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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU - PEDAGOGIA EMPRESARIAL
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MARIANA CAMPOS SILVA MENDES
PEDAGOGIA EMPRESARIAL: PERSPECTIVAS DE ATUACAO DO PEDAGOGO ALÉM DAS INSTITUICOES
ESCOLARES
Rio de janeiro 2007
6
MARIANA CAMPOS SILVA MENDES
PEDAGOGIA EMPRESARIAL: PERSPECTIVAS DE ATUACAO DO PEDAGOGO ALÉM DAS INSTITUICOES
ESCOLARES Trabalho apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa Educacional do curso de pós graduação “Lato Sensu” em Pedagogia Empresarial da Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção da especialização, sob orientação do Professor Mestre Marcelo Saldanha.
Rio de Janeiro 2007
7
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade de mais uma conquista e que esta possa ser sabiamente aproveitada e compartilhada. Agradeço também ao Mestre Marcelo Saldanha por todo seu apoio neste trabalho.
8
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho com muito carinho aos meus pais, avós, tia e, sobretudo ao meu esposo e amigo Ronaldo Mendes que apóia o meu crescimento a cada dia e ao lindo filho Matheus Mendes ao qual compartilharei tudo que sei sobre educar com amor. Minha dedicatória também à Walessa Santanna e Carolina Moraes que em busca do mesmo objetivo, a formação em Pedagogia, criamos uma eterna amizade. E finalmente, aos demais colegas de classe, em nome das novas amizades e oportunidades de aprendizagens que surgiram neste curso.
9
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a atuação do pedagogo na empresa diante da demanda do mercado de trabalho numa perspectiva de mundo globalizado. Preocupa – se também em revelar como ocorre o processo de aprendizagem, sobretudo nas Organizações, inclusive, busca conceitos e explicações sobre estas.
PALAVRAS - CHAVE: mercado de trabalho, mundo globalizado, Organizações, pedagogo na empresa.
10
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................6
CAPÍTULO 1 – O Pedagogo na Empresa e suas possibilidades de atuação
profissional...........................................................................................................8
CAPÍTULO 2 – Aprendizagem: Conceitos e como ocorrem nas
organizações......................................................................................................17
CAPÍTULO 3 – As Organizações.......................................................................25
Conclusão..........................................................................................................33
Bibliografia.........................................................................................................35
INTRODUÇÃO
11
Este trabalho pretende ser uma revisão bibliográfica acerca da temática
da pedagogia empresarial no que se refere a sua contribuição na perspectiva
do mercado globalizado. Neste sentido, faz-se necessário pesquisar o conceito
de organizações e como ocorre o processo de aprendizagem no interior das
mesmas. E ainda, para fundamentar o tema escolhido, é preciso recorrer a
autores conceituados tanto no campo da Pedagogia, Administração de
Empresas e Psicologia.
A Pedagogia Empresarial é uma área de atuação profissional que
envolve competências e seu desenvolvimento, trabalho como processo de
educação e de construção de conhecimentos, socialização e trabalho. Está
relacionada ao aprender a aprender para a criação de competências e de
conhecimentos. Em acréscimo, auxilia na escolha da profissão, na redefinição
da vida profissional, na formação de grupos autogerenciáveis de trabalho, na
formação continuada, na avaliação de desempenho etc.
Diante de tal constatação é necessário ressaltar o conceito de
aprendizagem que em linhas gerais é a mudança duradoura de
comportamento. O surgimento destas características nos colaboradores deve
ser despertada pelo pedagogo, porém depende de cada indivíduo querer
modificar sua conduta. O profissional de pedagogia deve, através do uso de
diferentes disciplinas que é de seu conhecimento, facilitar para que haja
ambiente adequado de aprendizagem e que as pessoas melhorem as relações
interpessoais.
No que tange as organizações, podemos verificar que de acordo com a
concepção de diferentes autores, é possível definirmos que estas são formadas
respectivamente por um sistema coordenado de maneira consciente e são
12
constituídas por duas ou mais pessoas. Neste sentido, é válido ressaltar que
para a existência das organizações é preciso que os indivíduos estabeleçam
uma relação de cooperação para que metas sejam atingidas.
Ainda no que se refere às organizações, faz-se importante seu estudo
devido à necessidade de sabermos que espaço é esse que o pedagogo estará
inserido que não seja o corriqueiro ambiente escolar (muito embora a escola
também seja uma empresa).
Para alcançar tais objetivos, a pesquisa pautar-se-á no estudo e leitura
acerca da Pedagogia Empresarial, fazendo-se necessário recorrer às áreas de
Psicologia e Administração de Empresas. Autores como Libâneo, Turra,
Chiavenato, Regato, Bordenave e outros servirão como referencial teórico para
essa monografia. Utilizarei também como fonte de consulta a Internet para
buscar aspectos relacionados com tudo que me proponho abordar neste
trabalho.
Em resumo, o material utilizado será criteriosamente selecionado de
acordo com a aceitação no campo de estudo de uma pedagogia comprometida
com a aprendizagem e o desenvolvimento do discente.
CAPÍTULO I
13
O PEDAGOGO NA EMPRESA E SUAS
POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Uma nova perspectiva de educação surge neste novo século para o
profissional que inicia no mercado de trabalho, sob diversas opções, diante da
sociedade, que vive um momento particular de discussões sobre globalização,
terceirização de mão de obra, educação online, enfim, uma nova estrutura
surge na sociedade, a qual exige profissionais cada vez mais qualificados e
preparados para atuarem neste cenário que tem como característica a
competitividade.
A presença da educação em espaços não escolares, em outras
palavras, a pedagogia empresarial (mais comumente conhecida) reafirma esta
discussão que vivenciamos atualmente, o pedagogo sai então do ambiente
escolar, que até pouco tempo, era seu espaço (limitado) de trabalho, para
buscar novos horizontes nesse novo campo de atuação com uma visão
reformulada do papel deste profissional.
Podemos constatar que empresas públicas e privadas, Ongs, igrejas, e
outros, há algum tempo estão dando oportunidade para que este profissional
desenvolva sua proposta de trabalho, ou seja, permitem que a imagem do
Pedagogo se desvincule um pouco dos Sistemas de Ensino (de forma positiva,
no sentido de ampliação do campo profissional), para prestar seus serviços
nesses locais que são espaços at’e então restritos a pessoas com outras
habilitações. E esta atual realidade vem com certeza, quebrando paradigmas e
preconceitos de que o pedagogo está apto para exercer suas funções somente
na sala de aula. Neste sentido, vale mencionar que onde há prática educativa,
cabe uma ação pedagógica.
A palavra Pedagogia tem origem na Grécia antiga, paidós (criança) e
agogé (condução). Tendo como adaptação a língua portuguesa, o pedagogo
14
era o escravo que conduzia crianças. Neste sentido, ao longo da história da
educação, a pedagogia apresenta-se fortemente presente no ambiente escolar,
nas salas de aula, do profissional preocupado em solucionar os problemas da
educação formal (oferecida por Instituições de Ensino Convencionais). Esta
realidade “camufla” a possibilidade que o pedagogo tem de mostrar-se como
um profissional capacitado e devidamente treinado para atuar em outros
espaços que não sejam em escolas, e ainda, por mais que a responsabilidade
pela formação intelectual das crianças seja uma bela missão, limitar este
profissional a esta função seria impedir suas demais habilidades diante das
mudanças que estão ocorrendo em nossa sociedade. A vida escolar, a
educação formal, não deixa de ser um foco importante para o Pedagogo, mas
deixa de ser o único.
Diante da atual realidade que se encontra a sociedade, a educação tem
se transformado na mola mestra, para enfrentar os desafios que se articulam
dentro dela e em todos os seus segmentos, desafios gerados pela globalização
e pelo avanço tecnológico na atual era, a tão inovadora e desafiadora era da
informação.
A educação também é a mola mestra para transformar a situação de
miséria, tanto intelectual, quanto política, econômica e social do povo,
promovendo acesso à sociedade daqueles que são vistos como os excluídos.
Possibilitando assim a transformação da sociedade numa sociedade mais justa
e igualitária. É fato que existe uma crise econômica globalizada e as mudanças
estão acontecendo à medida que a tecnologia avança, logo a questão social
deve permanecer em primeiro plano, e com ela o processo da exclusão social,
que já não é somente uma realidade das camadas populares. (Gohn, M.,
2001).
Dessa forma, a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa
de ser erudita ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares
formais, se transpondo aos muros da escola, para diferentes e diversos
15
segmentos como: Ongs, famílias, lazer, igreja etc. Abre-se aqui um novo
espaço para a educação, dando uma estrutura convidativa à educação não
formal.
Ampliadas as possibilidades de atuação profissional, o Pedagogo
também se transforma, se adaptando da melhor forma possível a esta nova
realidade, passa a se posicionar como profissional capacitado para
acompanhar e atender as transformações da sociedade. Este profissional deixa
de ser, neste novo contexto, o mesmo Pedagogo do início da historia da
educação e passa a criar uma nova realidade educacional. Apresentando-se
como um agente de transformação para atuar neste novo contexto histórico.
Hoje, o profissional pedagogo está entrando num mercado de trabalho mais
amplo e diversificado, porque a sociedade atual, exige cada vez mais
profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas. Não
sendo comum um profissional ser qualificado apenas para exercer uma
determinada função, e sim para atuar nas diferentes áreas existentes no
mercado de trabalho.
A idéia de formação do profissional Pedagogo deve ser repensada,
tendo em vista sua atuação, pois hoje, se pensa muito mais detalhadamente a
dinâmica do conhecimento e as novas funções do educador como mediador
desse processo. Neste sentido, devemos pensar além da educação formal e
buscar novas fontes de formação e de informação para adequar este
profissional no mundo globalizado e competitivo.
Toda transformação relacionada à atuação do Pedagogo se dá ao fato
de que, hoje vivemos o processo que reflete a transformação de valores e
pensamentos de uma sociedade voltada para valores mais específicos, como a
cultura de seu povo, valor diferente daquele que ate pouco tempo se primava
pelo valor econômico. Neste sentido, a cultura hoje tem seu papel melhor
definido para a sociedade do que situação econômica, propriamente dita.
16
Nesta perspectiva de mudança e viabilizando uma atuação deste
profissional é que procuramos discutir, pautando nosso estudo na atuação do
Pedagogo em espaços não escolares, suas habilidades e competências para
atuação em diferentes empresas que não se resuma a Instituição Escolar,
tendo em vista o leque de possibilidades que atualmente se abre diante do
mercado de trabalho e as necessidades das Organizações como um todo.
Desta forma, esta profissão que existe ao longo dos séculos, que tem
como papel crucial ser perceptor, transformador do conhecimento e do
comportamento humano, chega ao século XXI, com uma nova proposta, sua
efetiva atuação em espaços também não escolares, e que, no entanto, visam à
aprendizagem e a transformação do comportamento humano, assim como
deve ocorrer na educação formal.
Esse assunto já se tornou alvo de discussões realizadas em seminários,
mesa redonda, grupos de leitura, onde se constata a abertura para esta área
do conhecimento, estas colocações estão fundamentadas em teóricos
conceituados e pela própria sociedade que chega a este século com novas
perspectivas para a educação formal e também para a educação não formal,
discussão que até recentemente era desconhecida para a maioria de nossas
escolas de formação, e também dos profissionais.
Como hoje o Pedagogo, está sendo inserido num mercado de trabalho
cada vez mais diversificado e amplo, surge a necessidade de compreender a
dinâmica que levou a sociedade a chegar onde estamos hoje, com um discurso
voltado para a inclusão social, para o voluntariado, para projetos de pesquisa,
para educação formal (Instituições Convencionais), não formal (Instituições que
educam não oficialmente) e informal (família e responsáveis que auxiliam na
educação de hábitos e convívio em sociedade), observando o processo de
ensino-aprendizagem não somente como processo para dentro da escola, da
sala de aula ou do cotidiano escolar, mas um processo que acontece em todo e
qualquer segmento da sociedade, seja ele qual for. E também como o
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Pedagogo se insere neste novo contexto social, percebendo a sua relação em
diferentes espaços. Tal posicionamento se constata de acordo com Libâneo;
“Verifica-se hoje, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico perpassa toda sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não formal”. (LIBANEO, 2002, p.28)
É crucial destacar que a educação formal e não formal ocorrem
paralelamente. As escolas devem estar preparadas para formar alunos
voltados para esta realidade, ou seja, é cabível ensinar aos alunos
conhecimentos sobre a situação social, as diferentes culturas etc. Por isto,
nesta nova perspectiva de atuação do Pedagogo, sua qualificação vem
buscando uma relação estreita entre as diferentes propostas de educação
existentes na sociedade.
Como já foi mencionado neste capitulo, existe a necessidade urgente de
reconhecer o pedagogo como um profissional com visão holística, e
conseqüentemente, com variadas formas de atuações nas empresas. Neste
sentido, o papel deste profissional em face da atual perspectiva do mercado,
deve ser inclusive de quebra de paradigmas. Tal afirmativa deve-se ao fato das
necessidades de aprimoramento do trabalho no interior das Organizações.
Para que este propósito seja alcançado, é preciso que o pedagogo conduza os
colaboradores a olhar a empresa através de outras lentes, ou seja, na
perspectiva do cliente interno e externo e não se habituar a realizar o trabalho
de maneira rotineira sem se importar com as necessidades em sintonia com o
seu tempo.
O pedagogo empresarial tem a missão de auxiliar os funcionários no
sentido que estes reflitam suas práticas dentro das empresas e que em meio a
esta reflexão, busquem desenvolver maneiras para alcançar melhor rendimento
18
e desempenho de seu trabalho, com intuito de desenvolvimento nos âmbitos
pessoal e profissional.
O profissional de pedagogia, ao atuar numa empresa, estará totalmente
envolvido no aperfeiçoamento das relações humanas. Neste sentido, o setor
conhecido como RH (Recursos Humanos) deve ser um ambiente que estimule
a participação das pessoas nas decisões a serem tomadas e tenha facilidade
em diagnosticar as competências de seus colaboradores para juntos ampliar os
conhecimentos.
A empresa é um ambiente educativo porque é constituída por seres
humanos que possuem capacidade inata de criar. Eis a dimensão da
importância do pedagogo que deve utilizar suas ferramentas que buscam
estratégias e metodologias para informações, conhecimentos e cumprimento
de objetivos, sempre visando aprimoramento, qualificação profissional e
pessoal da força de trabalho.
O Pedagogo formado criticamente deve atuar na empresa em favor de
ser o educador e mediador dos adultos (Andragogia). Este profissional tem
uma visão holística do mundo, pois estuda diversas disciplinas que podem ser
reunidas em três grupos básicos: disciplinas filosóficas, disciplinas científicas e
disciplinas técnico-pedagógicas além de gestão de recursos humanos &
materiais e outras áreas do conhecimento pertinentes à função.
Em Organizações bem estruturadas, o pedagogo tem o papel de
implantar Universidades Corporativas onde avalia a viabilidade de cursos e os
programas educacionais adequados; entra em contato com os profissionais e
elabora o material didático. De maneira similar, também atua no e-learning que
se traduz como aprendizagem eletrônica que pode ocorrer na Internet ou
Intranet da empresa.
Além das atividades já mencionadas, o profissional de pedagogia pode
atuar com treinamento de competências, por exemplo, para as lideranças, pois
19
irão ensiná-los a melhor maneira de lidar com seus colaboradores e como
ensiná-los a realizar tarefas. Em outra instância, com treinamentos mais
específicos como Coaching que, por exemplo, treina uma pessoa em especifico
para futuramente ocupar um cargo de liderança onde irá exigir competências
que ela ainda não possui.
Cabe ainda lembrar que este profissional também pode atuar na área de
triagem curricular, recrutamento & seleção e integração de funcionários,
avaliação de desempenho, pesquisas de clima, benefícios, pesquisas de
cargos & salários e gestão do conhecimento (que é a área que identifica gaps,
que são os erros que impedem o bom andamento dos processos de trabalho, e
posteriormente propõe as melhores soluções para problemas específicos).
Num sentido mais amplo, o profissional de pedagogia participa da
elaboração de eventos, reuniões, festas, feiras, exposições e excursões,
visando sempre o desenvolvimento integral das pessoas, influenciando-as
positivamente (processo educativo), com o objetivo de otimizar a produtividade.
Numa perspectiva mais recente e inovadora, o pedagogo entra no
cenário da saúde para realizar atividades educativas com pacientes que lutam
pela melhora de seus quadros clínicos, e ainda, educam jovens e adultos no
que tange a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
O que era função exclusiva do assistente social, por exemplo, passa a
ser compartilhado com pedagogo o ato de recuperar menores infratores para o
convívio em sociedade.
Muitas são as funções que os pedagogos estão ocupando nas
empresas. Algumas delas já foram citadas anteriormente, porém à medida que
crescem as demandas de nossa sociedade caracterizada pelo perfil
globalizado, amplia as expectativas de trabalho e o campo de atuação do
profissional de pedagogia. Neste sentido, nos cabe uma postura de educação
20
continuada e não termos resistência às mudanças que ocorrem no mercado de
trabalho.
Ainda sobre o papel do Pedagogo na empresa, cabe ressaltar sua
missão de fazer com que os indivíduos que compõem as Organizações
entendam a devida importância do aperfeiçoamento profissional que visa
articular a teoria com a prática. Já dizia Dewey: “As crianças não estão, num
dado momento sendo preparadas para a vida, e em outro, vivendo”. Neste
aspecto, o autor critica o conhecimento desinteressado, isto é, baseado
somente em teorias. Ele acreditava na educação para a vida, ou seja, prevendo
sua atuação no mundo do trabalho. O conhecimento científico deve ser
articulado com as práticas de vida do ser humano desde sua infância até a
idade adulta. Levando este conhecimento para o âmbito empresarial traduz-se,
por exemplo, em não ser suficiente o Gerente de Vendas ter excelente
formação acadêmica, a ele também cabe exercer da melhor maneira possível o
seu trabalho. E se há algo que o impeça, ele precisa da ajuda de um pedagogo
para através de um diagnóstico, orientar o melhor caminho para alcance de
seus objetivos.
Numa análise geral, o papel fundamental do pedagogo na empresa vem
mostrar que ele não está disputando o espaço com outros profissionais que até
bem pouco tempo eram os únicos que atuavam nas causas que venho citando
neste trabalho. Reduzir o pedagogo empresarial a esta dimensão é vê-lo numa
perspectiva bastante fora das propostas de educar os colaboradores para atuar
em empresas vencedoras com pessoas felizes. Esta não seria uma visão
utópica, contudo um outro caminho para alcançar os fins de uma organização e
desenvolver seu capital intelectual, pois os seres humanos vivem em constante
processo de evolução, ao qual, nós pedagogos, somos responsáveis em
oferecer todos os recursos necessários para que o colaborador alcance seus
ideais nos aspectos pessoal e profissional, pois não há como existir uma
ruptura. Neste sentido, vale ressaltar a constante inquietação de “desequilibrar”
os educandos, no sentido de não apenas fazê-los aprender, mas também
21
estimulá-los a reflexão para provocar mudanças de comportamento, pois se
isso não ocorrer, já dizia Freire:
“(...) na visão bancária de educação, o ”saber" é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber (...). Se o educador é o que sabe, se os educandos são os que nada sabem, cabe àquele dar, entregar, levar, transmitir o seu saber aos segundos”. (FREIRE, 1983, p. 67)
CAPíTULO II
22
APRENDIZAGEM: CONCEITOS E COMO OCORREM
NAS ORGANIZAÇÕES
O significado da aprendizagem possui o mesmo valor semântico diante
das variadas formas de atuação do profissional, portanto, como já foi citado no
capitulo anterior, ela não ocorre somente nas Instituições de Ensino. Em
acréscimo, a aprendizagem nas empresas necessita do mesmo cuidado e
mediação do pedagogo para atingir o que se pretende.
Para falar de aprendizagem é importante fazer alusão a Regato (2006)
que enfatiza que a mesma acompanha o indivíduo desde seu nascimento e
nem sempre é planejada ou voluntária. Ainda nesta perspectiva, a autora
ressalta que aprendemos a falar através da copia dos fonemas percebidos,
sem o propósito de aprender. Neste momento não sabemos a dimensão da
importância da linguagem em nossas vidas.
A educação proporciona variadas formas de aprendizagens, desta
maneira, o homem é preparado para o convívio em sociedade. Sendo assim,
ainda que por meio de transmissão cultural, a aprendizagem faz com que o
homem tenha fundamentado os comportamentos esperados. Tal afirmativa
merece o exemplo de Regato:
“Manifestamos repugna ao pedestre que cospe na rua ou a pessoa que tosse em nosso rosto. Obvio que o fazemos também porque estamos sob o efeito da cultura. Aprendemos que esses dois comportamentos são socialmente reprováveis alem de, no segundo exemplo, sabermos da possibilidade de transmissão de algum tipo de vírus que aquela pessoa possa portar”. (REGATO, 2006, p. 108)
23
Estudiosos na área de educação e de psicologia possuem concepções
bem próximas sobre o conceito de aprendizagem, todavia se faz essencial
destacar algumas citações. Neste momento, podemos mencionar a concepção
de aprendizagem segundo Bordenave:
“Modificação relativamente permanente na disposição ou na capacidade do homem, ocorrida como um resultado de sua atividade e que não pode simplesmente ser atribuída ao processo de crescimento e maturação ou a outras causas tais como: doenças, mutações genéticas etc.” (BORDENAVE, 2002, p. 38)
Vale lembrar a concepção de Libaneo que destaca :
“A aprendizagem escolar ‘e, assim, um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino. Os resultados da aprendizagem se manifestam em modificações na atividade externa e interna do sujeito, nas suas relações com o ambiente físico e social”. (LIBANEO, 2002, p.83)
Já de acordo com Turra apud Robert Gagne:
“A aprendizagem depende tanto e condições internas do aprendiz (capacidades pré – existentes no momento de novas aprendizagens) quanto de condições externas ‘a pessoa que aprende”. (TURRA, 1998, p.95)
Segundo Haydt (apud Vygotky, 2002, p. 204) destaca-se: “O
aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de
24
desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e
especificamente humanas”.
Há que se destacar a diferença entre aprendizagem e memorização. A
primeira, como já foi visto, envolve a aquisição e manutenção de
comportamentos específicos, já a segunda, de acordo Regato (2006), por
exemplo, seria decorar assuntos de uma prova e esquecer ao passar do
tempo.
Assim como todos os campos do conhecimento recorrem a outras áreas
para buscar explicações para alguns fenômenos, a pedagogia busca auxilio da
psicologia para estudar, neste caso, sobre a aprendizagem. Regato (2006)
ressalta que muitas teorias explicam o processo de aprendizagem. Estas se
dividem em duas categorias, quais sejam: as do condicionamento e as
cognitivistas. Na primeira categoria estão as teorias que enfatizam o
comportamento humano como respostas aos estímulos ambientais que nos
são apresentados. Já a segunda, tem a característica de dar ênfase à
organização interna do conhecimento humano, o que David Ausubel chamou
de aprendizagem significativa. Veremos adiante exemplos mais detalhados.
Tabela 1 – Alguns autores e suas concepções sobre as Teorias da
Aprendizagem. MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da Aprendizagem. São
Paulo: EPU, 1999.
Teorias de Aprendizagem Características
Epistemologia Genética de Piaget
Ponto central: estrutura cognitiva do sujeito. As estruturas cognitivas mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio. Níveis diferentes de desenvolvimento cognitivo.
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Teoria Construtivista de Bruner
O aprendizado ‘e um processo ativo, baseado em seus conhecimentos prévios que estão sendo estudados. O aprendiz filtra a nova informação, infere hipóteses e toma decisões. Aprendiz ‘e participante ativo no processo de aquisição de conhecimento. Instrução relacionada a contextos e experiências naturais.
Teoria Sócio - Cultural de Vygotsky
Desenvolvimento cognitivo ‘e limitado a determinado potencial para cada intervalo de idade (ZDP); o individuo deve estar inserido em um grupo social e aprende o que seu grupo produz; o conhecimento surge primeiro no grupo, para s’o depois ser interiorizado. A aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com os outros alunos.
Aprendizagem baseada em Problemas / Instrução ancorada (John Bransford & the CTGV)
Aprendizagem se inicia com um problema a ser resolvido. Aprendizado baseado em tecnologia. As atividades de aprendizado e ensino devem ser criadas em torno de uma “ancora”, que deve ser algum tipo de estudo de um caso ou situação envolvendo um problema.
Teoria da Fleibilidade Cognitiva (R. Spiro, P. Feltovitch & R. Coulson)
Trata da transferência do conhecimento e das habilidades é especialmente formulada para dar suporte ao uso da tecnologia interativa. As atividades de aprendizado precisam fornecer diferentes representações de conteúdo.
Aprendizado Situado (J. Lave)
Aprendizado ocorre em função da atividade, contexto e cultura e ambiente social na qual está inserida. O aprendizado é fortemente relacionado com a prática e não pode ser dissociado dela.
Gestaltismo
Enfatiza a percepção ao invés da resposta. A resposta é considerada como o sinal de que a aprendizagem ocorreu e não como parte integral do processo. Não enfatiza a seqüência estímulo - resposta, mas o contexto ou
26
campo no qual o estímulo ocorre entre o insight tem origem, quando a relação entre estímulo e o campo é percebida pelo aprendiz.
Teoria da Inclusão (David Ausubel)
O fator mais importante é o que o aluno já sabe. Para ocorrer a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes.
Aprendizado Experimental (C. Rogers)
Deve-se buscar sempre o aprendizado experimental, pois as pessoas aprendem melhor aquilo que é necessário. O interesse e a motivação são essenciais para o aprendizado bem sucedido. Enfatiza a importância do aspecto interacional do aprendizado. O professor e o aluno aparecem como os co-responsáveis pela aprendizagem.
Inteligências Múltiplas (Gardner)
No processo de ensino, deve-se procurar identificar as inteligências mais marcantes em cada aprendiz e tentar explorá-las para atingir o objetivo final, que é o aprendizado de determinado conteúdo.
Diante das concepções explicitadas, é possível chegamos a conclusão
que a aprendizagem independe do ambiente que ocorra, pois podemos
presenciá-la no ambiente familiar, nos momentos de lazer, nas Escolas, nas
Universidades etc. manifestando-se diante das diferentes teorias mencionadas
na tabela acima.
Nas Organizações a aprendizagem acontece de maneira muito
semelhante que nos outros ambientes, pois se trata de comportamentos
inerentes aos seres humanos. Tal afirmativa pode ser comprovada de acordo
com Chiavenato:
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“Dentro das Organizações, as pessoas se destacam por serem os únicos elementos vivos e inteligentes, por seu caráter dinâmico e por seu incrível potencial de desenvolvimento. As pessoas têm enorme capacidade para aprender novas habilidades, captar informações, adquirir novos conhecimentos, modificar atitudes e comportamentos, bem como desenvolver conceitos e abstrações”. (CHIAVENATO, 2000, p.490)
De acordo com Regato (2006) podemos constatar que são dois fatores
que constituem a personalidade humana, quais sejam: hereditário (referente à
estrutura biológica e fisiológica, assim como as necessidades primárias dos
seres humanos), e o ambiental (representa todas as atividades surgidas a partir
das experiências pessoais, de percepções do sistema cognitivo e das
necessidades secundárias dos seres humanos).
Ainda numa perspectiva empresarial, Chiavenato mostra que não há
como segregar indivíduo, trabalho e processos de aprendizagem. O autor
destaca que “As pessoas adquirem novos conhecimentos sobre o seu meio
ambiente e suas relações durante o próprio tempo de vida” (Chiavenato, 2000,
p. 491).
O pedagogo na esfera empresarial, por ser uma espécie de “gestor das
relações humanas”, está intimamente ligado às ações que envolvem a
aprendizagem. E esta, conseqüentemente, está relacionada às mudanças de
comportamentos num sentido mais amplo, ou seja, não basta apenas
apreender o conhecimento, mas se deve praticá-lo. O ser humano precisa ser
capaz de conhecer suas limitações para poder superá-las frente aos novos
desafios. Ainda nesta perspectiva, a aprendizagem também está ligada ao
planejamento e este envolve saber onde queremos chegar, ou seja, quais são
os objetivos a serem alcançados num dado momento. É crucial ressaltar que
28
estes objetivos variam de acordo com as necessidades dos indivíduos e da
Organização. Neste aspecto, segundo Chiavenato:
“Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se tornem mais eficientes naquilo que fazem. É, sobretudo, dar-lhes a formação básica para que elas aprendam novas atitudes, soluções, idéias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e comportamentos e se tornem mais eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais do que simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da personalidade humana”. (CHIAVENATO, 1999, p. 290)
No que se refere ao despertar das competências nos funcionários, é
viável fazer alusão à Teoria das Inteligências Múltiplas do psicólogo americano
Howard Gardner. Ainda que esta teoria já tenha sido citada, cabe uma
explicação mais detalhada visando o alcance de êxito na aplicação com
pessoas de qualquer que seja a Instituição. Esta defende a complexidade da
Inteligência que não pode ser medida como se fosse única com variação de
nível para cada pessoa. Ele definiu sete inteligências: Lógico – matemática,
lingüística, espacial, corporal sinestésica, interpessoal, intrapessoal e musical.
Respectivamente, a primeira se refere ao domínio dos raciocínios lógico e
dedutivo e compreensão de modelos matemáticos. Está diretamente associado
ao pensamento matemático. A segunda, demonstra-se através da habilidade
de se expressar por meio da linguagem verbal, em suas formas oral ou escrita.
Manifesta-se na forma criativa de lidar com as palavras. A terceira é
proveniente de um modelo mental preciso de uma situação espacial e de
utilizar esse modelo para se orientar sentido e direção. A quarta do domínio
dos movimentos do corpo, que pode ser um instrumento eficiente de
expressão. Inclui a agilidade de manipular objetos. Na quinta, é possível
observar a capacidade de se relacionar bem com as outras pessoas. Ela vem
29
na habilidade de compreender as motivações e expectativas dos demais. A
sexta inteligência é a habilidade de estar bem consigo mesmo. Está ligado a
capacidade de administrar os próprios sentimentos e de usá-los para alcançar
objetivos pessoais. E finalmente a última, se refere aptidão para se expressar
por meio de sons, para organizá-los de maneira criativa, a partir de elementos
como tons e timbres.
É crucial ressaltar que os seres humanos devem entrar em contato com
atividades e situações problemas que estimulem o desenvolvimento de todas
as inteligências citadas, embora na maioria das vezes a lógico-matemática e a
lingüística sejam mais estimuladas.
Quando se fala na Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, muitos
educadores se espantam diante das semelhanças em educar nas salas de aula
e educar nas empresas. Esta relação parece bastante simples, pois ambas
tratam em lidar com questões inerentes aos seres humanos, ou seja, com a
subjetividade. É importante lembrar que há uma relação biunívoca, de um lado
o trabalho e de outro o ser humano. Esta relação deve estar em constante
equilíbrio, pois as organizações que agem desta forma, produzem mais e
melhor.
Como destaque neste capítulo, cabe lembrar que a aprendizagem
acontece em todos os ambientes e ocorre nas mesmas proporções nas
Organizações que no presente momento é nosso foco de estudo. Neste
sentido, o pedagogo é o personagem principal que deve mediar a
aprendizagem, ou seja, ajudar para com que os colaboradores atinjam os
objetivos traçados, ainda que estes sofram alterações, o profissional de
pedagogia deve trabalhar com a flexibilidade, tendo em vista o sucesso dos
colaboradores bem como da Instituição.
30
CAPÍTULO III
AS ORGANIZAÇÕES
Na perspetiva de Regato (2006) as Organizações são consideradas
como sistemas nos quais o homem participa desde o começo de sua vida,
destacando-se a família como o primeiro deles. É notável que na família cada
um exerce um papel diferenciado, representado, de uma maneira micro pelo
pai, mãe e filho. Neste sentido cabe lembrar que os pais são responsáveis pela
educação, alimentação e segurança e no que tange ao filho, aprender tudo que
seus pais ensinam para mais tarde colaborar nas tarefas que lhes são
apresentadas e estudar.
As Organizações nas quais fazemos parte, vão se expandindo à medida
que amadurecemos. Vale lembrar que a escola desempenha um
importantíssimo papel logo após a nossa família. Organizações como clubes de
futebol, shoppings, academias desportivas, entre outros, são mais alguns
exemplos. Desta forma, é notável percebermos que para nos tornarmos
membros de uma organização se faz necessário cumprirmos papéis.
Cabe lembrar que de acordo com Fiorelli (2003) as pessoas que
compõem a Organização, trazem consigo fatores psicológicos, características
próprias, conhecimentos, preconceitos, experiências vivenciadas
anteriormente. Sua visão de mundo passa a se incorporar no papel em que irá
desempenhar na Organização. Neste sentido, pode-se afirmar que é natural
que haja expectativas da própria pessoa e dos demais participantes do
ambiente social.
A Organização de acordo com Regato (apud Chiavenato, 2000, p. 25)
“um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais
pessoas. A cooperação entre elas é essencial para a existência da
organização”.
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Ainda nesta perspectiva, uma organização só existe quando há pessoas
capazes de se comunicarem e que estão disposta a contribuir com ação
conjunta a fim de alcançarem um objetivo comum.
Como os indivíduos vivem em interações, as organizações são da
mesma forma. Muitas vezes as pessoas precisam ceder no que tange seus
posicionamentos para o beneficio do grupo.
Maximiano (1992) nos coloca que uma organização é uma combinação
de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por
meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que
seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena
oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola
são todos exemplos de organizações. Acrescenta ainda que uma organização
é formada pela soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos
financeiros e outros. Logo, esta é o resultado da combinação de todos estes
elementos mencionados orientados a um objetivo comum.
Chiavenato (2000) coloca que a contribuição de cada pessoa para a
organização é sempre de maneira limitada, porque a doação depende de
participante para participante e este aspecto envolve fatores como a motivação
e o momento que está sendo vivido.
Regato (2000) nos explicita que as organizações surgiram para
satisfazer as necessidades dos indivíduos, quais sejam: emocionais,
financeiras, espiritual etc. Tal afirmativa pode ser constatadas com o seguinte
exemplo: De um templo religioso esperamos amparo espiritual, de um banco
esperamos administração de finanças e pessoas capacitadas para este
propósito. Logo, podemos concluir que estas organizações existem para que os
indivíduos alcancem objetivos que não conseguiriam atingir sem a ajuda das
mesmas. Destaca-se também que com as organizações as limitações
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individuais diminuem por meio da habilidade de trabalho eficaz com outras
pessoas.
Fiorelli (2003) classifica um individuo como bem-sucedido de acordo
com o êxito obtido no cumprimento de seu papel, e ainda, conforme perceba
este meio como algo que satisfaça suas necessidades (podendo ser financeira,
de status, de valorização profissional).
Este autor ainda define as organizações como sistemas, ou seja, um
conjunto de elementos que se relacionam dinamicamente e que desenvolvem
uma atividade que visa atingir determinado objetivo.
Uma outra definição de sistemas: “É um conjunto de elemento
dinamicamente relacionados, que desenvolvem uma atividade para atingir um
objetivo, operando sobre dados/energia/matéria colhidos no meio ambiente
para fornecer informação, energia e matéria” (CHIAVENATO, 2000, p. 32).
O que um sistema retira do ambiente é devolvido ao mesmo ambiente
de maneira transformada. Nesta transformação atuam os colaboradores e a
organização em geral.
Assim como afirma Regato (2006) numa abordagem mais ampla, as
organizações são unidades sociais que são construídas e reconstruídas de
forma intencional para atingir objetivos específicos. A reconstrução envolve a
necessidade de reestruturação e atualização das mesmas na medida em que
se verificam a não satisfação de seus objetivos. Daí surge a necessidade de
mudança dentro das organizações cujo objetivo alvo é atender a demanda dos
mercados em modificação permanente.
Em Chiavenato (2000) podemos constatar que uma organização não
constitui uma unidade pronta e acabada. Ele a caracteriza como um organismo
social vivo, logo sujeito a mudanças. O autor ressalta que a Organização é
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dinâmica e não estática. Neste sentido classifica dinâmica como sendo o que
lhe permite reagir para atender o sistema que também é algo dinâmico. No que
se refere à mudança, faz alusão ao ajuste necessário para adaptação e
sobrevivência.
De acordo com Regato (apud Mariotti, 1999) Organizações simples são
aquelas que envolvem problema e soluções simples. Já as Organizações
denominadas complexas envolvem estruturas muito maiores, onde há
burocracia e complicações derivadas de suas conseqüências.
Ainda neste aspecto, os critérios obedecidos nas chamadas
organizações simples e complexas envolvem cinco características. Em primeira
instância se refere ao quantitativo de pessoas, ou seja, quanto maior o número
de colaboradores, maior será a complexidade da organização. Num segundo
momento, destaca-se o tipo de relacionamento estabelecido entre organização
e colaborador que nas grandes organizações dá destaque na tarefa,
caracterizando as relações pelo anonimato (a pessoa representa uma matrícula
na Instituição, diferente que numa empresa pequena). Fala-se num terceiro
momento na hierarquização que explica que quando há muitos colaboradores
normalmente estes são distribuídos em setores ou departamentos, neste
sentido, amplia-se o número de postos hierárquicos. Como quarto aspecto, há
rotinas padronizadas de trabalho que servem para operar sistemas de
comunicação e controle de material. Finalmente por último, há a especialização
e a proliferação de funções que diz que as grandes organizações tendem a
separar as linhas de autoridade formal daquelas de competência profissional
ou técnica.
Cabe ressaltar que segundo Chiavenato (2000) o tamanho de uma
organização é fator decisivo para que esta se defina como simples ou
complexa. Quanto maior, mais funcionários possui. Isto favorece a gerência,
mas afasta as pessoas. Tal realidade apresenta uma missão para área de
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Recursos Humanos, pois há imensa necessidade de trabalhar as relações
interpessoais.
É importante retomarmos a questão dos papéis sociais que nos
conferem as organizações. Neste sentido, segundo Regato (2006) as
mudanças que acontecem de forma contínua no ambiente empresarial geram
instabilidade nas pessoas e, na perspectiva deste capítulo, nos trabalhadores e
na organização. Diante desta realidade, não é difícil que mude as expectativas
representadas, podendo resultar no não cumprimento do esperado.
De acordo com Regato (apud Charon, 2001) é observado que os papéis
exercidos pelos colaboradores estão vinculados às posições que as pessoas
ocupam e estas têm normas específicas a cumprir. Uma norma pode ter
caráter informal (quando combinada previamente entre as pessoas), ou formal
(quando registrada em documento). Para cada sujeito na organização é
esperado que seja respeitado todas as normas vinculadas ao seu papel.
Comportamentos não desejados geram os conflitos de papel que será exposto
ao decorrer deste capítulo.
Os conflitos resultantes dos papéis sociais podem aparecer de diversas
formas citadas por Regato (apud Charon, 2001) que num primeiro momento
denomina-se conflito intra-emissor que é aquele que advém de expectativas
contraditórias em relação à outra pessoa, por exemplo, um colaborador que
deseja que seu líder entenda suas questões mais pessoais, mas se feito isso
com outro colaborador, ele entenderá como favoritismo. O segundo é chamado
de conflito interemissor que é aquele que ocorre quando estamos diante de
expectativas diferentes, por exemplo, se a formação religiosa para a mãe é
importante e para o pai não, é difícil para o filho seguir um caminho. Como
terceiro aspecto Charon fala do conflito interpapéis que resulta do exercício de
papéis conflitantes entre si, neste sentido, podemos comparar a mãe que
precisa educar seu filho e ao mesmo tempo trabalha numa empresa que
precisa viajar constantemente. E finalmente, denomina-se conflito pessoa –
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papel quando o exercício de um papel torna-se demasiadamente cansativo,
contrário à ética da pessoa, ou exige esforços além do que o indivíduo é capaz
de empreender. Neste sentido, cabe o exemplo de uma pessoa que não
trabalharia numa fábrica de cigarro por ser antitabagista.
Percebemos que diante da concepção dos diferentes autores, a
existência de conflitos é inerente à natureza humana e indica também que
exercer um papel numa organização envolve buscar saber se esta possui
condições necessárias para o papel ser atendido por quem o assume. Neste
mesmo aspecto, exercer papéis implica em negociar, pois não depende apenas
de quem exerce, há expectativas envolvidas de outrem. Quando as
expectativas não são atendidas, espera-se ajustamentos entre as pessoas para
atingir o que se pretende.
De acordo com Regato (2006) algumas manuais de administração e de
sociologia apresentam os conflitos como conseqüência da não interação no
cumprimento de metas grupais, ou seja, quando as pessoas deste grupo não
compartilham os mesmos objetivos.
No que se refere ao bem-estar do colaborador dentro da organização,
Regato (2006) ressalta que este depende da qualidade dos contatos realizados
no próprio meio.
Neste sentido, muitos funcionários são competentes tecnicamente, mas
o mesmo não acontece no âmbito dos relacionamentos interpessoais. Desta
forma, a definição de habilidades humanas segundo Regato (apud Robbins,
2002, p. 5) é “a capacidade de trabalhar com outras pessoas, compreendendo-
as e motivando-as, tanto individualmente como em grupos”.
Ainda Regato (apud Robbins, 2002, p.6) observa que o comportamento
organizacional, constitui “um campo de estudos que investiga o impacto que
indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das
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organizações, com o propósito de utilizar este conhecimento para promover a
melhoria da eficácia organizacional”.
É possível constatarmos que a vivência das relações sociais
satisfatórias, no interior de uma organização, implica não só o desejo ou a
disponibilidade interna de que elas começam. Envolvem inclusive, entender as
demandas dos papéis que assumimos dentro da organização, bem como os
papéis desempenhados pelos demais colaboradores.
Chiavenato (2000) nos coloca que uma organização de trabalho possui
um corpo físico que é aquele que faz representar pelos recursos, um corpo vital
que representa a dinâmica dos processos e um corpo astral representado pelas
relações, ou seja, pelo clima organizacional. Tudo isso confere a identidade da
empresa.
Este mesmo autor ressalta que quando o indivíduo entra nesse mundo
da organização ele tende ou não estabelecer ligações com ele, classificadas
como pontes, quais sejam: ponte da identificação é estabelecida quando o
colaborador se identifica com os valores, a cultura ou o caráter da empresa. O
indivíduo se vê como cumpridor de uma missão pessoal. A ponte da motivação
faz a alusão ao indivíduo se sentir bem no ambiente da empresa, encontrando
espaço e situações em que se percebe considerado como ser humano. A ponte
da dedicação está relacionada aos dois fatores anteriores ocorrerem no
cotidiano do indivíduo, em outras palavras, representam o que chamamos do
fazer e agir. Finalmente, a ponte da segurança ocorre quando os colaboradores
percebem o salário e os benefícios que a empresa oferece como meios dos
quais depende o seu sustento.
Ainda de acordo com Chiavenato (2000) é possível verificarmos que o
estabelecimento destas pontes citadas acima depende, ainda, da conjugação
de dois objetivos que são classificados como individuais e organizacionais. O
primeiro refere-se ao que o colaborador pretende alcançar dentro de uma
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empresa. Este aspecto pode contemplar tanto salário quanto satisfação
pessoal. Quanto ao segundo, refere-se o que a organização pretende alcançar
em nível de mercado e a confiança depositada em seus colaboradores para tal
fim. Se o colaborador tem como objetivo pessoal crescer profissionalmente, a
probabilidade dele gerar resultados para a empresa é grande.
Diante da concepção de diferentes autores foi possível conceituar as
organizações de maneira geral, ou seja, desde organização familiar até
organização no que diz respeito ao mundo do trabalho. Faz-se também
importante ressaltar a relevância do pedagogo dentro desta última, tendo em
vista conduzir os processos de trabalho para que as pessoas produzam mais e
melhor. Neste sentido, podemos também destacar a missão do profissional de
pedagogia em auxiliar os colaboradores a descobrir seus desejos e
competências pessoais para que estas sejam desempenhadas na organização
de forma a gerar satisfação pessoal e o alcance de metas da empresa.
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CONCLUSÃO
Este trabalho buscou refletir acerca de aspectos que perpassam pela
temática da pedagogia empresarial, sob alicerce de um mundo globalizado.
Diante desta perspectiva fez-se necessário ressaltar como ocorrem os
processos de aprendizagem no interior das organizações e conceituá-las para
entender melhor quem é o profissional de pedagogia deste século.
Tornou-se realidade, que nos últimos anos, o pedagogo vem sofrendo
uma reformulação no que tange ampliação do seu campo profissional. Tal
realidade faz com que, nós pedagogos, busquemos esgotar nossas pesquisas
para sabermos o verdadeiro sentido de extrapolar os muros das escolas para
termos um olhar menos resistente diante das expectativas do mercado de
trabalho.
Assim como foi exposto neste trabalho, o pedagogo está tendo a
oportunidade de atuar em diferentes áreas. Isso se deve ao vasto
conhecimento adquirido em sua formação acadêmica que envolve diferentes
disciplinas que o permite ter uma visão holística. Esta visão, que talvez não
seja a mesma do profissional “técnico”, é a mola mestra que nos permite
analisar diferentes situações do dia a dia de uma empresa e reajustá-las. O
pedagogo também está envolvido na questão de auxiliar nas relações
interpessoais dentro das organizações, pode atuar na área de treinamento,
dentre outras funções já citadas no decorrer deste trabalho.
Fez-se também necessário enfatizar a questão da aprendizagem, afinal
o profissional de pedagogia tem por base que através da mudança duradoura
de comportamento o indivíduo é capaz de qualificar sua mão de obra,
conseqüentemente trazer melhorias para a empresa.
Diante de todas as considerações apresentadas neste trabalho que
abordam a importância do pedagogo na empresa, destacamos que o
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profissional de pedagogia deve estar pronto para atender as novas demandas
do mundo globalizado que busca profissionais conscientes da necessidade de
educação continuada, ou seja, constante capacitação profissional visando à
qualificação de sua mão de obra. Neste sentido, o pedagogo deve buscar
romper com a visão voltada somente para as Instituições Escolares e perceber
que novas e interessantes propostas estão emergindo das necessidades das
empresas em alcançar suas metas.
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