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Pastagens - Formação

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Page 1: Pastagens - Formação

PASTAGENS – FORMAÇÃO INTRODUÇÃO

Para o sucesso no estabelecimento de pastagens devem ser levados em conta as condições de

solo e clima da propriedade, bem como o uso previsto para a pastagem e, em função desses fatores,

escolher a espécie ou espécies adaptadas a essas condições. Uma vez feita a escolha da espécie ou

espécies a serem utilizadas, outros fatores devem ser considerados. Dentre estes, os que mais se

evidenciam são: qualidade e preparo das sementes, fertilidade e preparo do solo, época e método de

plantio e manejo de formação. Estes fatores, em conjunto ou isoladamente, poderão determinar o

sucesso ou insucesso na formação de pastagens, ou ainda afetar a produtividade da pastagem ao longo

do tempo.

ESCOLHA DA ESPÉCIE OU CULTIVAR FORRAGEIRO

FATORES A SEREM CONSIDERADOS:

Cultivar ou genótipo

• Adaptação - pressões bióticas e abióticas;

• Sistema de produção - uso e produtividade;

• Recursos (sentido amplo);

• Zoneamento edafoclimático;

• Diversificação;

Planta forrageira: principais atributos desejáveis

• Produção de forragem;

• Valor nutritivo;

• Persistência;

• Facilidade de propagação e estabelecimento;

• Fitossanidade;

Disponibilidade de sementes no mercado

Brachiaria brizantha - capim-braquiarão ou marandu

B. decumbens - capim-braquiária; braquiária basilisk ou australiana

Panicum maximum - capins colonião, tobiatã, tanzânia e mombaça

Andropogon gayanus - capim de gamba; cv. Planaltina e Baetí.

Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão

Calopogonium mucunoides – Calopo

Adaptação a solos de baixa fertilidade

B. decumbens - capim-braquiária; braquiária basilisk ou australiana

B. humidicola - capim-quicuio da amazônia

Andropogon gayanus - capim de gamba; cv. Planaltina e Baetí.

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Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão

Calopogonium mucunoides - Calopo

Alta produção de forragem, exigência em fertilidade, responsivos à

adubação nitrogenada

Pennisetum purpureum - capim-elefante, Napier, Guaçu etc

Panicum maximum

Brachiaria brizantha

Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, Ona, gramas estrela e Coast cross

Medicago sativa - Alfafa

Tolerância à seca

Cenchrus ciliaris - capim-buffel

B. decumbens - capim-braquiária; braquiária basilisk ou australiana

Andropogon gayanus - capim de gamba; cv. Planaltina e Baetí.

Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão

Calopogonium mucunoides - Calopo

Brachiaria brizantha - capim-braquiarão ou marandu

Tolerância à pragas e doenças

Pragas: cigarrinha

Brachiaria brizantha - capim-braquiarão ou marandu

Andropogon gayanus - capim de gamba; cv. Planaltina e Baetí.

Doenças: Antracnose

Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão

Tolerância ao sombreamento

Arachis pintoi - amendoim forrageiro

Panicum maximum - cv. Aruana

Tolerância ao encharcamento

Brachiaria mutica - capim-fino, angola

Setaria anceps - capim-setária, cv. Kazungula

Hemarthria altissima - cv. Floralta, Bigalta

Eriochloa sp. - canarana

Echinocloa sp. - angolinha do rio

Brachiaria humidicola - capim-quicuio da amazônia

Tolerância ao frio

Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Coast-cross, Florona, Ona, gramas estrelas e bermudas

Hemarthria altissima - cv. Roxinha, Floralta, Bigalta

Medicago sativa - Alfafa

Produção de feno

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Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Coast-cross, Florakirk, Florona, Ona, gramas estrelas e bermudas

Hemarthria altissima - cv. Roxinha, Floralta, Bigalta

Medicago sativa - Alfafa

Digitaria decumbens - cv. Transvala, Pangola

Chloris gayana - Capim de Rhodes

Com problemas específicos para animais

Brachiaria decumbens. - fotossensibilização.

Brachiaria arrecta - Tanner grass

Setaria anceps - Bovinos e eqüinos -oxalatos

Brachiaria humidicola - Eqüinos

FORMAÇÃO DE PASTAGEM

O investimento na formação ou implantação de pastagem pode ser considerado uma das atividades

mais importantes, sob o ponto de vista econômico, para a produção dos ovinos. Esta prática é tão

importante, que deve ser considerada como um plantio semelhante a outras culturas, e, como tal, o

produtor deve procurar, da melhor maneira possível, as técnicas mais recomendadas à formação da

pastagem em sua propriedade. Sabe-se que a produtividade do pasto está intimamente relacionada com

aspectos, como:

- escolha do local para implantação da pastagem;

- escolha das espécies forrageiras;

- época de plantio e preparo do solo;

- calagem, adubação e controle de plantas invasoras;

- cuidados no plantio;

- utilização da pastagem.

1 - Local de plantio

Na escolha do terreno que deve ser transformado em pastagem, pela introdução de espécies forrageiras,

deve-se levar em conta que as altas produções são obtidas em solos de maiores fertilidade. A locação

das pastagens depende da topografia, das aguadas e das facilidades de se realizar a construção de

boas cercas. A maioria das espécies forrageiras não toleram solos encharcados. Onde for possível, é

recomendável que haja disponibilidade de árvores ou bosque em cada pastagem, para proteger o gado

contra o sol, as chuvas e os ventos frios.

2 - Escolha das Espécies Forrageiras

a - Aspectos climáticos

O clima de uma região exerce acentuada influência sobre a vegetação local, determinando as espécies

forrageiras a serem introduzidas. A precipitação pluviométrica, a temperatura e a luminosidade (foto-

período) são os fatores mais importantes e os que promovem, através de suas variações, as

sazonalidades de produção das forrageiras. Assim, as gramíneas tropicais, que são normalmente

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originárias da África, começam a ter seus crescimentos prejudicados em condições de temperaturas

abaixo de 20ºC.

Verifica-se que a produtividade de uma forrageira varia de acordo com as estações do ano; seu

crescimento vegetativo começa na primavera, com o início das chuvas e aumento da temperatura

inclusive do foto-período. Sua produção começa a decrescer no outono, quando normalmente ocorre o

período reprodutivo, com emissão da inflorescência e produção de sementes. No inverno, a produção

torna-se muito pequena, limitada basicamente pela baixa umidade no solo e temperaturas mais baixas.

Além destas considerações de aspecto geral, as forrageiras têm suas adaptações individuais, que

podem ser vistos no Quadro 1.

b - Aspectos do solo

Foi observado que, para a escolha da espécie forrageira a ser utilizada, o clima tem uma considerável

influência. Além dele, o solo, nos aspectos de topografia, profundidade e principalmente fertilidade,

constitui fator determinante.

Tomando como exemplo a tolerância ao alumínio no solo, pode-se considerar que as espécies como

braquiária decumbens, humidicola e andropogon são tolerantes, portanto mais indicadas para área com

alto alumínio, como os solos de cerrado, porém não indicada para ovinos. Espécies do gênero Panicum,

como colonião, Tanzânia, Aruana, centenário e variedades de capim-elefante, são menos tolerantes,

portanto merecendo cuidados na escolha da área e na correção do solo, visando a minimizar os efeitos

tóxicos do alumínio, inclusive em perfis mais profundos do solo.

É oportuno informar que a diversificação, ou seja, o uso de variadas espécies forrageiras é sempre

aconselhável.

c - Topografia da região

São grandes os riscos de erosão durante o processo de formação e utilização de pastagens em áreas

montanhosas. Entretanto, esses riscos poderão ser diminuídos, através da adoção de métodos

adequados de preparo do solo, como o de faixas alternadas e em nível, e da escolha de uma espécie

forrageira que, além de apresentar um rápido estabelecimento, também permita uma boa cobertura

vegetal do solo, protegendo-o, assim, da erosão.

d - Tolerância à cigarrinha

Nos últimos anos, vem ocorrendo, em muitas regiões do Brasil, uma acentuada incidência de cigarrinhas

das pastagens (Deois flavopicta). Isto se deve, em parte, à substituição total e de forma desordenada

das forrageiras nativas ou naturalizadas por outras espécies susceptíveis a essa praga, como é o caso

da Brachiaria spp.

Os prejuízos causados por essa praga se caracterizam, inicialmente, por uma perda do valor nutritivo da

forragem, diminuição de sua palatabilidade e, numa etapa posterior, pela morte das plantas, com

reflexos negativos na produção animal. Portanto, um dos pontos fundamentais num programa de

formação de pastagens é a utilização de espécies forrageiras resistentes a cigarrinhas. O Quadro 4

mostra o grau de resistência de algumas gramíneas forrageiras a essa praga. Apesar da escolha da

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espécie forrageira ser de grande importância em programas de formação de pastagens, devem-se levar

em consideração outros fatores ligados ao estabelecimento e manejo das pastagens, a fim de se

garantirem a persistência e manutenção de sua produtividade. (Botrel, 1990)

3 - Época de Plantio e Preparo do Solo

A umidade e o calor são importantes no momento do plantio, o qual deve ser realizado no início da

estação de chuva, que, para as condições do Brasil Central, ocorre de outubro a dezembro. O preparo

do solo deve ser realizado no fim do período da seca, nos meses de agosto e setembro. As práticas mais

recomendadas são:

a - Destoca do terreno, caso seja necessária, fazê-la com trator de esteira. Em destocas leves, pode ser

realizada com trator de pneu com lâmina, e realizada em nível, para evitar possíveis erosões,

provocadas por chuvas ocasionais.

b - Controle da erosão recomendam-se os terraços de base estreita, nivelados, construídos com arado

de discos (passando 3 a 5 vezes no mesmo lugar), distanciados de acordo com a declividade do terreno

e tipo de solo.

c - Aração deve ser o mais profunda possível, para maior descompactação do solo e combate às plantas

invasoras. Deve ser realizada em nível, acompanhando os terraços.

d - Gradagem possui a finalidade de destorroar o solo e controlar as plantas invasoras. Em muitos casos,

recomenda-se uma segunda gradagem (após 20 dias da primeira), para eliminar o restante das ervas

daninhas.

4 - Calagem e adubação de Plantio

O primeiro passo a ser realizado com relação a estas duas práticas é a análise de solo. A calagem ou

aplicação do calcário deve ser em função da análise do solo e deve ser distribuída em toda a superfície

do terreno, antes da aração. O calcário deve ser dolomítico (presença de magnésio), e o produtor deve

ter informações analíticas a respeito da qualidade desse calcário.

Na adubação de plantio, recomenda-se basicamente a aplicação de fósforo (superfostato simples,

superfostato triplo, termofosfato), observando-se a análise de solo. Misturas formuladas ricas em fósforo

como 4-30-10 + zinco ou 4-30-16 + zinco são também apropriadas, principalmente nos solos pobres em

potássio. Esta adubação deve ser realizada, em toda a superfície do solo, após a aração e antes da

gradagem, para que haja incorporação do fósforo.

Outro elemento importante para as plantas forrageiras é o enxofre. É oportuno observar que o

superfostato simples contém 10 a 12%, e o gesso agrícola, em torno de 15% de enxofre.

5 - Uso do gesso agrícola

O gesso agrícola (sulfato de cálcio) tem sido recomendado a áreas cujos teores de alumínio são altos e

os de cálcio baixos, nas camadas subsuperficiais (abaixo de 20 cm) do solo. É indicado para culturas

anuais e perenes e, no caso de pastagem, principalmente, para aquelas formadas com espécies mais

susceptíveis ao alumínio e mais exigentes em cálcio, como as espécies do gênero Panicum e os

cultivares de capim-elefante.

Page 6: Pastagens - Formação

O gesso não é corretivo de acidez e não substitui o calcário. O calcário atua na camada arável do solo

(onde foi aplicado), e o gesso, abaixo dessa camada, pois, após dissolução, se mobiliza rapidamente e

se fixa nas camadas inferiores do solo. Sua movimentação é acompanhada de cálcio, magnésio (do

calcário) e outros cátions. Com isto, aumentam os teores destes elementos, e a toxidez do alumínio se

reduz e, em conseqüência, favorece o aprofundamento das raízes, permitindo às plantas superar

veranico e usar com maior eficiência os nutrientes aplicados ao solo. O gesso, além de melhorar as

condições físicas do solo, é também uma fonte de enxofre (em torno de 15%). Deve ser aplicado com

critério nas doses recomendadas pelos técnicos, pois, em excesso, pode causar movimentação de

nutrientes no solo com suas possíveis perdas. Pode ser aplicado, antes ou depois do calcário,

incorporado ou na superfície do solo.

Para a recomendação de gesso é necessária a análise do solo, inclusive, na camada de 30 a 50 cm

abaixo da superfície do solo. Encaminhar as amostras à análise química, solicitando também a análise

do teor de argila. As quantidades a serem aplicadas dependem dessa fração no solo.

6 - Plantio

O primeiro ponto a ser considerado é a quantidade de semente ou taxa de semeadura (Tx).

Basicamente, a quantidade a ser utilizada está em função do valor cultural das sementes e de uma

constante (K), de acordo com a espécie forrageira a ser plantada. O valor cultural (VC), que deve estar

explícito na embalagem, por sua vez, está em função do índice de germinação e pureza das sementes.

Para se chegar à quantidade mínima de semente ou à taxa de semeadura, expressa em kg/ha, divide-se

a constante pelo valor cultural (Tx = K/CV). Algumas constantes: braquiaria brizantha = 210; colonião =

160; braquiaria decumbens e humidicola = 180; andropogon = 200. Consultar técnicos, inclusive os

ligados às empresas produtoras de semente, é sempre conveniente.

A maneira mais indicada para se realizar a semeadura é com o uso de semeadeiras especiais para

pastagem. Entretanto, podem-se utilizar semeadeiras de cereais, distribuidores de calcário ou mesmo o

plantio manual a lanço. Em geral, as sementes devem ser enterradas a uma profundidade de 1 a 2 cm.

Quando não se usa a plantadeira especial, devem-se adaptar atrás dos implementos rolos (de pneus por

exemplo) ou mesmo uma peça de madeira ou correntes, que são arrastadas sobre o terreno, para que

haja maior contato da semente com as partículas do solo.

Muitas espécies forrageiras se propagam por mudas, dentre elas podem-se citar: 'coast-cross', grama

estrela, Tifton, capim-angola, tanner-grass (braquiaria de brejo).

O CNPGL (1995) menciona 3 métodos de plantio para o 'coast-cross', sendo:

a - Plantio em sulcos:

É o método mais eficiente. Os sulcos são feitos manualmente com enxadas ou com sulcadores de tração

mecânica ou animal, a uma profundidade de 15 a 20 cm, com espaçamento de 50 cm. Em seguida,

devem-se distribuir as mudas nos sulcos de maneira uniforme e cobri-las parcialmente com terra. A

cobertura total das mudas deve ser evitada, para que a rebrota não seja prejudicada.

b - Plantio superficial:

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Consiste na distribuição das mudas sobre a superfície do solo, com imediata incorporação das mudas,

por meio de uma leve gradagem. É um método prático, mas exige maior quantidade de mudas e de

cuidados especiais, para que sejam bem incorporadas ao solo.

c - Plantio em covas:

As mudas são distribuídas em covas, com espaçamento de 40 a 50 cm, e levemente cobertas com terra.

Este método exige mais mão-de-obra.

d - Quantidade de mudas:

Depende do sistema de plantio adotado: plantio em sulcos 2,5 t/ha; plantio superficial 4,5 t/ha; plantio em

covas 3,0 t/ha.

Em qualquer um dos métodos acima, é preciso que as mudas estejam maduras, com mais de 60 dias de

crescimento, após a realização do último corte ou pastejo. Recomenda-se evitar o corte das mudas em

local onde existam plantas invasoras, para impedir infestações da área de plantio com plantas

indesejáveis.

7 - Adubação de cobertura

Consiste na adubação nitrogenada e potássica e deve ser realizada a lanço, 30 a 40 dias após o plantio.

Aplicar de 30 a 50 kg de nitrogênio/ha (sulfato de amônio, nitrocálcio, uréia). A aplicação de potássio

será realizada de acordo com a análise de solo. Recomendam-se também as formulações 20-0-20, 20-

05-20 ou 20-05-15, observando-se os teores de potássio no solo.

8 - Controle de plantas invasoras

Após o plantio da forrageira, normalmente é necessário o controle de plantas invasoras ou daninhas.

Além dos métodos convencionais (manual ou mecânico), o controle das plantas daninhas através de

herbicidas tem-se mostrado muito eficiente e com uma relação de benefício/custo bastante favorável. Em

pastagens recém-implantadas ou reformadas, a aplicação do herbicida deve ser realizada cerca de 30 a

45 dias após a semeadura. Nesse caso, evita-se a concorrência das plantas daninhas com as gramíneas

que estão emergindo, conseguindo-se um rápido estabelecimento da pastagem.

Nessa aplicação, utiliza-se de uma baixa dosagem de herbicida (ao redor de 1,5 a 2,0 litros/ha), o que se

torna altamente vantajoso. Recomendam-se herbicidas à base de Picloram + 2,4-D (Tordon). Para seu

uso, devem-se seguir as recomendações do fabricante. As vantagens do controle de plantas invasoras

na implantação da pastagem são:

- melhor formação das pastagens;

- liberação da pastagem aos animais em aproximadamente 90 dias após o plantio;

- a antecipação no uso da pastagem pelos animais cobre os custos com a aplicação;

- maior perfilhamento das gramíneas, com touceiras mais vigorosas;

- maior número de plantas forrageiras por m2;

- menor necessidade de gastos com controle das plantas daninhas nos anos seguintes.

Page 8: Pastagens - Formação

9 - Utilização da Pastagem

Quando bem formada, a pastagem poderá, de um modo geral, ser utilizada pelo rebanho, após 90 dias a

partir da germinação. Caso a forrageira não tenha coberto todo o espaço de solo, deixar sementear para

posteriormente permitir o pastejo. Os primeiros pastejos devem ser realizados com lotação animal mais

leve

MANEJO DE PASTAGEM

O manejo das pastagens tem como objetivos maximizar o lucro do produtor, evitar riscos, estresses

desnecessários do animal e manter o equilíbrio do ecossistema (solo-planta-animal). Muitos são os

fatores biológicos e econômicos que controlam esse manejo, e seus efeitos modificam o crescimento das

espécies forrageiras, alterando, conseqüentemente, a utilização das pastagens (Gardner e Alvim, 1985).

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE

a)Efeito da planta:

Um dos fatores que determina o crescimento das plantas forrageiras é a quantidade de forragem

existente numa pastagem, por unidade de superfície. A produção relativa de matéria seca torna-se

maior, à medida que a quantidade de forragem existente na pastagem vai aumentando, até que seja

atingido o ponto de maximização. A partir de tal ponto, apesar de a produção de forragem continuar, a

produção relativa passa a decrescer.

Parece ser conveniente manter a pastagem com uma quantidade de forragem próximo do ponto máximo

de produção. O resultado será aparentemente a pouca utilização da pastagem, entretanto essa suposta

subutilização da pastagem promove benefício para o sistema com sobra de material vegetativo

importante para o solo. Perdas de forragem normalmente ocorrem, pois, caso contrário, seria necessário

uma alta pressão de pastejo, o que afetaria a persistência das plantas forrageiras. O estádio de

crescimento das plantas forrageiras é importante na produção de forragem. Quando uma espécie passa

do estádio vegetativo para o reprodutivo, a taxa de crescimento do vegetal se altera.

Aparentemente, isto indica que se deve deixar as gramíneas entrarem no estádio reprodutivo para

maximizar a produção e melhorar o aproveitamento da pastagem. No entanto, um fator muito importante

a ser considerado é o efeito do estádio de crescimento da planta sobre a qualidade da forragem. À

medida que ocorre a maturação da planta, há perdas de nutrientes, menor digestibilidade e menor

consumo por parte do animal.

Existe uma relação entre a quantidade e qualidade de forragem, que pode ser considerada para todas as

espécies.

O excesso de forragem no campo, devido a uma menor freqüência de utilização, além de reduzir a

qualidade da forragem, também causa redução na taxa de crescimento das plantas. Por outro lado, a

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utilização freqüente e intensiva das pastagens determina baixa produção de forragem, porém de melhor

qualidade. No entanto, esse manejo pode proporcionar desaparecimento da espécie forrageira.

Assim sendo, os manejos caracterizados pelo super ou sub-pastejo não são os mais adequados. É

preciso que o produtor seja capaz de adotar uma forma de utilização intermediária, ou seja, uma

'pressão ótima de pastejo', capaz de compatibilizar a produção do animal com a produção por área.

b) Efeito da fertilidade do solo:

O nível de fertilidade do solo é altamente decisivo quanto ao crescimento de qualquer forrageira. Um

solo bem drenado, com capacidade de reter água, que apresente ótimo teor de matéria orgânica, com

presença de nutrientes essenciais e livre de elementos indesejáveis como o alumínio, seria o mais

apropriado. Entretanto, poucos são os solos que apresentam essas características, o que torna

necessária a aplicação de elementos indispensáveis ao bom desenvolvimento das forrageiras.

Efeito do fósforo - P:

A adubação de manutenção com P depende da aplicação inicial na fase de formação, isto é, se há efeito

residual deste nutriente, aplicado no plantio. Não havendo, é importante suprir a pastagem, pois o

crescimento das plantas pode ser muito reduzido em solos com deficiência de P.

Fontes de fósforo é outro aspecto que deve ser considerado, pois com o uso de fontes mais solúveis

(Ex.: superfostato simples, superfostato triplo) obtêm-se respostas mais acentuadas e imediatas.

Outros nutrientes:

Em pastagens de gramíneas adubadas com N, as altas produções de forragem obtidas acarretam

grande remoção de nutrientes do solo. As retiradas de potássio (K) do solo são particularmente

elevadas. Assim, as aplicações deste nutriente, na forma de cloreto de potássio, devem ser efetuadas

juntamente com as de N, enquanto a análise do solo indicar deficiência de K.

As retiradas de enxofre (S) são também grandes, mas este elemento é facilmente fornecido através de

fertilizantes como o sulfato de amônio e o superfostato simples.

O uso contínuo de fertilizantes nitrogenados em pastagens, de um modo geral, concorre para acidificar o

solo. Quando isto ocorrer, devem-se aplicar pequenas doses de calcário dolomítico, destinadas a

fornecer cálcio e

PASTEJO CONTÍNUO E ROTACIONADO

Há vários métodos de pastejo, entretanto, os mais importantes são os pastejos contínuos e rotacionados

ou rotativos, que naturalmente interferem no manejo das pastagens. Existem divergências quanto à

melhor maneira de utilização das pastagens. Há quem acredite que o pastejo contínuo é o mais eficiente,

e, por outro lado, encontram-se estudiosos do assunto que argumentam a favor do rotacionado.

Contudo, um fato que não suscita dúvidas é que certas espécies não suportam bem o pastejo contínuo,

e, entre elas, podem-se citar duas leguminosas (alfafa e leucena) e o capim-elefante.

O pastejo contínuo significa presença contínua de animais numa pastagem. Vale lembrar, que a

desfoliação da forrageira não é realizada de forma contínua sobre as mesmas plantas, uma vez que os

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animais executam naturalmente uma rotatividade em relação à unidade de plantas. Outro fato é a não

desfoliação da planta de uma só vez, mesmo que a carga animal seja mais elevada.

O pastejo rotativo requer piqueteamento ou subdivisão da pastagem, bem como maior monitoramento

por parte do produtor. Para que este pastejo resulte em aumento da produção animal, é necessário

trabalhar com altas taxas de lotação. Apenas nestas condições a pesquisa mundial tem encontrado

pequenas vantagens a favor do pastejo rotacionado. Deve-se considerar ainda que carga baixa resulta

em excesso de forragem e, conseqüentemente, em redução na qualidade e no consumo animal. Outro

fato a ser considerado é que há uma tendência do maior aproveitamento da adubação nitrogenada no

pastejo rotativo, devido ao período de descanso que as plantas necessitam para transformar o N

absorvido em tecido novo. (Gardner, 1985)

PRODUÇÃO POR ANIMAL E POR ÁREA

Alcançar a maior produção por área, em última análise, deve ser o interesse básico na utilização das

pastagens. Para se obter maior produção por hectare, ocorrerá fatalmente uma redução no desempenho

por animal. A influência da pressão de pastejo sobre o ganho por animal e sobre o ganho por unidade de

área .

Aumentando a pressão de pastejo, ocorre uma redução sucessiva na disponibilidade de forragem,

causando redução no ritmo de ganho (peso ou leite) por animal. Máximas produções por unidade de

área só ocorrem com equilibrada utilização da forragem produzida, e isto acontece com algum sacrifício

da produção por animal, ou seja, máximas produções por animal e por área não podem ser obtidas

simultaneamente.

Pode-se ainda observar que, nas condições de subpastejo, o ganho por animal é alto, enquanto é baixo

o ganho por área. Na situação de superpastejo, tanto o ganho por animal, como o ganho por área são

prejudicados, e, ao se compararem os dois, conclui-se que este último poderá levar a conseqüências

bem mais danosas à pastagem. Neste caso, haverá prejuízo direto, tanto para o animal como para a

espécie forrageira.