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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de Exoplanetas do satélite CoRoT Cristián Andrés Cortés Ángel Orientador: Prof. Dr. José Renan De Medeiros Co-orientador: Prof. Dr. Márcio Catelan Tese de doutorado apresentada ao Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção do grau de DOUTOR em FÍSICA. Natal, Dezembro de 2010

Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

Parâmetros Físico-Químicos de estrelas noscampos de Exoplanetas do satélite CoRoT

Cristián Andrés Cortés Ángel

Orientador:

Prof. Dr. José Renan De Medeiros

Co-orientador:

Prof. Dr. Márcio Catelan

Tese de doutorado apresentada ao

Departamento de Física Teórica e

Experimental da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como requisito parcial à

obtenção do grau de DOUTOR em

FÍSICA.

Natal, Dezembro de 2010

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Agradecimentos

A minha esposa, Verónica, por ter me acompanhado na procura do meu crescimento

profissional. Por todo seu amor, paciência, carinho e companhia.

A minha família, por ter me dado força e amor desde a distância por todos estes anos.

Ao Prof. José Renan de Medeiros, pelos ensinamentos e orientações constantes, e por

me ter aceitado como um dos seus filhos aqui em Natal.

Ao Prof. Márcio Catelan pela sua incondicional ajuda e orientação todos estes anos.

Aos meus colegas e amigos, Bruno, Izan , Saulo, Matthieu, Daniel, Carlos, Jefferson,

Luiz, Sumaia, Jenny, Liduina e Ana.

Ao Brasil, por ter me recebido de braços abertos e ter me permitido conhecer sua

maravilhosa gente.

Aos Profs. Kepler de Souza Oliveira Filho, José Dias do Nascimento Jr. e Bruno

Canto Martins, ilustríssimos membros de minha banca examinadora, por esta honrosa

disponibilidade.

A todas as instituições que me forneceram o fundamental apoio financeiro e estrutural:

CNPq, CAPES, UFRN, DFTE, PUC-Chile, Conicyt, Aura e ESO.

“Gracias a la Vida”, por ter me permitido conhecer os meus dois grandes amores...

Minha esposa e minha ciência.

i

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Resumo

A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste

sentido, o satélite CoRoT representa uma oportunidade única de medir os períodos rota-

cionais para uma amostra de estrelas estatisticamente robusta, oferecendo dados absoluta-

mente necessários para o estudo da rotação e seu papel na evolução estelar. Para conseguir

isto, um passo fundamental é a caracterização física e química das estrelas observadas pelo

CoRoT, especificamente devido ao fato de que o cálculo de períodos rotacionais confiáveis

é um trabalho difícil sem a ajuda dos parâmetros estelares. Desta forma, foi elaborado

um importante seguimento observacional das estrelas nos campos do CoRoT do anticentro

LRa01 e do centro LRc01, permitindo a correta identificação dos períodos que reflitam a

modulação rotacional.

Nesta tese de doutorado são apresentados os resultados de tal seguimento. Parâmet-

ros físicos e químicos, tais como temperatura efetiva Teff , gravidade superficial log(g),

velocidade de microturbulência Vmic, abundância de ferro [Fe/H], velocidade de rotação

projetada V sin(i), e abundância de lítio A(Li) são apresentados para uma amostra de 116

estrelas dos campos CoRoT. Elas se encontram em diferentes estágios evolutivos, desde a

sequência principal (SP) até o ramo das gigantes vermelhas (GV). As observações foram

feitas utilizando os espectrógrafos UVES (VLT) e HYDRA (CTIO). Para a derivação de

tais parâmetros foram utilizados o programa TurboSpectrum e os modelos de atmosfera

de MARCS. Paralelamente, velocidades rotacionais V sin(i) foram obtidas a partir do

ajuste dos perfis observados e sintéticos das linhas de ferro e por meio de uma calibração

de função de correlação cruzada (CCF). Períodos rotacionais Prot para 77 estrelas da

amostra foram obtidos a partir das curvas de luz do satélite CoRoT. Extensas tabelas

destes parâmetros e seus respectivos erros são apresentadas.

ii

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Foram encontradas diferenças nas distribuições de Teff , [Fe/H] e estágios evolutivos

entre os diferentes campos do CoRoT, indicando possíveis efeitos de seleção na amostra,

assim como a existência de diferentes populações estelares do disco Galáctico. Por outro

lado, o comportamento rotacional e as abundâncias de lítio não apresentam diferenças

entre estrelas de parâmetros físicos similares, mas que pertencem a diferentes campos

do CoRoT. A partir da análise de temperaturas, foi encontrada uma maior extinção por

avermelhamento para estrelas do CoRoT localizadas no campo LRc01, assim como um

gradiente deste valor em função da distância.

Os resultados mostram que as abundâncias de lítio, as velocidades de rotação e os

períodos rotacionais apresentam o mesmo comportamento descrito na literatura. Por

outro lado, é apresentada pela primeira vez a relação que existe entre o lítio e o período

de rotação em diferentes estágios evolutivos, mostrando, tal como era esperado, que ambas

as grandezas possuem uma anticorrelação. Também é apresentada a evolução simultânea

da rotação e do lítio, e foram calculadas relações que permitem obter valores médios de

A(Li) como função da temperatura efetiva e do período rotacional.

Os dados apresentados nesta tese de doutorado representam um importante ponto de

partida para serem utilizados como uma amostra de calibração para diferentes programas

no contexto da missão do satélite CoRoT, uma vez que a lista de estrelas aqui analisadas

são parte das mais brilhantes que compõem o campo Exo do CoRoT.

iii

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Índice

Agradecimentos i

Resumo ii

1 Introdução 1

1.1 Rotação estelar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 O Lítio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2.1 O Lítio no Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2.2 Planetas extrasolares e Lítio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2.3 Lítio Cosmológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.3 O satélite CoRoT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.3.1 Aspectos técnicos do satélite CoRoT . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.3.2 A missão CoRoT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.3.3 A contribuição do satélite CoRoT ao estudo da rotação estelar . . . 10

1.4 Objetivos deste trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.5 Plano de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2 Amostra Observacional 14

2.1 Amostra de estrelas observadas com UVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.2 Amostra de estrelas observadas com HYDRA . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.3 Fotometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3 Sínteses e Análise Espectral 34

3.1 Síntese Espectral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.1.1 Parâmetros Atômicos e Moleculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

iv

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3.1.2 Parâmetros de Convolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.2 Análise Espectrofotométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.2.1 Larguras Equivalentes LE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.2.2 Modelos de Atmosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.2.3 Determinação de parâmetros físico-químicos . . . . . . . . . . . . . 38

3.2.4 Velocidades de Rotação V sin(i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.2.5 Abundancia de lítio A(Li) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.3 Períodos de Rotação Prot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

3.3.1 Remoção das descontinuidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

3.3.2 Remoção das tendências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.3.3 Remoção de ruído . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.3.4 Espectro de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4 Resultados e Discussão 56

4.1 Amostra no Diagrama (log(Teff), log(g)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.2 Temperaturas efetivas e avermelhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.3 Abundâncias de ferro [Fe/H] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.4 As velocidades de Rotação V sin(i) e os períodos rotacionais Prot . . . . . 77

4.5 As abundâncias de lítio A(Li) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4.5.1 A conexão com a temperatura efetiva e a abundância de ferro . . . 86

4.5.2 A relação com a rotação estelar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

4.6 Evolução de V sin(i), A(Li) e Prot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

5 Conclusões e Perspectivas 106

5.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

5.2 Perspectivas de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

v

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Lista de Figuras

1.1 Representação artística do satélite CoRoT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.2 Campos observados pelo satélite CoRoT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.1 Diagrama cor-magnitude das estrelas da amostra (V, (B − V )). . . . . . . . 31

2.2 Diagrama cor-magnitude das estrelas da amostra (V, (J −K)). . . . . . . . 32

2.3 Diagrama cor-cor das estrelas da amostra ((J −K), (B − V )). . . . . . . . 33

3.1 Equilíbrio de excitação χexc e ionização de A(Fe). . . . . . . . . . . . . . . 40

3.2 Equilíbrio de log(LE/λ) e de A(Fe). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

3.3 Calibração de V sin(i) usando uma Função de Correlação Cruzada. . . . . 50

3.4 Determinação da A(Li) para estrelas da amostra. . . . . . . . . . . . . . . 52

4.1 Diagrama (log(Teff), log(g)) para estrelas dos campos do CoRoT. . . . . . . 63

4.2 Diagrama (log(Teff), log(g)) para estrelas segregadas por [Fe/H]. . . . . . . 64

4.3 Estágios evolutivos na amostra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.4 Comparação entre Teff(B − V ) e Teff(J −K) dos campos CoRoT. . . . . . 70

4.5 Comparação entre Teff(B − V ) e Teff dos campos CoRoT. . . . . . . . . . . 71

4.6 Comparação entre Teff(J −K) e Teff dos campos CoRoT. . . . . . . . . . . 72

4.7 Histograma da Teff para os campos CoRoT. . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4.8 Histograma de [Fe/H] para os campos CoRoT. . . . . . . . . . . . . . . . . 75

4.9 [Fe/H] como função de Teff para os campos do CoRoT. . . . . . . . . . . . 76

4.10 Histograma de [Fe/H] para os estágios evolutivos. . . . . . . . . . . . . . . 78

4.11 V sin(i) como função de Teff para as estrelas dos campos CoRoT. . . . . . . 79

4.12 Histogramas de V sin(i) nos estágios evolutivos. . . . . . . . . . . . . . . . 82

4.13 V sin(i) como função de Teff para as diferentes [Fe/H]. . . . . . . . . . . . . 83

vi

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4.14 V sin(i) como função de Prot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

4.15 A(Li) como função de Teff para as estrelas dos campos CoRoT. . . . . . . . 85

4.16 A(Li) como função de Teff para as estrelas da amostra segregadas por [Fe/H]. 87

4.17 A(Li) como função de [Fe/H] para as estrelas da amostra. . . . . . . . . . 88

4.18 A(Li) como função de Teff nos estágios evolutivos. . . . . . . . . . . . . . . 89

4.19 Histogramas de A(Li) nos estágios evolutivos. . . . . . . . . . . . . . . . . 90

4.20 D(Li) como função log(Teff ) para as estrelas da amostra. . . . . . . . . . . 92

4.21 A(Li) como função de Teff ∼ T� para as estrelas da SP. . . . . . . . . . . . 94

4.22 A(Li) como função de V sin(i) para as estrelas dos campos . . . . . . . . . 96

4.23 A(Li) como função de V sin(i) para as estrelas da amostra. . . . . . . . . . 97

4.24 A(Li) como função de V sin(i) para os estágios evolutivos. . . . . . . . . . 98

4.25 A(Li) como função do Prot estrelas com diferentes [Fe/H]. . . . . . . . . . . 99

4.26 Evolução de V sin(i) no diagrama H-R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

4.27 Evolução de A(Li) no diagrama H-R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

4.28 Evolução de Prot no diagrama H-R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

4.29 Histogramas conjuntos A(Li), V sin(i) e Prot. . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

vii

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Lista de Tabelas

1.1 Principais características do satélite CoRoT. . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1 Efemérides e fotometria da amostra UVES+CoRoT. . . . . . . . . . . . . . 17

2.2 Efemérides das observações no HYDRA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2.3 Efemérides das observações das estrelas padrão rotacionais. . . . . . . . . . 23

2.4 Efemérides e Fotometria da amostra HYDRA+CoRoT . . . . . . . . . . . 25

3.1 Larguras observadas < LPobs > e < Lt > das estrelas padrão HYDRA. . . . 47

3.2 Larguras da CCF das estrelas padrão rotacionais HYDRA. . . . . . . . . . 48

4.1 Parâmetros físico-químicos e rotacionais da amostra. . . . . . . . . . . . . 58

4.2 Valores médios dos parâmetros físico-químicos nos Campos CoRoT. . . . . 67

viii

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Capítulo 1

Introdução

1.1 Rotação estelar

A rotação estelar e sua evolução têm um importante efeito na vida das estrelas, mas

devido à complexidade de seu tratamento, seu estudo foi esquecido por muito tempo. Do

mesmo modo, a medição deste parâmetro utilizando telescópios terrestres demanda muito

tempo observacional, razão pela qual é muito difícil obter grandes amostras que sejam

representativas em posição Galáctica, temperaturas, estados evolutivos, metalicidade ou

magnitude. Apesar de importantes trabalhos serem desenvolvidos neste sentido, a maioria

deles é feito para estrelas na vizinhança solar ou estrelas brilhantes em aglomerados (De

Medeiros & Mayor 1999; Nordström et al. 2004).

Medidas de momentum angular específico j = J/M1 mostram uma grande diminuição

de quase 8 ordens de magnitude de tal valor desde a fase pré-sequência principal (pré-SP)

até a idade do Sol (Bodenheimer 1995). Provavelmente aquela diminuição dramática deve

deixar vestígios na evolução estelar, influenciando vários processos, tais como a formação

e evolução do disco circumestelar, as abundâncias químicas superficiais e os processos

internos da estrela, a atividade cromosférica e coronal, entre outros.

Geralmente nos estudos de rotação duas questões se destacam :

1. Qual é a origem da rotação, ou generalizando, qual é a origem do momentum angular

estelar?1O momentum angular especifico j é definido como a razão entre o momento angular estelar total J

e a massa estelar total M .

1

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2. Como a rotação muda durante a evolução estelar, ou seja, com a idade da estrela?

Para responder a estas questões, os aglomerados parecem ser elementos ideais de

estudo, pelo fato de que eles podem ser considerados como um grupo de estrelas que

tiveram uma origem em comum e que apresentam um vasto intervalo de massas estelares2.

Trabalhos sobre os aglomerados abertos jovens α Persei e Plêiades mostraram que as

estrelas de baixa massa na sequência principal (SP) apresentam uma grande dispersão nos

valores de velocidade de rotação projetada [V sin(i)], a qual desaparece em aglomerados

com idades um pouco maiores, como Híades (Stauffer et al. 1985; Stauffer & Hartmann

1986 e referências nesse trabalho; Soderblom et al. 1993).

Devido à grande dispersão existente nos valores de rotação de estrelas da SP, ex-

plicações foram buscadas nas fases anteriores a tal estágio evolutivo. Neste sentido, a

história do momentum angular estelar na fase pré-SP deveria ter alguma influência nas

taxas de rotação no estado evolutivo seguinte. Existe evidência observacional que mostra

que estrelas da pré-SP com alta rotação não possuem discos circumstelares visíveis, e

aquelas estrelas com discos visíveis apresentam valores de rotação menores (Rebull et al.

2006; Cieza & Baliber 2007). Anteriomente, Keppens et al. (1995) e Herbst & Mundt

(2005) propuseram que a interação magnética entre o disco circumestelar e a proto-estrela

é responsável pela evolução do momentum angular na fase pré-SP, assim como o tempo

de vida do disco seria responsável pela dispersão dos valores de V sin(i) observados nas

estrelas da SP.

Subsequentemente, a evolução do momentum angular na SP deve ser regida pelos

ventos estelares, cuja intensidade é uma função da massa, da atividade e da rotação estelar

(Konigl 1991). Estes ventos seriam capazes de diminuir dramaticamente a atividade e a

rotação estelar em alguns giga-anos (Henry et al. 1996). Desta forma, as estrelas tardias

na SP apresentariam os valores baixos nas taxas de rotação, tal como é observado para a

grande maioria destas estrelas.

Embora alguns dos parâmetros que controlam a rotação tenham sido identificados

(massas estelares, temperaturas efetivas e estados evolutivos), ainda existem incertezas2Isto mudou recentemente com a descoberta de diferentes populações estelares em aglomerados glob-

ulares (D’Antona et al. 2005; Piotto et al. 2007; Marino et al. 2008).

2

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em relação às escalas de tempo (Allain 1998). Diversos trabalhos relacionam as taxas de

rotação com a evolução estelar, mostrando que a rotação decresce com a idade segundo

Vrot ∝ (idade)−α, em que Vrot é a velocidade de rotação superficial e α uma constante

determinada a partir das observações (Skumanich 1972; Soderblom et al. 1991; Pace &

Pasquini 2004). Por outro lado, estrelas em estados mais avançados da evolução, tais como

estrelas no final da fase gigante vermelha (GV) e do ramo horizontal (RH), apresentam va-

lores de rotação que não podem ser explicados somente como produto da evolução, nem de

fenômenos de perda de massa (Carney et al. 2008; Cortés et al. 2009). Explicações como

transferência de momentum angular a partir do núcleo, planetas engolidos ou coalescência

de sistemas binários próximos, têm sido invocados para explicar estes valores anômalos

do ponto de vista evolutivo (Soker 1998; Soker & Harpaz 2000). Especificamente para as

estrelas do RH, as velocidades de rotação são muito altas e com uma grande dispersão de

valores, mas estes diminuem ao mesmo tempo em que fenômenos de levitação radiativa e

difusão gravitacional aparecem (Grundahl et al. 1999; Recio-Blanco et al. 2002)

Estudos de estrelas evoluídas da fase subgigante (SG) e gigante de diferentes massas

e metalicidades mostram que elas compartilham características rotacionais similares. As

taxas de rotação decrescem para valores baixos para um índice de cor (B − V ) ∼ 0,6.

Essa descontinuidade é producida pelo aumento importante do radius, o que tambem

provoca um decrescimento das abundâncias de lítio observadas nessas estrelas devido a

diluição (De Medeiros et al. 1997, 2000). Dos mesmos estudos e utilizando compilações

atualizadas de valores de V sin(i) (Cortés et al. 2009), é possível afirmar que não existem

evidências de que a rotação estelar seja influenciada pela metalicidade e os processos de

perda de massa, pois estrelas com diferentes conteúdos de ferro [Fe/H] e quantidades de

massa perdida apresentam o mesmo comportamento rotacional.

Por outro lado, estrelas tardias de baixa massa que são hospedeiras de planetas não

apresentam diferenças rotacionais daquelas estrelas que não possuem planetas detecta-

dos. Estudos recentes indicam que o comportamento rotacional entre estes dois grupos é

similar, mas as estrelas com planetas detetados apresentam valores de J maiores que as

estrelas que não têm planetas (Alves et al. 2010).

3

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1.2 O Lítio

Elementos leves como o lítio e o berílio permitem estudar os processos físicos que

ocorrem no interior estelar, especialmente nas camadas mais externas da estrela (Michaud

& Charbonneau 1991; Charbonnel & Talon 1999), já que eles foram producidos no Big-

Bang e os valores diferentes aos valores primordiais estão relacionadas com processos de

destruição e diluiçao destes elementos no interior estelar.

Por outro lado, é conhecido que a rotação e a abundância de lítio diminuem conjunta-

mente com a idade e a evolução. Herbig (1965) e Iben (1967a,b), entre outros, mostram

que o aumento da profundidade da envoltória convectiva e os processos de transporte

convectivo levariam lítio da superfície para o interior estelar, onde as camadas internas

destas estrelas possuem a temperatura necessária para destruí-lo (2 , 5×106 K). Isto seria

responsável pela destruição do lítio superficial e poderia explicar as quantidades de lítio

observadas em estrelas da SP com massas similares à solar. Da mesma forma, já que

a diluição do lítio na atmosfera das estrelas está associada com a idade, Zahn (1992) e

Pinsonneault et al. (1989, 1990) postularam que a diminuição da abundância de litio na

atmosfera pode estar relacionada com o fenômeno de perda de momentum angular devido

à perda de massa.

Mesmo com estes avanços na compreensão do comportamento do lítio, outros processos

são requeridos para conciliar a grande diferença entre os valores de abundância de lítio

A(Li)3 observados e aqueles preditos a partir de trabalhos teóricos. Processos, conhecidos

como misturas extras devem ser capazes de diluir mais eficientemente o lítio nas atmosferas

estelares, de forma que possam reproduzir melhor as observações. Dentre estes processos,

encontram-se a difusão microscópica (Michaud 1986; Chaboyer et al. 1995), circulação

meridional e instabilidades hidrodinâmicas (Schatzman & Baglin 1991; Pinsonneault et al.

1991; Deliyannis & Pinsonneault 1997; Talon & Charbonnel 1998; Palacios et al. 2003) e

ondas gravitacionais (García López & Spruit 1991; Montalbán & Schatzmann 2000; Talon

& Charbonnel 2003).

Nos últimos anos, os estudos das abundâncias de lítio A(Li) nas estrelas têm se concen-3A abundância de lítio A(Li) é definida como A(Li) = log(NLi/NH) + 12, em que NH é o número de

átomos de hidrogênio H e NLi é número de átomos de lítio Li.

4

Page 14: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

trados em torno de três problemas: o lítio no Sol, a influência dos planetas nas abundâncias

de lítio nas estrelas hospedeiras de sistemas planetários e as discrepâncias nos valores cos-

mológicos de lítio. Uma importante revisão pode ser encontrada no trabalho de Meléndez

et al. (2010a), com abordagem detalhada. A seguir encontram-se os resumos de tais

problemas.

1.2.1 O Lítio no Sol

O Sol possui um valor de A(Li)� = 1,05 (Asplund et al. 2009), inferior ao valor

encontrado em meteoritos no sistema solar, os quais possuem A(Li) = 3, 26 (Asplund et

al. 2009). O valor de A(Li)� é consideravelmente menor que valores preditos teoricamente

utilizando modelos evolutivos canônicos (D’Antona & Mazzitelli 1984). Esta discrepância

não é totalmente compreendida até o presente, mas acredita-se que esteja relacionada com

a existência dos planetas do sistema solar (Israelian et al. 2009).

Ao ser comparado o valor da abundância de lítio solar com valores encontrados nas

estrelas análogas solares (Pasquini et al. 1994, 2008), o valor solar corresponde àquele

de estrelas análogas que possuem os mais baixos conteúdos de lítio. Segundo estes au-

tores, existe uma bimodalidade nas distribuições de A(Li), na qual o Sol se encontra

em um grupo de estrelas com baixo conteúdo de lítio. Bouvier (2008) sugere que esta

bimodalidade de abundâncias de lítio nas estrelas tipo sol deve estar relacionada com as

diferenças na história evolutiva das estrelas na fase pré-SP. Estudos recentes focados em

estrelas gêmeas solares apontam resultados que diferem desta explicação, mostrando que

estas estrelas apresentam valores de A(Li) tão baixos quanto o valor solar e sem aparente

bimodalidade (Meléndez et al. 2010a).

1.2.2 Planetas extrasolares e Lítio

Nos últimos anos, diversos estudos têm tentado vincular baixas abundâncias de lítio

estelar à existência de planetas (Gonzalez & Laws 2000; Israelian et al. 2004), motivação

que nasceu a partir do caso solar. Entretanto, alguns trabalhos não encontram diferenças

entre as abundâncias de lítio de estrelas com e sem planetas gigantes detetados (Ryan 2000;

Luck & Heiter 2006). Mais recentemente, evidências observacionais mostram, no entanto,

5

Page 15: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

que tal diferença existe, mas para um intervalo muito pequeno em temperatura efetiva

Teff : Estrelas com sistemas planetários com temperaturas efetivas 5.700 ≤ Teff [K] ≤5.850 possuem estatisticamente menores abundâncias de lítio (Takeda & Kawanomoto

2005; Gonzalez 2008; Israelian et al. 2009). Mas, é precisso notar que o intervalo de

temperaturas é entre duas e três vezes maior que os erros tipicos na determinação deste

parâmetro em estrelas como o Sol, o qual permite questionar a validade destes resultados.

Para entender qual é a origem desta diferença, é preciso recorrer às evidências observa-

cionais anteriormente descritas que relacionam as velocidades de rotação e as abundâncias

de lítio em diversos estágios evolutivos. Bouvier (2008) explica que as abundâncias de

lítio encontradas em estrelas com planetas podem estar relacionadas com o valor inicial

de rotação na SP, o qual estaria relacionado com o tempo de vida do disco circumstelar

na fase pré-SP. Tempos longos de formação do disco seriam condição necessária para a

formação e/ou migração de planetas em estrelas jovens (Ida & Lin 2008). Isto provocaria

que estas estrelas possuam um valor menor de velocidade rotacional inicial ao chegar na

SP, favorecendo a destrução de lítio durante esta fase.

1.2.3 Lítio Cosmológico

A abundância de lítio em estrelas da SP e SG pobres em metais é praticamente cons-

tante para um pequeno intervalo de temperaturas efetivas (5.800 < Teff [K] < 6.600).

Este fenômeno, conhecido como o “planalto” de Spite (Spite & Spite 1982), tem sido in-

terpretado como uma assinatura da nucleossíntese do Big Bang, e portanto, pode ser uma

ferramenta muito útil para testar os valores da densidade bariônica η do universo (Spite

& Spite 2010).

Embora a densidade bariônica η já fosse inferida a partir das flutuações da radiação

cósmica de fundo utilizando as observações do satélite “Wilkinson Microwave Anisotropy

Probe” (WMAP), o valor de lítio primordial A(Li) = 2,7 derivado usando estas medições

(Spergel et al. 2007; Cyburt et al. 2008) é um fator entre duas e cinco vezes maior que os

valores encontrados em estrelas do halo e de aglomerados globulares (Ryan et al. 1999;

Monaco et al. 2010). Neste sentido, trabalhos teóricos e observacionais sugerem que as

6

Page 16: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

estrelas pobres em metais sofrem diluição de lítio na sua superfície e portanto elas não

preservam o valor de lítio cosmológico (Richard et al. 2005; Meléndez et al. 2010b),

oferecendo assim uma possível resposta a este problema.

1.3 O satélite CoRoT

O satélite CoRoT (acrônimo de Convecção, Rotação e Trânsito planetário) é um

telescópio espacial pequeno com um espelho de 27 cm de diâmetro, uma câmara com 4

detectores CCD e um campo de visão de 3× 3 graus2, dedicado à observação fotométrica

de alta precisão (entre 100 e 600 ppm) por períodos de até 150 dias (Baglin et al. 2006).

O satélite também possui um prisma que permite a observação simultânea em diferentes

filtros. Este satélite foi desenvolvido sob a direção da agência CNES (acrônimo do francês

“Centre National d’Etudes Spatiales”), contando com parceiros europeus e o Brasil.

Os campos observados pelo satélite CoRoT se encontram no plano Galáctico e são

conhecidos como os campos centro e anticentro galáctico do CoRoT. O campo do anticen-

tro do CoRoT permite observações por um semestre ininterruptamente do disco externo

ao Sol da Via Láctea, e o campo do centro do CoRoT permite observações do disco in-

terno da Via Láctea (ver Fig. 1.2). O satélite tem dois objetivos principais: o estudo

da Asterosismologia de estrelas brilhantes e a procura por planetas extra-solares. Estes

objetivos são descritos a seguir.

• A Asterosismologia estelar

O objetivo da asterosismologia estelar é analisar os modos de vibração das estrelas

sob forças gravitacionais, forças de pressão e Coriolis. Ao obter as frequências próprias, as

amplitudes e a duração destes modos, é possível determinar importantes parâmetros físicos

estelares, tais como a dimensão e a composição do núcleo, os limites das zonas radiativas

e convectivas e os perfis internos de rotação. Estes modos de oscilação, que se manifestam

como variações na luminosidade superficial das estrelas, são as únicas informações (além

dos neutrinos) que provêm do interior estelar. Assim, estudando estrelas com diferentes

intervalos de massas, idades e composições químicas a partir das curvas de luz, é possível

obter importantes informações sobre a evolução estelar.

7

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• Detecção de Planetas extra-solares

Detectar planetas extra-solares a partir de uma pequena diminuição periódica da

luminosidade da estrela (trânsito planetário) é um método complementar à detecção co-

mum utilizando a variabilidade da velocidade radial. Além de descobrir planetas tipo

Júpiter, o CoRoT deve ser capaz de detectar planetas pequenos, conhecidos como exo-

terras. Da mesma forma, utilizando os diferentes filtros do CoRoT é possível corroborar

diferentes tipos de eclipses (trânsitos planetários, atividade estelar, binárias eclipsantes,

etc.).

Durante a missão, aproximadamente 100.000 objetos, com magnitudes aparentes R

entre 6 e 16, estão sendo observados, com tempos de exposição de 1 seg até 15 min. Isto,

em conjunto ao fato de uma observação contínua por 6 meses, permite obter curvas de

luz de grande resolução temporal e grande qualidade.

1.3.1 Aspectos técnicos do satélite CoRoT

O satélite é formado por:

• Uma plataforma PROTEUS (acrônimo do francês “Plate-forme Reconfigurable pour

l’Observation, pour les Télécommunications et les Usages Scientifiques”). Esta

plataforma foi desenvolvida para satélites de 500 kg operados em órbita baixa.

• Uma carga útil de um telescópio de dois espelhos e uma câmara de campo largo que

opera no visível.

A tabela 1.1 apresenta outras características básicas do satélite. Uma representação

artística do satélite em órbita é apresentada na figura 1.1.

1.3.2 A missão CoRoT

O satélite CoRoT foi lançado em 17 de dezembro de 2006 e posicionado por um

lançador Soyuz em uma órbita polar de 896 km de altitude. Nesta altura, a luz refletida

8

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Figura 1.1: Representação artística do satélite CoRoT.

9

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Tabela 1.1: Principais características do satélite CoRoT.

Massa 630 kg no lançamento

Massa da carga útil 300 kg

Comprimento 4.100 mm

Diâmetro 1.984 mm

pela Terra não perturba as observações do satélite. A ascensão reta da órbita do satélite

é aproximadamente 12h 30′.

Os campos que são observados pelo satélite encontram-se aproximadamente no equador

celeste, especificamente o campo anticentro encontra-se localizado aproximadamente em

uma ascensão reta 06h 50′, enquanto o campo centro do CoRoT está localizado a apro-

ximadamente 18h 50′. Cada campo tem 10 graus de raio e uma região dele é observado

uma vez por ano por um período de 6 meses. A posição dos campos na Via Láctea se

encontra ilustrada na figura 1.2.

1.3.3 A contribuição do satélite CoRoT ao estudo da rotação es-

telar

O satélite CoRoT pode fornecer milhares de medidas de períodos rotacionais de es-

trelas, permitindo obter uma amostra estatisticamente robusta do comportamento da

rotação como função dos estágios evolutivos. Devido à alta precisão, combinada com o

tempo de observação contínuo em cada campo, o satélite CoRoT permite determinar as

taxas de rotação a partir da modulação das curvas de luz para milhares de estrelas. Este

tipo de observação é impossível de ser realizada a partir de telescópios na superfície da

Terra, devido às amplitudes da modulação rotacional serem bastante pequenas.

Períodos rotacionais obtidos com o satélite CoRoT para grandes amostras de estrelas

de tipo solar com diferentes idades apresentam a perspectiva de se estudar o passado, o

presente e o futuro da evolução solar. Estes dados são absolutamente necessários para

um estudo realista da evolução do momentum neste tipo de estrelas, o comportamento

da rotação a diferentes estágios evolutivos e os possíveis vínculos da rotação com outros

parâmetros estelares relevantes, tais como abundâncias químicas (ferro, lítio, entre outros),

10

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Centro

Anticentro

Figura 1.2: Campos observados pelo satélite CoRoT. A posição dos campos na Via Láctea

é apresentada. O campo centro encontra-se demarcado por um círculo azul, já o campo

anticentro com um círculo vermelho. Um zoom de cada campo é também apresentado.

11

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atividade magnética e taxas de perda de massa.

Da mesma forma, pesquisas que combinem curvas de luz de CoRoT e observações

espectrofotométricas utilizando os telescópios terrestres podem ajudar na resposta para

inúmeras questões de interesse astrofísico, tais como:

• Qual a natureza da relação entre rotação e idade para estrelas solares nos diferentes

estágios evolutivos?

• Quais processos e parâmetros controlam a rotação e a sua evolução?

• O Sol possui uma rotação atípica para sua idade e massa?

• O comportamento rotacional do Sol é um fenômeno universal para estrelas que

possuem sistemas planetários?

1.4 Objetivos deste trabalho

Tal como sublinhado anteriormente, existem ainda muitas incertezas em relação ao

fenômeno da rotação estelar, à evolução do momentum angular estelar e seus vestígios na

vida das estrelas, incertezas, inclusive, sobre como estes fenômenos podem ser entendidos

a partir das abundâncias químicas. É neste contexto que se inserem os objetivos desta

tese.

Neste trabalho de doutorado é estudado o comportamento do lítio e da rotação estelar

em uma ampla amostra de estrelas de tipo espectral F, G e K, observadas pelo satélite

CoRoT no disco da Via Láctea. Tais estrelas se encontram em diferentes estágios evolu-

tivos, considerando a fase da SP, da SG e na fase GV. Por meio da análise espectral e

das curvas de luz do satélite CoRoT são estudadas as relações entre as abundâncias de

lítio, velocidade de rotação, período rotacional e outros parâmetros fundamentais. Muito

embora isto já tenha sido foco de outros trabalhos, a análise em conjunto que considere

os períodos rotacionais obtidos a partir dos dados obtidos por um satélite nunca foi feita

anteriormente para uma amostra das dimensões daquela observada pelo CoRoT.

Além disso, este trabalho pretende ser um ponto de referência para futuros estudos

que utilizarão as observações do satélite CoRoT, uma vez que oferece uma caracterização

12

Page 22: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

completa das estrelas nos campos observados. Esse é um processo fundamental para a

compreensão dos fenômenos presentes nas curvas de luz.

1.5 Plano de trabalho

Esta tese é apresentada na seguinte forma:

• O Capítulo 2 apresenta os dados observacionais utilizados neste trabalho, como eles

foram obtidos e reduzidos.

• O Capítulo 3 apresenta as técnicas para derivar os parâmetros físico-químicos, as

velocidade de rotação, as abundâncias de Li e os períodos rotacionais a partir das

curvas de luz obtidas pelo satélite CoRoT. Também são discutidos alguns pontos

importantes destas medidas, tais como seus erros e a análise propriamente dita.

• O Capítulo 4 apresenta uma discussão dos principais resultados encontrados.

• O Capítulo 5 apresenta as conclusões e algumas perspectivas de continuidade para

este trabalho.

13

Page 23: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Capítulo 2

Amostra Observacional

Neste capítulo iremos mostrar as características da amostra estelar utilizada nesta tese,

os tipos de observações e os processos de redução dos dados. Apresentaremos também os

meios informáticos utilizados e os catálogos consultados para ajudar na determinação de

parâmetros físico-químicos e rotacionais.

As estrelas que formam a presente amostra foram selecionadas desde os campos an-

ticentro (LRa01) e centro (LRc01) observados fotometricamente pelo satélite CoRoT, e

foram catalogadas em função do seu índice de cor (B − V ) como estrelas com tipos es-

pectrais F, G e K. As magnitudes aparentes em V vão desde 11,5 até 16,0. Notar que

estas magnitudes não dizem nada a respeito do estágio evolutivo da amostra. Da análise

aqui apresentada, será possível ver que os estágios evolutivos destas estrelas vão desde a

SP até estágios avançados, como o ramo das SG e o ramo das GV. A partir das classes

de luminosidade que se encontram na base de dados do CoRoT foi possível ter alguma

idéia inicial do estágio evolutivo das estrelas. É importante notar que as classes de lu-

minosidade foram derivadas desde indices de cores não corregidos por avermelhamento.

As estrelas da amostra foram observadas espectroscopicamente utilizando dois instru-

mentos: o espectrógrafo de alta resolução UVES (acrônimo do ingles “Ultraviolet and

Visual Echelle Spectrograph”) montado no telescópio VLT/Unit 2 no observatório Cerro

Paranal e o espectrógrafo multiobjeto echelle de mediana resolução HYDRA montado no

telescópio Blanco-4m no observatório Cerro Tololo (CTIO/NOAO), ambos no Chile. Cada

observação possui diferentes configurações e características, bem como distintos modos de

14

Page 24: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

observação, os quais serão discutidos em detalhe a seguir.

2.1 Amostra de estrelas observadas com UVES

O espectrógrafo echelle UVES1 é um instrumento de alta resolução espectral que

se encontra montado no telescópio VLT/Unit 2 no observatório Paranal, na região de

Antofagasta, Chile.

A amostra do UVES é formada por 53 estrelas observadas usando tempo obtido através

da proposta 077.D-0446A, submetida ao ESO pelo Dr. Claudio Melo. Este grupo é

composto de 19 estrelas do campo LRc01 e 34 estrelas do campo LRa01. As observações

foram feitas em modo serviço durante os anos 2006 e 2007.

A configuração utilizada nesta observação é a configuração padrão Dich2 390-760 do

UVES com a fenda de 0, 9 arcossegundos. Esta configuração permite obter, numa ex-

posição, um espectro de alta resolução (R ∼ 47.000) cobrindo comprimentos de onda

entre 3.300 e 4.500 Å, e desde 5.500 até 9.500 Å. Estas regiões são conhecidas como o

braço azul (BLUE arm) e o braço vermelho (RED arm), respectivamente.

Como as observações foram feitas em modo serviço, para obter os espectros a partir das

imagens coletadas, foi preciso requisitar na base de dados do ESO2 imagens de calibração e

lampadas para os dias em que foi observada cada uma das estrelas. Para algumas destas

não existiam imagens de calibração para o dia da observação, e neste caso as imagens

foram reduzidas usando imagens de calibração com data mais próxima possível.

O processo de redução das imagens foi feito utilizando o do pacote de redução3 es-

pecialmente desenvolvido para o instrumento UVES. Este pacote encontra-se disponível

na pagina oficial UVES. Após eu reducir as imagens, normalizei todos os espectros, ob-

tive as velocidades radiais e apliquei a correção de velocidade radial usando as tarefas

CONTINUUM, FXCOR e DOPCOR do IRAF, respectivamente.

Os números de identificação CoRoT ID da amostra UVES, as coordenadas, as

efemérides das observações espectroscópicas DataESPEC, o tempo de exposição Texp e a1Disponível na página http://www.eso.org/sci/facilities/paranal/instruments/uves/2Disponível na página http://archive.eso.org/wdb/wdb/eso/uves/form3Disponível na página http://www.eso.org/sci/data-processing/software/pipelines/

15

Page 25: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

razão sinal/ruído (S/R) para λ ∼ 6708Å de cada estrela encontram-se compilados na

tabela 2.1. Os outros parâmetros que são apresentados nesta tabela vão ser descritos na

Seção 2.3.

16

Page 26: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

1:

Efe

mér

ides

efo

tom

etria

daam

ostr

aU

VE

S+C

oRoT

.

CoR

oTID

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DE

CData E

SP

Tex

pS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(s)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1005

3265

519

:23

:03,118

+01

:34

:55,60

23-0

4-20

061000

128

12,03

0,93

10,38

10,01

9,93

IVLR

c01

1005

3740

819

:23

:04,841

+01

:46

:24,49

16-0

5-20

061000

130

12,23

0,85

10,60

10,36

10,22

III

LRc0

1

1009

3154

919

:25

:21,353

+00

:11

:07,94

23-0

5-20

061000

129

12,48

0,89

10,93

10,58

10,48

IVLR

c01

1009

3232

919

:25

:21,593

+00

:11

:31,02

23-0

5-20

061000

200

12,12

1,01

10,33

9,88

9,76

IVLR

c01

1010

4135

819

:26

:00,737

+00

:36

:33,01

17-0

6-20

061000

131

12,43

0,90

10,71

10,27

10,18

VLR

c01

1010

4386

719

:26

:01,891

−00:02

:49,67

17-0

6-20

061000

111

12,42

0,85

10,83

10,49

10,43

IVLR

c01

1010

5654

219

:26

:07,651

+00

:11

:03,37

17-0

6-20

061000

122

12,43

0,67

11,14

10,90

10,85

IVLR

c01

1010

7664

719

:26

:17,654

+00

:12

:09,00

19-0

4-20

061000

102

12,43

0,90

10,73

10,40

10,32

IVLR

c01

1011

0275

819

:26

:27,502

+00

:32

:20,15

23-0

4-20

061000

124

12,43

1,00

10,62

10,24

10,10

IVLR

c01

1011

2874

719

:26

:37,291

+00

:02

:58,96

17-0

6-20

061000

141

12,00

0,87

10,46

10,22

10,11

III

LRc0

1

1012

0440

819

:27

:05,707

+00

:32

:05,06

17-0

6-20

061000

142

13,58

1 ,52

10,74

10,00

9,86

VLR

c01

1012

0824

619

:27

:07,138

+00

:27

:19,33

17-0

6-20

061000

109

12,43

1,02

10,61

10,20

10,08

IVLR

c01

1012

3183

219

:27

:16,032

+00

:17

:35,59

17-0

6-20

061000

150

12,13

0,90

10,47

10,08

10,02

IVLR

c01

1014

6230

919

:28

:53,256

−00:04

:41,20

18-0

6-20

061000

130

12,13

0,89

10,55

10,22

10,15

VLR

c01

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

17

Page 27: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

1–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CData E

SP

Tex

pS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(s)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1014

7606

319

:28

:58,836

+00

:40

:16,72

18-0

6-20

061000

105

12,20

0,97

10,46

10,07

9,93

III

LRc0

1

1014

7800

519

:28

:59,618

−00:07

:21,76

18-0

6-20

061000

120

12,24

0,99

10,52

10,07

9,99

IVLR

c01

1015

6537

819

:29

:35,662

−00:12

:26,06

30-0

5-20

061000

174

12,33

0,80

10,87

10,56

10,47

IVLR

c01

1016

1393

819

:29

:56,532

+00

:01

:31,04

30-0

5-20

061000

167

12,23

0,86

10,70

10,40

10,35

VLR

c01

1016

9767

619

:30

:35,563

+00

:03

:20,05

30-0

5-20

061000

153

12,37

0,80

10,99

10,67

10,60

VLR

c01

1025

8556

306

:41

:02,086

−00:33

:16,38

07-0

9-20

061000

166

16,12

1,08

13,71

13,09

12,99

VLR

a01

1025

8561

306

:41

:02,184

+00

:19

:38,39

06-0

9-20

061000

188

12,34

0,44

11,31

11,11

11,03

III

LRa0

1

1025

8956

406

:41

:08,995

+00

:48

:20,41

07-0

9-20

061000

133

12,46

0,50

11,49

11,29

11,21

VLR

a01

1025

9189

606

:41

:12,994

−00:45

:13,54

03-0

9-20

061000

150

12,25

0,54

11,28

11,09

11,00

VLR

a01

1026

0317

406

:41

:31,006

−00:57

:44,14

10-0

9-20

061000

138

12,08

0,56

11,14

10,86

10,81

VLR

a01

1026

0405

506

:41

:32,222

+00

:59

:10,75

10-0

9-20

061000

126

12,35

0,46

11,41

11,21

11,15

VLR

a01

1026

0540

506

:41

:34,037

+00

:00

:30,24

13-0

9-20

061000

211

12,08

0,60

10,97

10,69

10,63

VLR

a01

1026

0618

506

:41

:35,021

+00

:54

:44,68

13-0

9-20

061000

105

13,44

0,56

12,39

12,11

12,10

VLR

a01

1026

1198

006

:41

:42,962

−00:24

:33,84

13-0

9-20

061000

117

12,41

0,65

11,30

11,00

10,97

VLR

a01

1026

1484

406

:41

:46,882

+00

:21

:40,72

22-0

9-20

061000

9112,50

0,83

11,13

10,78

10,72

IVLR

a01

1026

1671

906

:41

:49,716

−01:32

:02,26

31-0

8-20

061000

123

12,31

0,59

11,30

11,08

10,99

VLR

a01

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

18

Page 28: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

1–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CData E

SP

Tex

pS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(s)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1026

1894

806

:41

:52,913

+00

:24

:13,86

22-0

9-20

061000

134

12,01

0,66

10,88

10,63

10,55

III

LRa0

1

1026

2082

806

:41

:55,704

−00:59

:37,90

24-0

9-20

061000

120

12,36

0,85

10,90

10,47

10,37

III

LRa0

1

1026

5471

606

:42

:42,254

+00

:47

:29,00

23-0

9-20

061000

171

12,15

0,55

11,06

10,83

10,74

III

LRa0

1

1026

5718

206

:42

:45,377

−00:32

:21,05

24-0

9-20

061000

116

12,35

0,78

10,98

10,60

10,55

III

LRa0

1

1026

5818

106

:42

:46,610

+00

:53

:40,09

24-0

9-20

061000

103

12,38

0,71

11,12

10,80

10,73

VLR

a01

1026

5967

006

:42

:48,432

+00

:29

:03,59

25-0

9-20

061000

129

12,01

0,51

11,07

10,85

10,81

III

LRa0

1

1026

6389

206

:42

:53,772

−01:17

:53,56

27-0

9-20

061000

145

12,36

0,60

11,31

11,03

10,98

VLR

a01

1026

6903

806

:43

:00,288

+00

:49

:01,52

26-0

9-20

06750

112

12,38

0,46

11,37

11,17

11,09

III

LRa0

1

1026

6980

106

:43

:01,198

+00

:14

:26,81

25-0

9-20

061000

111

12,34

0,66

11,10

10,80

10,73

III

LRa0

1

1026

7687

206

:43

:09,950

−01:27

:26,03

25-0

9-20

061000

120

12,19

0,98

10,28

9,81

9,68

III

LRa0

1

1026

7856

406

:43

:12,110

−00:26

:59,78

25-0

9-20

061000

130

12,11

0,51

11,13

10,93

10,86

VLR

a01

1026

7979

606

:43

:13,630

+00

:45

:08,89

25-0

9-20

061000

127

12,04

0,50

11,06

10,83

10,79

IVLR

a01

1026

8601

906

:43

:21,432

−00:04

:27,05

25-0

9-20

061000

130

12,20

0,50

11,30

11,07

11,02

VLR

a01

1026

8775

906

:43

:23,638

+00

:12

:21,89

26-0

9-20

061000

140

12,21

0,56

11,14

10,86

10,85

VLR

a01

1026

9209

306

:43

:29,011

+01

:02

:31,52

01-1

0-20

061000

132

12,47

0,61

11,25

10,94

10,87

III

LRa0

1

1027

0530

806

:43

:44,971

+00

:55

:50,41

27-0

9-20

061000

167

12,39

0,96

10,59

10,09

10,00

III

LRa0

1

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

19

Page 29: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

1–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CData E

SP

Tex

pS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(s)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1027

0924

706

:43

:50,210

−01:11

:03,01

27-0

9-20

061000

142

12,46

0,77

11,25

10,91

10,88

III

LRa0

1

1027

1806

406

:44

:02,532

+00

:27

:04,14

27-0

9-20

061000

167

15,91

0,73

14,41

14,26

13,91

VLR

a01

1027

3885

406

:44

:31,608

−00:18

:21,10

27-0

9-20

061000

126

12,25

0,63

11,12

10,85

10,80

IVLR

a01

1027

4052

006

:44

:33,814

−00:50

:35,77

05-0

9-20

061000

103

12,40

0,79

11,19

10,88

10,82

VIR

a01

1027

4121

506

:44

:34,738

−01:55

:45,69

05-0

9-20

061000

126

12,41

0,63

11,25

10,97

10,91

VLR

a01

1027

6486

606

:45

:06,610

−01:05

:31,81

28-0

9-20

061000

150

12,14

0,63

11,01

10,71

10,63

IVLR

a01

1027

7234

706

:45

:16,702

−00:56

:54,06

28-0

9-20

061000

142

12,14

0,66

10,97

10,65

10,59

IVLR

a01

20

Page 30: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

2.2 Amostra de estrelas observadas com HYDRA

As observações para esta amostra foram feitas utilizando o instrumento HYDRA4, um

espectrógrafo echelle de resolução espectral média que permite a observação simultânea de

140 objetos usando fibras óticas de 2 arcossegundos de diâmetro. São simultaneamente

observados objetos de ciência (estrelas de interesse), estrelas para correta guiagem do

telescópio e “céu” (regiões sem objetos astronômicos). O campo observacional do instru-

mento tem uma dimensão de 40 arcominutos de raio e a distância mínima entre objetos

é de 25 arcossegundos. O HYDRA se encontra instalado no telescópio Blanco 4m do

observatório CTIO/NOAO na região de Coquimbo, Chile.

Para obter tempo neste instrumento eu fiz diversas propostas, as quais foram submeti-

das ao comitê de alocação de tempo chileno CNTAC (acrônimo do inglês “Chilean Tele-

scope Allocation Commitee”), através da nossa colaboração com os pesquisadores chilenos

Dr. Márcio Catelan e Dra. Manuela Zoccali, ambos do Departamento de Astronomía y

Astrofísica (DAA) da Pontifícia Universidad Católica de Chile.

Para preparar as observações foram selecionadas estrelas com tipo espectral F, G e K

da base de dados CoRoT5. Esta seleção foi feita pelo Dr. Izan de Castro Leão. Além

de discriminar as estrelas usando as magnitudes e os tipos espectrais, foi preciso sele-

cionar aquelas estrelas que apresentavam curvas de luz de relativamente boa qualidade,

algumas das quais com clara assinatura de modulação rotacional. Procurou-se também

confeccionar uma amostra que apresentasse estrelas com períodos diferentes (isto usando

inspeção visual). Uma vez identificados os possíveis alvos, eu defini diferentes campos

de observação de 40 arcominutos, considerando as regiões onde a densidade de estrelas

com curvas de luz de boa qualidade era maior. Assim, uma vez definidos os campos

observacionais e alvos, as coordenadas dos objetos precisaram ser corrigidas. O instru-

mento HYDRA necessita coordenadas com precisão de 0,3 arcossegundos. Embora as

coordenadas do CoRoT sejam precisas, elas não possuem a precisão desejada. Assim, as

coordenadas de cada estrela foram correlacionadas com objetos do catálogo astrométrico4Informações mais detalhadas do instrumento podem ser encontradas na página

http://www.ctio.noao.edu/spectrographs/hydra/hydra.html5Disponível na página http://idoc-corot.ias.u-psud.fr/

21

Page 31: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

do Observatório Naval dos Estados Unidos ou USNO-B16(acrônimo do inglês “United

State Naval Observatory”). As coordenadas corrigidas são, então, as coordenadas que se

encontram no catálogo USNO-B1.

A preparação das observações no HYDRA também considera a seleção de “céu” e

“estrelas de guiagem” do telescópio, os quais devem encontrar-se dentro dos campos a ob-

servar. Novamente, o catálogo USNO-B1 foi utilizado para obter as coordenadas precisas

das estrelas para guiagem. Estas estrelas foram escolhidas de forma que as magnitudes

entre elas não possuíssem uma diferença superior a uma magnitude no filtro B. A seleção

do “céu” foi tarefa árdua, considerando que os campos de CoRoT são muito poluídos de

estrelas e poeira. Porém, para garantir a escolha de “bom” céu, a seleção de regiões vazias

foi feita utilizando os programas SKYCAT7 e GAIA8 do SCISOFT9. Estes programas

permitem a visualização dos campos CoRoT e, assim, a escolha de regiões adequadas

para “céu”. Da mesma forma, permitem conferir as coordenadas das estrelas por meio da

inspeção visual das mesmas.

As observações no HYDRA das estrelas CoRoT foram feitas pelo autor desta tese us-

ando o modo tradicional. Foram realizadas diferentes missões observacionais durante dois

anos, mas dados de só uma missão são considerados nesta tese. O tempo observacional

foi obtido atraves da proposta P#9005, a qual foi submetida pelo Dr. Márcio Catelan

. Os outros dados se encontram em processo de redução. A amostra HYDRA estudada

considera 23 estrelas do campo LRa01 e 40 estrelas do campo LRc01. Os detalhes das

efemérides das observações se encontram na tabela 2.2. As estrelas foram observadas

usando duas configurações instrumentais. Estas configurações foram escolhidas cuida-

dosamente para poder obter um número importante de linhas de ferro I e II, bem como

a linha de lítio localizada a ∼ 6708Å. Especificamente, foram utilizados os filtros E5187

e E6757, os quais, em conjunto com uma fenda de 200 μm, atingem resoluções espectrais

de 27.000 e 21.000, respectivamente. O filtro E5187 é usado na obtenção das larguras

equivalentes de linhas de ferro I e II, e também para derivar velocidades de rotação, já este

apresenta uma maior resolução espectral. O filtro E6757 é usado para medir as larguras6Disponível na página http://www.usno.navy.mil/USNO/astrometry7Disponível na página http://archive.eso.org/cms/tools-documentation/skycat8Disponível na página http://star-www.dur.ac.uk//∼pdraper/gaia/gaia.html9Disponível na pagina http://www.eso.org/sci/software/scisoft/

22

Page 32: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

equivalentes das linhas de ferro I e obter a abundância de lítio.

Tabela 2.2: Efemérides das observações no HYDRA.

Campo Número imagens Texp Data Filtro

(s)

LRa01 2 2700 10-04-2009 E5187

LRc01 2 2700 11-04-2009 E5187

LRa01 2 2200 12-04-2009 E6757

LRc01 2 2850 12-04-2009 E6757

Também foi importante incluir estrelas padrão rotacionais nas observações real-

izadas com o HYDRA. Estas estrelas possuem velocidades de rotação bem conhecidas

e permitem-nos identificar as assinaturas de rotação nos espectros observados. As estrelas

apresentam tipos espectrais F, G e K e um amplo intervalo de velocidades de rotação

(Melo et al. 2001; Custispoto et al. 2002; Nordstr’om et al. 2004). A tabela 2.3 apre-

senta a identificação destas estrelas, o número de espectros coletados para cada estrela

N , o tempo de exposição de cada espectro Texp, a data de observação, o filtro utilizado,

magnitude aparente em V , o índice de cor (B − V ) e a velocidade de rotação V sin(i).

Tabela 2.3: Efemérides das observações das estrelas padrão rotacionais.

ID N Texp Data Filtro V (B − V ) V sin(i)

(s) (mag) (mag) (km/s)

HD 96843 2 600 11-04-2009 E5187 8,36 0,66 13,0

HD 101117 2 600 11-04-2009 E5187 7,87 0,59 9,0

HD 113226 8 7 10-04-2009 E5187 2,83 0,93 1,7

HD 113553 3 600 11-04-2009 E5187 8,33 0,68 12,0

HD 141710 2 600 11-04-2009 E5187 8,93 0,14 30,0

HD 149661 8 45 10-04-2009 E5187 5,76 0,83 2,0

HD 150108 2 600 11-04-2009 E5187 8,23 0,84 21,0

HD 165760 3 30 10-04-2009 E5187 4,67 0.95 2,6

O processo de redução dos espectros foi feito usando a tarefa DOHYDRA do IRAF.

23

Page 33: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Uma descrição da redução pode ser encontrada na página do HYDRA e na página parti-

cular do Dr. Phil Cigan10.

Após eu reducir as imagens, normalizei todos os espectros, obtive as velocidades radiais

e apliquei a correção de velocidade radial usando as tarefas CONTINUUM, FXCOR e

DOPCOR do IRAF, respectivamente.

Finalmente, para melhorar a qualidade dos dados, combinamos diferentes exposições

de uma mesma estrela usando a tarefa SCOMBINE do IRAF, para obtermos espectros

com maior razão sinal/ruído S/R.

Os números de identifição CoRoT ID da amostra HYDRA, as coordenadas e a razão

sinal/ruído S/R de cada estrela encontram-se compilados na tabela 2.4. Os outros

parâmetros que são apresentados nesta tabela vão ser explicados na Seção 2.3.

10Disponível na página http://www.astro.wisc.edu/∼cigan/reducing/reducing.html

24

Page 34: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

4:

Efe

mér

ides

eFo

tom

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ada

amos

tra

HY

DR

A+

CoR

oT

CoR

oTID

RA

DE

CS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1013

4699

519

:28

:02,825

+00

:20

:23,39

105

13,19

1,68

10,11

9,37

9,13

IILR

c01

1013

4776

019

:28

:03,199

+00

:16

:07,32

123

13,03

1,20

10,63

10,09

9,92

VLR

c01

1013

9207

119

:28

:24,365

+00

:04

:02,39

9912,96

1,70

9,89

9,14

8,87

III

LRc0

1

1014

1116

819

:28

:32,297

+00

:08

:48,98

176

12,45

1,44

9,87

9,23

9,05

VLR

c01

1014

2138

619

:28

:36,456

+00

:13

:53,22

7813,08

1,27

10,66

10,05

9,90

VLR

c01

1014

2273

019

:28

:36,996

+00

:35

:47,90

116

13,44

1,41

10,91

10,28

10,08

III

LRc0

1

1014

2362

919

:28

:37,354

+00

:08

:34,15

9213,39

1,49

10,73

10,07

9,88

VLR

c01

1014

3343

219

:28

:41,460

+00

:02

:59,42

144

13,52

1,47

10,88

10,25

10,07

VLR

c01

1014

5111

519

:28

:48,694

+00

:05

:19,28

151

13,39

1,38

10,79

10,10

9,93

VLR

c01

1014

5590

419

:28

:50,633

+00

:01

:43,21

132

12,95

0,94

11,34

10,92

10,83

VLR

c01

1014

5893

719

:28

:51,900

+00

:10

:25,10

144

13,22

1,52

10,39

9,70

9,48

VLR

c01

1014

6152

619

:28

:52,930

+00

:03

:52,74

145

13,44

1,63

10,43

9,65

9,42

IILR

c01

1014

6458

519

:28

:54,197

+00

:27

:25,52

114

13,49

1,70

10,39

9,61

9,35

IILR

c01

1014

7938

619

:29

:00,192

+00

:27

:51,30

156

13,01

1,51

10,26

9,60

9,42

VLR

c01

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

25

Page 35: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

4–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1014

8382

619

:29

:02,045

+00

:25

:04,22

123

12,71

1,44

10,08

9,46

9,30

VLR

c01

1014

8925

119

:29

:04,267

+00

:35

:50,71

134

13,10

1,79

9,81

8,98

8,72

IILR

c01

1014

8997

719

:29

:04,553

+00

:25

:45,62

127

13,04

1,51

10,45

9,81

9,63

ILR

c01

1014

9295

319

:29

:05,794

+00

:09

:00,32

158

12,68

1,29

10,38

9,78

9,59

VLR

c01

1015

1985

419

:29

:16,937

+00

:03

:50,33

140

13,27

1,08

11,34

10,92

10,86

IVLR

c01

1015

3608

619

:29

:23,830

+00

:37

:03,72

120

13,14

1,38

10,64

9,97

9,87

VLR

c01

1015

3852

219

:29

:24,874

−00:00

:17,75

157

13,02

1,63

9,94

9,16

8,94

III

LRc0

1

1015

4918

019

:29

:29,405

+00

:00

:11,41

169

12,13

0,82

10,59

10,28

10,18

VLR

c01

1015

5075

919

:29

:30,055

+00

:04

:39,07

117

13,13

1,45

10,54

9,88

9,70

VLR

c01

1015

5274

219

:29

:30,811

+00

:15

:15,48

137

13,43

1,32

10,87

10,28

10,11

VLR

c01

1015

5554

119

:29

:31,891

+00

:23

:40,09

123

12,63

1,38

10,08

9,41

9,27

VLR

c01

1015

6105

019

:29

:33,998

+00

:15

:32,94

105

12,47

1,47

9,78

9,11

8,92

VLR

c01

1015

6250

819

:29

:34,560

+00

:08

:29,36

130

13,14

1,39

10,61

9,97

9,79

VLR

c01

1015

6509

119

:29

:35,554

+00

:36

:32,08

224

12,60

0,98

10,75

10,41

10,30

ILR

c01

1015

6992

519

:29

:37,392

+00

:30

:53,71

111

13,16

1,45

10,54

9,92

9,74

VLR

c01

1015

9854

619

:29

:49,090

+00

:25

:32,38

125

13,53

1,51

10,83

10,20

10,06

VLR

c01

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

26

Page 36: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

4–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1015

9964

619

:29

:49,591

+00

:18

:20,16

9512,93

0,86

11,26

10,95

10,85

VLR

c01

1016

0080

719

:29

:50,136

+00

:27

:10,40

9812,99

1,55

10,18

9,51

9,35

VLR

c01

1016

1230

019

:29

:55,728

+00

:15

:20,70

131

12,67

1,08

10,59

10,16

10,06

IVLR

c01

1016

1393

819

:29

:56,532

+00

:01

:31,04

171

12,23

0,86

10,70

10,40

10,35

VLR

c01

1016

2244

719

:30

:00,670

+00

:27

:25,34

102

13,51

1,50

10,76

10,12

9,95

VLR

c01

1016

2697

119

:30

:02,863

+00

:06

:48,31

154

13,30

1,32

10,74

10,17

10,00

VLR

c01

1016

2700

519

:30

:02,878

+00

:24

:24,41

110

12,93

0,98

11,09

10,77

10,67

IVLR

c01

1016

3559

419

:30

:07,236

+00

:25

:09,41

7813,49

1,74

10,36

9,66

9,46

III

LRc0

1

1016

4229

219

:30

:10,606

+00

:03

:55,08

132

12,61

1,47

10,00

9,35

9,17

VLR

c01

1016

6500

819

:30

:21,977

+00

:18

:46,55

111

13,56

1,45

10,83

10,19

9,99

VLR

c01

1026

9469

706

:43

:32,201

−00:32

:21,95

133

12,36

1,25

10,10

9,49

9,35

III

LRa0

1

1026

9484

806

:43

:32,400

−00:38

:31,13

9612,61

1,38

10,15

9,52

9,32

III

LRa0

1

1026

9554

206

:43

:33,278

−00:39

:35,24

170

12,62

1,09

10,46

10,01

9,85

III

LRa0

1

1026

9722

106

:43

:35,290

−00:43

:32,74

200

12,12

1,23

9,93

9,30

9,16

III

LRa0

1

1027

0500

906

:43

:44,570

−00:29

:03,05

138

12,19

0,67

11,05

10,74

10,69

VLR

a01

1027

0507

606

:43

:44,662

−00:44

:53,84

6013,28

0,75

11,89

11,48

11,39

III

LRa0

1

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

27

Page 37: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

4–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1027

0602

006

:43

:45,854

−00:36

:23,76

9412,67

1,12

10,52

9,95

9,81

III

LRa0

1

1027

2837

706

:44

:17,429

−00:29

:26,84

103

11,83

0,58

10,77

10,48

10,41

VLR

a01

1027

3040

906

:44

:20,100

−00:43

:49,40

7613,14

0,63

11,98

11,69

11,63

III

LRa0

1

1027

3551

906

:44

:27,067

−00:22

:50,27

8013,19

0,73

11,89

11,57

11,48

III

LRa0

1

1027

3562

106

:44

:27,187

−00:27

:49,75

8412,86

0,64

11,69

11,42

11,35

III

LRa0

1

1027

4036

706

:44

:33,636

−00:44

:07,62

120

13,24

0,70

11,98

11,66

11,59

VLR

a01

1027

4349

106

:44

:37,759

−00:23

:37,21

9013,10

0,82

11,64

11,29

11,20

III

LRa0

1

1027

4392

906

:44

:38,316

−00:33

:34,34

122

12,60

1,14

10,53

9,96

9,80

III

LRa0

1

1027

5499

006

:44

:53,158

−00:38

:04,13

114

12,26

1,18

10,03

9,45

9,33

III

LRa0

1

1027

5837

106

:44

:57,730

−00:31

:03,76

134

11,62

0,56

10,61

10,34

10,31

III

LRa0

1

1027

6749

406

:45

:10,174

−00:38

:53,74

9512,98

0,74

11,64

11,27

11,24

VLR

a01

1027

6874

706

:45

:11,820

−00:24

:49,86

9711,74

0,63

10,61

10,30

10,22

VLR

a01

1027

6908

806

:45

:12,281

−00:49

:14,09

105

12,00

1,22

9,80

9,25

9,10

III

LRa0

1

1027

8454

206

:45

:32,832

−00:41

:11,44

224

11,68

0,71

10,47

10,16

10,10

IVLR

a01

1027

8949

306

:45

:39,677

−00:31

:59,77

6213,47

1,12

11,34

10,84

10,66

III

LRa0

1

1027

8996

206

:45

:40,306

−00:38

:06,36

9912,40

0,51

11,47

11,27

11,22

III

LRa0

1

Con

tinu

ana

pági

nase

guin

te..

.

28

Page 38: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tabe

la2.

4–

Con

tinu

ação

CoR

oTID

RA

DE

CS/R

V(B

−V)

JH

KLC

Cam

po

(J20

00)

(J20

00)

(mag

)(m

ag)

(mag

)(m

ag)

(mag

)

1027

9203

206

:45

:43,183

−00:35

:51,14

108

12,25

1,23

9,90

9,28

9,13

III

LRa0

1

29

Page 39: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

2.3 Fotometria

Cada estrela da amostra apresenta valores médios de magnitude aparente V e índice

de cor (B − V ), derivados dos dados fotométricos obtidos com o satélite CoRoT. Devido

a sua alta precisão fotométrica, estes valores são bastante confiáveis, embora seja preciso

notar que não existem estudos relacionados com avermelhamento ou extinção nos campos

CoRoT. Isto é muito importante já que os campos do CoRoT encontram-se no plano

galáctico e, assim, muitas estrelas apresentam avermelhamentos importantes, como será

discutido na Seção 3.2.3. Por outro lado, os erros típicos na magnitude V e no índice de

cor (B − V ) são da ordem de 10−3 mag.

A fotometria CoRoT, as curvas de luz, as classes de luminosidade e as associações

estrela-campo para cada estrela foram obtidas desde a base de dados CoRoT11. O satélite

CoRoT observou o campo LRc01 de forma continua entre o dia 16 de maio e o dia 15 de

outubro de 2007, tendo observado o campo LRa01 durante os dias 23 de outubro de 2007

e 03 de março de 2008.

Também foi compilada a fotometria infravermelha do catálogo “Two Micron All Sky

Survey” (2MASS)12, cuja descrição pode ser encontrada no trabalho de Cutri et al. (2003).

A fotometria empregada neste catálogo corresponde aos filtros J (1,25μm), H (1,65μm),

K (2,17μm) do sistema de Johnson-Cousins-Glass. Os erros típicos na fotometria para os

objetos deste trabalho são de aproximadamente 0, 025 mag em cada filtro.

Todas as magnitudes aparentes das nossas estrelas e as outras informações são apre-

sentadas nas tabelas 2.1 e 2.4.

Nas figuras 2.1, 2.2 e 2.3 apresentamos diferentes diagramas cor-magnitude utilizando

a fotometria combinada do satélite CoRoT e do catálogo 2MASS.

11Disponíveis na página http://idoc-corot.ias.u-psud.fr/12Disponível na página http://www.ipac.caltech.edu/2mass/overview/access.html

30

Page 40: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

(B-V)0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8

V

11

12

13

14

15

16 LRa01LRc01

Figura 2.1: Diagrama cor-magnitude das estrelas da amostra. Círculos vermelhos repre-

sentam as estrelas do anticentro LRa01 observadas pelo satélite CoRoT. Círculos azuis

representam as estrelas do centro LRc01 observadas pelo satélite CoRoT. A fotometria

foi obtida da base de dados do CoRoT.

31

Page 41: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

(J-K)0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

V

11

12

13

14

15

16 LRa01LRc01

Figura 2.2: Diagrama cor-magnitude das estrelas da amostra. Círculos vermelhos repre-

sentam as estrelas do anticentro LRa01 observadas pelo satélite CoRoT. Círculos azuis

representam as estrelas do centro LRc01 observadas pelo satélite CoRoT. A fotometria

foi obtida da base de dados do CoRoT e do catálogo 2MASS.

32

Page 42: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

(B-V)0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8

(J-K

)

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

LRa01LRc01

Figura 2.3: Diagrama cor-cor das estrelas da amostra. Círculos vermelhos representam as

estrelas do anticentro LRa01 observadas pelo satélite CoRoT. Círculos azuis representam

as estrelas do centro LRc01 observadas pelo satélite CoRoT. A fotometria foi obtida da

base de dados do CoRoT e do catálogo 2MASS.

33

Page 43: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Capítulo 3

Sínteses e Análise Espectral

Dentro da astrofísica moderna, a determinação dos parâmetros físicos e químicos este-

lares usando a análise espectral são de grande importância, já que permitem a classificação

dos objetos usando dados intrínsecos das estrelas. Para o regime de baixas rotações isto é

possível usando as linhas atômicas de diferentes elementos químicos presentes no espectro

das estrelas. O estudo das abundâncias químicas na superfície estelar, assim como as

formas e o alargamento das linhas, trazem informação valiosa em relação aos processos

internos e superficiais dos objetos estudados. Assim, o aumento de observações deste tipo

favorece profundamente o nosso conhecimento da astrofísica estelar.

É preciso notar que a determinação de parâmetros físico-químicos de estrelas é uma

tarefa que requer grandes esforços observacionais e informáticos. Do ponto de vista ob-

servacional, o desenvolvimento de grandes telescópios, a melhora dos CCDs, a maior

resolução espectral dos atuais espectrógrafos, como também o desenvolvimento de espec-

trógrafos multiobjetos, dentre outros avanços, têm contribuído para aumentar o número

de estrelas observadas com magnitudes altas, a qualidade destes dados e a possibilidade

de obter novas informações das estrelas. Por outro lado, o desenvolvimento de proces-

sadores cada dia mais velozes, a compactação dos meios digitais e a Internet têm ajudado

de grande forma o desenvolvimento de novas técnicas que permitem análises mais pre-

cisas e muito mais rápidas, compartilhar grandes bases de dados, criação de modelos mais

realistas, etc.

Neste capítulo serão descritos como os parâmetros físico-químicos (Teff , log(g), Vmic,

[Fe/H]), a velocidade de rotação V sin(i), as abundâncias de lítio A(Li) e períodos rota-

34

Page 44: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

cionais Prot foram obtidos e como os suas respectivas incertezas foram calculadas. De-

screveremos ainda que tipo de dados foram utilizados na determinação dos parâmetros e

quais programas permitiram chegar aos resultados que são apresentados neste trabalho

de tese.

3.1 Síntese Espectral

Nesta seção serão descritos os dados e parâmetros que são necessários para a constru-

ção dos espectros sintéticos, os quais permitiram a determinação dos parâmetros físico-

químicos nas estrelas aqui analisadas.

3.1.1 Parâmetros Atômicos e Moleculares

Para sintetizar um espectro é preciso contar com parâmetros atômicos e moleculares

que possam reproduzir o perfil das linhas nos espectros estelares. Dentre os parâmetros

mais importantes a serem considerados, temos os comprimentos de onda centrais asso-

ciados a cada transição atômica, os valores de forças de oscilador log(gf) e os potenciais

de excitação χexc. Os valores destes parâmetros das linhas atômicas e moleculares foram

compilados e corrigidos com base em Canto Martins et al. (2007).

3.1.2 Parâmetros de Convolução

Para reproduzir o perfil das linhas espectrais no espectro observado é necessário con-

voluir o espectro sintético usando o perfil instrumental. Cada instrumento alarga as linhas

dependendo da resolução espectral que ele possua. Uma vez que a amostra considerada

neste trabalho foi obtida usando dois espectrógrafos, foram considerados dois alargamen-

tos instrumentais. Para as estrelas observadas pelo UVES (R ∼ 47.000) foi utilizado um

alargamento instrumental de 6,1 km/s, enquanto que, para as estrelas observadas pelo

HYDRA, a configuração que contém a linha de lítio localizada a ∼ 6708 Å(filtro E6757)

possui um alargamento de 14,3 km/s (R ∼ 21.000).

Além de convoluir os espectros sintéticos com os alargamentos instrumentais é preciso

adicionar os efeitos de alargamento devido à rotação. Tais valores foram obtidos usando

35

Page 45: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

uma calibração que utiliza uma função de correlação cruzada e o ajuste dos perfis das

linhas de ferro na região entre 6.700 e 6.720 Å. Ambas as metodologias serão descritas

neste capítulo, na seção 3.2.4.

3.2 Análise Espectrofotométrica

Para a determinação dos parâmetros físico-químicos das estrelas analisadas é requerida

uma série de medidas e programas. Aqui descreveremos quais são estes dados, como são

coletados e quais programas foram utilizados para tais propósitos.

Para calcular os parâmetros físicos, as abundâncias e espectros sintéticos foi utilizado

o programa de análise espectral Turbospectrum, descrito em Alvarez & Plez (1998) e

gentilmente fornecido pelo Dr. Bruno Canto Martins.

3.2.1 Larguras Equivalentes LE

As linhas espectrais caracterizam-se, entre vários outros parâmetros, pelas suas

larguras. Estas larguras representam a distribuição de energia como função do com-

primento de onda. Esta distribuição define a intensidade da linha e geralmente possui a

forma de uma função gaussiana invertida. A largura equivalente (LE) é definida como

a largura de um retângulo que possui uma área igual à área que é ocupada pela linha

espectral.

Para este trabalho, as LEs de linhas de ferro I e II foram medidas automaticamente

usando o programa DAOSPEC1 (Stetson & Pancino 2008). Este programa utiliza a lista

de linhas de ferro I e II para encontrar e ajustar um perfil gaussiano, e assim medir as

LEs. Às vezes, o programa não foi capaz de identificar algumas linhas ou não identificou

um número de linhas necessário para a análise, de modo que foi preciso medir algumas

linhas “manualmente”, com ferramentas que se encontram na tarefa SPLOT do IRAF.

Neste sentido, comparações entre os valores de LE utilizando as duas metodologias foram

feitas pelo Dr. Bruno Canto Martins e pelo Dr. Daniel Brito de Freitas e os resultados

encontrados mostraram que existe uma diferença entre as duas medidas, mas éstas são1Disponível na página http://www1.cadc-ccda.hia-iha.nrc-cnrc.gc.ca/community/STETSON/daospec/

36

Page 46: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

menores que as incertezas na determinação das abundâncias.

As LEs medidas serão utilizadas para calcular as abundâncias de ferro e obter, con-

forme descrito na Seção 3.2.3, os parâmetros físico-químicos das estrelas da amostra.

3.2.2 Modelos de Atmosfera

Os modelos atmosféricos estelares utilizados neste trabalho foram calculados por

Gustafson et al. (2008). Estes modelos, conhecidos como modelos de MARCS2, pos-

suem uma aproximação plano-paralela e esférica usando Equilíbrio Termodinâmica Local

(ETL). Apresentam temperaturas efetivas (Teff) de 2.500 até 8.000 K (em intervalos de

100 K para 2.500 < Teff [K] < 4.000 e de 250 K para 4.000 < Teff [K] < 8.000),

abrangendo tipos espectrais F, G e K. O logaritmo das gravidades superficiais no sistema

cgs destes modelos considera valores desde −1,0 até 5,0 dex(em intervalos de 0,5 dex). As

metalicidades relativas ao Sol vão desde −5,0 até +1,0 dex (em intervalos variáveis). Os

valores da abundância solar adotados são aqueles de Asplund, Grevesse, & Sauval (2005).

Devido aos valores discretos de Teff , log(g) e [Fe/H] é preciso utilizar uma

rotina de interpolação para obter modelos de atmosfera adequados para cada estrela.

Esta rotina, chamada INTERPOL.com, foi gentilmente fornecida pelo Dr. Thomas

Masseron (The Ohio State University, EUA). A rotina interpola linearmente no espaço

(Teff , log(g), [Fe/H]) utilizando no máximo 8 modelos MARCS. Esta rotina foi incorporada

ao programa TurboRayen, o qual é um programa script na linguagem PERL desenvolvido

para este trabalho que, entre outras tarefas, seleciona automaticamente os modelos uti-

lizados na interpolação. Para duas estrelas com log(g) > 5,0 os modelos utilizados foram

calculados extrapolando modelos com log(g) = 4,5 e 5,0. Embora esta extrapolação

tenha sido feita cuidadosamente, é preciso enfatizar que pode haver incertezas além das

já calculadas, para essas duas estrelas.2Disponível na página http://marcs.astro.uu.se/

37

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3.2.3 Determinação de parâmetros físico-químicos

A determinação dos parâmetros físico-químicos da amostra de estrelas é feita usando

a análise espectral estelar. Por outro lado, devido às estrelas da amostra serem estrelas de

campo, algumas calibrações fotométricas e tabelas de cores sintéticas foram utilizadas para

obter valores iniciais dos parâmetros físicos. Neste sentido, as fotometrias do CoRoT e do

catálogo 2MASS (ver Seção 2.3) e as tabelas de cores de Kurucz (2005) foram valiosíssimas

para derivar os parâmetros físicos utilizando calibrações. A forma como foram derivados

os parâmetros físicos e as calibrações utilizadas será descrita a seguir.

Temperaturas efetivas fotométricas e espectroscópicas

Existem diversas calibrações que permitem obter a temperatura efetiva fotométrica

das estrelas, as quais dependem, principalmente, de índices de cor, metalicidade e do

estágio evolutivo dessas estrelas. Dentre as diversas calibrações, neste trabalho foram

utilizadas as calibrações de Alonso et al. (1996, 1999) e Flower (1996), as quais foram

escolhidas porque os índices de cores requeridos estão disponíveis para as estrelas da

amostra, e também devido às calibrações descritas naqueles trabalhos não dependerem

da metalicidade, parâmetro desconhecido.

As temperaturas efetivas fotométricas, Teff(B − V ) e Teff(J − K), para todas as es-

trelas foram calculadas com base nos índices de cor (B − V ) do CoRoT e (J − K) de

2MASS, respectivamente. Embora as calibrações de Flower (1996) não precisem do está-

gio evolutivo das estrelas, as calibrações calculadas por Alonso et al. (1996, 1999) têm

uma dependência com as respectivas classes de luminosidade. Assim, foram utilizadas as

classes de luminosidade do CoRoT (ver tabelas 2.1 e 2.4) para discriminar entre estrelas

gigantes, subgigantes e anãs.

A calibração de Flower (1996) para gigantes, subgigantes e anãs é:

Teff(B − V ) = 3,979145− 0,65499(B − V ) + 1,740690(B − V )2 − 4,608815(B − V )3

+6,792600(B − V )4 − 5,396910(B − V )5 + 2,192970(B − V )6

−0,359496(B − V )7. (3.1)

38

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A calibração de Alonso et al. (1999) para gigantes é:

θeff = 0,5816 + 0,9134(J −K)− 0,1443(J −K)2, (3.2)

e a calibração de Alonso et al. (1996) para subgigantes e anãs é:

θeff = 0,582 + 0,799(J −K) + 0,085(J −K)2, (3.3)

em que θeff = 5040/Teff(J −K) [K]. Novamente, é preciso notar que estas temperaturas

efetivas fotométricas foram calculadas a partir de índices de cor não corrigidos devido

ao avermelhamento. Embora isto signifique erros nas determinações de temperatura (e

gravidade superficial, como vai ser descrito nesta seção), estes valores serão utilizados

apenas como ponto inicial na determinação da temperatura efetiva espectroscópica Teff .

Para obter as temperaturas efetivas espectroscópicas Teff é preciso derivar as abundân-

cias das linhas de ferro I (A(Fe I)) presentes nos espectros. Isto é feito usando o programa

Turbospectrum e um modelo de atmosfera de MARCS com temperatura inicial igual à

média entre as temperaturas obtidas usando as calibrações acima descritas. A tempera-

tura efetiva é obtida quando as abundâncias determinadas com base a cada uma das linhas

de ferro I são independentes dos seus respectivos potenciais de excitação χexc. Então, são

obtidas as abundâncias de ferro I iterativamente com modelos de atmosfera de diferen-

tes temperaturas, até conseguir-se um equilíbrio entre as abundâncias determinadas das

linhas e seus potenciais de excitação χexc. Em palavras simples, a temperatura efetiva

é achada quando, ao fazer uma regressão linear em um plano [χexc, A(Fe I)] , sua com-

ponente angular é da ordem de 10−3. Um exemplo do anterior, para duas estrelas da

amostra (UVES e HYDRA), pode ser visto na figura 3.1.

Os erros na determinação da temperatura estão associados ao desvio padrão do coefi-

ciente angular da regressão linear. Porém, para determinar o limite inferior ou superior

da temperatura (o erro) é preciso diminuir ou aumentar a temperatura do modelo, até

conseguir uma regressão linear com coeficiente angular da ordem do desvio padrão achado

anteriormente.

É fácil concluir que a precisão ao determinar a temperatura efetiva espectroscópica

esta definida, em uma primeira aproximação, pela quantidade de linhas de ferro I com

39

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UVES CoRoT 100932329

A(F

e)

6.8

7.0

7.2

7.4

7.6

7.8

8.0

Col 1 vs Col 2 Col 3 vs Col 4 Col 27 vs Col 30 Col 27 vs Col 34

HYDRA CoRoT 101565091

exc (eV)

1 2 3 4 5

A(Fe

)

6.6

6.8

7.0

7.2

7.4

7.6

7.8

A(Fe I)A(Fe II)

Incerteza típica

Incerteza típica

Figura 3.1: Equilíbrio de excitação e ionização das abundâncias de ferro A(Fe) de duas

estrelas da amostra observadas com UVES (figura superior) e HYDRA (figura inferior) . A

temperatura efetiva Teff e a gravidade são definidas a partir destes resultados. Abundân-

cias de ferro I e II são representadas por círculos pretos vazios e preenchidos, respec-

tivamente. As linhas vermelhas indicam o valor médio da abundância de ferro A(Fe),

enquanto as linhas tracejadas representam o desvio padrão desde a média.

40

Page 50: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

medidas de largura equivalente presentes no intervalo de comprimentos de onda definido

pela configuração do instrumento. Portanto, já que os espectros UVES possuem uma

lista de linhas maior que os espectros HYDRA, as temperaturas (e os outros parâmet-

ros) derivadas usando os espectros UVES possuem uma melhor precisão, devido à maior

amostra de linhas que se encontram na região espectral deste instrumento (ver Fig. 3.1).

Velocidades de microturbulência Vmic

Para determinar a velocidade de microturbulência das estrelas da amostra também é

necessário determinar as abundâncias das linhas de ferro I (A(Fe I)). Diferentemente do

caso anterior, a velocidade de microturbulência é achada quando não existe dependência

das abundâncias A(Fe I) com as larguras equivalentes LEs das linhas, isto é quando a

abundância A(Fe I) não depende da intensidade das linhas de ferro. A intensidade das

linhas está relacionada com a largura equivalente LE. Então, são obtidas as abundân-

cias de ferro I iterativamente com modelos de atmosfera de diferentes velocidades de

microturbulência Vmic até conseguir um equilíbrio entre as abundâncias determinadas

através das linhas e as larguras equivalentes log(LE/λ). Em palavras simples, a veloci-

dade de microturbulência é achada quando, ao fazer uma regressão linear em um plano

[log(LE/λ), A(Fe I)], a componente angular da regressão é da ordem de 10−3. Um exem-

plo do anterior, para as mesmas duas estrelas da amostra (UVES e HYDRA), pode ser

visto na figura 3.2.

Os erros na determinação da velocidade de microturbulência Vmic estão associados

ao desvio padrão do coeficiente angular da regressão linear. Porém, para determinar

o limite inferior ou superior da velocidade microturbulência (o erro) é preciso diminuir

ou aumentar a velocidade de microturbulência do modelo de atmosfera até conseguir

uma regressão linear cujo coeficiente angular seja da ordem do desvio padrão achado

anteriormente.

Gravidades superficiais log(g)

Devido ao fato que as estrelas analisadas pertencem ao campo, não existe informação

confiável do estágio evolutivo das mesmas. Existem aproximações para esta condição, que

podem ser extraídas da base de dados CoRoT e que foram usadas anteriormente na deter-

41

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UVES CoRoT 100932329

A(Fe

)

6,8

7,0

7,2

7,4

7,6

7,8

8,0

Col 1 vs Col 2 Col 3 vs Col 4

HYDRA CoRoT 101565091

log(LE/ )-6,2 -6,0 -5,8 -5,6 -5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6

A(F

e)

6,6

6,8

7,0

7,2

7,4

7,6

7,8

A(Fe I)A(Fe II)

Incerteza típica

Incerteza típica

Figura 3.2: Equilíbrio entre as larguras equivalentes log(LE/λ) e as abundâncias de ferro

A(Fe) de duas estrelas da amostra observadas com UVES (figura superior) e HYDRA

(figura inferior). A velocidade de microturbulência Vmic é definida a partir destes resul-

tados. As abundâncias determinadas através das linhas de ferro I e II são representadas

por círculos pretos vazios e preenchidos, respectivamente. As linhas vermelhas indicam o

valor médio da abundancia de ferro A(Fe), enquanto as linhas tracejadas representam o

desvio padrão desde a média.

42

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minação da temperatura efetiva Teff . Porém, para se ter uma melhor idéia da gravidade

superficial log(g), foi feita uma interpolação deste valor usando tabelas de cores sintéticas3

derivadas de modelos atmosféricos de Kurucz (2005). Esta interpolação foi realizada no

plano observacional [Teff(J −K), Q], em que Q é a pseudo–cor livre de avermelhamento,

definida como Q = (B − Mi) − α(Mi − Mj), em que Mi = B, V e Mj = J,H,K e α é

uma constante definida para anular o avermelhamento de Q. Então, os valores deriva-

dos permitem obter uma média de log(g). Este valor é considerado o valor inicial da

determinação da gravidade superficial log(g).

A log(g) é obtida por meio da igualdade das abundâncias médias A(Fe I) e A(Fe II).

Ou seja, existe um equilíbrio de ionização do ferro. Para o caso do ferro, as linhas ionizadas

II são sensíveis a mudanças na gravidade superficial log(g) e, ao mesmo tempo, insensíveis

a mudanças de temperatura efetiva (Gray 1992). Porém, ao mudar os valores de log(g)

estamos mudando a abundância A(Fe II). Então, são calculadas as abundâncias médias

A(Fe I) e A(Fe II) usando diferentes modelos atmosféricos com diferentes valores de

log(g), fazendo como valor inicial de log(g) o valor interpolado usando as tabelas de cores

sintéticas. Quando a gravidade superficial é achada, as abundâncias do ferro são idênticas,

independentemente do estado de ionização das linhas medidas (ver Fig. 3.1).

O erro em log(g) é calculado usando o desvio padrão das abundâncias médias de

A(Fe I) e A(Fe II). O valor do erro é determinado quando a diferença entre as abundân-

cias médias de A(Fe I) e A(Fe II) é aproximadamente igual à raiz da soma quadrática

dos desvios padrão das abundâncias médias determinadas com base às linhas de ferro I e

II.

É importante sublinhar que o número de linhas de ferro II usadas para cada instru-

mento é diferente. Para as estrelas observadas com UVES, existem 11 linhas de Fe II,

diferentemente do caso das estrelas HYDRA, as quais possuem só 4 linhas de Fe II.

Também é importante destacar que uma das linhas usadas para as estrelas HYDRA

encontrava-se sobreposta com outras linha, razão pela qual foi necessário utilizar ferra-

mentas que permitissem separar as linhas. Estas ferramentas se encontram na tarefa

SPLOT do IRAF.3Disponível na página http://kurucz.harvard.edu/

43

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3.2.4 Velocidades de Rotação V sin(i)

Obter velocidades de rotação projetadas V sin(i) muitas vezes é uma tarefa que exige

muito trabalho computacional, como também, muito tempo observacional. Existem di-

versas formas para derivar os valores da velocidade de rotação de estrelas, os quais podem

ser primeiramente classificados em função do tipo de observação de que dispomos, ou seja,

a fotometria e a espectroscopia. Já que ambos os métodos foram utilizados nesta tese, é

importante descrevê-los em detalhe.

Historicamente, a velocidade de rotação V sin(i) foi derivada a partir do espectro este-

lar, no qual é possível associar o alargamento das linhas atômicas ao efeito Doppler pro-

duzido pela rotação na superfície estelar. Neste sentido, podemos derivar o alargamento

das linhas usando um ajuste do espectro observado com um espectro sintético convoluído

com perfil de rotação. Obviamente, este método exige que a classificação físico-química da

estrela estudada seja conhecida, a qual pode ser derivada previamente usando o espectro

estelar (para estrelas que apresentam baixa rotação) ou uma calibração que utiliza dados

fotometricos (para o caso de estrelas com alta rotação ou membros de aglomerados). Este

método é o mais utilizado, mas requer espectros com uma alta razão sinal/ruído (S/R); no

caso de estrelas com rotação baixa, requer também espectros obtidos com alta resolução

espectral. Obviamente, condicionamentos deste tipo limitam o número de estrelas para

as quais se pode obter a velocidade rotacional V sin(i).

Por outro lado, é possível derivar a rotação estelar a partir de espectros de uma forma

mais robusta e sem o conhecimento prévio dos parâmetros físico-químicos da estrela, mas

só conhecendo os índices de cor da mesma. O método conhecido como Função de Co-

rrelação Cruzada ou CCF (acrônimo do inglês Cross-Correlation Function), desenvolvido

por Tonry & Davis (1979), permite derivar as velocidades radial e rotacional de objetos

astronômicos convoluindo dois espectros, um objeto padrão e um objeto de ciência. A

função de convolução geralmente é uma gaussiana, cujo centro determina a velocidade ra-

dial relativa ao padrão; o alargamento desta função de correlação está relacionado com o

alargamento das linhas espectrais devido ao efeito Doppler, ao alargamento instrumental

(resolução espectral) e à contribuição do objeto padrão. Identificando a contribuição de

cada um destes efeitos na largura da função de correlação podemos derivar a velocidade

44

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de rotação V sin(i).

O alargamento ao quadrado da função de correlação pode ser relacionado à soma

quadrática das diferentes contribuições, incluindo aquela associada à rotação. Então

podemos escrever o alargamento observado de uma função de correlação gaussiana Lobs

como:

L2obs = L2

rot + L20,

em que Lrot representa a contribuição ao alargamento devido a rotação e L0 é uma cons-

tante que inclui as contribuições ao alargamento do instrumento e do objeto padrão. A

partir desta equação a contribuição rotacional pode ser achada e tem a forma de:

L2rot = L2

obs − L20. (3.4)

Diversos autores usaram este método para determinar velocidades de rotação V sin(i)

de estrelas no campo e em diferentes aglomerados (Benz & Mayor 1984; Queloz et al.

1998; Melo et al. 2001). Eles acharam que a velocidade de rotação V sin(i) pode ser

descrita como:

V sin(i) = ALrot = A√

L2obs − L2

0, (3.5)

em que A é conhecida como a constante de acoplamento, a qual, junto com L20, deve ser

calibrada para cada instrumento usando estrelas de tipo espectral similar aos objetos de

ciência e com valores de V sin(i) conhecidos.

De forma diferente, a rotação estelar pode ser achada usando campanhas fotométricas

que permitem obter curvas de luz com alta resolução temporal e precisão fotométrica.

Determinar períodos rotacionais é uma tarefa que requer muito esforço computacional e

observacional, uma vez que a variabilidade irregular produzida pelas manchas na superfície

estelar é difícil de identificar, especialmente quando os períodos associados são longos. Por

outro lado, a seleção de um período rotacional correto é muito difícil quando não se tem

ideia do estágio evolutivo da estrela. Antigamente as observações fotométricas para obter

curvas de luz eram limitadas pela qualidade dos CCDs e pelo tempo que os alvos podiam

ser observados, o eterno problema do dia e noite. Hoje em dia os satélites espaciais como

CoRoT e Kepler são importantes contribuições neste tema, devido às suas características

45

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tecnológicas que usam a fotometria de alta sensibilidade, assim como pelas campanhas

ininterruptas de observação.

Neste trabalho foram utilizados os métodos acima descritos para a determinação da

rotação estelar. Os valores de V sin(i) foram derivados pelo autor da tese apartir de

espectros UVES e HYDRA, e os períodos rotacionais foram determinados por Izan Leão

de Castro e Carlos Eduardo Lopes, os quais utilizaram diferentes programas que serão

descritos na seguinte Seção 3.3.

Especificamente, os valores de V sin(i) para as estrelas observadas com o instrumento

UVES foram derivados usando o ajuste do espectro observado com um espectro sin-

tético convoluído com um perfil de rotação. Isto foi feito após obtermos os parâmetros

físico-químicos das estrelas observadas com este instrumento. Nesta técnica, o valor de

V sin(i) = 1,0 km/s é tomado como valor inicial de rotação, enquanto o valor final da

velocidade de rotação é encontrado aumentando este valor inicial em incrementos de

1,0 km/s. Os erros na determinação V sin(i) são geralmente de 1,0 km/s.

Para as estrelas observadas com HYDRA, os valores de V sin(i) foram derivados usando

uma calibração de CCF especialmente calculada para o instrumento. A calibração foi feita

utilizando estrelas padrão rotacionais que se encontram listadas na tabela 2.3. Dado que

os espectros obtidos com o filtro E5187 apresentam maior resolução, estes foram escolhidos

para a utilização no referido método. Como estrelas padrão (ou templates) para calcular a

CCF, foram usadas HD 113226, HD 149661 e HD 165760. A contribuição destas estrelas

na largura da função de correlação pode ser determinada fazendo uma autocorrelação para

cada estrela padrão (Lucatello & Gratton 2003; Recio–Blanco et al. 2002). As estrelas

padrão contam com vários espectros, por isso as autocorrelações de um espectro de uma

estrela foram realizadas utilizando outros espectros da mesma estrela, sem considerar o

mesmo espectro. Tal como é descrito em Recio–Blanco et al. (2002) , a contribuição da

estrela padrão Lt na largura do CCF pode ser determinada utilizando a equação:

LPobs =

√2Lt,

sendo Lt a contribuição da estrela padrão (template) na largura do CCF e LPobs a largura

observada da CCF quando é feita a autocorrelação. Desta forma o L0 pode ser definido

46

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sem a contribuição Lt da estrela padrão. Os valores médios < LPobs > e < Lt > para cada

estrela padrão encontram-se listados na tabela 3.1.

Tabela 3.1: Larguras observadas < LPobs > e < Lt > das estrelas padrão HYDRA.

ID Número de < LPobs > σ < Lt >

espectros (km/s) (km/s) (km/s)

HD 113226 8 29,9 0,6 21,2

HD 149661 8 34,1 0,3 24,1

HD 165760 3 30,5 0,1 21,5

Para cada estrela padrão rotacional (calibrador) a largura média da CCF < L >, os

erros associados e as larguras das CCF sem as contribuições da estrela padrão (template)

< Lsp > encontram-se listados na tabela 3.2.4. Também são listados os valores < LF >,

os quais correspondem à média < Lsp >, que foi ponderada pelo número de medidas feitas

utilizando cada estrela padrão (template). Notar que cada estrela padrão de CCF é uma

estrela padrão rotacional (calibrador) para as outras estrelas padrão CCF.

47

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Tabe

la3.

2:La

rgur

asda

CC

Fda

ses

trel

aspa

drão

rota

cion

ais

HY

DR

A.

Est

rela

Pad

rão

HD

1132

26H

D14

9661

HD

1657

60

ID<

L>

<L>

<L>

<Lsp

>a

<Lsp

>b

<Lsp

>c

<LF>

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

(km/s)

HD

1011

1732,6

0,4

34,3

0,2

32,8

0,1

24,7

24,4

24,7

24,6

HD

1132

26...

...

32,3

0,5

30,2

0,5

...

21,5

21,2

21,4

HD

1135

5333,5

0,4

35,5

0,3

33,7

0,1

25,9

26,0

25,9

26,0

HD

1417

1046,2

0,3

48,0

0,2

46,2

0,2

41,1

41,5

40,9

41,2

HD

1496

6132,4

0,5

...

...

32,5

0,2

24,5

...

24,4

24,5

HD

1501

0837,5

0,4

39,7

0,3

37,7

0,3

31,0

31,5

30,9

31,2

HD

1657

6030,3

0,5

32,6

0,3

...

...

21,7

21,9

...

21,8

HD

9684

333,4

0,3

35,7

0,2

33,5

0,1

25,8

26,3

25,7

26,0

aM

édia

sca

lcul

adas

utili

zand

oa

estr

ela

padr

ãoH

D11

3226

.b

Méd

ias

calc

ulad

asut

iliza

ndo

aes

trel

apa

drão

HD

1496

61.

cM

édia

sca

lcul

adas

utili

zand

oa

estr

ela

padr

ãoH

D16

5760

.

48

Page 58: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Usando os valores < LF > listados na tabela 3.2.4, e os valores da velocidade de

rotação que se encontram na tabela 2.3, é possível obter a equação 3.5 para o HYDRA

usando uma regressão linear no plano (< LF >2, V sin(i)2), tal como é apresentado na

figura 3.3. Como é possível ver nessa figura, a estrela HD 149661 apresenta uma largura

de CCF que não corresponde à velocidade de rotação indicada na literatura para aquela

estrela (2,0 km/s). Assim, esta estrela não foi considerada para obter a calibração de

CCF para HYDRA. No catalogo online SIMBAD4 esta estrela é apresentada como uma

estrela variavel tipo BY Dra. É possível que a diferençã entre os valores de V sin(i) da

literatura e o valor encontrado neste trabalho (V sin(i) ∼ 10 km/s) seja provocado pela

variabilidade da estrela.

A equação para derivar V sin(i) a partir do valor de < LF > de CCF para cada estrela

observada5 pelo HYDRA com a configuração instrumental deste trabalho é:

V sin(i) = A√

< LF >2 −(L0)2 km/s, (3.6)

onde A = 0,861± 0,017 e L0 = 21,404± 0,835 km/s. Os erros nas medidas de rotação

usando esta calibração são calculados utilizando a equação:

E(V sin(i))calib =A2

√(ε < LF >)2 + (ε0 < L0 >)2

V sin(i)km/s, (3.7)

em que ε é o erro médio na velocidade radial de cada estrela e ε0 é o erro médio na

velocidade radial das estrelas padrão (template), excluindo a estrela HD 149661. Para

obter o erro total nos valores de V sin(i) é utilizada a seguinte equação:

E(V sin(i))total =√E(V sin(i))2calib + E(V sin(i))2A km/s (3.8)

em que E(V sin(i))2A é um erro sistematico devido às incertezas de A. Este erro é

determinado calculando novamente os valores V sin(i) utilizando a eq. 3.6 com os valores

de A = A± σA.

Usando a equação 4 de Melo et al. (2001), é calculado o limite inferior de V sin(i)

para esta calibração:4Disponível na página http://simbad.u-strasbg.fr/simbad/.5O valor < LF > para cada estrela observada pelo HYDRA foi calculado da mesma forma que para

as estrelas padrão rotacionais.

49

Page 59: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

<LF>2 (km/s)2

400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Vsi

n(i)2 (k

m/s

)2

0

200

400

600

800

1000

Figura 3.3: Calibração de V sin(i) usando uma Função de Correlação Cruzada. Os círculos

preenchidos correspondem às estrelas utilizadas na calibração. A estrela HD 149661 é

apresentada como um círculo vazio.

50

Page 60: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

V sin(i)inf ∼ A√

2L0ΔL0 = 4, 43 km/s.

Como é conhecida, a largura da CCF depende do tipo espectral e da luminosidade (na

realidade, a largura das linhas atômicas depende da temperatura efetiva e da gravidade

superficial). Melo et al. (2001) afirmam que o efeito na largura da CCF das diferentes

classes de luminosidade é menor que o efeito visto em diferentes tipos espectrais. Uti-

lizando a Fig. 1 de Melo et al. (2001), podemos ver uma variação de ΔL0 ∼ 0,6 km/s

para o intervalo de (B − V ) das estrelas da amostra. Como poderemos ver na próxima

seção, os erros nas medidas de V sin(i) para as estrelas da amostra são maiores que este

valor, de modo que este tipo de correção não foi considerado neste trabalho.

3.2.5 Abundancia de lítio A(Li)

A abundancia de lítio A(Li) é calculada ajustando o perfil observado da linha de lítio

localizada a ∼ 6708 Åcom o perfil sintético da linha. Assim, para calcular A(Li) é preciso

construir um espectro sintético com as características instrumentais, os parâmetros físico-

químicos e as velocidades de rotação anteriormente encontradas, bem como um valor de

A(Li) inicial. Uma vez construído o espectro sintético, o continuo deste é comparado com

as regiões sem linhas do espectro observado. Da mesma forma, a profundidade e largura

da linha do litio do espectro sintetico é comparada com aquela do espectro observado para

se controlar o valor da A(Li). Subsequentemente, são calculados novos espectros sintéticos

similares onde é variado somente A(Li), para assim, chegar a um ajuste perfeito entre o

perfil da linha sintética e o observado. A figura 3.4 apresenta um exemplo da determinação

da A(Li) para as mesmas estrelas da Fig. 3.1.

Os erros na medida de A(Li) estão associados aos erros nos parâmetros físico-químicos

e na velocidade de rotação. São calculadas novas A(Li)err usando espectros sintéticos

computados a partir dos erros nos parâmetros e velocidades envolvidas, para obter um erro

que é a raiz da soma quadrática da diferença entre o valor A(Li) e A(Li)err. É importante

sublinhar que os maiores erros em A(Li) estão associados aos erros na determinação da

temperatura efetiva Teff .

51

Page 61: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

UVES CoRoT 100932329

Flux

o N

orm

aliz

ado

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

HYDRA CoRoT 101565091

Comprimento de onda (A)6700 6705 6710 6715 6720

Flux

o N

orm

aliz

ado

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Li

Li

Figura 3.4: Determinação da A(Li) para uma estrela UVES (figura superior) e uma estrela

HYDRA (figura inferior). A comparação entre o espectro observado (pontos pretos) e

sintéticos (linha vermelha) determina o valor da abundância de lítio A(Li).

52

Page 62: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

3.3 Períodos de Rotação Prot

Anteriormente foi mencionado que os períodos rotacionais não foram obtidos pelo

autor desta Tese. Tais períodos foram calculados por Izan de Castro Leão e Carlos

Eduardo Lopes. Uma breve descrição do procedimento usado para o cálculo de tais

períodos a partir das curvas de luz do satélite CoRoT será apresentada a seguir.

Numa curva de luz podem existir variabilidades associadas a diversos processos físicos

periódicos e não-periódicos que não têm relação com os períodos rotacionais (por exemplo,

o efeito Blazhko e os flares). Assim, é preciso conhecer os parâmetros físicos e rotacionais

das estrelas estudadas para discriminar qual é o melhor período associado à rotação.

Previamente à comparação entre períodos e os parâmetros estelares, foi preciso seguir

alguns passos, os quais serão descritos a seguir.

3.3.1 Remoção das descontinuidades

As descontinuidades apresentadas numa curva de luz podem ser devido a efeitos instru-

mentais ou a algum tipo de evento físico, como por exemplo, um flare. Apesar da maioria

dos efeitos instrumentais nas curvas de luz já terem sido identificados, tal problema tem

dificultado uma classificação automática das variabilidades encontradas, o que é essencial

para a grande quantidade de dados hoje existente. Por outro lado, isto cria uma dúvida

na determinação dos períodos longos de tais curvas, provocando falsos candidatos.

Geralmente, as descontinuidades somente modificam o valor médio da curva de luz,

de tal modo que a subtração de uma constante na região posterior à descontinuidade

provoca o nivelamento da curva. Entretanto, existem eventos que possuem variações não

lineares, e tal procedimento pode afetar a determinação de períodos que as envolvam.

Devido à ausência de conhecimento da natureza de todas as descontinuidades, adotamos

a remoção das descontinuidades pela subtração do valor médio e a rejeição dos períodos

que envolvam tais descontinuidades.

53

Page 63: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

3.3.2 Remoção das tendências

A presença de tendências na curva de luz afeta a precisão na medição de períodos e

gera picos falsos no espectro de potência. Isto mostra que a remoção de tais tendências

é um passo importante no pré-tratamento das curvas de luz. Entretanto, a retirada

desta componente na curva de luz deve ser feita cautelosamente, já que os períodos reais

podem ser alterados e/ou simplesmente removidos em tal processo. Para uma mínima

interferência na medição dos períodos de rotação, foram utilizados polinômios de primeiro

ordem (ajuste linear) para retirar as tendências.

3.3.3 Remoção de ruído

Os métodos de geração do espectro de potência e a verificação de períodos são sensíveis

ao ruído. Existem várias técnicas que visam melhorar a relação sinal-ruído. Um eficiente

procedimento matemático para remoção de ruídos são técnicas de processamento de sinais

baseadas na Transformada Wavelet Coiflet (Daubechies 1992).

Este procedimento permite distinguir diferentes tipos de ruídos e eliminá-los sequen-

cialmente, de forma simples e eficiente (Fodor & Kamath 1998). As três principais etapas

para a remoção de ruídos são:

1. Analisar o sinal (decomposição), realizando a transformada Wavelet.

2. Selecionar o tipo de filtragem apropriado para cada nível de decomposição.

3. Realizar a síntese do sinal, através de bancos de filtros que possuem a função inversa

Wavelet e dos interpoladores.

3.3.4 Espectro de potência

Os pontos nas curvas de luz do CoRoT não são espaçados igualmente, e também pos-

suem uma variação no tempo de exposição das observações devido ao alarme da existência

de prováveis exoplanetas. Por estas razões, o estudo das curvas de luz não pode ser feito

usando as transformadas de Fourier rapida, concebidas para o tratamento de séries de

observações feitas a intervalos absolutamente iguais e em quantidade finita.

54

Page 64: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Para resolver este problema, foi usada a Transformada de Fourier Discreta com Com-

pensação de Datas (DCDFT), a partir da construção de uma base ortogonalizada, a qual

usamos para obter os períodos concernentes à rotação. O método desenvolvido por Ferraz-

Mello (1981) ajusta, através de mínimos quadrados, uma senóide de quatro parâmetros

aos dados não igualmente espaçados, admitindo a possibilidade de que a média dos dados

não seja necessariamente igual ao nível zero da senóide. Os quatro parâmetros são: o

ponto zero, a amplitude, a frequência (ou período) e a fase. A senóide pode então ser fil-

trada (subtraída da curva de luz), e podemos procurar por novas periodicidades na curva

residual. O passo de filtragem também remove os aliases associados à senóide filtrada.

Após o calculo dos espectros de potência, uma análise posterior é requerida para

determinar se os extremos da função são estatisticamente significativos, uma vez que o

extremo no espectro de potência pode não ser causado por uma periodicidade genuína,

mas por flutuações estatísticas do ruído. Deste modo, o método gráfico foi adotado como

uma forma de análise posterior, que consistia na inspeção visual da curva de luz.

Deste modo, após o tratamento da curva de luz e o cálculo dos períodos, foi feita

uma inspeção visual de cada uma das curvas para analisar sua forma de variabilidade.

Simultaneamente, foram correlacionados os parâmetros físicos e rotacionais para, conjun-

tamente, determinar qual período estva efetivamente associado à rotação.

55

Page 65: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Capítulo 4

Resultados e Discussão

Como sublinhado, o satélite CoRoT representa uma oportunidade única para o estudo

da rotação estelar, incluindo sua evolução e suas relações com diferentes parâmetros físi-

cos. Na realidade, essa perspectiva nos traz a possibilidade de entender o quanto a rotação

controla a própria evolução estelar. Neste capítulo, apresentamos uma síntese dos resul-

tados mais relevantes obtidos ao longo deste trabalho de Tese, incluindo a caracterização

física de uma amostra de base de estrelas pertencentes aos dois campos de observação do

CoRoT, a apresentação de períodos de rotação obtidos com fotometria de alta precisão e

relações preliminares entre tais períodos e diversos parâmetros estelares.

É importante destacar que das duas amostras estelares tratadas espectroscopicamente

neste trabalho, aquela observada com o espectrômetro UVES (53 estrelas) é composta

pelas estrelas mais brilhantes do campo Exo do CoRoT. Tal fato se reveste de grande

importância no contexto do programa CoRoT pois, devido à caracterização física refinada

aqui realizada, a referida amostra poderá ser utilizada como calibração e referência para

inúmeros estudos.

Extensas tabelas com os resultados da análise espectral das 116 estrelas da amostra são

apresentadas. Parâmetros físico-químicos e as velocidades de rotação V sin(i) encontram-

se listados na tabela 4.1. Períodos rotacionais Prot para 77 estrelas da amostra foram

calculados e encontram-se na tabela 4.1. Também se encontram listados os erros em tais

medidas.

Com base nos resultados que serão discutidos neste capitulo, as diferenças encontradas

nas distribuições dos parâmetros físicos entre os campos LRa01 e LRc01 podem ser expli-

56

Page 66: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

cadas a partir das diferenças na distribuição de temperatura, apontando efeitos de seleção

na amostra. Entretanto, estrelas de similares características físicas não apresentam dife-

renças nos perfis químicos, nem no comportamento rotacional. Por outro lado, diferenças

na extinção devido a avermelhamento são encontradas para cada campo, assim como um

gradiente de avermelhamento.

Neste capítulo, também serão discutidas as diferentes relações entre a abundância

de lítio A(Li) e os diferentes parâmetros físico-químicos da amostra. As relações entre

esta abundância e a temperatura efetiva Teff , velocidade de rotação V sin(i) e estágios

evolutivos apresentam-se da mesma forma como é descrito na literatura. Também é

apresentado, por primeira vez, uma análise que considera os períodos rotacionais Prot

para uma amostra que utilize dados do satélite CoRoT e que abarca estágios evolutivos

avançados da evolução estelar. A partir disto, é possível distinguir a relação entre a

diluição de lítio e o aumento dos períodos rotacionais.

57

Page 67: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tab

ela

4.1:

Par

âmet

ros

físi

co-q

uím

icos

ero

taci

onai

sda

amos

tra.

CoR

oTID

Teff(B

−V)

Teff(J

−K

)Teff

log(g

)Vm

ic

[Fe/H]

A(L

i)V

sin(i)

Prot

Cla

sse

Instr

(K)

(K)

(K)

(dex)

(km

/s)

(dex)

(dex)

(km

/s)

(dia

s)

1005

3265

54976

5533

5550+

50

−20

3,95+

0,12

−0,12

1,20+

0,05

−0,07

0,28±

0,03

1,41±

0,08

1,0

+1,0

−1,0

22,83

SG

UV

ES

1005

3740

85153

5342

5420+

110

−390

1,60+

0,36

−0,38

0,83+

0,46

−0,70

−0,92±

0,11

1,45±

0,46

12,0

+1,0

−1,0

...

SG

UV

ES

1009

3154

95078

5598

5870+

105

−90

4,08+

0,13

−0,13

1,65+

0,09

−0,09

−0,16±

0,04

1,96±

0,12

2,0

+1,0

−1,0

13,4

SP

UV

ES

1009

3232

94823

4972

5580+

65

−70

3,66+

0,18

−0,12

1,85+

0,23

−0,24

−0,30±

0,04

2,10±

0,09

2,0

+1,0

−1,0

12,5

SG

UV

ES

1010

4135

85054

5163

5750+

85

−60

4,10+

0,24

−0,25

1,69+

0,18

−0,44

−0,33±

0,04

2,04±

0,10

3,0

+1,0

−1,0

25

SG

UV

ES

1010

4386

75162

5829

6190+

85

−63

3,74+

0,28

−0,24

2,07+

0,12

−0,13

0,19±

0,06

1,55±

0,04

4,5

+1,0

−1,0

6,35

SG

UV

ES

1010

5654

25659

6536

6190+

85

−65

3,82+

0,21

−0,21

2,05+

0,17

−0,13

0,20±

0,06

1,37±

0,11

3,0

+1,0

−1,0

9,0

SG

UV

ES

1010

7664

75050

5800

5905+

130

−105

3,13+

0,18

−0,18

1,73+

0,41

−0,09

−0,03±

0,04

2,92±

0,15

8,0

+1,0

−1,0

7,91

SG

UV

ES

1011

0275

84840

5205

5760+

25

−25

4,00+

0,12

−0,16

1,73+

0,09

−0,11

0,04±

0,03

1,94±

0,04

2,0

+1,0

−1,0

24,31

SG

UV

ES

1011

2874

75125

5472

6395+

65

−115

4,11+

0,25

−0,26

1,74+

0,13

−0,11

0,24±

0,06

3,21±

0,12

10,0

+1,0

−1,0

8,6

SP

UV

ES

1012

0440

83946

3872

6335+

54

−54

4,05+

0,28

−0,28

1,88+

0,20

−0,29

−0,11±

0,04

1,75±

0,07

4,7

+1,0

−1,0

11,6

SP

UV

ES

1012

0824

64809

5196

5530+

30

−30

4,44+

0,16

−0,15

1,08+

0,12

−0,12

0,28±

0,04

1,11±

0,03

1,0

+1,0

−1,0

12,41

SP

UV

ES

1012

3183

25050

5565

5600+

50

−20

4,28+

0,15

−0,10

1,42+

0,06

−0,04

−0,02±

0,02

2,01±

0,06

1,0

+1,0

−1,0

9,68

SP

UV

ES

1013

4699

53540

3759

3840+

150

−210

2,19+

0,46

−0,56

1,15+

0,15

−0,15

0,49±

0,11

−1,67±

0,71

5,1

+2,5

−2,5

48

GV

HY

DR

A

1013

4776

04489

4363

4880+

200

−80

2,39+

0,24

−0,24

3,87+

0,72

−0,72

−0,82±

0,06

...

8,0

+2,0

−2,0

60

GV

HY

DR

A

1013

9207

13473

3684

4140+

240

−240

0,48+

0,87

−0,87

1,97+

0,36

−0,36

−0,74±

0,12

−2,77±

0,47

10,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1014

1116

84084

4063

4980+

190

−200

1,85+

0,63

−0,60

2,02+

1,00

−0,33

−0,11±

0,21

0,25±

0,32

2,1

+4,3

−2,1

63,4

SG

HY

DR

A

1014

2138

64371

4232

4640+

120

−130

1,88+

0,58

−0,58

1,38+

0,48

−0,48

−0,75±

0,14

0,51±

0,28

4,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1014

2273

04137

4063

4410+

210

−230

1,31+

0,45

−0,49

2,31+

0,65

−0,47

−0,46±

0,16

0,30±

0,56

11,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1014

2362

93999

4016

4460+

200

−210

2,87+

0,58

−0,55

1,45+

0,29

−0,36

0,14±

0,16

...

5,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1014

3343

24031

4097

4230+

330

−250

1,30+

0,50

−0,55

1,68+

0,24

−0,20

−0,37±

0,16

0,00±

0,66

1,4

+6,8

−1,4

...

GV

HY

DR

A

1014

5111

54182

3988

4780+

140

−110

3,41+

0,29

−0,27

2,68+

0,66

−0,38

−0,29±

0,07

1,97±

0,24

2,9

+3,0

−2,9

25,97

GV

HY

DR

A

1014

5590

44973

5268

5230+

370

−280

4,68+

0,40

−0,30

0,55+

0,90

−0,55

0,09±

0,18

2,00±

0,53

11,8

+0,9

−0,9

5,53

SP

HY

DR

A

1014

5893

73951

3893

4330+

210

−150

3,07+

0,43

−0,40

2,52+

0,40

−0,46

−0,18±

0,14

−0,50±

0,29

5,5

+2,1

−2,1

...

GV

HY

DR

A

1014

6152

63696

3718

4480+

210

−200

2,77+

0,53

−0,57

2,39+

0,50

−0,50

−0,24±

0,17

0,08±

0,05

7,0

+2,0

−2,0

49,46

GV

HY

DR

A

1014

6230

95065

5806

5880+

35

−57

4,14+

0,22

−0,20

1,56+

0,09

−0,10

0,14±

0,03

2,43±

0,05

3,0

+1,0

−1,0

10,3

SP

UV

ES

1014

6458

53449

3677

4190+

210

−120

1,15+

0,84

−0,85

3,06+

0,49

−0,38

−0,88±

0,10

−0,55±

0,39

4,7

+3,5

−3,5

...

GV

HY

DR

A

1014

7606

34909

4578

5780+

60

−55

4,40+

0,14

−0,13

1,44+

0,07

−0,07

0,16±

0,03

1,84±

0,07

2,0

+1,0

−1,0

9,45

SP

UV

ES

1014

7800

54855

5167

5135+

20

−35

4,17+

0,13

−0,13

0,91+

0,17

−0,07

0,09±

0,04

0,06±

0,05

2,0

+1,0

−1,0

29

SG

UV

ES

1014

7938

63966

4024

4380+

200

−200

3,29+

0,66

−0,67

2,59+

0,50

−0,46

−0,13±

0,17

0,16±

0,43

12,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1014

8382

64095

4162

4790+

110

−120

0,95+

0,41

−0,45

1,95+

1,05

−0,59

−0,50±

0,12

0,10±

0,21

10,0

+2,3

−2,3

...

GV

HY

DR

A

1014

8925

13013

3576

4150+

170

−160

2,78+

0,50

−0,56

2,71+

0,41

−0,33

0,00±

0,16

−0,64±

0,36

12,1

+1,9

−1,9

...

GV

HY

DR

A

1014

8997

73961

4106

4450+

170

−120

2,94+

0,34

−0,36

2,35+

0,27

−0,23

0,02±

0,10

0,17±

0,23

4,2

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1014

9295

34328

4157

4900+

240

−120

2,42+

0,22

−0,22

1,73+

0,50

−0,50

−0,25±

0,09

0,64±

0,39

4,7

+2,1

−2,1

63,8

GV

HY

DR

A

1015

1985

44689

5454

5390+

120

−90

4,79+

0,16

−0,17

2,90+

0,40

−0,40

−0,05±

0,05

1,37±

0,18

10,3

+1,2

−1,2

2,8

SP

HY

DR

A

1015

3608

64181

4200

4720+

150

−250

3,47+

0,48

−0,53

2,10+

0,43

−0,43

−0,04±

0,11

0,63±

0,31

5,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

Con

tinua

na

pag

ina

segu

inte

...

58

Page 68: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tab

ela

4.1

–C

onti

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Instr

(K)

(K)

(K)

(dex)

(km

/s)

(dex)

(dex)

(km

/s)

(dia

s)

1015

3852

23696

3718

4180+

210

−120

1,81+

0,24

−0,24

1,63+

0,17

−0,22

−0,28±

0,08

−0,70±

0,47

3,3

+6,7

−3,3

...

GV

HY

DR

A

1015

4918

05232

5777

5180+

200

−200

4,12+

0,42

−0,39

0,56+

1,00

−0,56

−0,34±

0,14

2,08±

0,35

33,0

+3,0

−3,0

6,69

SG

HY

DR

A

1015

5075

94077

4052

4570+

190

−190

2,65+

0,45

−0,47

1,95+

0,32

−0,26

−0,08±

0,16

0,21±

0,40

8,0

+1,3

−1,3

30,5

GV

HY

DR

A

1015

5274

24287

4232

4740+

340

−170

3,00+

0,44

−0,45

3,29+

0,82

−0,82

−0,36±

0,11

−0,30±

0,72

9,2

+2,5

−2,5

31,07

GV

HY

DR

A

1015

5554

14192

4104

4760+

80

−80

1,70+

0,22

−0,22

1,96+

0,38

−0,26

−0,46±

0,08

1,03±

0,18

10,6

+1,0

−1,0

50,83

GV

HY

DR

A

1015

6105

04031

3997

4240+

130

−140

1,73+

0,33

−0,31

2,16+

0,18

−0,16

−0,28±

0,10

0,07±

0,33

4,4

+2,7

−2,7

...

GV

HY

DR

A

1015

6250

84165

4060

4760+

100

−120

1,37+

0,42

−0,40

1,56+

0,22

−0,18

−0,24±

0,09

0,56±

0,30

3,9

+2,1

−2,1

...

SG

HY

DR

A

1015

6509

14881

5571

5690+

160

−140

4,05+

0,37

−0,32

1,91+

0,99

−0,99

−0,15±

0,13

2,30±

0,21

4,8

+2,0

−2,0

17,42

SG

HY

DR

A

1015

6537

85284

5823

5770+

200

−110

2,89+

0,41

−0,33

1,95+

0,47

−0,33

−0,34±

0,14

1,41±

0,18

12,0

+1,0

−1,0

6,31

SG

UV

ES

1015

6992

54065

4134

4520+

220

−290

2,22+

0,52

−0,72

1,98+

0,36

−0,36

−0,18±

0,17

0,10±

0,60

3,0

+3,0

−3,0

...

GV

HY

DR

A

1015

9854

63964

4197

4560+

140

−170

2,87+

0,53

−0,32

2,47+

0,24

−0,20

−0,20±

0,06

0,26±

0,26

6,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1015

9964

65128

5777

5730+

250

−170

3,03+

0,50

−0,53

1,96+

0,58

−0,58

−0,19±

0,09

1,16±

0,29

17,2

+0,9

−0,9

28,54

SG

HY

DR

A

1016

0080

73886

4039

4550+

160

−180

1,44+

0,66

−0,59

1,67+

0,26

−0,21

−0,25±

0,14

−0,15±

0,42

5,9

+2,1

−2,1

...

SG

HY

DR

A

1016

1230

04687

5153

6050+

160

−200

4,90+

0,47

−0,47

0,47+

0,80

−0,40

0,10±

0,06

1,73±

0,27

11,3

+1,5

−1,5

14,12

SP

HY

DR

A

1016

1393

85146

6167

5640+

170

−160

3,78+

0,42

−0,43

2,54+

1,00

−1,00

−0,44±

0,14

1,80±

0,21

2,0

+1,0

−1,0

7,8

SG

HY

DR

A

1016

1393

85146

6167

6155+

95

−40

4,00+

0,17

−0,17

1,65+

0,12

−0,11

−0,10±

0,04

2,27±

0,08

4,7

+2,1

−2,1

7,8

SP

UV

ES

1016

2244

73983

4115

4660+

240

−230

2,57+

0,25

−0,29

2,35+

0,43

−0,31

−0,31±

0,11

0,31±

0,53

8,0

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1016

2697

14284

4261

5050+

140

−130

3,17+

0,49

−0,47

1,51+

0,32

−0,26

−0,32±

0,12

0,74±

0,18

3,2

+2,7

−2,7

30,39

GV

HY

DR

A

1016

2700

54883

5748

5830+

250

−220

3,69+

0,38

−0,38

1,92+

0,70

−0,66

−0,04±

0,12

1,67±

0,33

9,5

+1,2

−1,2

8,49

SG

HY

DR

A

1016

3559

43279

3931

3810+

190

−150

2,26+

0,50

−0,52

1,89+

0,25

−0,24

0,21±

0,17

−0,80±

0,45

6,4

+2,4

−2,4

...

GV

HY

DR

A

1016

4229

24045

4055

4500+

100

−90

2,84+

0,29

−0,29

2,17+

0,20

−0,18

−0,15±

0,07

0,31±

0,16

4,6

+2,0

−2,0

...

GV

HY

DR

A

1016

6500

84079

4044

4490+

70

−70

2,90+

0,22

−0,22

1,83+

0,19

−0,17

−0,26±

0,07

0,22±

0,14

1,2

+7,9

−1,2

...

GV

HY

DR

A

1016

9767

65287

5894

6050+

240

−100

3,87+

0,26

−0,27

1,99+

0,39

−0,28

−0,11±

0,07

2,49±

0,23

13,0

+1,0

−1,0

4,54

SG

UV

ES

1025

8556

34700

4386

5637+

38

−37

4,53+

0,37

−0,36

1,63+

0,10

−0,10

−0,01±

0,04

1,62±

0,05

5,5

+1,0

−1,0

...

SP

UV

ES

1025

8561

36528

5981

6194+

276

−58

4,25+

0,24

−0,24

1,99+

0,23

−0,30

−0,04±

0,05

2,59±

0,22

9,0

+1,0

−1,0

3,4

SP

UV

ES

1025

8956

46281

6698

6220+

80

−65

3,90+

0,28

−0,17

1,65+

0,48

−0,63

−0,05±

0,05

2,35±

0,09

9,5

+1,0

−1,0

12,8

SP

UV

ES

1025

9189

66134

6646

6330+

80

−85

3,99+

0,33

−0,27

2,14+

0,24

−0,34

−0,02±

0,07

1,55±

0,07

7,0

+1,0

−1,0

9,06

SP

UV

ES

1026

0317

46044

6286

6200+

46

−61

3,99+

0,18

−0,29

2,18+

0,22

−0,24

−0,16±

0,05

1,49±

0,03

7,5

+1,0

−1,0

4,78

SP

UV

ES

1026

0405

56453

6813

6397+

229

−80

4,14+

0,21

−0,21

1,60+

0,29

−0,24

−0,25±

0,06

1,90±

0,16

9,0

+1,0

−1,0

18,3

SP

UV

ES

1026

0540

55877

6239

6100+

70

−134

3,99+

0,27

−0,23

1,53+

0,09

−0,09

0,16±

0,04

1,50±

0,23

7,0

+1,0

−1,0

11,96

SP

UV

ES

1026

0618

56048

6594

6185+

103

−116

3,80+

0,14

−0,14

2,02+

0,11

−0,26

0,23±

0,05

1,70±

0,14

9,5

+1,0

−1,0

15,15

SG

UV

ES

1026

1198

05725

6293

5890+

35

−30

4,44+

0,18

−0,24

1,38+

0,07

−0,07

0,01±

0,03

2,37±

0,04

2,5

+1,0

−1,0

8,63

SP

UV

ES

1026

1484

45198

5806

5445+

25

−50

4,14+

0,25

−0,19

1,00+

0,06

−0,07

0,37±

0,04

0,93±

0,06

1,0

+1,0

−1,0

15,36

SG

UV

ES

1026

1671

95935

6430

6210+

57

−50

4,30+

0,24

−0,20

1,66+

0,20

−0,12

0,11±

0,05

2,71±

0,06

6,4

+1,0

−1,0

40,24

SP

UV

ES

1026

1894

85672

5595

6110+

45

−40

4,24+

0,33

−0,38

1,55+

0,08

−0,08

0,38±

0,05

1,30±

0,05

6,0

+1,0

−1,0

9,32

SP

UV

ES

1026

2082

85160

4521

5590+

32

−35

4,31+

0,25

−0,20

0,86+

0,08

−0,07

−0,18±

0,04

...

1,0

+1,0

−1,0

9,39

SP

UV

ES

1026

5471

66079

5633

5750+

55

−50

3,25+

0,42

−0,41

0,59+

0,30

−0,26

−0,10±

0,06

2,23±

0,08

6,0

+1,0

−1,0

3,13

SG

UV

ES

Con

tinua

na

pag

ina

segu

inte

...

59

Page 69: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tab

ela

4.1

–C

onti

nuaç

ão

CoR

oTID

T(B

−V

)T(J

−K

)Teff

log(g

)Vm

ic

[Fe/H]

A(L

i)V

sin(i)

Prot

Cla

sse

Instr

(K)

(K)

(K)

(dex)

(km

/s)

(dex)

(dex)

(km

/s)

(dia

s)

1026

5718

25338

5009

5525+

25

−45

4,18+

0,16

−0,16

1,37+

0,19

−0,13

−0,03±

0,04

1,05±

0,02

2,0

+1,0

−1,0

18,96

SG

UV

ES

1026

5818

15520

5918

5655+

28

−23

3,81+

0,14

−0,14

1,28+

0,04

−0,05

0,12±

0,04

2,01±

0,03

1,0

+1,0

−1,0

7,7

SG

UV

ES

1026

5967

06223

6110

6265+

135

−165

3,89+

0,38

−0,39

0,84+

0,26

−0,27

−0,09±

0,10

1,63±

0,17

15,0

+1,0

−1,0

5,09

SP

UV

ES

1026

6389

25898

6299

6130+

61

−69

4,35+

0,20

−0,21

1,36+

0,10

−0,10

0,15±

0,04

2,71±

0,08

2,8

+1,0

−1,0

10,12

SP

UV

ES

1026

6903

86436

5939

6105+

105

−125

3,46+

0,28

−0,28

0,81+

0,32

−0,19

−0,14±

0,09

1,20±

0,13

10,0

+1,0

−1,0

4,72

SG

UV

ES

1026

6980

15682

5407

5960+

65

−50

4,22+

0,19

−0,23

0,96+

0,12

−0,20

−0,03±

0,06

2,80±

0,09

3,0

+1,0

−1,0

...

SP

UV

ES

1026

7687

24881

4281

5539+

103

−107

3,18+

0,27

−0,15

1,75+

0,14

−0,22

−0,07±

0,05

1,40±

0,14

11,0

+1,0

−1,0

51,68

SG

UV

ES

1026

7856

46228

6698

5900+

459

−212

3,46+

0,56

−0,73

3,57+

1,60

−1,63

−0,71±

0,17

1,55±

0,32

17,0

+1,0

−1,0

6,94

SG

UV

ES

1026

7979

66286

6766

6170+

65

−55

3,40+

0,27

−0,22

1,77+

0,32

−0,27

−0,45±

0,05

1,70±

0,06

5,0

+1,0

−1,0

...

SG

UV

ES

1026

8601

96265

6668

6465+

99

−176

4,12+

0,34

−0,34

1,15+

0,28

−0,17

0,06±

0,06

1,75±

0,15

12,0

+1,0

−1,0

13,24

SP

UV

ES

1026

8775

96033

6580

6390+

70

−90

4,42+

0,25

−0,25

0,80+

0,56

−0,24

−0,04±

0,06

2,99±

0,09

5,0

+1,0

−1,0

...

SP

UV

ES

1026

9209

35870

5285

5870+

50

−40

4,41+

0,14

−0,14

1,89+

0,20

−0,26

−0,12±

0,05

2,77±

0,06

8,0

+1,0

−1,0

5,32

SP

UV

ES

1026

9469

74403

4251

4680+

100

−180

2,72+

0,63

−0,53

1,45+

0,19

−0,19

−0,01±

0,12

0,30±

0,18

2,7

+4,0

−2,7

53,8

GV

HY

DR

A

1026

9484

84187

4050

4370+

250

−320

0,69+

0,91

−0,91

1,39+

0,23

−0,28

−0,51±

0,22

0,30±

0,59

7,3

+2,4

−2,4

...

GV

HY

DR

A

1026

9554

24673

4793

5520+

210

−190

1,99+

0,46

−0,47

2,06+

0,37

−0,27

−0,11±

0,15

1,56±

0,43

12,9

+1,4

−1,4

...

SG

HY

DR

A

1026

9722

14440

4200

4770+

80

−70

1,29+

0,24

−0,26

1,48+

0,08

−0,08

−0,34±

0,06

0,57±

0,19

3,9

+2,2

−2,2

...

GV

HY

DR

A

1027

0500

95653

6065

5510+

370

−340

3,91+

0,51

−0,50

1,03+

0,53

−0,51

0,13±

0,15

1,48±

0,53

5,3

+2,0

−2,0

31,18

SG

HY

DR

A

1027

0507

65414

5302

5620+

360

−360

4,69+

0,56

−0,48

0,91+

0,61

−0,61

0,04±

0,17

1,44±

0,63

11,4

+1,8

−1,8

5,35

SP

HY

DR

A

1027

0530

84933

4297

5130+

40

−50

3,07+

0,17

−0,19

1,53+

0,06

−0,02

−0,34±

0,03

0,20±

0,10

2,0

+1,0

−1,0

...

GV

UV

ES

1027

0602

04623

4352

4760+

70

−70

1,23+

0,39

−0,43

1,55+

0,15

−0,14

−0,77±

0,07

0,58±

0,18

6,0

+2,0

−2,0

39,5

GV

HY

DR

A

1027

0924

75362

5366

5570+

38

−38

4,00+

0,14

−0,12

0,91+

0,16

−0,05

0,30±

0,03

1,67±

0,04

1,0

+1,0

−1,0

17,38

SG

UV

ES

1027

1806

45459

5293

6386+

106

−90

4,44+

0,32

−0,32

0,97+

0,63

−0,20

0,18±

0,07

3,03±

0,11

9,8

+1,0

−1,0

...

SP

UV

ES

1027

2837

75953

6078

5820+

180

−170

3,11+

0,26

−0,25

1,16+

0,22

−0,21

−0,10±

0,10

2,18±

0,21

8,4

+1,5

−1,5

38,8

SG

HY

DR

A

1027

3040

95782

6142

5720+

270

−270

4,63+

0,47

−0,47

1,26+

0,46

−0,46

0,14±

0,13

2,19±

0,37

6,6

+1,9

−1,9

11,93

SP

HY

DR

A

1027

3551

95476

5782

5410+

280

−270

5,27+

0,36

−0,36

1,04+

0,90

−0,90

0,05±

0,14

2,33±

0,43

15,5

+2,2

−2,2

4,75

SP

HY

DR

A

1027

3562

15748

6180

5960+

330

−290

4,57+

0,49

−0,44

2,28+

0,68

−0,68

0,02±

0,16

2,01±

0,38

7,4

+1,7

−1,7

...

SP

HY

DR

A

1027

3885

45799

6361

5840+

80

−25

4,05+

0,24

−0,24

1,37+

0,08

−0,11

0,03±

0,04

1,65±

0,05

3,8

+1,0

−1,0

6,4

SG

UV

ES

1027

4036

75571

5930

5700+

170

−160

4,36+

0,28

−0,23

0,83+

0,40

−0,59

0,03±

0,11

2,10±

0,23

13,5

+1,2

−1,2

...

SP

HY

DR

A

1027

4052

05320

6028

5640+

35

−32

3,81+

0,12

−0,12

1,28+

0,14

−0,06

0,35±

0,04

2,49±

0,04

3,5

+1,0

−1,0

18,32

SG

UV

ES

1027

4121

55785

6213

6985+

279

−185

4,27+

0,55

−0,55

0,59+

0,37

−0,37

0,29±

0,13

1,70±

0,14

17,0

+1,0

−1,0

9,24

SP

UV

ES

1027

4349

15234

5603

5990+

170

−120

3,36+

0,40

−0,43

1,63+

0,58

−0,41

0,51±

0,06

1,35±

0,25

10,1

+2,2

−2,2

18,53

SG

HY

DR

A

1027

4392

94596

4365

5330+

250

−250

4,03+

0,20

−0,20

2,65+

0,36

−0,36

−0,11±

0,09

1,41±

0,42

6,9

+1,7

−1,7

50,3

SG

HY

DR

A

1027

5499

04511

4382

4790+

70

−60

2,21+

0,15

−0,18

2,89+

0,65

−0,67

−0,60±

0,06

0,37±

0,14

3,8

+3,3

−3,3

...

GV

HY

DR

A

1027

5837

16056

6458

5710+

130

−130

4,01+

0,18

−0,18

1,83+

0,21

−0,20

−0,17±

0,07

2,31±

0,17

9,4

+1,5

−1,5

9,44

SG

HY

DR

A

1027

6486

65789

5942

5775+

70

−91

3,35+

0,34

−0,32

1,01+

0,28

−0,56

−0,41±

0,05

...

17,0

+1,0

−1,0

...

SG

UV

ES

1027

6749

45442

5493

5240+

470

−290

3,58+

0,44

−0,44

2,39+

0,46

−0,46

−0,26±

0,18

0,30±

0,77

11,2

+1,5

−1,5

18,62

GV

HY

DR

A

1027

6874

75772

5918

5570+

230

−220

4,64+

0,30

−0,30

1,79+

0,60

−0,50

−0,25±

0,12

1,61±

0,31

8,1

+1,6

−1,6

13,2

SP

HY

DR

A

Con

tinua

na

pag

ina

segu

inte

...

60

Page 70: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tab

ela

4.1

–C

onti

nuaç

ão

CoR

oTID

T(B

−V

)T(J

−K

)Teff

log(g

)Vm

ic

[Fe/H]

A(L

i)V

sin(i)

Prot

Cla

sse

Instr

(K)

(K)

(K)

(dex)

(km

/s)

(dex)

(dex)

(km

/s)

(dia

s)

1027

6908

84455

4365

4790+

120

−180

2,49+

0,47

−0,40

2,34+

0,22

−0,22

−0,41±

0,10

0,54±

0,47

8,2

+1,4

−1,4

48,04

GV

HY

DR

A

1027

7234

75701

6009

5970+

90

−90

3,41+

0,21

−0,33

1,58+

0,23

−0,09

0,02±

0,06

2,40±

0,11

10,0

+1,0

−1,0

18,63

SG

UV

ES

1027

8454

25517

6015

5930+

100

−110

5,57+

0,10

−0,10

1,00+

0,80

−0,80

0,31±

0,06

2,07±

0,14

6,6

+1,9

−1,9

10,18

SP

HY

DR

A

1027

8949

34618

4549

5600+

150

−150

4,86+

0,26

−0,22

2,65+

0,80

−0,80

0,25±

0,08

1,57±

0,22

9,4

+1,4

−1,4

...

SP

HY

DR

A

1027

8996

26236

6883

6380+

700

−700

4,76+

0,54

−0,54

1,67+

0,90

−0,90

0,11±

0,14

2,16±

0,95

15,8

+1,4

−1,4

3,41

SP

HY

DR

A

1027

9203

24428

4185

4690+

110

−90

2,84+

0,27

−0,27

3,09+

0,80

−0,50

−0,47±

0,09

0,72±

0,22

6,9

+1,7

−1,7

...

GV

HY

DR

A

61

Page 71: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

4.1 Amostra no Diagrama (log(Teff), log(g))

Na figura 4.1 é apresentado um diagrama contendo a amostra completa deste trabalho

no plano (log(Teff), log(g)) para os campos LRa01 e LRc01 do CoRoT. Adicionalmente

são apresentados traços evolutivos1 de metalicidade solar2 para diferentes massas estelares,

os quais foram obtidos desde o trabalho de Girardi et al. (2000). Os erros nas medidas

envolvidas são também apresentados nesta figura. A magnitude dos erros está relacionada

com diversos processos associados à qualidade dos dados (resolução espectral, sinal ruído

S/R, etc.) e aos efeitos intrínsecos das atmosferas das estrelas (rotação elevada, presença

de bandas moleculares em estrelas frias, etc.).

A partir desta figura é possível distinguir que a amostra compreende estrelas jovens e

velhas, desde a sequência principal (SP) até estágios avançados da evolução estelar como

o ramo das gigantes vermelhas (GV). É possível notar que as freqüências de estrelas em

cada estágio evolutivo não são iguais para cada campo.

Para uma ter uma idéia de como são distribuídos os estágios evolutivos no diagrama

(log(Teff), log(g)), é preciso segregar as estrelas com base a sua metalicidade. Isto permite

uma comparação direta entre as posições das estrelas no diagrama (log(Teff), log(g)) e

os pontos de mudança de estágio evolutivo, os quais são definidos a partir de traços

evolutivos. Para lograr este fim, as estrelas da amostra foram divididas em três grupos

tomando por base o seu conteúdo de ferro [Fe/H]: o grupo Fe1, formado por estrelas cujo

[Fe/H] ≤ −0,25 dex, o grupo Fe2, que possui estrelas com −0,25 < [Fe/H] ≤ +0,25 dex, e

o grupo Fe3, formado por estrelas com [Fe/H] > +0,25 dex. O diagrama H-R que utiliza

a diferenciação de estrelas por conteúdo de ferro [Fe/H] é apresentado na figura 4.2. Nesta

figura também são apresentados traços evolutivos de Girardi et al. (2000) para massas

iguais à solar e metalicidades representativas aos grupos anteriormente descritos3.

A partir dos traços evolutivos utilizados, é fácil distinguir em que parte da evolução

estelar o hidrogênio é esgotado no núcleo (fim da SP e inicio da fase SG), assim como, a

partir de que momento a estrela inicia sua ascensão na fase de GV (ver Girardi et al. 2000).1Disponíveis na página http://pleiadi.pd.astro.it/2Traços evolutivos para massas M = 0,8, 1,0, 1,5, 2,0, 3,0 M� e uma metalicidade Z = 0,019.3Para os grupos Fe1, Fe2 e Fe3, foram utilizados traços evolutivos de M = 1,0 M� com metalicidades

Z = 0,004, Z = 0,019 e Z = 0,030, respectivamente.

62

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log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

g)

0

1

2

3

4

5

LRa01LRc01

Figura 4.1: Diagrama (log(Teff), log(g)) para estrelas dos campos LRa01 (pontos vermel-

hos) e LRc01 (pontos azuis) do CoRoT. O Sol é apresentado usando o símbolo preto �.

Traços evolutivos de massas M = 0,8, 1,0, 1,5, 2,0, 3,0 M� (da direita para a esquerda)

para uma abundância metálica de Z = 0,019 (Girardi et al. 2000) também são apresen-

tados. As estrelas encontram-se em diversos estágios evolutivos, desde a SP até o ramo

das GV. Os campos LRa01 e LRc01 apresentam diferenças na frequência de estrelas nos

diferentes estágios evolutivos.

63

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log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

g)

0

1

2

3

4

5

Fe1Fe2

Fe3

Figura 4.2: Diagrama (log(Teff), log(g)) para estrelas da amostra segregadas por [Fe/H].

Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas em verde, preto e vermelho, respec-

tivamente. O Sol é representado pelo símbolo � azul. Traços evolutivos para estrelas com

M = 1,0 M� para abundâncias metálicas de Z = 0,004, Z = 0,019 e Z = 0,030 (Girardi

et al. 2000) são representados por linhas verdes, pretas e vermelhas, respectivamente.

64

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Utilizando os grupos de metalicidades Fe1, Fe2 e Fe3, e traços de diferentes massas para

os valores de Z associados a cada grupo, as estrelas foram classificadas em estrelas SP, SG

e GV comparando a sua posição no diagrama (log(Teff), log(g)) com os pontos de turn–

off e ascensão na fase GV. Isto é apresentado na figura 4.3. Esta classificação dividiu a

amostra em 39 na fase SP, 39 na fase SG e 38 na fase GV. Os resultados desta classificação

encontram-se na décima primeira coluna da tabela 4.1. Ao mesmo tempo, são calculados

valores médios e desvios padrão dos parâmetros determinados nesta tese para cada estágio

evolutivo em cada campo CoRoT. Estes valores se encontram listados na tabela 4.2.

4.2 Temperaturas efetivas e avermelhamento

A partir dos índices de cor de CoRoT e 2MASS, as classes de luminosidade do CoRoT

e das equações 3.1, 3.2 e 3.3, foram calculadas as temperaturas efetivas fotométricas

Teff(B − V ) e Teff(J −K) das estrelas da amostra. Como foi dito anteriormente, a média

destes valores foi o valor inicial para determinar a temperatura efetiva Teff . Após a deter-

minação de parâmetros físico-químicos e a diferenciação de estágios evolutivos, algumas

destas estrelas apresentavam estágios evolutivos discordantes com a classificação da base

de dados do CoRoT. Para estas estrelas foram calculadas novamente suas temperaturas

fotométricas com base no seu novo estágio evolutivo. Os valores destas temperaturas se

encontram listados na segunda e terceira colunas da tabela 4.1.

Para a grande maioria das estrelas, as temperaturas derivadas a partir dos índices

de cor (B − V ) e (J −K) não possuem grandes diferenças, o que pode ser corroborado

pela figura 4.4, na qual são apresentadas ambas as temperaturas fotométricas. É claro

que parte de estas diferenças são produzidas por o fato que são calibrações que utilizam

diferentes indices de cores e existem incertezas sistematicas. Mas é preciso notar que os

valores de Teff(B − V ) são sistematicamente menores que Teff(J −K), implicando que as

estrelas em ambos os campos apresentam avermelhamentos diferentes, e isto faz com que

as temperaturas fotométricas derivadas para o campo LRc01, especialmente a partir do

índice de cor (B − V )4, sejam menores para as estrelas posicionadas no campo LRa01.4É preciso notar que o avermelhamento para a índice de cor (J − K) é praticamente a metade do

avermelhamento para (B − V ) (E(J −K) = 0,52E(B − V )).

65

Page 75: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

SP

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

g)

0

1

2

3

4

5

Fe1Fe2Fe3

SG

GV

Figura 4.3: Estágios evolutivos na amostra. Tal como na figura 4.2, cores em figuras e

traços evolutivos são apresentados para cada grupo Fe1, Fe2, e Fe3. Os limites para o

fim da SP e o início da ascensão na fase das GV para cada grupo de metalicidade são

apresentados como linhas contínuas de cores representativas de cada grupo. O estágio

evolutivo é definido a partir da posição da estrela neste diagrama e os limites da SP e da

ascensão na fase GV representativa ao grupo metálico da estrela.

66

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Tabela 4.2: Valores médios dos parâmetros físico-químicos nos Campos CoRoT.

Parâmetro P Campo LRc01 Campo LRa01

Media σ Media σ

Teff (K)

Sequência Principal 5837 378 6034 353

Subgigante 5561 455 5747 247

Gigante Vermelha 4477 301 4802 254

[Fe/H] (dex)

Sequência Principal +0,05 0,15 +0,04 0,16

Subgigante −0,16 0,28 −0,02 0,29

Gigante Vermelha −0,26 0,30 −0,41 0,22

V sin(i) (km/s)

Sequência Principal 5 4 8 4

Subgigante 8 8 8 5

Gigante Vermelha 6 3 6 3

A(Li) (dex)

Sequência Principal 1,97 0,55 2,08 0,52

Subgigante 1,50 0,82 1,70 0,46

Gigante Vermelha 0,43 0,18 0,00 0,87

Prot (d)

Sequência Principal 10 3 10 8

Subgigante 18 15 20 15

Gigante Vermelha 40 15 43 14

Um aspecto que aponta que tais diferenças estão vinculadas à extinção diferencial nos

campos foi percebido ao preparar as observações com as ferramentas visuais SKYCAT5

e GAIA6 do SCISOFT7. Utilizando estes programas, foi fácil perceber que o campo5Informações disponíveis na página http://archive.eso.org/cms/tools-documentation/skycat6Disponível na página http://star-www.dur.ac.uk/ pdraper/gaia/gaia.html7Disponível na página http://www.eso.org/sci/software/scisoft/

67

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LRc01 era muito poluído de gás e/ou poeira, podendo-se relacionar isto ao fato de que

as Teff(B − V ) sejam menores para estrelas que se encontram neste campo. Também

foi percebido que existem nuvens de gás heterogeneamente distribuídas em cada campo

CoRoT, o que deve, sem lugar à dúvidas, influenciar as determinações de temperaturas

fotométricas.

A diferença que existe entre as temperaturas fotométricas e as temperaturas efetivas

espectroscópicas Teff é outro ponto que indica efeitos diferenciais na extinção nos cam-

pos CoRoT. As figuras 4.5 e 4.6 apresentam os valores de Teff(B − V ) e Teff(J − K)

respectivamente como função de Teff . As estrelas do campo LRc01 apresentam, salvo

uma estrela, temperaturas fotométricas Teff(B−V ) menores que aquelas derivadas espec-

troscopicamente. Só as estrelas do campo LRa01 apresentam, aparentemente, menores

discrepâncias entre ambas as temperaturas. A partir da figura 4.6, é possível ver que

as temperaturas das estrelas da SP são agora mais concordantes, mas no caso das estre-

las GV, a grande maioria apresenta valores de Teff(J − K) menores que Teff , inclusive

considerando os erros no valor de Teff . É esperado que Teff(B − V ) e Teff(J −K) sejam

diferentes, devido ao efeito diferencial do avermelhamento nos índice de cor (B − V ) e

(J −K). Isto poderia explicar o porquê das estrelas SP apresentarem valores mais próx-

imos entre Teff(J −K) e Teff , e alguns casos indistinguíveis ao ser considerados os erros

de Teff . Mas, por outro lado, para entender o porquê de, para as estrelas da fase GV, os

valores Teff(J −K) continuarem sendo menores que Teff é necessário rever os diagramas

cor-magnitude da amostra, apresentados nas figuras 2.1 e 2.2. Nessa figura, é possível dis-

tinguir que as estrelas GV da amostra possuem uma diferença de 1, 5 mag em V quando

são comparadas com as estrelas da SP. Isto implica que existe uma diferença de distância

entre elas8, o que possivelmente pode estar relacionado com diferenças de avermelhamento

entre as estrelas da SP e da fase GV. De forma simples, as estrelas da SP encontram-se

a distâncias menores que as estrelas GV, e, portanto, avermelhamentos menores expli-

cariam o fato de estas estrelas possuírem um melhor acordo entre Teff(J −K) e Teff . Ao

ver estes resultados, podemos ser tentados a utilizá-los para estabelecer relações empíricas8Em aglomerados globulares, a diferença entre estrelas SP e estrelas GV pode chegar até 6 mag em

V . Notar também que na amostra estudada nesta tese, as estrelas da SP são mais brilhantes que as GV,

o que aumenta esta diferença.

68

Page 78: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

que permitam determinar o avermelhamento dos campos do CoRoT.

Por outro lado, tal como foi indicado anteriormente, diferenças na distribuição de

temperaturas e estágios evolutivos entre os campos do CoRoT podem ser visualizadas

a partir da figura 4.1. Anteriormente, a partir das figuras 2.1, 2.2 e 2.3 já era possível

distinguir que as diferenças nas distribuições das temperaturas são resultado das dis-

tribuições de cores nos campos CoRoT. Da mesma forma, a grande maioria das estrelas

do campo LRa01 encontra-se na SP e no ramo das subgigantes (SG), contrariamente

ao caso das estrelas do campo LRc01, as quais apresentam um espalhamento maior nos

estágios evolutivos. É razoável crer que estas discrepâncias sejam o resultado da seleção

dos alvos desta pesquisa, muito embora caiba notar que aquelas diferenças encontram-se

presentes nos campos CoRoT. Um exemplo claro disto encontra-se na figura 6 do tra-

balho de Deleuil et al. (2009), onde é possível observar como as diferentes distribuições

de cor (tipo espectral) nos campos do CoRoT estão relacionadas com as distribuições nos

estágios evolutivos (classes de luminosidade) para as estrelas tipo F, G e K. Da mesma

forma, o trabalho de Aigrain et al. (2009) mostra que os campos CoRoT apresentam uma

diferença importante nas distribuições de índices de cor (B − V ).

Para ter uma melhor idéia de como os valores de Teff são distribuídos nos campos

CoRoT, foram preparados histogramas de Teff para cada campo. A figura 4.7 apresenta um

histograma das temperaturas efetivas Teff da amostra, diferenciando cada campo CoRoT.

Como foi dito anteriormente, as diferenças entre os campos são importantes. Os campos

LRa01 e LRc01 apresentam, respectivamente, 16% e 59% das suas estrelas com Teff ≤5.250K e, respectivamente, 82% e 41% de estrelas com 5.250 < Teff [K] ≤ 6.500. Dado que

as temperaturas estão associadas a estágios evolutivos, e utilizando a figura 4.1, é possível

dizer que tais percentagens estão relacionadas com a fração de estrelas anãs e gigantes.

Notar que estas percentagens se encontram em acordo com os valores apresentados por

Deleuil et al. (2009) para as frequências em cada estágio evolutivo das estrelas F, G e K

nos campos CoRoT. Com base neste ponto, é possível sugerir que a amostra aparenta ser

representativa dos campos CoRoT.

69

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Teff (J-K) (K)3000 4000 5000 6000 7000

T eff

(B-V

) (K)

3000

4000

5000

6000

7000

LRa01LRc01

Figura 4.4: Comparação entre as temperaturas efetivas fotométricas Teff(B−V ) e Teff(J−K) para as estrelas dos campos LRa01 (círculos vermelhos) e LRc01 (círculos azuis) do

CoRoT. A fotometria foi obtida da base de dados do CoRoT e do catálogo 2MASS. A

linha representa a igualdade entre as duas temperaturas.

70

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Teff (B-V) (K)3000 4000 5000 6000 7000

T eff

(K)

3000

4000

5000

6000

7000

LRa01LRc01

Figura 4.5: Comparação entre as temperaturas efetivas fotométricas Teff(B−V ) e Teff para

as estrelas dos campos LRa01 (círculos vermelhos) e LRc01 (círculos azuis) do CoRoT.

Efeitos de avermelhamento sobre a amostra são claramente distinguíveis para estrelas dos

campos, assim como para estágios evolutivos dentro de cada campo. A linha representa

a igualdade entre as duas temperaturas.

71

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Teff (J-K) (K)3000 4000 5000 6000 7000

T eff

(K)

3000

4000

5000

6000

7000

LRa01LRc01

Figura 4.6: Comparação entre as temperaturas efetivas fotométricas Teff(J−K) e Teff para

as estrelas dos campos LRa01 (círculos vermelhos) e LRc01 (círculos azuis) do CoRoT.

Efeitos de avermelhamento sobre a amostra são claramente distinguíveis para estrelas dos

campos, assim como para estágios evolutivos dentro de cada campo. A linha representa

a igualdade entre as duas temperaturas.

72

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Teff (K)

350040004500500055006000650070007500

Prop

orçã

o de

est

rela

s

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Figura 4.7: Histograma da temperatura efetiva espectroscópica Teff para estrelas dos

campos LRa01 (linha vermelha) e LRc01 (linha azul) do CoRoT. O histograma mostra

que os campos observados nesta tese apresentam a mesma distribuição de estrelas anãs e

gigantes reportada nos campos CoRoT (Deleuil et al. 2009).

73

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4.3 Abundâncias de ferro [Fe/H]

Do ponto de vista das abundâncias relativas de ferro [Fe/H]9, também existem algumas

diferenças entre os campos CoRoT. Os valores médios de [Fe/H] e seus desvios padrão

σ[Fe/H] dos campos LRc01 e LRa01 são −0,17±0,29 e −0,05±0,27 dex, respectivamente.

A figura 4.8 representa os histogramas de [Fe/H] para a amostra nos campos CoRoT.

Utilizando esta figura, é reafirmado que o campo LRc01 possui estrelas mais pobres em

ferro que o campo LRa01. É possível visualizar que as estrelas com [Fe/H] < 0,0 dex

representam 75% da amostra do campo LRc01, diferentemente dos 56% para os campos

LRa01. Novamente, a seleção da amostra parece ser responsável por esta diferença. Cabe

destacar que a dispersão nos valores de [Fe/H] encontrada está em acordo com estudos

do disco Galáctico, onde existem variações de −1,3 < [Fe/H] dex < +0,4 (Reddy et al.

2006; Bensby et al. 2007; Meléndez et al. 2008).

Utilizando a diferenciação de estrelas por conteúdo de ferro descrita na Seção 4.1, temos

que as percentagens de estrelas nos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são, respectivamente, 23%,

65% e 12% no campo LRa01 e 39%, 56% e 5% no campo LRc01 do CoRoT, mostrando

novamente que o campo LRc01 possui uma grande quantidade de estrelas pobres em

metais. Neste sentido, é possível notar que as diferenças nas distribuições de [Fe/H] dos

campos estão associadas aos estágios evolutivos. Regiões no diagrama (log(Teff), log(g))

associadas a estágios evolutivos avançados estão, principalmente, ocupadas por estrelas

dos grupos mais pobres em metais (grupos Fe1 e Fe2). Na figura 4.9, é possível ver que

as estrelas mais evoluídas (de temperaturas mais baixas) possuem valores de [Fe/H] <

0,0 dex.

A diferenciação por estágio evolutivo permite concluir muito mais em relação a como

são distribuídas as abundâncias de ferro nos diferentes estágios evolutivos. Na figura 4.10

são apresentados os histogramas de [Fe/H] para cada grupo evolutivo. Nesta figura é clara

a relação que existe entre estágio evolutivo e conteúdo de ferro nas estrelas da amostra.

Enquanto as estrelas da SP são principalmente classificadas no grupo Fe2, as estrelas da

GV são majoritariamente representadas no grupo Fe1. Da mesma forma, 5%, 85% e 10%

9As abundâncias de ferro são relativas ao valor solar A(Fe)� = 7,49 dex. [Fe/H] é definido como

[Fe/H] = A(Fe)−A(Fe)�.

74

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[Fe/H] -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Prop

orçã

o de

est

rela

s

0,1

0,2

0,3

0,4

Figura 4.8: Histograma de [Fe/H] para estrelas dos campos LRa01 (linha vermelha) e

LRc01 (linha azul) do CoRoT. Diferenças entre [Fe/H] para os campos CoRoT são evi-

dentes. A distribuição de valores de [Fe/H] é representativa das abundâncias caraterísticas

do disco Galáctico.

75

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log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

[Fe/

H]

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

LRa01LRc01

Figura 4.9: Abundância de ferro [Fe/H] como função da temperatura efetiva Teff para

estrelas dos campos anticentro (pontos vermelhos) e centro (pontos azuis) do CoRoT.

Diferenças no conteúdo de ferro podem ser distinguidas como função das temperaturas

efetivas (estágios evolutivos), estrelas frias apresentando geralmente valores [Fe/H] <

0,0 dex.

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Page 86: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

representam as percentagens dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 na SP, 26%, 61% e 13% na fase

SG e 63%, 34% e 3% na fase GV.

Continuando com esta análise, é possível obter valores médios de [Fe/H] para cada

campo em cada estágio evolutivo. Para estrelas da SP, SG e GV os valores médios de

< [Fe/H] > e os desvios padrão σ[Fe/H] dos campos LRc01 e LRa01 se encontram listados

na tabela 4.2.

Estes últimos resultados mostram que não existem importantes diferenças na abundân-

cia de ferro para estrelas na mesma fase evolutiva nos campos CoRoT. É provável que

isto seja uma consequência da mistura de populações do disco fino e do disco espesso,

onde as estrelas mais evoluídas e pobres em metais (as estrelas GV) estejam maiormente

associadas ao disco espesso. A diferença existente nas distribuições de cores dos campos

CoRoT descritas por Aigrain et al. (2009) e Deluil et al. (2009) e os resultados aqui obti-

dos podem estar indicando que cada campo é descrito por uma distribuição de populações

diferente, associada ao disco fino e espesso. Mas é razoável pensar que, devido às limi-

tações da amostra, os resultados aqui encontrados possam ter algum tipo de viés. Porém,

novas observações podem ajudar na confirmação destes resultados, os quais implicariam

que o campo LRc01 estaria formado por estrelas velhas e de menor metalicidade, fazendo

deste um campo menos interessante para a procura de planetas e ao mesmo tempo, um

alvo importante de estudos de oscilações e variabilidade na fase GV (Eggenberger et al.

2010; Kallinger et al. 2010).

4.4 As velocidades de Rotação V sin(i) e os períodos

rotacionais Prot

Tal como descrito na seção 3.2.4, as velocidades de rotação foram medidas para todas

as estrelas da amostra. Os valores achados e seus erros encontram-se listados na nona

coluna da tabela 4.1. Como foi dito na seção 3.2.4, os valores de V sin(i) foram diferente-

mente derivados para cada espectrógrafo, o que cria uma diferença na precisão dos valores

obtidos e dos erros (ver valores na tabela 4.1).

Na figura 4.11 são apresentados os valores de V sin(i) como função da temperatura

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SP

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

SG

Prop

orçã

o de

est

rela

s

0,1

0,2

0,3

0,4

GV

[Fe/H]

-1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

0,1

0,2

0,3

0,4

Figura 4.10: Histograma de [Fe/H] para os estágios evolutivos SP (painel superior), SG

(painel intermédio) e GV (painel inferior). Diferenças entre [Fe/H] para cada estágio

evolutivo são evidentes.

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log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

Vsin

(i) (k

m/s

)

0

10

20

30

40

LRa01LRc01

Figura 4.11: Velocidade Rotacional V sin(i) como função da temperatura efetiva Teff para

as estrelas dos campos LRa01 (pontos vermelhos) e LRc01 (pontos azuis) do CoRoT. O

Sol é representado pelo símbolo preto �. Os valores de velocidade de rotação estelar

decaem com a diminuição da temperatura efetiva. Não existem diferenças aparentes nos

valores de V sin(i) como função dos campos CoRoT.

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Page 89: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

efetiva Teff para as estrelas da amostra, as quais foram segregadas por campos CoRoT.

Os valores encontrados nesta tese estão em perfeita correlação com trabalhos anteriores, a

rotação diminuindo como função do tipo espectral ou Teff (Soderblom 1983; De Medeiros

et al. 1996; Nordström et al. 2004). Skumanich (1972) e Pace & Pasquini (2004) rela-

cionaram o valor de V sin(i) com a idade das estrelas com tipo espectral F, G e K de

forma que Vrot ∝ (idade)−1/2. Portanto, Um maior valor desta grandeza estaria associado

a uma idade menor. Isto poderia indicar que a grande parte das estrelas possui idades

avançadas. Utilizando o diagrama (log(Teff), log(g)) (Fig. 4.2), é possível associar os valo-

res baixos de V sin(i) com estágios evolutivos avançados. Mas é claro que existe um viés

devido a que o valor medido é projeção do valor real de rotação superficial10.

Possíveis diferenças no comportamento rotacional de estrelas com similares tempera-

turas não são distinguíveis entre os campos. As discrepâncias visíveis entre as velocidades

de rotação são o resultado da distribuição de temperaturas entre campos. Para estrelas

SP, SG e GV os valores médios < V sin(i) > e os desvios padrão para os dois campos

se encontram na tabela 4.2. A partir destes valores, é possível concluir que não existem

diferenças no comportamento rotacional entre estrelas nos mesmos estágios evolutivos

nos diferentes campos, salvo para as estrelas de SP. Esta diferença pode ser entendida a

partir das diferenças nos valores médios de temperatura para este estágio evolutivo nos

diferentes campos.

Ao observar os histogramas de V sin(i) para cada estágio evolutivo apresentados na

figura 4.12, é possível distinguir os efeitos da evolução nas velocidades de rotação, fato que

não é percebível a partir dos valores médios. Tal como foi indicado, a evolução da rotação

é representada pela distribuição de V sin(i). Os histogramas mostram que as estrelas que

giram mais lentamente (V sin(i) ≤ 5 km/s) representam 31%, 46% e 50% das estrelas na

SP, SG e GV, respectivamente. Estrelas com V sin(i) > 10 km/s representam 26%, 26%

e 11% das estrelas na SP, SG e GV, respectivamente, mostrando novamente que estrelas

evoluídas na amostra giram, em média, mais lentamente.

A partir da figura 4.13, é possível notar que os valores de V sin(i) da amostra não apre-

sentam diferenças aparentes por causa de [Fe/H] além daquelas provocadas pela seleção.10V sin(i) = Vrot × sin(i), onde Vrot é o valor real da velocidade de rotação superficial da estrela.

80

Page 90: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Tal como é referido em Cortés et al. (2009), não existem evidências de que a metalicidade

seja um parâmetro fundamental na determinação do comportamento rotacional das estre-

las (pelo menos no regime de baixas metalicidades). A amostra aqui analisada aparenta

ter este mesmo comportamento.

Os valores de V sin(i) como função dos períodos rotacionais Prot são apresentados na

figura 4.14. Infelizmente, apenas 77 estrelas da amostra apresentaram períodos rotacionais

confiáveis e visíveis nas curvas de luz do satélite CoRoT. Apesar disso, é possível notar

uma tendência para uma anticorrelação entre as duas grandezas, o qual é o resultado

esperado. Como vai ser discutido posteriormente, os períodos baixos são encontrados

para estrelas da SP e algumas estrelas da SG. Com base a isto, é possível ver que a

relação entre períodos baixos e velocidades de rotação se encontra em acordo com dados

publicados na literatura para estrelas da SP (Prosser et al. 1995; Irwin & Bouvier 2009;

Sukhbold & Howel 2009; Hartman et al. 2010). Aparentemente, a abundância de ferro

não influencia a relação entre V sin(i) e Prot. Por outro lado, uma grande dispersão entre

as duas grandezas pode ser notada nesta figura. Isto pode ser explicado como um efeito

conjunto do eixo de inclinação nos valores das taxas de rotação e as diferentes massas que

se encontram na amostra (ver Fig. 4.1). Outro efeito que pode aumentar a dispersão nesta

figura é a limitação na amostra de estrelas com períodos rotacionais. Mas, para realmente

avaliar a validade destes resultados, é preciso obter as massas de todas as estrelas da

amostra, o que foi deixado para um trabalho a futuro.

Os valores médios de Prot em cada estágio evolutivo para cada campo se encontram

listados na tabela 4.2 . Estes valores mostram que não existem grandes diferenças para

estrelas de similares características nas amostras dos campos CoRoT analisadas neste

trabalho.

4.5 As abundâncias de lítio A(Li)

Utilizando os processos descritos na seção 3.2.5, as abundâncias de lítio foram

derivadas para todas as estrelas da amostra. Tais valores e seus erros se encontram

listados na tabela 4.1, na oitava coluna.

81

Page 91: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

SP

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

SG

Prop

orçã

o de

est

rela

s

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

GV

Vsin(i) (km/s)0 5 10 15 20 25 30 35 40

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Figura 4.12: Histogramas de V sin(i) nos estágios evolutivos SP (painel superior), SG

(painel intermédio) e GV (painel inferior). Diferenças na distribuição de valores de V sin(i)

podem ser encontradas nos estágios evolutivos.

82

Page 92: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

Vsin

(i) (k

m/s

)

0

10

20

30

40

Fe1Fe2Fe3

Figura 4.13: Velocidade rotacional V sin(i) como função da temperatura efetiva Teff

para as estrelas segregadas por abundância de ferro [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1,

Fe2 e Fe3 são representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente. O Sol é

representado usando o símbolo azul �. Não existem diferenças aparentes nos valores de

V sin(i) produzidas pela abundância de ferro [Fe/H].

83

Page 93: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Prot (d)0 10 20 30 40 50 60 70

Vsin

(i) (k

m/s

)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Fe1Fe2Fe3

Figura 4.14: Velocidade de rotação V sin(i) como função do período rotacional Prot para

as estrelas da amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são

representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente. O Sol é representado usando

o símbolo azul �.

84

Page 94: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

A(Li

)

-3

-2

-1

0

1

2

3

LRa01LRc01

A(Li)=-44.63+12.33 log(Teff)

Figura 4.15: Abundância de lítio A(Li) como função da temperatura efetiva Teff para as

estrelas dos campos LRa01 (pontos vermelhos) e LRc01 (pontos azuis) do CoRoT. O Sol

é representado usando o símbolo preto �. Existe uma clara relação entre os valores de

A(Li) e as temperaturas efetivas, tal como é reportado na literatura. Para cada intervalo

de Teff , não existem diferenças aparentes entre os diferentes campos CoRoT.

85

Page 95: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

4.5.1 A conexão com a temperatura efetiva e a abundância de

ferro

Na figura 4.15 são representadas as medidas de A(Li) como função da temperatura

efetiva Teff para os campos CoRoT. A dependência direta (correlação) que existe entre

ambas as grandezas, produzida por eventos no interior estelar (Brown et al. 1989; De

Medeiros et al. 1997; Lèbre et al. 1999), é claramente visível. Valores de A(Li) para

distintos intervalos de Teff estão em acordo com valores derivados em trabalhos anteriores

para estrelas em diferentes estágios evolutivos e que são parte de aglomerados abertos e

do campo (Chen et al. 2001; Do Nascimento et al. 2003; Lebre et al. 2006; Melendez

et al. 2010a). Por outro lado, é possível ver que não existem diferenças aparentes nas

abundâncias A(Li) entre as estrelas da amostra nos diferentes campos CoRoT. Claramente

esta afirmação está condicionada à distribuição de temperaturas anteriormente discutida.

Devido à clara tendência que têm estes dados, foi calculada uma regressão linear neste

plano, cuja equação é:

A(Li) = (−44, 63± 6, 44)− (12, 33± 1, 72) log(Teff). (4.1)

É preciso notar que esta equação, que possui um fator de correlação R = 0, 7, deve

ser utilizada unicamente para estabelecer valores médios de A(Li) para uma temperatura

dada.

A dispersão de valores de [Fe/H] não produz efeitos aparentes nos valores de A(Li)

da amostra, tal como é apresentado na figura 4.16. Isto também está de acordo com

trabalhos anteriores sobre estrelas da SP e gigantes (ver Fig. 3 em Chen et al. 2001 e

Fig. 17 em Brown et al. 1989). Na figura 4.17 se apresenta a A(Li) como função do

[Fe/H] para todas as estrelas.

Como foi discutido anteriormente, a seleção de estrelas nos campos provocou uma

diferença nas distribuições de temperatura e abundâncias de ferro. Para saber qual foi o

efeito nas abundâncias de lítio das estrelas da amostra, são apresentadas as figuras 4.18

e 4.19, as quais mostram as A(Li) como função da temperatura efetiva e os histogramas

86

Page 96: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

A(L

i)

-3

-2

-1

0

1

2

3

Fe1Fe2Fe3

A(Li)=-44.63+12.33 log(Teff)

Figura 4.16: Abundância de lítio A(Li) como função da temperatura efetiva Teff para

as estrelas da amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são

representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente. O Sol é representado usando

o símbolo � azul. Não existem diferenças aparentes nos valores de A(Li) produzidas pela

abundância de ferro [Fe/H].

87

Page 97: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

[Fe/H]-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

A(Li

)

-3

-2

-1

0

1

2

3

LRa01LRc01

Figura 4.17: Abundância de lítio A(Li) como função da abundância de ferro [Fe/H]

para as estrelas da amostra. As estrelas dos campos LRa01 (pontos vermelhos) e LRc01

(pontos azuis) do CoRoT. O Sol é representado usando o símbolo preto �. Os valores de

[Fe/H] não produzem efeitos aparentes nos valores de A(Li) da amostra.

88

Page 98: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

SP

X Data

3,553,603,653,703,753,803,85

-2

-1

0

1

2

3

SG

X Data

3,553,603,653,703,753,803,85

A(L

i)

-2

-1

0

1

2

3

Col 58 vs Col 74 Col 58 vs Col 74 Col 58 vs Col 74

GV

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

-2

-1

0

1

2

3

Figura 4.18: Abundância de lítio A(Li) como função da temperatura efetiva Teff para

as estrelas da amostra segregadas por [Fe/H] nos diferentes estágios evolutivos. Para as

estrelas da SP (painel superior), da SG (painel intermédio) e da GV (painel inferior) os

grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente.

Diferenças nas abundâncias de lítio são produtos da evolução estelar.

89

Page 99: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

SP

X Data

-3 -2 -1 0 1 2 3

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

SG

X Data

-3 -2 -1 0 1 2 3Prop

orçã

o de

est

rela

s

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

GV

A(Li)-3 -2 -1 0 1 2 3

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Figura 4.19: Histogramas de A(Li) nos diferentes estágios evolutivos SP (painel supe-

rior), SG (painel intermédio) e GV (painel inferior). Diferenças nas distribuições das

abundâncias de lítio são produtos da evolução estelar.

90

Page 100: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

para cada estágio evolutivo. A partir destas figuras e dos valores estatísticos listados

na tabela 4.2 é possível distinguir como estão ligados os valores de A(Li) com o estágio

evolutivo.

Estrelas da SP apresentam valores de A(Li) desde valores cosmológicos A(Li) ∼3,26 dex até valores próximos ao valor solar [A(Li)� = 1,05 dex]. Assim também, é

possível notar que a amostra apresenta uma maior dispersão próxima a log(Teff) ∼ 3,8, a

qual provavelmente é causada pelo conhecido Lithium Dip (Boesgaard & Tripicco 1986b;

Talon & Charbonnel 1998; Charbonnel & Talon 1999). Por outro lado, estes valores estão

em perfeito acordo para estas estrelas no campo e em aglomerados (Boesgaard & Tripicco

1986a; Soderblom et al. 1993; Soderblom et al. 1999; Meléndez et al. 2010a).

Para estrelas SG, é possível notar uma diminuição nos valores de A(Li) em comparação

aos valores da SP. Para estas estrelas, encontram-se valores entre ∼ 3,0 dex e 0,0 dex, os

quais estão em acordo com os valores reportados na literatura (De Medeiros et al. 1997;

Lèbre et al. 1999; Do Nascimento et al. 2000; Do Nascimento et al. 2003; De Laverny et

al. 2003). O principal responsável desta diminuição é o aumento de raio estelar, a qual

provoca uma mistura com um material interno.

Finalmente, as estrelas GV apresentam um espalhamento maior nos valores da

abundância de lítio. Estes abrangem desde valores ∼ 2,0 dex e −2,7 dex, tal como é

reportado na literatura para gigantes de rotação baixa (Luck 1977; Luck & Lambert

1982; Wallerstein et al. 1994; De Medeiros et al. 2000). Estes valores também seriam o

resultado da diluição devido à mistura do material superficial com material interno.

Para quantificar o fenômeno de diluição do lítio nas estrelas da amostra, foi calculado

o parâmetro D(Li), definido como D(Li) = 103,26−A(Li). Este permite determinar o fator

de diluição do lítio para cada estrela, comparado com o valor cosmológico A(Li)cosmo =

3,26 (Asplund et al. 2009). Os resultados encontram-se na figura 4.20, onde não é

possível distinguir efeitos da metalicidade sobre a diluição. Por outro lado, algumas

estrelas (GV) apresentam fatores de diluição até de 11.500.11 Ao comparar estes resultados

com aqueles obtidos por Iben (1967a) para um modelo de massa M = 1,5 M�, encontram-11A estrela CoRoT ID 101392071 possui um fator bem maior (∼ 106), mas devido aos erros consideráveis

na medida de A(Li), ela foi extraída desta análise.

91

Page 101: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

D(L

i))

0

1

2

3

4

5

6

7

Fe1Fe2Fe3

Figura 4.20: Diluição da abundância de lítio A(Li) como função do logaritmo da tem-

peratura efetiva log(Teff) para as estrelas da amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos

grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente.

O Sol é representado usando o símbolo � azul. Os valores de [Fe/H] não produzem efeitos

aparentes nos valores de D(Li) da amostra.

92

Page 102: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

se importantes diferenças. Para uma temperatura Teff = 4.350 K (ou log(Teff) ∼ 3,64),

Iben (1967a) encontrou um fator de diluição de 50 vezes12, o qual é dramaticamente

diferente do fator de 6.000 vezes encontrado na amostra aqui analisada. Isto implica

que são necessários processos de mistura adicionais para conciliar os fatores de diluição

observados e aqueles derivados desde trabalhos teóricos.

Por outro lado, alguns trabalhos têm apontado diferenças importantes no conteúdo

de lítio em estrelas da SP com temperaturas relativamente similares à temperatura solar.

Pasquini et al. (1994), Chen et al. (2001) e Lambert & Reddy (2004) apontam que tais

diferenças manifestam-se como uma bimodalidade para as A(Li) achadas nessas estrelas.

Para estes, autores existe um grupo de estrelas ricas em lítio com < A(Li) >∼ 2,5, outro

formado por estrelas pobres em lítio com < A(Li) >∼ 1,5, e não existem estrelas com

A(Li) entre os dois grupos. A recente revisão de Meléndez et al. (2010a) mostra que esta

bimodalidade não é real, e pode ser resultado de problemas de seleção das amostras. A

figura 4.21 mostra um zoom da figura 4.16 na região em questão. É possível notar que,

para estrelas com similares Teff na amostra deste trabalho, não existe uma bimodalidade

em A(Li), concordando com os resultados do trabalho de Meléndez et al. (2010a).

4.5.2 A relação com a rotação estelar

Na literatura, existem diversos trabalhos nos quais se faz referência às relações entre a

abundância de lítio e a rotação estelar, e como o fenômeno de diluição do lítio é diminuído

por efeitos da rotação (Wallerstein et al. 1994; De Medeiros et al. 1997; Do Nascimento

et al. 2003; De Laverny et al. 2003). Nas figuras 4.22, 4.23 e 4.24 são representadas as

A(Li) e os valores de V sin(i) das estrelas da amostra, as quais são segregadas pelos campos

CoRoT, pela abundância de ferro [Fe/H] e pelo estágio evolutivo, respectivamente. As

figuras estão em perfeito acordo com trabalhos anteriores. Para valores baixos de V sin(i),

existe um grande espalhamento de valores de A(Li). Por outro lado, as poucas estrelas

com rotações elevadas aparentam estar relacionadas com valores de A(Li) altos. É preciso

lembrar novamente que a velocidade de rotação V sin(i) é um valor projetado, o que isto12Notar que Iben (1967a) calcula o fator de diluição utilizando um valor de A(Li)cosmo = 3,00. Embora

exista uma diferença entre os valores de A(Li)cosmo, este não explica a grande diferença no fator de

diluição.

93

Page 103: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

log(Teff)3,703,753,803,85

A(Li

)

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Fe2Fe3

Figura 4.21: Abundância de lítio A(Li) como função da temperatura efetiva Teff para as

estrelas da SP da amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são

representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente. O Sol é apresentado usando

o símbolo � azul. A amostra não apresenta uma bimodalidade nos valores de A(Li) para

estrelas na SP.

94

Page 104: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

deve criar um viés nas figuras que são apresentadas, já que os valores de VROT podem ser

maiores.

Embora a relação de A(Li) com V sin(i) apresente uma grande dispersão, isto deveria

desaparecer quando são utilizados os períodos rotacionais Prot. Na figura 4.25 são apre-

sentadas, pela primeira vez, estas duas grandezas, para uma amostra que considera dados

do satélite CoRoT e que abarca estágios avançados da evolução estelar. Nesta figura,

é possível distinguir como A(Li) está relacionada com o Prot. Períodos pequenos estão

relacionados com estrelas onde a diluição do lítio foi inibida, devido a grandes velocidades

de rotação superficiais. Contrariamente, grandes períodos implicam valores A(Li) baixos,

onde o lítio foi diluído fortemente. Já que esta figura sugere uma relação entre ambas

as grandezas, foi calculado o coeficiente de correlação de Spearman ρ, resultando em

ρ = −0,46. Isto indica que existe uma anticorrelação entre as duas grandezas, razão pela

qual foi calculada uma regressão linear entre estes parâmetros, cuja equação característica

é:

A(Li) = (2,17± 0,12)− (0,03± 0,01)Prot (4.2)

Esta equação possui um fator de correlação R = 0,58. É claro que esta equação empírica

deve ser utilizada com cautela, já que ela entrega valores médios de A(Li) para um período

rotacional determinado e não considera efeitos como binaridade ou outros fenômenos

internos. Da mesma forma, esta equação de valores médios possui um ponto zero bastante

menor que o valor cosmológico de lítio (A(Li) = 3,26 dex), o qual pode ser explicado pela

falta de uma componente que indique idade neste plano.

4.6 Evolução de V sin(i), A(Li) e Prot

Entre os objetivos desta tese encontra-se estudar como V sin(i), A(Li) e Prot evoluem

conjuntamente ao longo da vida das estrelas. Tal como foi dito anteriormente, existem

muitos trabalhos que estudaram a evolução de V sin(i) e A(Li), mas isto nunca foi feito

utilizando os Prot. Claramente, isto é um dos grandes avanços que está surgindo dos

dados do satélite CoRoT no estudo da rotação estelar, já que os períodos rotacionais Prot

não possuem o viés que inerentemente tem a velocidade projetada de rotação V sin(i).

95

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Vsin(i) (km/s)0 10 20 30 40

A(Li

)

-3

-2

-1

0

1

2

3

LRa01LRc01

Figura 4.22: Abundância de lítio A(Li) como função da velocidade de rotação V sin(i)

para as estrelas dos campos LRa01 (pontos vermelhos) e LRc01 (pontos azuis) do CoRoT.

O Sol é representado usando o símbolo preto �. Valores altos de V sin(i) estão associados

a valores altos de A(Li). Para estrelas com rotação baixa, existe uma grande dispersão de

valores de A(Li). Não existem diferenças aparentes entre estrelas dos diferentes campos.

96

Page 106: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Vsin(i) (km/s)0 10 20 30 40

A(Li

)

-3

-2

-1

0

1

2

3

Fe1Fe2Fe3

Figura 4.23: Abundância de lítio A(Li) como função da velocidade de rotação V sin(i)

para as estrelas da amostra, segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3

são representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente. O Sol é representado

usando o símbolo azul �. Não existem diferenças aparentes para estrelas com diferentes

[Fe/H].

97

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SP

-2

-1

0

1

2

3

SG

X Data

A(L

i)

-2

-1

0

1

2

3

GV

Vsin(i) (km/s)0 10 20 30 40

-2

-1

0

1

2

3

Figura 4.24: Abundância de lítio A(Li) como função da velocidade de rotação V sin(i)

para diferentes estágios evolutivos: SP (painel superior), SG (painel intermédio) e GV

(painel inferior). Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas em verde, preto

e vermelho, respectivamente.

98

Page 108: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Prot (d)0 10 20 30 40 50 60

A(Li

)

-3

-2

-1

0

1

2

3

Fe1Fe2Fe3

Figura 4.25: Abundância de lítio A(Li) como função do período de rotação Prot para

as estrelas da amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são

representadas em verde, preto e vermelho, respectivamente. O Sol é representado usando

o símbolo azul �. Não existem diferenças aparentes para estrelas com diferentes [Fe/H].

99

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Assim, relacionar os três parâmetros ao mesmo tempo ao longo da evolução estelar tem

um impacto profundo no conhecimento da evolução estelar e a evolução dos parâmetros

físico-químicos.

Esta análise evolutiva começa com a velocidade de rotação projetada V sin(i). Na

figura 4.26 é apresentada a evolução deste parâmetro no diagrama H-R. Tal como foi

descrito na Seção 4.4, os valores de V sin(i) dependem da temperatura efetiva, assim

como do estágio evolutivo das estrelas e da idade. Esta figura apresenta o comportamento

descrito em diferentes trabalhos. Estrelas de baixa massa na SP apresentam diversos

valores de V sin(i), devido a sua massa e sua historia na fase pré-SP (Keppens et al. 1995;

Bouvier et al. 1997; Rebull et al. 2006; Cieza & Baliber 2007). Tal como é mostrado nas

figuras 4.12, 4.13 e 4.26, as estrelas da SP apresentam valores de V sin(i) relativamente

maiores aos outros estágios e uma maior dispersão dos mesmos. Por outro lado, após as

estrelas evoluírem para a fase SG, elas apresentam valores de V sin(i) em grande maioria

menores ao que elas apresentam na SP. Existem algumas estrelas com velocidades altas de

rotação nesta fase, mas com ajuda da Fig. 4.1 é fácil entender que estas estrelas possuíam

massas estelares maiores na SP que a amostra desta tese na mesma fase. As estrelas que

se encontram na fase GV apresentam uma distribuição de V sin(i) mais concentrada para

valores menores.

Nesta tese, bem como nos estudos anteriores, foi demonstrado como A(Li) está rela-

cionada com a rotação das estrelas, porém a evolução da A(Li) deve estar relacionada

diretamente com a evolução dos valores de V sin(i) e Prot. Na figura 4.27 é apresen-

tada a evolução da abundância do lítio A(Li) no diagrama H-R, no qual são evidentes

as relações entre o estágio evolutivo das estrelas, temperaturas efetivas Teff e A(Li) (ver

Figs. 4.18 e 4.19). Estrelas na SP possuem, em grande maioria, abundâncias de lítio

1,5 < A(Li) < 2,5, com algumas estrelas com valores cosmológicos de A(Li). Estrelas

na fase das SG, em média, apresentam valores de A(Li) menores aos encontrados na SP.

Tipicamente, estas estrelas possuem uma maior diluição do lítio, com 0,5 < A(Li) < 1,5.

Para estas estrelas, o aumento do raio estelar ajuda na diluição do lítio, devido à mistura

provocada pela convecção. Finalmente, as estrelas da fase GV apresentam valores baixos

de lítio, A(Li) < 0,5. Estas estrelas apresentam grandes fatores de diluição de lítio, tal

como é possível ver nesta figura.

100

Page 110: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

A evolução do Prot é, pela primeira vez, visualizada na figura 4.28. Nesta figura fica

evidente a evolução do Prot ao longo da evolução estelar. Estrelas da SP apresentam prin-

cipalmente valores menores que 15 d. As estrelas na fase das SG apresentam uma maior

dispersão de períodos, desde períodos menores que 15 d até maiores que 60 d. Finalmente,

as estrelas na fase das GV apresentam períodos mais longos, como consequência da ex-

pansão do raio destas estrelas. A partir das figuras 4.27 e 4.28 fica muito claro o papel da

evolução na A(Li) e Prot, assim como é possível ver que a figura 4.25 é uma conseqüência

imediata desta evolução.

Muito embora esta breve descrição já ofereça informação valiosa, foram preparados

histogramas nas três fases evolutivas das 77 estrelas que possuem medidas conjuntas de

A(Li), V sin(i) e Prot. Estes histogramas se encontram apresentados na figura 4.29. Nesta

figura é possível ver como a evolução do Prot está relacionada diretamente com a evolução

da abundância de lítio. À proporção que os períodos de rotação aumentam, devido à

evolução temporal e estrutural da estrela, as abundâncias de lítio diminuem. Isto mostra

como o lítio é um elemento que reflete como os processos internos das estrelas evoluem

durante a evolução estelar. Entretanto, as distribuições de velocidade de rotação V sin(i)

nos estágios evolutivos e suas relações com as distribuições de A(Li) não são claras, já

que existe o viés do ângulo de inclinação na medida.

Embora a amostra aqui analisada possa ser considerada limitada, ela já está esboçando

a natureza da evolução rotacional estelar e seus vestígios na química das estrelas e nos

processos que estão associados a isto. Mais dados são requeridos para um conhecimento

mais conclusivo das relações que aqui são apontadas. Expandir a amostra para que ela seja

completa em temperaturas, estágios evolutivos, abundâncias de metais, posição Galáctica

e distâncias, permitirá saber se, apesar dos possíveis efeitos de seleção na amostra aqui

estudada, as relações entre as diferentes grandezas são verdadeiras.

101

Page 111: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

g)

1

2

3

4

5

Vsin(i) < 5 km/s5 < Vsin(i) < 10 km/s10 < Vsin(i) < 15 km/s

15 < Vsin(i) < 20 km/s

Vsin(i) > 20 km/s

Figura 4.26: Evolução da velocidade de rotação V sin(i) no diagrama H-R para estrelas

da amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas

em verde, preto e vermelho, respectivamente. O tamanho dos símbolos é proporcional

ao valor de V sin(i) como mostrado na figura. O Sol é representado usando o simbolo �azul, e o tamanho do símbolo também corresponde ao seu valor. Traços evolutivos para

M = 1,0 M� para abundâncias metálicas de Z = 0,004, Z = 0,019 e Z = 0,030 (Girardi

et al. 2001) são representados usando linhas verde, preta e vermelha, respectivamente.

102

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log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

g)

1

2

3

4

5

A(Li) > 2,51,5 < A(Li) < 2,50,5 < A(Li) < 0,5

-0,5 < A(Li) < -0,5

-1,5 < A(Li) < -0,5

A(Li) < -1,5

Figura 4.27: Evolução da abundância de lítio A(Li) no diagrama H-R para estrelas da

amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas

em verde, preto e vermelho, respectivamente. O tamanho dos símbolos é inversamente

proporcional ao valor de A(Li) como é mostrado na figura. O Sol é representado usando

o simbolo � azul, e o tamanho do símbolo também corresponde ao seu valor. Traços

evolutivos para M = 1,0 M� para abundâncias metálicas de Z = 0,004, Z = 0,019 e

Z = 0,030 (Girardi et al. 2001) são representados usando linhas verde, preta e vermelha,

respectivamente.

103

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log(Teff)3,553,603,653,703,753,803,85

log(

g)

1

2

3

4

5

Prot < 15 d15 < Prot < 30 d

30 < Prot < 45 d

45< Prot < 60 d

Prot > 60 d

Figura 4.28: Evolução do período rotacional Prot no diagrama H-R para estrelas da

amostra segregadas por [Fe/H]. Estrelas dos grupos Fe1, Fe2 e Fe3 são representadas

em verde, preto e vermelho, respectivamente. O tamanho dos símbolos é diretamente

proporcional ao valor de Prot como é mostrado na figura. O Sol é representado usando

o simbolo � azul, e o tamanho do símbolo também corresponde ao seu valor. Traços

evolutivos para M = 1,0 M� para abundâncias metálicas de Z = 0,004, Z = 0,019 e

Z = 0,030 (Girardi et al. 2001) são representados usando linhas verde, preta e vermelha,

respectivamente.

104

Page 114: Parâmetros Físico-Químicos de estrelas nos campos de ... · Resumo A rotação estelar é um dos mais importantes observáveis da evolução estelar. Neste sentido, o satélite

Figura 4.29

SP

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

X DataSG

Prop

orçã

o de

est

rela

s

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

GV

A(Li)-2 -1 0 1 2 3

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Vsin(i) (km/s)0 10 20 30

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Prot (d)0 20 40 60

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Figura 4.29: Histogramas conjuntos A(Li), V sin(i) e Prot nos estágios evolutivos SP

(painéis superiores), SG (painéis intermédios) e GV (painéis inferiores). Os histogramas

de A(Li) e Prot são mais representativos da evolução estelar.

105

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Capítulo 5

Conclusões e Perspectivas

5.1 Conclusões

Neste trabalho de tese de doutorado realizamos uma análise espectroscópica e fo-

tométrica de 116 estrelas do plano Galáctico, as quais foram observadas pelo satélite

CoRoT (Baglin et al. 2006). Estas estrelas pertencem aos campos LRa01 e LRc01 do

satélite CoRoT. Espectros de alta razão sinal ruído S/R foram obtidos para estas estre-

las, utilizando o espectrógrafo de alta resolução espectral UVES-VLT e o espectrógrafo

multi-objeto echelle HYDRA-CTIO.

Parâmetros físico-químicos (Teff , log(g), Vmic, [Fe/H],A(Li)) foram derivados para toda

a amostra, a partir das observações espectroscópicas. Informações fotométricas (magni-

tudes aparentes e índices de cores), obtidas da base de dados de CoRoT e do catálogo

“Two Micron All Sky Survey” (2MASS), foram utilizadas para derivar parâmetros físicos

iniciais, tais como temperaturas fotométricas e gravidades superficiais, e esboçar o efeito

do avermelhamento nos campos CoRoT.

Velocidades de rotação projetada V sin(i) foram derivadas para toda a amostra.

Para as estrelas observadas com o espectrógrafo UVES, as velocidades de rotação foram

derivadas a partir do ajuste de um espectro sintético nas larguras de algumas linhas

de ferro. Para as estrelas observadas com o espectrógrafo HYDRA, uma calibração das

larguras de CCF (Tonry & Davis 1979; Melo et al 2001) foi desenvolvida para calcular

os valores de V sin(i). Paralelamente, períodos rotacionais Prot foram derivados para 77

estrelas da amostra, utilizando curvas de luz obtidas pelo satélite CoRoT. No cálculo

106

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desses períodos foram utilizados os parâmetros físicos derivados nesta tese e ferramentas

desenvolvidas pelo grupo de astrofísica de Natal.

O resultado da análise espectral mostra que as estrelas estudadas pertencem a dife-

rentes estágios evolutivos, desde a SP até GV. A distribuição de temperaturas e estágios

evolutivos para a amostra não é igual entre os campos CoRoT. O campo LRa01 apresenta

a grande maioria das suas estrelas na SP e na SG, enquanto a amostra do campo LRc01

apresenta uma maior dispersão em estágios evolutivos, da SP à região das GVs.

Comparando as diferenças entre as temperaturas fotométricas e espectroscópicas para

as estrelas da amostra, é possível concluir que existe um maior grau de extinção devido a

avermelhamento no campo LRc01 do CoRoT, o que afeta a determinação das tempera-

turas efetivas a partir dos índices de cores. Entretanto, as diferenças entre temperaturas

fotométricas e espectroscópicas são menores quando é utilizado o índice de cor (J −K), o

que pode ser explicado pelo fato de que este índice de cor é menos afetado pelo avermel-

hamento. Da mesma forma, tais diferenças mostram que as temperaturas Teff(J−K) das

estrelas da SP estão em melhor acordo do que as temperaturas para os outros estágios

evolutivos. Devido à pouca diferença em magnitude aparente V entre os diversos estágios

evolutivos, concluí-se que existe um gradiente de avermelhamento como função da dis-

tância nos campos CoRoT. Da mesma forma, a visualização de nuvens heterogeneamente

distribuídas nos campos CoRoT pode incrementar o gradiente de extinção.

A análise das distribuições de temperaturas e índices de cores da amostra sugere que

existe um viés devido à seleção dos alvos estudados. A amostra do campo LRc01 apresenta

59% das estrelas com temperaturas Teff ≤ 5.250 K, enquanto a amostra do campo LRa01

apresenta 82% das estrelas com temperaturas 5.250 < Teff [K] ≤ 6.500. Por outro lado,

é importante notar que os histogramas de temperatura das estrelas da amostra em cada

campo apresentam percentagens similares aos estudos das distribuições de tipos espectrais

nos campos CoRoT (Deleuil et al. 2009).

As abundâncias de ferro [Fe/H] das estrelas da amostra estão dentro dos valores esper-

ados para estrelas do disco Galáctico (Reddy et al. 2006; Bensby et al. 2007; Meléndez et

al. 2008). Histogramas de [Fe/H] como função dos campos CoRoT demonstram que existe

uma diferença entre as amostras nos diferentes campos estudados. Da mesma forma, os

107

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histogramas de [Fe/H] mostram que existe uma dependência entre estágios evolutivos e

abundância de [Fe/H]. Isto pode estar relacionado diretamente com diferentes populações

estelares, as quais pertencem ao disco fino e espesso. Devido à existência de um possível

viés provocado pela seleção dos alvos, não é possível afirmar se estas distribuições são

representativas dos campos CoRoT. Por outro lado, para estrelas com parâmetros físicos

similares, não existe uma diferença aparente nos valores de [Fe/H] nos campos CoRoT.

Em relação aos valores de rotação projetada V sin(i) derivados nesta tese, observa-se

que eles encontram-se em perfeito acordo com os valores típicos esperados para cada inter-

valo de temperaturas da amostra, bem como para cada estágio evolutivo (Soderblom et al.

1983; De Medeiros, Rocha, & Mayor 1986; Nordström et al. 2004). Não existem diferenças

aparentes no comportamento rotacional entre estrelas dos diferentes campos para estrelas

com parâmetros físico-químicos similares, o que é sustentado por valores médios similares

de períodos/velocidades de rotação para cada estágio evolutivo nos campos CoRoT. Ao

comparar as velocidades de rotação com os períodos de rotação Prot derivados a partir

das curvas de luz, é possível ver que existe uma tendência entre ambas as grandezas, mas

também existe uma grande dispersão, a qual pode ser explicada pela dispersão nas ori-

entações dos eixos de rotação, associada também à grande variedade de massas estelares

na amostra. Aparentemente, o conteúdo de ferro não influencia a relação entre V sin(i)

e Prot. Tal relação, para estrelas da SP, apresenta o mesmo comportamento descrito na

literatura. Os períodos rotacionais não apresentam um comportamento diferencial em

relação aos campos do CoRoT.

As abundâncias de lítio A(Li) das estrelas da amostra não apresentam diferenças entre

os campos CoRoT. Baseado nos resultados aqui obtidos, não existe evidência que indique

que a posição no plano Galáctico possa influenciar o conteúdo de lítio das estrelas. As

abundâncias A(Li) exibem as mesmas características encontradas para estrelas de campo

e aglomerados abertos por diversos autores. Isto significa que temperatura efetiva Teff ,

velocidades de rotação superficial V sin(i) e estágio evolutivo regulam as quantidades de

lítio na atmosfera estelar, como também os processos de diluição do mesmo. Da mesma

forma, a abundância de ferro [Fe/H] aparenta não influenciar no conteúdo de lítio das

estrelas, conclusão que se baseia no fato de que estrelas com similares parâmetros físicos,

mas diferentes valores de [Fe/H] , não apresentam diferenças em A(Li). Fatores elevados

108

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de diluição de lítio são encontrados na amostra, indicando a existência de processos de

mistura extra durante a evolução estelar. A relação entre períodos rotacionais Prot e as

abundâncias de lítio A(Li) é apresentada pela primeira vez para uma amostra que utilize

dados de um satélite fotométrico composto por estrelas em diferentes estágios da evolução.

Tal como era esperado, as abundâncias de lítio estão anticorrelacionadas com os períodos

rotacionais. Devido às evidentes relações entre A(Li), Teff e Prot foram também derivadas

duas relações que permitem estimar valores médios de A(Li) em função da temperatura

efetiva e do período rotacional.

Neste trabalho de tese foram apresentados, pela primeira vez, a evolução conjunta de

A(Li), V sin(i), e Prot no diagrama H-R, assim como a evolução das distribuições de cada

grandeza nos diferentes estágios evolutivos. Apesar da presente amostra ser limitada (77

estrelas), nosso estudo permite visualizar os efeitos da evolução para estes parâmetros.

Por último, é possível concluir que, ao fazer uma análise de uma amostra estelar com

dados espectroscópicos, fotométricos e curvas de luz de alta precisão e resolução tem-

poral do satélite CoRoT, é possível melhorar sensivelmente o conhecimento da evolução

rotacional e/ou da evolução do momentum angular estelar. Uma análise similar para

grandes amostras seguramente permitirá estabelecer vínculos observacionais importantes

para trabalhos teóricos, e assim nos fazer avançar no conhecimento da astrofísica estelar

e na evolução do próprio Sol.

5.2 Perspectivas de trabalho

Tal como foi dito na Seção 2, ainda existem muitas estrelas observadas pelo CoRoT

para serem tratadas, o que permitirá aumentar consideravelmente a amostra de estrelas

analisadas espectroscopicamente.

Derivar as massas, idades e magnitudes absolutas de todas as estrelas para amostras

mais amplas é um objetivo imediato, utilizando uma grade de traços evolutivos de alta

resolução em massas e metalicidades. Raios derivados a partir das gravidades superficiais e

massas permitirão, junto ao incremento da amostra, estudar com maior detalhe a evolução

da rotação utilizando agora o momentum angular estelar. Massas e raios serão também

utilizados para controlar a validade dos períodos rotacionais derivados usando as curvas

109

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de luz. Isto será um avanço significativo para o estudo da astrofísica estelar, já que

eles permitirão estabelecer condições e vínculos observacionais, assim como referências de

comparação.

Magnitudes absolutas e temperaturas efetivas de uma amostra maior permitirão es-

tudar os gradientes de avermelhamento dentro dos campos CoRoT. Isto pode ser uma

ferramenta muito útil para futuros trabalhos sobre estrelas onde somente a partir de

calibrações fotométricas é possível derivar parâmetros físicos. Um estudo deste tipo tam-

bém pode ser uma ferramenta muito útil que permitiria aperfeiçoar a procura de estrelas

análogas e gêmeas do Sol a partir das cores próximas aos índices de cor solares.

Com base em uma amostra mais robusta, poderá ser feito um novo estudo sobre as

relações rotação versus idade estelar, de forma a poder verificar a validade das relações

de Skumanich (1972), Soderblom et al. (1992) e Pace & Pasquini (2004).

Outro projeto futura será estudar os efeitos na evolução da rotação estelar da presença

de companheiros planetários, com base numa confrontação entre períodos de rotação,

parâmetros estelares e parâmetros orbitais de planetas detectados pelo CoRoT.

Estrelas que apresentem parâmetros físico-químicos e rotacionais similares ao Sol vão

ser alvos de futuras propostas de observação espectroscópicas de maior qualidade. Isto

permitirá controlar os parâmetros derivados, também permitindo um estudo químico de-

talhado de diferentes elementos e suas possíveis conexões com o comportamento rotacional

em estrelas tipo Sol. Estudar estrelas com estas características permitirá estudar a sin-

gularidade do Sol, além de conhecer o seu passado e futuro.

110

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