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Mestrado em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira 580 cobertura 22790-710 - Rio de Janeiro, RJ Tels.: (0xx21) 2199-2200 ramal:2204 PATRÍCIA REIS REZENDE DE BRITO EFICÁCIA IN VITRO DOS SISTEMAS ENDOVAC ® E ENDOACTIVATOR ® NA REDUÇÃO DA POPULAÇÃO BACTERIANA DE CANAIS RADICULARES 2009

PATRÍCIA REIS REZENDE DE BRITO - estacio.br · LISTA DE TABELAS Tabela 1- Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e porcentagens de redução no grupo do

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Mestrado em OdontologiaAv. Alfredo Baltazar da Silveira 580 cobertura

22790-710 - Rio de Janeiro, RJTels.: (0xx21) 2199-2200 ramal:2204

PATRÍCIA REIS REZENDE DE BRITO

EFICÁCIA IN VITRO DOS SISTEMAS ENDOVAC® E ENDOACTIVATOR® NA

REDUÇÃO DA POPULAÇÃO BACTERIANA DECANAIS RADICULARES

2009

PATRÍCIA REIS REZENDE DE BRITO

EFICÁCIA IN VITRO DOS SISTEMAS ENDOVAC® E ENDOACTIVATOR® NA REDUÇÃO DA POPULAÇÃO BACTERIANA DE CANAIS RADICULARES

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estácio de Sá, visando à obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia)

ORIENTADORES

Prof. Dr. José Freitas Siqueira Júnior Prof. Dr. Julio Cezar Machado de Oliveira

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO

2009

ii

ÍNDICE

Resumo..............................................................................................................IV

Abstract.............................................................................................................. V

Lista de figuras...................................................................................................VI

Lista de tabelas.................................................................................................VII

Introdução........................................................................................................ ..1

Revisão da literatura...........................................................................................4

Microbiota dos canais infectados.............................................................4

Preparo químico-mecânico.......................................................................7

Ação mecânica...............................................................................7

Ação química...............................................................................10

Considerações clínicas da irrigação dos canais radiculares...................13

Proposição.........................................................................................................26

Materiais e métodos...........................................................................................27

Seleção das amostras e preparo inicial..................................................27

Contaminação experimental dos canais.................................................28

Coleta inicial...........................................................................................28

Divisão dos grupos................................................................................. 29

Instrumentação/irrigação.........................................................................31

Coleta final..............................................................................................34

Resultados.........................................................................................................36

Discussão..........................................................................................................45

Conclusão..........................................................................................................52

Referências Bibliográficas.................................................................................53

Anexos...............................................................................................................71

Comitê de ética.......................................................................................72

Fluxograma do experimento...................................................................73

Esquema das coletas..............................................................................74

iii

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi comparar in vitro, a redução da população

bacteriana de Enterococcus faecalis após a instrumentação e irrigação de

canais utilizando três protocolos de irrigação. Sessenta e seis caninos com

comprimento entre 23 e 27mm foram selecionados. Após acesso e

odontometria, os dentes foram esterilizados e contaminados com Enterococcus

faecalis e incubados por 7 dias a 37º C. Após este período, foram feitas coletas

iniciais (S1) com pontas de papel absorvente. Os dentes foram divididos

aleatoriamente em 3 grupos de 20 e 1 grupo controle de 6 dentes. Grupo 1:

Sistema EndoVac®; Grupo 2: Navitip® a 3mm do comprimento de trabalho e

grupo 3: Navitip a 3 mm do comprimento de trabalho com ativação final com o

EndoActivator® por 60 segundos. Todos os dentes dos grupos 1, 2 e 3 foram

instrumentados com sistema ProTaper Universal® até o instrumento F4 e

irrigados com hipoclorito de sódio a 2,5% e EDTA por tempo e com volumes

pré-determinados. O grupo controle foi instrumentado da mesma maneira, mas

irrigado com solução salina. Após o preparo químico-mecânico, foram feitas as

coletas finais (S2) e semeadas em placas de ágar Mitis-Salivarius, sendo

depois incubadas a 37º C por 48 horas para a contagem das unidades

formadoras de colônias. O teste estatístico Kruskal-Wallis demonstrou não

haver diferença estatisticamente significante entre os sistemas de irrigação

testados (p>0,05). Os resultados deste estudo sugerem que nenhum dos

sistemas de irrigação avaliados foi superior ao outro na redução do número de

UFCs de E. faecalis no interior dos canais radiculares.

Palavras-Chave: tratamento endodôntico; infecção pulpar; irrigação;

Enterococcus faecalis; hipoclorito de sódio.

iv

ABSTRACT

The aim of this in vitro study was to compare the reduction of Enterococcus

faecalis load after chemo-mechanical preparation of root canals using three

different irrigation techniques. Sixty-six extracted canines of approximate

lengths between 23-27 mm were selected for this study. After access

preparation and establishment of the working length, teeth were sterilized,

contaminated with Enterococcus faecalis, and incubated at 37°C for 7 days.

After this period of time, the root canals were sampled by using paper points.

The root canals were divided into 3 experimental groups according to the

irrigation method used. In group 1, 20 canals were irrigated with EndoVac®

system; group 2, 20 root canals were irrigated with Navitip® at 3 mm of the

working length; group 3, 20 canals were irrigated with Navitip® at 3 mm of the

working length followed by final activation with EndoActivator® for 60 seconds.

Six teeth composed the control group. All root canals were instrumented by

using ProTaper Universal®, to final apical size # 40 (F4). 2.5% sodium

hypochlorite and 17% EDTA were used as irrigants in groups 1, 2 and 3. The

control group was irrigated using sterile saline. The chemo-mechanical

preparation was performed in a predetermined amount of time and using

standardized volume of irrigants. After chemo-mechanical preparation, the root

canals were sampled and plated onto Mitis-Salivarius agar plates and incubated

at 37°C for 48 hours. The colony forming units that were grown were counted.

The Kruskal-Wallis test showed no difference between the three irrigation

systems (p>0.05). The results of this study suggest that none of the irrigation

systems evaluated was superior to other in reducing the number of CFUs of E.

faecalis within root canals.

Key-words: endodontic treatment; pulpal infection; irrigation;

Enterococcus faecalis; sodium hypochlorite.

v

LISTA DE FIGURAS

_______________________________________________________________

Figura 1- Componentes do sistema EndoVac® …..……...…….………............30

Figura 2- Contra-ângulo do sistema EndoActivator®……….............................30

Figura 3- Esquema de 1 ciclo de Microirrigação do sistema EndoVac®.........32

Figura 4- Dinâmica da irrigação do sistema EndoVac®...................................32

Figura 5- Eletromicrografia do canal radicular mostrando contaminação das

paredes por células Enterococcus Faecalis......................................................36

Figura 6- Distribuição das médias, assim como, do valor máximo e mínimo e

do desvio-padrão dos dados relativos a S1.......................................................41

Figura 7- Valores relativos às médias de S2....................................................42

Figura 8 - Valores relativos às médias de S2, assim como, o desvio-padrão

sem o grupo controle.........................................................................................43

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo do EndoActivator®................................... 37

Tabela 2- Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo do EndoVac®.............................................38

Tabela 3- Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo da Navitip®................................................39

Tabela 4- Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo Controle.....................................................39

Tabela 5- Comparação estatística em S2..........................................................41

Tabela 6- Número de casos com cultura positiva e negativa em cada grupo...43

Tabela 7- Comparação qualitativa de casos com cultura positiva e negativa...44

vii

1. INTRODUÇÃO

______________________________________________________________

O principal objetivo do preparo químico-mecânico é a remoção de todo

tecido, vital ou necrosado, microorganismos e seus subprodutos do sistema de

canais radiculares. No entanto, o preparo químico-mecânico não é eficiente na

total remoção de remanescentes orgânicos e inorgânicos dos canais

radiculares, uma vez que são compostos por um complexo sistema nem

sempre acessível aos instrumentos endodônticos (FARINIUK et al., 2003;

GUTARTS et al., 2005). A limpeza incompleta do sistema permite a

permanência de microorganismos que poderão continuar viáveis e

patologicamente ativos, interferindo deste modo diretamente no processo de

reparação perirradicular (SIQUEIRA et al., 2000).

Esta limitação impulsiona a busca incessante por instrumentos, técnicas

de instrumentação, soluções químicas auxiliares ideais e métodos de irrigação

que proporcionem melhores resultados na terapêutica endodôntica (FERREIRA

et al., 2004).

A eficácia do protocolo de irrigação é dependente da natureza química

do agente irrigante, do tempo de ação do mesmo e da capacidade do irrigante

entrar em contato direto com todo o sistema de canais radiculares (CIUCCHI et

al.,1989). Em canais atrésicos e com curvaturas acentuadas, este contato

direto fica prejudicado (LOPES et al., 2004), principalmente no terço apical,

comprometendo a efetividade da limpeza do canal radicular (SENIA et al.,

1971).

1

Por isso, alguns estudos sugerem que a ponta da agulha da seringa de

irrigação deve estar o mais próximo possível do forame apical de modo a

otimizar a limpeza do terço apical (ABOU-RASS & PICCININO, 1982;

SEDGLEY et al., 2005). Todavia, quanto mais apicalmente a agulha é

posicionada, maior a probablilidade de extrusão de solução irrigadora

(DRUTTMAN & STOCK, 1989) e a extrusão inadvertida desta solução nos

tecidos periradiculares pode causar dor, sensação de queimação, inflamação e

possivelmente um atraso na cicatrização (LAMBRIANIDIS et al., 2001).

Como um sistema altamente efetivo de irrigação ainda não foi

estabelecido até o presente momento, novos métodos têm sido propostos para

otimizar a ação da solução irrigadora na desinfecção dos canais radiculares.

Dentre eles, o sistema EndoVac® (Discus Dental, Culver, CA, EUA) e o

EndoActivator® (Dentsply Tulsa Dental, Oklahoma, OK, EUA).

O EndoVac® é um sistema de irrigação que usa o fenômeno da pressão

negativa apical para levar a solução irrigadora até a região apical. De modo

oposto aos sistemas convencionais seringa-cânula, o sistema EndoVac®

possui uma microcânula para aspiração que deve ser posicionada na região

apical fazendo com que a solução irrigadora seja aspirada no sentido ápico-

cervical de um reservatório, que no caso é a câmara pulpar. Este sistema

permite a utilização de um volume maior de solução irrigadora quando

comparado ao sistema seringa-cânula no mesmo lapso de tempo (NIELSEN &

BAUMGARTNER, 2007). O efeito da sucção apical do irrigante permite a

formação de uma rápida turbulência dentro do espaço principal do canal

radicular e este fluxo de solução irrigadora passando por entre paredes

2

dentinárias do canal e a superfície externa da microcânula pretende otimizar a

limpeza do sistema de canais radiculares. Uma vez que a microcânula possui

orifícios laterais com extremidade fechada, a irrigação no comprimento de

trabalho tornaria-se viável e segura (SCHOEFFEL, 2007).

O EndoActivator® é um sistema sônico desenvolvido para ativar com

segurança a solução irrigadora pela vibração de uma ponta dentro do canal

radicular inundado de solução irrigadora resultando em um fenômeno

hidrodinâmico (RUDDLE, 2008). A ativação hidrodinâmica melhora o fluxo, a

circulação e a penetração da solução em áreas inacessíveis do sistema de

canais radiculares. A ativação sônica tem sido demonstrada como um método

coadjuvante eficaz na desinfecção dos canais radiculares (JENSEN et al.,

1999).

Deste modo, este trabalho in vitro foi elaborado com o objetivo de

comparar o efeito do uso do sistema EndoVac®, do EndoActivator® e do

sistema tradicional de irrigação na redução da população bacteriana de canais

radiculares contaminados por uma cepa selvagem (isolado endodôntico) de

Enterococcus faecalis.

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Microbiota dos canais infectados

A microbiologia endodôntica teve início com estudos de MILLER (1894),

quando foi relatada a associação entre bactérias e as patologias pulpares e

perirradiculares. Após exame bacteriológico do esfregaço obtido de canais

radiculares humanos, ele encontrou três tipos morfológicos básicos de células

bacterianas: cocos, bacilos e espirilos.

No entanto, a importância fundamental das bactérias na etiopatogenia das

doenças pulpares e periradiculares foi apenas demonstrada experimentalmente

em 1965, quando KAKEHASHI et al. realizaram experimentos com ratos

comuns e ratos isentos de germes. Neste estudo, verificaram que a necrose

pulpar e a destruição óssea perirradicular se desenvolviam somente nos ratos

comuns, quando suas polpas eram expostas à cavidade oral, concluindo então

que microrganismos são a principal causa das patologias pulpar e

perirradicular.

MÖLLER et al., (1981) confirmaram a etiologia microbiana da patologia

periradicular em um estudo com dentes de macacos demonstrando que,

somente as polpas desvitalizadas que estavam infectadas induziram formação

da lesão perirradicular enquanto que as polpas desvitalizadas não infectadas

não apresentaram alterações significantes nos tecidos perirradiculares.

Mais de trezentas espécies bacterianas reconhecidas atualmente na

microbiota normal da cavidade oral (GOMES, 2002) são potenciais infectantes

4

dos canais radiculares. Entretanto, apenas um grupo restrito de espécies, é

capaz de colonizar o canal radicular (SUNDQVIST, 1994).

Entre os fatores que promovem a seleção das bactérias nos canais

radiculares, destacam-se os fatores nutricionais, pH, temperatura, resistência

do hospedeiro, além da concentração de oxigênio. Na fase inicial da infecção

endodôntica, em que o oxigênio está presente em grande quantidade nos

tecidos, há um predomínio de bactérias facultativas. Com o início da necrose

tecidual, a tensão de oxigênio é reduzida pela ausência da microcirculação.

Com isso, há uma elevação da quantidade de microrganismos anaeróbios

estritos devido ao baixo potencial de óxido-redução (LOPES et al., 2004).

Numerosos estudos têm demonstrado que a microbiota das infecções

endodônticas é polimicrobiana, com uma grande predominância de bactérias

anaeróbias estritas (SUNDQVIST, 1976; SUNDQVIST et al., 1989).

Em dentes com infecções endodônticas secundárias e/ou persistentes,

que ocorrem quando os microrganismos infectam o sistema de canais

radiculares após a intervenção do profissional ou quando conseguem

sobreviver à terapia endodôntica, respectivamente, a ecologia da microbiota

endodôntica pode ser totalmente diferente e, em muitos casos, é improvável

que o microambiente sustente o predomínio de bactérias anaeróbias estritas.

(MAGALHÃES, 2006). Nestes casos, há uma distribuição equilibrada de

microrganismos anaeróbios estritos e anaeróbios facultativos, com uma ou

poucas espécies isoladas (MOLANDER et al., 1998; SUNDQVIST et al., 1998).

Dentre estas podemos ressaltar os gêneros Enterococcus e Streptococcus

(MOLANDER et al., 1998; PINHEIRO et al., 2003; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004).

5

Das espécies de Enterococcus, o E. faecalis é a espécie mais comumente

isolada em dentes com infecção endodôntica secundária ou persistente

(ENGSTRÖM et al.,1964; HAAPASALO et al., 1983; SUNDQVIST et al., 1998;

RÔÇAS et al., 2004). Estes microrganismos são capazes de penetrar e

colonizar túbulos dentinários (ORSTAVIK & HAAPASALO, 1990; SIQUEIRA et

al., 1996) e, uma vez alojados nestes túbulos, podem sobreviver ao preparo

químico mecânico e à medicação intracanal, pois esta espécie possui

características que permitem sua sobrevivência em condições extremas que

seriam letais a várias outras espécies de microorganismos (LOVE, 2001).

Enquanto monoinfecções são raramente encontradas em infecções

endodônticas primárias, a espécie E. faecalis pode ser freqüentemente isolada

em cultura pura oriunda de infecções endodônticas refratárias (PECIULIENE et

al., 2001; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004; RÔÇAS et al., 2004). MOLANDER et al.,

1998) examinaram microbiologicamente 100 dentes com tratamento

endodôntico apresentando lesões perirradiculares. Os microrganismos

anaeróbios facultativos corresponderam a 68% das cepas bacterianas isoladas,

das quais 32% foram E. faecalis, sugerindo que este microrganismo exerce um

papel importante no insucesso do tratamento endodôntico. Estes dados

corroboram os de PECIULIENE et al. (2001), que coletaram material de 40

canais radiculares com lesões perirradiculares de dentes já obturados e

também verificaram que E. faecalis foi a espécie mais encontrada.

RADCLIFFE et al. (2004) realizaram um estudo com o objetivo de

determinar a resistência de microorganismos associados a infecções

endodônticas refratárias. Foi utilizado o hipoclorito de sódio em concentrações

6

variadas e observaram que o E. faecalis foi mais resistente ao hipoclorito de

sódio do que as outras espécies testadas.

Alguns microrganismos se localizam na luz do canal principal e sua

remoção pode ser alcançada através do preparo químico-mecânico. Entretanto,

em muitos casos, os microrganismos migram da luz do canal principal para os

túbulos dentinários, canais laterais e outras irregularidades anatômicas.

Estudos têm mostrado que esta invasão dentinária ocorre entre 50% a 80%

dos dentes com lesão perirradicular (PETERS et al., 2000; PETERS et al.,

2001).

2.2 Preparo químico-mecânico

O objetivo principal do preparo químico-mecânico é remover tecido vital

ou necrosado do sistema de canais radiculares e proporcionar uma modelagem

que permita a inserção de um material obturador adequado (ESTRELA, 2004).

Ação mecânica

Estudos nos quais foram utilizadas substâncias irrigadoras sem efeito

antimicrobiano demonstraram que a ação mecânica dos instrumentos foi capaz

de reduzir significantemente o número de células bacterianas do canal radicular

(BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1981; SIQUEIRA et al., 1999). Porém, a

eliminação total da carga bacteriana não foi observada na maioria dos casos.

7

BYSTRÖM & SUNDQVIST (1981) avaliaram a redução da carga

bacteriana de canais infectados após a instrumentação manual com limas de

aço inoxidável sob irrigação com solução salina. Constataram que mesmo após

cinco intervenções, sem o uso de qualquer medicação, sete dos quinze canais

radiculares permaneciam com bactérias viáveis.

A relativa limitação do efeito antibacteriano do preparo mecânico foi

também reportado por DALTON et al. (1998). Neste estudo, os autores

compararam a redução bacteriana intracanal promovida por duas técnicas de

instrumentação: a rotatória com limas de níquel-titânio (NiTi) e a técnica

convencional step-back com limas K manuais, utilizando a solução salina como

irrigante. Após o preparo de 48 dentes com lesão perirradicular, houve redução

da carga bacteriana a partir da primeira intervenção e assim progressivamente

até a quarta intervenção. No entanto, nenhuma das técnicas foi capaz de

eliminar totalmente as bactérias dos canais radiculares.

SIQUEIRA et al. (1999) avaliaram experimentalmente a redução

bacteriana de canais infectados com E. faecalis pela ação mecânica de três

técnicas de instrumentação. O irrigante utilizado foi solução salina. Todas as

técnicas reduziram significantemente o número de células bacterianas dos

canais radiculares, mas a maior redução foi observada nos dentes preparados

com limas NiTiflex® ( Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) até o preparo apical

com instrumento # 40. Os resultados também indicaram que com o aumento do

diâmetro do preparo apical do instrumento #30 para #40, houve um aumento

significante na redução do número de bactérias viáveis. Com base nos

resultados do estudo descrito, fica claro que o aumento seqüencial do preparo

8

apical gera uma redução na quantidade bacteriana (ØRSTAVIK et al.,1991;

SIQUEIRA et al., 1999).

Em um estudo similar, COLAK et al. (2005) compararam a efetividade de

três técnicas endodônticas na eliminação de E. faecalis do canal radicular.

Trinta e cinco dentes unirradiculares foram contaminados com E. faecalis e

instrumentados com limas manuais de aço inoxidável Hedström, limas

Hedström adaptadas ao Giromatic (motor de rotação alternada), limas Hero

642 rotatórias de níquel-titânio e um grupo controle. Solução salina estéril foi

utilizada para irrigação e as amostras bacterianas coletadas antes e depois do

preparo mecânico. Os autores concluíram que todos os sistemas foram

capazes de reduzir significativamente o número de bactérias, não havendo

diferença estatística significativa entre eles.

Considerando também o tamanho e forma dos instrumentos

endodônticos convencionais, fica claro que os procedimentos mecânicos

isoladamente são insuficientes para a completa limpeza dos canais radiculares

(GERNHARDT et al., 2004). Remanescentes de tecido mole e raspas de

dentina podem persistir após o preparo do canal (GUTIERREZ et al., 1990;

GERNHARDT et al., 2004) alojados em istmos e irregularidades do sistema de

canais radiculares, podendo servir como uma fonte de nutrição para os

microorganismos que sobreviveram à terapia endodôntica, permitindo desta

forma que eles se multipliquem (LOVE, 2001).

Com base nestes argumentos, pode-se afirmar que o preparo mecânico

somado ao uso de uma solução irrigadora sem efeito antibacteriano reduz

significantemente o número de microorganismos, mas não é capaz de eliminar

9

todas as bactérias do sistema de canais radiculares infectados (BYSTRÖM &

SUNDVIST, 1981; SIQUEIRA et al., 1999; HAAPASALO et al., 2003;

HAAPASALO et al., 2005, COLAK et al., 2005), tornando imprescindível a

associação do efeito da instrumentação à soluções irrigadoras com poder

antibacteriano.

Ação Química

O uso de soluções irrigadoras tem um papel importante na efetividade do

preparo químico-mecânico, aumentando a eliminação bacteriana, facilitando a

remoção de tecido necrosado e de raspas de dentina do canal radicular. Os

irrigantes também ajudam à prevenir que tecido mole e duro infectado fique

compactado apicalmente no canal radicular e na região perirradicular

(HAAPASALO et al., 2005).

Entre as propriedades importantes das soluções irrigadoras, podemos

ressaltar a capacidade de limpeza, a ação antimicrobiana, o poder de

dissolução de matéria orgânica e a tolerância tecidual (ESTRELA & PÉCORA,

2004).

O hipoclorito de sódio (NaOCl) é a solução irrigadora mais empregada na

clinica endodôntica. Foi inicialmente utilizado para limpeza de feridas em 1915,

por Dakin, durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1936, WALKER propôs sua

utilização em Endodontia através do uso de soda clorada duplamente

concentrada (NaOCl a 5 %) como solução irrigante dos canais radiculares.

10

Desde então é utilizado em concentrações que variam de 0,5% a 5,25%,

sendo um forte agente antimicrobiano que representa um papel importante na

dissolução de tecido orgânico da polpa, além de eliminar bactérias

rapidamente, mesmo em baixas concentrações (HAAPASALO et al., 2003).

HAND et al. (1978), em um estudo realizado com ratos, avaliaram o poder

de dissolução de tecido necrosado do NaOCl em várias concentrações, em

comparação com o da solução salina, água destilada e peróxido de hidrogênio

a 3 %. Os autores concluíram que o NaOCl a 5,25% foi significantemente mais

efetivo como solvente de tecido necrótico do que as outras soluções testadas.

MOORER & WESSERLINK (1982) verificaram os fatores que influenciam a

capacidade do NaOCl de dissolver tecido orgânico. Conclui-se que o poder de

dissolução do hipoclorito de sódio depende, fortemente, de vários fatores,

dentre eles, a quantidade de matéria orgânica em relação ao hipoclorito

presente, a freqüência e intensidade de fluxo irrigante (MOORER &

WESSERLINK, 1982) e a superfície de contato entre o tecido e a solução de

hipoclorito de sódio (SENIA et al., 1971; HAND et al., 1978; MOORER &

WESSERLINK, 1982).

BYSTRÖM & SUNDQVIST (1983) demonstraram que o preparo

químico-mecânico do canal radicular adicionado a uma solução sem efeito anti-

séptico reduziu em 50% a quantidade de bactérias. No entanto, quando foi

adicionado o hipoclorito de sódio a 0,5% a redução bacteriana foi de 80%.

A relação entre a concentração do NaOCl e sua atividade antimicrobiana

foi avaliada por HAND et al. em 1978. Neste trabalho, os autores

demonstraram que a diluição do NaOCl a 5,25% reduz significantemente a

11

propriedade antibacteriana desta solução. O que foi confirmado posteriormente,

por HARRISON & HAND (1981) em um estudo in vitro.

GOMES et al. (2001) analisaram o efeito antimicrobiano in vitro de

várias concentrações de NaOCl sobre E. faecalis. Este microrganismo foi

eliminado em menos de 30 segundos por uma solução de NaOCl na

concentração de 5,25% enquanto na concentração de 2,5% e 0,5% foram

necessários 10 e 30 minutos, respectivamente.

A capacidade do hipoclorito de sódio penetrar em túbulos dentinários foi

constatada em um estudo in vitro de BERBER et al. (2006). Os autores

objetivaram avaliar a redução bacteriana dentro dos túbulos dentinários

infectados com E. faecalis imediatamente após o preparo químico-mecânico

utilizando o NaOCl em concentrações variadas como irrigante e concluíram que

o hipoclorito à 5,25% teve a melhor atividade antimicrobiana dentro dos túbulos

dentinários .

SIQUEIRA et al. (2000) analisaram o efeito antimicrobiano in vitro

produzido pelo emprego de soluções de NaOCl a 1%, 2,5% e 5,25% após o

preparo químico-mecânico de canais radiculares contaminados

experimentalmente com E. faecalis. Os resultados mostraram que todas as

soluções testadas reduziram significativamente o número de células

bacterianas no canal radicular.

Embora muitos trabalhos demontrem que o NaOCl a 5,25% possui um

maior efeito antibacteriano e uma maior capacidade de dissolução de matéria

orgânica, SPANGBERG et al. (1973) salientaram que sua citotoxicidade,

também é fortemente influenciada por sua concentração. PASHLEY et al.

12

(1985), em um estudo in vitro, demonstraram que o NaOCl apresenta maior

citotoxicidade e maiores efeitos cáusticos no tecido nesta alta concentração

quando comparado a soluções de 0,5% e 1%. Posteriormente, CHANG et al.

(2001) e TANOMARU et al. (2002) também confirmaram a relação de

concentração e citotoxicidade do NaOCl.

Os efeitos lesivos causados por uma substância desinfetante sobre os

tecidos dependem de sua própria toxicidade, de sua concentração, do tempo e

da área de contato com os tecidos (LOPES et al., 2004).

Embora in vitro a solução de NaOCl apresente pronunciada

citotoxicidade (PASHLEY et al., 1985), in vivo este efeito não foi observado por

HARRISON et al. (1978) uma vez que pacientes tratados com NaOCl a 5% e

solução salina como solução irrigadora, não demonstraram diferença estatística

em relação a dor pós-operatória.

A concentração ideal seria a que combinasse o máximo efeito

antimicrobiano com a mínima citotoxicidade (BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1983).

Todavia, não existe um consenso quando se trata da concentração ideal.

(SIQUEIRA et al., 2000)

Vários autores consideram a concentração de 2,5% como a de primeira

escolha (TREPAGNIER, 1977; DE DEUS, 1992; COHEN & BURNS, 1994) uma

vez que a renovação e o volume de solução empregado são capazes de

manter a efetividade antimicrobiana da solução, compensando os efeitos da

concentração (BAUMGARTNER & CUENIN ,1992; SIQUEIRA et al., 2000).

2.3 Considerações clínicas da irrigação dos canais radiculares

13

É oportuno considerar que a efetividade de uma solução depende de

vários fatores, entre eles, a anatomia do canal radicular, volume utilizado,

técnica de preparo do canal radicular, diâmetro do preparo apical, calibre das

agulhas irrigadoras assim como a profundidade de penetração das mesmas

(LOPES et al., 2004).

A complexidade anatômica do sistema de canais é um fator decisivo na

qualidade da limpeza das paredes dentinárias. Enquanto o canal reto e amplo

facilita a limpeza, não só pela maior penetração da agulha, mas pelo fato do

uso de agulha de maior calibre levar maior volume de irrigante, canais atrésicos

(SENIA et al., 1971) e presença de curvaturas acentuadas são fatores

limitantes (LOPES et al., 2004).

Existem poucos estudos na literatura que fazem menção ao volume dos

irrigantes e nem sempre são coincidentes. BAKER et al. (1975) afirmaram que

a limpeza do canal radicular está mais relacionada ao volume do líquido

utilizado do que a o tipo da solução irrigadora, enquanto que WALTERS et al.

(2002) salientaram que o aumento do volume de irrigante não influenciou na

eficácia na remoção de resíduos do interior dos canais radiculares.

Apesar do preparo apical mais largo ser mais apropriado para promover

a ação antibacteriana da solução irrigadora e dos medicamentos, há que se

considerar que, devido a razões técnicas e anatômicas, não é possível remover

toda a dentina infectada pela instrumentação. (HAAPASALO et al., 2005). Nos

casos de biopulpectomia, o calibre do preparo apical pode não ser relevante

para o sucesso, no entanto, nos tratamentos de dentes com rarefação

14

perirradicular, a qualidade e o calibre do preparo apical podem ser significativos

(SIQUEIRA et al., 1999; CARD et al., 2002; ROLLISON et al., 2002).

KHADEMI et al. (2006) realizaram um experimento com objetivo de

determinar o menor diâmetro apical que possibilite a penetração dos irrigantes

resultando em uma remoção efetiva de debris e smear layer. Após realizada a

instrumentação coroa-ápice de 40 raízes mesiais de molares inferiores nos

diâmetros apicais de 0,20, 0,25, 0,30 e 0,35mm, conluíram que com diâmetro

apical de 0,30mm e com um preparo de conicidade 0,06, foi possível obter uma

limpeza efetiva (100% de debris) no terço apical dos canais radiculares.

HUANG et al. (2007) hipotetizaram que a remoção do biofilme aderido

à superfície interna do canal radicular pode ser facilitada pelo alargamento

suficiente do canal, além da irrigação com o uso de uma agulha com várias

saídas, constante movimentação da agulha durante a irrigação e freqüente

renovação da solução irrigadora.

Entretanto, existem controvérsias a respeito do aumento do diâmetro do

preparo apical com este propósito. BUCHANAN (1993) preconizou que o

preparo apical deveria ser mínimo com o objetivo de minimizar a possibilidade

de formação de degraus e para um melhor controle dos materiais obturadores.

ABOU-RASS & PICCININO (1982) afirmaram que canais com diâmetro

apical de 0,25mm podem ser efetivamente limpos se o terço coronário e médio

forem preparados de modo a permitir o avanço da agulha para o terço apical.

Da mesma forma, COLDERO et al. (2002) concluíram que não é necessário

um preparo apical excessivo para se obter redução bacteriana significativa,

uma vez que a conicidade coronária proveniente do uso de sistemas rotatórios

15

como Profile e GT permitem o acesso da solução irrigadora antimicrobiana ao

terço apical dos canais radiculares.

Nenhum estudo, in vivo, até a presente data, demonstrou uma relação

definitiva entre o alargamento apical e sucesso cínico. Proponentes de um

preparo apical mais amplo sugerem que seria a maneira mais previsível de

limpar e desinfectar. Todavia, é conveniente ressaltar que na prática clínica, o

diâmetro final do preparo radicular dependerá do volume radicular e da

presença de curvaturas (SIQUEIRA, 2002).

Adicionalmente ao calibre do preparo apical, estudos histológicos

demonstraram a influência da conicidade do preparo na eficácia da remoção de

resíduos (ALBRECHT et al., 2004; USMAN et al., 2004). Resíduos foram

removidos com maior eficiência usando limas Profile GT de conicidades 0,04,

0,06 e 0,08 quando o preparo apical foi maior (calibre 40 comparado com

calibre 20). No entanto, os autores concluíram que quando a conicidade foi

0,10 não houve diferença na remoção de debris entre os dois calibres,

provavelmente devido ao aumento da penetração da agulha de irrigação em

direção apical e conseqüente melhoria da efetividade da irrigação (ALBRECHT

et al., 2004).

A penetração dos irrigantes no sistema de canais radiculares está

fortemente relacionada ao diâmetro da agulha em relação ao calibre do preparo

apical (RAM, 1977).

SENIA et al. (1971) verificaram que a profundidade da agulha irrigadora

também exerce um papel importante na remoção de resíduos do interior dos

16

canais radiculares e ressaltaram fatores que afetam o processo de irrigação

como o volume, renovação da solução e superfície de contato.

A influência da profundidade da agulha em relação à otimização da

limpeza do sistema de canais radiculares também foi demonstrada por ABOU-

RASS & PICCININO (1982) e SEDGLEY et al. (2005). Neste último estudo os

autores compararam a eficácia da irrigação mecânica de 6 ml de irrigante inerte

colocado a 5 mm do comprimento de trabalho e a 1 mm deste. Os autores

afirmaram que a profundidade da agulha de irrigação foi um fator significante

na redução da população bacteriana de canais radiculares.

No entanto, CHOW (1983), no seu um estudo in vitro, demonstrou a

impossibilidade dos irrigantes serem levados muito além do término da ponta

da agulha. Baseado neste contexto, o autor sugere que a ponta da agulha deve

ser posicionada o mais próximo possível do término do preparo apical.

A introdução de agulhas irrigadoras finas com ponta de segurança para

ser usada no comprimento de trabalho ou a 1 mm dele, pode ser um caminho

promissor para melhorar a eficácia da irrigação na região apical de dentes

necrosados com lesão perirradicular (ZEHNDER, 2006).

HSIEH et al. (2007), ao avaliarem a distribuição de água destilada a 50º

C em canais radiculares através do método de análise de imagem térmica,

verificaram que o fluxo de irrigante só se torna eficaz em canais atrésicos se for

utilizada uma agulha de diâmetro interno estreito próximo ao ápice.

O menor diâmetro da agulha implica na necessidade de aplicar mais

força para empurrar o êmbolo (MOSER & HEUER, 1982) e o aumento da

pressão aplicada durante a irrigação tem sido associado com a extrusão do

17

irrigante pelo ápice (DRUTTMAN & STOCK, 1989; AHMET et al., 2004;

GERNHARDT et al., 2004). Da mesma forma, o travamento da agulha na

parede do canal durante a irrigação, aumenta o risco de extrusão de irrigante

para os tecidos perirradiculares (LAMBRIANIDIS, 2001; AHMET et al., 2004).

Durante a irrigação, deve ser exercida uma leve e constante pressão

sobre o êmbolo da seringa e o operador deve permitir que o excesso de

irrigante reflua para a cavidade pulpar (HÜSLMANN & HAHN, 2000). Contudo,

o contato entre os tecidos perirradiculares e a solução irrigadora parece

inevitável (VANDE-VISSE & BRILLIANT, 1975). Por outro lado, um estudo in

vivo realizado por SALZEBER & BRILLIANT (1977) utilizou um material

radiopaco como irrigante e demonstrou que o tecido vital ajuda a prevenir a

extrusão da solução irrigadora, em contraposição aos casos de polpas

necrosadas onde a solução foi extravasada para a área de rarefação

perirradicular.

FUKUMOTO et al. (2006) testaram uma nova técnica de irrigação

desenvolvida utilizando cânula de aspiração posicionada no terço apical

(pressão apical negativa), simultaneamente a uma irrigação, com o objetivo de

otimizar a remoção da smear layer e minimizar a extrusão de irrigante através

do forame apical. Os resultados demonstraram que a irrigação feita através da

aspiração apical permitiu uma maior remoção da smear layer do que a técnica

convencional. Adicionalmente foi observado que a utilização da técnica da

aspiração apical resultou em um menor índice de extrusão da solução

irrigadora através do forame apical.

18

SCHOEFFEL (2007) criticou os estudos sobre irrigação de

TORABINEJAD et al. (2003) e GRANDINI et al. (2002), pois estes obtiveram

excelentes resultados de desinfecção e debridamento apical utilizando pressão

positiva, mas não foi feito um selamento do ápice, permitindo desta maneira o

fluxo de solução irrigadora através do forame apical. Segundo o autor, a falta

de selamento do ápice em estudos in vitro previne a formação de uma “bolha”

apical.

Ainda, segundo SCHOEFFEL (2008), quando um canal radicular

preparado com diâmetro apical inferior a 0,35mm é irrigado com hipoclorito de

sódio, há uma liberação de gases de amônia e de dióxido de carbono

resultantes da reação química com a matéria orgânica. Estes gases ficam

aprisionados na região apical formando a “bolha” apical, impedindo a

penetração do irrigante nesta área. O autor ressalta que mesmo com a

introdução de instrumentos nesta região, não é possível reduzir ou eliminar

esta “bolha” de gás.

O EndoVac® foi elaborado com o propósito de sobrepor o perigo de

extruir solução irrigadora pela criação de uma pressão negativa apical no

comprimento de trabalho. O componente principal do sistema é uma

microcânula de diâmetro externo de 0,32 mm, com uma ponta esférica

fechada, e 12 microfuros localizados lateralmente no 0,7 mm finais da

microcânula. Estes microfuros teriam duas funções principais: a de aspirar o

irrigante diretamente e abundantemente para 0,2 mm do comprimento de

trabalho e servir como um sistema de micro filtragem para prevenir o

entupimento do lúmen da microcânula (SCHOEFFEL, 2007). O sistema é

19

composto por uma ponta principal de irrigação (master delivery tip), uma ponta

plástica para a macro irrigação e uma ponta metálica para a microirrigação. A

master delivery tip irriga e aspira ao mesmo tempo e é preconizada para ser

utilizada durante o preparo químico-mecânico. Esta ponta é posicionada na

câmara pulpar e nela se adapta uma seringa descartável de 20 ml com a

solução irigadora. Ao final da instrumentação, é mantida a master delivery tip e

é acrescido ao sistema a macrocânula posicionada à 4 mm do ápice. A

macrocânula aspira a solução irrigadora enquanto a master delivery tip irriga e

também aspira evitando o transbordamento da solução irrigadora. Por fim, a

macrocânula é substituída pela microcânula posicionada no comprimento de

trabalho. Nesta fase é recomendado a realização de 3 ciclos de microirrigação

que consiste em posicionar a microcânula à 2 mm do comprimento de trabalho

irrigando por 6 segundos, avançar a microcânula para o comprimento de

trabalho e manter a irrigação por 6 segundos. Este movimento é mantido até

completar 30 segundos. O fabricante recomenda que seja feito um ciclo inteiro

de microirrigação com EDTA.

O sistema EndoVac® foi testado por NIELSEN & BAUMGARTNER

(2007) compararando o efeito da irrigação deste equipamento em relação ao

uso da agulha de irrigação Pro Rinse (Dentsply Tulsa Dental, Oklahoma,Ok,

EUA) # 30 posicionada apicalmente em dentes recém extraídos. Os autores

relataram que a irrigação com o sistema EndoVac consumiu 42,21ml de

hipoclorito a 5,25% enquanto que a irrigação com o sistema seringa-cânula

consumiu apenas 15,17ml em um mesmo espaço de tempo. Os resultados

revelaram um melhor debridamento a 1 mm do comprimento de trabalho, com

20

diferença estatisticamente significante (p= 0,0347), enquanto que a 3mm do

comprimento de trabalho, não houve diferença estatisticamente significante.

HOCKETT et al. (2008) compararam, in vitro, a eficácia antimicrobiana

de duas técnicas de irrigação na eliminação de Enterococcus faecalis em

canais mesiais de molares inferiores. Os sistema utililizados foram o EndoVac®

e o método tradicional de irrigação com uma agulha Max-i-probe® (Dentsply

Tulsa Dental, York, PA, EUA) de calibre 30 a 1,5mm do comprimento de

trabalho. Os dentes foram divididos em 4 grupos onde os grupos 3 e 4 foram

instrumentados com sistema Protaper Universal® até o instrumento F3

complementado com preparo apical de diâmetro ISO # 35, por meio de

instrumento manual de NiTi. Os demais grupos (1 e 2) receberam um preparo

sem conicidade utilizando o sistema lightspeed LSX, com batente apical

realizado com o instrumento manual de NiTi de conicidade 0,02 e diâmetro (Do)

0,45mm. Após a instrumentação, todos os dente foram irrigados com 3 ml

NaOCl a 6%, seguido do uso de 1,5 ml de EDTA a 17% e novamente 3 ml de

NaOCl a 6%. Ao final desta etapa todos dentes foram esterilizados e imersos

em um meio TSB adicionado de 15 ml de cultura pura de E. faecallis e

deixados em frascos a 37ºC por 30 dias. Após este período foi realizada uma

irrigação final com o sistema EndoVac® durante 3 minutos e 30 segundos nos

grupos 1 e 4, e com o sistema tradicional de irrigação e agulha Max-i-probe a

1,5 mm do comprimento de trabalho, durante 5 minutos nos grupos 2 e 3.

Através dos resultados obtidos, os autores observaram que o sistema de

irrigação EndoVac® foi capaz de promover uma ação antimicrobiana superior

em relação ao sistema tradicional de irrigação. Não houve diferença entre os

21

grupos em relação ao tipo de instrumentação, permitindo concluir que

utilizando um sistema de desinfecção eficaz é possível alcançar resultados

previsíveis mesmo com um preparo apical de diâmetro 0,35mm.

Aparelhos ultra sônicos e subsônicos são também ferramentas utilizadas

para a otimizar a irrigação (KHAN et al., 1995).

O conceito do uso do ultra-som foi introduzido na Endodontia por

RICHMAN em 1957, no entanto, isto não ocorreu até que MARTIN et al. (1976)

demonstraram a habilidade de limas tipo K ativadas com ultra-som em cortar

dentina, o que gerou um uso comum no preparo dos canais radiculares

(PLOTINO et al., 2007).

Ultra-som é energia sonora com uma freqüência acima da audição

humana, que é de 20 kHz. A taxa de freqüência empregada na unidade ultra

sônica original era entre 25 a 40 kHz. Depois as chamadas peças de mão de

baixa freqüência sônica operando de 1 a 8 kHz foram desenvolvidas (PLOTINO

et al., 2007). Os instrumentos ativados pelo ultra-som são capazes de preparar

e limpar os canais radiculares mecanicamente. As limas oscilam em vibração

transversa formando um desenho de nodos e anti nodos ao longo de seu

comprimento (WALMSLEY, 1987; WALMSLEY & WILLIAMS 1989).

Além da instrumentação, as limas ativadas pelo ultra-som promovem

também uma irrigação ativa dos canais radiculares. A irrigação ativa promove

uma corrente acústica descrita como uma movimentação circular intensa do

fluido ao redor da lima conhecido como turbilhões. Quando a lima é ativada

pela energia do ultra-som, a corrente acústica melhora a capacidade de

22

limpeza do irrigante dentro do espaço pulpar através de um cisalhamento

hidrodinâmico (MUNLEY & GOODELL, 2007).

Na literatura encontram-se dois tipos de irrigação ultra-sônica: o

primeiro onde a irrigação é feita simultaneamente com a instrumentação ultra-

sônica (UI) e o segundo, sem a instrumentação simultânea denominada de

irrigação ultra-sônica passiva (PUI). Durante a UI a lima toca intencionalmente

as paredes do canal radicular. Alguns autores demonstraram que a UI foi

menos efetiva na remoção de tecido pulpar simulado ou de smear layer de

dentro dos canais radiculares do que a PUI (WELLER et al. 1980; AHMAD et

al. 1987). Segundo AHMAD et al. (1987), isto provavelmente se deve a uma

redução da corrente acústica e formação de cavidades. O contato da lima nas

paredes do canal radicular atrapalha a oscilação livre do instrumento ativado

pelo ultra-som. Quando a lima é introduzida no canal radicular, ela tocará as

paredes de dentina em diferentes pontos ao longo do seu comprimento e se

tornará ativa nestes pontos. Isto influenciará na amplitude da oscilação

comprometendo seu desempenho (WALMSLEY,1987). Além disto, o controle

de corte da dentina durante o preparo com ultra-som é muito difícil, desta forma

fica impossível de controlar a forma do preparo do canal radicular, resultando

em formas irregulares e perfurações (STOCK, 1991; LUMLEY et al. 1992).

A irrigação ultra-sônica passiva (PUI) foi primeiramente descrita por

WELLER em 1980. Segundo Van der Sluis et al. (2007), o termo “passiva” não

é adequado para identificar o processo, uma vez que de fato ela é ativa. Na

verdade, este termo esta relacionado a uma ação sem corte da lima

ultrasonicamente ativada (VAN DER SLUIS et al., 2007). A PUI consiste em,

23

após o término da instrumentação do conduto, posicionar um instrumento de

diâmetro pequeno no centro do canal radicular, o mais próximo da região

apical. O conduto é então preenchido com a solução irrigadora e a lima ativada

pelo ultra-som oscila ativando a solução irrigadora. Como o conduto já foi

preparado, a lima pode se mover livremente e o irrigante pode penetrar mais

facilmente no segmento apical do sistema de canais radiculares (KRELL et

al.,1988). Durante a PUI nenhum movimento é feito no instrumento, o mesmo é

mantido livre sem tocar nas paredes do canal radicular (JENSEN et al.,1999).

Utilizando esta metodologia, a probabilidade de formar cavidades ou formas

irregulares, é significantemente reduzida (VAN DER SLUIS et al., 2006).

Existe também uma discussão na literatura no que diz respeito a

freqüência ideal do ultra-som para realizar a PUI. A energia ultra sônica gera

freqüências mais altas (25-40 kHz) do que as geradas pelos aparelhos sônicos

(1-8 kHz) (SABINS et al., 2003).

SABINS et al. realizaram um estudo que comparou a eficácia da

irrigação sônica em relação à ultra-sônica após a instrumentação de canais

radiculares. A avaliação de debris remanescentes foi feita após 30 e 60

segundos de irrigação passiva sônica e ultra-sônica. Os resultados

demonstraram que ambos os métodos são capazes de melhorar a limpeza dos

canais radiculares, mas a ativação ultra-sônica foi capaz de remover uma

quantidade maior de debris nos dois intervalos de tempo avaliados.

Entretanto é importante ressaltar que não há consenso na literatura que

suporte que uma forma de energia é superior em relação a outra (JENSEN et

al.,1999; VAN DER SLUIS et al., 2007).

24

O EndoActivator® é um sistema sônico desenvolvido para ativar com

segurança a solução irrigadora pela vibração da ponta dentro do canal radicular

inundado de solução irrigadora resultando em um fenômeno hidrodinâmico

(RUDDLE, 2008).

O EndoActivator® é composto por uma peça de mão e três pontas

descartáveis com 22 mm de comprimento,de tamanhos e conicidades variadas.

Estas pontas são identificadas por cores, sendo a amarela a menor, a vermelha

a média e a azul a maior. São fabricadas com polímero e por isso não são

capazes de promover cortes ou desvios na dentina radicular. As pontas

acoplam na peça de mão através de um encaixe de pressão. A peça de mão

não tem fio, funciona com pilhas e é angulada. Existem três opções de

velocidade : 2.000, 6.000 e 10.0000 ciclos por minuto (cpm). A velocidade de

10.000 cpm é a recomendada para otimizar o debridamento, remoção de

smear layer e biofilme. A seleção da ponta é feita verificando se a mesma fica

solta a 2 mm do comprimento de trabalho. O fabricante recomenda a sua

utilização na irrigação final, preenchendo o conduto com EDTA a 17% e

ativando a solução por 60 segundos (RUDDLE, 2008).

Até a presente data não há estudos que avaliem a capacidade de

amplificação da eficácia antimicrobiana pelo EndoActivator®.

25

PROPOSIÇÃO

_______________________________________________________________

Este trabalho teve como objetivo principal comparar in vitro, a redução

da população bacteriana de Enterococcus faecalis após a instrumentação e

irrigação de canais de dentes unirradiculares utilizando três protocolos de

irrigação: técnica de aspiração apical (Sistema EndoVac®), irrigação-aspiração

tradicional usando agulhas Navitip® (Ultradent, Utah, EUA) e irrigação–

aspiração tradicional usando agulhas Navitip®, seguida por com ativação final

com o Sistema EndoActivator®.

26

MATERIAIS E MÉTODOS

Seleção das amostras e preparo inicial

O protocolo deste estudo foi submetido à avaliação do Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Estácio de Sá e aprovado pelo mesmo sob o

número CAAE 0182.0.308.000-08 (ver anexo 1).

Foram selecionados 66 caninos superiores e inferiores unirradiculares

de um banco de dentes que apresentassem um comprimento total variando

entre 23 e 27 mm, verificados radiograficamente para a presença de canal

único. O acesso coronário foi feito com brocas esféricas compatíveis com o

tamanho da coroa e brocas Endo-Z® (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça). O

comprimento de trabalho (CT) foi determinado com um instrumento K#10 ou 15

que alcançou o forame apical, o que foi confirmado por visualização com lupa

estereoscópica. Nos dentes em que o comprimento excedeu 25 mm foi feito um

desgate incisal, sem ultrapassar o comprimento da metade da coroa do dente.

Em seguida, os canais radiculares foram instrumentados até um instrumento

tipo K# 25 com movimento de alargamento até o forame apical, sob irrigação

com água corrente, com o objetivo de padronizar o diâmetro do mesmo.

Após o estabelecimento da odontometria, os forames apicais foram

vedados com cola epóxi Araldite® (Brascola, São Bernardo do Campo, SP) de

endurecimento rápido, a fim de prevenir o extravasamento da cultura

bacteriana após a contaminação dos espécimes.

Para tornar a identificação e o manuseio mais fácil, os dentes foram

incluídos em material para impressão à base de silicone (Vigodent S/A, Rio de

27

Janeiro, RJ) em formas padronizadas untadas com vaselina, deixando-se

apenas a coroa exposta, sendo depois esterilizados em autoclave à 121º C, 26

PSI por 15 minutos.

Contaminação experimental dos canais

Foi preparada uma suspensão bacteriana mediante adição a um meio

TSB (caldo de soja-tripticaseína) de 1 ml de cultura pura de Enterococcus

faecalis (ATCC 29212), que foi cultivada no referido meio por 24 horas. Em

seguida, cada canal foi completamente preenchido com a suspensão, por meio

da utilização de seringas de insulina estéreis. A suspensão bacteriana foi

levada até o comprimento de trabalho (CT) com o auxílio de um instrumento

estéril tipo K #15 (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) com comprimento de

25 mm.

Após a contaminação, os dentes foram colocados em caixas metálicas

estéreis em umidade de 100% e incubados a 37ºC por sete dias, sendo meio

de cultura estéril adicionado ao canal 1, 4 e 6 dias após inóculo inicial.

Coleta inicial (S1)

Para a coleta inicial, os canais foram preenchidos com de solução salina

estéril a 0,85%, sem transbordar, antes de cada coleta. A coleta inicial (S1) foi

feita com 3 pontas de papel absorvente estéreis de calibre 25 (Endopoints,

Manacapuru, AM).

As pontas de papel contendo as amostras iniciais coletadas foram

colocadas em tubos de ensaio contendo 1 ml de solução salina a 0,85% e

agitados em vórtex por 1 minuto. Após diluição serial em solução salina até 10-3,

28

alíquotas de 0,1ml foram semeadas em placas de ágar Mitis-Salivarius (Difco

laboratories, Detroit, MI, EUA), sendo depois incubadas a 37º C por 48 horas.

Procedeu-se então as contagem das unidades formadoras de colônias (UFCs)

das amostras iniciais (S1), cujos valores foram transformados em números

logarítmicos (ver anexo 3).

Divisão dos grupos

Os dentes foram divididos aleatoriamente em três grupos experimentais,

cada um com 20 dentes e um grupo controle com 6 dentes:

Grupo 1: Os canais foram irrigados utilizando-se o sistema EndoVac®

(Discus Dental, Culver, CA , EUA), com volume total de substância química

auxiliar de 43 ml (figura 1).

Grupo 2: Os canais foram irrigados utilizando-se agulhas Navitip®

(Ultradent, Utah, EUA) gauge 30 a 3 mm do CT, com volume total de 20 ml de

substância química auxiliar.

Grupo 3: canais irrigados utilizando-se agulhas Navitip® gauge 30 a 3

mm do CT e na irrigação final utilizou-se o EndoActivator® System (Denstsply

Tulsa, Oklahoma, EUA) a 2 mm do comprimento de trabalho (figura 2). Neste

grupo o volume total foi de 20 ml de substância química auxiliar.

Grupo controle positivo: 6 canais foram irrigados com solução salina

estéril totalizando um volume de 42 ml.

29

A B

C D

Figura 1: A- Componentes do sistema EndoVac® B – Macrocânula acoplada

ao suporte metálico para irrigação do segmento coronário do canal, C –

Microcânula acoplada ao seu suporte metálico, D – Ponta principal de

irrigação/aspiração acoplada a uma seringa.

Figura 2: Contra-ângulo do sistema EndoActivator®

Instrumentação/ Irrigação

30

Grupo 1: Antes do início da instrumentação, foi feita irrigação com 6 ml

de solução de NaOCl a 2,5% (Super Globo, Rio de Janeiro, RJ) com a ponta

principal de irrigação do sistema EndoVac posicionada acima da abertura

coronária para irrigar e aspirar de forma constante. O preparo dos terços médio

e cervical foi realizado com o alargador LA Axxess nº 35, (SybronEndo,

Glendora, EUA) em todo o comprimento do instrumento (19 mm), seguido de 6

ml de irrigação com NaOCl por 30 segundos utilizando a ponta principal de

irrigação. Depois o instrumento Rotatório ProTaper Universal®

(Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) F3 foi utilizado em comprimento passivo

seguido do instrumento F4 no comprimento de trabalho. Entre estes

instrumentos foi realizada irrigação com 6 ml de NaOCl por 30 segundos. Após

a instrumentação no CT com o instrumento rotatório F4 do sistema ProTaper

Universal®, a aspiração com a macrocânula foi feita concomitante à irrigação

com 6 ml de hipoclorito de sódio a 2,5% por 30 segundos. A macrocânula do

sistema EndoVac® estava localizada abaixo do orifício de entrada dos canais,

movendo para cima e para baixo até 4 mm do CT. O NaOCl foi deixado no

canal por 60 segundos. Após este período de tempo, foram feitos 3 ciclos de

irrigação e aspiração com a microcânula (microirrigação). Cada ciclo da

“microirrigação” (figura 3) consistiu em posicionar a microcânula do sistema no

CT por 6 segundos, mantendo a câmara pulpar repleta de irrigante por meio de

irrigação contínua com a ponta principal de irrigação (figura 4). Depois a

microcânula foi recuada 2 mm do CT por 6 segundos. Estes movimentos foram

repetidos, até completar 30 segundos. O primeiro ciclo foi feito com NaOCl a

2,5% como irrigante, no segundo ciclo foi utilizado o ácido etilenodiamino

31

tetracético dissódico (EDTA) a 17 % (Biodinâmica, Ipiporã, Paraná) e no

terceiro ciclo, novamente com NaOCl a 2,5%, totalizando 43 ml de solução

irrigadora (ver anexo 2).

6 seg. 6 seg.

2 mm CT

1 CICLO: Microcânula no CT 6seg Recua 2 mm do CT 6 seg Microcânula no CT 6seg 30 segundos 3 ciclos sendo 1 com EDTA

Figura 3: Esquema de 1 ciclo de Microirrigação do sistema EndoVac®.

Sucção pela ponta principal de irrigação/aspiração

Sucção pela microcânula

Irrigação pela ponta principal de irrigação/aspiração

Figura 4: Dinâmica da irrigação do sistema EndoVac®

32

Grupos 2 e 3: Procedeu-se uma irrigação inicial de 2ml com NaOCl a

2,5% por 30 segundos. A instrumentação nestes grupos seguiu o mesmo

protocolo dos demais grupos: uso do alargador LA Axxess no 35 em todo o seu

comprimento, seguido do uso do instrumento F3 em comprimento passivo e F4

no comprimento de trabalho; sendo que entre cada instrumento utilizado foi

feita a irrigação com 2 ml de solução de NaOCl a 2,5% acoplada em seringa

descartável de 10 ml e agulha Navitip gauge 30 a 3 mm do CT por 30

segundos. Antes da irrigação final, o NaOCl foi deixado na câmara pulpar

durante 60 segundos. A irrigação final foi feita da seguinte maneira:

No grupo 2: 2 irrigações de 2,5 ml de NaOCl a 2,5% por 30 segundos

intercaladas com 5 ml de EDTA a 17% por 30 segundos.

No grupo 3: 5 ml de EDTA a 17% por 30 segundos seguida de ativação

com o EndoActivator® system (Dentsply Tulsa, Oklahoma, OK, EUA) usando

pontas de tamanho 35 e taper 0,04 levadas a 2mm do comprimento de trabalho

por 60 segundos em 10.000 ciclos por minuto. Finalmente, foi utilizado 5 ml de

NaOCl a 2,5% por 20 segundos e ativação do mesmo com EndoActivator® por

30 segundos, nas mesmas condições acima.

Ambos os grupos consumiram o total de 20 ml de solução irrigadora por

canal no mesmo lapso de tempo.

Controle positivo: Neste grupo, a instrumentação foi idêntica aos

demais, sendo que a solução irrigadora utilizada foi solução salina (volume total

42 ml). A irrigação iniciou antes do preparo com o alargador LA Axxess nº 35

com 6 ml de solução, usando a agulha Navitip® gauge 30 a 3 mm do CT por 30

segundos. Durante a instrumentação, entre cada instrumento (LA Axxess 35,

33

Protaper F3 e Protaper F4), foram feitas irrigações com 6 ml de solução salina

durante 30 segundos. Antes da irrigação final, a solução salina foi deixada no

canal por 60 segundos. Na irrigação final, utilizou-se 6 ml de solução salina

durante 30 segundos, seguido de 5 ml da mesma solução por 30 segundos e

finalmente 6 ml de solução salina pelo mesmo período de tempo.

Após o preparo químico-mecânico dos grupos 1, 2 e 3, os canais foram

lavados com 1 ml de solução de tiossulfato de sódio a 10% com objetivo de

neutralizar o NaOCl antes da coleta bacteriológica.

O tempo de irrigação de todos os grupos foi padronizado em

aproximadamente 4 minutos e 30 segundos.

Coleta final (S2)

Na coleta final, com o canal inundado com solução salina estéril, um

instrumento tipo H # 40 estéril foi utilizado para raspar as paredes dentinárias.

Em seguida, o excesso do conteúdo do canal foi aspirado com uma seringa de

1 ml estéril descartável e 2 pontas de papel absorvente estéreis calibre 40

foram então introduzidas até o CT para complementar a coleta.

As amostras finais (aspirado e cones de papel) foram colocadas em

tubos de ensaio contendo 1 ml de solução salina a 0,85%. Após agitação em

vórtex por 1 minuto, alíquotas de 0,1 ml foram semeadas em placas de ágar

Mitis-Salivarius, sendo depois incubadas a 37º C por 48 horas (ver anexo 3).

Foram então feitas as contagem das unidades formadoras de colônias

(UFCs) das amostras finais (S2), cujos resultados foram transformados em

valores de log.

34

Ao final do experimento, um espécime de cada grupo foi armazenado

em solução de formalina tamponada a 10%. Posteriormente, estes dentes

foram clivados, fixados em uma base através de um adesivo, levados à

desidratação ao ponto crítico (Cressington sputer coater 108, Watford,

Inglaterra) e recobertos a ouro para análise no microscópio eletrônico de

varredura (Jeol, JSM-5800LV, Tóquio, Japão).

Os dados obtidos em S1e S2 foram submetidos ao teste de normalidade

Kolmogorov Smirnov. O teste-t Student foi utilizado para análise intragrupo dos

dados obtidos em S1 e o teste KrusKal-Wallis para análise intergrupo de S2.

35

RESULTADOS

_______________________________________________________________

A análise por microscopia eletrônica de varredura confirmou a

colonização das paredes do canal radicular por células de E. faecalis, na

maioria das vezes formando arranjos em biofilmes (figura 5).

Figura 5: Eletromicrografia do canal radicular mostrando colonização das

paredes por células de Enterococcus faecalis.( aumento original, X 8500).

As tabelas 1, 2, 3 e 4 apresentam o número de UFCs de E. faecalis

antes e depois da instrumentação de cada grupo, onde se pode observar que a

instrumentação reduziu significantemente o número de UFCs de E. faecalis.

36

Tabela 1: Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo do EndoActivator®

AMOSTRA S1 S2 REDUÇÃO 1. EA 1.04 × 107 0 100% 2. EA 1.18 × 107 1.58 × 104 99,86% 3. EA 3.02 × 106 0 100% 4. EA 6.96 × 106 4.60 × 102 99,99% 5. EA 3.28 × 107 3.20 × 102 99,99% 6. EA 5.64 × 106 3.00 × 101 99,99% 7. EA 1.44 × 107 0 100% 8. EA 7.36 × 106 4.00 × 102 99,99% 9. EA 1.02 × 107 1.00 × 101 99,99% 10. EA 2.28 × 106 2.06 × 103 99,91% 11. EA 4.60 × 106 4.00 × 101 99,99% 12. EA 2.80 × 106 1.30 × 102 99,99% 13. EA 2.46 × 106 0 100% 14. EA 1.13 × 106 1.10 × 102 99,99% 15. EA 2.44 × 106 1.80 × 103 99,92% 16. EA 2.54 × 106 3.00 × 101 99,99% 17. EA 2.18 × 106 2.98 × 103 99,86% 18. EA 9.70 × 105 0 100% 19. EA 4.92 × 106 2.00 × 101 99,99% 20. EA 5.20 × 106 5.44 × 103 99,89% MÉDIA 6,71 x 106 1,48 x 103 99,97%

37

Tabela 2: Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo do EndoVac®

AMOSTRAS S1 S2 REDUÇÃO % 1. EV 7.76 × 106 0 100% 2. EV 7.20 × 105 0 100% 3. EV 4.56 × 106 1.10 × 102 99,99% 4. EV 6.00 × 106 0 100% 5. EV 7.44 × 106 0 100% 6. EV 6.04 × 106 6.10 × 102 99,99% 7. EV 5.56 × 106 5.3 × 102 99,99% 8. EV 2.42 × 106 0 100% 9. EV 9.44 × 106 2.56 × 103 99,97%

10. EV 5.52 × 106 3.60 × 102 99,99% 11. EV 4.00 × 105 3.08 × 103 99,23% 12. EV 3.80 × 106 3.16 × 103 99,91% 13. EV 4.72 × 106 5.30 × 102 99,98% 14. EV 6.00 × 106 0 100% 15. EV 3.00 × 105 0 100% 16. EV 5.92 × 106 3.00 × 101 99,99% 17. EV 9.50 × 105 0 100% 18. EV 6.32 × 106 3.78 × 103 99,94% 19. EV 5.36 × 106 0 100% 20. EV 7.68 × 106 1.40 × 102 99,99%

MÉDIA 4,85 X 106 7,45 X 102 99,98%

38

Tabela 3: Número de UFCs de E. faecalis antes e depois da instrumentação e

porcentagens de redução no grupo da Navitip®

AMOSTRAS S1 S2 REDUÇÃO 1. C 1.02 × 107 6.00 × 101 99,99% 2. C 3.92 × 106 0 100% 3. C 9.20 × 106 4.64 × 103 99,95% 4. C 6.40 × 106 0 100% 5. C 4.24 × 106 1.20 × 102 99,99% 6. C 1.11 × 106 1.00 × 101 99,99% 7. C 2.46 × 106 0 100% 8. C 6.20 × 106 3.08 × 103 99,95% 9. C 7.44 × 106 1.00 × 101 99,99% 10. C 2.28 × 106 3.60 × 103 99,84% 11. C 1.94 × 106 0 100% 12. C 1.86 × 107 1.18 × 103 99,99% 13. C 2.30 × 106 4.20 × 103 99,82% 14. C 1.05 × 107 0 100% 15. C 4.08 × 106 9.04 × 103 99,78% 16. C 4.88 × 106 2.00 × 101 99,99% 17. C 2.42 × 106 0 100% 18. C 1.16 × 107 0 100% 19. C 9.76 × 106 5 × 101 99,99% 20. C 8.00 × 106 3.88 × 103 99,95%

MÉDIA 6,38 X 106 1,49 X 103 99,98%

Tabela 4: Número de UFCs de E. faecalis antes e depois instrumentação e

porcentagens de redução no grupo Controle

AMOSTRAS S1 S2 REDUÇÃO 1. Cont 3.40 × 106 3.84 × 104 99,87% 2. Cont 4.46 × 106 3.20 × 104 99,28% 3. Cont 1.30 × 107 4.29 × 104 99,67% 4. Cont 1.52 × 106 3.38 × 103 99,78% 5. Cont 1.06 × 107 1.20 × 104 99,89% 6. Cont 6.80 × 106 6.69 × 104 99,02%

MÉDIA 6,63 X 106 3,23 X 104 99,51%

Com o objetivo de avaliar a homogeneidade dos dados obtidos em S1,

estes foram submetidos a um teste de normalidade (teste Kolmogorov-

39

Smirnov), o qual revelou uma distribuição bem aderida à curva Gaussiana para

todos os grupos experimentais, assim como, para o grupo controle. Assim

sendo, o test-t de Student foi aplicado para verificar a discrepância de valores

intragrupo. Os resultados da análise mostraram que não houve diferença

estatisticamente significante entre os valores de S1 em relação à média geral

de cada grupo. Como primeiro resultado, pode-se então afirmar que o método

de contaminação usado foi capaz de obter um baseline homogêneo e confiável.

Esta pode ser claramente evidenciada na figura 6.

Conseqüentemente, para a comparação intergrupo, os valores obtidos

em S2 puderam ser aplicados em uma comparação direta. Os dados de S2 não

se mostraram bem comportados (teste Kolmogorov-Smirnov), por isso métodos

não-paramétricos de análise foram empregados. O teste Kruskal-Wallis não

revelou diferenças estatisticamente significantes entre os grupos e estas foram

isoladas através do teste para comparações múltiplas de Dunn. As diferenças

encontram-se ilustradas na tabela 5 e na figura 7.

Para todos os testes, o nível de significância adotado foi de 0,05 ou

(5%). Os softwares SPSS 11.0 (SPSS Inc., Chicago, Ill 60611, EUA) e Origin

6.0 (Microcal Software, Inc., Northampton, MA, EUA) foram usados como

ferramentas estatísticas.

40

Tabela 5: Comparação estatística em S2. “NS” significa sem diferença

estatística. O valor de P é mostrado quando a diferença foi significante

Irrigação EndoVac EndoActivator NaviTip

EndoActivator NS NS

NaviTip NS NS

Comparação

estatística

para S2

Controle P < 0.001 P < 0.001 P < 0.001

0

10000000

20000000

30000000

CFU

s

EndoVac EndoActivat NavTip Control

UFCs

Figura 6: Distribuição das médias, assim como, do valor máximo e mínimo e do

desvio-padrão dos dados relativos à S1.

41

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 55000

B

B

B

A

Controle NaviTip EndoActivat EndoVac

CFusUFCs

Figura 7: Valores relativos às médias de S2, assim como, o desvio-padrão.

Letras iguais = sem diferença estatística (p >0.05). Letras diferentes =

diferenças estatisticamente significantes (p <0.05).

42

0

1000

2000

3000

4000

5000

AAA

CFU

s

EndoVac EndoActivat NaviTip

UFCs

Figura 8: Valores relativos às médias de S2, assim como, o desvio-padrão sem

o grupo controle. Letras iguais = sem diferença estatística (p >0.05). Letras

diferentes = diferenças estatisticamente significantes (p <0.05).

Tabela 6: Número de casos com cultura positiva e negativa em cada grupo

Cultura Positiva Cultura Negativa

EndoVac 11 9

EndoActivator 15 5

Navitip 13 7

Controle 6 0

Foi feito o teste Qui-quadrado com correção de Yates para a avaliação

qualitativa de casos com cultura positiva e negativa (tabela 6) e os resultados

se encontram ilustrados na tabela 7.

43

Tabela 7: Comparação qualitativa de casos com cultura positiva e negativa

Irrigação EndoVac EndoActivator NaviTip

EndoActivator P = 0,3 P= 0,7

Comparação

Qualitativa

NaviTip P = 0,7 P=0,7

44

DISCUSSÃO

Quanto à metodologia

Dentes humanos extraídos foram selecionados para esse experimento

por simularem uma situação mais próxima da realidade complexa do sistema

de canais radiculares, assim as limas atuaram em paredes de dentina com

túbulos dentinários e dureza compatível ao ambiente encontrado na cavidade

bucal. Foram selecionados somente caninos com comprimentos semelhantes

com o propósito de padronizar ao máximo os espécimes. Apesar de variações

do espaço intraradicular terem sido observadas entre eles, a contagem da

carga bacteriana antes e após o procedimento fez com que cada espécime

fosse controle de si própria, permitindo desta forma a avaliação do efeito do

preparo químico-mecânico sobre esta.

A escolha da espécie Enterococcus faecalis como o marcador

bacteriológico neste estudo foi baseada no fato de ser uma espécie de fácil

cultura e manipulação (SIQUEIRA et al., 2002). Outras espécies bacterianas

comumente associadas à infecção endodôntica, necessitariam de um suporte

simbiótico de outra bactéria, enquanto que, o E. faecalis sobrevive bem em

monocultura (COLDERO et al., 2002). Adicionalmente, esta espécie possui

uma significante importância clínica devido a sua relativa resistência aos

procedimentos químico-mecânicos (SIQUEIRA et al., 2002). A grande

capacidade do E. faecalis para invadir túbulos dentinários pode conferir-lhe

proteção em relação aos agentes irrigantes utilizados na terapia convencional

45

(Siqueira et al., 1996), tornando difícil a sua eliminação mesmo nos estudos in

vitro.

Neste estudo, a colonização do sistema de canais radiculares foi

desenvolvida em um período de 7 dias prévios ao preparo químico-mecânico.

Estudos anteriores utilizaram períodos mais extensos variando de 9 dias

(SCHÄFER & BÖSSMANN 2005) , 21 dias ( SHABAJANG & TORABINEJAD,

2003 ;SALEH et al., 2004; BERBER et al., 2006) a 30 dias (HOCKET et

al.,2008). Todavia, como a média total da carga bacteriana em S1 foi de 3,27 x

106 células bacterianas, pôde-se demonstrar que 7 dias foi tempo suficiente

para a colonização bacteriana dos canais radiculares.

Para a instrumentação dos espécimes, utilizou-se instrumentos

rotatórios de níquel-titânio ProTaper®. O último instrumento rotatório utilizado

no preparo apical dos espécimes foi o ProTaper® F4 que corresponde ao

diâmetro 0,40mm. Este diâmetro apical se fez necessário uma vez que a

microcânula do sistema EndoVac® possui o diâmetro externo de 0,32mm, e o

sistema ProTaper® não oferece instrumento com o diâmetro da ponta próximo

a este valor, já que o F3 corresponde ao diâmetro 0,30mm.

A concentração do NaOCl utilizado neste experimento foi de 2,5%.

Estudos clínicos e laboratoriais não demonstraram nenhuma diferença

estatísticamente significante no efeito antibacteriano do hipoclorito de sódio em

concentrações que variam de 0,5% a 5%. (SIQUEIRA et al., 2002).

Aparentemente a freqüência e o volume da irrigação com hipoclorito de sódio

compensam os efeitos da concentração (BAUMGARTNER & CUENIN, 1992).

46

Para que não houvesse interferência em relação ao tempo que o NaOCl

ficou em contato com os microorganismos, o tempo foi padronizado em

aproximadamente 4 minutos e 30 segundos em todos os grupos.

O volume de solução irrigadora não foi padronizado, a escolha do

volume utilizado no grupo Endovac (43ml) foi baseada no estudo de NIELSEN

& BAUMGARTNER (2007) e dos demais grupos (20ml), foi baseada em um

volume passível de ser utilizado na clínica durante um tratamento endodôntico

convencional.

As amostras bacterianas coletadas após o preparo químico mecânico

(S2), foram obtidas após instrumentação com um instrumento Hedströen # 40.

Este procedimento visou o desprendimento de células bacterianas aderidas às

paredes do canal radicular.

O meio de cultura de ágar Mitis-Salivarius foi utilizado para o

plaqueamento por permitir o crescimento seletivo de Streptococcus e alguns

Enterococcus, entre eles o E. faecalis reduzindo desta forma, o risco de se

obter o crescimento de bactérias contaminantes. (SIQUEIRA et al., 1999)

A redução bacteriana dos canais radiculares, promovida pelos

sistemas de preparo mecânico utilizados no presente trabalho, foi mensurada

em unidades formadoras de colônia (UFCs) existentes antes e depois do

preparo químico-mecânico.

Quanto aos resultados

O presente estudo avaliou a eficácia de diferentes sistemas de irrigação

na redução da contagem da carga de E. faecalis. Os resultados mostraram que

47

todos os grupos reduziram significantemente o número de células bacterianas

nos canais radiculares. O sistema EndoVac® e o sistema tradicional com

agulhas Navitip® obtiveram a mesma média de redução de 99,98% e o grupo

EndoActivator® obteve uma redução de 99,97%. Quando comparado os

resultados dos grupos entre si não houve diferença significativa, demonstrando

que a redução promovida pelos sistemas foi homogênea. No grupo controle,

onde a solução irrigadora utilizada foi o soro fisiológico, que não possui

nenhum efeito antimicrobiano, verificou-se uma redução da carga bacteriana de

99,51%. Estes dados corroboram estudo anterior de SIQUEIRA et al., (1999),

que demonstraram que a capacidade da ação mecânica dos instrumentos

associada ao fluxo contínuo de uma substância irrigadora pode promover uma

redução bacteriana de mais de 90%.

No trabalho de NIELSEN & BAUMGARTNER (2007), os autores

avaliaram a eficácia do sistema EndoVac® em comparação ao sistema

tradicional de irrigação e os resultados foram diferentes ao do presente estudo.

Uma vez que os autores concluíram que o sistema EndoVac® teve um

desempenho superior a 1 mm do comprimento de trabalho. Esta diferença em

relação aos resultados obtidos, provavelmente se deve à metodologia

empregada uma vez que os autores avaliaram histologicamente somente

secções do canal radicular, a 1 mm e a 3 mm do comprimento de trabalho, não

permitindo desta foram avaliar todo o canal radicular. Neste trabalho, os

autores utilizaram pares de incisivos, caninos e pré molares, todavia, não foi

citado sobre a padronização do comprimento dos dentes.

48

HOCKETT et al.,(2008) testaram o efeito da irrigação com sistema

EndoVac® e os resultados obtidos pelos autores revelaram que os dentes

tratados com este sistema apresentaram uma quantidade maior de cultura

negativa em relação ao sistema tradicional de irrigação. No entanto, podemos

observar algumas diferenças em relação à metodologia, o que poderia justificar

a discrepância em relação aos resultados. Neste estudo a instrumentação foi

realizada previamente à contaminação dos espécimes para a avaliação

somente do efeito da irrigação. Durante a irrigação, não foi feito o registro do

volume de solução irrigadora empregada em cada grupo, nem padronização do

tempo de irrigação nos diferentes grupos. Os autores também não

quantificaram a carga bacteriana de cada espécime antes e após a irrigação.

Desta forma, não é possível estabelecer parâmetro de comparação já que um

espécime poderia possuir uma carga bacteriana maior do que outra.

Devido a diferenças inerentes às duas técnicas de irrigação, a

variável de cânula ou agulha em relação ao comprimento de trabalho não foi

constante o que poderia representar uma possível vantagem do sistema

EndoVac®, além do volume utilizado por este grupo ter sido maior. Todavia, a

redução da carga bacteriana foi semelhante em todos os grupos.

SENIA et al.,(1971); ABOU-RASS & PICCININO, (1982); SEDGLEY et

al., (2005) e ZEHNDER (2006) afirmaram que a profundidade da agulha de

irrigação exerce um papel importante na remoção de resíduos do interior de

canais radiculares. A profundidade da agulha associada ao volume durante a

irrigação dos canais radiculares, provavelmente, otimizou a irrigação do grupo

49

tradicional, no entanto devemos salientar que a agulha injetora não deve

obstruir a luz do canal, a fim de permitir o refluxo da solução irrigadora.

Durante o experimento não ocorreu, em nenhum momento, a

obstrução por resíduos da microcânula pois foi possível observar o fluxo de

líquido pela mangueira da microcânula. Foi também observado durante o

experimento que a maior parte do volume irrigado pelo sistema EndoVac®

pareceu ter sido aspirado pela ponta principal de irrigação/aspiração, apenas

um pequeno volume era aspirado pela microcânula. Outros estudos podem ser

desenvolvidos com o objetivo de avaliar a quantidade de solução que é

aspirada pela microcânula durante o tratamento e sobre a possível diferença do

uso da mesma em canais curvos.

A formação de “bolha apical”, descrita por SCHOEFFEL (2008),

como conseqüência da liberação de gases de amônia e de dióxido de carbono

resultantes da reação química do NaOCl com a matéria orgânica em dentes

preparados com batente apical inferior à 0,35 mm não está cientificamente

comprovado. Mais estudos serão necessários para avaliar se há realmente

formação de uma “bolha apical” nestes casos.

O EndoActivator® é um sistema sônico no qual utiliza pontas

descartáveis de plástico lisa para que não corte dentina formando degraus. No

entanto, MUNLEY et al.,(2007) compararam a capacidade do uso de uma lima

e de um espaçador na remoção de resíduos durante a irrigação ultra-sônica

passiva e demonstraram que o uso de um instrumento liso durante a irrigação

ultra-sônica passiva remove menos resíduos quando comparado a uma lima.

50

SABINS et al.,(2003) compararam a capacidade de limpeza de

debris do sistema sônico e do sistema ultra-sônico durante 30 e 60 segundos

de ativação. O sistema ultra-sônico foi capaz de remover uma quantidade

maior de debris nos dois intervalos de tempo testados. Por outro lado, JENSEN

et al. (1999) em um trabalho similar não encontrou diferença na capacidade de

remoção de debris entre a ativação sônica e ultra-sônica. Provavelmente esta

diferença de resultados está associada ao tempo da ativação, que no estudo

de JENSEN et al. (1999) foi de 3 minutos.

A energia sônica trabalha em uma freqüência (1-8 KHz) inferior ao

da ultra-sônica (25-40KHz). Quando o instrumento acoplado à unidade sônica é

posicionado no interior de um pequeno espaço, como o de um canal radicular,

ocorre um certo amortecimento da lima quando ela toca as paredes do canal.

Este amortecimento pode explicar por que o sistema ultra-sônico com maior

potência remove uma quantidade de debris maior do que a ativação sônica

com menos potência.

Não foi encontrado na literatura, trabalhos utilizando o

EndoActivator®, para o pareamento de resultados. Os resultados deste estudo

demonstraram que todos os regimes de irrigação foram capazes de reduzir a

carga bacteriana dos canais radiculares. Entretanto, sob as condições deste

estudo, nem o uso do EndoVac® , nem o uso do EndoActivator® ofereceram

melhores resultados quando comparados ao sistema tradicional de irrigação

com a agulha Navitip® posicionada a 3 mm do ápice. Por isso, do ponto de vista

microbiológico, não há nenhum benefício aparente na utilização destes

sistemas.

51

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, frente à metodologia empregada, é

possível concluir que:

- Todos os grupos reduziram significantemente a população bacteriana

intracanal;

- Nenhum dos sistemas de irrigação avaliados foi superior ao outro na redução

do número de UFCs de Enterococcus faecalis no interior dos canais

radiculares;

- Todos os grupos experimentais, os quais utilizaram uma solução de

hipoclorito de sódio na irrigação, foram significantemente mais eficazes do que

o grupo controle, onde a solução salina foi utilizada.

52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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70

ANEXOS

71

ANEXO 1

Aprovação do conselho

Andamento do projeto - CAAE - 0182.0.308.000-08

Título do Projeto de Pesquisa

Análise ex vivo da eficácia de métodos alternativos na redução bacteriana em canais radiculares.

Situação Data Inicial no CEP Data Final no CEP Data Inicial na CONEP Data Final na CONEP

Aprovado no CEP 16/10/2008 13:41:35 24/10/2008 11:39:07

Descrição Data Documento Nº do Doc Origem

1 - Envio da Folha de Rosto pela Internet 18/09/2008 10:26:25 Folha de Rosto FR219798 Pesquisador

3 - Protocolo Aprovado no CEP 24/10/2008 11:39:07 Folha de Rosto 0248 CEP

2 - Recebimento de Protocolo pelo CEP (Check-List) 16/10/2008 13:41:35 Folha de Rosto 0182.0.308.000-08 CEP

72

ANEXO 2 _______________________________________________________________

Fluxograma do experimento

73

Contaminação com E. faecalis 50 dentes

La Axxess 35

1 μl solução salina1ª COLETA

6ml NaOCl 2,5% / 30seg

Protaper F3

6 ml NaOCl 2,5% / 30seg

Protaper F4

5 ml EDTA / 30seg

EndoActivator / 60 seg

1 ml Tiossulfato de sódio

Grupo 2: Irrigação com Navitip 30G a 3mm CT

(20dentes) 20 ml

Grupo 1:Irrigação com Endovacmicroirrigação a 2mm do CT

(20 dentes) 43 ml

Grupo Controle: Irrigação com solução salina (6 dentes) 42 ml

1 ml solução salina

NaOCl 2,5% / 60 seg. no canal

IRRIGAÇÃO FINAL

2ª COLETA

Grupo 3:Irrigação com Navitip a 3 mm do CT e

EndoActivator (20 dentes) 20 ml

6 ml NaOCl 2,5% / 30seg

6 ml NaOCl 2,5% / 30seg

1o e 3o CICLO DE MICROIRRIGAÇÃO

La Axxess 35

Protaper F3

Protaper F4

La Axxess 35

Protaper F3

6 ml sol. salina/30seg

6 ml sol. salina / 30seg

5 ml sol. salina/ 30seg

6 ml sol. salina / 30seg

Sol.salina / 60seg no canal

IRRIGAÇÃO FINAL

6 ml sol. salina / 30seg

6 ml sol. salina / 30seg

2ª COLETA

2 ml NaOCl 2,5% / 30seg

2 ml NaOCl 2,5% / 30seg

2 ml NaOCl 2,5% / 30seg

2 ml NaOCl 2,5% / 30seg

Protaper F4

IRRIGAÇÃO FINAL

6 ml sol. salina / 30seg

1 ml Tiossulfato de sódio

1 ml solução salina

5 ml EDTA / 30seg

2ª COLETA2ª COLETA

6 ml NaOCl 2,5%/ 30seg

NaOCl 2,5% / 60 seg. no canal

1 ml solução salina

1 ml Tiossulfato de sódio

5 ml EDTA 30seg

1 ml solução salina

Macroirrigação a 4mm do CT

La Axxess 35

Protaper F3

Protaper F4

2 ml NaOCl 2,5% / 15seg

2ml NaOCl 2,5% / 15seg

2ml NaOCl 2,5% / 20seg

2ml NaOCl 2,5% / 20seg

2o CICLOMICROIRRIGAÇÃO

2,5 ml NaOCl 2,5% / 30 seg

2,5 ml NaOCl 2,5% / 30 seg

5 ml NaOCl/ 20 seg

EndoActivator / 30 seg

ANEXO 3 _______________________________________________________________

Esquema das coletas

74

1ª COLETA

1 ml de solução salina Placa Ágar Mitis salivarius

0,1 ml

Concentrado

4,5 ml de solução salina

4,5 ml de solução salina

4,5 ml de solução salina

0,5 ml

Diluição 10-10,5 ml

Diluição 10-2

Diluição 10-3

Diluição 10-3

Placa Ágar Mitis salivarius

0,1 ml0,5 ml

Cone de papel

2ª COLETA

1 ml de solução salina Placa Ágar Mitis salivarius

Concentrado

Cone de papel

0,1 ml