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Antônio Ciqueira
PENA DE MORTE
Araquém, Coreaú – CE
2013
1.
Essa história aconteceu
Num tempo a muito passado
De um rapaz que, sei, sofreu
Feito um louco alucinado
Foi levado à prisão
E à morte condenado.
2.
Lael era um jovem moço
Cheio de honestidade
Livre, forte e jovial
Aos dezoito de idade
Que perdera a família
E ficou na orfandade.
3.
Um dia saiu pro baile
E numa briga que entrou
Puxou a arma que levava
E num rapaz atirou
Foi um tiro bem certeiro
Que ali mesmo lhe matou.
4.
Depois do assassinato
Da cidade ele saiu
Escondeu-se na floresta
Enfrentando o desafio
A polícia sabedora
Atrás do jovem saiu.
5.
Com três dias na floresta
Só bebendo, sem comer
Viveu muito assustado
Naquele grande sofrer
Em meio a tantas feras
Tentando se defender.
6.
Para onde se olhava
Tinha um monte de serpente
E o lobo pelas montanhas
Zurrava horrivelmente
No meio do pesadelo
Daquele pobre vivente.
7.
A polícia sempre atrás
Com seus cães farejadores
No meio daquela mata
No papel de caçadores
Junto com aquelas feras
Bem no meio dos horrores.
8.
A caçada prosseguiu
A polícia se achegava
Todos na mesma floresta
Em que Laeu se encontrava
Já sabia que era lá
Onde escondido estava.
9.
No quarto dia de busca
O moço já pressentiu
A presença da polícia
Mesmo assim não desistiu
Escondeu-se novamente
Num lugar bem mais sutil.
10.
No quinto dia de busca
Aconteceu o inesperado
A polícia o descobriu
E Lael foi encontrado
Foi levado à prisão
Para lá ser condenado.
11.
Preso naquele país
Onde ninguém dava sorte
Quem matasse, com certeza
Era condenado à morte
Dali ninguém escapava
Por mais que tivesse sorte.
12.
Assim conduziram o jovem
Para o lugar do horror
Era uma ilha deserta
Que guardava o varador
No meio dum grande rio
Do qual nunca se escapou.
13.
Chegando lá o prenderam
Para logo ser julgado
E escolherem o dia
De Lael ser fuzilado
E quando isso acontecesse
Lá no rio ser jogado.
14.
Aí foi feito o julgamento
E o fim foi acertado
Dois dias depois daquele
Pra Lael ser trucidado
Sem saber o que fazer
Aquele pobre coitado.
15.
Restava-lhe só um dia
Para o fim de sua vida
Pensando em como fugir
Daquela garra bandida
Mas como diz o ditado
Não há beco sem saída.
16.
Ele à noite na prisão
Já bastante apavorado
Viu lá fora pelas grades
O guarda dormiu sentado
Lá por perto de Lael
Com as chaves ao seu lado.
17.
O moço meteu a mão
Através do gradeado
Tirou as chaves do guarda
Tonto em seu sono pesado
E com as chaves na mão
Correu para o cadeado.
18.
Quando chegou ao portão
Com a chave então abriu
Os cadeados que continha
E dali logo fugiu
Perdido naquela ilha
Seu mais novo desafio.
19.
Era mais de meia-noite
Lael no mato fechado
Naquela ilha deserta
Com água por todo lado
No meio daquele frio
O jovem desesperado.
20.
Quando encontrou a costa
Algo tinha que fazer
Meter os peitos na água
Pra tentar sobreviver
Se ficasse ali na ilha
Com certeza iria morrer.
21.
E foi assim que ele fez
Em sua grande aflição
No meio daquela noite
Cheia de assombração
Foi nadando rio afora
Era a dura solução.
22.
Nadou mais de uma hora
E o jovem então cansou
No meio de tanta água
Ali mesmo ele parou
Sem mais força pra nadar
Nesse nosso sofredor.
23.
Não sabia o que fazer
Pra continuar boiando
O jovem Lael ali
Não estava aguentando
Demorou um pouco e veio
Uma coisa flutuando.
24.
Era um tronco de uma árvore
Que a água conduzia
Com isso o moço saiu
Daquela grande agonia
Agarrou-se fortemente
Chorando de alegria.
25.
Com um tempo de descanso
O rapaz continuou
A sua grande jornada
Logo à margem então chegou
E saiu de dentro d'água
De alegria ali gritou.
26.
A noite já se findava
O sol já vinha raiando
O dia se aproximava
E ele seguiu andando
Passou mais de uma hora
Uma cidade avistando.
27.
Seguiu até a província
E por lá já se alertou
A polícia à sua procura
O pesadelo lhe voltou
Lael pensou se livrar
Mas tudo recomeçou.
28.
Mesmo assim continuou
Não ficou desanimado
Pois tinha muito a lutar
Pra fugir do mal bocado
Foi pensar no que fazer
Olhando pra todo lado.
29.
Então ele novamente
Voltou a se esconder
Pra salvar a sua vida
Pois não queria morrer
Saiu fora da cidade
Para a polícia não ver.
30.
Caiu ele numa estrada
Caminhão vinha passando
Ele pediu que parasse
O carro já foi parando
Não queria deixar pistas
Aos que vinham procurando.
31.
O caminhão então parou
Falou o caminhoneiro:
- Diga o que você quer
Ó, meu jovem cavalheiro
Se quiser uma carona
Vamos seguir o roteiro.
32.
Então Lael respondeu
Isso mesmo, meu amigo
Seguirei por este mundo
Até achar um abrigo
E sair deste lugar
Para fugir já do perigo.
33.
Assim, seguiram viagem
Com destino a outro país
Caminhoneiro ne trabalho
Pelo jeito já se diz
E o jovem destinado
A voltar a ser feliz.
34.
Caminhoneiro perguntou
O que vinha acontecendo
E Lael lhe contou tudo
Do que vinha ocorrendo
O motorista lhe falou:
- Sei, meu jovem, eu entendo!
35.
Com seis dias de viagem
No destino viu chegar
Então, o fim da jornada
E aquele era o lugar
Em que Lael desceria
Pra sua estrada trilhar.
36.
O jovem agradeceu
Àquele bom motorista
Despediram-se os dois
Já era o fim da pista
Para Lael que corria
Atrás de sua conquista.
37.
Ele fugiu do país
Pegou um novo transporte
Destinou-se para outro
Onde encontrou a sorte
Conseguiu salvar a vida
Que quase perdeu pra morte.
38.
Chegando noutro lugar
O jovem moço ficou
A polícia não sabia
Onde ele se enfiou
Desistiram da procura
E o tempo se passou.
39.
Já com dois anos depois
Só existia a liberdade
Na vida daquele jovem
Cheia de felicidade
Pois voltou à vida então
Fugiu da calamidade.
40.
Todo seu tempo de luta
Para enfim achar a paz
Fugiu daquele passado
Que muito ficou pra trás
Tornou-se um sujeito manso
Nova a vida pro rapaz.
41.
Vivendo no seu lugar
Uma jovem encontrou
Era uma moça bem linda
Pela qual se apaixonou
Namoraram pouco tempo
E com ela se casou.
42.
Vivia um grande sonho
Após tanto pesadelo
Passado pelos horrores
E vencido o derradeiro
Foram felizes pra sempre
Num amor tão verdadeiro.
A vida é uma luta
No céu, na terra, no mar
Todos nós temos a vida
Onde se deve lutar
Não jogue com sua vida
Isto que é uma estrela
Onde no céu vai brilhar.
REVISÃO PRELIMINAR:
Benedito Gomes Rodrigues
APOIO:
Academia Palmense de Letras - APL
ACESSE:
http://aplcoreau.blogspot.com