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1.2. A Política Económica na era da globalização:os grandes desafios e restrições POLÍTICA ECONÓMICA E ACTIVIDADE EMPRESARIAL Licenciaturas em Economia e em Gestão 1. O contexto histórico e teórico da Moderna Política Económica Ano letivo 2014-2015 1

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1.2. A Política Económica na era da

globalização:os grandes desafios e restrições

POLÍTICA ECONÓMICA E ACTIVIDADE EMPRESARIALLicenciaturas em Economia e em Gestão

1. O contexto histórico e teórico da Moderna Política Económica

Ano letivo 2014-2015 1

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• Acocella, Nicola (2005). Economic Policy in the Age of Globalisation,. pp. 421-464 (Caps 19 e 20)

• Mateus, Augusto. Competitividade e coesão, conceitos e metodologias de análise, pp 9-10

• European Comission (2001), Responses to the Challenges of Globalisation, pp 18-25 e 29-32.

Bibliografia

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1. O contexto histórico e teórico da Moderna Política Económica1.2. A política económica na era da globalização: os grandes desafios e restrições

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Integração superficialAumento dos movimentos internacionais de

• Bens e serviços• Factor trabalho• Capital financeiro (acções e obrigações)

Integração profundaAumento da produção internacional através

da actividade das empresas multinacionais

Formas de globalizaçãoGlobalização: expansão à escala global das interrelações entre os sistemas económicos e sociais através de instituições económicas privadas.

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Novas características da globalização

• O padrão de desenvolvimento económico mostra que os serviços crescem mais que os bens o rácio “Exportações/PIB” sobreavalia a integração das economias mundiais devida à crescente divisão do trabalho

• A composiçãodo comércio internacional alterou-se de inter para intra-indústria.

• Fim do sistema de trocas colonial (relações bilateraismultilaterais).

• O peso relativo dos movimentos internacionais de capitais aumentou enormemente.

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Razões para a multinacionalização das empresas:1. Penetrar em mercados em expansão2. Adaptar os produtos à procura local 3. Baixar custos de transporte e evitar barreiras aduaneiras4. Baixar custos de produção5. Aumentar exportações6. Aceder a novas tecnologias

Estratégias de multinacionalização das empresas:1. Multidoméstica : bens finais adaptados ao mercado local e reduzir

custos de transporte e aduaneiros2. Integração vertical simples – deslocação de fases da fileira ou de

componentes: redução de custos laborais ou aproximação a fontes de inovação

3. Integração vertical complexa – componentes: especialização em funções específicas para mercado global -> economias de escala e factores produtivos em condições especiais

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Progresso técnico nos meios de transporte e comunicação redução de custos de transporte e alargamento das possibilidades de

comunicação à distância

• possibilidades de especialização e

• as opções de localização e de estratégia organizativa das empresas

• elasticidade preço da procura e da oferta

Política económica: • eliminação de obstáculos ao comércio e à circulação de factores

produtivos (... e tarifas, convertibilidade das moedas)

• alargamento do capitalismo a novas grandes áreas geográficas

Causas da globalização1.2. A política económica na era da globalização: os grandes desafios e restrições

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Economia mundial: evolução real da produção e do comércio

Anos: 1960 1973 1980 1990 2001 Evolução da Produção Mundial

(PIB, 1950 = 100)

150

370

400

500

660 Evolução do Comércio Internacional (Exportações mundiais, X, 1950 = 100)

160

600

700

1100

2140

Períodos: 1950-1973 1973-1980 1980-2001

Crescimento da Produção (PIB, tmca) 5,9% 1,1% 2,4% Crescimento das Exportações (X, tmca) 8,1% 2,2% 5,5%

Dinâmica relativa do crescimento das exportações e da produção

(tmca X / tmca PIB) (*)

1,4 vezes

2 vezes

2,3vezes

(*) – As taxas médias de crescimento anual (tmca) são calculadas com base na evolução em volume. Fonte : Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio.

Economia MundialEvolução da produção e do comércio (em termos reais)

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Anos(1)

Comércio mundial

(2)

Produção mundial

(3)

Elasticidade(4)=(2)/(3)

1960-1970 8,5 6,0 1,40

1970-1980 5,0 4,0 1,25

1980-1989 4,4 2,6 1,68

1990-2000 6,4 2,5 2,56

2001-2004 4,3 2,5 1,72

Taxas de variação média anualdo comércio e da produção mundiais

Fonte: GATT/WTO e UNCTAD8

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Evolução dos custos relativos dos transportes e das comunicações

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Composição dos fluxos de capitais privados (1973-81, 1990-97)

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Transacções internacionais em obrigações e acções em percentagem do PIB

Fonte: BIS in Acocella, p. 422

Países 1975 1985 1995 1998

Estados Unidos 4 35 135 230Japão 2 62 65 91Alemanha 5 33 172 334França - 21 187 415Itália 1 4 253 640Canadá 3 27 187 331

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I.D.E. : Motor da mudança na Economia Mundial

"O forte aumento da integração económica internacional deve-se, em larga medida, ao crescimento dos fluxos de IDE.

Isto é particularmente verdade desde meados dos anos 1980. Até então, o comércio internacional foi a via mais dinâmica da integração económica.

As exportações cresceram mais rapidamente que o IDE nos anos 1950, 1960 e 1970. Na década de 1980, este padrão alterou-se."

J. KLEINERT, 2004, p. 8

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200

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600

800

1000

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1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005

Fluxos de IDE mundiais, 1985-2006Entradas; milhares de milhões de dólares

Fonte: UNCTAD

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Fonte: UNCTAD

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1 000

1 200

1 400

1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000

IDE no mundo (fluxos de entrada)mil milhões de USD

Nº de firmas internacionais

Meados dos anos 1960: 7 000

Finais dos anos 1990: 63 000

(500 000 filiais)

IDE no mundo (fluxos de entrada) mil milhões de USD

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Em 1975

11 000 multinacionais controlavam 82 000 filiais no estrangeiro.

75% dos stocks de investimentos directos estrangeiros (IDE) estavam localizados nos países desenvolvidos.

Os EUA detinham 45% do total.

37 500 multinacionais controlavam 207 000 filiais.

80% dos investimentos directos no estrangeiro estavam concentrados na “Tríade”, América do Norte, Japão e União Europeia.

Os EUA não atraíam mais do que um quarto do total mundial,

... o Japão e o Reino Unido (via City) dominavam cada um 14% do total.

Em 1990

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World Investment Report 2005:

O stock mundial de IDE em 2004 está estimado em 9 000 biliões de US dólares.

Está na posse de cerca de 70 000 empresas multinacionais e das suas 690 000 subsidiárias no estrangeiro.

O total do volume de negócios das filiais estrangeiras eleva-se a perto de 19 000 biliões de US dólares.

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A crescente abertura internacional faz aumentar a exposição das economias nacionais a choques externos (designadamente às políticas domésticas de outros países).

... E reduz a independência dos decisores políticos quando uma economia diverge muito de outras.

Questões: 1) o papel do capital financeiro na transmissão dos choques2) permissividade/restrições na política económica;

Consequências da globalização para a política económica

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Maior interdependência entre economias =>

maior transmissão internacional de choques e

conjunturas económicas assimétricas

(sensibilidade dos mercados financeiros),

e de efeitos das políticas domésticas

(externalidades / bens públicos globais)

Þmaior número de restrições às políticas nacionais Þ(ex.: saída de empresas, necessidade de cordenação

internacional de políticas)

Consequências da globalização para a política económica (2)

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Bens públicos globaisBem que estando disponível para uma nação está igualmente disponível para

qualquer outra que se encontre em circunstâncias semelhantes, sem custos extra.

Exemplos• Paz e estabilidade internacional• Um sistema comercial aberto• Preservação do meio ambiente• Ajuda económica e financeira

(e.g., Plano Marshall e outros semelhantes)• Disciplina monetária internacional

A “não rivalidade” e a “não exclusão” que definem os bens públicos permitem comportamentos de “passageiro clandestino” nas relações entre países

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Bens públicos globais Geram externalidades extensíveis à escala global independentemente dos contributos individuais para a sua produção (o mesmo para os “males”)

Bens ... ... públicos o mercado não gera uma afectação óptima de recursos

... globais a s/ provisão exige cooperação e coordenação internacional

 

A ausência de coordenação internacional gera comportamentos de passageiro clandestino (free-rider)

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Isoladamente, os países têm incentivos para não cooperar (e.g., através do proteccionismo), ... ainda que colectivamente, beneficiem da cooperação (e.g., através do comércio livre).

Cooperação Internacional e o“Dilema do Prisioneiro”

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Cooperar: pode traduzir-se numa política de expansão, abertura aomercado exterior, etc.; Não cooperar no seu contrário.

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Opções estratégicas da nação I

Cooperar

Não cooperar

Cooperar

8,8 (A)

5,11 (B)

Opç

ões e

stra

tégi

cas d

a na

ção

II

Não cooperar

11,5 (C)

6,6 (D)

Benefícios da cooperação internacional num contexto de “dilema do prisioneiro”

Notas: Ganhos de I: depois da vírgula Ganhos de II: antes da

vírgula

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Tipos de coordenação internacional

• Puramente discricionária (caso a caso)

• Coordenação discricionária através de compromissos (cada país tem os seus próprios objectivos)

• Concertação ad hoc (acordos bilaterais ou multilaterais específicos)

• Concertação institucionalizada (enquadrada por organizações como a OMC e o FMI) – o papel das regras e dos organismos “públicos” internacionais: governo mundial e autoridades públicas regionais (supranacional).

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Multilateralismo versus regionalismo

• Diferenças entre multilateralismo e integração regional.

• A integração regional: desvios/criação de comércio e o princípio da não discriminação.

• As iniciativas regionais com vista à agregação e harmonização: uma via para o reforço do multilateralismo?

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Multilateralismo versus Regionalismo “Alguns especialistas notaram que os agrupamentos regionais

podem com sucesso satisfazer a procura de bens públicos globais que emergiu com a globalização (por exemplo, normas comuns, uma moeda única ou acordos visando a estabilidade monetária, medidas conjuntas para manter a actividade económica, protecção ambiental).

Consequentemente, o multilateralismo é visto como o limite para o qual se pode progredir através de sucessivos alargamentos das uniões regionais.

Por fim, a integração regional é mais profunda, indo para além da mera liberalização comercial e de outras questões puramente económicas.”

Acocella, p. 464

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Síntese das Ideias Fundamentais do Ponto 1 do Programa

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Falhas Microeconómicas dos Mercados

EficiênciaConcorrência imperfeitaInformação assimétricaBens públicosExternalidades

EquidadeDesigualdades na distribuição do rendimentoAcesso não equitativo aos bens de mérito

Falhas Macroeconómicas dos

Mercados

DesempregoInflaçãoContas externas desequilibradasCrescimento insuficiente e subdesenvolvimento

Falhas do Estado

“Rent-Seeking”BurocraciaCiclo económico “pendurado” no ciclo políticoTendência para sacrificar gerações futuras

Necessidade de Política Económica

Enquadramento actualGlobalizaçãoInterligação crescente das economias e mercadosRedução dos custos de transporte e comunicaçõesOrganização das actividades empresariais à escala globalLiberalização dos mercados financeiros e de capitaisCrescimento tendencialmente forte do comércio e investimento internacional

Enquadramento actualBens públicos globais (paz e estabilidade internacional, sistema comercial aberto, preservação do meio ambiente, ajuda económica e financeira, disciplina monetária internacional, etc.)Integração supranacional (UE, NAFTA, ASEAN, Mercosul, etc.)

Necessidade de coordenação a nível internacional das políticas

económicas nacionaise/ou Passagem para o domínio

supranacional de políticas económicas de base nacional

Perda de eficácia dos políticas económicas de base nacional