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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1 Professor PDE, Engenheiro Agrônomo Licenciado em Biologia, Especialista em Design Instrucional. Vinculado ao Centro Estadual de Educação Profissional Manoel Moreira Pena, em Foz do Iguaçu.
2 Professora Orientadora, Doutora em Educação Vinculada ao Centro de Educação, Letras e Saúde
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Foz do Iguaçu.
Estratégias Didáticas para Construção Coletiva de Painéis
Cognitivos Interativos de Biologia e Interdisciplinar com QRcode
John Franco Keller1
Denise Rosana da Silva Moraes2
RESUMO - Utilizar o celular como ferramenta pedagógica na sala de aula é um grande desafio didático contemporâneo. O objetivo baseia-se em uma perspectiva interdisciplinar, com o tema das tecnologias aliadas a educação, estuda ainda, a produção coletiva de material didático na forma de painéis cognitivos. Com isso indaga: Os processos de construção coletiva de painéis cognitivos interativos de biologia e interdisciplinar podem contribuir para a aprendizagem significativa dos conteúdos escolares? Esses esquemas gráficos multimídia são resultantes de problematizações e pesquisas coletivas interdisciplinares onde são exploradas diferentes dimensões do assunto abordado em um processo estruturado em cinco passos, embasados na didática para a pedagogia Histórico-Crítica organizados graficamente em ideogramas associados à linguagem dos quadrinhos através de tirinhas. Cada dimensão é apresentada a partir de um problema central e ramifica-se tendo em cada extremidade do ramo um código de barra 2D (QRCODE), decodificados através de Smartphones, possibilitando ao leitor o aprofundamento do tema acessando endereço específico na web. Sob o escopo da pesquisa-ação, este estudo desenvolvido na escola, propõe a utilização de estratégias didáticas colaborativas interativas na produção de unidades de conteúdo com e pelo/as aluno/as propiciando ao professor/a apropriação e adequação da técnica à sua prática pedagógica. Como resultado problematiza o uso bem como contribui com a organização didática de professores/as junto aos educandos, aproximando as diferentes linguagens tecnológicas contribuindo para a aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias; Formação de professores/as; Ensino e Aprendizagem; Painéis Cognitivos; Cartazes Multimídia.
INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é uma modalidade de
formação continuada dos/as professores/as da rede pública estadual do Paraná que
proporciona condições de aperfeiçoamento das práticas educativas. Apresenta-se
neste artigo a sistematização das atividades desenvolvidas no âmbito do PDE no
período de 2013 a 2014, vinculado ao Centro de Educação e Letras da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Foz do Iguaçu.
Numa sociedade cada vez mais tecnológica e apressada, o celular passou a
ser indispensável e até mesmo inseparável do corpo dos adolescentes, essas
“extensões", prolongamentos são como próteses cibernéticas de processamento
informacional multimídia, gerando e compartilhando informações instantaneamente,
a qualquer hora em qualquer escola ou sala de aula causando distrações. Diante do
impasse da proibição ou do uso educativo nos voltamos ao propósito de conciliar o
uso do celular com os materiais impressos, produções dos alunos nas práticas em
sala de aula, trabalhando com os aluno/as numa perspectiva interdisciplinar de
construção coletiva do conhecimento.
Os códigos de barra 2D (QRcodes), são disponibilizados em rótulos e
embalagens de produtos comerciais, cujos textos dos endereços codificados são
escaneados e decodificados pelas câmeras fotográficas e programas dos
Smartphones, funcionam como hiperlinks acessando sites da web. Vislumbrada a
solução alternativa e viabilidade desse projeto desenvolvemos então a ideia de criar
painéis cognitivos interativos com QRcodes ou cartazes multimídia, inspirados nos
infográficos de jornais e revistas cuja informação é estruturada e sintetizada em
esquemas gráficos mesclando imagens e textos.
O desafio em planejar atividades didáticas que envolvessem efetivamente
os/as alunos/as na aprendizagem significativa dos conteúdos provocou a questão:
Os processos de construção coletiva de painéis cognitivos interativos de biologia e
interdisciplinar podem contribuir para a aprendizagem significativa dos conteúdos
escolares?
Na pesquisa elucidativa, elaborada no PDE, optamos por seguir o modelo de
roteiro de planejamento proposto por Gasparin (2012), dividido em cinco passos que
ele define como sendo uma possibilidade didática na perspectiva da pedagogia
histórico-crítica. Essa didática contribuiu na elaboração e execução de unidades de
conteúdos, constituindo as três fases do método dialético prática-teoria-prática,
envolvendo alunos/as e professores/as num trabalho cooperativo e colaborativo
explorando diferentes dimensões na aprendizagem dos conteúdos. A cada etapa do
roteiro foram associadas ferramentas dinamizadoras no tratamento, organização e
estruturação das informações problematizadas como mapas mentais, mapas
conceituais e Tirinhas em quadrinhos.
Embasada na metodologia da pesquisa ação (Thiollent,2002), desenvolvemos
a implementação da experimentação coletiva e colaborativa em oficinas presenciais
na escola e a distância através da plataforma Moodle, totalizando 64 horas
distribuídas em 43 atividades planejadas e organizadas em mapas de atividades. Na
exposição do painel, construído pelo grupo de professores, ocorreu à finalização das
oficinas e (auto) avaliação do trabalho de pesquisa aliado à extensão.
O projeto e a unidade didática de implementação na escola também foram
analisados e discutidos no Grupo de Trabalho em Rede da Secretaria Estadual de
Educação (SEED), envolvendo a participação de 15 professore/as de biologia.
Esse artigo está organizado da seguinte forma: inicialmente introduz breve
explicitação acerca da didática da pedagogia histórico-crítica e sua contribuição para
a pesquisa, num segundo momento apresenta o desenvolvimento do projeto de
intervenção pedagógica junto a professores no Centro Estadual Educacional
Profissionalizante Manoel Moreira Pena e, em paralelo, a análise e discussão do
projeto/unidade didática no GTR, e finalmente na conclusão, aspectos da
contribuição da tecnologia e das mídias na condução do processo de ensino e de
aprendizagem na escola, que possibilita que professores e alunos apreendam as
metodologias possíveis com os diversos recursos disponíveis.
Como embasamento teórico, utiliza-se Gasparin(2012) na roteirização da
unidade de conteúdo, Buzan(2011) em relação aos mapas mentais; Moraes(2013)
na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira(1986) sobre mapas
conceituais, Ontoria(2008) acerca de mapas mentais na escola, Eisner(1995) em
relação à linguagem dos quadrinhos e Thiollent (2002) que define as linhas
norteadoras da metodologia da pesquisa-ação dentre outros autores de expressiva
contribuição teórica.
2. A Pedagogia Histórico-Crítica e sua contribuição para a ação
A Pedagogia histórico-critica está estruturada em cinco passos que são: a
prática social inicial; a problematização; a instrumentalização, catarse e finalmente a
prática social final. Utilizamos essa pedagogia e sua orientação na condução da
ação de intervenção no campo da escola: Estratégias Didáticas para Construção
Coletiva de Painéis Cognitivos Interativos de Biologia e Interdisciplinar com
QRcode.
Concordamos que planejar é uma ação fundamental para a concretização de
um propósito, porém, apesar de bons planos de aulas, o/as profissionais da
educação, muitas vezes sentem-se desorientados diante de situações de
desinteresse e apatia dos alunos nos estudos. Fato recorrente em nossas práticas
pedagógicas, estruturadas principalmente em aulas expositivas centradas no
professor/a, intensificado frente à constante inserção das Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC) no ambiente escolar.
Planejar, dentro dessa nova linha de trabalho, apresenta-se para os professores e alunos como algo muito complexo. Em primeiro lugar, o planejamento, para a grande maioria, não é essencial para ministrar suas aulas. Em segundo lugar, com muita frequência, o que é planejado não é depois posto em prática. Portanto é considerado perda de tempo dedicar-se a esse tipo de tarefa. Todos, porém, reconhecem a necessidade e validade de um plano de trabalho. (...) para um desempenho adequado da tarefa docente, se necessita de uma previsão, ainda que de maneira ampla, das atividades que serão desenvolvidas. A recomendação é que não sejam planejadas aulas, mas unidades de conteúdo, ou seja, um conjunto de aulas. (GASPARIN 2012, p. 149)
Corroboramos o autor sobre o desafio do planejamento de estratégias
didáticas alternativas, nesse sentido e amparado teoricamente nas bases da
pedagogia histórico-crítica, buscamos a mediação do conhecimento, na tentativa de
trabalhar com o/as aluno/as e não para ele/as, desenvolvendo um roteiro para
produção coletiva de materiais didáticos na forma de painéis cognitivos.
Adaptado do modelo de projeto de trabalho docente-discente na perspectiva
anunciada, proposta por Gasparin(2012), para sistematização do roteiro de unidades
de conteúdo em cinco passos, associando a cada passo técnicas gráficas de
organização informacional utilizadas no processo de construção do painel cognitivo.
Partindo do senso-comum, denominado como sendo a prática inicial, passando
pelas etapas teóricas de problematização, instrumentalização e catarse até a prática
social final, ilustrado nas figuras um e dois.
Para realização de seu trabalho, o professor elabora esquemas de ação que busquem desenvolver aquelas habilidades e capacidades que ainda não estão desenvolvidas nos educandos, mas encontram-se em fase de construção. Conhecendo o cotidiano do aluno e o conteúdo escolar, o professor age no sentido de que o educando, de início, reproduza ativamente para si o conteúdo científico, recriando-o, tornando-o seu e, portanto, novo para ele. Esta assimilação ativa é possibilitada por múltiplas ações do professor e dos alunos, pela
utilização de técnicas convencionais presenciais ou novas tecnologias virtuais. (GASPARIN 2012, p. 117)
Figura 1 - roteiro dos cinco passos - projeto de unidades de conteúdo - Autor John keller.
Painéis ou mapas cognitivos são esquemas gráficos de representação visual
do conteúdo trabalhado e estruturado durante o processo de ensino e aprendizagem
significativa, cooperativa e colaborativa, com base na perspectiva pedagógica
assumida, integrado a diferentes mídias através do código de barras 2D o QRcode.
Embasado teoricamente nesse modelo de planejamento em cinco passos, a
proposta é que o/a professor/a se aproprie das técnicas de uso de diferentes
linguagens de representação gráfica - mapas mentais, conceituais e tirinhas - e com
isso amplie e trate significativamente os conteúdos.
Mapa mental, segundo Buzan (2011,p.123) "É uma ferramenta de
pensamento interligada gráfica e visualmente para armazenamento, organização,
priorização e geração de informação". São esquemas gráficos ou diagramas
utilizados na organização de pensamentos, ideias e conceitos, sistematizados pelo
educador e psicólogo inglês Tony Buzan.
Mapas conceituais para Moreira (1986,p.13) "É uma estrutura esquemática
para representar um conjunto de conceitos imersos numa rede de proposições. Ele
pode ser entendido como uma representação visual utilizada para partilhar
Figura 2 - Espiral esquema dos 5 passos - Autor John Keller.
significados." Semelhantes a organogramas, esses diagramas apresentam conceitos
relacionados hierarquicamente através de proposições, frases ou verbos de ligação,
numa escala de prioridade ou importância.
Tirinhas, segundo Carvalho (2006) são pequenas histórias em quadrinhos
com começo, meio, fim e em geral com personagens fixos criados pelo autor de
forma concisa, desenhadas geralmente em um, dois, três ou quatro quadros.
Esses autores corroboraram a ação desenvolvida na escola de desmistificar o
uso da tecnologia aproximando-a a efetiva aprendizagem.
3. A ação no campo da escola prática-teoria-prática
A ação na escola foi planejada e implementada embasada na metodologia da
pesquisa-ação (Thiollent,2002), numa experimentação coletiva, cooperativa e
colaborativa em oficinas organizadas em mapa de atividades que foram divididas
em teóricas e práticas, presenciais e à distância, na plataforma Moodle, montando
um panorama geral da unidade didática totalizando 43 atividades em 64 horas.
Atividades estruturadas de acordo com um modelo de design instrucional para
Educação a Distância (EaD), destacando os objetivos específicos, que são as
expectativas de desenvolvimento cognitivo, o que se espera que os/as cursistas
aprendam a cada módulo e são expressadas por um verbo específico (BLOOM et
al.,1983). Ilustrado na figura três um recorte do mapa de atividades.
Figura 3 - Recorte do mapa de atividades - fonte John Keller.
Na Oficina um (01) realizada em dois encontros presenciais, foram
apresentadas a proposta de estratégias didáticas para construção coletiva de
painéis cognitivos interativos de biologia e interdisciplinar com QRcode e as
ferramentas gráficas. Demos o primeiro passo através da dinâmica de "tempestade
cerebral", Brainstorming, iniciando o processo dos cinco passos para a seleção do
tema interdisciplinar a ser trabalhado, explorando-se as múltiplas dimensões do
conteúdo. Brainstorming ou tempestade cerebral é uma técnica de exploração de
ideias coletivamente em debates a partir de uma problematização ou desafio,
verbalizadas livremente sem críticas ou julgamentos, buscando possíveis soluções
criativas através da colaboração do/as participantes.
Definido como tema integrador comum, discussões sobre poluição, foi iniciada
a etapa da problematização (segundo passo) por meio de um novo Brainstorming.
Utilizando-se da ferramenta mapa mental, partindo da ideia central principal
estruturando e irradiando gradativamente para suas especificidades em ramificações
secundárias e terciárias, ilustrado na figura 4 o mapa mental do Brainstorming inicial
de exploração coletiva das dimensões do tema poluição.
Figura 4 - Mapa mental Brainstorming inicial Poluição - fonte John Keller.
Orientados para pensar na relação do tema com suas disciplinas, o/as
professore/as trabalharam individualmente elaborando mapas mentais desenhados
a mão livre, com o intuito de reprodução da técnica posteriormente na sala de aula.
No segundo encontro presencial da oficina 01 trabalhamos uma simulação
individual do esboço de uma unidade de conteúdo, seguindo o esquema (figura 1)
adaptado do modelo proposto por Gasparin (2012), adequado às disciplinas dos
professores participantes. Culminamos com um debate sobre as possibilidades,
facilidades, dificuldades e restrições da apropriação e uso da metodologia didática.
Também nesse encontro presencial, no laboratório de informática da escola, demos
inicio ao cadastro, ambientação e navegação no Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA) na plataforma Moodle.
Na Oficina (02) realizada à distância, trabalhamos o uso de softwares na
elaboração e feitura de mapas mentais, instalados no computador como o FreePlane
ou online nos sites examtime.com e wisemapping.com onde os professores
estruturaram digitalmente seus mapas criados a mão livre na oficina (01) e
compartilharam para a avaliação coletiva do grupo.
Os mapas conceituais foram trabalhados na Oficina (03), na modalidade à
distância, já conhecida pela maioria do grupo, porém, não haviam utilizado o
software CMAPTOOLS. Após a instalação do programa, os mapas mentais da
oficina (01) foram estruturados também como mapas conceituais. Na figura (05), um
mapa compartilhado no fórum de discussão na oficina 3.
Figura 5 - Mapa conceitual - Resíduos na horta - postado no fórum da oficina 3 - fonte John Keller.
Apesar da semelhança entre os ideogramas, mapas mentais e conceituais,
ambos apresentam características gráficas peculiares para o mapeamento de ideias
e conceitos.
Mapas mentais se prestam ao processo criativo. Podem ser feitas com imagens ao invés de palavras ou rótulos de conceitos. Podem ser coloridas e seus ramos podem ter espessuras diferentes de modo a inserir a ideia de classificação e subclassificações. A elaboração dos mapas mentais é livre e este fato facilita sua criação. Tudo indica que esta ferramenta não é a mais ideal para clarificação de conceitos, pois não apresenta as ideias relacionadas com a ligação entre os conceitos. (SHITSUKA, SILVEIRA, SHITSUKA 2011, p. 9)
As problematizações, trabalhadas nos mapas mentais anteriormente, foram
inseridas nos balões de textos das tirinhas produzidas na Oficina (04), abordando a
linguagem básica dos quadrinhos. O sistema narrativo dos quadrinhos se constitui
de dois códigos integrados e interativos: o verbal e o visual; “quando palavra e
imagem se misturam, as palavras formam um amálgama com a imagem e já não
servem para descrever, mas para fornecer som, diálogo e textos de ligação”.
EISNER (1995, p.122).
Foram disponibilizadas duas formas para a construção das tirinhas, uma
instalando o programa HAGÁQUE e outra no site toonlet.com, ambas gratuitas e de
fácil utilização. As produções também foram compartilhadas no fórum da oficina (04).
Na figura (06), a tirinha foi produzida no toonlet.com e compartilhada no fórum da
oficina (04).
Na Oficina (04), abordamos também sobre os códigos de barra 2D e como
são gerados os QRcodes. Segundo Prass(2011) esse código pode ser escaneado
pelas câmeras fotográficas dos aparelhos celulares, que é decodificado em texto ou
Figura 6 - Tirinha postada no fórum da Oficina 4 - Fonte John Keller.
em um link para algum site. Na oficina utilizamos os serviços de geração dos
códigos no site http://www.patrick-wied.at/static/qrgen/ que é gratuito.
Na Oficina (5), na modalidade à distância, reunimos as produções das
oficinas anteriores para a pré-montagem do painel que pode ser: desenhado a mão
livre onde os QRcodes impressos serão colados ou produzido através de software
gráfico, na forma de imagem digitalizada e impresso como cartaz. Outras variações
na montagem dos painéis podem ser experimentadas de acordo a criatividade,
disponibilidade de materiais, equipamentos e acesso à internet na escola.
Na utilização de softwares para desenhar os painéis, optou-se por softwares
de fácil acesso, simples e de uso intuitivo na construção e edição de imagens como
o PAINT do sistema operacional Windows ou para o sistema Linux o
KOLOURPAINT.
Construímos um novo mapa mental como estrutura base do painel com os
materiais produzidos pelo grupo nas oficinas. Após, foi feita a edição no PAINT com
acréscimos de imagens e dos QRcodes resultando em um pré-painel.
Na etapa II da oficina (5) cada professor criou seu Blog pessoal para a
inserção de conteúdos tendo a possibilidade de vinculá-los ao painel cognitivo
juntamente com outros sites relacionados ao trabalho individual. Novos QRcodes
foram gerados e inseridos na imagem, concluindo assim o painel cognitivo interativo.
O quinto passo ocorreu no último encontro presencial com a exposição do
painel, no formato de cartaz (Banner), no saguão de entrada do Centro Estadual
Educacional Profissionalizante Manoel Moreira Pena, estrategicamente posicionado
próximo ao mural de recados, possibilitando maior visualização devido ao fluxo de
alunos, funcionários, professores e visitantes ser mais intenso. De um modo geral o
trabalho foi bem aceito pela comunidade escolar, principalmente pelo/as alunos,
mais familiarizados com as tecnologias, decodificaram os Qrcodes e acessaram de
imediato as informações e sites do painel, alguns sugerindo que fossem feitos
trabalhos semelhantes com os aluno/as. Ilustrado na figura 7, o painel final da
exposição.
Figura 7 - exposição do painel final - Fonte John Keller.
Durante o desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica na escola,
em paralelo, ocorria o GTR - Grupo de Trabalho em Rede, na modalidade à
distância, com a participação de 15 professore/as de biologia na analise e discussão
das possibilidades de utilização do projeto e da unidade didática desta pesquisa-
ação. Excelente experiência colaborativa, pois a maioria do/as participantes dos
fóruns não conheciam ou não sabiam a finalidade dos mapas mentais e dos códigos
QRcodes.
Além dos debates e análises coletivas pudemos compartilhar experiências
vivenciadas em sala de aula além de experimentar algumas ferramentas online,
gerando QRcodes e criando mapas mentais. Houve unanimidade favorável quanto
ao quesito da possibilidade de uso da proposta didática pelos professore/as em suas
práticas.
A experiência vivenciada na pesquisa-ação mostra o quanto somos
interdependentes, principalmente na aprendizagem que torna-se significativa na
proporção cooperativa da participação e colaboração de todo/as envolvido/as.
Agradecimentos a todo/as colegas que partilharam seu tempo e experiências
colaborando neste trabalho.
4. Conclusão
Jovens buscam rapidez e praticidade, tudo ao alcance da ponta dos dedos,
impacientes e multitarefas, como questiona Relvas(2012) "Que cérebro é esse que
chegou para assistir à aula?" referindo-se a plasticidade cerebral. Plasticidade
cerebral ou neuroplasticidade, de acordo com Relvas(2012, p. 119) " é a capacidade
que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito,
reformulando as suas conexões das necessidades e dos fatores do meio ambiente."
Diante de tantas e constantes mudanças sociais, também devido às
inovações tecnológicas é fundamental, para o convívio educacional saudável e
produtivo, repensar práticas pedagógicas mudando conceitos, rompendo
paradigmas, alterando a percepção do problema como, segundo Willingham (2011) "
Em vez de tornar a atividade mais fácil, seria possível tornar o pensar mais fácil?".
As técnicas vivenciadas nesta pesquisa-ação evidenciaram alternativas
didáticas no planejamento e exploração dos conteúdos, na organização e
processamento das informações e nas estruturas da construção dos pensamentos,
conceitos e ideias de forma colaborativa, numa tentativa de responder essa questão.
Mapas, totens, placas dentre outras formas de comunicação direta estão por
toda parte, nos acostumamos à elas que confiamos e agimos automaticamente,
pensar no trabalho de elaboração e conhecimento técnico de mapas e painéis
produzidos coletivamente com e pelos alunos nos torna coadjuvantes no processo,
decidindo coletivamente para e até onde queremos ir na exploração dos conteúdos,
fomentando o esclarecimento situacional da aprendizagem.
O uso desta técnica consiste, portanto, em optar por uma aprendizagem significativa, construtiva e dinâmica, na qual os alunos sejam considerados seu eixo central.(...) Com os mapas mentais é possível conciliar o trabalho individual e o de grupo. A dinâmica da aula gira em torno do grupo e o professor assume uma função orientadora e facilitadora. (ONTORIA, LUQUE e GÓMEZ, 2008, p. 144).
A função dos painéis é possibilitar a visualização panorâmica geral do
conteúdo explorado, facilitando o entendimento experiencial prévio. Auxiliados pela
tecnologia nas diferentes mídias, associadas a cada etapa do roteiro didático dos
cinco passos, na opção de apropriação e uso gradativo pelo/a professor/a, durante o
processo de ensino e aprendizagem requerendo para tanto uma nova postura
colaborativa, interativa, multimídia.
O saber enciclopédico é questionado nas escolas e o/a professor/a não é mais aquela pessoa detentora do conhecimento acumulado pela humanidade. Seu papel passa a ser de um mediador do processo de ensino e aprendizagem dos conhecimentos escolares que o/a aluno/a receberá em sua vida por meio do acesso às mídias e a seus aparatos. Entretanto, é ele/a que precisa ensinar, essa é a sua função, com o apoio da tecnologia como uma ferramenta (MORAES 2013, p. 105).
Mantendo a postura didática inflexível perdemos momentos interativos preciosos de
aprendizagem cooperativa mútua deixando de explorar novas dimensões do
conhecimento coletivo. O respeito recíproco gera a liberdade de expressão, da
formulação de hipóteses significativas, da segurança do que, onde e com quem se
aprende, somos interdependentes vivendo em comunidades cada vez mais
tecnológicas, informatizadas, colaborativas. Portanto desenvolver estratégias
didáticas que aproximem e estimulem os jovens para a aprendizagem significativa
colaborativamente é um caminho difícil, porém, dizem lá na China que: Uma longa
caminhada começa com um simples passo! Caminhamos juntos cinco.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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