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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Otimização do Processo de Fabricação de Borracha Termoplástica para Controle do Auto-acoplamento José Martins Palha Júnior Recife – PE Outubro de 2003

Otimização Do Processo de Fabricação de Borracha

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Otimização Do Processo de Fabricação de Borracha

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA

    QUMICA

    DISSERTAO DE MESTRADO

    Otimizao do Processo de Fabricao de Borracha

    Termoplstica para Controle do Auto-acoplamento

    Jos Martins Palha Jnior Recife PE

    Outubro de 2003

  • Jos Martins Palha Jnior

    Otimizao do Processo de Fabricao de Borracha

    Termoplstica para Controle do Auto-acoplamento

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Qumica da Universidade Federal de Pernambuco rea de concentrao: Orientadores:

    Profa. Dra Yda Medeiros B. de Almeida Profa. Dra. Maria Fernanda Pimentel

    Departamento de Engenharia Qumica da UFPE Recife - 2003

  • minha esposa Angeles e aos meus

    filhos, Andr, Rachel e Armando.

  • AGRADECIMENTOS

    s minhas orientadoras professoras Dra Yda Medeiros B. de Almeida e Dra. Maria Fernanda Pimentel pela compreenso, incentivo e apoio durante a realizao deste trabalho.

    chefia do Departamento de Engenharia Qumica, na pessoa da Profa. Dra.

    Maria Alice Gomes de Andrade Lima, por permitir o uso das instalaes e equipamentos.

    coordenao do Mestrado em Engenharia Qumica, na pessoa do Prof. Nelson

    de Lima Filho, pelo apoio no transcorrer do curso. Petroflex, na pessoa do gerente da planta do Cabo, engenheiro Marconi

    Emanuel Madruga, por permitir o estudo de Otimizao do Processo de Fabricao da Borracha Termoplstica.

    A todos os professores que fazem parte do Programa de Mestrado em

    Engenharia Qumica pela forma precisa e atenciosa com que transmitiram seus conhecimentos.

    Ao Prof. Dr. Csar Abreu pelo incentivo na participao no Programa de

    Mestrado em Engenharia Qumica. equipe do laboratrio da Petroflex, ao engenheiro Marivan Costa Gadelha, ao

    supervisor tcnico Ismar Sobreira de Carvalho e aos analistas Elias Correia Nunes, Fernando Vasconcelos Figueiredo, Francisco Barros Viera, Jeferson Lopes dos Santos, Jos Gersino Queiroz, Jos Valdiniz e Maria Valeria Chagas que viabilizaram as anlises necessrias a este estudo.

    equipe de produo da Petroflex, aos engenheiros Paulo Estevo de Oliveira e

    Mrio Aguiar e aos operadores Antnio Cavalcante da Silva, Csar Nascimento, Dilson Felix do Nascimento, Gilson Castro, Joo Correia, Jos No Barbosa, Juarez Jos de Frana e Olavo Timteo de Alencar pela inestimvel ajuda na realizao dos experimentos de campo.

    Aos qumicos Jos Edson da Silva e Arnbio Caneca, estudantes de ps-

    graduao do Laboratrio de Engenharia Ambiental, pela inestimvel colaborao. Aos colegas do mestrado Andreia S, Fernando Britto, Luciano Andr Vieira,

    Gilsejania Raimundo, Francisco Dutra e demais colegas pelo companheirismo durante todas as fazes do mestrado.

    A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realizao desse

    trabalho.

  • I

    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS III LISTA DE FIGURAS IV LISTA DE ABREVIATURAS V CAPTULO 1 INTRODUO 1 CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA 6 CAPTULO 3 MATERIAIS E MTODOS 23

    3.1. Matrias primas 23 3.2. Preparao das matrias primas 26

    3.2.1. Butadieno 26 3.2.2. Estireno. 27 3.2.3. N-butil Ltio 27 3.2.4. Ciclohexano 27 3.2.5. Tetrahidrofurano (THF) 28 3.2.6. Terminador 28 3.3. Produo do polmero 28 3.3.1. Reator 30

    3.4. Estocagem e homogeneizao 31 3.5. Coagulao e recuperao do solvente 31 3.6. Secagem e embalagem 31 3.7. Polmero SBS linear 32 3.8. Mtodos de anlise 33

    3.8.1. Distribuio de massa molecular atravs de cromatografia lquida de permeao em gel

    33

    3.8.2. Teor de estireno 34 3.8.3. Determinao da concentrao do butadieno 1,3 35 3.8.4. Determinao da concentrao do estireno 35 3.8.5. Determinao da concentrao do ciclohexano 35 3.8.6. Determinao da concentrao do BHT 35 3.8.7. Determinao da concentrao do THF 36 3.8.8. Determinao do teor de TBC 36 3.8.9. Determinao do teor de gua dissolvida 36

    3.9. Planejamento Experimental 37 3.9.1. Execuo dos experimentos 38

    CAPTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSO 41 4. Execuo dos experimentos 41 4.1. Influncia das variveis de processo na formao

    do polmero de alto peso molecular 44

    4.2. Influncia das variveis de processo na temperatura final de reao

    49

    4.3. Influncia das variveis de processo na produtividade do reator (PV)

    52

  • II

    4.4. Evoluindo na reduo da formao do polmero de alto peso molecular

    56

    4.4.1. Influncia dos novos nveis das variveis do processo na formao do polmero de alto peso molecular

    58

    4.4.2. Influncia dos novos nveis das variveis do processo na temperatura final de reao

    59

    4.4.3. Influncia dos novos nveis das variveis do processo na produtividade

    60

    CAPTULO 5 CONCLUSES 63 CAPTULO 6 SUGESTES 64 CAPTULO 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 65

  • III

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1 Principais produtores mundiais de borracha sinttica dos tipos SBR e BR em 1993. Capacidade em mil toneladas/ano

    2

    Tabela 1.2 Principais tipos de aplicaes para os produtos fabricados pela Petroflex

    3

    Tabela 2.1 Variao do grau de dissociao dos iniciadores organometlicos com base no ltio em diversos solventes

    12

    Tabela 3.1 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do 1,3 butadieno

    23

    Tabela 3.2 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do estireno

    24

    Tabela 3.3 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do n-butil ltio

    24

    Tabela 3.4 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do ciclohexano

    25

    Tabela 3.5 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do THF 25 Tabela 3.6 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do BHT 26 Tabela 3.7 Caractersticas qumicas do polmero SBS linear 32 Tabela 3.8 Caractersticas fsicas do polmero SBS linear 33 Tabela 3.1 Valores dos nveis selecionados para os fatores 40 Tabela 3.2 Matriz de planejamento com as variveis codificadas, para a

    primeira srie de experimentos 40

    Tabela 3.3 Matriz de planejamento com as variveis codificadas, para a segunda srie de experimentos

    40

    Tabela 4.1 Resultados das bateladas com as variveis codificadas 44 Tabela 4.2 Resultado da anlise dos dados da tabela 4.1 para rea %. 45 Tabela 4.3 Variao das velocidades da reao de termlise do poliestireno

    com a temperatura (razo molar THF/Li = 0,5) 48

    Tabela 4.4 Resultado da anlise da tabela 4.1 para a temperatura final da reao (TF)

    50

    Tabela 4.5 Resultado da anlise da tabela 4.1 para a produtividade do reator (PV)

    53

    Tabela 4.6 Resultados das novas bateladas reduzindo o tempo de terminao. As variveis so apresentadas codificadas

    57

    Tabela 4.7 Resultado da anlise da tabela 4.6 para a rea 58 Tabela 4.8 Resultado da anlise da tabela 4.6 para a TF 59 Tabela 4.9 Resultado da anlise da tabela 4.6 para a PV 60

  • IV

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 - Estrutura dos copolmeros blocados do tipo S-B-S e S-I-S onde se observam o polibutadieno e os domnios de poliestireno (HOLDEN & LEGGE, 1987)

    9

    Figura 2.2 - Tipos de polmeros blocados, (a) polmero linear e (b) polmero ramificado

    10

    Figura 2.3 - Cromatograma de borracha termoplstica obtido por GPC (cromatografia lquida de permeao em gel)

    17

    Figura 2.4 - Mecanismos de termlise com formao de um polidieno (2) e politrienilltio (5) (VIOLA et al., 1996)

    18

    Figura 2.5 - Mecanismos de termlise, proposto para o polibutadieno (VIOLA et al., 1996)

    19

    Figura 3.1 Desenho esquemtico do reator de polimerizao em batelada 30 Figura 3.2 Curva de GPC de uma amostra de borracha termoplstica 34 Figura 3.2 Detalhe da uma malha de controle em cascata para os reatores de

    batelada 37

    Figura 4.1 Grfico tpico da temperatura em funo do tempo gasto em uma batelada no perodo anterior ao incio dos experimentos

    43

    Figura 4.2 Diagrama TI (Temperatura inicial) e tT (Tempo de terminao). Os valores que se encontram nos vrtices do quadrado so as mdias dos valores da resposta rea

    47

    Figura 4.3 Superfcie de resposta para rea mantendo-se TI no nvel zero 49 Figura 4.4 Superfcie de resposta para rea mantendo-se ST no nvel zero 49 Figura 4.5 Superfcie de resposta para a temperatura final do processo 51 Figura 4.6 Superfcie de resposta para a produtividade do reator (PV)

    mantendo tT no nvel zero 54

    Figura 4.7 Superfcie de resposta para a produtividade do reator (PV) mantendo ST no nvel zero

    54

    Figura 4.8 Diagrama TI (Temperatura inicial) e tT (Tempo de terminao) para a produtividade do reator

    55

    Figura 4.9 Cubo representando as respostas para a produtividade do reator. Os valores que se encontram nos vrtices so as mdias das respostas. Os valores entre os vrtices so os efeitos para cada situao

    62

  • V

    LISTA DE ABREVIATURAS BHT = Hidroxitolueno butilado. BR = Butadiene rubber DIC = Detetor de ionizao de chama. ESBR = Emulsion styrene butadiene rubber. Et2O = Dietil eter. EVOP - Evolutionary operation GPC = Gel permeation chromatography IISRP = International institute of synthetic rubber producers, Inc. PAPM = Polmero de alto peso molecular. RSM = Response Surface Methodology SBR = Styrene butadiene rubber. SBS = Styrene butadiene styrene. SDCD = Sistema Digital de Controle Distribudo. SIS = Styrene isoprene styrene. SiCl4 = Tetracloreto de silcio SSBR = Solution styrene butadiene rubber. TBC = p-Terc-butilcatecol. TIC = Temperature indicator and controller. THF = Tetrahidrofurano. TMEDA = Trimetiletilenodiamina. TR = Borracha termoplstica (thermoplastic rubber). TT = Temperature transmitter. TV = Temperature valve.

  • VI

    Resumo

    A borracha tornou-se, ao longo dos ltimos dois sculos, uma das mais

    importantes matrias primas utilizadas industrialmente. Seu emprego tem crescido em qualidade e diversidade, principalmente a partir da descoberta do processo de vulcanizao por Charles Goodyear (1838) e da introduo dos elastmeros sintticos que vieram substituir a borracha natural em diversas aplicaes. O conjunto de caractersticas que os diferentes tipos de borracha apresentam hoje, criaram um mercado diversificado que se estende desde a fabricao de pneus a aplicaes em peas cirrgicas passando por equipamentos industriais como correias transportadoras e de transmisso, absorvedores de impacto, solas de calados, entre outros. A produo mundial de borracha no ano de 2002 foi de 15x106 toneladas, incluindo nesse total 7,9x106 toneladas de sinttica. A expectativa de produo mundial para o ano de 2006 de 17x106 toneladas, das quais 9x106 toneladas sero de elastmeros sintticos. Isso significa, um crescimento mundial mdio de 3% ao ano entre 2002 e 2006. Dentre os elastmeros sintticos, um dos que apresentam melhor previso de crescimento a borracha termoplstica. Esse polmero tem uma expectativa de crescimento mundial de 3,3% ao ano, passando da produo de 1,4x106 toneladas em 2001 para 1,6x106 toneladas no ano de 2006. As previses so ainda melhores no mercado da Amrica Latina, onde se espera um crescimento de 4,9% ao ano. Dentre as aplicaes desse tipo de polmero, uma das que apresentam maior expectativa de crescimento a de modificao de asfalto, tanto para pavimentao quanto para impermeabilizao de lajes de concreto. Procurando atender esse mercado, a equipe de assistncia tcnica da PETROFLEX, verificou a necessidade de controlar com maior preciso a viscosidade da soluo do TR (thermoplastic rubber) no asfalto. Foi observado que existia uma relao entre a variao da viscosidade da soluo do produto e a presena de pequena quantidade de polmero de alto peso molecular (PAPM) no mesmo, embora o peso molecular mdio estivesse dentro da especificao. O presente trabalho teve como finalidade identificar quais as variveis do processo eram mais importantes para o controle e reduo da quantidade PAPM e a partir desse conhecimento, estabelecer as condies operacionais timas para a manuteno dessa caracterstica. Para isso, realizaram-se vrios experimentos, utilizando-se a tcnica do planejamento fatorial. Aps a concluso desse trabalho, o produto que inicialmente apresentava um teor mdio de 5% do PAPM, teve o teor reduzido para 2,9% em mdia. Ao mesmo tempo, a produtividade mdia da reao, que inicialmente era de 9,8 kg/minuto, atingiu o valor de 21,3 kg/minuto. Logo a metodologia utilizada permitiu atingir os objetivos desejados de qualidade do produto final e permitiu elevar a produtividade dos reatores industriais em 116%.

  • VII

    Abstract

    The rubber became, in the last two centuries, one of the most important raw materials used at the industry. Its uses have increased in quality and diversity, since the vulcanization process developed by Charles Goodyear (1838) and the introduction of synthetic elastomer which substituted natural rubber in several applications. The collection of features inherent to the different types of rubber that are available now created a diversified market that comes from tire to surgical pieces, passing through industrial equipment, like transport and transmission belt, impact absorbers, footwear sole and others. In 2002, the rubber worlds production was 15x106 Tons, which 7,9x106 Tons were synthetic. The worlds production expectation for 2006 is close to 17x106 Tons, which 9x106 Tons are synthetic elastomer. It results on world rise of 3% per year between 2002 and 2006. Among the synthetic elastomer, the thermoplastic rubber have one of the best predictions of growth. This polymer have an worlds growth expectation of 3,3% per year, exceeding the 2001 production in 1,4x106 Tons to 1,6x106 Tons in 2006. The predictions for Latin America are even better, its expected to reach 4,9% per year. Among the applications of this kind of polymer, the one who has the better expectation of growth is the asphalt modifications, not just as road surface but as concrete flagstone impermeability also. Trying to grant this market, the necessity to control viscosity of TR (Thermoplastic Rubber) solution in asphalt were verified by PETROFLEX technical team. A relation between the variation of viscosity at the solution and a small quantity of High Molecular Weight Polymer (PAPM) were noticed. The present thesis had the objective to identify which variable of the process were important to control and reduction of PAPM quantity, and after establish the best operational conditions to the characteristic maintenance. With this purpose, several experiments were realized, using the factorial design technique. After the Thesiss conclusion, the product which had initially 5% of PAPM, presented 2,9% reduced tenor. At the same time, the reaction average productivity, which initially was 9,8 Kg of polymer per minute, reached 21,3 Kg/minute. This way the methodology used allowed to reach the desired objectives of quality at the final product and allowed ,also, to rise the productivity of reactors in 116%.

  • INTRODUO

    1

    CAPTULO 1 INTRODUO

    A PETROFLEX Indstria e Comrcio S.A. uma empresa que comemorou no ano

    2002 seus 10 anos de privatizao. Ela foi inaugurada em 4 de maro de 1962 com o

    nome de Fabor Fbrica de borracha e era uma unidade industrial da Petrobras,

    instalada no municpio de Caxias no Estado do Rio de Janeiro, com capacidade inicial

    de 40 mil toneladas por ano de borracha ESBR (borracha de estireno e butadieno em

    emulso). Inicialmente a empresa s trabalhava com matrias primas importadas, porm

    a partir de 1976 passou a produzir butadieno em unidade prpria com capacidade para

    33 mil toneladas por ano. Essa nova unidade foi ampliada em 1975 e por motivos

    econmicos foi descontinuada em 1986.

    Em 1968 a FABOR passou a fazer parte da PETROQUISA Petrobras Qumica S/A e

    no ano de 1977 passou a se chamar PETROFLEX. Nesse mesmo ano comeou a

    fabricar o estireno que necessitava, em uma unidade industrial na mesma rea com

    capacidade de 60 mil toneladas por ano. No ano de 1984, passou a produzir etilbenzeno

    no Plo Petroqumico do Rio Grande do Sul em uma unidade com capacidade de 160

    mil toneladas por ano dessa matria prima, necessria para a fabricao do estireno no

    Rio de Janeiro. No ano seguinte, inauguraria a unidade industrial de Triunfo, no Rio

    Grande do Sul, para produzir ESBR em emulso com capacidade para 40 mil toneladas

    por ano.

    Paralelamente, no ano de 1959, era construda no municpio do Cabo de Santo

    Agostinho no Estado de Pernambuco, a COPERBO Companhia Pernambucana de

    Borracha Sinttica com a capacidade de 27,5 mil toneladas por ano para fabricar BR

    (borracha de butadieno pelo processo em soluo). Inaugurada em 1965, a COPERBO,

    era uma empresa estatal e fabricava o prprio butadieno a partir do lcool hidratado que,

  • INTRODUO

    2

    naquela poca, era abundante no Estado de Pernambuco. Essa unidade foi desativada no

    ano de 1971 por motivos econmicos e a empresa passou a utilizar matria prima

    importada. No ano de 1976 a COPERBO passou a fabricar, com tecnologia da

    Firestone, a SSBR (borracha de estireno e butadieno em soluo) e ampliou sua

    capacidade de produo para 76 mil toneladas/ano. E em 1983, com tecnologia prpria,

    passou a fabricar 2 mil toneladas/ano de TR (borracha termoplstica).

    Em abril de 1992, a PETROFLEX foi privatizada e no ano seguinte, a empresa

    que tinha capacidade instalada de 224 mil toneladas por ano para a produo de ESBR,

    se fundiu Coperbo formando uma consrcio com capacidade, poca, de produzir 324

    mil toneladas por ano de elastmeros sintticos, distribudos entre os principais

    produtores, como mostra a TABELA 1.1.

    TABELA 1.1 Principais produtores mundiais de borracha sinttica dos tipos SBR e BR em 1993. Capacidade em mil toneladas/ano.

    Produtores Capacidade

    anual de ESBR

    Capacidade

    anual de SSBR

    Capacidade

    anual de BR

    Total de

    SBR+BR Estatais (CEI) 690 0 413 1.103

    Goodyear 289 10 215 514

    Enichem 310 15 155 480

    Bayer 110 20 304 434

    Ameripol

    Sympol

    336 0 0 336

    PETROFLEX/

    COPERBO

    224 20 80 324

    JSR 215 10 80 305

    Nippon Zeon 200 20 58 278

    Firestone 0 150 120 270

    Korea Kumbo 155 10 95 260

    Estatal (China) 120 0 95 215

    Shell 120 0 0 120

    Fonte IISRP (International Institute of Synthetic Rubber Producers, Inc.) Nota: ESBR = borracha de estireno e butadieno pelo processo de emulso, SSRB = borracha de

    estireno e butadieno pelo processo de soluo e BR = polibutadieno.

  • INTRODUO

    3

    No ano de 1996 as duas empresas se fundiram passando a ter a mesma

    denominao. Com sucessivos investimentos em diversificao de produo,

    atualmente a PETROFLEX tem capacidade para produzir 380 mil toneladas/ano de 62

    diferentes tipos de produto.

    Esses produtos atendem a uma vasta gama de aplicaes e tipos diferentes de

    indstria: desde a indstria de pneus, passando pela indstria de solados para calados,

    de peas tcnicas para a indstria automobilstica, modificao de plstico, modificao

    de asfalto, embalagens, adesivos e materiais cirrgicos. As principais aplicaes dos

    produtos da empresa podem ser observadas na TABELA 1.2.

    TABELA 1.2 Principais tipos de aplicaes para os produtos fabricados pela

    PETROFLEX.

    Sigla Tipo de produto Pneus Bandas

    de recau-

    chutagem

    Modifi-

    cao

    plstico

    Modifi-

    cao

    Asfalto

    Calados Adesivos Peas

    tcnicas

    ESBR Estireno-butadieno

    em emulso

    r

    r

    r

    r

    r SSBR Estireno-butadieno

    em soluo

    r

    r

    r

    r

    r

    r BR Polibutadieno r r r r r NBR Borracha nitrlica r r r TR Borracha

    termoplstica

    r

    r

    r

    r

    Ltex Emulso de ESBR r r r

    Fonte VOGT, 2002

    Dentre os produtos que tm mostrado maiores perspectivas de crescimento no

    mercado, tanto interno como externo, est a borracha termoplstica. Este produto tem

    uma expectativa de crescimento da ordem de 3,3% ao ano em todo o mundo, segundo

    relatrio do ano de 2002 do IISRP (International Institute of Synthetic Rubber

    Producers, Inc.). O mesmo relatrio prev um crescimento mdio anual de 4,9% at

  • INTRODUO

    4

    2006, s na Amrica Latina atingindo o volume de 22.000 toneladas/ano. Como as

    vendas atuais da PETROFLEX esto em torno de 6.000 toneladas/ano, este produto

    apresenta uma excelente perspectiva para o crescimento de vendas da companhia.

    A TR, como visto na TABELA 1.2 tem muitas aplicaes diferentes, dentre elas

    a modificao de asfalto para pavimentao e impermeabilizao de lajes na construo

    civil. Foi nessa ltima aplicao onde se detectou que havia variaes de viscosidade da

    soluo do TR no asfalto para um mesmo ndice de fluidez. Essa variao de

    viscosidade da soluo provocava mudanas na reologia da massa, o que dificultava o

    controle da espessura das mantas asflticas se fossem mantidas as condies

    operacionais das mquinas de produo. Aps anlises por cromatografia lquida de

    permeao em gel (GPC), foi verificada a existncia de um pico de peso molecular

    elevado. Esse polmero no mantinha uma relao fixa com o polmero principal.

    Concluiu-se, aps vrias anlises dos materiais junto aos clientes, que a presena desse

    produto era a causa para a elevao da viscosidade da soluo do polmero no asfalto. A

    partir dessa concluso decidiu-se investigar a formao desse subproduto e tambm

    controlar e reduzir a relao entre esse material e o polmero principal.

    Decidiu-se investigar o efeito da concentrao dos monmeros na formao

    desse subproduto, uma vez que, com maior concentrao dos monmeros e

    consequentemente do polmero formado poderia haver maior interao qumica entre as

    molculas do meio reacional.

    Investigou-se tambm a influncia das temperaturas da reao. Com

    temperaturas mais altas as interaes qumicas tambm so muito afetadas.

    Verificou-se tambm a influncia do tempo de terminao da reao, pois uma

    maior permanncia do polmero vivo permite que hajam interaes entre as molculas.

  • INTRODUO

    5

    Seria importante tambm verificar se interaes entre as trs variveis

    potencializavam a formao ou reduo do polmero indesejvel.

    Para investigar as influncias das diversas variveis que influenciam a formao

    do polmero indesejvel, bem como suas interaes, optou-se por utilizar a metodologia

    de planejamento fatorial. Essa metodologia permite analisar as diversas influncias

    dessas variveis, fazendo pequenas alteraes no processo sem tirar o mesmo dos

    limites da especificao.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    6

    CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Os elastmeros so polmeros de grande interesse industrial uma vez que tm

    vrias aplicaes nos dias atuais, entre outras, pneus para automveis, solados de

    calados, elstico para vrias aplicaes, mangueiras de borracha, cmaras de ar,

    correias para motores e mquinas em geral. Esse mercado de elastmeros vem sendo

    disputado por grandes empresas. Dentre as maiores empresas de expresso mundial no

    mercado de borracha, se destacam Bayer, Enichem, Goodyear, Bridgestone/Firestone e

    Michelin.

    A borracha natural foi o primeiro elastmero conhecido pelo homem. Em 1525 o

    Padre dAnghieria relatou ter visto os ndios no Mxico jogando com uma bola elstica.

    O francs C. M. de la Condamine no sculo XVIII, levou uma amostra de caucho para

    a Academia de Cincias de Paris, porm devido ao fato dos artefatos apresentarem-se

    pegajosos quando aquecidos ou tornarem-se quebradios e sem flexibilidade quando

    resfriados, perdeu-se o interesse no material (Anurio Brasileiro da Borracha, 1997).

    John Priestley, sbio ingls, descobriu que podia usar o caucho para apagar o trao do

    lpis (MORAWETZ, 1985). A borracha natural ganhou notoriedade quando em 1823 o

    escocs Macintoch utilizou-a na impermeabilizao de tecidos em Glasgow, Esccia.

    Mas a moderna indstria da borracha passou a crescer quando, em 1838, Charles

    Goodyear descobriu o processo de vulcanizao da mesma (KATZ & WALKER,1979).

    Em 1826, Faraday iniciou estudos com a finalidade de descobrir a estrutura

    qumica da borracha. Nos seus estudos encontrou uma relao C/H de 6,812. Hoje

    sabemos que essa relao de 7,5. Williams em 1860 continuando os estudos de

    Faraday e Himly, conseguiu isolar a unidade bsica do polmero, o isopreno, cuja

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    7

    estrutura ficou desconhecida at 1884 quando Tilden props cinco possibilidades. A

    estrutura definitiva foi finalmente comprovada em 1897 (MORAWETZ, 1985).

    A borracha natural o resultado da coagulao do ltex de alguns vegetais,

    sendo o mais importante deles a Hevea brasiliensis. Essa matria prima proveniente

    da rvore da seringueira, que um vegetal nativo da Amaznia. Ele retirado por

    sangria da casca da rvore e depois coagulado. Devido s muitas aplicaes,

    principalmente na indstria automobilstica que experimentava um perodo de expanso,

    a borracha tornou-se um produto mundialmente valorizado. Isso trouxe um grande

    desenvolvimento e crescimento Regio Norte. Mas, em 1910 as colnias inglesas

    comeam a exportar borracha plantada com as sementes contrabandeadas em 1876 do

    Brasil e as exportaes brasileiras comeam a perder mercado (VOGT, 2002).

    Em 1914 tem incio a Primeira Guerra Mundial e os japoneses se apossaram das

    plantaes asiticas que na poca j dominavam o mercado internacional de borracha

    natural. Isso obrigou ao desenvolvimento de um sucedneo para a borracha natural, pois

    havia uma alta demanda requerida pelas tropas da poca. Assim foi criada a Buna S ou

    SBR, um copolmero de estireno e butadieno. Essa borracha, embora no tivesse todas

    as propriedades da borracha natural, era facilmente vulcanizvel e tinha um preo

    competitivo (VOGT, 2002).

    A histria se repetiu em 1941. Trs meses aps atacar os EUA, os japoneses

    tomaram a Malsia e as ndias Orientais holandesas e passam a controlar 95% da

    produo mundial de borracha sinttica. Isso forou a um novo impulso no

    desenvolvimento de processos de produo de elastmeros sintticos (VOGT, 2002).

    Vrios polmeros com caractersticas elsticas foram desenvolvidos

    sinteticamente como o neoprene (1936), a borracha butlica (1943), o poliisopreno, os

    SSBR (solution styrene butadiene rubber, 1930), polibutadieno e mais recentemente

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    8

    os elastmeros termoplsticos (TR - thermoplastic rubber, 1970) (BILLMEYER,

    1984). Cada polmero tem aplicao industrial especfica como por exemplo o

    poliuretano se aplica na fabricao de espumas e solados expandidos, o poliisopreno

    indicado como substituto da borracha natural na fabricao de pneus para caminhes e o

    polibutadieno e o SBR so utilizados nas composies para fabricao de pneus para

    automveis.

    A planta industrial da PETROFLEX Indstria e Comrcio S.A. - Unidade do

    Cabo de Santo Agostinho produz vrios tipos de elastmeros como o polibutadieno, um

    homopolmero fabricado a partir do 1,3 butadieno, o SSBR, um copolmero estatstico

    (onde a posio dos meros na molcula aleatria) de estireno e 1,3 butadieno e o TR

    (thermoplastic rubber borracha termoplstica) um copolmero em bloco de estireno

    e 1,3 butadieno.

    Segundo Holden & Legge (1987), os TR caracterizam-se por serem copolmeros

    blocados que exibem estrutura A-B-A, onde A representa um bloco que vtreo ou

    cristalino nas temperaturas de trabalho, porm fluido a altas temperaturas, e B

    representa um bloco que elastomrico s temperaturas de trabalho. O bloco citado

    um encadeamento sucessivo de molculas de um mesmo monmero formando uma

    macromolcula com milhares de unidades. Nos TR fabricados pela PETROFLEX, o

    bloco A constitudo de uma macromolcula de estireno (poliestireno) e o bloco B uma

    macromolcula de butadieno (polibutadieno). A mais importante caracterstica

    resultante dessa estrutura que so sistemas com fases separadas. As duas fases,

    poliestireno e polibutadieno, retm a maior parte das propriedades de seus respectivos

    homopolmeros. Por esse motivo esses copolmeros em bloco possuem as duas

    temperaturas de transio vtreas caractersticas de cada homopolmero.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    9

    Uma vez que os blocos de poliestireno e polibutadieno so imiscveis entre si,

    faz surgir uma estrutura heterognea. Os blocos de estireno se agrupam em estruturas

    compostas exclusivamente da parte estirnica constituda de vrias molculas ligadas

    entre si. Estas estruturas quando frias formam blocos rgidos de poliestireno. Estas

    estruturas rgidas, chamadas de domnios de poliestireno, funcionam como ligaes

    resistentes a esforos fsicos como os de trao e compresso mantendo as molculas

    ligadas entre si. Ligando esses domnios encontram-se os blocos de polibutadieno que

    so elsticos temperatura ambiente. A FIGURA 2.1 mostra a estrutura desses

    polmeros temperatura ambiente (HOLDEN & LEGGE, 1987).

    FIGURA 2.1 - Estrutura dos copolmeros blocados do tipo S-B-S

    e S-I-S onde se observam o polibutadieno e os domnios de poliestireno.

    Devido a essa conformao fsica, estes produtos apesar de no serem

    vulcanizados, apresentam caractersticas semelhantes s borrachas vulcanizadas em

    temperaturas abaixo do ponto de transio vtrea do poliestireno. No entanto ao serem

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    10

    aquecidos estes domnios fundem liberando as sees poliestirnicas e o polmero se

    comporta como um fluido viscoso.

    As TR podem ser lineares ou ramificados com trs, quatro ou mais braos.

    necessrio, pelo exposto, que todas as ramificaes terminem em poliestireno para que

    se possam formar os domnios. A FIGURA 2.2 mostra alguns esquemas de molculas

    do polmero.

    FIGURA 2.2 - Tipos de polmeros blocados, (a) polmero linear e (b) polmero

    ramificado.

    Na planta industrial da PETROFLEX, assim como em outras indstrias, a

    fabricao deste polmero feita em reator do tipo tanque agitado em processo

    descontnuo.

    (a) (b)

    - poliestireno

    - polibutadieno

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    11

    Os S-B-S (poli (estireno-b-butadieno)), S-I-S (poli (estireno-b-isopreno)), e

    outros copolmeros em bloco so feitos por polimerizao aninica (Holden e Legge,

    1987). Esta reao limitada a apenas trs monmeros comuns: estireno (incluindo

    estirenos substitudos como o -metil estireno), butadieno e isopreno. A reao

    usualmente realizada em um solvente orgnico inerte e apolar como ciclohexano ou

    tolueno e rigorosamente necessrio eliminar o oxignio, a gua ou qualquer outra

    impureza que possa reagir com a espcie propagante altamente ativa (CANEVAROLO,

    1989). Sob essas condies o peso molecular do polmero pode ser rigorosamente

    controlado. A classe de iniciadores mais empregada so os organoltios, embora outros

    possam ser usados. Existem trs mtodos bsicos de polimerizao:

    1. Seqencial: inicia-se a polimerizao por uma extremidade da molcula e

    continua-se at a outra.

    2. Por acoplamento: inicia-se a polimerizao pela extremidade da molcula e

    ento se juntam as cadeias reativas usando-se um agente de acoplamento.

    3. Iniciador multifuncional: inicia-se a polimerizao pelo centro da molcula e

    se continua at a extremidade, utilizando-se um iniciador que possui mais de um

    centro ativo.

    Nos dois primeiros mtodos de polimerizao, sec-butilltio o iniciador

    preferido por iniciar a polimerizao muito rapidamente, porm outros alcoilltios

    tambm podem ser utilizados. Os iniciadores a base de alcoilltio apresentam um

    fenmeno de agregao que varia no grau da agregao em funo da estrutura qumica

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    12

    do radical ligado ao metal e do solvente no qual o mesmo est diludo. A TABELA 2.1

    mostra o grau de associao do n-butilltio e do sec-butilltio em vrios solventes

    (QUIRK et al, 1996).

    TABELA 2.1 Variao do grau de associao dos iniciadores organometlicos com base no ltio em diversos solventes.

    Iniciador Solvente Grau de associao n-C4H9Li Ciclohexano 6 Benzeno 6 THF 2,4 Et2O 4 s-C4H9Li Ciclohexano 4 t-C4H9Li Ciclohexano 4 Benzeno 4

    Na TABELA 2.1 verifica-se que o sec-butilltio tem um grau de associao

    menor que o n-butilltio, por esse motivo ele mais facilmente dissocivel e apresenta

    uma velocidade de iniciao maior que este ltimo. Pode-se dizer que a velocidade de

    iniciao da reao muito alta comparada com a subsequente reao de polimerizao

    (AUGUSTE et al, 1996). Este iniciador primeiro reage com uma molcula de

    monmero de estireno, sendo esta etapa conhecida como a reao de iniciao.

    R-Li+ + CH2=CH RCH2CH-Li+ (1)

    O produto pode ento continuar a polimerizao do estireno sendo esta etapa

    conhecida como reao de propagao.

    RCH2CH-Li+ + nCH2=CH R(CH2CH)nCH2CH-Li+ (2)

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    13

    O novo produto terminado em poliestirilltio (os efeitos do radical sec-butil de

    iniciao so desprezados) e ser representado como S-Li+. Se um dieno (no caso

    butadieno) adicionado, o S-Li+ pode iniciar uma polimerizao adicional:

    S-Li+ + nCH2=CHCH=CH2 S-(CH2CH=CHCH2)n-1CH2=CHCH=CH2-Li+ (3)

    O produto da reao acima representa-se como S-B-Li+ . Ele tambm se

    comporta como um iniciador, logo, se mais monmero de estireno for adicionado, ele

    reiniciar a polimerizao fazendo crescer a cadeia de polmero que terminar com a

    extremidade viva.

    S-B-Li+ + nCH2=CH S-B(CH2-CH)n-1CH2-CH-Li+ (4)

    Nessa fase pode existir alguma dificuldade, uma vez que a reao de iniciao

    da polimerizao do estireno a partir do S-B-Li+ lenta, quando comparada com a

    reao de propagao. Este efeito alarga a distribuio do peso molecular do segundo

    segmento de poliestireno. Em alguns casos podem existir molculas de S-B-Li+ que no

    chegaram a reagir embora todo o monmero de estireno adicionado tenha sido

    consumido. Este problema pode ser contornado com a adio de um agente solvatante

    como um ter, pouco antes da primeira adio do estireno (reao 1). Este eleva a

    velocidade de iniciao e promove uma estreita distribuio de peso molecular do

    segundo segmento de poliestireno. importante que esta adio seja bem controlada

    para evitar alterao na microestrutura do polidieno, reduzindo o nmero de ligaes

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    14

    1,4. Vrias substncias polares so relatadas na literatura, entre as mais comuns esto o

    tetrahidrofurano (THF), a trimetiletilenodiamina (TMEDA) e o dietil eter (HOFMANS

    et al, 2003). A ao desses aditivos reduzir os agregados formados pelo radical

    polimrico e o on metlico do iniciador que se comportam da mesma forma como foi

    observado na TABELA 2.1, acelerando a iniciao da reao. Essa ao no

    continuamente crescente, isso , ela atinge um mximo e depois a velocidade da reao

    volta a diminuir. Porm tem, em contra partida, um efeito nocivo sobre a micro

    estrutura do polmero. Ele pode alterar a distribuio das ligaes do polibutadieno

    elevando as do tipo vinlicas de 11% a valores de at 64% com o uso do THF ou at

    94% com o uso de TMEDA (POSHYACHINDA et al, 1991) (ANTKOWIAK et al,

    1972).

    Quando esta ltima etapa concluda necessrio desativar o produto (S-B-S-

    Li+) pela adio de um doador de prtons, como um lcool. A reao de terminao :

    S-B-S-Li+ + ROH S-B-SH + ROLi (5)

    Se o polmero for obtido por acoplamento, as primeiras trs reaes no so

    alteradas, porm a espcie S-B-Li+ ao invs de reagir com o estireno ir reagir com um

    agente de acoplamento.

    S-B-Li+ + X-R-X S-B-R-B-S + 2LiX (6)

    Muitos agentes de acoplamento esto descritos na literatura, incluindo steres,

    organohalogenados e haletos de silcio como o SiCl4 (HOLDEN & LEGGE, 1987). Nos

    polmeros feitos por acoplamento ou estrelados, normalmente todos os braos tem o

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    15

    mesmo peso molecular, devido ao mtodo de fabricao que empregado. No entanto

    foram desenvolvidas tcnicas que permitem obter polmeros ramificados com tamanhos

    diferentes de braos (QUIRK et al, 1992).

    O terceiro mtodo para obter elastmeros termoplsticos utilizando o iniciador

    multifuncional. Nesse mtodo o iniciador multifuncional (Li+-R-+Li) reage primeiro

    com o butadieno.

    nCH2=CHCH=CH2 + Li+-(R)-+Li Li+-B-(R)-B-+Li (7)

    Os passos seguintes so idnticos as reaes (4) e (5) j vistas, dando como

    produto final S-B-(R)-B-S.

    Os TR possuem vrias aplicaes na indstria (LUNDBERG et al, 1979), entre

    elas, se prestam para fabricao de adesivos, para modificao de plsticos como filme

    de poliestireno onde conferem maior resistncia ao rasgo e elasticidade ao filme,

    dissolvido em asfalto como impermeabilizante, revestimento de embalagem para

    alimentos, produtos farmacuticos, na rea de calados para a confeco de solados, na

    modificao de asfalto, entre outras.

    O asfalto modificado com polmero tem como principal aplicao a rea de

    impermeabilizao de lajes de concreto na construo civil e como aditivo na produo

    de asfalto para pavimentao de rodovias. A presena do polmero no asfalto confere

    caractersticas elsticas a esse ltimo:

    elevando a resistncia ao fendilhamento por esforo repetitivo;

    elevando a viscosidade da massa, reduzindo dessa forma o escoamento;

    elevando o ponto de amolecimento, permitindo trabalhar em temperaturas

    mais altas;

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    16

    baixando o ponto de solidificao, reduzindo a formao e a propagao de

    trincas no asfalto, quando exposto a baixas temperaturas;

    elevando a adesividade do agregado mineral, fazendo com que este no se

    desprenda com facilidade.

    Observou-se que durante a fabricao de mantas asflticas para

    impermeabilizao de lajes ocorria uma variao da viscosidade da massa asfltica

    modificada. Esta alterao na viscosidade do asfalto acarretava uma m distribuio da

    camada asfltica nas mantas que estavam sendo produzidas e consequentemente eram

    necessrias paradas na produo deste material causando prejuzos ao cliente. Foi

    observado que isso ocorria entre lotes diferentes do produto e que esses lotes

    apresentavam quantidades diferentes de uma frao de polmero de alto peso molecular.

    Estas fraes consistem de um auto-acoplamento entre molculas do termoplstico.

    Entende-se por auto-acoplamento a caracterstica que duas molculas de polmero,

    fabricadas pelo processo de polimerizao aninica e ativadas por temperatura, tm de

    reagir entre si ligando-se para formar uma outra molcula com o peso molecular

    equivalente soma das molculas de origem. Este fenmeno, estudado por Viola et al.

    (1996), denominado de termlise e est associado ao da temperatura sobre as

    molculas vivas do polmero. A presena do polmero de alto peso molecular em uma

    amostra de TR, pode ser observada na curva da anlise cromatogrfica da FIGURA 2.3.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    17

    FIGURA 2.3 : Cromatograma de borracha termoplstica obtido por GPC (cromatografia lquida de permeao em gel).

    Embora o processo de polimerizao aninica seja industrialmente muito

    importante, poucos estudos foram feitos para esclarecer a reao de termlise. Existem

    vrias propostas de mecanismo para justificar a variao do peso molecular observada.

    Tanto Antkowiak como Kernell concordam que essa variao est associada a

    eliminao de LiH com a formao de duplas ligaes conjugadas. Antkowiak e

    colaboradores propuseram dois mecanismos. O primeiro uma reao intermolecular

    com formao de um produto com dois radicais metlicos com o ltio via metalao,

    seguido de uma reao intramolecular da eliminao do LiH seguido pela formao de

    um terminal com duplas ligaes conjugadas (ANTKOWIAK et al, 1972). Outros

    autores como Kernel em 1972 sugerem mecanismos um pouco diferentes (KERNEL et

    al, 1972 a e b).

    O mais recente estudo realizado por Viola e colaboradores, prope a existncia

    de uma ligao entre o grau de associao das molculas de polidieno vivas em

    hidrocarbonetos e a estabilidade da termlise (VIOLA et al, 1996), e sugere um

    mecanismo onde existe um equilbrio entre as molculas com um, dois e trs segmentos

    polimricos. A FIGURA 2.4 mostra o mecanismo que procura explicar, atravs da

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    18

    reao intramolecular, a eliminao do LiH por termlise e formao da molcula

    dinica da estrutura 2. Observa-se tambm a reao intermolecular entre duas molculas

    da espcie 1 formando a estrutura trinica de nmero 5 atravs da formao da estrutura

    intermediria 3, eliminao de LiH e de uma espcie de polmero terminada 4.

    FIGURA 2.4 - Mecanismos de termlise com formao de um polidieno (2) e politrienilltio (5) (VIOLA et al, 1996).

    A existncia do politrienilltio como intermedirio importante para justificar a

    formao das espcies com o dobro do peso molecular, como pode ser visto na

    FIGURA 2.5, onde uma molcula original 1 reage com o trienillitio (espcie 5) formado

    anteriormente e o resultado da combinao das mesmas uma molcula de diltio com a

    soma do peso molecular das duas originais (espcie 6). Essa reao prossegue passando

    pela perda de um hidreto de ltio resultando novamente em uma espcie trinica de ltio

    (espcie 7) que volta a se combinar para formar um novo diltio com o triplo do peso

    molecular.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    19

    FIGURA 2.5 - Mecanismos de termlise, proposto para o polibutadieno (VIOLA et al, 1996).

    A presena destes polmeros de alto peso molecular altera a viscosidade da

    soluo do polmero, a qual, uma caracterstica importante desse material quando ele

    usado como aditivo em aplicaes com asfalto. portanto importante nessa aplicao

    que os resultados de viscosidade em soluo do polmero sejam reprodutveis e como

    est associada a essa propriedade a maior ou menor presena da frao de alto peso

    molecular, essa ltima deve ser controlada.

    Para realizar esse controle necessrio saber quais as variveis de processo que

    mais influenciam nessa formao e qual a relao numrica, entre a resposta e as

    variveis. As variveis que se pretende analisar so as temperaturas iniciais e finais de

    reao, o tempo de reao e o tempo de terminao.

    A Quimiometria uma subdiviso da Qumica que consiste essencialmente em

    aplicar tcnicas estatsticas a problemas qumicos (BARROS NETO et al., 1995).

    Algumas tcnicas quimiomtricas so teis para planejar adequadamente os

    experimentos obtendo desta forma resultados mais rpidos e econmicos.

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    20

    Muitas vezes o nmero de fatores que podem influenciar um processo qumico

    elevado dificultando o planejamento de uma pesquisa. Por esse motivo se recorre

    tcnica do planejamento fatorial fracionrio, que permite definir, com um nmero

    relativamente pequeno de experimentos, quais fatores so realmente importantes e se h

    interaes significativas entre eles. Desta forma se reduz o tempo e o nmero de

    experimentos.

    Aps definir quais so as variveis importantes, necessrio quantificar a

    influncia dessas variveis e suas interaes sobre o resultado ou resposta de interesse.

    Neste caso pode-se empregar um planejamento fatorial completo em dois nveis.

    Os mtodos citados so muito bons para se ter uma definio de quais variveis

    so importantes, como elas agem e se elas interagem entre si, porm como so avaliadas

    em dois nveis elas s permitem fazer algum tipo de previso para sistemas lineares.

    Quando necessitamos de um modelo matemtico a partir do qual seja possvel encontrar

    o ponto timo, necessrio recorrer a outros mtodos.

    A metodologia de superfcie de respostas (RSM - Response Surface

    Methodology) so planejamentos experimentais que permitem o ajuste de equaes de

    grau k aos dados experimentais. Na maioria dos casos, as equaes quadrticas (com k

    = 2) so satisfatrias, embora uma representao de ordem mais elevada seja mais

    adequada (DERRINGER, 1988). Esta metodologia constituda de duas etapas

    distintas: modelagem e deslocamento. Essas etapas so repetidas vrias vezes at atingir

    uma regio tima. Durante a modelagem, ajusta-se modelos lineares ou quadrticos aos

    resultados experimentais obtidos por planejamentos fatoriais (BARROS NETO et al,

    1995). O deslocamento segue o caminho de mxima inclinao de um modelo, pois essa

    a trajetria na qual a resposta varia de forma mais pronunciada. Nessa metodologia o

    nmero de variveis e o de respostas no se apresentam como restrio ao processo de

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    21

    otimizao. Nela se pode modelar simultaneamente vrias respostas, o que til em

    situaes prticas como na indstria, onde vrios critrios tm que ser atendidos ao

    mesmo tempo. Trabalho realizado por Broderick e colaboradores em 1997, usando esta

    tcnica, reduziu o consumo de energia no processo de fabricao de papel em 18%. J

    Oberg e Ohrstrom utilizaram, em 2003, esse mtodo para otimizar a fabricao de

    derivados aromticos clorados, determinando a influncia do cloro, das condies de

    combusto e da atividade do catalisador. Karaca e colaboradores realizaram, em 2002,

    estudo para melhorar o rendimento e a converso total na liquefao do carvo vegetal.

    Uma outra metodologia para encontrar o ponto timo de um sistema industrial

    a operao evolucionria (EVOP - evolutionary operation). A base desse mtodo que

    as mudanas nos fatores devem ser pequenas e prximas s condies histricas de

    funcionamento. Este procedimento importante, uma vez que no se pode correr o

    risco de tirar o produto final das especificaes. Uma vez que nesse processo se busca o

    ajuste fino do mesmo, as perturbaes introduzidas devem ser realizadas de forma bem

    planejada para que delas se possa obter informaes teis.

    Box & Draper (1969) recomendam que as variaes sejam feitas atravs de um

    planejamento fatorial em dois nveis em torno das condies usuais de operao,

    variando apenas dois ou trs fatores de cada vez, para facilitar a anlise dos resultados.

    Como as variaes so pequenas e com pouca influncia tambm nas respostas,

    necessrio repetir vrias vezes a operao em cada uma das condies e considerar o

    resultado mdio final.

    O uso do planejamento fatorial uma maneira segura de elevar a qualidade e a

    produtividade em processos industriais. Esse resultado ser tanto mais efetivo quanto

    mais cedo for utilizado, pois ele ajuda fortemente na otimizao do processo produtivo.

    Essa metodologia vem sendo empregada em muitas e diferentes indstrias, entre elas a

  • REVISO BIBLIOGRFICA

    22

    eletrnica, a indstria aeroespacial, a automotiva, a farmacutica e a qumica

    (MONTGOMERY, 1990).

    Como exemplo de outras indstrias alm da qumica, podemos citar trabalho

    realizado por Lundberg em 2002 e 2003, que trata da otimizao das condies de

    tmpera para aumento da resistncia corroso e aumento nas propriedades mecnicas

    do ao.

  • MATERIAIS E MTODOS

    23

    CAPTULO 3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1. Matrias primas.

    Para a produo dos elastmeros termoplsticos lineares so

    utilizadas as seguintes matrias primas:

    1,3 butadieno Esta matria prima fornecida de acordo com as especificaes

    relacionadas na TABELA 3.1, em sua maior parte pela Braskem e recebido por via

    martima no porto de Suape. O butadieno apresenta as caractersticas fsico-

    qumicas tambm mostradas na TABELA 3.1.

    TABELA 3.1 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do 1,3 butadieno.

    Propriedade Valor Unidade

    Grau de pureza (mnima) 99,6 % em peso

    Acetilenos totais (mximo) 40 ppm

    Compostos carbonilados (mximo) 10 ppm

    Oxignio nos vapores (mximo) 0,3 % vol.

    TBC 50 - 100 ppm

    Densidade (a 30C) 0,61 g/mL

    Presso de vapor (a 30C) 3,017 bar abs.

    Peso molecular 54,09 g/mol

    O TBC (p-terc-butilcatecol) adicionado para inibir a polimerizao desse

    insumo durante o transporte e a armazenagem.

    Estireno Esta matria prima fornecida, de acordo com as especificaes e

    caractersticas relacionadas na TABELA 3.2, em sua maior parte, pela EDN -

    Estireno do Nordeste S/A e tambm recebido por via martima no porto de Suape.

  • MATERIAIS E MTODOS

    24

    TABELA 3.2 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do estireno.

    Propriedade Valor Unidade

    Grau de pureza (mnima) 99,7 % em peso

    Fenil acetileno (mximo) 50 ppm

    Aldedos como benzaldedos (mximo) 70 ppm

    gua (mximo) 200 ppm

    TBC 20 - 25 ppm

    Densidade (a 30C) 0,89 g/mL

    Presso de vapor (a 30C) 0,012 bar abs.

    Peso molecular 104,14 g/mol

    N-butil ltio Sendo empregado como iniciador, este produto totalmente

    importado. fornecido pela FMC Corporation em cilindros de 450 L com uma

    pureza de 90% em peso. um composto pirofrico e possui as especificaes e

    caractersticas relacionadas na TABELA 3.3.

    TABELA 3.3 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do n-butil ltio.

    Propriedade Valor Unidade

    Base total, como BuLi (mnimo) 87,5 % em peso

    Base livre, como BuLi (mximo) 3,5 % em peso

    Densidade (a 20C) 0,75 g/mL

    Peso molecular 64,06 g/mol

    Ciclohexano Matria prima nacional fornecida pela Nitrocarbono recebida em

    carretas nos tanques de estocagem da planta, com as caractersticas e especificaes

    relacionadas na TABELA 3.4.

  • MATERIAIS E MTODOS

    25

    TABELA 3.4 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do ciclohexano.

    Propriedade Valor Unidade

    Grau de pureza (mnima) 99,7 % em peso

    Faixa de destilao 78 82 C

    Compostos acetilnicos (mximo) 1 ppm

    Densidade (a 30 C) 0,715 g/mL

    Presso de vapor (a 30C) 0,159 bar abs.

    Peso molecular 84,16 g/mol

    THF O tetrahidrofurano importado e recebido em tambores de 200 L. Com as

    caractersticas e especificaes relacionadas na TABELA 3.5.

    TABELA 3.5 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do THF.

    Propriedade Valor Unidade

    Grau de pureza (mnima) 99,8 % em peso

    Perxidos, THF-hidro-perxido (mx.) 0,02 % em peso

    gua (mximo) 0,10 % em peso

    TBC 250 a 400 ppm

    Densidade (a 25 C) 0,886 g/mL

    Presso de vapor (a 20C) 200 hPa

    Peso molecular 72,11 g/mol

    Terminador O terminador o BHT (hidroxitolueno butilado) grau alimentcio,

    recebido em sacos de 20 kg na forma de cristais, com as caractersticas mostradas

    na TABELA 3.6.

  • MATERIAIS E MTODOS

    26

    TABELA 3.6 Especificao resumida e propriedades fsico-qumicas do BHT.

    Propriedade Valor Unidade

    Grau de pureza (mnima) 99,8 % em peso

    gua (mximo) 0,10 % em peso

    Orto, meta e para cresol (mximo) 200 ppm

    Peso molecular 220,36 g/mol

    3.2. Preparao das matrias primas.

    3.2.1. Butadieno.

    Quando empregado como matria prima para a polimerizao usando n-butil

    ltio, preciso remover do butadieno a gua e o TBC.

    A remoo da gua se faz por destilao em coluna de pratos. A coluna

    alimentada com o butadieno puro na bandeja do topo e sai com 15 ppm de gua na base.

    A gua evaporada condensada no condensador de topo junto com uma grande

    quantidade de produto. A mistura recebida no tanque de refluxo da coluna e, por haver

    formao de duas fases distintas, os componentes so separados por decantao. A gua

    enviada para o sistema de tratamento de efluente por conter hidrocarbonetos e o

    produto retorna para a coluna como refluxo.

    O butadieno seco ento evaporado em outro tanque para remoo do inibidor

    de polimerizao por este ltimo no ser voltil. O resduo enviado para queima e o

    produto condensado e estocado em um tanque intermedirio.

    O butadieno, agora isento de inibidor e gua, misturado ao solvente

    ciclohexano na proporo de 35% em peso e passa ento por dois vasos cilndricos

    contendo como recheio alumina para desidratao. Essa alumina remove mais uma parte

  • MATERIAIS E MTODOS

    27

    da gua residual do butadieno e do solvente deixando a mistura com menos de 5 ppm

    dessa impureza.

    A mistura de butadieno e ciclohexano, conhecida como Blend B, est pronta

    para ser usada na reao.

    3.2.2. Estireno.

    Como o butadieno, o estireno tambm contem o mesmo inibidor de

    polimerizao e, como tal, precisa ser removido. Nesse caso o inibidor removido em

    um vaso cilndrico vertical contendo como recheio alumina. Nesse caso a alumina retm

    por adsoro o TBC deixando o estireno isento desse aditivo. Logo em seguida, o fluxo

    de estireno passa por um novo conjunto de vasos com alumina, que agora adsorvem a

    gua que pode ainda estar presente no mesmo.

    O estireno ento refrigerado e estocado, em tanque intermedirio, para ser

    usado puro na reao.

    3.2.3. N-butil Ltio.

    Esta matria prima, utilizada como iniciador da reao de polimerizao,

    diludo com ciclohexano seco a uma concentrao de 15% em peso, no sofrendo

    nenhum processo de purificao. estocada temperatura ambiente em tanque

    pressurizado com nitrognio seco.

    3.2.4. Ciclohexano

    O ciclohexano antes de ser utilizado passa tambm por processo de purificao.

    misturado ao solvente recuperado do processo e ento destilado para remoo de

    impurezas de baixo e alto ponto de ebulio em colunas de destilao. Aps a

  • MATERIAIS E MTODOS

    28

    destilao, assim como o butadieno e o estireno, ele tambm seco em vasos de

    alumina e estocado em vaso pressurizado com nitrognio seco, para ser utilizado na

    reao.

    3.2.5. Tetrahidrofurano (THF).

    Esse insumo no sofre nenhum processo de purificao. Por ser utilizado puro

    transferido sob presso de nitrognio seco para o tanque de carga do processo.

    3.2.6. Terminador.

    Hidroxitolueno butilado (BHT), utilizado como agente de terminao da reao,

    dissolvido em ciclohexano em uma concentrao de 50% em peso e estocado em

    tanque pressurizado com nitrognio seco.

    3.3. Produo do polmero.

    O processo utilizado na planta da PETROFLEX o processo de polimerizao

    seqencial em bateladas. Inicia-se com o reator vazio e levemente pressurizado com

    nitrognio. O reator recebe ento o solvente de diluio necessrio para que, no fim do

    processo, a soluo esteja com uma concentrao de 18% a 19% de polmero em peso.

    Durante o carregamento do solvente, so tambm adicionados o THF, que tem

    por finalidade acelerar a reao, e o iniciador (n-butilltio). Aps a adio desses

    materiais e com a temperatura da mistura entre 45 C e 50 C, adicionado o estireno.

    A reao de polimerizao ento se inicia e como uma reao exotrmica, a

    temperatura da massa comea a se elevar rapidamente. necessrio ento refrigerar o

    reator para evitar temperaturas muito altas e tambm para antecipar a reduo da

    temperatura para as condies desejadas na segunda adio de monmero. A

  • MATERIAIS E MTODOS

    29

    temperatura deixa de subir logo que todo o monmero reage e ento baixa lentamente,

    por efeito da refrigerao externa.

    Quando a temperatura da massa atinge a temperatura desejada para a adio do

    butadieno (45C e 48C), esta imediatamente iniciada. A temperatura volta ento a se

    elevar, no incio lentamente, mas medida que a temperatura aumenta o

    desenvolvimento de calor se eleva exponencialmente, mesmo usando a capacidade

    mxima de refrigerao do reator, a valores que variam de 80C a 100C. Esta

    temperatura final funo da concentrao de monmero e da temperatura de

    carregamento do butadieno. Aps a completa reao do butadieno, a temperatura do

    reator comea a decrescer devido a existncia da refrigerao externa.

    Aps 5 minutos, tempo suficiente para a completa converso do monmero,

    iniciada a adio do estireno. A temperatura volta a subir e a apresentar o mesmo

    comportamento descrito anteriormente para reaes j concludas.

    Nesse estgio espera-se o tempo de 17 minutos para a converso do monmero e

    se adiciona o terminador de reao (soluo de BHT). Espera-se 5 minutos at a

    completa terminao da reao e se toma uma amostra do mesmo para verificar se os

    parmetros de controle desejados foram atingidos.

  • MATERIAIS E MTODOS

    30

    3.3.1. Reator.

    O reator de polimerizao em batelada, utilizado para a fabricao da borracha

    termoplstica na PETROFLEX, um vaso cilndrico vertical com capacidade para

    15.000 L de volume total dos quais so utilizados 13.000 L (FIGURA 3.1).

    FIGURA 3.1 Desenho esquemtico do reator de polimerizao em batelada.

    Cada equipamento possui um conjunto de serpentinas internas e uma camisa

    externa que fazem parte do sistema de controle de temperatura do reator. Esse sistema

    de refrigerao composto ainda de uma bomba centrfuga, e de duas malhas de

  • MATERIAIS E MTODOS

    31

    controle com duas vlvulas, sendo uma para injeo de vapor e outra para injeo de

    gua gelada.

    Cada reator possui tambm um agitador composto por quatro turbinas, possuem

    um disco com quatro ps cada e que giram a 86 rpm.

    Os reatores so agrupados em conjuntos de dois vasos com um sistema nico de

    adio de monmeros. Recebem tambm os demais aditivos, por um sistema comum a

    todos os demais reatores.

    O controle das seqncias das bateladas realizado de maneira automtica por

    um Sistema Digital de Controle Distribudo (SDCD), s havendo interferncia pelo

    operador no incio do processo e na hora de autorizar a transferncia do produto para os

    tanques de mistura.

    3.4. Estocagem e homogeneizao.

    A soluo de polmero em ciclohexano ento homogeneizada nos tanques de

    mistura, que tambm servem de tanques de carga para a rea de acabamento. Nesses

    tanques a soluo homogeneizada com o uso de bombas de parafuso que mantm uma

    circulao permanente do produto armazenado.

    3.5. Coagulao e recuperao do solvente.

    A soluo de polmero homognea ento coagulada em gua quente, em vasos

    cilndricos verticais agitados, com injeo de vapor de gua. Nesses vasos, o solvente

    evapora deixando o polmero, isento de solvente, em suspenso na gua quente.

  • MATERIAIS E MTODOS

    32

    3.6. Secagem e embalagem.

    O polmero ento separado em uma peneira da gua e alimenta uma extrusora.

    Nessa primeira mquina, o polmero prensado de forma a reduzir o contedo de gua

    para valores entre 6% e 12%. O polmero nessa condio alimenta uma segunda

    extrusora na qual o desenvolvimento de calor produzido por atrito mecnico eleva a

    temperatura da massa para valores superiores a 180C. Essa massa polimrica passa por

    orifcios onde de um lado existe a presso da extrusora e do outro est a presso

    ambiente. Com a temperatura elevada, a gua presente na massa evapora bruscamente,

    deixado o polmero poroso e com um teor de gua inferior a 0,75%. O polmero ento

    cortado, passa por um tnel secador para reduzir o teor de umidade para 0,5%,

    resfriado, recebe uma adio de antiagregante e finalmente ensacado.

    3.7. Polmero SBS linear.

    O polmero obtido um elastmero termoplstico, composto de trs blocos de

    polmeros distintos, um de polibutadieno antecedido e seguido por outros dois de

    poliestireno, ligados quimicamente entre si. Esse polmero apresenta caractersticas de

    termoplstico devido aos blocos de poliestireno e caractersticas elsticas conferidas

    pelo bloco elastomrico. Este apresenta as seguintes caractersticas qumicas e fsicas

    mostradas nas TABELAS 3.7 e 3.8 respectivamente.

    TABELA 3.7 Caractersticas qumicas do polmero SBS linear. Propriedade Valor

    Teor de estireno combinado (%) 38 a 42

    Teor de bloco de estireno (%) 38 a 42

    Massa molecular (g/mol) 121.000 a 135.000

  • MATERIAIS E MTODOS

    33

    TABELA 3.8 Caractersticas fsicas do polmero SBS linear. Propriedade Valor

    Densidade (g/cm) 0,94

    Densidade aparente (g/cm) 0,35

    ndice de fluidez (g/10 min. a 200 C) 0,6 a 1,4

    Dureza (Shore A) 87,0 a 93,0

    3.8. Mtodos de anlise:

    Todas as anlises so realizadas na unidade industrial da PETROFLEX no Cabo

    de Santo Agostinho em Pernambuco e os mtodos empregados fazem parte do Manual

    de Qualidade.

    3.8.1. Distribuio de massa molecular atravs de cromatografia lquida de permeao

    em gel.

    Fez-se anlise da massa molecular do polmero utilizando o mtodo

    PETROFLEX n. IPL 10.016. Para realizao dos ensaios foram utilizados um aparelho

    para GPC da marca LDC Analytical com uma bomba Constametric 3200 na vazo de 1

    mL/min., um injetor Rheodyne 7725I. A separao feita no conjunto de colunas PL

    Gel sendo uma com partculas com 500 de porosidade e 10 m de dimetro, outra

    com porosidade de 104 e 10 m de dimetro e mais duas com porosidade de 105 e

    10 m de dimetro. Cada coluna tem 7,8 mm de dimetro e 300 mm de comprimento e

    o conjunto mantido a temperatura constante em um forno onde a temperatura

    controlada por um controlador Eldex CH-1250 a 30C.

    A amostra a ser analisada dissolvida em THF grau HPLC e injetada na

    corrente do mesmo solvente, utilizado como solvente de arraste, passando ento pela

    coluna cromatogrfica. O mtodo se baseia em separar por excluso de tamanho as

    diversas molculas de polmero formadas, utilizando partculas porosas de copolmero

  • MATERIAIS E MTODOS

    34

    estireno e divinil benzeno com diversos dimetros de poros. As molculas menores

    entram nos poros, percorrendo seus interiores e as maiores, passam por fora das

    partculas porosas percorrendo um caminho mais curto. Dessa forma, as molculas

    maiores passam a ter um tempo de reteno menor que as molculas menores e so

    detectadas antes. Como a vazo do solvente de arraste mantida constante, o tempo que

    partculas de um mesmo tamanho so retidas constante e pode ser utilizado para

    identific-las no detetor de ndice de refrao. Conhecendo-se o tempo de reteno de

    cada frao e a quantidade relativa entre as molculas, o programa calcula o peso

    molecular das mesmas e a proporo entre elas, gerando uma curva como a mostrada na

    FIGURA 3.2.

    FIGURA 3.2 Curva de GPC de uma amostra de borracha termoplstica.

    3.8.2. Teor de estireno.

    A determinao do teor de estireno combinado no polmero feita por

    refratometria (refratmetro Leica Abbe Mark II) temperatura de 25C, segundo o

    mtodo analtico PETROFLEX n. IPL 10.008.

  • MATERIAIS E MTODOS

    35

    realizada uma pr-secagem da amostra em um moinho aberto da marca Cope a

    100 C, onde se remove a maior parte do solvente, e em seguida faz-se outra secagem

    em moinho aberto Farrel tambm a 100C, onde se remove o solvente residual. A

    amostra ento prensada (Prensa Carven) temperatura de 145C e com 1000 lb/pol.

    por 5 minutos antes de ser levada ao refratmetro.

    3.8.3. Determinao da concentrao do butadieno 1,3

    A determinao do teor de butadieno 1,3 realizada por cromatografia gasosa

    (cromatgrafo a gs Varian 3400 com integrador Varian 4270/4290 e detetor de

    ionizao de chama - DIC) empregando-se coluna capilar de slica fundida Al2O3 com

    50 m de comprimento e 0,32 mm de dimetro (mtodo PETROFLEX nmero IPL

    10.272).

    3.8.4. Determinao da concentrao do estireno

    A determinao do teor de estireno realizada por cromatografia gasosa

    (cromatgrafo a gs Varian 3400 com integrador Varian 4270/4290 e detetor de

    ionizao de chama - DIC) empregando-se injetor divisor de amostra para coluna

    capilar e coluna capilar de slica fundida FFPA com 50 m de comprimento e 0,25 mm

    de dimetro (mtodo PETROFLEX nmero IPL 10.326).

    3.8.5. Determinao da concentrao do ciclohexano

    A determinao da concentrao do ciclohexano realizada por cromatografia

    gasosa (cromatgrafo a gs Varian 3400 com integrador Varian 4270/4290 e detetor de

    ionizao de chama - DIC) empregando-se injetor divisor de amostra para coluna

  • MATERIAIS E MTODOS

    36

    megabore HP-1 e coluna capilar de slica fundida metil silicone (PONA) com 50 m de

    comprimento e 0,28 mm de dimetro (mtodo PETROFLEX nmero IPL 10. 367).

    3.8.6. Determinao da concentrao do BHT

    A determinao do teor de BHT realizada por cromatografia gasosa

    (cromatgrafo a gs Varian 3400 com integrador Varian 4270/4290 e detetor de

    ionizao de chama - DIC) empregando-se injetor divisor de amostra para coluna

    megabore HP-1 e coluna capilar de slica fundida metil silicone (PONA) com 50 m de

    comprimento e 0,53 mm de dimetro (mtodo PETROFLEX nmero IPL 10. 379).

    3.8.7. Determinao da concentrao do THF

    A determinao do teor de THF realizada por cromatografia gasosa

    (cromatgrafo a gs Varian 3400 com integrador Varian 4270/4290 e detetor de

    ionizao de chama - DIC) com coluna cromatogrfica em ao inoxidvel com 50 m de

    comprimento e 1/8 de dimetro recheada com Cromossorb com 20 % de Carbox de 80-

    100 mesh (mtodo PETROFLEX nmero IPL 10. 014).

    3.8.8. Determinao do teor de TBC

    A determinao da concentrao de TBC nos monmeros butadieno e estireno

    feita por espectrofotometria (espectrofotmetro PerkinElmer Lambda 11 e cubeta de

    quartzo com 10 mm de caminho tico). Na determinao de butadieno se utiliza como

    reagente uma soluo aquosa de cloreto frrico 0,2 N e se faz a leitura em 425nm. J na

    determinao do TBC no estireno se utiliza como reagente uma soluo alcolica

    (metanol) de hidrxido de sdio 0,15 N e se faz a leitura em 490nm. Essas anlises

    seguem os mtodos IPL 10.036 para o butadieno e IPL 10.135 para o estireno.

  • MATERIAIS E MTODOS

    37

    3.8.9. Determinao do teor de gua dissolvida

    uma anlise feita por titulao da amostra, utilizando-se uma soluo padro

    com 0,0028 g/mL do iniciador (n butilltio) com adio de ortofenantrolina como

    indicador (soluo de 0,1 g/mL em tolueno). Essa anlise segue o mtodo IPL 10.255.

    3.9. Planejamento Experimental

    Todo o trabalho foi desenvolvido na unidade industrial da PETROFLEX do

    Cabo, utilizando-se um dos reatores industriais para produo de borrachas em batelada.

    Durante todos os testes foi utilizado o mesmo reator de maneira a no introduzir novas

    variveis ao experimento.

    Quando foram iniciadas as bateladas de teste, verificou-se que os resultados no

    eram reprodutveis. Embora se iniciassem as bateladas da mesma forma e no mesmo

    reator, os resultados de temperatura final e tempo de reao eram diferentes.

    Verificou-se ento, que a grande variabilidade dos resultados estava associada ao

    modo como os controladores do reator respondiam durante o processo. Fez-se ento um

    trabalho inicial de sintonia nesses instrumentos. Os controladores tinham por objetivo

    seguir uma rampa de temperatura interna com taxa de crescimento fixa na reao da

    segunda fase da batelada. Esse processo, no entanto, no era reprodutvel. Esse controle

    era realizado por duas malhas de controle operando em cascata, onde o controlador

    mestre tinha seu ponto de controle modificado por um gerador de rampa, que fazia o

    valor crescer com taxa fixa dentro de um intervalo pr determinado de temperatura. O

    sinal de sada do controlador mestre modificava o ponto de ajuste do controlador da

    camisa. Esse esquema pode ser visto na FIGURA 3.3.

  • MATERIAIS E MTODOS

    38

    FIGURA 3.3 Detalhe da uma malha de controle em cascata para os reatores de batelada.

    Essa lgica de controle exigiu muito tempo na tentativa de se conseguir um

    ajuste nos parmetros dos controladores sem sucesso. Foi quando se constatou a

    necessidade de utilizar alguma tcnica mais adequada para realizar essa tarefa.

    Recorreu-se ento ao uso do software comercial de sintonia Intune da ControlSoft com

    o apoio da empresa Chemtech. Nesse momento, adotou-se uma mudana na inclinao

    da rampa passando a ter, na realidade, duas rampas sucessivas. Esta mudana na

    estratgia de controle permitiu eliminar o uso de vapor dgua para aquecimento da

    camisa do reator nesse estgio de reao, porque passou-se a utilizar melhor o calor

    gerado no prprio processo.

    Essa estratgia, no entanto, no se mostrou flexvel necessidade de mudana de

    temperatura que os experimentos exigiam. Foi ento que se adotou a estratgia de no

    mais usar as rampas e os controladores em cascata e passou-se a controlar a temperatura

    da gua de refrigerao em valores fixos de forma a permitir que a elevao de

    temperatura interna do reator seguisse a liberao natural de calor da reao. Para

  • MATERIAIS E MTODOS

    39

    controlar a temperatura do reator dentro de valores aceitveis pelo processo e que

    fossem reprodutveis, estabeleceu-se atravs de testes, que a temperatura da camisa seria

    ajustada num valor fixo e seria 5C abaixo da temperatura inicial (TI) escolhida. A

    partir de ento observou-se uma boa reprodubilidade nos valores das temperaturas finais

    da reao e pde-se iniciar a seqncia de experimentos desejados.

    3.9.1. Execuo dos experimentos

    O objetivo principal do trabalho era a reduo da relao entre a quantidade de

    polmero auto-acoplado e o polmero principal, copolmero de estireno e butadieno

    blocado, (rea), como tambm avaliar a variao da temperatura final da reao (Tf), a

    de reduo do tempo de reao (tR) com o conseqente aumento na produtividade (Pv).

    Foram assim avaliadas, trs respostas nesse trabalho.

    Por definio rea a relao entre a rea abaixo da curva do pico de alto peso

    molecular e a rea total abaixo das curvas do polmero. Na FIGURA 3.2 pode-se

    observar uma curva de GPC (cromatografia lquida por permeao em gel), na qual se

    observa a presena de dois picos ou curvas. A relao entre as reas das curva tem

    relao direta com a proporo em massa de cada polmero contido na mistura. Definiu-

    se que rea a relao entre a rea do pico menor e a soma das reas dos dois picos.

    Tambm por definio, produtividade (Pv) a relao entre a massa de polmero

    produzida em uma batelada e o tempo total de durao da batelada (tR), excluindo-se o

    tempo de transferncia do reator por ser independente da concentrao do polmero e da

    temperatura final alcanada.

    Em razo do conhecimento que se tinha das variveis e da facilidade de

    medio, definiu-se que as variveis (fatores) a serem estudadas seriam: a temperatura

    inicial de reao da segunda fase da batelada (TI), a variao da concentrao total de

  • MATERIAIS E MTODOS

    40

    monmeros ou de slidos totais (ST) e o tempo de espera para a adio do terminador

    de reao aps o pico da terceira fase (tT).

    Optou-se por um planejamento fatorial completo em dois nveis, incluindo um

    ponto intermedirio, com repeties. Os nveis dos fatores selecionados so mostrados

    na TABELA 3.9. A primeira fase dos testes contou ento com 22 bateladas para

    obteno do polmero termoplstico em reator homogeneamente agitado em processo

    descontnuo.

    TABELA 3.9 Valores dos nveis selecionados para os fatores. Fator Unidade Nvel mais baixo Nvel mais alto Ponto intermedirio ST % em peso 18,0 19,0 18,5 TI C 45,0 48,0 46,5 tT minutos 7,0 17,0 11,0

    Aps a execuo das bateladas planejadas como mostra a TABELA 3.10 e sua

    posterior anlise, decidiu-se que o prximo passo seria seguir na direo da reduo do

    tempo de terminao da batelada. Esta deciso, apoiou-se no fato deste fator ter se

    mostrado muito efetivo no controle do auto-acoplamento e tambm reduzir o tempo

    total de reao, contribuindo para o aumento da produtividade.

    TABELA 3.10 Matriz de planejamento com as variveis codificadas, para a primeira srie de experimentos.

    Ensaio Variveis

    ensaio N de repeties

    ST TI tT

    1 2 -1 -1 -1 2 2 1 -1 -1 3 4 -1 1 -1 4 4 1 1 -1 5 2 -1 -1 1 6 2 1 -1 1 7 2 -1 1 1 8 2 1 1 1 9 2 0 0 -0,2

  • MATERIAIS E MTODOS

    41

    A partir da anlise dos dados da tabela anterior, verificou-se a necessidade da

    realizao de novos testes. Fez-se novos experimentos nas condies mostradas na

    TABELA 3.11 a seguir.

    TABELA 3.11 Matriz de planejamento com as variveis codificadas, para a segunda srie de experimentos.

    Seqncia ST TI tT

    1 -1 -1 -1 2 1 -1 -1 3 -1 1 -1 4 1 1 -1 5 -1 -1 -2 6 1 -1 -2 7 -1 1 -2 8 1 1 -2

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    42

    CAPTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4. Execuo dos experimentos.

    Para a execuo do planejamento fatorial essencial o controle das variveis ou

    fatores nos nveis estabelecidos. Nos processos industriais, entretanto, comum a

    presena de grandes variaes. No processo de produo da borracha termoplstica foi

    detectado este problema, o qual foi minimizado para alcanar a reprodutibilidade

    desejada adotando-se as seguintes medidas:

    - Estabeleceu-se que todos os testes seriam feitos no mesmo reator, para evitar

    diferenas de medio, na eficincia da troca trmica, no grau de agitao e em

    qualquer outro fator associado mudana de equipamento.

    - Foram feitas vrias repeties para absorver os erros de leitura das diversas

    variveis, de variaes na carga do reator, de influncias do ambiente, de

    variaes na temperatura do fluido refrigerante, etc.

    - Verificou-se periodicamente a calibrao dos instrumentos de medio de

    temperatura, e o ajuste do zero dos instrumentos de medio de vazo.

    - Todas as bateladas foram executadas pelo SDCD, sem interferncia do operador.

    Esse equipamento foi programado para executar automaticamente toda a

    seqncia de operaes da batelada. Essa medida procurou garantir, que a

    execuo das aes de carregamento e de terminao fossem feitas no momento

    correto.

    As bateladas foram executadas em mais de uma corrida de produo do material

    em estudo, devido s baixas vendas do mesmo no momento, e necessidade de realiz-

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    43

    las com rapidez. Essa velocidade de produo obriga a execuo de bateladas em vrios

    reatores, o que deixava poucas oportunidades para usar um nico reator.

    Os valores das variveis (ST, TI e tT) foram estabelecidas pelas condies j em

    uso na Petroflex e com base na experincia de operao da unidade. O valor de 18% de

    slidos totais, para ST, era o valor em uso no incio dos experimentos e o novo valor de

    19% poderia permitir aumentar a produtividade sem possivelmente comprometer as

    propriedades do produto e consequentemente a produo. O mesmo ocorreu com a

    temperatura de incio do carregamento da segunda fase (TI). A temperatura de 45C

    levava a uma temperatura final dentro dos valores j em uso e a nova temperatura no

    elevou a temperatura final a valores acima dos praticados no processo de polimerizao

    contnua, o que dava segurana ao seu uso. Com o tempo de terminao (tT), mantive-se

    a mesma sistemtica de trabalho e a escolha do novo nvel para esta varivel se baseou

    na idia de que se a reao de auto acoplamento das molculas s acontecia aps a

    polimerizao, quanto menor fosse esse tempo menor seria a formao do polmero de

    alto peso molecular.

    Antes do incio do trabalho, o valor mdio do teor de polmero de alto peso

    molecular era de 5% em massa e esse valor foi estabelecido como o mximo aceitvel

    para essa varivel. Nesse mesmo perodo, o valor dos slidos totais no reator era de

    18% em massa. Como a massa total da batelada de 10.000 kg, a massa produzida por

    batelada era de 1.800 kg.

    O tempo mdio das bateladas era de 183 minutos, com valores que variavam de

    163 a 232 minutos. Com esse tempo mdio por batelada e com a massa de 1.800 kg se

    obtinha uma produtividade mdia de 9,84 kg/minuto. A FIGURA 4.1 mostra a curva de

    temperatura e o tempo gasto em uma batelada antes do incio dos experimentos.

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    44

    FIGURA 4.1 Grfico tpico da temperatura em funo do tempo gasto em uma batelada no perodo anterior ao incio dos experimentos.

    A TABELA 4.1 mostra os resultados da primeira srie de 22 experimentos. O

    nmero de ordem das bateladas indica a seqncia real de execuo das mesmas.

    Algumas bateladas no foram utilizadas na anlise por terem apresentado

    comportamento anmalo.

    Temperatura interna do reator

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    70

    75

    80

    00:00 00:30 01:00 01:30 02:00 02:30 03:00 03:30 04:00

    Tempo (horas)

    Tem

    pera

    tura

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    45

    TABELA 4.1 Resultados das bateladas com as variveis codificadas.

    Ordem ST TI tT rea(%) TF (C) tR (C) PV (Kg/min)

    1 -1 -1 -1,0 2,110 80,0 122 14,75 2 -1 -1 -1,0 2,303 80,0 112 16,07 9 1 -1 -1,0 2,140 86,0 110 17,27 10 1 -1 -1,0 2,093 88,0 104 18,27 7 -1 1 -1,0 2,574 89,0 98 18,37 8 -1 1 -1,0 2,184 90,0 98 18,37 19 -1 1 -1,0 2,840 86,0 103 17,48 20 -1 1 -1,0 2,260 82,0 104 17,31 14 1 1 -1,0 3,316 95,0 106 17,92 15 1 1 -1,0 3,893 96,0 109 17,43 21 1 1 -1,0 2,650 90,0 100 19,00 22 1 1 -1,0 2,620 90,0 100 19,00 17 0 0 -0,2 3,185 85,0 110 16,82 18 0 0 -0,2 2,662 83,0 114 16,23 3 -1 -1 1,0 2,404 80,7 124 14,52 4 -1 -1 1,0 2,162 81,0 130 13,85 11 1 -1 1,0 2,653 87,0 117 16,24 16 1 -1 1,0 3,654 83,0 130 14,62 5 -1 1 1,0 4,040 89,5 103 17,48 6 -1 1 1,0 4,096 91,0 95 18,95 12 1 1 1,0 5,517 95,4 101 18,81 13 1 1 1,0 4,585 95,2 103 18,45

    Com esses dados fez-se a anlise estatstica utilizando o programa Statistica

    verso 5.1.

    4.1. Influncia das variveis de processo na formao do polmero de alto peso

    molecular

    Os resultados obtidos nos experimentos realizados para avaliar a influncia das

    variveis do processo na formao do polmero de alto peso molecular podem ser vistos

    na TABELA 4.2.

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    46

    TABELA 4.2 Resultado da anlise dos dados da TABELA 4.1 para rea.

    Efeito Mdia dos efeitos 3,06 0,10 Curvatura -0,036 0,65

    Efeitos principais ST 0,60 0,21 TI 1,24 0,21 tT 1,16 0,21

    Interao entre os efeitos ST x TI 0,21 0,21 ST x tT 0,32 0,21 TI x tT 0,61 0,21 ST x TI x tT -0,16 0,21 t (13, 95%) x s 0,45

    Os resultados apresentados na TABELA 4.2 mostram que todos os trs efeitos

    principais so significativos no nvel de 95% de confiana. A influncia da curvatura,

    que foi avaliada com a presena do ponto central, no se mostrou significativa. Pode-se

    verificar tambm que o nico efeito de interao significativo o TI x tT. Os efeitos

    significativos esto apresentados em negrito. O fato de a curvatura no ser significativa

    leva a concluir que no h necessidade de incluir termos quadrticos no modelo, na

    faixa das variveis estudadas.

    Verifica-se pelos resultados da TABELA 4.2, que o teor de slidos totais no

    reator mostra-se importante para a elevao da quantidade de polmero de alto peso

    molecular formado. Elevar o teor dos slidos totais de 18% para 19% aumenta, em

    mdia a formao do polmero de alto peso molecular em 0,60%. Isso se justifica pelo

    fato de que uma maior concentrao de polmero na soluo final provocar maior

    aproximao entre as molculas do polmero permitindo uma maior interao entre elas

    e consequentemente maior possibilidade de reao.

    No caso da varivel temperatura inicial de reao na segunda fase, observa-se

    que elevar esta temperatura de 45C para 48C aumenta, em mdia, a formao do

    polmero de alto peso molecular em 1,24%. A influncia da temperatura de reao na

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    47

    formao do subproduto explicada pelo fato que aumentar o valor desta varivel leva a

    um acrscimo na temperatura em todo o processo, o que acelera a velocidade de reao

    e resulta em mais subproduto formado.

    O efeito principal do tempo de terminao no sentido de tambm aumentar a

    formao do subproduto, em mdia de 1,16%. Assim, quanto maior permanncia das

    cadeias polimricas vivas maior ser o favorecimento de converso de polmero em

    altos polmeros, o que no desejvel.

    Entretanto, como h interao significativa entre estas duas variveis, a

    interpretao dos seus efeitos melhor visualizada no diagrama da FIGURA 4.2. O

    efeito da temperatura, quando o tempo de reao est no nvel (-), isto , 7 minutos, no

    sentido de aumentar a rea em apenas 0,63%. Quando o tempo de reao de 17

    minutos, h uma elevao na rea 1,84%, levando o seu valor mdio para 4,56%. Este

    ltimo valor ficou muito prximo do valor limite estabelecido para essa varivel.

    Por outro lado aumentar o tempo de reao do nvel (-) para o nvel (+) aumenta

    a rea em 0,56%, quando a temperatura da reao fixada em 45C. Este efeito mais

    pronunciado (+1,77%) quando a temperatura da reao mantida em 48C.

    A justificativa para tal comportamento est no fato que quando a reao foi

    iniciada com 45C a temperatura mdia final do processo foi de 83C e quando a reao

    foi iniciada com 48C a temperatura mdia final ficou em 91C. A velocidade de reao

    fortemente influenciada pela temperatura, como nos mostra a equao 4.1, a equao

    de Arrhenius (LEVENSPIEL, 1999).

    K = K0 e-E/RT 4.1

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    48

    Onde K a constante de velocidade a cada temperatura e E a energia de

    ativao. K0 e E so parmetros cinticos caractersticos da reao.

    FIGURA 4.2 Diagrama TI (Temperatura inicial) e tT (Tempo de terminao). Os

    valores que se encontram nos vrtices do quadrado so as mdias dos

    valores da resposta rea.

    A velocidade de reao resultado do produto de duas funes. As funes f1

    funo da temperatura e f2 que funo da composio, e escrita:

    rP = f1(temperatura) f2(composio) 4.2

    Como f1(temperatura) = K, a equao 4.3 torna-se:

    rP = K f2(composio) 4.3

    Viola (1996) investigou as variaes da constante de velocidade com a

    temperatura para o poliestireno e isso pode ser verificado na TABELA 4.3.

    +1,84

    2,72

    4,56

    2,16

    2,79

    +0,56

    +1,77

    +0,63TI

    48 oC

    45 oC

    17 min 7 min tT

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    49

    TABELA 4.3 Variao das velocidades da reao de termlise do poliestireno com a temperatura (razo molar THF/Li = 0,5).

    T (C) K (s-1)

    73 0,42 x 104

    90 1,9 x 104

    110 5,1 x 104

    115 8,3x 104

    Observa- se que a variao do valor de K entre 73C e 90C sofre um acrscimo

    de 4,5 vezes, consequentemente a velocidade de reao aumentar na mesma proporo.

    No caso deste experimento, no se tem a informao sobre o valor do K a 83C, porm

    pode-se estim-lo. Se em um intervalo de 17C (73C a 90C) a variao foi de 4,5

    vezes, no intervalo de interesse, que de 8C (83C a 91C) esse valor dever ser de,

    pelo menos, a metade, ou seja, 2,3 vezes. Esse aumento de velocidade de reao resulta

    ento na maior gerao de subproduto.

    A ao do tempo de terminao tambm corrobora para essa concluso, pois

    entre os nveis 1 (7 minutos) e +1 (17 minutos) dessa varivel existe uma variao de

    2,4 vezes que muito prxima da variao na velocidade de reao. Logo, a condio

    de TI = 45C e tT = 17 minutos e a condio TI = 48C e tT = 7 minutos (os vrtices

    inferior direito e superior esquerdo da FIGURA 4.2) confirmam a teoria e embora sejam

    condies diferentes apresentam a mesma quantidade de subproduto formado.

    O modelo construdo relacionando a varivel rea com as variveis do processo

    ST, TI e tT (X1, X2 e X3 respectivamente em variveis codificadas) mostrado na

    equao 4.4 e as superfcies de respostas so apresentadas nas FIGURAS 4.3 e 4.4.

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    50

    rea = 3,06 + 0,30 X1 + 0,62 X2 + 0,58 X3 + 0,30 X2 X3 4.4

    FIGURA 4.3 Superfcie de resposta para rea mantendo-se TI no nvel zero.

    FIGURA 4.4 Superfcie de resposta para rea mantendo-se ST no nvel zero.

    4.2. Influncia das variveis de processo na temperatura final de reao

    Os efeitos calculados para as variveis do processo na temperatura final de

    reao (TF) podem ser vistos na TABELA 4.4. Nessa TABELA podemos observar, com

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    51

    95% de confiana, que s se mostram significativos os efeitos principais das variveis

    ST e TI. Os efeitos significativos esto marcados em negrito.

    TABELA 4.4 Resultado da anlise da TABELA 4.1 para a temperatura final da reao

    (TF).

    Efeito Mdia dos efeitos 87,240,59 Curvatura -6,233,75

    Efeitos principais ST 5,551,18 TI 8,051,18 tT 1,231,18

    Interao entre os efeitos ST x TI -0,031,18 ST x tT -0,951,18 TI x tT 1,801,18 ST x TI x tT 0,481,18 t (13, 95%) x s 2,55

    A FIGURA 4.5 apresenta a superfcie de resposta da varivel temperatura final

    construda a partir do modelo (em unidades codificadas) mostrado na equao 4.5.

    TF = 87,24 + 2,78 X1 + 4,03 X2 4.5

    FIGURA 4.5 Superfcie de resposta para a temperatura final do processo.

  • RESULTADOS E DISCUSSO

    52

    A elevao do teor de slidos totais do reator, ou seja da concentrao de

    monmero, de 18% para 19% provoca um acrscimo mdio na temperatura final de

    reao de 5,5C. Este feito pode ser explicado considerando que a reao de

    polimerizao um processo exotrmico e a quantidade de calor desprendida

    diretamente proporcional massa envolvida. No reator de polimerizao o solvente tem

    duas funes principais: manter os reagentes em soluo e absorver a maior parte do

    calor desprendido durante o processo. Quando se aumenta a relao

    monmero/solvente, se est reduzindo a capacidade do sistema de absorver o calor

    gerado elevando a temperatura final.

    O efeito do aumento da temperatura inicial de 45C para 48C no sentido de

    elevar a temperatura final em 8,05C em mdia. Este efeito tem dois motivos: o

    primeiro que se a reao comea com temperatura mais alta, a quantidade de calor

    armazenado no sistema maior que na condio de temperatura inicial mais baixa.

    Como a quantidade de calor que ser gerado no processo fixa, por ser funo da

    quantidade de monmero,