir

significapassardeumalínguaparaoutraumtextoescritonaprimeira

delas.Entendida,assim,comoumprocessodetransferênciaoudesubs-

1

Page 19: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

18

tituiçãodeconteúdoentreduas línguasnaturais-a língua-fonte(LF)

ealínguadechegada(LC)-atraduçãopodeservistatambémcomo

umatentativaderecriação,vistoque,paraalgunsteóricos,atradução

nãopodeterapretensãodesubstituirotextooriginal,istoé,semprese

poderáfazertentativasdereescritura.

SegundoCampos(1986:27,28),“nãosetraduzafinaldeumalín-

guaparaoutra,esimdeumaculturaparaoutra;atraduçãorequerassim

[...]umrepositóriodeconhecimentosgerais,deculturageral,quecada

profissionalirá[...]ampliandoeaperfeiçoando[...]”.JáFrota(1999:55)

compreendeatraduçãocomoreescritura,ouseja,umtextoquetrans-

formaotextoestrangeiro,emrazãodediferençaslingüísticasecultu-

rais,oquepodegerardiferentesfunçõesparaoTextoTraduzido(TT)na

culturadechegada.Existemaindaoutrasduasmaneirasmaisgeraisde

abrangermosatradução:umavoltadaaoproduto,ouseja,oTTeoutra

voltadaaoprocesso,istoé,aoatotradutórioeàsetapasdetrabalhodas

quaisessetextoresulta.

Jáoato de traduzirsignifica,porsuavez,fazerpassardeumlugarpara

outro,iraoencontrodeumanovacultura,denovosleitores,enfim,éuma

comunicaçãointercultural.Issoimplicaummovimentoquenãopodeser

percebidosenãopelareferênciaaumaterceiraposição–adoobservador

-quedeterminaopontodepartida,atrajetóriaeopontodechegada.A

uniãodessesconceitosnoslevaàprática de tradução,istoé,umaprática

daidentidadeoudaeliminaçãodasdiferenças;umapráticaqueenvolveo

própriopapeldotradutorcomomediadorinterculturalmaispróximoou,

àsvezes,maisdistantedoautore/oudopúblicoleitor;umapráticaque

envolveduasculturasquepassamaestardiretamenteligadas,umavezque

otradutorprocuracolocá-lasemcontatoviapráticatradutória.

Essescaminhosnospermitemestudaratraduçãodopontodevista

doproduto e doprocesso, conforme você irá aprendermais adiante.

Para seu melhor entendimento, consulte a definição de função

na unidade C deste material.

Page 20: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Tradução – Conceitos e Definições

19

Capítulo 01

Enquantoproduto,atraduçãoenvolve,predominantemente,oladodo

texto traduzido (TT) ou sua eventual comparação comoutros textos

traduzidos.Jácomoprocessoatraduçãoseorganizasempreentreduas

línguas escritas diferentes e envolve amudançade um texto original

(ou texto-fonte -TF) escritonuma línguaoriginal (ou língua-fonte -

LF)paraumtextoescrito(texto-alvooutextodechegada-TC)numa

línguadiferentedaoriginal(língua-alvooulínguadechegada-LC).A

esseprocesso,maiscomumemaisconhecido,dá-seonomedetradu-

ção interlingual,queporsuavez,integraumconjuntode três categorias

tradutórias descritasporRomanJakobson(1963):

Traduçãointralingual–ocorredentrodeumamesmalíngua;•

Traduçãointerlingual–ocorreentrelínguasdiferentes;•

Tradução intersemiótica – ocorre através da interpretação de•signosverbaispormeiodesistemasdesignos não-verbais.Éoqueocorre,porexemplo,quandoumtextoescritoétraduzidoparaolayoutdeumamúsica,filmeoupintura.

Dentre essas categorias, os estudosda tradução abrem inúmeras

possibilidadesdepesquisaediscussõesacercademétodos,teorias,téc-

nicas,dopapeldotradutoreleitoretambémdadescriçãodoqueocorre

duranteoprocessotradutórioemsi.

Mas,afinal,vocêdeveestarseperguntadocomoosestudosdatra-

duçãosedesenvolveramenquantoáreadepesquisaacadêmicaeoque

significa,exatamente,estudartradução.Esperamosquevocêencontre

a respostapara essas eoutrasperguntasnos itensqueestudaremosa

seguir.

Comecemos, então, pelos estudos da tradução como disciplina

acadêmica.

Você encontra mais informa-ções sobre essas categorias no material sobre Introdução aos Estudos da Linguagem.

Signos verbais: signo, signifi-cante e significado, conforme pensados por Saussure (1973); signos não-verbais: índice, íco-ne e símbolo, conforme pensa-dos por Peirce (semiótica).

Page 21: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
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Os Estudos da Tradução

21

Capítulo 02

Os Estudos da Tradução

Neste capítulo vamos conhecer um pouco sobre a história da tradução.

Atravésdahistória,traduçõesescritasoufaladastêmtidoumpapel

crucialnacomunicaçãoentreossereshumanos,favorecendooacessoa

textosimportantes,inclusivedepropósitosacadêmicos.Anecessidade

docontatoentreculturas,conhecimentosemodosdistintosdepensar

foramdecisivosparainstituirumespaçoacadêmicodestinadoapesqui-

sasteóricasepráticassobreatradução.Esseconjuntodepráticasaca-

dêmicasveminstituindováriastendênciasnosúltimos40anosevárias

concepçõesdetraduçãoenvolvidasnelas.

Comoáreaacadêmica,osestudosdatraduçãocomeçamaseestru-

turarhácercade40anos.Onomedadisciplina,talcomooconhecemos

hoje,deve-seaoacadêmicoalemão,naturalizadoamericano, JamesS.

Holmes(1972),queadescrevecomoestandorelacionadaaumcom-

plexodeproblemasemtornodofenômenodetraduziredastraduções.

Nesse sentido,a traduçãoéo seuobjetonamedidaemqueconstitui

umaunidadeenãoumadispersão,oquenão impede,porém,quese

estabeleçamramificaçõesquebuscamabrangertodososaspectosrelati-

vosàpráticatradutória,conformenosmostraHolmes.

A importância dessas ramificações dos estudos da tradução tem

sidoverificadapormeioda:1)proliferaçãodetraduçõesespecializadas

ecursosdeinterpretaçãoemníveldegraduaçãoepós-graduação(cur-

sosqueorientamaformaçãoeotreinamentodeprofissionaistradutores

eintérpretes)e,2)dasváriaspublicaçõesprofissionaisdedicadasàprá-

ticadatraduçãoedasconferênciasrealizadasnaáreaarespeitodeuma

sériedetemas-chavetaiscomo:

2

Page 23: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

22

Traduçãoetreinamentodetradução;•

Traduçãoliterária;•

Modelosdepesquisaemtradução;•

Gêneroetradução;•

Traduçãocomocruzamentodeculturas;•

Traduçãoeglobalização;•

Traduçãodedocumentoslegais;•

Traduçãoesignificado;•

Históriadatradução;e•

Traduçãodeliteraturacomparada.•

Até então a tradução era simplesmente vista como elemento de

aprendizadode línguas emcursosde idiomas,oquepodeexplicaro

motivodeadisciplinatersidoconsiderada,durantemuitotempo,de

statussecundário.OcomeçodamudançaocorreunosEUA,quandoa

traduçãoliteráriafoiespecialmenteoferecidanosanos60sobaforma

deworkshopselaboradosparaservircomoumaespéciedeplataforma

paraaintroduçãodosprincípiosdoprocessodetraduçãoedacompre-

ensãodostextos.Paralelamenteaessaabordagem,estudava-setambém

aliteratura,comparadatransnacionalmenteetransculturalmente,exi-

gindoaleituradetextosliteráriostraduzidos,fatorquedefiniria,poste-

riormente,oscursoscomênfasenosestudosculturais.

Outraáreaquesetornouobjetodepesquisa,vigentedosanos30

aosanos60,foiaanálisecontrastiva.Essaspesquisastinhamporobjeti-

vooestudodeduaslínguasemcontrasteafimdeseidentificardiferen-

çasgeraiseespecíficasentreelaseinfluenciaram,porexemplo,ostra-

balhosdepesquisadorescomoVinayeDalbernet(1958)eJohnCatford

(1965).Entretanto,mesmosendoútil,aanálisecontrastivanãoincor-

Page 24: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Os Estudos da Tradução

23

Capítulo 02

porafatoressócio-culturaisepragmáticos,tampoucoexploraopapelda

traduçãocomoumatocomunicativo.

Enquantoqueemmuitosgruposdepesquisaatraduçãocontinu-

avaaserummodelonoscursosdelingüísticaaplicada,osEstudosda

Traduçãocomeçavamaapontarparaosseusprópriosmodelossistemá-

ticos,queincorporavamoutrosmodeloslingüísticoseosdesenvolviam

paraosseusprópriospropósitos.Aomesmotempo,aconstruçãodessa

novadisciplinaenvolveuoafastamentodavisãoquesetinhadatradu-

çãocomoáreaconectada,primeiramente,aoensinoeaprendizadode

línguasestrangeiras.Onovofocopassouaseroestudoespecíficodo

queacontecenoeem torno doatotradutórioedaprópriatradução.

Uma abordagemmais sistemática e orientada, principalmente à

lingüística,começouaemergirnasdécadasde50e60,épocaemque

EugeneNida(1949)usa,pelaprimeiravez,apalavraciênciaparade-

signaratraduçãodentrodoterritóriodeinvestigaçõesacadêmicasque

começavaaseinstaurar.Dessaforma,apráticatradutória,antesconsi-

deradaderivacionistaesecundária,atitudequeacaboudesvalorizando

osestudosacadêmicosnaárea,envolvehojeumvastocampodepesqui-

sadoreseteóricosquemantêmadinâmicadessesestudos.

Page 25: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

24

Resumo

Nessaprimeiraparte,vocêleueelaborouumconceito,umadefinição

sobreoatodetraduziretambémseinformousobreasáreastemáticas

nasquaisatraduçãopodeserinseridacomotemadepesquisa.Outros

pontossobreoqualconversamosforamosprimeirospassosparaque

osestudosdatraduçãoviessemasetornarumadisciplinaaceitaacade-

micamente,sendoumdosmaisimportantesdelesoseuafastamentodo

ensinoeaprendizadode línguasestrangeiras,áreanaqualatradução

eraamplamenteutilizadacomométododeensino.Sendodesvinculada

dessasmetodologiaspedagógicas,onovofocodeestudopassouaser

oqueacontecenoeem torno doatotradutórioedaprópriatradução

gerando,apartirdeentão,inúmerasinterfacesepossibilidadesdepes-

quisa,teoriasemetodologiasprópriasquevocêiráconheceraseguir.

VamoscomeçarpelomodelopropostoporJamesS.Holmes(1988).

Sugestões de Leitura:

BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos Técnicos da Tradução: Uma nova proposta. São Paulo: Pontes, 2004.

THE HISTORY of Translation Day. Este site traz a história sobre o dia interna-cional da tradução e os temas que “o dia” vem considerando desde então. Dis-ponível em: <http://www.translators.org.za/indexes/english/jerome/jerome-history.html>. Acesso em: maio 2007.

LOGUS Multilingual Portal. Este site traz um curso interativo de introdu-ção à tradução. Do seu original, em italiano, foi traduzido para diversas línguas. Disponível em: <http://www.logos.it/pls/dictionary/linguistic_resources.cor-so_traduzione_en?lang=em>. Acesso em: maio 2007.

MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies: theories and applica-tion. NY: Routledge, 2002.

NORD, Christiane. Comunicarse Funcionalmente En Dos Lenguas. In: FABER, Pa-mela; JIMÉNEZ, Catalina; WORJAK, Berd (Ed.). Léxico especializado y comu-nicación interlingüística. Granada: Granada Lingüística, 2004. p. 285-296.

TAVARES, Fred. Marca, Signo e Mito. Neste site você encontra o referido ar-tigo e explicações mais detalhadas sobre a questão dos signos verbais e não-verbais. Disponível em: <http://www.facha.edu.br/professores/artigos/fred_

Page 26: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Os Estudos da Tradução

25

Capítulo 02

tavares/20051005.asp>. Acesso em: maio 2007.

WIKIPEDIA. Tradución. Disponível em: <http://gl.wikipedia.org/wiki/Traduci%C3%B3n>. Acesso em: junho 2007.

Page 27: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 28: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Unidade BAlguns Caminhos e Teorias

Page 29: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 30: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Modelo de James Holmes

29

Capítulo 01

O Modelo de James Holmes

Neste capítulo vamos conhecer o modelo de James Holmes para os estudos

da tradução.

JamesS.Holmes(1988)foioresponsávelpordaratençãoàslimi-

taçõesimpostassobreofatodeapesquisaemtraduçãoestardispersa

pordisciplinasantigas,enfatizandoanecessidadedeabriroutroscanais

decomunicaçãoparaalcançartodososestudiososquetrabalhavamna

área da tradução, não importando a sua afiliação teórica. Para tanto,

Holmeselaborouummodelodescritivodasáreasqueosestudosdatra-

duçãopoderiamabarcar.

Estudos da Tradução

DescritivaTeórica

Pura Aplicada

Treinamentode Tradutores

RecursosAcessórios

da Tradução

Crítica deTradução

Orientadaa Função

Orientadaao Processo

Orientadaao Produto

Restritaao Meio

Restritaa Árca

Restritaao Nível

Restrita aoTipo de Texto

Restritaao Tempo

Restrita aoProblema

ParcialGeral

Fig. 1 – Modelo de Holmes para os Estudos da Tradução.Fonte: MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies, 2002.

Segundoomodeloacima,aramificaçãoteóricadivide-seem‘Pura’

e‘Aplicada’.Aáreaconsiderada‘Pura’subdivide-seem:

1

Page 31: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

30

Teorias descritivas1. -adescriçãodofenômenodatradução,e

Teoria da tradução2. -oestabelecimentodeprincípiosgeraispara

explicareprevertalfenômeno.

AárearelacionadaàTeoria da Tradução,naramificaçãoconsidera-

daporHolmescomosendo‘Pura’,subdivide-seem:

Geral1. -artigosquevisamdescreverouconsiderartodotipode

traduçãoefazergeneralizaçõesrelevantesparaatraduçãocomo

umtodo,e

Parcial2. -restritaaosparâmetrosapontadosacima.

Dessa ramificação tida comoParcialHolmes aponta para os se-

guintestópicosdeestudo:

Teorias restritas ao meio1. –traduçõesfeitasporpessoasoumáquinas;

Teorias restritas à área2. –traduçõesdelínguasespecíficasougru-

posdelínguaseculturas;

Teorias restritas ao nível3. –teoriaslingüísticasrestritasaumnível

específicodapalavraoufrase;

Teorias restritas ao tipo de texto4. –traduçõesdetiposdiscursivos

ougêneros:literária,denegócios,técnicaetc.;

Teorias restritas ao tempo5. – teorias e traduções limitadas de

acordocomamolduraespecíficadeumtempoouperíodo;

Teorias restritas ao problema6. –problemasespecíficosdatradu-

çãocomoaquestãodaequivalência.

Jáemrelaçãoàanálisedescritiva(DTS)datradução,asegundara-

mificaçãodosestudosconsiderados‘puros’reúnetrêsfocosprincipais:

estudo do produto, da função e do processo.

Orientada ao produto1. –estudaastraduçõesexistentesenvolven-

DTS - Descriptive Translation Studie.

Page 32: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Modelo de James Holmes

31

Capítulo 01

doadescriçãoouanálisedeumúnicopardeTFeTToufaz

umaanálisecomparativademuitastraduçõesfeitasapartirde

ummesmoTF;

Orientada à função2. –descreveafunçãodastraduçõesnasitua-

çãodereceptorsociocultural.Estudacontextosemvezdetex-

tos. Provavelmente essas traduções seriamchamadashojede

traduçõesorientadasaosestudosculturais;

Orientada ao processo3. -tratadapsicologiadatradução,atenta-

tivadedescobriroqueocorrenamentedotradutordurantea

realizaçãodoseutrabalho.

Osresultadosdaspesquisasconsideradascomosendo ‘descritivas’

pode,segundoHolmes,sersustentadodentrodeumaramificaçãoteórica

demodoadesenvolvertantoumateoriageralou,maisprovavelmente,te-

oriasparciaisdatradução‘restritas’assubdivisõespropostasnaFigura1.

Noquedizrespeitoaoramodaspesquisas‘aplicadas’emtradução,

Holmespropõeumasubdivisãoemtrêsitens:

Treinamento de tradutores1. –métodos de ensino, avaliação de

tradução;

Recursos acessórios de tradução2. –dicionários,gramáticas,infor-

mações,tecnologias;

Crítica de tradução3. –avaliaçãodetraduções,revisõescríticas.

Ainda segundo Holmes, se esses aspectos relativos aos estudos

‘aplicados’ foremplenamentedesenvolvidos, épossívelobteruma se-

gundafigura(Fig.2)comoextensãodaprimeira,conformevocêpode

observarnaseqüência:

Page 33: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

32

Aplicada

AplicadaTreinamento deTradutores

Críticas de Tradução

Métodos deAvaliação do

Professor

Técnicas deAvaliação

Currículo

Aplicações em TI Dicionários Gramáticas

Revisão Avaliação deTraduções

AnáliseCrítica

Tradução deSo�wares

Bancos de Dados On-Line

Uso daInternet

Fig. 2 – Moelo de Holmes para o ramo ‘Aplicado’ dos Estudos da Tradução.Fonte: MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies, 2002.

Treinamento de tradutores1. –métodos de avaliação de ensino,técnicasdeavaliação,estruturacurricular;

Recursos acessórios de tradução2. –aplicaçõesemTI(TecnologiadaInformação:softwaresdetradução,basededadosOn-lineeusodainternet),dicionáriosegramáticas;

Crítica de tradução3. –revisões,avaliaçãodetraduçõesecríticadetradução.

Comovocêpodeobservar, a tentativadeHolmes foimostrar as

inúmeraspossibilidadesdeestudosepesquisasenvolvidosnocampoda

traduçãodemaneiraaatrairaatençãodepesquisadoresdeáreasafins

paraocampotradutório.Talfatogerou,posteriormente,outrasrami-

ficações que vierama caracterizar os estudosda tradução como área

acadêmicareconhecidaeautônoma.Noitemaseguir,apresentamosum

panoramade10possíveis áreasdepesquisa emestudosda tradução,

objetivandooferecerumpontodeorientaçãoparaospesquisadoresque

desejemexploraraárea,asaber:

Page 34: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Modelo de James Holmes

33

Capítulo 01

Análise Textual e Tradução1.

Análise do texto-fontea. –foconaanálisedoTFexaminandová-riosaspectostextuaisdosquaispodemflorescer‘problemas’detradução.Trata-sedeumpontorelevantenoquedizrespeitoaotreinamentodetradutores,eumaboareferênciadeleiturasãoostrabalhosdaprofessora,tradutoraeteóricafuncionalistaale-mãChristianeNord(1991).Oobjetivodessetipodetrabalhoéprepararoalunoparaatraduçãoemsi,vistoque,apósumaaná-lisecuidadosadeaspectossintáticos,semânticoseestilísticosdoTF,presume-sequeoprocessodeencontrarsoluçõesadequadasparaatraduçãosejamaisfácil.

Comparação de traduções e seus TFsb. -nessetipodepesquisa,trabalha-secomvárias traduçõesapartirdeummesmotextooriginal,namesmalínguaouemlínguasdiferentes.Nessetipodetrabalho,énecessárioescolherdeterminadosaspectosdatra-duçãopara realizaraspesquisas como,porexemplo, trabalhocomvozpassiva,ouaspectosdiferentes,comoousodediale-tos,alémdeanalisarcomootradutorresolveessesproblemas,quaisasestratégiasutilizadasporele.Oobjetivodessetipodeestudoéencontrarpadrõesdecorrespondênciaentreostextos,podendoopesquisadorestudarpossíveisregularidadesnocom-portamentodo tradutorouprincípios geraisquedeterminematéquepontodeterminadosaspectospodemsertraduzidosemdeterminadascondições.

Comparação de traduções e textos não traduzidosc. -pesquisasnessesentidocomparamtextos,traduzidosnumadeterminadalíngua,comtextosoriginalmenteescritosnessamesmalíngua–chamadoscorporacomparáveis.Comoavançodosestudosdatraduçãobaseadosemcorporapodemosanalisarcomoastradu-çõesdiferemdeoutrostextosnalíngua-alvo.

Tradução comentadad. –tambémchamadadetraduçãoanotada–essetipodetrabalhoprevêatraduçãodeumtextoaomesmotempoemqueseescrevemcomentáriosarespeitodoprocessodetradução;éfeitaumaanálisedoTFenquantosejustificamostiposdesoluçõesparadeterminados‘problemas’detradução.

Chama-se corpus, no plural corpora, o conjunto de textos utilizados em pesquisas lingüísticas e de tradução.

Page 35: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

34

Avaliação da Qualidade da Tradução2.

Ostradutoressãoavaliadosnavidarealemváriascircunstânciascomo,porexemplo,duranteumtreinamento,examesdeprofici-ência,atravésdecríticaserevisõesetambémpeloleitorcomum.Nessesentido,existemtrêsabordagensqualitativasparaseava-liartraduçõesdeummodogeral:1)orientada ao TF-temporbasearelaçãoTFeTT.Osmétodosdeavaliaçãomarcamdefini-çõesdeequivalênciaexigidaseclassificamtiposdedesviosdessaequivalência;2)orientada ao TT-pontoemqueaequivalêncianãorepresentaumconceitocentral.Essaabordagemconduzaumaanálisetextualparaavaliarasdiferençasentreatraduçãoemquestãoeoutrostextoscomparáveisnalíngua-alvo.Aidéiaémedirograudenaturalidadedatradução;e3)osefeitos da tra-duçãonosclientes,professores,críticosespecializados,leitores;pode-se atémesmo entrevistar editores ou leitores sobre suasexpectativasreferentesàqualidadeda tradução.Nesse tipodeabordagem,asteoriasfuncionaisecomunicativas,taiscomoaSkopostheoriedeHansVermeer(1984)-teoriaqueveremosain-danestelivro-sãobastanteúteis.

Tradução de Gêneros3.

Nessaabordagenpredominamodrama,poesia,prosadeficção,literaturainfantil,textosreligiosos,deturismo,técnicos,multi-mídiaedocumentoslegais.Porexemplo,nocasododrama,éprecisoconsiderarseapeçaéparaserlidaouencenada.Jánapoesia épreciso considerar se éumaversão emprosaouumpoemacommétrica,rima,cadênciaeritmo.Deve-seconsiderarigualmenteamodalidadenarrativadoautoroutradutorsobreaprosaficcional,nocasoderomanceouconto.QuantoaostextosreligiososháqueseprestaratençãoàlacunatemporaleculturalentreassociedadeseatensãoentreostextosreligiososcomoaBíbliaeassagradasescrituras.Nocasodaliteraturainfantilde-vemosconsiderarseotextoéescritoparaserlidoparaoupelascrianças.Ostextosdeturismoenvolvemumaltograudecontatolingüísticoedecruzamentoentreculturas,jáostextostécnicos

Page 36: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Modelo de James Holmes

35

Capítulo 01

dizem respeito aos assuntosda ciência, tecnologia, economia,medicina,enquantoqueostextoslegaisenvolvematraduçãodeproblemasenormasdiversas.

Tradução de Multimídia4.

Envolvetextosaudiovisuais,usandosome imagemparaorá-dio,TV,filmes,DVDs,vídeos,apresentaçãodeeventosligadosàarte,comoóperasouteatro,traduzidostantopormeiodedu-blagemcomopormeiodelegendas.

Tradução e Tecnologia5.

Essanovatraduçãodepesquisaabrange:

Avaliação de softwares• –estudaprogramasparagerenciamentodeterminologiaesistemasdememóriadetraduçãoquepermi-temoacessoatraduçõespréviasedocumentossimilares;

Localização de softwares• –adaptaumprodutodesoftwareparaumalínguaoucultura-alvo:adaptaainterface,arquivosdeaju-daedocumentosdeajudatambém.Umexemploparaessepro-cedimentosãoosprogramasdeajudaqueutilizamosnoWORD(Microsoft)equevêmtraduzidosdoinglêsparaoportuguêsououtraslínguas;

Tradução de websites• –avaliaoproduto,exploraafamiliaridade/distanciamentodaslínguascontroladasnoprojetodowebsiteparafacilitaratraduçãodaslínguasutilizadasnosprojetosdewebsite;

Efeitos da tecnologia• -pesquisaoimpactoqueossistemastecno-lógicostêmtantonomodocomoostradutorestrabalhamcomotambémnaapresentaçãofinaldatradução,porexemplo,ocasodostradutoresautomáticosquetraduzemaspalavrassemregrassintáticasousemânticas,dandoàsfrasesumcaráterdeininte-ligibilidade;

O lugar da tecnologia no treinamento de tradução• -analisaquaistecnologiaspodemserapropriadaseemquaiscontextos,comsoftwaresespecíficosparatradução.

Page 37: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

36

História – Caminhos da Tradução6.

Emestudosdessanatureza,devemos fazeralgumasperguntasquenorteiamaspesquisas:

Comreferênciaaostradutoresesuasafiliaçõesteóricas,suasre-•laçõescomeditores, suamotivaçãoe suapráticade tradução,alémdocontextodoespaçointerculturalqueostradutoresha-bitamentreduaslínguaseduasculturas-Quem?;

Comrespeitoaostextosquesãoounãotraduzidosemculturas•etemposespecíficos,estabelecendorelaçõesentrecomunidadeslingüísticasmajoritáriaseminoritárias,entrecentrosimperiaisecoloniais-O quê?;

Sobre como os textos são traduzidos em tempos específicos,•alémdousodatraduçãoparaestabelecerumaliteraturanacio-nal,relaçõesentreasduasculturasrelacionadasouosinteressesindividuaisdoseditores–Por quê?;e

Comrelaçãoaanálisesdetalhadasdetraduçõesindividuaisden-•trodoseucontextohistóricoesocial,adquirindoumimportantepapeldepreencherlacunasnahistória;sãopesquisasreferentesaaspectosmicroemacrodaHistóriadaTradução–Como?

QUEM?–OQUÊ?–PORQUÊ?–COMO?

Fatores Culturais ou Ideológicos7.

Essalinhadepesquisaestudaaformacomoastraduçõestêmsidoinfluenciadasporfatoresculturaiseideológicosequeefeitoses-sastraduçõesexercemsobreosleitoreseasculturas-alvo,efeitosestesquepodemtergrandesdimensõeséticas.Portanto,algumaspalavras-chave nesse sentido são: poder, emancipação, gênero,pós-colonialismo,nacionalismo,identidade,hegemonia,minori-dade,identidadeculturaleaquestãodavisibilidadedotradutor.

Page 38: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Modelo de James Holmes

37

Capítulo 01

Treinamento de Tradutores8.

Umúltimolevantamentofeitoviainternetnosmostraque,nosúltimos10anos,aumentouonúmerodecursosdeespecializaçãoepós-graduaçãocomênfasenosestudostradutórios,incluindoocursodemestradonessaárea(oprimeironoBrasil)oferecidopelaUniversidadeFederaldeSantaCatarina.Poroutro ladoe,apesardeotreinamentodetradutoresserumassuntorelevante,poucaouquasenenhumapesquisafoirealizadasobreesseassun-to.Ressaltamos,nesseitem,asreflexõesdaprofessoradetradu-çãoeteóricaalemãChristianeNord.EmseulivroText Analysis in Translation,Nord(1991)sistematizafatoresdeinterferênciaparaaanálisedostextos-fonteedotextotraduzidoqueauxiliamtantoareflexãosobreapráticadequemjáétradutorprofissionalquan-todoaprendiz.VocêpoderáencontrarmaisinformaçõessobreateoriadeNordnoitemreferenteaofuncionalismo,maisadiante.

Modelos Teóricos de Tradução9.

Entendemospor‘modelo’umaconstruçãoquerepresentaalgumaspectodarealidade.Nocasodosmodelosteóricos,demodoge-ral,representamseusobjetos(quaisquerquesejam)deumaformamaisabstrata,vistoqueessesobjetossãobaseadosempressupo-sições,concepçõesdecomosãoestruturadosoudecomopodemestarrelacionadoscomoutrosfenômenos.Essesmodelossãoten-tativasdeconstruirumaimagemdoobjetodeestudo,quepodemtornarmaisfáceisavisualização,acompreensãoeaanálisedeumprocessoeseusresultados.Essasrepresentaçõespodemseraltamenteidealizadasousimplificadas;noentanto,nãosãoins-trumentosconceituaisúteis,poissãosimplesmentemapasdoquesepensaseremascaracterísticasmaisimportantesdoobjeto.

Naáreadosestudosdatradução,utilizamostrêstiposbásicosdemodelos teóricos:o comparativo, o processual e o causal.Ocomparativo tendeaserestáticoeorientadoaoproduto,alémdesercentradoemalgumtipoderelaçãodeequivalência.Nessemodeloteóricopode-seestudaradiferençaentretermoscomocorrespondência e equivalência.Oprocessualrepresentaatradu-

Os conceitos sobre equiva-lência e correspondência são discutidos por Mona Baker (1999), Werner Koller (1979) e Heloisa G. Barbosa (2004). Esses temas serão abordados mais adiante.

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Introdução aos Estudos da Tradução

38

çãoenquantoprocessoeintroduzdimensõesdetempo,sendo,portanto,ummodelodinâmico.Essesmodelossãoúteisquandoointeresserecaisobrerelaçõesseqüenciaisentrediferentesfasesdoprocessode tradução. Já osmodelos causais pesquisamasatitudesdotradutornumadeterminadafasedatradução,comoascausasdasdecisõesdotradutoremrelaçãoàsinstruçõesre-cebidasdocliente,dopropósitoda tradução, as suasprópriasinfluênciassócio-culturaisnotexto,oqueessasdecisõespodemcausarparaotextoequaisosseusefeitosnosleitores,nopró-priotradutorenoambientesócio-cultural.

10.A Profissão de Tradutor

Aspesquisasnesse sentidopodemser tantohistóricasquantocontemporâneas.Aspesquisashistóricaspodemobservarcomoaassociaçãoprofissionaltemsedesenvolvidonumpaís,regiãoou continente. As pesquisas contemporâneas podem estudarquestõesrelacionadasàsituaçãoatualdasassociaçõesprofissio-naisnopaís,abrangendo,porexemplo,assuntosrelativosaocó-digodeética,aostatusempregatíciodosmembroseànaturezadosprocessosdecertificação.

Page 40: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Modelo de James Holmes

39

Capítulo 01

Resumo

NessaseçãovocêestudouomodelodescritivodeJamesS.Holmessobre

asáreasdeatuaçãodosestudostradutórios.Vocêdeve lembrarquea

experiênciadeHolmes representouuma tentativade refletir sobre as

limitações impostas ao estudoda traduçãopelo atode ser,na época,

umaáreadispersa,ouseja,estudadaempequenosespaçosinseridosem

outrasdisciplinas enãode forma independente.OqueHolmes faz é

apontaressaspossíveisáreasdeatuaçãodatraduçãocomcaráterdepes-

quisasindependentes.Naseqüência,vocêconheceu10possíveisáreas

depesquisaemtraduçãoqueservematéhojecomopontodeorientação

paraosinteressadosemestudá-ladeformamaispontual.Sevocêquiser

sabermaissobreasáreasdepesquisa,formasdeiniciarumapesquisa

emtraduçãoouconhecermaissobreomodelodeHolmes,vocêpode

buscarnasfontessugeridasaseguir.

Sugestões de Leitura:

CHESTERMAN, Andrew; WILLIAMS, Jenny. The Map: a beginner’s guide to doing research in Translation Studies. Cornwall: St. Jerome Publishing, 2002.

HATIM, Basil; MUNDAY, Jeremy. Translation: An Advanced Resource Book. NY: Routledge Applied Linguistics, 2004.

SHUTTLEWORTH, Mark; COWIE, Moira. Dictionary of Translation Studies. Manchester: St. Jerome Publishing, 1997.

MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies: theories and applica-tion. NY: Routledge, 2002.

Page 41: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
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Um Pouco de História

41

Capítulo 02

Um Pouco de História

O objetivo deste capítulo é apresentar um pouco mais sobre o surgimento de

reflexões acerca das teorias de tradução e dos primeiros registros de traduções.

Antes de discutirmos as questões práticas evolvendo a tradução

propriamentedita, acreditamos ser importantequevocêconheçaum

poucomais sobre a história relacionada aos primeiros textos e refle-

xõesteóricasacercadatraduçãoquecolaboraramparaoseudesenvol-

vimentocomodisciplinaacadêmicatalcomoaconhecemoshoje.Essas

concepçõesnãoregistramumacronologia,apenasapontamparaidéias

relevantessobreatraduçãoequeforamsedesenvolvendoàmedidaem

queadisciplinavaiadquirindocontornospróprios.

Lembre-se que, para compreender qualquer resgate histórico, é

precisoteraconsciênciadatraduçãocomoreflexodeumperíodohis-

tórico,deumasociedade,deumalíngua.Enquantopráticalingüística,

ofazertradutóriorefleteumaconcepçãodelinguageme,conseqüente-

mente,amaneiradeseveratraduçãomudaconformevaisemodifican-

do,também,aperspectivademundodosteóricos.

Osprimeirosregistrosdastraduçõesremontamaoschamadostar-

gumim (300 a.C.), isto é, textosque eram traduçõesparao aramaico

(línguavernáculadosjudeus)dosEscritosSagradosedoCânoneJudai-

co(originalmenteemhebraico).Oidealtradutório,nesseperíodo,eraa

fidelidadeaotextooriginal.Essaimportânciaàliteralidadepredominou

tambémduranteoperíodohelenísticocomatraduçãodaOdisséiade

Homerodogregoparaolatim.Esseregistromarca,paraalgunspesqui-

sadores,ahistóriadatraduçãonoocidente.

2

Page 43: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

42

Cícero(106a.C.a46a.C.)eHorácio(65a.C.a8a.C.)representam

tambémimportantesfigurasparaocaminhodatraduçãonoquedizres-

peitoaoperíodoromano.Rompe-secomaquestãoda“fidelidade”,com

ostradutoresdandopreferênciaaumtextomaisnaturalefluidoou,de

acordocomHorácio,maiscriativoeagradávelnalíngua-alvo.Paraaelite

romana,atraduçãoeraumexercíciodeenriquecimentodalínguaeuma

formaderecuperaçãodevaloresculturais;nessesentido,opapeldotra-

dutordeveriaserodesolucionarsempreosproblemastantonaLínguade

Partida(LP)comonaLC.Oimportantenesseprocessonãoeraumaidéia

nova,massimdizerdeoutramaneiraaquiloquejáhaviasidoditoantes.

Diferentemente dos romanos, o ideal tradutório na IdadeMédia

volta-senovamenteparaaliteralidade,ouseja,transmitiraidéiadotex-

tooriginal(oseuconteúdo)enãoasuaparteartística.Boécio(480–524

d.C.)éumafiguraimanentedesseperíodo,sendooresponsávelpelasre-

traduçõesdosescritosdeAristótelesdoárabeparaolatim.Jáosmonges

cristãos, nessemesmoperíodo, foram responsáveis porquase 90%de

todasas traduçõespara ede línguasocidentaisnaEuropa.Atravésda

traduçãoparaolatimdosEscritosSagradosJudaicos,conhecidoscomo

Vulgata,SãoJerônimo(390-405d.C.)permitiuqueadogmáticacristã

seestabelecessenoocidente,dandovigoraoestabelecimentodopoder

da Igreja.Em suas traduções, São Jerônimomenosprezava a tradução

palavra-por-palavra(queocultavaosentidodoTF)paradefenderacha-

madatradução‘livre’oude‘sentido-por-sentido’,priorizandooconteúdo

doTF.Nessesentido,opapeldotradutoreraodeinterpretarosoriginais

ecomplementá-loscomoutrasinformações.Essespólosditamosdeba-

tesaindafeitosatualmentenaárea:“formaxconteúdo”e“literalxlivre”.

Acompanhando asmudançashistóricas edepensamento, a ten-

dênciadatraduçãosemodificaoutravezduranteoperíodorenascentis-

ta(séculoXV),sendoelevadaaostatusdeobraliterária.Ostradutores

eramvistoscomoautoresdotextodevidoasuahabilidadedereprodu-

Page 44: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Um Pouco de História

43

Capítulo 02

zirosvaloresartísticosdoTF,adaptando-osàLC.Bruni(1370-1444),

queéumdosrepresentantesdessemomentohistórico.Brunitinhauma

visãomaismodernaparaatradução.Oconhecimentodaculturaparaa

qualseestavatraduzindoeraprioritário,istoé,compreenderotextono

seucontexto.Maisimportantequeconheceragramáticaeraconhecera

culturadaLFeconseguirtranspô-laparaaLC.

NoséculoXVI,destacam-senomescomoJuanLuisVives(1492-

1540),MartinhoLutero(1483-1546)eEtienneDollet(1509-1546)pre-

cursoresda tradutologiamoderna.Vivesvalorizavao trabalhocoma

expressãoeosentidoefoioprimeiroafalararespeitodeperdasnopro-

cessotradutório,nosentidodequeerapossívelperdernaeloqüência

enquantoganhava-senacompreensãodo texto. Vivespreocupava-se

comasintaxedaLFedaLC,nãoopondoosentidoeaexpressãoemex-

tremos,massimunindoosdoisnatradução.Dessamaneira,valorizava

oestiloeaquestãoculturaldosvaloresartísticosatravésdeduasformas

detrabalho:seguiroestilodaLFecriaroseupróprioestilo.JáLutero

defendiaumatraduçãoretóricaedeestilopopularsemfinsestéticos,

mascomunicativos,buscandoacompreensibilidadedotextoparaolei-

toreguardandoamensagemdivina.Paraeleaverdadeiratraduçãoeraa

adaptaçãodoquefoiditonumalínguaestrangeiraàsuapróprialíngua,

ouseja,osentido-pelo-sentido.Dollet,porsuavez,pregavaoconheci-

mentodoassuntoantesdoconhecimentodaslínguas,ouseja,dominar

o conteúdo auxiliava o tradutor a evitar uma escrita desconexa, pois

conheceraorigemdotextoeoseuconteúdofacilitavamacompreensão

doautoredocontextodotextooriginal.Sãodelealgunsprincípiospara

o ‘bemtraduzir’:1)entenderperfeitamenteosentidoeomaterialdo

autor,emboradevasesentirlivreparaclarearobscuridades;2)conhecer

perfeitamenteaLFeaLCparamanteramajestadedaslínguas;3)evitar

aformapalavra-por-palavra;e4)reunireagruparpalavraseloqüente-

menteparaevitarafaltadeelegância.

Dolet teve um final trágico. Foi queimado vivo acusado de heresia por não acreditar na imortalidade da alma quando adicionou a uma tra-dução sua de Platão a frase “nothing at all” (nada) para descrever o que havia após a morte. A igreja desconsidera-va traduções não literais.

Page 45: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

44

Nos séculos seguintes, destacam-se John Dryden (1631-1700) e

AlexanderFraserTytler(1747-1813).Drydenintroduziuaquestãoda

recriaçãodo texto (entendida como imitação) cujoprocesso teveum

enormeimpactonasteoriasepráticassubseqüentesereduziuaprática

tradutóriaaoquechamoude‘categorias’:1)metáfase–palavra-por-pa-

lavraelinhaporlinha(traduçãoliteral);2)paráfrase–oautorétrazido

àvistapelotradutor,masnãoéseguidoàrisca(traduçãosentido-por-

sentido);e3)imitação–abonadatantoapalavracomoosentido(tra-

duçãolivreouadaptação).JáAlexanderTytlerfoiumopositoraDry-

den.Tytlerdefendiaaidéiadequeumaboatraduçãodeveriatransferir

todooméritodoTFparaoTT,paraqueo leitorvisseo textocomo

umatraduçãodefato.Tytleraindaelencouoquechamoudeprincípios

tradutórios,baseadosemsuaexperiênciacomo tradutor literário, tais

como:1)atraduçãodeveconsistirnatranscriçãocompletadasidéiasdo

textooriginal(lealdadeaoconteúdo);2)oestilodatraduçãodevesero

mesmodotextooriginal(lealdadeàforma);e3)otextotraduzidodeve

possuiramesmafluidezdotextooriginal.

Porfim,jánoséculoXIX,umafiguraimportanteéFriedrichSch-

leiermacher(1768-1834).Paraeleotradutorestavaacimadointérprete.

A interpretaçãonão temexpressõesnovas,émuitoprática,mecânica

eliteral,istoé,matériaparaadiplomaciaeosnegóciossomente.Jáo

tradutortemqueterconhecimentodoautor,dalíngua,doseuespírito.

Nasuaperspectiva,aequivalência(acorrespondênciaexataentrepala-

vras)entreostextoseraimpossíveljustamentepelofatodeatradução

serumaarteretórica.Schleiermacherapontaaindaoque,paraele,se-

riamrazõesparasetraduzir:1)osdiferentesdialetosdeumpovo;2)

pessoascompersonalidadesdiferentescriandouma‘interlíngua’;3)os

desenvolvimentosdistintosdeuma língua emdiversos séculos; 4) os

discursosemescalassociais;e5)atransposiçãodeinformaçõesdeuma

línguaestrangeiraparaanossa.

Page 46: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Um Pouco de História

45

Capítulo 02

Nessesentido,Schleiermacherpropõeseusdoisfamososmétodos

detradução:1º)levaroleitor para o autor.DefendidoporSchleierma-

cher,esseeraconsideradoométodoidealumavezqueoleitorsaberia

estardiantedeumatradução.Essemétodoficouconhecido,posterior-

mente,como‘estrangeirização’pelofatodepriorizaroTFenãopermitir

interferênciastextuaisnatradução,comoousodeparáfrases.2º)levaro

autor para o leitor,istoé,traduzircomoseotextojátivessesidoescrito

nalínguadechegada.Conhecidocomo‘domesticação’ouapagamento

dotextooriginal,essemétodonãoadmitiaestrangeirismosna tradu-

ção.Schleiermachereracontraessaabordagem,vistoque,segundoele,

acabava-sepordenegriroTF.

Essas reflexões, embora bastante resumidas, pretendem apenas

mostrar alguns caminhos trilhados pela prática tradutória, caminhos

esses quenão só sedimentaram como tambémacenderam as discus-

sões que se seguiram.Os teóricos citados ajudama demarcar alguns

momentos importantesparaamovimentaçãodas teoriasda tradução

sempre fundamentadasemmudanças sócio-históricas.Nesse sentido,

esperamosqueessasinformaçõesoajudemafazeruma‘ponte’comos

percursosatuaisparaquevocêcompreendaospólosdediscussão(ou

dicotomias)aindahojeexistentescomo,porexemplo,olongodebatea

respeitodeliteralidadeversusfidelidade.

Agoraquevocêjáconheceumpoucosobreosprimeirosmomen-

toshistóricosdatradução,vamosavançarparaalgumasdiscussõesmais

contemporâneas.

Page 47: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

46

Resumo

Nestaseçãovocêestudouumpoucodahistóriadosprimeirosregistros

consideradostraduções.Essepercursoseinicioucomostargumin(tra-

duçõesparaoaramaicodosescritossagradosedocânonejudaico)elhe

conduziuatravésdopensamentodealgunsdosnomesmaisimportantes

quepensaramatraduçãoeajudaramafundamentarasreflexõescontem-

porâneas, comoCícero,Vives,Dryden, Bruni, Tytler, Schleiermacher,

EtienneDolleteLutero.Nessesentido,éimportantevocêselembrarque

atraduçãoreflete,navisãodecadaumdosautoresmencionados,ope-

ríodohistóricodeumasociedadeeumaconcepçãode linguagemem

constantemovimentonãosóevolutivocomotambémcíclico.

Sugestões de Leitura:

GUERINI, Andréia; FURLAN, Mauri. História da Tradução. Apostila elaborada para o primeiro ano do curso de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina. (2005)

LANZETTI, Rafael. Quadro Histórico das Teorias de Tradução. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno03-14.html>. Acesso em: maio 2007.

FURLAN, Mauri. Brevíssima História da Teoria da Tradução no Ocidente - II. A Idade Média. Disponível em: <www.cadernos.ufsc.br/online/cadernos12/mauri.pdf>. Acesso em: junho 2007.

______. Brevíssima História da Teoria da Tradução no Ocidente - III. Final da Idade Média e o Renascimento. Disponível em: <www.cadernos.ufsc.br/online/cadernos13/mauri.pdf>. Acesso em: junho 2007.

Page 48: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Rumo a uma Teoria – Contemporânea – da Tradução

47

Capítulo 03

Rumo a uma Teoria – Contemporânea – da Tradução

Neste capítulo conheceremos importantes teóricos da tradução.

Podemosdizer,arespeitodosautoresquevocêestudounaseção

anterior,queassuasmaiorescontribuiçõesparaadisciplinaforamas

teorizaçõesarespeitodeumconceitodetraduçãoeoschamados‘mé-

todos’ para se traduzir ‘adequadamente’. No entanto,muitos teóricos

queseseguiramaessesautoresconcordamqueopontoprincipaldas

discussõessobreatraduçãotraziacritériosdejulgamentoimprecisos,

vagos,subjetivosetambémmuitonormativos.Reagindoaisso,ateoria

datradução,nametadedoséc.XX,fezváriastentativaspararedefinir

osconceitosde“literal”e“livre”emtermosoperacionaispara,então,

descrevero“significado”emtermoscientíficos.

Nosanos50e60,os teóricoscomeçaramadirigiranálisesmais

sistemáticasdatradução,eodebatesedesenvolveuemtornodecertas

questõesdeordemlingüística,sendoamaisimportantedelasaquestão

daequivalência.Nosanossubseqüentes,forammuitasastentativasde

definirasuanatureza.Naseqüência,destacamosalgunsdosteóricos

quetrabalhamnessadireção.ComecemoscomJakobson.

Roman Jakobson (1896-1982)éumdospensadoresquedeflagrou

arelaçãoentreatraduçãoeateorialingüística,quepreviuumtipode

prática tradutória que influenciaria reflexões sobre a dicotomia entre

teoriaeprática.Essa relaçãodicotômicaéumpontocentralnoensi-

nodatradução,vistoqueestácomprometidacomaquestãodalíngua

enquantoobjetoautônomodeestudodentrodalingüística,enãocom

3

Page 49: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

48

a linguagem. Jakobsoninvestigouquestõesdesignificadolingüísticoe

equivalênciaeseguiuumarelaçãoinstauradaporSaussuresobreaques-

tãosignificadoesignificante.Exemplificandoessarelação,oqueijoéo

significanteparaumalimentofeitoapartirdoleite(significado).

Jakobsonestudoutambémaquestãodeequivalênciadesignifica-

dosentrepalavrasemlínguasdiferentes.Elenosdizqueaequivalência

ocorreaoníveldamensagem,entreostextos,enãodeunidadesdocó-

digolingüísticoseparadamente,poisessasunidadessãodiferentespelo

fatodepertenceremadoissistemasdesignos(línguas)igualmentedife-

rentesequecompreendemarealidadedemodosdistintos.

Ferdinand de Saussure(1857-1913)-Saussurepostulouqueossig-

nospossuemumarelaçãoarbitrária, istoé,nãoháentreelesumare-

lação intrínsecaentresignificanteesignificado,portantoa linguagem

podeserconsideradacomoresultadodeumacordosocial,deumpac-

toqueestabelececódigos.Segundooautor,alínguaéumconjuntode

hábitos lingüísticosquenospermitecompreenderosoutrosesermos

compreendidos por eles. Entretanto, a linguagem não pode ser tida

comoumobjetodeestudodalingüística,poisnãopossuiunidadeinter-

nae,portanto,nãopermitedescreverosfatosdalíngua.Dessamaneira,

atentativadalingüísticatradicionalédomesticareaprisionarofenô-

menodatradução,dentrodeumapropostaqueadmiteumaoposição

perfeitaentresignificadoesignificante,equivalendoàpossibilidadede

umatraduçãoperfeitaeabsolutamentepossível,aocontráriodeJakob-

son,queconsideraaimpossibilidadedatraduçãodevidoàintervenção

decaracterísticasindividuaisnostextos,asquaiscontrariamaperfeita

oposiçãoentresignificadoesignificantedeterminadaporSaussure.Por

outro lado,essanoçãodeSaussureépossívelno interiordosfatosda

língua,oquetornapossívelatraduçãoentreduaslínguas-operações

entreentidadesabstratas-enãoentre“duaslinguagens”.

No sentido mais corrente, língua é um instrumento de

comunicação, um sistema de signos vocais específicos

aos membros de uma mesma comunidade. Linguagem é a

capacidade específica à espé-cie humana de comunicar-se

por meio de um sistema de signos vocais, ou língua, que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função

simbólica e de centro nervoso geneticamente especializa-

dos (DUBOIS, 1973). Para mais informações, você pode

consultar o material sobre “Estudos da Linguagem”.

Page 50: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Rumo a uma Teoria – Contemporânea – da Tradução

49

Capítulo 03

Eugene Nida (1964) -desenvolveuasua teoriapartindodoseu

própriotrabalho,nosanos40,quandotraduziueorganizouatradu-

çãodaBíblia.Nidabuscoufazerdatraduçãoumaáreadeestudomais

científica, incorporandotrabalhosrecentesda lingüística. Comuma

abordagembemmaissistemática,emprestouconceitosteóricoseter-

minologia tanto da semântica quanto da pragmática, e tambémdos

trabalhosdeChomskysobreaestruturasintática,queoriginaram,pos-

teriormente,ateoriadagramáticagerativatransformacional.Oponto

centraldoseutrabalhoéodistanciamentodeantigasidéiasqueconsi-

deravamapalavracomoumsignificadofixopara,então,proporuma

definiçãofuncionaldossignificados,noqualapalavra ‘adquire’uma

significaçãoatravésdoseucontextoe,conseqüentemente,produzvá-

riasrespostasdeacordocomaculturanaqualéempregada.Duran-

tealgumtempoNidalecionounaUniversidadedaCalifórnia,emLos

Angeles.Hojeestáaposentado.

Peter Newmark (1981)-paraesteautoratraduçãoésemânticae

comunicativa.Logo,osucessodoefeitodeequivalênciaseria‘ilusório’

eosconflitosdelealdades,assimcomoalacunaentreoTFeaLC,estão

semprepresentescomoproblemasprioritáriosnateoriaepráticadatra-

dução.AindaqueseaproximandodeNida,PeterNewmarksedistancia

doefeitodeequivalência,oqualseriainoperanteseotextoestivessefora

doespaço-tempodaLC,comonoexemplodeumatraduçãomoderna,

eminglêsbritânico,deHomero.Nãohaveriameiosdeotradutorrepro-

duziromesmoefeitodoTFno leitorda tradução,conformeocorreu

comosleitoresnaLF,naGréciaantiga.Newmarkafirmaqueatradução

semânticadiferedatraduçãoliteralporrespeitaro‘contexto’,interpretar

eatémesmoexplicardeterminadospontosdotextosefornecessário.

Oautorconsidera,ainda,queatraduçãoliteraléamelhorabordagem

paraatraduçãosemânticaeparaatraduçãocomunicativa,assumindo

queoefeitodeequivalênciajáestariaasseguradoemambososcasos.

Page 51: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

50

SegundoNewmark,esteseriaoúnicométodoválidoparaatradução.

Newmark ainda atua como professor na universidade de Surrey, em

Guildford,Inglaterra.

Werner Koller (1972)-tambémanalisouotermo‘equivalência’ea

questãodacorrespondência.Acorrespondênciaestáinseridanocampo

na lingüísticacontrastiva,noqualdoissistemas lingüísticossãocom-

paradosedescritos,contrastivamente,emtermosdesuasdiferençase

semelhanças.Jáaequivalênciaserefereaitensequivalentesemparese

contextosespecíficosdeTFeTT.ParaKoller,oconhecimentodascor-

respondênciaséumsinaldecompetênciadotradutornalínguaestran-

geira,enquantoqueoconhecimentoeashabilidadescomequivalências

evidenciariam a sua competência direta na tradução. Koller trabalha

atualmente no Instituto para Germanística em Bergen, na Noruega.

Mas,oquedeveserequivalente?Kollerdistinguecincotipos:

Equivalênciadenotativa–relacionadaaocontextoextralingüís-•ticodotexto;

Equivalênciaconotativa–referenteàsescolhaslexicaise,tam-•bém,entendidacomoequivalênciaestilística;

Equivalênciatexto-normativa–relativaaocomportamentode•tiposdetextos;

Equivalênciapragmática–tambémchamadadenormativa,vol-•tadaao“receptor”dotextooudamensagem;e

Equivalênciaformal–relacionadaàformaeàestéticadotexto.•

Vinay e Dalbernet (1977)-identificamduasestratégiasgeraisde

tradução:1º)adireta e oblíquae2º)a literal e livre.Atraduçãodireta

seria compostade7 procedimentos: empréstimo, calque, tradução lite-

ral,transposição,modulação,equivalênciaeadaptação,todosessesele-

mentosoperandoemníveiscorrespondentesaoselementosestruturais

eprincipaisdotexto:léxico,estruturassintáticasemensagem.Osauto-

Esses procedimentos são também conhecidos como es-

tratégias tradutórias e serão abordados com mais deta-

lhes no material referente aos “Estudos da Tradução I”.

Page 52: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Rumo a uma Teoria – Contemporânea – da Tradução

51

Capítulo 03

resconsideramaunidadedetraduçãocomosendoumacombinaçãode

“unidadeslexicológicas”(palavra)ede“pensamento”(conteúdo)esuge-

remcincopassosparaotradutorseguirduranteoprocessodetradução:

Identificarasunidadesdetradução;1.

ExaminaroTF,analisandooconteúdodescritivo,afetivoeinte-2.lectualdasunidades;

Reconstruirocontextometalingüísticodamensagem;3.

Avaliarosseusefeitosestilísticos;e4.

ProduzirerecriaroTT.5.

John Catford (1965)-foioprimeiroaapresentarotermoshift.

Catfordcompreendeualínguacomocomunicaçãooperando,portanto,

demodofuncionalnocontextoenumavariedadedediferentesníveis

(fonologia,gramáticaeléxico)eestruturas(frase,oração,grupo,pala-

vra).Catfordfez,ainda,umaimportantedistinçãoentrecorrespondên-

cia formal e equivalência textual.Acorrespondência formalbaseia-seno

sistemadeumpardelínguas.Jáaequivalência textualpodeocorrercom

qualquertextooucompartedeumTTeévistasempreapartirdeum

determinadoânguloeocasião,ouseja,aequivalênciaestásempreamar-

radaaumpardeTFeTTespecíficos.Portanto,quandoessesdoiscon-

ceitosdivergem,ocorreoqueCatfordchamadeshiftnatradução,istoé,

deslocamentooriginadoapartirdacorrespondênciaformalnoproces-

sodetransposiçãodaLFparaaLC.Catfordafirmaqueaequivalência

dependedecaracterísticascomunicativastaiscomofunção,relevância,

situaçãoecultura,aoinvésdesimplesmentecritérioslingüísticosfor-

mais,oquesignificaquedefiniraquiloqueé‘funcionalmenterelevante’

éuma‘questãodeopinião’.

Shift

Significa translação, movi-mento, transferência.

Page 53: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

52

Resumo

Nestecapítulovocêestudousobreosprimeirosescritostidoscomotra-

duçãonahistóriaetambémsobrealgunsautoresquetentamosorgani-

zar,de formaresumida,emumacronologiahistórica.Nestepercurso

buscamos incluir alguns dos nomesmais importantes relacionados à

tradução,desdeCíceroeHorácio,romanoserenascentistas,atéautores

representantesdoséculoXXtaiscomoNida,Catford,Jakobson,Vinay

eDalbernet,entreoutros.Atravésdasreflexõeseteorizaçõesdessesau-

tores,vocêpodeperceberosmovimentosmaissignificativosquederam

origemadebatesquepermanecematéosdiasatuaiscomoquestõesa

respeitodofatodeatraduçãodeverser“literal,livreefiel”ou,“palavra-

por–palavra”(literal)e“sentido-por-sentido”(livre),ouaindasobreo

fatodedeixartransparecerounãoaoleitorqueotextoqueesteestálen-

doéumatradução.Vocêdevelembrarqueatraduçãoésempreoreflexo

deumperíodohistórico,deumasociedade,deumalínguae,portanto,

refleteumaconcepçãode linguagem,ouseja,mudandoamaneirade

seperceberatradução,mudatambémaformadeseveromundo.Nas

décadasde50e60asanálisessetornammaissistemáticaseatradução

começaaganharostatusdedisciplinaacadêmica.

Sugestões de Leitura:

BAKER, Mona. Lingüística e Estudos Culturais: Paradigmas Complementares ou Antagônicos nos Estudos da Tradução? In: MARTINS, Márcia A. P. Tradução e Multidisciplinariedade. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.

FURLAN, Mauri. A teoria de tradução de Lutero. In: ENDRUSCHAT, Annete; SCHÖNBERGER, Axel (Orgs.). Übersetzung und Übersetzen aus dem und ins Portugiesische. Frankfurt am Main: Domus Editoria Europaea, 2004. p. 11-21. Também disponível em: <http://www.pget.ufsc.br/publicacoes/profes-sores/MauriFurlan/Mauri_Furlan_-_A_Teoria_de_Traducao_de_Lutero.doc>. Acesso em: maio 2007.

LOGUS Multilingual Portal. Este site traz um curso interativo de introdução à tradução. Do seu original, em italiano, foi traduzido para diversas línguas. Disponível em: <http://www.logos.it/pls/dictionary/linguistic_resources.cor-

Page 54: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Rumo a uma Teoria – Contemporânea – da Tradução

53

Capítulo 03

so_traduzione_en?lang=em>. Acesso em: maio 2007.

SHUTTLEWORTH, Mark; COWIE, Moira. Dictionary of Translation Studies. Manchester: St. Jerome Publishing, 1997.

MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies: theories and applica-tion. NY: Routledge, 2002.

OTTONI, Paulo. O papel da lingüística e a relação teoria e prática no ensi-no da tradução. Disponível em: <http://www.unicamp.br/~ottonix/OPAPEL-DALINGSTICAEARELAOTEORIAEPRTICANOENSINODATRADUO.htm>. Acesso em: maio 2007.

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Unidade CO Funcionalismo

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O Funcionalismo

57

Capítulo 01

O Funcionalismo

O objetivo deste capítulo é nos fazer compreender um pouco melhor o

funcionalismo voltado à tradução.

1.1. Teorias Funcionalistas da Tradução

Comojáreferimosatémeadosdadécadade60,aspesquisassobre

traduçãoestavamcentradasemdebatesoposicionistascomo“tradução

fiel”x“traduçãolivre”,“palavra”x“forma”,eempesquisasrelativasàsin-

taxeeaoléxico.Comooposiçãoàsabordagensformalistasdagramática

gerativa,naqualpredominavaatransparênciadaformaearelaçãoentre

constituintesdaoraçãoefrases,etambémcomoescolalingüística,ofun-

cionalismonascenadécadade70etemseuaugenosanos80e90,naAle-

manha.NoqueserefereàáreadosEstudosdaTradução,ofuncionalismo

sepropõeaabordaratraduçãodeumamaneiramaiscomunicativa.

Se você pensou em funções da linguagem nesse campo, pensou

certo, visto que elas desempenhamumpapel-chavedentrodas abor-

dagensdescritascomofuncionalistas.Portanto,antesdeprosseguimos,

vamosrelembrá-las.

Cronologicamente,asfunçõesdalinguagemforamabordadaspelo

antropólogopolonêsMalinowski em1923, pelo lingüista e psicólogo

austríacoKarlBühler em1934, porRoman Jakobson em1960 e por

Hallidaynosanos70.Bühlerdistinguiutrêsfunçõesquecoexistemno

mesmoeventoequeseapresentamhierarquizadasnoenunciado.

AclassificaçãodeBühlerinfluenciououtrosteóricos,comoJakobson,

quemanteveaclassificaçãooriginal,atribuindo-lheapenasnovosnomes:

As funções segundo Bühler são: Darstellungsfunktion (in-formativa); Ausdrucksfunktion (expressiva) e Appellfunktion (apelativa), conforme MUN-DAY (2002:199).

1

Page 59: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

58

Referencial(contexto);•

Emotiva(remetente);e•

Conativa(destinatário).•

Eacrescentandooutrastrês,asaber:•

Fática(contato);•

Metalingüística(código);e•

Poética(mensagem).•

Cadaumadessasfunçõesestádiretamenteligadaaumdosfatores

queintervêmnacomunicação,noentantoumasempresedestacadas

outrasdependendodesuafinalidade.Reconhecê-laséumfatorimpor-

tanteparaentendercomootextoescritosearticula.

Outropontoquemereceesclarecimentoéotermo‘funcionalismo’,

vistoqueexistemmuitosmodelose‘versões’dessavertenteassociadas

aoutras áreasdo conhecimento comoa antropologia, etnografia, so-

ciologia, jornalismoeciênciasmatemáticas,alémdeváriasdistinções

dentrodapróprialingüísticadaqualSimonDikeMichaelHallidaysão

exemplos.Porém,seretomarmosoquefoiditonoiníciodessaunida-

de,podemosafirmarqueofuncionalismoparte,deummodogeral,da

funçãocomunicativaquecertasestruturaslingüísticasexercemdentro

deumdeterminadocontextoedaanálisedasestruturasquecooperam

pararealizarestafunção,caracterizandoaintençãopragmática(concre-

ta)dousuáriodalíngua.

Pelo fato de se preocupar com situações comunicativas orais e

concretas,umadasquestõescentraisparaosfuncionalistaséinvestigar

comoosusuáriosdalínguasecomunicavamcomeficiência,ouseja,a

linguagemécompreendidacomouminstrumentodeinteraçãosocial,

cujaintençãomaioréadeestabelecerumacomunicaçãoentreosusuá-

Page 60: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Funcionalismo

59

Capítulo 01

riosdalíngua.Poressarazão,prevalecemosestudosdalinguagemque

privilegiamoseucontextodeuso.

Otermo‘função’,porsuavez,tambéméutilizadoemdiversasáreas

do conhecimento, a exemplode ‘funcionalismo’: pode serumagran-

dezamatemáticaou representar autilidadedeumobjetoou aindao

valordeumtermodentrodaoração.Paraalingüística,‘função’tema

vercomumaperspectivasócio-culturaldalíngua,designandoarelação

entreumaformaeoutra(funçãointerna),entreaformaeosignificado

(funçãosemântica)ouentreosistemadeformaeocontexto(função

externa).Vistoqueotermonãocompartilhadosmesmoscritériosde

definiçãoeabrangência,dadooseuusoemáreas tãodiversasdoco-

nhecimento,buscamosdefini-loaquisegundoaconcepçãodasfunções

dalinguagemqueservemdeparâmetroparaotrabalhodeChristiane

Nord(1991),analisadonoitem1.3.

1.2. O Funcionalismo para os Estudos da Tradução

Oresgatedostermos‘função’e‘funcionalismo’nospermitecom-

preendermelhorousodessestermosnoquedizrespeitoàspesquisas

realizadasnoâmbitodatradução,poisaodefinirmosnossopercursote-

óricoficamaisfácilentendermosamaneiradeabordarecompreender

otextocomoqualestamostrabalhando.

SurgidonaAlemanha,ofuncionalismotemcomoprincípioatra-

duçãoenquantoação, interaçãocomunicativa,ouseja,umaatividade

quedetémumpropósitobaseadoemumtextodeorigemedestinado

aumleitorfinal.AAlemanhadopós-guerrafoipioneiranosestudos

relativosateoriasepráticadetradução,alémdetersidoumdosprimei-

rospaísesainstitucionalizarotreinamentodetradutores.Nessesenti-

Page 61: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

60

do,ocorreumrompimentocomaformalidadedosestudoslingüísticos

predominantesnasdécadasde70e80esefortalece,conseqüentemente,

aabordagemdotextoapartirdeumaperspectivamaiscomunicativa,

maleáveledependentedocontexto.Algunsnomesrepresentativosdesta

abordagemsão:KatharinaReiss,HansVermeereChristianeNord.

Atémeadosdadécadade70,atraduçãoaindaeraumaatividade

demeratransferênciadecódigosaoníveldapalavraoufrase,baseada

nosprincípiosdabuscadaequivalênciaum-pra-um,tambémchamada

equivalênciainterlingual,emqueumsignocorrespondeexatamenteao

outroemtermosdesignificação.Comotempo,aspesquisaspassarama

exigirumaabordagemqueconsiderasseotextocomoumtodo,voltan-

do-separaosseusaspectosculturaisexternos.Nessecontextodesenvol-

veram-seasteoriasdeKatherinaReisseHansVermeer.

Tradutoraexperienteeinfluenciadaaindapelasnoçõesdeequiva-

lênciaqueperduraramduranteboapartedadécadade70,Reissdesen-

volveoquechamade ‘tipologia textual’ (ousituaçõescomunicativas)

unindoalgumas funções edimensõesda linguagem.Aautora sugere

queatransmissãodasfunçõespredominantesdoTFéofatordecisivo

parajulgareavaliaraadequaçãodoTT.Paraisso,Reissutilizacritérios

de instruçãointraeextralingüísticos,osquaissãoexpandidos,poste-

riormente, por ChristianeNord. Tais critérios permitem ao tradutor

avaliarosignificadodoTF,oquelheconfereopoderde‘interpretar’o

texto.AabordagemdeReissconsideratrêscaracterísticasimportantes:

Atransmissãoda• funçãopredominantedoTFéofatorprincipalparajulgaroTT;

Aimportânciadoscritériosdeinstruçãovariadeacordocoma•tipologiatextual;

OreconhecimentodequeafunçãocomunicativadoTTpode•divergirdaqueladoTFequeoTTpodeserdirigidoaumpú-

Page 62: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Funcionalismo

61

Capítulo 01

blicodiferentedoqueforaintencionadopeloautor,razãopelaqualsefaznecessárioavaliarafuncionalidadedoTTemrelaçãoaocontextodatradução.

Deacordocomessaabordagem,atraduçãoidealéaquelanaqualo

propósito,nalínguadechegada(LC),éequivalenteemrelaçãoaoconte-

údoconceitual,àformalingüísticaeàfunçãocomunicativadoTF.Mes-

mocriticadapordarprioridadeaoTF,oméritodeReissestáemdefinir

aimportânciadoTTparaalémdeestruturaslingüísticasemcondição

desimplesequivalência.NaperspectivadeNord,alémdelimitaraprá-

ticatradutória,aequivalêncialingüísticanãopodemaisserconsiderada

comocritériodeescolhasmetodológicas,dentrodaperspectivafuncio-

nalista.AponteentreteoriaepráticavematravésdeHansVermeere

doseudesejoemseafastardasteoriaslingüísticas.Seuposicionamento

teóricoérelatadoemumtrabalhode1976:“Alingüísticaporsisónão

iránosajudar.Primeiro,porquetraduzirnãoémeramenteenempri-

meiramenteumprocessolingüístico.Segundo,porquealingüísticanão

formulouaindaasperguntascertasparalidarcomosnossosproblemas.

Vamos,então,procuraremoutrolugar.”Vermeerconsideraatradução

comoumtipodetransferêncianaqualsignoscomunicativos-verbais

enãoverbais-sãotransferidosdeumalínguaparaoutra,ouseja,Ver-

meer compreende a tradução comoumaação humana, embusca de

comunicaçãoefetiva.Essaidéiaimplicaaexistênciadeumaintenção,de

umpropósitonassituaçõescomunicativas(traduções)verbalizadasou

nãoque,porsuavez,estãoinseridasemumsistemaculturalespecífico,

oqualcondicionaasuaavaliaçãocomoadequadaounão.Poressara-

zão,Vermeerutilizaapalavragrega-Skopos (objetivo, propósito)-para

definirasua‘teoriadaaçãoproposital’que,eminglês,passouachamar-

seskopostheorye,emalemão,Skopostheorie.Opropósitodatraduçãoé

oquedeterminaosmétodoseestratégiasaseremempregadosparase

produzirumresultadofuncionalmente adequado,istoé,quecomunique

semdescaracterizarostextoscomooriginaletradução.

“Linguistics alone won’t help us. First, because translating is not merely and not even primarily a linguistic process. Secon-dly, because linguistics has not yet formulated the right questions to tackle our problems. So let’s look somewhere else.” (NORD, 1997a:10, tradução nossa)

Page 63: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

62

Askopostheoryfundamentava-se,então,emdoispontosprincipais:

1)nosaspectosinteracionaisepragmáticosdatraduçãodeterminados

peloskopos(função)quesepretendiaatingirnocontexto-alvoe2)na

figuradoaddressee, istoé,o receptorouopúblico intencionadopelo

autornoTF,juntamentecomseusconhecimentosculturais,expectati-

vasenecessidadescomunicativasespecíficas.Oconceitodeaddressee

estápresente tambémna teoriadeNord.Comoresultadodessenovo

comportamento, a produção escrita, na perspectiva da Skopostheory,

voltava-separaoTTemoposiçãoaReiss,paraquemoTFeraamedida

deavaliaçãodaqualidadedatradução.

1.3. A Teoria de Christiane Nord

Conformevocêpôdeobservare,apesardastentativasdeseabor-

darotextocomoumtodo,haviaaindaalgumasdivergênciasteóricas

quelevavamtexto-fonteetextotraduzidoacontinuarsendovistosem

pólosopostos.Éjustamentecomoumpontodeequilíbrioquesurgea

teoriadeChristianeNord.EmprestandodeReisso conceitode tipo-

logia textual e deVermeero skopos (função) e afiguradoaddressee,

Nordcompreendeatraduçãocomoumprocessoconjuntoeconstante

deleituratantodoTFcomodoTT,incluindoosseusaspectosexternos

einternosetambémafunçãodeambos.Nessesentido,Nord(1997a:1)

defineofuncionalismocomoummeiodefocalizarafunção(oufun-

ções)dos textosedas traduções lembrandoqueessesestão inseridos

emcontextosculturaisdistintoseque,portanto,envolvemleitoresecó-

Page 64: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Funcionalismo

63

Capítulo 01

digoslingüísticosigualmentedistintos.Vocêdeveestarseperguntando

seessavisãodalínguaenquantocódigonãoémuitorestritaaosefalar

detradução.Bem,nósutilizamosapalavra‘código’nosentidodesím-

bolos–verbaisounão–empregadosnoatocomunicativo,ouseja,não

existeaquinenhumvínculocomteoriaslingüísticasquecompreendem

alínguacomoumcódigoestáticoquenãoevolui.

VoltandoaNord,assituaçõesquedeterminam ‘o quê’e ‘como’as

pessoassecomunicampodemsermodificadasàmedidaqueacomuni-

caçãoocorreeoutrasvariáveiscomunicativassãocolocadasemprática.

Lembre-sequeassituaçõescomunicativasnãosão institucionalizadas

oumesmopadronizadas,masocorreminseridasemambientescultu-

raisqueasestabelecemecondicionam.Nessesentidoa‘função’,deacor-

do comaperspectivadeNord (1997a:9), representa e édeterminada

poressasituaçãocomunicativaoupelocontexto.Emoutraspalavras,

éocontextoouasituaçãoemqueosusuáriosdalínguaseencontram

quedefineafunçãodotexto–traduzidoounão–alémdasestratégias

utilizadasparaasuaprodução.

Poressa razãocompreendemosa teoriadeNordcomoumpon-

todeequilíbrio,vistoquedevemos,primeiramente,analisaredefinir

afunçãodoTFparaosleitoresdaLF,parasóentãovoltarmosanossa

atençãoàfunçãoqueessetextodeveráexercerparaosleitoresdaLC.

IssosignificaqueafunçãoqueoTFexerceemrelaçãoaosleitoresda

LFpodenãoseramesmaqueasuarespectivatraduçãodeveráexercer

paraosleitoresdaLCpelosimplesfatodequeestãoemjogocontextos

culturais,códigoslingüísticosereceptoresdiferentes.Emoutraspala-

vras,afunçãotextualpodeserobservadaapartirdeduasperspectivas:

1)ocontextodeproduçãodoTFe2)ocontextoderecepçãodoTT.Isso

porqueasituaçãodeproduçãodeumnemsempreéamesmasituação

derecepçãodooutro,econsiderando-se,ainda,quepodehaverumdis-

tanciamentoespacialetemporalentreessassituações.

Page 65: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

64

AoanalisaroTF,otradutorprecisareconstruirasreaçõesdosleito-

resnalíngua-fontee,então,deduziraintençãodoautor.Sóentãoépos-

sívelcompreenderocontextosócio-culturalderecepçãoedefinirquais

estratégias utilizar durante o processo tradutório. A tradução ganha,

dessaforma,umadimensãohistórico-cultural,representadaatravésde

trêscaracterísticasbásicaspropostasporChristianeNord(1991):

Atraduçãoéuma• ação,ouseja,éumasituaçãocomunicativa

queestáinseridanumcontextodesituaçãorealeautêntico;

Todotexto,traduzidoounão,temuma• função;

Essafunçãosóéconcretizadanomomentodarecepção(dalei-•

tura)dotextoporpartedodestinatário,oquefazcomqueos

textos tenhamsempreumcaráterprospectivo, istoé,os textos

sãosempreproduzidospensando-senoleitor final.

Issoéfácildepercebersevocêpensarnostextosdestaapostila.A

suafunçãoébasicamenteinformativa,referencial,eelafoidesenvolvida

pensandoemvocê, aluno-leitor,que é, aomesmo tempo,professor e

aluno,masnão,necessariamente,tradutor.Éissooquechamamosde

‘leitor emprospecção’; esta é uma condiçãoquedevemos sempre ter

emmentequandoescrevemosumtexto:Queméomeuleitor?Quala

funçãodaproduçãotextual?

ÉdessaperspectivaqueNorddefineatraduçãocomosendoapro-

duçãodeumtexto-alvofuncional,ouseja,comunicativo,equedetém

umpropósito,apesardasbarreiraslingüísticaseculturais.Vocêselem-

bradasfunçõesda linguagemquevimosanteriormentenestemesmo

capítulo?Nordreconhececincoquefundamentamsuareflexão:

Funçãozero–oemissorescrevesemopropósitoaparentede•queotextosejalidoporoutrosreceptores.Aescritaservecomoumdesabafoouumaformadeorganizarasidéias;

Page 66: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Funcionalismo

65

Capítulo 01

Funçãoreferencial(objetiva)–nãopermiteconsideraçõespesso-•aisefazreferênciaaobjetosefenômenosdomundo.Sub-funções:informativa,metalingüística,meta-textual,diretiva,didáticaetc.;

Funçãoexpressiva (subjetiva)–oemissorexpõe suas impres-•sões,atitudesesentimentosemrelaçãoacoisasefenômenosdomundo.Sub-funções:avaliativa,emotiva,irônicaetc.;

Funçãoapelativa–convidaoreceptoraagir,pensarerefletirde•acordocompropósitosdoautor,apeladiretamenteàsensibilida-deouàsexperiênciaspréviasdoreceptor.Sub-funções:ilustrati-va,persuasiva,imperativa,pedagógica,propagandísticaetc.;

Funçãofática–estabelece,mantém,finalizaocontatosocialentre•emissorereceptor.Sub-funções:pequenasconversas,expressõesdedespedida,estóriasintrodutóriasemumareportagemetc.

ComateoriapropostaporNord,osestudosdatraduçãoganham

umanovaperspectivamaismaleável,instiganteeaberta:traduçãocomo

comunicaçãointercultural.

Page 67: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

66

Resumo

Nessaunidadevocêestudousobreateoriafuncionalistaalemãsurgida

nasdécadasde70e80.Vocêdevelembrarqueofuncionalismosecolo-

cacomoumaoposiçãoàsantigasteoriaslingüísticasformalistas,abor-

dandooatocomunicativoapartirdeumaperspectivasócio-cultural.

Nessecenáriodestacam-se três importantespesquisadores:Katherina

Reiss,quesevoltavaaoTF,HansVermeer,alunodeReissequesevol-

tavaaoTT,e,filtrandoconceitosdeambos,ChristianeNord,quees-

tabeleceummodelovoltadoàanálisedoTF(text analysis)paraentão

pensaratradução.NesseprocessoatraduçãoépensadaporNordcom

vistasaumleitoremprospecção,ouseja,otexto(sejaeletraduzidoou

não)éelaboradopensando-senoleitorqueéprevistonofinaldopro-

cessoetambémnosseusconhecimentos,expectativasecontextocul-

tural.Nessesentido,otradutordevesernãosóbilíngüecomotambém

biculturaldemodoare-estruturarocontextodeproduçãodoTFpara

entãoestruturarocontextoderecepçãodoTT.Portanto,seotextoori-

ginalpossuiumafunçãoespecífica,essapodeounãoseramesmana

traduçãoobtida.

Sugestões de Leitura:

MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies: theories and applica-tion. NY: Routledge, 2002.

NEVES, Maria Helena de Moura. A Gramática Funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2004. (Coleção Texto e Linguagem).

NORD, Christiane. Comunicarse Funcionalmente En Dos Lenguas. In: FABER, Pa-mela; JIMÉNEZ, Catalina; WORJAK, Berd (Ed.). Léxico especializado y comu-nicación interlingüística. Granada: Granada Lingüística, 2004. p. 285-296.

______. Defining Translation Functions: The Translator Brief as a guideline for the trainee translator. In: LÖRSCHER, Wolfgang (Ed.). Ilha do Desterro: Transla-tion Studies in Germany. Florianópolis: EDUFSC, 1997b. p. 39-53.

______. Functio nalist Approaches Explained. Manchester: St. Jerome Pu-blishing, 1997a.

Page 68: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

O Funcionalismo

67

Capítulo 01

______. Text Analysis in Translation. Tradução de Christiane Nord e Penelo-pe Sparrow. Amsterdan/Atlanta: Rodopi, 1991.

______. Text Function(s) in Bible Translation? In: ATA Chronicle, 2003. vol. XXXIII. p. 34-38.

ZIPSER, Meta Elisabeth. Do fato à reportagem: as diferenças de enfoque e a tradução como representação cultural. [2002?]. Tese (Doutorado em Letras) – Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

Page 69: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
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Unidade DA Década de 90

Page 71: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 72: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Década de 90

71

Capítulo 01

A Virada dos Anos 90

Neste capítulo conheceremos as teorias de Mary Snell-Hornby.

Segundoumadasmaisimportantesautoraseteóricasdetradução,

MarySnell-Hornby(1989),catedráticadaUniversidadedeViena,Áus-

tria,osanos90sinalizarammudanças importantesnosestudosdatra-

duçãocomreferênciaaconteúdosemétodosdepesquisa.Aprofessora

Snell-Hornbyconta-nosumpoucosobresuatrajetóriaprofissional,ini-

ciadanosanos60.Nessaépoca, como leitoradaUniversidadedeMu-

nique,Alemanha,pôdeobservarquea traduçãoeravistacomosendo,

unicamente,umfatodelíngua,semfundamentaçãocientíficaouorienta-

çãoteórica.Paralelamente,teveoportunidadedefazertraduçõesquelhe

eramencomendadas(textosparaconferências,comentáriosdefilmesque

integrariamfestivaisdecinemaetc.)elogosedeucontaqueomundovol-

tadoàtraduçãodentrodauniversidadeearealidadeprofissionalligadaà

traduçãoforadelasignificavamduasrealidadesmuitodiferentes.

Emummomento seguinte,Snell-Hornbyatuouem institutosde

formação para tradutores, em Heidelberg, Alemanha, e Innsbruck,

Áustria, bem como trabalhou com tradução literária em Göttingen,

Alemanha,ondea idéiadaheterogeneidadedessaáreadetrabalhose

confirmou.A realidade de que se precisaria de uma teoria integrada

de traduçãodemodo a abordar todas essas diferentes perspectivas e

contemplá-las comeficiência apresentava-se como tarefa bastantedi-

fícil.Asteorias,aindaincipientes,queseapresentavam,tinhamcaráter

restritivo,erampoucoabrangentes.

AtémeadosdoséculoXXconstatamosqueatraduçãoocupava-se

quasequeexclusivamentecomobrasdaantiguidade,coma tradução

daBíbliaecomobrasmonumentais,comoosdramasdeShakespeare,

1

Page 73: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

72

porexemplo.Atraduçãoera,portanto,assuntoparaafilosofia,teolo-

giaouparaosestudosliterários.ComaSegundaGuerraMundialesse

quadro sofreumudanças,principalmente coma empolgaçãoadvinda

comosurgimentodatraduçãoautomática,feitacomoauxíliodemá-

quinas.Passou-seapensaremrigorcientíficodentrodatradução,não

sónoqueserefereàtraduçãoautomática,mastambémcomrelaçãoà

traduçãodaBíblia e traduções técnicas ede linguagemusual, segun-

do,principalmente,olegadodaEscoladeLeipzig(Alemanha,naépoca

aindaAlemanhaOriental).Assim,surgiunaEuropa,principalmentena

Alemanha,oestudodatraduçãodeperfilmoderno,voltadoparaalin-

güística,ouseja,integrandoaLingüísticaAplicadaeseguindoparâme-

trosderigidezdalingüísticaemsi.

Dessaperspectiva,pareceterhavidoduasviradasprincipaisnadis-

ciplinacomoumtodo.Aprimeirafoimetódicaeresultantedanecessi-

dadedemaisestudosempíricos,tantonatraduçãocomonainterpreta-

ção.Jáasegunda,comovimos,foiousadaedeforaparadentro,ouseja,

atravésdodesenvolvimentotecnológicoedoprocessodeglobalização,

osquaismodificaramradicalmenteoperfilempregatíciodostradutores

eintérpretes.Dessaépocaregistram-seestudossobreterminologia,por

exemplo,etrabalhosdetraduçãocomoauxíliodocomputador,oque

vemsetornandoummundopróprio,paraalémdosdomíniosdaspes-

quisas“comuns”oudatraduçãoliterária.

Depoisdedécadasdeteorizaçõesefilosofias,achamadaparapes-

quisas e investigaçõesmais empíricas foi umacontecimento-chave, o

que,segundoSnell-Hornby,ajudouamudaroperfildadisciplinacom

investigaçõessobreaestruturadoprocessodetradução.Aquestãodos

processos mentais, subjacentes à tradução, impulsionou a curiosida-

deeosdebatesnaEuropano sentidodedescobrir comoos traduto-

res definiam suas estratégias decisórias e textuais. Énessa época que

surgemtécnicaschamadasde“protocolosverbais”paratentarregistrar,

Page 74: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Década de 90

73

Capítulo 01

emdetalhes,todooprocessotradutório.Osresultadosdessesestudos

demonstramqueostradutoresativamoseuconhecimentogeraleasua

experiênciapessoal,lingüísticaecultural,focalizandoosentidodotex-

to;elesaplicamestratégiasconscientesecritériosteóricos,etêmmais

autoconfiançaecuriosidade,alémdeumgrandecensoderesponsabili-

dadeparacomarealizaçãodoseutrabalho.

Outrotipodepesquisaempíricavoltou-seaosmétodosdalingüísti-

cadecorpus,demonstradosnasdécadasde70e80comprojetosusando

corporaecomputadorizadosemlargaescala.Opropósitodoscorpora,a

partedasinformaçõesfornecidasaotradutorportextosparalelos,erao

deoferecerinformaçõesextensivasparatrabalhosdescritivosnaárea.

AindasegundoHornby,aviradadaglobalizaçãomarcouosestudos

da traduçãode formacontundente.Esse termoseaplicadiretamenteà

tecnologiaeaocomércio,mastambémàcomunicaçãoeàlinguagem,ao

discursointernacionaleàprópriatradução.Ofenômenodalinguagem,

comomeiodeexpressãodecomunidades culturais individuais, aponta

paraumanoçãoconstrutivadeidentidadecultural,indicandoumaauto-

consciênciamarcadaporcaracterísticasbemdistintas.Opontointeres-

santeéinvestigarcomoessesdesenvolvimentosculturaissãopercebidose

comoafetamoestudodatradução,nosentidodequeoferecemnovosma-

teriaisparaotrabalhodotradutor,taiscomomateriaisdetelecomunica-

çõesenovostiposdetextosmultimídia,comoosrecursosaudiovisuais.

Outro ponto que, segundo Snell-Hornby, tambémmarcou uma

viradaparaosestudosdatraduçãofoiapropaganda,umacaracterís-

tica da vidamoderna e dos países capitalistas.Com a globalização e

osmercadosinternacionais,apropagandatemsetornadoumaquestão

importantenatradução,pelofatodeabordarinteressesespecíficosrela-

cionadosàcultura,religião,àsquestõeséticaselegais.Nessesentido,é

possívelmencionaralgumasestratégiasdetradução,asaber:1)ausência

Page 75: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

74

demudançasgráficasetextuais;2)manutençãodologo,sloganeestere-

ótiposdaculturacomasdevidasadaptaçõesparaacultura-alvo;3)tra-

duçãodireta;4)adaptação;e5)revisão.Dessemodo,osanos90conso-

lidamumnovomomentodessadisciplina,istoé,osestudosdatradução

saemdodogmático,dacentralização,paraumaposiçãomaisrelativae

frutíferaentreapluralidadedelínguasedeculturasnumcontextocuja

necessidadeéasustentaçãodediálogosinternacionaiseinterculturais.

OsEstudosdaTraduçãopassamaabrirnovasperspectivastambém

apartirdeoutrasdisciplinasnãodiretamenterelacionadasaoestudoda

linguagem e cultura,mas à comunicação através de culturas diversas.

Seuprincipalobjetivoé,pois,construtivo,vistoque,ao‘estabelecerum

diálogo’entreculturas,tem-seanecessidadedetreinarmelhoresprofis-

sionais,intérpretesbilíngüesebiculturais,aexemplodoqueChristiane

NordjáhaviamencionadoemseulivrointituladoText Analysissobreo

papeldotradutor,edepossibilitarespecializaçõesnasáreasdeinteresse

datradução.Comooprocessodeintegraçãoedeunidadepolíticaen-

volveadaptação,harmonizaçãoepadronização,ainfluênciaconcretaeo

impactodosestudostradutóriosdevemsermaisclaramentepercebidos

nasdiscussõesacadêmicasenomundocomoumtodo.

Énessesentidoque,tambémnosanos90,desenvolve-seumcam-

podeestudosquetematraído,cadavezmais,oolhardepesquisadores

eteóricosdaárea–traduçãoeanálisedodiscurso–campoquevocêirá

estudarnoitemaseguir.

Page 76: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Década de 90

75

Capítulo 01

Resumo

Neste capítulo você conheceu o trabalho da professora Mary Snell-

Hornby,daUniversidadedeViena,Áustria.Hornbyapontaparaane-

cessidadedeseadaptarosestudosdatradução,antesvoltadosaobras

daantiguidadeeà literatura,comoa traduçãodaBíbliaeosdramas

deShakespeare,àeraglobalizadaemquevivemoshoje.Aprofessora

Hornbymostra a necessidade de se pensar em uma teoria integrada

detraduçãocomorupturaemrelaçãoàsteoriasdecaráterrestritivoe

poucoabrangentesqueexistiamatéentão.Nessesentidopresenciamos

duasviradasimportantesparaadisciplina:umametódica,ressaltando

anecessidadedeestudosempíricos(enfocandooprocessodetradução,

focalizandoosentidodotextoeotrabalhodostradutores),eaoutra,

ousada,comoaumentodastraduçõescomputadorizadaseestudosso-

bre terminologia.Os estudosda traduçãopassama sernesse sentido

multidisciplinareseaestabelecerdiálogosinternacionaise intercultu-

raiscomoconseqüênciadiretadoprocessodeglobalização.

Sugestões de Leitura:

SNELL-HORBY, Mary. Eine integrierte Übersetzungstheorie für die Praxis des Übersetzens. In: KÖNIGS, Frank G. (Org.): Übersetzungswissenschaft und Fremdspachenunterricht: Neue Beiträge zu einem alten Thema. München: Goethe Institut, 1989. p. 15-51.

______. (Org.). Übersetzungswissenschaft: Eine Neuorientierung. 2. ed. Tü-bingen u. Basel: Francke Verlag, 1994.

Page 77: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 78: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Análise do Discurso e a Tradução

77

Capítulo 02

A Análise do Discurso e a Tradução

Neste capítulo vamos conhecer abordagens discursivas para a pesquisa em

tradução e seus teóricos.

Aáreadaanálisedodiscursovem,gradativamente,atraindooolhar

dospesquisadoresparaasinterfacesdetrabalhofavorecidasporela.E,

nessecenário,atraduçãonãopoderiaficardefora.

Aanálisedodiscursovêomodocomoalínguaéutilizadaeasrela-

çõessociaisedepoderqueseestabelecemapartirdela.Aquientramos

trabalhosdeHalliday(1978-1994),JulianneHouse(1997),MonaBaker

(1992),Hatim eMason (1990-1997), considerandodimensões semió-

ticas e pragmáticas da tradução.Halliday associa escolhas lingüísticas

numnívelmicrocomasfunçõescomunicativasdotextoeossignificados

sócio-culturaisexistempordetrásdele.HousecomparaparesdeTFeTT

emvariáveissituacionais,degêneros,funçõeselinguagem,demodoa

identificarométododetraduçãoempregadoeos‘erros’detradução.Já

BakereHatimeMasontrabalhamcomidéiasdepragmáticaesociolin-

güísticaquesãorelevantesparaatraduçãoemsieparaaanálisedetra-

dução.Bakerenfatiza,ainda,estruturastemáticasedecoesãodotexto,

enquantoHatimeMasonconsideramomodocomoasrelaçõessociaise

depodersãonegociadasecomunicadasnaeatravésdatradução.

Aseguir,vocêencontra,resumidamente,algunsautoresqueutilizam

abordagensdiscursivasparaapesquisaemtradução,bemcomosuasrefle-

xõeseteorias.Lembramosqueasdatasapontadasjuntoaosautoresnãotêm

umafunçãocronológica,mastãosomentelocalizamosmesmostemporal-

menteparaquevocê,aluno-leitor,tambémpossasesituartemporalmente.

2

Page 79: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

78

Gideon Toury (1995)-desenvolveuumametodologiaparaoses-

tudosdescritivosdatraduçãocomoummeionãoprescritivodeseen-

tenderasnormasnoprocessode traduçãoededescobriras suas leis

gerais.Touryenfatizouodesenvolvimentodeumateoria geraldatradu-

ção,poisparaeleastraduçõesocupamumaposiçãonossistemasliterá-

rioesocialdasculturas-alvoquedeterminaasestratégiasdetraduçãoa

seremempregadas.Suapropostaéadeumametodologia trifásicapara

osestudosdescritivos,incorporandoadescriçãodoprodutoeumam-

plopapeldosistemasócio-cultural:1)situarotextodentrodosistema

da cultura-alvo, buscando sua significância e aceitabilidade; 2) com-

pararoTFeoTTbuscandoosdeslocamentos,identificandorelações

entreparesdesegmentosdeamboseobservandogeneralizaçõessobre

oconceitodetraduçãosubjacente;e3)apontarimplicaçõesàtomada

dedecisõespararealizarfuturastraduções.Touryjustificaaanálisedo

produtodatraduçãocomoummeioparaseidentificaroprocessode

tomadadedecisõesdotradutor,fundamentadonasnormasqueoperam

emdiferentesestágiosdatradução.

Susan Basnett (1991) e André Lefevere (1992)-ambosvêematradu-

çãocomore-escritura,eamotivaçãoparaessetrabalhopodesertantoideo-

lógicaquantopoetológica.Lefeveretrabalha,especificamente,comliteratura

comparadaeestudafatoresquegovernamarecepção,aceitaçãoourejeição

detextosliterários.Paraeleacomunicaçãomaisimportanteéaideologia,

sejadotradutor,diretamente,oudocírculodeclientesedesuasinstruções.

Gayatri Spivak (1990)–suaspesquisasestãovoltadasaopós-colo-

nialismoeoseutrabalhoéumindicativodecomoosestudosculturais,

principalmenteosdopós-colonialismo,têmfocalizadoquestõesdetra-

dução,transnacionalizaçãoecolonizaçãonaúltimadécada.Olinktra-

dução-colonizaçãoésustentadoatravésdoargumentodequeatradução

temtidoumpapelativonoprocessodecolonizaçãoenadisseminação

deumaimagem,ideologicamentemotivada,depessoascolonizadas.

Page 80: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Análise do Discurso e a Tradução

79

Capítulo 02

Lawrence Venuti (1992)–assumeumaagendapolíticaecultural

natradução.Paraoautor,oescopodatraduçãoprecisaserampliadode

modoaconsideraranaturezadosseusvaloressócio-culturais.Propõe,

então,otermoinvisibilidadeparadescreverasituaçãoeaatividadedo

tradutornaculturaanglo-americanacontemporânea.A invisibilidade

serefereaomodocomoostradutoreslidamcomtextoseminglês.Eles

optamporumatraduçãofluenteparaproduzirumTTquesejalegível,

criando,assim,a‘ilusãodatransparência’.Atraduçãoévistacomoderi-

vativaedeimportânciaequalidadesecundárias.Venutipropõe,então,

dois tiposdeestratégiasde tradução:estrangeirização e domesticação,

relacionadascomaescolhadotextoatraduzirecomométododatra-

dução.SevocêlembroudeSchleiermacherpensoucerto,poisasestraté-

giaspropostasporVenutitêmainfluênciadesseautoralemão.

Antoine Berman (2000)– lastimaa tendênciageralde senegar

oestrangeironatradução.ParaBerman,ocorretoseriaimportaroes-

trangeiroparaacultura-alvoatravésdaestratégiade“naturalização”,se-

melhanteà“domesticação”propostaporVenuti.Istoporqueoobjetivo

éticodo ato tradutório seria, segundoBerman, receber o estrangeiro

comoestrangeiro.Oautorconsidera,entretanto,queexisteumsistema

dedeformaçãotextualnosTTs,oqualimpedequeoestrangeiroapare-

ça.Nessesentido,Bermancompreendeotradutorcomoexpostoacer-

tasforçasetnocêntricas,asquaisdeterminamoseu“desejodetraduzir”

bemcomoaformaqueseráconferidaaoTT.Osinteressesdesseautor

centram-senatraduçãodeficçãoenatraduçãoliterária,estaúltimapor

ligaridéiasfilosóficasaestratégiasdetradução.

George Steiner (1975)–SteineréoautordeAfter Babel.Conside-

radoummarconadisciplina,aobradeSteinerétidacomoaprimeira

investigaçãosistemáticadateoriaedosprocessosdetraduçãodesdeo

séculoXVIII.Seufocoinicialéofuncionamentopsicológicoeintelec-

tualdamentedotradutoralémdadiscussãorelativaaoprocessodesig-

Ver capítulo 2 da Unidade B - Um Pouco de História

Page 81: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

80

nificaçãoecompreensãosubjacentesaoprocessodetradução.Oautor

descreveahermenêuticadetradução,emsuaobra,comoumtraçode

elicitaçãoetransferênciaapropriadadesignificados,baseadonoconcei-

todetraduçãonãocomociência,mascomo‘arteexata’.

Walter Benjamin (1989)–écentralemseutrabalhoanoçãode

queumatraduçãonãoexisteparadarao leitorumacompreensãodo

‘significado’oudoconteúdoinformacionaldoTF.Atraduçãoexistese-

paradamente, tendo emergidodeumapós-vida, apesarde existir em

conjuntoaoTF,mas,aomesmotempo,conferindoaooriginaluma‘vida

continuada’.EssarecriaçãoéoquedásobrevivênciaesustentaçãoaoTF.

ParaBenjamin,aboatraduçãoexpressasempreumarelaçãocentrale

recíprocaentreaslínguas;revelarelaçõesherdadasqueestãopresentes

equesemanteriamescondidassematradução.Issosedevenãoporque

atraduçãoquersercomoooriginal,masporquedevehaverumahar-

monianotrazerparaumaconvivênciaconjuntaduaslínguasdiferentes.

Assim,atraduçãocontribuiparaocrescimentodesuapróprialíngua

(pela aparência donovo texto na língua-alvo) e possui o objetivo de

“umalínguapuraemaior”,objetivocentraldeBenjamim.

Segundooautor,essalínguapuraéreveladanacoexistênciaecom-

plementaçãodatraduçãocomoseuoriginal;ocaminhoparaessalín-

guapuraéatravésdeumTFedesuasváriastraduções.Paraconseguir

isso,aestratégiaéfazerumatraduçãotransparente,nãoencobrirotexto

original,permitindo,então,quealínguapuraaconteça,istoé,alíngua-

alvoéafetadapelalínguaestrangeira,pelaliteralidadedasintaxe.Como

resultado,tem-seumatraduçãotidacomoidealouinterlinear,ouseja,

alíngua-alvocoexistindocomalínguaestrangeira.Traduçãoéummo-

vimentodetransposição,almejaalínguapura.

ParaBenjamim, traduzirnão é comunicar, vistoque a tradução é

umatransmissãoinexatadeumconteúdosemessência.Atraduçãoéuma

Hermenêutica

Interpretação do sentido das palavras - Interpretação

dos textos sagrados.

Page 82: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Análise do Discurso e a Tradução

81

Capítulo 02

forma,sóosentidoéomesmo.Aafinidadeentreaslínguasnãoestásóna

semelhançasintática,masnarelaçãoentretodaselas.Benjaminseaproxi-

madeVenuti(estrangeirização)eSchleiermacher(leitorparaoautor).

Jacques Derrida (2001)– a questãodadiferença culturalno tra-

balhodeDerridasedádaseguintemaneira:o tradutorexperienciaa

línguaestrangeiradiferentementedasualínguamaternae,cadaparde

línguas–fonteealvo-difereeimpõesuasdiferençasnatraduçãoepara

asociedade.Segundooautor,umatraduçãorelevantesebaseianuma

supostaestabilidadederelaçãoentresignificadoesignificanteeobjetiva

umatransparênciatotal,quepoderiaserchamadadedomesticaçãonas

terminologiasmodernassobretradução;entretanto,essadomesticação

nãopodeserfluente.Derridaquestionaabasedalinguagemdatradu-

ção,rejeitandoasteoriasdesignificadoedetraduçãobaseadasna‘uni-

dadeeidentidadedalinguagem’.

Mary Snell-Hornby (1995) – como já foi abordado, essa autora

buscaintegrarumagrandevariedadedeconceitoslingüísticoseliterá-

riosatravésdeuma‘abordagemintegrada’paraatradução.Snell-Hornby

utilizaanoçãodeprotótipoparacategorizarostiposdetextos;portanto,

dependendodotipodetexto,aautoraincorporaahistóriacultural,es-

tudosliteráriosesocioculturaiseáreasdeestudo.Jáparaastraduções

legais,científicasemédicasoestudodostemasespecializadosésempre

relevante.Snell-Hornbydefendeaindaqueosestudosdatraduçãode-

senvolvemseusmodeloseconvençõesespecíficaseobjetivamuma‘te-

oriaderelacionamentos’nocontextodotexto,dasituaçãoedacultura,

aoinvésdeumaabordagemlingüísticaclássica.Oaspectoculturalfica,

porsuavez,limitadoàconsideraçãodeacréscimosculturaisdopróprio

textooudasfrasesdadas.Snell-Hornbytrabalhanosentidodesuperar

asdiferençasentreasabordagenslingüísticaseliterárias.

Page 83: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

82

Anthony Pym (1998) - na esteira da evolução da disciplina para

alémdasabordagenspuramente lingüísticas,Pymadotao termo ‘in-

terdisciplinar’e ‘intercultural’nadescriçãodotrabalhodehistóriada

traduçãoepõeemdúvidao fatodeosestudosda traduçãopoderem

sermapeados,conformehouverasugeridoHolmes.Muitosteóricostêm

abordadoatraduçãoapartirdeumaperspectivaculturalemuitaspes-

quisas seestruturamapartirdeumasériedeconceitose técnicasde

diferentesreferenciaishistóricos,masaconstruçãodeumametodologia

interdisciplinarnãoédireta,vistoquepoucossãoospesquisadoresque

possuemconhecimentonecessárioarespeitodeáreasdiversas,alémde

queohistóricoacadêmicooriginaldopesquisadorcondiciona,inevita-

velmente,ofocodesuasabordagens.PymlecionaatualmentenaUni-

versitatRoviraiVirgili,emTarragona,Espanha.

DevemosaindamencionarosestudosdaLingüísticadecorpusque

tratamdeumagrandequantidadedetextoseletronicamentearmazena-

dos,oquefacilitaoestudodecaracterísticasdalinguagemtraduzida.

Emboraasaplicaçõespresentesdalingüísticadecorpussejamlimitadas,

podehaveraplicaçõesdecaráterdescritivoparaosestudosdatradução,

vistoqueocomputadorécapazdeanalisartextosinteirosdeumama-

neiratalqueéquaseimpossívelrealizarotrabalhomanualmente.Há,

entretanto,apreocupaçãodequeospesquisadorescomacessolimitado

aessasnovastecnologiaspossamficaremdesvantagemsecomparados

a outros, comacesso a recursos tecnológicosmodernos, aindaque o

contatocomacomunidadedepesquisasejafacilitadocomatrocade

informações(conferências,chamadasparaartigos,websitesetc.). Isso

sedáporqueas ferramentas tecnológicassedesenvolvemmuitorapi-

damente, havendo a necessidade de o pesquisador e as investigações

acompanharemessemesmoritmo.

Comovocêpodeobservar,a importânciadessaviradaculturalé

agoraparteintegrantedaspesquisasereflexõessobreatradução,cha-

Você pode acessar o site do professor Pym: http://www.

tinet.org/~apym/.

Page 84: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Análise do Discurso e a Tradução

83

Capítulo 02

mandoaatençãoparaoutrospontosimportantescomoasquestõesde

gêneroediscussões sobreopós-colonialismo.Nesse sentido,háuma

crescentepreocupaçãocomaspossíveisconseqüências ideológicasda

traduçãonasúltimasdécadas,centradasemquestõescomoatransna-

cionalidadeeacolonização.Oargumentoquesustentaessasdiscussões

éodequeatraduçãoassumeumpapelativonoprocessodacoloniza-

çãoenadisseminaçãodeumaimagem,ideologicamentemotivada,de

povoscolonizados.Aquiéempregadaametáforadacolôniacomouma

cópiatranslacionalinferiorcujaidentidade,entãosuprimida,ésubsti-

tuídapelaimagem–reescrita–feitapelocolonizador.

Essa interfacedosEstudosdaTraduçãocomas teoriaspós-colo-

nialistasésustentadaem‘relaçõesdepoder’eestudadaporumateórica

chamadaTejaswiniNiranjana.Niranjanavêatraduçãoliteráriacomo

umdosdiscursosquetransmitemoaparatohegemônicodepertencerà

estruturaideológicadocolonialismo(osoutrosdiscursosseriam:edu-

cação,teologia,historiografiaefilosofia).Aautoraestudaasmaneiras

comoastraduçõesparaoinglêstêmsidoutilizadaspelopodercoloni-

zadorparaconstruiraimagem–reescrita–doocidente,aqual,conse-

qüentemente,temsidoapresentadaeaceitacomoaúnicaimagemreal

everdadeira, imagemestaquefuncionacomoaimposiçãodevalores

ideológicosdocolonizador.

ComoresultadodasreflexõesdeNiranjanatemosoqueaautora

denomina‘relaçõesassimétricasdepoder’,istoé,alutadesigualdevá-

riaslínguaslocaiscontraoqueelachamade‘aúnicalínguamestredo

nossomundopós-colonial,oinglês’.Atraduçãoassumeassimaposi-

çãodecampodebatalhaeexemplomaiordocontextopós-colonial.Há

tambémumlinkentreoqueétranslacionaletransnacional,referindo-

seesteúltimoàvivênciapós-colonialde imigrantese,de formamais

ampla,à‘desrupturalocal’quedescreveasituaçãodaquelesqueperma-

necemnolado,praticamentedesintegrado,desuasforças‘nativas’.

Page 85: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

84

Resumo

Neste capítulo você estudou a virada da traduçãonos anos 90 rumo

a abordagens consideradas interdisciplinares. Essas mudanças dizem

respeito amétodosdepesquisa e conteúdosque começamamesclar

abordagens lingüísticas, literárias e culturais. As pesquisas adquirem

umcaráterempírico,oquealteraoperfildadisciplinacominvestiga-

ções sobrea estruturadoprocessode tradução.Comoconseqüência,

cresceointeressepeloestudodoprocessotradutórioeaspesquisasque

fazemusodatécnicados“protocolosverbais”pararegistraressepro-

cessoedalingüísticadecorpus,utilizandocorporacomputadorizados

emlargaescala,visandooferecerinformaçõesextensivasparatrabalhos

decaráterdescritivo.Aglobalizaçãoincentivadesenvolvimentoscultu-

raisqueafetamoestudodatraduçãocomacriaçãodenovosmateriais

detrabalhoparaotradutor,taiscomo:materiaisdetelecomunicações,

novostiposdetextosmultimídiaealinguagemdapropaganda.Dessa

maneira,cresceanecessidadedediálogosinternacionaiseinterculturais

eatraduçãopassaaterumcarátermultidisciplinar.Vocêtambémdeve

selembrardeautoresqueseutilizamdeabordagensdiscursivasparaa

pesquisaem traduçãocomoToury,Benjamin,Derrida,Hornby,Pym

eSteiner,voltadosaquestõessobreestrangeirizaçãoedomesticação,à

buscadalínguapura,deumateoriainterdisciplinareumaabordagem

integradaparaosestudosdatradução,etambémdosestudospós-co-

lonialistascujarepresentanteéateóricaNiranja,queestudaopapelda

traduçãocomoveículodeapagamentodeculturas.

Sugestões de Leitura:

GENTZLER, Edwin. Contemporary Translation Theories. London: Routled-ge, 1993.

MUNDAY, Jeremy. Introducing Translation Studies: theories and applica-tion. NY: Routledge, 2002.

Page 86: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Análise do Discurso e a Tradução

85

Capítulo 02

SNELL-HORNBY, Mary. The turns of Translation Studies. New paradigms or shifting viewpoints? Amsterdam: University of Viena; Philadelphia: John Benja-mins Company, 2006.

Page 87: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 88: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Unidade EProblematização da Prática Tradutória

Page 89: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 90: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Tradução vista como processo e como produto

89

Capítulo 01

A Tradução vista como processo e como produto

Na literatura sobre tradução, você encontra muitas discussões e oposi-

ções intimamente relacionadas. O fato de os estudos da tradução terem

adquirido ares de disciplina acadêmica foi responsável pela definição de

normas, avaliações, abordagens teóricas e metodológicas próprias. Conse-

qüentemente, a problematização do fenômeno da tradução também gerou

discussões e reflexões sobre as maneiras de se pensar a tradução, como, por

exemplo, a sua abordagem enquanto processo e/ou enquanto produto. São

esses os dois aspectos principais que vamos abordar neste item.

1.1. A Tradução vista como Processo

Conformevocêpodeobservar,atravésdosautoresquemencionamos

atéentão,sãograndesasdiscussõesacercadatraduçãoserabordadacomo

produtooucomoprocesso.Esteúltimo,oprocesso, começouaganhar

maisvisibilidadenadécadade80,estruturando-secomoumanovafasena

disciplinadetradução.Adefesadapráticatradutóriaenquantoprocesso

possibilitaria chegarà compreensãoda traduçãoenquantoum fenôme-

nopassível de investigação científica, conformeKönigs, 1990. Segundo

Lörscher(1992:426)essaabordagempoderiacontribuirparaumavirada

processual,vistoqueatéentãoateoriadatraduçãosepreocupavaapenas

comdoisfenômenos:atraduçãocomoprodutoeacompetênciatradutó-

ria.Poucaatençãoeradadaaoprocesso,istoé,aodesempenhoeaopapel

dostradutoresouàscondiçõesnasquaisrealizavamasuatarefa.

Nessesentido,comovocêpodededuzir,aatençãodospesquisado-

resvoltou-seàanálisedefatorescognitivostaiscomoamemória,cate-

1

Page 91: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

90

gorização,tomadadedecisões,estratégiasempregadasparaaresolução

de problemas, instruções de tradução (público-alvo, função do texto

etc.)ecaracterísticassócio-culturais;informaçõesestasregistradaspe-

losprópriostradutoresduranteoseutrabalho.Essasaçõespermitiram

investigarotrabalhodetradutoresprofissionaiseaprendizessugerindo

queatraduçãonãoselimitaaumprocessopassivodere-conhecimento

ereproduçãodeumTF,vistoqueotradutorseposicionafrenteaesse

processodecomunicaçãointercultural.Atraduçãoéareproduçãodas

práticasdooutroouasuaincorporaçãodentrodeumconjuntodeprá-

ticasprópriasdo tradutorquenãoé somentebilíngüecomotambém

bicultural.Assim, épossível investigarodesempenhodos tradutores,

osaspectossocioculturaiseaidentificaçãodecaracterísticasrelativasà

práticaprofissionalcomoprocessosdetomadadedecisão.

Alémdessemapeamentocognitivo,atraduçãovistacomoproces-

sopermitediscutirquestõesrelativasàequivalênciatextualequedizem

respeitoaumasériededicotomiasexistentesnadisciplina,taiscomo:

“literal”ou “livre”; “fiel”ou “dinâmica”, “forma”ou “conteúdo”, “pala-

vra”ou“sentido”.Noentantoe,apesardetodasasdiscussõesgeradas,a

equivalência,sejanoâmbitodapalavraoudosentido,éaindaumfator

muitovalorizadocomomedidadeavaliaçãodaqualidadedeumtextoe,

principalmente,noqueserefereàsvisõesmaistradicionaissobretradu-

ção.Nessesentido,otrabalhodotradutoréconsideradocomosendode

sucessoseconseguiralcançaraequivalênciaemumdessesdoisníveis,

palavraousentido.

Umadasformasmaisutilizadasparaoregistrodoprocessodatra-

dução é a técnica dos protocolos verbais conformemencionamos na

unidade anterior. Essa técnica prevê que o tradutor registre, em gra-

vação,osprocedimentosqueutilizaduranteatraduçãoafimdequeo

pesquisadortenhaacessoatodososseusdetalhes.Entretanto,aindaque

interessanteefuncionaldopontodevistainvestigativo,nãohágarantias

Page 92: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Tradução vista como processo e como produto

91

Capítulo 01

dequeotradutorrelatetodasasestratégiasempregadasemseutrabalho

eemtodososmomentosnosquaisapareceramproblemasqueexigiram

algumtipodesolução.

Existemaindaalgumasabordagensqueestudamatraduçãocomo

processoemtermosdeatividadecomunicativanaqualpapéissociais

específicos,trazidosàtonapelotradutorepeloautordotexto,sãode-

rivados de dois universos culturais distintos. Lembre-se que o texto,

quandotraduzido,podenãoter,paraopúblico-alvo,amesmafunção

queo autor almejaraparaopúblico leitorda língua-fonte, conforme

vocêestudounoitemsobrefuncionalismoetradução.Dessamaneira,o

processodatraduçãodeveserconsideradocomoumsistemacomplexo

noqualcompreensão,processamentoeprojeçãodotextotraduzidosão

fraçõesinterdependentesdeumamesmaestrutura.

1.2. A Tradução vista como Produto

Sevocêabordarumtextotraduzidosomente,semestabelecerco-

nexõesentreeleeotexto-fonteoutextooriginal,vocêestávendoatra-

duçãoenquantoumproduto,existindodeformaindependentedotexto

original.Ointeresseaquiéapráticatradutória,oresultadodoTT.Nesse

tipodeabordagemétambémpossívelfazerlevantamentosdeproblemas

existenteseestratégiasutilizadaspelosujeitoparasoluçãodosmesmos,

pormeiodarevisãoda tradução,quandooaprendizde tradução tem

umprodutodoprocesso,istoé,umtextoqueestásujeitoamodificações.

Épossível,também,estudarosdeslocamentosdefunçõesdotradutor-

aprendiznoatotradutório.Aoseinvestigaracomplexidadedasdecisões

tomadaspelotradutor,atraduçãoprevêúnicaeexclusivamenteaanálise

doTT.Lembra-sedequandoestudousobreosteóricosfuncionalistas?

Umaautorapodeexemplificarmuitobemaquestãodatraduçãocomo

produto:KatharinaReiss.Paraela,otradutoreoprópriopesquisador

Page 93: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

92

deveriamvoltaroseuolharexclusivamenteparaoTT,oqualéamedida

deavaliaçãodaqualidadedatraduçãoedaprópriapráticadotradutor.

Outrotrabalhoquevaleapenamencionarfoirealizadopeloprof.Dr.

WernerHeidermann,daUniversidadeFederaldeSantaCatarina,paraos

CadernosdeTradução(nº5,2000:163-182).Heidermannapresentatra-

duçõesparaoalemão,inglês,francêseespanholapartirdeummesmo

textoemlínguaportuguesa,cujotemaéaFestadaTainha,emFlorianó-

polis.Ofatordeinteressenessetipodetrabalhoéverificarpossíveisse-

melhançasedivergênciasentreastraduções,ouseja,omodocomocada

umaretrataotemadaFestadaTainha.Nessesentido,aatençãodopes-

quisadorsevoltaparaasestratégiasempregadaspelostradutorescomo,

porexemplo,omissõeseexplicitaçõesutilizadasemfunçãodasrestrições

impostaspelaestruturaàslínguasetambémemfunçãodoslimitescultu-

rais.Nessecaso,oTFserveapenascomoreferênciaoumedidaparaque

sepossadelimitaroquãopróximooudistanteestáotextotraduzido.

Page 94: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

A Tradução vista como processo e como produto

93

Capítulo 01

Resumo

Atraduçãovistacomoprocessoecomoprodutogeramuitasdiscussões

acercadeabordagens,formasdeavaliação,estratégiasereflexõesacerca

dapráticatradutória.Enquantoprocesso,osinteressesvoltam-seaoes-

tudodeprocessoscognitivos,aousodeprotocolosverbaisnatentativa

desedescobriroqueacontecenamentedotradutoraolongodopro-

cessoecomosãolevadasacabodecisõessobreestratégiastradutórias

e culturais empregadasna realizaçãodo trabalho.Enquantoproduto,

prevaleceointeressevoltadoaoTTnabuscaporsemelhançase/oudi-

ferençasentreváriastraduçõesdeummesmoTF.

Sugestões de Leitura:

HEIDERMANN, Werner. Tradução sem Fio: da “Festa da Tainha” à “Festa do Mu-jen”. In: NUT – Núcleo de Tradução. Cadernos de Tradução. Florianópolis: EDUFSC, nº 5, p. 163-182, 2000.

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Unidade FCaminhos Atuais

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Page 98: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Mapeamento da Disciplina

97

Capítulo 01

Mapeamento da Disciplina

Após conhecer um pouco da história da tradução e das possibilidades

de pesquisa na área, além do funcionalismo alemão, neste capítulo você

encontrará informações que buscam oferecer um panorama ou um ma-

peamento da disciplina dos estudos da tradução nos dias atuais. Nesse

aspecto, são apresentadas algumas atividades de pesquisa em tradução,

nas sub-áreas de Letras e Lingüística de Instituições de Ensino Superior

brasileiras (IES) entre as décadas de 80 e 90.

Osdadosquevocêencontranesseitemforampublicadospelacoor-

denaçãodogrupodeTrabalhodeTraduçãodaANPOLL-Associação

NacionaldePós-GraduaçãoePesquisaemLetraseLingüísticadasIns-

tituiçõesdeEnsinoSuperiorbrasileiras(públicaseprivadas)entre1980

e1990.Paratantoforamlevantadosaolongode2000e2001resumos

detesesedissertaçõesdefendidasnaárea.Conformeressalvasdospró-

priosorganizadores,parte-sedopressupostodequeummapanãoéo

territóriomapeadode fato,mas simuma representaçãodos rumos e

tendênciasdapesquisasemquestão.Nessesentido, foramverificados

95(noventaecinco)resumos,incluindo-setrabalhosdemestrado,dou-

toradoelivre-docência.

Aconcentraçãomajoritáriadosresultadosdapesquisasedeuemnível

demestrado,com54dissertaçõesregistradas,istoé,56,8%dototal.O

númerodetesesdedoutorado,39(41,1%)tambémfoibastantesignifi-

cativo.Tendo-seemvistaoestágioembrionáriodosEstudosdaTradu-

çãonoBrasilnasdécadasemquestão,aexpectativaeraadeumnúmero

de teses de doutoradobem inferior.Ademais a grande expansãodos

EstudosdaTraduçãonocontextointernacionalnasdécadasanalisadas

parecetertidoumarepercussãodiretanoBrasil.Porfim,apoucafre-

qüênciadetesesdelivredocênciaestárelacionadacomofatodeseresta

1

Page 99: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

98

umamodalidadedemandadaporcarreirasdocentesapenasemalgumas

poucasinstituiçõesnopaís.

Noquese refereàdistribuiçãodas tesesedissertaçõespelas IES

brasileiras,os95resumoscadastradossedistribuempor4universida-

desfederais(UFMG,UFSC,UFRJeUFRGS),4estaduais(USP,UNI-

CAMP,UNESP-campiRioPretoeAraraquara-eUECE)e3católicas

(PUC-SP,PUC-RIOePUC-RS).Foramregistradosaindatrabalhosde

doutoramentodefendidosem5universidadesestrangeirasnosEstados

Unidos,Alemanha,BélgicaeCanadá.

Quantoaoassuntoabordadonessestrabalhosacadêmicos,osda-

dosdaANPOLLmostramqueháumagrandeheterogeneidadeeque,

apesardisso,podemserorganizadasemalgumascategorias,asaber:

AreescrituranoBrasil enoportuguêsdoBrasil (eemoutras•línguas/contextos).Essanoçãoébastanteexploradaemestudosliteráriosdeautorescomo:ClariceLispector,JamesJoyce,Ha-roldodeCampos,AugustodeCampos,JoãoGuimarãesRosa,Samuel Beckett, Joaquim Maria Machado de Assis, WilliamShakespeare,MonteiroLobato,AntoineBerman,WalterBenja-mineoutros.Algumasobrasestudadasforam:AsVinhasdaIra,King Lear, Animal Farm, Dubliners, A Streetcar Named Desire,OApanhadornoCampodeCenteio,RomeueJulieta,Peter Pan,OSítiodoPica-PauAmarelo,Bíblia,GrandeSertão:Veredas,AlicenoPaísdasMaravilhaseCien Años de Soledad;

Ointeresseno“• Outro”manifestadoemestudosqueenfatizamdimensõespolíticas.Entretanto,mesmosendootemaprincipal,ospesquisadoresnãooutilizamcomopalavra-chave;

OinteresseemresgatarahistóriadosEstudosdaTraduçãono•Brasil,traçandosuatrajetóriaaolongodosseusanosdedesen-volvimento.AlgumasobrasmencionadasnorelatóriodaAN-POLLtratamdetemascomo:“Percursoscríticosetradutóriosdanação:BrasileArgentina”,“TendênciasnosEstudosdaTra-duçãoLiterária:passadoepresente”.Merecedestaquetambémo

O “Outro”, em maiúsculas, é utilizado em respeito a

eventuais diferenças entre o contexto cultural do emissor

e do receptor.

Page 100: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Mapeamento da Disciplina

99

Capítulo 01

trabalhodeLiaWyler,“Línguas,poetasebacharéis.Umacrôni-cadatraduçãonoBrasil”,suatesededoutoramento,publicadaemlivroem2003;

Apreocupaçãoemestabeleceraafiliação teórica,conceituale•metodológicadotrabalhodeformadiretaounão,como:“ins-trumentalidadedomodelodescritivo”, “uma reflexão à luzdaanálisedodiscurso”,“meandrosdacríticatextual”,“agênciacul-tural,normaseatradução”.

Traduçãoediferença;e•

Trabalhosdecunhoteórico,taiscomo:“Tradução:teoriasecontras-•tes”,“OmodeloteóricointegraldetraduçãoemFrancisAubert”etc.

Podemosmencionartambémostrabalhosrecentementedefendi-

dosnoprimeirocursodemestradoemestudosdatraduçãonoBrasil,

daUniversidadeFederaldeSantaCatarina,aPós-GraduaçãoemEstu-

dosdaTradução(PGET).Iniciadoem2003,ocursocomeçoucomuma

turmade17alunosehojecontacomcercade80inscritosregularmente

eoutroscomoalunosespeciais.Dostrabalhosdefendidosdesdeoseu

início,ostemasabordadostambémajudamatecerumpanoramados

interessesdospesquisadoresmaisrecentes,asaber:

Traduçãoelexicografia(estudossobredicionáriosbilíngües);a.

Traduçãojornalística(textosjornalísticoselinguagempublicitária);b.

Traduçãoelingüísticadecorpora(estratégiasdetradução);c.

Traduçãoelingüísticasistêmica;d.

Traduçãoelinguagemsemiótica;e.

Traduçãoliteráriaepoética(algunsautorespesquisados:Williamf.Faulkner,WiliamBlake,AntonioPorta,RobertoArlt);

Traduçãotécnica(elaboraçãodeglossáriosterminológicos);eg.

Traduçãoelegendação.h.

Page 101: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

100

Essestrabalhossãodesenvolvidosdentrodeumcampomaisam-

plo,oschamados ‘processosdere-textualização’que,porsuavez,são

divididosentreasseguinteslinhasdepesquisa:

Teoria, crítica e história da tradução: contempla aspectos de1.especificidades culturais, históricas e ideológicas, através dediferentesteoriasdetradução,abordagenscríticaseavaliaçõesanalíticas de traduções, alémdepesquisas sobre os percursoshistóricosdatraduçãoeoestudodecorporadetextostraduzi-dos,buscandoverificarosprocedimentosteóricossubjacentesàatividade,suacontextualizaçãoedesenvolvimentohistóricos.

Lexicografia, tradução e ensino de línguas estrangeiras: con-2.templaalexicografia,dopontodevistadoensinodelínguas;aproduçãodedicionáriosmonolíngües,bilíngües,‘bilingualised’;acontribuiçãodosestudosdecorporaparaaproduçãodedicio-náriosalternativosedescriçãodetraduções;apráticadetradu-ção;oestudodosprocessostradutórios(cognitivosetextuais)emsuarelaçãocomaaprendizagemdelínguasestrangeiras;osrecursostecnológicoseatradução.

Comovocêpodeobservar,osestudosdatraduçãovêmconquis-

tandoumespaçocadavezmaiornaáreaacadêmica, estruturando-se

não sóde forma independente como tambémem interfaces comvá-

riasoutrasáreasdepesquisa.Talfatopermitenãosóocrescimentodos

estudosconstitutivosdatraduçãoemsi,mastambémanoçãodesua

importância,quepermeiatodasasáreasdosaber.

Page 102: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Mapeamento da Disciplina

101

Capítulo 01

Resumo

Nessaunidadevocêconheceuumpoucomaissobreosrumosdepes-

quisasrecentesemtraduçãofeitasnoBrasiletambémnaUniversida-

deFederaldeSantaCatarina,nocursodePós-graduaçãoemEstudos

daTradução.Aspesquisasregistramagrandetendênciadepesquisas

vinculadasaosestudos literáriose,poroutro lado,demarcamocam-

pointerdisciplinardosestudostradutórioscomtemasrelativosaojor-

nalismo,propaganda,análisedodiscurso, lexicografia,semióticae le-

gendação.Aindaquepredominem trabalhosde cunhomais literário,

é importante lembrarquea traduçãonãosefixa sónessaáreaeque,

realmente, é possível realizar pesquisas de caráter inovador em áreas

afinsdacomunicação.

Sugestões de Leitura:

PAGANO, Adriana et al. Estudos da Tradução no Brasil = Translation Studies in Brazil. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2001. 1 CD-ROM.

______; VASCONCELLOS, Maria Lúcia. “Formando” Futuros Pesquisadores: Palavras-chave e afiliações teóricas no campo disciplinar Estudos da tradução. Disponível em: <www.cadernos.ufsc.br/online/cadernos17/adriana_marialu-cia.pdf>. Acesso em: maio 2007.

______;______. Estudos da tradução no Brasil: reflexões sobre teses e dissertações elaboradas por pesquisadores brasileiros nas décadas de 1980 e 1990. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502003000300003>. Acesso em: maio 2007.

PGET – Pós-Graduação em Estudos da Tradução. Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.pget.ufsc.br/>. Acesso em: maio 2007.

WYLER, Lia. Línguas, poetas e bacharéis. Uma crônica da tradução no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

Page 103: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 104: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Unidade GPrática de Tradução

Page 105: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol
Page 106: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Prática de Tradução

105

Capítulo 01

Prática de Tradução

Para esta última parte do nosso curso, selecionamos alguns textos para

você observar diferenças e semelhanças e começar a refletir sobre a prática

da tradução. Neles você pode observar o processo de tradução em textos

jornalísticos extraídos da internet. Lembramos que, para o caso de você

querer trabalhar questões tradutórias nesse tipo de texto, é importante dei-

xar claro para os seus alunos a fonte desse material. Procure selecionar os

textos sempre partindo de uma mesma fonte, como a internet, neste caso,

visto que fontes diferentes (jornais, internet, revistas etc.) têm abordagens

distintas em termos de linguagem escrita em razão do público leitor. Ob-

serve nos textos a seguir como as mesmas idéias, notícias, estão escritas em

português e em espanhol. Seria a mesma abordagem? Haveria diferenças,

informações complementares em um texto e a ausência dessas em outro?

Você vai aprender a trabalhar melhor esses aspectos em um segundo mo-

mento, na continuidade deste curso, no segundo semestre. Por hora, gosta-

ríamos que você entendesse os principais conceitos, a trajetória da tradu-

ção, sua história e sua evolução como ciência.

Vamos aos textos:

TEXTO 1a - Maradona ingresa de nuevo en el hospital

FÚTBOL - A. CIRIZA / EFE 13/04/2007 – Fonte: <http://www.el-

pais.com/articulo/deportes/Maradona/ingresa/nuevo/hospital/

elpepudep/20070413elpepudep_5/Tes>

Data de acesso: 14/02/2008

El ex futbolista argentino ha sufrido una recaída y está siendo sometido

a terapia intensiva

Maradona regresa al hospital. Tan sólo dos días después de que recibie-

se el alta médica tras superar un proceso de hepatitis tóxica, el ex futbo-

1

Page 107: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

106

lista ha sufrido una recaída que ha obligado a su reingreso en un centro

hospitalario. Maradona, acompañado en todo momento por su médico

personal y su novia, fue trasladado en una ambulancia al Hospital Madre

Teresa de Calcuta de Ezeiza, donde permanece ingresado en la Sala de

Terapia Intensiva.

ELPAIS.com se ha puesto en contacto con el centro hospitalario, que ha

confirmado el ingreso del astro argentino sobre las 4:45 de la madruga-

da. El motivo de su traslado han sido unos fuertes dolores abdominales

derivados del proceso de hepatitis tóxica padecido con anterioridad. De

momento, se desconoce el tiempo que permanecerá internado en el

hospital, aunque el caso no reviste gravedad.

Este nuevo episodio corrobora la precariedad del estado de salud de

Diego Armando Maradona, que nada más recibir el alta médica, hace

apenas 72 horas, aseguraba que presenciaría el próximo partido de Boca

Juniors en el estadio de La Bombonera. El ex jugador de Boca Juniors,

Barcelona y Nápoles, entre otros equipos, será trasladado en las próxi-

mas horas a la clínica Los Arcos de Buenos Aires. En estos momentos,

Maradona se encuentra “sedado” y “controlado”.

Los médicos que le han atendido han descartado en principio que el

ex futbolista tenga un cuadro de pancreatitis crónica, aunque reco-

mendaron que el paciente siga bajo observación. Oscar Cicco, direc-

tor del hospital, ha manifestadoque el paciente “está estable” y fuera

de peligro, aunque ha recomendado que permanezca bajo vigilancia

médica de dos a tres días más. El médico ha explicado que el ex depor-

tista ingresó con un “fuerte dolor abdominal”, fue examinado por los

médicos de guardia y, “por sus antecedentes”, fue derivado a la unidad

de cuidados intensivos. En cuanto al estado de ánimo del ex depor-

tista, ha afirmado que aunque Maradona manifestó “preocupación y

dolor”, se ha mostrado “muy colaborador en todo momento” con el

personal sanitario.

Por su parte, el médico personal del ‘Pelusa’, Alfredo Cahe, ha declarado

a una radio local que el ex futbolista “está compensado”. El galeno ha

reiterado que no estuvo de acuerdo con que el ex futbolista abandona-

ra este miércoles el sanatorio Güemes, aunque indicó que “se le dio el

alta porque los exámenes que le hicieron daban resultados normales”.

Además, Cahe ha manifestado que todavía faltan por hacer “algunos es-

tudios complementarios, como un examen cerebral”.

Page 108: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Prática de Tradução

107

Capítulo 01

TEXTO 1b - Maradona é novamente hospitalizado na Argentina

Em Buenos Aires (Argentina)

13/04/2007 – AFP - Fonte: <http://esporte.uol.com.br/ultimas/

afp/2007/04/13/ult33u63058.jhtm>

Data de acesso: 14/02/2008

O ídolo argentino Diego Maradona teve que ser internado mais uma vez na

madrugada desta sexta-feira em uma unidade de terapia intensiva, dois dias

depois de ter recebido alta por uma hepatite por intoxicação alcoólica.

Maradona, de 46 anos de idade, foi levado com urgência a um centro

médico, 30 km ao sul de Buenos Aires, com fortes dores abdominais.

As primeiras informações apontam que Maradona passa bem e que os

exames realizados nesta sexta tiveram resultado favorável, segundo re-

latou Oscar Sico, diretor do Hospital Teresa de Calcutá, onde o ídolo está

hospitalizado.

“Ele se encontra em bom estado de saúde em geral. Chegou ao hospital

com dores bastante fortes na região abdominal. Pode ser um quadro

infeccioso no pâncreas, pode ser uma úlcera duodenal, mas ainda não

sabemos. Mas não apresenta sinal de outra doença”, afirmou. O diretor

complementou que Maradona deve ficar internado de dois a três dias

porque é um paciente que necessita de cuidado médico. “Ele é um pa-

ciente colaborador, está estável e já acalmamos sua dor.”

Poucas horas após a internação, os médicos já se mostravam otimistas

em relação ao progresso do estado de saúde do astro. “Ele já não sofre dor

estomacal, está dentro dos parâmetros normais e lúcido”, afirmou Sico.

Sem querer precipitar, o médico disse que o problema antigo já está supe-

rado. “O quadro hepático está controlado. Não podemos ainda diagnos-

ticar uma doença porque é preciso completar os exames. Mas pode ser

uma gastrite aguda”, revelou. “Ele não comeu nem bebeu nada estranho e

apenas seguiu a dieta que Cahe (médico particular de Maradona) lhe deu.”

O craque argentino permaneceu 13 dias internado em um leito comum

por excessos com a bebida que provocaram uma crise hepática.

O ex-jogador do Nápoli, Barcelona e Boca Juniors esteve à beira da mor-

te em 2004 em decorrência de um severo quadro cardiovascular e res-

piratório, provocado na época pelo consumo de drogas.

Page 109: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

108

Maradona está acompanhado da namorada, Verónica Ojeda, em cuja

residência estava hospedado desde que deixou uma clínica particu-

lar da capital. Apesar do craque argentino ter anunciado na quinta-

feira que Alfredo Cahe não era mais seu médico pessoal, foi justa-

mente ele que o atendeu novamente em uma nova emergência.

Apesar da internação de urgência, o astro não corre risco de morte, se-

gundo informou o médico. “Ele não corre perigo de vida. Entrou no hos-

pital com uma forte dor abdominal”, disse Cahe à Rádio del Plata.

TEXTO 2a - Las aventuras de Pequeño Bush – Unos irreverentes dibujos animados ridiculizan la política estadounidense

YOLANDA MONGE - Washington - 15/06/2007 - <http://

www.elpais.com/ar t iculo/ult ima/aventuras/Pequeno/Bush/

elpepuint/20070615elpepiult_1/Tes>

Data de acesso: 14/02/2008

El fornido colegial cree que Bagdad es el lugar en el que comprar un

regalo para el Día del Padre (que este domingo se celebra en EE UU).

Al fin y al cabo la palabra contiene “dad” (papá en inglés)... Señoras y

señores, con ustedes: “El Pequeño Bush: Residente de Estados Unidos”.

Pero no viene solo. Llega de la mano de sus amiguitos: Pequeño Che-

ney, Pequeña Condi, Pequeña Clinton y - ¡oh, lástima para los creadores!

-, desgraciadamente demasiado tarde para Pequeño Rummy (el secre-

tario de Defensa Donald Rumsfeld fue fulminantemente despedido el

otoño pasado, aunque se ha mantenido el personaje, no en vano la voz

se la pone Iggy Pop, cuyo caché no debe ser “pequeño” exactamente).

La nueva serie de dibujos animados del canal por cable Comedy Central

- que lanzó a la fama a South Park - está llena de incorrección política. Lo

que en EE UU es sinónimo de escándalo.

El primer episodio de la serie, colgado en una ‘web’, obtuvo más de un millón de visitas

Literal: Pequeño Cheney se introduce en el útero de la madre del ac-

tual presidente de EE UU. Literal: “Barb” acoge en su seno al actual vice-

presidente norteamericano. Es la visión surrealista de los guionistas de

la nueva serie, entre los que se encuentra Donick Cary, creativo de Los Simpsons y del Show de David Letterman, de lo que hubiera sido una

aventura entre mamá Barbara y Dick Cheney. Pero Barbara Bush tiene

más papel. La mujer y madre de presidentes acosa sexualmente a un

niño y acaba abortando en una clínica en la que Hillary Clinton, Pequeña

Page 110: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Prática de Tradução

109

Capítulo 01

Clinton, trabaja “para pasar el rato” después de la escuela. Pequeña Condi

no para de pedirle besos a Bush y confesarle su amor mientras éste sólo

tiene ojos para una Laura Bush que es totalmente muda e inexpresiva...

En el primer episodio el día del padre está por llegar y Pequeño Bush

quiere hacerle un regalo muy especial a su papi, pero no tiene ni idea so-

bre qué le puede regalar al hombre más poderoso del planeta. “Ya está”,

se dice, “voy a buscar buenas noticias en Irak, le voy a regalar algo bueno

de esta guerra”. Pequeño Bush decide alistarse en el Ejército. Para ello

tiene que pasar un test psicotécnico que consiste en escribir adecuada-

mente el propio nombre y la fecha del día. “El nombre está bien”, le dice

el examinador. “Pero como fecha de hoy has escrito la palabra tomate”...

“No pasa nada: ¡bienvenido al ejército!”, le felicita.

Así que Pequeño Bush se va a la guerra con sus amigos Pequeña Condi,

Pequeño Cheney y Pequeño Rumsfeld para descubrir que en realidad

Irak esconde el mejor parque temático del mundo, donde el dinero y el

petróleo emanan de todas las fuentes posibles, Halliburton-Land.

Irreverencia tras irreverencia, pero todas cargadas de actualidad y crítica

política. El germen de la serie fue en origen un éxito en el teléfono móvil

de miles de americanos, quienes recibían en breves episodios de cinco

minutos las aventuras de Pequeño Bush formándose para llegar algún

día a ser presidente. Cuando el primer episodio se colgó de la página

web break.com obtuvo más de un millón de visitas. Comedy Central se

percató del éxito de los episodios y encargó una primera temporada

que consta de seis capítulos y que ha empezado a emitirse en la noche

del pasado miércoles. Sin duda, el personaje que brillará con luz propia

será “el mejor amigo de Pequeño Bush”, el ligón que seduce a su madre,

Pequeño Cheney, que no es capaz de pronunciar una palabra y se ali-

menta de la sangre de pájaros vivos tras arrancarles la cabeza.

Pero Pequeño Bush no sólo se ensaña con la Administración republica-

na y las polémicas elecciones de 2000, el escándalo de Halliburton... En

el episodio de la próxima semana, Pequeño Bill intenta devorar a las ge-

melas Lewinsky hasta que la sargento Hillary viene a darle unos azotes.

Busquen ustedes los parecidos con la realidad.

TEXTO 2b - As aventuras de Pequeno Bush

Desenho animado irreverente ridiculariza a vida política nos EUA

Page 111: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

110

15/06/2007 - Yolanda Monge - Em Washington - Fonte: <http://no-ticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2007/06/15/ult581u2140.jhtm>

Data de acesso: 14/02/2008

O colegial robusto crê que Bagdá é o lugar ideal para comprar um pre-

sente para o Dia dos Pais (que se comemora neste domingo nos EUA).

Afinal, em inglês a palavra contém “dad” (papai)... Senhoras e senhores,

com vocês, “O Pequeno Bush, Residente dos Estados Unidos”. Mas ele

não vem sozinho. Chega de mãos dadas com seus amiguinhos: Peque-

no Cheney, Pequena Condi, Pequena Clinton e - oh! Que pena para os

criadores - infelizmente tarde demais para o Pequeno Rummy (o secre-

tário da Defesa demitido fulminantemente no outono passado; mas o

personagem foi mantido, com a voz de Iggy Pop, cujo cachê não deve

ser exatamente pequeno).

A nova série de desenhos animados do canal a cabo Comedy Central

- que lançou à fama “South Park” - está cheia de incorreção política. O

que nos EUA é sinônimo de escândalo. Literal: Pequeno Cheney se in-

troduz no útero da mãe do atual presidente americano. Literal: “Barb”

acolhe em seu seio o atual vice-presidente. É a visão surrealista dos ro-

teiristas da nova série, entre eles Donick Cary, criador de “Os Simpsons”

e do “David Letterman Show”, do que teria sido uma aventura entre

mamãe Barbara e Dick Cheney. Mas Barbara Bush tem mais papel. A

mulher e mãe de presidentes assedia sexualmente um menino e aca-

ba abortando numa clínica em que Hillary Clinton, a Pequena Clinton,

trabalha “para passar tempo” depois da escola. Pequena Condi não pára

de pedir beijos a Bush e de lhe confessar seu amor, enquanto este só

tem olhos para uma Laura Bush que é totalmente muda e inexpressiva.

No primeiro episódio o Dia dos Pais está chegando e Pequeno Bush

quer lhe dar um presente muito especial, mas não tem idéia do que

pode dar ao homem mais poderoso do planeta. “Já sei”, diz. “Vou procu-

rar boas notícias do Iraque, vou lhe dar algo bom dessa guerra.” Pequeno

Bush decide se alistar no exército. Para isso tem de passar num teste psi-

cotécnico que consiste em escrever adequadamente o próprio nome e

a data. “O nome está certo”, diz o examinador. “Mas como data de hoje

você escreveu ‘tomate’.” “Não faz mal: bem-vindo ao exército!”

Assim, o Pequeno Bush vai à guerra com seus amigos Pequena Con-

di, Pequeno Cheney e Pequeno Rumsfeld para descobrir que na rea-

Page 112: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Prática de Tradução

111

Capítulo 01

lidade o Iraque esconde o maior parque temático do mundo, onde o

dinheiro e o petróleo brotam de todas as fontes possíveis. O nome do

parque de diversões não poderia ser outro senão Halliburton-Land.

Irreverência atrás de irreverência, mas todas carregadas de atualidade

e crítica política.

O germe da série foi um sucesso no telefone celular de milhares de

americanos, que recebiam em breves episódios de cinco minutos as

aventuras de Pequeno Bush formando-se para um dia chegar a ser

presidente. Quando o primeiro episódio foi publicado no site Break.

com, teve mais de um milhão de visitantes. A Comedy Central per-

cebeu o êxito dos episódios e encomendou uma primeira tempo-

rada de seis capítulos, que foi ao ar na noite de quarta-feira passada.

Sem dúvida, o personagem que brilhará com luz própria será “o melhor

amigo de Pequeno Bush”, o que seduz sua mãe: o Pequeno Cheney, que

não é capaz de pronunciar uma palavra e só se alimenta de sangue de

pássaros vivos depois de arrancar suas cabeças. Mas Pequeno Bush não

se atrapalha só com o governo republicano e as polêmicas eleições de

2000, o escândalo Halliburton ou a maneira como Bush e seus neocons

manipularam a imprensa para evitar que as más notícias do Iraque che-

gassem aos cidadãos. No episódio da próxima semana, Pequeno Bill

tenta devorar as gêmeas Lewinsky até que o sargento Hillary vem lhe

dar uma surra. É o mundo animado de Pequeno Bush; teria muitas se-

melhanças com a realidade?

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

TEXTO 3a - Samba a ritmo de mafia - Policía y Parlamento inves-tigan amaños en el concurso del Carnaval de Río.

JORGE MARIRRODRIGA - Buenos Aires - 13/06/2007 –

Fonte: <http://www.elpais.com/articulo/ultima/Samba/ritmo/mafia/

elpepuint/20070613elpepiult_1/Tes>

Data de acesso: 14/02/2008

Para los cariocas, habitantes de Río de Janeiro, el evento más importante

del mundo es su carnaval, y la competición de escolas de samba que

durante varias noches desfilan por el sambódromo adquiere paradóji-

camente las características de una liturgia casi sagrada en una fiesta que

debería resaltar lo mundano.

Page 113: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

112

Los agentes hallaron 1,5 millones de euros ocultos en un piso donde se guardaban regalos para el jurado.

Por eso mismo, la investigación oficial sobre la influencia de la mafia en

la fiesta, hasta el punto de amañar el resultado final y designar a la escola

vencedora, ha caído como una losa no sólo en la ciudad del fútbol de

fantasía y las playas de ensueño sino en todo el país. La Policía Federal

investiga si las amenazas y regalos recibidos por miembros del jurado

por parte de personas conectadas con la mafia local influyeron en el

resultado de este año, en que la escola Beija-Flor logró el triunfo.

El carnaval, en su desmesura, es mucho más que una fiesta. El desfile es

retransmitido durante días en directo por las televisiones que lo comen-

tan con la misma precisión de una reñida competición deportiva. Es un

escaparate que incluso en ocasiones anteriores fue aprovechado por

políticos locales y foráneos, como el venezolano Hugo Chávez, que en

2006 patrocinó a la escola vencedora en una de las categorías. Y en las

calles y garitos clandestinos de Brasil corre dinero de las apuestas sobre

quién vencerá. Mucho dinero. Además, de forma teóricamente legal, se

mueven ingentes sumas en patrocinios y subvenciones.

Según un informe de la División de Contrainteligencia de la Policía Fe-

deral que ha llegado a los medios brasileños y a manos de la fiscalía,

varias personas relacionadas con la mafia de las tragaperras estarían

implicadas en la trama de presión al jurado; se alternaban los regalos

con la actuación de pistoleros. La policía ha interceptado conversacio-

nes entre un corredor de apuestas clandestinas con el ex presidente de

la Liga Independiente de Escuelas de Samba y con un abogado sobrino

de éste. Todos comparten un interés por la victoria de la agrupación que

finalmente resultó ganadora, y haber sido puestos entre rejas en una

operación policial llamada Huracán.

El ex presidente de la Liga, Aílton Guimarães, y el corredor de apuestas,

Aniz Abraão, son considerados cerebros del fraude. Guimarães además

era secretario general de la Asociación de Bingos del Estado de Río, y

fue acusado en el pasado de desviar fondos para sobornar a la policía y

para la financiación ilegal de campañas políticas. El sobrino, Júlio César

Guimarães, era responsable de la elección de los jurados y ordenó que a

éstos se les facilitara un lote de regalos, que la policía ve como soborno.

En una de las cintas se habla de un piso franco en Río donde están los

lotes. Fue allí donde los agentes descubrieron tras un falso muro cuatro

millones de reales (1,5 millones de euros). El abogado dice que la su-

Page 114: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Prática de Tradução

113

Capítulo 01

posición de la policía es “absurda” y que los lotes mencionados eran de

camisetas con la palabra Jurado, así como reglamentos del concurso.

El escándalo ha trascendido a la política. El prefecto de Río, César Maia,

niega haber pagado ninguna comisión a los participantes en el desfile,

tal y como apunta un comité parlamentario de Investigación que entre-

ga los balances de la ciudad al Tribunal de Cuentas. El lunes el comité

escuchó el testimonio de los 40 jurados del Carnaval. La presidenta del

comité, Teresa Bergher, ha advertido de que es muy posible que contro-

len también anteriores carnavales.

TEXTO 3b - Brasil tem samba em ritmo de máfia, diz ‘El País’

Publicada em 13/06/2007 às 06:49

BBC – Fonte: <http://extra.globo.com/rio/plantao/2007/06/13/

296152359.asp>

Data de acesso: 14/02/2008

LONDRES - As acusações de que o resultado do Carnaval do Rio de Ja-

neiro deste ano possa ter sido influenciado por propinas e ameaças aos

jurados “caiu como uma bomba” na “cidade do futebol fantástico e das

praias de sonho”, segundo afirma reportagem publicada nesta quarta-

feira pelo diário espanhol El País.

Sob o título “Samba em ritmo de máfia”, o jornal comenta que “a Polícia

Federal investiga se as ameaças e presentes recebidos por membros do

júri de pessoas ligadas à máfia local influenciaram no resultado deste

ano, no qual a escola Beija-Flor conseguiu a vitória”.

“Para os cariocas, habitantes do Rio de Janeiro, o evento mais importante

do mundo é o Carnaval, e o concurso das escolas de samba que duran-

te várias noites desfilam pelo sambódromo adquire paradoxalmente as

características de uma liturgia quase sagrada em uma festa que deveria

ressaltar o mundano”, observa a reportagem.

O jornal afirma que o Carnaval já é “muito mais que uma festa” e que o

concurso das escolas de samba movimenta “muito dinheiro”.

Page 115: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Introdução aos Estudos da Tradução

114

Considerações Finais

NossaÚltimaConversa...

Caro(a)aluno(a),

Nestecurso sobre IntroduçãoaosEstudosdaTraduçãoobjetiva-

mosofereceravocêuma introdução,aindaquebreve,dessadiscipli-

na,apesardeabordarvariadosaspectosconcernentesàárea,reunindo

algumasdasmaisimportantestendênciasecontribuiçõesdosestudos

tradutórios.Apresentamosavocêosprincipaisconceitosemodelosde

estudostradutóriosdentrodeumaáreadepesquisaquevemcrescendo

esedesenvolvendorapidamentenasúltimasdécadas.Nossofoconeste

materialdeestudoéatraduçãoemsuaformaescritaenãocomointer-

pretaçãooral,comovocêbemnotou.

Buscamosapresentaravocêumavisãoabrangentedosprincipais

pontos da área, selecionamos e organizamosos tópicos de estudoda

seguintemaneira,comolheapresentamosnaIntroduçãodestematerial,

nasnossasconversas iniciais:

Primeirospercursos,abrangendoalgunsconceitosedefinições•detradução;

Alguns caminhos e teorias, com a apresentação domodelo de•Holmes,dadoshistóricoseteoriascontemporâneasdatradução;

OFuncionalismo,apresentandoalgumasteoriasfuncionalistas;•

Adécadade90paraosestudosdatradução;•

Atraduçãovistacomoprocessoeproduto;•

Mapeamentodadisciplina;•

Práticadetradução(noçõesiniciais).•

Page 116: PERIODO8 Praticas Traducao Espanhol

Prática de Tradução

115

Capítulo 01

Emrelaçãoàorganizaçãodasseçõesdestematerial,vocêencon-

trouaofinaldecadaitemabordadoumresumodetodooconteúdoe

tambémsugestõesde leitura incluindoumabibliografiaespecializada

bemcomolinksparapesquisasnainternet.

FoinossoobjetivolhemostraroquantoaáreadosEstudosdaTra-

duçãoseconstituiemumadisciplinadepesquisaenvolventeefascinan-

te,poiscomelapodemosdivulgareaproximardiversoscontextoscul-

turaisehistóricos.Esperamosagora,aofinaldestecurso,quevocênão

sótenhaumavisãomaiscompletadestaáreadeestudocomotambém

tenhamosacordadoemvocêavontadedefazerpartedela.

Igualmente,noiníciodestajornada,nóslhesolicitamosqueescre-

vesseumconceitodoqueseriatraduçãoparavocê.Vocêoredigiu.Por

favor,voltealeroquevocêescreveu.Nossapergunta:Vocêmantémseu

conceitoinicialouvocêmudoudeopinião?Porquê?Porfavor,escreva

aquioqueatraduçãosignificaparavocêagora,apósoestudoquevocê

fezemnossacompanhia:

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117

Glossário

Abordagem funcionalista1. –vêa traduçãocomoumatodeco-

municaçãointercultural.Partedafunçãocomunicativaquecer-

tasestruturas lingüísticasexercemdentrodeumdeterminado

contextoedaanálisedasestruturasquecooperampararealizar

essafunção,caracterizandoaintençãopragmática(concreta)do

usuáriodalíngua.Surgenosanos70etemseuaugenosanos80

e90eseusprincipaisrepresentantessão:KatharinaReiss,Hans

VermeereChristianeNord.

Abordagem sistemática; orientada2. –termosquedesignamoca-

ráterdaspesquisasemtraduçãoapartirdadécadade50,quan-

doEugeneNidautilizaotermociênciapelaprimeiravezparase

referiraosestudosdatradução.

Abordagem transcultural3. –Trabalhostradutóriosquepriorizam

opapeldacultura,ouseja:nãoexistelíngua,nemtrabalhotra-

dutóriocomlínguas,semainfluênciadaculturaaelasatrelada.

Addressee4. –termoquedesignaoreceptorouopúblicointen-

cionadopeloautornoTF,juntamentecomseusconhecimentos

culturais,expectativasenecessidadescomunicativasespecíficas.

EstápresentenasteoriasdeHansVermeereChristianeNord.

Análise contrastiva5. –dizrespeitoapesquisasrealizadasdadéca-

dade30a60e70,cujoobjetivoeraoestudodeduaslínguasem

contrasteafimdese identificardiferençasgeraiseespecíficas

entreelas.

ANPOLL6. -AssociaçãoNacionaldePós-GraduaçãoePesquisa

emLetraseLingüística.

Calque7. -açãonaqualsetraduzouintroduzumapalavraouex-

pressãoemlínguaestrangeiraparavocabulárionativo.

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118

Corpora8. computadorizados–textosparalelos(ouseja,ummes-

motextoemsuaversãooriginaletraduzida)digitalizadoscom

oobjetivodeoferecerinformaçõesextensivasparatrabalhosde

caráterdescritivo.Ostextossãoeletronicamentearmazenados,o

quefacilitaoestudodecaracterísticasdalinguagemtraduzida.

Correspondência9. –segundoCatford,acorrespondênciafunda-

menta-senaformalidade,istoé,baseia-senosistemadeumpar

desistemaslingüísticossimilares.

DTS10. –Descriptive Translation Studies–estudosdescritivosda

traduçãoequeabordamatraduçãocomofenômeno.

Equivalência11. –termoquedesignarelaçõesentreoTFeoTTdo

pontovistalexical,sintático,deconteúdo,semântico,doleitor,

doautor,dependendodaafiliação teóricadopesquisador.Se-

gundoCatford,asrelaçõesdeequivalênciaestãosempreamar-

radasaumpardeTFeTTespecíficos.

Estrangeirização e domesticação12. –termoscunhadosporVenut-

ti paradefinir a sua visãodosmétodosde tradução: a estran-

geirizaçãomantémumaaproximaçãomaiorcomoTFenãose

preocupa com a literalidade formal, enquanto a domesticação

procura“domar”oTF,fazendocomquesejalidocomosetivesse

sidooriginalmenteproduzidonalínguadoleitor.Essesmétodos

lembram aqueles propostos por Schleiermacher: levar o leitor

paraoautorelevaroautoratéoleitor,respectivamente.

Fidelidade13. -podeserabordadademaneirasdiferentesdepen-

dendoda afiliação teórica de cada pesquisador, portanto esse

conceitopodeestarligadoàreproduçãodasidéiasfiéisdoautor,

doconteúdoouestilodoTF;podeaindaestarvoltadoaoleitor

ouàculturadechegada.Normalmente,fidelidadeenvolvedeba-

tessobrequestõeslexicais,sintáticas,culturaiseestilísticas.

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Função14. –nalingüísticatemavercomumaperspectivasócio-

culturaldalíngua,designandoarelaçãoentreumaformaeoutra

(funçãointerna),entreaformaeosignificado(funçãosemânti-

ca)ouentreosistemadeformaeocontexto(funçãoexterna).

Hermenêutica15. - interpretaçãodosentidodaspalavras, toman-

do-seotextocomoumaunidadedesentido,métodooriginário

dostextossagrados.

Intercultural16. –termoquetratadasrelaçõesestabelecidasentre

culturasdiversaspormeiodatradução.

Interface17. –resultadapossibilidadedeestabelecerligaçõesentre

aáreadosestudosda traduçãocomoutrasáreasdepesquisa.

Essasmudançasdizemrespeitoamétodosdepesquisaeconteú-

dosquecomeçamamesclarabordagens lingüísticas, literárias

eculturais.Aspesquisasadquiremumcaráterempírico,oque

alteraoperfildadisciplinacominvestigaçõessobreaestrutura

doprocessodetradução.

Invisibilidade18. – termopropostoporLawrenceVenuttipara se

referiràatitudedealgunstradutoresquedesejam“desaparecer”

atrásdeumatraduçãofluente,daproduçãodeumTTtotalmen-

telegívelnalíngua-alvo,domesticado,comosetivessesidoes-

crito,originalmente,nalíngua-alvo,criandoassima‘ilusãoda

transparência’.

Lingüística de 19. corpus–éumaáreainterdisciplinarquevemten-

doumgrandedesenvolvimentodesdeadécadade80naEuropa

e,mais recentemente, nosEstadosUnidos. Suas aplicações se

fazemsentirtantonaáreadaLexicografiaquantonosestudos

sistemáticosdousoda língua,emtrabalhosde tradução,Lin-

güísticaAplicadaeemProcessamentodeLinguagemNatural.

A interdisciplinaridadeconstitutivadessaáreadeestudos tem

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possibilitadoatrocadeexperiênciaseumarealcolaboraçãoen-

treprofissionaisdediferentesáreasdoconhecimento.

Metodologia interdisciplinar20. – desloca as pesquisas em tradu-

çãoparacamposafinsnaáreadacomunicação,comoéocaso

dojornalismo,ouparaáreasmaisdistantes,poréminstigantes,

comoastraduçõesnasáreastécnicaecientífica.

Modelo teórico causal21. -pesquisaasatitudesdotradutornuma

determinadafasedatradução,ascausasdesuasdecisõescon-

trapostasàsinstruçõesrecebidasdocliente,dopropósitodatra-

dução, as suaspróprias influências sócio-culturaisno texto; o

queessasdecisõespodemcausarparaequaisosseusefeitosnos

leitores,noprópriotradutorenoambientesócio-cultural.

Modelo teórico comparativo22. - estático e orientado aoproduto,

alémdesercentradoemalgumtipoderelaçãodeequivalência.

Modelo teórico processual23. –estudaatraduçãoenquantoumpro-

cessoeintroduzdimensõesdetempo,sendo,portanto,ummo-

delodinâmicoemrelaçãoaomodelocomparativo.

PGET24. -Pós-GraduaçãoemEstudosdaTraduçãodaUniversida-

deFederaldeSantaCatarina(UFSC).

Pós-colonialismo25. – termo que trata de possíveis conseqüências

ideológicasdatraduçãoedoseupapelativonoprocessodacolo-

nizaçãoenadisseminaçãodeumaimagem,ideologicamentemo-

tivada,depovoscolonizados,especialmentenaculturaocidental.

Essaimageméaceitacomoaúnicarealeverdadeiraefunciona

comoaimposiçãodevaloresideológicosdocolonizador.

Prática derivacionista26. –termoquecaracterizavaapráticadatra-

duçãoatéosanos50,quandoaindaestavaconectada,ouseja,

derivava, primeiramente, do ensino e aprendizado de línguas

estrangeiras.

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Prática tradutória27. – ato concreto, realização, da tradução; ato

tradutório;atividadetradutória.

Protocolos verbais 28. –registros,emgravação,dosprocedimentos

queotradutorutilizaduranteatradução.

Shift29. -Translação,movimento,transferência.

Signo, significante, significado30. –relaçõesestabelecidasporSaus-

sureequefomentamdiscussõesacercade(im)possibilidadesde

equivalênciatextual,comonocasodaequivalênciainterlingual,

emqueumsignocorrespondeexatamenteaooutroemtermos

designificação.

Skopos 31. –palavragregaquedefineo“propósitoouafunção”da

tradução,talcomoteorizadopeloalemãoHansVermeerem70;

originaaSkopostheory.

Targumin32. -traduçõesparaoaramaicodosEscritosSagradose

doCânoneJudaico.

Teorias da tradução33. –estabelecemprincípiosgeraisparaprever

eexplicarofenômenodatradução.

Teorias descritivas 34. –descrevematraduçãocomofenômeno.

Teorias pós-colonialistas35. –estudamaquestãodoaspectocoloni-

zadorque,segundoalgunsteóricos,atraduçãopodeexercer.

Tipologia textual 36. –termocunhadoporKatharinaReissnadéca-

dade70equeuniaalgumasfunçõesedimensõesdalinguagem;

situaçõescomunicativas.

Tradução37. –atocomunicativointerculturalrealizadoentrecomu-

nidadesquepossuemlínguas,culturasevivênciasdiferenciadas.

Tradução como processo38. –dizrespeitoaummapeamentocog-

nitivo dos procedimentos que envolvem a prática tradutória

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atravésderegistros(protocolosverbais)gravadospelopróprio

tradutorduranteoprocessoefetivodatradução.

Tradução como produto39. –otextotraduzidoexistedeformainde-

pendentedotextooriginal.OestudodoTT,priorizadoemrelação

aoseuoriginal,permiteolevantamentodeproblemasexistentese

estratégiasutilizadaspelotradutorparasoluçãodosmesmos.

Tradução interlingual40. –ocorreentrecomunidadescomsistemas

lingüísticoseculturaisdistintos.

Tradução intersemiótica41. – ocorre através da interpretação de

signosverbaispormeiode signosde sistemasde signosnão-

verbais;porexemplo,quandoumtextoescritoétraduzidopara

olayoutdeumamúsica,filmeoupintura.

Tradução intralingual42. – ocorre entre comunidades que fazem

usodomesmosistemalingüísticoequepodemounãocompar-

tilhardeummesmosistemacultural.

Tradução literal 43. –ocorreaonívelda‘palavra-por-palavra’.Ter-

mossimilaressão:‘formapelaforma’;traduçãofielàletra.

Tradução livre44. – ocorre ao nível do ‘sentido pelo sentido’, ou

seja,fidelidadeaoconteúdodoTFenãoaosistemalingüístico.

Tambémdesignadapor inventio, isto é, fidelidade aos valores

artísticosdo texto,à idéiado textooriginal.Éposteriormente

chamadadetraduçãosemânticaporPeterNewmark.

Transnacional45. -vivênciapós-colonialdeimigrantese,deforma

maisampla,a‘desrupturalocal’quedescreveasituaçãodaqueles

quepermanecemno lado,praticamentedesintegrado,de suas

forças‘nativas’.

Transnacionalização46. –seussinônimossão:mundialização,glo-

balização,processoquelevaàocidentalizaçãodomundo.

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123

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