Upload
lyphuc
View
223
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
outubro 2013 Flas
h 197
STUFA
Uma horta na sua casa
Capa
Próximas Realizações Capa
Viagem à China, Butão,
Kathmandu e Calcutá
2
Encontro de Veteranos 47
Campeonato Interno de
Pesca Desportiva
48
Final Nacional - Futsal 49
Sorteio Led Zeppelin 51
Visita ao Lisbon Story
Center e à Kidzania 52
Destaques
Próximas Realizações
02 abr - Beauty Day
04 abr - Dinastia - Circo Russo
05 abr - Campeonato Interno de
Karting Masculino (1ª elim)
11 abr - Stomp
11 a 17 abr - Viagem à Madeira e
a Porto Santo
12 abr - Almoço de Aniversário do
Clube Galp Energia
19 abr - Campeonato Interno de
Karting Masculino (2ª elim)
26 abr - Concerto para bebés no
Oceanário de Lisboa (5ª data)
28 abr - Teatro: As obras
completas de William Shakespeare
em 97 minutos (3ª data)
10 mai - Passeio Pedestre Lisboa
Gastronómica (8ª data)
24 mai - Passeio ao Aqueduto das
Águas Livres
Numa bela manhã de Sábado em setembro, lá fomos nós para o
Workshop “Uma horta em sua casa”, no Lx Factory em Alcântara.
Numa mesa ao ar livre e num ambiente muito descontraído, lá estávamos
nós a aprender importantes dicas sobre as plantas mais indicadas para
ter em casa (interior, varandas ou quintal) e de como as tratar… no final
tivemos a oportunidade de materializar o que aprendemos, semeando em
dois vasos plantas aromáticas à nossa escolha (manjericão, coentros,
salsa ou mostarda)…
Depois de uma manhã bem passada “com as mãos na terra”, ainda
pudemos aproveitar para dar um passeio pelo espaço do LX Factory e ver
as novidades das lojas…
Ana Maio, Marina Vicente e Olga Basílio
STUFA
Uma horta em sua casa
outubro 2013 Page 2
Viagem à China, Tibete, Butão, Kathmandu (Nepal) e
Calcutá (Índia)
de 22 de setembro a 9 de outubro de 2013 Explorar lugares novos, encontrar pessoas interessantes e conhecer uma cultura completamente
diferente é o que motiva a maioria das pessoas a fazer as malas e desbravar outros cantos do planeta.
Afinal, viajar não só é uma atividade altamente relaxante, mas também uma maneira de enxergar a
pluralidade do mundo em que vivemos. Alguns destinos podem inspirar mudanças mais profundas, seja
pelo caráter atribuído à viagem, pelo misticismo do destino, pelas suas paisagens naturais ou pelas
riquezas culturais do percurso. Também se pode conhecer uma série de lugares que, pela força das
experiências que proporcionam, podem mudar a maneira de ver a vida de qualquer pessoa.
Além disso, a vida faz-se de pequenos prazeres e avança graças aos sonhos, renovando ideais, valores
e a criatividade. E foi com este pensamento que me inscrevi para esta viagem, no mês de Novembro do
ano passado. Para mim, poder visitar o Tibete e o Butão era o conjugar de todas estas situações!
Mas os dias passavam devagar e o início da viagem nunca mais chegava. Mas chegou, finalmente, no dia
22 de Setembro. Ouvira comentários de pessoas que tinham ido no primeiro grupo, o que aguçara a
minha curiosidade acerca da China, que eu visitara há muitos anos, e ainda mais acerca do Tibete e do
Butão e também de Calcutá, que me eram totalmente desconhecidos e dos quais quase nada sabia.
Assim, na madrugada desse dia 22 de Setembro, com uma temperatura de 30 e muitos graus em
Lisboa, reunimo-nos no Aeroporto: éramos 44 pessoas (incluindo o Presidente do Clube Galp – Paulo
Rua, o Vice-Presidente Daniel Bertelo e a guia da Agência de Viagens – Benilde). O primeiro voo levou-
nos até Frankfurt, onde, depois de uma espera de cerca de 3 horas e meia, apanhámos o voo para
Pequim, A viagem decorreu serenamente, apenas com o incómodo de dormir no avião, mas pelas 8
horas da manhã do dia seguinte, aterrámos em Pequim. A primeira coisa que me impressionou nesta
cidade foi o aeroporto, projectado por dois arquitectos britânicos: é gigantesco (o maior do mundo),
ultra-moderno, eficiente, confortável e com total acesso de luz natural. Como era diferente do antigo
aeroporto que eu tinha conhecido há alguns anos…
outubro 2013 Page 3
Do tecto pendiam numerosas placas escritas em variadíssimas línguas, entre as quais o Português:
“Bem-vindo!” Num local tão distante da nossa terra, era simpático poder ler esta saudação!
Depois de entrar no autocarro, a caminho da primeira visita, não quis perder nada do que ia vendo.
Onde estavam os milhões de bicicletas que percorriam o asfalto há duas décadas? Agora tinham sido
substituídas por milhares de carros de alta cilindrada, a maior parte deles negros, de vidros fumados,
como Mercedes, Hondas, Buicks, Maserattis, Lamborginis, Bentleys e por aí adiante, mas a maior
parte destes modelos não está à venda em Portugal! Os táxis eram todos da marca Hyundai, mas muito
grandes, de um modelo que também não se encontra em Portugal. Onde paravam as pessoas que faziam
a barba e cortavam o cabelo na rua aos clientes, em cadeiras ferrugentas, que reparavam objectos
nos passeios com toda a espécie de ferramentas, que cozinhavam na rua, os velhinhos que puxavam
carroças carregadas com tudo o que se possa imaginar? Onde estavam os modestos negociantes de
fruta, que vendiam na rua a melancia às talhadas? Tudo isso desaparecera. Agora viam-se torres ultra
-modernas de muitos andares, a competir com o Dubai ou Nova Iorque, estradas e viadutos a vários
níveis, havia cadeias de restaurantes como KFC, MacDonald’s, lojas de roupa dos maiores costureiros
franceses e italianos, marcas americanas e muitas outras. Observei mulheres muito bem vestidas, tal
como em qualquer cidade Europeia. Já tinha ouvido falar no desenvolvimento da China ocorrido nos
últimos anos, mas não pensei que fosse desta dimensão…
Pequim é a capital da República Popular da China. Em 1403, o terceiro imperador Ming, chamado Zhu
Di, mudou a capital, que estava no sul, estabelecendo-a no norte e chamando-a Beijing, ou seja, capital
do norte. A Cidade Proibida foi construída entre 1406 e 1420. Em seguida, foram construídos o
Templo do Céu (1420) e vários outros monumentos. A Praça da Paz Celestial (Tiananmen) foi
incendiada por duas vezes durante a dinastia Ming, mas foi finalmente reconstruída em 1651.
Em 31 de Janeiro de 1949, durante a Guerra Civil Chinesa, as forças comunistas entraram em Pequim
sem confrontos violentos. No dia 1 de Outubro, o Partido Comunista Chinês chefiado por Mao Tse
Tung, anunciou na Praça da Paz Celestial a criação da República Popular da China. Por isso o dia 1 de
Outubro é o dia Nacional da China e tivemos oportunidade de assistir à preparação de todos os
festejos e celebrações que iriam ter lugar nesse dia. Todas as ruas, casas, lojas estavam enfeitadas,
com predominância das cores vermelha e amarela, com dragões, bandeiras, muitas flores…
Depois das reformas económicas de Deng Xiao Ping, a área urbana de Pequim cresceu duma maneira
gigantesca.
Como capital da nação, Pequim sofreu uma certa agitação política nos últimos vinte anos. Na Praça da
Paz Celestial tiveram lugar grandes protestos em Maio e Junho de 1989, que terminaram com a morte
de milhares de estudantes. Nos anos recentes, Pequim debateu-se sempre com problemas sérios,
como os engarrafamentos, a poluição do ar, a destruição do património histórico e a grande migração
de outras partes do país. Foi durante séculos, a mais populosa cidade do mundo, contando, hoje, com
cerca de 10,3 milhões de habitantes dentro dos seus limites. A sua região metropolitana é a 12ª mais
populosa da Terra, contando com cerca de 17 milhões de habitantes.
outubro 2013 Page 4
Pequim é um dos maiores e mais importantes centros financeiros da China. Como uma cidade
historicamente industrial, hoje, uma grande parte do Produto Interno Bruto da cidade vem da
actividade industrial terciária. Isso contribuiu para que Pequim, em 2009, fosse sede de 41 das 500
maiores empresas mundiais (e de mais de 100 das maiores empresas da China). O centro financeiro da
cidade, concentrado principalmente na área central de Guomao, é um dos principais centros de
comércio da China, concentrando diversas empresas, escritórios comerciais e centros comerciais. Já a
Zona Financeira de Pequim, é um dos mais tradicionais centros financeiros da China. A área de
Zhongguancun, conhecida como “Sillicon Valley chinês", abriga diversas indústrias relacionadas com a
alta-tecnologia e a informática, além de, mais recentemente, empresas de produtos farmacêuticos. Do
mesmo modo, a parte sudoeste da periferia da cidade é sede de inúmeras indústrias ligadas à
tecnologia de informação, bem como aos produtos farmacêuticos e petroquímicos. A cidade também
possui outros diversificados parques industriais.
Na sua qualidade de capital política e cultural da China, Pequim abriga um grande número de
faculdades e universidades, incluindo várias reconhecidas a nível internacional, como a Universidade
de Tsinghua (considerada uma das melhores universidades da China) e a Universidade de Pequim, num
total de 59. Muitos estudantes estrangeiros, vindos dos países vizinhos e de outros continentes, vêm
para Pequim todos os anos.
Com o crescimento da cidade após as reformas económicas, Pequim tem evoluído como o centro de
transportes mais importante da República Popular da China e do leste asiático. Circundando a cidade
existem cinco anéis rodoviários (estando um sexto anel prestes a ser concluído), nove vias expressas,
onze auto-estradas nacionais, várias linhas ferroviárias e um aeroporto internacional.
A temperatura era agradável, mas quando saímos do autocarro para iniciar as nossas visitas, caía uma
chuva miudinha e persistente. Como não estávamos preparados para a chuva, o Paulo Rua comprou
capas de plástico, que ofereceu a todos. E foi assim, cada um vestido de uma cor diferente, que
iniciámos a visita do Antigo Palácio de Verão.
outubro 2013 Page 5
O Palácio de Verão de Pequim, um enorme conjunto de lagos, palácios, jardins e pontes, foi construído
no século 18 para que a corte imperial tivesse um refúgio de verão para o insuportável calor da Cidade
Proibida.
Amplamente reformado e melhorado pelos imperadores da dinastia Qing, nomeadamente Qianlong, foi
destruído pelas forças anglo-francesas durante a Segunda Guerra do Ópio (1856-60). Localizado a 12
quilómetros do centro de Pequim, as principais atrações do grande parque encontram-se junto ao
amplo lago Kunming. Lá estão a ponte de dezessete arcos e suas dezenas de leões de mármore sobre
as balaustradas; o Longo Corredor, em cujos 728 metros estão pintadas milhares de cenas sobre a
mitologia e história chinesas e a Colina da Longevidade e suas dezenas de pavilhões e edifícios
históricos. Um pouco mais a oeste está o famoso Navio de Mármore.
Além da paisagem pitoresca e das construções maravilhosas, o Palácio de Verão ainda guarda
numerosas peças de artesanato antigo e preciosos objectos de bronze, porcelana, jade e seda, bem
como caligrafias e pinturas antigas. Tudo isso reflecte a civilização milenar da nação chinesa. Em
Dezembro de 1998, o Palácio de Verão foi incluído na lista de patrimónios mundiais da Unesco.
Talvez a grande atração do parque seja o Corredor Long, que liga o Templo da Benevolência (logo na
entrada do parque) até ao Navio de Mármore, circundando toda a orla do Lago Kunming, e foi
construído no reinado do Imperador Quianlong. O nome dado ao corredor (Long) não está relacionado
com o seu tamanho, mas sim por causa do nome do Imperador (Quianlong), que significa “Benevolência
Divina”.
O corredor, tal como quase todos os outros templos do parque, é inteiramente feito de madeira e
ricamente decorado, possuindo cerca de 14.000 pinturas individuais feitas à mão. À medida que
percorríamos este corredor, víamos grupos de homens e mulheres sentados e de pé, que jogavam às
cartas, discutindo acaloradamente e alguns outros que jogavam uma espécie de damas, em tabuleiros,
fazendo um ruído ensurdecedor.
Na ponta extrema do Corredor Long está o Navio de Mármore, uma estrutura inteiramente feita de
mármore, no formato de um barco, construído a pedido da Imperatriz Cixi.
O barco nunca teve a intenção de navegar, pois foi construído em terra firme na beira do Lago, e
supostamente representava a solidez da Dinastia Qing, que jamais se afundaria.
outubro 2013 Page 6
Do outro lado do lago está a Ponte dos 17 Arcos, que se liga à ilha Nanhu, que é a maior ilha do Lago
Kunming, onde está o Templo do Rei Dragão.
A ponte é a réplica de uma outra ponte de Pequim e representa o pescoço de uma tartaruga (já que a
Ilha Nanhu vista de cima, tem o formato de uma tartaruga), que é o principal símbolo da longevidade
na cultura Chinesa e por isso é um animal sempre muito reverenciado pelos Imperadores Chineses. Do
nosso programa constava a hipótese de se fazer um passeio de barco pelo lago, se o tempo o
permitisse, mas São Pedro não o permitiu…
Almoçámos no restaurante Tai Mansion no Hotel Four Points by Sheraton e prosseguimos com as
nossas visitas, agora para o Templo do Céu.
O Templo do Céu é um conjunto de templos taoistas existente em Pequim e o maior de toda a China (o
taoísmo é um sistema filosófico-religioso com base nos ensinamentos de Lao Tsé, que teria vivido no
século 6 A.C., e o seu principal livro, o Tao Te Ching, é chamado o livro do Caminho e da Virtude.
O taoísmo prega a aceitação e a concessão em relação à vida, compensando e complementando a
austeridade e o rigor moral em que vivem os chineses. Acredita-se que tudo é composto pelos
elementos opostos yin e yang.
Está situado no Parque Tian Tan Gongyuan, a sul de Pequim e foi construído em 1420; tanto a Dinastia
Ming como a Dinastia Qing o utilizaram para pedir a intercessão celestial para as colheitas na Pri-
mavera e dar graças ao Céu pelos frutos obtidos no Outono. Desde 1988 que é considerado Património
da Humanidade pela UNESCO.
Inclui a norte a Sala de Oração pelas Boas Colheitas, a sul o Altar Circular e a Abóbada Imperial
Celestial.
O conjunto está rodeado de uma muralha interior e de outra exterior formadas por uma base
rectangular que simboliza a Terra e rematadas com formas arredondadas para simbolizar o Céu. As
muralhas dividem o recinto em duas zonas: a interior e a exterior.
Este templo é talvez o edifício mais conhecido de todo o conjunto e um dos mais representativos da
cidade de Pequim. Trata-se de uma construção circular, com um diâmetro de 30 metros e uma altura
de 38 metros. Construído sobre três terraços circulares de mármore branco, o edifício ergue-se
sobre 28 pilares de madeira e muros de ladrilho. Não tem nenhuma viga.
A sala tem um triplo telhado construído com telhas de cor azul e está rematado por uma bola dourada
na sua cúpula. Este edifício foi destruído por um incêndio em 1899 e reconstruído no ano seguinte.
O Altar Circular ou Altar do Céu é uma construção aberta que se liga à Sala da Oração pelas Boas
Colheitas mediante um caminho de pedra e ladrilhos, de mais de 350 metros de comprimento.
Construído em 1530, o altar consta de três terraços concêntricos rodeados de varandins de mármore
branco.
outubro 2013 Page 7
Cada lanço das escadas que conduzem ao cimo do altar é formado por 9 degraus, já que os chineses
consideram o número 9 como número de boa sorte.
Aqui era onde os imperadores prestavam homenagem aos seus antepassados. Trata-se de uma
construção muito parecida à Sala da Oração pelas Boas Colheitas, embora de um tamanho menor.
Prosseguimos para o Teatro de Chaoyang, onde a acrobacia se desenvolveu como arte cénica
integrada, com banda de música, dança e iluminação. Em breve a acrobacia se converteu na China num
grande espectáculo, que é bem acolhido por toda a gente. Não posso dizer que pude apreciar todo o
espectáculo, porque a música suave e a obscuridade da sala convidavam a fechar os olhos e eu já não
dormia há muitas horas, mas gostei muitíssimo daquilo que vi e achei que os artistas eram de grande
nível.
Em seguida, fomos jantar a um restaurante muito bonito e, após o mesmo, fomos para o Plaza Hotel
Beijing, dado que a fadiga de todos já era evidente.
Durante esta viagem, o despertar foi sempre por volta das 6,30 horas, para estarmos dentro do
autocarro às 8,00 horas, para começarmos cedo as visitas, o que foi muito bom, porque a essa hora
havia menos pessoas nos locais a visitar. Com o aumento do poder de compra e do nível de vida, os
chineses começaram a fazer turismo interno e encontramo-los aos milhares em todos os locais onde
vamos.
Assim, seguimos para a Grande Muralha da China, que é uma construção realizada no decorrer de dois
milénios, tendo abrangido muitas dinastias; não é constituída apenas por uma estrutura, mas composta
por várias muralhas. No início da sua construção a utilização era fundamentalmente militar; hoje
representa um dos principais símbolos da China e é considerada um importante ponto turístico.
A construção da Muralha teve início no ano 220 A.C. e sua conclusão ocorreu somente no século XVI,
na dinastia Ming. De acordo com os historiadores, para conceber tal monumento foi necessário o uso
da mão de obra de milhões de pessoas.
Um dos principais exemplos de aplicação de conhecimentos de engenharia é esta Muralha, imensa
construção arquitectónica que possui aproximadamente 8.800 quilómetros de extensão, 7,5 metros de
altura e 3,75 metros de largura; é considerada como uma das mais fantásticas obras construídas pelo
homem e hoje é reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo.
outubro 2013 Page 8
O objectivo militar da Muralha da China era impedir a entrada de tribos nómadas oriundas da
Mongólia e da Manchúria e pretendia defender o norte do país desses invasores.
O dia estava quente e subimos até à secção de Badaling, de onde se podia apreciar uma perspectiva
magnífica.
Após o almoço no Hotel Badaling, continuámos para a visita aos túmulos da dinastia Ming.
Grandiosos em termos de escala, os túmulos Ming são o expoente das mais elevadas técnicas de
construção da dinastia Ming (1368-1644). A localização dos túmulos foi cuidadosamente escolhida e os
túmulos desenhados com perícia. A sua construção seguiu processos muito rigorosos e foram
seleccionados materiais de entre os mais nobres e de melhor qualidade. O desenho de implantação dos
túmulos teve em conta aspectos funcionais relacionados com o cerimonial dos funerais imperiais,
assim como aspectos estéticos, incorporando colinas, rios e lagos em seu redor. Os túmulos localizam-
se ao norte de Pequim, e estendem-se por um perímetro de 40 quilómetros, sendo a última morada de
treze dos dezasseis imperadores Ming.
A construção do Túmulo de Changling, o primeiro dos túmulos a ser edificado, iniciou-se em 1409.
Os treze túmulos Ming incluem os túmulos de Changling, com 600 anos, Xianling, Jingling, Yuling,
Maoling, Tailing, Kangling, Yongling, Zhaoling, Dingling, Qingling, Deling, e, finalmente, o de Siling, com
350 anos.
A Arcada de Pedra, situada no extremo sul do Caminho Sagrado, foi construída em 1540 e tem 14
metros de altura por 19 metros de largura. Esta arcada é decorada com desenhos de nuvens, ondas e
animais divinos. De proporções perfeitas e finamente esculpida, é um dos exemplares mais bem
preservados do seu género, da dinastia Ming e é também a maior arcada de pedra antiga de toda a
China.
A Porta do Grande Palácio constitui a entrada principal da área dos túmulos, onde se encontram três
pórticos em arco. Estendendo-se a partir de ambos os lados do pórtico, existem muros que circundam
toda a zona. Em frente do pórtico existe uma estela onde o protocolo exigia que os oficiais
desmontassem dos seus cavalos e entrassem na zona dos túmulos a pé, demonstrando o seu respeito
pelos anteriores imperadores.
A via que se estende por 7 quilómetros a partir do Arco de Pedra do Túmulo de Changling, é conhecida
por Caminho Sagrado. No entanto, apenas algumas secções do caminho, incluindo o Pavilhão da Estela,
os Animais e Figuras de Pedra e o Pórtico Ling Xing, se encontram abertas ao público.
Animais e Figuras de Pedra: localizado nas traseiras do Pavilhão da Estela, é constituído por duas
colunas hexagonais de pedra e dezoito pares de animais e figuras humanas, também em pedra. Estão
representados três tipos de oficiais (civis, militares e honorários), simbolizando os funcionários que
assistiam o imperador na administração do estado, e ainda seis animais: leão, grifo, camelo, elefante,
unicórnio e cavalo.
outubro 2013 Page 9
O pôr do sol já estava próximo, o que queria dizer que pouco tempo de luz de dia ainda tínhamos, mas
ainda houve tempo para irmos até á praça onde fica o Estádio Olímpico de Pequim (the Bird’s Nest,
devido às suas estruturas expostas de ferro e aço, que se cruzam e entrelaçam, semelhante a um
ninho) e o Water Cube ou Centro Aquático Nacional, onde vários recordes mundiais de natação foram
batidos durante os Jogos Olímpicos de 2008 e onde Michael Phelps conseguiu 8 medalhas de ouro.
Este Cube esteve fechado e foi convertido num parque aquático, depois de nele terem sido gastos 51
milhões de dólares) e abriu ao público, para trazer renovado interesse e atrair mais turistas, no dia
que coincidiu com o segundo aniversário do dia de abertura dos Jogos. Tem uma piscina com ondas, um
rio, uma zona de SPA e 13 slides aquáticos.
O Estádio Olímpico de Pequim foi o palco das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos
Olímpicos de Verão e fica localizado próximo do Centro Aquático Nacional de Pequim. Começou a ser
construído em Dezembro de 2003 e tem uma capacidade actual de 80.000 espectadores, tendo
chegado a comportar 91.000 pessoas durante os Jogos Olímpicos.
O custo da construção foi, aproximadamente, de 423 milhões de dólares. O estádio recebeu, além das
cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos, as provas de atletismo e a final do futebol. Do
outro lado da rua, havia um enorme arranha-céus, que terminava com o formato da chama olímpica.
Esta Praça estava cheia de pessoas, que lançavam papagaios enormes e havia vendedores que
ofereciam tudo o que é possível e impossível de imaginar, juntamente com variadas espécies de frutas
e comidas. Havia centenas de crianças que estavam sempre dispostas a serem fotografadas, fazendo
um V com os dedinhos indicador e médio e brindando-nos com os seus melhores sorrisos, ao mesmo
tempo que atiravam beijos, por sugestão das suas “babadas” mães e avós.
Quando chegámos ao Restaurante “Soho”, para comer o famoso “Pato à Pequim” já era noite e aí tive a
agradável surpresa de encontrar uma amiga chinesa que conhecera há alguns anos em Lisboa e que,
depois de combinar encontrar-se comigo no Hotel, antecipou-se e resolveu fazê-lo no Restaurante.
outubro 2013 Page 10
O pato assado de Beijing, também conhecido como “pato à Pequim” ou “pato laqueado” é um dos pratos
mais famosos da culinária da China. É uma receita muito antiga, servida nas cortes imperiais da China,
feita com patos criados especialmente para esta preparação, temperados com molhos específicos,
assados em fornos especiais e servidos com crepes muito finos, depois da carne ser cuidadosamente
fatiada.
A pele do pato assado fica com uma cor avermelhada brilhante, por causa dos molhos, em especial do
mel ou maltose com que é coberta, mas também devido à forma de assar: tradicionalmente, os patos
são pendurados num forno aquecido com o fogo de madeiras rijas aromáticas, principalmente de
árvores de fruto, como tamareira-da-china, pereira ou pessegueiro, que não produzem fumo. Embora
este sistema ainda seja utilizado, mais modernamente passou a usar-se um forno com grelhas
horizontais, aquecido com o fogo de palha de sorgo e os patos só são postos a assar quando o fogo se
apaga, apanhando apenas o calor das paredes, o que faz com que a pele fique tostada, mas a carne
continue tenra e gostosa no fim do assado. Existe ainda um terceiro método, usado desde o período
Qianlong, que consiste em assar o pato num espeto que se vai virando; este método imita a forma
tradicional de assar o leitão, cuja pele crocante foi a motivação para esta nova forma de preparar o
pato.
O pato à Pequim é servido por um cozinheiro que o prepara à
frente dos clientes, apresentando em primeiro lugar a pele
tostada, que os comensais podem mergulhar num molho de
vinagre com alho e açúcar (ou molho de soja) antes de comer; a
seguir, a carne é finamente trinchada. Um cozinheiro
experiente é capaz de cortar 100-120 fatias dum pato em 4-5
minutos. Os crepes muito finos, por vezes chamados “panquecas
mandarim”, encontram-se em pratinhos sobre a mesa, assim
como tirinhas de cebolinho e molho de soja. Os clientes devem
colocar um crepe no prato, barrá-lo com molho de soja, usando
um cebolinho como “pincel”, deixar o cebolinho sobre o crepe e,
com os pauzinhos, servir-se de 3-4 pedaços de carne, e enrolar
o crepe para comer.
Estávamos no quarto dia de viagem e neste dia o nosso destino era, em primeiro lugar, a Praça da Paz
Celestial ou Praça Tiannamen que é a segunda maior praça do mundo, com 880 metros de norte a sul e
500 metros de leste a oeste, com uma área total de 44 hectares. Tendo sido ampliada em 1949, a
praça tem ao norte a Cidade Proibida e no centro um obelisco de Pedra (o Monumento aos Heróis do
Povo), de 38 metros de altura, com inspiração do presidente Mao Tse Tung, onde está escrito “os he-
róis do povo são imortais”. A leste e oeste foram construídos importantes edifícios de estilo soviéti-
co: um deles é a Assembleia Nacional e o outro é o Museu Nacional de História e da Revolução. Na
praça também está o Mausoléu de Mao Tse Tung, precedido nas suas duas frentes por grupos escultó-
ricos de camponeses, soldados, operários e estudantes.
Para os chineses a praça é conhecida como o coração simbólico do país. A Praça de Tiananmen foi con-
struída e idealizada dentro do plano urbanístico da capital que teve lugar depois de 1949, sendo o sím-
bolo da Nova China.
outubro 2013 Page 11
O Mausoléu de Mao Tse-Tung guarda o corpo embalsamado do ex-presidente chinês que faleceu no dia
9 de setembro de 1976, com 82 anos.
Uma das imagens associadas a Pequim é a enorme foto de Mao, que decora a entrada da Cidade
Proibida, no muro do chamado Portão do Céu. Foi ali do alto que no dia 1° de Outubro de 1949 Mao Tse
-Tung proclamou a República Popular da China, tornando-se o seu primeiro presidente.
Autoproclamava-se de o “Grande Timoneiro” e muitos chineses consideram-no o salvador da nação, por
uma série de mudanças que trouxe ao país durante os seus quase trinta anos de governo.
A fila para visitar o Mausoléu era grande e levámos cerca de 30 minutos para chegar até ao salão
onde está o corpo. Antes de entrar no Mausoléu é preciso deixar as máquinas fotográficas e de vídeo
num cacifo, tornando impossível qualquer retrato de Mao. Antes de subirmos para o Mausoléu,
passamos por uma máquina de raios-x.
O Mausoléu é dividido em três salões: O primeiro é O Grande Salão Norte, onde fica a entrada do
Mausoléu. Ao fundo uma enorme escultura com 3,45 metros de altura - em mármore branco, de Mao,
sentado, muito parecida com a estátua de Abraham Lincoln, que existe no Memorial do antigo
presidente americano, em Washington D.C. Atrás da estátua de Mao está a pintura de uma paisagem
de fundo azul, com montanhas e nuvens chamada “A Grande Pátria”, que tem 23,74 metros de largura
e 6,6 metros de altura.
Na entrada desse salão, em frente à estátua, há uma espécie de altar onde as pessoas – normalmente
os chineses – depositam, com todo o respeito e fazendo reverências, as flores amarelas que compram
na entrada do Mausoléu.
Mais um pouco e sempre num silêncio profundo, de muito respeito, os visitantes são divididos em duas
filas. Estamos a alguns passos do Memorial Hall, o segundo e mais importante salão, onde se encontra
o corpo de Mao. Ao entrar nesse salão principal, as filas separam-se: uma para a direita e outra para a
esquerda, fazendo com que as pessoas tenham uma visão lateral do caixão, que possui uma tampa de
vidro transparente e está dentro de uma pequena sala com paredes de vidro. Soldados em posição de
sentido montam guarda dentro desta sala, bem perto do corpo.
Como disse, Mao Tse Tung está dentro de um caixão com tampa de vidro. Quando ele morreu, os
chineses tiveram que pedir ajuda ao Vietnam para produzir esse caixão especial. As técnicas de
embalsamento também foram obtidas junto dos vietnamitas, que já tinham experiência no assunto,
pois tinham embalsamado o corpo de Ho Chi Minh, que também tem o corpo exposto num mausoléu em
Hanói.
Ao entrar no salão principal optei por seguir pelo corredor lateral direito. Mas é tudo muito rápido,
ficamos ali menos de 20 segundos. Alguns guardas apressam os visitantes que não podem parar para
ficar a olhar mais demoradamente.
Dá para perceber que Mao era um homem alto. O seu rosto é arredondado, grande. Uma luz rosada
incide-lhe sobre o rosto, que está com um ar sereno. Os seus poucos cabelos são pretos. Mao está
vestido com o tradicional uniforme chinês cinzento, que é chamado Uniforme de Sun Yat Sen – outro
antigo líder chinês. O corpo de Mao está coberto por uma bandeira do Partido Comunista da China, até
quase à altura do peito.
outubro 2013 Page 12
O terceiro e último salão, chamado O Grande Salão Sul, é na verdade a saída do Mausoléu. Não passa
de uma pequena sala que leva o visitante para a saída sul.
Ao sair do Mausoléu o visitante fica de frente para uma das laterais do Portão da Frente, um dos
ícones da Praça da Paz Celestial.
Antes de entrarmos na Cidade Proibida, ainda apreciamos dois enormes painéis vídeo, que certamente
iriam dar imagens do desfile do dia 1 de Outubro e observamos um enorme cesto de flores artificiais,
muito vistosas, de grande impacto visual, que se podia vislumbrar de todos os pontos da Praça.
A Cidade Proibida ocupa uma área de 72 hectares rodeados por um muro com 10 metros de altura e
um fosso de 52 metros de largura, numa extensão de 3800 metros. Dispõe de quatro torres de vigia
em cada canto e de quatro portas de entrada, igualmente dotadas de torres: a Porta do Meridiano (a
Sul, no eixo central da cidade), a Porta da Vontade Divina (a Norte) e as portas Floridas de Este e de
Oeste. Os antigos imperadores acreditavam viver no centro do Universo e que a linha do meridiano
passava pelo meio da Cidade Proibida.
Ao longo de praticamente cinco séculos (491 anos), viveram na Cidade Proibida um total de 24
imperadores - 14 da Dinastia Ming e 10 da Dinastia Qing -, com as suas cortes de eunucos, esposas e
concubinas.
Puyi, o último imperador, que subiu ao trono com 2 anos de idade (em 1908) foi derrubado pela
revolução republicana de 1911. Abdicou no ano seguinte, mas ficou autorizado a viver nos palácios da
Cidade Proibida até 1924, onde chegou a mandar construir um campo de ténis (ainda hoje existente),
na mais pura tradição britânica, que lhe era ministrada pelo seu perceptor inglês. O recinto só foi
aberto ao público em 1949.
A construção da Cidade Proibida iniciou-se ao quarto ano de reinado do Imperador Yongle, o terceiro
da Dinastia Ming, completando-se 14 anos depois, em 1420. Segundo parece, envolveu cerca de um
milhão de operários, dos quais 100 mil artesãos especializados. A madeira necessária para a
construção da grande maioria dos palácios e pavilhões foi transportada do Sul do país. As pedras
vieram de uma zona situada não muito longe de Pequim.
O amarelo é a cor predominante na Cidade Proibida e era quase exclusivamente usada pelos
imperadores. Para os seus antepassados, os cinco elementos do universo eram o ouro, a madeira, a
água, o fogo e a terra, a principal, à qual atribuíam a cor amarela.
Muitos dos edifícios foram reconstruídos diversas vezes, pelo que, a maioria dos actualmente
existentes data do século XVIII.
outubro 2013 Page 13
Quase totalmente construída em madeira, a Cidade Proibida vivia no pavor dos incêndios, geralmente
provocados por descuidos com lamparinas, fogos de artifício, raios ou premeditados por eunucos e
oficiais que enriqueciam à conta das obras de reconstrução. A título de prevenção, foram colocados
centenas de largos vasos de ferro (18 dos quais recobertos a ouro) nos diversos pátios, usados para
armazenar água, que era utilizada em caso de incêndio. No Inverno, acendiam-se fogueiras para impedir
a água de congelar.
No eixo central da Cidade Proibida, encontram-se três grandes pavilhões - o Pavilhão da Harmonia
Suprema (igualmente conhecido pelo Pavilhão do Trono), o Pavilhão da Harmonia Central (reservado
para descanso ou ensaios dos discursos do Imperador) e o Pavilhão da Harmonia Preservada (destinado
a banquetes e exames), conhecidos pela Corte Exterior, onde o Imperador recebia as autoridades
provinciais e conduzia os destinos do país. O Imperador, as suas mulheres e concubinas viviam na Corte
Interior, nos palácios da Pureza Celestial, Tranquilidade Terrestre e da União Celeste e Territorial.
Seis palácios a Este e outros seis, a Oeste, completavam a disposição dos edifícios, que alojavam 70 mil
eunucos e cerca de três mil concubinas. As pessoas comuns estavam proibidas de entrar na cidade. No
topo Norte da cidade, figurava o jardim imperial, com 12 metros quadrados e construído na mais pura
tradição chinesa e que era um excelente local para descansar depois de uma longa visita.
Ao todo, existem 800 edifícios com 9999 quartos no conjunto de palácios da Cidade Proibida e este
facto deve-se à exclusividade do número 10000 ser atribuído ao Imperador, a título de desejo de
longevidade. De igual modo, nenhum edifício de Pequim podia exceder em altura a do Pavilhão da
Harmonia Suprema (a maior estrutura chinesa em madeira ainda de pé). O Imperador considerava-se a
si próprio como o filho do Paraíso, nascido para governar o país e, logo, ocupando a posição mais elevada.
Esta é, também, a razão pela qual não existe qualquer árvore na maior praça da Cidade Proibida -
frente ao Pavilhão da Harmonia Suprema, com uma área de 10 mil metros quadrados -, além do receio
de um atentado a partir de uma emboscada nas árvores. Apesar de fortemente guardado e de governar
no poder mais absoluto, o Imperador vivia obcecado com a ideia de ser assassinado e trocava de quarto
praticamente todas as noites. Só os eunucos mais próximos sabiam onde dormia no final de cada dia.
Os pavilhões reservados aos aposentos privados do Imperador Qianlong e da Imperatriz Regente Cixi,
são actualmente utilizados para expor os tesouros e jóias da família real.
Depois da visita, fomos almoçar a um restaurante lindíssimo – Capital Garden e, após a refeição,
seguimos para o Aeroporto para partir para Shangai, onde chegámos cerca das 18 horas locais.
Shanghai é a segunda maior cidade da República Popular da China e uma das maiores áreas
metropolitanas do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes. Está localizada na costa central da
China oriental, no rio Huangpu, na foz do delta do Rio Yangtze. Originalmente era uma vila cuja
economia se baseava na pesca e no sector têxtil, mas cresceu de importância no século XIX, devido à
localização favorável do seu porto e como uma das cidades abertas ao comércio exterior. A cidade
floresceu como um centro de comércio entre o oriente e o ocidente na década de 1930. As reformas
económicas introduzidas por Deng XiaoPing em 1990 resultaram num intenso desenvolvimento da cidade
e, em 2005, Xangai tornou-se o maior porto de carga do mundo. Na língua chinesa Shangai significa
"sobre o mar" ou também "no mar". Hoje, Xangai é o maior centro comercial e financeiro na China
continental e tem sido descrita como o grande exemplo da pujança da economia chinesa.
A poluição em Shanghai é baixa em comparação com outras cidades chinesas, como Pequim, mas o rápido
desenvolvimento nas últimas décadas, significa que ainda é alta em padrões mundiais. A esperança
média de vida em 2006 era de 80,97 anos, 78,67 para homens e 82,29 para as mulheres.
outubro 2013 Page 14
Logo depois de chegarmos a Shangai, seguimos para o porto, onde e tomámos lugar no barco Pechoin,
para um cruzeiro que, durante uma hora, nos permitiu apreciar a iluminação da cidade à noite, que é
realmente, espectacular. Cruzámo-nos com vários barcos vistosamente iluminados e, ao longo das duas
margens, vimos dezenas de edifícios com feéricas iluminações. Pudemos observar a magnificência dos
diferentes edifícios, que nos dão o melhor espectáculo nocturno de Shangai., juntamente com as luzes
coloridas que flutuam ao longo do rio e as luzes nas suas margens.
The Bund é a famosa margem ocidental do rio Huangpu, onde podemos ver edifícios de diferentes
estilos arquitectónicos, incluindo o gótico, barroco, românico, clássico e renascentista e onde foram
construídos numerosos edifícios comerciais, o que levou, no início do século 20, a que se tornasse o
maior eixo comercial da Ásia Oriental. Tornou-se o centro político, económico e cultural da cidade e aí
encontram-se embaixadas de numerosos países, numerosos bancos, edifícios de escritórios, sedes de
jornais, hotéis e restaurantes. O espaço de actividade pública tornou-se mais amplo, atraindo mais
visitantes.
Após o cruzeiro que nos deixou encantados, seguimos para o Hotel Holliday Inn, onde jantámos e
ficámos alojados.
No dia seguinte, o despertar foi de novo a uma hora muito matutina, pois íamos ter um dia muito
preenchido. Continuámos a ver o mesmo tráfego que tínhamos observado em Pequim, os mesmos
automóveis, os mesmos viadutos e infindas torres de vidro, que davam à cidade um ar ultra-moderno.
O nosso primeiro destino foi o Templo do Buda de Jade.
É o templo mais famoso e importante de Xangai e no seu interior é comum serem realizadas
numerosas cerimónias religiosas. Este templo foi construído no início do século XX para abrigar 2
estátuas de Buda em jade branco que foram trazidas da Birmânia.
outubro 2013 Page 15
A principal atracção deste templo é precisamente estas estátuas.
A disposição deste templo é em estilo clássico, com os quatro guardiões celestiais na entrada e ao
fundo o salão mais importante. Este templo foi alvo de várias restaurações nos anos de 1912, 1952 e
1993. Os telhados dos edifícios do templo estão decorados com esculturas e sinos para afugentar os
maus espíritos. No seu interior existem várias estátuas de madeira representando o Buda e quatro
outras estátuas que representam os seus guardiões. No primeiro pátio localiza-se o Salão Precioso do
grande herói dedicado a Buda vencedor dos demónios e um salão com três grandes Budas de madeira
dourada no altar central, ladeado por outras 10 estátuas de madeira dourada de cada lado. O interior
é deslumbrante e imponente, com uma decoração baseada em faixas vermelhas e amarelas de seda
penduradas no tecto com orações inscritas. Podem ver-se os dois instrumentos de ritual: o sino e o
tambor. As duas estátuas que dão nome ao templo localizam-se no primeiro andar do segundo edifício.
Ambas são brancas, a primeira representa um Buda de jade a entrar no Nirvana e a segunda
representa um Buda sentado. Esta última mede mais de 2 metros e está repleta de incrustações de
pedras preciosas.
O templo está aberto ao culto e é muito frequentado, vendo-se numerosas pessoas que se inclinavam
perante piras cheias de brasas, onde queimavam incenso. Foi curioso verificar que até mesmo crianças
muito pequenas se inclinavam 3 vezes perante a pira e espetavam os pauzinhos de incenso na terra da
mesma.
Em seguida, fomos visitar o Museu de Xangai, que é considerado o melhor museu da China.
Abriu as suas portas em 1952 e foi totalmente reconstruído em 1994; apresenta uma área de
exposição superior a 10 000 m2, dividida em 11 galerias e 3 centros de exposições. Conta com uma
colecção de mais de 120 000 peças de arte chinesa antiga (bronze, escultura, cerâmica, jade, pintura,
caligrafia, selos, moedas, móveis das Dinastias Ming e Qing e artes das minorias étnicas chinesas),
bem como várias salas de exposições temporárias.
As suas colecções de bronze, cerâmica e pintura são as mais
importantes. No dia da nossa visita, havia uma exposição
temporária sobre os Impressionistas, mas não foi possível
visitá-la, porque a fila tinha algumas centenas de pessoas, e
o nosso tempo era reduzido. Este museu mostra a riqueza da
arte na China de uma forma inteligente e didáctica.
Em seguida, dirigimo-nos à Pearl of the Orient Tower, que
tem 468 metros de altura, o que faz dela a torre de
comunicações mais alta da Ásia e uma das mais altas do
mundo. A construção da Torre foi iniciada em 1991. Tem
uma configuração única, com 11 esferas de aço, que vão
diminuindo de diâmetro à medida que se aproximam do alto
da torre. O arquitecto da torre vê estas esferas como se
fossem pérolas e, efectivamente, à noite, quando está
iluminada, é extremamente bonita, podendo ser considerada
uma pérola do Oriente. Quando entramos no elevador, este
leva-nos, em poucos segundos, pelo interior da torre, a um
piso todo envidraçado, onde existem algumas lojas e cafés.
outubro 2013 Page 16
Daí podemos ter uma visão sensacional da cidade, que se estende no horizonte num ângulo de 360
graus, com o rio a rodeá-la e permitindo ver o distante solo debaixo dos nossos pés.
Daqui, fomos almoçar ao Hotel Marriott e seguimos para o jardim Yuyuan, que fica no centro da parte
antiga da cidade de Xangai, numa zona rodeada por uma muralha. Foi construído no século XVI,
durante o reinado do imperador Ming Jiajing, mas depois foi abandonado. Foi restaurado em 1760,
mas mais tarde foi destruído pelos Ingleses. Este jardim foi um bazar na primeira metade do século
20, para ser novamente restaurado em 1957.
É um excelente modelo da arquitectura paisagista clássica chinesa. Com uma área superior a 2
hectares o jardim é famoso por numerosas maravilhas arquitectónicas e aí estão concentrados os
elementos essenciais da jardinagem chinesa, bem como preciosas relíquias culturais, mostrando o
melhor da tradição da arte chinesa. Este é o jardim privado onde melhor se conseguiu combinar a
vegetação com os pavilhões, rochas e lagoas. Na cada de chá do meio do lago localizada em frente à
entrada principal do jardim, bebeu chá a rainha Isabel II da Inglaterra, quando aqui se deslocou em
1986.
Em seguida, fomos a um mercado, onde pudemos ver tudo o que existe à venda nas ruas de Shangai.
Depois caminhámos um pouco ao longo do rio e observámos The Bund, durante o dia, da outra margem
do rio. Aí encontra-se uma escultura de um touro, do artista italiano Arturo di Modica, precisamente
igual a uma que podemos ver em Wall Street, em Nova Iorque e que foi oferta do seu autor a Shangai.
Como ainda faltava algum tempo para apanhar o avião para Tayuan, o guia deu-nos duas horas livres
para compras. Mas ficámos na rua mais cara de Shangai (pedonal), com as melhores lojas e limitámo-
nos a passear de um lado para o outro. Num primeiro andar de um edifício um homem tocava música
clássica num saxofone. Aí permanecemos a ouvi-lo, à espera que fosse altura de irmos jantar, o que
aconteceu no Hotel Salvo.
Há um pormenor curioso em Shangai (pelo menos só o vi nesta cidade) que gostaria de referir: as
crianças pequenas não usam fraldas e têm nas calças ou calções uma abertura arredondada para
poderem fazer livremente as suas necessidades fisiológicas. Mas não posso deixar de perguntar a mim
própria o que é que acontece quando essas crianças estão ao colo dos pais e ainda não sabem falar!...
Não me atrevi a colocar a questão ao guia!...
Em seguida, fomos para o Aeroporto e pelas 23,45 horas aterrámos em Tayuan, onde o Shangxi
Grande Hotel esperava por nós.
Taiyuan é uma cidade com uma população de 4.200.000 habitantes e o seu nome significa “Grandes
Planícies”. Desde 1949, Taiyuan tem desenvolvido uma grande base industrial com uma indústria
pesada (nomeadamente ferro e aço) de grande importância.
Taiyuan é uma das grandes cidades industriais da China e está localizada no centro da província de
Shanxi. Foi considerada uma das quatro principais cidades chinesas com pior qualidade de ar, devido
ao facto de ser fortemente poluída. Shanxi produz um quarto do carvão da China e em Taiyuan está
localizado o China Taiyuan Coal Transaction Center, que começou a sua actividade comercial em 2012.
Pelo Protocolo de Quioto, a China ficou dispensada da redução das suas emissões de dióxido de
carbono!
outubro 2013 Page 17
O dia 27 de Setembro amanheceu cheio de sol e com uma temperatura amena. Deixámos cedo o Hotel
e não parámos para visitar Taiyuan, dado que tínhamos pela frente uma viagem de duas horas e meia
até Jiexiu, a fim de visitarmos a Montanha Mian Shan.
A zona que atravessámos tem muitas minas de carvão e a 25 quilómetros de Mianshan, vemos uma
central eléctrica a carvão.
Subimos, subimos sempre, por uma estrada serpenteante, com grandes ravinas.
Localizada na província de Shanxi, a montanha Mianshan destaca-se pelo seu cenário natural e
cultural, mas especialmente pelas suas relíquias culturais. Abrangendo uma área de 75 quilómetros
quadrados, a montanha é um local cénico nacional.
Mianshan é uma espécie de santuário construído na montanha. A entrada fica no cimo de uma grande
escadaria branca, ladeada de dragões dourados. Para entrar, há uma barreira.
Na subida da montanha, seguimos o percurso de um rio com belas cascatas, com esculturas de animais,
com o som da água e alguns recantos encantadores e todos com significado religioso de homenagem à
natureza e às suas criaturas. É sombreado o local que é, provavelmente, um monumento à fertilidade.
Existem pequenas pontes suspensas de madeira. O caminho leva a lugares exóticos como uma pequena
gruta com dois budas.
Os chineses que encontrámos estavam encantados com o nosso grupo. Não é vulgar aparecerem
ocidentais por aqui e queriam tirar-nos fotografias e fazer-se fotografar connosco! Duas jovens perguntaram-me, admiradas, e num Inglês correcto, como tínhamos descoberto Mianshan, um destino
de turismo praticamente apenas interno. Depois quiseram tirar fotografias comigo! Basta dizer
“Nihao (Olá)” e sorrir para as crianças e dizer-lhes adeus, que os pais e avós retribuem-nos com o
mais rasgado dos sorrisos, deixando inclusivamente que peguemos nas crianças ao colo! Isto era
também impossível há 20 anos, quando não se podiam fotografar crianças, porque os pais achavam que
as fotografias lhes tiravam a alma!
Vimos alguns templos encravados na montanha, com acessos difíceis por escadas e rampas, como o
templo Yunfen, o Palácio Daluo e o Templo da Cabeça de Dragão.
outubro 2013 Page 18
O Templo Yunfeng, também conhecido como Templo Baofu, está localizado na maior gruta de rocha
natural da Montanha Mianshan - a rocha Baofu - e o seu nome deriva daí. Foi construído no período
dos Três Reinos (220-280), e o templo na gruta consiste em mais de 200 pátios e salas Budistas. È o
único deste género no mundo. O Rei da Imaterialidade é o Buda do Templo Baofu e da Montanha
Mianshan. Podem ver-se no Templo alguns tesouros raros, como a placa que lhe foi concedida por um
Imperador da Dinastia Qing.
Em 732, durante a Dinastia Tang, foi restaurado o Palácio Daluo num conjunto arquitectónico Taoista,
em grande escala, sendo por vezes chamado "O Palácio Potala de Shanxi”. O espírito supremo do
Taoismo e outros deuses do povo são aqui adorados. O nome do Templo da Cabeça de Dragão deriva de
dois dragões gémeos que, segundo a lenda, apareceram quando o Imperor Taizong da Dinastia Tang
(618-907 D.C.) adorava Buda no templo.
A zona turística abrange mais de 20 locais com relíquias culturais, incluindo os Arcos de Pedra
Longmen.
A religiosidade e filosofia chinesa assentam em três pilares: o Confucionismo, o Taoismo e o Budismo.
Em Mianshan existem templos destas três religiões, unindo os chineses na peregrinação ao local. A
arquitectura exterior dos templos é muito bonita e ganha com o enquadramento natural. Os vários
salões, com as estátuas e os incensos, são praticamente iguais. Encravados na montanha, os templos
parecem suspensos.
Com actos e devoções, os crentes tentam atingir o Nirvana (a união permanente da alma com Deus).
Assim, existem várias capelas, com budas de várias dimensões. Queimam-se pauzinhos de incenso de
vários tamanhos, colocados dentro ou no exterior dos salões. Num deles, um monge batia num tambor
redondo, fazendo as suas orações.
Olhámos um poço com água, símbolo da vida, onde flutuavam algumas notas (a oferta de dinheiro é
uma constante nos templos e nos lago) e percorremos o estreito caminho de tábuas em frente à fila
de casas de madeira que tínhamos visto ao longe e que são locais de meditação dos monges. Depois de
deixarmos a montanha, ficou nítida a memória destes belos templos que parecem suspensos.
Após a visita, almoçámos num restaurante e seguimos directamente para a estação de comboios de
Taiyuan. Ainda faltava algum tempo para apanhar o comboio Bala, que nos levaria a Zhengzhou, depois
de uma viagem de três horas e meia, mas a estação e o seu exterior estavam completamente cheios de
pessoas e a entrada e saída no comboio Bala tinha de ser feita com a maior rapidez, o que não seria
fácil, com 44 pessoas carregadas de malas. Por isso, para evitar problemas derivados de qualquer
atraso, fomos com bastante antecedência para a estação. Enquanto esperávamos na rua, éramos
objecto da curiosidade dos chineses, que não paravam de nos tirar fotografias com os seus
telemóveis, rindo e conversando, certamente fazendo comentários a nosso respeito, que seríamos
para eles uma espécie de “bichos raros”.
A entrada no comboio decorreu apressadamente, mas sem problemas. Cada pessoa recebeu uma
caixinha com duas sanduíches, um sumo e uma maçã, mas o Paulo Rua teve um dos seus habituais
gestos simpáticos e disse que podíamos consumir o que quiséssemos, gratuitamente, no bar do
comboio. E o percurso foi feito tranquilamente, a conversar, a ler ou a dormir.
outubro 2013 Page 19
Zhengzhou é a capital da província de Henan, tem seis milhões de habitantes e, do ponto de vista
geográfico é a cidade central da China, sendo conhecida como uma das oito capitais históricas deste
país. Há cerca de 3600 anos, Zhengzhou era a capital da Dinastia Shang. Durante as dinastias
seguintes, foi capital por quatro vezes. É considerada o berço da civilização chinesa.
Porém, não vimos nada de Zhengzhou. Quando saímos do comboio já era muito tarde e esperava-nos o
autocarro que nos levaria a Luoyang, que ficava a uma distância de duas horas e meia. Logo que
chegámos a esta nova cidade, seguimos para o Hotel New Friendship, para passar a noite. Tinha sido
um dia muito preenchido, mas cheio de surpresas!
Desta vez, o despertar foi um pouco mais tarde: pelas 8,30 horas, dada a hora tardia a que tínhamos
chegado na véspera.
Sendo uma das mais antigas cidades da história da China, Luoyang (que tem actualmente perto de seis
milhões de habitantes), assistiu à ascensão e queda de cerca de 13 dinastias no decurso dos últimos
4000 anos. Luoyang é agora conhecida pelo seu grande número de locais históricos e tesouros
culturais. Encaminhámo-nos para o Templo do Cavalo Branco, que está localizado a 12 quilómetros da
cidade e começou a ser construído em 68 D.C. durante a dinastia East Han. Com uma longa história de
mais de 1900 anos, diz-se que é o primeiro Templo Budista construído na história da China.
Considerado o berço do Budismo Chinês, este templo ainda desempenha um importante papel no
Budismo Chinês, atraindo muitos budistas e estudiosos de todo o país. Actualmente o Templo do
Cavalo Branco é um rectângulo que ocupa uma área de 40.000 metros quadrados, incluindo o Salão
Tianwang, o Salão do Grande Buda, o Salão Daxiong, o Salão Jieyin, o Salão Qingliang e o Salão Pilu.
Após a visita, fomos almoçar ao Hotel onde tínhamos
pernoitado e, em seguida, fomos visitar um centro de
artesanato, onde nos ensinaram a fazer recortes em papel. O
recorte de papel é uma das artes populares mais prevalecentes
e antigas da China, possuindo uma história que remonta pelo
menos ao século VI. Os recortes de papel são frequentemente
usados em cerimónias religiosas e para decoração,
particularmente durante o Ano Novo Chinês ou outras
festividades. No campo, as pessoas afixam recortes de papel
nas paredes, portas, janelas e outros locais, para atrair a
fortuna e a felicidade. São usadas tesouras especiais: Todas as
pessoas do grupo foram convidadas a fazer um recorte de
papel, mas a nossa habilidade não era grande. Mesmo assim, o
papel melhor recortado por uma das nossas companheiras de
viagem recebeu um prémio simbólico.
Seguidamente, saímos para as Grutas Longmen, que estão
localizadas a 12 quilómetros de Luoyang e foram escavadas
durante a Dinastia Wei quando o rei veio residir em Luoyang e
estabeleceu aqui a sua capital no final do século V. Mais tarde,
continuaram a ser construídas por um período de mais de 400
anos e durante várias dinastias.
outubro 2013 Page 20
Têm uma extensão superior a de 1 quilómetro. Existem 2.345 grutas, 2.680 quadros e inscrições de
pedra, mais de 70 stupas (um stupa é um tipo de monumento ou parte de um templo, construído em
forma de torre, geralmente cónica, circundada por uma abóbada e, por vezes, com um ou vários
chanttras (toldos de lona). Originalmente, era um monumento funerário de pedra, semiesférico, com
cúpula, mirante e balaustrada. Com o advento do budismo, evoluiu para uma representação
arquitectónica do cosmos) e mais de 100.000 estátuas budistas. A maior tem 17,14 metros de altura e
a mais pequena apenas 2 centímetros. Estas grutas são das mais conhecidas na China.
O Museu de Luoyang, o maior museu da cidade, mostra a rica história de Luoyang. Além disso, Luoyang
produz as mais bonitas peónias da China. Tem aqui lugar uma feira de peónias todos os anos, que é
considerado o maior festival da cidade.
Declaradas património mundial da UNESCO, as grutas Longmen constituem um tesouro da arte
escultórica Budista da antiga China. Longmen significa Porta do Dragão, evidenciando magnificência e
severidade.
Regressámos a Luoyang num barco que deslizava suavemente ao longo do rio e dirigimo-nos novamente
para a estação de comboios, desta vez para apanharmos o comboio Bala com destino a Xian. Agora não
houve a precipitação da véspera, antes tudo aconteceu com calma e atempadamente. O comboio fez a
maior parte do percurso com grande rapidez, ou não fosse ele o Bala e o mostrador da velocidade
indicava, a maior parte das vezes, 300, 301 ou 302 quilómetros à hora. Pelas 21,30 horas chegámos a
Xian e o jantar, bem como o alojamento, tiveram lugar no Days Inn Hotel & Suites Xinxing.
Aguardava com um misto de ansiedade e muita curiosidade este dia 29 de Setembro, que seria todo
passado nas visitas a Xian, cidade onde eu nunca tinha estado. Acordámos pelas 6,30 horas e da janela
do meu quarto consegui ver o nascer do sol, apesar da neblina que parece ser uma constante em Xian.
Xian é uma das cidades mais antigas do país e de grande importância histórica para a China. Desde o
século 11 A.C., foi a capital de 13 dinastias e o ponto de partida para a Rota da Seda, antigo trajecto
comercial que ligava a China ao Mediterrâneo. A sua população é de três milhões de habitantes e no
caminho verificámos que o trânsito era caótico.
outubro 2013 Page 21
Actualmente, a cidade é visitada principalmente para ver o túmulo imperial de Qin Shihuang, o
primeiro imperador chinês, e o seu exército de 6 mil soldados de terracota. Outras atracções
importantes são a muralha da cidade e o Pagode do Ganso Selvagem. A fabulosa colecção de
guerreiros em terracota do imperador chinês Qin foi descoberta por acaso em 1974 por um agricultor
da província de Shaanxi - Yang Zhifa, hoje com 75 anos de idade. Foi em Março, pouco depois do ano
novo chinês. O clima estava particularmente seco no noroeste do país e o grupo de agricultores do
qual Yang Zhifa fazia parte decidiu abrir um poço artesiano para irrigar as culturas da cooperativa
agrícola.
"No início a escavação decorreu muito bem. No segundo dia, encontrámos uma terra vermelha e muito
dura. No terceiro dia, por volta do meio-dia, a minha enxada desenterrou o pescoço de uma estátua
em terracota, sem cabeça e cujo pescoço tinha uma abertura tão grande como uma tigela", conta Yang
Zhifa, que se lembra do acontecimento como se fosse ontem. "Eu disse ao meu colega que deveríamos
estar no local de uma antiga olaria. Ele respondeu, dizendo para eu continuar a cavar com cuidado, de
forma a poder desenterrar as jarras e levá-las para casa para nosso uso pessoal." Continuando a
cavar, os agricultores descobriram os ombros e o busto de uma estátua. Não se tratava então de uma
olaria, mas sim de um templo, pensaram. Depois perceberam que o corpo estava quase inteiro.
Continuando as escavações, os trabalhadores retiram vários objectos em bronze.
"Nesse momento ocorria a Revolução Cultural e nas aldeias a situação era caótica. As pessoas estavam
a observar-nos. As pessoas idosas, ao verem essas “estátuas de divindades” e objectos de bronze
desenterrados, ficaram muito pouco satisfeitos. Diziam que retirá-los da terra não era bom nem para
a aldeia, nem para mim", acrescenta Yang Zhifa. Mas este camponês, que serviu o exército chinês
durante seis anos, tinha algumas noções em relação às antiguidades. Após ter reflectido bastante,
tomou uma importante decisão. "Sempre dissemos que o túmulo do imperador Qin ocupava uma área
de 9 hectares e que a nossa aldeia se encontrava a dois quilómetros de distância do mausoléu. Pensei
então que os objectos encontrados seriam relíquias históricas. Então prendi três carrinhos de duas
rodas para transportar para o museu do distrito de Lintong a estátua e os objectos em terracota que
eu havia desenterrado. Pensei também que se não fossem objectos históricos, iria deitá-los no rio e a
seguir, iria para casa”. Yang Zhifa e os colegas percorreram vários quilómetros para levar as
descobertas ao museu. Os responsáveis da instituição identificaram os fragmentos e a "estátua da
divindade" como sendo da dinastia Qin e consideraram que teriam um valor considerável. "Pagaram-nos
10 yuans por carrinho, ou seja, 30 yuans no total. Ficámos muitos felizes por termos recebido essa
quantia, por termos enchido três carrinhos de terracota", explica Yang Zhifa. Dez yuans
correspondiam na época a um salário anual nas regiões agrícolas mais pobres. De volta à aldeia,
dividiram os 30 yuans com os outros agricultores, como exigia o sistema colectivo. Individualmente,
foram recompensados pelo seu esforço com uma quantia equivalente a meio turno de trabalho e
utilizaram o dinheiro para comprar alimentos ou outros bens. Foi tudo o que receberam inicialmente
como recompensa.
As autoridades decidiram construir um museu no local do mausoléu. Os habitantes daquela zona são
então transferidos, entre eles Yang Zhifa, que recebe uma compensação de cinco mil yuans pelo seu
terreno de 167 metros quadrados. Instala-se então na aldeia de Qinyong, distante seis quilómetros do
museu. Yang recebe um apartamento de três quartos, comparável aos de outras pessoas também
transferidas para o local. Refere que graças à descoberta do sítio arqueológico e às reformas
realizadas no local pelas autoridades, o nível de vida melhorou bastante e alguns moradores até
conseguiram enriquecer graças ao comércio. Yang não tinha aptidão para o comércio. Foi então
contratado pelo museu para assinar autógrafos para os visitantes.
outubro 2013 Page 22
"No começo ganhava 300 yuans por mês, depois mil yuans por mês até me ter reformado", diz. Nessa
função, teve o seu momento de glória quando o presidente americano Bill Clinton, em visita ao museu,
lhe pediu um autógrafo.
Actualmente continua a dar autógrafos e também me deu um, num livro que comprei chamado” El
ejército poderoso del império de hace 2200 años” e que guardarei com todo o carinho, dado que Yang
é um homem muito simpático, que sorri para toda a gente e não é fácil conhecermos uma pessoa que
descobriu uma das maravilhas do mundo.
Porém, o nome de Yang não se encontra na placa de apresentação do fosso número 1 do mausoléu, onde
se pode ler que o exército de terracota foi descoberto por agricultores locais. Mas apesar da
descoberta do exército de terracota não o ter enriquecido, Yang mantém o seu orgulho, dizendo: "É a
oitava maravilha do mundo."
Ver fotografias ou ler sobre os guerreiros de terracota é uma coisa, estar dentro do pavilhão que
protege as escavações é outra. As imagens que eu tinha visto geralmente eram de pormenores e, por
isso, nunca pensei que o conjunto tivesse dimensões tão grandes.
No alto, à esquerda, está o fosso nº 1 do sítio arqueológico dos Guerreiros de Terracota de Xian.
Existem 11 colunas de guerreiros, acompanhados de cavalos. À direita, o fosso do sítio arqueológico do
mausoléu de Liu Qi, em Yangling. Um grupo de servidores em tamanho reduzido (três vezes menor do
que o natural). Ao lado, no fosso nº 1 do sítio arqueológico dos Guerreiros de Terracota de Xian estão
dois guerreiros com seus cavalos.
Três enormes fossos escavados revelavam o conteúdo. Observei um imenso rectângulo aberto no solo
com 62 por 230 metros, onde havia mais de mil soldados de pé, todos olhando para a frente, como se
estivessem prontos para um ataque. A altura das figuras humanas variava de 1,72 a 1,96 metros. Cada
soldado tinha uma fisionomia diferente: alguns sorriam, outros eram mais sisudos. Uns tinham barba,
outros, bigodes. O adorno na cabeça identificava o status: quanto mais sofisticado, mais elevada a
posição hierárquica. Enquanto o tronco, os braços e a cabeça eram ocos, as mãos e as pernas foram
moldadas com barro maciço. Cada peça de terracota era decorada de forma distinta.
outubro 2013 Page 23
Consegui observar alguns traços de pintura vermelha e amarela que resistiram ao tempo. Segundo os
arqueólogos, a tinta foi confeccionada à base de minerais e fixadores, tais como sangue animal ou
clara de ovo.
Originalmente, os soldados tinham armas verdadeiras, como arcos, flechas, espadas e lanças. Os
artefactos de madeira não chegaram aos nossos dias, mas os de bronze e outras ligas foram
desenterrados em perfeito estado. Os cavalos em terracota, também em tamanho original, pareciam
estar vivos.
Depois de nos maravilharmos com todos estes tesouros, prosseguimos para a visita do Museu de
História Provincial de Shaanxi, que é o primeiro museu nacional moderno. Este museu é considerado “a
pérola das dinastias antigas e a casa dos tesouros chineses” e dá uma visão em miniatura dos milhares
de anos da história da China e das magníficas culturas dos tempos antigos. Foi construído em 1983 e
abriu ao público em 1991. Abrange uma área de 65.000 metros quadrados, dos quais 11.000 metros
quadrados pertencem aos salões de exposição e 8.000 metros quadrados são usados como armazéns
de relíquias das dinastias Han, Wei, Sui, Tang, Song, Yuan, Ming e Qing. Aqui podem ser vistos
também grandes tesouros da arte caligráfica do mundo.
Actualmente 370.000 peças exibidas no museu mostram uma história de mais de um milhão de anos
desde os tempos pré-históricos até cerca de 1840.
Os grandes edifícios imitam o estilo arquitectónico da dinastia Tang, com um salão central de dois
andares e quatro salões de culto em seu redor. As cores predominantes dos salões são o preto, o
branco e o cinzento, dando aos salões um ambiente de solenidade e encanto rústico. Os salões de
exposição estão, em geral, divididos em quatro grupos principais: O salão Preface, os salões de
exposição permanente, os salões de exposição temporária e um salão de exposição para as pinturas
murais Tang. Os salões de exposição permanente mostram cronologicamente e em separado a cultura
de Shaanxi.
Em seguida observámos o Pagode do Grande Ganso Selvagem, que foi
construído em 652, na dinastia Tang. Fica situado no complexo do templo de
Da Ci'en, a cerca de 4 quilómetros do centro de Xian. É um dos pagodes
Budistas mais famosos da China. Tem 64 metros de altura e uma estrutura
de tijolos e madeira. Durante a dinastia Ming, um terramoto da escala de
8.0 abalou Huaxian, na província de Shaanxi. Morreram mais de 830.000
pessoas e mais de 90% dos edifícios foram destruídos. O Pagode sofreu
apenas danos ligeiros no cimo e actualmente ainda representa um poderoso
símbolo de Xian.
A cidade antiga está localizada no centro de Xian, que é rodeada por uma
muralha, que é uma das obras primas da arquitectura chinesa.
A muralha da cidade de Xian foi construída durante a dinastia Ming entre 1374 e 1378 e tem 12
metros de altura; a sua largura na base varia entre os 15 e os 18 metros e no topo entre os 12 e os 14
metros. Tem 13,7 quilómetros de perímetro. Não é tão famosa como a Grande Muralha de Pequim, mas
é outra grande muralha que vale a pena visitar. É uma muralha rectangular que rodeia toda a parte
antiga da cidade e na sua parte superior, é percorrida por um passeio de pedra, no qual se pode dar a
volta completa. É a melhor conservada do país.
outubro 2013 Page 24
Ao longo da muralha, conservam-se ainda as torres de vigilância, várias construções defensivas e 4
portas que correspondem aos pontos cardeais, com a porta principal situada a sul. De cima, as vistas
da cidade são fantásticas. A muralha é muito sólida e estável. Fora da muralha, construiu-se também
um fosso cercando a cidade. No pátio interior da muralha tinha sido montada uma tribuna e havia 6
tambores enormes, cobertos com grossas lonas, que seriam usados, sem dúvida, nas festividades do
dia 1 de Outubro.
Chegara a vez de visitarmos o Bairro Muçulmano de Xian e a Grande Mesquita. Ao contrário do que se
pensa no Ocidente, o que é chinês não é tudo igual. O país conta com numerosos grupos étnicos
diferentes, cada um com as suas crenças, costumes, traços fisionómicos e hábitos diversos. Xian é um
bom exemplo dessa diversidade. No coração da cidade há um bairro muçulmano com chineses que oram
a Alá e chinesas vestindo longos véus. O nome desse bairro em inglês é "Muslim Quarter" e, na
prática, o lugar é uma grande rua cercada por ruelas. É uma Arábia chinesa estranha com todos os
cheiros, tecidos, temperos e lojinhas que se podem encontrar num pedaço do Médio Oriente.
Este bairro muçulmano abriga a Grande Mesquita Islâmica que foi construída durante a dinastia Song
(960-1279) e é uma das maiores da China e das mais antigas. Uma importante colónia islâmica cresceu
em seu redor e actualmente o mercado coberto tem para vender tudo o que se possa imaginar,
inclusive pão árabe, e os seus cheiros, as cores e as ruelas em labirinto fizeram-me lembrar os souks
árabes. É um tanto difícil de encontrar: vamos caminhando por um beco aqui e outro ali, até
depararmos com uma pequena entrada que esconde uma área de 13 mil metros quadrados, cheia de
jardins, salões que permitem a entrada de visitantes e outros onde só entra quem for muçulmano. A
mesquita não tem minaretes e desde a forma do telhado até à configuração dos jardins, parece um
templo chinês. Apenas as inscrições do Corão lembram a cultura islâmica. Mas as casas de banho é que
foram, de certeza, as mais sujas que encontrei até hoje!!!
Não seguimos logo para o Hotel para jantar, mas fomos para o Restaurante "Dinastia Tang", onde além
de um jantar com pratos com nomes muito sugestivos como Pérolas de Cathay, O Casamento Real,
Coração de Dragão, O Alfinete da Princesa, A Melodia do Salgueiro, que não eram mais do que os
pratos chineses habituais, pudemos apreciar uma peça feita sobre a música e dança da corte
consagradas durante a Dinastia Tang, com uma coreografia criada nos moldes da antiguidade clássica,
que é como uma continuação da história daquele período, mas com inovação na área artística. Sem
dúvida que o Show é uma grande experiência do rico passado cultural da China. O Teatro está bem
decorado, tanto no exterior como no interior. A dança e os trajes eram muito bonitos e a música
muito melodiosa e agradável. Um dos músicos tocava um instrumento, cujo som imitava o canto de um
pássaro e a orquestra (que acompanhava as danças) respondia com um som semelhante, como se dois
pássaros cantassem ao desafio. Na verdade, foi muito bom termos podido assistir a um espectáculo
tão belo!
Dia 30 de Setembro: O despertar foi às 6, 00 horas para apanharmos o avião para Lhasa, a capital da
Região Autónoma do Tibete. Estava imensamente curiosa por visitar esta região, depois de ter lido o
Livro “Sete anos no Tibete “ e de ter visto o filme com o mesmo nome, que é bem diferente do livro.
Estava um tanto expectante, depois de ter ouvido opiniões pouco favoráveis acerca do que iria sentir
devido à altitude e à alimentação. Houve um atraso considerável na hora de saída do avião, mas ao fim
de cerca de 3 horas de viagem durante as quais almoçámos a bordo e depois de termos sobrevoado os
cumes nevados do Himalaias, com paisagens de tirar o fôlego, aterrámos em Lhasa. O dia estava
ligeiramente mais fresco do que em Xian, mas não estava frio e o sol brilhava.
outubro 2013 Page 25
O guia que nos aguardava colocou uma echarpe de seda branca ao pescoço de cada um de nós, como
sinal de boas-vindas e de cortesia. Esta entrega da echarpe de seda aconteceria em todas as terras
onde chegámos, nomeadamente no Butão. Devido à altitude, o guia aconselhou-nos a não tomar banho
naquele dia, a não fazer exercícios bruscos e a evitar o ar condicionado.
O Tibete é um território situado ao norte da cordilheira dos Himalaias. É habitada pelos tibetanos e
outros grupos étnicos, além de grandes minorias de chineses, num total de 3 milhões de pessoas.
Também é considerada a região mais alta do mundo, com uma altitude média de 4.900 metros e, por
essa razão, recebe a designação de "o tecto do mundo". Sendo um destino de sonho para muita gente,
possui uma beleza capaz de encantar qualquer viajante. As paisagens que este lugar oferece são
simplesmente inesquecíveis e magníficas. É um lugar que purifica a alma através de sua tranquilidade e
do seu ambiente de pureza espiritual.
A história do Tibete teve início há cerca de 2100 anos. A língua tibetana é falada em todo o vasto
planalto tibetano, no Butão, em algumas partes do Nepal e no norte da Índia (como em Sikkim). É,
normalmente, classificada como uma língua tibeto-birmanesa, da família das línguas sino-tibetanas. A
língua tibetana inclui numerosos dialetos regionais, que, em geral, são inteligíveis entre si.
O Tibete está localizado no Planalto Tibetano, a região mais alta do mundo. A maior parte da cadeia
de montanhas dos Himalaiass encontra-se no Tibete. O seu pico mais conhecido, o Monte Evereste,
situa-se na fronteira entre o Nepal e oTibete. A altitude média do país é de cerca de 3000 metros no
sul e de 4500 metros no norte.
O Tibete histórico consiste em diversas regiões. A influência cultural tibetana estende-se até países
vizinhos como o Butão, o Nepal, até regiões adjacentes da Índia e províncias adjacentes da China onde
o budismo tibetano é a religião predominante.
A rápida expansão da economia tibetana resulta do investimento, consumo e comércio exterior. O
consumo aumentou mais nos sectores turístico, automobilístico, da habitação e do lazer. Além disso, a
abertura ao tráfego da ferrovia Qinghai-Tibet e do aeroporto também contribuíram para o
crescimento de comércio exterior do Tibet.
outubro 2013 Page 26
A arte tibetana é em primeiro lugar e fundamentalmente uma forma de arte sacra, reflectindo a
forte influência do Budismo tibetano nessas culturas.
A música do Tibete reflecte o património cultural da região Trans-Himalaiana, centrada no Tibete,
mas também popularizada onde os grupos étnicos do Tibete são encontrados, como na Índia, Butão,
Nepal e outros países. A música tibetana é principalmente religiosa, reflectindo a profunda influência
do budismo tibetano na cultura do país.
Um das tradições musicais no Tibete existe desde o século XII, é a tradição Lama Mani que narra
parábolas budistas. Através de contadores de histórias, que viajavam de aldeia em aldeia, os
ensinamentos budistas eram escutados e visualizados juntamente com pinturas. Num país onde não
havia jornais ou outros meios de comunicação, essa forma de expressão musical possibilitava levar a
informação até às massas populares.
A música tibetana está sempre presente nas cerimónias budistas. Esses rituais de oração utilizam
instrumentos como sinos, pratos, tímbalos, tambores e a entoação de textos sagrados, que são
recitados de forma ressonante e com sons graves. Dos cerca de 300 mil habitantes de Lhasa, a
capital da região autónoma do Tibete, menos de um quarto são tibetanos. A grande maioria da
população é de origem chinesa. A cidade tem crescido em ritmo acelerado.
Há novas construções por toda a parte, e as fachadas e a organização urbana fariam qualquer pessoa
confundi-la com qualquer outra metrópole chinesa, se não fosse pelo bairro do Barkor, onde moram as
minorias tibetanas e alguns muçulmanos.
Os chineses também ocupam praticamente todos os cargos públicos e os empregos mais importantes,
como professores, bancários e policiais. Aos tibetanos, sobram as ocupações no pequeno comércio,
empregos de motoristas de táxis e de guias de turismo.
O turismo no Tibete, começou nos anos 80, mas tem crescido ano a ano, tendo atingido os 10 milhões
de visitantes em 2010, uma taxa de crescimento do volume de turismo superior à de qualquer outra
região da China.
Um grupo político de grande importância, e que deve ser referido quando se fala no Tibete, é os Dalai
Lamas, que estiveram no governo do Tibete durante bastante tempo. Em 1913, esse mesmo grupo,
liderado pelo 13° Dalai Lama, expulsou todos os representantes e todas as tropas Chinesas do
território que é formado atualmente pela Região Autónoma do Tibete.
Em 1950, o Partido Comunista da China assumiu o controle da região e em 1959, juntamente com um
grupo de chefes Tibetanos e dos seus seguidores, o Dalai Lama exilou-se em Dharamsala, na Índia, e
lá mesmo instalou o Governo do Tibete no Exílio. O Dalai-Lama é o líder religioso do Tibete e o actual
é Tenzin Gyatso, que governou o Tibete de 1940 a 1959.
Nasceu em 6 de Julho de 1935 e, com dois anos de idade, foi reconhecido como a 14ª encarnação do
Dalai Lama. Recebeu o prémio Nobel da Paz em 1989 e ainda é reconhecido pelos tibetanos como o seu
chefe natural e de direito.
outubro 2013 Page 27
Lhasa (que significa “Terra Sagrada”) encontra-se a 3.650 metros de altitude, tem 500.000
habitantes e é a capital administrativa da Região Autónoma do Tibete. É uma cidade com um ar
totalmente budista, apesar da forte presença chinesa e, no dizer do guia local, muito segura. A grande
maioria dos templos é budista. Nesta cidade, as tradições da milenar cultura tibetana resistem e são
para admirar, sentir e respeitar. Fazem parte do dia-a-dia dos seus habitantes, são genuínas e, por
isso mesmo, apaixonantes. Fomos directamente para o Hotel LhasaTsedang (muito bonito) para deixar
as bagagens e aí foi-nos oferecido um sumo de frutas. O resto do dia foi passado no Hotel, para
repousar e nos habituarmos à altitude. Jantámos também no Hotel.
No dia seguinte, 1 de Outubro, acordámos às 7,00 e, após o pequeno almoço, deixámos o Hotel e
caminhámos por um labirinto de frutas, legumes, especiarias, ervas medicinais, queijo de yak, carne
seca, barras de chá prensado e pirâmides de manteiga de yak com um cheiro intenso, até chegarmos
ao templo Jokhang. Os tibetanos continuam a envergar os trajes tradicionais por opção cultural. As
mulheres e homens vão desfiando uma espécie de rosário e rodando na mão direita, continuamente, um
moinho de oração, um instrumento feito de metal ou de madeira, com uma oração escrita em Tibetano
guardada no interior, para pedir protecção e sorte. Algumas pessoas prostram-se no chão em cima de
um pequeno colchão, de repente levantam-se, batem duas vezes com duas placas metálicas que têm
nas mãos, pronunciam algumas palavras e voltam a lançar todo o corpo no chão, para de seguida se
levantarem e repetirem os mesmos gestos, fazendo todo o trajecto assim, em sinal de reverência.
Esta atmosfera e este cenário, parados no tempo, remetem-nos para as primeiras imagens desta
região, obtidas no início do século XX.
O Templo Jokhang situa-se no centro da cidade de Lhasa e é o grande orgulho dos tibetanos.
É um templo de 4 andares de onde se pode contemplar o majestoso palácio da Potala e seus telhados
cobertos de azulejos dourados. Na entrada há a figura de dois veados dourados. No interior há uma
imensa riqueza nas paredes, Budas, panos coloridos com orações, ensinamentos milenários e tudo
descansando sobre um imenso silêncio.
É o mais antigo conjunto arquitectónico de madeira que integra o estilo arquitectónico da etnia Han e
da etnia tibetana. A construção do Templo data do ano 647. Actualmente ocupa uma área de 25 mil
metros quadrados. É Património Cultural da Humanidade desde 2000 e é um sagrado local dos
budistas tibetanos, onde cabem dezenas de milhares de pessoas quando se realizam as cerimónias
religiosas: Crianças, adolescentes, adultos, idosos... pessoas com mais de 80 anos dobravam o corpo ao
orar, uma e outra vez. Tem mais de 20 salões. O templo guarda preciosas estátuas, pinturas e
instrumentos musicais históricos. Os tetos do primeiro e segundo andares estão cobertos de imagens
de budas. O salão principal fica no centro do Templo e aí se encontra a estátua dourada de Sakyamuni
(Buda), fundador do budismo, que a comunidade budista considera um tesouro raro.
Diz-se que a estátua de Sakyamuni tem uma história de mais de 2 500 anos. Quando Sakyamuni era
vivo, não concordava com a ideia da veneração pessoal e não queria que fosse criada qualquer
semelhança com ele. Assim, apenas permitiu que, enquanto viveu, tivessem sido esculpidas 3 estátuas,
desenhadas por ele. A primeira foi esculpida quando tinha 8 anos de idade, a segunda mostra-o aos 12
anos e a terceira quando já era adulto. A estátua guardada no templo Jokhang é a dos 12 anos de
idade. Foi dourada muitas vezes e decorada com jóias típicas do Tibete.
outubro 2013 Page 28
As três estátuas são de altura igual à estatura de Sakyamuni nos três períodos da sua vida e a do
Templo Jokhang é a melhor preservada.
O templo é um centro de devoção em todos os dias do ano. Muitos peregrinos vêm fazer um
compromisso ou cumprir um voto pintando as estátuas douradas, conforme vimos fazer. Nos altares
dos Budas e de outras divindades acumulam-se as oferendas: muito dinheiro em notas, echarpes de
seda branca e amarela, muitas flores, muitas velas a boiar em manteiga de yak (uma espécie de
antílope, mas com um pelo tão comprido, que quase toca no chão), fruta e tudo o mais que a imaginação
permite supor!
Em seguida, foi-nos dado algum tempo para visitar o Bazar Barkhor,
que é a rua mais nova da parte antiga de Lhasa e que circunda o
templo Jokhang e onde existe um mundo de artigos exóticos, com
ruas estreitas e apertadas.
Continuámos as nossas visitas, desta vez para Norbulingka – O
Palácio de Verão !
O Palácio de Norbulingka, situado a oeste de Lhasa fica a pouca
distância do Palácio Potala. Norbulingka significa “Parque do
Tesouro” e este parque abrange uma área de cerca de 36 hectares
e é considerado o maior jardim do Tibete. No interior do palácio há
mais de 370 salas.
É chamado Palácio de Verão, porque depois do 7º Dalai Lama, os
seus sucessores costumavam vir aqui durante o verão para realizar as suas actividades religiosas e
governamentais.
Fazendo parte do “Conjunto histórico do Palácio Potala”, a UNESCO acrescentou Norbulingka à sua
lista de locais considerados Património da Humanidade.
A construção do palácio teve início em 1740 e ao jardim foi dado o nome de Norbulingka. Em 1751, o
7º Dalai Lama iniciou a construção do seu próprio Palácio chamado Kelsang Potrang dentro do Jardim
de Norbulingka. Num período de 200 anos, muitas construções tiveram aqui lugar. O 8º Dalai Lama
mandou fazer um lago e um grupo de edifícios chamado C. Cada Dalai Lama mandou construir um
edifício para ele próprio e deu-lhe um nome diferente.
Então os vários Dalai Lamas começaram a vir passar o Verão nos palácios construídos no Jardim de
Norbulingka. Cada Palácio aqui existente está dividido em 3 secções. O primeiro palácio foi Kelsang
Potrang, que é um edifício de 3 andares com quartos de dormir, salas de leitura, salões de veneração e
também um santuário.
Aqui demorei-me a observar um lago do jardim, onde havia muitos peixes de várias cores e, quando dei
por isso, as restantes pessoas do grupo tinham desaparecido. Ainda caminhei bastante pelos jardins,
admirando o ambiente de grande beleza e serenidade, mas como não encontrei ninguém, decidi voltar
para trás e fui para o autocarro, à espera que todos chegassem, o que ainda demorou um bom bocado!
Fomos almoçar ao Hotel e, por causa dos efeitos da altitude (os quais eu nunca senti, felizmente) em
lugar de água, tomei uma bebida que a empregada de mesa (que falava bem o Inglês) me aconselhou,
chamada Rhodiola. Era extremamente agradável e não-alcoólica e, enquanto estivemos no Tibete, não
bebi outra coisa às refeições.
outubro 2013 Page 29
Depois do almoço, prosseguimos para o Mosteiro de Sera, que fica a cerca de 3 quilómetros ao norte
de Lhasa, na encosta do monte Tatipu. O mosteiro está dedicado à seita Gelupta, um ramo do Budismo
Tibetano, fundado por Tsong Khapa. Foi um discípulo de Tsong Khapa que mandou construir o mosteiro
por volta do ano 1419. Com o decorrer do tempo, Sera tornar-se-ia um dos 6 mosteiros mais
importantes do budismo tibetano dedicado à seita Gelupta. Além dos magníficos edifícios (como
escolas especializadas, o palácio Lhadrang e a sala Coqen), que juntos formam um espectacular
complexo monástico numa área de cerca de 120.000 metros quadrados, não pode deixar de ser
referido que este mosteiro guarda escrituras sagradas escritas com pó de ouro, que têm,
naturalmente, um valor incalculável, além de uma série de esculturas e pinturas de grande beleza.
Mas, sem dúvida, a principal atracção do Mosteiro são os famosos debates, com discussões que
tratam de diferentes aspectos da doutrina budista, entre os monges que vivem no mosteiro (perto de
150). Essas discussões têm lugar ao ar livre, sob o olhar espantado de um público constituído por
turistas e leigos, que observam atentamente os gestos e a veemência com que os monges defendem e
argumentam as suas opiniões. Mas por vezes pareceu-me que tudo aquilo não passava de uma
encenação e que os monges estavam a fingir, só para impressionarem as pessoas!... Um espectáculo,
sem dúvida!
Ao fim da tarde, regressámos ao hotel para jantar. A seguir, ficámos algum tempo a ver as lojas do
Hotel, que tinham objetos bastante interessantes!
O dia 2 de Outubro, 11º dia de viagem, amanheceu enevoado e foi debaixo de uma chuva miudinha, mas
persistente, que nos dirigimos para o Palácio Potala.
Antes de lá chegar, as imagens do filme e as descrições do livro que tinha lido acerca do Tibete
tornaram-se mais nítidas, mas efectivamente, a realidade era bem diferente. Nada era tão escuro
nem tão sujo, antes pelo contrário, e à medida que as nuvens iam desaparecendo, tudo parecia até
muito bonito! Visitar o Palácio Potala, que faz parte do Património Mundial da Humanidade da
UNESCO, e é o berço do budismo tibetano, era um dos meus maiores desejos e estava ansiosa por
começar a subida. Porém, quando olhei para cima e vi todas aquelas rampas e degraus, perguntei a mim
mesma se seria capaz de lá chegar, dadas as minhas dificuldades com as subidas, em que sou sempre a
última a chegar!
Mas consegui, sem dificuldades de maior! Tínhamos uma hora para visitar o Palácio e não era permitido
tirar fotografias. O nosso grupo foi dividido em dois: enquanto um foi visitar o Palácio, o outro ficou
num mercado de rua em frente do Palácio, tendo-se depois verificado a situação inversa!
Uma escultura do "Leão das Neves" guarda a entrada do Palácio.
O Palácio Potala é a antiga residência do Dalai Lama. Na língua tibetana, a palavra Potala significa o
"local onde mora a Deusa da Misericórdia budista”. Na realidade, é onde os Dalai Lamas de todas as
gerações realizavam as actividades políticas e religiosas e moravam durante a vida e após a morte.
Originalmente, o Palácio Potala não foi construído como um local sagrado do budismo.
Em 1645, o governo central nomeou oficialmente o 5º Dalai Lama como o líder político e religioso do
governo local do Tibete. Este começou a reconstruir o Palácio Potala. Três anos depois, o Palácio
Branco foi concluído. A construção do Palácio Vermelho, foi iniciada em 1690 para homenagear o 5º
Dalai Lama e guardar a stupa onde repousavam os seus restos mortais. As obras terminaram quatro
anos mais tarde. Depois, o Palácio Potala passou por várias renovações e ampliações.
outubro 2013 Page 30
O Palácio Potala está no cimo de um monte, ocupando - quase todo. Contemplando de longe todo o
edifício, o muro de cor vermelha alternando com a cor branca e com o telhado dourado, tem uma
aparência grandiosa e esplêndida. Aparentemente, o Palácio é um castelo tibetano com estruturas de
pedra e madeira e tem um telhado típico dos palácios dos Han. As decorações interiores e exteriores
são do estilo semelhante aos palácios e templos do Nepal.
A estrutura do Palácio Potala tem 115 metros de altura e aparentemente tem 13 andares, mas, de
facto, tem exactamente 9 andares. O muro tem 8 metros de espessura na base, enquanto no topo
diminui gradualmente para cerca de um metro. O ferro derretido foi injetado em algumas partes do
muro do palácio, o que o tornou invulnerável. Do cimo, pode-se ver uma cidade apinhada de residências
de monges, de pouca altura, bem como casas de cidadãos e lojas. São notáveis os contrastes entre
diferentes partes das construções: os salões são espaçosos, enquanto as janelas são extremamente
pequenas; os muros são muito grossos enquanto os corredores são muito estreitos. Parece que em
tudo se manifesta o poder misterioso e a solenidade da doutrina budista.
O Palácio Potala é composto por duas partes. O Palácio
Vermelho fica no centro e o Palácio Branco encontra-se na
direção leste-oeste. Todo o palácio tem mais de mil divisões e
é uma mistura de forte, mosteiro e palácio.
O Palácio Branco tem sete andares e é onde os Dalai Lamas
de todas as gerações moravam e exerciam o seu poder
político. A maior sala é a Sala do Leste no quarto andar, onde
os Dalai Lamas se entronizavam e governavam o Tibete.
A Sala Solar no andar superior é dividida em quartos do lado leste e do oeste, que têm sol durante
todo dia. No inverno, o Dalai Lama costumava morar aqui. A Sala Solar tem quarto de visitas, quarto
de descanso e um quarto onde o Dalai Lama estudava as sutras budistas. O Palácio Vermelho, no
centro e no topo do Palácio Potala, é composto por uma série de salas onde estão as stupas dos Dalai
Lamas e onde são venerados diversos budas. Nas oito stupas, a do quinto Dalai Lama fica no centro e é
a maior e a que é mais imponente. Tem 14,85 metros de altura e é decorada com peças de ouro e mais
de 10 mil diamantes, pérolas e peças de jade. Outras stupas são decoradas também com ouro,
diamantes, pérolas e peças de jade; por isso, são extremamente valiosas.
Na sala mais alta do Palácio Vermelho, são venerados um retrato do imperador Qianlong da dinastia
Qing e a sua tabuleta memorial, em que se lê "Longa vida ao nosso imperador". Desde o 7º Dalai Lama,
os Dalai Lamas de todas as gerações vieram aqui no dia primeiro de janeiro do calendário tibetano
para prestar os seus tributos.
O Palácio Potala é um mundo de frescos, pinturas tradicionais tibetanas, estátuas de budas e outras
relíquias culturais. Os frescos coloridos vêem-se em quase todas as salas no Palácio. O seu conteúdo
envolve a origem do grupo étnico tibetano, a história das diversas facções budistas, contos budistas,
perfis e história dos Dalai Lamas, assim como importantes acontecimentos históricos.
outubro 2013 Page 31
Em 1994, o Palácio Potala foi inscrito na Lista do Património Cultural Mundial. Em Novembro de 2000
e Dezembro de 2001, o Templo Jokhang e Norbulingka também foram inscritos na lista,
respectivamente, como extensões do Palácio de Potala, formando o Conjunto Histórico do Palácio
Potala em Lhasa.
Almoçámos de novo no Hotel Lhasa e a seguir, fomos até ao Mosteiro de Drepung, que está situado no
sopé de uma montanha, a 5 quilómetros de Lhasa e é conhecido como o mosteiro mais importante de
Gelugpa em Budismo tibetano. Abrange uma área de 250.000 metros quadrados e albergava um total
de 7700 monges. Visto de longe, é uma construção grande e branca que lhe dá o aspecto de um monte
de arroz.
O Mosteiro de Drepung foi fundado em 1416 por um discípulo de Tsongkapa, o fundador da seita
Gelugpa e é hoje o maior mosteiro no Tibete. O mosteiro guarda numerosas relíquias históricas, além
de escrituras budistas. Desenvolveu-se como o mais rico mosteiro de Gelugpa e tornou-se o templo
mãe de Dalai Lamas. Em 1546, o 3º Dalai Lama foi recebido no mosteiro como o primeiro Buda vivo. Foi
a residência do 5º Dalai Lama antes da sua nomeação pelo governo da dinastia Qing.
A hierarquia da organização do mosteiro é bastante complexa. O mosteiro tem 4 locais de
aprendizagem dos sutras, bem como do Budismo.
O sistema educativo estabelece que todos os anos haja oito possibilidades de estudar o sutra
(escrituras sagradas onde todos os tipos de ensinamentos e regras eram registados), indo de duas
semanas a um mês. Os monges são sujeitos a testes, recitando sutras e fazendo debates e, com base
no seu desempenho, recebem os graus de diferentes níveis.
Podemos observar dois magníficos pagodes brancos e os edifícios do mosteiro estão centralizados
nestes pagodes. O edifício principal é o Ganden Potrang que foi construído sob a direcção do 2º Dalai
Lama, por volta de 1530. Foi a residência do 2º, 3º. 4º e 5º Dalai Lamas. Depois de o 5º Dalai Lama se
ter mudado para o Palácio Potala, tornou-se o local de reunião para o regime local, no que se refere à
política e religião. O Salão Coqen está localizado no centro do mosteiro. Em frente deste, existe uma
praça com 1850 metros quadrados. Quando se sobem as escadas de pedra, vê-se o Grande Salão de
Entrada. No interior está o Salão Sutra sustentado por 183 pilares, e com uma área de 1850 metros
quadrados. No mosteiro de Drepung existem muitas relíquias culturais, que adornam o mosteiro e lhe
dão maior magnificência. Entre as decorações coloridas, podem ver-se belas estátuas de Buda e
colecções de sutras raros da dinastia Qing e murais enfeitados sobre paredes que também
representam a sabedoria do povo tibetano.
Voltámos ao Hotel por um breve período e, em seguida, saímos para jantar num restaurante, onde
assistimos a danças típicas do Tibete e pudemos ouvir a música desta região. Depois do jantar, ainda
demos uma volta de autocarro para podermos ver e fotografar o Palácio Potala iluminado, que é
deslumbrante e que não é fácil de esquecer!
outubro 2013 Page 32
Regressámos ao Hotel, porque no dia seguinte teríamos de apanhar o voo para Kathmandu, capital do
Nepal. Sempre que se pensa no Nepal, pensa-se nos Himalaias, e sempre que se imagina a capital
nepalesa, vêm à memória imagens místicas, de ruelas labirínticas percorridas por todas a espécie de
veículos, pontes de madeira, dialectos imperceptíveis, belos templos, rios que correm com grande
volume de água, orações e preces que ecoam no ar, bandeirinhas coloridas por todos os lados, como
sinónimo de fé e promessas. Esta cidade situada a 1400 metros de altitude e encaixada no fundo de
um vale entre quatro montanhas tem um pouco de tudo isto, mas também apresenta o ritmo de uma
capital frenética para os padrões locais, com milhares de habitantes, lojas e lojinhas em todas as
esquinas e um trânsito muito complicado. Devido à diferença de fusos horários, chegámos antes de
partir, o que nos permitiu ganhar 2 horas e 15 minutos, pois a diferença entre o TMG e o horário do
Nepal é de 4 horas e 45 minutos. Chegámos a Kathmandu pelas 10,30 horas, com chuva, que foi
desaparecendo gradualmente e, depois das formalidades alfandegárias sempre demoradas, iniciámos a
visita a Pashupatinath, com o seu templo e a zona de cremações.
O templo de Pashupatinath é um dos mais significativos templos Hindus do mundo dedicados ao deus
Shiva (o deus supremo no Hinduismo) e está localizado nas margens do rio Bagmati perto de
Kathmandu. O templo é considerado Património da Humanidade pela Unesco e é uma das 275 moradas
santas de Shiva na Índia; apenas as pessoas hindus de nascença, são autorizadas a entrar no templo.
As outras pessoas e os estrangeiros podem olhar para o templo da outra margem do rio. É
considerado o mais sagrado dos templos dedicados a Shiva. Nos ghats (escadas onde se pode descer
até ao rio), são construídas plataformas que são utilizadas para as cremações ao ar livre, que se
realizam todos os dias. São as cremações que atraem numerosos visitantes, tanto nepaleses como
estrangeiros. As cremações em Pashupatinath não são as mesmas que no mundo ocidental, onde são
uma coisa privada. À medida que nos aproximamos do rio Bagmati, vemos o fumo de uma cremação que
está a ter lugar. É sempre um espectáculo que observamos com respeito, porque o cremar dos corpos
ao ar livre é realmente impressionante. Por ali abundam os homens
santos, vestidos de cor de laranja, com longos cabelos emaranhados
e caras pintadas, que só se deixam fotografar em troca de dinheiro,
as dezenas de crianças pobremente vestidas, que nos fitam com uns
olhos muito doces, a implorar uma esmola e às quais não podemos
ficar indiferentes, as dezenas de mulheres vestidas de saris ou
punjabis de cores vivas que nos rodeiam, vendendo toda a espécie de
objectos, os macacos, as vacas sagradas, realmente um mundo único.
As rodas de oração estão presentes por todo o lado e são tocadas
por toda a gente.
outubro 2013 Page 33
Seguimos depois para Kathmandu, onde estivemos há dois anos, mas numa visita mais demorada.
Visitámos a Praça Durbar ou Praça do Palácio, que foi considerada Património da Humanidade pela
Unesco em 1979. Era o local onde os reis eram coroados e de onde governavam antigamente. Hoje em
dia já não há rei, porque toda a família real (27 pessoas) foi assassinada no dia 1 de Junho de 2001. A
praça continua a ser o coração da cidade e um dos maiores conjuntos arquitectónicos do Nepal. A
maior parte dos templos e monumentos da Praça Durbar data dos séculos 17 e 18, havendo alguns que
são muito mais antigos; porém, muitos foram danificados por um grande terramoto ocorrido em 1934
e tiveram que ser reconstruídos. O conjunto da Praça Durbar é composto por 3 praças unidas por
pequenas ruas e em todas podem ser encontrados templos dedicados a diferentes deuses e edifícios
que datam de diferentes épocas. Um dos encantos deste local é ver a diversidade de culturas que aqui
encontramos e como todas coexistem.
Há vários templos que merecem a nossa atenção, como a Kumari Bahal – a casa da “Deusa Viva”. No
Nepal, existe a tradição de adorar uma deusa criança - Kumari (ou deusa virgem) que é escolhida
entre várias candidatas, como sendo a mais perfeita. O Kumari Bahal é o palácio onde vive a deusa, até
ter a primeira menstruação, altura em que deixa de ser deusa e outra criança toma o seu lugar. Tanto
há dois anos, como desta vez, tivemos oportunidade de a ver por breves instante, quando veio à janela.
Mas não pode ser, de forma alguma, fotografada. Porém, à porta do prédio onde a Kumari mora, há
vendedoras de postais com a sua fotografia.
A Praça Hanuman Dhoka está localizada no centro da parte antiga da cidade de Kathmandu e é um
complexo de bonitos palácios e templos, tanto hinduístas como budistas. A maior parte desses prédios
tem estruturas de multi-tetos (chamados de pagodes), sustentados por escoras com detalhes
entalhados na madeira, construídos entre os séculos XII e XVIII. A praça, muito movimentada, é o
coração da cidade. Aqui se concentra um grande número de vendedores, lojas que vendem panos,
pinturas e artesanato, frutas, especiarias, artigos de prata, panos, bancas de comida e muita, muita
gente. A arte de regatear os preços também existe em Kathmandu, valendo sempre a pena tentar um
melhor preço do que o primeiro oferecido pelo vendedor. Mas frequentes vezes, depois de muito
regatear, compramos um objeto por uma determinada quantia, pensando que fizemos um grande
negócio, quando mais à frente, um objeto exatamente igual é-nos oferecido pela décima parte do
preço pelo qual comprámos o primeiro! Assim, pudemos conhecer os pontos mais relevantes de
Kathmandu e observar a cultura local, onde a mistura de cores, sons e aromas é embriagante,
juntamente com as rezas e as buzinas dos carros. Não há dúvida que Kathmandu tem um espírito
mágico.
Almoçámos no Restaurante Kantipur e prosseguimos para Nagarkot, que é uma cidade localizada a 32
quilómetros de Kathmandu. Logo que entrámos na Praça principal, vimos o Rui Silva, um guia que já nos
acompanhou em várias viagens do Clube Galp e que desta vez acompanhava um outro grupo. Foi rasgado
o sorriso de parte a parte, porque é sempre agradável encontrar compatriotas numa terra tão
distante.Nagarkot tem uma população de cerca de 4000 pessoas. Com uma altitude de 2.195 metros, é
considerada um dos locais com paisagens mais bonitas no Nepal. É famosa a sua vista para o nascer e o
pôr do sol nos Himalaias, incluindo o Monte Evereste e outros picos cobertos de neve, como o
Annapurna. Nagarkot também oferece uma vista panorâmica do Vale de Kathmandu com florestas de
pinheiros, numa atmosfera rural singular. Situada num local estratégico, Nagarkot era um antigo forte
do vale de Kathmandu, que controlava as actividades externas de outros reinos. Mais tarde, foi um
local de veraneio para a família real antes de se tornar uma estação internacional de montanha.
outubro 2013 Page 34
Demos um passeio a pé pelas ruas de Nagarkot, para sentir melhor a vibração da cidade, o seu
movimento, as buzinas dos automóveis que não deixavam de tocar, as camionetas apinhadas de pessoas
que viajavam nas piores condições de segurança, as ruas cheias de lixo, as poças de lama no chão. Mas
isto é viver o país em toda a sua plenitude! Chegámos por fim ao Hotel Clube Himalaia, na verdade
muito bonito e foi aqui que jantámos e passámos a noite.
O nascer do sol estava previsto para as 5,50 horas no dia 4 de
Outubro, o 13º dia de viagem. Acordei a essa hora, disposta a
apreciar a paisagem, mas infelizmente, estava a chover e quando o
sol nasceu apenas se via uma risca avermelhada no céu. A sala do
pequeno almoço tinha janelas a toda a volta da sala, mas pelas 8
horas, apenas se via um pedacinho coberto de neve de um dos
montes que ficavam em frente do Hotel.
Deixámos então o Hotel a caminho novamente de Kathmandu, para apanhar o avião que nos levaria ao
Butão. O percurso foi percorrido no meio de um grande engarrafamento de trânsito, como acontece
no Nepal e na índia. O trânsito, em teoria, faz-se pela esquerda, mas na prática faz-se por todos os
lados, estando os automóveis misturados com camionetas e toda a espécie de camiões, com motas e
bicicletas, com vacas, tuc-tucs, enfim, mas as tangentes que passam uns aos outros não dão para
assustar. Dá é para ficarmos admirados com a perícia destes condutores, pois não vi nenhum acidente,
nem nenhum carro amolgado!...
Almoçámos no Airport Hotel Kathmandu, que fica muito próximo do aeroporto. Em seguida,
embarcámos no voo da Druck Air Bhutan (a companhia aérea do Butão) com 1,30 horas de atraso e
aterrámos em Paro, que é um dos 10 aeroportos mais perigosos do mundo (só vim a saber depois), com
um dia cheio de sol.
Finalmente, estava no Butão! Iria corresponder às minhas expectativas?...
Conhecido pelos seus habitantes como a Terra do Dragão do Trovão, e pelos viajantes como o último
Shangri-La (que significa vale místico e harmonioso, sinónimo de paraíso na terra), o Butão
permaneceu isolado do resto do mundo até há 3 décadas. E de certa forma, ainda o está, mais por
desejo dos seus governantes do que pelo seu isolamento natural. O Butão até à década de 60 não
possuía electricidade, estradas nem automóveis e foi o último país do mundo a permitir a televisão e
há apenas 3 anos o rei Jigme Singye Wangchuck abdicou a favor do seu filho mais velho, para
assentar as bases de uma transição lenta no sentido da modernidade. Além disso, converteu-se na
democracia mais jovem do mundo quando teve as suas primeiras eleições em finais de 2008.
Os habitantes deste país estão entre os dez mais felizes do
mundo, segundo uma pesquisa da Universidade de Leicester, no
Reino Unido. Ser feliz é aqui um assunto tão sério, que há uma
política pública chamada Gross National Happinness, criada
pelo quarto rei do Butão. De acordo com este conceito, o
estado responsabiliza-se por criar as condições necessárias
para que a população possa concentrar-se na busca da
felicidade, por meio dos ensinamentos do budismo.
outubro 2013 Page 35
Os butaneses vivem em completa harmonia com a natureza e fazem questão de preservar a própria
cultura e tradições. O número de turistas autorizados a entrar cada ano no Butão é limitado. A ideia é
garantir a conservação das florestas, vales, montanhas e o modo de vida da população.
O Butão é um país rico em templos centenários, suspensos a alturas vertiginosas, de aldeias rodeadas
de bosques, que cobrem 3 quartas partes do seu território, enormemente acidentado, bem como de
vales e campos de arroz. Não se pode deixar de referir o índice de felicidade interior que
implementou o anterior rei, como motivo de orgulho, único no mundo. Neste ambiente de sonho, as
actividades do turista repartem-se entre caminhadas a pé para observar aves, orquídeas ou plantas
medicinais ou caminhadas de alta montanha para visitar templos. A diferença horária é de mais 5
horas do que em Portugal.
Poucas vezes vista nos programas habituais das agências de viagens, Paro é a porta de entrada para o
Butão, pequeno reino dos Himalaias, localizado entre os gigantes China e Índia, que cultiva a tradição,
o budismo e a felicidade. Neste país a felicidade é mais do que um sonho, é uma filosofia de vida. Paro
não é a capital - a sede administrativa é Thimphu -, mas é a única cidade do país que tem aeroporto. A
2.250 metros acima do nível do mar, o vale é também um dos principais pontos de partida para
algumas das montanhas mais altas do mundo. Uma das nações mais pobres do globo, de acordo com a
Organização das Nações Unidas, o Butão também figura entre as dez mais felizes. O país tem fome
zero, analfabetismo zero, índices de violência insignificantes e se vê nenhum mendigo nas ruas. Não há
registo de corrupção administrativa e o povo adora o rei, Jigme Khesar Namgyal Wangchuck, o quinto
em cem anos de monarquia (1907-2007). A felicidade é levada a sério no país. Ao Estado cabe
proporcionar as condições necessárias para que a população possa concentrar-se na busca da
felicidade, por meio dos ensinamentos do budismo. O conceito de Gross National Happiness tem
quatro pilares - preservação das tradições butanesas, do meio-ambiente, crescimento económico e
bom governo. Instituída pelo quarto rei, Jigme Singye Wangchuk, em 1972, a política foi criada para
se contrapor à ideia de que PIB - que é baseado em valores materiais - mede a qualidade de vida da
população. O salário mínimo no Butão é cerca de 80 Euros mensais.
Este pequeno reino com cerca de 40 mil quilómetros quadrados tem
72,5% de sua área coberta por florestas, 34 rios e uma
biodiversidade de fazer inveja a muitos países ricos. Também
abriga cerca de 2000 templos e mosteiros budistas, um deles -
Kichu Lakhang -construído em 659 D.C, em Paro. Em cada distrito -
são 20 no total -,existe um "Dzong" - antigos fortes hoje usados
como sede administrativa. Assim como os “Chortens" - pequenos
templos construídos para abrigar imagens de Buda e relíquias
religiosas, os Dzongs são símbolos da identidade e cultura
butanesas.
Os habitantes do Butão são simples, hospitaleiros e muito gentis e
sorridentes Não apresentam os sinais de stress, pressa e
impaciência tão comuns nas culturas ocidentais. Neste país
antitabaco, a marijuana cresce livremente. Por tradição, os
camponeses usam a planta para alimentar os porcos.
outubro 2013 Page 36
Por causa do turismo e da televisão, butaneses que moram em centros urbanos, como Thimphu e Paro,
já conhecem o uso da erva para fins de entretenimento, mas a prática não é comum. Os butaneses
confiam no rei, que baniu o fumo do país em 2005, proibindo a venda de tabaco. Foi a primeira nação
do mundo a adoptar esta medida. De qualquer forma, quem consegue obter cigarros - por intermédio
dos turistas ou da venda clandestina - pode fumar. Não há punição para quem fuma, mas apenas para
quem vende tabaco. Os estabelecimentos que vendem cigarros clandestinamente correm o risco de
ter a licença anulada. Um dos nossos companheiros de viagem teve de deixar no aeroporto os cigarros
que levava na mala do porão e que não eram para seu uso pessoal e ainda pagou uma multa!
A arquitectura é uma das maiores atracções do Butão. Os prédios e casas têm estrutura de madeira e
taipa (barro amassado). As estacas são esculpidas e encaixadas umas nas outras sem a ajuda de
pregos. O acabamento dos telhados é feito e pintado à mão. Em muitas construções, desenhos de
pénis enfeitam as paredes caiadas (pintadas com pó branco, extraídos do arroz), em homenagem ao
guru Drukpa Kuenley, deus da fertilidade. As casas são geralmente construídas sem projecto
arquitectónico, mas os butaneses fazem consultas astrológicas antes de erguer as suas residências,
algumas com cerca de 900 anos. Os dzongs têm formato ligeiramente piramidal - largos na base e
mais estreitos no topo. Algumas pinturas dos prédios são verdadeiras obras de arte, com dragões e
desenhos de flores, bolas, portais e rodas da sorte (um dos símbolos do Butão) - todos coloridos. A
casa butanesa típica é grande. Tem quatro andares que abrigam animais (no piso térreo), diferentes
gerações da família - avós no primeiro andar, pais e filhos no segundo - e mantimentos de inverno. O
Butão é também conhecido como Terra do Dragão do Trovão e, por isso, ostenta um dragão branco na
sua bandeira laranja e amarela. O dragão é um símbolo nacional, tal como a papoila azul e os ciprestes,
tão comuns no país. Em vez de futebol, voleibol, ténis ou basquetbol, o desporto nacional do Butão é o
arco e a flecha. Os Butaneses acreditam que a mente, a fala e o corpo têm de estar em harmonia.
Cultivam o budismo Mahayana (um dos dois principais ramos da crença budista). Os seguidores do
Mahayana têm tradicionalmente considerado a sua doutrina como a revelação completa da natureza e
dos ensinamentos de Buda. Essa é a herança espiritual que o povo deve passar para as próximas
gerações, pregando a paz, a compaixão e a não-violência. A população tem estatura mediana (entre
1,60 m e 1,75 m) e mantém boa forma física. Além de caminhar bastante por falta de transportes
públicos, os butaneses alimentam-se basicamente de arroz das montanhas, batatas e pimenta. A
população é adepta da poligamia, e isso vale para homens e mulheres. Alguns butaneses casam-se com
várias pessoas de uma mesma família. O quarto rei, Jigme Singye Wangchuk, por exemplo, foi casado
com quatro irmãs. A sociedade tradicional butanesa é matriarcal. É hábito local o homem mudar-se
para a casa da mulher, após o casamento. A herança também costuma ser totalmente transferida às
filhas, na maioria das regiões do Butão. Essas tradições têm se dissipado em virtude da influência dos
indianos, nepaleses e outros estrangeiros que se casam e vêm morar no país. No Sul, por exemplo,
onde há mais hindus, as mulheres mudam-se para as casas dos maridos. O culto às tradições butanesas
é uma política de governo e uma questão de sobrevivência. Localizado entre dois países de culturas
muito fortes - China e Índia, o Butão é susceptível a influências. Tem de conservar os seus hábitos e
costumes para não perder a identidade. Além disso, o país não tem segurança social e depende dos
jovens para ajudar os idosos a viver com dignidade. É tradição no país que os mais novos morem na
mesma casa dos pais e sustentem os mais velhos. O artesanato e o vestuário também têm tradição
milenar. Peças de prata e cobre, tecidos criados no tear, bordados feitos à mão, dragões e Budas
esculpidos em madeira, pinturas e desenhos de fundo religioso enfeitam todas as casas e estão em
todas as lojas de recordações do país. Os butaneses misturam cores fortes e sóbrias, com um
resultado sempre vibrante. Ao ver as roupas de um butanês, tem-se a sensação de que viajamos no
tempo.
outubro 2013 Page 37
Os homens usam "gho" - espécie de vestido longo preso na cintura por uma faixa. Dentro do vestido,
os homens usam camisa com gola e longos punhos brancos. Os sapatos são pretos e feitos de couro.
Calçam meias de lã preta esticadas até aos joelhos. As mulheres vestem "kira" - uma peça de pano
longa e colorida, sustentada por presilhas à altura dos seios e os ombros são cobertos por blusas de
seda de mangas longas e cores fortes. Para proteger o seu património cultural e ecológico, o governo
faz campanhas nas escolas rurais, treina guias turísticos e controla o turismo. Oficialmente, o país
abriu as portas aos estrangeiros em 1974, depois de séculos de isolamento e de muitas discussões
sobre o impacto sociocultural, promovidas pelo rei e seus conselheiros. A ideia dos butaneses é
desenvolver um turismo de qualidade e evitar que o número de estrangeiros seja maior do que aquele
que o país pode abrigar nos seus cerca de 1.900 quartos de hotel. Aproximadamente 30 mil
estrangeiros visitam o Butão anualmente, e cerca de 70% manifestam desejo de voltar. Apesar de ter
72,5% de sua área coberta por florestas, apenas uma parte muito reduzida dos visitantes vão ao país
para fazer trekking até às montanhas dos Himalaias. A maioria é atraída pela riqueza cultural,
religiosa e tradições do Butão. O país venera o guru Rinpoche, também conhecido como Segundo Buda.
O Butão tem cerca de 700 mil habitantes. Quase 90% vivem da cultura de subsistência e enfrentam
problemas de infra-estruturas, como transportes precários e falta de saneamento básico.
Não há registo histórico no Butão antes do século 7. Acredita-se que o país não foi habitado até ao
ano 2000 A.C. No século 7, o rei do Tibete Songtsen Gambo, construiu os dois primeiros mosteiros do
país - o Kyichu Lhakhang, em Paro, e o Jambay Lhakhang, na cidade de Bhumtang. Os templos
colocaram o Butão no mapa do Budismo.
Até ao século 20, o Butão era regido pela filosofia budista, que ditava normas administrativas, sociais,
morais e legais. Somente em 1907, o país coroou o seu primeiro rei, Gongsar Ugyen Wangchuck, dando
início a uma monarquia hereditária.
O Butão é hoje é uma monarquia democrática. Por decisão do
quarto rei, os butaneses tiveram eleições pela primeira vez,
para escolher o seu primeiro-ministro, em Março de 2008.
Quatro meses depois, o país promulgou a sua primeira
Constituição. Actualmente, o rei do Butão trata somente de
questões de segurança nacional. Cabem ao primeiro-ministro
as demais decisões. Mesmo assim, a imagem do rei está
presente em quase todas as casas, bares, restaurantes e
prédios públicos do país. A família real costuma participar
de todas as festividades e comemorações butanesas,
atraindo grande interesse por parte da população. Saímos do
Butão no dia 8 de Outubro, mas no dia 13 teriam lugar
grandes festas para comemorar os 2 anos de casamento do
novo rei.
Continuámos para Thimpu, que fica a cerca de 70
quilómetros de Paro. E foi aqui que nos apercebemos da
verdadeira situação das estradas do Butão. Demorámos
cerca de 1 hora para percorrer a distância. O grupo foi
dividido por 4 camionetas pequenas, para tornar a viagem
mais fácil.
outubro 2013 Page 38
Mas por causa dos buracos, que por vexes pareciam crateras, os saltos que as camionetas davam eram
tantos, que no fim foi como se tivéssemos sido sujeitos a uma violenta massagem – a massagem
butanesa. Mas estávamos de férias e estas coisas têm de ser encaradas com boa disposição!
Chegámos a Thimpu quando já era noite, mas antes disso ainda parámos pelo caminho para tirar
fotografias a um templo que tinha uma deusa no exterior.
Quero referir que durante os quatro dias que passámos no Butão, as visitas não foram feitas pela
ordem que está indicada no programa. Gostaria de fazer uma descrição exacta da maneira como essas
visitas tiveram lugar, mas algumas mudanças de percurso e os nomes complicados dos monumentos,
não me permitem fazê-lo. As minhas desculpas a quem vai ler este relato, mas achei melhor seguir a
ordem das fotografias que tirei, que é mais exacta. Não vou é dizer o nome de todos os templos,
porque muitos não tinham o nome em Inglês. Ainda pedi ajuda à guia Benilde, mas ela não teve tempo
para me dar qualquer esclarecimento, pois estava cheia de trabalho!
Vimos o Mosteiro de Tachogang Lhakhang ou Templo do Cavalo Excelente, que está situado ao longo
da estrada que liga Paro a Thimpu, na base de uma montanha, junto a um rio. Foi construído nos
princípios do século 15 pelo mestre arquitecto Thangtong Gyalpo, que também construiu Dungtze
Lhakhang em Paro e muitas pontes de ferro no Butão. Tachogang significa Templo do Monte do Cavalo
Excelente. Diz-se que Gyalpo quando estava a meditar neste local, teve uma visão do cavalo espiritual
Balaha (uma manifestação do Buda da compaixão). Decidiu então construir aqui um templo, além de
uma das suas famosas pontes em estilo tradicional, com cadeias de ferro. Esta ponte foi restaurada
em 2005. O templo é administrado em regime privado pelos descendentes de Gyalpo. Quase todo o
nosso grupo foi até à ponte, mas estava a escurecer rapidamente, de modo que a demora não foi muita
e regressámos aos autocarros.
Chegámos ao Hotel Namgay Heritage, muito agradável, todo construído em madeira trabalhada e
pintada, o que lhe dava um aspecto muito bonito. O nosso quarto ficava no primeiro andar e estava
muito bem mobilado, com bancos, mesas e arcas cobertos de panos de seda e de tecidos típicos da
região.
Depois de deixarmos as malas no Hotel, seguimos para o Restaurante Bhutan Kitchen, onde pudemos
ouvir músicas muito melódicas, mas um bocado repetitivas, do folclore do Butão.
Regressámos ao Hotel e, no dia seguinte, fomos visitar Thimpu. Acordámos às 6,30 horas; o dia estava
quente e agradável. Thimphu tem uma população de cerca de 80. 000 habitantes, está situada a uma
altitude de 2.350 metros e é o centro político e económico do Butão; tem uma base agrícola e
pecuária dominante, o que faz que tenha grande importância na economia do país. O turismo, embora
contribua para a economia, é rigorosamente regulado pelo governo. A cultura do Butão reflecte-se em
Thimphu no que se refere à literatura, religião, costumes, código de vestes tradicionais, práticas
monásticas nos mosteiros, música, dança, literatura e comunicações. Só um aparte, para dizer que no
Butão os telemóveis do operador TMN não têm sinal de rede e Thimbu é a única capital do mundo que
não tem semáforos.
Neste dia, a primeira visita foi ao templo Dochula que é um conjunto de 108 "chortens" construídos a
3.116 metros acima do nível do mar.
outubro 2013 Page 39
O monumento faz alusão aos 108 mosteiros do país. Os dois primeiros foram erguidos no século 7,
pelo rei tibetano Songtsen Gampo, como cumprimento de obrigação espiritual. Em dias claros, é
possível ver os Himalaias. No local, além de uma bela vista para os vales do Butão, podemos observar
as tradicionais bandeiras de oração que enfeitam o país. São feitas em seda, nas cores verde
(florestas), amarelo (solo), azul (céu), branco (ar) e vermelho (fogo). Elas contêm orações de
protecção e boa sorte.
Prosseguimos pelas estradas sinuosas do Butão e parámos perto de uma ponte de ferro, cheia de
bandeirinhas coloridas. No final da mesma, tinha início um terreno bastante inclinado que levava a um
templo. Foi proposto um trekking pela montanha, com a duração de uma hora e meia. Os companheiros
de viagem que se aventuraram a fazê-lo acharam a subida difícil, pois o terreno era bastante
inclinado, com muitas pedras e lama, através de campos de arroz. Mas no fim da subida, viram uma
paisagem deslumbrante, que fez que o esforço tivesse valido a pena. Enquanto esperávamos pelos
nossos companheiros, visitámos um pequeno templo e vimos uma pedra de enormes dimensões, que um
raio dividiu em 2 partes exatamente iguais e passeámos um pouco pelas margens do rio, tirámos
fotografias na ponte e molhámos os pés no rio, cuja água cristalina convidava a um banho. Quando
todos chegaram, tivemos um almoço em pic-nic, sendo a refeição debaixo de chapéus de sol.
Entretanto, foram montadas umas casinhas triangulares, de lona verde, que serviam de casa de banho
e às quais toda a gente achou imensa graça. Mas houve quem preferisse uma casa de banho mais
ecológica!...
Depois do almoço partimos para Punakha, por estradas cada vez mais esburacadas e cheias de lama,
mas com uma paisagem bordeada de pinheiros e muitas culturas agrícolas, nomeadamente campos de
arroz. O vale de Punakha é o vale mais fértil do Butão. Punakha foi a capital do Butão e a sede do
Governo até 1955, altura em que a capital foi transferida para Thimpu. Fica a cerca de 75 quilómetros
de Thimphu, mas demorámos cerca de 4 horas para percorrer a distância. Está localizada a 1200
metros de altitude. No percurso tivemos oportunidade de visitar o Mosteiro Khamsum Yulley Namgyal,
que demorou 9 anos a ser construído e é um esplêndido exemplo das tradições arquitectónicas e
artísticas do Butão e o único do seu género no mundo, pois tem 4 andares. Foi mandado construir pela
rainha mãe e é dedicado ao bem-estar do Butão e tem como objectivo o benefício de todos os seres.
Continuámos para Punakha Dzong que foi construído em 1637. Este enorme templo foi danificado 6
vezes pelo fogo, uma vez por uma inundação e outra vez por um terramoto. O mosteiro Punakha Dzong
é muitas vezes referido como o mais bonito dzong no Butão.
O templo está situado no local de confluência de dois rios e é o segundo mais antigo e também o
segundo maior do Butão e o seu nome significa “o palácio de grande felicidade ou alegria.” Como o
tempo em Punakha é mais quente do que em Thimpu, os monges que aí vivem regressam à capital no
Verão.
O conjunto inclui o templo principal, um grande salão de oração, um centro administrativo e a zona
residencial dos monges. É o único dzong no Butão que tem três pátios. O templo principal guarda três
grandes estátuas douradas, que são a de Buda, a do Guru Rinpoche (que trouxe o Budismo para o
Butão) e a de Shapdrung (considerado o unificador do Butão no início do século 16). Tal como acontece
com todos os mosteiros e templos no Butão, não é permitido tirar fotografias no interior, o que é uma
pena, dada a grande beleza dos mesmos.
outubro 2013 Page 40
Fizemos uma visita rápida ao Empório do Artesanato, onde encontrámos uma grande variedade de
tecidos e produtos trabalhados à mão. Depois visitámos o Instituto Nacional Zorig Chusum (de Artes
e Ofícios) que mostrou as diferentes artes e o artesanato praticados no Butão. Tem o apoio do
Governo. Aí os jovens aprendem a bordar figuras de deuses e outras em panos de seda, fazem
esculturas em madeira, máscaras, tecelagem e toda uma infinidade de trabalhos. Os alunos estão
divididos por níveis, de acordo com os seus conhecimentos e o domínio da arte que executam. Os
trabalhos mais difíceis de executar são as mantras, pinturas circulares muito delicadas, feitas com
um pincel finíssimo, cuja execução pode demorar mais de 3 meses.
Estava previsto fazermos uma prova de arco e flecha, mas como começou a chover, a ideia foi posta
de parte e prosseguimos para o Folk Heritage Museum Kawajangse, onde pudemos apreciar muitos
utensílios agrícolas e domésticos, ferramentas e equipamentos, utilizados no Butão ao longo dos
tempos. Daqui seguimos para a Real Academia Têxtil, inaugurada pela Rainha mãe em 5 de Junho
deste ano. É um edifício muito moderno que alberga uma organização não-governamental, sem fins
lucrativos. Vai ser um centro para treinar os jovens na arte tradicional da tecelagem, preservando
assim e conservando a cultura dos têxteis do Butão. Aqui pudemos apreciar o fato e as botas que o
actual rei do Butão vestiu no dia do seu casamento. Num quadro onde dizia “O Butão num relance,
estava escrito que a moeda nacional do Butão é o ngultrum, a língua é o Dzonkha, a árvore é o
cipreste, a flor é a papoila azul, o animal é o takin (muito feio, com cornos, um nariz como um alce, e
um corpo como um bisonte), a ave é o corvo, o desporto é o arco e flecha e a população é de 700.000.
Continuámos para o Palácio Real Dechenchoeling, que é a residência oficial do rei, está situado a norte
da cidade e foi construído em 1952. Aqui o nosso guia butanês, colocou sobre o fato, uma echarpe de
cor beije, muito larga, numa maneira que significava respeito e reverência, porque ia entrar nas
instalações do Palácio. Havia um carro à porta, dois ou três guardas e tivemos de fazer silêncio
absoluto quando nos aproximámos da parte do Palácio onde vive a família real, que estava em casa. As
fotografias nessa zona também foram proibidas. Continuámos pelos jardins cheios de rosas e
demorámos algum tempo a observar as instalações, os pátios, as imagens e os edifícios brancos,
sempre cheios de pinturas. Quando acabámos a visita, a família real já tinha saído e pudemos falar e
fotografar à vontade. O guia referiu que o rei tem 33 anos e é uma pessoa muito acessível, que fala
com frequência com as pessoas que visitam o palácio. Mas há uma norma a respeitar: é o rei que tem
de dirigir a palavra às pessoas e não o contrário.
Terminada a visita ao Palácio, fomos a um mercado na rua, onde vendiam um pouco de tudo, inclusive
queijo seco de yak, que tem um sabor muito desagradável (apesar de eu gostar de todos os queijos,
este não o consegui tragar!) e, em seguida, fomos a uma farmhouse – Sisichhum Heritage Home Wang
Sisina – onde a dona da casa nos ofereceu chá e biscoitos.
Como, entretanto, tinha anoitecido e ainda tínhamos cerca de 4 horas de caminho até chegar de novo
a Thimpu, as visitas por este dia estavam terminadas! O jantar e o alojamento foram no mesmo Hotel
da véspera.
Relativamente ao dia seguinte – 6 de Outubro - , foi proposto que quem quisesse fazer um novo
trekking pelos montes, deveria levantar-se às 5,30 horas! Quem não quisesse, poderia acordar às 7,30
horas.
outubro 2013 Page 41
Assim, a visita ao Mosteiro de Tango era facultativa, pelo que não fiz a subida. As pessoas que a
fizeram, acharam que tinha sido bem mais difícil do que a da véspera e quando chegaram lá acima,
encontraram um pequeno templo,onde teve lugar uma singela cerimónia e deram uma espécie de
bênção aos nossos companheiros de viagem.
Depois de dar tempo a que o grupo que fez a subida regressasse do seu passeio, juntámo-nos todos e
fomos visitar o Templo Changagkha Lhakhang. Este templo está situado no cimo de um pequeno monte
com vista para o vale de Thimpu e foi construído no século 13. O templo é considerado o lar espiritual
de crianças nascidas no vale Chang. Nas proximidades está o Nacional Memorial Chorten. Chorten
significa literalmente "Sede de Fé 'e os budistas costumam chamar a estes monumentos, a mente de
Buda. Aqui podem ver-se representações de grande beleza de ensinamentos budistas em forma de
pinturas e esculturas. Como o nome indica, este Nacional Memorial Chorten foi consagrado em 28 de
Julho de 1974, em memória do terceiro rei do Butão.
Tashichhodzong, um mosteiro budista construído no século XIII, é a sede do governo do Butão desde
1952. É considerada a "fortaleza da religião gloriosa" e foi reconstruída pelo rei Jigme Wangchuck
Dorji na década de 1960. Em Tashichhodzong ficam alguns ministérios, a secretaria do Rei e aqui
reside o corpo central de monges do país.
Almoçámos num restaurante que ficava no último andar de um super-mercado e depois de visitarmos
um templo um tanto degradado, partimos para Paro. No trajecto visitámos Simtokha Dzong construído
em 1627. O Instituto de Estudos de Idiomas e Cultura está aqui localizado. No pátio ficámos
encantados com uma notável obra de arte: mais de 300 esculturas de ardósia finamente trabalhada,
atrás das rodas de oração.
Partimos então para Paro, cidade por onde entráramos no Butão e a última localidade onde aí
ficaríamos. É considerada uma das 10 cidades mais amigáveis do mundo, tal como Thimpu. O percurso
foi sempre feito por estradas da pior qualidade, mas as paisagens eram sempre maravilhosas e os
monumentos inigualáveis. As crianças sorriam à nossa passagem e levantavam as mãozitas, em gestos
de saudação.
Começámos por visitar o Museu Nacional do Butão que foi fundado em 1968, num edifício renovado,
por ordem do rei Jigme Wangchuck Dorji, o terceiro rei hereditário do Butão.
outubro 2013 Page 42
As infra-estruturas necessárias foram criadas para guardar alguns dos melhores exemplares de arte
do Butão, incluindo estátuas de bronze e pinturas. Foram construídas vitrines adequadas para guardar
as grandes colecções. As obras de arte estão bem posicionadas, de modo a tirar o melhor proveito de
cada uma. Actualmente, o Museu Nacional tem em seu poder mais de 3.000 obras de arte, que
abrangem mais de 1.500 anos de património cultural do Butão. As várias tradições representam uma
notável mistura do passado com o presente.
Vimos do exterior a Fortaleza de Rinpung Dzong, mas não a visitámos, dada a grande altitude a que a
mesma se encontra, na escarpa de uma montanha. Visitámos, sim, uma casa tradicional do Butão, com
animais no andar térreo, alfaias e pessoas nos outros andares e observámos uma azenha para moer o
trigo. As lojas que vimos em Paro eram de pouca qualidade e as estradas continuavam a ser horríveis.
Jantámos e ficámos alojados no Nak Sel Boutique Hotel & SPA, um hotel excelente, com quartos
enormes, muito bem decorados. Aqui o tempo estava mais fresco. Nesta noite a nossa companheira de
viagem Aida Sousa Dias fez anos e a Direcção do Clube Galp ofereceu-lhe um bolo de aniversário,
tendo todos cantado os “Parabéns a Você”.
No dia seguinte, estava indicada no programa uma visita ao Mosteiro Taktsang Lhakhang ou o Ninho
do Tigre. O maior encanto deste país são as paisagens montanhosas onde, olhando, parece que não
existe caminho para chegar até ao cimo. Porém, nos cimos das montanhas é que estão os mosteiros e
nos penhascos existem lugares de retiro e peregrinação O Ninho do Tigre é um destes lugares, dos
mais sagrados do Butão, um lugar de adoração onde a fé budista está enraizada. A história do Ninho
do Tigre começou há mais de 1.000 anos: Conta a lenda que no século 8, Buda veio até este lugar
voando nas costas de um tigre, que pousou aí numa pedra e depois desapareceu. O Buda
Padmasambawa meditou durante três meses nesse rochedo e derrotou oito monstros. Foi ele o
responsável pela difusão do budismo no Butão. Porém, dada que o mosteiro ficava a uma altitude de
900 metros e o tempo para lá chegar nunca seria inferior a 2,30 horas, e como o tempo não parecia
seguro, não realizámos a subida e, depois de umas quantas fotografias tiradas da planície,
prosseguimos para Drukgyel Dzong.
outubro 2013 Page 43
As antigas ruínas de Drukgyel Dzong, considerado o local arqueológico mais belo e famoso do Butão,
estão situadas num cume no vale de Paro. Desde a sua construção em 1649, Drukgyel Dzong serviu de
base importante para a defesa na região até 1951, altura em que foi destruído por um incêndio.
Mesmo depois da destruição, as ruínas do Dzong continuaram a ser protegidas como um monumento
importante que ligava o povo do Butão aos grandes acontecimentos que contribuíram para manter a
soberania do país.
Ao contrário de outros Dzongs, Drukgyel Dzong serviu apenas para fins de defesa, especialmente
contra ameaças externas a partir da fronteira, mas sem funções administrativas e religiosas. Como o
nome do Dzong indica (Druk é o nome local de Butão e Gyel significa vitória) é referido que o mesmo
foi construído para comemorar a vitória do Butão sobre os exércitos do Tibete e Mongol, que
tentaram invadir o país por diversas vezes. Assim, o Dzong foi erigido no local estratégico próximo da
fronteira com o Tibete para fortalecer a defesa contra futuras invasões. As ruínas existentes deste
Dzong estão bem conservadas, especialmente as estruturas das paredes de pedra, que ainda estão de
pé!
Muito importante em Paro é o antiquíssimo Kyichu Lhakhang. Foi um dos 108 templos construídos no
século VII pelo imperador tibetano Songsten Gampo. Esse número é místico para os budistas. Diz a
lenda que Guru Rinpoche meditava ali e que o templo ainda guarda tesouros espirituais deste grande
líder. Em 1971, foi construído mais um novo templo ao lado do antigo. Desde então, muitos rituais para
o bem-estar do povo são aí realizados. No pátio há duas laranjeiras e existe a crença de que elas são
sagradas por darem frutos o ano inteiro.
O acesso ao templo é feito por uma estrada de terra que passa no meio de plantações de arroz. Dá
uma sensação incrível de paz. Apetece ficarmos sentados e apenas apreciar a paisagem.
Foi-nos concedido um período de 1 hora e 30 minutos na cidade de Paro para compras ou simplesmente
deambular pelas ruas. Aqui tivemos oportunidade de encontrar um filho de João Cravinho, que estava
de férias com a família no Butão! Depois disso, assistimos a um espectáculo de Folclore do Butão, em
que nos foi dado apreciar as danças, e as canções mais típicas do país, que são uma constante nas
celebrações de vários tipos e nas festas mais importantes. Daqui seguimos para o Hotel, onde
jantámos e pernoitámos.
Mas o sono foi de pouca duração, pois o
despertar foi às 3 horas da madrugada,
dado que o avião para Calcutá levantava voo
às 7 horas! Aqui voltámos a acertar os
relógios, porque a diferença horária em
relação a Portugal é de 4 horas e 30
minutos.
outubro 2013 Page 44
É flagrante a diferença entre o tranquilo e pacífico Butão e a ruidosa e desordenada Índia: Nesta
cidade de cerca de 20 milhões de habitantes, tudo é caótico, a começar pelo trânsito. Aqui toda a
gente carrega nas buzinas, mesmo que não haja motivo para o fazer e o ruído é único, inimaginável.
Sentimos imediatamente que estamos na Índia, aquela Índia que ou se adora ou se detesta. Há dois
anos tinha tido oportunidade de visitar várias cidades indianas, mas em nenhuma vi tanta miséria,
tantos montes de lixo nas ruas, tanta pobreza, tantos prédios totalmente negros de sujidade.
Deixámos o autocarro e com uma temperatura elevada e uma grande humidade, embrenhámo-nos nas
ruas cheias de gente e percorremos um bairro onde numerosos artífices estavam a concluir as
pinturas de várias deusas de longos cabelos negros, cujos altares seriam usados numa festividade que
teria lugar dentro de poucos dias. As pessoas que se cruzavam connosco estavam pobremente
vestidas, mas não tinham um ar agressivo. Sorriam quando passávamos, mas ninguém nos tocou! Os
autocarros tinham dezenas de pessoas penduradas, tudo era feito nas ruas (cozinhavam, comiam,
vendiam um pouco de tudo, faziam colares de flores, dormiam indiferentes ao que as rodeava,
transportavam grandes fardos, cosiam roupa à máquina, ou simplesmente conversavam). Não pude
deixar de me lembrar da Madre Teresa, que aqui viveu grande parte da sua vida e aqui morreu.
Perguntei ao guia se passávamos pelo local onde ela tinha vivido, mas foi-me dito que não, que a Casa
das Missionárias da Caridade ficava do outro lado da cidade de Calcutá. Mas ao ver todas aquelas
pessoas que viviam em tão más condições, veio-me à mente a conhecida frase de Madre Teresa: “A
pior das pobrezas é não sentir-se amado. O que conta não é o que damos às pessoas, mas sim o amor
que lhes proporcionamos”!
Calcutá é uma das maiores cidades do mundo e a capital do
Estado de Bengala, que tem tido sucessivos papéis ao longo dos
tempos. De uma remota aldeia nas margens do rio Hooghly,
tornou-se posteriormente a capital do Império Britânico na
Índia. É um local sobrepovoado e sujo mas não perdeu o seu
carácter. Cristãos, católicos e protestantes, budistas e até
hindus, são inúmeras as religiões e as nacionalidades dos
voluntários que trabalham em Calcutá para ajudar os que
sofrem. As Missionárias da Caridade têm vários centros de
acolhimento para todos aqueles que são excluídos pela
sociedade. Os centros são dirigidos pelas Irmãs e são mantidos
pelos voluntários. Nas ruas da cidade é vulgar encontrarem-se
moribundos, que não têm outro lugar para terminar a sua agonia
e dar o último suspiro. Há milhares de seres que nascem na rua,
vivem nela, comem dela. Na rua apanham e transmitem doenças e
na rua morrem.
O trabalho dos voluntários nesta cidade abrange muitas tarefas como dar banho, vestir, alimentar,
limpar e tratar feridas. Actividades aparentemente simples mas que exigem uma atenção constante,
num país e numa língua que lhes são estranhos.
Muito se tem escrito sobre esta cidade realmente única, mas por muito verdadeiros que sejam estes
testemunhos, há que acrescentar: “Em Calcutá, deve-se experimentar para crer. Os mais famosos
escritores nunca serão capazes de fazer reviver os perfumes, os sons e os ruídos, bem como os
cheiros de Calcutá.
outubro 2013 Page 45
Quando se vê esta cidade uma vez, transporta-se para a vida inteira, quer no corpo quer na alma...
Calcutá, este inferno das mil contradições, onde milhares de seres, desde nascidos prematuros a
velhos moribundos, se vêem rejeitados todos os dias pelo homem organizado» (Sic -Mário Bertini).
Visitámos a Igreja St. John, originalmente uma Catedral, que estava entre os primeiros edifícios
públicos mandados construir pela Companhia das Índias Orientais, depois de Calcutá se ter tornado a
capital da índia Britânica. A construção da Igreja de St. John foi iniciada em 1784 e ficou completada
em 1787. A Igreja de St. John é a terceira Igreja mais antiga de Calcutá. Serviu como Catedral
Anglicana de Calcutá até 1847.
A Praça Dalhousie é o distrito comercial central da cidade, e tem sido assim desde os dias da
Companhia das Índias Orientais. Aí podem ver-se os edifícios da Câmara Municipal, o adro da igreja
de St. John e casas de escritores e artistas indianos. Foi a partir daqui que a cidade começou a
evoluir.
Em seguida, visitámos o Palácio de Mármore, que é uma residência privada, localizada no norte de
Calcutá. Foi construído pelo Rajá Rajendranath Mullick em 1835. A Família Mullick ainda reside numa
parte desta enorme mansão e a parte restante foi convertida em Museu. O edifício é de estilo
neoclássico. Mas o plano é o de uma casa rica da região de Bengala – um grande pátio central rodeado
por quatro alas de salas divididas por dois andares. A utilização de mais de 50 tipos diferentes de
mármore no chão, escadas e paredes dá o nome ao palácio. As colecções existentes no interior incluem
objectos de arte de todo o mundo. Dão especialmente nas vistas os espelhos Belgas que vão do chão
até ao tecto e uma estátua de madeira da Rainha Vitória, esculpida no tronco de uma única árvore, que
pesa mais de 10 toneladas. O Palácio também possui uma grande quantidade de pinturas, incluindo duas
de Joshua Reynolds e Ruben! Para dizer a verdade, não gostei nada deste Palácio. É tal a quantidade
de estátuas, estatuetas e tem tantos objectos decorativos, que se torna de muito mau-gosto!
O Victoria Memorial, localizado em Calcutá, foi a nossa próxima visita. É um Memorial dedicado à
Rainha Vitória do Reino Unido, que também usava o título de Imperatriz da Índia. Actualmente é um
Museu e constitui uma atracção turística. O memorial foi projectado por William Emerson que
introduziu elementos da arte mongol na estrutura. Vincent Esch foi o arquitecto e Lord Redesdale e
David Prain projectaram os jardins.
outubro 2013 Page 46
Construído entre 1906 e 1921, é um majestoso edifício de mármore branco rodeado por extensos
jardins. No cimo da cúpula do Memorial foi colocado um Anjo da Vitória de Bronze Negro, que segura
uma trompa na mão. Funciona como um catavento, quando o vento é demasiado forte.
Fomos almoçar ao restaurante Ivory, muito bonito, que ficava no último andar de um Centro Comercial
e, após o mesmo, foram-nos dadas 2 horas (até às 16,30 horas) para fazermos compras nesse Centro
Comercial, que não tinha nada de especial. Foi apenas 20 minutos antes da hora marcada que me
aventurei a ir um pouco mais longe e um polícia indicou-me uma loja lindíssima, que tinha todas as
coisas que fazem encher os olhos de uma mulher e esvaziar-lhe a bolsa. Mas já não havia tempo para
mais e tivemos de seguir para o Aeroporto, o que foi bastante demorado, devido ao trânsito.
Às 19,55 horas levantou voo o avião que nos levou até Bombaim. Aqui tivemos de sair do aeroporto
doméstico e levámos cerca de 20 minutos a chegar ao aeroporto internacional. Ficámos com uma breve
visão desta Cidade, mais uma vez com o trânsito caótico típico das cidades da Índia e com todos os
outros aspectos positivos e negativos, que fazem deste país um lugar único. Esperámos cerca de 4
horas (até às 2,55 horas) pelo avião que nos levou até Frankfurt. O cansaço já se fazia sentir e quase
toda a gente passou a viagem a dormir. Chegámos a Frankfurt pelas 7,55 horas, aqui mudámos
novamente de avião e aterrámos em Lisboa pelas 11 horas e 15 minutos.
Que posso dizer mais? Que o convívio foi muito agradável, que todas as pessoas eram muito
simpáticas, que foi tudo muito bom e que para mim foi uma enorme satisfação ter feito este relato!
Mas também foi uma viagem feita de momentos que ficaram gravados na minha mente e que não mais
se repetirão. Podem vir outros tão bons ou melhores, mas estes ficam comigo, ficam em mim, ficam
eternos…
Para terminar, resta-me felicitar a Direcção do Clube Galp Energia – Núcleo Centro por mais esta
iniciativa, que me levou a concretizar um sonho de longa data e agradecer o cuidado e preocupação
constantes do Paulo Rua e do Daniel Bertelo, para que tudo corresse bem e ninguém se perdesse no
meio de tantas centenas de pessoas nas cidades tão populosas por onde passámos. Um agradecimento
também ao nosso companheiro de viagem Nelson Pinto, que, sempre amável, ajudou toda a gente a
pegar nas malas, que para o final da viagem, já estavam muito, muito pesadas!...
Maria Isabel Soares da Costa
outubro 2013 Page 47
Encontro de Veteranos em Futebol 11
Realizou-se, no passado dia 21 de setembro, mais um encontro de veteranos no Bairro da Petrogal na
Bobadela, entre o Clube Galp Energia e o Freiria Sport Clube (aproxima-se o 30º aniversário dos
encontros entre estes dois grandes Clubes).
Foi um encontro entre velhos amigos em que o Freiria S.C. não se soube representar, como era seu
dever, com a sua melhor equipa pois apresentou-se com poucos elementos o que fez com que a tarde
desportiva não fosse tão agradável como o costume, e por esse motivo foi grande o desnível do
resultado: 11-2 a favor do Clube Galp Energia.
À parte deste pormenor, tudo correu bem, e como é tradição seguiu-se a 3ª parte do convívio, num
restaurante local onde nos debatemos com um excelente jantar, como é normal nestes encontros.
Ficou marcado o próximo encontro, onde o Freiria S. C. tentará conseguir um resultado bem
diferente, a realizar na Freiria a 17 de maio de 2014.
Até lá,
Joaquim Jacinto (participante do Freiria Sport Clube)
outubro 2013 Page 48
Campeonato Interno de Pesca Desportiva Disputou-se, no passado dia 07 de setembro, a terceira etapa do Campeonato Interno de Pesca
Desportiva do Clube Galp Energia - Núcleo Centro, referente ao ano de 2013.
Esta terceira prova foi disputada na Ribeira de Raia em Mora, situada entre o Couço e Montargil,
local onde não nos deslocávamos fazia já muito tempo, pelo que as técnicas a utilizar eram do
desconhecimento de todos.
Este dia de Verão, marcado pelo excelente tempo que se fez sentir, ofereceu boas condições para
a prática desta modalidade, o que muito terá ajudado a contribuir para a obtenção dos bons
resultados alcançados, materializados na captura de belos exemplares que sempre existem nesta
Ribeira.
O primeiro classificado foi Rui Batalha, que capturou,
durante as quatro horas de duração da prova, 6,920 kg de
pescado (carpas, barbos e pimpões), tendo-se classificado
nos lugares imediatos, Daniel Bertelo com 4,340 Kg e
Francisco Novo com 3,740 Kg. Este campeonato interno,
que envolve cerca de duas dezenas de pescadores, teve
nesta prova a presença de onze participantes.
Estes resultados vieram a confirmar o excelente momento
de alguns participantes, deixando para a última prova, a
realizar a 2 de novembro na Barragem da Oleirita, em
Arraiolos, a definição da tabela geral classificativa e a
consequente definição do campeão regional do ano em
curso.
A classificação desta prova, e respetivo peso de pescado
capturado por cada pescador, foi o indicado na tabela
anexa.
Classf. Nome Peso (Kg)
1º Rui Batalha 6,920
2º Daniel Bertelo 4,340
3º Francisco Novo 3,740
4º Fernando Moreira 3,120
5º Rui Reis 2,980
6º José Couvinha 2,660
7º José Cruz 2,540
8º Tobias Rasteiro 2,220
9º Filipe Bertelo 2,200
10º Jorge Cunha 1,760
11º Camilo Marques 1,040
1º RUI B
ATALHA
outubro 2013 Page 49
Final Nacional do Campeonato Interno de Futsal Realizou-se, nos passados dias 7 e 8 de setembro, a final nacional referente à modalidade de futsal
masculino, numa organização do Clube Galp Energia - Núcleo Centro, e na qual participaram as
equipas representativas dos três núcleos - Norte, Centro e Sul – do Clube Galp Energia.
Os encontros realizaram-se no Pavilhão da Escola Delfim Santos, tendo-se tornado campeã nacional
a equipa representativa do Núcleo Sul.
Tratou-se de uma jornada desportiva em que a vertente competitiva esteve presente, embora o
convívio entre Associados do Clube, Colaboradores do Universo Galp Energia, fosse o principal
aspecto a realçar, proporcionando dois dias de salutar confraternização e boa disposição entre
todos.
Os resultados deste fim de semana foram:
Núcleo Centro 0 Núcleo Sul 3
Núcleo Norte 0 Núcleo Sul 2
Núcleo Norte 2 Núcleo Centro 3
Núcleo Sul 3 Núcleo Centro 0
Núcleo Sul 1 Núcleo Norte 1
Núcleo Centro 1 Núcleo Norte 1
outubro 2013 Page 50
Final Nacional do Campeonato Interno de Futsal Ficando a classificação final ordenada da forma que a seguir se evidencia:
Individualmente há a destacar:
Melhor Jogador – Rui Casimiro (Núcleo Sul)
Melhor Marcador – Rui Silva, 4 golos (Núcleo Sul)
Melhor Guarda-Redes – José Gonçalves (Núcleo Sul)
J V E D P GM GS
1º Núcleo Sul 4 3 1 0 10 9 1
2º Núcleo Centro 4 1 1 2 4 4 9
3º Núcleo Norte 4 0 2 2 2 4 7
outubro 2013 Page 51
Sorteio Led Zeppelin - The song remains the same A Direção do Clube Galp Energia – Núcleo Centro vai
proceder, entre os seus Associados, ao sorteio de quatro
exemplares do DVD The song remains the same, concerto
dos Led Zeppelin no Madison Square Garden em Nova
Iorque.
Para o efeito, devem inscrever-se enviando, até ao dia 08
de maio próximo, um mail para o endereço interno “Clube
GalpEnergia – Secretaria” ou telefonando para a Secretaria
do Clube Galp Energia - Núcleo Centro através do número
21 724 05 32 (extensão interna 10 532).
Sorteio
Astérix entre os Pictos
Os Associados do Clube Galp Energia – Núcleo Centro
contemplados, cada qual, com um exemplar de última
aventura do gaulês Asterix - Astérix entre os Pictos –
foram:
Pedro Ornelas
Teresa Calçado Carvalho
Pedro Oliveira Gomes
José Silva e Castro
Sofia Sequeira
Celeste Lourenço
Fábio Oliveira
Carla Rosa
outubro 2013 Page 52
Visita ao Lisbon Story Center e à Kidzania.
A Direção
Olá! Nós somos a Rita e o Afonso e vamos contar-vos como foi a nossa visita ao Lisbon Story Center e
à Kidzania.
Quando entrámos na carrinha do Clube Galp Energia estávamos muito entusiasmados porque não
sabíamos o que nos esperava. Entretanto chegámos ao nosso primeiro destino: o Lisbon Story Center.
Havia uma senhora que nos ajudou a pôr os auscultadores e que nos explicou como funcionavam.
Explicou que sempre que nos aproximássemos dos filmes projetados nas paredes, ouvíamos o som. Foi
muito divertido pois não havia só filmes, havia também esculturas e salas decoradas. Uma destas salas
era a sala que simulava o terramoto de 1755. Aqui percebemos que são os animais os primeiros a
pressentirem o terramoto. No final da simulação, até o candeeiro da sala onde estávamos abanou! De
seguida fomos ver a reconstrução da cidade de Lisboa e os planos do Marquês de Pombal.
Quando terminou esta visita voltámos à carrinha para irmos para a Kidzania. Depois do check-in fomos
ao Banco (Banco da Kidzania), recebemos 50 kidzos e depois fomos comer. Na Kidzania podemos
brincar às profissões como se fossemos adultos. Fizemos sumos, pizzas, cereais e gelados (de
chocolate), fomos repórteres, tirámos cursos na Universidade, reparámos um aerogerador, reparámos
uma central de comunicações, distribuimos encomendas, fomos advogados no Tribunal, fomos
padeiros, fizemos medicamentos e fomos locutores de rádio. Fizemos ainda escalada, jogámos num
concurso na SIC, passeámos no autocarro da Kidzania, jogámos futebol e conduzimos carros na pista
da Galp Energia, claro!
Adorámos este dia e queremos que o Clube Galp Energia continue a fazer coisas destas para fazermos
novos amigos!
Rita e Afonso Munhá