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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS NA CIDADE UNIVERSITÁRIA da UFRJ Pedro Henrique Garcia Borges Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil, da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Sandra Oda Rio de Janeiro Agosto 2019

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO DE TRANSPORTE

PÚBLICO POR ÔNIBUS NA CIDADE UNIVERSITÁRIA da UFRJ

Pedro Henrique Garcia Borges

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil, da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Sandra Oda

Rio de Janeiro

Agosto 2019

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO POR

ÔNIBUS NA CIDADE UNIVERSITÁRIA DA UFRJ

PEDRO HENRIQUE GARCIA BORGES

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por

______________________________________

Prof. Sandra Oda, DET-POLI/UFRJ.

______________________________________

Profª. Monica Pertel, DHRIMA-POLI/UFRJ.

______________________________________

Bruno Alexandre Brandimarte Leal, RIO

ÔNIBUS.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

Agosto 2019

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Borges, Pedro Henrique Garcia

Percepção da Qualidade do Serviço de

Transporte Público por Ônibus na Cidade Universitária

da UFRJ/ Pedro Henrique Garcia Borges. – Rio de

Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2019.

xii, 72 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Sandra Oda

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola

Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 63 e 64

1. Transporte Público. 2. Qualidade 3. Serviços 4.

Ônibus

I. Oda, Sandra et all II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia

Civil. III. Percepção da Qualidade do Serviço de

Transporte Público por Ônibus na Cidade Universitária

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer aos meus familiares, amigos, professores e colegas que

tiveram qualquer participação na minha vida relacionada a esses anos de UFRJ.

Muito Obrigado,

Pedro Borges.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Percepção da Qualidade do Serviço de Transporte Público por Ônibus na Cidade

Universitária.

Pedro Henrique Garcia Borges

Agosto/ 2019

Orientador: Sandra Oda

Curso: Engenharia Civil

A Cidade Universitária da UFRJ recebe diariamente milhares de pessoas que

dependem do serviço do Sistema de Transporte Público por Ônibus nos seus

deslocamentos. A qualidade desse serviço de ônibus é constantemente questionada

pelos usuários. Este trabalho tem como objetivo diagnosticar essa qualidade e

caracterizar seus usuários, para que em trabalhos futuros sejam estudadas soluções

para os aspectos críticos encontrados. Para chegar a esse diagnóstico, foi realizada

uma pesquisa online, por meio de um questionário que foi disponibilizado para

usuários do sistema e com os dados obtidos foi criada uma base em que foi feita uma

observação estatística e o diagnóstico do sistema foi apresentado.

Palavras-chave: Transporte Público, Qualidade, Serviços, Ônibus

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Perception of the Quality of Public Transportation Service by Bus at Cidade

Universitária

Pedro Henrique Garcia Borges

August 2019

Advisor: Sandra Oda

Course: Civil Engineering

Daily Cidade Universitária receives thousands of people that depend on the bus transit

for their trips. The quality of this service of bus is constantly questioned by their users.

This work purpose is diagnose the quality and caracterize their users, so in future

works, solutions for the critical points can be studied. In order to achieve this diagnose,

an online survey research was performed by a questionary that was presented to users

of the transportantion system and, with the collected data, a base was created for

statistic observations.

Keywords: Public Transport, Services, Quality, Bus.

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Sumário

1. Introdução .............................................................................................................. 13

1.1. Apresentação do Tema .................................................................................. 13

1.2. Objetivo .......................................................................................................... 13

1.3. Metodologia .................................................................................................... 14

1.4. Estrutura do Trabalho ..................................................................................... 14

2. Transporte Público Urbano .................................................................................... 16

2.1. Poder Público ................................................................................................. 17

2.2. Setor Privado .................................................................................................. 18

2.3. Usuários ......................................................................................................... 19

2.4. Trabalhadores ................................................................................................ 19

2.5. Comunidade ................................................................................................... 19

3. Serviços e Qualidade de Serviço .......................................................................... 21

3.1. Serviços .......................................................................................................... 21

3.1.1. Características dos serviços ................................................................... 21

3.1.2. Tipos de serviços .................................................................................... 22

3.1.3. Consumo de serviços .............................................................................. 24

3.2. Qualidade de Serviço ..................................................................................... 25

3.2.1. Percepção de Qualidade ......................................................................... 26

3.2.2. Modelo SERVQUAL ................................................................................ 27

4. Qualidade do Transporte Público Urbano ............................................................. 30

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4.1. Processos do Serviço de Transporte Público Urbano .................................... 30

4.2. Parâmetros de Qualidade do Serviço de Transporte Público ........................ 33

4.2.1. Acessibilidade ......................................................................................... 34

4.2.2. Frequência de Atendimento .................................................................... 35

4.2.3. Tempo de Viagem ................................................................................... 36

4.2.4. Capacidade e Lotação do Veículo .......................................................... 37

4.2.5. Confiabilidade ......................................................................................... 37

4.2.6. Segurança ............................................................................................... 37

4.2.7. Características do Veículo ...................................................................... 38

4.2.8. Características dos Locais de Parada .................................................... 39

4.2.9. Sistemas de Informação ......................................................................... 39

4.2.10. Conectividade ...................................................................................... 40

4.2.11. Comportamento dos Operadores ........................................................ 40

4.2.12. Estado das Vias ................................................................................... 40

5. Método ................................................................................................................... 42

5.1. Elaboração do Questionário ........................................................................... 42

5.2. Amostra Mínima ............................................................................................. 42

5.3. Aplicação da Pesquisa ................................................................................... 43

5.4. Tratamento dos Dados ................................................................................... 43

5.5. Limitação da Pesquisa ................................................................................... 43

6. Estudo de Caso: Cidade Universitária ................................................................... 45

6.1. Histórico ......................................................................................................... 45

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6.2. Transporte na Cidade Universitária ................................................................ 45

6.2.1. Linhas municipais .................................................................................... 46

6.2.2. Serviços BRT .......................................................................................... 47

6.2.3. Linhas Intermunicipais ............................................................................ 49

6.2.4. Linhas Internas UFRJ ............................................................................. 50

6.2.5. Linhas Intercampi UFRJ .......................................................................... 52

6.3. Pesquisa com os Usuários ............................................................................. 52

6.3.1. Caracterização dos Usuários .................................................................. 52

6.3.2. Percepção da Qualidade ......................................................................... 57

6.4. Análise de Resultados .................................................................................... 60

7. Considerações Finais ............................................................................................ 62

7.1. Conclusão ...................................................................................................... 62

7.2. Trabalhos futuros ........................................................................................... 62

Referências Bibliográficas ............................................................................................ 63

Anexo A ........................................................................................................................ 63

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Lista de Ilustrações

Figura 2.1 Área de atuação dos consórcios na Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus,

2019)............................................................................................................................. 18

Figura 3.1 Estágios do consumo de serviços (LOVELOCK e WIRTZ, 2006) ............... 25

Figura 3.2 - Percepção da qualidade do serviço (ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 2014) .............................................................................................................. 27

Figura 3.3 Importância relativa das dimensões da SERVQUAL (ZEITHAML,

PARASURAMAN e BERRY, 2014) .............................................................................. 28

Figura 3.4 Modelo conceitual de qualidade em serviços (ZEITHAML, PARASURAMAN

e BERRY, 2014). .......................................................................................................... 29

Figura 4.1 Processo de viagem de transporte público (LEAL, 2017). .......................... 29

Figura 4.2 Parâmetros de qualidade do transporte público urbano (ABREU, 2016). ... 34

Figura 5.1 Ábaco para definição da mostra (5% de erro e 95% de nível de confiança)

(BARCELOS e ALBUQUERQUE, 2018) ...................................................................... 43

Figura 6.1 Rede de ônibus municipais que passam na Cidade Universitária.

(VaDeOnibus, 2019) ..................................................................................................... 47

Figura 6.2 Corredor Transcarioca do BRT. (G1, 2014) ................................................ 48

Figura 6.3 Rede de atendimento dos ônibus intermunicipais a Cidade Universitária

(VaDeOnibus, 2019). .................................................................................................... 49

Figura 6.4 Itinerário da linha Circular 1 (Prefeitura Universitária, 2019). ...................... 48

Figura 6.5 Atendimento da linha circular 2 (Prefeitura Universitária, 2019). ................ 49

Figura 6.6 atendimento da linha circular 3 (Prefeitura Universitária, 2019). ................. 49

Figura 6.7 Gráfico com a distribuição por gênero. ........................................................ 52

Figura 6.8 Gráfico com a distribuição por idade. .......................................................... 53

Figura 6.9 Gráfico com o motivo da frequência a cidade universitária. ........................ 53

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Figura 6.10 Gráfico com a distribuição por região. ....................................................... 54

Figura 6.11 Gráfico com a frequência de uso do serviço de ônibus em 1 semana. ..... 54

Figura 6.12 Gráfico com a quantidade de integrações realizadas. .............................. 55

Figura 6.13 Gráfico com os meios de transporte utilizados. ......................................... 56

Figura 6.14 Gráfico com o tempo de viagem. ............................................................... 56

Figura 6.15 Gráfico com o método de pagamento utilizado ......................................... 57

Figura 6.16 Percepção da qualidade (parte 1). ............................................................ 58

Figura 6.17 Percepção da qualidade (parte 2). ............................................................ 58

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Lista de Quadros

Quadro 4.1 Qualidade da acessibilidade em relação a distância e tempo (RECK, 2017)

...................................................................................................................................... 35

Quadro 6.1 Linhas de ônibus municipais que atendem a Cidade Universitária.

(VaDeOnibus, 2019) ..................................................................................................... 46

Quadro 6.2 Serviços BRT e suas respectivas vistas (BRT, 2019). .............................. 48

Quadro 6.3 Linhas intermunicipais e suas respectivas vistas (VaDeOnibus, 2019). ... 49

Quadro 6.4 Legenda dos gráficos de percepção de qualidade. ................................... 58

Quadro 6.5 Avaliação geral dos usuários por atributo, ................................................. 59

Quadro 6.6 Relação dos atributos da qualidade com as dimensões da SERVQUAL .. 58

Quadro 6.7 Média das dimensões da SERVQUAL ...................................................... 58

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1. Introdução

1.1. Apresentação do Tema

O transporte público é um meio de integração necessário para desenvolvimento das

cidades, tanto economicamente como nos âmbitos sociais e ambientais. Seu principal

objetivo é ligar as origens de seus usuários a seus destinos finais, com um padrão de

qualidade mínimo aceitável e a custo acessível, colaborando para reduzir os

congestionamentos, poluição ambiental, acidentes de trânsito e consumo de

combustíveis.

A Cidade Universitária do Rio de Janeiro recebe cerca de 100 mil (EBC Agência Brasil,

2019) pessoas todos os dias, de diferentes idades e que saem de diferentes regiões, sua

grande maioria utiliza o serviço de transporte público e todos prezam pela qualidade do

serviço entregue.

Com a crise na Cidade do Rio de Janeiro, as empresas de ônibus também foram

afetadas e assim o serviço entregue por elas. Os usuários desses serviços se tornaram

mais críticos e sua insatisfação aumentou em diversos aspectos, desde a lotação dos

ônibus até o valor pago pela passagem, que para os usuários não condiz com a

qualidade do serviço que é recebida.

1.2. Objetivo

Nesse contexto, o objetivo principal desse trabalho é apresentar um diagnóstico do

serviço de transporte público por ônibus na Cidade Universitária.

Para alcançar esse objetivo principal, outros objetivos foram alcançados e são listados

abaixo:

• Elaborar um questionário baseado no modelo SERVQUAL.

• Analisar o grau de satisfação do usuário em diversos aspectos, baseado no

relatório aplicado

• Apresentar indicadores que mostrem quais os aspectos críticos da qualidade do

serviço estudado.

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1.3. Metodologia

Foi realizada uma revisão bibliográfica, que teve foco no transporte público urbano e em

serviços e qualidade de serviço.

Com essa revisão, foi possível elaborar o questionário, que foi altamente divulgado para

alcançar a amostra mínima necessária.

O banco de dados obtido com o questionário foi tratado e diversos gráficos e tabelas

foram gerados para apresentação dos resultados.

Por fim, foi feito um paralelo dos resultados obtidos com o modelo de medição da

qualidade de serviço estudado na revisão bibliográfica.

1.4. Estrutura do Trabalho

Este trabalho é dividido em 7 capítulos.

O primeiro capítulo é uma introdução que apresenta o trabalho, seus objetivos, a

metodologia utilizada e a estrutura do trabalho.

O segundo capítulo é o começo da revisão bibliográfica, seu foco é o transporte público

urbano. Fala sobre a importância do transporte público urbano e analisa os objetivos,

direitos e obrigações dos principais atores que influenciam na sua qualidade.

O terceiro capítulo é a continuação da revisão bibliográfica, nele é feita uma breve

explicação de serviços e qualidade de serviço, além de introduzir um modelo utilizado

para medir a percepção dos clientes da qualidade de um serviço.

O quarto capítulo relaciona do transporte público com os serviços e qualidade de serviço.

Nele foram estudados as etapas dos processos de serviço de transporte e os parâmetros

de qualidade do serviço de transporte público.

O quinto capítulo explica o método utilizado na pesquisa, desde a elaboração do

questionário, amostra mínima, tratamento de dados e limitações da pesquisa. Nesse

capítulo, também é apresentado o questionário que foi utilizado na pesquisa.

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O sexto capítulo é o estudo de caso da Cidade Universitária. Nele é apresentado um

breve histórico e o sistema atual de transporte disponível. Também é nesse capítulo que

os resultados da pesquisa são apresentados, com a caracterização dos usuários e a

percepção da qualidade.

Por fim, o sétimo capítulo é uma conclusão com recomendações para próximos trabalhos

baseados em percepção de qualidade.

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2. Transporte Público Urbano

Ferraz e Torres (2004) definem transporte público como um deslocamento de custo

unitário baixo, que é utilizado por diversas pessoas simultaneamente, sendo que os

veículos pertencem a uma empresa ou outra pessoa. Seu uso é considerado inflexível,

pois os itinerários, pontos de paradas e horários são fixos. Como as viagens não são de

porta a porta, é necessário um deslocamento complementar, normalmente a pé.

O transporte público urbano é de grande importância para o desenvolvimento das

cidades, pois a maioria das atividades econômicas ou recreativas dependem do

transporte. Outro aspecto é o social e democrático, pois este modo pode ser o único meio

motorizado acessível a pessoas de baixa renda e um importante meio para quem não

pode, ou prefere não dirigir. Também se tem a causa ambiental que está cada vez mais

presente nas discussões, e o transporte público é considerado a solução para

substituição dos automóveis, diminuindo a poluição nas cidades e melhorando a

qualidade de vida com menores congestionamentos. Assim, pode-se dizer que “O

transporte público urbano é imprescindível para a vitalidade econômica, a justiça social, a

qualidade de vida e a eficiência das cidades modernas.” (FERRAZ e TORRES, 2004)

A estrutura do transporte público urbano é complexa, usualmente ele é fiscalizado e

regulamento pelo governo (poder público) e operado por empresas privadas por meio de

licitações e concessões. Também participam, direta ou indiretamente, os usuários, os

trabalhadores das empresas e a comunidade.

Para se ter um sistema bem capacitado, todos os atores devem ter objetivos bem

definidos, conhecendo seus direitos e obrigações e possam realizar com eficiência e

qualidade suas ações dentro da rede de transporte.

A qualidade do sistema de transporte público é analisada em uma visão geral, em que

todos os participantes tenham um nível alto de satisfação atingindo. Para que essa

harmonia entre os atores aconteça, é necessário que eles tenham ciência dos objetivos,

deveres e direitos dos demais, e que ocorra um constante intercâmbio de informações, a

fim de que todos participem na solução dos problemas e com isso tenha-se uma maior

democratização do sistema. (FERRAZ e TORRES, 2004).

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Nas seções a seguir será apresentado um pouco dos objetivos, direitos e deveres desses

atores e também quem são eles nas cidades do Rio de Janeiro, foco do estudo de caso

desse trabalho.

2.1. Poder Público

“O principal objetivo do poder público é proporcionar um transporte coletivo urbano com

qualidade” (FERRAZ e TORRES, 2004). Este deve ter um custo compatível com a renda

dos usuários e atender os interesses da comunidade em relação a diversos aspectos

socioeconômicos e ambientais, como a segurança, rapidez de deslocamento e poluição.

Ferraz e Torres (2004) citam três obrigações que o governo deve atender: fazer o

planejamento do transporte, implementar obras e ações que afetam o sistema de

transportes e fazer sua gestão. Essas obrigações são cargo dos municípios.

A prefeitura deve assegurar que a rede de transportes tenha uma grande abrangência,

chegando em todos os bairros e por consequente atendendo toda a população. Esse

planejamento deve considerar possíveis crescimentos das cidades, pois o transporte está

diretamente ligado ao uso e ocupação dos solos.

As obras e ações que são de obrigações do governo são, principalmente: a

pavimentação e manutenção das vias; sinalização por onde passam os ônibus e dos

respectivos pontos de parada; implementação de faixas exclusivas, como o Bus Rapid

Service (BRS); e qualquer outra obra ou ação que melhore a qualidade e eficiência do

sistema (FERRAZ e TORRES, 2004).

Por fim, a prefeitura deve fazer a gestão do sistema, que consiste na regulamentação

fiscalização e monitoramento da operação, e na comunicação com os usuários

(divulgação de informações e ouvidoria) (FERRAZ e TORRES, 2004).

Na cidade do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro

(SMTR) é o órgão gestor responsável pelos ônibus e vans. A gestão é feita de forma

inteligente, utilizando o GPS dos veículos e as câmeras de segurança dos veículos e

vias. Também são realizadas ações de fiscalização nos corredores BRS e nas garagens

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das empresas, quando violações são detectadas a SMTR aplica multas que variam de

acordo com a infração (SMTR apud de ABREU, 2016).

2.2. Setor Privado

Os objetivos e também direitos das empresas são o retorno econômico justo, que pode

ter um valor mínimo e um máximo estipulados no contrato de concessão e a garantia de

um tempo mínimo de prestação de serviço para que o investimento possa ser

recuperado. (FERRAZ e TORRES, 2004)

Os deveres dos empresários vão desde o pagamento correto de impostos e encargos

sociais, a melhora da qualidade e a eficiência do sistema, fazendo investimentos e

mudanças necessárias. Deve-se, ainda, tratar seus funcionários de acordo com as leis

trabalhistas, enquanto promove ações para capacitação deles. (FERRAZ e TORRES,

2004)

Na cidade do Rio de Janeiro, as empresas de ônibus são representadas por quatro

consórcios operacionais, cada um com uma região de atuação específica (Figura 2.1).

São eles: os Consórcios Santa Cruz, Transcarioca, Internorte e Intersul (Rio Ônibus,

2019).

Figura 2.1 Área de atuação dos consórcios na Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus, 2019)

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2.3. Usuários

Os usuários do sistema devem ser vistos e tratados como clientes e seu objetivo é um

transporte público de qualidade e baixo custo. (FERRAZ e TORRES, 2004)

Os deveres dos usuários são respeitar os trabalhadores e outros clientes, ceder seus

lugares aos portadores de necessidades especiais, preservar o patrimônio do transporte

público e respeitar as leis, normas e regras de segurança. (FERRAZ e TORRES, 2004)

No capítulo quatro serão apresentados os parâmetros de qualidade na percepção dos

clientes do serviço de transporte público.

2.4. Trabalhadores

O objetivo dos trabalhadores das empresas de ônibus e dos órgãos gestores, é o mesmo

que um trabalhador de qualquer outra área, que é receber um salário compatível com sua

função, incluso os benefícios assegurados pelas leis trabalhistas, ser tratado com

respeito pelos chefes e colegas, jornada de trabalho adequada, com pagamento de horas

extras se necessário e ter sua importância reconhecida pelo seu trabalho (FERRAZ e

TORRES, 2004).

Esses requisitos para a satisfação do trabalhador devem ser cumpridos, pois um

trabalhador satisfeito cria uma motivação para a prestação do serviço, realizando suas

tarefas com maior eficiência e qualidade e passando para os clientes e comunidade um

conforto e tranquilidade que, em raras ocasiões, um trabalhador insatisfeito conseguirá

passar.

Como obrigações os trabalhadores devem cumprir seus serviços com respeito aos

clientes e colegas, acatar as determinações dos superiores, e buscar melhorar a

eficiência do serviço prestado (FERRAZ e TORRES, 2004).

2.5. Comunidade

A comunidade deve apoiar o uso do transporte público, reconhecer a importância

econômica e social desse serviço. Essa colaboração se dá por meio da obediência as leis

que priorizam o uso do transporte público, como os corredores de ônibus e a proibição de

parada e estacionamento em certas vias. (FERRAZ e TORRES, 2004)

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Para ter esse apoio forte do sistema, a comunidade tem direitos e precisa que certos

objetivos sejam cumpridos como por exemplo, uma baixa poluição atmosférica, sonora e

visual, baixo prejuízo para o trânsito da cidade, acessibilidade no sistema, respeito às leis

tanto de trânsito quanto de regulamentação e todos outros aspectos que interfiram no dia

a dia da cidade, (FERRAZ e TORRES, 2004)

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3. Serviços e Qualidade de Serviço

3.1. Serviços

3.1.1. Características dos serviços

Para falar de serviços, tem-se que entender o que realmente são. Lovelock e Wirtz (2006)

definem serviço da seguinte maneira:

"Um serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma

parte à outra. Embora o processo possa estar vinculado a um

produto físico, o desempenho é transitório, frequentemente de

natureza intangível e não resulta normalmente em

propriedade de quaisquer dos fatores de produção."

(LOVELOCK e WIRTZ, 2006)

Um dos problemas no entendimento dos serviços é a sua confusão com produtos. Para

Daronco (2008), um produto pode ser qualquer coisa oferecida a um determinado

mercado, para aquisição, atenção ou consumo, satisfazendo uma necessidade ou desejo

do consumidor. Já um serviço consiste em satisfações, benefícios ou atividades, que são

ofertadas para vendas e são essencialmente intangíveis.

Zeithaml, Parasuraman e Berry (2014) aprofundam mais o assunto e explicam três

aspectos de porque um serviço não pode ser comparado a um bem tangível e por esse

motivo não se pode utilizar literaturas voltadas para produtos para medir a qualidade de

serviços:

• São intangíveis: serviços se constituem de ações e experiências, então não se

podem definir características de produção para qualidade uniforme. Diferente de

um produto pré-fabricado, serviços não podem ser testados, medidos, verificados

e certificados antes de serem vendidos. Sem contar que os critérios utilizados

pelos clientes para avaliar seu desempenho são complexos, o que dificulta seu

entendimento por parte dos prestadores de serviços.

• São heterogêneos: diversos fatores influenciam na execução de serviços, fazendo

com que tenham uma variabilidade relevante. O desempenho pode variar com o

prestador do serviço, cliente e até com o dia. Isso dificulta a oferta de um serviço

consistente.

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• São Inseparáveis: a produção e o consumo de serviços não podem ser

separados. Diferente de um produto, que é produzido em uma fábrica e depois

entregue ao cliente, a qualidade dos serviços ocorre na medida em que é

oferecido, na relação entre cliente e prestador.

Lovelock e Wirtz (2006) e Daronco (2008), além desses três aspectos citados, propõem

mais duas propriedades dos serviços:

• São efêmeros e não estocáveis: por serem efêmeros (transitórios e perecíveis) e

não poderem ser estocados, os serviços sofrem muito com variações de

demanda. Logo para ter uma gestão de qualidade eficiente, os prestadores de

serviço têm que se adequar a sua demanda. Por exemplo, um cliente que espera

muito em um salão para cortar o cabelo, terá uma percepção pior do serviço

prestado, porém se existirem funcionários ociosos sempre a espera, o salão pode

acabar gerando prejuízos. O equilíbrio dessa gangorra é parte essencial na

gestão de uma boa qualidade de serviços e pode ser aperfeiçoado por meio de

fidelização do cliente, promoções, incentivos de preços e outros meios.

• São envolvidos com o cliente: como os clientes participam como receptor do

serviço simultaneamente com a entrega deste, ocorre que as opiniões e desejos

precisam ser ouvidos e atendidos dentro do possível. Um exemplo é em uma

corrida de aplicativo, no geral, segue-se o GPS para chegar ao destino, contudo o

cliente pode preferir que um caminho alternativo seja executado.

Grönroos (2009) também escreve sobre essas características citadas, e enfatiza que o

envolvimento do cliente é alto o suficiente para ele ser considerado cocriador e

coprodutor do serviço.

A visão de Grönroos (2009) de intangibilidade dos serviços difere um pouco das demais

estudadas. Para o autor, a forma de percepção dos serviços é subjetiva, quando o cliente

relata a maneira que o serviço ocorreu, busca palavras como "experiência", "confiança",

"sentimento", "segurança". No entanto, diversos serviços possuem elementos tangíveis:

por exemplo, o conforto de uma poltrona do avião. Essas partes tangíveis dos serviços

auxiliam direta e indiretamente nas avaliações subjetivas dos clientes.

3.1.2. Tipos de serviços

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Nas bibliografias estudadas, existem diversas classificações de tipos de serviços, cada

uma levando uma característica dos serviços no seu uso. Nesta seção serão

apresentados dois tipos de classificações relacionadas com o transporte público por

ônibus no decorrer do trabalho.

Para Corrêa e Caon (2006) os serviços são classificados da seguinte forma:

• Serviços de massa: grande número de clientes atendidos de uma só vez, com

padrões preestabelecidos, visando ganhos de escala, como exemplo, tem-se os

serviços de transporte público.

• Serviços profissionais: customizados e com atendimento personalizado, de acordo

com as opiniões e desejos dos clientes. Por exemplo: serviços de tatuagem.

• Serviços de massa "customizados": são serviços de massa que utilizam de

tecnologia e informações para se aproximar de seus clientes e. com atendimento

e serviços. Alguns exemplos são aplicativos como Ifood e Uber que criam

promoções específicas para tipos diferentes de usuários.

• Serviços profissionais de massa: São os serviços profissionais em grande escala,

reunindo diversos casos similares para ganho de produtividade. Como em

hospitais que são especializados em tratamentos específicos.

• Lojas de serviços: nessa classificação está a maioria das operações de serviços.

Atende-se um número intermediário de clientes por dia, com grande contato entre

prestadores e clientes. São hotéis, salões de beleza, restaurantes e outros.

Os serviços também podem ser divididos com base na natureza de relacionamento com

os clientes, por meio de dois modos: (GRÖNROOS, 2009)

• Contínuo: é o grupo de serviços prestados continuamente, o que cria grandes

oportunidades de desenvolvimento de relacionamentos com os clientes. Serviços

de limpeza e segurança são exemplos.

• Intermitente: nesse caso são serviços prestados com um espaço de tempo

considerável, como no caso da hotelaria e restaurantes. O que os prestadores de

serviço intermitente se empenham em realizar é a fidelização dos clientes, que

podem acabar virando clientes contínuos com intervalos de tempo regular.

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3.1.3. Consumo de serviços

Entender como é o processo de consumo dos serviços pelos clientes é essencial para

uma gestão de qualidade eficiente dos serviços.

Pode-se dividir o consumo de serviços em três fases principais: a fase da pré-compra, a

fase de encontro de serviço e a fase de pós-encontro (LOVELOCK e WIRTZ, 2006).

O estágio de pré-compra é onde a decisão de comprar ou utilizar um serviço é feita.

Nessa fase surge a necessidade do consumidor e continua com a busca de informações

e avaliações de alternativas para sua compra. Os aspectos individuais são muito

importantes nessa fase, pois influenciam alternativas que vão ou não ser consideradas

pelo cliente.

Para compras simples e de baixo risco, a primeira fase pode ser curta e passar

rapidamente para seleção de serviço, porém para compras mais caras ou se o serviço

será utilizado pela primeira vez, esse processo pode ser demorado, com uma maior

busca por informações, preços, garantias e outras características que agregam valor ao

serviço.

O segundo estágio começa normalmente com contatos com o fornecedor escolhido, seja

por meio de telefonema, pagamento, solicitação, reserva ou pedido, esses podem ser por

meios pessoais, através da relação funcionário e cliente ou impessoais, por máquinas e

sites. É nessa fase que o cliente interage diretamente com o serviço, experimentando

variedades de elementos que influenciarão na percepção da qualidade do serviço.

O estágio de pós-compra é a continuidade da segunda fase, em que o cliente avalia o

desempenho do serviço de acordo com suas expectativas adquiridas na primeira fase. A

satisfação ou não do cliente afeta seu futuro, o quão ele estará disposto a utilizar o

serviço novamente e a indicar para amigos e familiares.

Na Figura 3.1 (LOVELOCK e WIRTZ, 2006) observa-se um esquema simplificado das

fases do consumo e suas principais etapas.

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Figura 3.1 Estágios do consumo de serviços (LOVELOCK e WIRTZ, 2006)

3.2. Qualidade de Serviço

Grönroos (2009) afirma que a palavra qualidade pode ter quatro definições diferentes:

1. A visão transcendente: qualidade é sinônimo de excelência inata e afirma que as

pessoas só reconhecem a qualidade após uma experiência adquirida

2. Abordagem da manufatura: é focada na oferta e busca utilizar práticas de

engenharia e manufatura, no caso de serviços é a qualidade voltada para

operações, seguindo padrões internos.

3. Baseada no usuário: máxima satisfação equivale a alta qualidade, leva em conta

a diferença de opinião e desejo dos clientes.

4. Baseada em valor: qualidade em termos de valor e preço, considerada a

excelência possível de acordo com os recursos disponíveis.

Essas diferentes definições de qualidade ajudam a explicar conflitos entre diferentes

departamentos de qualidade. Como os clientes são envolvidos na produção, para se

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estudar a qualidade de serviço, deve-se separar o processo de entrega e o efetivo

resultado do serviço, logo qualidade percebida pelo cliente é a comparação da percepção

da entrega com aquilo que se esperava. Assim, define-se qualidade de serviços como

"aquilo que atende ou excede às expectativas dos clientes". (GRÖNROOS, 2009)

3.2.1. Percepção de Qualidade

Para entender como os clientes enxergavam a qualidade de serviços, Zeithaml,

Parasuraman e Berry (2014), foram pioneiros na organização de um estudo exploratório

com grupos de clientes em diferentes tipos de serviços.

Após os estudos entre os grupos de clientes, definiram-se quatro fatores-chaves que

moldam as expectativas para um determinado serviço:

a) Comunicação boca a boca: quanto melhores as recomendações de amigos e

colegas, mais se esperam uma alta qualidade do serviço.

b) Necessidades pessoais: cada cliente pode ter uma necessidade diferente para o

mesmo serviço, assim, pode ser de alta qualidade para uma pessoa, enquanto

não satisfatório para outra.

c) Experiências anteriores: influenciam tanto para aumentar, quanto para diminuir as

expectativas de um determinado serviço, pois o cliente experiente entende

características que são de alta ou baixa qualidade.

d) Comunicação externa: anúncios e propagandas veiculados por prestadores de

serviços têm papel essencial na expectativa do cliente.

Segundo os autores, as descobertas mais reveladoras do estudo exploratório, foram os

critérios utilizados pelos clientes para avaliar a qualidade do serviço. Identificaram-se dez

dimensões gerais, que serão melhores abordadas na próxima seção.

• Elementos Tangíveis;

• Confiabilidade;

• Responsividade;

• Competência;

• Cortesia;

• Credibilidade;

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• Garantia;

• Acessibilidade;

• Comunicação;

• Entendimento do cliente;

Na Figura 3.2 tem-se um esquema que resume os resultados do estudo exploratório

realizado.

Figura 3.2 - Percepção da qualidade do serviço (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 2014)

3.2.2. Modelo SERVQUAL

Com os estudos preliminares e os resultados obtidos na pesquisa exploratória com os

grupos, Zeithaml, Parasuraman e Berry (2014) elaboraram o modelo SERVQUAL, que se

tornou o instrumento mais conceituado para medir a percepção dos clientes quanto a

qualidade dos serviços. O modelo SERVQUAL é citado por diversos atores em suas

obras: Daronco (2008), Grönroos (2009), Lovelock e Wirtz (2006) e Leal (2017).

3.2.2.1. Dimensões do SERVQUAL

Com várias análises estatísticas para a criação do modelo, os atores perceberam uma

correlação entre grupos de itens das dez dimensões, esses itens foram separados em

duas novas dimensões e com esse reajuste foram definidas as cinco dimensões da

SERVQUAL: elementos tangíveis, confiabilidade, responsividade, segurança e empatia.

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As novas dimensões criadas foram a segurança, que agrupou os itens de competência,

cortesia, credibilidade e garantia e a empatia que se derivou da acessibilidade,

comunicação e entendimento do cliente.

Os elementos tangíveis são aparências e instalações físicas, equipamentos e material de

comunicação; a confiabilidade é a capacidade de realizar o serviço no prazo certo e de

forma confiável; a responsividade é a disposição para ajudar os clientes e prestar o

serviço sem demoras; a segurança é a capacidade do prestador de serviços transmitir

confiança e segurança e a empatia os cuidados individuais que são prestados a seus

clientes. (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY, 2014)

Zeithaml, Parasuraman e Berry (2014) também estudaram a importância relativa de cada

dimensão para o cliente, e constataram que a confiabilidade é a mais importante e os

elementos tangíveis a que menos influência na percepção da qualidade (Figura 3.3).

Figura 3.3 Importância relativa das dimensões da SERVQUAL (ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 2014)

3.2.2.2. GAPS do SERVQUAL

O modelo SERVQUAL ainda discute “as principais causas das falhas na qualidade dos

serviços que os clientes são capazes de perceber” (ZEITHAML, PARASURAMAN e

BERRY, 2014). Foram enumerados quatro gaps que correspondem as análises dos

clientes estudados.

• Gap 1 – Discrepância entre expectativas dos clientes e percepção da gerência;

• Gap 2 – Discrepâncias entre a percepção da gerência e especificações da

qualidade do serviço;

16%

19%

22%

32%

11%

Importância relativa das dimensões da SERVQUAL

Empatia

Segurança

Responsividade

Confiabilidade

Elementos tangíveis

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• Gap 3 – Discrepância entre especificações da qualidade do serviço e entrega do

serviço;

• Gap 4 – Discrepância entre entrega do serviço e comunicações externas.

Esses quatro gaps se relacionam com as deficiências de qualidade percebidas pelos

clientes e essa relação está exposta no esquema da Figura 3.4, denominada de Gap 5 do

SERVQUAL.

Figura 3.4 Modelo conceitual de qualidade em serviços (ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY,

2014).

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4. Qualidade do Transporte Público Urbano

Após a breve explicação sobre transporte público urbano e os atores que compõe o

sistema (capítulo 2) e a discussão sobre serviços no capítulo 3, pode-se agora ter uma

noção geral do que é o serviço de transporte público urbano: é um serviço de massa

contínuo, pois é um serviço que transporta um grande número de clientes

simultaneamente e é utilizado todos os dias por grande parte da população tendo como

obrigação transportar seus clientes (passageiros) com qualidade e a um baixo custo

unitário.

4.1. Processos do Serviço de Transporte Público Urbano

No capítulo 2 foi discutido a importância da satisfação de todos os participantes do

sistema de transporte público urbano para um aumento em sua qualidade, porém

entender os processos do serviço de transporte público também é uma parte importante

para a constante melhoria do sistema.

O estudo de consumo de serviços revisado na seção 3.1.3, será relacionado com os

processos do serviço de transporte público. Ele consiste nas três fases de consumo: pré-

compra, encontro de serviço e pós-compra.

No caso específico do serviço de transporte público, a fase de pré-compra começa com a

necessidade de deslocamento do usuário, onde ele decidirá por diversos fatores se

utilizará ou não o serviço de transporte público e após isso escolher o melhor modo

disponível para o deslocamento específico. Esse estágio pode ser curto se for uma

necessidade momentânea, ou nem existir, se for um trajeto recorrente, como

deslocamentos diários de casa/trabalho.

O estágio de encontro de serviço será o mais discutido nessa seção, pois é nele que o

usuário vai ter a percepção da qualidade do serviço. Essa fase será todo processo de

viagem desde a origem até o destino do usuário.

Leal (2017) sugere um passo a passo para esse processo de viagem (Figura 4.1).

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Figura 4.1 Processo de viagem de transporte público (LEAL, 2017).

Para Leal (2017) a Figura 4.1 pode ser representada por seis etapas que serão

explicadas a seguir:

• Etapa de caminhada

O deslocamento a pé é considerado um dos modos de transporte urbano mais

importantes, ele é o mais indicado para distâncias pequenas e, por isso, complementa as

viagens realizadas por outros modos de transporte, se tornando o início e o final do

processo de viagem dos usuários (FERRAZ e TORRES, 2004).

As principais vias utilizadas nessa etapa são as calçadas, que devem estar bem

conservadas (sem buracos e desníveis), segregadas da pista dos veículos e

corretamente dimensionadas, para evitar desconforto e possíveis acidentes envolvendo

os pedestres.

• Etapa de pagamento da passagem

Existem duas formas de se realizar o pagamento da passagem nos sistemas de

transporte público: no momento da viagem, que pode ser dentro do veículo, realizando o

pagamento diretamente para o cobrador, ou na bilheteria de uma estação ou terminal; e

antecipadamente que é a aquisição prévia do valor da passagem, e o método mais

utilizado é o bilhete eletrônico recarregável. (LEAL, 2017)

É realizado um controle de acesso para inibir calote dos usuários por meio de catracas

automáticas que são liberadas com a aproximação do bilhete eletrônico do validador ou

pela atuação do funcionário responsável pelo pagamento no momento da viagem. (LEAL,

2017)

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• Etapa de espera pelo veículo

Essa etapa é flexível, dependendo do modo de transporte utilizado ela pode ocorrer antes

ou depois da etapa de pagamento. Por exemplo, no caso de ônibus convencionais a

passagem é paga depois do embarque no veículo, e no caso do BRT, primeiro se efetua

o pagamento para depois embarcar.

Como o tempo de espera não costuma ser grande, os passageiros não gastam muito

tempo nos locais de embarque (LEAL, 2017), mas em casos específicos de uma espera

maior, como serviço noturno ou atrasos de serviços com horários pré-definidos o

passageiro pode esperar até uma hora. Esses usuários que esperam mais tempo pelo

veículo terão sua percepção de qualidade mais afetada pela estrutura do local de

embarque, por exemplo um passageiro que espera sentado, perceberá uma qualidade

maior no serviço do que se não houver bancos no local de embarque.

• Etapas de embarque e desembarque

Essas etapas são afetadas de maneiras parecidas, quando uma linha dispõe de poucos

veículos ou quando ocorrem atrasos inesperados, formam-se grandes filas, afetando o

tempo de embarque e diminuindo a percepção de qualidade, tanto do passageiro que

está embarcando quanto do que está dentro do veículo. No caso do desembarque,

devido a essas grandes filas, o veículo acaba com uma lotação acima da ideal, o que

dificulta a saída do passageiro no local desejado, também colaborando para uma demora

a mais nos locais de parada.

• Etapa de deslocamento

Esta etapa corresponde ao tempo que o usuário permanece dentro do veículo. Esse

tempo é influenciado por alguns fatores como: a velocidade média de transporte, a

distância percorrida, o número de paradas e tempo gasto com as paradas.

O fator que mais afeta a etapa de deslocamento é a velocidade média de transporte. Os

veículos que compartilham a via com o trânsito normal, são afetados diretamente em

casos de tráfego intenso, aumentando o tempo de viagem. Para amenizar esses efeitos

são utilizadas faixas segregadas ou faixas exclusivas em pontos chaves das cidades

(LEAL, 2017).

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• Etapa de transbordo

Essa etapa ocorre somente quando o usuário necessita realiza transferências entre

veículos durante seu deslocamento, independente se forem modos iguais ou diferentes.

Para Ferraz e Torres (2004) quando há um local apropriado para o transbordo e as

distâncias de caminhada são pequenas, existe a integração física.

A integração tarifária ocorre quando não há a necessidade de os usuários pagarem

novamente para a transferência de veículos de diferentes linhas ou modos, ou então

paga-se um valor consideravelmente menor do que o praticado (FERRAZ e TORRES,

2004). Essas integrações são feitas por meio do bilhete eletrônico ou por meio de locais

de integração física como estações e terminais, onde não há necessidade de validar

novamente sua passagem.

Outro tipo de integração que aumenta a percepção de qualidade do usuário é a

integração com o tempo. Essa integração ocorre quando existe um sincronismo entre

veículos de diferentes linhas ou modos, ocorre uma programação operacional para que

os horários de chegadas dos dois veículos no ponto de transferência coincidam e com

isso facilite o transbordo dos usuários, diminuindo o tempo de espera.

A última fase do processo do serviço de transporte público é a de pós-compra, em que o

usuário avaliará o desempenho de todas as etapas do encontro de serviço, o que afeta

se ele estará disposto a utilizar novamente o serviço novamente ou se buscará outra

alternativa.

No caso dos serviços de transporte público, os usuários insatisfeitos, principalmente os

com baixo poder aquisitivo, não encontram outras formas para fazer seu deslocamento e

se tornam usuários frequentes e insatisfeitos, que dificilmente vão indicar o serviço para

seus conhecidos e na primeira oportunidade passarão a utilizar um novo serviço, seja por

melhoria na sua situação financeira ou por novas opções no mercado.

4.2. Parâmetros de Qualidade do Serviço de Transporte Público

Conforme visto anteriormente, os atores do transporte público influenciam direta e

indiretamente a qualidade do serviço, cada um com seus objetivos, direitos e obrigações

e as etapas do processo de serviços do transporte público estão diretamente

relacionadas as percepções de qualidade do usuário. Nesta seção serão estudados os

fatores caracterizadores da qualidade para os usuários, que serviram de base para a

pesquisa efetuada.

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Ferraz e Torres (2004) enumeram doze fatores que influenciam na qualidade do serviço

de transporte público urbano que estão expostos na Figura 4.2 (ABREU, 2016).

Figura 4.2 Parâmetros de qualidade do transporte público urbano (ABREU, 2016).

Esses parâmetros de qualidade devem ser avaliados de acordo com a percepção

individual e conjunta, pois eles variam para cada usuário em função da classe econômica

e social, dos costumes, da cultura, da região, da idade, do sexo e de qualquer outro

aspectos que diferencie a percepção do usuário. (FERRAZ e TORRES, 2004).

4.2.1. Acessibilidade

A acessibilidade está relacionada a facilidade de se chegar ao ponto de embarque ede

sair do ponto de desembarque e chegar ao destino final da viagem (FERRAZ e TORRES,

2004).

Esse indicador é associado à etapa de caminhada dos processos de serviço do

transporte. Os fatores mais relevantes são a distância percorrida para iniciar e finalizar a

viagem e a comodidade percebida nesses percursos. (FERRAZ e TORRES, 2004)

Pode-se avaliar a qualidade da acessibilidade por dois parâmetros: o objetivo; que é a

distância de caminhada da origem até o local de embarque e do local de desembarque

até o destino final; e o, subjetivo; que é caracterizado pela comodidade dos percursos

realizados a pé.

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Reck (2017) faz uma relação de distância percorrida e tempo gasto no deslocamento com

a qualidade da acessibilidade (Quadro 4.1), que pode ser usada como parâmetro

objetivo.

Quadro 4.1 Qualidade da acessibilidade em relação a distância e tempo (RECK, 2017)

A comodidade depende das condições das calçadas (tamanho, revestimento e

conservação), declividade do percurso, facilidade de atravessar as ruas do trajeto e da

segurança no local do trajeto. Por esses aspectos serem dependentes de cada região

eles são considerados no parâmetro subjetivo

Abreu (2016) ressalta que a acessibilidade também está relacionada ao fácil acesso de

idosos e pessoas portadoras de deficiências, pois esses usuários apresentam

dificuldades de locomoção e que para uma melhor utilização do transporte público

necessitam de cuidados especiais, tais como: rampas e elevadores de acessos ,

passeios amplos e bem revestidos, apoio nos locais de embarque e desembarque, etc.

4.2.2. Frequência de Atendimento

A frequência de atendimento está associada ao intervalo de tempo de passagem de

veículos e está relacionada a etapa de espera dos processos de serviço do transporte

público. Ela afeta principalmente o usuário que não conhece os horários das linhas, pois

quanto maior for a frequência de atendimento, menor será seu tempo de espera, mas

também gera uma maior flexibilidade ao usuário regular que terá a disposição mais

horários de partida (FERRAZ e TORRES, 2004).

Essa frequência é afetada principalmente por dois motivos, a quantidade de veículos

disponíveis para a operação da linha e ao seu tempo de ciclo. Por exemplo, uma linha

que possui três veículos e tem um tempo de ciclo de uma hora, poderá realizar viagens a

cada 20 minutos. Porém deve ressaltar, que qualquer imprevisto nas viagens, seja por

tráfego intenso ou qualquer outro motivo, ocasionará em um aumento no tempo de ciclo e

Excelente Menor que 2,0 Menor que 100

Ótima 2,0 a 4,0 100 a 200

Boa 4,0 a 7,5 200 a 400

Regular 7,5 a 12,0 400 a 600

Ruim 12,0a 20,0 600 a 1000

Péssima Maior que 20,0 Maior que 1000

Tempo de Caminhada

(Minutos)

Distância Percorrida

(Metros)Qualidade da Acessibilidade

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por consequência aumentará o intervalo de passagem dos veículos, diminuindo a

frequência de atendimento.

“A avaliação da qualidade da frequência de atendimento pode ser realizada com base no

intervalo de tempo entre viagens consecutivas” (FERRAZ e TORRES, 2004).

4.2.3. Tempo de Viagem

O tempo de viagem corresponde a Etapa de Deslocamento dos processos de serviço de

transporte público e como foi visto na seção 4.1, depende da velocidade média e da

distância percorrida entre os locais de embarque e desembarque.

Segundo Ferraz e Torres (2004) a velocidade média depende de alguns fatores:

• Grau de segregação das vias: obtém-se uma maior velocidade média quanto

maior for o grau de separação entre os veículos de transporte público e os

veículos comuns.

• Condições de pavimentação: a falta de pavimentação ou a existência de buracos

e lombadas, reduz a velocidade média de percurso.

• Condições do trânsito: movimento compartilhado com o trânsito normal, em casos

de tráfego intenso, diminui a velocidade média de percurso.

• Tipo de tecnologia: a capacidade de frenagem e aceleração dos veículos influi na

velocidade média de percurso.

• Distância média entre paradas: quanto menor for a distância média entre paradas,

menor será a velocidade média de operação.

Já a distância percorrida entre os locais de embarque e desembarque, depende do

traçado das linhas. Rotas com muitas curvas, aumentam o tempo de viagem, pois

aumentam a distância percorrida e requerem uma diminuição de velocidade nas

convergências, com isso deve-se sempre buscar traçar a rota mais retilínea possível

(FERRAZ e TORRES, 2004).

Para avaliar a qualidade desse parâmetro pode-se empregar a comparação com o tempo

de viagem entre o transporte público e os carros particulares, nos dois sentidos de

viagem (FERRAZ e TORRES, 2004).

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4.2.4. Capacidade e Lotação do Veículo

A capacidade é a quantidade máxima de passageiros que um determinado veículo pode

transportar (ABREU, 2016). Já a lotação é a quantidade de passageiros no interior dos

coletivos (FERRAZ e TORRES, 2004).

No cenário ideal, todos passageiros viajariam sentados, mas não é viável, pois

aumentaria muito o custo do transporte, portanto, a presença de usuários em pé nos

coletivos é necessária. O problema ocorre quando se tem uma quantidade elevada de

pessoas em pé, pois gera um desconforto decorrente da proximidade entre as pessoas, o

que ocasiona em uma limitação entre os movimentos, o que complica as operações de

embarque e desembarque. (FERRAZ e TORRES, 2004)

Para avaliar esse parâmetro de qualidade deve-se avaliar a densidade de ocupação do

veículo, que é a taxa de pessoas por metro quadrado que ocupam o espaço livre no

interior dos veículos (FERRAZ e TORRES, 2004).

Reck (2017) diz que a densidade mínima tolerável para períodos curtos de deslocamento

é de 5 a 6 pessoas/m² e a densidade confortável para períodos maiores (acima de 20

minutos) de deslocamento é de 2,5 a 3,5 pessoas/m².

4.2.5. Confiabilidade

No transporte público a confiabilidade está relacionada a exatidão no cumprimento da

programação estabelecida para os serviços, além da manutenção dos itinerários

prefixados e informações aos usuários (RECK, 2017).

Ferraz e Torres (2004) determinam dois conceitos para uma boa qualidade do quesito

confiabilidade: a pontualidade, que consiste no cumprimento dos horários estipulados; e a

efetividade, que é a realização da programação operacional pré-estabelecida.

Esse parâmetro pode ser avaliado pela porcentagem de viagens programadas não

realizadas por inteiro ou concluídas com atraso superior a cinco minutos ou adiantamento

superior a três minutos (FERRAZ e TORRES, 2004).

4.2.6. Segurança

“A segurança se traduz no desejo de proteção física e moral dos agentes do transporte

público durante o deslocamento” (ABREU, 2016). Tanto os usuários quanto os

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trabalhadores do transporte público percebem a qualidade em relação a dois aspectos da

segurança: a relacionada a acidentes, e a relacionada a furtos, agressões, assédios e

roubos.

O motorista é o principal regulador da segurança contra acidentes e para isso deve: evitar

manobras perigosas, parar nos locais apropriados para embarque e desembarque,

respeitar os sinais de trânsito e não ultrapassar o limite máximo de velocidade (ABREU,

2016).

Já no caso da violência dentro dos veículos e nos pontos de parada, ela extrapola o

sistema de transporte público e deve ser trada como um problema de segurança de toda

comunidade (FERRAZ e TORRES, 2004). Para isso deve-se ter uma parceria do poder

público com as empresas de ônibus para a elaboração de estratégias que visem reduzir

casos de furtos e roubos (ABREU, 2016).

A segurança contra acidentes pode ser avaliada pelo índice de acidentes envolvendo

veículos de transporte público a cada 100 mil quilômetros percorridos (FERRAZ e

TORRES, 2004). Já a segurança contra violência pode ser avaliada pelo índice de

ocorrências por número de viagens realizadas.

4.2.7. Características do Veículo

As características dos veículos que mais influenciam na qualidade do serviço são: a

sensação térmica, o grau de aceleração/frenagem, material dos assentos, arranjo físico

do veículo, aparência interna e externa (FERRAZ e TORRES, 2004).

No caso do transporte público por ônibus os principais fatores que influem na

comodidade são: número de portas, largura do corredor, altura dos degraus das escadas

e o estado de conservação (FERRAZ e TORRES, 2004).

A presença da terceira porta e de corredores amplos nos ônibus é fundamental para

facilitar o desembarque, principalmente nos períodos de pico. Já a altura dos degraus

causa desconforto para idosos e pessoas portadoras de deficiências físicas. No caso da

conservação dos veículos são importantes a idade, limpeza, e a presença de ruídos

(FERRAZ e TORRES, 2004).

No caso dos ônibus, a idade, o número de portas, a largura do corretor e a altura dos

degraus das escadas são a base para avaliar a qualidade das características dos

veículos (FERRAZ e TORRES, 2004).

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4.2.8. Características dos Locais de Parada

Segundo Ferraz e Torres (2004) as características que devem ser avaliadas para os

locais de parada são as seguintes:

• Sinalização adequada.

• Calçada com espaço suficiente tanto para a espera dos usuários quanto para a

passagem dos pedestres.

• Existência de cobertura e bancos.

A sinalização adequada dos locais de parada permite que os ônibus não parem em

distâncias curtas, só parando em pontos seletivos, é o caso do sistema BRS na cidade do

Rio de Janeiro. A falta de sinalização adequada reflete uma desorganização do sistema,

em que usuários podem acabar esperando uma determinada linha em um ponto em que

ela não para.

As coberturas superiores protegem os usuários contra a chuva e o sol, já proteções

laterais protegem contra o vento. Os bancos contribuem para uma maior comodidade,

principalmente de idosos, e pessoas portadores de necessidades especiais.

4.2.9. Sistemas de Informação

Os sistemas de informação do transporte público devem atender os usuários de maneiras

simples e prática e tem como objetivo informar ao usuário os meios de transporte público

que deverão ser utilizados de sua origem a seu destino final.

Os sistemas de informação fixos, que ficam nos pontos de paradas, terminais e estações,

devem informar quais linhas passam e seus itinerários, informando por quais bairros e

pontos chaves da cidade elas passam.

No caso dos sistemas de informação aos usuários mais modernos, tem como base o uso

de aplicativos para smartphone, em que os usuários podem acessar as informações de

onde estiverem.

Existem diversos tipos de aplicativos diferentes, mas no geral, eles possuem as mesmas

informações, que são lidas diretamente do sistema de GPS dos veículos. Neles o usuário

pode escrever seu local de partida e o destino final e em alguns segundos o aplicativo

informa as melhores linhas, o horário que o ônibus passará, o ponto de desembarque e

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se necessário o transbordo que será utilizado. Também é possível selecionar linhas

específicas e acompanhar a localização dos veículos em tempo real.

4.2.10. Conectividade

Conectividade é a “facilidade de deslocamento dos usuários de transporte público entre

dois locais quaisquer da cidade.” (FERRAZ e TORRES, 2004).

A etapa de transbordo dos processos de serviço de transporte público está incluída na

conectividade e a existência ou não dos três tipos de integração - física, tarifária e no

tempo (seção 4.1) - influencia na qualidade desse parâmetro.

Na prática, esse parâmetro pode ser avaliado com base nos seguintes fatores: a

porcentagem de viagens com transbordo, a existência de integração física, a existência

de integração tarifária e o tempo de espera para continuar a viagem.

4.2.11. Comportamento dos Operadores

Como o contato dos usuários com os operadores do serviço são permanentes,

características como aparência e comportamento dos trabalhadores contribuem para a

percepção da qualidade de serviço por parte dos passageiros (ABREU, 2016).

No caso do transporte por ônibus, o motorista deve conduzir o veículo com segurança

(seção 4.2.6), respeitar os usuários, esperar pelo embarque e desembarque completos,

não entrar em brigas de trânsito, etc. Os cobradores devem seguir as mesmas

observações, exceto as que se relacionam ao modo de dirigir (FERRAZ e TORRES,

2004).

Esse parâmetro pode ser avaliado com o cuidado com a direção dos condutores e a

educação e cortesia de todos funcionários (FERRAZ e TORRES, 2004).

4.2.12. Estado das Vias

No caso do transporte público por ônibus, “as vias devem ser pavimentas e sem buracos,

lombadas e valetas pronunciadas” (FERRAZ e TORRES, 2004).

Grande parte das vias do Brasil se encontram em más condições, muitas vezes por

pavimentos subdimensionados ou por cargas muito elevadas. No caso do Rio de Janeiro,

especificamente o BRT, o pavimento foi subdimensionado, o que ocasionou diversos

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buracos e lombadas no seu corredor e com isso a quebra de muitos dos veículos

articulados, o que ocasionou em uma redução drástica da frota total e por consequência,

queda na frequência de atendimento (Rio Ônibus, 2019).

Esse parâmetro deve ser avaliado com a existência ou não de pavimentação, a

existência de buracos, lombadas e valetas nas vias, bem como uma sinalização

adequada (FERRAZ e TORRES, 2004).

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5. Método

Esse capítulo tem como objetivo expor todos os procedimentos realizados, desde a

elaboração do questionário, a análise de amostra mínima, a aplicação da pesquisa e o

tratamento dos dados.

5.1. Elaboração do Questionário

Por ser um trabalho que segue a mesma linha do desenvolvido por Leal (2017), a

pesquisa foi baseada no método utilizado por ele, só que como ponto focal o serviço de

transporte por ônibus na Cidade Universitária

Foi realizada uma revisão bibliográfica que abordou o transporte público urbano e os

serviços e qualidade de serviços. Com as informações estudadas foi elaborado um

questionário online no Google Forms (Anexo A), que foi dividido em duas seções, a

caracterização do usuário e a análise de satisfação dos serviços de ônibus utilizados.

A primeira seção teve como objetivo analisar o usuário de ônibus da cidade universitária,

com perguntas pessoais e outras relacionas ao seu dia a dia.

A segunda seção foi dedicada somente a avaliação da qualidade dos serviços de ônibus

na percepção do usuário, em que os doze parâmetros de qualidade estudados na seção

4.2 foram assimilados em dezessete perguntas que o usuário deveria demonstrar sua

satisfação com valores de um até cinco, em que um equivale a “muito insatisfeito” e cinco

a “muito satisfeito”.

5.2. Amostra Mínima

Uma amostragem malfeita, pode comprometer resultados e invalidar a aplicação da

pesquisa, por isso o cálculo da amostra mínima é uma etapa importante da pesquisa.

(BARCELOS e ALBUQUERQUE, 2018)

A amostra mínima é o número de respostas necessárias para garantir a

representatividade da amostra, no caso desse trabalho, com erro amostral máximo de 5%

e confiabilidade mínima de 95%. Na Figura 5.1 (BARCELOS e ALBUQUERQUE, 2018)

tem-se um ábaco que mostra a variação da amostra mínima em relação ao tamanho da

população pesquisada. Para sistemas com mais de 20 mil pessoas, a amostra mínima é

de aproximadamente 380.

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Figura 5.1 Ábaco para definição da mostra (5% de erro e 95% de nível de confiança) (BARCELOS

e ALBUQUERQUE, 2018)

5.3. Aplicação da Pesquisa

A pesquisa começou a ser divulgada no dia 26/06/2019 e foi finalizada no dia 17/07/2019

com um total de 508 respostas ao questionário, alcançando com certa folga o número da

amostra mínima.

A divulgação ocorreu com o envio da pesquisa para a lista de e-mails da Escola

Politécnica e também em grupos do Facebook e do WhatsApp relacionados de alguma

maneira a Cidade Universitária.

5.4. Tratamento dos Dados

Os dados foram tratados de forma quantitativa e qualitativa, foram analisados alguns

pontos principais:

• Incoerências entre repostas relacionadas entre si.

• Questionários que tiveram todas as perguntas de satisfação respondidas com o

mesmo grau.

No total 4 repostas foram desconsideradas o que equivale a 0,8% do total de respostas,

finalizando com 504 respostas válidas

5.5. Limitação da Pesquisa

A maior limitação desta pesquisa é a abrangência dentro da Cidade Universitária, como a

pesquisa foi amplamente divulgada no e-mail da Escola Politécnica, a maior parte das

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respostas vieram de pessoas dos cursos da engenharia, que frequentam o Centro de

Tecnologia, que é só um dos diversos câmpus da Cidade Universitária. Para pesquisas

futuras recomenda-se que a divulgação seja expandida para todo o campus da Cidade

Universitária, obtendo respostas de usuários de diferentes unidades e locais de trabalho.

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6. Estudo de Caso: Cidade Universitária

6.1. Histórico

A decisão de construção da Cidade Universitária foi tomada em 20 de outubro de 1948

com a Lei nº 447. Na época, a atual localização da Cidade Universitária era composta por

nove ilhas, sendo uma delas a do Fundão (Plano Diretor UFRJ 2020, 2011).

Diversos outros lugares foram cogitados para abrigar a cidade universitária, como a Urca,

Quinta da Boa Vista, Lagoa, Gávea, Niterói, Manguinhos e Vila Valqueire. A escolha pelo

arquipélago aterrado deu se pelos seguintes motivos: pela área disponível, cerca de

cinco milhões de metros quadros; pelos baixos custos de desapropriação; e pela sua

localização, próxima a Avenida Brasil que havia sido inaugurada em 1946 e era

considerado um importante polo de desenvolvimento e, ao lado da Ilha do Governador,

que estava com um grande crescimento devido as construção do Aeroporto Internacional

(Plano Diretor UFRJ 2020, 2011).

Desde essa época, mudanças ocorreram na cidade e as Linhas Vermelha e Amarela

foram construídas, se juntando a Avenida Brasil como os três grandes acessos a Cidade

Universitária.

A Cidade Universitária também foi ocupada por outros polos como o Parque Tecnológico

da UFRJ, que abriga diversas empresas e o Hospital Universitário que realiza dezenas de

consultas diariamente e fornece estrutura médica para toda região metropolitana, essas

novas demandas alavancaram o aumento do fluxo de pessoas que antes era

predominantemente de alunos e funcionários da UFRJ (CARVALHO, 2016).

6.2. Transporte na Cidade Universitária

Atualmente o transporte público na cidade universitária é feito através de 42 linhas de

ônibus (VaDeOnibus, 2019), municipais, intermunicipais e dos serviços BRT. A UFRJ

também disponibiliza linhas interna, e linhas Intercampi.

Das 100 mil pessoas que frequentam diariamente a Cidade Universitária da UFRJ (EBC

Agência Brasil, 2019), 75% utilizam essa rede de transportes (Plano Diretor UFRJ 2020,

2011).

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6.2.1. Linhas municipais

Pelo itinerário oficial (VaDeOnibus, 2019), 27 linhas de ônibus municipais passam pela

Cidade Universitária. No Quadro 6.1 temos a lista dessas linhas de ônibus.

Dessas 27 linhas, 3 são linhas executivas, com os trajetos realizados em ônibus

rodoviários. Como a tarifa dessas linhas é mais elevada acaba não atendendo grande

parte dos estudantes e trabalhadores da Cidade Universitária.

Quadro 6.1 Linhas de ônibus municipais que atendem a Cidade Universitária. (VaDeOnibus, 2019)

Linhas Municipais Vista

2342 Bananal - Castelo (via Linha Vermelha)

2343 Ribeira - Castelo (via Linha Vermelha)

2344 Bancários - Castelo

321 Bancários - Castelo (via Linha Vermelha) (Circular)

322 Ribeira - Candelária (via Cocotá)

323 Bananal - Castelo (via Cacuia/Linha Vermelha) (Circular)

324 Ribeira - Candelária

325 Ribeira - Castelo (via Linha Vermelha) (Circular)

326 Bancários - Candelária

327 Ribeira - Castelo (via Linha Vermelha) (Circular)

328 Bananal - Candelária

329 Bancários - Candelária (via Praia da Rosa)

485 Penha - General Osório (via Linha Vermelha/Túnel Santa Bárbara)

486 Fundão - General Osório (via Túnel Santa Bárbara)

616 Del Castilho - Fundão (via Cidade Universitária)

634 Bananal - Saens Peña

635 Bananal - Saens Peña (via Linha Vermelha/Cidade Universitária)

663 Méier - Fundão (Circular)

696 Praia do Dendê - Méier

901 Bonsucesso - Bananal (via Jardim Guanabara)

905 Bonsucesso - Irajá

910A Bananal - Irajá

914 Jardim América - Fundão (Circular)

915 Bonsucesso - Aeroporto Internacional do RJ (AIRJ) (Circular)

933 Catiri - Cidade Universitária (via Bangu/Av. Brasil)

936 Campo Grande - Cidade Universitária (via Av. Brasil)

945 Pavuna - Cidade Universitária

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A Figura 6.1 (VaDeOnibus, 2019) mostra a rede de atendimento dos ônibus municipais a

Cidade Universitária.

Figura 6.1 Rede de ônibus municipais que passam na Cidade Universitária. (VaDeOnibus, 2019)

6.2.2. Serviços BRT

Inaugurado em 2014, o corredor Transcarioca do BRT chegou na Cidade Universitária

como uma grande solução de transporte para a escassez de oferta de transportes. Ele

possui 39 quilômetros e 45 estações, interligando 27 bairros das Zonas Norte e Oeste

(BRT, 2019). A Figura 6.2 (G1, 2014) mostra a ligação que o corredor Transcarioca faz

do Aeroporto Galeão ao Terminal Alvorada, passando pela Cidade Universitária.

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Figura 6.2 Corredor Transcarioca do BRT. (G1, 2014)

O Consórcio BRT opera no Terminal Aroldo Melodia (Terminal do Fundão) com 4

serviços. O Quadro 6.2 mostra esses serviços e suas respectivas vistas (BRT, 2019).

Quadro 6.2 Serviços BRT e suas respectivas vistas (BRT, 2019).

Serviços BRT Vista

BRT 30 Alvorada - Galeão

BRT 38 Fundão - Alvorada (Parador)

BRT 43 Fundão - Santa Efigênia (Expresso)

BRT 42 Fundão - Divina Providência (Parador)

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6.2.3. Linhas Intermunicipais

A Cidade Universitária é atendida por 8 linhas de ônibus intermunicipais, como podem ser

vistas no Quadro 6.3.

Quadro 6.3 Linhas intermunicipais e suas respectivas vistas (VaDeOnibus, 2019).

Essas linhas atendem Niterói e grande parte da baixada, como Nilópolis, Mesquita, São

João de Meriti e Duque de Caxias. Elas também atendem parte da Barra da Tijuca, sendo

uma opção ao BRT para esse trajeto (Figura 6.3) (VaDeOnibus, 2019).

Figura 6.3 Rede de atendimento dos ônibus intermunicipais a Cidade Universitária (VaDeOnibus,

2019).

Linhas Intermunicipais Vista

760D Charitas - Galeão (via Cidade Universitária)

1760D Charitas - Aeroporto Internacional (via Cidade Universitária)

410T Barra da Tijuca - São João de Meriti

415T Barra da Tijuca - Duque de Caxias

420T Barra da Tijuca - Nilópolis

1900D Charitas - Galeão (via Terminal Rodoviário Novo Rio)

739L Cacuia - Vilar dos Teles

113C Cidade Universitária - Duque de Caxias

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6.2.4. Linhas Internas UFRJ

A UFRJ disponibiliza três linhas de ônibus internas na Cidade Universitária, para

deslocamento entre os campi. Todas as linhas partem da estação de integração da

UFRJ, que é próxima ao BRT, funcionam diariamente de 5 da manhã à meia noite.

(Prefeitura Universitária, 2019)

A linha Circular 1 (Figura 6.4), faz o Trajeto até a Gráfica da UFRJ, enquanto a Circular 2

(Figura 6.5) vai até a Coppead e a Circular 3 (Figura 6.6) atende a Residência Estudantil.

(Prefeitura Universitária, 2019)

Figura 6.4 Itinerário da linha Circular 1 (Prefeitura Universitária, 2019).

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Figura 6.5 Atendimento da linha circular 2 (Prefeitura Universitária, 2019).

Figura 6.6 atendimento da linha circular 3 (Prefeitura Universitária, 2019).

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6.2.5. Linhas Intercampi UFRJ

“As linhas Intercampi funcionam de segunda a sexta-feira (exceto feriados) e permitem a

chegada e saída da Cidade Universitária em horários e itinerários diferenciados das

linhas comerciais regulares. Facilitam o acesso de alunos dos cursos noturnos de

graduação e pós-graduação, dos cursos comunitários de alfabetização e pré-vestibulares,

promover o deslocamento dos alunos residentes na Residência Estudantil e os dos

cursos de licenciatura para os campi e unidades isoladas” (Prefeitura Universitária, 2019).

Essas linhas ligam a Cidade Universitária a Praia Vermelha, Praça XV, Bonsucesso e

Xerém. Seus horários de partidas são pré-definidos e podem ser consultados no site da

Prefeitura Universitária.

6.3. Pesquisa com os Usuários

Essa seção tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa, que teve como

objetivo obter um perfil de caracterização dos usuários e um diagnóstico geral de como a

qualidade do serviço de ônibus na Cidade Universitária foi avaliada.

6.3.1. Caracterização dos Usuários

Das 504 respostas avaliadas, 45% eram do sexo Feminino e 55% do sexo masculino,

como pode ser visto na distribuição da Figura 6.7.

Figura 6.7 Gráfico com a distribuição por gênero.

Conforme na Figura 6.8 a maior parte dos respondentes são jovens com idades de 18 a

29 anos, junto representam 92,8% de todas as respostas. Isso se reflete no motivo da

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frequência, como podemos ver na Figura 6.9, 92,1% das pessoas que responderam a

pesquisa frequentam a Cidade Universitária para estudar.

Figura 6.8 Gráfico com a distribuição por idade.

Figura 6.9 Gráfico com o motivo da frequência a cidade universitária.

Na distribuição por regiões Figura 6.10, 42,5% dos respondentes saem da Zona Norte

para ir a Cidade Universitária, vale destacar que cerca de 12% das pessoas vão para

Cidade Universitária partindo de outras cidades.

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Figura 6.10 Gráfico com a distribuição por região.

Quando perguntando quantos dias por semana utilizava-se o serviço de ônibus para ir ou

voltar da Cidade Universitária, 59,5% dos respondentes afirmaram utilizar 5 dias ou mais

(Figura 6.11).

Figura 6.11 Gráfico com a frequência de uso do serviço de ônibus em 1 semana.

No caso de integrações realizadas na Ida a Figura 6.12bmostra que somente 27,2% não

precisam realizar nenhuma integração para chegar na Cidade Universitária.

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No caso da saída da Cidade Universitária, esse número é ainda menor, como mostra a

Figura 6.12, aproximadamente 77% dos respondentes precisam realizar no mínimo 1

integração para chegar ao seu destino.

Figura 6.12 Gráfico com a quantidade de integrações realizadas.

Também foram perguntas os meios de transporte utilizados para a Ida e para a Volta. Na

Figura 6.13, pode-se ver que aproximadamente 81% dos respondentes utilizam ônibus

regular para ir a Cidade Universitária, e esse número é praticamente o mesmo dos que

utilizam para voltar (Figura 6.13), aproximadamente 82%. Vale lembrar que a soma dos

elementos desse gráfico ultrapassa os 100% pois, como visto acima, a maioria dos

usuários precisam fazer integrações para completar seu trajeto.

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Figura 6.13 Gráfico com os meios de transporte utilizados.

A Figura 6.14 tem a relação do tempo de viagem da ida para a Cidade Universitária. Com a

grande maioria demorando de 30 minutos a 1 hora (41%) e de 1h a 1h30min (31%).

Na Figura 6.14, também tem-se o tempo de viagem da volta, e fazendo uma comparação

com o tempo da ida, percebe-se que os respondentes demoram mais para voltar da

Cidade Universitária do que para ir até ela.

Figura 6.14 Gráfico com o tempo de viagem.

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Para finalizar a caracterização dos usuários, foi questionado o método de pagamento

utilizado. E na Figura 6.15 podemos ver que 55% que utilizam o bilhete eletrônico

recarregável e quase 32% o bilhete único universitário, que é a gratuidade para

estudantes de universidade pública com renda baixa comprovada.

Figura 6.15 Gráfico com o método de pagamento utilizado

No caso dos pagamentos é interessante ressaltar que cerca de 88% dos usuários

utilizam a bilhetagem eletrônica, ficando acima da média da cidade do Rio de Janeiro que

é de 80% (Rio Ônibus, 2019).

6.3.2. Percepção da Qualidade

Os resultados da avaliação de qualidade do serviço de ônibus da Cidade Universitária

foram resumidos e analisados por cada atributo. Na Figura 6.16 e na Figura 6.17,

podemos ver a distribuição dos graus de satisfação por cada atributo, a legenda de cada

atributos está no Quadro 6.4.

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Figura 6.16 Percepção da qualidade (parte 1).

Figura 6.17 Percepção da qualidade (parte 2).

Quadro 6.4 Legenda dos gráficos de percepção de qualidade.

Número Atributos

1 Lotação dos ônibus.

2 Segurança pública contra roubos, furtos e agressões.

3 Qualidade do serviço em relação ao valor pago.

4 Segurança dos pontos, terminais e estações.

5 Rapidez do deslocamento, considerando tempos de caminhada, espera e viagem.

6 Intervalo entre os ônibus.

7 Chegada no horário previsto.

8 Variedade de Linhas de ônibus para a Cidade Universitária

9 Conforto dos pontos, terminais e estações.

10 Conforto dos ônibus.

11 Segurança em relação a acidentes de trânsito.

12 Tempo gasto na realização transferência (baldeação) entre modos de transporte.

13 Sinalização dos pontos, terminais e estações.

14 Atendimento ao cliente.

15 Facilidade em realizar transferência (baldeação) entre modos de transporte.

16 Forma de pagamento e recarga do cartão de transporte.

17 Acesso ao transporte.

Legenda

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O atributo mais bem avaliado, em que 52,8% das pessoas se sentiram satisfeitas ou

muito satisfeitas, foi a forma de pagamento e recarga do cartão de transporte, mas

mesmo assim, muitas pessoas sentiram falta de máquinas para recarga em seus câmpus

na Cidade Universitária.

No Quadro 6.5 podemos ver a porcentagem de satisfação dos usuários por atributo. Dez

atributos tiveram mais de 50% dos usuários insatisfeitos ou muito insatisfeitos, e são eles:

Variedade das linhas de ônibus; conforto nos pontos, terminais e estações; segurança

nos pontos, terminais e estações; intervalo entre ônibus; chegada no horário previsto;

conforto dos ônibus; lotação dos ônibus; segurança pública contra roubos, furtos e

agressões; qualidade do serviço em relação ao valor pago e a rapidez do deslocamento.

O atributo que foi pior avaliado foi o de lotação dos ônibus com 79,8% de insatisfação,

também vale destacar os dois relacionados a segurança pública em que a segurança nos

pontos, estações e terminais teve 70,4% de insatisfação e a segurança pública contra

roubos, furtos e agressões dentro dos ônibus 77%.

Quadro 6.5 Avaliação geral dos usuários por atributo,

Os demais atributos foram avaliados de forma equivalente com porcentagens próximas

de usuários satisfeitos e insatisfeitos.

Lotação dos ônibus. 80% 12% 9%

Segurança pública contra roubos, furtos e agressões. 77% 16% 7%

Qualidade do serviço em relação ao valor pago. 70% 21% 8%

Segurança dos pontos, terminais e estações. 70% 23% 6%

Rapidez do deslocamento, considerando tempos de caminhada, espera e viagem. 63% 24% 13%

Conforto dos pontos, terminais e estações. 63% 29% 9%

Intervalo entre os ônibus. 62% 26% 12%

Chegada no horário previsto. 55% 27% 18%

Variedade de Linhas de ônibus para a Cidade Universitária 55% 27% 18%

Conforto dos ônibus. 53% 23% 24%

Tempo gasto na realização transferência (baldeação) entre modos de transporte. 44% 33% 23%

Sinalização dos pontos, terminais e estações. 44% 30% 26%

Segurança em relação a acidentes de trânsito. 41% 26% 33%

Facilidade em realizar transferência (baldeação) entre modos de transporte. 32% 29% 39%

Atendimento ao cliente. 30% 34% 37%

Acesso ao transporte. 23% 32% 45%

Forma de pagamento e recarga do cartão de transporte. 22% 25% 53%

Neutro SatisfeitoAtributos Insatisfeito

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60

6.4. Análise de Resultados

A média geral da percepção dos usuários foi de 2,5, em que 1 é Muito Insatisfeito, 2

Insatisfeito, 3 Neutro, 4 Satisfeito e 5 Muito Satisfeito. Pode-se afirmar, então, que o nível

de satisfação geral do serviço é ruim, pois a média está na casa da Insatisfação.

Os atributos da pesquisa foram divididos nas dimensões do SERVQUAL (Seção 3.2.2.1)

para uma análise aprofundada, entender quais as dimensões críticas no serviço de

ônibus da cidade universitária (Quadro 6.6).

Quadro 6.6 Relação dos atributos da qualidade com as dimensões da SERVQUAL

Após a divisão por dimensão do SERVQUAL foi feito uma média para cada dimensão

(Quadro 6.7). A Empatia foi a dimensão mais bem avaliada, e ficou com a média 3, que

equivale a neutralidade, nem insatisfeito nem satisfeito. As outras quatro dimensões

foram mal avaliadas, com a de elementos tangíveis sendo a pior com média de 2,15

Quadro 6.7 Média das dimensões da SERVQUAL

Atributos da Qualidade do Serviço de Transporte Público por Ônibus Dimensões SERVQUAL

Intervalo entre os ônibus. Confiabilidade

Chegada no horário previsto. Confiabilidade

Tempo gasto na realização transferência (baldeação) entre modos de transporte. Confiabilidade

Rapidez do deslocamento, considerando tempos de caminhada, espera e viagem. Confiabilidade

Conforto dos pontos, terminais e estações. Elementos tangíveis

Conforto dos ônibus. Elementos tangíveis

Lotação dos ônibus. Elementos tangíveis

Sinalização dos pontos, terminais e estações. Empatia

Acesso ao transporte. Empatia

Atendimento ao cliente. Empatia

Variedade de Linhas de ônibus para a Cidade Universitária Responsividade

Facilidade em realizar transferência (baldeação) entre modos de transporte. Responsividade

Forma de pagamento e recarga do cartão de transporte. Responsividade

Qualidade do serviço em relação ao valor pago. Responsividade

Segurança dos pontos, terminais e estações. Segurança

Segurança em relação a acidentes de trânsito. Segurança

Segurança pública contra roubos, furtos e agressões. Segurança

Dimensões SERVQUAL Média

Elementos tangíveis 2,15

Responsividade 2,72

Confiabilidade 2,35

Empatia 3,01

Segurança 2,21

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Utilizando ainda a importância relativa de cada dimensão da SERVQUAL na qualidade

geral do sistema (Figura 3.3) chegamos a média de 2,49, que é praticamente a mesma

da média geral. Isso só reafirma a avaliação feita no começo da sessão.

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7. Considerações Finais

7.1. Conclusão

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os usuários dos serviços de ônibus

da Cidade Universitária e apresentar um diagnóstico da qualidade do serviço oferecido.

Para isso, foram coletados dados por meio de um questionário, em que os usuários

avaliaram diversos aspectos da qualidade.

A revisão bibliográfica mostrou que diversos atores influenciam na qualidade do

transporte público, os processos de consumo do serviço de transporte e quais os

parâmetros que influenciam na qualidade do serviço de transporte público. Além disso.

apresentou o Modelo SERVQUAL, que é o mais conceituado para medir a percepção de

qualidade dos serviços.

O estudo de caso revelou que a grande maioria dos usuários está insatisfeita com o

serviço de transporte público por ônibus na Cidade Universitária, porém o mais relevante

foi entender quais os aspectos mais críticos na visão do usuário.

Para concluir, entende-se que o serviço de ônibus na Cidade Universitária da UFRJ está

aquém do esperado pelos usuários, principalmente nos aspectos relacionados aos

elementos tangíveis do sistema e da segurança pública.

7.2. Trabalhos futuros

Para trabalhos futuros, sugere-se implementar essa pesquisa nos outros campi. da UFRJ

e se aprofundar nos aspectos críticos, para entender o que faz com que a percepção dos

usuários seja tão crítica, e, por fim, procurar soluções que possam ser implementadas

junto aos atores do sistema.

No quesito das dimensões SERVQUAL, é preciso validar a importância relativa estudada

pelos autores para o serviço de transportes, logo é importante a realização de uma

pesquisa para definir essa importância relativa.

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QualiÔnibus: Programa de Qualidade do Serviço de Ônibus. 1. ed. Porto Alegre: [s.n.],

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LOVELOCK, C.; WIRTZ, J. Marketing de Serviços: Pessoas, tecnologia e resultados.

5. ed. São Paulo: Pearson Prentice, 2006.

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64

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RECK, G. Transporte Público. 1. ed. Departamento de Transportes da Universidade

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RIO Ônibus. Rio Ônibus, 2019. Disponivel em: <http://www.rioonibus.com/>. Acesso

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ZEITHAML, V. A.; PARASURAMAN, A.; BERRY, L. L. A Excelência em Serviços:

Como superar as expectativas e garantir a satisfação de seus clientes. 1. ed. São

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ANEXO A

Análise de qualidade dos Serviços de Ônibus na

Cidade Universitária Olá, sou aluno de Engenharia Civil - Ênfase em Transportes e esta pesquisa faz parte do

meu Trabalho de Conclusão de Curso, que tem como objetivo analisar os aspectos que

influenciam na qualidade do sistema de transporte público por ônibus a partir da opinião

dos usuários, com foco na Cidade Universitária.

Responda esse questionário sempre pensando em seus deslocamentos por meio de

ônibus.Obrigado.

*Obrigatório

Caracterização doUsuário

Esta seção tem como objetivo caracterizar o usuário de ônibus na Cidade Universitária

1. Gênero*

Marcar apenas uma oval.

Feminino

Masculino

Outro

2. Idade*

Marcar apenas uma oval.

17 ou menos

18 a 20

21 a 24

25 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 ou mais

3. Quantos dias por semana você utiliza ônibus para ir ou voltar da Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

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66

1 dia ou

menos 2

dias

3 dias

4 dias

5 dias oumais

4. De qual região do Rio você sai para ir a Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

Centro

Zona Norte

Zona Oeste

Zona Sul

Niterói

Baixada

Outro:

5. Qual o seu motivo de frequentar a Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

Estudo

Trabalho

Outro:

6. Quantas integrações (baldeações) você faz no seu trajeto de IDA a Cidade

Universitária?*

Quantas vezes você precisa trocar de veículo.

Marcar apenas uma oval.

Nenhuma

1

2

3 ou mais

7. Quais meios de transporte você utiliza no seu trajeto de IDA a Cidade Universitária?*

Marque todas que se aplicam.

BRT

Ônibus regular

Ônibus

Intermunicipal

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Ônibus Interno da UFRJ

Bicicleta

Metrô

Trem

Van

Outro:

8. Quantas integrações (baldeações) você faz no seu trajeto de VOLTA da

Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

Nenhuma

1

2

3 ou mais

9. Quais meios de transporte você utiliza no seu trajeto de VOLTA da Cidade Universitária?*

Marque todas que se aplicam.

BRT

Ônibus regular

Ônibus

Intermunicipal

Ônibus Interno da UFRJ

Bicicleta

Metro

Trem

Van

Outro:

10. Quanto tempo você demora em MÉDIA no trajeto de IDA a Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

Até 30 min

Entre 30min e

1h Entre 1h e

1h30min Entre

1h30min e 2h

Entre 2h e 3h

Mais de 3h

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11. Quanto tempo você demora em MÉDIA no trajeto de VOLTA da Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

Até 30 min

Entre 30 min e

1h Entre 1h e

1h30min Entre

1h30min e 2h

Entre 2h e 3h

Mais de 3h

12. Qual método você utiliza para efetuar seu pagamento no ônibus?*

Marcar apenas uma oval.

Dinheiro

BU Universitário

Bilhete eletrônico recarregável (Riocard)

Outro:

13. Qual unidade é seu destino na Cidade Universitária?*

Marcar apenas uma oval.

CT - Centro de Tecnologia

CCS - Centro de Ciências da Saúde

CCMN-Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza

Letras

Reitoria

EEFD-Escola de Educação Física e Desportos

Hospital Universitário

Outro:

Análise de satisfação dos serviços de ônibus utilizados

Nesta seção, você vai avaliar a qualidade do serviço de ônibus utilizado nos trajetos que

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envolvem a Cidade Universitária.

Para todas as afirmações devem ser dadas notas de"Muito Insatisfeito" a "Muito Satisfeito"

sempre em relação aos serviços de Ônibus com Origem ouDestino na Cidade

Universitária.

14. Variedade de Linhas de ônibus para a Cidade Universitária*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

15. Conforto dos pontos ,terminais e estações.*

Iluminação, proteção, limpeza, quantidade de pessoas.

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

16. Segurança dos pontos, terminais e estações.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

17. Sinalização dos pontos, terminais e estações.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

18. Acesso ao transporte.*

Facilidade de chegar aos pontos de acesso e circular nas estações e terminais

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

19. Atendimento ao cliente.*

Respeito, cordialidade e preparo dos motoristas, cobradores e funcionários.

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

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MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

20. Intervalo entre os

ônibus.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

21. Chegada no horário previsto.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

22. Conforto dos ônibus.*

Iluminação, proteção, limpeza, climatização.

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

23. Lotação dos ônibus.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

24. Segurança em relação a acidentes de trânsito.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

25. Segurança pública contra roubos, furtos e agressões.*

Marcar apenas uma oval.

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1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

26. Facilida de em realizar transferência (baldeação) entre modos de transporte.

Responder somente se realizar algum tipo de integração.

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

27. Tempo gasto na realização transferência (baldeação) entre modos de transporte.

Responder somente se realizar algum tipo de integração.

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

28. Forma de pagamento e recarga do cartão de transporte.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

29. Qualidade do serviço em relação ao valor pago.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

30. Rapidez do deslocamento, considerando tempos de caminhada, espera e viagem.*

Marcar apenas uma oval.

1 2 3 4 5

MuitoInsatisfeito MuitoSatisfeito

31. Qual nota você daria ao Sistema

de Transporte Público por Ônibus

na Cidade Universitária?*

0 a 10

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32. Comentários esugestões