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1 O solo tropical - Casos - Perguntando sobre solo Ana Primavesi

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O solo tropical

- Casos -

Perguntando sobre solo

Ana Primavesi

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A Cartilha : “ O solo tropical: Casos. Perguntando sobre o solo“ O solo tropical: Casos. Perguntando sobre o solo“ O solo tropical: Casos. Perguntando sobre o solo“ O solo tropical: Casos. Perguntando sobre o solo“ O solo tropical: Casos. Perguntando sobre o solo - foi cedido gentilmente por AnaPrimavesi.

Movimento dos TMovimento dos TMovimento dos TMovimento dos TMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Trabalhadores Rurais Sem Trabalhadores Rurais Sem Trabalhadores Rurais Sem Trabalhadores Rurais Sem Terra - MSTerra - MSTerra - MSTerra - MSTerra - MSTAlameda Barão de Limeira, 123201202-002 - São Paulo - SPTelefax.: (11) 3361-3866

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1ª edição - setembro de 2009

O solo tropicalO solo tropicalO solo tropicalO solo tropicalO solo tropical- Casos -- Casos -- Casos -- Casos -- Casos -

Perguntando sobre soloPerguntando sobre soloPerguntando sobre soloPerguntando sobre soloPerguntando sobre solo

Ana Primavesi

Fundação Mokiti Okada2003

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SumárioSumárioSumárioSumárioSumário

I. Parte introdutóriaI. Parte introdutóriaI. Parte introdutóriaI. Parte introdutóriaI. Parte introdutória ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 07

Ecologia e o problema social

A alimentação no século XXI .......................................................................................................................... 11

O solo tropical ............................................................................................................................................... 12

Pergunte seu solo - Enfoque holístico do solo no contexto da natureza ......................................................... 17

A agricultura .................................................................................................................................................. 18

A poluição ...................................................................................................................................................... 19

Biodiversidade ................................................................................................................................................ 19

Variedades GM ou Transgênicas ..................................................................................................................... 20

O papel dos micróbios e insetos .................................................................................................................... 22

Minerais nutritivos e as doenças vegetais ...................................................................................................... 26

Deficiências minerais .................................................................................................................................... 26

Plantas indicadoras ......................................................................................................................................... 31

Alelopatia ...................................................................................................................................................... 32

Plantas que se hostilizam ............................................................................................................................... 33

Porque produto orgânico é menor .................................................................................................................. 37

Orgânico sempre é ecológico? ....................................................................................................................... 38

II . Parte dos CASOSII . Parte dos CASOSII . Parte dos CASOSII . Parte dos CASOSII . Parte dos CASOS

Drenagem ....................................................................................................................................................... 39

O furo no cano ............................................................................................................................................... 40

A pedra pome ................................................................................................................................................. 40

Produto orgânico é pior? ................................................................................................................................. 41

Quando as raizes engrossam .......................................................................................................................... 42

Raizes amarradas / Nematoide mata? ............................................................................................................ 43

Porque morrem as batatinhas ......................................................................................................................... 44

Culturas pauperrimas em solos riquissimos .................................................................................................... 45

Pasto amazônico ............................................................................................................................................ 46

O pasto milagroso .......................................................................................................................................... 48

Gado de corte x gadode leite ........................................................................................................................ 48

Orgânico não precisa ser ecológico ............................................................................................................... 49

Floresta de neblina ......................................................................................................................................... 50

Qual a profundidade de plantio exigida ........................................................................................................ 51

Timpanismo no gado leiteiro .......................................................................................................................... 52

Calagem (Projeto “Tatú”) ................................................................................................................................ 52

Agricultura convencional x orgânica ............................................................................................................. 53

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Assentar” Sem Terra” ...................................................................................................................................... 55

A raiz acusa ................................................................................................................................................... 57

Desertificação ................................................................................................................................................ 57

Enchentes ....................................................................................................................................................... 58

Quebra-Vento desastrado ................................................................................................................................ 59

“EM” pomar de citrus / Amarelinho ............................................................................................................... 60

Pé-duro ou raça .............................................................................................................................................. 61

Por que as raizes crescem para cima ............................................................................................................. 62

É burrice ou sabedoria .................................................................................................................................... 62

Irrigação ......................................................................................................................................................... 63

Botulismoé doença? ....................................................................................................................................... 64

A luta contra o deserto (Africa) ..................................................................................................................... 65

Nematoídes na cana-de-açucar ..................................................................................................................... 66

Espinafre irrigado ............................................................................................................................................ 67

Poliatrite em potros ........................................................................................................................................ 68

Água de termas ............................................................................................................................................. 68

Enterrar composto não é ecológico ................................................................................................................ 69

Por que artemisia ............................................................................................................................................ 70

Subsolador ...................................................................................................................................................... 70

Água salobre sempre cria deserto? ................................................................................................................ 71

Brusone no arroz ............................................................................................................................................. 72

SRI ou sistema de plantio intensivo de arroz ................................................................................................. 72

Solo x planta x animal ................................................................................................................................... 73

Pântano drenado ............................................................................................................................................. 74

Quando água salgada invade os campos ....................................................................................................... 74

Doenças provocadas (uvas) ............................................................................................................................ 75

Sigatoka tem cura? ......................................................................................................................................... 76

Violência urbana ........................................................................................................................................... 77

Por que o pasto morre ..................................................................................................................................... 78

Porque o eucalipto não rebrota ...................................................................................................................... 78

Na região amazônica têm minhocas? ........................................................................................................... 79

Plantio direto ................................................................................................................................................. 80

Caldo de mato ................................................................................................................................................ 81

Batatinha de semente .................................................................................................................................... 82

Café super-adensado ....................................................................................................................................... 83

Lesmas ............................................................................................................................................................ 83

O solo influi na seca ..................................................................................................................................... 84

Usar composto agricultura orgânica? ............................................................................................................ 85

Agricultura orgânica compensa ..................................................................................................................... 87

Efeito do vento .............................................................................................................................................. 89

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Pecuaristas: burros ou inteligentes ................................................................................................................. 89

O fogo ............................................................................................................................................................ 90

Que é orgânico .............................................................................................................................................. 93

O “gargalo de botela” (ponto de estrangulamento) ....................................................................................... 94

Como” multiplicar água” ............................................................................................................................... 96

Cabras, uma benção ou perdição ................................................................................................................... 97

O solo que torna a forrageira benéfica ou perniciosa .................................................................................... 98

Plantas se comunicam, plantas falam (indicadoras) ...................................................................................... 98

Alumínio tem de ser corrigido ...................................................................................................................... 101

Solo irrigado no semi-árido .......................................................................................................................... 102

Por que a ferrugem matou o trigo .................................................................................................................. 104

Para onde vai a Caatinga ............................................................................................................................. 105

2x arroz ........................................................................................................................................................ 107

A podridão misteriosa dos dendezeiros ........................................................................................................ 108

O cocho de sal ............................................................................................................................................. 109

Rotação de pastejo não é possivel ................................................................................................................ 109

Elasmo .......................................................................................................................................................... 110

Reservação “Krüger Park” ............................................................................................................................. 111

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I PI PI PI PI PARTEARTEARTEARTEARTE INTRODUTÓRIAINTRODUTÓRIAINTRODUTÓRIAINTRODUTÓRIAINTRODUTÓRIA

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No mundo inteiro a consciênciaecológica despertou. A poluição dos rios, marese ar, terras e alimentos Já não é mais somenterazão de baderna de alguns verdes, mas estacomeçando preocupar seriamente povos e atéos governos neo.capitalistas.

A saúde humana é cada vez mais afetada,não somente pelos resíduos tóxicos mastambém pelo baixo valor biológico dosalimentos que não nutrem mais. A água doceno Planeta diminui rapidamente ficando os riossecos, A magnificação biológica dos venenospulverizados nas lavouras toma formasincalculáveis, aparecendo os compostosquímicos tóxicos cada vez mais concentradosem peixes, aves marinhos e camarões. Osoceanos e rios, poços e matas, pólos e geleirasnos cumes das montanhas são poluídos.. Osburacos na camada de ozônio são cada vezmaiores, alcançando este sobre a Antártica otamanho de três vezes a área do Brasil, e estesobre o pólo ártico 5 vezes este tamanho., nãofiltrando mais a luz solar, Agora permitem aentrada de grande quantidade de raios ultra-violetos, . prejudicando homens, animais eplantas .Cada ano desertificam mais que 10milhões de hectares de terras agrícolas emnosso Globo. Em parte ê pela salinização graçasa uma irrigação sem maiores cuidados, emparte pelas queimadas freqüentes dos pastos ecampos, que induzem a falta de matéria.orgânica nos solos e conseqüentemente suacompactação — erosão e escorrimento da águapluvial.

Somente no século XX a temperatura doGlobo terrestre se elevou em média por 1,5º Ce em certas regiões até 3º C. Degelam os pólose as geleiras dos Andes e do Himalaia e o Climatorna-se cada vez mais irregular e extremo.Durante os últimos 50 anos criaram-se riquezasfabulosas sacando nosso Planeta, chamando

isso de”desenvolvimento econômico”, Nãoexiste mais muito tempo para poder recuperá-lo. E se faltar a conscientização e continuadominando a ganância este século será oúltimo em que ainda existe vida na Terra,. Nossodesenvolvimento está em direção ao destinode Marte, que também uma vez deve ter tidovida, e provavelmente foi sacrificado por umdesenvolvimento tecnológico semelhante aonosso. Destrui a tecnologia agrícola os solos,os rios e a água no Planeta polui a mineraçãoos rios e destrui as terras; poluem as indústrias,os veículos automotores e a lavração docampo, enriquecendo a atmosfera com muitomais gás carbônico de que ela pode suportar,produzindo o famoso “efeito estufa”.

Esqueceu-se que o ser humano somenteconsegue criar algo de novo ‘transformandoafgo já existente, que ele encontra na natureza..É somente a troca de um elemento natural porum civilizatório.

Todos nossos melhoramentos tecnoló-gicos afetam o meio-ambiente, ou seja, sãoantiecológicos porque destroem a natureza,seus ciclos e sistemas, e com isso o Globo, nossanave espacial, comum a ricos e pobres. .

Mas o problema ecológico não temsolução enquanto existe o problema social Nosmeados do século XX existiam 25 milhões defamintos – no Mundo inteiro, hoje, 50 anos maistarde graças a agricultura de alta tecnologia,são820 milhões, morrendo anualmente 35 milhõesde fome apesar ou talvez graças ao progressoeconômico com seu efeito concentrador quebeneficia cada vez menos pessoas e sacrificacada vez mais povos..

Dizem que os ricos teriam de tercompaixão para com os pobres e famintos,fazendo campanhas de “cesto básico” ou dedoações de roupa. ou até de casas.. Mas issonão é o problema. Não são esmolas que as

EEEEECOLOGIACOLOGIACOLOGIACOLOGIACOLOGIA EEEEE OOOOO PROBLEMAPROBLEMAPROBLEMAPROBLEMAPROBLEMA SOCIALSOCIALSOCIALSOCIALSOCIAL

QQQQQUEMUEMUEMUEMUEM NOSNOSNOSNOSNOS SALVASALVASALVASALVASALVA?????

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famílias pobres querem, dados pelos abastadospor “compaixão. Eles querem uma vida digna,querem ganhar sua vida. Será que os ricos,simplesmente não são mais capazes de ver oque acontece ao redor deles que eles estão tãocegados pelo dinheiro e tão estupeficados pelobem estar que não conseguem maiscompreender o que ocorre?

A miséria não é somente problema dosfamintos, mas de todo mundo. Todos sabem oque mais destrui o meio ambiente é a pobreza.Na tentativa desesperada de conseguir algocomestível destruem os solos, e conseqüen-temente os cursos de água que não seabastecem mais, exterminam animais, as vezesjá raros, como tartarugas, capivaras, javalis,pacas e outros, Não somente as madeireiras namata amazônica exterminam as árvores maispreciosas como de mogno e pau-brasil, dosquais todo mundo fala e que os ricosambicionam, mas também os pobres e famintosna Caatinga, região semi-árida do nordesteexterminam as árvores mais importantes comoos Faveleiros ou os Umbuzeiros estes últimospor causa das bolotas grandes de depósitos deágua e reservas alimentícias que carregam nassuas raízes e que Ihes ajudam sobreviver a seca.Destruem os pastos por 4 a 5 queimadas porano, para ter forragem para suas cabras e quetoma a vegetação cada vez mais rala, maispobre e mais miserável. tomando os solos cadavez mais duros e mais secos promovendo a“saarização. como Guimarães Duque (1980)o sertanista mais famoso, o chama, porque apouca chuva que cai, escorre em enchentes eo pouco que penetra na superfície do solo élevado pelo vento seco e permanente.

Enquanto cada sétima pessoa no mundoé faminta não existe conservação do meioambiente: nenhum convênio internacional,nenhuma medida para manter o ambiente,nenhuma ação para proteger plantas e animais,porque contra a fome não existe proteção.

Ou acabamos com a fome ou aOu acabamos com a fome ou aOu acabamos com a fome ou aOu acabamos com a fome ou aOu acabamos com a fome ou afome acaba com nosso Planetafome acaba com nosso Planetafome acaba com nosso Planetafome acaba com nosso Planetafome acaba com nosso Planeta. E se apopulação mundial se preocupa com suasobrevivência, que nos últimos 50 anos foiposto em xeque, a primeira coisa que todos temde fazer: combater a fome não por compaixãomas por simples auto-conservação, para

assegurar a continuação da vida no PlanetaTerra.

Parece que a maioria esqueceu quecidade alguma, tão grande, esplendida e ricapossa ser, pode garantir a vida. A vida vem docampo, da terra, do solo. que produz nossosalimentos. E mesmo o mais rico gênio eminformática não escapa do fato de necessitarmanter sua vida por alimentos, produzidos nossolos, regados pela chuva e pelos rios.

Salvar os famintos não tem nada a vercom compaixão, mas somente com razão,porque queira ou não queira a Terra é nossaastronave comum, de ricos e pobres.. E se eleafunda, afundamos todos juntos. riquíssimos,ricos, abastecidos, pobres e famintos. Não háexceção nem salvação Ou todos ouOu todos ouOu todos ouOu todos ouOu todos ouninguém.ninguém.ninguém.ninguém.ninguém.

Ou será que os Norte Americanosacreditam firmemente poder sobreviver emplataformas espaciais ou até seja em Marte queeles “terrificam”?

A tecnologia avançada expulsou apopulação do campo. Dos 75 a 80 % queviviam no campo em 1950 restaram nos EUA2% na Europa 6%, no Brasil 20%, na Rússia e,provavelmente também na China 45%. O restofoi expulso pela mecanização e pelosherbicidas. No hemisfério Norte foi a indústriaque os recebeu de braços abertos. Nohemisfério Sul as favelas. Não que faltassemalimentos. Num Mundo onde 75% dos cereaise 80 % da soja vão para ração animal, não sepode acreditar que falta comida. O que falta époder aquisitivo ou como eles dizematualmente: faltam educação e empregos paraganhar este poder aquisitivo.

A previsão oficial da FAO é: sempre maisfamintos, sempre mais pessoas em misériaabsoluta, sempre mais destruição. E o fim daE o fim daE o fim daE o fim daE o fim davida à vista.vida à vista.vida à vista.vida à vista.vida à vista. Se em 50 anos conseguimosdestruir tanto, será que a Terra sobrevive aindaos próximos 100 anos? Com a atual políticaneocapitalista globalizada, de certo não, nemcom, nem sem reforma agrária.

Tem um caminhoum caminhoum caminhoum caminhoum caminho, mas somente um.Recuperar os solos para que produzemalimentos sadios, com o mais alto valorbiológico. E este existe somente quando asculturas são sadias. Não somente livres de

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parasitas graças a defensivos químicos,orgânicos, ou inimigos naturais. Plantasdefendidas permanecem doentes de baixovalor biológico tanto faz qual a toxidez dodefensivo. Plantas sadias não são atacadas porpragas e doenças e não necessitam serdefendidas. Deste alimento. não se necessitam3000 ou 4000 , e até 6000 calorias por dia,mas somente 800 a 1000. Quer dizer por 1/3das calorias e do dinheiro consegue se ser bemnutrido. o que provam os Alemães, que comuma ração de 800 cal./dia, que receberamdepois da segunda guerra Mundialconseguiram reconstruir seu . pais e fazer delea terceira economia do Mundo.

Se em lugar de globalizar e obrigar atodos comer os mesmos, alimentos, seregionalizarão os alimentos básicos, plantandoo que mais fácil cresce na região, a produçãonão somente se tornará mais farta e bem maisbarata mas também não necessita de ,transporte comprido ou como eles dizem “deturismo dos alimentos” e que iria baratear maisainda o produto. Por 1/4 do preço atual umapessoa poderia ser bem nutrida, saudável, fortee inteligente.

Necessita-se muito menos área. paraproduzir alimentos e pode se reflorestar. Pelaproteção contra o vento a produção dobrará.Com mais florestas o clima melhorará, as chuvas

se tornarão outra vez mais amenas e maisfreqüentes e a produção agrícola se tornarámais segura e estável. .

E quando, finalmente, nos paísestropicais se usará uma tecnologia tropical emlugar da de clima temperado, e em lugar deadubos se cuidar do maior desenvolvimentoradicular, as colheitas podem aumentar até 5vezes como no arroz em Maranhão,Madagaska e Malásia onde se colhem, semuma grama de adubo químico ou composto esem um pingo de veneno 16 até 20 t/ha. NaMalásia uma família de até 16 pessoas, vive de1 ha de terra”, não .. miseravelmente, mas bemnutrida, bem educada, todos formados até emUniversidades famosas. Mas, o Governo cuida,que o” valor biológico” dos alimentos sejaelevado.

E com uma alimentação biologicamentecompleta, as pessoas serão mais sadias, e maisfortes. E como: num corpo sadio mora umaalma! sadia, serão mais amigáveis, muito menosviolentos, recuperando também seus valoreshumanos e sua relação para com Deus. TodaNatureza e todo nosso Planeta, não sãodirigidos e organizados segundo as leis docapitalismo mas segundo as leis divinas.

Somente pelo solo recuperadosolo recuperadosolo recuperadosolo recuperadosolo recuperadocombate-se a miséria. E somente pela misériasomente pela misériasomente pela misériasomente pela misériasomente pela misériavencidavencidavencidavencidavencida controla-se o Meio Ambiente e salva-se nosso Planeta.

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A A A A A ALIMENTAÇÃOALIMENTAÇÃOALIMENTAÇÃOALIMENTAÇÃOALIMENTAÇÃO NONONONONO SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO XXI XXI XXI XXI XXIOs alimentos, mesmo quando impor-

tados, provém fundamentalmente da agricultura(fora dos peixes dos oceanos). E a agriculturaconvencional é orientada exclusivamente paraa produção de lucros com seus enormesmonocuJturas de soja, cana e milho.

A FAO constatou que em 1700 a popula-ção mundial duplicava a cada 200 anos; em1800 a cada 123 anos e em 2000 a cada 12anos. Não porque nascessem mais crianças, aocontrário, nascem muito menos, mas amortalidade infantil foi radicalmente diminuídagraças a medicina. Isso significa que necessi-tamos dobrar 10 vezes mais rápido a produçãode alimentos, empregos e moradias do que 200anos atrás.

Más ela constata ao mesmo tempo quegraças a tecnologia mecânica-químicaatualmente em uso, a área necessária para nutrir1 pessoa diminuiu em quase 50% de 1950 paracá enquanto a área agrícola, graças aosdesmatamentos triplicou. Isso significa quepoderíamos nutrir 6 vezes mais pessoasenquanto a população mundial somentetriplicou. (de 2 para 6 bilhões).

Mas não as nutrimosMas não as nutrimosMas não as nutrimosMas não as nutrimosMas não as nutrimosEm 1950 existiam no mundo 25 milhões

de pessoas famintas, atualmente temos 830milhões..e somente 35 milhões morremanualmente de fome.

O Brasil, que em1950 se orgulhava quetinha pobres, mas nenhum faminto,possui hoje52 milhões de pessoas em miséria absoluta,quer dizer sofrendo fome. E os alimentos quese produzem? 75 % do milho, 80 % da soja e60% da cevada vão para a alimentação deanimais confinados e a cana vai principalmentepara a produção de álcool combustível. Se cadapovo consumisse sua carne, seus grãos e seuaçúcar sena ótimo. Más não os consomem. Osgrãos são exportados, indo para a Europa eEUA. nutrindo frangos e bovinos confinados,para depois poder importar eletro-domésticos,peças de automóveis, computadores, adubosprodutos químicos etc. E mesmo a Índia com1bilhão de habitantes em uma área um poucomaior do que metade do Brasil, exporta cevada

para as granjas de porcos na Europa; 80 % detoda produção mundial, agrícola, de petróleoe de minerais atualmente é consumido por 20%da população mundial. Mas que Igualmente êresponsável para quase 80% da poluição. Sãoos países ricos ou o primeiro Mundo.E aindatem países que não Pertencem a este clube dosseletos imaginando que todos poderiam chegarlá. Como?

Nos últimos 50 anos milhares de milhõesde pessoas ou exatamente 4,2bilhões depessoas perderam suas terras ou seus empregosno campo graças às monoculturas e suamecanização, o uso de herbicidas e detransgênicos. Na Europa e EUA foram recebidosde braços abertos nas industrias, no Brasil nasfavelas. O grande problema não é a falta dealimentos, mas a falta de poder aquisitivo, istoé de empregos. E que nunca vão existir porquea industria não é nossa mas somente “atraída”ou importa peças para montar ou usa robôs.Queremos tecnologia avançada mas podemosdizer somente. “ A poluição é nossa., o lucro édos outros.” .

Constata-se que os países que investiramprimeiro na agricultura e somente depois naindústria tem povos bem alimenta dos comaprendizado rápido e idéias geniais, inventoresda atual tecnologia. Os países que neminvestiram mas somente “atraíram “industriasde fora para ter o que os outros tinham, ficaram“subdesenvolvidos” ou, para não desanimarpermanecem em um eterno “desenvolvimento”vivendo de investimentos estrangeiros. Por issosão profundamente endividados e tudo o quefazem é fornecer mão de obra barata e trabalharduro. Para poder pagar os juros das dividasexternos, eternos” escravos de juros” presosnum ciclo de colonialismo e escravidãomoderna, exportando especialmente matériaprima ou produtos primários.

Não compreenderam que a agriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagriculturaé a base de toda a vida, mas também deé a base de toda a vida, mas também deé a base de toda a vida, mas também deé a base de toda a vida, mas também deé a base de toda a vida, mas também detoda economia.toda economia.toda economia.toda economia.toda economia.

Em nosso Planeta existem 13.000milhões de hectares de terra, sendo mais oumenos 2.300 milhões de hectares terra de usoagrícola ou pastoril, ou seja, entre 15a 18%.Conforme a região 24 a 30 % ainda sãoflorestas tropicais ou vegetação nativa (Tundra),

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que ocupamque ocupamque ocupamque ocupamque ocupam entre 3.100 milhões de hectare.Se porém continuar o desmatamento navelocidade atual em 40 anos não terá maisfloresta nenhuma Perderemos nossa biodi-versidade, nossos “termostatos” mas ganhamosum clima com temperaturas extremas e ventopermanente que baixará a produção agrícolaà metade até 1/5 da atual. Teoricamente o Brasilpoderia ainda desmatar 200 milhões dehectares para erradicar a fome. Mas a conta éirreal. Com a política de exportação, issotambém seria exportado e a produção nãoaumentaria mas diminuirá Segundo aEMBRAPA já agora o vento leva umequivalente de 700 a 750 mm de chuva porano. Quer dizer uma região com 1.200 a 1.300mm/ano/chuva, que é normal, tornaria semi-árida graças ao vento, restando somente 500mm de água para a produção.

Dizem que tem de irrigar. Atualmente480 milhões, isto é ao redor de 12% dapopulação mundial, vivem de grãos produzidosem campos irrigados.

No vale do rio S.Francisco 320.000 ha,especialmente de fruticultura são irrigados e40.000 ha já foram abandonados por causa desalinisação.

No Nordeste com aproximadamente1.56 milhões de ha., atualmente 44% da áreasão em desertificação. mais menos avançadapor atividade humana predatora comoqueimadas, super-pastoreio de cabras, irrigaçãosem cuidados especiais, super-adubação. earação profunda. (Senna de Oliveira et alli,2000). E quanto pior o solo tanto mais rápida adesertificação, tanto mais pobre a população,e quanto maior a pobreza tanto pior adestruição dos solos. Dá para concluir que apobreza destrui tanto ou mais que o agro-business. e a destruição dos solos faz a águadoce desaparecer e sem água não existe maisvida em nosso Globo.

Dizem:AAAAA bolsa está em alta mas a T bolsa está em alta mas a T bolsa está em alta mas a T bolsa está em alta mas a T bolsa está em alta mas a Terra esta emerra esta emerra esta emerra esta emerra esta embaixabaixabaixabaixabaixa .Ligado direto ao desmatamento:Ligado direto ao desmatamento:Ligado direto ao desmatamento:Ligado direto ao desmatamento:Ligado direto ao desmatamento: florestas

diminuindo; temperatura se elevando (efeitoestufa); tempestades aumentando; geleirasdescongelando (também os pólos); oceanossubindo e plancton morrendo - menos

oxigênio) buraco de ozônio aumentando -mais luz ultravioleta.

Ligado a decadência dos solosLigado a decadência dos solosLigado a decadência dos solosLigado a decadência dos solosLigado a decadência dos solos: soloscompactando e erodindo (araçao, adubos,monoculturas); inundações aumentando;rios secando (e represas); energia elétricadiminuindo; água potável escasseando;grandes áreas desertificando *(por ano mais10.milhões/ha); pragas e doenças vegetaisaumentando; valor biológico dos alimentosdiminuindo.

Ligado ao uso de agro-químicosLigado ao uso de agro-químicosLigado ao uso de agro-químicosLigado ao uso de agro-químicosLigado ao uso de agro-químicos: poluiçãoambiental (terra, água e ar); aumentandomagnificação biológica; espécies animais evegetais diminuindo e se extinguindodoenças humanas e violência urbanaaumentando.

Solo doente -Planta doente -HomemSolo doente -Planta doente -HomemSolo doente -Planta doente -HomemSolo doente -Planta doente -HomemSolo doente -Planta doente -Homemdoentedoentedoentedoentedoente

Somente num corpo sadio mora umaalma sadia. Por tanto se o corpo esta doente aalma também o é e a violência urbana tem seuorigem nos alimentos com valor biológicobaixo. Portanto,os indianos dizem: A violênciaurbana tem sua origem na decadência dossolos.

Quando o homem não somente explorarmas também cuidar de seu solo os alimentosserão de valor biológico elevado, as pessoas,também com poucos alimentos bem nutridos,saudáveis e inteligentes e o fantasma da fomenão existe mais.Ame seu solo e tenha certeza que é o certoAme seu solo e tenha certeza que é o certoAme seu solo e tenha certeza que é o certoAme seu solo e tenha certeza que é o certoAme seu solo e tenha certeza que é o certo

para nosso clima.para nosso clima.para nosso clima.para nosso clima.para nosso clima.

O O O O O SOLOSOLOSOLOSOLOSOLO TROPICALTROPICALTROPICALTROPICALTROPICAL

Embora que se fala de ecosistemasecosistemasecosistemasecosistemasecosistemas e deecologia são raras as pessoas que tiramconclusões disso. Normalmente eles entendemsomente a conservação de uma espécie animal,como do macaquinho “micro-Ieão dourado”ou de uma planta, como as orquídeas na MataAtlântica, ou simplesmente de uma árvore napraça de uma cidade. Também existem reservasecológicas de mata ou de animais comoreservas de Mata Amazônica ou Mata Atlântica;e de animais na África; a Serengetti na Kenia

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ou o Krügerpark na África do Sul. Porém,ecológico não são fatores/mas sistemas. Aconservação de uma espécie animal ou vegetalpode e não pode ser ecológica. É ecológicoquando se conserva com isso o sistema, já nãoé ecológico quando se simplesmente conservaa espécie para que nossos! descendentes, umdia, ainda podem admirá-Ia em algumzoológico ou uma reservação isso não temnada a ver com ecologia mas somente com“lembranças históricas”. Ecológico é a perfeitaharmonia dos fatores de um lugar (que emgrego se chama de já “õikus”) e suasincronização. Todos os fatores são empermanente movimento passando pordeterminados estágios, sendo o último estágiosempre o início de um novo ciclo A ! dinâmicados ecosistemas culturais ( agrícolas e urbanas)sofreu uma adaptação a menor ou maiorantroposição ou seja modificação pelo serhumano. Nenhum fator da natureza pode sermudado ou extinto sem que todos os outrosfatores do ciclo sofrem uma profundamodificação.

Somente para lembrar alguns ecosis-temas, começando no polo norte com a Tundraseguida da Taiga que já é uma floresta abertade coniferas – floresta temperada caducifolia -Floresta mediterrânea – estepes (pampas,praries) – desertos ou floresta tropical – savanase cerrados – semi-áridos (ou semi desérticos)ou as ecosistemas montanhosos como os dosAndes e do Himalaia na Ásia Todos osecosistemas são um conjunto de solos-plantas-clima, incluindo aqui já a altitude.

Quer dizer o solo serão que o clima e asplantas fizeram dele. E as plantas serão o queelas conseguem fazer do solo e do clima. Etodos três fatores têm de ser perfeitamentesincronizados.

É um pequeno absurdo de se supôr queo solo tropical é um solo de clima temperado,somente muito mais intemperizado ou sejadecomposto pela ação do clima, muito maispobre e portanto muito mais desfavorável paraa agricultura do que o solo do clima ,temperado.Portanto o solo tropical tem de seradaptado ao solo rico,de pH pelo neutro doclima temperado o que quer dizer o alumínioalto e o pH baixo tem de ser corrigidos- usando

se até 35 t/ha de calcário como no “ProjetoTatú”, — a pobreza mineral tem de sereliminado adubando com dosagens elevadasde NPK, os solos tem de ser mantidos limpospor herbicidas, uma vez que o “mato” crescecom muita rapidez e insistência e as enormesquantidades de parasitas tem de ser controladospor defensivos de alta toxidez. Para isso oscientistas tem de ser treinados nos EUA paraapreender toda esta tecnologia, que faz os solostemperados produzir bem. Mas o problema éque o clima temperado é um ecosistema e otropical é outro, muitíssimo diferente. Tambémé pouco provável que Deus, quando criou osecosistemas do mundo, fez tudo certo no climatempera do e tudo,absolutamente tudo erradono clima tropical. E como Deus não erra, eledevia ser perverso, para castigar os povos doclima quente com tantas desvantagens. MasDeus não é perverso. Deus é imensamente justoe sábio e fez tudo exatamente como necessitaser. para produzir bem.

Prova é que a mata tropical produz em18 anos o que a mata temperada produz em100 anos, quer dizer 5,5 vezes mais. Masquando o homem põe a sua mão na naturezatoda exuberância some como por encanto esomente resta miséria E a conclusão lógica é: Atecnologia agrícola de clima temperado nãoserve para o ,ecosistema de clima tropical.

O solo tropical tem de ser pobre, para queas plantas conseguem absorver água enutrientes também durante as horas de maiorcalor O solo tem de ter ferro e alumínio paraser bem agregado, o que é importantissimo paraa penetração de água e ar e especialmente odesenvolvimento das raízes, que tem de teracesso às nutrientes distribuídos pelo perfil dosolo. Sabe-se que na absorção de água enutrientes vale a “lei da osmose” quer dizer aágua sempre fluida concentração menor deions para a concentração maior de íons. E seexistem mais ions nutritivos na água do solo;araiz iria perder água para o solo em lugar.deabsorver água do solo. Isso porque nas horasquentes a fotossíntese baixa e a raiz recebemenos carboidratos (grupos carboxílicos isto éCOOH-) o que dilui a concentração desubstâncias dentro da raiz.

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O solo tropical sempre tem de (1) serprotegido contra o impacto da chuva e oexcesso de aquecimento,(2) receber suficientematéria orgânica para nutrir os 20 milhões demicrorganismos por cm

3 de solo ( no clima

temperado tem 1,5 a 2 milhões), (3) Serprotegido contra o vento e (4) as raízes tem de

ter toda possibilidade para se desenvolverabundantemente, tanto para os lados comopara baixo e para isso necessitam de um solobem agregado e o suficiente de boro (5) asvariedades plantadas têm de ser adaptadas aosolo e clima.

TTTTTECNOLOGIUAECNOLOGIUAECNOLOGIUAECNOLOGIUAECNOLOGIUA AGRÍCOLAAGRÍCOLAAGRÍCOLAAGRÍCOLAAGRÍCOLA TROPICALIZADATROPICALIZADATROPICALIZADATROPICALIZADATROPICALIZADA

AAAAAGROGROGROGROGRO-----ECOLOGIAECOLOGIAECOLOGIAECOLOGIAECOLOGIA

DDDDD IFERENCIAIFERENCIAIFERENCIAIFERENCIAIFERENCIA DODODODODO SOLOSOLOSOLOSOLOSOLO DEDEDEDEDE CLIMACLIMACLIMACLIMACLIMA TEMPERADOTEMPERADOTEMPERADOTEMPERADOTEMPERADO EEEEE TROPICALTROPICALTROPICALTROPICALTROPICAL

TTTTTEMPERADOEMPERADOEMPERADOEMPERADOEMPERADO

RRRRRECEITECEITECEITECEITECEITASASASASAS

AAAAARGILARGILARGILARGILARGILA

TTTTTROPICALROPICALROPICALROPICALROPICAL

CCCCCONCEITOSONCEITOSONCEITOSONCEITOSONCEITOS

Smectita - muita silica caolinita - muito alumínio

SSSSSOLOOLOOLOOLOOLORaso

CCCCCOMPLEXOOMPLEXOOMPLEXOOMPLEXOOMPLEXO DEDEDEDEDE TROCATROCATROCATROCATROCA

Profundo

500 a 2200 mmol/dm3

CÁLCIO

10 a 70 mmolc/dm

3

por cálcio (Ca++

)

baixaRIQUEZA MINERALelevada

cationico (CTC)

DE ACESSOTECNOLOGIA AGRÍCOLADE MASSA

MÍNIMO para NÃO animar a vida

EVAPORAÇÃO da ÁGUA

forteINSOLAÇÃO

Nutriente ph 5,6 a 5,8Saturação CTC 25 a 40%

Correção do solo ph 6,8 a 7,0Saturação CTC até 80%

Pro alumínio (AL+++

) eferro (Fe

+++) oxidados

AGREGAÇÃO

fraca

25º CTEMPERATURA ÓTIMA12º C

0,8 a1.2%decomposição m. rápida

ácido fúlvico (lixivia)

HUMUS3,5 a 5,0% decomposição lentaácido húmico e humina

12 a20 milhões/g ativos até 15 cmRECICLAGEM da M.O

MICROORGANISMOS2 milhões/g ativos até 25cm

REVOLVIMENTO DO SOLOPROFUNDO para animar a vida eaquecê-lo

PROTEGIDO contra o calor e oimpacto da chuva

CONDIÇÃO DO SOLOLIMPO para captar calor

especialmente intensascompactam o solo

CHUVASpouco intensasparte em neve

especialmente pelo aquecimentodireto do SOLO

somente pela VEGETAÇÃO

CCCCCL IMALIMALIMALIMALIMA

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O solo tropical é 30 a 50 vezes maispobre que o solo temperado por causa daabsorção durante as horas quentes do dia. Maso solo tropical é até 30 vezes mais profundodo que o solo temperado recompensando issonão somente sua pobreza mas possibilitandouma produção até 5,5 vezes maior do que emclima temperado. A agregação por cálcio: ésuficiente em países onde boa parte dasprecipitações ocorre em forma de neve, mas éabsolutamente insuficiente, nos trópicos comseus torós. Aqui se necessitam de agregadoresbem mais potentes como os – de alumínio - ouferro,que são cátions trivalentes. Ouso degrandes quantidades de cálcio neutraliza oalumínio e por isso desagrega o solo tropical .tornando duro e inóspito para as raízes.

No clima temperado o pH do solo oscilaao redor de neutro, nos trópicos é normalmenteao redor de 5,6.

A microvida fraca do solo em climatemperado faz que a decomposição da matériaorgânica é muito vagarosa. E, como o solo érico em cálcio, se forma “húmus de reserva.(ácido húmico)” a famosa matéria orgânica quetodas análises procuram raramente acham emsolos tropicais. E durante o intenso frio seformam Igualmente humlnas, que são sais deácidos húmicos e que podem durar até 3000anos (Kononova, 1961) Tanto humus comohuminos aumentam drasticamente o CTC dossolos O professor em Edafologla Vageler (1930)disse: “ Nos trópicos o humus não existe ou eleé incolor, porque não consegue dar cor aossolos. E praticamente não existe por causa dareciclagem muito rápida da matéria orgânica.Isso significa que nos trópicos não existe estaestabilidade de grande quantidade denutrientes conhecida dos solos de climatemperado, Tudo é um movimento rápido 80 a90% de nutrientes encontram-se na Biomassa,com reciclagem muito rápida enquanto no solotemperado 80% dos nutrientes encontram-seno próprio solo e somente 20% na Biomassa.

Mas a enorme quantidade de micróbios,tanto bactérias como fungos, na camadasuperficial do solo também produz umaenorme quantidade de antibióticos, que,lixiviados pela chuva, se acumulam abaixo de15 em de profundidade, tornando o solo quase

estéril e, esta camada de solo, quando revolvidaà superfície, é instável ao impacto das chuvas.Os ácidos húmicos que se formam nos trópicos(ácidos fúlvicos), em sua maior partepermanecem solúveis em água, e quandolavados pela chuva arrastam consigo iónsnutritivos, quer dizer eles empobrecem o soloem lugar de aumentar o CTC. Isso significa queo solo tropical tem todos seus fatores orientadospara manter uma baixa concentração de ions.

Por outro lado, nos países de climatemperado. existe a possibilidade de acumularágua no solo durante um ano, mantendo o sololavrado,rigorosamente sem vegetação. Isso,porque lá o clima é tão frio que o solo aqueceno máximo até 14º°C e se perde água somentepela transpiração das plantas. Nos trópicos, osolo pode aquecer até 74º°C e a perda porevaporação direta do solo é muito maior doque esta pela transpiração pelas plantasportanto a umidade se conserva melhor em solocoberto pela vegetação do que em solo limpoe exposto. Fora disso as chuvas tropicaisdestruem os agregados do solo pelo enormeimpacto e logo formam uma crosta superficiale uma laje dura sub-superficial pela imigraçãoda argila dos agregados destruídos. Lá orevolvimento profundo de solo foi o passemágico para aquecer o solo frio na primaverae poder plantar batatinhas e outras raízes eanimar a vida para decompor o excesso dematéria orgânica. Por isso se chama a lavraçãode “mobilização” do solo. Nos trópicos fora deque não necessitar de aquecimento do solo,este sistema anima a vida demasiadamente eleva a uma decomposição explosiva de matériaorgânica, soltando duas horas mais tarde umanuvem densa de gás carbônico que contribuiviolentamente à contaminação da estratosferae ao efeito estufa. Portanto o movimento doestufa” solo deve ser o mínimo possível.(Papenick,1996)

Todo ecosistema temperado orientadopara a acumulação de nutrientes na camadarasa de seus solos, põe o máximo de nutrientesa disposição das plantas, que em 5 a 6 mesestêm de nascer, crescer e produzir apesar de seussolos frios e neutros onde a absorção é menor.No ecosistema tropical o maior problema é o‘calor e a conseqüente evaporação rápida de

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água, embora que de solos quentes e ácidos aabsorção é mais fácil. “Mas, nos seus solosprofundos, abaixo de 50 em, a temperaturageralmente não aumenta e a quantidade deágua a disposição é maior, no mínimo sobcondições normais. E como durante as horasde maior calor a fotossíntese baixa, porque asplantas fecham parcialmente seus estomatos,uma concentração maior de ions no solo iriafazer as plantas perder água para o solo (secafisiológica) em lugar de poder absorvê-Ia(Müller,1970) E que o ecosistema, tropical éjustamente o adequado com seus solos pobres(muito Intempenzados), mostra a vegetaçãonativa luxuriante com sua enorme produçãode massa vegetal. Mas, como os agricultoresvieram de Portugal, Itália, Alemanha, Polôniaetc, enfim da Europa, do clima temperado, elesacreditavam que seu sistema era o maisacertado e destruiram os solos tropicais, nuncaconseguindo colheitas elevadas com sua maniade revólver o solo profundamente e de colocaro máximo de nutrientes a disposição dasculturas .

É a TTTTTecnologia de massaecnologia de massaecnologia de massaecnologia de massaecnologia de massa dequantidade de nutrientes. Quanto maior a suaquantidade, tanto melhor, tanto mais fértil é osolo temperado.. Porém, segundo Scheller(1966) mesmo em solos europeus existe umamobilização de nutrientes por micróbios,geralmente ignorada.

Assim, os valores de potássio (K+)necessário para uma colheita de beterraba deaçúcar elevada., baixaram nos últimos 20 anosà metade em solos não adubados, porém semou com aplicação de K+ os rendimentos eramiguais com a tendência de subir, nos solos semadubação potássica..

Nos trópicos,não é a massa de nutrientesacumulado em pouco espaço, que fazproduzir, mas o volume de solo a disposiçãodas raízes e que depende da vida aeróbiaintensa do solo e de sua agregação. É aTTTTTecnologla de acessoecnologla de acessoecnologla de acessoecnologla de acessoecnologla de acesso. (Bunch, 2000), ondea raiz tem de ter a possibilidade de alcançar osnutrientes e a água, distribuídos pelo perfil dosolo. A mesma quantidade de adubo distribuídopara 4 volumes de solo produz 3 vezes maisdo que quando concentrado em um volumede solo. Primavesi,1980). Quanto maior a raiz,

tanto maior a produção. O solo tropical não é“fértil” segundo parâmetros norte-americanosou europeus. Ele é produtivo quando sua vidaé manejado adequadamente, não necessitandode fertilização mas de vivificação animando-se a vida através de suficiente quantidade dematéria orgânica diversificada. Quanto maisdiversificada a matéria orgânica, tanto maisdiversificada a vida do solo e tanto maior adiversidade de nutrientes mobilizados.

O ecosistema tropical é exatamente oque as plantas necessitam para poder produziro máximo em clima quente. E,em principio oecosistema tropical é muito mais produtivo doque o temperado,embora não com a tecnologiatemperada.. Somente exige o respeito de suascondições. E estas são:1. muita matéria orgânica diversificada. Nem

monoculturas nem variedades ananicadasprestam para o clima tropical.

2. a proteção permanente do solo contra ainsolação direta e o impacto das chuvas, sejaela por plantio adensado, cultivosconsorciados, mulch (Plantio Direto) manejode invasoras ou mesmo lonas plásticas;

3. lavração mínima ou zero (Plantio Direto) paraconservar a camada agregada e porosa nasuperfície do solo..

4. variedades adaptadas ao solo e clima ou ofornecimento dos micronutrientesdeficientes;

5. fornecimento de boro, quando as raízes sedesenvolvem pouco;

6. renques para a proteção contra o vento(brisa) permanente.

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O O O O O ENFOQUEENFOQUEENFOQUEENFOQUEENFOQUE HOLÍSTICOHOLÍSTICOHOLÍSTICOHOLÍSTICOHOLÍSTICO DODODODODO SOLOSOLOSOLOSOLOSOLO NONONONONO

CCCCCONTEXTOONTEXTOONTEXTOONTEXTOONTEXTO DADADADADA NATUREZANATUREZANATUREZANATUREZANATUREZA

Graças à vida urbana, 10nge danatureza, o homem perdeu tudo: a ligação como solo, com a natureza, com Deus, com afamília, com o povo e com a pátria e substituiuisso por dinheiro, sexo e consumismo. Nomundo inteiro os homens se tornaram umamassa amorfa.

Todos os Governos procuram somenteo crescimento econ6mico do PIB (ProdutoInterno Bruto), não se dando conta que toda,mas absolutamente toda economia se liga deuma ou outra maneira à agricultura, àprodução agrícola enfim ao solo. Mesmo aindustria automobilística depende do solo aousar borracha e algodão para os pneus e sempneus nenhum carro iria rodar. E oscomputadores servem para facilitar a economiamundial, e esta depende no fundo do solo.Ninguém iria comprar copos de cristal se nãohouvesse vinho para colocar.

Mas não é somente a economia, tambéma saúde e a inteligência humana dependem dosolo, ou seja, do alimento que recebem dele.O número de hospitais aumenta assustado-ramente porque o alimento não consegue maismanter a saúde. Os indianos dizem: solo doente– planta doente – homem doente e atéperguntam se a violência urbana não teria suaorigem nos solos decaídos? A pergunta não étão absurda e já os antigos romanos diziam”somente em um corpo sadio mora uma almasadia”. E os corpos não são mais sadios ouraramente, graças aos alimentos oriundos deplantas doentes, embora limpos dos parasitasgraças aos defensivos. Tanto faz se eles foremquímicos, orgânicos ou biológicos, osalimentos permanecem com um baixo valorbiológico. Nos EUA três de quatro pessoas

procuram regularmente o psicanalista. As almasestão doentes. E a alma doente pode perder-seha depressão, apatia ou explodir na violência.

Os Governos também não se dão contaque a economia existe para criar o bem-estardo povo e não somente fornecer um lucrosatisfatório para as empresas multinacionaisglobais. Chamam o aumento do capital deprogresso a que sacrificam absolutamente tudo.O homem é despido de sua dignidade’ ereduzido a um simples “Recurso Humano”. Na”agricultura de precisão. o solo esta sendoconsiderado como simples substrato morto quese trabalha com tratores guiados de satélites ecujos computadores fazem a análise químicae da umidade, adubando com’ NPK eindicando a irrigação. Mas de fato, não é umsubstrato morto como na lua, mas um ser vivoe sem vida não funcionam as delicadas inter-relações que ligam toda natureza como umateia.

O solo é nossa base vital e de toda a vidaem nosso Globo. Sem ele não existiria natureza,nem Meio Ambiente. Ele influi em tudo: nocaudal dos rios que secam quando o solo perdesua porosidade superficial, nos oceanos quedevem receber aos solos sua matéria orgânicapara a vida do plâncton que, não somente nutrepeixes pequenos, mas também é o maiorfornecedor de oxigênio do nosso Planeta. Noar que recebe dele gás carbônico, produzidopelos microorganismos durante a decomposi-ção dos restos vegetais, e que as plantas emseguida necessitam para sua fotosslntese oumelhor quimossíntese, em que transformamenergia livre do sol, em energia química, emmatéria, ou seja, em complexos orgânicos.

PPPPPERGUNTEERGUNTEERGUNTEERGUNTEERGUNTE SEUSEUSEUSEUSEU SOLOSOLOSOLOSOLOSOLO

CCCCCOMOOMOOMOOMOOMO PRODUZIRPRODUZIRPRODUZIRPRODUZIRPRODUZIR MAISMAISMAISMAISMAIS EEEEE MAISMAISMAISMAISMAIS SEGUROSEGUROSEGUROSEGUROSEGURO

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As plantas que vivem com suas raízes nosolo expiram oxigênio e muitos acreditam quea Mata Amazônica seria o pulmão do Mundo”.Mas, com a maior parte das florestas derrubadase o reduzido uso de gás carbônico pelasculturas agrícolas (relativo à mata) até aestratosfera sofre, causando-se o famoso “efeitoestufa” responsável pelo aquecimento a naturalda Terra. E conforme Papendick (1996) cadaaração do solo, especialmente do tropical,induzindo a decomposição explosiva damatéria orgânica, provoca duas horas maistarde uma nuvem de gás carbônico sobre ocampo. Esta se eleva e que tanto contribui parao efeito estufa, como a combustão de derivadosde petróleo em automóveis.

A AgriculturaA AgriculturaA AgriculturaA AgriculturaA AgriculturaEm princípio a agricultura, , é o manejo

da natureza. Esta não é um amontoado defatores e partículas de fator isolados mas umconjunto de sistemas, composto de cicios. Tudoé dependente, interdependente e relativo.

Ecossistemas não são somente os naturais,como Selva ou Pampas, mas também osculturais, embora bastante simplificados,criados pela agricultura.

Se algo aparecer muito complicado, éporque o enfoque fatorial o complicou. Anatureza em si é incrivelmente simples. Porémsão os inúmeros sintomas que contundem etornam tudo difícil. Por exemplo, aparecemerosões, enchentes e inundações e construem-se curvas de nível, microbacias e murunduspara evitar a erosão. Treinam-se especialistasnos EUA para combater as inundações.Retificam-se os rios, construem-se enormesbarragens e diques e mesmo assim o efeito épouco. Os rios e poços secam e a água potávelestá perigosamente diminuindo em nossoGlobo, embora esteja chovendo mais. NaEuropa já se importa água potável da Finlândiae nos EUA do Canadá. Já se está prevendo nesteséculo guerras por causa da luta acirrada pelaágua, tanto para o consumo humano, comopara a irrigação e produção agrícola.Construem-se milhares de açudes, abrem-sepoços artesianos e montam-se fábricas para adessalinização da água marinha. O mundoentra em pânico. Mas a causa da falta de água

potável nada mais é que a falta de poros,estáveis à água, na superfície dos solos.Rompeu-se o ciclo da água. Com matériaorgânica na superfície do solo e a proteção dosolo contra o impacto das gotas de chuvarestaura-se e conserva-se sua porosidade egarante-se Infiltração da água para os níveissubterrâneos. Por isso luta-se também porflorestas nos mananciais dos rios para protegeresta área de infiltração.

Embora assegure-se que o maior aqüíferodo mundo, o Guaraní, encontra-se entreBotucatú, Paraguai e o Chaco do Norte daArgentina, incluindo toda bacia do Pantanal edos rios Paraná e Uruguai e já se planejaabastecer São Paulo e Rio de Janeiro desteaqüífero, já existem duas preocupações: 1- quea região de recarga seja protegida contra acompactação dos solos e; 2- que esta área derecarga não seja plantada com cultivosagrícolas que usam altas quantidades de NPKe agrotóxicos que inutilizariam toda esta água.Também este aqüífero depende da infiltração,isto é, da porosidade do solo. E se o solo époroso e permeável para a água da chuva, ociclo de água novamente está intato e os poços,fontes e rios voltarão.

A natureza é organizada em ciclos esistemas. Ciclos sempre são dinâmicos. Passa-se de estágio para estágio até chegar ao último,que ao mesmo tempo é o primeiro estágio e oponto de partida de um novo ciclo. Porexemplo o ciclo da água: evapora-se a águado oceano, formam-se nuvens, estas caem emforma de chuva, a água se infiltra no solo,alcança o nível freático. Daqui se abastecemos poços, nascem fontes e vertentes, quefomentam os rios em forma de afluentes e estesfinalmente levam a água novamente para osoceanos donde se evapora outra vez. Existetambém uma reciclagem local na Amazônia.

Mas o ponto crucial é sempre aInfiltração da água no ‘solo. Antigamente riofoi definido como um “fluxo de éguapermanente”. Agora adaptando-se aos riossecos e as enchentes, define-se o rio como:“uma depressão no terreno onde corre águaquando chove.” É o inicio da desertificação. Eenquanto se consideram fator por fatorisoladamente não existe controle nem

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combate. Somente o restabelecimento dosciclos permi1e controlar a água em nossoGlobo.

A PoluiçãoA PoluiçãoA PoluiçãoA PoluiçãoA PoluiçãoOceanos, pólos e geleiras estão poluídos

com agrotóxicos. Durante sua aplicação, aoredor de 40% evaporam-se e quando for feitopela aviação agrícola em dias quentes, podechegar até 60 %. Esta água, com veneno, vaipara as nuvens e volta à Terra com as chuvasou a neve. Assim ursos polares ,pingüins baleiaspossuem agrotóxicos nos seus corpos,especialmente na parte adiposa e têm seussistemas nervosos afetados. Portanto diz-sé, queé possível certificar para os consumidores quealgum alimento foi produzido sem uso deagrotóxico, mas não se pode certificar que oalimento esteja sem agrotóxico. Isso já nãoexiste mais.

Na atmosfera produziu-se um “buraco”,na ozonosfera, pelo uso dos CFC’s (Cloro-Fluoro-Carbono) do ar condicionado, dasgeladeiras e freezers ou dos sprays. Elesevaporam-se, sobem à estratosfera, ligam-secom um oxigênio do ozônio (03), reduzindo-oa oxigênio comum (02), que não é mais capazde proteger a Terra contra a entrada ilimitadada luz ultravioleta que, em excesso, mata oplâncton, que é o maior produtor e fornecedorde oxigênio, sendo o verdadeiro”’pulmão” denosso Planeta.

A destruição global se chama deprogressoprogressoprogressoprogressoprogresso, por ser feita com alta tecnologia.O problema é o enfoque simplificado ereducionista da natureza, inclusive do homem,pela atual ciência, que considera mais fácil versomente fatores ou somente frações destes quepodem ser “limpos” de todas suas inter-relaçõesnaturais pela análise estatística para que caibamperfeitamente em fórmulas matemáticas. Pareceperfeito, mas não é real.não é real.não é real.não é real.não é real. A realidade como senos apresenta é outra. Real é a íntimainterligação entre todos os fatores que nãosomente são organizados em ciclos mas quetambém possuem seus antJpodos, como porexemplo: cromossomo x anticromossomo,gene x antigene, matéria x antimatéria, dia xnoite, calor x frio, chuva x seca, floresta tropicalx deserto, etc.

Até o próprio homem foi arrancado desua interligação social, sendo considerado um“objeto” isolado da família, da sociedade, danatureza,somente tendo de ser treinado eprofissionalizado para se tornar um bomRecurso Humano na produção de lucros.

O solo é reduzido a um substrato morto,as florestas estão sendo derrubadas para“aumentar as fronteiras agrícolas’ semconsideração à sua ação de termos tato e deproteção contra o vento. O vento entra e podelevar anualmente até um equivalente de 750mm de chuva. Quer dizer, se uma região possuium regime pluviométrico de 1.200 mm/ano,restam somente 450 mm para a produçãovegetal, de modo que mesmo regiões bemprovidas de chuva tornam-se semi-áridas.

BiodiversidadeBiodiversidadeBiodiversidadeBiodiversidadeBiodiversidadeExiste a enorme diversidade de plantas

nas regiões tropicais – na Amazônia são emtorno de 400.000 espécies – para garantir nãosomente o uso máximo de cada metroquadrado de solo mas, também, para garantira máxima diversidade de vida diversidade demicróbios e insetos dentro do solo, que, emparte, vivem dos resíduos vegetais, e em partecomem e são comidos numa cadeia oupirâmide alimentícia. Assim ninguém sofre foitemas também nenhuma espécie podemultiplicar-se explosivamente. Quanto maior adiversidade de plantas, tanto maior adiversidade dos micro-e meso-seres no soloque por sua vez, mobilizam o máximo denutrientes para as plantas. Aqui não se necessitaprocurar “o Inimigo natural” porque todoscontrolam todos e qualquer parasitismo éexcluído. O inimigo natural somente interessaquando o equilíbrio for destruído, e quando osolo .for explorado unilateralmente em mineirasnutritivos e as plantas forem mal nutridas e“doentes”. E para que exista a máximadiversificação dentro das espécies, o máximonúmero de variedades, existe a multiplicaçãosexuada. Esta aumenta em muito a possi-bilidade de seres diferentes, onde sempre umou outro será adaptado a uma situação nova,diferente, talvez adversa. Isso garante asobrevivência durante os milênios. Nada é

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estável, tudo está em constante movimento,modificando-se e adaptando-se.

Durante os cinco milênios em que ohomem se dedicou a agricultura criou milharesde variedades diferentes, adaptadas ao solo eao microclima. Assim existiam ao redor de100.000 variedades de arroz, somente naIndonésia 10.000. Os híbridos a reduziram a7. Existiam na China 14.000 variedades de soja,atualmente existem ainda 6. A Turquia possuía1.200 variedades de linho, hoje existe 1 híbrido.O Peru tinha 1.400 variedades de batatinhas,hoje não chegam mais a cem.

Um exemplo de variedade adaptada é onosso antigo trigo “Frontana” criado em Bagé/RS, adaptado a um solo ácido com até 25 mmolde alumínio. Este trigo medrou bem sem adubomineral Nesta época exigiu-se um pesohetolítrico de 80 a 85. As variedades atuais detrigo necessitam adubos minerais e defensivos,não medram mais que o Frontana e conseguemum peso hetolitrico somente de 74 a 76, querdizer, fornecem um grão de qualidade muitoinferior.

A tecnologia está diminuindo drasti-camente a biodiversidade, não está maiscriando variedades adaptadas ao solo e aoclima, onde se produziam sem uso de adubosquímicos isto é quimicamente refinados e dedefensivos. As variedades atuais, muitas vezeshíbridas, somente são adaptadas a altas dosesde NP.K e herbicidas muito tóxicos, exigindo,portanto, todo pacote tecnológico para poderproduzir. E se existem variedades estocadas embancos de germoplasma para protegergenomas naturais contra o desaparecimento,estas variedades, forçosamente, precisam serplantadas de vez em quando, para manter suaforça germinativa. Mas não se pensa, que oplantio em condições diferentes, por exemplo,batatinhas do alto dos Andes de Perureplantadas em México, logo se adaptarão àscondições novas e não serão mais o que secolheu originalmente no seu lugar de origem.O mesmo acontece com plantas retiradas damata amazônica ou de alguma região semi-árida. Em cada replantio as variedades mudame o genoma original se perde, porque precisaser adaptado à nova realidade.

A multiplicação por clonagem ouapomictica exclui qualquer adaptação amodificações de clima e de solo. As colheitas,de plantas rigorosamente iguais, proporcionamum lucro maior às fábricas de beneficiamento.Mas as plantas perderam a possibilidade deadaptação. Agora dependem exclusivamentedo homem e de sua capacidade de criar novasvariedades em tempo hábil, para atender asnecessidades ou desenvolver uma tecnologiacada vez mais sofisticada para poder criar estasculturas em um ambiente completamenteartificial. Qual o preço dos alimentos. ninguémsabe e provavelmente não contribui paradiminuir a fome no mundo, que é quaseexclusivamente por causa de falta de poderaquisitivo.

VVVVVARIEDADESARIEDADESARIEDADESARIEDADESARIEDADES GM GM GM GM GM OUOUOUOUOU T T T T TRANSGÊNICASRANSGÊNICASRANSGÊNICASRANSGÊNICASRANSGÊNICAS

As variedades transgênicas são a últimae desesperada tentativa de uma ciência fatoriaIde dominar a natureza. Nenhuma plantatransgênica é adaptada ao Meio Ambiente.Criam-se genomas estranhos à natureza natentativa de maiores lucros.

Assim a soja RRRRRRRRRR (RoundupReady)resistente ao herbicida teve arrancados 8 % dosseus 20 cromossomos (isto é 1,6 a 2cromossomos) substituídos por:1- genes do EPSP do Agrobacterium

radiobécter;

2- frações de cromossomos de petúnia (CTP);

3- frações de cromossomos do Agrobacteriumtumefaciens (NGS-3) – em principio, proibidopara cereais por provocar tumores para poderinserir seu próprio DNA–;

4- frações de vírus do mosaico (P.E.355) dacouve-flor e que foram implantadas pela“parcel-gun”, espingarda de partículas (nãode genes), (Padgette, 1995). Portanto não seimplantaram genes mas frações decromossomos e cada cromossomo pode termilhões de genes. Não se sabe exatamentede onde arrancaram os cromossomos nemaonde os implantaram. E mesmo se osoubessem não teria existido lugar apropriadono DNA (Ácido Desoxirribo Nucléico) da

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soja. Seja lembrado que os genes são cadeiasprotêinicas ligadas ao DNA, sendo dispostasem espirais ao redor de bases purinicas epirimidínicas. Existem milhões de basesdentro de cada molécula de DNA organizadaem padrões os mais variados e que sãodiferentes em cada indivíduo, seja elehomem, animal ou planta. Por isso o DNA éconsiderado a “impressão digital genética”de cada indivfduo. Mas, esta organização debases de cada gene depende dos outrosgenes presentes, especialmente dos que o‘ladeiam, e do Meio Ambiente em que seencontra. Portanto, não é uma coisa fixa, mastambém, como tudo na natureza, relativa.

Os genes por si mesmo existem emseqüências determinadas, os SSR (SimplesSequence Repeat). Cada vez que há repetiçãode uma seqüência se dão as estruturas oumarcadores os SNP (Single NucleotidePoflmorfism) que tem sua forma característica.Assim, a soja tem em média 6,5 milhões debases em cada um de seus 20 cromossomos.O que a soja vai fazer com o monte de genesque foram implantados ninguém sabe!Especialmente porque todas as plantaspossuem uma “memória genética” lembrando-se exatamente de seu DNA, da seqüência deseus genes e de sua dependência dos outros. Ealém disso, genes são códigos escritos emformulas químicas. Eles mesmo , não fazemnada. Eles somente são um programa que podeser executado se o material para isso existir.

O maior problema porém não égenético. A soja RR suporta um Roundup muitotóxico capaz de matar até 100 diferentesplantas nativas, os chamados inços ou invaso-ras. Mas cada planta nativa indica algumasituação ou problema. que ela, deve corrigir.Assim, por exemplo, o amendoim-bravo ouleiterinha (Euphorbia heterophylla) indica adeficiência de molibdênio no solo. O Roundupmata a leiterinha, mas a deficiência continua ese agrava com cada plantio consecutivo, atéchegar ao ponto que a soja não consegue maisproduzir, e a terra é abandonada. Ou aguaxuma, uma malva (Sida rhombifolia)aparece em solos com uma camada muitoadensada pouco abaixo da superflcie. Pelaaração pode-se romper ou pulverizar esta

camada, mas nunca agregá-Ia. A agregação éum processo químico-biológico e nãomecânico. Uma ou duas chuvas criarão estalaje ou “pan” novamente e até mais dura e maisgrossa. O Roundup consegue matar aguaxuma, mas não consegue sanar a situação.A laje permanece, aumenta, adensa-se mais,até que as raízes da soja, mesmo com irrigaçãodiária, não consigam mais penetrar, e o solotornar-se impróprio para o plantio. Portanto asoja RR somente esta encobrindo, mas nãoremovendo situações criticas. Matam-se osmensageiros para não ouvir suas mensagens. Épolítica de avestruz.

A situação com as variedades Bt (Bacillusthuringiensis) é semelhante. E já existem genedo bacillus thuringiensis nas plantas o qualproduz proteínas tóxicas, que matam todos oslagartos que tentam comer as folhas. Mas estasproteínas não somente se produzem nas folhase não desaparecem em nenhuma fase de vidada planta, mas formam-se também nos pólen esementes. Com os pólen voam pelo ar, mataminsetos que nada tem a ver com parasitismo ecausam alergias em muitos consumidores. Masisso é uma faceta à parte. A planta quandoatacada por um parasita sempre está deficienteem um ou mais nutrientes e não consegueterminar a formação de substâncias a que,geneticamente, é programada As substânciassemi-acabadas circulam na seiva e se“oferecem” aos parasitas, que agora atacam aplanta. Portanto a planta está doente antes deser parasitada. Tem uma sabedoria veda (faz4000 anos) que diz:

se pragas invadem seus campos, eles vêmcomo mensageiros do céu para avisar-lhe

que seu solo, está doente.

O problema está no soloO problema está no soloO problema está no soloO problema está no soloO problema está no solo com seudesequilíbrio ou deficiência mineral e seus,adensamentos e conseqüente “redução” denutrientes (a perda de oxigênio) causando suadeficiência na planta. A planta está doente antesde o parasita atacá-Ia, e permanece” doentemesmo se o parasita é matado. Portanto o geneBt não sana a situação, e não nutre a plantamelhor, mas somente mata o parasita,encobrindo uma situação onde a planta é

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incapaz de formar suas substâncias. Ela possuium valor biológico cada vez mais baixo efinalmente nem as proteínas tóxicas causadaspelo gene Bt resistem mais aos parasitas. Aplanta está doente demais. De modo que nosEUA já em muitas lavouras com variedadestransgênicas Bt usam-se novamente defensivos.

Portanto, o maior problema dostransgênicos é que encobrem situações críticas,produzidos por uma tecnologia antinatural,numa última e desesperada tentativa de salvareste tipo de tecnologia, por mais algum tempo.E depois:(a) se enfrentar com uma decadência do solo

quase irrecuperável;

(b) os vegetais reduzidos a umas poucas“variedades artificiais” diminuindo;

(c) drasticamente a Biodiversidade e incapazesde adaptar-se, condenados a desaparecer;

(d) finalmente produzindo somente alimentosde baixissimo valor nutritivo. VVVVVale a pena?ale a pena?ale a pena?ale a pena?ale a pena?

E, precisa-se considerar que não são osgenes que dão ao homem, animais e plantassuas características. Genes são somentecódigos, ou seja, programas que determinamcomo oi ser vivo usará os minerais que recebedo solo. É o solo que determina quais e quantosminerais o ser vivo recebe para executar seuprograma genético..

Descobriram agora que com zincopodem-se recuperar crianças que seconsideravam como: “deficientes mentais”incapazes de aprender, como foi feito agora naChina. E com selênio recuperam-se músculosfracos mesmo se estes eram “genéticos” nafamília. Também um cachorrinho “pequinês”com seus ossos fracos e tortos, um bichinho dequem se tem dó e que se gosta de pegar nocolo, desenvolve-se normalmente dando umcachorro bem maior e forte, se lhe foradministrado mais manganês do que ,aqueleque se encontra normalmente na alimentação.dele.

Cordeiros nascem paraplégicos ouco,mo se diz “com trem traseiro” paralítico sea ovelha mãe não recebeu o suficiente emcobre ou se a mãe necessitava mais cobre do

que as outras ovelhas, como ocorre facilmentena Nova Zelândia.

Ou, uma planta toma-se mais resistenteao frio quando receber implantado um genede um peixe do ártico. Este gene induz a maiorabsorção de ferro, que dá à planta sua maiorresistência. Portanto, não é o gene que fazresistente ao frio, mas o ferro.

Diz-se que é genético quando criançasnascem com um arco dentário muito estreito,tão estreito que às vezes nem cabem todos osdentes. Na África isso é comum em regiões comsolos muito decaídos ou em populações muitofamintas. É certo que está na família, é genéticoé somente o fato de que estas famílias não estãoainda adaptadas aos solos e seu gasto emminerais é maior. É como existem automóveisque necessitam mais óleos lubrificante queoutros, para fazer o mesmo serviço. Hereditárioé somente a pré-disposição de uma pessoa,animal ou variedade vegetal precisar de maisou menos de algum mineral do que outros equem induz esta necessidade é o gene.

Usa-se a mistificação da genética paranão precisar dizer que tudo, em última análise,depende do solo.

O O O O O PAPELPAPELPAPELPAPELPAPEL DOSDOSDOSDOSDOS MICRÓBIOSMICRÓBIOSMICRÓBIOSMICRÓBIOSMICRÓBIOS EEEEE INSETOSINSETOSINSETOSINSETOSINSETOS

Na natureza tudo é adaptado, interligadoe sincronizado para otimizar a vida. Nãoexistem dois metros quadrados de terra comidêntica vegetação nativa ou população deinsetos, bactérias e fungos. Não se pode suporque Deus criou os micróbios e insetos oumesmo os animais pequenos do solo parainfernalizar a vida dos homens. Deus não éperverso. Ele não é somente infinitamente justo,mas também infinitamente sábio. Podemargumentar que existem animais carnívorosque caçam outros, pondo-os em permanentemedo. Mas os carnívoros somente comemanimais fracos, machucados ou doentes. E nãomais que uma seleção rigorosa dos mais fortese sadios. Se não existisse esta seleção, animaisiriam degenerar-se como o fazem nas reservasnaturais, onde, por razões “humanitárias”deixou-se os carnívoros fora.

Assim os micróbios e insetos sãosimplesmente a parte discreta e quase ocultado ciclo da vidaciclo da vidaciclo da vidaciclo da vidaciclo da vida. As plantas verdes, que

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recobrem a terra são os únicos seres deste nossoPlaneta capazes de transformar energia emmatéria, ou seja, energia luminosa em energiaquímica, com a presença de gás carbônico eágua e com a ajuda de minerais. O sistema enosso Planeta é de nascer e viver, multiplicar-se e morrer para que outros possam nasce.. Senão houvesse a eliminação de tudo que émorto, a vida não teria possibilidade decontinuar, porque toda terra estaria atulhadacom uma camada grossa de plantas, animaishomens mortos. Não seria mais “o Planeta azul,mas um planeta fantasma, sem vida quesomente viajaria pelo espaço com uma imensacarga de cadáveres. E se as plantas mortascontinuassem não decompostas, a vida vegetaljá teria acabado há milênios. Portantodecomposição é tão importante quanto aformação. Mas não seria o suficiente. Se tudoque é fraco, doente e velho continuaria e, aindativesse a possibilidade de se procriar multiplicar,a vida na Terra teria degenerado há muitotempo e teria acabado por causa disso. Paraque a vida continue forte e vigorosa, foramcriados estes pequenos seres com incumbênciade decompor não somente tudo que é mortomas também tudo que é fraco incapaz demanter a vida vigorosa. Mas, para que estespequenos seres nunca tenham possibilidade deatacar por engano seres em pleno vigor, elesforam programados pelas enzimas. Cadaenzima é como uma “chave patente” que servesomente para uma únicas estrutura química.Um meio oxigênio a mais e a estrutura ousubstância já é outra e outra enzima tem deentrar em ação. E substâncias acabadas comoproteínas, ácidos graxos ou açúcares de altopeso molecular não podem ser atacados porenzimas de micróbios ou insetos. E quando aplanta morrer, suas próprias enzimas iniciam adecomposição pai possibilitara ação demicróbios.

MINERAIS NUTRITIVOS E AS DOENÇAS VEGETAIS

A saúde da planta depende do solo e desua capacidade de fornecer os elementosminerais que esta necessita para poder formartodas suas substâncias a que geneticamentecapacitada. Ás vezes a planta necessitasomente traços ínfimos de um elemento, que

mesmo assim é indispensável. Assim, porexemplo, o íon K (potássio consegue catalisarsomente uma única reação química, enquantoum íon de cobre consegue catalisar 10.000reações químicas. Por isso a planta necessitamuito potássio,mas muito pouco cobre paranutrir uma planta . Porém o cobre não é menosImportante para a planta do que o potássio.Mesmo íons como cobalto césio’ estrônciochumbo, bário e outros são necessários,emboraem quantidades ínfimas.

Nutre-se a estranha idéia que Deus errouredondamente quando criou o solo tropical epor isso este teria de ser equiparado, da melhormaneira possível, ao solo de clima temperado.E como nos. trópicos, apesar de todas máquinase adubos “químicos” as colheitas permanecembaixas, conclui-se que os povos no climatropical são incapazes de usar as tecnologiasque no hemisfério Norte estão sedo usados comtanto sucesso...

Mas existem muitas enigmas nos trópicosque nenhum do clima temperado conseguecompreender como:1- o solos tropical consegue produzir 5,5

mais do que o de clima temperado, comtoda sua pobreza? E com suas teorias deexportação de nutrientes pelas colheitas ea obrigatória reposição pela adubaçãotambém não conseguem compreendercomo;

2- Um solo completamente esgotado emminerais nutritivos e compactado pode serecuperar sozinho, simplesmente deixandoele se cobrir com vegetação nativa? E elese torna bem abastecido e produtivo outravez? E se a matéria orgânica é tãoimportante, porque;

3- mesmo uma camada grossa de matériaorgânica como p.ex. em mono cultivos decacau, não consegue nem manter a saúdenem a produtividade da cultura?Tem uma resposta só: o segredo do solo

tropical e sua bio-diversidade vegetal promovea mjcrobiana e a rapidíssima reciclagem damatéria orgânica. E as bactérias e fungosmobilizam, até de sílica os nutrientes vegetais.No trópico tudo depende da vida do soJo. Eesta vida depende da matéria orgânica, quelhes serve de alimento, e quanto mais

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diversificada esta matéria orgânica, tanto maisdiversificada é a vida do solo e tanto maisnutrientes diferentes eles conseguem mobilizare tanto melhor as plantas ficam nutridas.

E porque as plantas tropicais que malabrem seus estômatos iniciam sua fotossintesecom 4 carbonos (ciclo Kranz) como milho,mandioca, inhame e outras em lugar de 3Carbonos (ciclo Calvin) comuns em plantas declima temperado? E conseguem ainda com seusestômatos semi cerrados e tão pouco carbono(0,2%) manter sua fotossintese superativa? Ecomo plantas das regiões semi-áridas adesérticas com folhas extremamente suculentascomo as palmas forrageiras, Portulacas, Sedume outras, as chamadas plantas de metabolismoCAM (Crassulacea äcid metabolism) conse-guem fotossintetizar durante o dia com suasestômatos fechadas? Lá não adianta nem amelhor tecnologia de clima temperada, é anatureza tropical que faz produzir.

Quando uma lavração profunda virasolo inerte e instável à água à superfície, estanão resiste ao impacto das chuvas e encrosta,sendo a fração argilosa levada para dentro dosolo, deixando a superfície mais pobre emargila, Chama-se isso de arenisação”. E comoos solos são mantidos limpos por capinamecânica ou química (herbicidas) sol e chuvaincidem diretamente sobre sua superfície,forma-se uma crosta na superfície e uma lajedura, muito adensada em pouca profundidade.Isso impede a penetração das raízes para• amadas mais profundas, confinando-as àcamada superficial, que facilmente seca, poisse aquece muito e também logo está lixiviadae pobre. Normalmente consideram-se todos osfatores isoladamente. Pelo adensamento e adecadência da estrutura porosa do solo, oselementos minerais são reduzidos, de modoque o manganês e o alumínio se tomam tóxicos,o pH decresce, o fósforo disponível quasedesaparece, entra menos água no solo e o nívelfreático seca. As raízes permanecem superficiaise sofrem mais pelo aquecimento desta camadae absorvem muito menos água e nutrientes.Plantas mal nutridas são atacadas por pragas edoenças por não conseguir terminar aformação de suas substâncias. Entra menos ar

e o metabolismo vegetal diminui provocandouma menor produção vegetal. Quer dizer quemuitos fatores modificam-se ao mesmo tempo.O combate de cada sintoma é difícil, caro epouco eficiente. A causa é a decadênciaA causa é a decadênciaA causa é a decadênciaA causa é a decadênciaA causa é a decadênciado solodo solodo solodo solodo solo.

Outro problema grave da decadência dosolo é a falta de poros superficiais que deixa aágua pluvial escorrer, causando a erosão..Combate-se esta com curvas de nível murundúse microbacias que conseguem evitar boa partedo escorrimento da água, mas que nãoconseguem fazer entrar o ar no solo, nemconseguem manter o nível de águasubterrânea. Secam os rios e diminui-se a águapotável em nosso Planeta. Pelos escorrimentoda água, produzem-se enchentes; seguidas deseca. O Nordeste, atualmente sofrealternadamente “de seca — agora já com adesertificação em andamento — e deenchentes. 300 anos atrás ainda era a regiãomais fértil do Brasil, sendo o fornecedor deaçúcar para Ia Europa. E como a tecnologiatoda é mecânica-química, não se encontrasolução biológica ou ecológica. Constroem-seobras em lugar de recuperar os solos.

Agora aduba-se com NPK e talvezaplica:-se antes uma calagem. Assim, as plantasem lugar de 45 nutrientes, que necessitamrecebem no máximo 7 (N, P, K, S, CI, Ca, Mg).Isso é definidamente pouco demais. Por issoos produtos podem apresentar formas grandesé bonitas, porém são sem sabor, odor e valorbiológico. A análise química do sologeralmente trabalha com amostras de solo.tirados até 20 em de profundidade, isto é”incluindo também uma camada que as raízesnão conseguem mais explorar. Afora isso,determina tanto os íons oxidados que são.,nutrientes como os íons reduzidos quegeralmente são tóxicos, como os de manganês,ferro, enxofre e outros. E como os excessos denutrientes não existem de forma isolada masem determinadas proporções ente si o excessode um nutriente provoca a deficiência de outro.Segundo Bergmann (1973) somente onitrogênio e os desequilíbrios que cria comoutros nutrientes abre o caminho para no

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mínimo, nove doenças vegetais,em diversasculturas como:Pseudomonas em fumoErwinia batatinhaPemospora alface,nabo,videiraErysiphe cereais e frutíferasSeptoria trigoBotrytis videira, moranguinhosVerticillium tomates, algodão,cravos,Alternaria tomates, fumoPuccinia e Euromuces cereais,feijão

Cada doença está sendo combatida poragrotóxicos e cada um destes possui uma basemineral, que induz outras deficiências, abrindoo caminho para outras doenças ou ataques porinsetos, de modo que as plantas estão doentesdos pesticidas, como Chaoussou (1981) disse.Numa experiência em citrus pode serconstatado que após um ano sem o uso dedefensivos as onze doenças e pragas que havia,reduziram-se a duas. Todas as outras somenteeram “efeitos colaterais”.

ExemploExemploExemploExemploExemplo

Zinco (Zn)

Deficiência induzidaDeficiência induzidaDeficiência induzidaDeficiência induzidaDeficiência induzidaBase do defensivoBase do defensivoBase do defensivoBase do defensivoBase do defensivo

Zinco, Manganês, Enxofre, Boro,Ferro

Malathion, Parathion, Fosalone

Amônio (NH)

Fósforo, Cálcio, CobreThiovit, Elosal, Arasan, CosanEnxofre (S)

Amônio, Potássio, MolibdênioNabanSódio (Na)

Cálcio, Magnésio, Ferro, ZincoManeb, Manzate, TrimangolManganês (Mn)

Zinco, Manganês, Magnésio,Ferro

Cupravit, Nordox, CaldaBordaleza

Cobre (Cu)

Fósforo, Cálcio, Magnésio, FerroZiran, Cabazine, Plantizin,Zineb, Dithian

Manganês, zinco, molibdênio,magnésio

Fernate, FerbanFerro (Fe)

Fósforo (P)

Cobre, Cálcio, Boro, Potássio,Magnésio, Fósforo

Captane, Glyodin, Brasicol

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Em seguida alguns defensivos químicos,sua base e as deficiências que induzem:

Sempre se apresenta a deficiência doelemento cujo nível era o mais baixo.

Nos trópicos, a recuperação da estruturado solo não pode ser feita pela calagem, poisaqui não agrega o solonão agrega o solonão agrega o solonão agrega o solonão agrega o solo como no climatemperado, mas dispersa-o, porque neutralizaa ação de ferro e alumínio, que são os maispotentes agregadores tropicais. Calcário serveentre nós somente como nutriente vegetal, masnão como agente agregador. Também é muitodifícil acumular húmus, tomo se faz no climafrio. A decomposição é rápida demais. Emesmo assim a matéria orgânica é a basea matéria orgânica é a basea matéria orgânica é a basea matéria orgânica é a basea matéria orgânica é a basede toda fertilidade do solode toda fertilidade do solode toda fertilidade do solode toda fertilidade do solode toda fertilidade do solo. Não porqueagisse como NPK em forma orgânica, masporque nutre a vida do solo que

::

(1) forma os agregados maiores

(2) mobiliza nutrientes e fixa nitrogênioNum solo agregado, poroso aumenta o

sistema radicular, penetra ar e água Somenteque a estrutura granular do solo não é estável.Após, dois, no máximo três meses os agregadosperdem sua resistência à água e necessitam serprotegidos, até a colheita e depois precisam serrenovados.

A mobilização de nutrientes é tantomaior quanto maior é a diversidade damicrovida E esta depende da diversidade maiorvegetal isto é da matéria orgânica.

Não é a matéria orgânica em si quebeneficia o solo e que nutre as plantas, mas seuefeito sobre a nutrição da micro-vida.

DDDDDEFICIÊNCIASEFICIÊNCIASEFICIÊNCIASEFICIÊNCIASEFICIÊNCIAS MINERAISMINERAISMINERAISMINERAISMINERAIS

Deficiências minerais podem seridentificadas pela:

1. Deformação ou descoloração das folhas;

2. Maneira das plantas crescer;

3. Invasora predominante;

4. Análise foliar.

5. as deformações da raiz.Sobre este assunto existem muitos livros

bons com farto material ilustrativo como os de:

• HB Spraçue, 1941, Hunger signs in ‘crops,David McKay Co. New York• T.Wallace.. 1961, The diagnosis of mineraldeficiencies in plants.• H.Majesty’s Station. Office, London.• A.Primavesi. 1965, Deficiências mineraisem culturas, ILivr. Globo, Porto Alegre;• W.Beramann, 1986, Nutritional disordersof plants (tb. em espanhol) e outros.

Existem sinais muito típicos para algumasdeficiências. Assim N, P, K, Mg, sempre seiniciam nas folhas mais velhas da planta ou dogalho do ano, Ca, S, Fe, Mn, Cu, B sempreprimeiro se manifestam no broto enquanto Zne Mo podem mudar de posição..

K:K:K:K:K: começa na ponta das folhas mais velhas eavança nas bordas ‘por causa da tentativa daplanta em eliminar substâncias tônicas comoputrecina formadas devido à falta de K , Nacana-de-açúcar os entrenós são muito maiscurtos. Em variedades não hibridadasaparecem manchas vermelhas na ripaprincipal causados pela precipitação de Fe.Os frutos são menores,mais doces e maissuculentos e caem prematuramente.

N:N:N:N:N: inicia-se também na ponta da folha, masavança pela ripa principal, dando a famosaforma de um V. As folhas amarelam e morrem,começando pelas:mais velhas.

P: as plantas são de um verde escuro, as folhassão eriçadas e duras e em estado mais graveassumem uma coloração purpúrea. As frutasdas árvores caem em quantidade quandoatingem um tamanho entre 2 e 4 cm. .

Mg:Mg:Mg:Mg:Mg: apresenta em todas as culturas as veiasprincipais, e secundárias verdes, enquantoo tecido entre as veias fica clor6tico,assumindo uma cor amarela ouavermelhada, ficando necrótico (morto) como tempo. As árvores jogam as folhas cedo,os frutos geralmente pequenos permanecemainda: por muito tempo no pé. Se adeficiência não é generalizada, afetaalternativamente uma vez um lado de umaárvore e no ano seguinte a outra. O besouro“serrador” (Oncideres impluviata) cortagalhos até 5 as 6 em de diâmetro..

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Zn:Zn:Zn:Zn:Zn: o típico desta deficiência são folhas muitopequenas formando as famosas “rosetas”,mostrando mais tarde cloroses intravenais.Os brotos são as vezes clorâticos, como nomilho ou “assentados”, quer dizer que nãolevantam. acima das folhas exteriores. Emgramíneas as folhas possuem estrias cloróticaentre as veias. .

Em árvores e café, a deficiência apareceespecialmente na parte norte, maisensolerada.

Mo:Mo:Mo:Mo:Mo: Na falta de molibdênio, as folhas sãomosqueadas, geralmente aparecendoprimeiro nas folhas mais velhas. O mais típicosão folhas muito estreitas, isto é quase semlimbo foliar., ao longo da veia principal;. Ofundo preto (blossom end rot) dos frutos detomates combate-se com adubação foliar demolibdênio,sendo causado pela deficienteabsorção de molibdênio de solos pobre semcálcio.

As deficiências que sempreaparecem nas folhas mais

novas ou no broto:

CaCaCaCaCa: Quando faltar cálcio, muitas vezes as veiassão entupidas, isto é, marrom sem lugar deverdes, especialmente quando existe oexcesso de manganês. Nas folhas mais novasa ripa principl3lé mais curta que o limbo foliarAs folhas se enrolam quando houver menoríndice de uma seca. Os pecíolos das folhasmurcham, as flores ficam penduradas parabaixo e morrem. A maior parte das flores éestéril, raramente formando frutos e sementes,e estas sempre são “deformadas. Em tomatesa deficiência produz frutos que se“liquificam” por dentro, aparecendo comosaquinhos cheios de água. Em bananeiras oscachos são muito pequenos. As raízesengrossam especialmente em repolho eoutras brassicaceas e em árvores frutíferasmorrem as pontas dos galhos. Pode haversevera desfoliação da ponta dos galhos. Emlugar de folhas caídas, brotam logo folhasnovas. Plantas deficientes em cálcio sãofacilmente atacadas por vírus..

B:B:B:B:B: A deficiência do boro é muito comum. Asraízes permanecem muito pequenas e fracas,

facilmente atacadas por nematóides. Muitasvezes há pontas mortas formando ao redornovas radículas. Os brotos não crescem emorrem e os galhos ou folhas ao redorsempre são maiores do que o “guia”. Apontas dos galho morrem, brotando ao redordo broto morto outros galhos, dando afamosa forma de um “leque”. Nos entrenósdos colmos de gramíneas, inclusive da cana,aparecem brotos secundários. As flores demuitas plantas são deformadas como emcrisântemos, orquídeas, girassol, poinsetia eoutras. Os frutos são deformados, pequenose pedrentos como em pêras, maçãs, goiabase bananas. Nas uvas, os cachos maduros têmmuitas frutinhas pequenas e verdes. Emcereais muitas vezes o germe morre e asemente, embora de tamanho grande, nãonasce. A couve-flor faz cabeças ralas epequenas, com partes ou todas de cormarrom. Muitas raízes e caules são ocos,especialmente em nabos e beterrabas,repolho e couve-flor. Os caules das folhasracham. Os caules das bananeiras mostramo segundo anel “aguado”, que mais tardeapodrece. Aparecem “doenças do pé”, comopor exemplo no “dumping off” quandofungos atacam o colo da raiz. Muitas vezesaparecem veias brancas nas folhas, por causado apodrecimento das raízes. Tubérculos(batatinhas) e raízes (mandioca) possuempouco amido e são “aguadas”, ficando durasquando cozidas. As fibras do algodão sãocurtas.

CuCuCuCuCu: o cobre afeta em cereais sempre a últimafolha, que se enrola ou é çlorótica, e asespigas têm dificuldade de sair da bainha. Aspontas das folhas ou as folhas inteirasmurcham facilmente, normalmente pelasnove horas da manhã já estão murchas.Desenvolvem-se poucas flores. A partir dasfolhas mais novas, pode começaramarelamento .

FeFeFeFeFe: Na deficiência de ferro as folhas mais novassão amarelas até brancas

S:S:S:S:S: Quando faltar enxofre, as folhas mais novasnascem amarelo-claro até brancas mas coma idade assumem cor verde normal. Hágalhos novos muito finos e compridos e as

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raízes são longas, marrons e duras compoucas radículas.

MnMnMnMnMn: Se faltar manganês as folhas mais novasamarelam em manchas sendo facilmenteatacadas por bactérias. Muitas vezes somentea segunda carreira de folhas começa amare/ar, permanecendo as veias principais esecundárias verdes. Na cenoura as raízes sãopequenas, bifurcadas, duras e com tufos deradículas. Mas, quando existe um excesso demanganês, por exemplo em feijão as vagenssão curvas e com pontos necróticos comono ataque por antracnose.

É importante lembrar que não existemnutrientes isolados, mas somente interligados,possuindopossuindopossuindopossuindopossuindo todos estritas proporçõesproporçõesproporçõesproporçõesproporções uns comos outros. Se, por exemplo, aduba-se compotássio este tem efeito positivo ‘até o momentoem que o boro entra em déficit. Daqui emdiante não há mais efeito do potássio ou aténegativo. O mesmo se dá com fósforo. Quandose eleva sua quantidade além das reservas emzinco, ele não tem mais efeito positivo e atépode tornar-se negativo, conforme a deficiênciade zinco que induz. Por isso existem as curvasde rendimento que primeiro sobem e após umacerta quantidade do elemento aplicado,descem. É quando um outro elemento entra emdeficiência. E como nos trópicos os solos estão

EEEEEXCESSOXCESSOXCESSOXCESSOXCESSO DDDDDEFICIÊNCIAEFICIÊNCIAEFICIÊNCIAEFICIÊNCIAEFICIÊNCIA M M M M M INERALINERALINERALINERALINERAL I I I I INDUZIDANDUZIDANDUZIDANDUZIDANDUZIDA

CCCCC AAAAA

MMMMM GGGGG

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SSSSS SSSSS IIIIINNNNNAAAAACCCCC OOOOOMMMMMOOOOOFFFFF EEEEEMMMMM NNNNNZZZZZ NNNNNCCCCC UUUUUBBBBBMMMMM GGGGGCCCCC AAAAAKKKKKPPPPPNONONONONO33333

NHNHNHNHNH44444

NHNHNHNHNH44444

––––– – ToxToxToxToxTox++++++++++ +++++ ++++++++++ +++++++++++++++––––– ––+++++ ++++++++++NONONONONO

33333––––– ––––– ––––– +++++ –– ––– –++++++++++ ++++++++++ ––

PPPPP ––––––––––––––– +++++ +++++ ––––– +++++++++++++++ ++++++++++ ++++++++++++++++++++ ––

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SSSSS ToxToxToxToxToxBBBBB

CCCCC UUUUU

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MMMMM NNNNN

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+++++++++++++++

+++++++++++++++++++++++++

SSSSS IIIII

CCCCC IIIII

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– +++++CCCCC OOOOO

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

ToxToxToxToxTox ToxToxToxToxTox

(tabela elaborada seg. Bergmann, 1973)Elementos, cuja deficiência é sinalizada com ++, são os que geralmente são os primeiros atingidos e cuja proporçãoé a mais delicada.

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pobres por unidade (dm3)também as quantida-des de nitrogênio que se aplicam p.ex. nos EUAnunca podem ser aqui usados.por causa dasdeficiências de outros elementos que induz.

Cada excesso é relativo à quantidadedos outros elementos quê se encontram nosolo, e a deficiência ocorre sempre do elementoque se encontra no momento em nível mais

baixo. Uma deficiência induzida, por exemplo,é a de cobre em arroz nos banhados recémtomados em cultura. As plantas mostram umexcesso “relativo” de nitrogênio, que não secomprova com uma análise foliar, enquantonão se tiram as proporções entre nitrogênio ecobre. Quer dizer, o nível de cobre é muitobaixo “induzindo” o excesso de nitrogênio.

EEEEEXIGÊNCIASXIGÊNCIASXIGÊNCIASXIGÊNCIASXIGÊNCIAS ELEVADASELEVADASELEVADASELEVADASELEVADAS EMEMEMEMEM M M M M M ICRONUTRIENTESICRONUTRIENTESICRONUTRIENTESICRONUTRIENTESICRONUTRIENTES

MMMMMOOOOOBBBBB ZZZZZ NNNNNMMMMM NNNNNCCCCC UUUUU

Cereais, trigo,cevada, aveia

milho, sorgoCereais, trigo,aveia, sorgo

alfafa, trevovermelho

Nabos e rabanetes

Rosas e cravos

Maça Pessego, maça,ameixa

Couve-flor,alface,

espinafre

Lupulus

Beterraba ver.alface, cebola,

cenoura,espinafre

Repolho, brocóli (todasBrasica, beterraba, aipo)

Alface, pepino,cebola,

beterraba,cebola

feijãofeijão, ervilhaAlfafa, tremoço

linho

Alfafa

linho, girassolCanola, girassol,papoula

Parece um excesso de nitrogênio que não é realmas existe, em relação ao cobre. No arroz paracada 85 átomos de N necessitam-se 1 de cobre.

Tomates têm uma exigência grande de B-Cu-Mn-Zn-Mo, mas necessitam também muitoCa.

Porém são também muito sensíveis amaiores concentrações.(tolerância pouca)

Os MicronutrientesMicronutrientesMicronutrientesMicronutrientesMicronutrientes nas plantas depen-dem: de sua concentração no solo, dacapacidade de absorção da planta, dometabolismo específico.

Plantas muito sensíveisPlantas muito sensíveisPlantas muito sensíveisPlantas muito sensíveisPlantas muito sensíveis à concentra-ções menores de B:B:B:B:B: Feijão, lentilha, moran-guinho, lupulus, e as frutas: maçã, damasco,citrus, pera, pêssego, uva, tendo uva, ervilha emaçã elevadas exigências em B, (os outrosmédios a baixos).

Girassol e aipo, apesar de altas exigênciasem B são bastante sensíveis de ZnZnZnZnZn: perda de

colheita 40%; Milho, sorgo, trigo e cevada per-de de: colheita 20-40%: alfafa, alface, tomate,espinafreperda de colheita 20%: feijão, ervilhas,batatinhas

AAAAASORÇÃOSORÇÃOSORÇÃOSORÇÃOSORÇÃO EEEEE DEFICIEÊNCIADEFICIEÊNCIADEFICIEÊNCIADEFICIEÊNCIADEFICIEÊNCIA DEDEDEDEDE NUTRIENTESNUTRIENTESNUTRIENTESNUTRIENTESNUTRIENTES depende:a) da deficiência no solo;

b) da compactação do solo e da oxi-redução(compostos mino tóxicos) - Al, Mn;

c) da adaptação da variedade ao solo e clima esuas exigências;

d) da umidade do solo (Ca aumenta absorçãoem solos secos,) elevada umidade torna Mne Fe tóxicos (não absorvidos);

e) da concentração de nutrientes :na soluçãodo solo (seca fisiológica);

f) da temperatura do ar (p.ex. NO3 absorve-se

mais fácil com altas temperaturas) do solo

3 0

acima de + 32ºC a maioria das plantas nãoabsorve mais;

g) pH (p.ex. NO3 é pior absorvido em pH 7 e

melhor em pH 5,6 . o Mo é melhor absorvido.

h) da altitude ( p.ex. Ca se absorve mais fácilem altitudes elevadas)

i) da quantidade de luz ultra-violeta -p.ex.quanto’ maior tanto pior a absorção de Cae micronutrientes

j) do sombreamento: quase todos elementos seabsorvem menos na sombra (Ca, P, 8, Mn,Zn)mas possuem um efeito maior.(Cafésombreado ,N nas estufas)

k) da presencia ou ausência de outroselementos. (depende das proporções) p.ex.existe a deficiência de K em presencia dadefic. de 8. (K/8 = 35 a 100)

I) do sistema radicular: reduzido ou comabsorção prejudicada quando existem:

: pans,a deficiência de Ba deformação das raízes: grossas:quando faltar - Ca,herbicidas sistêmicas que abrem asraízes para a entrada de fungostornando as grossas e com poucospêlos de absorção.

Análises de folhas em si não informama realidade, enquanto não se tiram asproporções de um cultivo sadio e produtivo,comparando com um cultivo fraco ou doente.

Existe a possibilidade de corrigirdeficiências minerais, até certo ponto,peloaumento do sistema radicular. Se o solo formelhor agregado e as raízes mais desenvolvi-das, explorando melhor o solo, elas conseguemnutrientes que antes eram deficientes. Assim hácitricultores que conseguem controlar oamarelinho” (Shigiella) com uma aplicação deaté 30 kg/ha de ácido bórico,que aumentasubstancialmente o sistema radicular. O boro éresponsável pela transformação de glicose emsucrose e seu transporte da folha para a raizatravés da floema. Sucrose é açúcar, Açúcaratrai água e quando este é liberado pelo floemapara as células da raiz, a água também sai das

células do floema, causando neles uma pressãonegativa que atrai novamente água. Quer dizer,ele funciona igual a uma bomba ou poderiaser comparada como a ação do coração.(D.Lyon-Johnson, 1999).

Mas a ação dos minerais nutritivos nãopára por aqui. Eles também possibilitam que asplantas produzam substâncias voláteis que elassoltam no caso de um ataque por insetos. Porenquanto conhecem-se 12 compostos odorí-ficos químicos, aerosols que as plantas exalam,de acordo com o tipo do lagarto que atacou eque são um tipo de SOS para chamar o“inimigo natural” adequado para seu combate(J.Suszkuo, 1998).

O maior problema de uma deficiênciamineral seja ela induzida ou real, é que nãosomente as plantas estão doentes e parasitadas,mas ela se transmite, através dos alimentosdeficientes ao homem. Os índios bolivianosdizem que existe uma correlação íntima entrea produção qualitativa -não quantitativa -dealimentos e o caráter espiritual dos que ospropugnam, ou seja, alimentos com baixo valorbiológico são produzidas por Pessoas de baixonível espiritual. (AGRUCO, 1999). Por outrolado, o alimentos transmitem seu “espírito” eenergia regeneradora, porque: substanciavegetal é energia cósmica captada (pelafotossíntese).

Sabe-se atualmente que, por exemplo, adeficiência de cobre - também a induzida peloexcesso de nitrogênio adubado - naalimentação da mãe, dá origem a crianças cujocérebro cresce menos nas partes que controlamas funções motoras (que pode chegar até aparalisia), a coordenação dos músculos e osistema nervoso. Isto quer dizer que, taiscrianças podem ser paraplégicas, ou comsérios’ distúrbios nervosos (J.McBridge, 1999).A mesma autora constata que depósitos graxosnas paredes das veias ocorrem somente ondefalta vitamina 86 e 812, sendo este últimodependente de cobalto. Vale lembrar mais umavez:

“Solos doentes -plantas doentes -“Solos doentes -plantas doentes -“Solos doentes -plantas doentes -“Solos doentes -plantas doentes -“Solos doentes -plantas doentes -homens doentes”.homens doentes”.homens doentes”.homens doentes”.homens doentes”.

Não se podem introduzir’ métodos deprodução agrícola desligados do solo e da

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saúde humana, por que na natureza tudo éinterligado.PPPPPLANTASLANTASLANTASLANTASLANTAS INDICADORASINDICADORASINDICADORASINDICADORASINDICADORAS

As plantas nativas somente aparecemquando as condições lhes são favoráveis. Nãosão plantadas, ou seja, impostas ao solo, nemmantidas através de tecnologia sofisticada. Elasaparecem quando os nutrientes do solo existemna quantia exata para a vida deles edesaparecem quando estas condições semodificam.

Esta também é a razão porque empastagens nativas, por exemplo, uma adubaçãofosfatada pode aumentar’ ou diminuir aquantidade de forragem. Ela aumenta-a,quando as plantas estavam deficientes emfósforo, porque as nutre adequadamente. Masela diminui a produção quando as plantasexistentes não necessitavam de fósforo e aAdubação forneceu condições para umavegetação mais exigente neste elemento.Sãoplantas superiores,sem dúvida. Mas geralmentea adubação foi baixa demais para poder mantê-las no campo. Primeiro induziu um vegetaçãodiferente, depois não está em condições demantê-la. O resultado é um desenvolvimentovegetativo curto (capim pequeno) uma floraçãoprecoce e fornecem pouca massa, de valorinferior. O pasto piorou pela adubação.

Mas ocorre também o contrário. Umexemplo muito impressionante é o capim-caninha (Adropogon incanis) que cobre osterrenos baixos da fronteira do Rio Grande doSul. Ninguém gosta dele porque somentequando recém brotado é que pode ser comidopelo gado. Com três semanas ele encana e ficaduro e imprestável. Queimam-no o quantopodem para tomá-lo comestível. E quanto maisqueimam, tanto mais rápido ele se torna duro.Mas, quando recebe uma adubação fosforadaele leva muito tempo para encanar, permanecemole durante semanas e toma-se boaforrageira.

Conheci um trabalhador rural, umsimples bóia-fria,analfabeto,mas muitointeligente,com uma observação incrível.Trabalhou numa fazenda de multiplicação desementes na região do São Francisco. Quandoo agrônomo chefe mostrou os campos, com aplanilha na mão, explicou num campo que

aqui tinha tido tomate. Este operário, que látrabalhava e ouviu-o, disse com todaconvicção “não senhor, aqui tinha alface”. OAgrônomo irritou-se. “Como é que você sabedisso, se trabalha somente uma semanaconosco e se esta parcela foi colhida faz maisde duas semanas? “Pela vegetação. Disse elesimples. Foi chamado o capataz. “Aqui nãotinha tomate para sementes? O homem sacudiua cabeça. “Não tinha não. A semente de tomatenão chegou quando dela precisamos,plantamos então alface para não deixar ocampo muito tempo sem cultivo”- E como otrabalhador sabia disso? Pelo mato que cresciaali. Cada cultura esgota o solo em um ou maiselementos e deixa sobrar outros. E o matoaparece para compensar isso. Através dela anatureza tenta equilibrar e otimizara oferta denutrientes para que o solo chegue a seu estadoinicial. Por isso cada cultivo provoca suapopulação de “mato”, tentando sanar osestragos que foram feitos. E se os estragos sãomuito grandes e o campo já não produz maisnada, é abandonado, vai ser pela vegetaçãonativa, que no cultivo se, chama de inço ouerva-daninha, que a natureza recupera estesolo e em 8 ou 10 anos o solo está “novo emfolha., podendo ser cultivado - e estragado -outra vez.

Eis a razão porque as plantas nativas sãoplantas indicadoras e, ao mesmo tempo,sanadorassanadorassanadorassanadorassanadoras.

E existem duas possibilidades. Uma, ondedeterminado tipo de planta domina franca-mente e, outro,onde existem “associações dediversas plantas que sempre aparecem juntas.Estas últimas se chamem de sucessão vegetal eocorrem quando o solo e o clima, por qualquerrazão, mudaram para o melhor ou para o pior.

Entre as plantas existem antipatias esimpatias como entre qualquer ser vivo. Elas seinfluenciam mutuamente por substânciasquímicas, os microorganismos que vivem nasua rizosfera e pela concorrência por nutrientes.

Existe uma verdadeira guerra químicaentre as plantas onde cada um tenta assegurarseu espaço vital. Elas excretam aerosóis pelasfolhas, que agem num raio de até 50 metros dedistância e secretam substâncias pelas raízes

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para defender seu; espaço no solo. Estassubstâncias dependem:1. Da nutrição foliar. Se a folha tiver um pH

alcalino as excreções são ácidas, e vice versa;

2. Do arejamento do Solo. Em soloscompactados e adensado aparecemprodutos fermentativos como álcoois, e

3. Da espécie e variedade.

Estas substâncias de defesa que sechamam alelopáticas, podem ser ácidosorgânicos, álcoois, taninos, saponinas,cumarina, aldeídos alefáticos, cetonas, lactonas,quinonas, fenóis, flavonas glicosídeos,polipeptídeos, terpenoídes e outros (AndradeRodrigues, de, 1999). Seja lembrádo que muitasdestas substâncias servem às plantas tambémpara sua defesa contra insetos e fungps, (Boris,1968) como por exemplo, os fenois e quinonas,enquanto outras lhes servem para acomunicação como os aldeídos alefáticos queusam para chamar insetos benéficos, os quaistambém denominamos de Inimigos naturais. Asplantas, conforme os insetos ou larvas que asatacam, excretam substâncias odoríficasdiferentes como um SOS, para informar qual oparasita que a atacou, chamando os inimigosnaturais destas pragas. (Suszkuo (ARS], 1998)

AAAAALELOPATIALELOPATIALELOPATIALELOPATIALELOPATIA

Poderia ser traduzida como antipatiaviolenta prejudicando as plantas uma às outras.Enquanto o SINERGISMO é uma amizade entreas plantas, ajudando uma a outra e que é a baseda rotação de cultivos e da adubação verde.

Mas a alelopatia não é somente causadospor aeros6is. Ela também age através delixiviatos das folhas, até pelo orvalho, doslixiviatos da palha, de substâncias dedecomposição e finalmente de substâncias debactérias e fungos que vivem no rizosplano ouiniciam a decomposição da palha, como porexemplo, o fungo Penícíllíum urtícae queassenta na palha de sorgo e produz patulína,um poderoso germostático, impedindo atédurante 28 semanas a germinação de sementesde sorgo, dependendo da quantidade dechuvas. Por outro lado, lixiviatos de folhas de

cap. Colinião (Panícum maximum) impedemo nascimento de semente de guandú (Cajanuscajan e iíndícus). (Souza, 1997). Quando oslixiviatos entram em contato com o solo podemser absorvidos temporariamente pela argila ouhúmus, desaparecendo por um lapso de temposendo liberados, mais tarde, quando ninguémos espera mais.

Porém nem sempre o efeito desfavorávelde uma planta sobre outra depende desubstâncias alelopáticas. Também oesgotamento de nutrientes, necessitados porduas culturas pode ser a razão da diminuiçãoda colheita, como ocorre na alfafa e linho queambos são ávidos de boro.

O efeito alelopático é maior quando asplantas se encontram em estresse, seja por calor,seca, alimentação deficiente ou ataque porparasitas. Isso porque por um lado, em situaçãode estresse, aumenta-se a produção dealeloquímicos e por outro lado, levam a umaredução do crescimento vegetal.

Os aleloquímicos não possuem um efeitogeral. Eles prejudicam somente algumasespécies e até variedades enquanto podembeneficiar outras, como ocorre com asleguminosas. As leguminosas estão sendoconsideradas como plantas altamentebenéficas, porque conseguem melhorar o soloe fixam nitrogênio. Porém das 4000 espéciesde leguminosas conhecidas, somente 8,7 %fixam nitrogênio com as raízes. Por outro ladoeles todos possuem saponinas que prejudicamseriamente todas as Lilaceas como cebola, alho,cebolinha etc. Mas também podem prejudicarCíperaceas como tiririca (Cyperaceas retundus),e até controlar nematóides como mostraSharma, (1982).

Os efeitos alelopáticos são diferentes.Podem inibir a divisão celular, outrosmodificam a permeabilidade da parede celular,podem inibir enzimas especificas, evitar agerminação do pólen, quer dizer, tornar asplantas estéreis como ocorre em climatemperado com a espurga (Euphorbíacyperacea) que toma as videiras’ estéreis,outros agem sobre a fotossintese, a respiração,isto é, a mobilização de energia para ometabolismo vegetal, podem evitar a síntese de

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proteínas e a fixação de nitrogênio ou atéimpedir o nascimento da semente.PPPPPLANTASLANTASLANTASLANTASLANTAS QUEQUEQUEQUEQUE SESESESESE HOSTILIZAMHOSTILIZAMHOSTILIZAMHOSTILIZAMHOSTILIZAM

O homem ocidental considera tudoinferior a ele, toda natureza, que para seu pontoe vista somente existe para ser explorada eaproveitada para ter lucros Plantas nem sãodignos de ser consideradas a não ser paraproduzir colheitas comerciáveis, “cash crops”planta, para ele não sente, não anda, não fala,não se comunica, em fim, tem o que ele chamade “vida vegetativa.” Vive sem sentimentos semcomunicação. Será?

Verificamos somente “nosso mundo”que atua em ondas médias que podemos captar.Tudo que é em ondas curtas ou longas é forado nosso alcance. É um mundo tão real comoo nosso, somente que é inalcançável para nós,como a conversa e o riso dos peixes, as brigasentre passarinhos, os gritos das cobras ou asmensagens das plantas. .

E na vida vegetal as mensagens sãoquímicas: É um mundo silencioso mas eficientee as vezes muito violente. O fundo da vida équímico. Inclusive os genes, nosso códigogenético,não são partículas mas mensagensquímicas. Assim,.as brigas,as amizades, osgritos de horror e até os pedidos de socorro.São via substâncias químicas. Excretam elaspelas raízes para defender seu espaço comofazem todas as plantas da mesma variedadepara garantir seu ‘quinhão de solo. Por isso duasvariedades p.ex. de arroz plantadas alternada-mente no mesmo campo rendem mais queuma, porque as raízes podem penetrar a noespaço da outra aumentando o volume de soloque pode ser aproveitado. Não somente exalamum suave perfume pelas flores para chamar asabelhas e outros insetos que ajudam napolenização, mas lançam também aerosoispelas folhas para se comunicar inclusive cominsetos chamando socorro de seus amigosquando são atacados por pragas ou defendemo espaço ao seu redor como o fazem aslaranjeiras, para não nascerem suas sementesabaixo delas: É tanto um amoro como u maguerra química de potencial assustador . E issoohomem tem de respeitar para não sofrersurpresas desagradáveis.

As armas químicas das plantas, geral-mente apreciamos como vanillina, terebentina,teina, coffeína e outros e que são o segredo dabiodiversidade no mato.. Muitas vezes, após aroça de um pomar antigo de macieiras,laranjeiras, pessegueiros ou videiras., é quaseimpossível de plantar a mesma variedade nomesmo terreno. A rotação de culturas dirigida,é uma maneira empirica de aproveitar estainibição química para controlar plantasindesejadas mas pode ser também um fracasso.Assim por exemplo a soja produz daidzeina ecoumestrol que controla varias plantas nativas.Mas utilizam-se também excreções depatógenos como do fungo que causa a estre-linha em laranjeiras (Colletotrichum glocos-poroides) para controlar a invasão de Vicia .As substâncias com efeito alelopatico sãoespecial-mente fenois, (flavenois, catechol,ácido benzóico,) diversos alcaloides (inclusivecoffeína) e isoprenoide especialmenteproduzidos por fungos. Portanto a alelopatiapode prejudicar o agricultor mas também podetornar-se uma ferramenta no combate deinvasoras. (Dobremez,1995) .

No Pará plantaram gergergergergergelimgelimgelimgelimgelim. TodoNordeste planta e adora gergelim, o famoso”sésamo” dos árabes do qual fizeram seu aceitesagrado para ungir seus reis. Mas nos trópicosmonocultivos não funcionam. Assentam-sedoenças demais. Aconselhavam: plantemsorgo que é uma planta muito resistente e comraízes profundas, podendo medrar bem emregiões pouco chuvosas. Foi uma idéia boa.Sorgo de fato vai bem mesmo com solos pobrese clima semi-árido. Importaram semente desorgo. Uma semente bonita e graúda e aplantaram em rotação com o gergelim. Mas osorgo não quis se desenvolver e nem pensouem fazer pendão com flores. Voltaram aogergelim, mas agora o gergelim também nãoquis mais crescer e nem pensou em florir. Pioroutudo. Por que? Porque sorgo e gergelim seodeiam e cada um tenta eliminar o outro. Temlugar para um mas não para os dois. O pessoaltinha de optar. Ou sorgo ou gergelim. Por queos dois se odeiam tanto? Não sei, somente seique vivem em guerra total e deixam suas“minas” no solo para depois aniquilar a cultura

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seguinte. Mas o sorgo é auto-intolerante e nãonasce bem após sorgo e prejudica o trigo.

Por outro lado a cevadacevadacevadacevadacevada faz o papoulapapoulapapoulapapoulapapouladesaparecer que invade os campos de centeioe também de trigo. A explicação simplesPapoula aparece onde tiver excesso e cálcio. Ea cevada que cresce especialmente em solosalcalinos mas também em solos muito ricos emcálcio. Ela retira os catións – especialmentesódio e cálcio – que fizeram a papoula aparecer(para eliminá-Ias).

Plantaram batatinhas no Paraná: mas aregião era horrivelmente descampada e o ventoprejudicava as culturas. Era na época em quese pegou gosto pelo girassol que produziu umóleo muito apreciado e tinha raizes profundasque encontravam água onde as outras culturasnão o alcançavam mais. Que ele, necessitavatambém muito cálcio e boro, nesta época,ainda não se sabia. Por enquanto plantaram ogirassol com o quebra vento aproveitando seucrescimento rápido. Mas o girassol não quiscrescer e a batatinha muito menos ainda.. Osdois ficaram pequeno se não se desenvolve-ram, nem sem adubo, nem com adubo, nemirrigado e nenhuma das duas culturasconseguiram formar flores porque se combatematé o fim. Nem 50m de distância protegeramum do outro. Mandam seus aerosois para mataro outro mesmo. E uma planta é aniquiladaquando não consegue florescer e frutificar,como família humana se extingue quando nãoconsegue gerar filhos.

... Também aveia preta e batatinha não-se dão, mas neste caso não são os aerosois eexcreções radiculares mas os mesmosnematoides que passam de uma cultura à outra.O mesmo ocorre com aveia branca e milho.

Mas a batatinha, que é do alto dos Andesconserva sua amizade com o amaranthus, umprimo gigante do carurú , o famoso kiwiche’,e quando os dois crescem pertos um do outrose beneficiam mutuamente. E um amor que nãose apaga.

Existem aversões muito esquisitas Quemplanta ervas medicinais sabe que hortelã depoisde camomila possui muito pouco óleo aromá-tico. Mas se planta o hortelã ou mentajustamente por causa deste óleo que vai para afabricação de remédios e balas. Mas, o hortelã

não retribui esta aversão. Ele é cem porcentocavalheiro e a camomila que segue ao hortelãé muito mais rica e cheirosa que qualqueroutra.

Colza e, especialmente uma variedadedele criada no Canadá, a ”canola” são muitointolerantes à capins como marmelada(Brachíaria plaritagínea). Portanto é uma cul-tura,que praticamente sem herbicida não prospera.

Esta guerra entre as plantas faz que muitasrotações de culturas fracassam quando sedesconhecem suas relações “diplomáticas”.Não basta que o homem manda. É bem maisprudente respeitar as relações existentes esseaproveitar deles...

Mas eles também podem controlar, atéum certo ponto plantas invasoras.

Porém o efeito alelopético pode ser inter-espécie ou intra-espécie, quer dizer, a espécieé auto-intolerante, como ocorre em alfafa(Medicagosativa e M. estrigata) ou citrus (Citros

PlantaPlantaPlantaPlantaPlantacontraladoracontraladoracontraladoracontraladoracontraladora

Planta controladaPlanta controladaPlanta controladaPlanta controladaPlanta controlada(invasora)(invasora)(invasora)(invasora)(invasora)

Capim marmelada(Brachiaria plantaginea)Amendoim bravo (Euphorbiaheterophila)Picão preto (Bidens pilosa) eoutras

Aveia preta(Avena strigosa)

Azevém (Loliummultiflorum)

Guanxuma (Sidarhombifolia)Amend,oim bravo (Euph.Heterophila)Carurú (Amaranthus spp) eoutras

Crotalária(Crotalariajuncea) Mucunapreta (Stizolob.Aterrimum)Feijão-de-porco(Canavaliaensifor.)

Tiririca (Cyperos retundus)Feijão-de-porco (Canavaliaensifor.)

Assa peixe (Vemoniapolyanthes)

Mineirão(StylosanthesCalopogônio(Calopogoniummucunoides)

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sinensis) onde nenhuma semente conseguenascer na projeção da copa.

AAAAALHOLHOLHOLHOLHO, , , , , CEBOLACEBOLACEBOLACEBOLACEBOLA, , , , , TOMATESTOMATESTOMATESTOMATESTOMATES XXXXX LEGUMLNOSASLEGUMLNOSASLEGUMLNOSASLEGUMLNOSASLEGUMLNOSAS

É difícil acreditar, que as leguminosas quetanto beneficiam os cereais, podem prejudicarseriamente cebola e alho. Um campo com osolo melhorado, por mucuna preta (mStizolobium aterrimum), certamente apresentaum solo rico em matéria orgânica, bemagregado e rico em nitrogênio. Mas, plantadocom alho ou cebola, o rendimento deles baixasimplesmente à metade e repetido este tipode”melhoramento” do solo, quase nãoproduzem mais nada.

Mas, por outro lado, feijão plantado emrotação com cebola, tem seu rendimentoreduzido em 50 %. A aversâode cebola x feijãoé mútua.

Se precisar matéria orgânica para cebolaesta déve ser fomecida por milho ou painço. Ese quiser melhorar o rendimento de cebola,deve plantá-Ia em rotação com cenoura. Nãoé por causa do uso muito intenso de defensivoscontra doenças da cenoura, mas simplesmenteporque os dois se gostam.

Feijão também não combina muito bemcom tomate.. O feijão não se importa muito,mas os tomates, estressados pela presença defeijão são mais seriamente atacados pelarequeima.

Feijão e todas as leguminosas tambémnão combinam com funcho ou erva-doce.Embora o funcho é uma planta muito poucosociável causando depressão no rendimento depraticamente todas hortaliças, com exceção de

PPPPPLANTASLANTASLANTASLANTASLANTAS SINERGÉTICASSINERGÉTICASSINERGÉTICASSINERGÉTICASSINERGÉTICAS ( ( ( ( (AMIGASAMIGASAMIGASAMIGASAMIGAS)))))PPPPPLANTASLANTASLANTASLANTASLANTAS ALELOPÁTICASALELOPÁTICASALELOPÁTICASALELOPÁTICASALELOPÁTICAS ( ( ( ( ( INIMIGASINIMIGASINIMIGASINIMIGASINIMIGAS)))))

Alho, cebola, tomates x legumlnosas (feijão)

Alho, cebola = roseirasFeijão X alho, funcho, gladióio

Legumlnosas = cereais (milho, trigo, cebava)

Couve-flor = salsãoGergelim X sorgoBatatinhas X abóbora, girassol Alecrim = sálvia, todas as hortaliçasGirassol X batatinhas, tomates Girassol = pepino

Funcho = coreandroFuncho X todas hortaliçasAspargos = tomatesCenteio X Agropyrum repensCebola = cenoura, alfaceArruda X cardosanto (Basilicum)

Repolho = batatinhas, beterrabaMoranguinho X repolhoTrigo X trigo-mourisco Moranguinhos = feijão

Milho = abóbora, feijão, melão, pepino

Ervilhaca X nabo, rabanete

Ervilha = cenoura, naboGladiolos X arroz

Brassicacea X Brassicacea

Salsão = alho poró

Brócoli X agriãoHerva-Sta. Maria = cebola

Alfafa X alfafa

Aveia branca X milho, beterrabas

Videira = tremoçoCravo-de-defunto = tomateCevada X papoula

Fumo = fumo

Mostarda X canola, nabo capinsCitrus = goiaba, heveaRepolho X beterraba, cebolaAspargo = tomateTomate X nabo-rabanete

Tomate = tomate, agrião, salsaMostarda X nabosSorgo X sorgo

Café = samambaiaCitrus X citrus

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coreandro, as leguminosas quase acabam comele. Ele fica fraco e raqurtico.

Leguminosas = cereais (milho, trigo,Leguminosas = cereais (milho, trigo,Leguminosas = cereais (milho, trigo,Leguminosas = cereais (milho, trigo,Leguminosas = cereais (milho, trigo,centeio, aveia, cevada, sorgo, milhetocenteio, aveia, cevada, sorgo, milhetocenteio, aveia, cevada, sorgo, milhetocenteio, aveia, cevada, sorgo, milhetocenteio, aveia, cevada, sorgo, milheto),mas também algodão, girassol, canoIaalgodão, girassol, canoIaalgodão, girassol, canoIaalgodão, girassol, canoIaalgodão, girassol, canoIa eoutros agradecem.

Quando se tratar de plantar cereais, nadamelhor do que plantar leguminosas antes, paraenriquecer o solo como: mucuna preta (Stizo/obium atemmum), calopogênio (Calopo-gonium muconoides), kudzu (Puerarfaphaseoloides), lab-Iab (Dolichos lab-Iab),guandú (Cajanus cajan, C, indicus), feijãomiudo ou cowpea (Vignia sinensis), feijão-de-porco (Canaviala ensiformis) ou no sul do Brasiltremoço (lupinus spp), ervilhaca ou vicia (Viciaspp), seradela (Omifhoi{us’S.), trevos (Trifolimssp) etc. Mas também a simples rotação comsoja (G/ycine max.) ou feijão (Phaseolusvulgaris) ou a’cobertura dos solos em pomarespor leguminosas enriquece e melhora o solo eaumenta os rendimentos. Embora as legumi-nosas contribuem em muito para a manutençãoda produtividade dos solos, seja bem claro, quenem todas as culturas se beneficiam com elas.

TTTTTrigo x trigo mourlsco ou sarracenorigo x trigo mourlsco ou sarracenorigo x trigo mourlsco ou sarracenorigo x trigo mourlsco ou sarracenorigo x trigo mourlsco ou sarracenoO trigo mourisco ou sarraceno, próprio

de solos levemente’ alcalinos, no Rio Grandedo Sul, por anos foi plantado em .rotação como trigo porque é’ uma planta de ciclo muitocurto e que dá bons rendimentos. Porém o trigorendeu a cada ano menos e, finalmenteconcluíram que o Brasil não é adequado parao cultivo de trigo.

Neste semi-abandono da cultura de trigoalguns verificaram que os rendimentoscomeçaram a subir. E finalmente se deramconta de que o que baixava as colheitas de trigoera a rotação de trigo-mourisco. (Fagopyrumesculentum).

Funcho x outras hortaliçasFuncho x outras hortaliçasFuncho x outras hortaliçasFuncho x outras hortaliçasFuncho x outras hortaliçasO funcho (Foeniculum vulgare),

normalmente cresce fácil em qualquer solo.Sua semente é muito apreciada como erva docee a variedade mais procurada que tem seu colode raiz engrossado, fornecendo uma verduragostosa, o “fenoqui.. Têm horticultores que oplantam entre os canteiros como quebra vento..Mas o funcho agradece o aprecio. Ele defende

seu espaço com um poderoso aerossol queprejudica praticamente todas as verduras,diminuindo seu crescimento, mantendo-as emestresse permanente predispondo-as a ataquespor pregas e doenças. Não se dá cotn nenhumaoutra verdura a não ser com o coreandro(Coriandrum sativum) a quem ajuda e por quemé ajudado.

Sorgo x gergelim e trigoSorgo x gergelim e trigoSorgo x gergelim e trigoSorgo x gergelim e trigoSorgo x gergelim e trigoo sorgo (Andropogonsorghum) é cada

vez mais plantado no Brasil. Ele não somentese dá bem em solos que são fracos demais parao milho, ele fornece também uma sementemuito nutritiva ,apreciada especialmente pelosporcos. Quando não se tratar do sorgo graníferofornece grande quantidade de palha, apreciadonão somente no Plantio Direto, mas tambémamplamente usado para corrigir solos salinos.Sua palha em decomposição liga o sódio livrepara carbonato de sódio que é muito poucosolúvel e portanto o - retira da circulação.. Osolo perde boa parte de sua salinidade e podeser usado para o plantio e arfara (Medicagosativa) e até para culturas agricolas, comocevada e trigo.

Ele possui raizes muito profundas emesmo em regiões secas cresce relativamenteporque consegue se abastecercom água ondeoutras culturas não o conseguem mais. . .

Mas o sorgo não é muito amigável comas culturas de gergelim (Sesamum indicum) e otrigo (Triticum aestivum). O trigo provavelmentesofre do esgotamento do solo como dasexcreções radiculares, baixando seu rendi-mento quando em, rotação com sorgo.

O gergelim( Sesamum orientale) éfrancamente hostilizado de modo que perto desorgo através de aerosois, suas florespermanecem estéreis e se conseguem formarsementes, estas não conseguem amadurecer.Em muitos casos o gergelim nem consegueformar flores. Nem em campos vizinhos, nemem rotação as duas culturas se dao.

Mostarda x canola, naboMostarda x canola, naboMostarda x canola, naboMostarda x canola, naboMostarda x canola, naboTanto mostarda (Sísymbrium al Ussimum),

canola (Brassica napus) melhora solos muitoargilosos deixando-os em estado friável para acultura seguinte. Canola é fertilizantes (NPK).

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Mas ela não se desenvolve quando plantadaem vizinhança com mostarda, que inibe seucrescimento. Pior é mostarda para nabos. Opovo diz: ’mostarda come os nabos’. Estessimplesmente crescem para traz” edesaparecem.

Citrus x citrusCitrus x citrusCitrus x citrusCitrus x citrusCitrus x citrusSe uma espécie impede a germinação de

suas próprias sementes, é porque não teria apossibilidadede crescerem mais plantas damesma espécie num mesmo lugar.Enquantobabaçú e outras palmeiras nascem uma abaixoe ao lado da outra até que formam umacapoeira tão densa que ninguém conseguemais se desenvolver direito, existem outrasplantas como o citrus, que embora nativo daChina, tem o mesmo hábito que nossas árvores.Ele solta de suas folha uma substânciagermistata para que nenhuma de suas própriassementes consiga nascer perto da árvore mãe.Com isso se garante seu desenvolvimentosatisfatório. Parece que a maioria das árvoresnativas tem esta propriedade, porque na matavirgemárvores da mesma espécie aparecemdistantes umas das outras . Assim o serviço dosseringueiros é difícil por terem de caminharlonge de uma outra seringueira. E osexploradores do pau-Brasil tão estimado naEuropa há 200 anos atrás, como osexploradores de mogno devastaram muita matapara retirar alguns troncos das madeirascobiçadas.

Alfafa x alfafaAlfafa x alfafaAlfafa x alfafaAlfafa x alfafaAlfafa x alfafaAlfafa (Medicago sativa) é uma legu-

minosa muito apreciada em clima temperado,por ser a forrageira mais rica em proteínas. Nostrópicos há muitas plantas, normalmente maisricas em protefnas que a alfafa, como puerária(Pueraria phaseoloides), soja perene (Glycinewighti tinaroo), leucena (Leucena leucocepha/a), siratro (Macroptilium atropurpureum) emucuna preta (Stizolobium atentmum), e atécapins como o kikuyo (PennisetumcIancJestnum) são quase tão ricos em proteínascomo a alfafa. Mas o que a torna especial éque cresce bem em terras neutras a levementealcalinas e que suporta um clima bastante seco,por ter raízes muito profundas, podendo utilizar

um nível freático em 2 a 2,5 metros deprofundidade. E enquanto protege capins peloexcesso de insolação e parece ser uma plantamuito amigável, impede a germinação de suaspróprias sementes.

Talvez restringe o número de plantas porárea, porque é muito exigente em relação aoboro. E se este é limitado se o número de plantasfosse liberada, ela auto-extinguir-se-ia.

Sorgo x sorgoSorgo x sorgoSorgo x sorgoSorgo x sorgoSorgo x sorgoO sorgo (Sorghum spp) uma planta cada

vez mais usada no Brasil, é auto-intolerante,quer dizer, impede o nascimento de suassementes durante meses. Isso ocorre, porque ofungo que se assenta na sua palha, iniciandoadecomposição, o Penicillium urticae, produzuma substância germistata, o patulina. Assim,obtém-se a rebrota da soca, mas não seconsegue replantá-Io.

Papoula x cevadaPapoula x cevadaPapoula x cevadaPapoula x cevadaPapoula x cevadaA papoula (Papaver somnifera) é uma

praga em campos de trigo e centeio na Europa.Aparece em grande quantidade porque tentaeliminar o excesso de cálcio que as culturasnão conseguiram gastar. Embora um campo detrigo amadurecendo, cheio de flores.

Mas com a cevada ele não é somenteuma praga que ocupa lugar mas é uma plantaalelopática, que diminui radicalmente seurendimento. Isto, talvez porque também acevada gosta de solos ricos em cálcio e compH neutro.

Aipó x alfaceAipó x alfaceAipó x alfaceAipó x alfaceAipó x alfaceO aipó (Apiumgraveolens) é uma verdura

muito apreciada. Mas também é famosa pornecessitar suficiente boro no solo para crescer.Se este faltar seus caules racham e as suas folhascentrais não se desenvolvem. Mas ele hostilizafrancamente o alface, que em sua vizinhançapouco cresce e nunca chega a florescer...

PPPPPORQUEORQUEORQUEORQUEORQUE PRODUTOSPRODUTOSPRODUTOSPRODUTOSPRODUTOS ORGÂNICOSORGÂNICOSORGÂNICOSORGÂNICOSORGÂNICOS ÉÉÉÉÉ MENORMENORMENORMENORMENOR

E tão arraigado a idéia que produto orgã-nico é menor que muitas pessoas quando vãona feira e encontram frutas ou verduras peque-nas acreditam que sejam orgânicos e os com-pram. Nunca lhe chega a idéia que poderia ser

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refugo de produto convencional, que normal-mente é e quando vai no supermercado e vê aseção orgânica, dá até dó de ver tomates pe-quenos e deformados, couve-flor um quarto doconvencional, cebolas que parecem miniaturas.Mas os preços são três até nove vezes maior doque dos produtos convencionais.

Paga-se o que? O trabalho muíto maiorPaga-se o que? O trabalho muíto maiorPaga-se o que? O trabalho muíto maiorPaga-se o que? O trabalho muíto maiorPaga-se o que? O trabalho muíto maiore a garantia - que não tem residuos tóxicose a garantia - que não tem residuos tóxicose a garantia - que não tem residuos tóxicose a garantia - que não tem residuos tóxicose a garantia - que não tem residuos tóxicos

Bem, garantir que não tem resíduos tóxi-cos é difícil. Pode-se garantir que foi produzidosem uso de agro-tóxicos. Porque o solo podeser ainda contaminado com clorados, que seconservam no solo até 35 anos. E os venenosque evaporaram durante a pulverização doscampos convencionais (e que podem ser até60 % do total) subiram ás nuvens e voltaramcom as chuvas. O solo sempre esta conta-minado pelas chuvas ou seja, pelos venenosque trazem. E estes são tantos que tudo é con-taminado, os oceanos com as baleias, peixes ecamarões, as calotas de gelo polares e asgeleiras andinos, os ursos polares e pingüins,as araras e os poços da mata amazônica, tudo.De modo que ninguém pode garantir que oalimento está isento de agro-tóxicos. Somentepode garantir que foi produzido sem uso deagro-tóxicos. E ísso é muito pouco porque osdefensivos orgânicos também podem ser bas-tante tóxicos, como a calda sulfo-cálcica, orotenona e outros. A vantagem seria o maiorvalor biológico do produto, que porém nãoexiste em cultivos que de qualquer maneira,tinham de ser defendidos.

Mas garantem também que foi produzidosem adubos químicos hidrossolúveis, mas comadubos de pouca solubilidade ou somente comcomposto. Os adubos pouco solúveis dese-qüilibram menos os outros nutrientes do soloe induzem menos doenças e pragas. Mas agrande vedete é o composto do qual se acreditaque seja adubo químico em forma orgânica ouseja NPK orgânico. Más tem outra grandedecepção para fazer composto, compram todoesterco que podem conseguir, como porexemplo de granjas de frangos de corte ou degado de leite convencional, e toda matériaorgânica a venda, como torta de filtro das usinasde álcool, bagaço de laranjas das esmagadoras,onde produzem suco ou bagaço de bananas

das fábricas de geleia – todos de cultivosconvencionais. Não tem dúvida que não équímico em forma de sal. É orgânico, porque éoriundo de produtos vegetais ou animais. Maseles podem conter tantos resíduos de agro-tóxicos, de “promotores de crescimento”, deantibióticos, de vermifugos e outros que plantasnutridos com este, composto às vezes são bemmais tóxicos do que produtos da agriculturaconvencional. E ainda produzem produtospequenos e feios.

Normalmente a conta é o seguinte: Com40t/ha de composto acrescentei metade doNPK no meu cultivo do que o vizinhoconvencional. Certo? - Não, é errado.

Composto não é NPK em formaComposto não é NPK em formaComposto não é NPK em formaComposto não é NPK em formaComposto não é NPK em formaorgâ-nicaorgâ-nicaorgâ-nicaorgâ-nicaorgâ-nica. Composto é matéria orgânica semi-decomposta e mesmo assím é somentealimento para a micro-vida, os fungos ebactérias do solo. E a vida que se deve alimen-tar vive na camada superficial do solo. Mas,como imaginam que é NPK orgânico enterramseu composto até 35 a 40cm de profundidadeonde existem condições completamenteanaeróbias. As bactérias que aqui decompõemo composto em lugar deliberar gas carbônico(CO

2) produzem metano (CH

4) muito tóxico,

para as raízes, e o enxofre que existia namatéria orgânica em forma de S0

3 perde seu

oxigênio e se transforma em gás sulfidrico (SH2)

que é muito tóxico para as raizes e as folhas. Aías raízes fogem à camada bem superficialdosolo, (até 4 cm) Por isso as plantas são famintase pequenas e somente sobrevivem com muitairrigação produzindo pouco e miseravelmente.Todos perguntam:”como sei que enterrei minhamatéria orgânica profundo demais? ”Não souespecialista, não posso adivinhar.”

Adivinhar não precisa. Somente cheirar nocheirar nocheirar nocheirar nocheirar noseu soloseu soloseu soloseu soloseu solo. Se cheira de ovo podre ou de pântanoenterrou profundo demais. É melhor sempredeixar a matéria orgânica na camada superficial.Lá os produtos orgânicos ficam maiormelhor emuito mais saborosos que os convencionais.

OOOOORGÂNICORGÂNICORGÂNICORGÂNICORGÂNICO SEMPRESEMPRESEMPRESEMPRESEMPRE ÉÉÉÉÉ ECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICO?????Geralmente não.Acredita-se que orgânico é quando não

se usam produtos químicos.

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Não se cuida do solo que, via de regra,encontra-se em péssimas condições. Osagricultores orgânicos têm a curiosa idéia que,usando composto o solo tem de melhorar dequalquer maneira., tanto faz até onde oenterram. Até são convencidos que quantomais misturam o composto com a terra tantomelhor eJateria de ficar. E depois são amarga-mente decepcionados que isso não acontecee seus produtos são absolutamente inferiores.

Também acreditam que qualquermaterial, como residuos agro-industriais, lixovegetal urbano isto é as sobras das cozinhasde frutas e verduras convencionais, Iodo deesgoto urbano ou esterco de granjasconvencionais é orgânico, especialmentequando forem compostados, embora comgrande quantidade de químicos.

Na Agricultura Natural este material,embora de origem orgânico, é considerado“sujo” não contribuindo a saúde do solo. Ecomo visa saúde, bem estar e paz para apopulação inteira, a saúde do solo é básico.Normalmente o agricuJtor não ambiciona asustentabidade de sua atividade mas somenteo “preço acrescido”.

Ecológico a agricultura somente é quandose trabalha segundo a natureza. Nãoé aagriculturatradicional, embora esta dos índiosera orientada pela natureza e pela religião. Aagricultura ecológica não é uma volta aopassado, mas é um avanço. A ciência atual foisimplesmente fatorial.Tratava fator por fator eaté somente frações de fatores, combatiaespecialmente sintomas e nunca perguntoupelas causas. Por isso, conforme o ângulo deenfoque, as “verdades científicas” mudaramconstantemente.

A ciência agro-ecológicaagro-ecológicaagro-ecológicaagro-ecológicaagro-ecológica vê e trabalhacom os ciclos e sistemas da natureza (eco-sistemas) incluindo o próprio homem em suavisão holistica ou seja do inteiro. E este inteiroinclui solo-planta-homem e por isso e tantoagrícolaagrícolaagrícolaagrícolaagrícola como socialsocialsocialsocialsocial e éticoéticoéticoéticoético, e como tal incluitambém políticapolíticapolíticapolíticapolítica e economiaeconomiaeconomiaeconomiaeconomia. Portanto usan-do composto pode ser orgânico, mas nuncaecológico. Ecológico trabalha conforme anatureza, e esta, por exemplo, conserva suamatéria orgânica sempre na camada superficial.

CCCCCASOSASOSASOSASOSASOS

DDDDDRENAGEMRENAGEMRENAGEMRENAGEMRENAGEM

Chamaram-me da Argentina de umacomunidade de agricultores orgânicos.Cultivaram em estufas tomates, pepinos, alface,espinafre e outras verduras, mas se desespe-ravam por quase 30 % da área não produziupraticamente nada. As plantas simplesmentenão se desenvolveram. Enquanto as outras jácomeçavam a produzir eles permanecerampequenas, raquíticas a, ás vezes, morriam.Vieram fitopatologistas da Universidade deBuenos Aires mas não podiam descobrir nemfungos nem bactérias ou vírus. Acreditaram queseriam. manchas de solo extremamente pobrese aumentaram as doses de nitrogênio até oequivalente de 750 kg/ha. Mas o efeito foi zeroe as vezes ainda provocou doenças fúngicas.

Os agricultores eram pobres e não tinhammuito mais terra do que esta onde se encontra-vam suas estufas. Uns, até se endividaram porcausa disso e eram prestes de ir em falência.Mas as plantas resistiram a todos tratamentos enão cresciam.

Olhei as plantas e como de costumearranquei uma para ver: a raiz. Esta era pequenae superficial O agrônomo que acompanhavaexplicava que a uréia era dado em cobertura epor causa disso as raízes não desceram maspermaneciam superficiais. Tirei outra planta eda parte infeiror das raizes pingava água. Pedi.uma pá, mas não tinham, trouxeram somenteuma pequena enxada .Tirei um pouco de terra.Pingava água e estrias de ferrugem apareciamno solo. Peguei um papel indicador paradescobrir o pH. Era 7,8 e em alguns lugares até8,2. Não tinham análises de solo. Entãosomente restava observar mais de perto asoutras plantas. Encontrei um pé de tomate ondeuma fruta parecia um saquinho cheio decheio decheio decheio decheio deágua. água. água. água. água. Achei um pé de alface com as folhasmais novas algo mais pálidas e algumasencarquilhadas. Era a deficiência de cálcio.Então o pH alto indicava sódio.

Os agricultores que me rodeavam meolhavam curiosos e esperançosos. Ê daí, o quefaremos?” “drenar”. Vocês tem de baixar o nívelfreático até, no mínimo, 50cm abaixo da

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superfície. Nenhuma planta de cultura suportaágua salina nas raízes.

“sabemos que tem aqui água salina e queo nível freatico é alto.

“e porque não drenaram?“por que isso é banal demais. Todos

procuravam algum fungo, bactéria ou virus quecausa esta estagnação de crescimento ou nomínimo alguma deficiência mineral. E fora dissodrenar é dificil porque todo terreno é plano, deMar deI Plata até Cordoba não tem muitodeclive.

”Mas deve crescer girassol e sorgo?“Cresciam. Então plantam estes em todo

terreno ao redor, porque eles gastam muitaágua e drenam o terreno. Também devemcombater o sódio. Em fonna de carbonato nãoé mais tão toxico. Se usam sorgo comoadubação orgânica nas estufas. Durante suadecomposição transforma o sódio emcarbonatos Não foi que seu Professor JorgeMolina recuperou 20 milhões de hectaressalinos somente com sorgo? Mas, parece queSanto de casa não faz milagre.

Me olhavam e depois sorriam. Era tãofáciI, mas ninguém tinha olhado às raízes dasplantas.

O O O O O FUROFUROFUROFUROFURO NONONONONO CANOCANOCANOCANOCANO

A palestra tinha terminada muito tarde..Não era exatamente a palestra mas a sessão deperguntas, que parecia que não terminavammais. Me tinham perguntado antes, como queriaque eles se dirigissem a mi: Engenheira, Doutoraou Professora? Eu sabia que cada titulo é umabarreira e que impedia que muita gente se sentiaa vontade.!” Me chamam de Ana, é mais fácil”disse. Suspiravam aliviados. E agora do maishumilde agricultor ou “campesino” até o maisorgulhoso fazendeiro ou professor de Universi-dade, todos se sentiam a vontade. O intercâm-bio foi ótimo, as perguntas pipocavam, muitasfalavam também de suas experiências e o tempopassou voando. Somente um pequeno agricultorera impaciente e nervoso na medida que otempo passava. Queria que fosse ver sua terra.Era menos que 1 hectare que ele plantava comervas medicinais e dos quais ele vivia. E agorajá era noite. O pessoal da ONG que atendiaele me urgia: tem de ir lá. O homem é pobre e

quase 25% de sua terra não dá mais nada.Ninguém sabe por que? Fomos lá. Com a luzde faróis de 3 carros entramos no campo dele.Pedi uma enxada e abrimos o solo. Mesmo naluz artificial dava para ver que o solo eramosqueado: vermelho mais escuro, mais claro,com manchas acinzentadas e até azuladas.“você tem aqui algum problema com água queestagna de vez em quando. ”A cara doproprietário se iluminou. Ah, sim, ele disse, aquimeu cano de irrigação tem um furo”. “Bem,então pega um Durapox e fecha-o. Depois suaterra vai produzir novamente. “Ele olhavaincrédulo:” Este furinho me deixou perder jáduas colheitas? “

“Sim, este furinho”. Tinham procuradouma razão grande, impressionante, aterrador eeram até decepcionados que a causa era tãopequena e insignificante como uma pequenarachadura onde vazava água.

A A A A A PEDRAPEDRAPEDRAPEDRAPEDRA POMEPOMEPOMEPOMEPOME

Era nos Andes equatorianos em umassentamento de pequenos agricultores, todosindios. Os agrônomos se queixaram amarga-mente sobre a preguiça dos indios que senegavam de usar a cobertura do solo, únicamaneira de conservar a pouca úmidade quetinha aqui, por um pouco mais tempo. Nesteregião mal chovia 300 mm por ano, e apesarda altitude de 3.600 m isto era pouco demaispara conseguir colheitas razoáveis. Deveriamirrigar mas não tinha suficiente água. nem parametade da terra. Então tinha de economizar.

O solo coberto perdia muito menos águae de fato após 6 semanas de seca, ainda estavaúmido. Mediam com seu “moisture-teller” umaparelhinho importado e constataram que aumidade dava ainda muito bem para plantarmilho ou aveia, enquanto a terra descobertaera seca. Era a idéia salvadora de cobrir a terra.E como por perto tinha grandes jazidas depedra-pome, um parente do basalto, quer dizerlava vulcânica que esfriava no mar em lugarde se derramar acima da terra, ela era ideal,porque rico em minerais, que na maneira quese descompôs fornecia elementos nutritivos aosolo. E como a pedra era leve e porosa, emforma britada deu uma cobertura muito boa.

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Os índios nos rodeavam com carasfechadas. “Mas não cresce mais nada nestaterra,”eles, insistiram.

“Cresce sim, mas vocês são preguiçososdemais de buscar a pedra. Vejam como a terraé , úmida, ainda com 65% de úmidade.

“Mas não cresce nada” insistiram osindios.

Nunca duvido que o agricultor temalguma razão. Por ser analfabeto não é estúpidoporque ler e escrever é somente algum oficiocomo qualquer outro. Somente que hoje seexige de tódos o saber.. E, ele tem suaexperiência. Mas por que a terra não produzia?

Raspei um pouco a camada branca depedra-pome e deite minha mão na terra. Elaera gelada. Calculei que não tinha mais que+2ºC. Aveia necessita 6ºC para nascer,batatinhas 10, milho 15ºC. De fato aqui nãopodia nascer nada. Já pegaram uma vez nestaterra?” perguntei. Não, naturalmente não.Medimos a umidade com este aparelho.”Entãodeitam uma vez a mão na terra.” Eles ficaramespantados. “Meu Deus, como é fria.” O casoera, que nesta altitude a luz solar já era fraca. Ea pedra branca refletia a luz de modo que osolo não podia mais aquecer. E agora? Mas asolução não era tão dificil. Se vocês misturama pedra superficialmente com o solo elapermanece ainda na camada superficial e osolo que é exposto ao sol, é de côr preta comoantes. Assim a pedra impede a evaporaçãorápida da umidade e a côr preta capta o calorcomo antes.

“Deu certo e conseguiam novamenteplantar milho e batatinhas e colhiam melhor,porque o solo se conservava mais úmido.

PPPPPRODUTORODUTORODUTORODUTORODUTO ORGÂNICOORGÂNICOORGÂNICOORGÂNICOORGÂNICO ÉÉÉÉÉ PIORPIORPIORPIORPIOR?????Era um horticultor grande. Plantava

bastante terra e tinha 15 boias-fria trabalhandoem sua terra e um agrônomo para dirigir tudo.Tudo funcionou segundo as Normas interna-cionais de agricultura orgânica e sua produçãofoi certificado e a vendia com o selo “Demeter”que é o melhor que existe para orgânico.Também a venda por preço diferenciadofuncionava bem!. Tinha galpões de empaco-tagem e duas vezes por semana aparecia ocaminhão do supermercado para levar as

bandejinhas com as verquras bem acondicio-nadas com a marca do sítio e o selo orgânico.Tudo parecia perfeito. menos a produção.

O homem produzia enormes quantida-des de composto, ao redor de 1.200 toneladaspor ano. Seus caminhões vascularam todaredondeza para trazer o suficiente esterco ematéria orgânica, que para mi não eraexatamente orgânico, porque os outrosproduziam de maneira convencional, ecolocava 40 toneladas por hectare decomposto, uma quantidade consideravel. Masa produção não funcionava.. Metade dasplantinhas morriam após serem mudadas e osrestantes cresciam cada vez menos. A irrigaçãoera direta. Perguntado por que me diziam queas plantas murchavam já com duas horas desol. O produto final era disforme, insípido,duro, menor e muito menos apresentavel queas verduras convencionais e as cenouras atéeram acres. Me diziam que produto orgânicoé assim mesmo e conheço gente que na feirasomente compra o produto pior porqueacredita que seja orgânico, mas que na verdadeé somente refugo do plantio convencional.Pouco a pouco os compradores sedesanimavam e ele fez suas bandejas seraCQmpanhadascom panfletos que diziam queproduto. orgânico é menor, disforme, maisduro, menos saboroso mas que não possuiresíduos tóxicos. Mas, lembrei me das verdurasfabulosas de minha mãe, que nunca usoualgum adubo químico e que eram belas,grandes e saborosas,: podendo concorrervantajosamentecom qualquerprodutodaagriculturaquímica.

O agricultor aqui já tinha muitas dividase me disse, que tinha de desistir e voltar aagricultura química, o mais tardar em seismeses, porque não aguentava mais osprejuízos.

Olhei o sítio muito bem cuidado” pegueium punhado de terra da qual pingava água,arranquei uma raíz de Beringela, depois de umacenoura e mais tarde de um repolho e umabeterraba, o quadro era sempre o mesmo.Raízes pequenas, pequenas demais para asplantas, compactas, e superficiais. Fugiram doexcesso de umidade, na procura de

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ar.beterraba, o quadro era sempre o mesmo.Raízes pequenas, pequenas demais para asplantas, compactas, e superficiais. Fugiram doexcesso de úmidade,’ na procura de ar.

Cheirei na terra e me espantei com ocheiro de pántano. Era tipicamente o odor degás metano e gás sulfidrico. ambos tóxicos paraas raízes das plantas Era sinal de umadecomposição anaeróbia da matéria orgânica.Cavei um pouco mais fundo e finalmente em35cm encontrei 9 composto. ”Por que vocêenterra seu composto tão profundo? "0 homemse espantou da pergunta: “Mas para as raízesencontrar nutrientes quando descem no solo”.“Pois acontece que suas raízes não descem porcausa desta matéria orgânica enterrada. Aquino trópico ia partir de 15 cm o solo é anaeróbio.E gases tóxicas, as raizes não suportam.”Ele nãose deu por vencido: “Mas o NPK também seenterra para que as raizes encontram nutrienteslá embaixo. “Correto, más primeiro, compostonão é NPK em forma orgânica e segundomuitas vezes, como por exemplo a soja, nãoconsegue aproveitar o adubo que se coloca em15 cm de profundidade, porque até que a raizpodia crescer tão profundo uma laje já impedeseu caminho.

Em seu caso as raizes fogem tanto doexcesso de umidade como dos gases tóxicos.Não tem possibilidade de crescer. O hortIcultorme olhou desconfiado. Era europeu e láfuncionava.

“Bem, aplica seu composto somente nasuperficie do ‘solo.

“isso não funciona, porque assimperderei todo nitrogênio.

“Deixa o perder, não vai lhe fazer falta.Se a decomposição é aeróbia, vem fixadoreslivres doar e lhe fixam muito mais nitrogêniode que você perdeu.

O homem não se conformou ainda.” Masse faço isso, todas as raízes permanecem nasuperficie, dentro da camada de composto enão crescerão para baixo.

”Se fazem isso, porque elas procuramboro. Então aplicamos 8 a 12 kg/ha de Boraxantes de preparar a terra. Cheio de dúvida oagricultor fez sua primeira área de experiência.Mas o que aconteceu agora deixou a todosestupefatos. Ocorreu uma verdadeira “revolu-

ção verde (e os produtos orgânicos se tornarammaiores, mais tenras, mais saborosas e de muitomelhor aspecto de que os convencionais eainda eram de conservação melhor. Era umamudança tão grande que o supermercado nãoquis acreditar que os produtos ainda eramorgânicos e os vizinhos “convencionais”converteram para orgânico para ter tambémhortaliças tão boas. E para poder controlarmelhor e sempre seu solo o agricultor pediu detreinar seus boia-frias para imediatamente seravisado se alguma coisa não estava certa. Osdiaristas se empolgavam agora com seutrabalho porque não eram mais simples mão-de-obra, mas colaboradores. E tudo funcionoutão bem que o agricultor tomou eIes mesmocomo seus associados participando no lucro.E os vizinhos se cooperaram com ele paraparticipar nesta empreita. Ninguém acreditouque agricultura orgânica pode produzir tãobem. Pode, mas somente quanpo também éecológiça e se as práticas agrícolas se inseremna natureza.

QQQQQUANDOUANDOUANDOUANDOUANDO ASASASASAS RAÍZESRAÍZESRAÍZESRAÍZESRAÍZES ENGROSSAMENGROSSAMENGROSSAMENGROSSAMENGROSSAM

EIe foi considerado o melhor agricultororgânico na redondeza da capital. Era oorgulho de sua ONG que se derreteu desatisfação. Isso você tem de ver. É umaverdadeira beleza.

A horta foi boa e de fato as verduras erammelhor de que dos outras agricultoresorgânicos desta ONG. Mas mesmo assim asverduras eram pequenas e não álcançaram umtamanho normal. Não tinha doenças e pareciatudo um mar de rosas, ou melhor, de repolho.Somente a super-irrigação me intrigava. Oterreno era tudo ancharcado “Por que vocêsirrigam tanto?” O pessoal ficou surpreso. “Nãoé nada damais”.

Nas beiradas dos canteiros cresciavegetação nativa, para não deixar o solodescoberto. Mas a planta mais frequente era aerva-lanceta (Solidago microglossis), capimrabo-de-burro (Andropogon spp) e algumcapim sapé (Imperata exaltata). Todosindicavam um solo bastante ácido e o que nãoera o aconselhado para Brassicaceas. Algumacoisa aqui estava errada. “Posso arrancar um

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pé de repolho “, o agricultor concordou “. Claroque pode”. Olhei as raízes que eram todascuurtas, grossas, até bulbosas com muito poucoradículas. Ás vezes formaram até uma espéciede batatinha. “me digam, por que o repolhofaz isso? “Todos se olharam e depois meexplicaram que repolho é assim mesmo..“Claro, porque vocês têm aqui uma deficiênciaviolenta de cálcio. Por isso também tem pés quenão conseguem fazer uma”cabeça.”E as raízesengrossam e não conseguem mais absorverdireito e as plantas murcham com facilidade,por isso vocês irrigam tanto. “Todos se olharamperplexos. E o que fazer? “Naturalmente aplicaruma calagem. E se vocês não Item nenhumaanálise do solo, colocam por enquanto 1000kg/ha e depois controlam um pouco seu pHque deve estar ao redor de 4,5 pelas plantasnativas que aqui crescem. Seu repolho vaimelhorar e crescer melhor com menosirrigação.

Uns 4 meses mais tarde, quando andeino centro de São Paulo, de repente alguém meabraçou. Era o agricultor do repolho. Estou tãofeliz e tão grato; apliquei calcárío e agora orepolho tem quase o dobrou de tamanho e airrigação podia sef bastante reduzida. Agoraponho água somente cada segundo dia e nãomais dia e noite. Como sabia que faltavacálcio?”

Como sabia? Somente observando. Sealguma coisa não é normal, e esta irrigação nãoo era, então devf ter alguma razão que precisaser removida.. E neste caso se procura até achara causa.

RRRRRAÍZESAÍZESAÍZESAÍZESAÍZES AMARRADASAMARRADASAMARRADASAMARRADASAMARRADAS

Dei um curso em Equador e me pediramde visitar uns plantadores orgânicos de tomate.Tinham estufas muito bem feitas, grandescomposteiras e em cada canteiro tinha três“tripas” para irrigação de gotejamento. Ostomateiros pareciam bem sadios mas cada vezquando a primeira penca de frutas começoupintar morria o pé. Chamaram os fitopatologistaspara encontrar a razão, mas hão tinha nemfungo nem bactéria ou virus que causava estamorte súbita. Procuravam nematóides mastambém não tinha.. A causa ficou cada vezmais misteriosa. e o horticultor cada vez mais

desesperado. Vieram até norte-americanos paraestudar o caso mas não podiam encontrarnada. Era uma doença estranha” inexpicavel eruinosa.. Já ficavam com medo que o agentepatológico, podia espalhar-se para outrasestufas e acabar com a cultura de tomates.

Olhei os tomateiros onde alguns jáestavam morrendo “Como estes já não vãoproduzir mais, posse arrancá-Ios? Sacar, elesdizem lá. “ O proprietário permitiu. “Claro” nemprecisava perguntar.” Arranquei um pé detomate. A raiz era pequena e muito compactae estranhamente amarrada. Tirei outro pé, amesma coisa. “Porque vocês amarram as raizesdos tomateiros?” O homem se espantou:Amarradas?” Como? Ninguém amarra aquiraiz, alguma. “E mesmo assim tinha um laçode barbante que amarrava a raiz igual comoum pé de moça chinesa ,antigamente.

O problema era o seguinte. Esticaram em5 a 6 cm de profundidade um arame em queamarravam barbantes onde iam enrolar ostomateiros. Era melhor que estaca, porquepodía se mover e assim produzem mais. Osbarbantes eram meio soltos, para permitir maisfácil de enrolar os tomateiros ao redor. E paraque cada pé era no centro do barbanteplantaram-no exatamente acima. onde secruzavam arame e barbante. A raiz cresceu,esticou o barbante que agora formava um laçoe a raiz ficou amarrada, confinada a um espaçomuito pequeno do solo. Quando esta poucaterra era esgotada, e todos os nutrientesabsorvidos, a planta morria, simplesmente defome.

“Olhe, quando você planta uns 5 cm maispara frente ou para traz não vai mais morrertomateiro algum.

O homem me fitou com lágrimas nosôlhos. “E por causa destes 5cm perdi já trêscolheitas?

NNNNNEMATOIDEEMATOIDEEMATOIDEEMATOIDEEMATOIDE MATAMATAMATAMATAMATA????? Era na região do Alto São Francisco em

um assentamento de pequenos agricultoresdo Vale de Ribeira, onde vendiam suasterrinhas íngremes e vieram para cá. Tudoparecia um sonho. As terras planas, as casasde alvenaria, que o Governo forneceu, com luze água encanada, aquedutos que trouxeram a

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água para as lavouras para irrigação e créditofácil. O que se queria mais? E cada um plantouo que era acostumado, especialmente bananas.

As bananeiras cresciam muito bem masquando deveriam soltar as flores começavammorrer. Examinavam tudo. Não era nem o Maldo Panamá, nem Shigatoka, não eram fungosnem lagartos. Era tudo sob controle. Aplicavamos pesticidas regularmente. Nisso não faltava.nada. E os bananeiros morriam. Finalmenteexaminavam as raízes. Eram nematóides.Aplicavam Furadan. Era caro, mas para poderproduzir a gente faz de tudo.

Mas os nematoides não se intimidaram.Os bananeiros continuavam a morrer. Oagricultor aplicou cada vez mais Furadan, tinhade vender seu caminhão, vendeu a casa, fezdívidas... mas os bananeiros continuavam amorrer. Parecia o paraíso do diabo.

O agricultor estava desesperado porqueera arruinado. Esperavam ter uma vida melhore agora estavam perdendo tudo “Por amor deDeus,”venha ver meu bananal. Fui lá. Ohomem cavou e me mostrou as raizes. De vezem quando mostravam um quisto de nema-toide. Mas sera que tão poucos podiam justificara morte de uma planta tão grande?

“ Examinei as raizes, algumas tinhampequenas rosetas e as pontas estavam mortas,em outras as pontas ainda eram vivas. Seexistem rosetas e a ponta continua crescendoformando outras radiculas normalmente é afalta de zinco. Se as pontas morrem é a falta deboro. “Quem controla aqui a irrigação. “Se asplantas passaram por uma épóca de seca ozinco não é bem absorvido que se expressavaem entrenós de galhos e a distância entreasradiculas mais curtas, parecendo formartufinhos. Mas depois a ponta da raiz continuaa crescer, que não faz se falta boro. E aqui aspontas eram mortas. O homem também disseque era ele mesmo que irrigava, aindacontrolando a umidade pelo “moisture teller.”

Então a deficiência de zinco caiu fora. Aúnica maneira de confirmar a farta de boro erapara verificar a conformação interna dostroncos.

“Corte quanto precisar” disse o dono dosítio. Cortamos um e aparecia o famoso anel

aguado, tao típico para a deficiência de boro.Cortamos outro, outra vez este anel de célulasaguadas en num terceiro o anel de célu,l~sjáestava começando a apodrecer. Não tinha maisdúvida: ê boro que falta. Sugeri: “Junte na águade irrigação 12 a 15 kg/ha de ácido bórico”“só? “Podia ser que precisava um pouco mais,mas de qualquer maneira iria resolver oproblema. E resolveu mesmo. Somente em umaquadra tinha de aplicar 20 kg/ha de boro.Como era fácil. Não necessitaria de ter perdidotanto neste combate inútil aos nematoides, sede fato somente era a deficiência em boro. Araiz teria contado isso. Mas ninguém aperguntou.

PPPPPORQUEORQUEORQUEORQUEORQUE MORREMMORREMMORREMMORREMMORREM ASASASASAS BABABABABATTTTTAAAAATINHASTINHASTINHASTINHASTINHAS

Plantamos um pouco de batatinhas masmorreram todas “me disse o gerente geral deuma usina. Para outra pessoa teria sido muitabatatinha, estes 500 ha mas para uma grandeusina com milhares de hectares de cana-de-açucar era somente um pouco. “Mas morreramporque? E então contou que adubaram bemno plantio, mas as batatinhas, ficaram amarelas.Só podia ser deficiência de nitrogênio.Passaram uma adubação foliar com uréia porcima e ai simplesmente morreram E não tinhamrazão nenhuma para morrer, porque foramirrigados por 3 pivós-central. Por que será? Nãoadiantava especular o que podia teracontecido. Tinha de ver. Abrimos o solo. Abatata-mãe estava em 40 cm de profundidadee uma grossa faixa de adubo em 45cm. Pelojeito a irrigação foi boa e água não faltava.porque uma laje bastante dura se encontravaentre 12a 30 cm de profundidade. Mas comobatatinha não faz suas raizes em 40 cm deprofundidade, e la tinha formado um tipo de”ümbigo.”, um haste branco de 30 cm até 10cm, onde formou seu ponto vegetativo enasceram as raizes: Mas quando estasfinalmente se desenvolveram e poderiam terdescidas, já tinha se formado uma lajecompacta, A água aspergida pela irrigaçãotinha destruida os agregados da superflcie e aargila foi lavado para dentro do solo, formandouma laje cada vez mais grossa e maiscompacta..Agora as raÍzes lá encima não alcançaram maiso adubo lá embaixo e as batatinhas ficaram

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famintas. Podiam ter sabido que ia acontecer,porque é comum um agricultor dizer: asbatatinhas que plantei antes da chuva nãoderam nada, mas estas plantadas depois dachuva deram uma colheita muito boa.Justamente porque estas de antes da chuva, sechocavam com uma laje, que a água da chuvaformou e que as raizes não podiam mais passar.Neste caso, qualquer adubação foliar étemerosa, se não for usado uma mistura demuitos nutrientes. Em Feijão não é diferente..

E quando estas batatinhas receberamuréia, era o único nutriente de que dispunhamagora. Cada excesso induz ainda a deficiênciados outros nutrientes. E, neste caso uréia agiucomo uma solução monossalina Porque asplantas eram famintas. Mas cada solução deum elemento só, sempre e venenosa, tanto fazse e nitrogênio ou potássio ou alumínio. Querdizer pouco dos outros nutrientes e muito deum sempre é venenoso. E as plantas morreramlogo em seguida.

E fazer o que? Eu ri. Plantar como abatatinha o exige, em 10cm de profundidadee depois aterrar. Assim eles conseguem utilizaro adubo que vocês aplicam e não precisammorrer, por uma adubação foliar.

E ridiculamente simples” disse o gerente.É mesmo. Somente que vocês consultam tudomundo, menos a raiz da batatinha. Se tivessema perguntada, não teriam perdido sua lavoura.

CCCCCULULULULULTURTURTURTURTURTTTTTASASASASAS PPPPPAUPÉRRIMAAUPÉRRIMAAUPÉRRIMAAUPÉRRIMAAUPÉRRIMA EMEMEMEMEM SOLOSSOLOSSOLOSSOLOSSOLOS RIQUÍSSIMOSRIQUÍSSIMOSRIQUÍSSIMOSRIQUÍSSIMOSRIQUÍSSIMOS

Ninguém podia acreditar que no Brasilexistiam solos tão ricos Todos olharamincrédulos as análises da EMBRAPA. mas nãotinha dúvida Elevados niveis de todos osnutrientes, em parte extremamente altos e ocálcio beirava ao limite do tolerado pelasplantas... Eram os solos de Fernando Noronhapara onde uma tunna de agrônomos foiconvidado para fazer um projeto de desenvolvi-mento. E, enquanto esperamos a partida doavião imaginamos um paraíso luxuriante, comoos descobridores do Brasil o tinham encontradouns 500 anos antes. Também nós contaram queera a última estação dos veleIros, para seabastecer com água, antes de começar atravessia do Atlântico.

E, fora disso, este arquipélago era deorigem vulcânico e os solos eram de cinzasvulcânicas, de uma riqueza desconhecida nostrópicos. Porém seja dito, que também Japãotem seus solos de origem vulcânico e conseguiudestruí-Ias por adubos químicos e as chuvas.ácidas das indústrias. Mas nem indústria, nemadubos quím,icos em grande quantidadeexistiam na ilha principal. para acabar com oparaíso que nos esperava.

Mas quando chegamos vimos somenteum tipo de sertão. A boa parte das árvores nãoera maior de que 3 metros de altura.

“As fontes secaram e os norte-americanosfizeram poços artesianos em que, agora, asárvores de Mulungú enfileiraram suas raízes,tornando as águas venenosas, imprestável parao consumo. E que restou da vegetação ascabras destruiram. Visitamos agricultores, todosdescendentes de desterrados ou de simplesapenados. Diziam que antigamente plantaramuvas que agora não frutificaram mais e asárvores frutíferas que ainda cresciam como ataou cherimólia também conhecida como fruta-de-conde, laranjeiras, abacateiros e outramostrara sinais típicas de uma deficiência fortede cálcio. E isso em solos com 360 mmol/dm

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de cálcio. Duvidei dos meus conhecimentosdos sintomas de deficiências, e perguntei oveterinário da ilha, se já, uma vez, tinhaobservado a deficiência de cálcio em animais.”Uma vez?” ele perguntou. “Todos os dias mechamam para dar uma injeção de gluconatode cálcio em uma vaca ou cabra leiteira quecaem e não levantam mais e morrem quandonão são socorridos com esta injeção”. Agoranão entendi mais nada. Sabia que estas são asterras mais ricas em cálcio de todo Brasil?perguntei. Ele não o sabia. Sempre pensava queestas terras fossem extremamente pobresporque também a deficiência de fósforo eracomum no gado, apesar dos 800 mg/kg de solode fósforo, indicado nas análises.

Cavamos a terra e em lugar algum o solosolto e enraizado era maior de que 4 a 5cm. Eera de se supor que esta camada superficial erapessimamente lixiviada pela chuva. Mas o quetinha acontecido? Aqui não resolveramconhecimentos do solo, aqui já necessitava dedados históricos.

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A ilha, já na época dos portugueses erapenitenciara e ilha de desterro. Ainda existe umforte, com canhões que não somente adefendia, mas que também abrigava asmasmorras. Naturalmente tentavam fugir,especialmente quando trabalhavam naagricultura. E como lá existe uma madeiraextremamente leve, o pau-balsa, um parenteda paineira, fizeram balsas. Os guardas quetinham de impedir isso, se facilitaram a vida, epara poder , ver com binóculos o queacontecia em toda ilha, simplesmentequeimaram a vegetação para não impedir avisão. Quei-maram durante centenas de anos.Aí, o solo, sempre exposto ao impacto daschuvas tropicais, se compactou de tal maneiraque nem água nem raízes penetravam mais etoda fertilidade fantástica ficou inacessível. Erao efeito das queimadas, do fogo, do qual se dizque não prejudica o solo. Era um paraísodestruído.

Visitamos agricultores, num lado parasaber o que se podia fazer em termos agrícolas,mas também para ajudar, especialmente porquese queixavam que neste ano suas colheitas demilho quebraram. Chegamos no primeiro sitio.O milho era miserável e mostrou o que se iriadenominar no nordeste de “seca verde”.Perguntei: Você trabalha com trator? ”Ohomem me olhou assustado. “Não, nunca” eledisse. Queria saber se ele aduba, “sou pobre enão tenho dinheiro para comprar adubo”. .

Acreditamos nisso. “0 seu campo équeimado?” novamente uma negação. Todosjá acharam que seria díficil achar a causa dofracasso. Mas me acostumei nunca acreditar oque me informam. Geralmente dizem o que elesacreditam que as pessoas querem ouvir. E issonão precisa ser verdade. Abri o solo e cavei. Jáachei impossível de ter lavrado tão profundo,quando finalmente em 38 cm encontrei a solade trabalho. Fiquei bastante chateada. ”Vocêtrabalhou aqui com trator pesado ou usaelefante porque com burro não se conseguearar tão profundo, nem em terra macia.” Ohomem ficou incomodado. “Sabe que foi, aPrefeitura que mandou este ano tratores paraarar, porque consideravam os solos muitoduros” Agora procurei a profundidade deplantio e encontrei uma larga faixa de adubo

ainda completamente intacta, colocado abaixodas raizes.“ De onde vem todo este adubo eporque você me disse que não adubou?” Ohomem se torceu, gagejou’ e finalmenteconseguiu dizer que foi a Secretaria deAgricultura que mandou o adubo.. Agora jáestava toda desconfiada. Examinei bem umalasca de terra que tinha extraída e em todas asprofundidades aparecia cinza. “Me diga, deonde vem toda esta cinza se não queima. Aquifoi queimado todos os anos.” Agora o homemquase chorou. “Acredita, nao fui eu quequeimei. O vizinho queimou e o fogo passoupara minha terra” “Bem, não perguntei quemera o dono do fósforo, perguntei se o campofoi queimado.”

Não era mais dificil imaginar o queaconteceu. Pelas queimadas anuais não existianem traços de matéria orgânica neste solo e nemna camada superficial tinha agregados. Pelaaração profunda se virava terra entorroada emorta à superfície que não resistiu ao impactoda chuva e ficou muito pior do que era. Oadubo colocado liberalmente se dissolveu emparte. Mas como faltavam poros maiores epouca água penetrava, o milho cresciapraticamente numa “salmoura” e aí “pifou”. Aajuda oficial fez os agricultores perder suacolheita. Depois um Agrônomo do Sertãopernambucano nos confirmou:” Pelo fogo osolo fica duro e o melhor solo não dá maisnada.. O que se precisa e acabar com asqeimadas para recuperar os solo pela matériaorgâníca..”

último ano.” O pecuarista não gostou. “Épor que não entrou gado aqui?” “porquemorreram 800 animais da aftosa e este pastosobrou.”

Deste então nunca mais acredito emlevantamentos oficiais e acostumei de ver tudopor mi para ter certeza o que acontece.

O O O O O PASTOPASTOPASTOPASTOPASTO AMAZÔNICOAMAZÔNICOAMAZÔNICOAMAZÔNICOAMAZÔNICO

Derrubaram a selva quase com fúria.Queriam ganhar os subsídios do Governo” quésomente iriam reéeber se desmatavam nomínimo 5000 ha por ano. Neste caso o Governoarcava com 75 % das despesas. E depoisplantavam pastagens. Primeiro capim Colonião

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que raramente durou mais que 3 anos e depoisBrachiaria.. Tratavam o solo amazônico comose fosse uma. argila fértil norte americana emclima temperado. Mas eram solos arenosos,paupérrimos, em clima tropical úmido. E achuva logo em seguida lavou a pouca argilaque continha para dentro de solo, formandouma laje dura em 80 cm de profundidade..Aqui, a água estagnoue o único capim que sesentia a vontade era o rabo-de-burro(Andropogon spp) mas que o gado não comiae quando o comia ficou com uma deficiênciaviolenta de cálcio. Consultavam especialistaso que fazer. Aconselhavam de dinamitar a lajeno subsolo, e adubar com cálcio, fósforo enitrogênio. Era tudo correto, mas eram 75.000ha dentro, da selva, sem estradas apropriadaspara caminhões pesadas. Teriam de trazer oadubo com heliocópteros. Mas quantas viagensisso daria? E quem iria dinamitar a laje em tantoslugares que a água estagnada podia se drenar?Praticamente era mais um projeto amazônicofracassado, como a maior parte dos outros. Nãotinha nenhuma outra solução?

As pastagens eram tristes. Mas a naturezanão, recuperava ainda solos destruídos? E , sealguma vegetação arbustiva fizesse algumasombra durante uma ou duas horas por dia, oscapins necessitariam menos cálcio e menosnitrogênio. E se estes arbustes seriamleguminosas iriam mobilizar fósforo. Então oproblema da adubação seria resolvido. Mascom sombra o pasto seria mais pobre e o gadonecessitaria um suplemento. De onde arrumarisso aqui na Amazônia? E se o próprio arbusteforneceria este suplemento? Vamos tentar.Nesta altura tudo valia.

E se tentaremos plantar guandú (Cajanusindicus e C, cajan)? O Instituto Agronômico deBelém duvidou. Aqui não cresce guandú, e secrescer não vai florescer, e se florescer não vaiformar sementes. É de outro clima e outros solos.

Agradeci as informações, mas era a únicae última possibilidade de salvar este projeto.Iriam perder tanto que mais um pouco já nãofazia diferença. No início das chuvas“regulares” lançamos lançamos semente deguandú de um avião pequeno. Para surpresados técnicos locais, eles nasceram, cresceram,floresceram e formaram sementes. O capim

Brachiaria voltou e pela sombra que recebeuesverdeou e cresceu bem! Mas ainda tinhamuito rabo-de-burro. Porém no segundo ano,o guandú fez raízes profundas rompeu a laje eo Andropogon sumiu. Era como um milagre..Vieram turmas de doutorandos dos EstadosUnidos de Norte para pesquisar este milagre.Nunca tinham ouvido de um enfoque holístico.Compreenderam que onde falham as soluçõesmecânicas para fatores, ainda existem meiosnaturais para o sistema.

O gado veio e pastou o capim e pastouigualmente seu suplemento, que eram folhas esementes de guandú, engordavam, até muitomelhor do que anteriormente, e a lotação quejá tinha baixado para 0,2 animal por hectaresubiu novamente para 1,0 rez/ha.

Mas a pobreza induzida dos solos tinhaainda outros efeitos. Existia um touro Gir nailha, muito manso e querido a todos. Por isso,quando ficou velho foi simplesmenteaposentado e ninguém pensou em mandá-Ioao matadouro. Mas pouco a pouco os costumesdele incomodaram. Quase todos os dias subiusolenemente a rampa do palácio ”do Govemo,entrou na secretaria e comeu a correspon-dência do dia e os despachos. “Não sabia maiscomo descer e foi cada vez uma campanha derecambiar o touro ao campo. Uns acharam quecomer papel era melhor do que comer plantastóxicas, mas o Governador não gostou porquenão era papel qualquer mas atas oficiais. Poucoa pouco já nutriam a idéia de mandar abatereste touro. Mas como estivemos lá para umlevantamento o Governador perguntou: “Oque fazer para que o touro não come mais osdespachos governamentais?” Tinha de rir,porque era muito simples. Gado tem um apetitedepravado quando é deficiente em fósforo epotássio. Neste caso como chapéus, jaquetas,plantas tóxicas, papel, e tudo que é diferentedo capim, na procura desesperada dosnutrientes deficientes. Quando Ihes faltar clorocomem a terra onde urinaram, quando faltarcobalto roem a casca de árvores, quando faltanitrogênio lambem o reboque das casas, salvoque foi pintado com Suvenil, de modo não émuito dificil descobrir a deficiência. “Mandadar-lhe todos os dias farinha de ossos, assim nãocomerá mais os despachos e cartas. “E foi o que

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fizeram e daqui em diante o’ touro desprezoua rampa do palácio e nunca mais subiu,nempara matar saudades...

O O O O O PASTOPASTOPASTOPASTOPASTO MILAGROSOMILAGROSOMILAGROSOMILAGROSOMILAGROSO

Era um ano em que a aftosa tinha arrasadoos rebanhos do Rio Grande do Sul. Não queteriam negligenciado na vacinação, mas olaboratório tinha resolvido baratear a produçãoda vacina e em lugar de coelhinhos de 4 diausavam simplesmente ovos incubados por 1semana.. E a vacina não deu prova. Foi umacatástrofe. Durante meses a Secretaria deAgricultura fez levantamentos do prejuizo enossa Universidade pediu uma cópia da ãta.Descobrimos que um único pecuarista nãotinha perdido nada. Era um milagre. O que seráque ele fez? Será que ele usou no início do surtoo remédio antigo, uma colher de querosene nacovinha da nuca dos animais? Ou será que temgado já resistente? Ou seus pastos são tododiferentes das dos outros, com um solo todoespecial, que o gado é tão bem nutrido quenão adoeceu? Eram muitas perguntas efinalmente resolvemos formar uma turma deveterinários e agrônomos e visitar esta fazenda.

O pecuarista nos recebeu muito gentil efoi pessoalmente junto para nos mostrar seuspastos. De repente me deparei com um pastocom vegetação diferente. Não eram as plantasestoloniferas que dominaram -comum-empastagens, deitando estolões acima da terra queenraizam em todos os entrenós. Aqui tinhasomente plantas cespitosas, que crescem emtufinhos, nem deitam os colmos nem formamestolões. São típicos de capineiras ceifadas oufora de pastoreio.. E isso uma peculiaridade doSul, que a vegetação nativa muda seu hábitoem campos pasta dos e não pastados.. Era umaárea bastante grande. “Por que vocês nãopastaram aqui durante o último ano? “perguntei.O pecuarista me rebateu: ”pastamos sim, fazduas semanas que tiramos ao gado daqui.”Não senhor, aqui não andou gado nenhum,chama seu capataz.” Finalmente o homemapareceu e seu dono lhe perguntou: “Não éque tiramos o gado daqui faz duas semanas?O rapaz coçou sua cabeça, olhou de maneirasubmisso a seu amo e respondeu: “Não Senhor,Aqui não entrou gado.

GGGGGADOADOADOADOADO DEDEDEDEDE CORTECORTECORTECORTECORTE X X X X X GADOGADOGADOGADOGADO DEDEDEDEDE LEITELEITELEITELEITELEITE

A fazenda era otimamente organizada. Odono me mostrava as pastagens, todos empiquetes de 2 ha, cada com bebedor e cochode sal. Para cada 6 piquetes tinha um galpãorústico ou um bosque para sombra para que ogado podia ruminar comfortavelmente, Era oprotótipo do “sistema Voisin”. 0 pastejo erarotativo, controlado pela quantidade deforragem mas também pelos dias de ocupação.Evitava-se de deixar o gado comer a rebrota.Todos os piquetes eram plantados com capimpangola ou capim estrela. Parecia tudo umabeleza. Mas somente parecia.

Olhei o capim que deveria ter colmosdeitados, mas que produziu somente a partecentral da planta. Os colmos eram curtos eeretos, nenhum deitado e enraizado nos entre-nós. Por isso o pasto era ralo e um muitoslugares se podia ver o solo. Não tinha dúvidaque aqui existia uma deficiência grave defósforo. Ranquei um capim para ver se eramesmo a deficiência do solo, ou se era somenteum defeito no manejo do pastejo, que erapesado demais e não deixava o capimdescansar o suficiente. Neste caso ele faz raízescurtas superficiais, porque lhe falta a energiade poder formar um sistema radicular maior.Mas as raízes eram razoavelmente profundasque significava, que não encontravam, fósforono solo.

Perguntei, como por acaso: O Senhor nãotem bastante problema com mastite ? O homemme olhou meio surpreso, meio assustado“Infelizmente tenho; e não pouco.” Acheitambém, de vez em quando um capimSporobulo. Ele significava que faltava tambémmolibdênio, talvez somente não foi absorvidopela vegetação porque o solo era deficiente emcálcio.. E neste caso o tamanho do gadodiminuiu bastante. Pedi para ver as vacas, queele tinha trazido das montanhas de Tirol comavião. Não se preocupava se este gado alpinoiria dar em clima tropical. Simplesmentesimpatizava com a cara das vacas. Achou elasuma beleza, especialmente porque eram de“propósito duplo” isto é carne e leite e trouxeeles para cá. As vacas importadas eramrealmente de tamanho impressionante, mas asfilhas delas já não eram mais assim.

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O corpo estava uns 20 a 25 cm mais curtode que das mães. Muitas com uberes duros einchados. Quis saber:”as parições são menosque 70%?” Já jutei para baixo.

O homem afirma, são menos que 60%.“Será que mandaram gado com problema?”Mas não foi isso. Era simplesmentea falta defósforo na forragem. Voltamos em silencio paracasa. Depois, quando já estamos sentados navaranda eu quis saber? “De onde o Senhor tirao dinheiro para manter tudo isso? Aqui oSenhor só perde dinheiro”. Ele me olhouassustado mas depois respondeu, que era dasfazendas de café em Paraná. “Mas como sabeque estou perdendo dinheiro?” Era simples dever. Gado de cria nunca iria dar nestaspastagens. Para gado de corte eram ótimos. Estesó precisa de proteínas. Antes desta importaçãode Simmental ele era invernador e ganhoumuito dinheiro especialmente quandointroduziu o “Voisin” que era capaz de fornecersempre forragem nova e rica em proteínas..Mas gado novo necessita muitos minerais paraformar seu corpo: ossos, músculos, sangoe,nervos e, para poder crescer. E isso, estes solosnão forneciam. E o gado de cria era especial-mente exigente em cálcio e fósforo. “ O Senhortem aqui somente duas opções: ou voltar paraa engorda de gado ou adubar com fósfatocálcio. ”Agora ele quase chorou. “Olhe, eu erainvernador, mas com isso ninguém faz umnome. O que quero é ter um nome comocriador... E esta aqui é, a única fazenda ondeposso ter gado. “Ele se calou, e depois disseresolvido: ”Vou fosfatar, e não pouco, pode tercerteza. ”E ele comprou 6 vagões de trem comfosfato porque um nome famoso lhe valia isso.

OOOOORGÂNICORGÂNICORGÂNICORGÂNICORGÂNICO NÃONÃONÃONÃONÃO NECESSITANECESSITANECESSITANECESSITANECESSITA SERSERSERSERSER ECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICO

Encima nos Andes, na Colômbia, em3.200m de altitude uma ONG implantou umapropriedade modelo para os índios.Tudosegundo as normas, orgânicas, claro, porquelá a agricultura era a tradicional orgânica desdeos tempos de Colombo e o descobrimento dasAméricas. Fizeram tanques de concreto ondecultivavamplantas aquáticas para a produçãode composto. Fizeram instalações cimentadaspara próprio composto, fizeram minhocários,para depois soltar as minhocas nos campos e

tiravam a sombra dos cafezais para que estesproduzissem mais.

O próprio índio recebeu um megafone ecom este deu suàs mensagens, ou seja, os quetinha apreendido, para seus pares nas encostasíngremes das montanhas. Falava de metabo-lismo e fisiologia vegetal, de íons e pH, dafotossíntese e outro mais. Os rostos de seusmestres eram radiantes. Como ele apreendeubem tudo isso. É um rapaz inteligente.Tiveminhas dúvidas. Será que ele sabe e intende oque está dizendo? Eles me olharam surpresos.Evidentemente que não, mas ele decorou tudomaravilhosamente. E vocês acreditam que osoutros índios entendem isso? Agora as caras seenuviaram. Nisso não pensamos ainda. Mas,em todo caso todos vizinhos ficaram sabendoque algo de novo estava acontecendo aqui.

Mostravam com muito entusiasmo ascomposteiras que de fato já possuiam, emparte, composto pronto para o uso. Enquantoexplicavam para os colegas todo processo decompostagem olhei um pouco a terra preta doscampos. Nesta altura a decomposição é muitolenta, porque mesmo perto do Equador o ar éfresco e rarefeito. Já em Campos de Jordão osolo contém muita turfa, porque a matériaorgânica não se decompõe facilmente. O soloera preto e parecia conter muita matériaorgânica. “Vocês, por acaso tem alguma análisedeste solo?” quis saber.

Eles tinham e a análise confirmou minhasuspeita. O solo estava com 18% de matériaorgânica. “Me digam, mesmo com 18% dematéria orgânica pretendem ainda colocarcomposto?” Eles queriam, porque nas Normasse dizia que necessitava abonar o solo comcomposto. Finalmente composto, para eles erasimplesmente NPK em forma orgânica e umaadubação iria enriquecer o solo e aumentar acolheita.

Para mi o limite de matéria orgânica eraao redor de 4,5%. Tudo que era acima já eraproblemático.

Tirei uma mão desta terra preta e uns 4ou 5 minhocas bem dispostas pulavam fora.Por toda parte o solo era habitado por minhocas,que, aparentemente gostavam este ambiente.Perguntei: “Porque vocês querem soltar aquiminhocas se já têm tantos nesta terra?” Me

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olhavam com desprezo. “Naturalmente,porque estas minhocas são somente nativas,mas nossas são importadas da California”.Claro, me esqueci deste por menor. Somenteque para mim as californianas não prestava paraviver e cavar no solo. Somente prestavam paracomer esterco, muito esterco e transformá-Iaem humus-de-minhoca que depois usavam nascovas das mudas. Mas como eram muito“molengas” não eram próprias para o solo.

Fomos ver o cafezal, agora insoleirado.Era uma, trisfeza, ou melhor um mostruário dedeficiências minerais. As folhas eram pálidas equeimadas pelo sol indicando uma deficiênciamuito aguda de cálcio. Tirei a folha da análisedo solo do bolso e olhava o pH. Era 2,7. Nemsabia que isso existe efetivamente no campo.Considerava 2,7 como somente um dadoteórico. Mas aqui era realidade. “Porque vocêstiravam aqui a sombra”. Ora essa, no Brasilplantam ao sol e colhem muito mais”. Masacontece que no Brasil os solos são ricos ondese planta café, e quando nao o sao, sãocorrigidos... Fora disso esta variedade deArábico era própria para as sombra. Sabia queos que queriam plantar ao sol cambiaram parao catuaí uma variedade mais rústica, mastambém de qualidade muito inferior ao que elestinham aqui. O famoso café colombiano iriaacabar e com ele a cafeicultura colombiana.Nestas condições somente iria produzir um cafémiserável. Perguntei: “Sabiam que as plantasno pleno sol necessitam de até 5 vezes maiscálcio do que na sombra? Que eles precisammais zinco, boro e outros micronutrientes? Queá falta de água pode se tornar crucial? “Não osabiam, porque na Europa não se planta café.Somente julgavam os índios infinitamente maisburros que eles, simplesmente porque povo decor tinha de ser inferior aos brancos. Mas eles,os brancos, cheio de boa vontade ecomiseração vieram com seus recursos paraajudar e treiná-Ios.

Neste momento ficou claro para mi queagricultura tradicional ainda não é agriculturaorgânica segundo as Normas e que agriculturasegundo as Normas era orgânica, sem dúvida,mas podia ser 100% anti-ecológica e com issocondenada ao fracasso..

FFFFFLORESTALORESTALORESTALORESTALORESTA DEDEDEDEDE NEBLINANEBLINANEBLINANEBLINANEBLINA

Nunca podia imaginar o que é uma“floresta -Se neblina”. Uma floresta que viviasem um pingo de chuva, somente da neblinacondensada nas suas folhas e que pingava diatodo ao chão, molhando-o.

Subimos nos Andes sempre mais alto. Devez em quando apareceu, uma pequenalavoura, onde tinham derrubado o mato eplantado batatinhas. Mas as colheitas não eramanimadoras. Embora em Bolívia e Peru, naregião do lago Titicaca em mais ou menos4.500 m de altitude ainda tinha povoados eplantações cercados de muros, para protegé-Ias do vento permanente, que nestas bandasdescampadas impedia o crescimento dequalquer lavouras, no Equador, nestas altitudesas casas já eram raras. Quando entramos emum mato, em 4000 m de altitude, que nuncafoi derrubado e nunca plantado a terra não eramuito bem agregado, como esperavamos masparecia bastante compacta. Para nós de regiõesmais baixas, não dava para compreender.Especialmente era estranho, porque eram terrasricas, vulcânicas. e matéria orgânica não faltavaao meio da floresta. Subimos mais até 4.800 monde as nuvens envolviam permanentementeos cumes das montanhas. Era uma penumbraeterna onde quase nunca passava o sol. Emesmo assim tinha uma floresta densa. Asárvores cresciam, cairam e morriam, cobertosde musgos e plantas parasitas. Permanen-temente pingava água das folhas. Era um tipode chuvisco que nunca parou. O solo eracoberto de uma grossa camada de folhasmortas. Matéria orgânica não faltava aqui. Ecomo era o solo? Era turfoso como e Campode Jordão no Brasil? Cavamos esta terra eextraimos uma fatia. O que aparecia não eranada parecido do que conheciamos dealtitudes mais baixas O solo parecia um pudim-de-ovos, somente que era preto. Nenhum poro,.nenhum agregado nem um pouco parecidodos solos fértis que conheciamos. Ninguémfalava. Todos fitavam surpresos este solo, preto,úmido, parecendo um pudim. Por que? Tinhade ter decomposição, caso contrário teria umacamada enorme de folhas mortas, de árvorescaídas, de galhos. Mas nada disso aparecia..

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Finalmente um agrônomo dizia. Não existe aquivida de solo que nos conhecemos. Tem de teruma microvida estranha, provavelmentesomemtede fungos, que não conseguemproduzir coloídes. Também a produtividadedestes solos é baixa, apesar da riqueza mineral.Era um Ecossistema todo específico, próprio àmata de neblina nos cumes dos Andes.

QUALQUALQUALQUALQUAL AAAAA PROFUNDIDADEPROFUNDIDADEPROFUNDIDADEPROFUNDIDADEPROFUNDIDADE DEDEDEDEDE PLANTIOPLANTIOPLANTIOPLANTIOPLANTIO EXIGIDAEXIGIDAEXIGIDAEXIGIDAEXIGIDA

Era um Centro de Capacitação paraagricultores indígenas mantida de uma ONGeuropéia, nos Andes equatorianos. Até osletreiros acima das portas eram em quechua oque:deixava supôr que os índios sabiam ler eescrever. Portanto não eram tão desinstruídosapesar de enorme distância para a próximaescola. Mas como as colheitas aqui em 3.200m de altitude eram baixas. justificava um Centrode Capacitação mantido por reuropeus cheiosde comiseração para com esta população queconsideravam infinitamente mais burra de queeles mesmos. Tinham de ser primitivos, pelosimples fato de que não eram brancos.

Mostravam um campo com aveia e ochefe do Centro explicava que nesta altitudenão conseguiu fazer mais do que uma únicaespiga; porqueo climafrio e o solo arenoso nãobeneficiavam a cultura. Enquanto todQSabsorveram as explicações, aliás muito lógicas,cavei um pouco para extrair uma planta e verem que profundidade tinham plantado.Procurava a semente mas não o encontrei.Cavei mais profundo. Finalmente em 16cm deprofundidade achei a semente do qual saiu umlongo cordão branco até 3 cm de profundidade,em que a planta, por programação genética,faz seu ponto vegetativo do qual saem as raízes.A profundidade onde formam as raízes eidêntico para todas variedades de uma espécie.Assim arroz forma seu ponto vegetativo em 2cm, trigo e aveia em 3 cm, milho em 5 cm,batatinhas e cana-de-açucar em 10 cm e assimpor diante. Se plantar mais profundo a plantapode encontrar mais umidade para nascer, maspor cada centímetro abaixo do suaprofundidade programada, ela perde emprodução.

Mostrei uma planta de aveia para o chefedo Centro perguntando, por que eles plantaram

tão profundos. Para mi era um milagre que aaveia ainda fez um colmo. E se ele fosseplantado em 3 em, provavelmente teria nomínimo 8 a 10 colmos. Os capacitadoresolharam surpresos. Nenhum sabia a explicação.Finalmente chamaram o tratorista e esteexplicou, que a semeadeira não funcionou eeles jogaram a aveia a lanço e passaram depoisuma grade por cima. E como a terra era areiamuito mole, ela afundou demais. De certo umaexplicação convincente. Somente, o que osagricultores indígenas iriam apreender não eraexatamente o que eles necessitavam.

Mostravam um campo de milho, ondepoucas plantas tinham vingados. É a altitude eo frio. Aqui parece, que já não é mais própriopara milho apesar que o campo foi irrigado.Claro, ninguém de nos já tinha plantado milhonesta altitude. Embora que conhecia planta-ções bem sucedidas em lugares idênticos. Maspodia ser que ó solo, uma areia pobre, nãofacilitava a cultura. Um rapaz, do outro ladodo campo perguntpu alguma coisa, mas nãodava para entender. “Vem para cá e fala o quequer” sugeri. Ele tentava travessar o campo maslogo afundou. Perdeu os sapatos, que agoraprocurava na lama. Depois continuava etravessia. Afundou até os joelhos, até as coxas,agora já não conseguiu mais se movimentar eenquanto todos riram ele estava preso numpântano. Tinhamos de providenciar umaprancha para poder salvá-Io. O chefe do Centroficou algo incomodado quando um dospresentes perguntou, porque a irrigação era tãodescontrolada. especialmente quando tinhamde bombear a água com uma bomba diesel deum córrego não muito perto? Alguém tinhaesquecido de desligar o motor. Mas eracompreensível que milho não conseguiucrescer em um pântano! Ficou claro para todos, que uma expli-cação, mesmo se parece perfeitamente lógica,nunca deve ser aceita de boa vontade, massempre tem de ser controlada,mesmo se aspessoas são fidedignas. Me lembrei de umaplantação e trigo onde o Administrador geralda empresa me explicou que nesta região semirrigação direta ele não crescia. Cavei eencontrei a sola de trabalho em 7 cm. Estranheiisso e perguntei o porque. Bem, podia ser um

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preparo mínimo, que porém se chocava come compactação extrema do solo. Perguntei,porque araram somente em 7 cm? Oadministrador me assegurava que ele mesmotinha calibrado o arado para 35 cm. Mostrei acamada de matéria orgânica em 7 cm.Chamavam o tratorista. e ele confirmou:” Osenhor calibrou o arado para 35 cm. Mas a terraera tão dura que ele não penetrou mais queisso.” E como o trigo ficou com todas suas raízesna superfície, murchou com poucas horas desol e necessitava de irrigação direta. E mesmoassim não iria produzir muito, porquefinalmente necessita fora de água tambémnutrientes, que nesta camada, mesmo adubadacom NPK não encontrou. O que elesnecessitavam aqui não era irrigação masmatéria orgânica para recuperar este solo..

Raiz e solo sempre dão a informação maisacertada.

TTTTT IMPANISMOIMPANISMOIMPANISMOIMPANISMOIMPANISMO NONONONONO GADOGADOGADOGADOGADO LEITEIROLEITEIROLEITEIROLEITEIROLEITEIRO

Fui convidado para a festa de formaturade 30 homens e mulheres, todos agricultores,que foram “capacitados” num centro detreinamento. Tinham decorados porque e comofazer curvas de nível que em princípio era muitoútil nestas ladeiras dos Andes, mas que eles nãofizeram porque eram acostumados ao sistemados Andenes ou seja terraços, que os Incastinham desenvolvidos com tanta perícia. Ecomo todos possuiam também algumas vacasleiteiras, foram treinados também na manu-tenção destas vacas. Para dar mais leite,necessitavam mais proteínas na alimentaçãoembora proteínas sozinho não aumentam oleite mas a combinação entre proteínas eamidos que necessita ser numa proporção de1/5 a 7. Quer dizer os amidos em quantidadesuficiente são indispensáveis.

O maior tempo do exame do pessoaltomava o combate ao timpanismo. Fizeram issocom muito habilidade, massageavam as vacas,deram chás de ervas medicinais, pílulashomeopáticas, enfim um tratamento que!parecia dar certo.

Minha pergunta foi somente:” Aqui existetanto timpanismo?” Normalmente é umacidente ocasional. Me asseguravam quediariamente 5 a 6 animais apresentavam

timpanismo. Era estranho. Aí me surgiu umasuspeita. Queria ver as vacas e a forragem querecebiam. Me mostravam que o gado recebiao melhor que existia: Ou alfafa ou galhos deleucena.. Mas ambos eram puras leguminosas.E o capim? quis saber. Porque todas legumi-nosas são ricos em saponinas que produzemtimpanismo e portanto nunca podem perfazermais que um terço da forragem total Dois terçostem de ser gramíneas, capim. Os capacitadoresficaram indignados.” Ora essa, ensinamos aosíndios de dar o melhor para seu gado, leguminosas. Eles nunca deram isso. Receberamsementes para plantá-Ias e poder dar umaforragem melhor.

Agora vão produzir mais leite. ”Olheimeio desconfiado. ”Não acredito, não. Porquenão existe vaca que suporta somenteleguminosas; e fora disso para produzir leite seprecisam muitos amidos. Fora de 1/3 deleguminosas um suplemento de milhoquebrado iria dar mais sucesso. ”Me admirei,como eles tinham a coragem de ensinar aosíndios primeiro como produzir timpanismo emvacas e depois como combatê-Io. E meconvenci de que os capacitadores, fora demuita boa vontade também necessitam umpouco de conhecimento que estes aparente-mente não possuiam. O agricultor pode seranalfabeto, mas tem sua tradição que valemuito.

CCCCCALAGEMALAGEMALAGEMALAGEMALAGEM (P (P (P (P (PROJETOROJETOROJETOROJETOROJETO “T “T “T “T “TATUATUATUATUATU”)”)”)”)”)Os solos tropicais e subtropicais , em sua

maioria caoliníticas, facilmente são ácidos, atémuito ácidos. Quem é acostumado de lidar comsolos montmorillonlticos , como ocorrem emgrande parte da Europa e EUA não aceita estaacidez dos solos. Lá, solos que se prezem têm80% de seu complexo de troca tomado porcálcio. No, trópico chega na melhor dashipóteses a 40% que é ridículo para os doNorte. Lá, o cálcio têm a função de agregar ossoIos e criar o sistema poroso. Aqui nos trópicose subtrópicos esta funçao é do alumínio e ferro,que os do Norte também nao aceitam, porquealumínio, para eles, somente pode ser tóxico.e tem de ser combatido, exatamente pelacalagem. Também não se conformam quenossos solos são pobres por unidade, por

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exemplo por dm3 ou por quilograma. Até muito

pobres; 13 a 50 vezes mais pobres que os solosdo Norte. E como para eles lá tudo esta certo eaqui tudo errado, então tinha de ser até um atode “salvamento” de fazer um programa decalagem para os solos ácidos especialmenteporque pretendiam mandar suas novasvariedades adaptadas a elevados níveis de NPKe naturalmente cálcio. E como as universidadesamericanas houvem por bem de apadrinharuniversidades do hemisfério Sul, como as doBrasil, mandaram especialmente especialistasem calagem, que determinavam a quantidadenecessária com sua famosa formula do SMP,desenvolvida para os solos ricos do Norte.Nasceu o igualmente famoso Projeto Tatú.Escolheram a região de Sto. Angelo no RioGrande do Sul. O Governo deu créditos paracalcário e os especialistas americanosincentivaram os agricultores de aplicar calcário,até 35 t/ha. em uma única vez. E quando osagricultores se queixaram que suas terras agoranão produziam mais nada, foram taxados deestúpidos e renitentes e até de nazistas.

Mas o milho e trigo, de fato não produ-ziram mais, até nem queriam crescer porquenestes solos, como poucos micronutrientes porunidade, o calcário desequilibrou tudo..Oselementos que logo faltaram eram zinco emanganês mas logo seguiram ferro e boro eoutros. Era uma catástrofe, mas quem adenunciava era chamado de comunista. Claro,tinha de ser comunista, porque era ”contra osnorte-americanos”. Mas ninguém era contra osnorte-americanos, mas somente contra estascalagens loucas que arruinavam os solos e osagricultores. Mas quem mandou eles plantarmilho e trigo? Podiam plantar soja, quesuportou mais calcário. E o mais ridículo foi,que os solos brasileiros não foram agregadospelo cálcio mas ao contrário, perderam suaestrutura porosa, e se tornaram adensados eduros, porque a matéria orgânica se decompôsnum piscar de olhos e o milagre químico setornou uma calamidade biológica o que,também era inaceitável. Na era da tecnologiaquímica-mecânica ainda depender da biologiacomo nos tempos antigos?

E como a discussão se tornou cada vezmais acirrada a Assembléia Leglslatlva de Porto

Alegre resolveu fazer uma reunião das duaspartes: Pro e contra esta correção radical dopH. Mas os jornalistas não queriam ser atrasadascom suas notícias e não se importavam quandoseria esta reunião exatamente, E finalmente, nãopublicaram também o discurso de coroamentode último rei da Inglaterra um dia antes de serpronunciado e era melhor que o verdadeiro?Então publicaram já no dia anterior o resultadoda reunião sobre a calagem : “ Unanimementefavorável a estas calagens elevadas e de umasó vez, segundo a informação dos deputadosque patrocinam este encontro.” E como oresultado da discussão já foi publicado antes,os que era contra, resolveram ficar calados. Eraum pequeno escandalo. Nesta briga entreespecialistas, ninguém pensou em perguntar osolo e como ele reagiu. E o solo decaiubiológicamente e se desequilibrou quimica-mente. Ele ficou duro e muito mais pobre a indae durante mais que 40 anos, se lutou por suarecuperação. A região tinha perdida suafertilidade e parecia quase desértica.. E ospromotores brasileiros destas calagens searrependeram amargamente do que tinhamfeitos de boa fé e se tornaram defensores dosolo e das plantas. Pergunte seu solo, se eleaguentar a tecnologia que quer implantar epergunte as raízes das plantas se elasconseguem se desenvolver nestas condições.Não tentaram mais impor técnicas ao solo, masagora perguntam humildemente as plantas e oque elas acham da tecnologia e do estado dosolo que dela resulta. Se preocupam com osagregados e os poros do solo e a infiltração deágua e de ar com as rafzes das plantas e seudesenvolvimento. Provavelmente descobriramque solos tropicais e subtropicais sãofundamentalmente diferentes dos de climatemperado, não porque Deus se enganou, masexatamente porque clima-solo-plantas sãosincronizadas para cada Ambiente e o solotropical é isso que as plantas necessitam nesteclima.

AAAAAGRICULTURAGRICULTURAGRICULTURAGRICULTURAGRICULTURA CONVENCIONALCONVENCIONALCONVENCIONALCONVENCIONALCONVENCIONAL X X X X X ORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICA

Os defensores da agricultura conven-cional que é a química, estão absolutamenteconvencidos de que o mundo iria morrer defome, se não houvesse a adubação química e

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os defensivos que protegem as culturas deparasitas, especialmente insetos e fungos. E osda agricultura orgânica são igualmenteconvencidos que sem matéria orgânica não háprodução saudável. E antigamente a agriculturaera a Ibase de toda economia e no Brasil acultura do café pagou a industrialização.Atualmente o agro-business contribuidiretamente a 45% da economia nacionalenquanto a industria química, metalúrgica,automobilística e eletrônica de que se falamtanto, contribuem juntos somente com 21%para o PIS nacional, sem consideração do efeitodireto e indireto da agricultura sobre aeconomia e especialmente a alimentação dapopulação.

Admitido que o agro-business trabalhacom tecnologia super-moderna com transplantede fetos em animais e plantas transgênicasespecialmente resistentes a herbicidas e queproporcionam lucros maiores, nosso planetaesta secando, e nossos solos estãodesertificando e a população é cada vez commenos saúde. . Os defensores da agriculturaorgânica não pretendem voltar à agriculturatradicional, embora que esta, especialmentenos Andes, apresenta uma sincronizaçãoperfeita entre solo, plantas, homens e religião,trabalhando sabiamente com todos estesfatores e alcançando colheitas elevadas,saborosas e nutritivas sem destruir os solos e osrecursos de água. A agricultura orgânica-ecológica com seu enfoque holístico, geral danatureza trabalha com ciclos e sistemasenquanto a agricultura química, com seuenfoque fatorial trabalha somente com fatorese frações de fatores. Quem tem razão? Aagricultura existe somente para contribuir aoslucros ou para alimentar a população, hoje,amanhã, sempre quer dizer de maneirasustentavel.

Para terminar com toda discussão osestudantes da ESALQ em Piracicaba arranjaramum encontro entre os exponentes das duascorrentes...

Podemos produzir mais e melhor comadubos quimicos. A matéria orgânica é somenteadubo químico em forma orgânica e portantomais diluido, menos eficiente. Revolviam: não

podem produzir sem matéria orgânica porqueesta é um condicionador do solo. E semagregados e poros não entra nem água nem arno condicionador do solo..

Podemos irrigar. E querem ver um caféadubado e irrigado como produz? E mostraramfotografias. .

Mas com um trato orgânico adequado,as raízes se desenvolvem melhor, exploram umvolume maior de solo, recebendo mais água emais nutrientes, portanto são melhor nutridas.. selva tropical neste sistema, produz em solospauperrimos 5 vezes mais biomassa por ano ehectare de que uma floresta em climatemperado. As plantas são bem nutridas, apesardos solos pobres. Portanto somente precisamosum trato adequadodo solo. “

E se as plantas ficam doentes, atacadaspor insetos e fungos vocês não usam defensivosquímicos?

Plantas somente são atacadas quandofaltar algum nutriente. Porque plantas nãonecessitam somente 3 ou 7 elementos mas 45.Ás vezes um traço ínfimo de um elemento é adiferença entre saúde e doença E, com raízesprofundas e profusas recebem o quenecessitam.

E se a fome ameaça grande parte dapopulação?

A fome veio com os adubos, defensivose herbicidas que expulsaram os trabalhadorese pequenos agricultores do campo. Antes destaagricultura química-mecânica o Brasil seorgulhava de não ter nenhuma pessoa famintaem seu território..

E se vocês têm nematoídes, o que fazem?Plantar leguminosas que os controlam. E

fora disso nematoides somente prejudicamplantas fracas. Mostraram as raízes de um cana-de-açucar com bilhões de nematoides e era amelhor cana da fazenda. “

Os “convencionais” não se deram porvencidos: E se têm 8 toneladas de nematoidespor hectare?” “ ,

As faces do pesquisador velho seiluminavam: “Quanta matéria orgânica”, eleexclamou! A risada foi no lado dele.” E foradisso, eles prejudicam somente raízesdeficientes bem até seus 8 toneladas denematoides em fósforo e boro. Coloquem uns

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quilos de boro e as raízes suportam bem atéseus 8 toneladas de nematóides.

E as colheitas recorde do agro-business,estes vocês não consideram com seu lucrofantastico.

E como as consideramos. Não sãosustentáveis, mas somente por um curto prazode tempo. Destroem os solos, fazem os riossecar e a água potável diminuir, quebram Iosciclos naturais e usam plantas geneticamenteengenhadas, das quais ninguém ainda sabe oefeito sobre a natureza e especialmente sobrea formação de proteínas e outras substânciasestranhas nas plantas e seu efeito sobre ohomem. O transplante de genes não é aindamuito esmerado. Arrancam mais ou menos8,0% dos cromossomos de uma planta -e cadapar de cromossomos pode ter milhares emilhões de genes e implantam em seu lugarfrações de cromossomos de outros seres, comopor exemplo de Agrobacter na soja, paratorná-la resistente ao Roundup.

Mas para conseguir um indivíduo quepreste eles fazem milhares de injeções depedaços de cromossomos e ainda não sabemo que está por vir desta “variedade transgênica”porque ela recebeu muitos genes e nãosomente um e pode, pouco a pouco mostraraberrações e plantas monstruosas. E mesmo sefossem definitivas, não se encerram em ciclonatural nenhum, quebrando-os. E fora disso,embora não é muito, mas 4,5% da soja tans-gênica plantada fracassou. Por que ninguémsabe.

Mas a agricultura orgânica produz pouco.Sim, quando não é, ecológica. Mas

quando é ecológica produz mais, do que aconvencional.

E o que é ecológico?Por exemplo não enterrar a matéria

orgânica ou o composto mas deixá-Io nasuperfície como a natureza o faz ficando amatéria orgânica no horizonte A

0e A

1.Mas com NPK se produz muito mais.Talvez por uns poucos anos, e isso não

sempre. Somente vai até esgotar os solos nosoutros elementos. E se vocês consideram orastro de destruição que,segue aos agricultoresque saíram do Rio Grande do Sul sobre MatoGrosso do Sul, Mato Grosso. Goiás, Tocantins

e agora já chegaram em Maranhão, acabandocom os melhores solos, então não se podeesperar que nossos descendentes ainda tem deonde tirar sua alimentação. Temos o direito degerar filhos e deixar herdá-Ios um mundodestruído? De capital ninguém vive. Vivemosde alimentos.

AAAAASSENTARSSENTARSSENTARSSENTARSSENTAR “S “S “S “S “SEMEMEMEMEM T T T T TERRAERRAERRAERRAERRA”””””Acreditam que a reforma agráriareforma agráriareforma agráriareforma agráriareforma agrária

termina com o assentamentoassentamentoassentamentoassentamentoassentamento. No Paraguaisomente assentam agricultores nas melhoresterras. Recebem pouca gleba e tem de viverdisso. Se a terra for ruim somente conseguempermanecer aqui um ano, talvez dois. Depoisabandonam tudo e vão embora. E as terrasabandonadas servem somente para chácarasde recreio de algum rico.

E muitas vezes os “assentados” não eramagricultores que perderam suas terras, mastalvez são filhos de agricultores, que nasceramnas favelas e nunca trabalharam terra alguma.Não sabem como fazê-Io.. Não tem maistradição, nem experiência, somente a boavontade de melhorar a vida. As vezes sãotrabalhadores rurais, que sabem trabalhar, masnão sabem planejar e administrar e muitomenos lidar com os espertalhões que tentamobter as colheitas por preços vils. Se não dercerto perdem sua terra e entram na fila dopróximo assentamento para ganhar outra.

O assentamento não é o fim de umprocesso comprido mas o início. Agora ohomem precisa uma assistência técnica boa ecrédito e talvez a ajuda dos que temexperiência. Precisa apreender de trabalhar demaneira certa, de administrar, de se cooperar,de vender e comprar em conjunto, talvez deinstalar micro-indústrias para acrescentar maisum valor a seu produto. e não ser exposto àespeculadores e atravessadores.

Assentaram ”Sem Terra” em EspiritoSanto. Fizeram um projeto de eles plantar caféconilon que é uma variedade muito rústica, nãoé atacado por ferrugem e há poucas pragas,mas também não tem gosto. Somente servepara misturar, ou “blend” como os americanosdizem. Não programaram nenhum pé demandioca ou milho, nenhuma galinha ou

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porco. Tinham de viver de crédito bancáriodurante os primeiros 3 anos e dependiamcompletamente dos compradores de café e,como não tinham nada para sustentar suafamília também do supermercado. Compravamo que necessitavam e vendiam o queproduziam, dependendo: duas vezes decomerciantes. E se em um ano o café não dercerto morriam de fome ou perdiam a terra. Aassistência técnica somente ensinava comofazer murundús” como proteger os cafeeiroscom a madeira que ainda sobrava dodesmatamento, amontoando-a ao redor”atéensinavam plantar mamona nas entre-linhaspara economizar água. Mas como manter asfamília não ensinaram.

Assentaram Sem Terra em São Paulo eensinaram-Ias de plantar abóboras. Somenteabóboras. Trabalharam os homens, mulheres ecrianças porque finalmente era uma“propriedade familiar” e forneciam a produçãoa uma fábrica de conservas. Em princípio muitobem organizado. Mas a renda familiar era malum salário mínimo, o que significava quemulheres e filhos trabalhavam de graça em umaespécie de trabalho-escravo E fora dissotrabalho infantil é proibido por lei. Mas se opai o exige a lei manca. Não plantaramabsolutamente nada para o sustento da família,nem um pé de alface, e muito menos feijão oumandioca. Dependiam cem por cento da boavontade da indústria para que, de fatotrabalharam. Somente com esta modalidade de”assentados” ninguém necessitava pagarsalários. E as abóboras deram cada vez menose as colheitas se tornavam menor de ano porano porque a terra não suportava amonocultura e a falta de suficiente matériaorgânica.. O solo era compactado, as raízes dasplantas eram pequenas e superficiais e airrigação, consumia boa parte do pequenorendimento.

Assentaram ”SemTerra”, no Paraná,encima de uma montanha ao meio de umamata, em terra muito ácida e turfosa e fizeramo projeto de plantar soja e de criar porcos ..Defato, não faltava assistência técnica, mas ostécnicos eram da firme convicção que osassentados não entendiarn nada de agricultura

porque eram pescadores, trabalhadores ruraisvolantes, favelados e operários industriais e,portanto não podiam opinar. Tinham de escutare seguir aos “doutores” que Ihes assistiram.. Maso assentamento não ia bem. Queriam saberporque. Me convidaram para fazer umapalestra. Reuniram a todos e me diziam: falepara eles. Neguei. Como podia falar sem ter vistonada e sem saber o que acontecia. Fomos visitaralgumas propriedades. O solo era turfoso eextremamente ácido. Queriam trazer calcárioe corrigir o solo para plantar soja. Mas tinha deser soja? O mato estava cheio de árvores deerva Maté e as terras já desmatadas eramcobertas de um capim pobre, capimmissioneira, um Axonopus.

Meu palpite era de plantar primeiro parao sustento especialmente mandioca e feijãomesmo se tinha, de calcariar e plantar mais ervaMaté para a venda, e criar gado caracu que seda bem com este pasto pobre. Os assentadosconcordaram e diziam que também já tinhampensado nisso, porque soja iria custar muitocaro, e endividar todo mundo. Os técnicos nãogostaram. “Por que vocês nunca diziam paranos sua opinião, que somos todos os dias aqui?“E os assentados diziam: Como poderiamosdizer isso para vocês que são doutores? Paraela dá para dizer isso, porque é agricultoracomo nós. “

Assentaram em Minas Gerais. Lá, a“Pastoral da Terra” se incumbia de cuidar dosnovels agricultores. Mas não era fácil, porquenem eles nem os assentados entendiam muitodo solo . Plantaram mas crescia mal e no fimdo primeiro ano metade já tinha desistido edeixado a terra que tanto tinham desejada..Não tem dúvida que o pequeno agricultor, queo holandês chama de ”boere” e o alemão de“Bauer” e os povos espanhois de “campesino”é a base dê uma agricultura sustentável. Elechega a conhecer o solo que trabalha, zela eama ele e não considera o solo comoinstrumento para ganhar lucros mas comosustento de sua família.

Tentaram implantar a agricultura familiarmas cresceu mal e pouco. Como sustentar afamília? Os solos não eram dos melhores e aregião sofria da falta de chuva.. Mas tem uma

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sabedoria antiga que variedades adaptadas aoclima e solo dão bem. Não é ipossível plantarpor toda parte soja e trigo e antigamente aagricultura era regionalizada. Mostrei para elescomo saber se o solo podia produzir, comoera mas raizes das plantas e como deveriamser, passamos por toda região e descobrimosas plantas que cresciam bem e, antes de tudocobrimos o solo com todo tipo de matériaorgânica, até de galhos de árvores picados, eplantamos renques de guandú e cana-de-açucar para diminuir o vento e economizarágua. E o milagre aconteceu. Com um solomelhorado e protegido, e as variedades daregião, se produziu bem, não somente para afamília mas também para o mercado.E nenhumassentado foi mais embora...Ficaram e setornaram verdadeiros agricultores.

A A A A A RAIZRAIZRAIZRAIZRAIZ ACUSAACUSAACUSAACUSAACUSA

É uma horta comercial. Longos canteirosde alface, rúcula, beterraba brocoli, repolho eoutros estendem um ao lado do outro. Orepolho não quer crescer bem, muitas cabeçasnão querem fechar e as tracinhas brancas estãoo rodando. E difícil defendê-Io de todas aslagartinhas que diariamente nascem. Por que?Será que a terra não serve para repolho?

Tem nas folhas sinais da deficiência demolibdênio, de cálcio, de potássio e de boro.Mas vai uma regra que reza: se há mais que 2deficiências, é o solo que é duro e compacto ea raiz não consegue retirar o suficiente.

Tiramos uma fatia de terra. A partir de 12cm ela era muito dura. A terra foi lavrada masnão achei a sola de trabalho. Por onde passouo arado? Cavamos mais e mais. O cheiro daterra era cada vez mais nojento Alguma coisaapodrecia. E em 40 cm encontramos bastantematéria orgânica que exalava este cheiropútrido que arado tinha enterrada aqui.

Pretendia-se afrouxar a terra duraquebrando as compactações e virando osubsolo para a superfície. Mas a chuva e airrigação desmancharam os torrões e levarama argila novamente para dentro da terraformando outra vez uma laje dura e compacta.Mas esta vez mais dura e maior que a anterior.Este serviço foi absolutamente contra-produzente. Mecanicamente não se consegue

melhorar, nem agregar um solo. Isso é umatarefa biológica.

Mas com 12 cm de terra boa o repolhoainda podia ser melhor do que estava.Arrancamos um pé, mais outro, um terceiro...E todos tinham uma raiz muito esquisita. Em 4ou 5 cm ela virou para o lado, fez um ganchoe não penetrou mais no solo. Por que? Tinhaainda bastante terra boa, agregada abaixo delapara crescer e avançar. Por que não o fez?

O campo não podia ser culpado porquea laje dura ainda estava bem mais embaixo..Isso as planas já traziam das bandejas onde secriaram as mudas. Mas normalmente asbandejas são postos em armações elevadaspara que passar e luz abaixo delas e as raízesnão se sentem seduzidas a sair pelos furinhosdo fundo que escoam a água excedente.. Entãoo homem não colocava as bandeja semarmações. Parece que ele as colocava no chão.Somente assim as raízes podiam sair dos furoschegar ao solo, provavelmente bemcompactado e varrido e viravam para o lado.Olhei para o dono da horta. “Você coloca suasbandejas de mudas no chão?” O homem ficouassustado, porque acredita isso? Porque asraízes saíram das bandejas e se entortaram nochão. E agora não podem crescer mais parabaixo.

E aí ele contou o dilema. Aumentou ahorta bastante e não tinha armações suficientespara todas as bandejas. Por causa de uma vezsó não vai fazer mal, pensou, e colocou asbandejas com as mudas de repolho no chão.Mas fez mal e ele perdeu praticamente todacolheita de repolho.

As raízes o denunciavam.

DDDDDESERTIFICAÇÃOESERTIFICAÇÃOESERTIFICAÇÃOESERTIFICAÇÃOESERTIFICAÇÃO

O que faremos contra a desertificaçãoaqui no Ceará? Viajamos pelo Estado. Ondetinha florestas tudo era verde, onde somentetinha sertão, reinava uma seca mortífera. Ospastos queimados pelo sol, o sertão seco,nenhum córrego, nenhum rio, somente de vezenquanto umà árvore verde, uma algarobeira,que se considerava praga. Mas era o únicoverde onde mesmo a jurema não tinha maisfolhas. Umas cabras pingadas tentavam acharalguma coisa comestível. Roeram cascas de

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árvores, de vez em quantlo achavam um brotona jurema ou pulavam para alcançar um galhode algaroba. E seus donos queimavam o capime os arbustos secos para forçar a rebrota earrumar forragem para seus animais.

Observamos uma comissão que veio deIsrael para ensinar o combate ao deserto. Suareceita era irrigação e se os rios eram secosentão tinha de perfurar poços artesianos. EmIsrael deu certo. Até injetavam uma camada depixe em 40 cm de profundidade para evitar quea água de irrigação se perca para o subsolo. Etoda terra irrigada também é drenada.Apreenderam com os Babilônios que somenteirrigar saliniza os solos. Ao longo do Rio SãoFrancisco também já fizeram esta experiência.E o profeta Isaia previu o fim do impériopoderoso dos caldeus graças a salinização dosseus solos. Mas em Israel, via de dúvidaconsultam a bíblia e sempre deu certo. O queos antepassados fizeram foi o correto. Mas aquinão tem bíblia que pode dar conselhos nemcompatriotas ricos que doarem dinheiro paraajudar na recuperação do Estado.

O que fazer no Ceará contra adesertificação?

Vou lhe da a receita como se criamdesertos, depois vocês podem resolver o quefazer! É muito simples. . .1- Fazer tudo para que o solo se compacta na

superfície e a água da chuva não penetra,mas escorre.. Aí a terra não umedece, ousomente muito pouco mas em contrapartidatem enchentes fabulosos de modo que vocêsestão sempre flagelados, uma vez pela secae outra vez pela chuva. Uma situaçãointermediária já não existe mais. Se nãochove faz mal porque tudo seca e se choverfaz mal porque há enchentes.

2-importante é: abrir o caminho para um ventoseco. Este leva a pouca umidade quepenetrou no solo dentro de 12 horas..

É tudo? É. Nada de dunas de areia quemigram cobrindo tudo?

Exato, areia teria aqui o suficiente.. Masnão precisa de dunas. O agrônomo me olha edepois disse: ”As cabras são a salvação doNordeste.” Olhei surpreso. “Para mi são aperdição do Nordeste.” Onde há cabra não

vinga mais árvore e os pastos ficam muito maiscedo secos do que os onde há alguma proteçãocontra o vento. E, por isso se queima. O solonão recebe mais nenhuma matéria orgânica esua vida morre. Os grumos se desfazem, osporos desaparecem. A chuva bate no solodesnudo e o compacta ainda mais.

Sabe o que, a destruição do MeioAmbiente não se corrige por obras faraônicas,nem pela química, nem pela mecânica. Adestruição atingiu a parte biológica, a vida, esomente pode ser corrigida biologicamente, oucomo os africanos dizem: ecologicamente.Dou lhe um conselho: caça todas as cabras edá para as famílias pobres uma cesta básicadurante dois anos. Neste tempo plantemárvores e arbustos para romper a força do ventoe tratem a superfície do solo com matériaorgânica, restôlhos, adubação verde, bagaço,serragem, casca de arroz enfim o que tiver. Comsolo poroso e pouco vento devolvem ao Estadosua abundância.

EEEEENCHENTESNCHENTESNCHENTESNCHENTESNCHENTES

Existe uma comissão do Governo deSanta Catarina somente para tratar dasenchentes do rio Itajaí que se tornam cada vezmais freqüentes e mais devastadoras. E isso numEstado que brilha por sua cultura. As cidadessão limpas e belas, quase não há analfabetos,existem Universidades em cada cidade commais que 40.000 habitantes, tem uma reformaagrária bem sucedida. Cobra seus créditosagrícola sem eqüivalências isto quer dizer se oagricultor pegou um crédito no valor de100sacos de milho; pagará 100 sacos de milhomais os juros, por exemplo 6%, ou seja mais 6sacos de milho. Assim o agricultor sabeexatamente quanto deve, e quanto tem decolher para pagar suas dívidas. O que dependedo Governo esta sendo feito. Mas as enchentesincomodam apesar de toda pesquisa, obras ecomissões especializadas. .

Na África do Sul dizem: rios secos eenchentes são a conseqüência de umaagricultura intensiva em larga escala. E nãoaparece tão estranho quando se sabe que aFAO tem uma indicação para seus ”ajudantesde desenvolvimento” que diz: pelo tamanho

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das pontes podem calcular o graú dedecadência dos solos. Por que?

Pontes se fazem para ficar. E se tiverenchentes enormes e desastrosas, poderiamarrastar as pontes se forem pequenas e baixas.Então, o tamanho das pontes é conforme otamanho das enchentes, independentementedo tamanho do rio..

Na Sta. Catarina já suspeitavam que aagricultura teria alguma coisa a ver com asenchentes. Mas exatamente o que?

Na natureza não existem fatores isolados,mesmo se nossa ciência com eles trabalha.Tudo funciona em ciclos. O ciclo da água étratado nas Universidades em matérias:oceanografia, meteorologia, edafologia ehidrlogia.. E poucos se dizem que estas quatromatérias são um ciclo. Estudam-se os oceanosseus níveis, suas águas e sua salinidade, suatemperatura, sua vida mas é pouco interessantedizer que a água também se evapora. Nameteorologia estudam as chuvas, seusexcessos e épocas de deficiência, prevêem otempo mas não dizem que a chuva em nadaadianta se não penetra no solo. Na edafologiase estuda os solos, classifica-os e descreve suaformação e seus horizontes. Determina-se adensidade real, fazem-se análises químicas efísicas dos solos, até se determina acapacidadde do campo, quanta água o solopode armazenar em seus poros e o movimentohorizontal da água nos solos sua ascenção donívei freático à superfície podendo salinizá-Iamas raramente se diz que a água de chuvatem de entrar pelos poros e passar pelo solopara chegar ao nível freático e quanto mais achuva bate na superfície de um solodesprotegido, tanto mais ele destrui osagregados e os poros que estes formam e tantomenos possibilidade tem para penetrar no solo.A natureza colocou a mata como proteçãosobre o solo. Esta tinha de fazer lugar àagricultura. O solo se compactou e perdeu, suaporosidade superficial.. Rompeu-se o ciclo daágua. Na hidrologia se fala dos poços, dos rios,dos aqüíferos abaixo da terra e como utilizá-Ias, das fontes que aqui nascem. Elessimplesmente estão aqui. Como a água chegoulá pouco interessa...

Mas quando chover e a água nãoconsegue penetrar ao solo por causa de suacompactação? E compactações não seconseguem corrigir mecânicamente. Nãoadianta arado, grade, rolo destorroador ousubsolador. Não existe máquina que pudessereconstruir os agregados destruídos e os porosdesaparecidos. Isto é um processo químico edepois biológico. E como os agregados e porosapós dois ou no máximo tres meses perdem suaestabilidade eles nacessitam ser protegidos epenodlcamente recuperados. E a agriculturaquímica-mecânica esqueceu isso.

Grumos colados por geleias bacterianase amarrados por hifens de fungos são tãopequenos e tão insignificantes que nem vale apena considerá-Ios. E mesmo assim são o eloperdido, onde rompeu o ciclo da água. E a águaagora escorre em lugar de infiltrar-se. Causaerosão, cava vossorocas , leva terra, enche osrios, causa inundações. Em lugar de fazer seuciclo pelo solo a água agora escorrediretamente para o leito dos rios aos oceanos.E quando a chuva parar não há mais fontes eafluentes que abastecessem os rios. Os rios setornam secos. A água potável esta diminuindocada vez mais em nosso Globo. E, parece queninguém se dá conta do ciclo quebrado daágua. É simples demais.

Os técnicos de Sta.Catarina se admira-vam. É tão fácil de controlar as enchentes..Somente restabelecer o ciclo da água, restauraros poros e.protegê-Ios para que a água pluvial,em lugar de escorrer se infiltrar. E aí não temmais enchentes mas há novamente rioscaudalosos. O ponto dificil nesta recuperaçãonão são os pequenos agricultores mas osgrandes fazendeiros. Será que são capazes decompreender que também sua própriasobrevivência depende da água potável, quenão pode escorrer em forma de enchentes?

QQQQQUEBRAUEBRAUEBRAUEBRAUEBRA-----VENTOVENTOVENTOVENTOVENTO DESASTRADODESASTRADODESASTRADODESASTRADODESASTRADO

Era uma horta orgânica no semi árido. 0agricultor sabia que o pior que podia aconteceré o vento. Este leva a pouca umidade e dobrao custo da irrigação. Tinha de plantar algumaproteção contra o vento. Mas o que? Tinha deser algo que era também comerciavel. Aí veioa idéia: funcho, erva doce. Esta planta ficou

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relativamente alta e se a plantava em todas asbordas dos canteiros seria uma ótima proteçãocontra o vento. Ficou até bonito. O funcho ficoualto, folhudo e belo. Nunca se vi plantas tãobem desenvolvidas.

Era uma beleza. Mas apesar de todaproteção as outras hortaliças não desenvol-veram direito. Nem o alface, nem as beterrabasou as cenouras estavam com muito ânimo edo repolho nem falar. O que foi que aconteceu.Antes não eram bonitos, por causa do vento; eagora? Será que gostaram do vento? Todomundo achava que não. Mas o efeito que seesperava não apareceu. O que estavaacontecendo?

Me perguntavam por quê? Primeiro memostravam o viveiro muito original, semcobertura plástica, naturalmente, mas abaixoda sombra rala de algarobeiras, com asbandejas com as mudas em estantes de 1 metrode altura onde o vento passava por baixoesfriando um pouco o calor. E parece que asmudas o gostaram. Em poucO tempo estavamgrandes e bonitas. Mas depois quandoreplantadas não mostravam mais nada do vigorinicial.

Mostravam me tristes os canteiros. Vi ofuncho exuberante e perguntei: sempreplantaram quebra-vento de funcho?

Asseguravam que não, mas achavam quea idéia era boa. Não achei. Sabe por quê?Porque funcho é uma planta muito poucoamigável. Não gosta de ninguém a não se delemesmo e de cuentro. Todas as outras plantaspersegue com seus aerosois tóxicos tentandoeliminá-Ias para que ele fica como dono únicodo terreno.

Plantas não tem pistolas automáticas oumetralhadoras mas se empenham numa guerraquímica violenta. Produzem substâncias comque se defendem, tanto seu espaço como suaintegridade. Defendem-se contra outras ,edefendem se contra insetos por exemplo porfenois. Tem muitas plantas que se hostilizam.

“E“E“E“E“EMMMMM” ” ” ” ” EMEMEMEMEM POMARPOMARPOMARPOMARPOMAR DEDEDEDEDE CITRUSCITRUSCITRUSCITRUSCITRUS

Monoculturas dificilmente são sadias.Destruiu-se a diversidade biológica. E, se acimado solo cresce somente uma espécie de planta,abaixo do solo também se cria somente poucas

espécies de micróbios e insetos. E como os seresdo solo se nutrem da matéria orgânica querecebem e que agora é pouco diversificada,eles também serão pouco diversificados. Atéplantações de cajú (Anacardium occidentale)na Amazônia são cheio de doenças e pragas,embora são plantas nativas da região.

Em uma extensa plantação de cifros tinhaácaro de ferrugem, ácaro branco e acaro deleprose, varias espécies de cochonilhas moscadas frutas (Cerátitis capitata), alternária, larvaminadora (Penileucoptera), podridão floral ouestrelinha (Colletotrichum) ,verrugose (Elsinosfawcetti) , pantomorus (Pantomorus cervinus)egomose (Phytophtora ) e trips (Heliothripshaemorr). E cada um foi combatido comagrotóxicos. Micronutrientes foram pulveri-zados segundo um calendário de aplicação, emmuito controle de sua concentração nas folhas.O mesmo aconteceu com uréia. “

O número de pragas aumentou ano porano que se atribuiu a tudo, menos a nutriçãoalgo caótica das árvores e os desequilíbrioscausados pelos defensivos, todos em basemineral.

Em uma área de 300 hectares resolveu-se de suprimir durante 1 ano todos osdefensivos e usar somente EM-4, EM-4, EM-4, EM-4, EM-4, um produtobacteriano que aumenta o metabolismo dasplantas. Mas continuaram com o uso bimestralde Roundup. Depois de 1 ano tinham desapa-recidos todas as pragas e doenças menos amosca da fruta e o acaro de ferrugem e, de vezem quando aparecia ainda alguma cochonilha.

Acreditou-se que seria um pesticidamuito potente. Mas não o é. Ele somente podeaumentar a absorção de nutrientes e a formaçãode substâncias que protegem a planta contrapragas. Mas, ao lado disso, o mais provável era,que os efeitos colaterais”dos agrotóxicosprovocaram a maior parte das pragas edoenças, simplesmente porque adicionaramelementos minerais às folhas que não tinhamseus contrapartes e portanto causaramdesequilíbrios. As árvores eram “doentes dospesticidas como Chaboussou (1981) o chamou.

É esta também a razão porque existem os”calendários de pulverizações” prevendo aspragas e doenças que serão provocadas pelo

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uso dos agrotóxicos. E quanto mais se usam,tanto mais doente a planta fica. Porque a“doença” da planta se baseia no desequilíbriodos nutrientes e na incapacidade de formarsuas substâncias.

Quando se usam defensivos orgânicos ou“inimigos naturais” a planta apresenta menossubstâncias tóxicas, mas ela não sára. Elapermanece doente, continuando a fornecer umproduto de baixo a muito baixo valor biológico,que em nada contribui a nutrição boa daspessoas que a consomem, nem à saúdehumana.

Portanto nenhum combate melhora asituação. O que modifica mesmo é sanar o soloe prevenir e controlar as causas através daaplicação dos mícronutríentes deficientes.

AAAAAMARELINHOMARELINHOMARELINHOMARELINHOMARELINHO ( ( ( ( (ShiguiellaShiguiellaShiguiellaShiguiellaShiguiella)))))Por enquanto o” amarelinho” continua

fazendo suas vitimas nos pomares de citros. Seconhece os microrganismos que atacam asárvores mas não se conhecem seu controle.. Équase como no cancro cítrico (Xanthomonacitri), cujo único combate é a erradicação dospés acometidos que, na verdade não combatenada porque se continua não sabendo de ondevem a bactéria e porque vêm. Um citricultorde Bebedouro desenvolveu um raciocínioecológico. Se faltar algum nutriente e não se sesabe qual é, existe um método simples defornecer à planta o que ela necessita:aumentando o sistema radicular. Se a plantapossui raizes maiores explora um maior volumede solo e deve encontrar, aqui o que elanecessita. Ele não teve dúvida.

Aplicou 20 a 25 kg de ácido bórico porhectare e o “amarelinho” desapareceu.. Qualo elemento que falta? Não se sabe. Mas as raízesse aprofundaram e não era mais possível dearrancar um pé de laranja com um simplesempurrão forte de trator. Ãgora tem tempo parapesquisar o que esta faltando. Certo que aslaranjeiras vão esgotar também o maior volumede solo. Mas até lá, se pode descobrir qual adeficiência que causa esta doença.

Também cafeeiros esgotam o solo ondecrescem. Talvez culturas consorciadas mobi-lizam o que a cultura principal não conseguemais.

“P“P“P“P“PÉÉÉÉÉ-----DURODURODURODURODURO” ” ” ” ” OUOUOUOUOU RAÇARAÇARAÇARAÇARAÇA

No sul do Paraná, na fronteira com Sta.Catarina vivem pecuaristas muito orgulhosos.Aliás todos grandes pecuaristas o são. ”O lidecom gado cria machos,” se diz, e parecemesmo. Por isso não é fácil de mudar a opiniãovigente. Criavam um caracú ainda dos temposda Colônia Portuguesa e como imediatistassempre venderam o gado que melhor passoua época fria com escassez de pastagens ecriaram o que ficou mais magro; À raça.definhava até que o Governo resolveu deintervir. Queria obrigar os pecuaristas deintroduzir Devon. Mas os pecuaristas alegaramque vendiam gado com 500 kg/rez e que nãoaceitaram esta proposta.

Me mandaram lá para ver. Era na, épocada venda de gado e fiquei dois dias na balança,onde pesaram o gado, de três em três animais.antes de ser embarcados. E a média não eram500 mas somente 300 kg/animal, e aindachorado. E como pela estatística do Governosomente mantinham 1 animal por 5 hectaresde pasto a pecuária não justificava o estilo devida que os pecuaristas mantinham.

Rodamos pelas propriedades e verifiqueique ainda existia muita floresta de araucárias,de pinhos. E da venda de madeira tiraram odinheiro que a pecuária não fornecia. Masquando acabar os pinhos, a falência dele seracerta.

Agora resolvi convocar a todos para umapalestra. O prefeito me assegurava quenormalmente dos 120 pecuaristas apareciamsomente uns 6 a 8 e estes foram embora depoisde meia hora. Mas eu tinha de tentar porquequeria pôr a limpo sua economia e fazer umaproposta.

Por surpresa geral apareceram 85proprietários. Falei duas horas, perguntarammuita coisa e a reunião foi muito animada. Atéo bispo participava porque a igreja tambémtinha uma boa renda de sua propriedade.Discutimos longamente sobre os pastos, quetodos eram muito ácidos e somente com gramamissioneira e capim Sta.Catarina, os doisAxonopus. Chegamos a conclusão que ocaracú era a única raça que podia dar umrendimento bom nestes pastos, mas quenecessitava uma filosofia diferente: vendendo

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o pior, depois de engordá-Io e procriando omelhor. Aí a raça iria melhorar novamente.Mas o segredo continuava. Porque vieramtantos pecuaristas?

Como era sábado, fui na missa de noite eai o bispo explicou o segredo. Aconselhou atodos que não tinham aparecidos, de pedir umbis e escutar também minhas explicações.Disseque tinha 85 participantes porque queriamsaber ”o que mulher podia dizer a um homem.Mas valia apena.”

PPPPPORQUEORQUEORQUEORQUEORQUE ASASASASAS RAÍZESRAÍZESRAÍZESRAÍZESRAÍZES CRESCEMCRESCEMCRESCEMCRESCEMCRESCEM PARAPARAPARAPARAPARA CIMACIMACIMACIMACIMA

Me chamaram para Rio Grande do Norte.Plantaram cana-de-açucar e as raízes saíram daterra. Já vi isso uma vez em algodão e outravez com milho em vasos de laboratório, que,par sinal foram super-irrigados Mas não era umcomportamento comum.

Era um talão de120 ha plantado. A cananasceu irregular e as sulcas me pareciam muitaprofundo demais. Porque?

Explicaram que a terra era muita ruim,muita dura. Desde que eles usavam o sistemahavaiano de colher a cana queimada paraeconomizar mão-de-obra no corte, os solosdecaíram. De fato, com a palha queimada oserviço era metade. E depois tinham dequeimar ainda as pontas, porque se gastarammuita menos herbicidas quando não existiamatéria orgânica no solo para ligá-Ias.

Econõmicamente era uma beleza, mas ossolos decaíram. Enquanto antes o replante eraem 7, 10 e até 20 anos, agora foi de 3 em 3anos e às vezes de 2 em 2 anos. Concluíram,porque as raízes eram muita superficiais epequenas, o solo cada vez mais compactado,mais duro, e o efeito da seca cada vez maior.Aí reselveram plantar mais fundo. Fizeramsulcos de 55 cm de prefundidade onde jogaramos toletes e ao lado o adubo. Agora as raízesiriam ser maiores e crescer mais profundo, acana iria viver mais e a seca prejudicar menos.Parecia a solução. Mas a cana não gostou...Muitos toletes não nasceram porque os cupinsos furaram e depeis de uma chuva as raízesresolveram crescer para cima, saindo da terra.

Cavamos e tirei um tolete, e depoisoutro. Brilhava a argila onde o sulcador tinhapassado. E a água da última chuva estava ainda

estagnada e não podia penetrar nesta terra. Oadubo que foi aplicado, em parte se dissolveu.As primeiras raízes que apareceram vergavamtodas para cima. Tentaram fugir desta salmouraque se formou com o adubo. Procuravam ar eágua fresca.

Pretendiam de fechar depeis os sulcos.Teria sido outro erro. Porque a cana forma seuponto vegetativo sempre em 10 cm deprofundidade. De aqui elas descem. E se o solofor compactado, não descem. Deste modo nãose consegue aprofundar as raízes. Solo não seconsegue melhorar mecanicamente. O que osolo precisa são agregados e para formar estes,se necessita de matéria orgânica ou sejaalimento para as bactérias que devem produziros coloídes para a agregação, que em suaprimeira fase é um processo químico e em suasegunda fase um processo biológico..

O que fazer? Produzir matéria orgânica,colhendo a cana na palha nos talões emrenovação e plantar em 10 cm, onde a canaforma suas raízes. Com uma terra bem agregadaas raízes irão descer até 50, 80 e maiscentímetros de profundidade e a cana serámelhor nutrida e menos sujeito a períodossecos.

A natureza nunca pode ser forçada afazer que o homem considera bem. Ela tem deser respeitada.

É É É É É BURRRICEBURRRICEBURRRICEBURRRICEBURRRICE OUOUOUOUOU SABEDORIASABEDORIASABEDORIASABEDORIASABEDORIA?????O extensionista não queria mais saber

desta cooeperativa de bataticultores. Nãotinham jeito.. Os solos eram decaídos, aadubação deficiente, e controle fitosanitáriolamentavel. Enfim, colhiam uma miséria,simplesmente porque queriam.

E aí me diz se agricultor não é burro? Nãovou mais lá porque não adianta. É tempoperdido. E um agrõnomo da Secretaria deAgricultura até atacaram com porretes, quandoquis obrigá-Ios a fazer uma adubação verdecom serradela.

Quando se escutava isso, sem dúvida erauma comunidade muito atrasada. Mas porque?Agricultor pode ser analfabeto mas burro nãoé. Disso tinha toda certeza. Mas o que foi queaconteceu?

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Fui lá. Não como técnico da Universi-dade, mas simplesmente como veranista visiteium agricultor, dois, três, muitos, era sempre omesmo. Os solos eram estragados, o plantioprofundo demais, a adubação era centrada nonitrogênio e as doenças proliferaram. Falei como padre, mas este somente sabia que deste jeitonão tinha mais continuação, iriam todos falir.Por que não sabia.

Conversei com muitos e aí descobri queo problema deles era a semente. Compravamcada vez que plantaram semente importada daHolanda. Pagaram um absurdo para estasemente e finalmente não sobrou dinheiro paraalguma outra coisa. Tentaram replantar suasemente mas não deu certo. Era um fracassototal.“Replantaram o que? “

Eram batatinhas do tamanho da semente.Tubérculos maiores não se podiam plantar, aíiria toda colheita. Cortar não podia porqueapodreciam na terra e comprar cada vezsemente da Holanda era caro demais. Nãoadiantava cuidar do solo, adubar mais oupulverizar com mais defensivos, iria custarsomente muito mais e todos iriam endividar-sehorrivelmente. Então ficou deste jeito.

De fato, a situação não era fácil. O quevocês replantaram não era semente mas refugo.Isso somente podia fracassar. Vocês queremtentar de plantar batata-semente? É fácil.Aumentam sua adubação fosfatada para que asemente se torna forte e depois colhem umpouco antes de madurecer. As folhas tem deser ainda verdes. Aí vocês conseguembatatinhas pequenas mas com todo potencial.Estavam um pouco duvidosos mas pronto paratudo. Iriam tentar. Tentaram e conseguiram. Oanimo era grande. Agora estavam prontos deinvestir no solo, na adubação, no controlefitosanitário. Com alguma experiênciaconseguiram ate 5 replantes razoáveis e asemente importada era bem mais raro.

Agora não queriam um extensionista,queriam três e estes tinham mais o que fazer.Me perguntaram: “Como conseguiu mudartanto estes agricultores?” Não mudei osagricultores, mas descobri o problema chavedeles. E este resolvido, não somente aceitaramtudo, mas procuravam tecnologias novas e mais

vantajosas. Tinha de descobrir o “gargalo debotela” como os argentinos dizem. Removidoo fator estrangulador, o agricultor desenvolveutodo seu potencial. E o que se consideravaburrice, era sabedoria. .

IIIIIRRIGAÇÃORRIGAÇÃORRIGAÇÃORRIGAÇÃORRIGAÇÃO

É uma grande diferença quando somentese irriga para superar alguma época seca ou setem de irrigar direto porque a região e semi-árida e falta água durante todo ano.

Quem pode, irriga somente durante anoite. Lá a perda de água normalmente émenor. De dia se perde da água aspergida 40até 60% para o ar. E se um pivó central écalibrado para 7 a 10 mm/dia, o solo alcançamsomente 4 a 6 mm. Isso é pouco, extremamentepouco. Normalmente se molha com isso umacamada ao redor de 5 cm e muitas vezes nemisso.

Queriam saber o que fazer para nãoprecisar irrigar todos os dias a mesm:a área.

Quando não irrigavam as plantasmurchavam. Tinham de adubar quase todasemana e as doenças vegetais que apareciamnão eram poucas. É problema de clima eproblema de parasitas, me diziam. Isso não sepodia encontrar no solo, alias não tinha nadaa ver com o solo. As análises de solo erammuito satisfatórias, não mostravam deficiências.E mesmo assim as plantas necessitavam deadubo.

Mesmo assim abrimos o solo. As raízeseram todas na camada superficial, até 4 a 5 cm.Abaixo o solo era duro e nenhuma raizpenetrava aqui Água aspergida é igual a chuva:Lixivia o solo e o adensa. Provavelmente acamada superficial também era pobre, apesarde toda adubação, o no mínimo pobre emtodos os elementos que não foramacrescentados. Pedimos análises desta camadasuperficial e se comprovou, era toda lavada.

As plantas murchavam porque a camadado solo, onde cresciam rapidamente secou, nãonecessitava nem meio dia de sol. E como o soloera muito bem cuidado e limpo, sem proteçãonenhuma, o aquecimento era forte.

Conclusão:Conclusão:Conclusão:Conclusão:Conclusão: as plantas eram viciadas dairrigação. Como as raízes somente cresciamonde tinha umidade e o subsolo era seco. eles

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necessitavam diariamente de irrigação. E asuperfície do solo já tinha um pH 7,6, era salino.

E se vocês irrigam menos vezes mas usammais água por vez. Por exemplo 20 a 25 mm?Mas aí necessitariam de drenagem. E drehagerué cara. e seria também água perdida. Mas apergunta pertinente é: pode se contrariarcompletamente à natureza?

Pode se molhar somente a camada maissuperficial e deixar o resto do solo seco?

O solo se forma pelo movimento da água.Se sempre há excesso de água e percola o solo,se formam solos lavados, pobres, podsolicos,Ultisoles.

Se há uma época em que a água percolao solo e outra onde sobe do subsolo e evaporaformam se lateritos, Oxisoles.

Mas se nunca a água percola o solo esomente evapora, subindo do subsolo àsuperfície, forma-se os solos salinos. Adisoles.E isso já mesmo quando não se irriga. Comirrigação o processo ainda é mais rápido.Mesmo o rio com a água mais doce do mundo,como o São Francisco, leva sempre umapequena quantidade de sais consigo. E se aágua umedece sempre somente a superfície,deposita os sais aqui. É pouco, muito pouco,mas continuo. E em 7 anos começa asalinização. Os sais aumentam, agorarapidamente na superfície do solo graças aeconomia de água. O solo nunca foi “lavado”nunca recebeu tanta água que poderia lixiviaros sais e muito menos ainda tinha drenagempara levar esta água salgada para fora.

E conforme do ntvel freático, se este nãoé muito profundo, durante as horas em que osolo seca e se aqJece, a água sobe até asuperfície. e deposita sais da água subterrânea.E iniciada uma vez a salinação, o processo seacelera.

Com pouca água o solo saliniza e commais água ele saliniza. Sempre?

Se a irrigação não se restringir somenteem aplicar água, geralmente muito pouca água,não necessita ocorrer a salinização.

E como seria uma irrigação correta?1. usar mais água em cada irrigação mas mais

raro e não todos os dias.

2. dispôr de uma drenagem muito boa queconsegue eliminar a água salgada.

3. ter uma proteção do solo para evitar que estea) tenhà sua estrutura destruida pelo impacto das gotas

b) que suba água do subsolo

4. aplicar suficiante matéria orgânica paramanter um sistema poroso que permite ainfiltração boa da água e impede aevaporação.

5. usar de vez em quando cultivos dessalinizantes como: algodão,trigo mourisco,

6. usar cultivos que mantém o nivel freáticobaixo como girassol,sorgo,

7. aplicar maiores quantidades de matériaorgânica seca para conseguir a transformaçãodos sais em carbonatos p.ex. de sorgo-de-vassoura.

8. plantar cada 3 anos um cultivo que permitea ”lavagem” do solo, como arroz irrigado.

9. plantar quebra-ventos para impedir que ovento lev e a umidade. Ele pode levar até umequivalente de 750 mm / ano.

Deve ser claro que a irrigação não ésomente a aplicação de água mas inclui ummanejo muito específico do solo, sem o qualela termina em salinização.

BBBBBOTULISMOOTULISMOOTULISMOOTULISMOOTULISMO ÉÉÉÉÉ DOENÇADOENÇADOENÇADOENÇADOENÇA?????Existe a convicção geral que cada

manifestação patológica em que participambactérias é doença. E que todas as doenças temde ser combatidas com antibióticos.

E botulismo é provocado pela bactériaClostridium butilicum. Contra doenças devemexistir vacinas, mas contra o botulismo nãoexiste.. . No ser humano botulismo é causadopela ingestão de alimentos estragados,especialmente por conservas. Mas animais,como gado bovino, não comem conservas. Emesmo assim num vizinho morreram mais que300 animais de botulismo, uma intoxicação Osanimais tinham primeiro um andar “atado”arrastando as patas trazeiras, logo em seguidacomeçou um tipo de paralisia e em poucotempo estavam mortos.

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Perguntaram se não tinha medo meu gadoo pegar também. Não tinha. Mas o que fiz foiverificar se as análises do solo concordaramcom a ostentação pelas forrageiras e se o teorem fósforo nas pastagens realmente foi baixoou que somente uma ou outra variedade deforrageiras não conseguiu o suficiente para seusustento. Exatamente no pasto, cuja análise eraboa com teor de fósforo satisfatório de fósforoas plantas mostraram sua deficiência. Era um icapim decumbente, Pangola (Digitariadecumbens), com colmos que deveriam deitare enraizar nos entre-nós. Mas, não fez colmonenhum e ostentou somente os tufinhos daplanta principal. Também entrou muito rápidoem floração. Aí me assustei. Se faltar fósforo napastagem há boa possibilidade de botulismo.Por que?

Porque neste caso o gado come qualquercoisa, plantas tóxicas, chapéus, camisas,plásticos, ossos de carcaças .Teria de fosfatar opasto. Mas será que fará efeito rápido? Issodependia totalmente das raízes. Abri o solo, asraízes eram todas superficiai senão entrarammais que uns 4 ou 5 cm. Aqui não adiantavauma fosfatação ou somente muito pouco. Oque este pasto necessitava era repouso paraalongar suas raízes e o que ele não tinha feito.Nesta época a água para o gado era pouca eeste piquete estava bem provido com um açudecom bastante nascentes.. Mas, para não arriscara deficiência de fósforo nos animais, o jeito erade tirar o gado de aqui, colocá-Io em outropiquete e, abrir lá um bebedouro.. ..

Se as raízes tivessem sidos profundasindicando e deficiência de fósforo no solomesmo, não teria escapado de adubação quefrancamente teria preferida. Mas raízes rasassomente indicavam que as plantas nãoconseguiram alcançar o fósforo do solo e, quecresciam somente na camada superficiallixiviada e esgotada.

Tinha de deixar descansar este pasto parapermitir o alongamento das raízes e fornecerfarinha de osso no coxo, a vontade, para que ogado conseguir suprir sua necessidade emfósforo e não procurava carcaças no pasto outalvez simplesmente se infeccionar peloClostridium...

Botulismo não tem problema se aforragem é rica em fósforo ou se oferece-o nocoxo.

É igual a plantas tóxicas. Estas o gadosomente come se é deficiente em algummineral. De modo que não se trata de combatê-Ias mas de evitar que o gado as procure.

A A A A A LUTALUTALUTALUTALUTA CONTRACONTRACONTRACONTRACONTRA OOOOO DESERTODESERTODESERTODESERTODESERTO

Desertos não necessitam ter poucachuva. Assim existe na África do Sul o desertoKalahari que possui 2.400 mm/ano de chuva.Somente que esta chuva desaba em 3 meses edepois é seco.

Desertos também não necessitam dedunas de areia que migram cobrindo tudo,como em algumas partes do norte do Saara.

E por outro lado, regiões onde nuncachove, nem um pingo, não necessitam-serdeserticas, como nos altos Andes as regiões da“mata de neblina” onde somente a neblinacondensada, que pinga ao chão, faz as plantascrescer.

Mas, todos os desertos necessitam: a faltade florestas..

DesertosDesertosDesertosDesertosDesertos se formam quando 1) o solo fôrcompactado e a chuva escorrer em sua em suamaior parte, e quando; 2)há um vento seco queleva toda umidade do solo. E sabem disso emMauritanía, Níger, Malí,Tschad, Burkína-Faso eoutros.

Estes países da região do Sahel, no sul doSaara podem contar nos cinco dedos de umamão quando o deserto os terá engolido, porqueele avança 50a 70 km por ano. Não avançapor dunas mas avança pelo vento incrivelmenteseco. Por isso os beduínos do deserto andamcom panos em frente do seu nariz, paraconservar a umidade de sua respiração.Quemnão faz isso, já no segundo dia tem seus lábiosrachados e seu pulmão ressecado, com umabronquite dolorosa.

Mesmo com muita chuva o vento levatoda umidade em poucas horas. Assim ospovos do Sahel entraram na luta contra odeserto. Combatem o vento com refloresta-mento em faixas, ou seja quebra-ventos, edesenvolveram um, sistema de preparo do solo,onde toda água de chuva é captada em valas a

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curva de nivel, onde se jogam também todosos restos orgânicos e finalmente se cobre comterra. Aqui se planta. Por toda parte têm açudesa barragens para segurar a água e evitar queescorra.

Mas eles sabem também que a dureza doclima e os poucos meses de chuva se devem afalta de florestas. Floresta é um termostato eregula o clima aumentando os meses duranteos quais cai chuva e diminuindo os onde reinaa seca. Quanto menos florestas, tanto maismeses sem chuva. Isso ocorre também no Brasilem Ceará, Rio Grande do Norte, Tocantins eoutros Estados Amazônicos, onde a mata estasendo derrubada com tanto velocidade que seacredita que daqui em 40 anos nao existirá maisfloresta tropical.. E, quanto mais mata cortada,tanto mais meses de seca se instalam... E ogrande aliado da desertificação é o fogo, asqueimadas, que no momento fazem rebrotar,mas que expõem o solo ao sol e chuva,contribuindo decisivamente para suacompactação e o escorrimento da água. E noSahel é banido o fogo, tão comum entre ospovos nômades, pecuaristas. .. .

Procuramos conhecer melhoras medidascontra a desertificação e o avanço do desertona África e procuramos em Burkina Faso aantiga Volta Redonda o Ministro do Interiorencarregado com a luta contra o deserto.Quando entramos no ministério dizendo quequeriamos falar como ministro perguntaram,naturalmente, qual o assunto. ”É sobreagricultura Ecológica” disse. O efeito foiesperado..

Todos os funcionários desta salalevantaram com um pulo, ergueram o punhodireito e gritavam “ehiavant “, avante, parafrente. Nos ficamos perplexos. Por quê? Oministro explico:

O deserto avança e se queremossobreviver temos de combater este avanço comtodo rigor . Não é conta difícil saber, quandotodo nosso Estado será deserto..Nossa situaçãoé muito crítica.. Aí não podemos mais brincarda democracia, onde cada um faz o que bementender, nem perguntar o que dá mais oumenos lucro, aqui temos de lutar como umúnico homem contra o deserto. E deserto nãose combate nem com mecanização, nem com

produtos químicos, nem com construções. Issoserve, enquanto a situação está ainda mais oumenos segura.. Vocês ainda podem orientar suaagricultura pelo maior lucro. Mas quando adesertificação esta iminente, a luta não é maispelo maior lucro mas pela sobrevivência. Nãoé mais o dinheiro que conta mas a vida do serhumano. A única maneira de barrar o caminhodo deserto, de combater seu avanço, é commétodos ecológicos. Por isso todos nossosfuncionários, estão doutrinados que os métodosecológicos são a nossa única salvação. E se umfuncionário público, ao ouvir a palavra“ecológico” não levantar e gritar avantle, éimediatamente demitido.. porque é um traidordo nosso país e de nosso povo.

E neste momento compreendi, que aagro-ecologia não é uma alternativa de fazer’agricultura, mas que é a única tecnologia queassegura nossa sobrevivência. A, natureza foidestruída, a natureza tem de ser reconstruída.E tudo que é vivo, inclusivo o homemdependem da natureza e que esta funcione..mesmo se a maior parte dos seres humanosvivem em cidades.

NNNNNEMATOIDESEMATOIDESEMATOIDESEMATOIDESEMATOIDES NANANANANA CANACANACANACANACANA-----DEDEDEDEDE-----AÇÚCARAÇÚCARAÇÚCARAÇÚCARAÇÚCAR

Os nematoides como a palavra “nemato”= filiforme diz, são minúsculos vermes filiformesque se consideram sempre como parasitas,embora não vivem somente no solo mastambém no intestino de animais, inclusiveminhocas e homens, Se uma planta comoárvores frutíferas, caféeiros, cana-de-açucar,cereais ou leguminosas tem problemas e nãose encontram parasitas foliares, procuram eacham se normalmente nematoides nas raizes.E estas tem de ser combatidos..

Existem nematicidas que se aplicam aosolo, como Furadan e que devem combater osnematoides. Na cana-de-açucar, especialmenteem solos arenosos como nos Estados de RioGrande do Norte ou Paraíba os nematoides temmuita facilidade de se movimentar e ainfestação pode ser séria.

Chegamos a uma usina muito grande cujomaior problema eram nematoides e queaplicaram anualmente 50t/ ha de nematicida oque encareceu de tal maneira produção quejá estavam muito endividados.

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Mostraramos canaviais, todos com renovaçãobi-anual, todos com nematoides e intensocombate. E finalmente nos mostraram o orgulhoda fazenda um canavial já com 7 anos de usoe que nunca deu uma colheita menor que 120a 130 t /ha. De certo não tinha nematoides.

Olhamos a cana e pedimos fazer umatrincheira, para poder ver bem as raízes.Estavam muito solícitos e no outro dia atrincheira estava aberta até 2m de profundidadeexpondo uma enorme quantidade de raízeslongos e profusos que iam até 1,75m deprofundidade. Mas não eram raízes limpas.Tinham nematoides. Mas não 5 ou seis por cada10cm de raiz, mas milhões, ate bilhões. Asraizes eram eram completamente tomadas deuma infinidade de nematoides. Todos secalaram e somente fitavam estas raízes porquenunca se tinha visto algo igual. E porque estesnematoides não mataram a cana enquantomataram a nos outros talões?

Nematoides para se nutrir bem injetam àplanta um hormônio de crescimento. Esteaumenta o metabolismo da planta e fornecemais substâncias nutritivas aos nematoides. Émais ou menos como o herbicida 2,45 D.Enquanto a planta encontra o suficiente emnutnentes este hormônio beneficia a planta.Mas quando os nutrientess são raros ou as raízesnão os alcançam o aumento do metabolismoprejudica e até mata a planta. Em solos comlajes adensadas ou em solos muito pobres acultura é mal nutrida e o aumento dometabolismo pelos nematoídes...

EEEEESPINAFRESPINAFRESPINAFRESPINAFRESPINAFRE IRRIGADOIRRIGADOIRRIGADOIRRIGADOIRRIGADO

Era um grande plantador de espinafre.Plantava protegido contra o vento. Irrigava pormicro-aspersores, aplicava composto e aduboquímico protegia a superfície do solo commaravalhas e pulverizava com molibdato deamônio para baixar o nível de nitratos nasfolhas. Não tinha razão por que o espinafre nãodevia crescer e medrar muito bem. Mas asplantas eram pequenas e baixas e em partemorriam. Alguma coisa era fundamentalmenteerrada embora que não apresentava doençanenhuma. O homem estava desesperado. Eraa verdura que plantou, sempre plantou sempredeu certo e agora não quis mais.

“Abra o solo”. O homem fez uma carainfeliz. Onde tudo é mecanizado nem existemais enxadão e ele trabalhava exclusivamentecom enxada rotativa. Uma destas grandes quepulverizam o solo até 35cm de profundidade.Finalmente achou uma enxadeca este minienxadão que não serve para nada porque é tãocurta que não se consegue abrir nenhumburaco. Finalmente um vizinho achou aindaalgo que era parecido a enxadão. Fizemos umburaco e extraímos uma planta de espinafrecom suas raízes. Mas pelo trabalho com enxadarótativa a terra foi tão desagregada que airrigação, mesmo com micro-aspersoresconseguiu adensar a terra até a superfície. Asraízes do espinafre cresciam praticamenteacima do solo como em muitos. Plantios Diretosabaixo da camada de maravalhas. E como oespinafre, quase sem raízes murchava fácilirrigava direto. Era água demais e a superfíciedo solo estava encharcada. Aí, coitado doespinafre não sabia mais o que fazer para fugirda água e do anaerobismo e os mais inundadossimplesmente morriam.

O que adiantava composto e aduboenterrado que as raízes não alcançavam? O queadiantava passar a enxada rotativa se o solonão tinha mais agregados?

“Sei que o solo era duro antes de plantar.Mas com duas passagensda enxada rotativadeveria ser descompactado. ”Era o engano docálculo. Mecanicamente nunca sedescompacta solo algum. Pode pulverizá-Iomas nunca agregá-Io. E um solo pulverizadocom irrigação direta se “assenta” em duassemanas tornando-se mais duro do que eraantes. E todo trato do solo era em vão. É maisvantajoso não fazer nenhum preparo do solo eplantar direto do que pulverizá-Io com enxadarotativa pesada.

E agora. O que fazer para não perder acultura e a colheita? Tem uma única maneirade salvar sua cultura. Aplicar 8 a 10 kg/ha deácido bórico junto com a água de irrigação,para que as raízes se fortalecem e conseguempenetrar neste solo duro. E depois aplicar umacamada de composto na superfície paraagregá-Ia e evitar que a água estagna.

Deu certo e o homem conseguiu colherseu espinafre.

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PPPPPOLIATRITEOLIATRITEOLIATRITEOLIATRITEOLIATRITE EMEMEMEMEM POTROSPOTROSPOTROSPOTROSPOTROS

Uma firma americana que trabalhava napecuária com sucesso no mundo inteiro, pelosanos setenta resolveu trazer os cavalos Quarto-de-milha para o Brasil. Os brasileiros deveriamficar felizes porque fora dos cavalos Manga-larga não existia raça de cavalos de lida e esteseram pratiGamenterestritos à Rio Grande doSul..

Trouxeram as éguas prenhas, soltaram-nas numa fazenda perto de Rancharia e aeuforia era grande quando os potros nasciam.Se desenvolveram bem, mas com três mesespegaram poliatrite e morriam. Chamaramveterinários de cavalos árabes do Chile.Receitaram uma série de remédios, mas amortandade continuava. Chamaramveterinários dos EUA e da Austrália. Pouco apouco enchiam um quarto de 4 x 5m detamanho com remédios, mas os potrosmorriam. Parecia quase certo que era adeficiência de cálcio e de fósforo. Injetaramgluconate de cálcio e diversas formulas defósforo mas o efeito era zero.

O que começou com tanta euforiaparecia ter um fim triste. Como evitar apoliatrite? Como curá-Ia? Ninguém o sabia.

Me perguntaram se não subesse algumacoisa contra este mal. Nunca tinha ouvido falarde poliatrite em potros e também não entendianada de veterinária. Que entendia era somentede solos e pastos. Se quiseram podia olhar. Pediprimeiro que me mostrassem o pasto dos potros.Era um pasto que dava prazer em ver comvegetação nativa, mista e ainda com bastantesforrageira implantadas com vegetação vigorosaa sadia.

Depois quis ver o pasto das éguas. “Nãosão as éguas que estão doentes” me diziam. Eas égua estão em ótimo estado, gordas ereluzentas. Mas assim mesmo, posso ver seupasto? Não gostavam esta insistência, porquese consideravam super-inteligentes em escolhê-Io. Cavalos não comiam capim ácido?

E pelo jeito não somente o comiam mastambém se deram muito bem com este capim.E como não servia para gado bovino, era umasolução fantastica. O próprio diretor da firmatinha esta ideia porque na compra não se tinha

dado conta que boa parte da fazenda eratomado por este capim que boi não comia.

Finalmente me mostraram. Era exclusivae unicamente capim Sapé. Olhei o capim eolhei as éguas, todos em bom estado. Masalguma coisa não me agradava. Sapé não eindicadora de um solo com pH 4,0? E um solocom este pH está rico em alumíinio. Alumínioé conhecido como um desmineralizantepoderoso. Crianças cuja papinha se faz empanela de alumínio tem muita dificuldade dedentição. O alumínio só desmineraliza. E ospotros que nascem destas águas, nascemdesmineralizados. Tão desmineralizados queo movimento Ihes causa atrite em todas asjuntas. E quando se finalmente dar conta dissojá é tarde.

“Tira as éguas deste pasto” sugeriu. Nãoqueriam porque a idéia de colocá-Ias aqui erado presidente da firma. “Bem, ou vocês estãoquerendo aproveitar este pasto ou vocês estãoquerendo criar seus portos. As duas coisas nãocombinam.

“Resolveram de transferir as éguas a umaoutra fazenda e nunca mais potro algum morreude poliatrite. E aqui esta a raça de Quarto deMilha bem adaptada aos nossos pastos e anossa pecuária.

ÁÁÁÁÁGUAGUAGUAGUAGUA DEDEDEDEDE TERMASTERMASTERMASTERMASTERMAS

Nas regiões semi-áridas do Nordeste semirrigação é difícil de colher bem uma cultura.Todos quase irrigam e o próprio Governo ajudacomo por exemplo na região do rio SãoFrancisco onde até fornece os adutores de águapara os pequenos agricultores. Em pomares nãousam mais a irrigação por aspersão mas usam“tripas” de gotejamento. É bem mais econômicoem água, porque praticamerite nada seevapora, enquanto na aspersão boa parte daágua se evapora ainda no ar. Para verdurasgeralmente se usam ainda aspersores especial-mente quando o horticultor é pequeno.

A grande dificuldade é que não existermais rios permanentes e a água do subsologeralmente é salobra. Então furam poços semi-artesianos e artesianos para irrigar. Os seml-arteslano ainda possuem uma zona decaptação e se a água penetra bem ao solo olenço de água esta re-abastecido. Os poços

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artesianos não gozam deste pnvilégio e se umavez esgotados a irrigação também acabou. Porisso estão pretendendo de desviar uma parteda água do rio São Francisco para Rio Grandedo Norte e Ceará.

Por enquanto ainda estão irrigando comágua de poços artesianos.

Mostraram uma horta experimentalirrigada, mas as plantas estavam todas murchas.embora que os aspersores giravam.

Por que as plantas estão murchas?Ninguém sabia. Aqui é sempre assim. Deveser algum problema de solo. Abrimos o solo,era absolutamente bom, bem agregado e solto.Também o pH não era alto demais, girava aoredor de 6,5. As raízes das plantas erampequenas, mas não excessivamente paraplantas que sempre estavam murchas. Nesteestado quase não podiam fotossintetizar, O queserá que aconteceu. Me diziam que sempreera assim e que nunca ainda colheram. nadaaqui por causa desta murcha permanente.

O aspersor girava e de repente recebi umjato de água na cara, de água quente até muitoquente, calculava que estava com 40ºC. Seráque os canos aqueceram tanto no sol que aágua saiu quente? Fui na casa das máquinasonde bombeavam a água do poço. Saiu com45 a 48ºC. Quase queimei a mão. Perguntouum agricultor que estava junto: vocês tambémirrigam.” Irrigamos, mas temos “piscinas” ondese esfria a água antes de bombeá-Ia para ocampo porque aqui sai toda quente.”

Apreendi, que nem da água de irrigaçãose podia supor que era fria. E se procuravadesvendar alguma coisa, tudo, masabsolutamente tudo tinha de ser posto emdúvida..

EEEEENTERRARNTERRARNTERRARNTERRARNTERRAR COMPOSTOCOMPOSTOCOMPOSTOCOMPOSTOCOMPOSTO NÃONÃONÃONÃONÃO ÉÉÉÉÉ ECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICOECOLÓGICO

Visitamos um agricultor orgânico comótima organização de venda. Toda verdura foiclassificada, lavada, empacotada em bandejase etiquetada até com código de barras. Era umpequeno agricultor que somente trabalhavacom sua família e que nem máquina possuia.Era o orgulha da Agricultura orgânica da região.Visitamos sua terra, inspecionamos suasculturas, que como geralmente nos agricultoresorgânicos eram bastante inferiores aos dos

químicos. Muitas plantas tinham morridas. Ogrande problema é que acreditam orgânico équando não usam agro-químicos. Porém,continuam com o enfoque fatorial e o combatede sintomas. Enquanto na agricultura ecológicao enfoque é geral, holístico e tentá-se de agirsobre as causas e prevení-Ias em lugar decombater depois sintomas.

Para ele composto era NPK em formaorgânica e por isso as plantas eram menores emais pobres porque quem já podia adicionartanto composto que equivalia ao NPK dosagricultores convencionais?Não me convencide suas considerações. Colocava o compostoaonde? Naturalmente enterrado como os con-vencionais também enterravam seu NPK.

Tem máquina? Não trabalhava tudo comenxada. Neste caso não podia enterrar suamatéria orgânica muito profundo. Via deduvidas comecei de cavucar, para verificaraonde ela ficava. Cavei 20cm nada, 25, 30 enada ainda. Finalmente em 40cm achei seucomposto. ”Voçê enterrou isso com a enxada?”“Sim, era um trabalho danado mas consegui” ,ele disse cheio de orgulho.” E por que ?” Paraque as raízes encontram adubo lá embaixo.” Evocê olhou uma vez se as raízes vão até láembaixo?” Nisso ele não tinha pensado ainda.Tomou isso como certo.

Retiramos uma raiz com todo cuidadocom o enxadão dele junto com uma lasca deterra. Limpamo-Ia cuidadosamente. Ela iasomente até 8cm e depois virou para o lado.Lá embaixo, em 40cm, o composto que tinhafeito com tanto sacrifício e lá encima a raizprivada de tudo.

Compreende agora porque suas verdurasnão crescem direito. Orgânico nunca é inferiorao convencional, ao contrário. Deve ser maior,mais gostoso e mais durável. E se não ficoumelhor porque trabalhou de uma maneiraequivocada..

Deixa de virar terra morta à superfície.Coloca sua matéria orgânica na camadasuperficial do solo no máximo até 8 cm e aplicaácido bórico em base de 8 a 10 kg/ha ou seja 8a 10g por cada 10 metros quadrados. .

Ele o fez. E depois me confidenciou:“agora dá prazer de ser agricultor orgânico;trabalha menos e colhe bem mais.

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PPPPPOROROROROR QUEQUEQUEQUEQUE AAAAA A A A A ARTEMÍSIARTEMÍSIARTEMÍSIARTEMÍSIARTEMÍSIA

A cortina de ferro se abriu e pela primeiravez se podia visitar um país da Comecon. Tinhaum congresso na Hungria e naturalmentequeriamos aproveitar um pouco para ver algodo país. Conhecia a Hungria de antes daGuerra e a alma do país era sua Puszta suaspastagens nativas, cpmpletamenteplanas ondecriaram cavalos. A paixão para cavalos vemainda dos hunos que faz mais que 1.500 anosatras invadiram a Europa. Quando nãomataram, no mínimo estupraram as moçasdeixando uma rica descendência que de seuspais herdara esta paixão para cavalos. Tinhaenormes rebanhos de cavalos que eramfamosos por sua beleza e resistência. E oshúngaros eram exímios cavaleiros.

Mas os tempos mudaram. Os russos nãose interessavam por cavalos e plantaramgirassol e trigo, batatinhas e milho. As fazendasarrasaram as casas destruíram, os poçosfecharam e os trabalhadores que operaram aenormes máquinas viviam em aldeias ao longodas estradas. Não existiam mais rebanhos decavalos nem cavalo algum a não ser nasfazendas estatais para ecoturismo. Não vi maispastos e capim. As terras eram tomadas por umtipo de losna, as Artemisias. Estranhei isso.Artemísías não eram plantas de solos alcalinosou salinos? Mas as pusztas tinham terras umpouco ácidas. Também não me lembrei de tervisto Artemisias antes. Perguntei umadministrador de uma Sovkose ou enormefazenda estatal. “Oh”, ele disse,” estas plantastemos de queimar para desaparecer. E elasdesaparecem pelo fogo? Disso ele não era maistão certo. Em lugares onde a vegetação era maisesparsa aparecia o solo desnudo e sal brilhavana sua superfície. “Como vocês conseguiramfazer estes solos salinos? O administradornegou.” Não são salinos” Tirei meu papelindicador aproveitei uma pocinha de águaainda da última chuva e medi o pH: 8,5. AsArtemísías não me enganavam...

Pouco a pouco a verdade apareceu..Queriam obrigar os solos produzir colheitas. ARússia fornecia o adubo químico e compravaas colheitas as como era clima temperado cominvernos muito rigorosos, não podiam se plantarcultivos para adubação verde. Talvez nem as

precisava. Mas toda a palha também foiretirado do campo. Em parte para cama dogado leiteiro confinado durante o inverno emparte foi queimada para não transmitir doençase pragas aos solos somente recebiam generosasquantidades de NPK. Muito pouca chuva quenunca passava de 300mm/ ano. nenhumamatéria orgânica e muito adubo químicoterminou na salinisação dos solos. Agora nãodá mais pastagens nem campos agrícolas a paraos antílopes que conseguem se nutrir deArtemisia a clima é frio demais. A famosa pusztavirou um estepe salino, destruido pela mão dohomem.

SSSSSUBSOLADORUBSOLADORUBSOLADORUBSOLADORUBSOLADOR

Quando o solo está duro e compactadoo primeiro impulso sempre e afrouxar. E nãosão poucas firmas que construem subsoladores,isso são longas e fortes hastes com pontasagudas que quebram o solo até em 40 ou 50mde profundidade. Muitas vezes têm ainda umrolo destorroador atras para pulverlzar ostorrões virados para a superfície. Este trabalhoàs vezes tem um efeito bom, às vezes não fazefeito e em alguns casos produz um efeitoabsolutamente negativo.

Culpa da máquina? Culpa do agricultor?Culpa do clima? O que aconteceu? Mechamaram num destes efeitos desastrosos.Tinham plantado tngo e pretendiam plantar sojaem plantio direto. Mas o solo era bastanteadensado e duro. Por isso resolveram passarum subsolador. Até emprestaram um tratormais potente do que o deles e romperam o solo.Romperam mesmo? Em todo caso boa parte dasoja não nasceu mas apodreceu. Neste casonão adiantou ficar parado enclma do solo etentar conjeturar o que aconteceu. Tinhamosde abrir o solo. Cavoucamos fundo na linhaonde uma das arestas trabalhou. Esta tinha feitoum sulco profundo, com os lados bem alisados,vedados e brilhantes pela passagem da haste.Não tinha rompido nada e as valetasproduzidas estagnavam a água da chuva. Assementes que caíram aqui dentro só podiamapodrecer. Por que? Porque o solo era úmidodemais quando o subsolaram e em lugar deromper, sulcou.

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Num outro tinham subsolado e choveu porcima. O efeito foi zero. Por que?

Aberto o solo verificamos que o soloquebrado e pulverizado em trabalho belo demáquina, se tinha ”assentado” e a camada duraque tinham quebrado se formou novamentecom a primeira chuva forte. Solo compactadosempre é solo morto, sem matéria orgânica esem vida. O que ele precisaria não é de serrompido mas de ser recuperado. Mecanica-mente não se recupera nem vida nemagregados. E se alguém pensa que produziu“agregados” por uma destorroadeira seenganou. Máquina somente pode triturar ostorrões grandes para produzir torrãozinhospequenos mas nunca agregados. Torrãozinhotem cantos agudos, agregado não tem cantosnem ângulos, mas são arredondados e aindapossuem microporos e enquanto a densidadeaparente do torrãozinho mesmo se mede 5mmgira ao redor de 1,5 a 1,6 g/cm

3, este de

agregados está ao redor de 0,9 g/cm.Se querem manter o solo rompido e aberto

tem de ser imediatamente semeado com algoque rapidamente faz raízes profundas e profusascomo por exemplo serradela no Sul ou miletoem Sao Paulo.

Um caso onde a subsolação deu muitocerto era no Nordeste. Romperam o solo deuma maneira impressionante. Até 40cm dapassagem do haste o solo era rompido. E depoisquase não choveu ou muito pouco, mas estapouca chuva penetrou e o solo rompido ficouaberto e permitiu um bom enraizamento. Era aúnica cultura da região que deu uma colheitarazoável a boa.

Subsolar tem de ser bem controlado. Osolo tem de ser seco. Em solo úmido não rompe.O solo aberto tem de ser protegido. Se subsolampara milho ou algoão somente faz efeito sechove pouco. Em anos normais o trabalho estaperdido. Após a subsolagem a terra aberta temde ser enraizada o mais rápido posslvel. É bomquando planta uma forrageira a lanço ou umamistura para adubaçao verde.

Quando o trabalho esta sendo feito temde controlar até onde se movimenta a terra. See 30 a 40cm aos dois lados dos hastes é o certo.E para não tatear no escuro abra a terra comuma pá ou enxadão para ver se rompeu ou

somente sulcou. Vale a pena porque o trabalhoé caro, exigindo muito do trator.

Mas a melhor subsolação se faz porleguminosas com raízes fortes e pivotantes. Sea camada dura ou laje está mais superficial,crotalária ( C. spectabilis) a quebra. Se a camadaé mais profunda talvez mucuna ajuda, nãotanto pelas raízes mas pela grande quantidadede massa orgânica produzida. Esta aindaaumenta se tem algum suporte onde pode subir,como por exemplo quando é intercalado commilho. Se a camada compactada vai maisfundo somente guandú a quebra, mas somenteno segundo ano de vida. Em pastagens melhordo que subsolagem é um repouso onde asforrageiras se podem recuperar. Quanto maiora parte vegetativa tanto mais profunda a parteradicular. Pastagens com solo muito com-pactado e adensado são mal manejadas.

O que ajuda bastante quebrar lajes é aaplicação de borax ou ácido bórico queaumenta em muito o vigor das raízes.

ÁÁÁÁÁGUAGUAGUAGUAGUA SALOBRESALOBRESALOBRESALOBRESALOBRE SEMPRESEMPRESEMPRESEMPRESEMPRE CRIACRIACRIACRIACRIA DESERTODESERTODESERTODESERTODESERTO?????Os pequenos agricultores ainda

resistiram. Aonde iriam com suas famílias? Nãoque a região fosse a pior do Piauí. Os solos eramainda mais ou menos fertis. Mas a chuva erapouca e a água dos poços estava cada vez maissalobre. No início resistiram, mas especialmenteabaixo dos campos agrícolas a salinisação foibastante rápida.

Já fizeram covas de 1 x 1 x 1m, ascobriram com lona preta e colocaram umapedra ao meio. Aí a lona afundou. Agorasomente tinha de pôr uma lata abaixo da partemais funda e esperar. O sol evaporava a águado solo, esta condensou-se na lona e pingouna lata: água naturalmente distilada. De noitesomente tinha de retirar a lata cheia de água.Assim, água para beber tinha, mas água paraplantar faltava..

De que iriam sobreviver?Mas nordestino verdadeiro não larga tão

fácil. Tinha de ter um jeito. Mas qual?E finalmente veio a idéia salvadora. Não

tem na praia fazendas de camarão? E quecriaram estes camarão com ração? Pois não eaqui virava praia. Água salobre já tinha águaquase igual a do mar. Faltavam somente os

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camarões. De repente se animaram. Fizeramtanquês, que se enchiam sozinhos, com águasalgada. E agora iriam arranjar larvas naSecretaria de Agricultura. Mas lá duvidaram.

Como? Vocês não têm nem água docenem água salgada. O tipo de camarão paravocês não existe ainda. Os homens não tinhamdúvida. Queremos alguma das espécies do mar.Não precisava ser a mais fina e mais exigente.

Do mar? vocês estão loucos.Quase perderam sua esperança. Mas não

iriam desistir tão rápidos. Ou camarão de águasalgado ou viramos mais uma leva demigrantes, com destino inseguro. Vale a penatentar. Resolvidos levaram suas larvas decamarão do oceano e esperavam.

Será que elas iriam se adaptar do mar àágua salobre? As mulheres rezavam para opadre Cícero, o Santo não podia dar umamãozinha para que estes bichinhos seadaptaram e acostumaram de viver em águasalobre? E pelo jeito ele deu uma mão.

As larvas de camarão do mar adaptaram-se, cresciam bem e produziram otimamente. Ede repente uma região semi-desértica virouflorescente produtora de camarão. O que senecessitava somente era a coragem para mudar.

BBBBBRUSONERUSONERUSONERUSONERUSONE (P (P (P (P (P IRICULARIAIRICULARIAIRICULARIAIRICULARIAIRICULARIA ORYZAEORYZAEORYZAEORYZAEORYZAE) ) ) ) ) NONONONONO ARROZARROZARROZARROZARROZ

Todas as sementes necessitam serprogramadas para um determinado ambiente.Já faz 30 anos que Bakundzhieva (1970)descobriu que as sementes fazem seu programapara a vida no momento que a absorção físicade água passa para a absorção fisiológica. Oque não estiver a disposição não será utilizadoA planta entra em programas alternativas ondeainda consegue crescer, florir e frutificar semdeterminado micronutriente. Mesmo se depoisse aduba com um ou outro micronutrientes, aplanta o absorve mas não o consegue utilizar ea deficiência que se queria corrigir continua.Isto é porquemicronutrientes são catalisadoresdos quais dependem reações químicas econsequentemente a formação de umadeterminada substância. Se a planta resolveuque não dá para formar esta substância a exclui.O produto geral perde seu valor biológico e aplanta arrisca ser atacado por pragas oudoenças, brusone é uma doença temida

mundialmente. Nos EÜA chama-se “rottenneck, pescoço podre, porque a espiga quebrae cai ou também “blast” pé de vento porque sea planta é atacada cedo no seu desenvolvi-mento, o colmo apodrece embaixo e cai.Fizemos centenas de análises do solo de arrozcom e sem brusone e verificamos em todas quea doença somente apareceu em solos pobresem cobre e manganês. Adubamos com os doiselementos mas o efeito foi praticamente zero.

Finalmente resolvemos “programar” asemente pulverizando a com uma solução de1% de sulfato de cobre e soltando na água deirrigação 3 kg/ha de sulfato de cobre. E issocontrolou completamente a doença. Omanganês somente aumentou a colheita masnão influiu sobre a Piricularia.

Neste caso, aplicando Cu na semente elaestava sabendo que o solo iria contê-Io. Se asemente proviria de um campo rico em cobrenão necessita de aviso. Mas se for de uma terrapobre em cobre a adubação não faz efeito semo aviso à semente.

Sempre tem de considerar que solo eplanta são um inteiro e que a planta é o produtodo solo. Portanto, a análise do solo, muitasvezes pode informar sobre as bases dasdoenças.

SRI SRI SRI SRI SRI OUOUOUOUOU S S S S SISTEMAISTEMAISTEMAISTEMAISTEMA DEDEDEDEDE PLANTIOPLANTIOPLANTIOPLANTIOPLANTIO INTENSIVOINTENSIVOINTENSIVOINTENSIVOINTENSIVO DEDEDEDEDE ARROZARROZARROZARROZARROZ

Em Madagasca, os pequenos agricultoresque não possuem dinheiro para compraradubos ou defensivos que conseguem somentemuito pouca água para a irrigação e cuja terraé tão minúscula, geralmente entre 0,5 a 1,0hectare, introduziram um sistema que faz a terraproduzir supersafras. Foi por iniciativa de umpadre que viu a luta destes mini-proprietáriospara nutrir sua numerosa família com tão poucocampo. Um padre iniciou o Systeme du rizintensive, que praticamente se baseia no fatoque também arroz necessita de um soloarejado. Embora que em Brasil dizem que” sepode plantar arroz mesmo em asfalto,” querdizer que não importa se a terra é agregada oucompactada.

Já na Indonésia descobriram que oarejamento do solo aumenta substancialmenteas colheitas. Possuem lá em sistema ondedrenam o campo logo após o arroz ter nascido

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e deixam faltar água até as plantinhas murcham.Isso tem por fim de obrigar as raizes de seguir aagua, se aprofundar e finalmente sair dacamada de redução entrando na subjacentecamada arejada. Somente depois soltamnovamente a água. Quem nunca abriu um solode arroz irrigado não sabe que abaixo dacamada manchada de cinza e azul, “a camadade redução“ existe outra agregada e arejada.

Na camada de redução também osnutrientes são reduzidos” quer dizer perderamseu oxigênio e em lugar dele ligaram-se àhidrogênio.. Mas nesta forma são tóxicas, comopor exemplo o sulfato (S0

3) vira gás sulfídrico

(SH2) que prejudica seriamente o arroz e que

somente beneficia o capim arroz (Echinochloacrusgallii )que prolifera nestes solos. Forçar asraízes de passar esta camada desfavorável eentrar em outra favorável. é o objetívo destamedida No sistema de arroz intensivo baseam-se em três pontos conhecidos:1. quanto mais se revolve a matéria orgânica

tanto mais rápido ela se decompõe;

2. arroz necessita sempre de um solo úmidomas não sempre submerso;

3. quanto mais espaçado um pé do outro, tantomais colmos ele fará.

Plantam as plantinhas de arroz, aindabem pequenas, muito menor do que se usafazer no Japão, num espaçamento de 40 x 40cm. Isso permite passar com a enxada rotativanos dois sentidos. A enxada rotativa não é nadafavorável ao solo, porque despedaça osagregados mas com suficiente matéria orgânicapassa. Até o emborrachamento fecham a águacada vez que o campo é umedecido e somentequando os colmos começam inchar pelasespigas deixam uma camada de 5cm de água.Aí conseguem produzir com pouca água. Poroutro lado, cada vez que o solo esta mais oumenos seco passam com a rotativa. para arejar-Io. Isso fazem até 7 vezes antes de deixar oespelho de água no campo. Dizem solo arejadorende mais.

E a colheita? São 15 a 16 toneladas porhectare., duas vezes ao ano..

A única preocupação que têm e defornecer anualmente o máximo de matériaorgânica. Colhem somente as espigas e deixam

toda palha no campo. Pode ser que a médioprazo é pouco e que precisam mais. Mas porenquanto funciona. Plantam sem aduboquímico, sem esterco, sem nada, somente apalha, os inços e o arejamento.

SSSSSOLOOLOOLOOLOOLO X P X P X P X P X PLANTALANTALANTALANTALANTA X A X A X A X A X ANIMALNIMALNIMALNIMALNIMAL

“Solo-planta-animal dependem um dooutro. É impossível de beneficiar somente umdos três, porque isso significa negligenciar osoutros. O que é bom para o solo também é bompara a planta e o animal. Pecuária semconsiderar o solo e as plantas não existe.Antigamente os Pecuaristas na África, OrienteMédio e Ásia, inclusive os Israelitas, eramnômades e extremamente beligerantes paraforçar a passagem com seus rebanhos porpaíses de agricultores. Quando proibiram asmigrações as pastagens se deterioraram e ospovos ficaram pobres e miseráveis, porque onomadismo era o manejo rotativo racional daspastagens, atualmente conhecido como“Sistema Voisin” embora ele não o introduziumas o somente embasou científicamente.

Também as doenças animais, inclusive asparasitas, de qualquer maneira tem a ver como solo. Os australianos descobriram faz maisque 30 anos que a verminose em ovinos ebovinos depende da forragem e do manejopastoril. É como os Neo-Zeelandezes dizem:“Trevo é um santo remédio contra verminose.”Os parasitas dependem da aIimentação dosanimais. Em pastagens mistas com bastanteIeguminosas as femeas dos vermes põem muitomenos ovos, tão poucos que em ovlnos nao senecessita vermifugar cada 3 ou 4 semanas mássomente de 4 em 4 meses e isso somente porprecaução.

Mas os vermes não se multiplicam dentrodo intestino dos animais. Os ovos postos sãoexcretados pelas fezes e eclodem no pasto queocorre conforme da época do ano, em 10 a 20dias. De manhã e de tarde, as larvinhas novassobem nas forragelras a espera de um animalque as coma. Isso faz em até durante 2 semanas.Se neste intervalo não aparece animal nenhumcaiem e morrem... Pastos com uma mistura decapim e um terço de leguminosas diminuemas vermes. E o manejo rotativo dos piquetesimpede que um animal os colhe.. Não se

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necessitam vermifugos, se necessita somenteum manejo racional. E quando se consideraque os vermifugos fosforados injetaveis matamo “vira-bosta”, o besouro que comia as larvasda mosca de chifre, ganhamos duas vezes comum manejo correto do pasto.

PPPPPÂNTANOÂNTANOÂNTANOÂNTANOÂNTANO DRENADODRENADODRENADODRENADODRENADO

Criaram a Pro-Várzea. Drenaram ospântanos para plantar. Mas pântano tem umavida toda particular. Geralmente, o excesso deágua evitava a decompoposição completa damatéria orgânica e se criou turfa. Fizeram estaexperiência também nos Everglades da Flóridanos EUA aos lados do rio Kissme. Retificaram orio, drenaram os pântanos e como a turfa eraextremamente ácida calcarearam liberalmente.O pH subiu pouco, tinham esquecido que terrainundada, pela “redução” dos compostosquímicos sempre tem um pH satisfatório a alto.E quando a terra seca, o pH despenca.. Masem contra-partida a turfa se decompqerapidamente. Trabalharam poucos anos e onível dos solos diminuiu até 3 metros. Secontinuam assim, criam uma terra abaixo donível do mar, como boa parte da Holanda, quepor isso se chama de Netherlandes ou seja,”terras baixas”.

E o que norte americano faz, brasileirotambém tem de fazer. No vale do rio Paraíbatinha bastante terras pantanosas. Começavamdrená-Ias e plantaram arroz. Era uma beleza.As plantas eram de um verde luxuriante e oarroz alcançou dois metros de altura. Memostravam a maravilha. E ai, eu tinha duvidadaque a pro-várzea iria dar certo? Olhei o arroz,olhei os extensionistas animados é pergunteise já tinham visto antes um campo de arroz?Claro, qual a dúvida? A minha dúvida era quesolo turfoso drenado, normalmente mobilizagrandes quantidades de nitrogênio, o que seconfirmou pelo crescimento exuberante dasplantas, mas nunca tinha visto arroz exuberantedar espigas. E se der, eram chochas. Levamosamostra de solo para análise, faltava o cobre.Deixamos analisar também folhas. O nitrogênioera bom mas nada de excepcionalmente alto.O pessoal jubilou. Mas o cobre era pratica-mente zero. E N/Cu sempre tem uma proporçãofixa. Para cada 85 íons de nitrogênio tinha de

existir 1 de cobre. E este não existia. E o arroznão formou espigas.

Acharam uma terras pantanosas no sul doRio Grande do Sul bem no extremo do Brasil.Eram terras com um pH bem elevado, ao redorde 7,8 a 8,1. Fizeram sulcos profundos paradrenar o terreno. Alguém tinha a boa idéia demedir o pH do solo drenado e seco. Era ao redorde 3,2. O nível de água tinha baixado para 1metro abaixo da superfície e todos elementosantes “reduzidos” agora se oxidaram. Eoxigênio é ácido, muito ácido. Eram bs “gasesdo pântano” o gás sulfídrico ( SH

2) e o metano

(CH4) que dão ao pântano este cheiro típico e

inconfundível que agora se oxidavamformando Isulfato ( S0

3) e gás carbônico (CO

2)

que acidificaram os solos.Era o manganês ( Mn+

2) que dá ao

pântano sua côr preta que se oxidou domanganês bivalente para o trivalente (Mn+

3).Era

o ferro que se Ioxidou e outros mais. Comcalagem pesadas poderiam se neutralizar todosestes ácidos, mas a turfa iria se decompor iguala manteiga que se derrete ao sol. Sem calagemnão era possível plantar O que fazer?

Fecham seus drenos e deixam somente20 a 25 cm de terra secar. Aí, não todo enxofre,metano, manganês, ferro etc. iria se transformarnuma vez só. 20 cm de solo seco dá paracultivar mas ele não se oxida totalmente. E seplantamos arroz?

Arroz cresce em solos úmidos,pantanosos. Cresce sim, mas não prolifera.Arroz é a única planta de cultura que conseguearejar suas raízes por oxigenio que captou pelasfolhas e que manda, através do arénquimo, umtipo de tubos, para a raiz. Mas isso é um esforçomuito grande e custa ao redor de 1/3 dacolheita. Portanto, quem quer colher bem, nãopode querer que isso seja necessário.. Sol6 nãose estupra, solo se maneja com todo respeito eamor. É melhor plantar verduras. E foi isso quefizeram.

QQQQQUANDOUANDOUANDOUANDOUANDO ÁGUAÁGUAÁGUAÁGUAÁGUA SALGADASALGADASALGADASALGADASALGADA INVADEINVADEINVADEINVADEINVADE OSOSOSOSOS CAMPOSCAMPOSCAMPOSCAMPOSCAMPOS

Ao redor de Pelotas, no Rio Grande doSul, os arrozais são fertís e as colheitasaumentaram com o Plantio Direto (PD).Somente que as pragas das raízes tambémaumentaram, como a “pérola negra ou

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gorgulho aquático” (Oryzophagus oryzae) Masisso à parte.

Os campos de arroz são muito baixos,quase ao nível do mar é quando há maré altoo mar invade as lavouras de arroz e a esperançade uma boa colheita se foi. Também permane-cem resíduos de sal nos solos e as condiçõespara boas colheitas diminuem. E se a sementefor programada para água salgada e sal nossolos? Se ela já no início da germinação sabepara que terá de passar?

Se quer adubar o arroz com cobre, quepor natureza é muito tóxico para ele, a sementetem de ser avisado “e programado para isso.Pulveriia-se a semente com uma solução de 1%de sulfato de cobre. Quando começa entrarágua pela casca de palha, traz quantidadespequenas de cobre junto. A semente sabe quevai encontrar cobre na terra e se programa paraisso. Por que não programar a semente tambémpara a invasão da água marinha? Se a estruturado solo é favorável ao arroz, porque não avisá-Io do desastre por que tem de passar? Fizeramisso. Pulverizou-se a semente com uma soluçãode até 5% com água marinha. O aviso foi dado.A semente programou o sal no seu projeto devida, a planta sabia o que a esperava. Ela sepreparou. E as colheitas foram boas, mesmoapós a invasão do mar.

DDDDDOENÇASOENÇASOENÇASOENÇASOENÇAS PROVOCADASPROVOCADASPROVOCADASPROVOCADASPROVOCADAS

Era desesperador o que acontecia numacooperativa viticola, que plantava uvas demesa. Cada ano apareciam novas doenças eparasitas embora que fizeram tudo que aagricultura química e orgânica manda.Mantinham as plantações abaixo de sombritee raleavam os cachos. Calcarearam todos osanos, até tanto que o pH já estava ao rédor de8,1. Adubavam todos os anos com NPKpassaram todos os dias defensivos químicos,irrigavam todos os dias, enterravam cada anopor pé 20 litros de composto, plantaramadubação verde, sempre leguminosas, man-tinham o solo coberto por uma camada depalha e mesmo assim as doenças aumentaram.

Queriam que fizesse uma palestra. Massobre o que? Agricultor não se interessa saberalguma coisa teórica. Ele quer saberexatamente o que ele precisava. Quer saber o

que fazer, enquanto que o técnico quer saberpor que se faz. O” por que” é teoria, o” o que”é prática. ‘

Também já me tinham avisados que osagricultores normalmente não apareciam aoeventos que a Cooperativa promoveu. Vieramuns 5 ou 6 dos 125 que eram aqui cooperados.Sempre foi decepcionante. Bem, isso eraassunto deles. Mas como eu podia falar sobrealgo que não conhecia. Tinha de vi~itarprimeiro alguma propriedades. Se escutou oque eles todos faziam, parecia, que tinha deser um paraíso de produtividade. Mas não era.Era somente um paraíso dê doenças.

Visitei uns agricultores. A terra. era super-irrigada e meio encharcada. Como nesta regiãotinha anualmente 6 a 7 chuvas de pedraprotegiam as videiras com sombrites. Mas estasestavam algo baixos e embora não sou grandetinha de andar curvada. Olhei para cima, paraver as folhas e.-me charT)ou atenção que tinhamuitas folhas muito pequenas e outras comveias ‘êntupidas,I que não eram verdes mas decor marrom. Estranhei isso Veias entupidas sãotípicas para a deficiência de cálcio ou seuoposto, o excesso de manganês. Como elesconseguiram com tanto calcáreo e neste pHelevado ,o excesso de manganês? Será que eufui enganado?

Tentei advinhar este segredo, masfinalmente desisti e perguntei: Como vocêsproduzem este excesso de manganês com tantocalcáreo? O agricultor riu. Muito simples.Pulverizo todos os dias com Maneb contraBotrytis e este é em base de manganês... Meassustei. Mas se há o excesso de manganês e adeficiência de cálcio,logo vão ter tambémAnthracnose. O homem me olhou. Já tenho,ele disse secamente. E o que faz contra isso?quis saber. Coloco um excesso de fósforo.

Controla bem. Aí me estalou uma coisa.É por isso que você tem a deficiência de zincoem todos os pés. É o excesso de fósforo queinduz esta deficiência. Com isso vai ter logouma broca no tronco. O homem me olhoudesconfiado. Como sabe?

Este ano já apareceu também. Aí melembrei do Chaboussou: as plantas doentes dospesticidas. Será possível?

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Abrimos o solo. A superfície eraencharcada mas abaixo, apesar da coberturacom palha e das leguminosas tinha uma lajedura que deixou a água entrar muito vagaroso.E em 80 cm de profundidade estava ocomposto, como uma bomba de gás venenoso.e com cheiro desagradável. ‘Nenhuma raizchegou até aqui. Ou fugiram dos gases ouforam impedidas pela laje dura.. .Visitei mais dois agricultores, Era idêntico.De noite dou uma palestra, se interessam? Denoite cheguei na Cooperativa. Estavam demudança. O que aconteceu? Veja a multidãoque apareceu. Não temos lugar aqui, Temos demudar para uma sala bem maior. Mas não temlugar para seus cooperados.? Para estes si; masnão para tanta gente.

Todos queriam saber o que fazer. Agorasabiam, que muita coisa que faziam não eracerto. Sugeri que aplicassem boro paraaumentar. as raízes e quebrar a laje e conseguiruma melhor nutrição das videiras. Com raízesmaiores tem mais chance de ser,bem nutridas.E, futuramente, colocar seu composto nacamada superficial, para não ser mais umabomba de veneno mas um agregador do solo.Eram muitas perguntas, Qual a melhorleguminosa, como tratar osolo, como irrigarmelhor., como combater as doenças e pragas.Mas não era o caso de combater mas de evitar.

Em solo melhor, com raízes maioresmuita coisa se resolveria sozinha.

SSSSS IGATOKAIGATOKAIGATOKAIGATOKAIGATOKA TEMTEMTEMTEMTEM CURACURACURACURACURA?????Existem enormes plantações de bananas

em Costa Rica e outros países da AméricaCentral e agora também em Equador.Bananeiras para perder de vista. São todosmuito bem tratados, limpos de qualquerinvasora pelo uso intensode Roundupadubadas de 10 em 10 dias com NK e umairrigação em valetas bem controlada.

Diariamente os operários, com facões emhastes compridos, cortam as folhas doentescom sigatoka, (Cercospora musae,Z.) asrecolhem e queimam. Contam diligentementequantas folhas existem sem a doença. porquetêm de ser no mínimo 8 para que a planta aindatem condições de produzir um cacho razoável.De-semana em semana vai um defensivo por

cima. com base de óleo mineral, mais paraacalmar a consciência do administrador do quepara curar o mal.. Parece que se estabeleceuuma convivência pacífica entre a sigatoka e osplantadores.

Procuramos as raízes das bananeiras. Nãoera difícil Eram todas superficiais e grossascomo um dedo. E nem eram compridas.. Sãotão superficiais que qualquer vento derruba. ospés. Isso explicava porque uma bananeira tinhade ser amarrada a outra. Éra uma trama densade cordas para mantê-Ias de pé. .

Finalmente aconselharam de colocarmàtéria orgânica para melhorar esta situação.Também bananeira tem de ter raiz que a ancorano chão. Mas tirar a matéria orgânica de ondese não existem confinamentos de bois nemgado leiteiro mas somente bananais e cafezais?

Veio uma proposta interessante:” fazembokashi”. Mas de que? Este, feito de farelos eraimpossível. Não existiam cereais. nem torta demamona. Mas bokashi não era simplesmenteuma mistura de diversos tipos de matériaorgânica, regada com EM4 este preparado demicrorganismos zimogênicos criados emmelaço e, fermentada a temperatura elevada?Existiam enormes depósitos de restos debananas atras das fábricas que as industriali-zavam, do mesmo modo como tinha enormesdepósitos de bagaço de laranja atras dasesmagadoras e que também foram utilizadaspara bokashi quandq não continham dioxina,um agente cancerígeno, que se forma numdeterminado processamento durante a extraçãode suco Com outros Isistemas de extração nãoaparecia.. E era ótimo adubo para as laranjaisporque devolvia em parte o que as frutas tinhamlevadas.

Misturavam os restos das bananas comserragem ou maravalha, também frequente nasserrarias, juntaram cama-de-frango regavamcom EM e cobriram tudo com sacos plásticos.E depois continuou tudo como sempre. Viradocada dia, em 4 no maximo em 8 diaso(‘Bokashi festava pronto para uso. A grandedúvida era: estes resíduos não contêm muitosagrotóxicos? Continham... Mas na medida quese colocou bokashi nos bananais a saúde dasbananeiras melhorou e a aplicação dedefensivos ficou cada vez mais espaçada. O

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bokashi ficou cada vez mais limpo deagrotóxicos e finalmente as bananeiras nãonecssitavam mais de defensivos.. Era o milagreda matéria orgânica. Mas as raizes aindaficaram grossas e superficiais. Era o herbicida.Mas com o tempo a camada de matériaorgânica aumentou formando um “mulch”grosso por cima do solo. e as invasoras nãoapareciam mais. As raízes ficaram maiscompridas, mas parece que se sentiam bementre mulch e solo pondo ainda mais em perigoa estabilidade precária das bananeiras. Se raizpermanece perto da materia orgânica porqueprocura boro. E o que se necessita agora sãoentre 15 a 30 kg de acido bórico. Aí as raizesdescerão no solo não, somente dando maiorestabilidade as bananeiras mas também umanutrição melhor. Quantos nutrientes iriamencontrar no solo que até agora eraminalcançáveis. Sigatoka tem cura? Por enquantonão, mas as bananeiras podem ser maissaudáveis e aí o fungo não ataca

VVVVV IOLÊNCIAIOLÊNCIAIOLÊNCIAIOLÊNCIAIOLÊNCIA URBANAURBANAURBANAURBANAURBANA

Recebi um E-mail de Ceilon, esta ilha emfrente da (Índia, perguntando: “violênciaurbana tem a ver com decadência do solo?” Eo homem pediu responda somente com si ounão. Considerei a pergunta estranha.

Se alguns play-boys incendiam umíndioPataxóno meiode Brasília, o que isso tema ver com os solos compactadosno Estado deGoias? Se uns louquinhos fazem racha nas ruasnoturnas em São Paulo, matando 6 pessoas queesperavam na fila pelo onibus, o que tem issoa ver com a erosão dos solos? Se os meninosda favela da Rocinha fazem um “arrastão” napraia de Copacabana roubando tudo quepodem dos banhistas, o que tem isso a ver comos “hard-pans” nos ‘solos da baixadafIuminense? Ou si traficantes de drogas matamconcorrentes, ou se funcionários corruptos dealguma repartição pública mandam assassinaralguém como “queima de arquivo”, o que temisso a ver com as crostas e fendas nos solos deMinas Gerais?

Parece que os asiáticos na sua mania demeditar, às vezes chegam em impassescolossais. Mas é somente isso? Não é que osindianos dizem: solo doente -planta doentesolo doente -planta doentesolo doente -planta doentesolo doente -planta doentesolo doente -planta doente

-homem doente-homem doente-homem doente-homem doente-homem doente. Um solo compactado,encrostado e quimicamente desequilibrado.comprovadamente não produz plantas sadias.Em um terreno recém roçado,.limpo dacapoeira, as plantas crescem exuberantemente.Tão exuberantes que Ipor exemplo algodãoatinge dois metros de altura mas não .floresce,arroz também, quando e exuberante nãoproduz grãos. Por isso plantaram comoprimeira cuitura sempre milho, que suportaestes solos, ricos demais especialmente emnitrogênio, e isto ficou tão comum, que o milhorecebeu o nome de “roça” .quer dizer ‘o quese planta depois de roçar. Cana-de-açucarplantado em terreno recém roçado produzfacilmente 120 tlha. E nenhuma cultura numsolo recém roçado e fértil é atacada por umapraga ou doença. Por isso os índios, caiapósou ribeirinhos plantam somente 1 ano, depoisabandonam o terreno para sua recuperação.Assim colhem bem sem qualquer problemafitossanitário.

O solo é recuperado pela vegetaçãonativa, a capoeira, ele é sadio, cheio de vida.Mas com os anos a matéria orgânica se gasta,os agregados decaem os poros desaparecem eos nutrientes se esgotam, especialmente osmenores, a adubação mineral com somente trêselementos (NP,K) desequilibra os outros. que aplanta também retira do solo esgotando-os. Asplantas são mal nutridas e ficam doentes.porque não conseguem produzir as substânciasque genéticamente deveriam produzir. Muitassubstâncias ficam a meio caminho, inacabadas.

E quando se plantam monoculturas porcausa da mecanização mais facil, muitosmicróbios morrem e somente alguns poucos,que a monocultura pOde nutrir, sobrevivem.Instala, se uma vida estranha e unilateral. E asplantas doentes são atacados por pragas edoenças. Dizem que falta o “inimigo natural”mas o que falta é a biodiversidade. O solo estádoente e agora as plantas também o são.

As plantas doentes, tanto faz se ficaramcom parasitas ou, com parasitas combatidosproduzem colheitas de valor biológico muitobaixo. Faltam muitas substâncias que deveriamter, como proteínas, vitaminas, hormônios,enzimas ácidos graxos de alto pêso molecular,açucares múltiplos como sacarose em lugar de

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glicose, substâncias aromâticas, flavones, eoutras. Os produtos são sem qdor e sabor,insípidos, e fora de tudo, pouco nutritivos. Masos seres humanos não tem mais escolha e temde comer o que se lhe apresenta, porque o queinteressa não é a produção de alimentos sadios,mas de lucros, especialmente para a indústria,tanto de Insumos, especialmente de agro-químicos, como de beneficiamento O homemé em parte super-aliementado mas mesmoassim mal nutrido e muitos são simplesmentefamintos... As doenças tanto as infecciosasinclusivo as viróticas, como as degenerativasaumentam ano por ano e a falta de leitoshospitalares é crônica.. Mas também as doençasdão lucro para a indústria. .

Solo doente-plantadoente-homemdoente”.

E num corpo doente não pode morar umaalma sadia. E esta alma doente, para criar bonsconsumidores ainda é submetida a umalavagem cerebral e espiritual. Incessante, e asalmas, já doentes pela alimentação pouconutritiva agora são também completamentevazias. Isso dá uma ansiedade. terrível quedespenca para a depressão ou explode em sexe violência de todo tipo.

Respondi o E-mail com si.

PPPPPOROROROROR QUEQUEQUEQUEQUE OOOOO PASTOPASTOPASTOPASTOPASTO MORREMORREMORREMORREMORRE

Era em uma grande estância em MatoGrosso do Sul. O solo era arenoso mas asplantações de capim colonião eram todas muitobonitas. Mas no momento em que colocavamo gado para pastar, o colonião simplesmentemorria não se recuperando mais especialmenteem épocas chuvosas onde justamente sesuponha que iria provocar uma rebrota maisrápida. Desta maneira a implantação depastagens se tornou um luxo muito caro.

Mas o capim morria por que? Nenhumespecialista podia encontrar doença alguma.O gado não baixou o capim demais, masparecia que este morria simplesmente pelopisoteio.

Olhei com surpresa que num campo como capim ainda novo tinha uns 20 pessoasarrancando invasoras. E estas invasoras todastinham raízes muito superficiais e searrancavam fácil. Olhei um monte de invasoras

com suas raízes como plantados encima deconcreto. Em 3 cm todas viraram para os lados.Se o colonião fez a mesma coisa.? tenteiarrancar um pé mas este tinha suas raízesenroscadas.. nos outros e era possível de enrolartoda uma faixa de colonião como se fosse umtapete. Nenhuma raiz era mais profunda que 3cm. Quando o gado comeu e pisoteou o capimmorreu, porque privado da sombra. de suaspróprias folhas e pisoteados em solos úmidosse arrebentaram suas raízes e as plantas nãoresistiram. mais.

Mas o que vocês fizeram que seu soloficou tão adensado e duro? Era cerrado pobre,com vegetação baixa e que araram. Ararambem fundo para virar toda sementeira parabaixo e evitar que não nascesse mais. E depoisesperaram o solo secar e o capim morrer.,Recebeu também algumas chuvas e o soloencrostou, Mas passaram uma grade cruzadae o campo ficou uma beleza, Adubaram,plantaram, nasceu como uma beleza. Masagora isso., morre quando é pastado. Só podia,porque o solo estava completamente estragado.A terra morta do subsolo se desmanchou coma chuva, entupiu todos os poros e formou estalaje grossa e dura Amazônia isso ocorre emgeral somente após o terceiro plantio de capim.

Aqui ja ocorreu após o primeiro plantio.Mas lá não aravam e o solo foi menos judiado.

Solo é algo vivo que tem de ser bemtratado. Não é somente meter uma, máquinapesada e fazer o que, bem entender. Solo temde ser entendido, protegido e cUidado.. Eagora? Agora a única maneira é de não pastaro colonião que ainda esta de pe, mas de roça-Io e devolver esta matéria orgânica ao solo. Eonde o capim já morreu plantar uma boamistura de adubação verde para recuperar osolo. O homem se assustou.” Mas a área égrande e fica mujto caro.” “Bem, neste casodeixa vir todas invasoras e usa estas comoadubação verde.” Fizeram isso, o solo serecuperou e a nova implantação de coloniãofoi um sucesso.

PPPPPOROROROROR QUEQUEQUEQUEQUE OOOOO EUCALIPTOEUCALIPTOEUCALIPTOEUCALIPTOEUCALIPTO NÃONÃONÃONÃONÃO REBROTAREBROTAREBROTAREBROTAREBROTA

Era no Triângulo Mineiro. A região ondetudo é o melhor e maior do mundo. É um Itúem grande escala. .E todos tinham de ver de

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encontrar uma maneira mais inusitada deganhar dinheiro. Fazer o que todos fazem nãoé original nem muito lucrativo. Então plantarameucalipto Citrodorus para extração de oleo queexportavam. E para ter lenha para combustãoplantaram outras espécies. de eucalipto .Eratudo bem, dezenas de operários cortavam osgalhos das árvores e enormes caminhões aslevavam para as extratoras., enquanto outroslevavam o bagaço de.volta aos campos. Eratudo muito bem organizado. Mas o que nãoera previsto era que as árvores cortadas nãorebrotavam mais. Normalmente eucalipto tem4 a 5 rebrotas. Mas este não tinha nenhuma.Por que?

Visitamos as plantações, visitamos oscampos cortados. Nenhum sinal de vida.

Todos os tocos eram mortos. Era umapaisagem triste, tantos tocos mortos. E quandopassamos vi um I que já estava até atacado porcupins. Dei um chute neste toco. e por surpresaminha saiu de pronto da terra. O queaconteceu. Eucalipto não tinha raizes, nominimo até 2,5 a 3,0 metros de profundidade?Também o dono se admirou e tentou se outrostocossaissem com a mesma facilidade Arrancouum, dois, três tocos com a mão. Podia ter feitoa destoca do terreno manualmente. Nemprecisava trator para isso. Mandei fazer umatrincheira para ver se tinha algum impedimentopara as raizes. Uma laje dura, água estagnadaou até uma laje de saibro ou pedregulho. Nada.A terra era perfeita. E porque as raizes nãocresciam?

O caso ficou cada vez mais misterioso.Olhei as árvores, que pela idade eram muitofinas. Deviam ter troncos bem mais encorpados,mais grossos. E verifiquei uma coisa , estranha.Tinha, varias árvores onde o broto cresciabastante, mas (depois morria máis que a metade.No próximo ano saiu um novo broto ao ladodo broto morto. e assim adiante. Não eramárvores que normalmente cresciam, mascresciam em escadas.. E o broto morre porque?No café também ha .disso. O broto morre edepois nasce um leque de brotos novos ao pédo broto morto. Aqui não era um galho e nãose formava um leque. Aqui eram árvores e seformou uma escadinha.. Mas a razão não era amesma?

Mande analisar seu solo e suas folhas paraboro. Fez)e o resultado não mostravadeficiência de boro nenhuma. Pelo padrão dolaboratório era suficiente. Mas, em relação aopotássio. que era muito alto, o boro era muitobaixo. Era uma deficiência induzida. por umaadubação bem intensionada mas mal sucedida.Espalhe.8 a 12 kg/ha de ácido bórico.

Foi feito. Um ano mais tarde a grossuradas árvores duplicou e todos os tocos.rebrotaram. Agora as raizes desciam até quase3 m de profundidade. nutrindo bem suasarvores. . Mais uma vez se comprovou que osdados diretos das análises não adiantam muitose não tira tambem as proporções entre osnutrientes. Aqui o boro era normal, o potasslomuito alto, era o desequilíbrio entre os dois quecausou o problema.

NNNNNAAAAA REGIÃOREGIÃOREGIÃOREGIÃOREGIÃO A A A A AMAZÔNICAMAZÔNICAMAZÔNICAMAZÔNICAMAZÔNICA TEMTEMTEMTEMTEM MINHOCASMINHOCASMINHOCASMINHOCASMINHOCAS?????Em toda vasta literatura sobre a Hiléiaamazônica, a “verdadeira floresta” comoHumboldt chamou a floresta tropical úmida,consta que não existem minhocas ( Lumbricicusspp) ). Todos os cientistas concordam, que aqui,em lugar de minhocasexistem oSlcupins(Termitae spp) porque o solo amazônico, emprincípio é muito pobre em matéria orgânica.Existe somente uma camada de 2 a 3 cm defolhas em decomposição e humus, mas o soloabaixo é praticamente só mineral. É a famosareciclagem rápida de toda matéria orgânica,para poder nutrir a mata imponente em um solomuito pobre. Esta região vive da reciclagem dosnutrientes e da água. Os nutrientes sãoabsorvidos, sobem na seiva, ajudam formarfolhas, frutos e madeira, As folhas caem, sedecompõem rapidamente, liberando osminerais, para poder ser novamente absorvidose ajudar formar outra vez folhas frutos emadeira.

Com a água não é muito diferente. Chove,a água é absorvida, sobe às folhas, étranspirada, sobe às nuvens e no outro dia cainovamente como chuva. Somente uns .. 30 %das chuvas vem de fora. E sem mata tanto areciclagem dos nutrientes como a de água setermina. “

Como os solos em 90% são areias,mesmo sem poros as raízes penetram bem,

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embora pouco profundo. As mais majestosasárvores somente ficaram de pé porque umsuportava o outro Não existiam raízes paramanter ereto uma árvore de 50 ou 60 metrosde altura. Isso explicava porque minhocas nãopodiam viver aqui. E provavelmente eratambém o clima quente que não as agradou..

Porém também os cientistas mais famosospodem errar. Assim p.ex. nos solos da florestados trópicós úmidos da América Central, comoCosta Rica, minhocas abundam. Porém aquitambém os solos são melhores, mais argilosose com mais matériaorgânica. E na Amazônia?

Visitei uma fazenda no Alto Tocantinsque tinha implantada pastagens. E ela erafamosa, porque possuia pastagens de capimcolonião, até com 15 anos, ainda abundantes.Não era somente uma raridade na Amazôniamas único na região.

O dono, alias um paulista, não foi paraAmazônia para explorar e ficar rico a custo damata e dos pastos. Ele veio para ficar. Ele amavasua terra, não como um valor negociável mascomo um pai sua filha. Ele cuidava dela esempre tentava manter o equilíbrio entre gadoe pasto. Não sacrificava o pasto para o gado,nem o gado para o pasto. Os dois tinham deviver, e viver bem, para que conseguiramcontinuar.

Aí ele sempre retirava o gado quandotinham baixado o pasto até mais ou menos 50a 60 cm de altura. O pasto era ainda alto e todosoutros riam. Quanta forragem ele desperdiçavacom este sistema. Mas os outros tinham derenovar seu pasto após 2 ou 3 anos, e o dele járendia bem durante 15 anos. Nos outros alotação de gado por hectare tinha baixado de1 animal para 0,2 e até 0,1 animal, mas alotação dele se mantinha sempre 1 rez/ ha.

Eu tinha de ver para crer. Então não eraclima e solo que impediam na Amazônia a“vocação para pastagens “mas simplesmentea ganância.

O capim colonião era exuberante emesmo num pasto recém “pastado” ainda com60 cm de altura, não se podia ver solo nenhum.Tudo era coberto pela vegetação.. A chuvatropical não podia bater no solo, mas foiamenizada pelas massa do capim. E as chuvasaqui eram tão violentas, que qualquer guarda

chuva quebrava nos primeiros dois minutos. Porisso não existiam guarda chuvas na Amazônia.Estes são somente proteção para chuvas maismansas. Por isso, solo desprotegido aqui nãofunciona por muito tempo estragada pelaviolência das chuvas. Abri a terra. Uma terrahumosa, fresca, agregada, grumosa e com umaenorme quantidade de minhocas que pulavamme quase na cara, quando retirei uma lasca deterra com a pá. Nunca tinha vista coisasemelhante e muito menos no paralelo 7 ondea terra somente deveria ter cupins. A ciênciatem as suas regras mas a natureza também. E,cuidando do solo, ela agradece..

PPPPPLANTIOLANTIOLANTIOLANTIOLANTIO DIRETODIRETODIRETODIRETODIRETO (PD) (PD) (PD) (PD) (PD)Atualmente, no Brasil já existem mais que

14 imilhões de hectares sob Plantio Direto.porque a cobertura do solo impede o impactodas chuvas sobre o solo e com isso a erosão.Há terrenos bastante declivados, sem umaúnica curva de nível e sem a mínima erosão.Uma camada de 1 a 2 cm de palha já amenizatanto o impacto da ”chuva, que a superfície dosolo não se compacta mais e a água penetra..Mas 1 a 2 cm de palha não tamponam ainda apressão das máquinas, nem impedem oaparecimento de invasoras exigindoanualmente herbicidas dessecantes. Paraamenizar a pressão das máquinas se necessitauma camada de 6 a 7 cm de palha na superfíciedo solo. Uma camada tenua também nãoimpede o solo secar e geralmente necessitatanto de irrigação como um terreno -trabalhadoconvencionalmente. Porém já é o suficientepara que as lesmas gostarem do ambiente e seassentarem especialmente em horticultura.

Também em monocultura de soja, comuma palha altamente decomponível é difícilconseguir uma camada grossa de palhá Isto seconsegue somente com uma rotação deculturas muito bem organizada. de mais oumenos cinco a seis cultivos diferentes dos quais,no mínimo dois devem possuir palha alta e duracomo por exemplo, sorgo forrageira ou milho,excluindo se as variedades híbridos ananicadas..

No Planalto do Rio Grande do Sul tinhamilho em PD. No início era uma alegria de vereste milho. Mas com o tpo ele exigia cada vezmais adubos e finalmente nem quis crescer mais

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sem irrigação. Usavam como dessecante,2,45De Roundup. O primeiro é um produtosistêmico com ação hormonal! que deixava“crescer as plantas à morte” quer ttizer aceleravao metabolismo e crescimento além daspossibilidades de absorção. O Roundup, aocontrário, não mata as plantas mas prejudicasuas raízes onde depois fungos entram matandoas . Aos dois, os cultivos têm de adaptar-se. Tudoera caro e finalmente os agricultores acharam,que o PD se tornou dispendioso demais.

Os únicos seres que, podiam respondera pergunta o que aconteceu foram as própriasplantas. Mas planta não é somente caule efolhas, planta é também a raiz.. E as folhasmantém a raiz e a raiz mantém as folhas. Eenquanto as folhas se adaptarem ao clima, asraizes se adaptam ao solo. E se as folhas nãoconseguiram responder a pergunta, tinhamosde perguntar as raízes. Extraímos com todocuidado uma planta de milho. Suas raízes eramsuperficiais e grossas, quase na grossura de umdedo e praticamente sem radículas, ostentandode vez em quando até um engrossamentocomo uma batatinha. Não podia ser o normal.Talvez esta planta é uma mutação genética.Extraímos outra, em outro lugar. As raízes eramidênticas. E em todas plantas, se apresentava omesmo: Os herbicidas embora dizem que sãodegradaveis não Iforam totalmente decom-postos, nem lixiviados. Devem se ter:acumulados nos solos e induzidos estadeformação das raízes. Raízes engrossadas esem radiculas ou seja pêlos de absorção. Nãotinha dúvida, as raizes do milho, embora cultivoanual, se modificaramnos solos com o usocontinuo de herbicidas dessecantes.

CCCCCALDOALDOALDOALDOALDO DEDEDEDEDE MATOMATOMATOMATOMATO ( ( ( ( (INÇOSINÇOSINÇOSINÇOSINÇOS OUOUOUOUOU INVASORASINVASORASINVASORASINVASORASINVASORAS)))))O agricultor, que diariamente anda sobre

seus campos observa muito. E como vive longede vizinhos também matuta muito. Com amulher não fala sobre isso que vive no campo,porque como ela pode compreender umhomem? Mulher, feita de (costela do primeirohomem tem de obedecer, mas não tem deopinar. E com a televisão é pior ainda.. Somentepode ver e escutar; mas hão pode esclarecerduvidas ou trocar opiniões. Assim ele é sozinho

com suas plantas, seu solo, suas dúvidas eidéias.

Vê as culturas crescer e “o mato crescerainda melhor e mais depressa. Tem de trabalharduro para controlar o mato. Por que cultura émais fraca? Não é da terra. É semente compradade fora. O mato é daqui mesmo. Adaptado aosolo ao clima aos ondulações do terreno. Omato é “gente de casa” a cultura é visitante defora. E ele Iuta para manter este visitante no seucampo, usando todo tipo de tecnologia, comoadubação, irrigação, herbicidas pre-emergentese capinas. Defensivos e controladores decrescimento e ainda não tem certeza que vaicolher bem. E quando finalmente colhe, oscustos da lavoura foram maiores do que o preçoque recebe pelo produto porque cultura nãotem a força das plantas nativas. E se é muitoviçosa, é porque colocou nitrogênio demais eagora as doenças também proliferam. Se acultura iria crescer igual ao mato, forte esaudável? Não tinha maneira de transferir ovigor do mato à cultura?

E aí andou o agricultor colhendo folhasdo mato. Folhas vigorosas de tudo que invadiaseu campo. Folhas vigorosas de árvores nabeira do campo. Cada planta tinha um outrojeito de crescer, mas sempre com vigor. Até datirica colhia folhas.

Para alguma coisa tem de prestar. Prestavapara enraizar galhos, mas não podia prestartambém para aumentar o vigor do cultivo?Socou tudo no pilão e deixou o sobre a noitena água. No outro dia espremia o caldo. Deviapôr ele direto sobre suas plantas? Não podiater alguma doença escondida ou enzimas quea cultura não iria gostar? Via dd dúvida fervia ocaldoalgumas horas e depois diluia-o. O caldode cada kilograma, de ervas diluia a 20 a 40litros de água. Pulverizou sua cultura. E o queaconteceu foi um pequeno milagre, as plantasde cultura aumentaram, que quase dava parasentar ao lado e olha-Ias crescer. E cresciamfortes e saudáveis com caules grossos e raízesprofusos e longos. E a noticia se espalhou.Fazem isso na Colômbia e Equador, noParaguai, Argentina e no Brasil usam-noespecialmente pare café, fazendo o caldo debrotos de mamona e de bambú, porque são as

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plantas nativas que crescem com o maior vigor,mobilizando nutrientes.

E funciona por que? Perguntei a umaprofessora de química orgânica da Univer-sidade de Rio de Janeiro. Enzimas morrem nafervura. Enzimas se desnaturalizam já comtemperaturas acima de 56ºC, mas hormôniospermanecem. Fervura não os mata. Masquanto mais se ferve tanto maior a perdatambém de anions. Se conservam somente oscations. Certamente os hormônios já são umsucesso.. Mas se somente fermentassem asplantas moídas por exemplo junto com o super-magro? Isso iria conservar também a maior partedos anions, como fósforo, boro, molibdênio eoutros.

Ficou o desafio. Agricultores o inven-taram. É usado em muitos países da AméricaLatina. Por que não o levar para frente usandoa força do mato para nossas culturas?

BBBBBATATINHAATATINHAATATINHAATATINHAATATINHA DEDEDEDEDE SEMENTESEMENTESEMENTESEMENTESEMENTE

A batatinha é nativa em Perú, ou nomínimo nos Andes. E sua multiplicação éapomíctica. Dizem que faz 500 anos queplantam batatinhas sempre de tubérculosporque estes suportam bem a seca e o frio queainda reina quando são plantadas.

Plantinhas novas iriam morrer. Assim,existem as mais belas variedades de batatinhas,estriadas, com pintos, brancas, vermelhas,pretas. Mas a maioria é muito pequena. Não émaior de que um grão de feijão-de-porco bemdesenvolvido.

Acreditam que sejam as variedades que,por natureza, são pequenas. Mas quando faz400 anos levaram uma vez batatinhas para aEuropa deram nas de presente para a rainhade Inglaterra. E como ninguém sabia o quefazer com elas e os jardinheiros reais não seencantavam com suas flores resolveram, maistarde, de dar Ihes de presente a ” rei soleil” LouisXIV, da França (que colecionava curiosidades.Ele chamou as batatinhas de “pommes de terre”,maçãs da terra. E como depois de Luis XIV todaEuropa queria imitar o luxo e as extravaganciasda corte de Verseilles, o rei da Prússia estavamais que encantado. quando recebeu algumasbatatinhas para seus jardins. Mas prussianosempre é prático, como as flores não lhe

encantavam, mesmo sendo presente dagloriosa França, teve a boa idéia da multiplicaras batatinhas e dar alguns a todos seus cidadõespara plantar.

Plantaram por ordem do rei, masninguém sabia o que fazer com elas. “Sãomaças da terra” foram informados, mas nãoeram nada gostas para comer. Aí o próprio reiresolveu obrigar seus súditos de comerbatatinhas. Era uma comida estratégica, queenriqueceu as colheitas de grão, e que davamainda para colher, mesmo se tropas inimigaspassaram por cima.. O rei ia de casa em casa emandou as pessoas comer batatinhas, cruas. Ecomo o pessoas não queriam, bateu com seuchicote de cavalo e gritou: porque vocês nãoas assam ou fazem compota como fazem comas maçãs? E assadas ou cozidas eram deliciosastornando-se a base de alimentação daAlemanha, Polônia, Dinamarca, Holanda eoutros países frios da Europa.

Mas, nos países europeus as batatinhasdegeneravam rapidamente. Mas onde si viu deplantar sempre somente por bulbos outubérculos?Começavam de recriá-Ias desementes, formadas pelas flores. No primeiroano deram batatinhas muito pequenas.Replantaram-nas e no segundo ano já erammaiores, e plantadas estas deram tubérculosgrandes, ao redor de 40 a 45 toneladas porhectare nunca vistase nunca imaginadas antes.

A Holanda se especializou em criarbatata-semente e vendê-Ias até para o Brasil.Com trato adequado houve até 5 replantes dostubérculos sem que a colheita diminuissesensivelmente... .

E no Perú, continuam plantando sempretubérculos, colhendo muito menos do que emqualquer outro país de modo que os norte-americanos já dizem que o país de origem debatatinha seria o dele.

Existem vales quentes no Perú comirrigação. Podiam tentar de recriar suasvariedades, que ainda existem, de sementespara aumentar os seus tubérculos e ter colheitasmaiores. Deve ser lembrado que amultiplicação sexual existe, não por causa dosexo, mas por causa da adaptação dosdescendentes às menores modificações de soloe clima, conservando a espécie durante os

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sêculos. Ou será que as leis naturais não valempara batatinhas?

CCCCCAFÉAFÉAFÉAFÉAFÉ SUPERSUPERSUPERSUPERSUPER-----ADENSADOADENSADOADENSADOADENSADOADENSADO

O café é nativo da Abessinia ou Etiopia,um país montanho)so do leste da África.Cresceu aqui no mato e foi descoberto pelosárabes como estimulante. Cada continente temseu estimulante. a Ásia o chá preto, a África ocafé a América o cacau e a coca O café foi abase da riqueza agrícola do Brasil. Na terra roxalegítima, famosa por sua fertilidade) se plantavao café no pleno sol. “O café arábico formandopés enormes e, até durante 100 anos, deucolheitas boas. Plantaram com espaço de 3 x 4metros ou seja 825 pés/ha ou mais ou menos2000 pésl alq. Mas depois plantaram cafétambém nas montanhas da Colombia, no mato,como na África e o café deu menos do que nosol mas era suave e o que perdeu pelaquantidade ele ganhoupelaqualidade.

No Brasil, pouco a pouco os solos seesgotaram e compactaram especialmente pelotrato que Ihes deram bem capinados e arruadospara as colheitas, sempre sem qualquerproteção ou cobertura. A terra roxa o agüentoupor mais tempo, embora em Paranáconseguiram estragá-Ia em 10 anos.. “,

Começaram a comparar entre os diversospaíses. Café gostava do sombra? As plantastalvez não tanto, mas o que ele gostava era umsolo fresco e protegido. Solo muito quente cafénão gostava. Plantaram mais perto em renques.3 metros entre as linhas, 1,2 m nas linhas dando2.750 pés/ha ou seja 6650 pés/alq. E o café deumais Mas ainda mostrava sintomas estranhas,Primeiro o lado norte ficou algo clorótico.

Era a deficiência de zinco. Depois foi olado sul que ficou mais claro, faltava manganês.Depois o broto não levantava mais e ficou maisbaixo que os galhos ao redor. enquanto na basedo tronco apareciam “ladrões”. Mas pior foique muitos brotos dos galhos morriam comsuperbrotação ao redor do broto morto. Era oboro que faltava.

Talvez, porque agora todos plantaramcafé e não somente em terras boas mas tambémem terras fracas. E começavam diminuir cadavez mais o espaçamento até chegarama 8.500,12.000 e até 16.000pés/ha. Agora não era mais

um cafezal mas parecia uma floresta, da qualsomente se enxergavam os troncos e acima ocanópio de folhas e frutos.

Era de se supor que neste tipo de plantioo efeito da monocultura seria arrasadora e asplantas cheias de pragas e doenças. Mas nadadisso aconteceu. O benefício de um soloprotegido contra sol e chuva, fresco e bemagregâdo, com uma grossa camada de folhascaídas na superfície, era tão vantajoso que nadase comparava com isso. E a colheita subiu de30 sacos/ha para 120 e até 150 sacos/ha. Equase ninguém com super-adensa-mentoaduba. O solo agradece a proteção,agradece tanto, que ninguém compreendeporque até faz pouco se usava esta tecnologiacom todas capinas ou herbicidas, defensivos,adubos e trabalhos no cafezal, quando sesimplesmente podia colher e colher bem de umsolo agradecido.

LLLLLESMAESMAESMAESMAESMA

Existiam de vez em quando lesmas numahorta. Mas geralmente era o suficiente decolocar um prato com cerveja e sal. E nos outrodia todos eram mortas, porque tomavam acerveja com verdadeira gula e não se deramconta do sal que as depois desidratava. . .

Também uma tartaruga ou melhor cagadoresolvia. Comia as lesmas. E acima dacapacidade do cagado elas não existiam.Quando porém se usa Plantio Direto, com umacamada de palha cobrindo o solo e se aindairriga porque a camada protetora é fina demaispara garantir a umidade suficiente, se cria todasas condições para a proliferação de lesmas,especialmente quando o cultivo é de verduras.E elas são vorazes comedoras. Mas tambémcampos de soja são invadidos. No plantioconvencional não poupam de venenos, porémcom relativamente pouco sucesso. Naagricultura orgânica é mais complicado ainda.O problema é que no plantio convencional osolo é revolvido, os nichos e micronichos dosinsetos destruídos e aves coletam tudo queencontram de insetos após a lavração sendo apossibilidade de reinstalação mínima. Grandeparte da matéria orgânica é decomposta.privando muitos dos pequenos animais do solode seu alimento. As condições para a vida. do

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solo são pequenas. Por isso pela quantidadede minhocas que se instalam se julga o sucessodo PD. Com solo indeturbado e ainda comcamada protetora na superfície os pequenosanimais do solo como grilos, lesmas,pantomorus, vários espécies de percevejos,cupins etc. proliferam abaixa da camada depalha. O probleitla de pragas e doenças, queantes parecia resolvido pelos defensivos, sejaeles químicos, orgânicos ou biológicos, agoratoma outras dimensões encontrando os.agricultores desprevenidos, especialmentequando ainda são produtores industriais,dedicados, a uma única cultura..

Procura-se agora saber os costumes efraquezas dos insetos e animais que inferna-lizam a vida dos agricultores. Por que aparecemem grandes quantidades?

Qual a condição que as beneficia? Quaisos desequilíbrios nutricionais O que comem eo que não podem comer? .Muitas perguntas epor enquanto poucas respostas!

Nas lesmas parece certo que sãobeneficiados pela úmidade e o excesso denitrogênio na vegetação. Quanto maisluxuriante uma folha, tanto mais a apreciam.Mas elas comem somente folhas glabras, lisas.Folhas peludas simplesmente ignoram. E aquié seu combate. Faz se uma rotação com umacereal com folha peluda, como aveia. Issosignifica meses sem alimento. Elas podemsobreviver mas depois são fracas e famintas. Eagora passa-se com sulfato de cobre a 3 talvez4% por cima do campo. E sulfato de cobrelesmas não agüentam mesmo em estado bemnutrido e muito menos em estado mal nutrido.E isso acaba com elas. Mas seja lembrado, ésempre interessante planejar uma rotação deculturas com algum cereal peludo e não usarum excesso de nitrogênio, seja ele oriundo deesterco ou adubo químico. E qualquer excessode N sempre deve ser contrabalanciado comcobre. É o equilíbrio que vale.

SSSSSOLOOLOOLOOLOOLO INFLUIINFLUIINFLUIINFLUIINFLUI NANANANANA SECASECASECASECASECA

Seca é a má distribuição das chuvas; éfalta de água.. Mas não é somente isso, casocontrário teria muito mais desertos. Há regiõesno Mundo que ainda possuem uma agriculturarazoável com menos que 300 mm/ano de

chuva como nos Andes ou na Hungria, Eexistem outras regiões que contam com 2.400mm/ano de chuva e mesmo assim são desertos,como a região do Kalahari na África do Sul Oque influi em muito, é.o vento. O vento leva aúmidade , até 750 mm/ano. E quanto maiscompactado o solo for, tanto mais rápido eleseca. Porque pelo Etquecimentode suasuperfície o vapor da água do subsolo rompecapilares retos até a superfície, onde sai. O ventonão a poderia levar, se não fosse em estado devapor por cima da superfície do solo Se o soloé agregado o caminho da água do subsolo émuito sinuoso. É dificil chegar à superfície. Eesta não aquece tanto, quanto num solocompactado. A perdade água é muito menor.

E se o solo ainda tiver alguma cobertura,seja uma camada de palha ou mesmo umavegetação, a superfície do solo. permanecemais.fresco. Enquanto o solo insolado já podeter passado 56º C ou mais, o solo coberto aindaestá com 21 a 23C.

Dizem que as plantas transpiram a águae somente solo com vegetação seca. Por issoexiste nos EUA um sistema, onde lavram o soloe mantêm-no durante um ano sem vegetaçãonenhuma, para se reabastecer com água pelaschuvas, que nesta região, normalmente sãoparcas. Então plantam 1 ano e deixam o solorepousar no outro. Mas este sistema nos trópicosnão funciona. Perde-se muito mais água dumsolo limpo, com suas temperaturas elevadas,do que de um solo coberto com vegetação.Assim, em anos secos, o milho, invadido porervas nativas produz e este mantido limpo hãoconsegue nem manter suas folhas eretas. Elasestão quase permanentemente enroladas emurchas.

E cebola mesmo sem chuva, abaixo de“erva Santa Maria” (Chenopodium ambrosioides)produz normalmente enquanto à cebola nolimpo nem começa fazer bulbos.

Em solos cobertos com uma camadagrossa de palha conserva-se a água durante até3 meses. Por isso no PD não importa muito aépoca do plantio. Não se precisa esperar porchuva porque o solo não secou. E mesmo emsolos que se encontram no” ponto demurchamento”, com 15 atm de tensão, abaixode uma cobertura morta, por exemplo alho,

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pode produzir ainda tanto quanto produz emsolo limpo com apenas 2 atm. Não é somentea água que se necessita em boa quantidade,mas também uma temperatura fresca..

Mas planta mal nutrida sofre muito maisda seca que planta bem nutrida. Uma vez queo plasma celular é mais aguada e portanto seevapora mais facil e também a plànta nãoconsegue formar suas substâncias até o finalsubstâncias semi-acabados podem serlixiviadas até pelo orvalho Num ano teve umaseca muito violenta no Planalto do Rio Grandedo Sul e boa parte do milho parecia perdida.Mas ao meio de todos estes milharais quesofriam, do que se chamaria no Nordeste de“seca verde tinha um campo de milho vigorosoe com carga não somente normal, masabsoiutamente boa Era impressionante. Ohomem irriga? Não, ele é um pequenoagricultor e não tem nem a mínima condiçãopara irrigar. Então porque o milho não seressente da seca como o de todos os outros?Talvez porque a terra é nova. É o primeiro anoem cultivo.

Antes era capoeira. E, de fato o solo eramuito bem agregado, o que lhe protegeu contraa perda rápida de água... Abrimos o solo. Em43 cm de profundidade esbarramos na rocha..As raízes grudaram na camada semi-intemperizada ou seja decomposta. Daquitiravam seu alimento. Olhamos o milho, o sologrumoso ainda rico em matéria orgânica, arocha que fornecia um alimento equilibrado. Ede repente todos pensaram a mesma coisa. Aseca não é somente a falta de água. A seca étambém um solo mal cuidado, decaído,desagregado,compactado e uma nutrição dasplantas desequilibrada. Tem muitas maneiras deamenizar o efeito da seca começando com osolo e o Meio-Ambiente, que não pode serdescampado sem obstáculo contra o vento.Quebra-ventos, cobertura do solo, solo bemagregado com suficiente matéria orgânica, eculturas bem nutridas; isto é com todosnutrientes que necessitam, sofrem muito menos.

UUUUUSARSARSARSARSAR COMPOSTOCOMPOSTOCOMPOSTOCOMPOSTOCOMPOSTO ÉÉÉÉÉ AGRICULTURAAGRICULTURAAGRICULTURAAGRICULTURAAGRICULTURA ORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICA?????A Agricultura orgânica tem suas Normas

e estas dizem que precisa de composto. Entãotodos fazem composto. Os plantadores de

cana-de-açúcar orgânico usam todo bagaço etorta de filtro para produzir composto, e algunsaté instalam granjas de frangos, para podermisturar cama-de-frango com seu bagaço.Outros que criam laranjas orgânicàs até entramem guerra por causa do esterco deconfinamentos bovinos e de frangos,Plantadores de seringuela buscam de até 300km de distância folhas de carnaúba e estercode frango, plantadores de verduras vasculamtudo para achar suficiente cama-de-frango paraseu composto.

Plantadores de café brigam pela cascadas cerejas e mantêm granjas de frangos. Masproduzir composto é muito trabalhoso e caroComo nutrir 6 bilhões de pessoas com produtosorgânicos quando já 10 milhõàs parecem olimite? Os da agricultura convencional jáobservaram maliciosamente que o compostoé a limitação da agricultura orgânica e portantosomente alguns pequenos agricultores podemusar este método. Portanto fica mais umaobsessão de alguns loucos de que umaatividade econômica que se pode tomar a sério.O composto é o pivó ao redor do qual tudogira. Determina-se quanto esterco de granjasconvencionas é permitido para não carregar ocomposto demais com anabolisantes,promotores de crescimento geralmenteantibióticos, organofosforados usados nocontrole de parasitas bovinos e outrassubstâncias indesejáveis. Na Alemanha,principal importador de produtos orgânicos,permitem 20 % de esterco de granjasconvencionais. E se este for misturado combagaço de cana convencional pergunta se: oque está aqui ainda sem venenos? É orgânico,porque não usam adubos químicos. Mas o quemuda ninguém pode explicar exatamente. Foradisso os agricultores orgânicos acreditam queseus produtos nunca podem atingir o tamanhoe perfeição dos convencionais, porque com 40toneladas de composto adicionam somentemetade do NPK à seus cultivos do que osconvencionais usam.

E, o preço diferenciado é dificil aconseguir, por depender de certificadores quenão cobram pouco por pertencer a firmas, quetambém querem ganhar. Mas somente com “oselo de qualidade orgânica” se consegue o

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preço diferenciado, De modo que plantarorgânicamente não é tarefa fácil.

Mas como a exportação, atualmenteesbarra em uma série de dificuldades,especialmente de tarifas alfandegárias, quotasetc. e fora disso os adubos e defensivos sãocada vez mais caros enquanto os preços dosprodutos são estáveis ou caem, os agricultoresestão no dilema: de abandonar o campo eentregar sua terras ao agro-business, ou comose chama atualmente, ao agro negócio outentar a agricultura orgânica, que justamenteesbarra no composto. A situação parecedesesperadora. Se permanecer a visãocompartimentada ou como se chama“temática” trocando um fator químico por umorgânico mas continuando de ignorar ascausas e continuando a combater sintomas”não tem saída mesmo.

Mas quando se enfoca o inteiro,procurando as causas dos problemas, quandose procura a razão porque aplicar composto,quando não se encalha simplesmente naNorma de aplicar composto a solução nãosomente e bem mais barata mas tambémnão.há limite de tamanho da propriedade.Pergunte o solo o que faz com o composto?

O que se quer, não é de nutrir a plantacom NPK orgânico, mas de fornecer alimentopara a vida do solo, para que este o agregacriando poros onde deve entrar ar e água. Noclima temperado se usa composto porque adecomposição é vagarosa.

Palha se decompõe somente em trêsanos. E depois do inverno, com todo gadobovino confinado, existem pilhas enormes deesterco e palha atras dos estábulos que nãopode ser distribuido diretamente no campo,porque iria impedir o plantio.

Então se teve a idéia salvadora:compostar. Semi digerido pela bactérias,decomposição no campo é rápida e aliberação de nitrogênio beneficia a culturanuma época em que a temperatura ainda ébaixa.

Nos trópicos nada disso ocorre. Não temgado confinado durante estação nenhuma, anão ser em confinamentos de engorda.

Pergunte seu solo o que ele faz com ocomposto? Composto não é NPK em forma

orgânica, como a maioria das pessoas acredita.Composto, como palha, adubacão verde ouesterco é somente alimento para a vida do soloparaqueformesubstancias que agregam o soloe criam poros onde podem entrar ar e água.Composto não é adubo mineral em formaorgânica. Composto tem de ser primeirocompletamente digerido, decomposto pelasbactérias e fungos à gás carbônico, água eminerais para poder liberar os nutrientes.Enquanto ainda existem estruturas orgânicas aplanta não o pode utilizar a não ser algunsamino-ácidos de estrutura simples, que a plantapode absorver.

No trópico a decomposição da palha émuito rápida e não tem razão nenhuma de semidigeri-Ia previamente (compostar) especial-mente porque os solos tropicais possuem dezvezes mais microrganismos que os solos declima temperado e portanto necessitam muitomais alimento.

Alegam ainda que o composto iriafornecer mais nitrogênio que porém não é muitocorreto, porque segundo pesquisas há muitopouca relação entre o fornecimento denitrogênio às culturas e o contido no composto.Até um composto com pouco nitrogênio podeprovocar um crescimento abundante da cultura.

Fornecer nitrogênio por leguminosas épraticameilte impossível, porque não se podeter sempre boa parte das terras sem cultivos,somente para esperar que as leguminosas fixemnitrogênio. Então fazer o que?

Na Índia resolveram isso de maneirasimples e impressionante. Lá eles nutrem 1bilhão de pessoas numa área de 37% da doBrasil e ainda exportam cereais.

Grande parte dos agricultores são muitopequenos e não tem o dinheiro, nem o créditopara poder comprar adubos químicos. Odinheiro que tem já gastam com os defensivos,que, alias aplicam liberalmente. Como eles sãobudistas não comem carne, nem de frango nemde porco e as vacas lá são sagradas. De modotambém não tem esterco e a produção decomposto, segundo as normas européias épraticamente impossível. Aí o professor Dharda Universidade de Allabahad desenvolveu ummétodo prático e simples. Deixam toda a palhada cultura anterior no campo aplicam a lanço

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escória-de-Thomas, resíduos fosfóricos daprodução de aço” que Ia é abundante e barato.Com isso provocam o aparecimento dirigidode bacterias que na decomposlçao de celuloseproduzem uma geléia, ou seja um açucar ácido,os chamados ácidos poliurônicos, que são aalimentação de bactérias livres, fixadoras denitrogênio “os Azotobacter” O Azotobacter quetambém existe no ar em grande quantidade seassenta nesta palha e, como seu nome indica,fixa mtrogemo em quantldade suficiente paraproduzir 9 T/ha de milho. No Brasil ondesomente em Minas Gerais existe esta escória,se podem usar fosfatos natural, termofosfato,hiperfosfato ou qualquer fosfato cálcico econseguir o mesmo efeito. E a vantagem e queneste sistema não tem restrição de tamanho dapropriedade. A única coisa que exige e umapalha rica em celulose, como a de milho, mileto,trigo arroz ou de outros cereais. Quer dizernecessita-seuma rotaçãode cultivos, que emqualquer agricultura sadia é indispensável.

Resta ainda o problema do potássio. Seos cultivos retiram anualmente o potássio,como repó-Io? Ai entra outro segredo danatureza. Não todas as espécies ou variedadespossuem o mesmo potencial de mobilizaçãode nutrientes. Assim por exemplo enquantoaveia, dum solo ácido consegue absorver 50µde cálcio por ml de seiva a tanchagem(Plantago maior) consegue absorver 1.500 µ/ml. De onde ele o consegue ninguém sabe.Mas mesmo não esclarecido o fato, se podeutilizar esta capacidade. Assim por exemplomamona, mileto ou capim Napier são muitorico em potássio e podem ser utilizados paraenriquecer o solo com ele.

Que dizer se queremos adubar. umpomar se necessita somente plantar mileto emamona, roçá-Ios e distribuir fosfato natural outermofosfato por cima. O resto as bactériasfazem. Se faltem micronutrientes necessitam deser aplicados especialmente boro, que aumentao tamanho das raizes e com isso a absorçãodas culturas.Lembre:Lembre:Lembre:Lembre:Lembre: as culturasas culturasas culturasas culturasas culturas não necessitam decomposto mas necessitam 1) um solo agregadoe poroso ( matéria orgânica, melhor é palha quesempre tem de ficar, na camada superficial dosolo, e nunca pode ser enterrada) para entrar

facilmente água e ar; necessitam 2) um sistemaradicular amplo (boro) , e tem de ter 3) osuficiente em nutrientes, tanto de macro comode micro que, em sua maioria, se conseguemconforme a adubação verde ou palha que sefornece e 4) a proteção da superficie do solocontra o impacto da chuva e o aquecimento.De solos quentes (acima de 32ºC) as plantasnão absorvem mais nada. Em solos protegidose frescos as plantas necessitam menosnutrientes.

E tudo isso não se consegue pelocomposto mas pelo manejo adequado. Porexemplo composto enterrado tem um efeitocatastrófico sobre as culturas por ter umadecomposição anaeróbia soltando gasestóxicos como metano e gás sulfidrico quepodem matar as mudas. Não melhora aporosidade do solo, nem aumenta o sistemaradicular. Na AGRO-ECOLOGIA não temreceitas como na agricultura convencional, mashá conceitos que cada um põe em práticasegundo suas condições,necessidades epossibilidades.

AAAAAGRICULTURAGRICULTURAGRICULTURAGRICULTURAGRICULTURA ORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICAORGÂNICA COMPENSACOMPENSACOMPENSACOMPENSACOMPENSA?????Me diziam que não compensava nem

com 50% de preço acrescido. Simplesmentenão produz. Dez anos de agricultura orgânica,executado segundo as Normas e o resuitadonão melhorou mas piorou ano por ano. Isto éque me diziam em Mendoza, Argentina. Efizeram composto, colocando 35 a 40 t/ha. Aterra podia ser ótima, masnão o era. .

Bem, seja lembrado que as Normas nãoforam feitos para orientar o agricultor mas paraprotegero consumidor. O agricultor se vire.

A região de Mendoza tem suasparticularidades. Primeiro a chuva total do anonão passa de 80 mm. Os cuitivos de azeitonase de uvas, para que a região é famosa, secultivam com água de degela dos Andes.Parece que tem ainda muita égua, porque todapaisagem é cruzado por canais, ínclusive acidade, e de vez em quando abrem ascomportas e toda terra é simplesmenteinundada.

Os invernos são frios, tão frios, que asaulas no campo tinham de ser de tarde, quandoos dedos não ficam mais rígidos ao manejar um

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instrumento. Aí é um pouco mais quente. Masmesmo assim não neva porque não chove.

Visitamos uma horta orgânica. Metadedas verduras plantadas tinham morridas e osque restavam não eram nem um poucoanimadores. O solo era completamentecompactado pelo uso do rotovator e a irrigaçãopor inundação. No momento padeciaabsolutamente de um excesso de umidade, oscanteiros eram bem limpos e capinados, diziampara captar um pouco de calor. Apesar disso atemperatura do solo era de 3º C. Quanto maiscompactado um solo tanto melhor condutor decalor ou frio ele é. Ele não somente aquece mais,igual a pedra, mas ele também esfria maisrápido. As raízes estavam superficiais e o cheirodo solo era nojento, de ovo podre. Nuncatinham cheirado no seu solo e se assustaram.. ‘

Fomos num bloco de canteiros que fazsemanas não foi irrigado e o mato cresciaabundantemente. Pedi de abrir o solo. Não vaidar, deve estar muito duro. Tentem. Tentaram epor surpresa de todos este solo era bem maismole, agregado e fofo. As raízes entraram até60 cm formando uma teia intensa quepenetrava todo o solo e o mais impressionantefoi, que parecia mais quente do que o solodescoberto.

Medimos a temperatura e estavam quase8ºC. Ai todas as teorias desabaram. Era úmidosem irrigação recente, estava bem enraizadosem composto enterrado, estava mais quentecom cobertura densado solo.

Então nossa agricultura orgânica estáerrada?

Parece que sim. O que deve orientar oagricultor não são as Normas que protegem oconsumidor, nem a tecnologia que beneficiaas indústrias, mas as leis naturais.

Por isso se fala de agro-ecologia: o MeioAmbiente usado para fins agrícolas. Porém nãodestruido pela agricultura a matéria orgânica,em clima quente o em clima frio, sempre deveficar na superfície do solo e nunca enterrada.Solo natural nunca é desprotegido mas sempreprotegido e quando não cresce mais nada, seprotege com musgo. como na região ártica. E aquantidade de água necessária e tanto menor,quanto menos vento passa pela paisagem.

Os adeptos de agricultura orgânica seanimaram. Entã6 esta produção miserável nãoé resultado de plantio orgânico, mas doorgânico errado? Da compactação, do excessode irrigação, do composto enterrado, dorotovator que destrui os grumos, do solodesprotegido.

E o que nos desorientou foi exatamente aagricultura química, onde se trabalha com solomorto, sem matéria orgânica e sem vida e nãocom solo vivo e animado.

Temos de re-apreender de lidar com avida.

O O O O O VENTOVENTOVENTOVENTOVENTO

A ONU diz que neste século teremos dedesmatar ainda 200 milhões de hectares paraproduzir alimentos. Pela estatística mundial seconstata que sem subsídios cai a produção.

Producão mundialProducão mundialProducão mundialProducão mundialProducão mundial

As regiões que atualmente produzemmais são:EUA -Argentina -Ucraína (QaRússia) -Planíciesdo Norte da China, mas destas não se pode maisesperar um aumento de área. plantada.A produção nos outros regiões do mundo é aseguinte:• Europa Ocidental de 1991 a 1999 a

produção de grãos caiu 20 milhões detoneladas.

• Europa Oriental não tem infra-estrurua;

• Canadá chegou aos limitesAustrália produziunos últimos anos 13 a 20 tono menos grãosque em 1991, culpando o clima

• Nova Zelândia chegou aos seus limites

• Turquia esta construinde barragens parapoder irrigar frutas e verduras!

• Brasil, segundo a ONU, podia desmatar mais20 milhões de hectares mas não tem estradasde escoamento.

Porém, quanta mais terra se desmastatanto menor fica a estação das água e tantomaior fica a estação da seca. E finalmente aschuvas se acumulam em três meses o quesignifica um clima semi-desértico. Podem seplantar durante estes 3 meses, e durante 9meses falta até água para o populacão e o aado

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morre nos pastos como na região do Kalaharino Sul da África, o desmatamento aumentaárea mais dificilmente aumenta a produção.

Fora disso, no Brasil o vento já baixasubstancialmente a produção e baixará elamais ainda se mais áreas seriam desmatadas..O vento pode levar um equivalente de até 750mm/chuva ano tornando áreas com suficientechuva semi-áridas e provocar o inicio dedesertificação, como no Ceará. Quanto maisvento tanto menor as colheitas.

Em pequenas roças ( 1/2 ha ) dentro damata amazônica o milho produz 3 espigasgrandes. Em roças maiores (5,0 ha) ele produz1 espiga pequena graças ao vento. E que ovento não é pouco provam os heliocópterosagrícolas que nos EUA trabalham com aadubadeira (em hastes de 2 a 3 metros em quelevam a adubadeira, enquanto no Pará malconseguem voar com a adubadeira em hastede 0,89m sempre com medode ser derrubado.

O problema é que agricultura, mesmosendo uma “agricultura de precisão” feito pelaagroindústria onde adubação, quantidade desementes e irrigação são determinadas metropor metro por computadores montados nostratores, ainda dependem de fatores naturaiscomo o vento. E quanto maior a áreadesmatada, tanto maior a possibilidade deagricultura de precisão e tanto maior tambéma possibilidade de o vento derrubar todas asprevisões..

Numa plantação de eucalipto ao meio docerrado 1O hectares foram completamentederrubados e limpos e inteiramente plantados.Em outra área de 10 hectares 6 metros sempreforam limpas e plantadas com 3 fileiras deeucalipto e em 4 metros o cerrado ficou de pé.Todos riram desta experiência. Não tinhadúvida que a área completamente plantada iriadar mais madeira. do que esta onde somente60% foram plantados. Até apostaram alto, equando 5 anos mais tarde o eucalipto foicortado os 60% ao meio do cerrado,protegidos do vento, deram o dobro de madeirada plantação a limpo.

E milho plantado na sombra de vento porcapim-Guatemala, sem qvalquer adubonitrogenado cresceu exuberante com colmosgrossos e duas espigas ao redor de 300 g cada

apesar que não tinha recebido mais que 100mm de chuva durante toda vegetação. O soloconservava sua umidade e nas folhas tinhafixação de nitrogênio por bactérias de vida livrecomo Azotobacter e Beljerinckia. Quanto maisse modifica o ambiente natural, tanto mais ohomem é obrigado de assumir o que antes anatureza fez. Portanto: quanto menos vento,tanto mais se produz. O desmatamentoaumenta a área mas dificilmente aumenta aprodução.

EEEEEFEITOFEITOFEITOFEITOFEITO DODODODODO VENTOVENTOVENTOVENTOVENTO

(Brisa de 3,5 m/s) e umidade do solo sobre ocrescimento de Robínía pseudoacacía

(Satoo,1948)

A EMBRAPA averiguou que a brisa pode levaraté um equivalente de 750 rnrn chuva/ ano.

Isso significa que uma região com 1.300mm/ano de chuva, permanece somente com550 mm/ano ( 42% do total) isto é ela se tornasemi-árida, apesar da quantidade suficiente deprecipitações. Em regiões completamentedesmatadas, como nos estepes russos a brisaconstante pode ievar até 13% da umidade. Nairrigação por aspersão (inclusive com pivócentral) evaporam-se de noite até 40% da águaaplicada e em dias ensolarados até 60%.

PPPPPECUARISTASECUARISTASECUARISTASECUARISTASECUARISTAS: : : : : BURROSBURROSBURROSBURROSBURROS OUOUOUOUOU INTELIGENTESINTELIGENTESINTELIGENTESINTELIGENTESINTELIGENTES?????EI Gran Chaco era sem dúvida uma

grande região pastoril e exatamente aqui ospecuaristas se negaram de fazer o mínimomelhoramento. Não queriam trocar seu gadopé-duro por uma raça mais produtiva, nãoqueriam saber de inseminação artificial, nãoqueriam implantar o pastejo rotativo racionaltão propagado por Klocker, nem queriam adotarforrageiras mais produtivas, O Governo sedesesperou.. Era possível que gente era tãoburro ou simplesmente tão preguiçoso?Enquanto a Argentina era um país muito

Peso da parte aérea (g)Umidade do solo (%)

-33118358-53368688-4040-8080

ÍndiceComSem ÍndiceComSemVentoVento

Distância dos entrenós(mm)

Altura (mm) -2743156-56144258-342367-6269111Peso das raízes (g)

-365,114,3-6212,520,0Nº de folhas -7710,013,0-8913,815,4

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progressista, esta região não quis acompanharo desenvolvimento geral. Quanta carne sepodia exportar se estes pecuaristas não seriamtão emburrados? Mas nem precisava exportar,já a região de Tucuman é grande consumidorde carne.

Finalmente a Universidade de BuenosAires se interessou pelo caso. Seus professoresforam lá, na época de inverno. A região tinhaum aspecto semi desértico.

As pastagens eram torrados pela seca ogado foi mantido a base de ensilagem. Não deupara engordá-Io, mas deu para não deixarmorrê-Io. Não era uma região pastoril porexcelencia, eram terras marginais. A água queentrava nos bebedouros era alcalina. Gadobebe água alcalina? Se não existir outra estaobrigado a tomar água salina. Abaixo da mataa água era potável, mas quando esta foiderrubada, para fazer lugar para pastagenstudo mudou, especialmente quandocomeçavam com a tão acostumada “roça pelofogo” e os solos ficaram cada vez maiscompactados e impenetráveis. Quase nenhumaágua penetrou, mas pelo fogo se arrancou aágua do subsolo à superfície e esta se salinizoucada vez mais.

O único gado que suportou esta situaçãoera o pé-duro mesmo,acostumado durantemuitas gerações a esta situação. Era umaadaptação genética. Deixar tudo como era?

Começavam com o lento processo derecuperação. Primeiro dessalinizavam os solosplantando sorgo. Os solos nunca tinhamrecebidos matéria orgânica, que o fogoanualmente consumia. A palha do sorgotransformou os compostos de sódio emcarbonato de sódio e carbonatos são poucosolúveis. Com isso baixaram radicalmente asalinidade dos solos. Depois constatavam queo nível freático estava em 2 a 3 m deprofundidade.

Relativamente alto, mas baixo demaispara que o capim podia se abastecer com águadurante a época seca. Tinha somente umaforrageira que não se importava de algumasalinidade e que tinha raizes profundas: aalfafa. Fresco o gado não podia se alimentarsomente de alfafa. Iria morrer de timpanismo.Mas cortado e murcho, dava. E cresca também

algum capim Rhodes e pasto lIoron (Eragrostiscurvula) Parecia inevitavel de fazer rotaçãoentre agricultura e pastagéns. Cada vez que osolo se tornou salino demais recebia palha desorgo para neutralizar o sódio solúvel. Algodãoe trigo mourisco baixavam igualmente asalinidade.

Uma vez sabendo como manejar seussolos, a vontade de melhorar virou mania.Importavam gado zebu, preferencialmenteNelore do Brasil, Cruzaram com um pingo desangue europeu, ficaram fanáticos deinseminação artificial para melhorar maisrápido seus rebanhos, A região formigava deatividade.

Enquanto somente com muito customantinham seu gado vivo durante a seca, e nãoexistia outra água a não ser a salina, a únicamaneira de sobreviver era de deixar tudo comoera porque o gado nativo já era adaptado. Sevivia mal mas se vivia. Mas quandodescobriram que o pior que podia acontecerpara seus solos era o fogo, e se necessitava dematéria orgânica para manter os solospermeáveis, e quando descobriram que a alfafaprocurava a água lá embaixo durante a seca, eque tinha vários capins que tambémsuportavam solos salinos, (valia a pena deinvestir.

E o Governo descobriu agora, que ospecuaristas desta região não eram burros nempreguiçosos mas muito inteligentes, porquefizeram o que era o melhor na situação deles.Com uma raça melhor teriam fracassados,pastejo rotativo não teria adiantado enquantonão tinha forragem durante a estação seca eforrageiras que não suportavam a salinidadeteriam levado ao colapso total da já fragilatividade pecuária. Quem eram os burros, eramos extensionistas que querem implantartécnicas inadequadas para a situação quesomente sabiam suas receitas e eram Incapazesde reconheceros problemas existentes.

O O O O O FOGOFOGOFOGOFOGOFOGO

As queimadas são uma particularidadebrasileira. Quando um dia viajei de Lima paraManaus, de repente o piloto informou:” Ossenhores passageiros olhem uma vez parabaIxo.

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Onde começam as queimadas começa oBrasil”

Fazem muita pesquisa sobre o fogo. Unsdizem que são prejudiciais, outros dizem quenao tem nenhuma influência nociva. Nãoaquecem o solo, não queImam a maténaorgamca, não matam a microvida do soloquando bem feitos. Bem feito é uma queimadaquando o solo ainda está úmido e a vegetaçãojá foi secado pelo vento. Mas às vezes o fogoescapa a todo controle porque um vento nãoprevisto se levantou queima as fazendasvizinhas que não pretendiam roçar com fogo,atinge as reservas. naturais, queima florestas,como faz alguns anos aconteceu em Roraima.Contra um fogo violento mesmo, somenteadIanta um contra-fogo.” Tem de sacrificar maisalguma área, fazer um acero e queimar estafaixa para que quando o fogo vem não achamais nada, a não ser cinzas.

Pesquisamos também o fogo. Oito anosem seguida queimados um pasto e ao Iadodeixamos outro pasto sem queimar, somentepastado com lotação certa e limpo pela foice.E o resultado foi que na área queimada tinha oduplo e até triplo de cálcio, magnésio epotássio. De certo uma vantagem, e até umavantagem grande. Mas a quantidade deforragem somente era 25% da de área nãoqueimada e pior, as forrageiras boas tinhamtodas desaparecidas, especialmente asêstoloníferas que cobriram o solo. São estas quesoltam estolões que enraizam nos entrenóscomo o gramão (grama forquilha) e osdecumbentes, que deitam seus colmos eformam raízes nos entrenós como brachiária,estrela e semelhantes. Os que restaram eramcapins grosseiros, cespitosos como barba-debode, cabelo de porco, capim cabeludo esemelhantes, formando tufos, ondeconseguiram proteger seus pontos vegetativoscontra o calor do fogo. Mas apareceramigualmente muitas invasoras. Era umavegetação pobre e grosseira que os norte-americanos chamam de “tire-bom” nascida dofogo. Não tinha mais semelhança com o pastoque era anteriormente. E o pior, o solo eracompacto e impermeável e a água da chuvaescorria, causando erosão, o que não fez nopasto não queimado.

O que o fogo fez?Ficou bem claro; o prejuízo do fogo não

é queimar o humus e as bactérias por aquecero solo. O grande prejuízo é o não-retorno damatéria orgânica ea exposição do solo limpo,queimado, ao impacto das chuvas.

O matéria orgânica é o alimento da vidado solo. De cinza, nenhum ser do soloconsegue viver por constituir-se exclusivamentede minerais. Com bactérias e fungos mortospela fome, o solo não se agregava mais eperdeu sua estrutura porosa onde entrava ar eágua. E as chuvas golpearam o solo queimado,isento de vegetação, destruindo ainda osúltimos poros e compactando-o. Certo que ofogo provocou uma rebrota adiantada. Masesta não era capaz de cobrir o solo até as queas chuvas vieram. E o gado faminto rapou avegetação nova. As consequências do fogo sãonefastas. Numa visão enfunilada, comparti-mentada nao se enxerga seu efeito, numa visãoum pouco mais ampla, dá para se assustar.

Os índios também queimavam suasroças. Mas somente uma única vez. Depois deplantar durante um ano abandonaram o campoe a vegetação nativa voltou, recuperando osolo.

Por isso eram nômades. Não porquegostaram de migrar, mas para não destruir ossolos e a mata. Não sabiam ler e escrever, eramanalfabetas como também às “descobridores”do BrasIl. Mas tinham uma aprofunda ligaçãopara com a natureza, sabiam observar, e antesde tudo respeitar. E sabiam, se eles destruem ossolos destruem sua base de vida e se auto-exterminam e isso os brancos já não enxergammais.

TTTTTECNOLOGIAECNOLOGIAECNOLOGIAECNOLOGIAECNOLOGIA MODERNAMODERNAMODERNAMODERNAMODERNA, , , , , SEMPRESEMPRESEMPRESEMPRESEMPRE ÉÉÉÉÉ TECNOLOGIATECNOLOGIATECNOLOGIATECNOLOGIATECNOLOGIA BOABOABOABOABOA?????Era no Norte de Minas Gerais num

afluente do rio São Francisco onde tinhamassentados os agricultores deslocados pelarepresa Três Marias. Era tudo perfeito. OGoverno forneceu casa de alvenaria, luz eágua encanada, os campos eram bons eadutoras muito bem feitos trouxeram a aguado rio para a irrigação dos campos porque nesteclima quente com 500 mm/ano de chuva nãose podia fazer muita coisa. Receberam tratorese máquinas a créditos baratos de 10 anos, era

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um luxo. Extensionistas atendiam os agricul-tores ensinando toda a tecnologia modernacom adubos, herbicidas, calendário dedefensivos e irrigação Talvez a irrigação nãoera perfeita, porque somente aplicavam águamas não a drenavam, nem lavavam os solosde vez em quando o que teria sido necessáriopara evitar a salinização. Mas por enquantoainda não tinha chegado a salinizar os solos.Uma cooperativa cuidava das compras evendas. Era tudo perfeito.

Mas os agricultores não eram felizes.Inicialmente colhiam muito bem. Até 4,5 a 5,0toneladas de feijão e 9,0 toneladas de milho.por hectare. Era uma fartura incrível. Mas depoisas colheitas baixaram, apareceram sempre maisinvasoras, que os herbicidas não controlavam.E depois cresceu sempre menos nestes camposaté que a terra ficou estéril, quase semvegetação alguma. Culparam os agricultores ea burrice deles. Não eram capazes de lidar comuma tecnologia tão avançada. E os agricultoresdesconfiaram dos agrônomos e da cooperativa.Se a cooperativa os convidou para uma reuniãoos agricultores não apareciam mais. Para que?Também não sabiam a solução. E os primeirosjá começavam a sair. Foram embora, porquenão dava mais, abandonando casas e camposadutoras e sistemas de irrigação.. A situaçãoficou crítica.

Perguntaram técnicos e especialistas,perguntaram professores e cientistas mas nãoperguntaram o solo. E este teria sido o únicode dar a resposta certa.O que aconteceu? Os solos estavaminteiramente compactados, tinham os aradosprofundamente segundo o sistema “o tratorpuxa” e às colheitas pareciam responderfavoravelmente à esta aração profunda quemobilizava toda matéria orgânica que se tinhaacumulada nestes solos durante muitos anos.Mas, ao mesmo tempo tinham virado muitaterra morta a superfície que não resistia àirrigação. E nenhuma matéria orgânica voltavamais aos solos. Para que? tinha NPK paraadubar. E as herbicidas evitaram que algummato nativo brotasse. Os solos, “hortados”,nivelados por varias gradeações eramrigorosamente limpos. Era uma beleza para ver.Somente os solos não o agüentaram.

Decaíram, compactaram, se impermea-bilizaram e a irrigação umedeceu cada vez umamenor camada superficial. As raízespermaneciam na camada mais superficial, queera úmida e “viciavam” a irrigação. Um dia semirrigar e as culturas murchavam.. Por que?

Porque somente tinham raizessuperficiais. Abaixo a terra era dura e seca. Semmicrovida os herbicidas não se decompunhammais. Eles se tornavam persistentes prejudi-cando não somente as ervas nativas, o mato;mas também as culturas.

E agora?Tem de eliminar os herbicidas dos solos

e isso, sem matéria orgânica não vai acontecernunca. Nenhuma agricultura química funcionasem matéria orgânica. Alegavam que nos EUAfuncionava. Mas se esqueceram que lápagavam aos agricultores para não plantar suasterras durante 3 anos. E nestes três anos os solosse recuperavam abaixo de uma densa camadavegetal e quando finalmente foram cultivadosnovamente, recebiam toda esta matériaorgânica e como em clima temperado a vidado solo é dez vezes menos intenso que nostrópicos, dava para atender as necessidades dealguns anos sob cultivo.

Sem vida o solo decai e compacta. Emsolo decaído não entra ar el pouca água. Osherbicidas são degradados enquanto hábactérias que os decompõem. Sem bactériassão persistentes.

Compreenderam que nenhuma tecno-logia é boa quando os solos não sãoconservados. Solo não é uma máquina queproduz colheitas quando se colocam adubos,sementes e água. O solo é um ser vivo que temsuas regras e suas leis e que têm de serrespeitadas. Ele vive das plantas e as plantasvivem dele. A matéria orgânica o tornapermeável, ou seja os produtos que as bactériasproduzem quando decompõem a matériaorgânica, que é seu alimento. E Luis Bromfield,um norte-americano famoso disse em seu IivroMalaba fann” Se nosso gado no solo (osmicrorganismos) é faminto, também nosso gado(os bois) do solo é faminto e o agricultor cai namiséria.”

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QQQQQUEUEUEUEUE ÉÉÉÉÉ ORGÂNICOORGÂNICOORGÂNICOORGÂNICOORGÂNICO

Existe a curiosa idéia que orgânico équando se trocam produtos químicos pororgânicos. NPK por composto, Superfosfato ouADP, hidrossolúveis por fosfatos naturais,Organofosforados por caldo sulfo-cálcico,fungicidas por caldo bordaleza ou caldo defumo e assim por diante. O resto permaneceigual o enfoque, o descuido do solo, airrigação... tudo. Por outro lado se produz ocomposto de material, que as vezes em grandeparte vem de lavouras convencional, comtodos resíduos tóxicos, de granjas conven-cionais com todos anabollzantes e promotoresde crescimento., do lixo urbano orgânico” queé 100 % de cultivos convencionais mais. aindae,nriquecido por lixo industrial que fornecemetais pesados.. Não se sabe o que exatamenteé orgânico neste tipo de composto a não ser ofato que não é um sal mineral. É materialvegetal. Mas se quiserem escapar de todosaditivos das culturas convencionais, nâoescapam. Irrigam com água clàrificado, depoisde receber o esgoto urbano. Retiravam oscomponentes sólidos e talvez micróbios, masnâo conseguem retirar hormonios, enzimas,dioxinas etc.

E a desculpa sempre é “Nossa proprie-dade não consegue produzirtoda matériaorgânica que necessita.” Compram a de fora,as vezes a transportam por centenas dekilometros e se orgulham que fazem“agricultura orgânica” porque é tudo dentrodas Normas. Pode ser que para fins comerciaisé suficiente, mas para a manutenção do solonão o é 95% dos agricultores orgânicospossuem solos decaídos, em péssimo estado.,somente uma coleção de torrões de diversostamanhos. Os produtos são menores que osconvencionais, às vezes mais duros, tambéminsípidos más. não foram aplicados defensivosquímicos. Produziram sem aplicar veneno,embora que ninguém pode garantir que sãosem agrotóxicos que aplicavam com ocomposto e com a água de irrigação. Existempessoas que compram somente verduras efrutas pequenas e deformadas porqueacreditam que sejam orgânicos. Mas de fato sãosomente o refugodo convencional.

O que então é orgânico?

Para produzirde maneira orgânica tem demudar primeiroo enfoque. Não se trabalhadespreocupadamente e depois combate ossintomas. Orgânicoé manejar as causas enunca produziros mesmos sintomas de que naagriculturaconvencional.mas depois combatê-Ias com métodos diferentes. Se há pragas nãoadianta aplicar caldos diferentes. Tem deperguntar: o que está errado: O solo e suaagregação? a maneira de aplicação docomposto ou de matéria orgânica? a proteçãodo solo? a nutrição das plantas? o sistemaradicular? a irrigação?1. Se o solo não for agregado na superfície

pode:

a) depender da matéria orgânica, suaquantidade e qualidade (palha de sojaagrega muito menos que palha de trigo oude milho)

b) de seu ILigarde aplicação. Matériaorgânicaenterrada não agrega a superfície.Elasomente produzgases tóxicos dos quais asraízes fogem...

c) Também pode ser que fez uma araçãoprofunda,por exemplo para enterrar calcárioe transportou muitas terra instável à água àsuperfíciedo solo.

2. A cobertura do solo tem de ser suficiente paraevitar seu aquecimento. Esta pode ser mulch(cobertura morta) um plantio mais adensado,consorciação de culturas e até uma lonaplástica. De qualquer maneira o solo nãopode passar uma temperatura de 32ºC.

Se há pragas e doenças a vida de seu soloé uniforme. Falta de diversificação (queocorre em monoculturas e as plantas são malnutridas.

3. A biodiversidade da vida do solo seconsegue somente em policulturas ou demaneira simplificada com rotação de cultivossinergéticos. Se existe alelopatia (aversão) ascolheitas beixam drasticamente como p.ex.na rotação feijão x cebola.

4. As plantas podem ser nutridas desequili-bradamente. P.ex. receberam um compostomuito rico em nitrogênio mas falta cobre. Aíaparecem pulgões. Ou uso um material

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muito rico em potássio como torta demamona, capim Napierete e falta boro. Aíaparece mildio.

a) cada nutnente esta em proporção fixa comoutros nutrientes. E mesmo na agriculturaorgânica se podem produzir desequilíbrios.

b) as variedades não são adaptadas a seu solo,mas foram criadas para outras condiçoes.

De modo que “seu” composto não satisfaz suasexigências. Neste caso tem de adicionar osnutrientes deficientes. O sistema radicularpode ser muito superficial existem para issovarias razões

5. a) Há uma laje dura em pouca profundidadegeralmente por causa da exposição dasuperficie à chuva, limitando o espaçoradicular ..

b) enterrou o composto ou simplesmentematéria orgânica e as raizes fogem dos gasestóxicos que estes produzem na suadecomposição

c) ocorre uma irrigação excessiva e as raizesprocuram oxigênio isso ocorre geralmentequando há falta de cálcio e as raízesengrossam, ou quando se usou já 6 a 7 anosem seguida herbicidas sistemicos com efeitohormonal como 2,4 D. Ai as raízes tambémengrossam.

d) falta boro e a planta nutre as raizes insuficien-temente de modo que pennanecempequenas.

6. A irrigação é insuficiente ou excessiva

a) Normalmente a irrigação é calibrada a 7 a10 mm/dia. Boa parte da água aspergida seevapora para o ar. Em dias quentes eensolarados pode ser até 60% Quer dizer elaumedece somente a camada maissuperficial. O solo abaixo permanece seco.As raizes crescem somente na camada úmidae portanto “viciam” de irrigação.

b) Quando a irrigação é excessiva, que podeocorrer numa irrigação de gotejamento queesta sempre ligada ou quando os aspersoresfuncionam direto, dia e noite o solo encharcae as raizes procuram oxigênio em contatocom o ar na superficie.

Se houver água salina, as culturassimplesmente não se desenvolvem.

Somente quando os solos estão em bomestado e a nutrição vegetal está equilibrada eainda há uma praga ou doença pode aplicarum defensivo orgânico. Defensivos naagricultura orgânica não podem ser a regra massomente a exceção. Por isso não se aplica oscaldos regularmente, mas somente em caso quetudo deu errado. Ele deve ficar uma exceçao.

Lembre-se Lembre-se Lembre-se Lembre-se Lembre-se sempre: o que se chamampragas e doenças é simplesmente a políciasanitária do nosso Globo, que vem paraeli,minaro que não presta para garantir acontinuação de uma vida sadia. E para a vidanão degenerar tudo que é fraco tem de sereliminado.

Por isso uma sabedoria védica diz:”sepragas invadem seu campo, eles vem comomensageiros do céu, para avisá-lhe que seusolo esta doente.”

Portanto agricultura orgânica tem de sanarprimeiro os solos. E de solos sadios colhem-sealimentos de alto valor biológico que nutre bemas pessoas e mantêm sua saúde. Plantas,mesmo limpas de parasitas (tanto faz se sãoinsetos ou microrganismos) por defensivosquimicos ou orgânicos, ou por inimigosnaturais, continuam doentes,fornecendosomente um produto de baixo valor biológico.que não mantêm a saúde humana Portanto:Orgânico não é a omissão de produtorOrgânico não é a omissão de produtorOrgânico não é a omissão de produtorOrgânico não é a omissão de produtorOrgânico não é a omissão de produtorquímicos mas o saneamento total dasquímicos mas o saneamento total dasquímicos mas o saneamento total dasquímicos mas o saneamento total dasquímicos mas o saneamento total dascondições naturais iniciando pelo SOLO.condições naturais iniciando pelo SOLO.condições naturais iniciando pelo SOLO.condições naturais iniciando pelo SOLO.condições naturais iniciando pelo SOLO.

O “O “O “O “O “GARGALOGARGALOGARGALOGARGALOGARGALO DEDEDEDEDE BOTELABOTELABOTELABOTELABOTELA”””””Santa Catarina é um Estado progressista

apesar de ser governado de uma ilha em frenteda costa atlântica. A paisagem bastanteacidentada abriga muito mais pequenosagricultoresdo que grandes empresáriosagrícolas. E o assentamento de “semterra” sefaz em equivalências quer dizer se determinao preço da terra e dos créditos que porexemplo, equivale a 150 sacos de milho pagá-vel em 10 anos mais 3% de juros. Então ohomem sabe que tem de pagar 15 sacos demilho por ano mais os juros, também transfor-mado em milho. Aí não ocorre que depois depagar metade da dívida, ainda deve o dobro,

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o agricultor pode planejar seu pagamento. É oEstado com menos analfabetismo e menosmortalidade infantil e com muita prosperidade.

Mas ao meio de todo progresso tinha umaregião com mini agricultores que não partici-param de nada. Trabalharam ainda segundométodos arcaicos, produziam pouco e os filhosquase todos já foram embora, porque nãoqueriam viver na miséria. Mandaram extensio-nistas para lá mas o pessoal fingia de nementender o que diziam. Simplesmente nãotomaram notícia deles. Não queriam melhoraro cultivo de milho, nem a criação de porcos,nem a produção de leite ou a produção denozes ou herva São Maté. Colhiam somente oque necessitavam e vendiam muito pouco.Ninguém podia entender porque?

Se tivesse tido um extensionista, que nãosomente sabia “vender” suas receitas mas quetivesse conseguido examinar a situação teria odescoberto. E vale aqui, como em toda aAmérica Latina: não se necessitam de capacita-dores porque o agricultor não é burro, mesmose é pobre, mas de bons técnicos que sabemdescobrir o ponto de estrangulamento.

Os agricultores eram pequenos demaispara produzir muito. O que poderiam venderera um porquinho por ano ou um cestinho denozes pecan, um balaio de tungue quenenhuma esmagadora foi buscar, 4 a 5 litrosde leite por dia. Era muito pouco. E na regiãonão tinha ninguém que teria comprado álgodisso, porque todos o produziram também.Levar o produto a cidade em 120 km dedistância não valia e pena porque o transporteera mais caro de que o preço que poderiamreceber pelo produto. Então gastaram o queproduziram e praticamente não vendiam nada.Se teriam melhorado sua produção teriam tido2 porcos que não dava para vender, 2 cestosde nozes que sobravam, 10 litros de leite quenão tinham aonde colocar. Para que? Pegarcréditos, gastar mais e trabalhar mais para termaior prejuízo? Nem valia apena de explicarisso para o agrônomo do governo que nãoqueria conversar, nem discutir, que queriamandar. Mas o que ele já entendeu da situaçãodeles? Ele somente sabia que milho hibridodaria mais que as velhas variedades e acolheitaaumentaria se plantariam em linhas de 80 em

de distância e com 5 pés por metro corrido comadubo químico. E contra as doenças quepodiam aparecer existiam defensivos. Criticouque o sistema deles de plantar com 1m x 1mde distância era arcaico. Pode ser que foi, masaqui se podia ainda consorciar com feijão,abobora e mandioca e nunca deu doençaalguma. E o milho que colhiam era o suficientepara seus porcos e galinhas e o polenta quecomiam. E o solo ficou macio e se podia plantarano por ano sem problema.

Só um ou outro se preocupou. Ficaramvelhos sozinhos, sem os filhos que migravampara outras bandas e como iriam produzir seualimento daí a alguns anos quando as forças jánão davam mais?

Reunimos os agricultores durante umanoite, duas noites e discutimos sua situação quenão era nada invejável. “Vocês tem somenteuma única saída: se cooperar. Se todos vendemseu porco no mesmo dia, o frigorifico vembuscá-Ios. Se arrendaram um caminhão e todoscarregavam aqui suas nozes, podiam vendê-Ias em Curitiba ou São Paulo, se compravamvasilhas de 50 litros e juntaram aqui seu leiteuma fabrica iriai nstalar aqui uma “linha” ebuscá-Io ou melhor, se poderiam instalar seupróprio laticínio sozinhos eram perdidos,conjuntos teriam força para muitas coisas.

Mas agora começavam demostrar a im-possibilidade disso. Quem iria coordenar tudoeste era um ladrão e aquele um cafajeste, umterceiro era somente um fanfarrão e um quartoera desonesto, enfim ninguém confiava emninguém. Todos desconfiavam de todos.

E porque não deixam a coordenação aoagrônomo da Secretaria? As acusaçõescontinuaram. Já era 4h de madrugada. Levanteie disse:” Bom, vocês que sabem, ou vocêstentam de confiar nos outros e se cooperampara compra e venda ou vocês morrem aquina maior miséria, abanaonados pelos filhos,pelo Governo, por Deus e até pelo diabo.” Mefui. Passaram-se dois anos sem-que ouvissemais nada - deste povoado. Depois de repenteapareceram três agricultores, radiantes e meabraçaram. “Agora vai, me diziam. Secooperaram, fundaram um laticínio e desco-briram que podiam vender tudo. Começavam

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melhorar sua produção, eram ávidos de novastécnicas e de novos conhecimentos. Dinheiroentrava e os filhos voltaram. Tinham agora 3agrônomos que os atendiam e eram aindapoucos tão grande era o interesse de melhorare modernizar, selecionar as raças melhorar suasvariedades, enfim de produzir. E as resoluçõeseram sábios. Não optaram para milho híbrido,porque seus solos eram ácidos demais. Masoptaram para o melhoramento de suasvariedades que não necessitavam de correçãodo solo. Não introduziram outras raças de gadoleiteiro, porque as forrageiras eram somentecapim Sta.Catarina e capim missioneira e queiam bem em seus solos. Outras forrageirasteriam exigidos elevadas quantidades decalcário e adubos químicos e o gado ainda nãoteria o que necessitava e teria muitos problemase doenças. Optaram para a seleção erpelhoramento genético do seu gado eintroduziram uma raça melhor de porcos.Abandonaram o tungue e aumentaram asnozes e o maté. E de repente a região maisatrasado do Estado se tornou a mais progressistaporque se eliminou o “gargalo da garrafa” oproblema que freava o progresso.

CCCCCOMOOMOOMOOMOOMO “ “ “ “ “MULTIPLICARMULTIPLICARMULTIPLICARMULTIPLICARMULTIPLICAR ÁGUAÁGUAÁGUAÁGUAÁGUA”””””Era um assentamento nos Andes. Fez toda

honra ao nome da serra porque “andenes” eraa palavra que os Incas usavam para os terraçose os agricultores, quase todos índios, tambémplantavam em terraços para superar o decliveíngreme demais. Mas o grande problema delesera, que a antiga fazenda somente tinha águapara 40% da área, o resto era floresta oupastagens onde mantinhnam alpacas quetambém sobrevivem com capim seco, mas queas vacas não conseguiam. E cada família tinhasua vaca leiteira embora que lIamas tambémteriam fornecidos leito e teriam sido muito maispráticos.. Agora, repartido entre pequenosagricultores a briga pela água infernalizava esteassentamento.

Todos necessitavam irrigar toda sua área.porque a chuva nunca passava de 300 mm/ano, e geralmente era menor. Alguns foramembora. Os restantes brigavam pela água, cadaum era inimigo do outro. Parecia que não tinhasolução.

O vento levava boa parte da pouca água,as raízes das plantas eram bem desenvolvidasmas mesmo assim as plantas eram pobres,Matéria orgânica não faltava porque nestasaltitudes a decomposição era lenta. Mas nãoexistia em forma de humus mas especialmenteem forma de turfa e os solos eram extremamenteácidos. Inventaram de plantar bananeiras emilho.porque os capacitadores que os assistiamacharam que ira dar mais lucro do que oscultivos da região que eram batatinhas eAmaranthus gigante que deu a alimentaçãopopular o kiwiche. Mas se esqueceram nãosomente da água, mas também do fato que osagricultores, com produtos de venda, comobananas e milho teriam de comprar suaalimentação nas vendas e talvez gastar mais doque ganharam.

Não tinha dúvida que renques quebra-vento eram indispensáveis. Podiam ser deleucaena, de algum capim alto como Napierou até de alguma cactácea que dá frutascomestíveis como a tuna. E o solo tinha de ficarcoberto, Nas Bananeiras não - era tão difícil,porque cada vez que se cortava um pé tinhapalha. Mas quando colhiam os cachos nãocortavam os pés, mas os deixaram “comoreserva de água”. Porém, após algum tempoesta “reserva” rebrotava e chupava ainda apouca água que tinha no solo. Ai teria omomento de cortá-Ia definitivamente.Constatamos que onde o solo era coberto compalha ele era úmido. Onde era mantido limpoera seco e já necessitava urgentemente de serirrigado. Fora disso plantas bem nutridas gastammenos água.

Fizeram composto de esterco de gado erestos orgânicos, especialmente galhos deleucaena de modo que era rico demais emnitrogêniio e as doenças fúngicas proliferaram.Faltava cobre. Para cada metro cúbico decomposto acrescentamos 250g de sulfato decobre. que resolveu o problema. Mas faltavaigualmente potássio. Teriam de juntar nomínimo 1/4 de sua matéria orgânica em formade Napier, para corrigir esta deficiência o restodo Napier foi para enriquecer a ração do gado.que continha leguminosas demais e causavatimpanismo.

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Com vento controlado, plantas melhornutridas e solo coberto a quantidade de águanecessária baixou considéravelmente e após aintrodução de um campo de amarantus, quenão necessitava muita água, a quantidade deágua existente deu para todos..

O que prejudicou este assentamento, foijustamente a introdução de cultivos exigentesem água e de gado bovino que necessita depasto verde. Com amarantus, batatinhas elIamas nunca teria aparecido algum problema.E como eram somente propriedades familiares,que apenas sustentavam a família e o únicoproduto de venda era capim para as cuias(porquinho da índia ou cobaias) que todos ospobres mantêm como fonte de carne, a vidateria sido mais fácil..

CCCCCABRASABRASABRASABRASABRAS, , , , , UMAUMAUMAUMAUMA BENÇÃOBENÇÃOBENÇÃOBENÇÃOBENÇÃO OUOUOUOUOU PERDIÇÃOPERDIÇÃOPERDIÇÃOPERDIÇÃOPERDIÇÃO

A cabritização do Nordeste é um fato. Acabra é a vaca do homem pobre. É menosexigente e dá leite ainda mais rica e atémedicinal. O Governo distribui cabras para ospobres e tem a impressão que salvou os damiséria.

Em todas as regiões pobres e semi-desérticas no mundo as cabras servem para osustento da população. E parece que fizeramisso deste os tempos bíblicos, onde já existiamem enormes rebanhos porque não necessitamde pastagens mas se contentam com qualquercoisa, até com arbustos espinhentos como ajurema. Quando são amarradas e conseguempastar somente uma área controlada, avantagem é obvio. Mas quando andam soltas,se abastecendo aonda bem entenderem aimagem é outra.

Alguns exemplosAlguns exemplosAlguns exemplosAlguns exemplosAlguns exemplosQuando Golda Meyr ocupou o cargo

de primeiro Ministro em Israel, ela fez váriastentativas desesperadas de reflorestar o monteUbano que na Bíblia consta como famoso porsuas florestas de cedros. Mas era tudo em vâoNão cresciam mais cedros e as mudas nuncase desenvolveram mas sumiram. Ninguémpodia dizer por que. Finalmente ela mesmo viumuitas cabras que andavam por ali, roendocom maior prazer tudo que tinha casca porqueas cascas são a parte mais rica em cobalto ecabras tem uma necessidade muito grande

neste elemento. Também veados e até vacasroem em árvores quando deficientes emcobalto.

Mandou dar cobalto às cabras, e, via dedúvida, proibiu seu pastejo no monte Líbano.E aí a floresta cresceu e o monte começou aassemelhar-se ao que existia nos temposbíblicos.

Por outro lado na Ilha Ias Palmas que erafamosa por suas palmeiras exuberantes, existeatualmente mais nenhuma, a não ser esta nopátio do quartel, onde as cabras nãoconseguem entrar.

O exemplo mais famoso e a serra do Karstentre Iugoslávia e Itália. Derrubaram a mata deabetos por causa da madeira apreciada enunca mais conseguiram reflorestar esta serra.Acreditaram que a causa seria o vento forte quea varria e as chuvas que lavavam o solo e olevaram embora. E como resistiu durante maisque cem anos ao reflorestamento se tomou oKarst como exemplo de um IIdesmatamentoirreversível” e a palavra “karstificação” entrouno dicionário com tal significação.. O governoaté já considerou de levar terra para as rochasda serra para criar condições melhores para umreflorestamento o que, porém sempre esbarrouno custo exorbitante.

Os anos se passaram, veio a guerrahitlerista e a oposição violenta dos lugoslavos,que se centrava no partIdo comunista ou maisexato nas guerilheiros de Josip Bros, cujo nomede batalha era Tito (Tetiana iugoslavia terrororganizacy). Anos e anos os guerrilheiros viviamno mato com muito tempo para conhecer asmenores particularidades da região, quando Titoassumiu o governo iugoslavo ele proibiu opastejo de cabras na serra do Karst e sem plantarnenhuma árvore ela se cobriu sozinha com umabelíssima floresta. A culpa, da “karstificação”eram as cabras.

E, se atualmente no Nordeste se estuda oproblema de desertificação, especialmente nosestados de Ceará e Rio G(ande do Norte, aculpa está no desmatamento que permitiu aentrada de um vento permanente. Mas a culpaestá também com a cabras que impedem ocrescimento de qualquer árvore.. E sem árvoreso vento seca cada vez mais a paisagem eaumenta a desertificação e a pobreza.

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Para acabar com a desertificação e apobreza só existe um caminho: ou proibir aandança livre das cabras e obrigar a mantê-Iasamarrados em uma corda que permite somenteo pastejo de uma área restrita, ou proibir ascabras por alguns anos e distribuir cestas básicaaos pobres para queleles se mantêm enquantoa paisagem se recupera.

E se permitir depois novamente cabrastem de distribuir sal com cobalto para evitar queroem novamente as cascas das árvores efazendo a desertificação voltar.

0 0 0 0 0 SOLOSOLOSOLOSOLOSOLO QUEQUEQUEQUEQUE TORNATORNATORNATORNATORNA AAAAA FORRAGEIRAFORRAGEIRAFORRAGEIRAFORRAGEIRAFORRAGEIRA BENÉFICABENÉFICABENÉFICABENÉFICABENÉFICA OUOUOUOUOU

PERNICIOSAPERNICIOSAPERNICIOSAPERNICIOSAPERNICIOSA

Existia uma harras no Oeste de São Paulo,quase toda com terra roxa estruturada plantadacom capim estrela ou seja “estrela africana” Eos cavalos se desenvolveram maravilhosa-mente bem. Eram saudáveis, bonitos e fogosos,justamente o que se espera de cavalos de raçacom cruza de sangue árabe. E como sempreocorre mesmo na maior crise ricos não faltam,E os cavalos tinham uma procura enorme.Resolveram então de instalar uma outra harrasem Mato Grosso do Sul, perto da fronteira comParaguai. Não acharam mais terra roxaestruturada, mas era uma areia razoavelmenterica. Formaram também toda harras com capimestrela que se desenvolveu muito bem, tambémsem adubo nenhum e lotaram-na com cavalos.Parecia que tudo deu certo. Mas quando aprimeira cria cresceu vários potros estavam comuma manqueira esquisita. Não conseguiram seafirmar nas patas traseiras e em lugar de andarnos cascos dos pés andavam em todo membroinferior. Na segunda cria foi pior ainda. Até 15%dos portos estavam com este problema que foiidentificado como que os americanos chamamde “slipped tendon” ou seja tendão escapado.E mesmo mandandq outras éguas saudáveis deSão Paulo para Mato Grosso, logo aparecia esteproblema também em potros deles. Era omesmo capim, os mesmos cavalos e mesmoassim era diferente. Os solos eram incapazesde manter o capim estrela nutritivo. Algumacoisa faltava. Ou será que estes solos eramincapazes de manter cavalos?

Colocamos as éguas em pastos nativos.Todos eram contra, porque não tinham a

vegetação bonita e limpa como os de estrela.Eram muito inçados e sujos pecando contratoda estética. Como se podia pôr cavalos deraça em pastos tão horríveis que fora de tudo,tinham pouco capim?

Mas os cavalos se deram muito bem comestes pastos sujos e melhor ainda, nenhumpotro ficou com seu tendão escapado. Todoseram perfeitamente sadios. Quer dizer os solosnão eram ruim para cavalos, mas não eram osuficiente para o capim estrela, que precisavasolosl melhores. Arrancar agora todo capimestrela e plantar outro capim?

Não,mas diversificar os potreiros. Se cadaum apresenta outro capim, não existe o perigode uma deficiência dominar. Cada espécieabsorve de maneira diferente e um mineral quefalta para uma não necessita faltar para outracom outro potencial de absorção. Ou, melhorsão pastagens mistas. onde o animal podeprocurar o que necessitar. Não é sempre o soloque é pobre mas também podem ser asforrageiras que não são em condições de retirardele o que necessitariam. Quanto maisespécies diferentes uma pastagem contiver,tanto menor é o perigo que algum elementofaltar .embora, sempre deve ser consideradoque na América Latina não existiam animaismaiores de que a anta e o alpaca, um mini-camelo. Portanto a vegetação existente édeficiente e a forrageira importada, geralmenteda Africa, é bem capaz de não encontrar tudoque necessita. Solo e planta tem de combinar.

PPPPPLANTASLANTASLANTASLANTASLANTAS SESESESESE COMUNICAMCOMUNICAMCOMUNICAMCOMUNICAMCOMUNICAM, , , , , PLANTASPLANTASPLANTASPLANTASPLANTAS FALAMFALAMFALAMFALAMFALAM

As pessoas pisam no solo, até consideramisso nojento. Quando entram em casa selimpam os sapatos. Que sujeira. Por issoasfaltam as ruas e estradas oll,de pisam. Nãoquerem nada a ver com o solo, sua lama, suapoeira. E mesmo assim é o solo do qualdepende sua saúde e bem estar ou sua doença.E quando as firmas farmacéuticas aumentamos preços dos remédios muito acima dainflação, porque sabem em que estadolamentável se encontram os solos e que namedida que ele decai aumentam as doenças.E apesar dos preços absurdos, os remédios sevendem sempre em maior escala para as

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doenças aumentam em cada dia porqueninguem cuida dos solos.

Também pisam sem alguma consideraçãoem plantas, até forram seus campos de futebolcom capim. Aqui, somente servem para forraro solo. Plantas existem para pisar encima, parafornecer nossos alimentos, ou enfeitar nossascasas. Não se podem mover do lugar, nãogritam quando são cortadas, não falam nemhostilizam ninguém, são mansos comocordeiros que se leva ao matadouro. Quantasvezes são invasoras indesejadas em hortas ecampos. São invasoras nossas plantações,“malezas” dizem os espanhois , plantas más quetem de ser eliminadas com capinas ouherbicídas. Mas será que são màs? Será quesomente existem para nos incomodar?

A natureza tem regras, regras muitorígidas, tanto faz se nós as conhecemos ou não.Falamos da biodiversidade da qual acreditamque somente existe para ser explorada a riquezagenética eque não pertence ao mundo mas aosque a exploram e que a patenteiam.

Que pode ser eliminado, para poderplantar especialmente soja e cana-de-açúcar oucujas sementes, que se consideram importantespodem ser estocados em bancos de semente.Mas, não pensando em fatores mas em ciclos esistemas; descobre-se que a biodiversidadeexiste para conservar o solo no auge de suaprodutividade e que as plantas invasoras ouinços, como nós as chamamos, existemsomente para eliminar desequilíbrios e estragoscausados no solo. Sem solo não.tem vida. E avida será como é o solo: solo sadio -plantasolo sadio -plantasolo sadio -plantasolo sadio -plantasolo sadio -plantasadia - homem sadio, sadia - homem sadio, sadia - homem sadio, sadia - homem sadio, sadia - homem sadio, e se o solo forestragado, decaído, compactado , exausto oumorto vale: solo doente -planta doente-homemdoente. Não existe uma vida sadia em solodoente.

E pelas plantas nativas que aparecem sedescobre o que esta acontecendo. Todas asplantas invasoras são plantas indicadoras.Quem sabe decifrar a mensagem das plantassabe o que ocorre com o solo. Vão dizer que épura fantasia e poesia. Mas não o é. O que sefaz com um campo onde não se consegueproduzir mais nada, apesar de toda quantidadede NPK e defensivos? Abandona-se este campoe em 8 , 15 ou 20 anos o solo esta outra vez

“novinho em folha”, recuperado pelas plantasque em campos, de ‘cultura se chamaminvasoras.

Por tanto plantas invasoras são plantasindicadoras e ao mesmo tempo plantassanadoras tentando recuperar do solo o quefoi estragado pelo manejo agrícola‘inadequado. Dizem que qualquer agriculturatem de estragar o ecosistema natural. Mas podeestragar pouco ou muito, pode trabalhar dentrodas leis naturais ou em desconsideração dasmesmas simplesmente para ter por alguns anosum lucro maior e depois descartar o solo comofarrapo. E uma agricultura insustentável queestraga solos, água, chma e atmosfera.

A natureza sempre mantém um máximode seres vivos por área. E a biodiversidade deplantas garante a biodiversidade de insetos emicróbios.

Plantas que indicam condiçõesPlantas que indicam condiçõesPlantas que indicam condiçõesPlantas que indicam condiçõesPlantas que indicam condiçõesquímicas:químicas:químicas:químicas:químicas:1. Amendoim bravo ou leiterinha (Euphorbia

heterophylla) que aparece especialmente emcampos de soja e anuncia o esgotamento emmolibdênio (Mo)

2. Ançarinha branca (Chenopodium album)que aparece frequentemente em batatinhascom elevadas doses de nitrogênio, mastambém em hortas adubados com muitocomposto. Pelo excesso de nitrogênio seinduz a deficiência aguda de cobre (CO).

3. Artemisia ou losna brava (Artemisiaabsynthium) que/por exemplo; cobriu aspradarias norte americanas e sustentousomente as gazelas, também esta tomandoconta, agora após uma agricultura intensiva,com enoremes quantidades de NPK, daPuszta, das pastagens, húngaras, ondecriaram seus famosos cavalos, indicando asalinização e um pH elevado ,entre 7,5 a 8,5.

4. Azedinho ou oxalis (Oxalis oxiptera) estetrevinho de folhas azedas, que, facilmentreaparece nos gramados dos quintais em SãoPaulo indicando uma falta aguda de cálcio(Ca)!

5. Babaçu (Orbigniaimariiana) Se diz que afreqüência desta palmeira indica o grau daformação de cerrado. P.ex” atualmente

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aparece freqüentemente na região deAltamira, onde, faz 30 anos ainda tinha matafechada.

6. Bacuri (Plantonia ins.) indica um solo decerrado fertil

7. Beldroega (Poriulaca oleracea) é uma plantaque indica solos fertís mas de baixa“capacidade de campo “. . . .

8. Capim caninha ou capim colorado (porcausa de seus colmos alternadamenbteverdes e vermelhos) (Andropogon incanis)indica solos encharcados durante a épocade chuvas e deficientes em fósforo (P). Nesteestado encana logo após a brotação e éconsiderado um capim inútil e indesejável.Porém quando recebe fósforo permanecetenro durante muito tempo e é boa forrageira.

9. Capim colchão (Digitaria sanguinalis eD.horizontalis) sempre indica a deficiênciade potássio. OK)

10. Capim Sporobulo (Sporobu/us poiretti) é umcapim muito pobre e aparece em pastagensdeficientes em molibdênio (Mo)

11. Carrapicho de carneiro ( Aconthospermumhispidum) aparece facilmente em lavouras defeijão e indica e deficiência em cálcio (Ca)Feijão deficiente em cálcio resiste pior aépocas secas e facilmente,é atacado porAnthracnose

12. Carrapicho branco ou Fazendeiro(Galinsoga paerviflora) aparece especial-mente em hortas bem providas de compostoe indica a deficiência em cobre (Cu) 13.Dente de Leão (Taraxum ofiçinalis) somenteaparece em solos fertis, bem providos emboro(8) .

14. Erva lanceta ou Mãe de sapé (Solidagomicroglossis) tem seu nome porque indicaum pH 4,5 que é 0,5 pontos maior do quedo solo onde aparece o capim sapé.

15. Língua de vaca (Rumex obtusifolius)somente ocorre em solos férteis com excessode nitrogênio orgânico e portanto adeficiência em cobre (Cu)

16. Mio-Mio (Baccharias coridifolio) invade ossolos da fronteira do Rio Grande do Sul. É

tomado como sinal ide solos rasos epedregosos e os caçadores o tomam comoguia ao meio das pastagens encharcadas.Indica a deficiência de Molibdênio (Mo)

17. Nabisco ou nabo bravo (Raphanusraphanistrum) que aparece com facilidadeem . lavouras de trigo e muitas vezes étomado como índice de semente sujo, naverdade é o indicador da deficiência de boro(8) e manganês (Mn) esgotado pelo trigo.

18. Rubi ou Cordão de frade (Leonorus sibiricus)indica a deficiência de manganês (Mn). Mascomo é remédio ótimo para o estomago eraramento aparece em grandes quantidades,quase ninguém sê incomoda com suapresença.

19. Samambaia de Tapera (Pteridium equisetum)antigamente era muito comum nos pastos,especialmente na região do cerrado. Eleindica um excesso de alumínio (AI) porémquando é grande le viçoso o solo é rico emoutros nutrientes, quando é pequeno,épobre.

Em pastagens é nefasto porque seusbrotos têm um veneno cumulativo que causasangramentos até a morte do gado.Cafeicultores o gostaram e usaram-no comomulch porque diziam que evita nematoides.

20. Sapé (Imperata exaltata) é um capim muitoácido com excesso de alumínio (AI)indicando um pH 4,0. Embora que éguas ocomem sem problema apresentando se bemnutridas e reluzentas,ele causa umadesmineralização total dos portos, que levaa poliatrite e sua morte.

Plantas indicadoras de condiçõesPlantas indicadoras de condiçõesPlantas indicadoras de condiçõesPlantas indicadoras de condiçõesPlantas indicadoras de condiçõesfísicasfísicasfísicasfísicasfísicas1. Assa peixe (Vemonia spp) na região do

cerrado. Queimadas freqüentes e solo duroe adensado a partir de 3 a 4 cm deprofundidade (raízes superficiais).

2. Babaçú (Orbignia Mart.) indicador daformação progressiva de cerrado dizemquanto mais pés de babaçú, tanto maisavançado a “cerradificação.

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3. Cabelo de porco (Carex spp) queimadasmuito freqüente que não deixam permanecerplantas estoloníferas ploácido.

4. Capim amargoso (Digitária insularis) Existeuma camada impermeável em mais oumenos 60 a 80 cm de profundidadecausando erosão subterrânea ou estagnaçãode água.

5. Capim arroz (Echinoch/oa crusgallí) Existeuma camada “reduzida” no solo onde osnutrientes perderam seu oxigênio e sejuntaram com hidrogênio.

6. Capim cabeludo (Trachypogon spp) comumem Roraima e Guianas indica solo pobrequeimado varias vezes por ano.

7. Capim canarana (Echinoch/oa Po/ystachiae E. pyramidalís) em baixadas amazônicastemporariamente inundadas.

8. Capim carrapicho, capim amoroso ou olhode diabo (Cenchrus echinatus) Quandoaparece. em grande quantidade o solo émuito compactado, extremamente duro.

9. Capim marmelada (Brachiaria plantaginea)solo arado, deficiente em zinco 10. Capimnatal, capim favorito ou capim gafanhoto(Rhynche/ytrum roseo), solo muito seco oupedregoso. Em campos onde ele predominacriam-se os gafanhotos praga.

11. Capim pé de galinha (Eleusina indica)Cresce geralmente na beiras de caminhos,indicando solo fertil mas muito compactado.

12. Grama missioneira (Azonopus sercompressus) solo muito ácido e pobre maspode sombreado.

13. Grama seda ou grama paulista (Cynodondacty/on), solo muito pisoteado por issotambém é usado em campos de futebol.

14. Guanxuma (Sida rhombifolia ) indica umalaje muito dura em pouca profundidadecomo causado pela irrigação ou as chuvasem solos mantidos limpos (por capina ouherbicidas) É comum em plantações debatatinhas.

15. Inajá (Maximílíana regia) palmeira queaparece em lavouras decaídas.

16. Jurubeba (Solanum spp) é tipico para arebrota no Amazônia. Lá vale a regra solo 1vez desnudo e exposto à chuva forma umalaje adensada em 15 cm de profundidade,solo 2 vezes desnudo e exposto à chuva, alaje cresce até 7 cm abaixo da superfície.Solo 3 vezes desnudo e exposto à chuva lajecresce até 3 cm abaixo da superfície.

17. Kikuio (Pennisetum cIandestinum), solofresco.

18. Maria mole ou Berneira (Senéciobrasílíensis) Solo fresco a úmido1naprimavera

19. Rabo de burro ou cola-de-zorro(Andropogon spp) camada impermeável em80 a 100 cm de profundidade que represaágua. Solo ácido.

20. Rabo de coelho (Cymbopogonspp) indicaum terreno úmido na camada superficial atéencharcado.

AAAAALUMÍNIOLUMÍNIOLUMÍNIOLUMÍNIOLUMÍNIO TEMTEMTEMTEMTEM QUEQUEQUEQUEQUE SERSERSERSERSER “ “ “ “ “CORRIGIDOCORRIGIDOCORRIGIDOCORRIGIDOCORRIGIDO”””””Que pergunta, naturalmente tem de ser

corrigido porque é tóxico. Isso se apreende jáno início da Faculdade de Agronomia. Solostem de ter um pH ao redor do neutro e nisso oalumínio se opôs. E o alumínio se torna cadavez mais agressivo. Parece que se tornouresistente contra a cálcio igual as pragas quetambém se tornam resistentes aos defensivos.Faz uns 50 anos 1 tonelada da calcário erasuficiente para “neutralizar” 10mmo/l dm3 dealumínio. Faz uns 30 anos já se precisavamduas toneladas: Uns 20 anos para cá, já seprecisam 3 toneladas. Por que? Têm cientistasque dizem que no trópico o alumínio e o ferroagregam o solo. Mas é ridículo porque nospaíses do Norte, que são os desenvolvidos, é ocálcio. Então, tem de ser o cálcio também aquino Sul. Não temos nem própria tecnologia.tudo é importado ou como se diz: transferidodo Norte parao Sul.

Nos EUA até 80% dos nutrientes trocáveistem de ser cálcio. No Brasil já fizeram umcompromisso e se satisfizeram com 40%. Masisso tem de ser. Tem de ser mesmo?

O pesquisador prepara seus vasos deensaio, colocando sempre maiores quanti-

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dades de calcário. para neutralizar o alumínioque é elevado no seu solo. Nem quer saber doque dizem alguns, que o alumínio agrega o solotropical. Nos EUA quem agrega é o cálcio, ebasta. Norte Americano tem de saber issomelhor do que os brasileiros, que o apreendemlá., por que não sabem como tratar um solo.Solo tropical é uma porcaria. É pobre, é ácido,quase não tem humus e quando tem este ésomente um ácido solúvel em água, que lavaos nutrientes do solo, que já é pobre. Nos EUAo humus não se dissolve na água e aumentaainda a capacidade do solo de segurarnutrientes. E seus solos ficam cada vez maisricos e eles produzem colheitas altas, emboraseu clima é frio e desfavorável. Eles são gêniosmesmo. E nós, que temos um clima quente efavorável produzimos pouco por pura burrice.

Mandam até professores de lá para assistirnossas Universidades, mas não adianta nada.

Aqui o povo não apreende. talveztambém porque nosso solo é tão pobre.

Dizem que Deus é brasileiro, mas pareceque no solo tropical ele não mostrou seu amorpara o Brasil. Não cuidou quando o criou ouerrou mesmo. Deus erra? Dizem que não, mascomo ele podia fazer um solo tão miserável?Ou ele queria mergulhar na fome e misériatodos os povos de clima tropical porque quis asupremacia dos povos do Norte? Se fez isso éperverso. Mas Deus pode ser perverso? Nãopode, porque ele é justo.

O pesquisador ficou cada vez maisconfuso. Alguma coisa esta errada. Ou não sesabe quem é Deus verdadeiramente, ou nãose sabe como funciona um solo tropical. Bem,Deus se conhece faz quase 6000 anos. Entãoa ciência do solo, que finalmente é produto doespírito humano dos últimos dois séculos estáerrada. Será que os grandes gênios humanoserraram ou o que eles dizem somente vale paraos solos no clima deles, no clima temperado enão tem nada a ver como clima tropical?

O ensaio saiu, o milho e a soja cresceramnos potes com os crescentes doses de calcário.Um pouco calcário todos gostaram, mas ondeas doses ficaram elevadas, nem milho nem sojaficaram a vontade. Por que será. O pesquisadortirou a terra dos vasos. Onde tinha menoscalcário a terra era solta é boa, toda em grumos,

e as raízes cresciam abundantemente. Masonde o alumínio foi “corrigido” o solo ficouigual a uma pedra. O calcário destruiu osagregados, o solo perdeu seus poros e ficoucompacto Então para nós cálcio não agrega masdesagrega? “Corrige” o alumínio que agregouo solo e coloca-o fora de combate, mas ele, o ,cálcio, não consegue agregar o solo tropical, eagora ele se tornou impermeável para ar, águae raízes. Cálcio é o que? Somente um nutriente,como também os outros minerais? É umnutriente importante, até muito importante nãotem dúvida. Mas somente isso. E se eledesequilibra o potássio ainda baixa a resistênciadas plantas a doenças. Será que a “Trofobiose”deste professor francês vale mesmo e todos osnutrientes se encontram em proporçõesdistintas? Será que esta teoria de “a vida pelaalimentação” é certa? Será que tudo que eleapreendeu sobre o solo somente vale para oNorte? Então nada com tecnologia transferida.Nossos solos tropicais têm sua tecnologia queninguém pesquisou porque povo “subdesen-volvido” não pode nem pensar, pesquisar oudescobrir. E aí vive na miséria porque o que“transfere” não serve para nós. Será que Deusnão errou tanto como os norte-americanosdizem, mas fez tudo certo também para ostrópicos?

SSSSSOLOOLOOLOOLOOLO IRRIGADOIRRIGADOIRRIGADOIRRIGADOIRRIGADO NONONONONO SEMISEMISEMISEMISEMI-----ÁRIDOÁRIDOÁRIDOÁRIDOÁRIDO

Não faz muito que as chuvas terminaram.Talvez dois meses, talvez menos. Em três mesestoda água cai do céu, mais ou menos 900 mm/ano e durante esta época a vegetação luxurianteda caatinga simula uma mata tropical úmida. Eincrível a abundância de folhas e flores.Milhares de pássaros cantam, centenas depequenos animais ganham suas crias. Anatureza fervilha de vida. Mas é somente comonuma paisagem encantada, onde por poucassemanas, o encanto cedeu. Depois cainovamente. A chuva nem parou direito e ospastos e campos estão ainda com poças deágua dos enchentes quando as árvores já jogamsuas folhas. Não por causa da seca existentemas por causa de sábia previsão da secavindoura para que querem preservar suas forçaspara sobreviver. Muitas árvores como oumbuzeiro (Spondia tuberosa) , o faveleiro

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(Onldosculos phytacantus Euforbiacea) e outrasaté possuem um tipo de engrossamento oubatatas nas suas raízes onde conservam água enutrientes para a seca. Os pássaros e animaissomem, os pastos secam e somente asalaarobeiras permanecem verdes. espalhandosua sombra rala sobre a terra. Um ventoinsistente sopra pelas carcassas secas dasárvores e a paisagem parece o símbolo damorte .

Na África chamam isso de deserto, comoo deserto do Kalahari no sul do continenteonde desabam 2.400 mm de chuva em trêsmeses. Também o deserto Ataoama no nortedo Chile tem suas semanas de flores eabundância. No Brasil chamam-no de semi-árido na esperança de que seja reversível. Oupensam que um general holandês de umanação mercantil, o príncipe de Nassau, se teriaassentado em Olinda para governar paisagensdesérticas? Ele foi um dos administradores dosextensos canaviais que mandavam durante 200anos açúcar para a Europa. Hoje, nem na“Zona da Mata” em Pernambuco existe aindauma única árvore. A atividade humana acaboucom a exuberância.

Falta águaFalta águaFalta águaFalta águaFalta águaE começavam com os projetos de

irrigação nas terras mais fertis do semi-árido aoredor de Petrolina e Juazeiro. Não é que aCalifornia, o estado mais rico da América doNorte é semiárido e toda sua riqueza vem dairrigação? Não é que a antiga Babilônia, o paísmais rico do Oriente Médio vivia em umaregião semi-árida irrigado pelas água do Eufratee Tigris?

Mas já o profeta Isaias previu seu fimtrágico, porque andando pelos campos viu osal brilhar na superfície do solo. Os solos sesalinizaram.

Ao redor do núcleo de irrigação doNordeste tem fazendas com até 25 pivós-centrais parados. As terras se salinizavam. Oparaiso das uvas e mangas luta cada vez maispara se manter. Os solos se salinizam. Osprimeiros anos era uma euforia tremenda. Ospomares e vinhedos produziram como emnenhum lugar do Brasil. Era uma abundânciadesconhecida.

Esbanjavam a água, do qual o rio SãoFrancisco tinha tanto. Uma água muito limpa,com o menor índice de sal de todos os riosconhecidos O nível freático, a águasubterrânea, não era muito baixo. E com umacalibração de irrigação para 7 a 10 mm/dia tudoera como um milagre. Somente que as culturas“viciavam” da irrigação e não podiam ficar maissem ela, nem por um ou dois dias. Os pivóseram comprados com empréstimo, pagável em12 anos. Mas após 7 anos os solos começavamse salinizar. Diminuiram a água aplicadaporque pensaram: menos água acrescentamenos sal.

Mas a salinização aumentou.Os preços das terras do semi-árido que

tinham subidos graças a esperança de irrigaçãodespencaram novamente. São poucos queainda se aventuram de instalar irrigação parapomares e até pastagens. Terra irrigada sempresaliniza? Em Israel não vivem da irrigação jádurante uns 50 anos e ainda vai bem? Atémuito bem. O que falta somente é água porqueo caudal do rio Jordão é menor do que asnecessidades, dos campos agrícolas.

Porque alguns conseguem irrigar sobreséculos e outros após 7 anos já começam lutarcontra a salinidade? Porque, no mundo inteirose salinizam somente 4 milhões de hectares porano das terras irrigadas e outras resistem?Irrigação sempre acarreta salinização nostrópicos? Em terrenos limpos tanto faz se foi pelacapina ou pelo fogo o solo seca a matériaorgânica se reduz e desaparece, a estruturagranular do solo se desfaz, aumenta a dispersãodas argilas, morrem as bactérias e fungos e aprodutividade do solo cai a partir do 3 ou 4ano de uso.

Pergunte seu solo.Pergunte seu solo.Pergunte seu solo.Pergunte seu solo.Pergunte seu solo.O solo irrigado com 7 a 10 mm/dia de

água somente tem sua superfície molhada. Aágua não penetra. Abaixo o solo fica seco. Asraízes todas se concentram na camada úmida.E esta camada é seguida por uma laje dura,impermeável. Gotas de irrigação batem no soloigual a gotas de chuva. Talvez com umaintensidade algo menor devido a altura menorde que caiem. Mas destruem os agregadossuperficiais e levam a silte e argila para dentro

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da terra. Aqui formam uma laje igual, à dachuva. No trópico 40 a 60% da água aspergidase evapora no ar. As vezes somente chegam 5mm/dia até o solo. E toda água deposita seusal, Diminuíram a água quando começou asalinização e esta ficou pior, porque menos solofoi. humedecido, E as culturas foram adubadoscom generosas quantidades de NPK. que seacumularam. e a matéria orgânica foiqueimada, para controlar melhor as pragas.

Aqui estavam as monoculturas com suasraízes superficiais, por causa da irrigaçãosomente superficial, e a laje dura logo abaixo.E cada ano apareceram mais pragas e doenças,se usaram mais defensivos que todos seacumularam na camada superficial. Efinalmente o solo se entregou morto (pela faltade matéria orgânica, alimento para sua vida),exausto (em micronutrientes), desequilibrado(pela doses elevadas de NPK e calcário),endurecido e anaeróbio (pela irrigação) euniformizado (pela monocultura.) Ele estavadoente, muito doente. Somente alguma água eNPK não garantem colheitas boas. E, o que eletinha foi gasto inescrupulosamente. Cada vezmais projetos de irrigação fracassaram.

E para continuar?E para continuar?E para continuar?E para continuar?E para continuar?Solo irrigado necessita antes de tudo

suficiente água e uma drenagem que retira oexcedente de água. E se não tiver excedente esalinização esta garantida. O solo irrigado nostrópicos necessita suficiente água para molharnão somente a camada superficial. Isso significamais água cada vez em menos aplicações, porexemplo 30a 35 mml vez em 5 a 5 dias emlugar de 7 mml dia preferencialmente aplicadodurante a noite.1) suficiente matéria orgAnica para manter o

solo permeável e arejado e transformar osodio à carbonatos

2) uma camada protetora na superfície seja demulch, plantio mais adensado, uma culturaconsorciada ou até uma lona plástica. paraprotegê-Io contra o aquecimento e aevaporação da água do subsolo (que tambémtraz sais) e o impacto da água de irrigaçãonunca se deve trabalhar com solo capirnadoe limpo.

3) Rotação de culturas ou em pomares nasentrelinhas de vez em quando um cultivodessalinizante como trigo mourisco, algodãoou sorgo.

4) de 3 em 3 anos uma “lavagem” boa do solopor uma irrigação abundante pode implantararroz para aproveitar-se da água e umadrenagem radical desta água de “lavagem”para levar os sais. Sem drenagem não existeirrigação duradoura.

5) Controle da adubação usando o mínimopossível de NPK. Melhor seria pó de basaltoou de outra rocha rica em minerais

6) Aprofundamento das raizes (aplicando boro)e manutencão do nivel freático abaixo de 2m de profundidade.

7) Renques ”quebra vento”seja eles de umavegetação mais alta (como cana de açúcarou capim napier) de arbustos como guandúou de “palma forrageira” ou árvores comosesbânia e tamerindus.

Duque(1951) o mais famoso professor daEscola de Agronomia do Ceará e pesquisadordo DNOCS em seu livro: Solo e água nopollgono das secas, diz:” a cultura irriagada éuma ocupacão absorvente minuciosa edelicada. Que exige do irriaante preparo eQualidades morais. Por que qualidades morais?Porque não é somente o lucro momentâneomas o zelo e o cuidado com o solo que garantea continuidade.

PPPPPORQUEORQUEORQUEORQUEORQUE AAAAA FERRUGEMFERRUGEMFERRUGEMFERRUGEMFERRUGEM MATOUMATOUMATOUMATOUMATOU OOOOO TRIGOTRIGOTRIGOTRIGOTRIGO

•A região era quase plaina, ótimo paraagricultura. Derrubaram a mata e plantaramtrigo. As colheitas fartas enriqueceram a todos.E os agricultores norte-americanos que seassentaram nesta região, fugindo daperseguição religiosa de sua terra natal, erameufóricos. Araram a terra, plantaram trigo,queimaram a palha. E novamente lavraram ochão. Mas alguns anos mais tarde apareceu aferrugem. Uma, duas, cinco, dez, trintavariedades de ferrugem. Os especialistasconseguiram classificar as variedades deferrugem com menor rapidez de queapareceram novas formas . O veredicto foi: aregião é inadequada para trigo por causa

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das,mais de trinta variedades de ferrugem queaqui eram instaladas e que agora apareciampouco aouco.

•Os grãos ficaram pequenos e enrugadose o peso por hectolitro baixou cada vez maiscaindo de 84 para 72, e finalmente o trigo malservia ainda como ração animal. É o alumíniotóxico, declararam. Mas porque este alumínionão tinha aparecido logo no início? Porqueapareceu, agora de repente?

•As chuvas que antes eram 1.400 mmdiminuíram para uns misérios 900 mm por ano,as fontes secaram, os poços somente tinhamágua a partir de 30 m de profundidade, a regiãoera cada vez mais seca, mais pobre e menosadequado para agricultura.

Porquê?O solo tropical não agüentou este

tratamento. As chuvas o compactaram,escorreram, o sulcavam. Ele ficou cada vez maisduro, os especialistas diziam que erosão nãopodia ter em terra dura. A água somente podialevar terra mole. Mas se a terra era mole aschuvas penetravam e não escorriam. Elesfomentavam fontes e poços em lugar de rasgarvossorocas. E quando se arrancava uma plantade trigo, a raiz estava pequena, fraca esuperficial, não conseguiu mais nutrir asplantas. Faltava o que? Nesta época apareceuo adubo químico. Adubaram. Mas nãomelhorou nada, “somente perderam maisdinheiro. Os agricultores ficaram desesperadose muitos foram embora, para outras bandas,onde ainda tinha mata para derrubar. Até oGoverno se preocupou. Era isso o destino deterra desmatada?

Mas veio um e perguntou: querem queplanto trigo? Todos riram. Se consegue plantartrigo as terras são suas, disse o Governador. E ohomem plantou mucuna e guandú, sorgo emileto, tudo misturado. E as raízes que no iniciomal conseguiram entrar no solo de repentequebraram a laje dura e só foram até uns 2metros de profundidade. E quando se tinhaformada muita massa verde, o homem derruboutudo. Uma massa grossa envolveu a terra.

Se decompôs, protegeu o solo durante ocalor de fevereiro e março, mas quando veio oabril plantou trigo. No primeiro ano somentealguns hectares. Mas deu certo. O trigo cresceu

bem, sem ferrugem, apesar das trinta variedadesdela na região. E o grão alcançou um pesohectolítrico de 80. Não era ainda o melhor, masmuito melhor do que os 72 que os agricultorestinham obtidos. Jé era trigo que o moinhocomprava para farinha. Repetiu a adubaçãoverde e plantou outro trigo. E o trigo, apesar deuma seca violenta deu bem, e seu peso. porhectolitro subiu a 82. Cadê a ferrugem? Aondeesta foi? Não sabia. Olhou a terra. Esta era fofae de cheiro agradável e as raízes do trigoI eramgrandes e bem desenvolvidas. E comomonocultura não dá, plantou milho em rotaçãocom o trigo. O milho deu muita palha edispensava e adubação verde.

Você não queima a palha? é•mais segurapara evitar pragas e doenças diziam os vizinhos.

Mata os insetos e os fungos. O homemolhou. Si, mas mata também toda vida do solode fome e sem vida a terra fica dura e em terradura a raiz não consegue crescer, nãoconsegue, nutrir a planta e esta se torna fraca,e a planta é atacada por doenças. A ferrugemestá aqui, mas não ataca planta bem nutridaEntão quer dizer a planta esta doente, antes deser atacada pela ferrugem? Exatamente. E se aplanta não esta doente nenhum fungo ou insetoa consegue atacar. Esta virando o mundo deavesso? Não, estou somente pondo tudo nodevido lugar.

PPPPPARAARAARAARAARA ONDEONDEONDEONDEONDE VAIVAIVAIVAIVAI AAAAA C C C C CAATINGAAATINGAAATINGAAATINGAAATINGA ( ( ( ( ((semi-áridodo(semi-áridodo(semi-áridodo(semi-áridodo(semi-áridodoNordeste)Nordeste)Nordeste)Nordeste)Nordeste)

A região é cortado pelo rio mais cantadodo Brasil, o São Francisco. Seus afluentestambém não são desprezíveis, como o rio dasVelhas ou o rio Grande. Era muita água, muitaspeixes e uma navegação intensa. Mas desdeque foi desmatada a região se tornou cada vezmais seca, apesar dos rios. A mata se tornoucaducifólia, quer dizer perde suas folhas naépoca sem chuva para poder sobreviver eparecem secas e mortas. Muitas possuemespinhas que as defendem contra a seca, comoo faveleiro e,outros possuem depósitos de águanas raízes como o umbuzeiro e que ossertanejos apreciam muito. (Um-bú é nomeindígeno e significa: ”árvore que dá a beber”).

Mas quando vem as chuvas, o esverdejaré o explosivo e de um luxo quase inacreditável.

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Os rios são explorados para a irrigação. Naregião de Juazeiro e Petrolina onde a irrigaçãofoi iniciada, muitas terras já estão salinizadas eos “pivó central” abandonados. Dos 100.000ha inicialmente irrigados 40.000 ha já sãosalinos. E a maior parte da irrigação mudou paraa região de Barra a Xique-xique. Porém tambémaqui esqueceram que irrigar não é somentemolhar o chão. Irrigar em regiões semi-áridas éuma atividade muito séria e de granderesponsabilidade. E, como Duque diz: ”é dealta tecnologia e moral”.

Fatores que afetam a irigaçãoFatores que afetam a irigaçãoFatores que afetam a irigaçãoFatores que afetam a irigaçãoFatores que afetam a irigação1- A•água de açúdes e rios, mesmo a melhor,

não é água “distilada” como a da chuva.Sempre contem certa quantidade de saisminerais dissolvidos que se acumulam nosolo irrigado.

2- Quanto menos se irriga, tanto maissuperficial o solo será molhado e a águaaplicada evapora-se tanto mais rápida quantomenor for a camada molhada, deixandosobrar os sais no solo.

3- O solo desprotegido se aquece pelo sol e aágua do subsolo sobe à superficie em formade vapor trazendo sais consigo. Há somenteágua ascendente. Falta o movimento de águadescendente, que percola e lava o solo.

4- Falta de drenagem da água (que deveria lavaro solo)

5- Falta matéria orgânica, especialmente palhaque poderia transformar os sais emcarbonatos, muito menos solúveis em águadessalinizando o solo.

6- Falta a porosidade da superfície do solo porfalta de matéria orgânica em decomposição,

7- Necessita-se de rotação de cultivos com

a) culturas que drenam a água do subsolocomo girassol ou sorgo, o

b) culturas que dessalinizam como algodãoe trigo mourisco e

c) culturas que permitem a lavagem dosolo, como arroz.

8- Em culturas perenes como na fruticultura acobertura das entrelinhas deve conter a flora

espontânea enriquecida por plantasfavoráveis nesta região. A monocultura deleguminosas não é aconselhada porque comos anos, provoca nematoides.

9- Os terrenos a serem irrigados devem serrigorosamente nivelados para evitar “focosde salinização”

10- Deve evitar se o impacto das gotas da águade irrigação àsuperfície do•solo, ondedestrui•os agregados, formando crostassuperficiais e uma laje dura (hardpan) empouca profundidade que impede oaprofundamento das raízes.

11- Deve ser cuidar que o nível freático nãosobe demais e que deve ser mantido em 1 mde profundidade

12- Vale lembrar que na medida que aumentao cloro na água diminui a quantidade de saissuportadas pelas culturas.

A água é considerada potável até 2,5mmhos de sais dissolvidos e ainda sofrível com4 mmhos de sais.. Algodão suporta bem até 10mmhos, Bermudagrass (Cynodon dactylon) até13 mmhos. O mais sensível é batata doce quereduz drasticamente a colheita acima de 2,5mmhos de concentração de sais. Porém quandocloro faz parte dos minerais, a con-centração desais suportada é abaixo de 2, mmhos.

Vale lembrar que anualmente, no Mundointeiro,salinizam-seuns 10milhõesde hectaresirrigados. Em regiões onde chove bastante airrigação somente supera épocas com menoschuva e a lavagem do solo está garantida.Portanto não ocorre salinização.

Medidas que visam diminuir asalinização não devem diminuir a quantidadede água irrigada, mas aumentar a quantidadede água de irrigação para lavar os saisacumulados do solo superficial. Quanto menosse irriga, tanto mais superficial a água aplicadamolha o solo e tanto mais rápido ela seevapora, deixando os sais no solo.

Somente em solos porosos e nívef freéticobaixo a diminuição da água de irrigação podeatrasar a salinização. Em solos compactados eadensados, impermeáveis, e com nível freáticoalto, a diminuição da água sempre acelera asalinização.

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Os problemas maiores da Caatinga são1) As queimadas freqüentes - até 5 vezes ao

ano - para forçar a brotação de pastos ao meioda seca, e que priva a vida do solo de seualimento (matéria orgânica) e deixa os solosdecair isto é compactar o que diminui, anopor ano a quantidade e qualidade daforragem.

2) A•falta de árvores ou quebra-ventos emgeral (também podem ser de capim altocomo de Napier, cana de açúcar) paradiminuir a perda de água transpirada para oar sendo levado pelo vento. Pesquisasmostram que isso é 40 a 60% das chuvas eem casos extremos até 75% com 500 a 590mm/ano de chuvas isso significa que restamsomente 350 e até 230 mm/chuva e emcasos extremos 150 mm/chuva/ano. Adesertificação depende não somente daspoucas chuvas, diminuídos pelo desmata-mento mas especialmente do vento seco epermanente.

3) O pastejo descontrolado de cabras queimpedem o crescimento de árvores. Graçasas cabras a desertificação do semi-áridoavança rapidamente.

•Não é uma irrigação mal feita que vaisalvar a Caatinga, mas o reflorestamento parcial,o abandono das queimadas e o controle dascabras.

2 X A2 X A2 X A2 X A2 X ARROZRROZRROZRROZRROZ

O ânimo era grande. Vieram especialistasem arroz da Malásia e ensinaram comoproduzir mais. Naturalmente não era o caso deplantar pé por pé manualmente como elesfazem Iá , mas o manejo da água. Plantava-seo arroz em terra úmida, quando tinha nascidosoltava se uma fina camada de água. E depoisse deixou a terra secar até que as plantinhascomeçavam murchar. Este foi o ponto em quese soltava novamente a água para valer. E daíem diante o nível de água subia com otamanho das plantas de arroz. Podia dobrar acolheita.

E depois veio a colheita e a grandeexpectativa. Aumentou a colheita? Para alguns

a euforia foi grande, a colheita aumentoumesmo, quase dobrou. Para outros era umaenorme decepção. A colheita baixou , quase àmetade. Por quê? Ninguém podia explicar isso.Nem os Malaios. Lá sempre deu certo.

Perguntamos o solo. As análises químicasnão eram tão diferentes, mas as análises físicaso eram. Nos solos mais argilosos as colheitassubiram, nos mais arenosos elas baixaram. Maspor quê? Fizemos trincheiras. Nos solos maisargilosos, logo abaixo da superfície começouum horizonte mosqueado de redução.

Mas este horizonte terminou geralmenteem 40 cm de profundidade. E quandodeixaram secar os campos, as raízes seguiramà água, passaram por este horizonte de reduçãoe cresceram abundantemente abaixo, num solonão reduzido, mais arejado. E isso foi queaumentou a colheita: o solo arejado.

Embora que dizem arroz cresce até emasfalto e não precisa de solos agregados, elenecessita de oxigênio. Ele é a única planta decultura que consegue levar oxigênio, atravésde um arênquima, das folhas às raízes Mas istocusto, lhe caro. É um esforço muito grande eque vai a custo da produção. Baixa a colheita.

Nos solos mais arenosos, o horizonte deredução não foi tão nítido na camadasuperficial. Mas ele se aprofundou até 70 e até80 cm encontrando-se nesta profundidade seuestágio pior de redução, de anaerobismo. Aí,na medida que as raízes cresceram, avançaramcada vez mais no horizonte reduzido e oanaerobismo era tanto pior quanto mais seaprofundavam.•Não conseguiram passá-loe•finalmente as raízes tinham de crescer nacamada mais reduzida, onde os nutrientes, emparte nem são mais nutrientes mas tóxicos,como o enxofre, que vira gás sulfídrico, omanganês em estado reduzido é tóxico, igualao ferro, se existia gás carbônico virou metano.Faltou oxigênio para os nutrientes, faltou parao metabolismo da planta. O arroz podia aindadar um jeito para seu metabolismo captando ooxigênio pelas folhas e levá-lo à raiz. Mas istoé um processo que custa muita energia e baixaa colheita por 30%. Mas os•nutrientes nãopodiam ser mais oxidados, permaneciamtóxicos e sua falta era pronunciada, a•raizobrigada a avançar até esta camada maléfica

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não conseguiu passá-Ia. E aí a colheita baixouà metade. Arroz cresce em solo sem oxigênio,mas cresce muito melhor em solo arejado.

Mas isso não funciona somente na Ásia ena África. Funciona também no Brasil. NoMaranhão, o rio Pindaré em cada primaveradá enchentes trazendo muito limo a serra deGurupi e da serra de Tiracambú.. Igual a Niloinunda as terras, algo Irregulares e depositaaqui o limo, fertilizando os solos. Quando aágua começa secar toda paisagem esta cheiade “bacias de água” que pouco a poucodiminuem ate desaparecer. Isso o pessoalaproveita. Cada vez se uma faixa da ”bacia”secou plantam mudinhas de arroz sem revirara terra. Plantam como o campo se apresentadurante meses. Se iriam lavrar o campo iriamenterrar o limo e trazer torrões de terra estéril àsuperfície que iria encrostar E a terra é muitoúmido quando é plantado Portanto não épreguiça mas sabia experiência. Cada vez seuma faixa de uns 2 metros ficou livre de águaplantam. E as mudas de arroz seguem com suasraízes a água que pouco a pouco seca e estácada vez mais profunda. E quando finalmenteplantam o fundo da bacia, falta pouco paracolher a primeira faixa. E a colheita é de 16 a18 t/ha. Os solos, fertilizados pelo rio e o arrozobrigado a aprofundar cada vez mais suasraízes para alcançar ainda a água, são osegredo. da alta produtividade.

Nada de máquinas, nada de aduboscomerciais, nada de defensivos. E se o terrenofosse nivelado? A produtividade se perderia,porque depende justamente das raízes queseguem a água.

Agricultura ecológica é esta que aproveitao ecosistema e suas particularidades.

A A A A A PODRIDÃOPODRIDÃOPODRIDÃOPODRIDÃOPODRIDÃO MISTERIOSAMISTERIOSAMISTERIOSAMISTERIOSAMISTERIOSA NOSNOSNOSNOSNOS DENDEZEIROSDENDEZEIROSDENDEZEIROSDENDEZEIROSDENDEZEIROS

Na agricultura orgânica existe umaaversão tão grande contra o cloro que se parececomo um “caça bruxa” ou o medo do diaboperante a cruz. Provavelmente porquetomateiros produzem menos quando recebemum adubo clorado. São tão ávidos de cloro quenão possuem sistema que possa bloquear suaabsorção. Assim, quando recebem cloreto” depotássio simplesmente se”engascam”. Conclui-se que clorofazmal.paratodasasplantas .

Mas também pode ser porque o cloretode potássio(KCI) é um adubo muito solúvel eportanto desequilibra facilmente outrosnutrientes. Parece quase como heresia quandose diz que existem culturas que o necessitam emuito..

Os plantadores antigos sempre salgavamsuas palmeiras: coqueiros, pupunha, dende-zeiros. Mas quando veio a agricultura moderna,química, isso foi visto como uma “simpatia”supersticiosa de pessoas analfabetas. Onde seviu pôr sal numa planta? E os velhos deixaramas plantações para os filhos, que eraminfinitamente mais modernos e mais instruídos.

Mas as mudas das palmeiras começavamcom uma doença estranha. Primeiro eramsomente alguns poucos, pouco depois dotransplante morriam os brotos. .

Simplesmente apodreciam na base e davapara tirar as folhas novas secas encima e podresembaixo. Era um fungo. Banharam as mudasem fungicida, pulverizaram os campos recémplantadas com fungicidas diversas, mas nãoadiantou nada. Foram atacados primeiro 6%depois 10, 20, e finalmente já 30%. Oproblema ficou pior com cada ano.

E os plantadores de coqueiros riam ediziam que tinham já muito mais tempo esteproblema e pouco a pouco ficou sério, porquetinha uns onde já 43% das mudas pegaramesta podridão misteriosa. Nos agricultoresconvencionais significava um ano de perda naprodução, fingiam que não era nada eadubaram mensalmente as arvores semi-mortascom KCI. Aí, eles começavam a recuperar-se.Mas nos plantadores orgânicos era umacatástrofe e os pés morriam mesmo. Acredi-taram que seria a deficiência de potássioporque na África, os ingleses o chamam de“mid crown yellowing” e o curam com KCI.Mas com sulfato de potássio o efeito era zero.

Me pediram de vir. Estudei a região e seussolos e descobri que a América Latina erafamosa para seus solos pobres em cloro comexceção das orlas marítimas e especialmentena Colúmbia os solos tinham a fama de clorozero. Mas todos acreditam firmemente que sejaa deficiência de potássio, porque a curam comKCI embora os sintomas sejam muito diferentes

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e potássio é um elemento que somente semanifesta nas folhas mais velhas e nunca nabase do broto.

•A deficiência de cloro é pouco estudadae por isso pouco conhecida. Mas tudo que sesabe é que se parece muito com a podridão dobroto. E como KCI a cura mas não K

2SO

4 valia

a pena de tentar. Os plantadores orgânicosgritaram porque com KCI iriam perder seumercado europeu. Mas a escolha era ou perderos dendezeiros ou perder o mercado. Aípropusemos: usem sal . Sal é NaCI. Salgam suasmudas, já no viveiro e após o transplante. Porenquanto sal não é proibido por nenhumaNorma orgânica. Ou porque não acreditam quese podia salgar uma cultura, ou porque não sederam conta que sal e cloreto de sódio. E osplantadores, de repente se lembravam que seuspais também salgavam as palmeiras, todas aspalmeiras que cresciam longe do mar: doispunhados por cada pé. E eles cresciam fortes asadios. Era a solução. E de repente os costumesdos ‘velhos, não pareciam mais superstição massabedoria. E as mudas replantadas nãoadoeciam mais e cresciam fortes e sadios comoantigamente quando abastados com cloro.

O O O O O COCHOCOCHOCOCHOCOCHOCOCHO DEDEDEDEDE SALSALSALSALSAL

O desatamento era novo. Limparam20.000 ha com motoserra e fogo e jogaramsemente de Brachiaria. Nasceu bem e entre ostroncos e galhos não queimados cresceu umpasto exuberante. Embora que dizem que avocação da Amazônia não é para pasto, porenquanto tudo parecia andar maravilho-samente bem. Já advertiram que nesta regiãonecessitava o dobro de cobalto no sal de queno resto do Brasil, mas cochos com sal bemtemperado não faltaram. E o gado era gordo ereluzento.

Mas depois apareceu uma peste estranhaque atacou as vacas. Elas eram gordas e bonitas,mas quando deram cria, deitaram o que já nãoé comum em gado de corte e depois nãolevantaram mais, mas simplesmente morriam.

Por que?O fazendeiro já tinha perdido mais que

30 vacas e não tinha prevenção nem cura. Equando as mães morriam a cria também foi

perdida, porque que vaca iria aceitar osbezerrinhos orfões. Pouco a pouco a situaçãotornou-se desesperador. Nem com pentabióticose salvava os animais.

Me chamaram. O que poderia ser? Viuma vaca bonita, deitada com olhar meiodesesperado. Queria levantar mas não deumais. Sabia que era a falta de cloro que davaesta fraqueza pós-parição. Mas quis ter certeza.“Me diga, as vacas comiam a terra ondeurinaram? Comiam. Por que? Porque fazem issosomente quando procuram cloro.”

O homem sacudiu a cabeça. ”Não podeser. Tenho cochos de sal por toda parte.” E opeão confirmou que o patrão nuncadescuidava de sal.

Fomos ver estes cochos de sal. Eram bemfeitos, com cobertura móvel para não entrar achuva mas o gado poder lambê-Io facilmente.Cochos de fato não faltaram, nem sal dentrodos cochos. Mas tinha alguma dificuldade dechegar lá, porque eram ao meio de umamarranhado, uma confusão de troncos egalhos caídos. As novilhas e vacas vazias ouno início da prenhez pulavam com facilidadee chegaram lá. Mas as vacas nos últimos mesesde prenhez, já pesadas, não conseguiram pularmais. Enxergavam o cocho de sal em sua frente,mas este ficou inalcançável. E morriam por faltade cloro, praticamente em frente do sal que aspodia ter salvado, ninguém nunca teve a idéiade controlar se os animais conseguiram chegaraos cochos porque eram convencidos de quechegaram lá.

Nunca nada deve ser tomado por certo.Porque destes pequenos por menores dependelucro ou perda.

RRRRROTAÇÃOOTAÇÃOOTAÇÃOOTAÇÃOOTAÇÃO DEDEDEDEDE PASTEJOPASTEJOPASTEJOPASTEJOPASTEJO NÃONÃONÃONÃONÃO ÉÉÉÉÉ POSSÍVELPOSSÍVELPOSSÍVELPOSSÍVELPOSSÍVEL

Finalmente vencemos a batalha para aimplantação do pastejo rotativo racional, oucomo eles diziam “o Voisin” no Rio Grandedo Sul. Explicamos a filosofia básica que o gadonunca deve comer a rebrota, para não enfra-quecer as forrageiras e que o repouso tinha deser no mínimo o suficiente para que as larvasdos vermes morriam oque levava entre 2 a 3semanas conforme a estação do ano.

E depois vinham ainda todas as conside-rações a respeito das próprias forrageiras. Tudo

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mundo achou um maravilha, porquevermifugar não era barato e a manutenção daprodutividade dos pastos era básico para umapecuária lucrativa. Apesar de toda euforia, umfazendeiro perguntqu: quanto tempo o gadoleva para acostumar-se a troca dos piquetes?Mais ou menos 4 a 6 semanas, foi a resposta.Ótimo, ele disse, mas sabem que o peão deveprecisar 3 a 4 anos? E isso tinha sua razão. Nãoque ele fosse tão burro. Mas este negócio mexiacom seu machismo. Somente se sentia“macho” quando andava a galope acompa-nhada de uma matilha de cachorros. E se iamtrocar os piquetes de 5 em 5 dias, o gado viveráeternamente estressado, iria perder peso e nãoteria vantagem alguma. Mas tudo parecia irbem, e o sucesso era visível porque a maioriasomente empregou este método por enquanto,somente para gado de engorda. E este recebiaagora sempre um capim novo, rico emproteinas e engordou mais.

Mas depois apareceu um pecuarista e medisse: ”Tentei fazer “o Voisin” mas não dáporque aí as minhas vacas abortam.“

Nunca tinha ouvido disso, e alguma coisaestranha deveria acontecer aqui.. Será quevacas tinham memória tão curta que a ausênciadelas de um piquete dava para esquecer asplantas tóxicas? Fora disso o gado as cheiravae não tocava quando não era muito deficienteem um ou outro mineral.

Fui lá para ver. Não achamos plantatóxica alguma, a não ser o Mio-Mio (Bacchariscoridiofolia) e que o gado conhecia de sobra.Tinha certeza que a informação do pecuaristaera certa, mas a causa era uma incógnita.Finalmente pedi: “me deixa ver como vocêstrocam de piquete. ” O homem achou o pedidoestranho. Como? Naturalmente passam pelaporteira de um piquete para o outro. Mas foijustamente isso que queria ver. E embora elemovimentava uns 500 animais a porteira nãofoi aumentada e parecia não ter mais que uns3,5 metros. Aí vieram uns 4 peões nos seuscavalos e seus cachorros e em galope, comenorme gritaria enfunilaram coitado do gadonesta porteira estreita. E quando o gadofinalmente tinha passada jaziam dois fetos nochão. “Não lhe faJei que o gado aborta quando

troco de piquete.” O pecuarista falou de umamaneira acusadora.

Mas não foi exatamente a troca de piquetemas a maneira com que trocavam. Olha, se vocêdeixa seus peões andar a pé, em frente do gado,com um baldinho de sal, todos animais vãocalmamente atrás sem aperto e empurrões enenhum aborto vai acontecer mais.

O homem se coçou a cabeça.Tem razão.Mas como faço para tirar os peões dos cavalos?

EEEEELASMOLASMOLASMOLASMOLASMO

O milho nasceu bem. Era uma beleza aslinhas com as plantinhas novas, todas fortes esaudáveis. O Agricultor tem sua primeira alegriaquando vê que foi bem plantado e o stand ébom. No mínimo até aqui ele trabalhou bem.

Mas quando vem uma semana maistardes ele enxerga plantinhas mortas por todaparte ou já está faltando ou estão murchas ecaíldas. Outras plantinhas têm o broto morto eas outras folhas amarelecidas. Se puxa o brotoele sai fora. Ele abre o colmo e lá está ela, umalarvinha verde azulada, filhote de uma mariposamarrom, bem miúda somente uma traça de um1/3 de um centímetro de tamanho quegeralmente passa despercebida por seus hábitosnoturnos até que bota seus ovos na terra e saemas larvas. É o Elasmo, (Elasmopalpus lígnosellus)uma larva danada que ataca também a cana, asoja, o sorgo, o arroz e até mudas de pinheiros.Quando uma vez instalado o combate ébastante difícil. Polvilha-se com defensivos,mas o efeito é pouco. Ás vezes não tem outrojeito do que replantar o campo.

“E a época que esta bastante seca, dizem.Mas o que a seca tem a ver com o Elasmo? Achuva mata a tracinha?

A pergunta não é tão simplória. A sementeveio de onde? Dum campo de multiplicaçãode semente de milho que plantam ano por anomilho. A terra de lá já esta exausta e asadubações com NPK sobem. E as pragas queaparecem os plantadores controlam comveneno. Deviam ver como o campo era bemcuidado. É mais fácil do que usar seu calendáriode pulverizações do que fazer todas estasanálises foliares e tentar controlar o que estafaltando.

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Mas o que falta mesmo é zinco. As plantassão limpas, as plantas produzem sementes, masestas não levam nem o mínimo de zinco juntopara poder superar as primeiras duas semanas,até que as raízes se expandem e podemabsorver o zinco do solo. E esta lapso de tempoo Elasmo aproveita. E se a época esta seca, asraízes levam mais tempo de crescer e o zinco émenos disponível no solo.e a planta conseguemenos ou nada. É o azar do agricultor e a alegriadas mariposinhas.

O que fazer? Colocar mais vêneno?Não, somente pulverizar a semente com

um pouco de zinco 0,035 de uma solução desulfato de zinco é o suficiente para proteger asplantas novas do ataque. Mais tarde, com raízesmaiores já se abastecem sozinhas com zinco.O problema é que nunca perguntam o solo.Somente matam que incomodar. E seria tão fácilde controlar se perguntassem o solo. Quandose compra uma semente e ignora o tratamentodo solo onde foi plantada, por vias desegurança pulveriza-Ia com zinco. Não custanada é dá a certeza que Elasmo nenhum vaiatacar.

RRRRRESERVAÇÃOESERVAÇÃOESERVAÇÃOESERVAÇÃOESERVAÇÃO: K: K: K: K: KRUGERRUGERRUGERRUGERRUGER - P - P - P - P - PARKARKARKARKARK

Uma das reservas naturais maiores domundo é o Krüger-Park na África do Sul. Láexistem os animais maiores do Planeta:elefantes, girafas, hipopótamos, rinocerontes,leões, •leopardos, búfalos, antílopes, javalis,hienas, chacais, macacos e outros. Antiga-mente era uma mata rala, tipo savana que eleschamam de “bush”, de vez em quandointerrompida por florestas, abundantementeregados de rios e cheio de lagos ou represasonde os animais selvagens tomaram banho.Não tinha problema nenhum de abrigar todosestes animais, em parte gigantescos, como oselefantes africanos, com até 8 toneladas depeso. Tudo abundava, água e vegetação. Emesmo se as girafas comiam lá encima os toposdas árvores, matando as de vez em quando,ainda restavam bastante e outras assubstituíram.

A África do Sul, com sua maior parteabaixo do trópico do Trópico do Capricornio,é uma região subtropical para temperado, peloscaprichos da natureza tem um clima pratica-

mente mediterrâneo. Os solos em boa parte sãoricos, não somente em ouro e diamantes mastambém para agricultura e pecuária, por ter boaparte sua origem em rochas muito antigas (doArqueozóico), mas as chuvas são poucas, emparte muito poucas e a única região onde sãoabundantes é desértica. É o famoso deserto deKalahari com 2.400 mm de chuva que, porémdesabam durante somente 3 meses causandoenormes enchentes e erosão.

Em 1662, os holandeses fundaram noCabo de Boa Esperança uma foraleza. Osingleses que tomarem a região que os Bôeresou seja, agicultores holandeses começavam adominar com seus rebanhos grandes masnômades. Hoje, nas regiões melhores existemgrandes fazendas onde plantam trigo, milho ebatatinhas. Com a tecnologia moderna eespecialmente pelo uso de irrigação com pivô-Central que colocam somente 1m acima dosolo, para não perder tanta água pelaevaporação eles produziram muito bem masesgotaram os rios, compactaram os solos e emparte os aquíferos subterrâneos foram privadosda reposição de água. As fontes e rios doKrüger-Park secaram. Quase não existe maiságua natural para os animais e até os lagosescasseam. Agora bombeam a água de poçosartesianos para bebedouros.

Os “game range, ou seja os ”guardaanimal” dizem que antes da agricultura de altatecnologia, tudo ia as cem maravilhas nestareserva animal. Agora a água desapareceu, avegetação natural, em parte esta secando emorrendo e os animais tem que caminhar cadavez mais longe para beber. Olham osfazendeiros com ódio porque com suatecnologia despreocupada conseguiramdestruir um paraíso sem botar somente um pédentro. Cercaram-no com suas fazendas,estragaram seus solos que, impermeabilizadosimpedem o abastecimento com água doslenços subterrâneos. Tornaram a região que jánão abundava pela chuvas, mais seca ainda,embora praticamente na costa do OceanoÍndico.

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ÁÁÁÁÁGUAGUAGUAGUAGUA DEDEDEDEDE IRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃO

Era um agricultor orgânico. Por enquantotodos lutam ainda com o problema de sersomente: ”orgânico de substituição” ondesubstituem simplesmente um fator químico porum orgânico acreditando que seria agriculturaorgânica ou natural. Aí o composto usa-se emlugar de NPK, algum caldinho em lugar deagrotóxicos, a enxada rotativa em lugar dosherbicidas, enfim somente se substitui mas nãomudou nada. O solo continua decaído, asplantas doentes, e qualquer composto tanto fazse é de resíduos de matadouros, lixo urbano,cama de frango de criação convencional éconsiderado orgânico, embora que nestesistema se nutrem as plantas já com substânciastóxicas, sendo muito mais contaminadas, doque os produtos da agricultura convencional.

•O agricultor plantava verduras,especialmente repolho, couve-flor, brócoli esemelhantes. Em parte as culturas estavam boas,em parte bastante ruins e o que mais chamou aatenção era que cresciam losna brava(Arlemisia verlotorum), indicando um pH 7,5 a8,2 e azedinho (Oxalis oxyptera) indicandoumpH4,5 a 4,2 pacificamente juntos. Comoisso era possivel? O solo não podia ser ácido ealcalino ao mesmo tempo.

Abrimos a terra. As raízes da losna iamexatamente até 5cm de profundidade ondeformavam um trama denso, e os azedinhoscomeçavam formar suas raízes abaixo de 11cm. Papel indicador comprovava, um soloalcalino até 5 cm e um solo muito ácido abaixode 11cm. Como? Todos silenciaram e aí seescutou o chapinhar do rio Tietê. Veio umasuspeita. Você irriga com a água do rio? Ohomem não achava nada de ruim. Não temoutra água aqui, mas temos bacias de decan-tação. Claro. Decantar podia, talvez uma parteda incrível sujeira mais grossa, que este riolevava e que servia de esgoto para São Paulo.Mas tudo que era dissolvido, não decantavacomo o cloro dos detergents, o sódio do sabão,os metais pesados que vieram das indústrias, eo solo captava na camada superficial os cationsou sais alcalinos e deixou infiltrar os anions, ossais ácidos para o subsolo. Talvez exatamentoporque este agricultor tinha bastante matéria

orgânica, que é ácida, na camada superficial eque capta cations. Aí alcalinizou na superfíciee acidificou no subsolo.

E por nossa surpresa, a mistura deazedinho + losna brava apareceu em todos osagricultores orgânicos que usavam água de riosujo de esgotos, para irrigação. Eram as plantasindicadoras. E as verduras que aqui cresceram?

Cresciam somente na camada superficial,quase sempre eram Brassicaceas, que melhorsuportam solos alcalinos. Eram orgânicos,segundo as Normas, sem duvida, que porémnão garantiu que eram livres de metais pesados,tóxicos a muito tóxicos para o ser humano.

•Segundo Mokiti Okada os alimentostem de ser “limpos” de todas substânciastóxicas, não somente de promotores decrescimento, antibioticos, hormônio etc. queabundam nos esgotos das cidades, mastambém de metais pesados.

Orgânico-natural a alimentação é somen-te quando mantém a saúde dos consumidores.

Mas as manchas de menor crescimentonão podiam ser disso. Todos receberam amesma água. Tiramos algumas plantas e todasestavam com as raízes viradas para cima?Quem é que plantou aqui? “Volantes, bóia-fria.” Entendi. E nestas manchas o plantador eraextremamente “produtivo”, muito rápido e nãoimportava se as covas permitiram às raízesentrar bem. Eram rasos demais e aí, elasviravam, ficaram superficiais e não conseguiramnutrir bem as plantas.

O O O O O MATOMATOMATOMATOMATO PREJUDICAPREJUDICAPREJUDICAPREJUDICAPREJUDICA?????Dei um cursinho de Agricultura Natural

para agricultores. E como sempre saímos demanhã ao campo para ver na realidade do queiria falar depois. Imensos canteiros de alface atéo horizonte cobriram a terra. Alface pequeno,alface médio, alface pronto para ser colhido,canteiros semi colhidas. Dezenas de hectaresde alface.

•Era um agricultor convencional. Ele sequeixava. A cultura é cara: os trabalhadoresque plantam e capinam os adubos que cadasemana se usam, os agrotóxicos, cada segundodia, a irrigação diária. E quando finalmente seproduz e se podia vender, falta de mercado. Epor cima de tudo isso foi feito com financia-

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mento que se tinha de devolver com juros. Defato não era fácil. Aí o homem quase chorou:Este ano ainda faltava água e alguns canteirosjá plantados ele tinha de abandonar. Não fezmais nada, nem capinou, nem adubou, nempulverizou defensivos. ”Perdi estes canteirossimplesmente.”

Fomos ver estes canteiros que durantequase dois meses, durante toda esta seca nãopodiam ser irrigados. Tinha lá mato do maisdiverso em abundância, nem um poucomurcho, apesar da seca. E abaixo deste mato oalface, saudável, repolhudo, grande e bonitoem parte maior e mais bonito do que o tratadoe irrigado. Todos olharam em silêncio. De ondeveio a água e os adubos? Como ele conseguiuser tão saudável? Abrimos a terra. Um intensoenredamento de raízes de mato e alface ia até60cm de profundidade. E a partir de 20cm osolo ainda estava úmido apesar da secaprolongada. O mato bombeava água dosubsolo, protegia o solo, mantendo o maisfresco e as raízes de tantas espécie diferentescriavam uma considerável diversidade demicróbios que mobilizaram os nutrientes. Nasala de aula, tudo isso soa um pouco fantasioso.Aqui no campo apresentava a realidade.

Tudo que o agricultor fez, acreditandoser necessário para a produção era desne-cessário, era dinheiro gasto a toa. Incrédulo ele

olhava a abundância de alface nos canteirosabandonados. E de repente sua mulher, quenos tinha acompanhado de longe, de repentecomeçou a pular e bater palmas. “Viva,” elagritou, “não preciso mais capinar, controlar airrigação durante a noite, nem adubar eninguém precisa mais andar com veneno. Todosuplicio termina quando entregamos nossoscanteiros simplesmente à natureza.”

E um fazendeiro que tinha vindo doParaguai disse: somente a vista destes canteirosonde a natureza tomou conta, já pagou a longaviagem.

Um sojicultor de Goiás observou: agorasei porque minha soja não murchou nunca,com todo calor e seca, no primeiro ano depoisda roçada do cerrado. Somente no segundoano quando a matéria orgânica e todabiodiversidade estava gasta, necessitei deirrigação.

•E um outro disse pensativamente:mono-cultura significa competição entre asplantas. Cada uma quer o mesmo que a outra.Cada uma combate a outra. Com o mato aomeio tem harmonia e concordância. Cada umajuda ao outro. É o sistema da capoeira queconsegue mobilizar nutrientes.

•Saímos um pouco mais sábios e umpouco mais humildes.

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Cobalt

When cattle , goats and sheeps gnaws on tree barks they are deficient in cobalt . Some times theykill even eucalyptus forests. Specially young animais are depressed and gloomy, hanging theirhead have a rough scrubby hide and loose the hairs of their tail have no appetite and frequentlydy by disanimation.

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Potash

When cattle chews pieces of bricks and tries to eat toxic plants and even mushrooms there lackspotash

Nitrogen

When cattle lambs the wJmewashed plaster of house walls they are deficient in nitrogene, Proteinlack induces canlbalism to chicken (pecking the others and even eating dead ciÍickens.The samehappens with pigs.

Cloro

When cows eat the earth were they urinated the are deficient in Chlorin. The animais have a hidewithout glance tum meager, have little appetite and frequently, the lay down to give birth. and dy.

Copper

When black cows, but specially black sheeps change to a gingery cólour their is lacking copper.Speeps have rough, straight wool and not to seldom give birth to paralitic lambs. In the State ofRio Grande do Sul they put one black sheep for every flock of thousand white one.Whentheblackonechangesthe colour,they knowthe animais need copper.

Molibdenum

This deficiency is related to that of zinc and copper. It happens specially in soils were the underlyingrock is poor in Mo. When it lacks cattle has a bad digestion of cellulose. Normally the animaishave a shorter and smaller carcass (sceleton) than animais from pastures with sufficient Mo.

There are a lot of plants which indicate this deficiency on pastures like Euphorbiaceas, Sporobolus,Baccharis like B.coridifolia and others.

Manganese

This deficiency happens not to seldom on pastures planted afier 2 years of agriculture because ofpH correction by liming.and high applications of super phosphate. Bulls and cows are lessproductive, the estral cycle is longer, there happen abortions , and sometimes calves are deformadoIt may be stressed that the mineral deficiency depends allways on soil. A forrage grass which iswell nurrrished in one soil may be bad nurrished in an other.Thus the same grass, even on thesame ranch may be excellent for the animais on one pasture and causes problems on an otherone.

pg 457 (Port.495) Fig.10.25 “Cúpinzeiro”= termite hill

pg 458 el fuego:

enters fig10.26ª (Satelit-foto of the buming inBrazil).

pg 458 (Port. 496) § 1 lotação = dotación = cattle support capacity

el viento enter two fotos

fig.10.28 8 (maiz plants showing the wind direction during ali its life

fig.10.28b cashew- trees disformed by the permanent wind.

pg 459, (Port. 497) article: EI viento: cerrado = savanna cerradon = thick ,higher savanna “taquaral” is no “cañaveral “this is a suggar cane field, but it are bambus shrubs (Bambusia trinÍl)

with thin colms.

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