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p.20 EMPRESAS & MERCADOS 16 DE JANEIRO DE 2015 FERNANDO CARDOSO - PARTE DA NOVA GERAÇÃO DA «QUINTA DO ESTANHO» “Queremos ser uma referência na região do Douro” Como tem evoluído ao longo dos anos a Quinta do Estanho? A Quinta do Estanho tem evoluído de uma forma bastante sólida e muito focada no objectivo comum de toda a família que tem objectivos concretos de ser um bom parceiro no Douro, fazendo cada vez melhores vinhos, dignificando a Quinta do Estanho, a nossa família, o concelho de Alijó, a localidade de Cheires e por consequência de toda a região Demarcada do Douro. Continua a ser uma empresa de grande cariz familiar… Sem dívida. Todo o nosso núcleo duro é de constituição familiar. Pai, irmã, espo- sa e eu… Esta raiz familiar nesta região tão aben- çoada por Deus, dá aos vinhos alguma ca- racterística especial? Sem dúvida . Confesso que não há re- gião no mundo como o Douro, nem vinhos tão bons como aqueles que aqui se fazem, pelo simples fato de incluir neles este nosso amor e paixão por aquilo que fazemos e pela vontade constante de fazer cada vez melhor. Quando se abre uma garrafa da Quinta do Estanho o que é que salta lá de dentro? Douro em forma de Vinho. Todo o esplen- dor do Douro. No caso da Quinta do Estanho em particular alguém nos disse, uma vez, fa- Andámos pelas encostas cascalhentas e escarpadas do Douro, fazendo as voltas da vinha, à descoberta dessa terra maravilhosa que é o “terroir” onde se estende a Quinta do Estanho. Do outro lado do rio Pinhão, a Quinta dos Corvos completa este cenário mágico onde brotam dos melhores néctares do Douro, ali para os lados de Cheires. Fernando Cardoso acompanhou-nos, foi guia e condutor de uma viagem “meio louca” pela encosta abaixo, ora saltando de xisto em xisto, ora adornando nos trilhos enlameados, descobrindo cada pedra, cada cepa e cada sonho. Às vezes quase deixava de ouvir o meu companheiro pela “voragem de um susto ou outro” mas sempre deu para ouvir que foi com sangue, suor e lágrimas que os antepassados desbravaram encostas escarpadas, construíram socalcos e plantaram videiras de castas nobres que Deus abençoou. E em boa hora o fizeram, porque é isto a essência do Douro... lando dos nossos vinhos, que ainda não éra- mos uma referência e isso teve uma impor- tância fundamental para nós. É que a partir de então trabalhamos árduamente, colheita após colheita, precisamente para poder vir a ser uma referência no Douro. Queremos que os consumidores dos nossos vinhos sintam que estão a beber um genuíno vinho do Dou- ro. Um Vinho autêntico. Felizmente temos vindo a conseguir esse objectivo. O que é que torna o Douro tão especial? Porque não é um vinho fácil? Ser Douro. Ser um vinho da mais antiga Região Demarcada do Mundo. Constituir em si mesmo uma experiên- cia especial, onde o apreciador, através da prova, sinta também a Região, a tradição, o trabalho... Enfim, sendo parcial, conside- ro que Um bom Vinho do Douro foi, é e será sempre especial… Relativamente a outros vinhos e Regiões podem considerar-se mais complexos, exi- gentes, diferentes, especiais… E o futuro do Douro com os problemas que tem até de mão-de-obra com tanta a gente a sair da região? Os Durienses estão sempre prepara- dos para as adversidades e por isso o Dou- ro saberá sempre contornar as dificuldades como tem feito até aqui. No entanto no caso da Quinta do Estanho o problema da mão- -de-obra já foi pior. Contrariamente ao que aconteceu no passado, os trabalhadores es- tão mais sensibilizados para as dificuldades e para os deveres associados aos direitos… A empresa sustenta a sua actividade na Quinta do Estanho, Quinta dos Corvos e ain- da noutras de menor dimensão que estão na família já há muitas gerações, mas creio ter sido o seu pai o grande impulsionador da era moderna… Sim foi o meu pai que resgatou a Quinta do Estanho que tinha sido de familiares. O meu pai esteve fora (no Brasil) mais de vin- te anos, mas sempre manteve a sua ligação com a Quinta e em 1981 regressa. Após al- guns anos onde fez vinhos sob encomenda para a Taylor’s, decidiu engarrafar os seus próprios Vinhos, tornando-se em 1987 o se- gundo produtor engarrafador do Douro. Quando é que pela primeira vez sentiu correr-lhe no sangue esta ligação à Quinta do Estanho e ao Douro? Talvez por volta dos meus seis anos, lem- bro-me de acompanhar o meu pai às vinhas e aprender com ele. Aqui vivi, aqui fiz a mi- nha formação e portanto acompanhei todo este processo. Para quantos países vai hoje o vinho da Quinta do Estanho? Seguramente mais de vinte, represen- tando em média 40 por cento da facturação. Desejos para o futuro? Tornar-mo-mos uma referencia na Re- gião Demarcada do Douro, com Vinhos do Porto e Douro de alta e constante qualidade. Estar entre os melhores Vinhos de Portugal. O nosso princípio é pegar na colheita ante- rior e fazer melhor…quando não consegui- mos, manter. Nunca piorar. Felizmente e a nível geral acho que temos conseguido me- lhorar. No caso do Porto sempre fomos muito bem conceituados, mas em termos de vinhos do Douro a nossa evolução tem sido notável, com diversos prémios conquistados e refe- rências na imprensa. QUINTA DO ESTANHO RESERVA TINTO 2011 Um vinho que está a dar grandes alegrias à empresa Produtor Jaime Cardoso Ano 2011 Castas Tinta Rorix 50%, Touriga Nacional 20%, Touriga Franca 15%, Sousão 15%. Graduação Alcólica 15% Vol. Temperatura a servir 16º a 18ºC Notas de prova Apresenta um aroma a fruta madu- ra com evidentes notas balsâmicas, características das zonas mais fres- cas da região. Na boca revela-se ele- gante, equilibrado e com um final de boca longo e fresco

p.20 EMPRESAS & MERCADOS 16 DE JANEIRO DE 2015 · Confesso que não há re-gião no mundo como o Douro, nem vinhos ... Aqui vivi, aqui fiz a mi-nha formação e portanto acompanhei

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p.20 EMPRESAS & MERCADOS 16 DE JANEIRO DE 2015

FERNANDO CARDOSO - PARTE DA NOvA gERAçãO DA «QUINTA DO ESTANHO»

“Queremos ser uma referência na região do Douro”

Como tem evoluído ao longo dos anos a Quinta do Estanho?

A Quinta do Estanho tem evoluído de uma forma bastante sólida e muito focada no objectivo comum de toda a família que tem objectivos concretos de ser um bom parceiro no Douro, fazendo cada vez melhores vinhos, dignificando a Quinta do Estanho, a nossa família, o concelho de Alijó, a localidade de Cheires e por consequência de toda a região Demarcada do Douro.

Continua a ser uma empresa de grande

cariz familiar… Sem dívida. Todo o nosso núcleo duro

é de constituição familiar. Pai, irmã, espo-sa e eu…

Esta raiz familiar nesta região tão aben-

çoada por Deus, dá aos vinhos alguma ca-racterística especial?

Sem dúvida . Confesso que não há re-gião no mundo como o Douro, nem vinhos tão bons como aqueles que aqui se fazem, pelo simples fato de incluir neles este nosso amor e paixão por aquilo que fazemos e pela vontade constante de fazer cada vez melhor.

Quando se abre uma garrafa da Quinta

do Estanho o que é que salta lá de dentro? Douro em forma de Vinho. Todo o esplen-

dor do Douro. No caso da Quinta do Estanho em particular alguém nos disse, uma vez, fa-

Andámos pelas encostas cascalhentas e escarpadas do Douro, fazendo as voltas da vinha, à descoberta dessa terra maravilhosa que é o “terroir” onde se estende a Quinta do Estanho.Do outro lado do rio Pinhão, a Quinta dos Corvos completa este cenário mágico onde brotam dos melhores néctares do Douro, ali para os lados de Cheires.Fernando Cardoso acompanhou-nos, foi guia e condutor de uma viagem “meio louca” pela encosta abaixo, ora saltando de xisto em xisto, ora adornando nos trilhos enlameados, descobrindo cada pedra, cada cepa e cada sonho.Às vezes quase deixava de ouvir o meu companheiro pela “voragem de um susto ou outro” mas sempre deu para ouvir que foi com sangue, suor e lágrimas que os antepassados desbravaram encostas escarpadas, construíram socalcos e plantaram videiras de castas nobres que Deus abençoou. E em boa hora o fizeram, porque é isto a essência do Douro...

lando dos nossos vinhos, que ainda não éra-mos uma referência e isso teve uma impor-tância fundamental para nós. É que a partir de então trabalhamos árduamente, colheita após colheita, precisamente para poder vir a ser uma referência no Douro. Queremos que os consumidores dos nossos vinhos sintam que estão a beber um genuíno vinho do Dou-ro. Um Vinho autêntico. Felizmente temos vindo a conseguir esse objectivo.

O que é que torna o Douro tão especial?

Porque não é um vinho fácil? Ser Douro. Ser um vinho da mais antiga

Região Demarcada do Mundo.Constituir em si mesmo uma experiên-

cia especial, onde o apreciador, através da prova, sinta também a Região, a tradição, o trabalho... Enfim, sendo parcial, conside-ro que Um bom Vinho do Douro foi, é e será sempre especial…

Relativamente a outros vinhos e Regiões podem considerar-se mais complexos, exi-gentes, diferentes, especiais…

E o futuro do Douro com os problemas que tem até de mão-de-obra com tanta a gente a sair da região?

Os Durienses estão sempre prepara-dos para as adversidades e por isso o Dou-ro saberá sempre contornar as dificuldades como tem feito até aqui. No entanto no caso da Quinta do Estanho o problema da mão-

-de-obra já foi pior. Contrariamente ao que aconteceu no passado, os trabalhadores es-tão mais sensibilizados para as dificuldades e para os deveres associados aos direitos…

A empresa sustenta a sua actividade na

Quinta do Estanho, Quinta dos Corvos e ain-da noutras de menor dimensão que estão na família já há muitas gerações, mas creio ter sido o seu pai o grande impulsionador da era moderna…

Sim foi o meu pai que resgatou a Quinta do Estanho que tinha sido de familiares. O meu pai esteve fora (no Brasil) mais de vin-te anos, mas sempre manteve a sua ligação com a Quinta e em 1981 regressa. Após al-guns anos onde fez vinhos sob encomenda para a Taylor’s, decidiu engarrafar os seus próprios Vinhos, tornando-se em 1987 o se-gundo produtor engarrafador do Douro.

Quando é que pela primeira vez sentiu

correr-lhe no sangue esta ligação à Quinta do Estanho e ao Douro?

Talvez por volta dos meus seis anos, lem-bro-me de acompanhar o meu pai às vinhas e aprender com ele. Aqui vivi, aqui fiz a mi-nha formação e portanto acompanhei todo este processo.

Para quantos países vai hoje o vinho da

Quinta do Estanho? Seguramente mais de vinte, represen-

tando em média 40 por cento da facturação.Desejos para o futuro?Tornar-mo-mos uma referencia na Re-

gião Demarcada do Douro, com Vinhos do Porto e Douro de alta e constante qualidade. Estar entre os melhores Vinhos de Portugal. O nosso princípio é pegar na colheita ante-rior e fazer melhor…quando não consegui-mos, manter. Nunca piorar. Felizmente e a nível geral acho que temos conseguido me-lhorar. No caso do Porto sempre fomos muito bem conceituados, mas em termos de vinhos do Douro a nossa evolução tem sido notável, com diversos prémios conquistados e refe-rências na imprensa.

QUINTA DO ESTANHO RESERvA TINTO 2011Um vinho que está a dar grandes alegrias à empresa

ProdutorJaime CardosoAno2011CastasTinta Rorix 50%, Touriga Nacional 20%, Touriga Franca 15%, Sousão 15%.Graduação Alcólica15% Vol.Temperatura a servir16º a 18ºCNotas de provaApresenta um aroma a fruta madu-ra com evidentes notas balsâmicas, características das zonas mais fres-cas da região. Na boca revela-se ele-gante, equilibrado e com um final de boca longo e fresco

p.21EMPRESAS & MERCADOS16 DE JANEIRO DE 2015

A Quinta do Estanho consta da primei-ra Demarcação de Vinhos, “De Feitoria” em 1757. Situa-se na margem esquerda do Rio Pinhão a uma altitude média de 300 metros. Produz vinhos de QUALIDADE há várias ge-

rações. Seu proprietário, Jaime Acácio Quei-roz Cardoso, em 1987 tornar-se-ia o segun-do Produtor – Engarrafador – Exportador de todo o Douro, à custa de muito trabalho e dedicação, seguindo a sua receita para fazer bons vinhos “Com dedicação, amor, motiva-ção, higiene, boa equipe e muito trabalho…partindo das melhores uvas do Douro que

conseguimos produzir nas nossas Quintas.”Jaime Cardoso em boa hora regressou ao

“seu Douro” depois de ter vivido vinte anos no Brasil porque a mãe e a avó não o queriam na Guerra de África, “por isso fiz dezoito anos a atravessar o Equador por alturas de 1960”.

Adorou o Brasil onde encontrou uma gen-te maravilhosa que o acolheu na perfeição. Foi feliz durante muito tempo mas chegou o momento “em que as minhas raízes e a von-tade de regressar ao Douro para construir algo, teve mais força”.

Ao longo dos anos em que esteve no Brasil dedicou-se à advocacia e quando che-gou a Portugal também. Gaba-se de nunca ter perdido uma causa, porque sempre agiu criteriosamente de acordo com a sua cons-ciência. Entre as duas atividades, advocacia e vinho, Jaime Cardoso não sabe escolher. “Cada uma ocupa um lugar especial na mi-nha vida”.

Mas agora é o vinho da Quinta do Estanho que lhe ocupa os dias e a paixão, e, por isso não esconde que o seu desejo para o futuro é “poder estar entre os melhores, com alegria, esperança e vontade de seguir em frente”.

Apostando sempre na QUALIDADE dos seus Vinhos, todos elaborados segundo mé-todos tradicionais com pisagem a pé em la-gares de granito c/ curtimenta prolongada e rigorosa selecção de castas, a Quinta do Estanho tornou-se numa das primeiras em-presas do sector, lançando em 1987 os Vi-

nhos do Porto 20 Anos e Old White Special. Em 1988, lança o seu primeiro Vinho do Douro. V.Q.P.R.D. Tinto 1985. A crítica não podia ter sido melhor e mais animadora.

Motivado pela boa aceita-ção e com o desejo de expan-são, adquiriu em 1990 a Quinta dos Corvos, situada na margem oposta do Rio, com 25 ha e uma Qualidade comprovada dos Vi-nhos aí produzidos.

Em 1992 a Quinta aprova o seu primeiro Vintage – 1989, classificado como MUITO BOM pelo I.V.P.. Desde então e dada a

QUALIDADE SÓLIDA de seus Vinhos aprovou também os de 1990, 1991, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998 e 2000, 2002, 2006. 2008, 2010 e 2012.

Em 1998, começaram a participar em Concursos de reconhecida credibilidade. ten-do sido desde então galardoados com 130 PRÉMIOS de QUALIDADE.

JAIME CARDOSO - COM QUEM TUDO COMEÇOU

(...) Talvez por volta dos meus seis anos, lembro-me de vir a este local acompanhar o

meu pai às vinhas e aprender com ele. Foi aqui que vivi,

aqui fiz a minha formação e aqui aconteciam as minhas

brincadeiras e portanto acompanhei todo este processo

desde a mais tenra idade (...)