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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO … · O ensino de arte no Brasil até 1808 baseava-se em cópias que vinham de Portugal e que aqui eram adaptados por

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

Título: Leitura e Encantamento: Desenvolvendo o Pensamento Crítico a partir das Obras De Candido Portinari.

Autora: Valderez Saganski

Disciplina/Área: Arte

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Idália Rocha – Ensino Fundamental e Médio

Município da escola:

Ivaiporã

Núcleo Regional de Educação:

Ivaiporã

Professor Orientador:

Prof Dr Jardel Dias Cavalcanti

Instituição de Ensino Superior:

UEL - Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar:

Resumo:

O presente artigo é o resultado do projeto desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná realizado com os alunos do Ensino Médio. O objetivo é criar a possibilidade de fazer com que o educando possa contribuir com o meio no qual está inserido, desenvolvendo a sua sensibilidade e tornando-se indivíduo crítico. Também aprendendo assim a valorizar a sua cultura através do contato com as obras do artista brasileiro Candido Portinari que retrata a diversidade cultural e as questões sociais do nosso país. Desenvolvendo ainda no corpo discente um olhar crítico em que compreenda as expressões e possibilidades materiais que podem ser desenvolvidas em arte. Em contato com a Arte, abrem-se os horizontes reflexivos e da sensibilidade, fazendo com que o mundo contemporâneo seja pensado criticamente.

Palavras-chave:

Leitura de imagem; Candido Portinari; Ensino de Arte

Formato do Material Didático:

Unidade Didática

Público:

Ensino Médio

LEITURA E ENCANTAMENTO: DESENVOLVENDO O PENSAMENTO

CRÍTICO A PARTIR DAS OBRAS DE CÂNDIDO PORTINARI

Valderez Saganski1

Jardel Dias Cavalcanti2

RESUMO

O presente artigo é o resultado do projeto desenvolvido no Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) do Estado do Paraná realizado com os alunos do Ensino Médio. O objetivo é criar

a possibilidade de fazer com que o educando possa contribuir com o meio no qual está inserido,

desenvolvendo a sua sensibilidade e tornando-se indivíduo crítico. Também aprendendo assim a

valorizar a sua cultura através do contato com as obras do artista brasileiro Candido Portinari que

retrata a diversidade cultural e as questões sociais do nosso país. Desenvolvendo ainda no corpo

discente um olhar crítico em que compreenda as expressões e possibilidades materiais que podem

ser desenvolvidas em arte. Em contato com a Arte, abrem-se os horizontes reflexivos e da

sensibilidade, fazendo com que o mundo contemporâneo seja pensado criticamente.

Palavras-chaves: Leitura de imagem; Candido Portinari; Ensino de Arte

ABSTRACT

This article is the result of the project developed in the Educational Development Program (EDP) of

the State of Paraná conducted with high school students, thinking about the possibility of making the

student can contribute to the environment in which it is inserted, developing their sensitivity and

becoming critical individual, learning to value their culture through contact with the works of Brazilian

artist Candido Portinari that so well reflects the cultural diversity and social issues of our country.

Developing a critical eye and understanding the expressions and material possibilities that can be

developed into art. Contact Art opens up the reflective and sensitive horizons, making the

contemporary world is thinking critically.

Key words: Image Reading; Candido Portinari; Art Education

1 Licenciada em Educação Artística pela Universidade do Oeste Paulista – habilitação em Artes Plásticas. Pós Graduada em Qualidade da Educação e Arte Educação pela Faculdade de Artes do Paraná. Professora de Arte da Rede Pública do Estado do Paraná. Participante do PDE 2014. Email: [email protected].

2 Professor da Universidade Estadual de Londrina. Orientador do PDE. Doutor em História da Arte

pela Unicamp. Emai: [email protected].

1 INTRODUÇÃO

A Arte é resultado da necessidade do homem exprimir seus desejos, suas

angústias, seus anseios e seus medos, é também um instrumento de conhecimento

da realidade. Podemos observar isso desde as pinturas rupestres até hoje. Sendo

assim, o homem tem se expressado por meio da pintura, da música, da escultura, da

arquitetura, entre outros gêneros artísticos e em diferentes momentos históricos,

registrando e refletindo sobre o presente para fazer com que o espectador reflita

sobre o que acontece ao seu redor e que, a partir daí, possa transformá-lo. A arte

também pode ser um caminho para se resgatar a sensibilidade, despertando

sentimentos inerentes ao ser humano, como a alegria, o prazer, a tristeza, etc.

Diante dessa perspectiva é que este estudo se fez necessário. O que se

buscou foi inserir o educando numa rede de valores muitas vezes esquecidos de

forma que fossem mais valorizados, na própria escola, no convívio familiar, ou na

sociedade como um todo. Através da arte pode-se compreender melhor o mundo e,

conseqüentemente, tentar transformá-lo. Os alunos aceitam as imagens do mundo

como verdade sem questionar seu sentido. Saber ler imagens é necessário diante da

sociedade contemporânea. Segundo Mae Barbosa:

Em nossa vida diária estamos rodeados por imagens impostas pela mídia, vencendo produtos, idéias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc. Como resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por meio delas inconscientemente. A educação deveria prestar mais atenção ao discurso visual. Ensinar a gramática visual e sua sintaxe através da arte e tornar as crianças conscientes da produção humana de alta qualidade é uma forma de prepará-las para compreender e avaliar todo o tipo de imagem, conscientizando-as de que estão aprendendo com estas imagens. (BARBOSA, 1998).

Assim, através da leitura da imagem podemos compreender e analisar todo

tipo de imagens impostas ao nosso redor, tornando-nos ricos em conhecimento.

Evidencia-se neste projeto a leitura das obras de Candido Portinari no contexto da

preocupação social na arte brasileira, como também o movimento modernista no

processo de articulação de uma nova concepção de homem e mundo nacional.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Ensino de Arte

O ensino de arte no Brasil até 1808 baseava-se em cópias que vinham de

Portugal e que aqui eram adaptados por nossos artistas. Assim, havia a

necessidade de se desenvolver artistas que defendessem o país culturalmente. Para

atender essa necessidade foi iniciada uma série de ações como, em 1808, a vinda

de um grupo de artistas franceses encarregado da fundação da Academia de Belas

Artes, na qual os alunos poderiam aprender as artes e ofícios artísticos. (DCE, 2008,

p.39).

Com a proclamação da Republica, em 1890, ocorreu a primeira reforma

educacional.

Tal reforma foi marcada pelos conflitos de idéias positivistas e liberais. Os positivistas defendiam a necessidade do ensino de Arte valorizar o desenho geométrico como forma de desenvolver a mente para o pensamento científico. Os liberais preocupados com o desenvolvimento econômico e industrial defendiam a necessidade de um ensino voltado para a preparação

do trabalhador. (DCE, 2008, p.40).

Arte e ciência eram interpretadas como espaços do conhecimento diferentes,

onde se achava que a ciência fosse uma obra da razão e a arte fosse uma obra da

emoção. Sendo que razão e emoção fazem parte da constituição do ser humano.

O ensino de arte nas escolas, no início do século XIX, era caracterizado pela

falta de atividades artísticas, o desenho era ensinado através de cópias, com a

precisão da linha. A partir do progresso da revolução industrial houve a necessidade

da formação de desenhistas e artesãos para atender a demanda, assim o ensino de

arte se resumia em atividades práticas, como o desenho geométrico.

Entretanto, o ensino de Arte nas escolas e os cursos de Arte oferecidos nos mais diversos espaços sociais são influenciados, também, por movimentos políticos e sociais. Nas primeiras décadas da República, por exemplo, ocorreu a Semana de Arte Moderna de 1922, um importante marco para a arte brasileira, associado aos movimentos nacionalistas da época. (DCE, 2008, p.40).

A Semana da Arte Moderna no Brasil ocorreu com grandes transformações,

segundo FERRAZ & FUSARI (2000, p.31): expandindo-se o movimento modernista

para várias regiões do país e organizando-se salões de arte com características

inovadoras e mais nacionalistas. O ensino de arte passa a ser direcionada na

expressividade, espontaneidade e criatividade. Em 1948, com a criação da

Escolinha de Arte trouxe como fundamento pedagógico a livre expressão de formas,

a individualidade, inspiração e sensibilidade. (DCE, 2008, p. 40-41).

A partir de 1971, com a Lei nº 5.692, o ensino de Arte passou a ser

obrigatoriedade nos currículos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, mas traz

algumas dificuldades enfrentadas pelos professores a qual se torna uma forma

contraditória na educação em arte, tratando a mesma como “meras atividades

artísticas”. Apesar de considerar a arte como disciplina obrigatória, o Parecer

nº540/77, que fundamenta a LDB, apresenta-a com contornos indefinidos,

valorizando o “processo” de trabalho e a livre expressão. (FERRAZ & FUSARI, 2000,

p.37-38).

A conscientização política ocorre na prática social ampla e concreta do cidadão. A educação escolar deve assumir o ensino do conhecimento acumulado e em produção da humanidade, isto é, deve assumir a responsabilidade de dar ao educando o instrumental necessário para que ele exerça uma cidadania consciente, crítica e participante. (FERRAZ & FUSARI, 2000, p.42).

Em meados dos anos 80, surge o movimento Arte-Educação, onde no início

tinha a finalidade de conscientizar e integrar os profissionais, resultando na

mobilização de grupos de educadores, tanto na educação formal e não-formal.

(PCN, 1998, p. 28). Esse movimento fez com que aumentassem as discussões

sobre a valorização e o aperfeiçoamento da disciplina e do professor de arte

revendo e propondo oportunidades para levar os alunos a se tornarem agentes

transformadores na escola e na sociedade.

Assim: “O ensino de arte constituirá componente curricular

obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o

desenvolvimento cultural dos alunos”. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996

(Artigo 26, Parágrafo 2).

A Educação Através da Arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence. (FERRAZ & FUSARI, 2000, p. 15):

Nesse sentido é necessário que o aluno encontre através da Arte um caminho

para estar revendo sua participação no mundo o qual está inserido adquirindo um

conhecimento artístico e estético.

...a escola é a um só tempo, o espaço do conhecimento historicamente produzido pelo homem e espaço de construção de novos conhecimentos, no qual é imprescindível o processo de criação. (DCE, p.23).

Sendo assim a escola torna-se um espaço onde através da arte o aluno pode

formar um pensamento crítico em relação a um determinado contexto. Através da

leitura de obras de arte podemos fazer com que os alunos sejam levados a exercer

seu papel de sujeito crítico no meio o qual está inserido, despertando sua

sensibilidade.

Desta forma, a dimensão artística pode contribuir significativamente para a humanização dos sentidos, ou seja, a superação da condição de alienação e repressão à qual os sentidos humanos foram submetidos. (DCE, p.23).

A disciplina de Arte na escola é de suma importância, pois desperta no aluno

uma consciência crítica sobre os acontecimentos sociais tornando-o participativo no

seu papel com a sociedade, não sendo um expectador, mas podendo ser alguém

que participa desses acontecimentos dando-lhes a oportunidade de poder

transformá-los.

Desde os primórdios de nossa existência, como espécie, vimos aprendendo, por experiência, que o contato com a arte e seus conteúdos proporciona aos nossos olhos novos mundos de ver e compreender a realidade, modos esses capazes de desvendar não apenas aquilo que somos, mas também muito da matéria de que a própria realidade se constitui. (Buoro, 2002, p.41).

É através da arte que os artistas se relacionam com o mundo, deixando um

pouco daquilo que vivem para que a sociedade possa fazer uma leitura tirando dela

aquilo que lhe é necessário para sua vivência no mundo.

2.2 Arte Moderna

A arte moderna surgiu durante o século XX num momento de grandes crises

no cenário brasileiro, através de diversos acontecimentos políticos e sociais.

Segundo Zillio (1997, p. 38): “Em algumas décadas, a escravatura havia sido

abolida, a República proclamada, a imigração crescera, as indústrias surgiram e as

cidades se modernizavam”. O objetivo dos artistas era realizar uma arte voltada para

a cultura de massa, lançando sobre ela um novo olhar valorizando a etnia e trazendo

a vontade de reconstruir uma identidade nacional e expressar globalmente novos

conceitos culturais. Nesse período surge uma grande luta entre as diferentes

ideologias presentes no campo das artes, pois existem maneiras diferentes de

pensar o mundo, deste modo a arte moderna surge da superação das contradições

que a arte ocidental vivia. Os artistas sentiam a falta de uma arte que mexesse com

a realidade desse momento. (Zilio, 1997, p. 23).

Assim, surgiu um olhar moderno trazendo obras inovadoras dentro da cultura

que estavam inspiradas em idéias e concepções européias.

(...) a ambição modernista não era outra senão a de criar um estilo e, conseqüentemente, ser capaz de expressar globalmente o universo simbólico brasileiro. Para tal os modernistas se lançam na investigação das fontes formadoras da nossa cultura sem perder de vista as inovações que se produziam na produção cultural dos principais centros europeus. (Zilio, 1997, p. 16).

Os artistas brasileiros ainda estavam mantendo ligações com a vanguarda

européia, pois existia um estado de dependência. Porém Zilio (1997, p. 27) afirma:

“Mas, à medida que o projeto de arte moderna vai-se formalizando, no início do

século XX, cresce entre os artistas a aproximação com outras culturas e em

particular com a arte primitiva.”

Aconteceu em São Paulo, no ano de 1922, a Semana de Arte Moderna, onde

ocorreram exposições de pintura, escultura e arquitetura, conferências e festivais

literários e musicais. Participaram desta semana literatos como Oswald de Andrade,

Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Ronald de Carvalho e

Graça Aranha, o escultor Victor Brecheret, o músico Heitor Villa-Lobos, Guiomar

Novaes e os pintores Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, entre outros.

Esta semana ocorreu com algumas polêmicas, como diziam que predominava “uma

desobediência desorientada às velhas regras”. “E que, não sendo acadêmicos,

também não demonstravam uma compreensão real do significado e da linguagem

da arte moderna.” (Zilio, 1997, p. 43). Foi um novo momento na história da cultura

brasileira marcando o início de uma nova fase para a arte.

Os artistas que haviam participado da semana da arte moderna estavam em

contato com os movimentos de vanguarda da Europa e havia uma elite que não

aceitava as manifestações culturais populares. E assim ocorreu uma desunião da

sociedade brasileira. A elite brasileira rejeitou a produção cultural do país.

A arte moderna surge no Brasil dentro dessa materialidade social. Os salões e o contato com Paris, mais que com o Rio, formam o seu circuito. Protegidos pelos muros das mansões, despreocupados com a subsistência, inseguros e mesmo com certo desprezo pelo publico da arte – que sabem despreparado – os modernistas progridem com seu trabalho, isolados, como num laboratório. (Zilio, 1997, p.55).

A arte moderna trouxe uma nova geração de artistas que propuseram seus

trabalhos dentro de uma temática social, foi um tempo de preocupações culturais

valorizando os acontecimentos que estavam ocorrendo naquele momento com a

arte social e a militância política.

Pouco depois da vitoriosa Revolução de 1930, algumas mudanças importantes vão ter lugar no campo da arte. Lúcio Costa é nomeado para diretor da Escola Nacional de Belas-Artes e começa a promover mudanças no seu corpo docente e na orientação do ensino, até então voltado para o Neoclássico. A seguir, continuando as reformas, Lucio Costa inclui modernistas no júri de seleção do Salão Nacional de Belas-Artes, o que resulta no incentivo à participação de artistas modernos e na retração dos acadêmicos. (Zilio, 1997, p. 57.)

Após esse momento o modernismo começa a ganhar prestígio através dos

artistas modernos que passam a ocupar cargos nas instituições culturais tornando a

presença do Estado como árbitro nos conflitos surgidos entre modernistas e

acadêmicos.

Podemos concluir que a arte moderna procurava expressar em sua arte a

simplicidade dos temas de uma forma sem pretensão alguma, buscando se

aproximar de um pensar popular, trazendo uma visão de mundo por traços

simplificados remetendo as emoções e sentimentos. Uma arte voltada para o

cotidiano popular e as preocupações sociais através da crítica.

2.3 O Artista Candido Portinari

Candido Portinari nasceu em Brodowski, numa fazenda de café, no interior do

Estado de São Paulo, no dia 30 de dezembro de 1903. Filho de imigrantes italianos

que vieram para o Brasil para trabalhar nas lavouras de café. De família humilde,

teve uma infância pobre. Aos dez anos fez seu primeiro trabalho artístico

desenhando o poeta Carlos Gomes, tirando a imagem do compositor de uma

carteira de cigarros. Quatro anos mais tarde um grupo de pintores e escultores

italianos passa por Brodowski para decorar a igreja e convidam Portinari para ajudar.

(PROJETO PORTINARI, 2004).

Em 1919 decidiu ser pintor e parte para o Rio de Janeiro, matricula-se no

Liceu de Artes e Ofícios e no ano seguinte na Escola de Belas-Artes, como aluno

livre nas aulas de desenho figurado. Ali encontra um ambiente contraditório e tenso,

marcado por normas rígidas. (PROJETO PORTINARI, 2004).

Permaneceu neste ensino durante oito anos e nesse momento já acontecia

um movimento que se dizia moderno agitando a Europa, que se espalhava pela

América Latina e conseqüentemente pelo Brasil. Portinari então começa a se

destacar nesta instituição participando de exposições de telas, mas não se manteve

alheio ao Movimento Moderno que acontecia na Europa.

Aí, sua aproximação com aquela cultura vai ser indireta e imprecisa, pois se daria principalmente naquilo que a Escola de Belas-Artes poderia lhe transmitir. Se bem que não podemos esquecer que na sua convivência com os meios intelectuais fora da Escola essa relação com a cultura francesa foi provavelmente reforçada. (Zillio, 1997, p. 64).

Em 1928, conquista o Prêmio de Viagem ao Exterior, com o Retrato de

Olegário Mariano, onde permanece até o ano de 1930, viajando pela Inglaterra,

Itália, Espanha visitando museus e castelos até se radicar em Paris. Lá entre as

visitas, sente saudades de Palaninho, um dos mais humildes habitantes de

Brodowski e escreve a uma colega na Enba: “Daqui fiquei vendo melhor a minha

terra – fiquei vendo Brodowski como ela é (...). Vou pintar o Palaninho, vou pintar

aquela gente com aquela roupa e com aquela cor”. (Pedrosa e Rufinoni, 2013, p.

20).

Portinari voltou da viagem com apenas seis telas: três naturezas mortas, um

nu, um auto-retrato e um retrato de Maria, uma Uruguaiana que ele conheceu e que

passou a ser sua companheira por toda a vida. A partir daí começa a descobrir

verdadeiramente o modernismo e a ser reconhecido por grande parte dos

intelectuais da época. (PROJETO PORTINARI).

(...) a valorização de aspectos da nossa cultura até então recalcados pelo academismo, possibilitará no campo da arte a libertação do olhar, permitindo aos nossos artistas encontrar, na sua realidade cultural, os traços que os fariam se distinguir dos modelos europeus. (Zillio, 1997, p.66).

Portinari começa então a receber atenção especial de críticos acadêmicos e

modernistas da época. Pois alguns críticos acusavam os artistas modernos de

usarem traços livre com deformações no desenho para esconder a falta de

conhecimento técnico. Mas o que os artistas modernos faziam eram escolher uma

estética que fosse diferente.

Segundo Zillio (1997, p. 91): “Da primeira fase do Modernismo, Portinari

mantém uma intenção nacionalista, através da temática brasileira”. Assim a figura

humana se fará presente em quase todas as suas obras. O trabalhador rural, as

figuras populares e as cenas infantis seriam seus personagens principais. Temas

como a pobreza e o trabalho, o sofrimento do homem brasileiro, negro, mulato

comovia o artista que a partir de então começou a lutar pelas causas sociais através

de suas obras. (Zillio (1997, p. 91).

As origens formais do estilo de Picasso lhe trazem diversas influências. Como

o Cubismo, que segundo Amaral:

(...) não se pode descartar a poderosa importância que sobre ele exerce a personalidade de Picasso, após ver sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, em 1939, (...). Essa influência picasseana alterará profundamente o desenho, bem como a paleta de Portinari na década de 40, transparecendo, em particular, em sua série dramática dos Retirantes, hoje no MASP. (Amaral, 1984, p. 62).

Além da influência de alguns artistas da Escola de Paris, do Muralismo

mexicano, do Quatrocento italiano e dos ensinamentos da Escola de Belas-Artes.

Portinari vai assimilar um pouco de cada, tornando seu estilo um tanto quanto

eclético, tendendo mesmo para o Pós-Cubismo. Quanto à influência mexicana Zillio

ressalta: ”Assim, a influência da arte mexicana sobre ele se fará num sentido mais

de objetivos gerais, tais como a afirmação de uma arte social e realista e no

interesse da pintura mural.” (ZILIO, 1997, p.91)

A pintura mural trouxe para o artista oportunidades de se desenvolver neste

suporte, sendo inclusive o único artista brasileiro que recebeu este reconhecimento.

Mas Portinari não imitava os mexicanos, a pintura mexicana era apenas uma fonte

de referência para o seu trabalho.

Em 1935, conquista a segunda menção honrosa na exposição do Instituto

Carnegie, em Pittisburgh (EUA), com seu trabalho CAFÉ e Portinari se torna o

primeiro modernista brasileiro premiado no exterior. A obra ira lhe conferir o estatuto

de pintor internacional. (Pedrosa e Rufinoni, 2013, p. 20).

Após essa premiação, o artista recebeu várias encomendas de

colecionadores privados e instituições de arte moderna norte-americanas.

(PROJETO PORTINARI, 2004).

As obras de Portinari manifestam um realismo que mais tarde se tornarão

com vários sentidos em seus trabalhos pós-cubistas. Mas que continuarão na

pretensão de se retratar a realidade brasileira. Sérgio Milliet em 1048 faz uma

análise da pintura de Portinari:

“Ao cerebralismo europeu, que se esgota em pesquisas admiráveis de forma, Portinari ajuntou a sentimentalidade nacional, o não conformismo ante a tragédia social do país. Sua pintura tornou-se assim uma pintura de participação. E através dela, de sua força expressiva, de suas violências, de suas deformações não raro sarcásticas, ele critica a sociedade, aponta as falhas da organização política, instiga o público à revolta contra a ordem que considera errada das coisas. Ele exprime e comunica a sua própria inquietação.” (Sérgio Milliet, “Portinari”, in O Estado de São Paulo, 14 de dezembro de 1948, citado por Anna Teresa Fabris, Portinari, pintor social, tese de mestrado do Dep. DE Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da USP, 1977. P. 107).

Participou em 1951, da exposição na I Bienal de São Paulo. Portinari começa

a apresentar problemas de saúde na década de cinqüenta, por intoxicação pelo

chumbo presentes nas tintas que usava. Mesmo doente e desobedecendo a ordens

médicas trabalhava intensamente e se lança com entusiasmo ao trabalho que lhe foi

oferecido a executar, os painéis Guerra e Paz, para a decoração da nova sede da

ONU.

Durante nove meses, com a ajuda de Enrico Bianco e Rosalina Leão, Portinari pintou cada centímetro daqueles que seriam os maiores painéis de sua carreira, com 14 metros de altura por 10 metros de largura cada um. (Pedrosa e Rufinoni, 2013, p. 24).

Morreu no dia 06 de fevereiro de 1962, vítima de envenenamento pelas

próprias tintas.

Concluindo:

O relato visual de Portinari expressa os mais avançados conceitos da cultura de seu tempo (...) aborda diferentes aspectos da alma humana e da vida social, da miséria e da desgraça aos anseios da bem-aventurança terrestre. O brilho do olhar de seus miseráveis e degradados seres amoráveis tem a chama reivindicativa da esperança. Sua obra, expressão coerente de sua generosa visão de mundo, não decorre apenas de um “otimismo da vontade” em meio ao “pessimismo da razão”. É expressão de uma razão combatente, que em meio à adversidade revela os lenitivos de uma cantada do porvir. . (Pedrosa e Rufinoni, 2013, p. 24).

3 DESENVOLVIMENTO

As ações pedagógicas foram desenvolvidas dentro de três variáveis, olhar,

interpretar e criar. Foi realizada a mediação entre o professor e o aluno no sentido

de auxiliar a leitura de obras de arte instigando o pensamento crítico. O processo de

avaliação foi realizado em todas as etapas visando à integração das linguagens

artísticas.

1 – Linguagens artísticas

Artes Visuais

2 – Forma e conteúdo

Elementos da visualidade nas artes visuais e realidade social

3 - Saberes estéticos e culturais

História da Arte

Arte Moderna

4 – Conexões transdiciplinares

Contexto cultural e político

5 – Processo de criação

Ação criadora

Arte como experiência de vida

Interpretação poética

Produção coletiva

Atitude crítica

Ativar sentidos

Arte como forma de pensar

A aplicação do projeto LEITURA E ENCANTAMENTO: DESENVOLVENDO O

PENSAMENTO CRÍTICO A PARTIR DAS OBRAS DE CÂNDIDO PORTINARI foi

realizada no 1º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual Idália Rocha, Ensino

Fundamental e Médio, na cidade de Ivaiporã, no ano de 2015.

O projeto em questão tem como tema a leitura de imagem e foi desenvolvido

em quatro partes no intuito de organizá-las. Parte 1 – olho que vê; Parte 2 -

conhecendo o portfólio; Parte 3 – ler e produzir sentido e Parte 4 – arte crítica e

social.

Parte 1 - “Olho que vê”

Apresentei aos alunos a obra “Retirantes” de Candido Portinari, porém sem

identificar o artista, solicitando que apenas olhassem por alguns minutos e após

esse período realizei a mediação para análise a partir das seguintes questões: -

Quantos personagens há nesta obra? Quantos são homens, mulheres e crianças?

Como estão essas pessoas? Qual a idade delas? Qual a primeira sensação que

esta obra lhe causa? Onde se percebe a tristeza nas pessoas? Que pássaros vêem

no céu? Porque esses pássaros estão sobrevoando essas pessoas? Qual é o tema

representado nesta obra? Que cores se percebe? Se você fosse o artista, que nome

daria para a obra? Os alunos ficaram um pouco eufóricos, mas aos poucos foram se

acalmando e os objetivos sendo alcançados. Na questão: sobre a sensação

causada pela obra, ocorreram respostas como: terror, tristeza, injustiça entre outras

e foi muito interessante, a maioria dos alunos não conheciam esta obra muito menos

sabiam quem tinha realizado, então puderam falar aquilo que realmente estavam

vendo e sentindo.

Em seguida falei sobre a obra que tem como título “Retirantes” de Candido

Portinari, que foi realizada no ano de 1944, a técnica utilizada é óleo sobre tela, sua

medida 1,90. X 1,80 cm e que está localizada no Museu de Arte de São Paulo Assis

Chateaubriand. Em seguida realizamos uma análise e reflexão desta obra, falei

também sobre o que o artista conseguiu retratar, denunciando os problemas sociais

do nosso país, continuei com mais algumas questões: Como o problema dos

retirantes nordestinos é tratado atualmente pela sociedade brasileira? Esse

problema afeta a nossa vida? Como o problema da seca é tratado no Brasil? As

cidades acolhem ou excluem os retirantes? Estas questões são tratadas na mídia?

Estas questões refletem na violência, na pobreza e na desigualdade social? Existe

alguma relação encontrada nesta obra com a sua história pessoal? Como a questão

dos retirantes nordestinos e suas conseqüências afetam a nossa vida? Os alunos

contribuíram muito, pois sabem da importância e como estes temas são tratados

pela mídia.

Após esta análise a turma foi dividida em grupos e encaminhada à sala de

informática para a realização de uma pesquisa sobre a biografia cronológica de

Candido Portinari a fim de conhecer melhor a vida do artista, e em seguida foi

realizada a socialização da pesquisa para a turma. Nesta etapa notei o grande

interesse da turma, pois um grupo encontrou Memórias de Portinari “Retalhos da

minha vida de infância” e me questionou se poderia ser colocado no trabalho de

pesquisa, assim pude constatar o compromisso com a turma neste projeto.

Realizada a apresentação dos grupos e discussão passei o vídeo: Imaginário

Portinari para assistirem, e em seguida falamos um pouco sobre Portinari, e alguns

alunos não sabiam que o artista era brasileiro e ficaram sensibilizados com a sua

trajetória de vida, pois viram que ele era uma pessoa de família humilde. Solicitei

então que construíssem um texto verbal relatando suas aprendizagens sobre a vida

de Portinari.

Parte 2 - CONHECENTO O PORTFÓLIO

Neste momento discutimos sobre o Portfólio, que é um instrumento de

avaliação surgido no campo das artes nos meios escolares e universitários e que

traz uma nova forma de avaliar o desenvolvimento em relação a ensino e

aprendizagem. O portfólio não seria basicamente uma pasta onde se colocariam

apenas trabalhos feitos em uma sala de aula, mas diferentes tipos de documentos,

anotações pessoais, experiências de aula, controles de aprendizagem,

representações visuais, etc. Pensamos então a criação de uma capa pessoal para a

pasta. Esta pasta já havia sido solicitada na aula anterior, porém alguns alunos

pediram para fazer esta capa em casa. Discutimos como seria o processo de

avaliação onde instiguei os alunos para a sua responsabilidade no processo de

aprendizagem. Os alunos ficaram surpresos e receosos, pois nunca tinham sido

avaliados dessa forma e notei na expressão deles certa ansiedade, mas expliquei

que tudo aconteceria no momento certo, portanto não havia motivos para ficarem

apreensivos, em seguida realizamos o memorial, onde cada aluno escreveu em uma

folha um pouco de si mesmo, sua preferências musicais, seus gostos, sua família,

etc.. Esse momento foi muito gratificante, pois pude conhecer um pouco mais sobre

cada aluno, sua vida e suas expectativas para o futuro. Alguns alunos colocaram

fotografia do momento que eram ainda crianças. Assim, devemos saber que o

portfólio permite ao professor considerar o trabalho do aluno não como uma forma

pontual e isolada, mas como um processo de construção da aprendizagem em que

cada aluno decide que trabalhos e momentos são significativos para ele.

Parte 3 – LER E PRODUZIR SENTIDO

Nesta etapa identificamos os gêneros artísticos nas obras de Candido

Portinari como Natureza-morta, Paisagem e Figura Humana. Devemos estar

preparados para compreender as mais diversas formas de linguagens, pois estamos

inseridos dentro de uma cultura visual, nesse sentido é fundamental desenvolver

nossos sentidos de forma analítica e crítica. Saber identificar as características

estéticas numa obra de arte nos leva a tomar posições conscientes e coerentes com

a contemporaneidade. Então apresentei as obras “Natureza Morta”, “Paisagem de

Brodowski” e “Mulher com Criança” do artista Candido Portinari para análise e

discussão e após realizamos as atividades. Na atividade sobre natureza morta

solicitei que cada aluno trouxesse de casa um objeto. Foi separada a turma em

grupos onde cada grupo montou uma composição com esses objetos e em seguida

desenharam estas composições montadas através da observação. Na atividade

sobre paisagem fomos até o pátio da escola e cada aluno escolheu um lugar para

fazer sua paisagem de observação e na atividade figura humana realizamos a

análise da obra “Mulher com Criança” de Portinari, os alunos escreveram palavras

sobre a imagem e a seguir construíram um poema a partir dessas palavras. Foram

momentos especiais de muita imaginação e criatividade.

Parte 4 – ARTE CRÍTICA E SOCIAL

Neste momento analisamos aspectos históricos e culturais na formação do

modernismo brasileiro, pois segundo Ernest Fischer “a arte é uma forma de

consciência social”. A arte não esta só na função de transformar o mundo, mas está

no seu caráter mágico através da sua natureza original. A sociedade precisa do

artista, pois através da arte o homem consegue compreender a realidade, suportá-la

e até transformá-la em mais humana. A arte é necessária na medida em que se

torna a representação de um mundo culturalmente comprometido com significados,

com a imaginação. Arte é interpretação, é conhecimento do mundo, é a expressão

dos sentimentos. Nesse sentido é que a arte deve permitir a possibilidade de

contribuir para a preparação de indivíduos que compreendam melhor o mundo em

que estão inseridos, que saibam compreendê-lo e que nele possam atuar.

Apresentei algumas imagens de artistas do século XIX, XX e XXI, dando preferência

aos artistas do modernismo, como as obras de Tarsila do Amaral. Realizamos um

passeio pelas questões das cenas quotidianas e as festas populares retratadas em

suas obras. Questionei aos alunos se conheciam algumas dessas obras? Já tinham

ouvido falar sobre o Modernismo? Os alunos disseram que algumas obras já tinham

visto, mas não sabiam explicar onde. Então dividi a turma em grupos para que

pesquisasse sobre o Modernismo Brasileiro, a Semana de 22, a Antropofagia e a

critica de Monteiro Lobato à Anita Malfatti. Cada grupo pesquisou sobre um tema

que foi apresentado e em seguida assistimos ao vídeo Modernismo: anos 20.

Analisamos e discutimos a obra “Café” de Candido Portinari, e todos construíram um

texto relatando sobre a arte enquanto função social. Após, os alunos fizeram uma

composição retratando o texto e em seguida realizamos a socialização. Através dos

relatórios de suas opiniões pude perceber como os alunos já estavam envolvidos

com o projeto e haviam avançado em suas aprendizagens.

Nesse momento já estávamos envolvidos com a contemporaneidade então

realizamos uma análise e discussão sobre a obra “Lavrador de Café” de Candido

Portinari com uma fotografia de Sebastião Salgado. Realizamos um paralelo entre

os dois artistas com reflexões temáticas através de elementos de contraste e

similaridade entre as obras. Em seguida assistimos ao vídeo “Revelando Sebastião

Salgado” onde conheceram melhor a vida e as obras do fotógrafo e percebi mais

uma vez a sensibilidade de alguns alunos diante das fotos. Essa relação entre os

artistas nos remeteu a diferentes períodos, que se busca absorver a forma que cada

um utilizou para criticar a sociedade, transformando essas informações e

devolvendo ao mundo um novo formato artístico. Proporcionei aos alunos

oportunidades para identificar, relacionar e compreender as diferentes vozes

poéticas, bem como, os diferentes materiais utilizados, diferentes técnicas, assim os

alunos apreciaram e refletiram sobre a produção artística, conhecendo a

transformação da arte através dos tempos.

Após, realizamos a reprodução viva das obras de Candido Portinari. Dividi a

turma em grupos e cada grupo escolheu uma obra e realizou a sua montagem

cênica que foi fotografada. Enviei as fotos para impressão e realizamos a exposição

com os trabalhos. Todos os alunos se envolveram com muito entusiasmo.

CONSIDERAÇOES FINAIS

A arte na escola desperta no aluno uma consciência crítica sobre os

acontecimentos sociais tornando-o participativo no seu papel com a sociedade, não

sendo um expectador, mas podendo ser alguém que participa desses

acontecimentos dando-lhes a oportunidade de poder transformá-los. Nesta

perspectiva, acredito que o projeto de Intervenção Pedagógica, “LEITURA E

ENCANTAMENTO: DESENVOLVENDO O PENSAMENTO CRÍTICO A PARTIR

DAS OBRAS DE CÂNDIDO PORTINARI”, aplicado no Colégio Estadual Idália

Rocha, na cidade de Ivaiporã, cumpriu essa tarefa. Despertou nos alunos um

interesse maior pela obra de arte e também para o entendimento daquilo que nelas

contém. Como o projeto propõe leitura de imagem, olhar e interpretar foi preciso

trabalhar a importância do ver e do analisar, desafiando-os a este exercício tão

necessário num espaço coletivo. Os alunos construíram a capacidade de apreciar

compreender o que o artista quis transmitir em sua época, sua poética e o seu

contexto social. Os resultados desta implementação tiveram seus objetivos

alcançados. Notou-se o crescimento na aprendizagem à medida que os alunos

participavam das aulas práticas e das análises das obras.

A possibilidade de conhecer a vida e as obras do artista modernista Candido

Portinari ultrapassou uma dimensão não esperada. O conhecimento com certos

detalhes da biografia do artista como a figura humana que se faz presente em quase

todas as suas obras trás uma identificação com os alunos, como o trabalhador rural,

as figuras populares e as cenas infantis que são seus personagens principais.

Temas como a pobreza, o trabalho, o sofrimento do homem brasileiro, negro, mulato

o qual comovia o artista que a partir de então começou a lutar pelas causas sociais.

A sensibilidade e conteúdo poético de Portinari possibilitaram vários caminhos para

a evolução artística, pois muitos alunos não conheciam a obra desse artista o que os

fez sentirem-se atraídos pela análise e assim observei a inquietude de alguns em

relação aos problemas sociais.

Em relação ao artista Sebastião Salgado foi observado sua poética artística,

através da fotografia em preto e branco como uma forma de demonstrar os

acontecimentos mundiais, retratando os excluídos, os que se encontram à margem

da sociedade. Apontando um significado mais amplo do que está acontecendo com

essas pessoas que perdem a sua dignidade por meio da guerra, pobreza e outras

injustiças.

Sebastião Salgado diz:

"Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças

de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…"

Neste contexto, é preciso considerar que a leitura de imagem, amplia nossa

visão e o nosso conhecimento sobre as coisas do mundo e, por conseqüência, das

mais variadas culturas.

Como parâmetro para a avaliação foi utilizado uma avaliação diagnóstica

passando por vários momentos de reflexão pessoal e em grupo, finalizando com a

produção final (portfólio).

Os resultados desta implementação tiveram seus objetivos alcançados.

Notou-se o crescimento na aprendizagem à medida que os alunos participavam das

aulas demonstrando interesse e motivação, através da participação com perguntas

como também seus olhares de encantamento observados durante o exercício de

leitura visual.

A dificuldade que houve no decorrer do desenvolvimento das atividades foi a

falta de conhecimento na leitura de obras de arte, mas com a continuidade das

atividades que levaram à reflexão, pode-se notar que gradualmente existe a

possibilidade de tornar os educandos mais críticos e mais perceptivos do mundo em

que vivem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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– 1970. 3. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003.

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Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental, Arte. Brasília, MEC,

SEF, 1998.

BUORO, Anamelia Bueno. Olhos que pintam: a leitura de imagem e o ensino da

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FISCHER, Ernst. A função da arte. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

HERNANDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte

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ZILIO, Carlos. A querela do Brasil: A questão da identidade da arte brasileira: a

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza-morta

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http://pt.slideshare.net/sotos1/sebastiao-salgado-1

https://www.youtube.com/watch?v=heuubyRdd3U

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sebastião_Salgado