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Victor Ooldso-hmldt O s diálogos d e P L ESTRUTURA E TODO DIAL ÉTIC O TRADUÇÃO: Dion Davi Macedo SBD-FFLCH-USP I I I 254239 Edições Loyola

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Os diálogos dePLESTRUTURA E MÉTODO DIALÉTICO

T R A D U Ç Ã O :Dion Davi Macedo

SBD-FFLCH-USPlilliIII254239

Edições Loyola

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OS DIÁLOGOS APORETICOS

C) Partida do Diálogo

12. Sócrates tinha o costume, para suas improvisações dialéticas,de recrutar interlocutores em plena agora. Aentrada no assunto deveriaser com freqüência trabalhosa. É claro que ele podia encontrar na praçapública pessoas que se ocupavam de cavalos de raça, mas os Antístenesque se ocupavam da "cavalidade", mesmo que fosse para disto zombar,deveriam ser mais raros. Do mesmo modo não se fala quase nada davirtude, mas todos, os modestos e os vaidosos, as línguas benevolentese as más, falam sem cessar de pessoas honestas ou desonestas. Por isso,em matéria de moral corrente, a qualidade nos toca mais do que aessência. Sócrates jamais pergunta repentinamente: o que é a virtude,a coragem, a sabedoria?

Nos degraus do Palácio da Justiça, Sócrates encontra o adivinhoEutífron. Uma conversa banal se estabelece, cada um diz ao outro o queforam fazer ali: Sócrates é convocado em razão do processo de impiedademovido contra ele por Meleto. Eutífron é acusador. Contra o seu própriopai, ele defende a causa dos deuses ofendidos. Como percebe a admira-çã o de Sócrates, explica-lhe o assunto detalhadamente e procura justi-ficar-se. Devemos perseguir uni malfeitor sem considerar os laços deparentesco que podem nos unir a ele. E Eutífron apela a seus conheci-mentos profissionais, pois é um adivinho. — Pois seja! Mas, porque sabemuito bem que o seu pai cometeu um ato ímpio, ele sem dúvida poderáensinar a Sócrates o que é a Piedade. E este tomará isto em seu proveitoquando tiver de responder sobre as impiedades de que o acusa Meleto.— Assim se opera a passagem da qualidade à essência. Pois, assim-comoo olho não sabe discernir as qualidades do dedo, também a opinião nãosabe julgar as qualidades de um homem ou de seus atos. Se Eutífron sejulga piedoso ao acusar o próprio pai, outros poderiam ver aí o cúmuloda impiedade. E, por sua vez Eutífron nã o partilha de modo algum ossentimentos de Meleto em relação a Sócrates e o considera inocente detoda impiedade.

Assim começa a maior parte dos diálogos. Celebra-se a amizade queliga o ovem Lísis a Menexeno, exalta-se a beleza e a sabedoria de Cármides,discute-se para saber se oconhecimento da heplomaquia* torna os rapazesmais corajosos. A cada ve z Sócrates se presta ao jogo. Mas em um dadomomento ele passa à essência: o que é a amizade, a beleza da alma (asabedoria), a coragem?— Hípias anuncia conferências sobre as belas pro-fissões para os jovens;Górgias pretende formar oradores hábeis; Protágoras,cidadãos virtuosos; íon apresenta-se como um rapsodo renomado qu e sabe

12. * Do grego ÉTtXonaxía, arte de combater com armas pesadas (Leis, 813 3; Xeno-

fonte, Anabase, 2, l, 7) (N. do T.).

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N A S C I M E N T O D O D I A L O G O

explicar os poemas homéricos. E Sócrates pergunta: o que é a beleza, aretórica, a virtude, a rapsódia? — Um velho se gaba por sua riqueza, elalhe permitirá livrar-se de suas dívidas para com os deuses e os homens emorrer como homem justo. E Sócrates: o que é a justiça?

Tantos fatos diversos que nem todos comportam contradição internaevidente, mas dos quais Sócrates tira partido para "estimular a reflexão"de seus interlocutores.

Nos diálogos chamados escolares, as incursões em tais assuntos se-riam inúteis. O Sofista, o Político,o Filebo, o Timeu colocam sem dificul-dade os problemas. Estamos, neste momento, em plena Escola, entrehomens que não esperaram, para se pôr questões, que algum espantofortuito os "convocasse" a isso.

D) Os Diálogos aporéticos

13. Eis como Sócrates compreende a sua missão junto aos atenien-ses. Toda vez, diz ele no Tribunal do Povo, que eu encontro um de vós,tenho o costume de lhe dizer: "Meu caro, tu, um ateniense, da cidade maisimportante e mais reputada por sua cultura e seu poderio, não te pejasde cuidares de adquirir o máximo de riquezas, fama e honrarias, e de nãote importares nem cogitares da razão, da verdade e de melhorar quantomais a tua alma?1 — E se algum de vós redargüir que se importa, não meirei embora deixando-o, mas o hei de interrogar, examinar e refutar 2

e, sem e parecer que afirma ter adquirido a virtude e não a adquiriu, hei derepreendê-lo po r estimar menos o que vale mais e mais o que vale m e-nos"3. Sócrates acrescenta: "Tais são as ordens que o deus me deu, ficaicertos. E eu acredito que jamais aconteceu à cidade maior bem que minhaobediência ao deus"4. É que ele cura os atenienses do maior mal, dadoença da alma5, assim como da ignorância extrema e daquilo que é acoisa mais perniciosa 6: "Nada saber e crer que se sabe"7.

A contradição que desperta a reflexão não se produz somente noconhecimento sensível. É exatamente no mundo sensível qu e el a n o sperturba menos e que a alma, "apelando para que a socorram o raciocí-

íotai oúx èmpcÂij oiJ8è3. ' i p p o \ i Í C T E ü ) c 5è xai âXtiSeíaç xai t f ]Ç v t c u x f i ç õítax; wçc p p o v r i Ç E i ç .

2 oiix eii9í)ç â(pf|o(fl U Ú T O V oúô'â7iEi(j\. àXX'Èpr|oo|iai aiiròv xai È^Etáaio xai é\é~tya.3

Defesa de Sócrates, 29 d-e." Ibid., 30 a.5

Górgias, 477 c.6

Primeiro Alcibíades, 118 b 6 (ò|ja6ía ènxarri); a 7-8 (ctuccSía xaxoupYOTatti xai.

7Sofista, 229 c 5 (tradução Diès).

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Mas, possa a virtude ser ensinada ou não, uma coisa é certa: todospretendem possuí-la e "todos devem declarar-se justos, sejam ou não, ouque está louco o que não fingir justiça"5.

O que pensar então das constantes divergências de nossas opiniõessobre os Valores?6 — Se o vulgo opõe a esta questão uma maneira dedeclarar a oposição do adversário improcedente, o filósofo, assim como nãoadmite a contradição das sensações, não aceita as opiniões. Aqui como lá,o desacordo é a prova inegável da ignorância7.

Porque sobre os Valores homens diferentes têm julgamentos con-traditórios e que variam constantemente em um mesmo indivíduo, épreciso concluir que os Valores são ignorados. Resta-nos encontrar umaciência que nos possa ensiná-los e que, a respeito das opiniões, assumao papel que desempenham o cálculo, a medida e o peso na justa apre-ciação dás sensações.

Este papel é justamente o de um critério que nos permite "chegar auma decisão satisfatória''. Para julgar corretamente a piedade de tal ato,devemos saber o que é a Piedade em si, isto é, é necessário conhecer aessência da Piedade para poder reconhecê-la como qualidade ligada a talato ou tal pessoa. É preciso aprender "a Forma do Piedoso, voltar suaatenção para ela e usá-la como um paradigma"8 para poder dizer que talato é piedoso e tal outro ímpio.

15. Enquanto não encontrarmos este paradigma, nossas opiniõespermanecerão "cegas"1 e, por isso, danosas.

Que a contemplação do Bem deva beneficiar os companheiros quecontinuaram na Caverna, que das Formas seja necessário voltar a descer ao

mundo sensível, não é somente a República que o quer assim. Os diálogoschamados dejuventude não têm uma linguagem diferente quando afirmama necessidadede conhecer o Belo antes de dar aulas sobre as belas profis-sões2, conhecer a Coragemantes de discutir sobre o melhormeio de adquiri-la3, conhecer a Justiça antes de matar uns aos outros nas guerras em quecada parte pretende defender a própria causa4. Q conhecimento das Formasno s é necessário não talvez para viver, mas para bem viver5.

5Protágoras, 323 b 6-8.

6 rã né^iOTa, diz Platão (por exemplo no Primeiro Alcibíades, 118 a 7, falando da

tríade do Belo, do Bem e do Justo).7 Postulado constante do platonismo, por exemplo no Mênon, 96 a-b, Górgias, 487 e,

Primeiro Alcibíades, 111 b, Hípias Menor, 372 d 7-e 1: èvíore H E V T O I MM toiivavriov 5oxeí noiTotmov xai nXavfitytai repi raCra, ô f j X o ü õn Sià to nr| d5Évai.

s

Eutífron, 6 e 4-6: icrórtiv noívuv |i£ avríiv SíSaÇov T Í ) V iSÉav T ÍÇ note È O T I V , íva eic éxeívrivàiroSXéiKov xai xfxtyievoç aúrfl Ttapa&ryuaTt xtX.15. República, VI, 506 c.2

Hípias Maior, 286 b-d.3

Laques, 190 b-c.4

Primeiro Alcibíades, 112 b-c; Eutífron, l d-e.5

Críton, 48 b 5-6: o x> to Ç f ^ v Jtepi nXeíotou jtoitvrÉov. àXXa T O EÍ Ç f l v . Cf. Górgias, 512 e.

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JNASCIMENTO ISO DIALSCb•

A obrigação de conhecer as Formas faz que os Diálogos, com algumaspoucas exceções, se apresentem como ensaios de definição. Não no início,visto que nascem no mundo das opiniões onde têm lugar unicamente asqualidades. Mas depois de um preâmbulo mais ou menos trabalhoso, aconversa se dirige para a essência e aborda a questão: O que é...?

Podem-se, portanto, distinguir nos Diálogos a questão inicial e a

questão prévia. Inicialmente, Hipotalo se pergunta como tornar-se o ami-go de Lísis, Sócrates pergunta a Eutífron se, em seu papel de acusador,ele acredita agir piedosamente. Para responder a estas questões, é neces-sário, previamente, se perguntar o que é a amizade, o que é a piedade.Àsvezes também é um fato inicial que serve de apoio à investigação dialé-

tica, é o que acontece quando ojovem Alcibíades, seguro de seu talento ede seus conhecimentos, quer tratar da vida política. É necessário entãoperguntar-se previamente qual é o objeto da política e, sendo este objetosemelhante à arte de aconselhar sobre a paz e a guerra justas, interrogar-se sobre o que é a justiça. — O prólogo e a entrada na matéria sãoconsagrados a esta questão inicial. O diálogo propriamente dialético nãoprincipia senão com o enunciado da questão prévia.

Poder-se-ia acreditar que a partir desse momento a questão inicial,na medida em que tiver desempenhado a sua função de "despertar areflexão", não reterá mais a atenção dos interlocutores. É este, comefeito,o caso nos diálogos aporéticos. Visto que o fim da discussão não traznenhuma clareza para a questão preliminar, seria vão voltar à questãoinicial, se não for para tornar o fracasso mais sensível e para ressaltar,

um a vez mais, a necessária ligação entre as duas questões6. Mas alhureso problema inicial é resolvido: a República, após ter terminado a sua .investigação sobre a Justiça, volta à discussão inicial e conclui que ohomem justo é mais feliz do que o injusto. O Fedro comenta o juízo poucolisonjeiro que um anônimo pronunciou contra os discursosde Lísias. Põe-se previamentea questão de saber em quais condições um discursoébom.Co m esta questão resolvida, pode-se voltar aos discursos de Lísias e pro-nunciar contra eles uma condenação, à qual , aliás, a cortesia de Sócratesconfere um a forma hipotét i ca7. — Deste modo são confirmadas a funçãoprática da filosofia e a imposição para os fi:ósofos de voltar a descer parao mundo da s opiniões.

16 . Os diálogos aporéticos não chegam a tanto, pois eles não resol-ve m sequer a questão preliminar. Esta solução deveria constituir o objeto

de um ensinamento . M as ninguém é aberto a um ens inamento que nãose pretende necessário. Ora, os interlocutores desses diálogos são todos,em qualquer grau, "eruditos". Se nem todas as suas respectivas compe-

' Assim: Hípias Maior, 304 d 8-e 2, Lísis, 233 b, Loques, 200 e.;

Fedro, 277 a in f ine -e.

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OS DIÁLOGOS APORÉTICOS

tências figuram na lista da Defesa de Sócrates1, todas pretendem ter por

objeto os Valores2. Estas pretensões diferem entre si em natureza e emqualidade. No grupo dos sofistas, a vaidosa presunçãode Hípias contrastaco m a tranqüila segurança de um Górgias; entre os jovens, Lísis eMenexeno não têm nem a inteligência nem o conhecimento de um Teete-to. Mas todos têm opiniões sobre a questão prévia, e antes que estasopiniões sejam reduzidas ao silêncio Sócrates saberá proveitosamentecomeçar o seu ensinamento. Pois, assim como não teremos a idéia derecorrer às artes do cálculo e da medida por todo o tempo que o testemu-nho das sensações nosparecer suficiente, assim também os interlocutoresnão verão mais necessidade de silenciar o ensinamento socrático enquan-to permanecerem persuadidos da justeza das próprias opiniões.

. É necessário, pois, começar por "purgá-los" de suas opiniões, de acor-do com o método do s educadores "modernos"3: "Propõem,ao seu interlo-cutor, questões4 às quais acreditando responder algo valioso ele não res-ponde nada de valor; depois, verificando facilmente a vaidade deopiniõestão instáveis6, eles colocam sem cessar as opiniões à prova6, as aproxi-mam em seus raciocínios7 e as confrontam umas com as outras. Por meiodesse confronto, demonstram que a propósito do mesmo objeto, sob osmesmos pontos de vista, e nas mesmas relações, elas são mutuamentecontraditórias. Ao percebê-lo, os interlocutores irritam-se contra si mes-mos8 mas se tornam conciliadores com os outros9 e, desta maneira, são

16. * Que cita os políticos, os poetas e os artesãos (21 c-22 c).2

Defesa de Sócrates, 22 d 7: xai T Ô X X a TO néyioTa.3 Por oposição ao método tradicional: àpxouotpEJtéç TI itáTpiov (Sofista, 229 e 4).4

Sofista, 230 b-d. — SiEparaôoiv. O prevérbio marca simultaneamente: a) ainsistênciado interrogatório (assim: Górgias, 458 a 2) que Sócrates torna manifesto na Defes a de

Sócrates: ov > EÍiOw; óxpiíoü) O T O T Ò V o x > 5 ' ãra:i|u (29 e 3-4) e 6) o detalhamento das questões tantoirrita os respondentes: Górgias, 497 c 1: Ê p c Ó T O t 5- f ) cí> TO : onixpá TE xai CTTEVÓ; Hípias Menor,

369 c 1: xaTà anixpòv ÈipajtTÓpxvoc.5 7 c X a v a > n é v o > v . O melhor comentário desta expressãose lê no Primeiro Alcibíades, 117-

118 b.6 è^ETÓÇoixn, termo técnico que se encontra na passagem citada da De f e sa de Sócrates

(29 e 4).7 É o procedimento da recapitulação (Protágoras, 332 d 1: àvaXoyicú>n£9a Ta

<í>Ho/U>mnéva T ] ( Ú V ) que aproxima duas teses contraditórias que o respondente havia con-cedido separadamente, sem suspeitar do desacordoe, muitas vezes, espantando-se com o

que ele toma por uma questão que não pertence ao tema (pore x e m p l o , Cármides, 164 a6: c t X X à T Í T O X ) T O ; ) .

8 èa\)Toíç M . È V xaXEitaívowji (cf. Teeteto, 210 c 2-3, 168 a 5: O - Ú T O X I ; Ô E mofiooxwi). Tal é.por exemplo, a reação de Laques (194 a 8-9: xai úç àXt|9(íx; àYavaxTfi E Í . . . f i vorá H T) oióç T ' E Í | J ÍE Í T I E Í V ) . Outros, contudo (Defesa de Sócrates, 23 c 8-9), preferem voltar-se contra o questio-namento, como Cálicles, Hípias ou Ânito (Ménon, 95 a 2: "A. \iév noi S O X E I xaXcnaívEiv).

9 jipòç 8è TOÜÇ XXow ; -fmtpowTat. Muitas vezes, no decorrer da discussão, Sócrates fazum apelo à "doçura" para o respondente (Górgias, 467 b 11: H T J xaTrryópEi. w X Ô O T E

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NASCIMENTO DO DIALOGO

libertados das opiniões arrogantes e intransigentes; está aí a melhor detodas as libertações10 para o ouvinte11 e, para quem a sofre, a mais sóli-da12. Há, na realidade, um princípio, meu jovem amigo, que inspira aque-les que praticam este método púrgativo; o mesmo que diz, ao médico docorpo, que da alimentação que se lhe dá não poderia o corpo tirar qual-quer proveito enquanto os obstáculos internos não fossem removidos.Apropósito da alma formaram o mesmo conceito: ela não alcançará, do quese lhe possa ingerir de ciência, benefício algum, até que se tenha subme-tido à refutação13, causando-lhe vergonha14 de si mesma, até que se tenhadesembaraçado das opiniões que cerram as vias do ensino e que se tenha

489 d 8-9: xol, S > OcrofiámE, npçtótEpóv ^E 7tpo5í6aaxE, íva H T) àitcxpoiníoa) Jtapà 006), chama Laquesà ordem (195 a 7: 8i5áa>ea>n£v oòróv, àXXà H T| XoiüopõHiEv) porque ele violou a regra da "bene-volência" que é preciso observar nas discussões (Carta VII, 344 b 6; èv E Ú H E V É O W èXéyxoiç, cf.República, VI, 499 a), felicita Trasímaco, èjtEiS^i nov npçioç èyévou xod xoXeraxívcov èraxíoco (Re-

pública, I, 354 a 12-13), o Estrangeiro "adoça" (Sofista, 246 d 4-5: P E X T Í O D C , oràtoíiç J I O I E I V e 247c 3) os materialistas que dificilmente se prestam a uma discussão, por oposição aos amigosdas Formas: itopà J Í E V TÔ V EV eíSEonv crôrnv TiSenÉvrav pâov, f|iEpcí>T£poi yáp) (cf. § 9, final).

10 raxoôv [ T E ] àiraXXotYÔv. Por razões de sintaxe mais do que por causa do testemunhode Estobeu, parece difícil manter o TE . Em todo caso, consideramos que se deve construirjiacrôv com àjtaXXaY<õv (em vez de com SoÇôv), aproximação que retoma a doutrina do

Górgias (477 e ss.): de todas as libertações, aquela que age sobre a alma é a mais belae a mais útil.

11 áxoÓEiv TE T|SíoTT|v. Enquanto as discussões entre erísticos degeneram em injúrias,se bem que T x n x , Ttopóvtoç ãx6ea6ai írnep oqxõv avtfiv, ôn TOioíraov àv6ptí>rai>v fjÇíoxjav âxpoaTai•yEvécrôai (Górgias, 457 d 7-9).

12 pE6aióraTa yiyvoiiévTiv. A refutação é definitiva (Teeteto, 210 b 4-5: i\ oü v £n xuoOnév•n xai.ib8ívop.£v, á> ( p í X E , itEpi ÈjnmT|p.iiç, fl J I Ó V T C C È X T E T Ó X O U E V ; ) , e a vantagem que o respondentetira disto é a maior e melhor coisa conquistada, enquanto as outras artes de libertação(Górgias, 477 e ss.) proporcionam apenas benefícios passageiros e instáveis (como a riquezaou a saúde), benefícios dos quais apenas o homem cuja alma é sã pode tirar proveito(Górgias, 511 c ss.). Enf im, a clara consciência de nossa ignorância evita "hesitações" (cf.nota 5) e torna firme a nossa conduta: oíxoíiv oi T O I O V C O I T r â v \ i - í ] E Í S Ó T O I V àvap.ápTriToi Çóxnv 5iàT O ãXXoic J t E p í aikôv È J t n p É T t E i v (Primeiro Alcibíades, 117 e 4-5).

13 È X É Y X I O V . Outro termo técnico que se encontra igualmente na passagem da Defes a

de Sócrates, 29 e 5.14 riç cdoxiivnv xaTacmíoaç. Procedimento que tem uma aplicação freqüente nos Diá-

logos: República, I, 350 d 2-3: T Ó T E xai EÍSov i y á > , j t p Ó T E p o v SE oiSitra, ©paoúnaxov È p x > 6 p i c ü v T a , masque nem sempre consegue chegar em primeiro plano: Górgias, 494 d 3-5: ToiyópToi &

KaXXíxXeiç, OrôXov P . E V xai ropyíav xai è Z , é i ü . - r f , a xai aiaxx>vEo6ai éitoírioa, c r i ) S E o - ú \ii\ È x T i X a y f j ç

O - Ò S E P . - Í I aiaxw 9fl;- àSpEtoc yà p EÍ . Poder-se-iam estudar também as concessões feitas pelorespondente to mado pela vergonha (cf.Eutífron, 8 c 9-d l, Primeiro Alcibíades , 109 c 1-3,Sofista, 247 b 9-c 2), procedimento honesto, o que quer que digam Polo (Górgias, 461 c) eCál ic les (482 d), porque a concessão sempre conduz a uma exigência essencial (cf. adia nte§ 25) e constitui o que se poderia chamar uma braquilogia dialética que faz economia deuma demonstração não para esquivar-se dela (veja-seSofista, 265 d), mas para tornar odiálogo mais leve (cf.Essai sur lê Cratyle, p. 57): o "bom natural" do respondente dispensaentão que se leve mais longe a argumentação.

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