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AS OCUPAÇÕES TERRITORIAIS NA CIDADE DE MANAUS PELA VIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UM MAPEAMENTO NA COMUNIDADE JESUS ME DEU
ILTON MORAES MACHADO JUNIOR IRAILDES CALDAS TORRES
RESUMO
Este artigo apresenta resultados do Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Assume o propósito de verificar o processo de ocupação e consolidação de terras na cidade de Manaus, tendo como locus da pesquisa a comunidade Jesus Me Deu, Zona Norte. A escolha deste tema está associada à nossa participação na ACE – Atividade Curricular de Extensão intitulada Cidadania e Lutas Sociais no Amazonas, promovida pela Pró-Reitoria para Extensão e Interiorização da UFAM, através do Departamento de Serviço Social. Esta pesquisa assumiu o aporte das abordagens qualitativas sem excluir os aspectos quantitativos. O trabalho de campo foi realizado através de técnicas de entrevistas do tipo semi-estruturado e formulários contendo perguntas abertas e fechadas, junto a uma amostra de 60 moradores. Dentre os múltiplos aspectos revelados ficou constatado que a reforma agrária é uma política reivindicativa macro conduzida pelos movimentos sociais desde a segunda metade do século XIX. Conclui-se, portanto, que a questão agrária associada ao movimento migratório para o Amazonas constitui uma problemática de largo alcance social, sendo, pois, a política reivindicativa do Movimento Social dos Sem Teto de Luta uma das formas de conquista do direito a terra.
PALAVRAS-CHAVE: Manaus, Movimento Sem-teto de Luta, Comunidade Jesus Me Deu.Key-Word: Manaus, The Fight Homeless of Moviment, Jesus Me Deu Community.
Graduando em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas. Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas e doutora em Ciências Sociais.
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AS OCUPAÇÕES TERRITORIAIS NA CIDADE DE MANAUS PELA VIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UM MAPEAMENTO NA COMUNIDADE JESUS ME DEU
A terra tem sido o palco de luta dos movimentos sociais por uma reforma agrária justa
e pelo exercício da cidadania, ao mesmo tempo, lugar de exclusão fundiária e social.
No Brasil, desde a promulgação da lei nº. 601 de 1850, a preocupação pela terra traz
em seu bojo, segundo Martins (2000), uma política agrária excludente que visava assegurar a
expansão da grande lavoura e não a redistribuição de terras, ficando assim determinada a
forma como seria constituída a propriedade privada no Brasil.
O direito à posse e ao bom uso da terra, ainda no Império, para o escritor, político e
imortal Joaquim Nabuco (apud MELO FILHO, 1973, p. 277),
não haverá nunca solução para o mal crônico e profundo do povo enquanto não for feita uma lei agrária que estabeleça a pequena propriedade. É preciso que os brasileiros possam ser proprietários da terra em que trabalham e que o Estado os ajude a sê-lo.
Esse mal crônico descrito por Joaquim Nabuco fez com que os pobres e os escravos
libertos, por não terem condições financeiras de adquirir a propriedade da terra, migrassem
em massa para as grandes cidades. Sem opção de moradia e de trabalho formaram favelas e
submeteram-se ao subemprego ou mendicância, agravando ainda mais a questão agrária.
A questão agrária, segundo Martins (1997, p. 48), nasce no processo de extinção da
escravidão negra no século XIX. Para Linhares (1999), ela emerge na década de 1930
tornando-se um obstáculo ao desenvolvimento nacional e caracterizando-se como co-
responsável pelas transformações das relações sociais entre o campo e a cidade, provocando a
evasão do campo e o aumento populacional na cidade.
A reforma agrária ensejada e requerida pelos camponeses e pelos movimentos sociais
não envolve somente a terra, se fosse assim, bastava o governo federal fazer um
financiamento a longo prazo para que as classes subalternas tivessem garantido o direito à ela.
Envolve mais do que isso, supõe efetivação de políticas sociais transversais de emprego e
renda, estrutura e infra-estrutura dentre outros direitos.
Na década de 70, com o objetivo de responder às pressões em torno da questão
agrária, o Estado Brasileiro vê na ocupação da Amazônia uma solução. A abertura de
fronteira na Amazônia, a abertura de estradas, as hidrelétricas, os projetos agropecuários, os
2
incentivos ficais e demais empreendimentos governamentais sob a epígrafe ocupar para não
entregar, não passou de uma estratégia pré-elaborada pelo governo autocrático, como forma
de incorporar, econômica e geopoliticamente, atraindo dessa forma um grande número de
migrantes de todas as regiões do país.
Esse processo migratório, principalmente, do interior do Amazonas para a capital,
segundo Oliveira (2003, passim), é visto como uma estratégia de sobrevivência devido às
dificuldades no lugar de origem. Soma-se a isto, o fato de que a capital exerce um poder
atrativo sobre o imaginário social, pois a busca de superação das condições de pauperização e
melhoria de vida fazem com que o migrante re-elabore seu modo de vida, crie novos
referenciais, reconstrua seu imaginário e, com isso, atribua-se identidade(s).
A Zona Franca, sem dúvida, é um marco no processo migratório para a capital (idem,
p. 110). Esse processo, segundo Oliveira (idem, p. 81, 84), é um fenômeno que se insere no
contexto do desenvolvimento do capitalismo e é marcado pela dinâmica das relações sociais
de produção em um espaço historicamente estabelecido.
O movimento migratório para a capital resulta nas chamadas ocupações territoriais que
apesar de serem consideradas desordenadas1, são lideradas, organizadas e administradas por
movimentos sociais de luta pela terra legalmente constituídos. Esses movimentos sociais,
segundo Scherer-Warren (1993, p. 50),
almejam atuar no sentido de estabelecer um novo equilíbrio de forças entre Estado (aqui entendido como o campo da política institucional: do governo, dos partidos e dos aparelhos burocráticos de dominação) e a sociedade civil (campo da organização social que se realiza a partir das classes sociais fora do Estado enquanto aparelho), bem como no interior da própria sociedade civil nas relações de força entre dominantes e dominados, entre subordinante e subordinados.
Dentre os inúmeros movimentos sociais de luta pela terra destaca-se o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST2 que, segundo Caldart (apud GENTILLI e
FRIGOTO, 2002, p. 126),
1 Desordenada no sentido de não haver uma política fundiária governamental que planeje e estruture o crescimento urbano. A falta dessa política faz com que o migrante veja na “invasão” uma ou, talvez, a única alternativa de moradia e os Movimentos Sociais como uma forma de hegemonização do poder representativo da luta pelos direitos do povo.2 O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é apontado por muitos como o único movimento social que mantém a mesma força social, capacidade de mobilização e de organização dos “melhores” momentos da década de 80. Sua importância é reconhecida internacionalmente e a opinião pública oscila entre o apoio que o movimento tem sabido conquistar e cultivar e o rechaço vigorosamente plantado pelo governo e pela mídia.
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é fruto de uma questão agrária que é estrutural e histórica no Brasil. Nasceu da articulação das lutas pela terra que foram retomadas a partir do final da década de setenta, especialmente na região centro-sul do país, e aos poucos se expandiu pelo Brasil inteiro. O MST teve sua gestação no primeiro Encontro Nacional dos Trabalhadores Sem Terra que aconteceu de 21 a 24 de janeiro de 1984, em Cascavel, (...) hoje o MST está organizado em 22 estados.
Para Scheren-Warren (1993) esses novos movimentos sociais valorizam a participação
ampliada da base pela via dos mecanismos de democracia direta. Essa participação da base é
fator fundamental para a construção da identidade cultural de uma comunidade, sem ela não
há comunidade, há apenas um bando de gente.
A crise agrária, o processo migratório e o levante dos novos movimentos sociais de
luta pela terra têm como palco a Cidade.
Singer (1976) caracteriza a cidade, via de regra, como a sede do poder dominante,
como o lugar no qual se concentra não apenas o excedente alimentar produzido no campo,
mas toda produção agrícola, que depois de sofrer as transformações necessárias é
redistribuída ao campo; o campo é simplesmente o lugar onde o homem mantém uma relação
bem próxima de contato e dependência com a natureza.
No Amazonas não é diferente, o interiorano ao ver-se expurgado pela condição
obsoleta de seus meios de produção e pela não condição financeira de modernizá-los, resta-
lhe apenas atender aos chamados da cidade grande, deixando para trás toda uma herança
cultural para se encontrar e se enquadrar a uma nova cultura.
O direito a cidade (tanto para o interiorano quanto para o migrante), na concepção de
Jacobi (apud COVRE, 1986, p. 105) é
a possibilidade de transformação do cotidiano, de forma que cada habitante e principalmente os mais carentes possam de fato habitar e participar plenamente do espaço que habitam, configurando a conquista do espaço da cidadania, não somente em termos das conquistas materiais, mas principalmente, na constituição de uma identidade que gradualmente vai quebrando a consciência fragmentária que lhes é imposta pelo sistema político dominante.
Certamente, a intencionalidade do migrante não se limita somente a um pedaço de
chão na cidade, ele enseja mudar de vida, e mudar para melhor; conhecer novos amigos;
trabalhar etc. Mas tudo isso deve ser uma conquista, a conquista da condição de cidadania ,
que é caracterizada pela luta e pela participação, como bem descreve Véras e Bonduki (apud
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COVRE, 1986, p. 65): a luta pela cidadania passa a significar também a luta pela conquista
de novos canais de participação.
O crescimento populacional de Manaus deve-se ao poder atrativo exercido pelo
Parque Industrial de Manaus sobre as demais cidades do Estado. Podemos acrescentar que o
papel desempenhado pelos meios de comunicação3 e massificação ideológica, enquanto
mecanismos de controle contribuíram para o crescimento que ocorreu de forma desordenada,
sem infra-estrutura suficiente e sem uma política fundiária eficiente. O veloz crescimento da
população manauara somado à crise da Zona Franca no final dos anos 80 gerou o fenômeno
comumente chamado de “invasão” ou “ocupação territorial”.
É em meio a esse contexto que atua o Movimento dos Sem Teto de Luta e que está
inserida a ocupação “Jesus Me Deu”.
A ocupação territorial Jesus Me Deu (JMD), em fase de consolidação, apresenta
inúmeras carências infra-estruturais e está localizada à margem da rodovia AM-010, tendo
como limitações a comunidade da Carbrás e os bairros Novo Israel, Santa Etelvina e o
Conjunto Galiléia. Foi organizada no dia 02 de fevereiro de 2002 e por ser uma terra em
litígio não poderia receber benefícios públicos. Está dividida em 2.742 lotes, abrigando 2.000
famílias e aproximadamente 7 a 8 mil pessoas. É uma comunidade que possui lideranças
fortes e politicamente estruturadas, possui uma Associação de Moradores, um Conselho
Comunitário e lideranças militantes do MSTL (Movimento Sem Teto de Luta).
É uma comunidade cujo perfil de seus integrantes está descrito no quadro a seguir:
Quadro 1
PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Percentual Idade Sexo Escolaridade
Maior 26 a 39 anos (50%) Feminino (73%) Ensino Fundamental Incompleto (30%)
Menor15 a 18 anos (3%) e os mais de 59 anos (3%)
Masculino (27%)Alfabetizados (2%) e Pessoas que não sabe ler e escrever (2%)
Fonte: Ilton Moraes Machado Junior. Pesquisa de Campo realizada em maio/ 2006.
O contato direto com a comunidade, enquanto bolsista do projeto extensionista da
Universidade Federado Amazonas, nos proporcionou fazer um mapeamento da realidade
local, que segundo o quadro acima, caracteriza-se como uma comunidade composta em sua
3 Gohn, referindo-se à mídia como um mecanismo de controle, diz que ela é um veículo por excelência na divulgação de uma nova subjetividade. Seu estilo de propaganda passa a criar desejos, modelar o imaginário das pessoas, despertarem anseios etc. (in: Gentili & Frigotto, 2002: 92).
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maioria por jovens, tendo como predominância o sexo feminino e um grau de escolaridade
relativamente baixo.
Quanto ao processo migratório constatamos em nossa pesquisa que 78% dos que
migraram para a JMD são amazonenses, sendo 24% oriundos da capital e 54% do interior do
Estado. Os demais são oriundos do Pará (13%), Piauí (3%), Ceará (3%) e Rondônia (3%).
Dentre as principais cidades do Interior do Amazonas cujos filhos não resistiram aos
encantos da capital, conforme tabela 1, foram Manacapuru (13%), Itacoatiara (10%), seguidas
por Barreirinha e Coari representando 3% cada uma. Os maiores índices foram atribuídos às
cidades mais próximas da capital e de acesso mais fácil e rápido. Mas, não podemos deixar de
mencionar que os ocupantes da JMD, em sua fase embrionária, todos foram considerados
migrantes, exceto um ínfimo número de moradores que habitavam a região antes da
ocupação4.
Nossa pesquisa revela que 97% dos moradores da JMD vieram dos bairros de Manaus
e apenas 3% vieram diretamente do interior do Amazonas. Dentre os bairros que apresentam
maior representação na JMD estão o Alvorada e o Monte das Oliveiras com 13% cada,
seguidos da Cidade de Deus (10%) e Compensa (10%), os demais estão relacionados na
tabela 2.
4 A ocupação que está em processo de consolidação tem apenas 4 anos de existência, mas segundo informação e observação, há moradores que vivem no local há mais de 30 anos.
Tabela 1Naturalidade
Cidade Freqüência %Manaus 14 23Itacoatiara 6 10Manacapuru 8 13Barreirinha 4 7Tefé 2 3Novo Airão 2 3Coari 4 7Parintins 2 3SP Olivença 2 3Juruá 2 3Pará 8 13Roraima 2 3Ceará 2 3Piauí 2 3
Total 60 100Fonte: Pesquisa de campo / 2006.
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Os motivos que desencadearam este processo migratório local podem ser explicados
de duas maneiras: a migração do lugar de nascimento para Manaus; e o processo migratório
que culminou no surgimento da ocupação Jesus Me Deu.
O primeiro caracteriza a migração para Manaus e seus supostos fatores motivadores,
conforme descrição do gráfico abaixo:
Gráfico 1MOTIVO DA MIGRAÇÃO
ESTUDAR Acomp.Família
Trabalho Alagação Outros
Freqüência
%
36
18
32
5 916
814
2 4
Fonte: Ilton Moraes Machado Junior. Pesquisa de Campo Maio/ 2006.
Tabela 6Migrantes Locais
Bairro Freqüência %Alvorada 8 13Amazonino Mendes 2 3Armando Mendes 4 7Bairro da Paz 2 3Cidade de Deus 6 10Cidade Nova 2 3Compensa 6 10Col.O. Machado 2 3Japiim 2 3Lírio do Vale 4 7Monte das Oliveiras 8 13Monte Sião 2 3Novo Israel 2 3Raiz 2 3Riacho Doce 4 7Santa Etelvina 2 3Interior 2 3
Total 60 100Fonte: Pesquisa de campo / 2006
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Conforme mostra-nos o gráfico acima 36% dos moradores da JMD vieram para a
capital por esta lhes proporcionar uma oportunidade maior de acesso ao estudo, enquanto 32%
apresentaram como motivo a busca de emprego. Resultado que nos leva a considerar a dupla
carência no interior, de escola e mercado de trabalho.
O segundo, que caracteriza a migração para a Jesus Me Deu, está explicitado na fala
de um dos líderes fundadores da comunidade, que é também um dos responsáveis pela
ocupação de terra na cidade de Manaus.
“A gente, com base nas informações lá de dentro, sai pelos bairros à procura daquelas pessoas que paga aluguel, fala da área e convida ele. Os que têm coragem e querem sair do aluguel e ter o seu pedaço de chão, vem na hora“ (S.S. líder de ocupação, entrevista/2006).
Esses líderes trazem como fator motivador para a ocupação de terra o ideário da casa
própria, como podemos observar no depoimento abaixo:
Eu me envolvi com a causa porque eu não tinha casa e nem emprego, eu precisava de um teto para os meus filhos, o aluguel tava atrasado e não tinha dinheiro, lutei, enfrentei a polícia e consegui minha casa (...). Hoje meus pais também têm uma casa (...) luto para que outros também tenham o direito a sua casa (A.C.M. líder do MSTL, entrevista / 2006).
O processo de migração e ocupação da terra não é um processo pacífico. É um
processo de luta em que somente os fortes conseguem resistir e garantir a vitória, recebendo
como prêmio a casa própria.
Os conflitos e confrontos que permearam a ocupação da área que hoje é a comunidade
Jesus Me Deu podem ser descritos nos seguintes depoimentos:
Os policiais tentaram uma vez derrubar minha casa, mas eu disse para ele que não tinha para onde ir. Eles ficaram com pena de mim porque minha casa estava cheia de crianças e não tentaram mais derrubar (M.A.. moradora, entrevista / 2006);
Muitas confusões, brigas e Mortes. Foi muito difícil, foi preciso muita vontade de ter uma casa própria para resistir a tanta dificuldade (D.A. moradora, entrevista / 2006);
Logo nos primeiros Dias foi horrível. Morria de medo porque os policiais soltavam bomba com gás, ameaçavam derrubar as casas (B.C. morador, entrevista / 2006);
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Aqui onde moro não teve muita confusão, mas lá do outro lado os policiais derrubaram muitas casas e as crianças ficavam desesperadas (D.S. moradora, entrevista/ 2006);
Era muita tensão. Os policiais vinham todos os dias querendo derrubar a casa das pessoas (B.D.S., moradora, entrevista/ 2006);
Houve muitas brigas dos líderes do movimento para que os moradores permanecessem aqui (A.C.M., líder do MSTL, entrevista/ 2006);
Muitos conflitos entre lideranças e policiais. As lideranças enfrentavam os policiais para não deixar eles entrarem (H.M., morador, entrevista/ 2006);
Muitas brigas entre lideranças do movimento e os policiais que chegaram a machucar muitas pessoas (H.M.J, moradora, entrevista/ 2006);
Muito sofrimento, os policiais chegaram aqui soltando bomba de pimenta (M.S., moradora, entrevista/ 2006);
Foi uma luta cansativa e de resistência. Enfrentando polícia e o sol quente. Houve muitos conflitos com a polícia e derrubada de barracos por parte dele. (A.C.M., líder do MSTL, entrevista/ 2006);
No que tange ao mercado de trabalho 74% dos entrevistados estão inseridos no
mercado informal, 23% estão desempregados e 3% são aposentados. A renda familiar gira em
torno de R$ 442,67 ao mês, levando em consideração que cada família é composta, em média,
por quatro pessoas.
Esses moradores, apesar das dificuldades enfrentadas, dizem que estão vivendo
melhor (90%) do que antes, 3% reclamam que ainda quando pagam aluguel e 7% moram em
casas cedidas. A grande maioria afirma ser dona de seu lote, confirmando dessa forma o
sonho que os levou a ocupar o local – o sonho da “casa própria” – mesmo sem asfalto, sem
água, sem luz ou qualquer outro bem de consumo.
Hoje, graças à influência da UFAM, presente na comunidade através da Atividade
Curricular de Extensão (ACE) intitulada Cidadania e Lutas Sociais no Amazonas que
contribuiu para forjar e municiar lideranças locais com maior poder de articulação política
frente às conquistas de direitos, o acesso a alguns bens e serviços como asfalto, iluminação
pública, transporte coletivo, telefones públicos já é realidade.
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Apesar de toda a articulação do MSTL e demais lideranças da Jesus Me Deu, a água
continua sendo o grande desafio. Esse bem vital para a vida humana tem sido um problema,
pois, 47% da população local se vêem obrigada à compra água daqueles moradores que
possuem poço artesiano e fazem disso um comércio. Os que não têm dinheiro para comprar
ou não querem pagar pela água fazem os chamados cacimbões (27%) ou furam seus próprios
poços artesianos (23%), levando em consideração que a maioria é perfurada próximo às
chamadas privadas ou casinhas e não tem a profundidade adequada5, o que compromete a
qualidade da água. Há ainda os que dependem do favor dos outros para obter a água (3%).
Quanto à participação comunitária, a comunidade tem se mostrado participativa, ora
pressionando o MSTL e o Conselho Comunitário para que estes busquem benefícios para a
comunidade, ora participando dos cursos e palestras oferecidos pela UFAM e outras
instituições.
O MSTL, o conselho comunitário, o clube de mães existentes na comunidade e a
presença da Universidade fazem com que a Jesus Me Deu tenha um desenvolvimento
político-participativo.
A Universidade Federal do Amazonas através da Atividade Curricular de Extensão,
projeto extensionista inspirado no Programa Universidade Sem Fronteira da Universidade
Federal da Bahia, busca fortalecer e estreitar os laços com a sociedade manauara na medida
em que permite que alunos e professores se insiram na missão da Universidade consignada no
ensino, na pesquisa e na extensão de maneira plena.
O contato com a realidade das camadas subalternizadas da cidade de Manaus através
da ação pedagógica do Grupo de Extensão e Pesquisa Observatório Social (GEPOS),
vinculado ao Departamento de Serviço Social, contribuiu para a formação profissional do
futuro Assistente Social. A equipe do GEPOS realizou um conjunto de cursos e palestras na
comunidade Jesus Me Deu, sob tema macro da cidadania, com o objetivo de forjar e capacitar
lideranças locais, contribuindo, dessa forma, para a formação da consciência dos comunitários
frente aos seus direitos político-sociais, bem como de seus deveres enquanto cidadãos.
Essa conscientização política serviu de aporte para o despertar da cidadania dos
moradores da JMD, sendo, pois, decisiva para as conquistas sociais obtidas na comunidade.
Os cursos oferecidos pela ACE foram: Cidadania e Formação Política que objetivou
colocar a comunidade a par de seus direitos políticos e criar mecanismos que
proporcionassem o exercício de sua cidadania política; Organização Comunitária que buscou
5 Tivemos acesso a essas informações durante nossa ministração da palestra Meio-ambiente e participação comunitária, oferecido pela ACE.
10
fazer a articulação interna dos moradores enquanto comunidade organizada; Liderança
Comunitária que objetivou despertar o interesse de novos líderes locais para dar pujança e
dinamicidade à vida comunitária; Direito do Consumidor que procurou esclarecer os
integrantes da comunidade, enquanto cidadãos de direitos e consumidores, sobre o papel dos
órgãos de defesa do consumidor e os procedimentos que devem ser utilizados para fazer valer
seus direitos. Além desses e outros cursos foram realizadas diversas palestras envolvendo
gênero, trabalho, meio-ambiente, saúde e outros.
O resultado do trabalho da Universidade mostrou-se proveitoso e aponta para uma
comunidade mais participativa e articuladora, uma liderança mais forte e jovem que
municiada dos instrumentais oferecidos pela academia conseguiu articular junto ao poder
público, além dos serviços já mencionados, a restauração do prédio onde funcionam o Clube
de Mães, a Associação de Moradores e o MSTL, como se pode observar nas figuras abaixo.
Afinal de contas “o status de cidadão é uma construção social, uma grande conquista das
sociedades e de seus movimentos, representado a ampliação da cidadania” (PERUZZO, 1998,
p.286).
FIGURA 1SERVIÇOS DE ILUMINAÇÃO E ASFALTAMENTO CONQUISTADOS
Foto e montagem: Ilton MoraesFonte: Pesquisa de Campo / 2006.
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FIGURA 2OUTRAS CONQUISTAS COMUNITÁRIAS
Foto e montagem: Ilton MoraesFonte: Pesquisa de Campo / 2006.
Para conquistar esses bens e serviços o MSTL, sempre em consonância com a
comunidade local, utilizou-se de diversos mecanismos, desde a formação de piquetes e
passeatas até exposição em plena rodovia Torquato Tapajós do corpo de um morador morto
no dia 29 de agosto de 2005, após tentar puxar um bico de luz para sua residência.
Figura 3MORADOR EFETUANDO “GATO”
Fonte: Pesquisa de Campo / 2006.Foto: Ilton Moraes / 2005
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Para a obtenção de energia elétrica a população tem que estender por quilômetros fios
de alumínio e/ou arames farpados até a rede principal de energia. Como podemos observar na
figura 3, os chamados gatos representam um perigo constante, tendo como resultado possível
e real a morte por eletrocutamento como o acima mencionado.
Essas e outras conquistas fazem com que o MSTL, como qualquer outro movimento
social, busque através da participação o reconhecimento coletivo de direitos, construindo sua
identidade social e política (SCHERER-WARREN, 1993). O Movimento vem construindo e
consolidando sua identidade agregando às lutas reivindicatórias parceiros como o clube de
Mães e as Associações de Moradores (cf. pesquisa de campo), formando uma espécie de
simbiose com a comunidade local.
Na comunidade Jesus Me Deu podemos constatar além dos problemas sociais e infra-
estruturais, os impactos ambientais oriundos de sua fase embrionária, tais como, o
desmatamento e a poluição dos igarapés e lençóis freáticos. Esses impactos somados a outros
fatores como a ausência de saneamento básico provocam o deslizamento de terra e o
alagamento de casas, fossas abertas e cacimbas no período de chuva, causando danos quase
que irreparáveis. Vide figuras abaixo:
FIGURA 4VISTA PARCIAL DA JMD DESMATADA / 2002
Foto: MSTL / 2002Fonte: Acervo do MSTL / Pesquisa de Campo / 2006.
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FIGURA 5CASA ALAGADA E ATERRADA PELA CHUVA
Foto: Ilton Moraes / 2005.Fonte: Pesquisa de Campo / 2006.
FIGURA 6
CACIMBA ALAGADA PELA ÁGUA DA CHUVA NA JMD
Fonte: Pesquisa de Campo / 2006.Foto: Ilton Moraes / 2005.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudar o fenômeno da ocupação territorial pela via dos movimentos sociais de luta
pela terra constituiu-se num desafio e numa oportunidade de desvendamento da problemática
da terra no Estado do Amazonas. A pesquisa desmistificou o termo “invasores”, apontando as
principais causas e conseqüências das chamadas ocupações territoriais na zona urbana de
Manaus.
O quadro descrito pelos sujeitos da pesquisa revela que a conquista do direito a terra
tem sido uma reivindicação constante dos movimentos sociais de luta pela terra no Brasil,
especialmente no Amazonas. A pesquisa realizada na comunidade Jesus Me Deu comprova a
dinamicidade do movimento migratório, o crescimento político-participativo do Movimento
dos Sem Teto de Luta; e a Jesus Me Deu como uma comunidade aguerrida na luta por direitos
voltados para a resolução da problemática social e ambiental local.
A Jesus Me Deu, enquanto ocupação territorial, é um fenômeno que certamente
respondeu e corresponde aos anseios de todos os que se propuserem a estudá-la.
O contato direto com a comunidade Jesus Me Deus e com o Movimento Social dos
Sem Teto de Luta, como estagiário e como integrante do Grupo de Extensão e Pesquisa
Observatório Social (GEPOS), vinculado à Pró-reitoria de Extensão e Interiorização
(PROEXTI) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), nos proporcionou uma grande
experiência. Fez-nos enxergar a importância de uma sociedade organizada com movimentos
sociais bem constituídos e bem articulados na luta pelos direitos sociais e coletivos,
garantidos por lei, mas que, na prática, configura uma cidadania de papel.
Estudar esse fenômeno proporcionou-nos um crescimento imensurável enquanto
pesquisador de iniciação científica, estudante e futuro Assistente Social comprometido com a
busca de soluções e alternativas de enfrentamento da questão social existente nos mais
variados segmentos da vida humana em que a relação capital-trabalho está explicitada.
Esperamos, com isto, contribuir com a comunidade Jesus Me Deu no que tange ao
levantamento sócio-histórico; contribuir para o curso de Serviço Social no sentido de que
continue a exercer a prática de extensão, fortalecendo desta forma, o exercício do futuro
Assistente Social. Vem somar-se a esta relevância o crescimento pessoal que me
proporcionou enquanto ser social e pesquisador de iniciação científica.15
REFERÊNCIAS
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