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Os textos que compõem este trabalho foram escritos pelos alunos do programa Oficina do Ensino (ano de 2013), desenvolvido pelo Instituto JCA e são resultado da observação dos jovens sobre a experiência de deslocar-se no seu território.
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Agradecimento
Os textos que compõe este trabalho foram escritos pelos alunos
do programa Oficina do Ensino (ano de 2013), desenvolvido pelo
Instituto JCA e são resultado da observação dos jovens sobre a
experiência de deslocar-se no seu território.
A proposta pedagógica consiste no desenvolvimento do olhar
crítico para as situações e personagens curiosos que permeiam os
nossos percursos diários. A escolha pela crônica como narrativa se
deu pela variedade de temáticas que o gênero engloba,
permitindo aos autores uma ampla possibilidade criativa.
Os trabalhos, em sua maioria, dialogam com o cotidiano, o
rotineiro, e traduzem uma realidade onde chegadas e partidas
ficam em segundo plano. O que importa são os meios, o trajeto, o
que está pelo caminho.
Um encontro ao acaso pág. 07
Eduardo Nascimento
Pq não enxergar o que está na nossa frente? pág. 09
Eloa Oliveira
Rotina pág. 11
Endresson Barreto
Reflexos na Janela pág. 13
Evelyn Santos
A tragédia do viaduto Trompowski pág. 17
Filipe Oliveira
Dia a dia pág. 19
Gabriel Apolinário
Sonho de menino pág. 21
Gabriel Dantas
Pessoas que reclamam pág. 25
Gabriel Jardim
O Trânsito brasileiro pede paz!' pág.27
Graciele Maximiano
Já virou rotina pág.29
Guilherme Barros
Um encontro ao acaso
Eduardo Nascimento
Acordei, lavei o rosto. O sol apressado convidou-me para
um novo dia. Dei um beijo na amada e engoli meu café.
Abri o meu guarda-roupa e vesti minha melhor armadura
para assim enfrentar as dificuldades da vida. Vou reclamar
do que? Nunca foi fácil. Deus é bom e deu-me mais uma
oportunidade de ir buscar o que ainda não é meu.
Apressei-me para não me atrasar, pois assim como o tempo,
o ônibus das seis horas da manhã, também não me espera.
Nem sempre a estrada rumo ao sucesso será favorável.
Busco ser o melhor mas com humildade e respeito ao
próximo. Gosto de ouvir os mais velhos, adquirir
experiência, conhecer novos caminhos. Caminhos que
percorro durante uma ida rotineira ao trabalho.
Depois de um dia cansativo, não há do que reclamar. Tudo
foi produtivo.
Já é fim de tarde e não vejo a hora de voltar ao meu lar. No
caminho de volta para casa, sou parado numa blitz policial.
Doutor delegado, com aquele olhar de desconfiança,
pergunta-me:
- Pare já rapaz, nunca te vi por aqui! Onde pensa que vai
com essa pressa?
Respondi-lhe:
- Senhor, meu ônibus já está saindo do ponto e só estou
correndo atrás dos meus objetivos como trabalhador.
Perguntou-me novamente:
- Você já roubou? Já matou? Já sequestrou alguém? Qual é
o seu vício?
Assustado com tantos questionamentos, novamente
respondi:
- Não senhor! Sou trabalhador, cidadão do bem! Fiz este
percurso para encurtar o caminho e chegar mais cedo em
casa. Nada mais do que isso.
Retomando meu caminho, depois de algum tempo e com
muito esforço, subi no meu ônibus lotado. Tive a sensação
de que menti para aquele policial que tomava-me de
súbito. Entretanto, sei que minhas respostas não seriam as
mais adequadas para aquela situação, pois sou consciente
de que já roubei sorrisos e beijos, matei muitas saudades e
mantenho em cativeiro tudo aquilo que me faz bem. Enfim,
sou viciado em uma coisa que não me libertei até hoje
chamada esperança.
Por que não enxergar o que está a nossa frente?
Eloa Oliveira
Para você isto já se tornou uma rotina, não é? Rotina aquela
que estressa, cansa e desanima... Por isso já nos
acostumamos a não reparar na diversidade, na cultura e no
belo arcoiris que se forma depois da janela. Tudo isso
porque se tornou mais fácil enfiar os fones de ouvido
quando o assunto não nos agrada. Tornou-se viável também
fechar os olhos por alguns minutos ou horas, mesmo não
sentindo sono.
Com outras palavras por que ver e não enxergar, (sentir) o
cotidiano, a realidade? Será esse o medo, o receio da
realidade, a preocupação, a insatisfação ou até mesmo
ignorância? Não sei. Só sei que, a partir do momento que
nos fechamos para o novo, deixamos de aprender, ensinar,
ouvir, sorrir, chorar... É isso.
As vezes fico pensando que tudo isso parte de alguns
simples princípios como: Bom dia! Como foi seu dia? Está
tudo bem? Com licença, posso sentar-me ao seu lado? Seria
tão bom se as pessoas sorrissem sem nada em troca, se
fossem agradáveis... Humanas...
Num certo dia chuvoso, entrei em um ônibus “super” lotado,
rumo à minha grande jornada diária: estágio, escola, curso
e casa. Sentei e deparei-me com um pensamento um
pouco “surreal”: Por que as pessoas não conversam no
ônibus? Por que elas não aproveitam o tempo livre para
fazer novas amizades, contar piadas? Por que será que
todos se enfiam em mundos “FONÉTICOS” (com os fones de
ouvido) e ficam com aquelas caras, parecendo que estão
desligadas ou zangadas comigo. Logo eu, que estou sempre
tão disposta a novas histórias, a novos lugares e
principalmente a novos humanos.
Humanos esses que nem precisam de tanto para mobilizar
toda essa gente que aqui se encontra; pois o ser humano é
social e por isso não conseguem viver isolados. Necessitam
da socialização. Entretanto, para que tal ocorra, devemos
estar dispostos para que as interações sejam estabelecidas.
Por que as pessoas tendem a procurar o isolamento? Até
mesmo nas viagens diárias podemos ter essa visão. Será
cansaço, individualismo ou simplesmente o automático? No
automático, as ações não são refletidas e sim executadas
sem sentimentos (emoção).
Rotina
Endresoson Barreto
São seis horas da manhã de um dia qualquer. O
despertador interrompe meu sonho. Que vontade de jogá-lo
contra a parede. Levanto ainda com muito sono, me arrumo
para mais um dia. O tempo passa rápido e eu ainda durmo
de pé. Saio às pressas e nem tomo meu café.
Abro minhas portas para os primeiros raios de sol. Sigo em
frente, sigo na luta diária e reparo que não estou sozinho.
Tantas pessoas andando na mesma direção, porém indo
para rumos diferentes. Todas querendo vencer suas
batalhas, conquistar seus sonhos, ou apenas viverem suas
rotinas corridas.
Vou caminhando para o ponto de ônibus, todo dia o mesmo
motorista, digo-lhe bom dia e ele me responde com seu
silêncio. Segue então a viagem. Olho para as poltronas e
vejo tantas pessoas cansadas. Parece-me que o dia não
acordou.
Vejo o mundo passar pelas janelas, poucas lojas abertas,
pessoas andando como se estivessem sem tempo. Vivo
numa corrida diária contra o tempo para não ser apenas um
ninguém.
Enfim cheguei aonde pretendia. Desço do ônibus, agradeço
ao motorista. Lá vou eu trilhar mais uma etapa dessa rotina
diária.
Reflexos na janela
Evelyn Santos
- Odeio segundas-feiras! Sussurrei assim que notei o
engarrafamento. Uma senhora simpática, de cabelinhos
grisalhos, sorriu e disse:
- Calma, filha! Tudo tem o seu tempo!
Apesar de ouvir, não dei tanta atenção, pois a minha mente
estava ocupada em gerenciar sequências de adjetivos ruins
para tão desprezada segunda-feira.
Basicamente nada de bom acontece nas segundas. Dietas
são violadas, namoros terminam, os cabelos ressecam, o
cartão não passa, tem filas e engarrafamentos por todos os
lados.
Na verdade nunca ouvi ninguém dizer que ganhou na loteria
numa segunda-feira.
- Maldita segunda-feira! Resmunguei.
Foi quando nesse turbilhão de pensamentos, deparei-me
com algo que já não notava há muito tempo: o meu reflexo
na janela de outro ônibus. Eu estava tão diferente, neutra,
apática. Uma vulnerabilidade consumia o meu ser e as
gotículas de chuva, deslizando sobre o vidro, apenas
aumentavam aquela vontade de gritar.
Lembrei-me de uma menina estrábica, que sonhava em
mudar o mundo, salvar os animais e motivar a igualdade e
o respeito. Abaixei a cabeça para disfarçar a lágrima miúda
em meio à multidão. Senti saudades. Saudades de mim.
Eu já tinha tentado tantas vezes, caído, errado, fracassado,
que já não sabia mais o que a vida queria de mim, pois por
mil vezes fiz minha parte e parecia que as mil vezes ela
ignorou meu esforço. Por quê?
- Por onde recomeçar?
- E se recomeçar não fosse começar novamente, mas
retomar de onde se parou e criar uma nova estória?
- Já teria tentado todos os caminhos certos possíveis?
- E se a resposta não fosse "onde"?
- Fosse "quando"?
- E se todas as quedas não fossem para me derrubar e sim
para me tornar mais resistente à dor?
- E se todas as lágrimas não fossem para me entristecer e
sim para me purificar? Como a água que lava toda a sujeira
por onde passa.
- E se todos os "nãos" que a vida me deu, na verdade
fossem para me amadurecer?
- E se tudo isso não passasse de um começo? Do meu
inicio? Como toda boa segunda-feira difícil e cheia de
obstáculos.
Afinal, tudo tem o seu tempo, certo?
E, quando dei por mim, o trânsito já tinha fluido e meu
destino estava próximo.
A tragédia do viaduto Trompowski
Filipe Oliveira
No dia 02 de abril de 2013, o Rio de Janeiro, assim como
todo o país, ficou chocado diante da notícia de um acidente.
Um ônibus da empresa Paranapuam caiu do Viaduto
Trompowski, na pista lateral da Avenida Brasil, matando
sete pessoas e ferindo dez gravemente. Nos noticiários
tivemos a lamentável versão das testemunhas: o motorista
e um estudante brigaram e tal ação resultou neste triste
desfecho, que essas linhas de uma crônica datada
rememoram.
Quando penso nesse acidente, acabo refletindo no porquê
dessa briga no meio do trânsito e com o veículo em
movimento. Esses homens não pensaram no perigo e nas
consequências? Também não pensaram que essa ação
poderia dizimar sete vidas e sonhos?
Esse acidente, na minha humilde opinião, é o reflexo da
intolerância crescente. Também serve para mostrar que um
cuidado especial deve ser direcionado aos motoristas de
ônibus, pois eles enfrentam diariamente um trânsito
estressante com pessoas cada vez mais agressivas. Medidas
precisam ser pensadas.
Outro fator é a frota antiga e sem manutenção que transita
em nossas vias. No caso dessa tragédia, a perícia também
evidenciou as péssimas condições do coletivo. Tantos
acidentes e poucas providências são tomadas. O que fazer?
Precisamos do transporte público, porém somos conduzidos
diariamente sem a devida segurança. Somos vítimas e não
temos direitos a uma defesa digna. Temos o nosso direito
garantido que não é colocado em prática. Somos vítimas no
trânsito e somos vitimados em nosso direito.
Sinto-me vulnerável ao ver tantos acidentes com ônibus,
pois esse é o meu principal meio de mobilidade. Por que
vemos acidentes cada vez piores e nenhuma atitude é
tomada? E a família dessas pessoas? As mães? Os filhos?
Quantos ainda precisarão morrer para que uma solução seja
aplicada? Até quando vamos presenciar acidentes que
poderiam ter sido evitados? Até quando colocaremos flores
nas vias urbanas em memória aos nossos que partiram?
Dia a dia
Gabriel Apolinário
Mais um dia se inicia. A coberta me esquentando nesse frio
e isso, junto com a preguiça, que me faz não ter vontade de
levantar. As horas passam... passam sem rumo, e, logo vem
o horário de levantar-me e arrumar-me. Com o café já
tomado, saio de casa com os sapatos gastos de tanto
arrastar pelas ruas onde passo. Não entendo porque devo
fazer tantas coisas... Mesmo cansado, como em todos os
dias, arrisco-me a mais um dia, estressado, mas com um
sorriso estampado para não mostrar meu estado. Pego o
ônibus. Esperando chegar ao meu destino, vejo ao meu
redor pessoas falando de tudo. Mas, pra que falar os
mesmos assuntos todos os dias?
A solidão que faz sentir-me sozinho em lugar com tantas
pessoas que não conheço, deixa-me nervoso. Olhares
cercam-me... Sentado no meu canto, olhando através da
janela, vejo a paisagem que passa no meu caminho.
Finalmente chego ao meu destino. E lá vou eu pra mais um
dia de aula no curso. Mais tarde chego em casa e fico
esperando um novo dia começar.
Sonho de menino
Gabriel Dantas
Quando era eu mais novo, adorava ir passar as férias na casa
do meu pai; entretanto um dia tudo mudou de repente, pois
resolvi desabafar com meu pai sobre tudo que havia ocorrido
na semana anterior.
Apesar de ter falado pouco, a aparência dele mudou não sei
por quê, mas o jeito alegre e descontraído se desfez. Disse
ter visto um menino que não aparentava ter 12 anos e
possuía uma arma na cintura e outra nas mãos, que de tão
pequeninas, mal davam para segurar o artefato que
intimidava a todos que ali passava.
(*) Ao atravessar uma ponte que caíra há tantos anos mas
até hoje continua caída em péssimo estado de conservação.
Próximo àquele local que pedia socorro pessoas novas e já
com certa idade consumiam drogas livremente sem se
preocuparem com crianças e moradores que passavam e
eram obrigados a ver aquela cena cruel e desoladora. Fiquei
pensando: às vezes são vitimas do abandono, preconceito,
desigualdade social, falta de informação e acabam se
entregando para uma coisa que as destruirá.
Ao chegar à parada de ônibus, fiquei apreensivo pois ele
estava lotado e muitos dos motoristas não paravam
agravando a super lotação do ponto. Será por isso que uma
das pessoas que ali estava começou a ofender aquele
penúltimo motorista que passava, sem mesmo dizer o motivo
daquela pressa tola. “Parece que vai tira o pai da forca“,
outros exaltavam “tinha que ser um motorista daquela cor”,
”alguns enfatizavam motorista daquela cor HAMM sempre faz
isso”.
Fiquei pensando, que cor? Será a cor do ônibus? Da placa,
da camisa que usava? Da bandeira do time que estava logo
atrás dele? Depois de um tempo pensei comigo: a cor de que
todos falavam era a cor de sua face, da sua pele. Senti-me
ofendido, não sei se por tudo que falavam referente ao
motorista ou pelo simples fato do motorista passar direto,
mas isso era insignificante perante o preconceito persistente
em pleno Século XXl !
Depois de dizer que isso acontecia frequentemente e que
tudo aquilo estava errado mas que estava disposto a mudar
essa realidade. Meu pai olhou fixamente para meus olhos e
falou que aquilo nunca iria mudar e quem era eu para mudar
o mundo pois o fato de que poderia colaborar, não passava
de um sonho de menino e o que iria ganhar com isso, que era
para esquecer. Após ele parar de falar, pensei: logo aquele
que tinha como superhéroi indestrutível que me aconselhava
e dizia para ajudar o próximo e sempre fazer o melhor em
tudo que fosse fazer, me pedia para desistir!
Senti-me sem chão, com medo por estar sozinho. Medo de
sair dali e ver tudo se repetindo e eu ali sozinho sem
ninguém para caminhar comigo.
Será que irá valer a pena abaixar a cabeça e fingir que tudo
era um sonho e não passava de um pesadelo?.Decisões
difíceis; e fazer uma escolha sábia sempre vai fazer parte de
nossas vidas. Portanto temos a escolha de continuar fingindo
não ver e que tudo isso que ocorre a nossa volta é normal ou
acordar para fazer a diferença todos os dias, dando sempre o
que temos de melhor.
Agora pense, faça uma reflexão qual será sua decisão?
Pessoas que reclamam
Gabriel Jardim
Ao sair de casa para ir à escola, deparo-me com pessoas
com jornais nas mãos, reclamando do time e dos atletas
que ganham demais para o futebol apresentado. Mas à
frente, vejo pessoas que reclamam da falta de saneamento
básico, da falta de iluminação pública que é cobrada na
conta de luz, da falta de ônibus, da falta de segurança, do
abandono do prefeito que fez várias promessas e até hoje
não retornou ao bairro.
Logo que cheguei à parada de ônibus, pude perceber que
pessoas reclamavam do preço da passagem que está
abusivo, outras exaltavam a tarifa das barcas que não era
nem abusiva e sim um desrespeito a quem dependia do
serviço diariamente. Após ouvir isso, fiquei preocupado, pois
estava levando o dinheiro contado e não iria dar para fazer
um lanche como de costume.
Depois de meia hora no ponto, consegui pegar o ônibus
lotado como sempre mas com um detalhe: não foi como das
outras vezes em que as pessoas que estavam dentro do
ônibus, falavam alto. Mas era estranho porque apesar de
estar ouvindo aquele falatório, as bocas dos passageiros
estavam imóveis, não se mexiam, para meu desespero
pensei estar louco. Esfreguei os olhos, coloquei os fones
mas nada adiantava. Comecei a rezar, a pedir ao Senhor
que me defendesse de todo mal e que me iluminasse.
Concentrei-me e vi que não estava louco pois as vozes que
ouvia eram simplesmente o pensamento de cada
passageiro. Eu precisava concentrar-me mais nas vozes
que eram muitas, para entendê-las; para isso tinha que
ficar com a mente vazia. Quando consegui escutar os
pensamentos de cada um, observei que a maioria
reclamava da falta de tempo, da falta de dinheiro, do
racismo, da falta de reciclagem, do desrespeito, da falta de
amor das pessoas umas com as outras. Mas de todas
aquelas pessoas só uma me chamou a atenção, não por ser
a mais bela e sim por pensar igual a mim. Pensávamos em
sincronia: “Porque elas não buscavam soluções ao invés de
só reclamar?”
O trânsito brasileiro pede paz!
Graciele Maximiano
Quantas pessoas morrem no trânsito brasileiro? Milhares! O
trânsito foi criado para facilitar o nosso direito de ir e vir,
mas hoje a irresponsabilidade de algumas pessoas põe em
risco a vida de pedestres e de condutores. Quando os
órgãos públicos vão fiscalizar com rigor o cumprimento das
leis de trânsito e das leis de manutenção das vias e das
frotas coletivas? Quando um governante morrer em um
acidente? O cidadão comum parece não ter importância.
Não tenho como esquecer de uma reportagem, onde um
jovem de 17 anos sofreu um acidente quando voltava da
escola, pois um motociclista bêbado o atropelou. Esse
jovem não morreu, mas teve sequelas graves que ficaram
para o resto da vida. A imprudência do motorista causou
interferências profundas em uma vítima totalmente
inocente. E não houve justiça, pois as penalidades para os
crimes de trânsito são muito brandas. Uma vida é ceifada e
cestas básicas são pagas.
E agora quem vai devolver a felicidade desse jovem? Só a
superação. Os seus sonhos e os planos para o futuro jamais
serão os mesmos, pois o rapaz que ficou tetraplégico tinha
o sonho de ser um jogador de futebol. Sua vida nunca será
como era antes, isso tudo por conta de uma
irresponsabilidade e da falta de fiscalização.
O futuro de mais um jovem foi para escanteio e ele só
entrou para as estatísticas e, como muitos, o seu caso se
deu por encerrado e foi esquecido. Os órgãos públicos
deveriam dar mais atenção para as problemáticas do
trânsito pois é nela que um número significativo da
população é dizimada.
Quantas pessoas estão na situação desse jovem? Várias. A
culpa desses acidentes é atribuída à falta de organização e
de fiscalização, porém cada condutor precisa ter consciência
dos seus deveres, respeitando as leis severamente. Outro
fator que está atrelado à fiscalização é a punição, pois já é
de senso comum que, quem comete crime de trânsito,
nunca é punido com justiça porque a lei não é rigorosa.
A sociedade pode contribuir evitando álcool e direção e,
dessa forma, várias campanhas surgem para a
conscientização porém é preciso: consciência, fiscalização
atuante e transparente e a reforma das leis para a punição
justa.
Já virou rotina
Guilherme Barros
Cidadãos saem todos os dias de suas casas para trabalho e
se deparam com a realidade de nossa mobilidade nas vias
urbanas: os engarrafamentos, os transportes, má
conservação e a superlotação dos modais, parecendo uma
lata de sardinha.
Quem usa o transporte público não tem opção: o metrô, os
trens, as barcas, os ônibus sempre estão lotados, sem
segurança e qualidade alguma. Essa é a humilhante rotina
dos usuários dos nossos modais.
Fazendo um recorte nessa história, temos o terminal
rodoviário de Niterói que no horário de rush parece um
formigueiro humano. Pessoas surgem por todos os lados, e
quando estaciona um ônibus parece ser o último, pois em
segundos ele vira uma lata de sardinha, com trabalhadores
e estudantes sendo diariamente desrespeitados. Essa é a
realidade. Já virou rotina.
Com isso, presenciamos o crescimento desordenado da
população com veículos próprios: carros e motos, causando
um nó no trânsito. A estrutura das nossas cidades não
suportam a demanda e dessa forma o caos se tornou
sinônimo de mobilidade urbana. Já virou rotina.
Quando o usuário não consegue um assento, parece que
está em uma prova de resistência do “Big Brother”, mas no
final não existe vencedor, resta apenas a cidadania
desrespeitada. Existem pessoas cansadas dando “graças a
Deus”, pois estão chegando às suas casas e pensativas pois
terão de enfrentar essa rotina outra e outra e outra vez...