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Oxe! - Abril de 2012

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Nesta edição, a espoliação dos povos tradicionais do Brasil pelos europeus e nosso direito perdido de ser uma nação milenar. Além disso, confira também o regulamento do 2º Concurso de Poesias “ Profº. Aparecido Roberto Tonellotti” que a Ôxe! Produtora Comunitária realiza pelo segundo ano consecutivo; mais as reflexões de Marco Nogueira e Tião Simpatia (colaboração do Messias Silva) sobre o Dia da Mulher e a lei Maria da Penha, tem também correspondência especial de Ivanildo Cavalcanti para nosso querido Prefeito, com o desabafo de um morador indignado com a política e os rumos de nosso município; no Drama Crônico, João Cabral confronta o pastor na praça; a fé de Danilo Góes e Silmara Cavalcante; a segunda parte da saga dos hermanos que vieram da Espanha e aportaram em Morato, a bronca de Eduardo bartolomeu com a edição passada, mais cinco super dicas Na Faixa, quebra-quebra, trens atrasados e a TPM do transporte público.“Queremo nosos dereitos” também!

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Page 1: Oxe! - Abril de 2012

Realização:

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Atenção Prefeito!

Preparem suas poesias,O CONCURSO ABRIU!

… no Drama Crônico, João Cabral confronta o pastor napraça; a fé de Danilo Góes e Silmara Cavalcante; a segundaparte da saga dos hermanos que vieram da Espanha e aporta-ram em Morato, a bronca de Eduardo Bartolomeu com aedição passada, mais cinco super dicas Na Faixa, quebra-quebra, trens atrasados e a TPM do transporte público. Nãoperca o bonde nem o trem e confira agora!

RREEGGIISSTTRROO

Do mês da mulher e da água você po-de curtir e rever aqui a feijoada e sam-ba na Quilombaque, peça do Pandorano CEU Perus, Bate papo e Sarau daAECA em Franco, Girandolá recebe...Cia. Arthur-Arnaldo (foto) e Oficina de Ar-tesanato no Espaço Girandolá

Tumultuando mais ainda...

As reflexões de Marco No-gueira e Tião Simpatia (cola-boração do Messias Silva) sobreo Dia da Mulher e a lei Maria daPenha (foto) na pág. 4.

CCoommppoorrttaammeennttooSSoocciieeddaaddeeCCuull ttuurraaddooss jjuurruuáá

Comemorando afeminilidade

Entre promessas não cumpridas e falta de respeito, se-gue correspondência especial de Ivanildo Cavalcantepara nosso querido Prefeito, com o desabafo de ummorador indignado com a política e os rumos de nossomunicípio. Nós também, “queremo nosos dereitos”!

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Pelo segundo ano consecutivo a Ôxe! ProdutoraComunitária realiza o Concurso de Poesias quetem como patrono e homenageado o saudosoProfº. Aparecido Roberto Tonellotti. Confira oregulamento aí do outro lado.

imagem:MariMoura

ÍÍNNDDIIOO??ilustração:RogerNeves//imagem:ss ttoo cckk ..xx cchh nngg--wwwwww.. ssxx cc.. hhuu

IISSSSOO NNÓÓ EECCXXIISSTTEE!!

imagem:ElzaFiúza/ABr

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1 Abril / 201 2

ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Eduardo Bartolomeu([email protected])Danilo Góes([email protected])Ivanildo Cavalcante([email protected])Marco Nogueira([email protected])Messias Silva([email protected])Silmara Cavalcante([email protected])

O informativo Ôxe! é uma iniciativada Ôxe! Produtora Comunitária quevisa propiciar à população de FranciscoMorato e região, um veículo de jornalis-mo cidadão e produção, difusão e divul-gação de ideias e informações na áreacultural. Todas as informações, ilustra-ções e imagens são de responsabilidadede seus respectivos autores e obedecema licença Creative Commons 2.5 Bra-sil Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Li-cença (acesse o blog para maioresdetalhes), salvo indicações do(a) au-tor(a) em contrário. Para ver uma cópiadesta licença, visite http://creativecom-mons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ ouenvie uma carta para Creative Com-mons, 171 Second Street, Suite 300,San Francisco, California 94105, USA.

A Equipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli, Georgede Paula, Gilberto Araújo, Mari Moura eRoger Neves ([email protected])

Excelentíssimo senhor prefeito “Zézinho Bressane” venho pormeio desta, falar-lhe algo que sempre tive vontade, mas como nãosei se poderia me atender, e não sei como é sua agenda, e espero queseja cheia. Escrevo-lhe por meio desse jornal que até hoje tem dadoespaço para a comunidade.

Não quero desperdiçar minhas palavras, quero aproveitar essaoportunidade e lhe faço um desabafo. Gostaria de deixar todas essasformalidades e falar-lhe não como uma pessoa que tem poder, massim um representante do povo, povo que sofre com essas promessas,pois estamos cansados de retóricas, promissão que com linguajar ul-trarrefinado não só apenas mostra intelectualidade, mas também con-funde o povo, que pouco entende, portanto estamos fartos.

Quem dera todas as palavras ditas por vocês políticos fossem real-mente cumpridas, ou pelo menos, entendidas por esse povo que ge-me por um terço dessas expressões. Quem dera nossa política nãofosse partidária e fosse realmente política de verdade, onde todo que-rer fosse do povo, não de uma classe como é hoje. Quem dera osolhos não refletissem apenas cifrão. Quem dera os olhos fossem vol-tados para uma educação de verdade, onde o povo visse a carnificinacomo é feita e a indignação viesse à tona e toda gota de sangue fossevingada. Quem dera ver esse mesmo povo revoltado quebrando tu-do, arrancando orelhas desses políticos abutres e depois mandandoeles se tratar no interior do Acre em um hospital do SUS, vendo-os

apodrecer e se decompor por falta de médicos.

Excelentíssimo prefeito, quem dera o seu PT de hoje fosse o mes-mo de outra hora que tinha um engajamento com o povo, era enrai-zado no sindicalismo por interesse do trabalhador.

Acho que saúde, escola, moradia só vão existir verdadeiramentequando começarem a encontrar corpos enforcados no parque VilaLobos com um colar escrito com o nosso português totalmente erra-do, mas certo de suas ideias “queremo nosos dereitos”, quando o ca-nibalismo ao abastado for efetivado, quando a fome bater e o povo,como “ratos” famintos, começar a entrar pelas menores frestas e co-mo uma praga detonarem tudo e a anarquia no pejorativo da palavrase implantar.

Hoje eu rezo, oro para Deus e todos os orixás, para que um dia opovo venha se rebelar, virar a mesa. Um dia não ser preso e sim li-vre para viver e desfrutar de uma vida como ser humano de verda-de. Pois hoje nós não somos, somos sim máquinas cada dia maissugadas por sanguessugas com seus olhos só voltados para o cifrão.

Sim excelentíssimo prefeito, essa é a palavra: morte a essa política!!!

Atenciosamente,Ivanildo Cavalcante

uma pobre vítima sedenta por isso.

Carta ao prefeito Por: Ivanildo Cavalcante

REGULAMENTO1. Dos Objetivos

A Ôxe! Produtora Comunitária institui o IIConcurso de Poesias “Professor Aparecido Ro-berto Tonellotti” com o objetivo de incentivar edivulgar novos talentos na arte da poesia, bemcomo mapear a produção poética em FranciscoMorato e Região.2. Das Participações

Poderão concorrer autores brasileiros natosou naturalizados, com obras obrigatoriamenteinéditas (sem publicação), com temáticas e gêne-ro livres, escritas em Língua Portuguesa, sobpseudônimo, desde que observem as particulari-dades de cada categoria.

Fica vetada a participação de membros dasComissões Organizadora e Julgadora.3. Das Categorias

Infantil (até 12 anos de idade);Juvenil (de 13 a 18 anos de idade);Adulta (a partir de 19 anos).

4. Das Inscrições e Apresentação das ObrasAs inscrições encontram-se abertas no período

de 26 deMarço a 11 deMaio de 2012 (valendoa data da postagem ou entrega).

Poderá ser inscrito apenas 01 (um) poemapor autor.

A obra deverá ser apresentada em 05 vi-as, digitadas ou datilografadas em uma só fa-ce do papel A4.

As cinco vias da obra deverão ser inseridas

em envelope grande, informando externamenteo nome do concurso, a categoria pretendida e opseudônimo do autor. Dentro do mesmo deverávir outro envelope, pequeno, contendo uma viado poema e a identificação do poeta (nomecompleto, pseudônimo utilizado, endereço, datade nascimento, telefone para contato e e-mail,se houver), conforme ficha de inscrição.

O regulamento e ficha de inscrição serão dis-ponibilizados no sítio: www.blogduoxe.blogs-pot.com.

Endereçar para: II CONCURSO DE POESI-AS “PROFESSOR APARECIDO ROBER-TO TONELLOTTI/2011” – Ôxe ProdutoraComunitária – Av. São Paulo nº 965 – VilaSuíça – Francisco Morato – SP – CEP07904-000.

Tambémpoderá ser entregue naÔxe Produto-ra Comunitária – Av. São Paulo nº 965 – VilaSuíça – Francisco Morato – SP – CEP 07904-000, até a data limite das inscrições.5. Do julgamento e da Premiação

Os trabalhos serão apreciados por uma Comis-são Julgadora composta por cinco profissionais li-gados à Língua Portuguesa e Literatura, e esta,terá plena autonomia de julgamento, não cabendorecurso às suas decisões.

Será oferecida uma premiação com troféus ecertificados de participação aos 3 (três) primei-ros colocados de cada categoria.

As escolas que tiverem algum aluno entre os

classificados também receberão troféus e certi-ficados de participação.6. Das Comissões e Disposições Gerais

A Comissão Julgadora poderá concederMenção Honrosa para um ou mais trabalhos,se assim julgar necessário, que receberão certi-ficados.

Todos os participantes receberão certificadode participação digital via e-mail.

Fica também a critério da Comissão Julgadorauma seleção de trabalhos que, juntamente dospremiados, serão publicados no Informativo Ôxe!.

As premiações acontecerão no dia da soleni-dade comemorativa ao 3º aniversário do Infor-mativo Ôxe!, no mês de junho de 2012 (emlocal, data e horário a serem posteriormente di-vulgados).

Os resultados serão divulgados através do sí-tio: www.blogduoxe.blogspot.com, bem co-mo, através do Informativo Õxe! em suapublicação impressa.

Os trabalhos vencedores poderão ser decla-mados ou encenados, no todo ou em parte, nanoite de premiação, por artista ou grupo teatralpreviamente contratado pela Ôxe! ProdutoraComunitária.

Os trabalhos inscritos não serão devolvidos,sendo incinerados 30 dias após a data da divul-gação dos resultados.

A inscrição implica automaticamente a acei-tação das condições desse regulamento, bemcomo a autorização para a publicação das obrasinscritas em quaisquer mídias que a comissãoorganizadora julgar conveniente.

O não cumprimento de qualquer item do re-gulamento implicará na desclassificação auto-mática das obras inscritas.

Os casos omissos serão resolvidos pela Co-missão Organizadora. .::

Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

gráfico foramutilizados

apenas softwares que atendem

a licençaGNU/GPL.

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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2Abril / 201 2

Tem feijoada na Quilombaque(foto: divulgação), Canibais noCEU Perus, Bate papo e Sa-rau da AECA em Franco daRocha, pra ilustrar o nossoRegistro. Não perca tempo,confira as imagens!

::. Teatro Girandolá Recebe... Grupo Pandora de TeatroTodo último final de semana do mês tem teatro de graça,

no Centro Cultural Newton Gomes de Sá (Av. Sete de Se-tembro, s/n°, Centro, Franco da Rocha), dentro do projeto“Teatro Girandolá Recebe. . .”. Em abril, o grupo convidadoé de Perus e traz o espetáculo “Canibais vegetarianos devo-ram planta carnívora”, que traz à tona uma série de questio-namentos acerca da sobrevivência no mundo capitalista. Oespetáculo, doGrupo Pandora de Teatro é resultado de umprojeto de pesquisa apoiado pelo ProAC – Programa deAção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura e seráapresentado nos dias 28 e 29 de abril às 20h. A ENTRA-DA É FRANCA e os ingressos devem ser retirados no local,com 1h de antecedência.

Mais informações: 4488-8524, www.teatrogirando-la.com.br ou grupopandora.blogspot.com

Esse projeto é uma iniciativa do Teatro Girandolá e contacom o apoio daDivisão de Cultura de Franco da Rocha.

::. (De) Bate Papo - “Serindígenanasociedademo-derna”

Desde outubro do ano passado oTeatroGirandolá desen-volve o projeto “Ara Pyau – contando histórias, trocando sa-beres” em parceria com as comunidades Guarani Mbya,Tekoa Pyau e Tekoa Ytu, que ficam no bairro do Jaraguá.No dia 19 de abril às 19h30 acontece, no Centro CulturalNewton Gomes de Sá, a segunda ação do projeto aberta à co-munidade comum (De)Bate Papo com as lideranças da al-deia Tekoa Pyau, que abordarão a atual situação dos povos

indígenas brasileiros e a educação e preservação da identida-de dentro da cultura Guarani. A atividade é LIVRE para to-das as idades eGRATUITA.

O Centro Cultural Newton Gomes de Sá fica na Av. Setede Setembro, s/n°, Centro, Franco da Rocha. Outras informa-ções: 4488-8524 ouwww.teatrogirandola.com.br

Esse projeto conta com o apoio do ProAC – Programade Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura deSão Paulo e daPrefeituraMunicipal de Franco daRocha.

::. Cia Quanta de Teatro e Banda Esttaca Zero noRei da Pizza

No mês de abril oRei da Pizza abre as portas para receberduas atrações culturais que prometem...

No dia 12 às 21h, a Cia Quantade Teatro, grupo de Jundiaí, apre-senta o espetáculo “Navalha na car-ne”, uma das obras mais encenadasdo grande Plínio Marcos, com os ato-res Alyne Arins, Jefferson Primmo eEduardo Bartolomeu. Os ingressos jáestão sendo vendidos no próprio locale custam R$10,00. Garanta já o seu,são poucos lugares. Reservas: 7584-0963. Informações: www.ciaquan-ta.blogspot.com

Já no dia 21, vai rolar a maior sonzeira. A partir das 22htemmuito Rock and Roll com aBanda Esttaca Zero tocan-do Barão Vermelho. Os ingressos serão vendidos aR$ 10,00

e se forem comprados antecipadamente custam R$ 8,00.Não fique de fora dessa!

O Rei da Pizza fica na rua 21 de março, 49, no centro deFrancisco Morato. Tel: 4609-1492

::. Oficina de Leitura Dramática em CajamarEstão abertas, até o dia 26 de abril, as inscrições para a

oficina de leitura dramática que acontecerá na BibliotecaPref. Juvenal Ferreira dos Santos, em Cajamar, ministradapor Elizabete Araújo, agente cultural especializanda em Li-teratura e também atriz do Núcleo Teatral Água Fria. Aoficina é GRATUITA, terá quatro encontros e acontecerádurante o mês de maio. Inscrições e informações: 4446-5153 ou [email protected]

::. 4 anos de Odisseia das FloresEm comemoração aos 4 anos do grupo de rapOdis-

seia das Flores, a Associação Cultural do Véio apre-senta mais uma edição do evento “A Cultura está nosmorros”, que acontecerá no dia 15 de abril a partir das10h, na sede da Associação (Rua Escócia, 41, Vila Be-la, Franco da Rocha, SP). O evento começa com umencontro de capoeira e a partir das 15h recebe A Fa-vel, Bananas Crew, Craly, Dê Loná, Dionatan eBanda, Dj Clevinho, Israel Espiritual, Kuka D'Sa-bre, Leandro Rasta, Mahins, Rapper Pirata e TiagoRás do Gueto. A Associação, mantida pelo Véio, éuma espaço alternativo de cultura que oferece aulas de

capoeira e sempre abre as portas para os artistas da nossa re-gião. Se você ainda não colou por lá, não perca essa oportuni-dade. Muita coisa boa e gente interessante. GRATUITO! .::

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

imagem: RogerNeves

Odisséia das Flores comemora 4anos na ACVem Franco

"Antes de tudo, oíndio precisa deterras. Índio é donoda terra. Então, obranco deve respeitara terra do índio".

Mário Juruna

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3 Abril / 201 2

Quando eu era pequena, pensava que índio não existia, erapersonagem do Folclore Brasileiro. Que até já tinha existido,mas como não existia mais, precisava ser homenageado nodia 19 de abril. E durante todo o período que frequentei a es-cola, sempre que chegava o mês de abril lá vinham as ativida-des pra homenagear o índio brasileiro: cocar de cartolina,desenho pra pintar de indiozinho pelado com pena na cabe-ça e folha de bananeira pra esconder as partes íntimas, dan-ças com saia de papel crepom embaladas por música daXuxa ou da Mara Maravilha, guache na cara e por aí vai...Terminei o ensino médio em 1997 e dentro da escola, nuncaouvi uma palavra que desmistificasse esse meu pensamento.

Alguns anos se passaram e quis o destino que eu me tornas-se educadora. Já na universidade vi cair por terra inúmeras“verdades” que tinham me ensinado, dentre elas que o Brasilfoi descoberto por acaso por Pedro Álvares Cabral, que pen-sando ter chegado às Índias, chamou as pessoas que aqui vivi-am de índios. E não é que até hoje nossas crianças continuamaprendendo a História do Brasil assim? Não, o Brasil não foidescoberto, ele foi invadido, colonizado. Os povos que aqui vi-viam foram violentamente subjugados e essa simples inversãode fatos se reflete numa série de equívocos e preconceitosque até hoje, 512 anos depois, ainda assolam os povos indíge-nas brasileiros. Dizer que o Brasil foi descoberto, absolve e en-grandece seu descobridor. Joga pra debaixo do tapete toda aviolência com que nos saquearam. Nossos colonizadores nosroubaram, materialmente e espiritualmente.

Antes dos portugueses chegarem por aqui, essas terras,sobre as quais vivemos hoje e que faz parte dessa naçãochamada Brasil, era habitada por diversos povos nativos.Portugal nos “descobriu” e se sentiu no direito de explorartodas as riquezas que por aqui existiam, nos roubaram tudoo que podiam, inclusive o direito de termos uma cultura mi-lenar e de trilharmos nosso próprio caminho.

Sou brasileira e como tal, sei que meu sangue é uma misturade muitos sangues, sei que além do negro e do branco, minhaárvore genealógica também traz em seus troncos a ascendên-cia indígena. Sinto muito por ter demorado tanto a descobrir is-so. Sinto por ter acreditado por tanto tempo nas mentiras queinsistem em nos ensinar nos livros didáticos, nos programas deTV, nas escolas, nas igrejas... Sinto muito por ter demoradotanto a entender que Índio Brasileiro realmente não existe!

Sim, aquele índio que mora numa oca no meio da flores-

ta, fala tupi, vive da caça, do plantio e da pesca, acreditaem Tupã, tem um filho curumim, anda pelado e pinta o cor-po, não existe, é um esteriótipo.

E pra continuarmos essa conversa e acabar de vez com es-se esteriótipo, apelo pro dicionário... Segundo o DicionárioPriberam da Língua Portuguesa, índio é: Elemento químicometálico (símbolo In), de número atómico 49 = ÍNDIUM. Eindígena: 1. Que ou aquele que é natural da região em quehabita. = ABORÍGENE = AUTÓCTONE, NATIVO; 2. Queou quem pertence a um povo que habitava originalmenteum local ou uma região antes da chegada dos europeus =ABORÍGENE; 3. Natural de um país ou localidade.

Portanto, a partir de agora, continuo esse texto me refe-rindo aos povos indígenas brasileiros. Segundo dados doIBGE, atualmente existem em nosso país mais de 200 po-vos indígenas, que falam mais de 180 línguas diferentes evivem de forma completamente diferente um do outro, es-palhados por todo o Brasil. A maior concentração dessespovos está nas regiões Norte e Nordeste, mas eles tambémvivem nas outras regiões, em aldeias ou nas cidades.

Por incrível que pareça, na cidade de São Paulo, grande cen-tro econômico do nosso país, existem 3 terras indígenas e umadelas fica no bairro do Jaraguá, há menos de 30 km de Francis-co Morato. Uma comunidade Guarani Mbya, com cerca de600 pessoas, que resiste, com seus cultos e tradições em frenteao Parque Estadual do Jaraguá. Quem passa em frente às aldei-as Tekoa Pyau e Tekoa Ytu, dificilmente se dá conta de que alise vive de um jeito diferente. A primeira vista é só mais uma co-munidade pobre, amontoada dentro de uma pequena área comquase nenhuma infraestrutura, casas feitas com restos de madei-ra, banheiros coletivos, com suas crianças e cachorros a brincarna beira da Estrada Turística do Jaraguá. Porém, aqueles que sepermitirem enxergar para alémdas aparências e adentrar os mu-ros daquela comunidade, deixando pra fora tudo o que “apren-deu” até ali, pode se deparar com deliciosas descobertas.

Em outubro de 2011 , pisei pela primeira vez na terra ver-melha e sagrada que abriga aquele povo. De lá pra cá, todavez que vou lá, aproximadamente uma vez por semana, porconta do projeto “Ara Pyau – contando histórias, trocandosaberes”, do Teatro Girandolá e do qual faço parte; sinto-me presenteada por “Nhanderu Papa Tenonde” (Deus PaiPrimeiro, dos Guarani). Para aqueles que sempre reproduzi-ram a frase “Os índios de hoje em dia já estão todos acultu-rados”, se referindo aos povos indígenas brasileiros, nãofazem ideia da grande besteira que estão dizendo.

Sim, a maioria deles se veste como “Juruá” (não indíge-na), compra comida no supermercado, possui celular, câme-ra fotográfica, filmadora, TV, computador, navega nainternet, tem perfil no facebook, fala português com certa

facilidade, pega trem, ônibus e é bombardeada o tempo to-do pelas mesmas bombas do sistema capitalista que atin-gem todos os seres humanos desse planeta, mas a despeitode tudo isso, a forma como lida com todas essas coisas, di-fere muito da forma como nós, “juruás”, lidamos.

As aldeias, Tekoa Pyau e Tekoa Ytu, além de preservarema língua e os rituais Guaranis, passados de geração em gera-ção há séculos (e esse talvez seja o traço mais forte e marcan-te dessa comunidade), também encaram sua passagem poresse mundo de uma maneira bastante distinta da nossa. O po-vo Guarani é um povo muito espiritualizado e celebrativo,que canta e dança pra reverenciar seus ancestrais, pra espantaros maus espíritos e atrair os bons, pra conversar com Nhan-deru, pra agradecer pelo pão de cada dia. Eles tem um “Xera-moi”, o grande avô, líder espiritual e a essência da aldeia, quenós conhecemos como pajé. Gostam da chuva, prezam pelavida em comunidade, pela sabedoria dos mais velhos, pelaautonomia do outro, inclusive das crianças. Eles acreditam ebuscam a “Terra sem males”. Eles acreditam que devem de-volver pra natureza, tudo o que dela consomem, entendemque tudo está ligado e que tudo o que é vivo, faz parte de umamesma família. O sol, a água, a terra, os animais, as estrelas,as árvores, o fogo e os homens, são todos parentes. Eles acre-ditam que a educação se dá por meio da observação e da vi-vência, que o ser humano aprende a medida que vê o outrofazendo e se arrisca a fazer também, através da tentativa, erroe acerto, cada um a seu tempo. (Qualquer semelhança com ofilme Avatar, não deve ser mera coincidência).

Entrar numa “Tekoa” (aldeia), é adentrar um templo sa-grado. Lá, o tempo é outro, bem diferente desse nosso tem-po louco e corrido. Lá, existe espaço para a contemplação ecelebração da vida, para o cultivo do sagrado, para a refle-xão acerca da história brasileira e da formação de seu povo,para o exercício da identidade indígena, a despeito de todaa discriminação que esses povos enfrentam, diariamente ehistoricamente. Os povos indígenas brasileiros existem sime são seres humanos, de carne e osso, como eu, você e seuvizinho. Eles não são meras ilustrações dos livros didáticosou simples personagens dos romances brasileiros. Eles sãonossos irmãos, brasileiros e guardadores do que existe demais ancestral na nossa cultura, fazem parte dos povos ori-ginários da nossa nação e estão simplesmente esquecidos.

Eles já não tem mais espaço pra plantar, já não tem maisautorização pra caçar e precisam brigar judicialmente pra te-rem direito a um pedaço de terra. As demarcações de TerrasIndígenas levam anos para serem legalizadas e muitas vezes,depois de serem demarcadas e reconhecidas, tornam-se alvoda ganância de latifundiários que coíbem violentamente essascomunidades e tornam-se autores de assassinatos bárbaros,que raramente são punidos. Hoje, eles não tem direito a se-

quer um pedaço de terra onde, hámuito tempo atrás, era tudo deles.

Então, neste próximo 19 deabril, não vamos comemorar o Diado Índio, que nem sequer existe;mas antes refletir de modo muitoverdadeiro e honesto sobre a im-portância e o legado de todos ospovos originários do Brasil e que,além de tudo, deram nome a mui-tas coisas em nossa sociedade: deruas e coisas a bairros e cidades. E,principalmente, você que, por al-gum motivo, vá preparar algumacomemoração, homenagem ou al-go que o valha, fica o aviso: Cuida-do para, mesmo com a melhor dasintenções, não disseminar uma vi-são estereotipada e preconceituosaa respeito desses povos, desvalori-zando uma cultura extremamenterica e diversificada. Quem sabe as-sim, como foi há muito tempo atráspossamos, de fato, dizer que tododia é dia dos povos indígenas; osmais antigos e originais brasileiros.

Por: Fabia Pierangeli

ÍNDIO?imagem:JoséCruz/ABr

Liderançaindígena faz

manifestação naComissão deConstituição eJustiça (CCJ) daCâmara dosDeputados em

Brasília

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4Abril / 201 2

O pôr do Sol já se aproxima, que sensação estranha, o medo meconsume. Não me sinto bem, parece que estou em outra órbita. Que vontadede estar em outro lugar, bem longe, mas bem longe mesmo. Sinto-me nocorredor da morte, quando o sol cai é o momento de ir para cadeira elétrica.Me sinto em apuros, sozinho... para onde ir, as horas na rua voam... nãosenti fome, por horas minha mente ficou tranquila. Mas no horizonte o solestá se pondo, um silêncio, mas sinto na alma o sinal gritando dizendo quetenho que voltar para masmorra do castelo.

Porém ainda tenho um punhado de esperança, alguns minutos ouhoras. Observo e penso em que casa eu posso passar esse momento detranquilidade. Um vizinho, um familiar, algum lugar que me traga paz.Encontrei a calma jogando Playstation com o vizinho, sonho como umacriança... Eu sou uma criança, mesmo as feridas na pele e na mente agindocomo ação envelhecedora na minha personalidade, ainda sou uma criança.

Tenho sonho, tenho um desejo, de um dia encontrar o caminho, que eupossa seguir sem me preocupar com o anoitecer, que os domingos não sejamfacas que penetrem minha alma. Pois vivo uma guerra não declarada, umlugar tão íntimo transformado no Iraque. Não tem ajuda Humanitária, ONU,UNICEF, CRIANÇA ESPERANÇA, nem Maria da Penha... Preciso de umdirecionamento de um guia que me leve a um lugar passivo, que eu não mesinta estranho no próprio ninho, que afaste as maldades da minha mente,onde eu possa ter o amor e carinho.

Vou continuar a procura, pois são poucas as minhas escolhas, tenho quecorrer, ou você mata o mal ou ele mata você. Eu sei que o ódio não me fazbem, mas ele que me mantém vivo, mesmo se as pessoas encararem issocomo loucura, é ele que me faz subir no ringue, é ele que me dá força paravoltar para casa, após a vizinha dizer que “está tarde”. É ele que faz com queeu não deixe minha mãe sozinha. Ele é a motriz da minha resistência.

Confesso que vivo em conflito interno, sei que é errado, mas embaixo docobertor rezo para que o tirano seja deposto do poder, que tenha a suacabeça na guilhotina. Luto para que esse sentimento não mude o meu ser,serei eu mesmo sempre, não poderão dizer que quem lutar contra aopressão com todas as suas forças tenha a mesma brutalidade do opressor,isso é autodefesa. Lutarei e vencerei meus inimigos, externos ou internos,porque tenho fé, a única coisa que me sobrou. Estou perdido no deserto,descrente, preciso de alguém, na madrugada fria não tenho ninguém e o quesobrou para mim, me sinto Jerusalém no meio do conflito e minha mãe é aPalestina. Pergunto onde está Deus, tem vezes que o xingo, mas se estouaqui protegendo minha mãe e por que Deus sempre está comigo. .::

TENHO FÉ

Naquele tempo todo-mundo se conhecia. . . To-do velho era pai de todo-mundo, se a gente tives-se fazendo arte, eles corrigiam como pai. . . E nósrespeitávamos como tal. Tinha o Seo Benedito. . .Eu gostava muito dele. . . O Seo Muniz. . . Se elevisse a luz da minha casa acesa, ele sabia queeu ainda não tinha chegado. . . Eleia até a estação e me esperava.

Dona Dirce, com zelo no narrar,seu jeito manso... Chegou a afir-mar que os velhos tempos é quesão os bons, sua irmã: Dona Nair,tímida, mal dizia, só um sorrisolhe escapava vez por outra.

Primeiro nós moramos naquelacolônia, no Alegria depois nósdescemos pr’aqui pra perto da li-nha, e era mesmo um concentra-do de espanhóis, por isso quehoje se chama Vila Espanhola.Depois da Vila Espanhola, nósviemos morar aqui na Gerônimo Caetano Gar-cia. . . Estavam loteando esta área, meu pai com-prô este terreno e. . . Só que naquela época nãotinha comércio nenhum, nenhum, nenhum e hojesó sobrou esta casa que não é comércio.

A cidade se desenvolve sem nem ter paraonde crescer, pois seu centro nada mais é doque um imenso vale. Hoje nossa principal ati-vidade econômica, como da maioria das cida-des suburbanas, é o comércio, mas nemsempre foi assim. . .

Antigamente, se a gente quisesse fazê compratinha que ir pra Franco ou pra Jundiaí. . . Tinhao Seo Manuel Felix, a Dona Isaura, mas eraaquela coisica de nada, era uma vendinha. . . Po-

dia marcar, porque todo-mundo se conhecia. . .Mas pra fazê compra, mesmo, era só Franco ouJundiaí. . . daí tinha o Seo Vicente que tinha umacarrocinha, que fazia os carreto, a gente pagavapra ele. . . quando a compra chegava na estaçãoela já sabia, já pegava e trazia. Os trens tinha

um vagão só pra mandar merca-doria, na estação tinha um salãogrande que era o Armazém, daías compras chegavam, ia pra láe cada um pegava a sua. Ah! Ti-nha também um vagão especialque levava os defuntos, porque ocimitério mais próximo era o deFranco da Rocha, né. Chegavalá ainda tinha que caregá namão até o cimitério. . . Nossa Vo-vó faleceu aqui e foi sepultadaem Franco.

Do poema “A arte de ser fe-liz”, de Cecília Meireles: Houveum tempo em que minha janela

se abria/ sobre uma cidade que parecia ser feitade giz. / . . . / Ás vezes, um galo canta. Às vezes,um avião passa. / Tudo está certo, no seu lugar,cumprindo o seu destino. / E eu me sinto com-pletamente feliz. / Mas, quando falo dessas pe-quenas felicidades certas, / que estão diante decada janela, uns dizem que essas coisas nãoexistem, /outros que só existem diante das mi-nhas janelas, e outros, / finalmente, que é precisoaprender a olhar, para poder vê-las assim.

Entrevistadas: Sibelis Grandizoli Matias,Dirce Grandizoli Matias, Nair Grandizoli Mu-nhoz e Vilma Carmen Lipiañes.

::. Nossa Prosa... Nossa História

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"O que é o homem semos animais? Se todos sefossem, o homemmorreria de uma grandesolidão de espírito. Poiso que ocorre com osanimais também afeta ohomem. Tudo estárelacionado entre si."

Chefe Sealth

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Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

Naquela época. . . A jovem Dona Sibelis,uma das entrevistadas

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Page 6: Oxe! - Abril de 2012

5 Abril / 201 2

Por: Messias SilvaAutoria: Tião Simpatia

Está em pleno vigornão veio para prender homemmas para punir agressorpois em “mulher não se batenem mesmo com uma flor”.

A violência domésticatem sido grande vilãpor ser contra a violênciadesta lei me tornei fãpara que a mulher de hojenão seja vítima amanhã.

Toda mulher tem direitoa viver sem violênciaé verdade, tá na leique tem muita eficiênciapra punir o agressore à vítima, dar assistência.

Tá no artigo primeiroque a lei visa coibira violência domésticacomo também, prevenircom medidas protetivase ao agressor, punir.

Já o artigo segundodesta lei especialindependente de classenível educacional

de raça, de etnia;opção sexual. . .

De cultura e de idadede renda e religiãotodas gozam dos direitossim, todas! sem exceçãoque estão asseguradospela constituição.

E que direitos são esses?eis aqui a relação:à vida, à segurançatambém à alimentaçãoà cultura e à justiçaà saúde e educação.

Além da cidadaniatambém à dignidadeainda tem moradiae o direito à liberdadesó tem direitos nos “as”e nos “os”, não tem novidade?

Tem direito ao esporteao trabalho e ao lazere o acesso à políticapro Brasil desenvolvere tantos outros direitosque não dá tempo dizer.

Dessa vez deixo um pouco de lado a histó-ria do nosso candidato do bilhete roubado, pa-ra lembrar que comemoramos no mêspassado o dia internacional da mulher, aliás,muito merecido; foram muitas as homena-gens prestadas, por vários órgãos de nossomunicípio, muitos discursaram, falou-se mui-to sobre a saúde da mulher; aí lembrei-me daDona Maria...outro dia eu a ouvi queixar-seque está com um caroço no seio e que sentedores, também ouvi quando alguém querendoajudar disse a ela que temos aqui em nossa ci-dade a casa de saúde da mulher; e é claro, Do-na Maria apavorada como estava moveu céuse terra para conseguir uma consulta; ao sairde lá com um pedido de mamografia nasmãos e uma suspeita de câncer, tentou marcaro exame, mas o que ouviu é que iria ficar nafila de espera para conseguir uma vaga. Seráque a Dona Maria estava lá na praça do CICno dia 8 de março? Porque lá tinha manicure,corte de cabelo , maquiagem, muito blá bláblá e etc... Já nem chamo isso de tampar o solcom a peneira, chego até mesmo ao extremode dizer que estão maquiando defunto, por-que é isso que estão fazendo com nossas mu-lheres. Fazer unhas, cortar cabelo, se maquiarde graça um dia no ano, enquanto um proble-ma tão mais complexo se arrasta o ano todo?

Ah! Teve também exame ginecológico, quedespropósito! Quando temos lugar próprio pa-

ra isso e as mulheres esperam meses por umexame, nesse dia muitas se submeteram a umexame numa base móvel no meio da rua!

Será que foi diagnosticado nesses examesalgum problema que precisasse de maiorescuidados? Se foi, senhoras de Morato, procu-rem dar seguimento ao tratamento e tentemnão se decepcionar; e tomara que consigamantes do próximo 8 de março.

E deixo aqui mais um alerta às queridase guerreiras mulheres moratenses: fiquematentas à candidatozinhos que nunca semanifestaram em favor de vocês; o anopassado, o retrasado, todo ano, o dia 8 demarço passa batido, mas em ano de eleição,colocam uma faixa bem grande em frentede seu comércio com os dizeres: "ESSECOMÉRCIO PARABENIZA TODAS ASMULHERES PELO SEU DIA". Ridículo!Sabe por quê? No próximo ano, ganhandoou não a eleição, essa faixa com certezanão vai estar lá, porque nunca esteve nosanos anteriores, e se por acaso ganhar, vaicuidar muito bem da saúde das mulheressim, mas as da casa dele! O caroço do seioda Dona Maria, não vai ser problema seu, àessas alturas ela estará assistindo à tudo is-so de um segundo plano, infelizmente.

Portanto, candidatozinhos, esses "PARA-BÉNS" vindo de vocês é uma ofensa! .::

VViinnddoo ddee vvooccêêsséé uummaa ooffeennssaa!!

PPoorr:: MMaarrccoo NNoogguueeiirraa

A Lei Maria da Penha(Parte 1 )

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Samantha, Juliana Balduino, Juliana Queiróz, Sirlene,Soraia, Carolzinha, Tata, Luciane Mattos e outras (ColetivoCultural Esperança Garcia); delegada titular Dra. Marildade Jesus Reis Romani e equipe (Delegacia de Defesa daMulher de F. Morato), delegada titular Dra. Marli MauricioTavares e equipe (9ª Delegacia de Defesa da Mulher); paraas mulheres da cidade natal do Tião Simpatia - CearáFortaleza e em memória às mais de 130 mulheres quemorreram queimadas numa fábrica têxtil em08/03/1857 em Nova York data escolhidacomo dia internacional da mulher.

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nome a leibrasileira quecombate a

violência contraa mulher

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Page 7: Oxe! - Abril de 2012

6Abril / 201 2

::. Rapidinha

Olá amigos do Ôxe! Como estão?

Primeiramente quero parabenizá-los pela persistência na divulgaçãode arte e cultura num lugar como Francisco Morato. É algo realmentelouvável e quase impossível... Quase...

Depois, gostaria de dizer que procuro lê-los sempre quando posso...Tive a oportunidade de ler parte da última edição e confesso, a infelici-dade de me deparar com um texto sucintamente irresponsável chama-do “O movimento feminista, o pior erro das mulheres”. Irresponsáveltalvez seja a melhor palavra para demonstrar meu sentimento em rela-ção ao escrito. Desde o título...

Deixo claro que não estou aqui me colocando a favor nem contramovimento A ou B, mas fazer um paralelo com um movimento im-portante, marco histórico da humanidade, com um tititi de mulheresnum trem, é algo inominável. No lugar de uma reflexão ampla sobre oassunto, sobre as dificuldade de ser mulher num tempo como este, so-mos presenteados com um resumo vulgar, uma comparação pífia, umdesmerecimento do que é ser mulher... Tudo para narrar uma novelade banco de trem, que fala de vaidades e não toca em nada além dis-to... e para falar a verdade, estamos um tanto fartos dos lenga-lengasdas novelas, não é!?

Fico pensando no que leva alguém a descontextualizar um movi-mento histórico desta forma e traçar este paralelo, como se a condiçãoda mulher (grave ainda em nossos tempos) se resumisse a uma triviali-dade desta. Será que a pessoa que escreveu este texto tem a dimensãodo quanto, ainda que com os movimentos, as lutas, as tentativas antigase atuais, a mulher (e tudo que foge da heteronormatividade) continuavítima de um machismo falido, mal resolvido, truncado, truculento,bárbaro? Penso que não, pois caso tivesse, teria maior cuidado e éticaao tratar de um tema tão complexo...

Destas pequenas polêmicas banais, nossos olhos e ouvidos estãocansados. As vemos estampadas diariamente em jornais sangrentos.Porém, para além disto, há um conjunto de realidades que precisam serconsideradas quando escrevemos sobre algo. De outra forma, recairía-mos neste jornalismo preguiçoso, tendencioso e polemista de sempre.

Que o jornalismo seja um exercício de ousadia, inteligência, de cui-dado estético... para além das reclamações nossas de cada dia.

Não sei se o Ôxe! exerce algum tipo de triagem do material que pu-blica e como o faz. Mas, com a verba pública investida na realizaçãodo projeto, penso que ele torna-se cada vez mais acessível, o que cha-ma a população a refletir sobre seu conteúdo e até mesmo criticá-lo,como é o caso. Vejo isto como algo bom, saudável.

Meu abraço a toda a equipe.

Morato virou astro daRede Globo?

É o que parece... Só em março foram 2 apa-rições. No começo do mês o terminal intermi-nável, definitivo mas inacabado, como nossoexcelentíssimo prefeito disse ao prometer noSPTV, há um mês: bancos, bebedouros e ba-nheiros... Mas, passado esse um mês, não sevê nada de nada. Quer sentar? Que sente nochão. Tá com sede? Que compre uma garrafa

d'água e se,por azar, al-guma ne-cessidadefisiológicaapertar, queo indivíduouse a moita!Já no dia 29

foi notícia do SPTV e do Jornal Nacional,após o quebra-quebra em resposta ao descasocom que a CPTM trata seus usuários. Pra sa-ber mais acesse: blogduoxe.blogspot.com

m minha cidade há uma pra-ça. Em minha praça há umcoreto com um característi-

co odor de urina. Eu estava lá –Entre Sertões e Sevilhas –,acompanhado de João Cabral deMelo Neto, que me declamavasuas aventuras. Após a chegadaem Catalunha, nos apareceu umvarão: encardido – de pele e co-larinho –, vestia um paletó azulmarinho e, até o umbigo, umagravata lhe escorria. Este falavada vida de Jesus de Nazaré – tor-naram-no, em minha opinião, talcomo o computador e da televi-são, um meio eficacíssimo deanestesia às massas.

– Que ele morreu na cruz enos lavou com seu sangue, ir-mãos! Se sacrificou para que agente alcançássemos o Reino doCéus...

De concordância ele não eratão bom... Porém, de eloquên-cia, era fenomenal! E gritava,gesticulava, batia as palmas e da-va saltos... Preparação corporaldigna dum atleta!

Eu e João assistíamos aoshow.

– A Terra está imundada –com licença poética, tínhamosconosco um neologista! – de pe-cado...

“João, quanto quer valer quedaqui há poucas frases mencio-nará o Cão?”

– Pois o Satanás...

“Ah! Você paga o café!”. Es-ses pregadores urbanos devemsentir prazer ao pronunciar estenome e suas derivações... Ou opróprio dito-cujo lhes dá umaajuda de custo pela divulgação.

Enquanto ele não nos perce-bia, tudo ia bem, mas João nãoconteve seu riso... E o varão nosavistou...

– Irmão! Você crê que há umDeus e que ele ama a sua alma?

“Que falta de respeito, não éJoão? Essezinho te ignoroucompletamente!”.

Ele continuou:

– Você quer sair desta vidade pecados, meu filho? Querlargar esta vida mundana e obs-cura deste mundo de ilusão?Segure na mão do criador e sejaum servo temente. Venha paraluz e aceite a Jesus como seusalvador! – seus olhos se espre-miam e reviravam, seu corpofremia como se uma overdosetivesse – Aceite a Jesus comoseu salvador, meu filho! Aceite!Aceite!

De repente, meu diálogo comJoão Cabral tornou-se impossí-vel. Foi quando decidi.

“S’embora, João! Prosearmosnoutra freguesia!”. .::

OO qquuoott ii dd iiaannoo dduumm ssuubbuurrbbaannooDDrraammaa CCrrôônniiccoo

PPoorr:: OOllaavvoo PPaassssooss**

ENNaa pprraaççaa.. .. ..

Resposta Crônica*Por: Eduardo Bartolomeu

* - E-mail enviado em resposta ao tex-to da coluna "Drama Crônico - O quoti-diano dum suburbano" da edição deMarço de 2012 do Informativo Ôxe!

* - Olavo Passos é um personagem do Drama Crônico, criado porGeorge de Paula

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Quem não tembanco. . . caça com

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imagem: MariMoura

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