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LAGARTINHO-DE-FOLHIÇO: O Mascote de Natal Estimativa da População dos Bairros de Natal 2016 DESPOLUIR Por um diálogo responsável entre meio ambiente e mobilidade ANO 2 VOL. 2 Nº 1 NOVEMBRO DE 2016 ISSN 2446-9254 O Sistema Solar no Parque Características Climáticas da Cidade de Natal ISSN 2447-0295 (on line) Conheça a Entomofauna da ZPA-05

PARQUE REVISTA 6 PARTE 1 - natal.rn.gov.brnatal.rn.gov.br/semurb/revistas/file/revista_parque_201611.pdf · Luciano Fábio Dantas Capistrano ... Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

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LAGARTINHO-DE-FOLHIÇO:O Mascote de Natal

Estimativa da População dos Bairros de Natal 2016

DESPOLUIRPor um diálogo responsável entre meio ambiente e mobilidade

ANO 2 VOL. 2 Nº 1 NOVEMBRO DE 2016 ISSN 2446-9254

O Sistema Solar no Parque

Características Climáticas da Cidade de Natal

ISSN 2447-0295 (on line)

Conheça a Entomofauna da ZPA-05

Fernando Medeiros

Notícias.................................................................................5

O Caminho do Meio Por um diálogo responsável entre meio ambiente e mobilidade.....................................10

Estimativa da População dos Bairros de Natal – 2016..............................................12

Lagartinho-de-folhiço: O mascote de Natal.......................14

Levantamento Entomofaunístico da Zona de Proteção Ambiental de Lagoinha (Zpa 5), Natal – RN......................................18

Características Climáticas da Cidade de Natal.................23

O Sistema Solar no Parque................................................29

SUMÁRIO

EXPEDIENTEEDITORIAL

Cumprindo Objetivos

O Parque Natural Municipal da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte é a primeira unidade de conservação ambiental municipal, integrante do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) no grupo das Unidades de Proteção Integral, categoria Parque Nacional.

Inaugurado em 2008, teve em junho de 2014, a retomada de diversos serviços prestados à população através do seu corpo técnico, colaboradores e de suas instalações como o Memorial Natal, Biblioteca, Salas de Aula do Centro de Educação ambiental, Centro de Pesquisas, sala de exposições. Além de espaços para atividades físicas, trilhas, atendendo, conforme dados mais recentes, uma média diária de mais de setecentos visitantes.

Muito além dos números, uma preocupação constante do corpo técnico, é trabalhar no Parque - estendido aos seus visitantes -, a consolidação dos objetivos de uma unidade de conservação integral. Isto tem acontecido a partir do momento em que, através da sua estrutura física, dos seus recursos humanos e parceiros, o Parque vem trabalhando na recepção de escolas e visitantes através de atividades de educação e conscientização ambiental, no seu dia a dia com o planejamento de um manejo adequado dos recursos naturais, no apoio e incentivo às pesquisas científicas, bem como no estímulo ao uso consciente do seu espaço através do questionamento, reflexão e contemplação da natureza.

O “Parque em Revista” é um trabalho fruto da dedicação, da vontade de compartilhar o conhecimento, de estimular e disseminar o saber científico, enfim de fazer com que todos possam melhorar, crescer e também contribuir com suas próprias descobertas. O Parque da Cidade é a única Unidade de Proteção Integral Municipal a possuir uma revista dessa natureza e que conta também com o registro internacional ISSN.

Costumamos dizer por aqui, no nosso trabalho diário, que o Parque da Cidade do Natal é um imenso laboratório a céu aberto. Não há, então, condição mais propícia, para se justificar a proposta do “Parque da Cidade em Revista”. Tudo que seja descoberto e produzido neste laboratório natural, que, por si só já faz tanto bem faz à cidade, poderá ser assunto e motivo de compartilhamento. O campo é vasto e muito fértil, e é assim que deveremos seguir: consolidando o objetivo maior da unidade de conservação de proteção integral que é a preservação, cuidando do espaço e possibilitando também a educação ambiental, a produção e disseminação do saber científico.

Prefeitura Municipal de Natal

Carlos Eduardo Nunes AlvesPrefeito

Wilma Maria de FariaVice-Prefeita

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo

Marcelo Caetano Rosado Maia BatistaSecretário

Organização

Carlos Eduardo Pereira da Hora (Coordenador)Fernando Antonio Carneiro de MedeirosVilma Lúcia da Silva

Colaboradores

Jamila Lorena de Freitas PereiraLuciano Fábio Dantas CapistranoSamya Maria Queiroz MaiaUilton Magno Campos

Diagramação

Fernando Antonio Carneiro de Medeiros

Fotografias

Acervo Parque da CidadeCarolina LisboaFernando Antonio Carneiro de MedeirosJosé Willime de Moura Júnior

Tiragem

1.000 exemplares

Fale Conosco

(84) 3232-3368/(84)[email protected]

Leia Online em

http://www.natal.rn.gov.br/semurb/revistas/index

Nossa Capa

Fotomontagem: Fotografias de Fernando Medeiros

Ano II. Vol. 2 Nº 1Novembro de 2016Natal/RNISSN 2446-9254ISSN 2447-0295 (on line)

05 NOTÍCIAS

Desde a sua reabertura, em junho de 2014, o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte vem em crescente demanda de público e de eventos e este ano já atingiu a marca de 230.290 visitantes computados de janeiro até a primeira quinzena de novembro, superando o número registrado em todo o ano de 2015, que recebeu 224.703 pessoas. A divulgação na mídia, aliada à propagação positiva que as pessoas fazem quando visitam o parque, tem sido as responsáveis por esse crescimento de público e de eventos.

A Unidade de Conservação e de Proteção Integral do Município de Natal abre todos os dias, inclusive aos sábados, domingos e feriados e recebe um bom púbico, atingindo uma média de 708 visitantes/dia. Se somadas as quantidades de visitantes em cada dia da semana separadamente, no período de janeiro a outubro, chega-se a uma média de mais de 30 mil pessoas. “Somamos o número de visitantes que entraram apenas aos sábados, por exemplo, e chegamos ao resultado de 32.894 visitantes no período de janeiro a outubro deste ano”, exemplifica o gestor do Parque da Cidade, Carlos da Hora.

O Parque da Cidade tem como objetivos primordiais a preservação da fauna e flora, a educação e a pesquisa, sendo um espaço de conhecimento, lazer e qualidade de vida para natalense e turistas e está cadastrado no Sistema Nacional Unidade de Conservação (SNUC), do Ministério do Meio Ambiente.

O horário de funcionamento é das 5h às 18h e os horários de pico são no início da manhã (5h às 9h) e final de tarde (15h às 18h). “Eu venho aqui todos os dias caminhar e acho ótimo porque é pertinho de casa e não tenho problemas em caminhar sozinho nas trilhas pavimentadas”, comenta o aposentado Juarez Silva, que é cego e caminha apenas com a ajuda da bengala. A segurança do Parque da Cidade é feita 24 horas por vigilantes nas entradas e ao longo das trilhas, com reforço da Guarda Ambiental de Natal, que tem base fixa no parque.

Unindo duas regiões administrativas (Sul e Oeste) da cidade, o equipamento de lazer da Prefeitura de Natal beneficia 17 bairros na sua

proximidade e uma população acima de 400 mil habitantes. A portaria Sul (Omar O´Grady) recebeu de janeiro a outubro deste ano, 117.492 pessoas, numa média de 385/dia. Já a portaria do lado Oeste (Cidade Nova) computou 98.514 visitantes, em média 323/dia no mesmo período. São pessoas que entram caminhando, de bicicleta ou de automóvel.

Eventos promovidos pelo Parque da Cidade e seus parceiros têm ajudado a aumentar a sua popularidade junto aos potiguares e turistas. “O mês de outubro, por exemplo, trouxe um ótimo público ao Parque da Cidade devido à Semana da Criança e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que organizamos com os nossos parceiros”, lembra a ecóloga Jamila Lorena, coordenadora do Centro de Educação Ambiental do Parque da Cidade. O setor é responsável por agendar e programar as visitas em grupos e organizar os eventos. E os números registrados nas duas portarias confirmam as expectativas da coordenadora. Somente na Semana da Criança entraram quase dez mil pessoas no período de 07 a 15/10. E outras cinco mil na semana seguinte, com eventos de Ciência e Tecnologia.

Sustentando essa demanda diária, a expectativa é que o Parque da Cidade receba cerca de 260 mil pessoas até o fim do ano. Já estão

Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte já superou o número de visitantes de 2015

Vilma Lúcia da Silva

Assessora de Comunicação do Parque da Cidade

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Acervo Parque da Cidade

06 NOTÍCIAS V.2 - N.1 - Novembro de 2016 ISSN 2446-9254 ISSN 2447-0295 (on line)

agendadas duas corridas de 5 km, festas de confraternização de escolas, seminários, além dos projetos “A Ciência vai ao Parque”,“Por do Sol” e “Canto no Parque”, que oferecem música de boa qualidade aos visitantes. “Temos vários eventos privados que estão agendados até dezembro e atraem um excelente número de pessoas, sem contar os eventos organizados pela equipe do Parque da Cidade com nossos parceiros e que estão trazendo um ótimo público. Com isso, a nossa expectativa de público pode até ser superada”, comemora o gestor.

E o mês de janeiro já inicia com um evento internacional e a expectativa é de receber um grande número de pessoas, quando o Parque da Cidade sediará no dia 18 o Acampamento Glomus 2017 e vai reunir em torno de 150 músicos de 26 países que se apresentarão, simultaneamente, em vários pontos do parque. O evento está sendo organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e vai acontecer de 10 a 20 de janeiro, em Natal. Acervo Parque da Cidade

Projetos do Parque da Cidade valorizam as belezas naturais e o Meio Ambiente

A beleza arquitetônica saída da prancheta de Oscar Niemeyer aliada à beleza natural existente em 136 Ha de fauna e flora preservadas deu origem ao Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, inaugurado no ano de 2006, pelo prefeito Carlos Eduardo. Ficar mais perto da natureza e contemplar toda essa beleza são os objetivos dos projetos que o Parque da Cidade oferece aos visitantes, como forma de promover um relaxamento da mente ou de exercitar o corpo, sempre cuidando da saúde, sem esquecer a proteção ao meio ambiente. “O Parque da Cidade é uma Unidade de Conservação e de Proteção Integral e não podemos deixar essa regra de lado em todos os eventos que promovemos ou recebemos”, lembra Carlos da Hora, gestor do Parque.

Este ano a equipe do Parque da Cidade implantou os projetos “Tistu Pensa Verde”; “Pôr do Sol no Parque”. “O Sistema Solar no Parque”, “A Ciência vai ao Parque”, este em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), deu pros-seguimento aos projetos “O Escritor vai ao Parque”, “Canto no Parque”, onde as famílias

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W. Júnior

07 NOTÍCIASpoderão participar de forma gratuita e está construindo o Centro de Produção de Mudas de Espécimes da Mata Atlântica. “Todos os nossos projetos têm cunho educacional. De incentivo à leitura, à escrita e com objetivo de formar cidadãos que pensem, cuidem e preservem o meio ambiente porque dependemos dele para sobreviver”, argumenta Jamila Lorena Pereira Brasil, coordenadora do Centro de Educação Ambiental do Parque da Cidade.

O Centro de Produção de Mudas de Espé-cimes da Mata Atlântica é um projeto que vai trabalhar bem essa questão de conhecimento e proteção ambiental. No local serão produzidas mudas de 20 espécies existentes na Mata Atlântica e que serão plantadas pelo setor de Manejo em áreas degradadas passíveis de recuperação na ZPA-01, onde está inserido o Parque da Cidade. “A expectativa é que sejam produzidas, pelo menos, 6.000 mudas/ano podendo expandir para até 12.000 mudas/ano”, revela Uilton Magno Campos, chefe do setor de Manejo.

Para o gestor do Parque da Cidade, Carlos da Hora, o equipamento funcionará também como ambiente de pesquisas científicas nas diversas áreas das ciências ambientais e biológicas e como espaço de disseminação do conhecimento e das ações da unidade de conservação municipal por meio de aulas de campo e visitas agendadas pelas escolas e faculdades. “Sendo o Parque da Cidade do Natal um espaço de conhecimento, lazer e qualidade de vida, os projetos são um meio de divulgação da temática ambiental, gestão sustentável das atividades de pesquisas e produção cientifica realizadas pela comu-nidade técnica e acadêmica. Uma visita ao Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte propicia o estudo de várias disciplinas como português, matemática, ciências, geografia, história, por exemplo. E dá noções de cidadania, além da proteção ao meio ambiente, o nosso objetivo maior”, exemplifica o gestor.

O Parque da Cidade possui duas portarias (Sul e Oeste) com vigilância 24 horas, além de ser base fixa da Guarda Ambiental, corporação da Guarda Municipal de Natal. Une as regiões administrativas Sul e Oeste da cidade, bene-ficiando aproximadamente 400 mil pessoas de 17 bairros na sua proximidade e tem sido o local de visitação pública de Natal que mais cresce em termos de visitantes e de promoção de eventos das mais diversas áreas. No ano passado recebeu 220.718 visitantes de janeiro a dezembro e este ano já recebeu mais de 230 mil pessoas de janeiro até a primeira quinzena de

novembro, que entraram para o lazer, cuidado com a saúde ou para participar de eventos.

O Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte tem estacionamento próprio e não cobra pela entrada. Para informações e/ou agenda-mentos, ligar para .(84)3232-3207/3232-3074

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Fernando Medeiros

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O Parque Natural Municipal da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte é unidade de conservação ambiental municipal, integrante do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) no grupo das Unidades de Proteção Integral, categoria Parque Nacional.

O objetivo básico de uma unidade de conservação de proteção integral é a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. O Parque da Cidade é um espaço de contemplação, recreação, prática de esportes em contato com a natureza, de pesquisa cientíca e educação ambiental.

Por denição legal, “Manejo” ´é todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas. O Setor de Manejo Ambiental do Parque é responsável pelo gerenciamento e manejo da área da Unidade de Conservação Municipal (UCM); atualiza, implementa e acompanha o Plano de Manejo da Unidade de Conservação do Município, com vista ao seu cumprimento e desenvolvimento; promove e avalia a aplicação de métodos e técnicas de recuperação e melhoria de sistemas ambientais degradados ou em vias de degradação na UCM, dentre outras atividades.

OBJETIVOS

MANEJO AMBIENTAL

O ambiente do Parque torna-se singular por ser uma área verde que comporta uma série de características ambientais, paisagísticas e geológicas, que necessitam ser preservadas. Faz-se necessária a conscientização dos agentes sociais envolvidos no uso do parque. Para fazer cumprir os objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente no que diz respeito às unidades de conservação, é que o Centro de Educação Ambiental – CEA foi idealizado.

Com o Centro, objetiva-se promover a difusão da educação ambiental utilizando-se do espaço do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, sensibilizando as pessoas sobre a importância desta área e dos recursos naturais aqui presentes. CEA desenvolve atividades junto às escolas e grupos sociais de diversas naturezas. Essas atividades são planejadas e sistematizadas de acordo com a demanda e obedecendo ao regulamento do parque.

Acervo Parque da Cidade

O parque abriga uma fauna diversicada constituída de mamíferos, répteis e aves, representando os vertebrados e inúmeras espécies de invertebrados, com representantes de insetos, aracnideos e outros artrópodes. As espécies que ocorrem na área são comuns aos ambientes do bioma Mata Atlântica e ecossistemas associados. Os levantamentos que existem constatam uma alta biodiversidade, onde se pode encontrar espécies endêmicas, raras e algumas regionalmente ameaçadas de extinção.

Os tipos vegetais identicados no Parque e seu entorno correspondem a três formações naturais: 1) Floresta Estacional Semidecidual de Terras Baixas, ocorrendo abaixo de 100m de altitude em relação ao nível do mar; 2) Restinga Arbustiva Densa, com arbustos e arvoretas emaranhados, de difícil transposição e camada de serrapilheira contínua e 3) Restinga Arbustiva Esparsa, onde espécies herbáceas dominam sionomicamente o ambiente e a presença de solo arenoso nu é comum. São cerca de duzentas espécies vegetais já catalogadas.

O Parque da Cidade também contribui para a preservação do AQUÍFERO DUNAS/BARREIRAS. O Parque e as áreas naturais do seu entorno formam uma importante área de recarga das águas subterrâneas, que abastecem cerca de 65% do município.

BIBLIOTECA

RECURSOS NATURAISO Centro de Pesquisas do Parque, apoia as atividades de pesquisa, divulgação e educação cientíca no contexto ambiental. Através do acompanhamento e da gestão sustentável das atividades pesquisa e produção cientíca, objetiva-se estimular a ciência junto ao grande público. Partindo-se do princípio “Conhecer para Preservar”, busca-se com a ciência uma melhor compreensão dos sistemas ecológicos e soluções mais adequadas quanto ao uso dos recursos naturais. O Parque possui revista cientíca, sala de exposições e diversas parcerias e programas ligados à ciência.

Especializada nas Áreas de Meio Ambiente, Urbanismo e História do Natal, possui também um vasto acervo em Braille e de literatura infanto-juvenil, totalizando mais de 3.000 exemplares. É consi-derada a mais completa biblioteca do estado, na Área de Meio Ambiente. Enquanto espaço cultural, sedia eventos como contações de histórias, peças teatrais, recitais e teatro de mamulengos.

Funcionamento: Todos os dias (de segunda a domingo, inclusive feriados) das 8h00 às 17h30. Agendamentos para atividades no Parque pode ser feitos na Biblioteca todos os dias das 8h00 às 18h00, pessoalmente ou pelo telefone (84) 3232-3207.

Acervo Parque da Cidade W. Júnior Fernando Medeiros

O Caminho do MeioPor um diálogo responsável entre meio ambiente e mobilidade

Eudo Laranjeiras Costa Economista, empresário e presidente da Federação das Empresas

de Transporte de Passageiros do Nordeste (FETRONOR)

Há um desafio permanente no dia a dia daqueles que planejam os melhores caminhos para interligar os espaços públicos nas cidades: construir pontos de equilíbrio entre a preservação do meio de ambiente e as necessidades de expansão urbana das metrópoles.

Há um grupo, em especial, formado por aqueles que se dedicam a pensar os melhores caminhos para que a cidade circule bem, que esse desafio se faz ainda mais presente em todas as suas decisões: como abrir novos caminhos e manter viva a natureza que nos cerca.

Buscar esse equilíbrio também é parte da rotina de quem trabalha, produz riqueza e gera empregos com o transporte de pessoas e de mercadorias. Desenvolver o lugar e o respeito a natureza é um dever de todo cidadão consciente de sua responsabilidade social.

E a cada um é reservada uma missão, que deve ser cumprida com afinco, responsabilidade e eficiência. Há casos em quem, como o dos empresários do Transporte, que lhes são reservadas inúmeras missões, entre as já rotineiras no dia a dia de todo empreendedor.

Para os que trabalham com o Transporte Rodoviário de Passageiros ou de Carga, um desses desafios é encontrar o ponto de equilíbrio a sobrevivência e o respeito às leis, aos direitos das pessoas e ao meio ambiente.

Ninguém questiona a importância e a necessidade de se reduzir as emissões de poluentes pelos veículos que circulam diariamente nas ruas e avenidas de nossas cidades. Longe disso, muitas são as vozes que se levantam contra o desenvolvimento e a destruição da natureza.

É preciso, no entanto, transformar o discurso emprática e a boa intenção em ação concreta. É necessário equilibrar os interesses do progresso com o respeito e a preservação do meio ambiente. E não é fácil percorrer esse caminho que separa o discurso vazio da realidade presente.

Fernando Medeiros

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Cabe, assim, em meio a esse contexto de incertezas, aplainar o terreno, fortalecer os alicerces, pavimentar a estrada, construir pontes que aproximem pontos aparentemente intransponíveis.

As empresas de transporte público de passageiros por ônibus, que atuam em praticamente todas as cidades do Brasil, têm avocado para si e assumido, por iniciativa própria, a responsabilidade de dar o exemplo ao fazer sua parte nessa aproximação entre respeito ao meio ambiente e garantia do direito fundamental de ir e vir.

Para tanto, as empresas vêm realizando altos investimentos em tecnologia e em novas práticas, capazes de garantir o bom desempenho do setor e de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e das cidades onde atuam.

O exemplo mais visível desse esforço é o Programa Despoluir, uma iniciativa do setor de transporte de passageiros e de carga, capitaneado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e realizado pelas Federações das Empresas de Transportes em todo país.

Com o monitoramento permanente das emissões em ônibus e caminhões temos contribuído sensivelmente para a redução dos níveis de poluentes lançados na atmosfera pela frota de ônibus do transporte urbano, metropolitano e rodoviário do país.

Temos investido na instalação de novos sistemas de abastecimento em nossas empresas que nos permitem trabalhar com combustíveis menos poluentes e investido na capacitação de nossos motoristas e mecânicos para a importância de reduzir as emissões de nossos veículos. Com isso, só em 2015 as empresas filiadas à FETRONOR deixaram de emitir na atmosfera 36 toneladas de CO2. Um ganho significativo para o meio ambiente e a saude humana. São aproximadamente 3 mil testes realizados por mês, e temos alcançado níveis de aprovação na ordem de 95%, o que significa dizer que a frota de ônibus hoje que circula em nossas ruas estão emitindo menos poluentes.

Temos a consciência de que, sozinhos, não podemos fazer muito. Para avançar mais, precisamos juntar nossa força à força de outros parceiros, como o Governo Federal, que tem o poder de definir uma política energética que incentive o uso de versões ainda menos poluentes do óleo diesel pelo setor de transporte.

Os Estados e Municípios podem estimular as empresas e operadores de transporte que investem em combustíveis mais limpos. Eles, também, têm o poder de criar condições de trafegabilidade nas cidades que aumentem a velocidade média dos ônibus e, por conseguinte, reduza-se o tempo de viagem e de espera do passageiro, o consumo de combustível e a poluição provocada pela queima de combustível fóssil.

Para chegarmos a esse caminho novo, de mobilidade plena, de cidadãos e cidades saudáveis e de meio ambiente respeitado em toda sua essência, precisamos construir uma agenda positiva de ideias e de ideais, de pontos comuns e de pontes que nos aproximem, de equilíbrio e de racionalidade, de respeito e de coerência. Um caminho do meio (ambiente) que nos conduza ao fim que almejamos.

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Estimativa da População dos Bairros de Natal - 2016

Fernando Antonio Carneiro de MedeirosEngenheiro Civil do Parque da Cidade/SEMURB

Natal é uma cidade em expansão. Este fato, apontado pelos dados dos Censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sugere uma série de estudos, que podem ajudar na compreensão do processo de evolução urbana e na adoção de medidas de gestão e controle do espaço urbano, para que se alcance o crescimento sustentável e bons níveis de qualidade de vida.

Por definição legal, desde 1994 o bairro passou a ser a unidade de planejamento do Município. Nesta qualidade, passam a ter prescrições urbanísticas específicas, observadas as condições ambientais, sociais, geopolíticas, econômicas, de infraestrutura e serviços instalados, dentre outros (SEMURB, 2014). O Município de Natal possui atualmente 36 bairros, distribuídos em 4 Regiões Administrativas.

O presente estudo, ao apresentar as estimativas da população dos bairros de Natal e destacar outras informações, tem o objetivo de complementar as informações disponibilizadas pelo IBGE, servindo assim para subsidiar ações mais específicas da Administração Pública bem como outras pesquisas.

Para os cálculos, foram utilizados a estimativa populacional para Natal em 2016 (IBGE, 2016) e os dados da população por bairros dos Censos de 2000 a 2010, observando-se a tendência de crescimento neste período para a definição dos quartis populacionais e respectivas projeções para 2016. Foi aplicado o método de tendência de crescimento demográfico aibi. O resultado é apresentado na Tabela 1.

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Tabela 1: Evolução da População dos Bairros de Natal, RN.

REFERÊNCIAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais para os municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2016. IBGE/DPE/COPIS, 2016. Disponível em: <ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2016/estimativa_dou_2016_20160913.pdf>. Acesso em 23 nov 2016.

______. Cidades@. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br>. Acesso em 23 nov 2016.

SEMURB. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (RN). Anuário Natal 2014. Natal (RN): SEMURB, 2014.

Fonte: Tabela elaborada pelo autor, com base nos dados do do Anuário Natal 2014 (SEMURB, 2014) e do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censos Demográficos 2000 e 2010. *Estimativa da População dos Municípios 2016 (IBGE, 2016). Obs.: A área total constante na tabela compreende o somatório áreas dos bairros mais a área do Parque das Dunas - ZPA 02.

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Carolina LisboaBióloga e Doutoranda em Ecologia

Os natalenses podem se orgulhar de sua cidade não só pelo sol, praias e natureza exuberante, mas também porcompartilharem a cidade com um conterrâneo muito especial: o lagartinho-de-folhiço.

Conhecido no meio científico como Coleodactylus natalensis, a espécie foi descoberta nas matas do Parque das Dunas de Natal, em 1999, pela pesquisadora Eliza Freire, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, que o batizou em homenagem à nossa cidade. Seu nome latino significa “lagarto com dedos em estojo de Natal”, porque uma das principais características do gênero Coleodactylus são as escamas que cobrem as unhas nas pontas dos dedos, formando pequenos estojos. Por viver exclusivamente entre o folhiço, que é o conjunto de folhas caídas no chão da mata, seu nome popular é “lagartinho-de-folhiço”.

Os Coleodactylus estão entre os menores lagartos do mundo, sendo menores que o dedo polegar. Os primeiros representantes desse gênero surgiram há 72 milhões de anos e conviveram com os grandes dinossauros. O lagartinho de Natal é um dos menores do gênero, com no máximo 24 milímetros, sendo provavelmente o menor lagarto da América do Sul. Seu pequeno tamanho pode lhe causar problemas, pois são muito sensíveis à temperatura e, onde não há árvores ou arbustos para fornecer sombra e umidade, eles não conseguem sobreviver.

Os machos da espécie são marrons com manchas amareladas nas costas, enquanto as fêmeas não possuem manchas e são maiores que os machos. Suas cores são idênticas às do folhiço onde vivem, e por isso conseguem se camuflar muito bem para fugir dos predadores. As fêmeas põem somente um ovo por postura e seu tamanho é quase o mesmo do de uma bolinha de isopor.

Estudando sua dieta e relações ecológicas, os pesquisadores descobriram alguns fatos interessantes. Eles se alimentam de pequenos animais que vivem do chão da floresta, como aranhas, grilos, cupins e até caramujos. Mas como todo bom potiguar, tem preferência por crustáceos, do grupo Isopoda, popularmente conhecidos como tatuzinhos, que são presas relativamente grandes e pouco abundantes no folhiço. Também são bastante seletivos, pois não se alimentam de presas mais fáceis

Lagartinho-de-folhiço: O mascote de Natal

Carol Lisboa

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de encontrar, como as formigas, porque podem ser tóxicas. Além disso, a espécie tem predadores pouco usuais para um lagarto, como as formigas “tocandira” do gênero Dinoponera, já que essas formigas tem aproximadamente o mesmo tamanho do lagartinho.

Uma característica muito importante da espécie é o fato de ela ser “endêmica” do Estado do Rio Grande do Norte, ou seja, só foi registrada em alguns poucos fragmentos de Mata Atlântica do RN. Por ser tão rara, está na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção da União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN, a maior e mais antiga rede de ativismo ambiental do mundo, atuante em mais de 160 países. Em 2014, a espécie C. Natalensis foi incluída na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção, a portaria MMA n° 444/2014, na categoria Em Perigo (EN). Essa lista tem como objetivo regulamentar a proteção dessas espécies e evitar sua extinção na natureza. Assim, empresas, sociedade e órgãos de licenciamento e fiscalização ambiental devem ficar atentos à ocorrência dessas espécies e evitar que seus habitats sejam destruídos. Além do aparato legal, os estudos sobre o lagartinho e seu meio e os esforços de pesquisadores e técnicos na construção dos Planos de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna da Mata Atlântica do Nordeste, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, são fundamentais para a conservação e manejo da espécie.

A designação de C. natalensis como “espécie bandeira” em Unidades de Conservação (UCs) é importante do ponto de vista da divulgação popular e também atrai os recursos financeiros tão escassos. A espécie C. Natalensis é considerada bandeira para a conservação do Parque Estadual Dunas de Natal, o maior fragmento com ocorrência conhecida da espécie. Na capital potiguar, foi expedida uma lei municipal (Lei nº 6.438 de 07 de março de 2014), instituindo-a como espécie bandeira, símbolo dos remanescentes florestais das ZPAs 1 e 2 da Cidade do Natal. Implementar essas ações e programas de conscientização nas áreas de ocorrência da espécie auxiliam na conservação e na garantia de que a análise, o licenciamento e a aprovação de empreendimentos nessas áreas abranjam medidas mitigadoras e compensatórias que contemplem a espécie.

A floresta onde vive o lagartinho, a Mata Atlântica, é um dos 34 hotspots de biodiversidade, ou seja, uma das 34 áreas mais importantes a serem conservadas no mundo, devido a sua alta biodiversidade e grande número de espécies endêmicas. Infelizmente, é também a quinta floresta mais ameaçada do mundo, restando apenas 8% da sua cobertura original, segundo estudos recentes da Conservação Internacional (CI) uma das ONGs mais conhecidas e respeitadas do mundo, atuante no Brasil desde 1988. A área total de fragmentos de Mata Atlântica onde a espécie foi encontrada é de cerca de 2.600 hectares ou 26 km², embora a área potencial onde populações podem ocorrer no estado do RN é de cerca de 44.000 Ha, na sua maioria composta por florestas, dunas e restingas severamente fragmentadas, situadas em áreas urbanas e periurbanas e não protegidas por UCs. Daí a importância de se estabelecer áreas protegidas para a conservação não só desta espécie, mas de todo o ecossistema no qual ela está inserida.

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Por todas estas características que fazem do lagartinho um animal tão especial e ao mesmo tempo tão frágil, e também pela situação crítica das florestas onde vive, é muito importante que a sociedade potiguar seja ativa na conservação do nosso pequeno mascote-símbolo. Como? Muito simples. Basta visitar e apoiar as UCs onde ele encontra-se protegido, como o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte e o Parque Estadual Dunas de Natal. Além disso, participar de mobilizações para a criação de novas UCs e denunciar áreas naturais em risco de serem destruídas. A Constituição Federal de 1988 é o documento mais importante do nosso país, e o seu artigo 225 explicita que todos somos responsáveis por defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Portanto, cada um pode e deve fazer sua parte!

REFERÊNCIAS

FREIRE, E. M. X. Estudo ecológico e zoogeográfico sobre a fauna de lagartos (Sauria) das dunas de Natal, Rio Grande do Norte, e da restinga de Ponta de Campina, Cabedelo, Paraíba, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 13(4), p.903-921, 1996.

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W. Júnior

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REALIZANDO

EM EQUIPE

As obras do Centro de Mudas estão em andamento. Atualmente, está concluída a estrutura externa da sala de germinação e sendo construída a estrutura auxiliar, com sala de apoio, depósito e galpão de serviços. O complexo contará ainda com sistema de irrigação, acessos destinados à visitação pública e jardim temático.

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Levantamento Entomofaunístico da Zona de Proteção Ambiental de Lagoinha (Zpa 5), Natal – RN

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*Clécio Danilo Dias da Silva

INTRODUÇÃO

Os insetos são componentes de vital importância das comunidades bióticas. Atualmente, eles constituem o grupomais dominante dos animais da terra, compreendendo cerca de 70% das espécies conhecidas, possuem elevadas densidades populacionais, e ocupam os mais diversos habitats e nichos ecológicos, graças as suas peculiaridades estruturais e fisiológicas (LOPES, 2008; TRIPLEHORN e JOHNSON, 2011). Com intuito de conhecer e analisar as espécies contidas dentro dos ecossistemas do país, vários levantamentos têm sido desenvolvidos nos biomas brasileiros e, muitos têm ignorado erroneamente os insetos, contudo, estes podem ser considerados o grupo que mais contribui para os processos essenciais dentro dos ecossistemas, tais como: decomposição de matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, fluxo de energia, polinização, dispersão de sementes, regulação de populações de plantas, animais e outros organismos. Sendo assim, perturbações no ambiente serão percebidas por eles, podendo ser utilizados em estudos de impactos ambientais como animais bioindicadores (SILVA 2009).

Triplehorn e Johnson (2011) afirmam que é impossível contar todos os insetos de um ambiente, e os levantamentos são utilizados por meio de amostras e estimativas populacionais, logo inventariar e monitorar a variedade de espécies e alterações em seus números é essencial para a compreensão da biodiversidade dentro de um ecossistema, promovendo uma rica base de informações sobre o grau de integridade dos ambientes em que estes se encontram (FARIAS et al. 2014). Dessa maneira, visando diminuir as lacunas existentes sobre a real biodiversidade de insetos em áreas de proteção ambiental no estado do Rio Grande do Norte, esse trabalho teve como objetivo realizar um levantamento entomofaunístico na Zona de Proteção Ambiental de Lagoinha (ZPA-5), fornecendo informações que contribuam para o manejo e conservação/manutenção das populações de insetos existentes na localidade.

W. Júnior

* - Clécio Danilo Dias da Silva é Graduado em Ciências Biológicas (Centro Universitário Facex - UNIFACEX) e Pós-graduando em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (IFRN). E-mail: [email protected].

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METODOLOGIA

A zona de proteção Ambiental de Lagoinha, comumente conhecida como ZPA-5 (-5.8782458”S; -35.19218818”W) está situada no bairro de Ponta Negra, Zona Sul de Natal, RN, garantindo um ecossistema de dunas fixas e lagoas, tornando-a uma das principais áreas de recarga dos aquíferos do município. A sua vegetação é composta predominantemente por espécies de tabuleiro litorâneo e Mata Atlântica, tais como: Catraevatapia L., Anacardium occidentale L., Pilosocereuss, Melocactus bahiensis Brit. & Rose, Cereussp, Aechmea ligulata L. Baker, Aechmea aquilega Salisb.,Terminalia catappa, Guapira pernambucensis (Casar.) Lundell., Myrcia multiflora (Lam.) DC., Rapanea umbellata (Mart.) Mez, Commelina erecta L., Ageratum conysoides L., Richardia grandiflora (C ham. &Schltdl.) Steud., Mollugo verticillata L.

As amostragens foram realizadas de Julho de 2014 a Julho de 2015 com auxilio de armadilha luminosa modelo “Luís de Queiroz” equipada com lâmpada fluorescente ultravioleta modelo F T BL, instaladas a 1,5 m do solo, com funcionamento crepuscular – noturno entre 18:00 e 21:00 15 8

horas. Também foram utilizada armadilhas de solo do tipo pitfall contendo álcool 70% e detergente 2% instaladas ao nível do solo para captura de insetos rasteiros. As coletas foram realizadas mensalmente, totalizando 12 coletas.

Os insetos capturados foram acondicionados em potes plásticos contendo álcool 70%, etiquetados e encaminhados para triagem, contagem e identificação em nível de ordem, com o auxílio de microscópio estereoscópico e de literatura adequada (BUZZI, 2014). Posteriormente foram montados e depositados na Coleção Entomológica do Centro Universitário FACEX (UNIFACEX) e do Centro de Pesquisas do Parque Estadual Dunas de Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”. Os dados coletados nas avaliações foram tabulados em planilha do aplicativo Microsoft Excel 2010 e processados no software ASSISTAT.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o período de amostragens,foram capturados um total de 9.982 espécimes distribuídos em 09 ordens:Coleóptera (4.150), Hymenoptera (3.245), Orthoptera (987), Díptera (822), Blattodea (326), Hemíptera (312),Phasmidea (87),Mantódea (32), Homóptera (21) (TABELA 1).

TABELA 1 – Abundância de insetos na Zona de Proteção Ambiental de Lagoinha(ZPA-5)

As ordens Coleóptera (41,57%), Hymenóptera (32,51%), e Orthóptera (9,89%) apresentaram uma maior diversidade de espécimes, sendo as mais abundantes. Seguidas das ordens Díptera (8,23%), Blattodea (3,27%), Hemíptera (3,13%), Phasmida (0,87%), Mantodea (0,32%) e Homóptera (0,21%) (FIGURA 1). Nesse sentido, Pereira e Souza-Filho (2009), Silva et al. (2012), Farias et al. (2014), também constataram uma maior frequência e abundância das ordens Coleóptera, Hymenóptera e Orthóptera em levantamento de insetos desenvolvidos No interior de Minas Gerais, Ipanguaçu – RN, e Ouricuri – PE, respectivamente.

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º

Coleóptera 425 383 289 567 271 333 293 560 229 312 223 265 4.150

Himenóptera 356 234 618 211 432 219 201 155 123 232 122 342 3. 245

Orthóptera 97 78 98 69 73 65 80 121 84 64 75 83 987

Díptera 73 56 39 72 68 56 81 77 63 109 76 52 822

Blattodea 29 34 31 28 19 35 17 32 41 21 30 11 326

Hemíptera 12 34 19 13 43 32 27 24 32 18 38 20 312

Phasmida 12 7 8 10 13 6 11 4 0 5 7 4 87

Mantodea 1 6 0 2 0 3 4 1 0 5 3 7 32

Homóptera 0 2 5 40 1 0 0 4 2 0 3 0 21

Total 1005 834 1107 976 920 749 714 978 574 766 577 784 9.982

ORDENS TOTALCOLETAS

Fonte: O autor (2016).

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A grande abundância de Coleópteros na área de estudo, possivelmente deve-se ao fato destes serem bastante diversificados, e por ocuparem os mais diversos hábitats e nichos ecológicos. De acordo com Gomes et al. (2012) esse grupo representa cerca de 40% do número insetos identificados e 30% de todas as espécies de animais, possuindo aproximadamente 350 mil espécies catalogadas no mundo, sendo portanto, a ordem mais representativa do reino animália.

Segundo Araújo et al. (2012) a presença marcante da ordem Hymenóptera em estudos entomofaunísticospode estar relacionado ao fato de que, alguns representantes desta ordem, especialmente as formigas, são dominantes nos diversos ecossistemas, tanto pela riqueza de espécies quanto pelo número de indivíduos (SILVA, 2009) e são facilmente coletadas pelo hábito de forragear em bando (VIEIRA et al. 2012).

FIGURA 1 – Abundância de insetos por Ordens e por Coletas.

Tratando-se de indivíduos da Ordem Orthoptera, Silva et al. (2012) afirmam que, por serem indivíduos tipicamente herbívoros, não seletivos e cuja migração ocorre em função das fontes de alimentos, são facilmente encontrados nos mais diversos locais onde haja possibilidade mínima de sobrevivência, não sendo bruscamente perturbado com grandes alterações no ambiente.

Além da entomofauna, as armadilhas também capturaram exemplares de rãs, sapos, aranhas, minhocas e larvas de diferentes animais, sendo alguns desses animais potenciais predadores de insetos, o que possivelmente levou a interferências nos resultados obtidos.

CONCLUSÃO

Através do estudo foi possível identificar uma grande abundância das ordens Coleóptera, Hymenóptera e Orthóptera na Zona de proteção ambiental de Lagoinha (ZPA 5). Os valores encontrados podem ter sido influenciados pelo número de coletas e pela pouca diversificação de armadilhas, visto que em ambientes florestais é comum à presença marcante de uma grande biodiversidade de insetos, com comportamentos e nichos variados. Dessa maneira, recomendamos uma maior quantidade de coletas e a utilização de vários métodospassivos e ativos, com intuito de se obter uma amostragem mais significativa.

Fonte: O autor (2016).

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REFERÊNCIAS

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BUZZI, Z. J. Entomologia didática. 5ª Ed. UFPR, Curitiba, 2014.

FARIAS, A. L. E. M.; CARVALHO, A. S.; PINHEIRO, Á. R. F.; COSTA, A. S. S. Levantamento preliminar da diversidade de insetos existentes em área de caatinga no município de Ipanguaçu, RN. In: Congresso de Iniciação Científica do IFRN, IX. Anais... Ipanguaçu, RN, CONGIC, 2014.

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VIEIRA, M.F., RIBEIRO, J.D. SANTOS, I.F. Levantamento de insetos em jazidas na área de e x p l o r a ç ã o d e p e t r ó l e o n o R i o U r u c u – A m a zo n a s , 2 0 1 2 . D i s p o n í ve l em:<http://projetos.inpa.gov.br/ctpetro/ Resumos_PT2/pdf/>. Acessado em: 21/01/2016.

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22 Família CoenagrionidaeLibélula azul

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Alessandro Renê Souza do Espírito Santo*

Cássia Monalisa dos Santos Silva*

1 – INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade vem apresentando cada vez mais interesse por questões ambientais e de como a preservação ou a alteração do meio ambiente pode influenciar em suas vidas. Por sua vez, assuntos ligados as questões climáticas vem ganhando também muita ênfase, principalmente por serem capazes de causar grandes prejuízos socioeconômicos. Podendo ser percebido em diferentes escalas espaciais que vão desde grande escala, a nível global, à escalas locais. Nesse contexto, essas questões se relacionam quando o clima de uma localidade pode sofrer alterações positivas ou negativas, de acordo com o tipo de atividade antrópica desenvolvida.

Mudanças no clima de uma cidade, ocorrem principalmente devido aos processos de urbanização, que modificam o padrão médio do comportamento de algumas variáveis meteorológicas. Segundo Souza (2012), o crescimento da população urbana está diretamente relacionado com mudanças nos usos da terra e também com a emissão de gases do efeito estufa, fatores que apresentam influência direta na modificação do clima.

O conhecimento sobre as características climáticas locais favorece a qualidade de vida da população garantindo aos diversos setores da sociedade informações que possibilitem melhores condições de bem-estar e produtividade. Uma vez que os problemas extremos relacionado as mudanças no clima, podem ser capazes de desestruturar todo um sistema organizacional sócio político. Então, adaptar-se ao clima é um desafio que cada um, assim como os tomadores de decisões políticas, devem estar aptos.

* - Do Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal - RN.Email: [email protected]

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Características Climáticas da Cidade de Natal

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Dentro dessa abordagem, o artigo tem o intuito de apresentar algumas características climáticas da cidade de Natal-RN, propondo assim uma verificação da variabilidade temporal, ao longo dos 30 anos de dados observados de algumas variáveis como, temperatura do ar, precipitação acumulada, umidade relativa do ar e velocidade do vento. Observando, por sua vez, como o clima da cidade é moldado pelos diferentes fatores e fenômenos atmosféricos.

2 – METODOLOGIA

A cidade de Natal-RN apresenta uma área territorial de 167.264 km² e uma população de 869.954, indicando uma densidade demográfica 4.805,24 hab/km². Possui vestígios dos biomas de Caatinga e Mata Atlântica em sua vegetação (IBGE, 2015). Embora não seja uma cidade de alto potencial industrial, apresenta desenvolvimento nos serviços e comércio, e atualmente é rota de transporte para outras cidades do Nordeste, pois apresenta umas das principais rodovias federais que liga o Brasil de Norte a Sul (BR 101) (SILVA e ESPÍRITO SANTO, 2016).

Para a descrição climática da cidade de Natal foram usadas as séries de médias mensais provenientes do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP) do INMET (Tabela 1). As variáveis correspondentes a 31 anos apresentam 384 médias mensais e as de 30 anos possui 373 médias mensais. Os dados possuem boa representatividade para o clima da região. Para a realização da estatística descritiva do clima (médias, medianas, desvios padrões, mínimos, máximos e quartis) foi empregado o software Estatístico R., sendo gerados também gráficos Box-plot para visualizar as características climáticas mensais da cidade de Natal. Em um Box-plot é visualizado os valores mensais mínimos, 1º quartil, mediana, 3º quartil e valores máximos, assim como valores discrepantes (outliers – círculos nos gráficos).

Tabela 1 – Variáveis Climatológicas usadas para caracterizar o clima de Natal.

3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

A região metropolitana de Natal está inserida no Clima Tropical (As') do Nordeste Oriental com chuvas de inverno-outono, caracterizado por ser um clima megatérmico (altas temperaturas) com verão seco e temperatura média mensal acima de 18°C em todos os meses do ano (IBGE, 1997; VIANELLO e ALVES, 2004; SILVA et al., 2009).

Através de uma análise estatística descritiva dos dados climáticos da cidade de Natal (Tabela 2) e dos seus Box-plots mensais (Figura 1), podemos ter uma ideia numérica das normais climáticas da cidade de Natal e de seu clima tropical. A partir daí, verifica-se que a precipitação nos últimos 31 anos apresenta uma média de 144,1mm de chuva com desvio padrão de ±146,05mm (144,1±146,05mm). Os meses mais chuvosos correspondem aos meses entre março-julho (outono-inverno), onde há máximos de chuva que podem chegar a 791,8mm mensais.

Variáveis médias mensais Período da série mensal Sigla (Unidade)

Temperatura do ar janeiro/1984 a novembro/2015 (31 anos) Tar (ºC)

Precipitação acumulada janeiro/1984 a novembro/2015 (31 anos) PRP (mm) Umidade relativa do ar janeiro/1984 a novembro/2015 (31 anos) UR (%)

Velocidade do Vento janeiro/1984 a dezembro/2014 (30 anos) Vento (m/s)

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Tabela 2 – Estatística descritiva das médias mensais das variáveis climáticas de Natal.

A umidade relativa do ar possui uma relação direta com o regime chuvoso, tendo um aumento justamente nos meses mais chuvosos. A variação média da umidade relativa é de 80,42±3,81%, sendo em junho o mês de maiores percentuais, assim como o da precipitação.

Para a velocidade do vento, observa-se uma variabilidade média de 4,28±0,67m/s, com velocidades máximas médias de 7,7±1,09m/s. Com médias máximas de 12,1m/s. Isso, segundo a Escala de Beaufort (MARINHA, 2016) que classifica a intensidade dos ventos, a cidade é ventilada por brisas moderadas (grau 4) e ventos frescos (grau 6), causando no mar, por exemplo, ondulações frequentes em torno de 1m (águas pouco agitadas) a ondas grandes de até 3,5m (águas muito agitadas).

A variabilidade da temperatura do ar mostra médias mensais de 26,4±1,05ºC, com mínimas médias de 23,03±1,76ºC e máximas médias de 29,68±0,9ºC. A Temperatura máxima mensal é de 32,54ºC, verificada no final do verão (meados de março). Esse padrão médio tem como um dos fatores os processos de urbanização e mudanças de uso do solo, fator que altera o balanço energético em superfície, decorrentes do uso de materiais industrializados para cobrir o solo, principalmente asfalto e concreto. Esses materiais provocam um aumento na liberação de radiação infravermelha que favorecem um maior aquecimento do ar, principalmente quando associado a poluição atmosférica de gases capazes de aumentar o efeito estufa local, como o Dióxido de Carbono (CO ) e o Metano (CH ). 2 4

Uma característica interessante sobre a imagem central, da Figura 1, é que as áreas em verde, segundo a SEMURB (2008), são definidas como Zonas de Proteção Ambiental, ou seja, zonas de atuação especial à preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. São áreas nas quais as características do meio físico, restringem o uso e ocupação do solo urbano, visando a proteção, manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos, arqueológicos e científicos.

Essa proteção ambiental tende a favorecer que trocas energéticas entre o solo e a atmosfera possam ser amenizadas, podendo garantir, por exemplo, que a temperatura do ar seja menor nessas regiões de proteção, normalmente vegetadas, do que comparadas as áreas urbanizadas. Verificar o grau de diferença de temperatura entre as zonas de proteção e as áreas urbanas seria um estudo meteorológico bem interessante para ser feito na cidade de Natal.

As características climáticas apresentadas sobre Natal são modelados por diversos fatores climáticos (relevo, latitude, continentalidade, oceanos, gases atmosféricos, etc.) e até astronômicos (translação da terra ao redor do sol, inclinação do eixo da terra e principalmente da Radiação solar), assim como influenciada por diversos fenômenos atmosféricos (IBGE, 1997; VAREJÃO-SILVA, 2006; VIANELLO e ALVES, 2004;

Variável Mínimo 1º

Quartil Mediana Média 3º

Quartil Máximo Desvio Padrão

PRP 0,1 30,2 85,1 144,1 229,3 791,8 146,05

Tar 23,62 25,54 26,58 26,40 27,24 28,94 1,05 UR 70,61 77,78 80,31 80,42 82,96 93,21 3,81

Vento 2,08 3,84 4,31 4,28 4,72 6,02 0,67 Vento máx 5,0 6,8 7,5 7,7 8,3 12,1 1,09

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CAVALCANTI et al., 2009). Sendo assim, por consequência de sua localização, os principais mecanismos e fenômenos atmosféricos moduladores do clima de Natal são: a circulação geral atmosférica em grande escala, Eventos El Niño-Oscilação Sul, Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Temperatura da Superfície do Mar (TSM), brisas marítimas e terrestres, Linhas de Instabilidade (LI), Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL). Estes fenômenos atmosféricos são explicados mais detalhadamente por Ramos et al. (1994) e Ferreira e Mello (2005).

Uma particularidade a todos esses fenômenos é que podem, por exemplo, a causar a intensificação ou diminuição da precipitação na cidade de Natal, e até a ocorrência de eventos extremos de chuva, como ocorrem com os DOLs.

4 – CONCLUSÕES

Este trabalho teve como finalidade apresentar as principais características do clima de Natal, assim como os principais sistemas atmosféricos que influenciam as condições de tempo meteorológico (estado atual e/ou momentâneo do comportamental da atmosfera) e estes, por sua vez, construtores a longo prazo (mínimo de 30 anos) do clima local da cidade de Natal-RN. Evidencia-se assim a importância de se monitorar o tempo e o clima, uma vez que são essenciais para a dinâmica da sociedade, principalmente a nível socioeconômico.

A dependência do homem ao clima se dá também pela ação de fenômenos anômalos, como secas severas, temperaturas extremas, inundações, ventanias destrutivas que agem

Figura 1: Variabilidade mensal (Box-plots) da precipitação acumulada (superior esquerda), temperatura do ar (superior direita), umidade relativa (inferior esquerda) e velocidade do vento (inferior direita) para a região da cidade de Natal-RN (imagem central). As setas azuis indicam a direção predominante do vento (alísios)

SEMURB (2008).Fonte da imagem:

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gravemente nas zonas urbanas. Gerando grandes problemas a sociedade. Sendo assim, estudos meteorológicos e climáticos são indispensáveis e devem ser incentivados, principalmente para garantir um aumento da produção científica referentes a cidade de Natal, assim como estabelecer meios que possam fomentar programas sociais e acadêmicos de controle dos processos antropogênicos que causam mudanças na variabilidade climática local e global. Controle esse que inicialmente começa com a proteção do meio ambiente e de possíveis projetos de controle da poluição atmosférica (emissões geradas pela queima de derivados do petróleo e carvão normalmente ligados a indústria e automóveis).

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Fernando Medeiros

28 Epidendrum cinnabarinum Salzm.Orquídea laranjinha

José Roberto de Vasconcelos Costa*Editor de “Astronomia no Zênite” (www.zenite.nu)

INTRODUÇÃO

Réplicas em escala do Sistema Solar existem por todo o mundo, principalmente na Europa e Estados Unidos. Elas ilustram o afastamento dos planetas em relação ao Sol, ajudando a compreender o que os livros didáticos geralmente não conseguem ilustrar.

Mostra-se impraticável, por exemplo, reproduzir numa mesma página as enormes distâncias interplanetárias junto às dimensões comparativas entre os corpos celestes. O modelo Terra – Lua já nos dá uma noção dessa dificuldade. Graficamente, ele poderia ser representado como mostra a Figura 1.

Contudo, a distância entre a Terra e a Lua ainda é muito pequena diante da imensidão do Sistema Solar. Cerca de 400 vezes maior, por exemplo, é a distância entre a Terra e o Sol. Torna-se evidente que representar o Sistema Solar, mesmo em escala reduzida, requer bastante espaço. Apesar da dificuldade, seria muito oportuno construir esse modelo, como

[1]atestam os muitos que já existem pelo mundo .

Lúdicos e convidativos, essas réplicas em escala permitem não somente uma melhor compreensão da estrutura geral do nosso sistema planetário, como também auxiliam na fixação de conceitos fundamentais de Geometria e Ciência, além da própria noção de escala e diversos outros possíveis desdobramentos.

O Sistema Solar no ParqueFernando Medeiros

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*- Mestre em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, secretário nacional da ONG “The Planetary Society”, Diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Planetários (ABP) e Editor-chefe da revista “Planetaria” (ISSN 2358-2251).

Figura 1: Terra e Lua em uma escala que respeita o tamanho e a distância entre os astros.

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PROJETO

Pensando nisso, e na escassez desses modelos no Brasil, propusemos à direção do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte a instalação de um Sistema Solar em escala ao longo das trilhas que atraem tantos visitantes para uma boa caminhada.

Os marcos dessa escala são placas de sinalização, como mostrado na Figura 2, correspondentes ao Sol e os oito planetas do Sistema Solar, além dos planetas anões Ceres, no Cinturão Principal de asteroides, e Plutão, no Cinturão de Kuiper, como é chamado o anel de asteroides externo do Sistema Solar.

Além do modelo em si, uma página na Internet foi elaborada, tanto para divulgação permanente do projeto como no sentido de auxiliar os educadores em atividades em sala de aula que utilizem a escala.

Pensando nas crianças e jovens que realizam visitas escolares ao Parque da Cidade, optou-se por não alongar o modelo do Sistema Solar pela extensão máxima das trilhas, restringindo-se àquelas que os estudantes percorrem durante as visitas guiadas (Figura 3).

Figura 2: Placa de Sinalização - Sistema Solar no Parque. Foto: Acervo do autor.

Figura 3: Trilhas do Sistema Solar no Parque (representadas em laranja).

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OBJETIVOS

As principais linhas de ação desse projeto são a Popularização do Conhecimento Científico e a Educação Ambiental. Podemos destacar também uma série de objetivos específicos, tais como:

Ÿ Despertar o interesse de crianças, jovens e o público em geral por meio de uma instalação permanente, de fácil execução, baixo custo e sem impacto ambiental, onde será destacado o caráter lúdico como forma de difundir o conhecimento científico;

Ÿ Constituir-se em mais um estímulo à prática da caminhada pelas trilhas do Parque, uma vez que percorrê-las poderá ser entendido como uma “viagem pelo Sistema Solar”, e cada passo percorrido equivale, literalmente, a milhões de quilômetros no espaço;

Ÿ Estimular novas ações ambientais no Parque da Cidade por meio da compreensão de que o clima no planeta é determinado principalmente pela posição da Terra no Sistema Solar, mas também sofre influências das atividades humanas;

Ÿ Auxiliar estudantes do Ensino Fundamental e Médio em disciplinas de Ciências Naturais e Matemática por meio da compreensão de escalas integradas de tamanho e distância;

Ÿ Despertar a curiosidade pelo Universo e a consciência da fragilidade do nosso mundo, assim como da nossa responsabilidade para com o ambiente natural;

Ÿ Compreender os movimentos da Terra e dos planetas e a importância do Sol;

Ÿ Conhecer a real distribuição dos planetas do Sistema Solar, partindo do Sol;

Ÿ Entender a reclassificação de Plutão e a estrutura de asteroides que existe além da órbita de Netuno, o último planeta do Sistema Solar reconhecido hoje;

Ÿ Se apropriar da forma como a Ciência moderna trabalha; como os cientistas recolhem, julgam e manejam informações e como isso produz novos conhecimentos;

JUSTIFICATIVAS

Temas astronômicos sempre despertaram curiosidade no ser humano. Sondamos o desconhecido para explorar múltiplos modos de interagir com o ambiente.

Uma das descobertas mais reveladoras e com maior impacto sobre nossa compreensão do Universo se refere às enormes escalas envolvidas – no espaço e no tempo.

Representar essas escalas é sempre desafiador, já que não lidamos com distâncias (ou períodos de tempo) tão grandes em nosso cotidiano. Além disso, como já mencionado, frequentemente as publicações impressas exibem representações simplificadas e/ou fora de escala do Sistema Solar, já que fazê-lo da forma correta pode ser impraticável.

É por isso que fazemos uso de reduções ou modelos do Universo. Entre eles está a representação em escala do Sistema Solar, que normalmente é construída numa área ao ar livre.

Algumas vezes são feitos modelos temporários, objetivando uma atividade pontual ou a [2]

gravação de um vídeo . Outras vezes os modelos são permanentes, sendo encontrados não somente em museus, mas também em parques, avenidas ou mesmo entre cidades.

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No Brasil há poucos modelos em escala do Sistema Solar, e geralmente eles ficam em áreas mais reservadas, como o interior de um campus universitário (exemplo do Campus I da USP

[3]de São Carlos , no interior paulista) ou o acesso a um museu (exemplo do MAST, Museu de

[4]Astronomia e Ciências Afins , no Rio de Janeiro).

Mesmo quando se estendem por uma grande área, o modelo em si não ocupa tanto espaço, uma vez que é constituído por placas, totens ou esculturas, que além de despertar curiosidade provocam no público o desejo de encontrar todos os astros, levando-os a percorrer a réplica em sua totalidade.

PORQUE O PARQUE DA CIDADE

O Parque Dom Nivaldo Monte, com sua relevância ecológica, foi, sem dúvida, o lugar ideal em nossa cidade para implantação desse modelo do Sistema Solar em escala.

Utilizando placas indicativas dispostas ao longo de trilhas pavimentadas, percorridas diariamente pelos frequentadores do lugar, o modelo foi inaugurado no dia 3 de junho de 2016 durante uma solenidade aberta ao público como parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente de Natal, e contou com a presença do prefeito da cidade, Carlos Eduardo, e do Secretário Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Marcelo Rosado, além de outras autoridades.

Essa “Trilha do Sistema Solar”, como vem sendo chamada, já se constitui num atrativo a mais para as caminhadas, proporcionando uma atividade lúdica na construção e consolidação de conhecimentos científicos, sendo utilizado muitas vezes como ponto de partida para reflexões sobre a importância de cuidar do ambiente natural urbano – e do mundo em que vivemos como um todo. Objetivos que são consoantes com os do próprio Parque da Cidade, como unidade de conservação ambiental.

E a ciência, cada vez mais, precisa chegar ao grande público. Assistimos uma onda de descobertas nos mais variados campos que conduzem, por exemplo, à resolução de problemas na área de saúde, à minimização dos efeitos de catástrofes naturais, à melhoria das condições de trabalho e ao incremento na produtividade das corporações e instituições ou na produção de alimentos.

O desenvolvimento científico tem estado intimamente ligado ao desenvolvimento das sociedades – mas também traz novos desafios e ameaças. Reconhece-lo e criar uma postura crítica é tão importante quanto ser um cidadão que participa e tem interesse nas decisões e nos rumos políticos que influenciam a todos.

Conhecer mais e interessar-se por Ciência é fundamental para toda nossa sociedade e não somente para os profissionais que a praticam. Ela é uma ferramenta essencial para as nossas melhores esperanças.

Compreendendo esse contexto, ansiamos levar em última instância e por meio deste projeto, um modo de pensar a Ciência e as questões ambientais, sempre integradas com o nosso cotidiano, enriquecendo ainda mais a visita ao Parque da Cidade, único do gênero em todo país, até onde sabemos, com um modelo permanente em escala do Sistema Solar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto pretende contribuir para melhorar a aprendizagem em Ecologia, Ciências Naturais e Matemática e assim favorecer a criação de uma consciência crítica para o desenvolvimento de uma cultura de autoestima, que em última instância procura diminuir as desigualdades sociais da população por meio do conhecimento científico.

O público alvo abrange o público de todas as faixas etárias, bem como os educadores e educandos do Ensino Fundamental e Médio. O modelo “Sistema Solar no Parque” também atua no segmento do Turismo Cultural e Científico de Natal.

A página na Internet (www.zenite.nu/o-sistema-solar-no-parque) contem uma descrição mais detalhada do modelo, com sugestões de atividades a serem realizadas em sala de aula para as faixas de Ensino Fundamental e Médio.

O projeto foi dos autores do blog “Astronomia no Zênite”, sendo o primeiro do gênero aberto ao público na região Nordeste. A execução foi uma parceria entre a equipe do Parque Dom Nivaldo Monte e a UNI-RN. O acesso é gratuito e as escolas da região podem agendar visitas guiadas.

REFERÊNCIAS

[1] Solar System model. In: Wikipedia{,} The Free Encyclopedia. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Solar_System_model>. Acesso em 1 mai 2016.

[2] To Scale: The Solar System. Disponível em <https://vimeo.com/139407849>. Acesso em 4 jan 2016.

[3] Sistema Solar em escala. In CDA - Setor de Astronomia - CDCC/USP. Disponível em <http://www.cdcc.usp.br/cda/dispositivos/sistema-solar/index.html>. Acesso em 11 nov 2015.

[4] Um passeio pelo Campus do MAST . In MAST. Disponível em < http://www.mast.br/informast_mensal/2014/janeiro_2014/vale_a_pena_conferir_03.html>. Acesso em 11 nov 2015.

W. Júnior

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Fernando Medeiros

solanum paludosum Moric.Jurubeba-roxa

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