Upload
hanguyet
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON EM NOSSO COTIDIANO
Marcia Regina Pernomian1 PoloniaAltoéFusinato2
Resumo
Este artigo é resultado da implementação da Unidade Didática “Aplicações das Leis de Newton em nosso cotidiano”, enfocando força e movimento, desenvolvido com alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Silvio Vidal, município de Paranavaí. Teve como objetivo criar condições para que os alunos construíssem recursos didáticos que possibilitasse entender os conceitos físicos de movimento e força e seus efeitos. O que motivou o estudo foi acreditar que a verificação de aplicações práticas de Física no cotidiano do aluno pode despertar seu interesse e compreensão dos fenômenos, e dessa forma motivá-los a aplicá-los para o seu benefício. Para tanto utilizou a experimentação, além de atividades das mais diversas ao longo de todo o processo de desenvolvimento privilegiando o fazer, o manusear, o operar, o agir, e o refletir em diferentes formas ou níveis. E dessa forma, possibilitou a construção do conhecimento pelo próprio aluno, desenvolvendo sua curiosidade e o hábito e sempre indagar, evitando a aquisição do conhecimento científico como verdade estabelecida e inquestionável. Os resultados obtidos por meio das atividades investigativas auxiliaram na compreensão dos fenômenos estudados, principalmente os que não davam para ser observados na prática. Tudo isto visando superar os conteúdos fragmentados e buscando a contextualização de conceitos científicos com fatos da vida diária. Questionários diagnósticos e levantamento de hipóteses foram utilizados para conduzir o aluno na elaboração dos modelos teóricos atualmente aceitos pela comunidade cientifica. Os resultados das análises iniciais e finais do questionário diagnóstico mostraram que, inicialmente os conceitos de força e movimento não eram relacionados ao cotidiano dos alunos, no entanto, ao utilizar encaminhamentos diversificados houve apropriação dos conceitos trabalhados.
Palavras-chave: Leis de Newton. Estratégias. Experimentação. Ensino de física.
1 INTRODUÇÃO
A disciplina de física tem sido considerada pelos alunos, junto com a
matemática a disciplina mais difícil entre as componentes curriculares do Ensino
Médio. Entre as diversas dificuldades encontradas uma delas pode ser a forma
como o conteúdo é apresentado e trabalhado pelo professor em sala de aula.
Nesse contexto, a escolha do tema “Estratégias para o ensino em física”
apoiou-se em nossa prática docente e no conhecimento de que os alunos não
1Professora da rede pública de educação do Estado do Paraná. 2Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora do Departamento de
Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
compreendem os conceitos físicos trabalhados na disciplina. Entre as diversas
dificuldades encontradas uma delas pode ser a forma como o conteúdo é
apresentado e trabalhado pelo professor em sala de aula, em geral dissociado da
vivência cotidiana do aluno, abordando os conceitos físicos com um forte enfoque
matemático composto por um conjunto de fórmulas “sem significância” para o aluno,
originando desse fato uma considerável gama de dificuldades em apropriar-se desse
conhecimento.
Esse modelo de ensino tradicional, no qual predomina a matematização da
Física, ministrada na maioria das vezes por meio da informação verbal e escrita,
presente em quase todos os livros didáticos atuais e fortemente enraizada na
formação e na cultura pedagógica da maioria dos profissionais da área, é impróprio
para um efetivo aprendizado da Física. O aluno pode até “aprender” algumas
habilidades na solução de determinados problemas específicos, mas de conceitos
Físicos, verifica se pouca ou quase nenhuma aprendizagem. O que se percebe em
geral é o rápido crescimento da “repulsa” pelo aprendizado da Física. Entendemos
que quando a disciplina esta desvinculada da fenomenologia e do cotidiano do
estudante perde seu maior atrativo e passa a ser “chata” e difícil de ser entendida pela
maioria dos alunos.
[...] hoje, no início do século XXI, mais de cem anos de história se passaram desde a introdução da Física nas escolas no Brasil, mas sua abordagem continua fortemente identificada com aquela praticada há cem anos: ensino voltado para a transmissão de informações através de aulas expositivas utilizando metodologias voltadas para a resolução de exercícios algébricos. Questões voltadas para o processo de formação dos indivíduos dentro de uma perspectiva mais histórica, social, ética, cultural, permanecem afastadas do cotidiano escolar, sendo encontrada apenas nos textos de periódicos relacionados ao ensino de Física, não apresentando um elo com o ambiente escolar (ROSA& ROSA, 2005, p.06 apud DCEs Física, p. 64).
Diante dessa situação, esse estudo buscou possíveis soluções no sentido de
vencer os obstáculos epistemológicos que estão envolvidos na compreensão dos
conceitos físicos, por meio de experimentações e demonstrações e dessa maneira
possibilitar ao aluno a certeza do papel da Física, como uma das ciências que mais
tem contribuído para a evolução da ciência e a modificação da realidade cotidiana, por
sua vasta aplicação tecnológica e social em todos os campos do conhecimento.
Em síntese procurou-se mostrar que o principal desafio da Física é buscar o
interesse do aluno, sem que o professor precise promover um show dentro da sala
de aula. Mostrar o caminho da aprendizagem como uma necessidade e tornar a
física cada vez mais inserida na vida humana.
A Física, instrumento para a compreensão do mundo em que vivemos, possui também uma beleza conceitual ou teórica, que por si só poderia tornar seu aprendizado agradável. Esta beleza, no entanto, é comprometida pelos tropeços num instrumental matemático com o qual a Física é frequentemente confundida, pois os alunos têm sido expostos ao aparato matemático-formal, antes mesmo de terem compreendido os conceitos a que tal aparato deveria corresponder (GREF, 2005, p. 15-16).
Para atingir tal objetivo, a busca de um referencial teórico entre eles: Araújo
(2003), Carvalho (2006), Figueiredo e Pietrocola (2000), GREF (2005), Penteado
(2005) que discutem o ensino da física por meio de experimentação, foi
imprescindível.
Esses experimentos foram acompanhados de situações problemas,
questionadoras e de diálogo, onde envolveu a resolução dos mesmos, levando à
introdução de conceitos. Assim, a resolução de problemas a partir de experimentos
proporcionou a participação do aluno para que ele começasse a produzir seu
conhecimento por meio da interação entre pensar, sentir e fazer.
Aliado aos experimentos utilizou-se também novas tecnologias educacionais,
como o computador e a internet, vídeos e simulações de atividades encontradas em
sítios específicos para esse fim, que auxiliaram na compreensão dos fenômenos
estudados, principalmente os que não podem ser observados na prática. Tudo isto
visando superar os conteúdos fragmentados e contextualizar os conceitos científicos
com fenômenos do cotidiano.
As práticas experimentais promoveram a motivação, a capacidade de
observação, o domínio de técnicas usadas em laboratórios, a união entre professor
e alunos e, acima de tudo, possibilitou ao aluno o desenvolvimento de atitudes
autônomas e cooperativas, buscando a construção do conhecimento científico.
O presente artigo se constitui como parte integrante das atividades previstas
no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de
Educação do Paraná (SEED) e também como resultado do aprofundamento teórico,
da reflexão sobre a prática pedagógica e da implementação da Unidade Didática
intitulada “Aplicações das Leis de Newton em nosso cotidiano”, com ênfase na força
e no movimento, aplicada a alunos do 1º ano do ensino médio, do Colégio Estadual
Silvio Vidal, localizado em Paranavaí.
2 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL
A física tem como objeto de estudo o Universo, sua evolução, suas
transformações e as interações que nele ocorrem. Espera-se que a abordagem da
mesma tenha a dimensão crítica do conhecimento científico e não a neutralidade da
produção desse conhecimento, mas sim seu comprometimento e envolvimento com
aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais (DCE, 2008, p. 50).
O ensino da física ao longo da história foi se fortalecendo e intensificou-se em
meados da década de 70 do século XX, com o advento de uma nova linha de
pesquisa na área de ensino de Física Moderna e Contemporânea.
No entanto, em 1837 o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro já ensinava física.
Nesta época o ensino baseava-se na transmissão de informações por meio de aulas
expositivas, visando à preparação para os exames que proporcionavam a
continuidade dos estudos (VIDAL, 2010).
O primeiro curso de graduação em Física no Brasil ScienciasPhysicas foi
criado em1934, junto a Faculdade de Philosophia, Sciencias e Letras da
Universidade de São Paulo. O curso objetivava formar bacharéis e licenciados em
Física, sendo os últimos destinados a lecionar em escolas desde o ensino
fundamental até o superior. Somente a partir de 1950 que a Física passou a fazer
parte dos currículos desde o ensino fundamental até o médio, tendo sua
obrigatoriedade ocorrida em função da intensificação do processo de
industrialização. Para ministrar as aulas os professores foram treinados em curso
específicos visando à perpetuação do modelo conteudista experimental. Observa-se
que desde aquele período até os dias atuais muitas práticas e metodologias que
ainda resistem ao tempo têm sua origem nesta época, fortemente identificado com a
visão apenas conteudista (VIDAL, 2010).
Em 1961 iniciou um movimento de reforma da educação brasileira com a
instituição da primeira Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDB) Assim
o ensino de Física nesta época recebeu investimentos na aquisição de materiais
para aulas experimentais, sobretudo por meio de convênios com instituições e
governos estrangeiros.
Na década de 90, foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio (PCNEM), com esses parâmetros esperava-se que o ensino de
Física, contribuísse para a formação de uma cultura científica efetiva, que permitisse
ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e
dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria
natureza em transformação. Metodologia fundamentada também na
experimentação, mas houve dificuldades no atendimento das propostas contidas no
PCNEM em muitos estados brasileiros.
Diante da necessidade de se repensar o ensino de Física e das demais
disciplinas foi proposto pela Secretaria de Estado da Educação, a reconstrução das
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná- DCE (2008). Essa reflexão, estudo e
reelaboração se deram ao longo de três anos e no início de 2008 as Diretrizes
chegaram à escola em uma versão final para orientar a elaboração do plano de
trabalho docente do professor. Mesmo assim, verifica-se ainda que a maioria dos
alunos não sabe quais os princípios físicos básicos que norteiam os fenômenos
presentes em nosso cotidiano.
Para oportunizar o desenvolvimento do aluno no sentido da construção do
seu conhecimento e de possibilitar a compreensão dos fenômenos naturais
presentes em seu cotidiano é importante que o processo pedagógico se inicie por
meio do conhecimento prévio dos estudantes, suas concepções espontâneas, aquilo
que ele conhece do seu dia-a-dia, da sua interação com os diversos objetos
presentes no seu espaço de convivência e as traz para a escola, iniciando assim, o
seu processo de aprendizagem (DCE, 2008). Nesse contexto, iniciou-se o
desenvolvimento de um material didático focado no conteúdo “Força e Movimento e
as Leis de Newton”.
2.1 AS LEIS DE NEWTON
Segundo as DCE (2008) os conceitos de massa, espaço e tempo se fizeram
presentes desde que os homens iniciaram seu contato com a natureza, mas foi
Newton que elaborou a primeira “concepção científica”.
O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo e da sua própria natureza, flui uniformemente sem relação com qualquer coisa externa e é também chamado de duração; o tempo relativo, aparente e comum é alguma medida de duração perceptível e externa (seja ela exata ou não uniforme) que é obtida através do movimento e que é normalmente usada no lugar do tempo verdadeiro, tal como uma hora, um dia, um mês, um ano. [...] O espaço absoluto, em sua
própria natureza, sem relação com qualquer coisa externa [...] (NEWTON, 1990, p. 07).
Os conceitos explicitados por Newton são considerados entidadesno estudo
dos movimentos porque eles são fundamentais para a sustentação da teoria. A
Física newtoniana ampara-se em ideias mecanicistas e deterministas de mundo e
sustenta-se na ideia de que se conhecêssemos a posição inicial, o momentum da
partícula e sua massa, todo o seu futuro poderia ser determinado (DCE, 2008 p. 59).
As leis de Newton são geniais exatamente porque sintetizam, em poucas
linhas, milênios de saber acumulado por diversas civilizações, no entanto, passa-se
nas salas de aula uma errônea ideia de sua simplicidade. Pode-se
equivocadamente, pensar que os conceitos de massa, inércia e de força são
simples, naturais e intuitivos, quando isso não é verdadeiro, sendo, pelo contrário,
extremamente complexos e objeto de discussões até os presentes dias (PONCZEK,
2002, p. 22).
Ainda em relação às leis de Newton, é comum ensinar nas faculdades que a primeira lei é um caso particular da segunda, quando a força impressa é nula. Trata-se de um simplismo que apaga da vida de Newton vinte anos de penoso trabalho. O sábio inglês, possuidor de uma das mais poderosas mentes da história da humanidade, não teriam mantido se fosse um mero “caso particular” (PONCZEK, 2002, p. 107).
A primeira lei é a mais sutil das três, sofrendo durante mais de vinte anos
uma lenta e gradual metamorfose até adquirir sua forma final, formulada vinte anos
depois das duas últimas. A sutileza reside no fato de que Newton eliminou vinte de
vez todo resquício da Física Aristotélica ao entender que um corpo persevera em
seu movimento por uma propriedade inerente à matéria (a massa inerte) e não por
causas que lhe são comunicadas como forças inatas ou intrínsecas, como ele
próprio pensava antes (PONCZEK, 2002, p. 107).
2.1.1 Primeira Lei de Newton ou Princípio da Inércia
A 1ª Lei de Newton afirma que “na ausência de forças exercidas sobre ele,
todo corpo fica como está: parado se estiver parado, em movimento se estiver em
movimento (retilíneo uniforme), por isso essa lei é chamada Princípio da Inércia”
(GASPAR, 2010, p. 119). Nesse mesmo sentido, Pietrocola (2010, p. 264) a define
como:
“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele" (1ª Lei de Newton, PIETROCOLA, 2010, p. 264).
A primeira lei de Newton pode parecer perda de tempo, uma vez que esse
enunciado pode ser deduzido da Segunda Lei: ΣF= m.a. Se F=0, existem duas
opções: ou a massa do corpo é zero ou a sua aceleração. Obviamente como o corpo
existe, ele tem massa, logo sua aceleração é que é zero, e consequentemente, sua
velocidade é constante. No entanto, o verdadeiro potencial da primeira lei aparece
no quando se envolve o problema dos referenciais.
Se um corpo está em equilíbrio, isto é, a resultante das forças que agem
sobre ele é nula, é possível encontrar ao menos um referencial, denominado inercial,
para o qual esse corpo está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme.
Para exemplificar deve-se pensar em um carro que quando faz uma curva
parece que os passageiros estão sendo jogados para fora do carro. É a força
centrífuga.
Se um corpo se deslocar em linha reta com certa velocidade, continuará
indefinidamente em movimento na mesma direção e com a mesma velocidade se
nenhuma força agir sobre ele.
Como exemplo, no movimento de um carro, o carro apenas acelera e
desacelera, pois há forças atuando nessas mudanças de velocidade, no caso,
relacionadas a queima de combustível, ao motor e a outros mecanismos do
automóvel . Caso isso não ocorresse, e combinado a isso a gravidade não existisse,
provavelmente o carro continuaria seu trajeto em movimento retilíneo uniforme.
2.1.2 Segunda Lei de Newton ou Princípio Fundamental da Dinâmica
A segunda Lei de Newton ou Princípio Fundamental da Dinâmica estabelece
que a mudança de um movimento de um corpo é proporcional à resultante das
forças atuando nele.
Sua versão original diz “A variação do movimento de um corpo é proporcional à
ação efetiva das forças aplicadas e se dá na mesma direção da força resultante”
(PIETROCOLA, 2010, p. 266).
Ou seja, o segundo princípio consiste em que todo corpo em repouso
precisa de uma força para se movimentar e todo corpo em movimento precisa de
uma força para parar. O corpo adquire a velocidade e sentido de acordo com a força
aplicada. Portanto, quanto mais intensa for à força resultante, maior será a
aceleração adquirida pelo corpo.
A força resultante aplicada a um corpo é diretamente proporcional ao
produto entre a sua massa inercial e a aceleração adquirida pelo mesmo. Se a força
resultante for nula (F = 0) o corpo estará em repouso (equilíbrio estático) ou em
movimento retilíneo uniforme (equilíbrio dinâmico). A força poderá ser medida em
Newton se a massa for medida em kg e a aceleração em m/s² pelo Sistema
Internacional de Unidades de medidas (S.I).
2.1.3 Terceira Lei de Newton ou Princípio da Ação e Reação
.
As duas primeiras leis de Newton relacionam força e movimento, a terceira
lei procura descrever força como o resultado da interação entre dois corpos. “As
forças são exercidas sempre aos pares, não existe ação sem reação. Essa é a ideia
fundamental da terceira Lei de Newton” (GASPAR, 2010, p. 122).
Essa lei pode ser enunciada da seguinte forma: “A toda ação existe uma
reação de mesma intensidade e direção, mas de sentido oposto” (PIETROCOLA,
2010, p. 271).Nesse sentido Gaspar (2010) complementa a idéia dizendo:
Se um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo B exerce sobre o corpo A uma força de mesmo módulo e direção, mas de sentido contrário (GASPAR, 2010, p. 122).
Para exemplificar, quando uma pessoa caminha sobre uma superfície, ela é
direcionada para frente graças à força que ela aplicou sobre o chão e ao atrito com a
superfície.
2.2 CONCEITOS UTILIZADOS NAS TRÊS LEIS DE NEWTON
Os principais conceitos utilizados nas três leis de Newton são: dinâmica,
força, peso, movimento e aceleração. O termo dinâmica é provindo do grego
dynamike, significa forte. É a parte da Física que estuda a relação entre força e
movimento. A essência é estudar os movimentos dos corpos e suas causas, sem
deixar de lado os conceitos cinemáticos previamente estudados. A cinemática
também estuda os movimentos, mas não se preocupa com as suas causas.
Quanto a palavra força está relacionada com o ato de empurrar, puxar,
apertar e pressionar os objetos que estão à nossa volta. Esses objetos se modificam
pela ação das forças (PIETROCOLA, 2010, 194).
É um conceito comum na linguagem cotidiana, que está frequentemente
associado à noção de força mecânica, como por exemplo, no caso de um esforço
muscular, a força que fazemos para empurrar um caixote ou para levantá-lo, atirá-lo,
puxá-lo, ou da força que fazemos para nos segurarmos quando estamos num
comboio, que tem as habituais oscilações, travagens, entre outras.
O conceito de força está relacionado com as alterações da quantidade de
movimento. Geralmente, quando se empurra ou puxa-se um objeto, ele não entra
em movimento. Isso ocorre porque também passa a atuar sobre ele outra força. Esta
força, que aparece toda vez que um corpo tende a entrar em movimento, é chamada
força de atrito.
Quanto ao peso é a força gravitacional sofrida por um corpo nos arredores
de um planeta ou outro grande corpo. Também pode ser definido como a medida da
aceleração que um corpo exerce sobre outro, por meio da força gravitacional.
Segundo Gaspar (2010) a força peso é responsável por manter todos os
objetos presos na superfície terrestre, apesar da grande velocidade de rotação,
aproximadamente1650 Km/hr no equador, com que o planeta gira em torno de seu
eixo. “A intensidade da força peso que age em um corpo na superfície da Terra
depende basicamente de sua massa” (PIETROCOLA, 2010, p. 197).
Em referência ao movimento e a aceleração, segundo Hazen e Trefil (2005),
os cientistas admitem apenas dois tipos de movimento: uniforme e acelerado.
Todo objeto que esteja parado ou que se mova em linha reta e em
velocidade constante está em movimento uniforme. Um livro colocado sobre uma
escrivaninha, um carro que roda na estrada com uma velocidade controlada de 100
quilômetros por hora, uma nave espacial que se desloca em espaço aberto a 1. 600
quilômetros por segundo, todos estão em movimento uniforme.
Esta definição parece um tanto estranha, pois quando se dirige um carro,
acelerar significa sempre aumentar a velocidade e não diminuí-la. Quando se
aplicam os freios, estamos aplicando uma aceleração negativa isto é, em sentido
contrário ao movimento. Os físicos utilizam o termo aceleração em sentido mais
amplo.
Aceleração é sempre algo que se sente no corpo, o motorista sempre
executa um movimento no assento, quer seja pisando no acelerador, freando diante
de um semáforo ou girando o volante numa curva. A aceleração modifica a
velocidade de um objeto em movimento ou em repouso.
Para desenvolver tais conteúdos optou-se em utilizar as atividades
experimentais, tendo em vista que na construção do conhecimento é, sem dúvida,
uma importante estratégia no ensino de Física.
Vale ressaltar que para uma atividade experimental ser considerada de
investigação, a ação do aluno não pode ser limitada apenas ao trabalho de
manipulação ou observação, deve conter também, características de um trabalho
científico onde envolva reflexões, relatos, discussões, ponderações e explicações.
3 IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
O presente projeto foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar aosalunos
do primeiro anodo ensino médio do Colégio Estadual Silvio Vidal de Paranavaí,
atividades diversificadas e experimentos que abordassem o conteúdo Força e
Movimento, com ênfase nas três Leis de Newton, a fim de garantir a estes
conhecimentos necessários uma relação dos conteúdos da Física, presentes em
situações do dia a dia.
Conforme já mencionado anteriormente, a implementação teve a finalidade
de utilizar a experimentação como uma metodologia alternativa para despertar o
interesse dos alunos em conteúdos físicos, como exemplo: conceito de massa nas
translações ligada à concepção de força; compreensão do conceito de inércia;
associação de força com quantidade de movimento, velocidade, aceleração e
desaceleração; apropriação da noção de condições de equilíbrio estático,
identificando a 1ª lei de Newton e as noções de equilíbrio estável e instável;
reconhecimento e representação das forças de ação e reação nas mais
diferentes situações e ainda entendimento do conceito e aplicação da gravitação.
Primeiro encontro: Introdução teórica ao tema “Força e Movimento”.
Duração: 4 aulas.
Apresentamos aos alunos os objetivos e uma síntese do projeto, as atividades
que seriam realizadas e explicamos sobre a importância da participação dos
mesmos para o sucesso da implementação pedagógica.
Considerou-se em seguida, a importância de um levantamento prévio dos
conhecimentos dos mesmos relacionados à temática Força e Movimento, solicitando
que respondessem um questionário (anexo 1) que continha onze questões,
abordando os conceitos de força, atrito, movimento, repouso, velocidade variável e
não variável, massa e volume.
O questionário foi respondido em duplas, incentivando assim, a troca e
experiências entre os alunos. Não foram apresentados os resultados neste
momento, só souberam se acertaram ou erraram no final da intervenção, onde
novamente responderam o mesmo questionário, confrontando o conhecimento
anterior e posterior ao desenvolvimento desta unidade didática.
Essa atividade foi de grande valia, pois a partir dela foi possível esclarecer
algumas dúvidas referentes ao tema em estudo e detectar quais conteúdos deveria
ser mais bem trabalhado. Pois se verificou que mesmo com toda a importância do
conteúdo “Movimento” e de suas aplicações em situações tão presentes nas nossas
vidas, a maioria dos alunos não conseguiu relacionar ou associar os princípios
físicos e vocabulários básicos presentes no cotidiano, como: o sentido de horizontal
e vertical; arco de parábola; anteparo; deslocamento; força; força inicial; força final e
resistência do ar. Inclusive, todos os alunos erraram as questões três, quatro e sete.
Com o intuito de promover a introdução ao conteúdo “Força e Movimento”
apresentamos slides mostrando os conceitos de movimento, força e equilíbrio,
relembrando dessa forma, o conteúdo já trabalhado no 9º ano.
Na sequência pedimos que relacionassem os conceitos já citados, numa
bicicleta, onde após ampla discussão conseguiram relacionar concluir que o freio e o
guidão controlam o movimento; o ciclista mantém o equilíbrio e produz o movimento
e o pedal e o freio amplia as forças e assim por diante.
Durante essa discussão sentimos a necessidade de apresentar os conceitos
de Posição, Deslocamento, Intervalo de tempo, Velocidade Média e Velocidade
instantânea e ainda a explicar a diferença entre velocidade média e velocidade
instantânea. Conceitos buscados pelos alunos no laboratório de informática e
socializados em sala de aula.
Durante a socialização dos conceitos, a todo o momento respondemos
questionamentos relacionados ao conteúdo, de forma a sanar as dúvidas que foram
surgindo.
Segundo encontro: Comprovando a relação entre força, movimento,
velocidade e atrito.
Duração: 3 aulas.
Com o objetivo de que os alunos comprovassem a relação entre força,
movimento, velocidade e atrito pedimos que friccionassem um carrinho de fricção
primeiro no piso da sala de aula, depois, no piso da quadra de esportes, na mesa do
refeitório e na calçada da escola. Em cada local que friccionaram o carrinho,
anotaram o percurso, a distância percorrida e o tempo. Assim, inserimos
questionamentos como: O que é preciso para que o carrinho percorra maior
distância num tempo menor? Em qual local o carrinho percorreu a maior distância
em menor tempo?Como determinar a velocidade do carrinho?
Com essa atividade conseguimos mostrar que o atrito interfere na velocidade,
assim como a força e o movimento. E ao friccionar o carrinho três vezes na mesma
superfície, anotando o tempo e a distância, inserimos os conceitos de velocidade
média e velocidade constante. Para cada tipo de superfície, pode existir o
predomínio de um fenômeno sobre os outros.
Com o objetivo de aprofundar os conceitos acima, os alunos foram para o
laboratório de informática e assistiu uma animação denominada “O Skatista”
disponível em: http://www.fisica.seed.pr.gov.br/modules/. Essa animação mostra a
massa do skatista e conforme ele se movimenta na pista modifica a distribuição de
energia cinética e gravitacional.
Esse momento foi intermediado pela professora, que foi sanando as dúvidas
dos alunos quanto aos conceitos físicos utilizados. Já nessas primeiras ações, foi
possível verificar a satisfação dos alunos, pela empolgação demonstrada ao realizar
a atividade e tentar responder os questionamentos apresentados.
Terceiro encontro: Demonstrações
Duração: 5 aulas.
Ao finalizar a etapa teórica, ou seja, a retomada de conceitos, fenômenos e
processos relacionados a força e ao movimento, foi possível verificar que os alunos
se apropriaram de vários conhecimentos sobre o tema em questão e assim iniciou-
se a realização das demonstrações. As atividades foram desenvolvidas em grupos
que apresentaram. Onde a turma foi dividida em cinco grupos e cada grupo ficou
responsável por uma demonstração: G1– Disco flutuante- A Influência do Atrito no
Movimento; G2– Arrastão- A influência da área de contato no atrito; G3- Segredo da
caixa - A influência do peso no atrito; G4 – Lixa - A influência do tipo de superfície no
atrito; G5 - Rolamento - A influência do rolamento no atrito. Para se orientarem de
como fazer as demonstrações os alunos visitaram o endereço eletrônico:
http://www2.fc.unesp.br/experimentosdefisica/mec_list.htm. Cada equipe, além de
fazer as demonstrações ainda passou o conceito e os resultados para as demais
equipes.
O experimento Disco Flutuante apresentado pelo G1, consistiu de um disco
de papelão preparado de tal modo que pudesse ser acoplado um balão de borracha
(bexiga) cheio de ar. Quando liberado, o ar contido na bexiga saiu pela parte de
baixo do disco (aquela que fica em contato com a superfície de um piso ou mesa).
Primeiramente usou o disco sem o balão acoplado. Através de petelecos, tentou pôr
o disco em movimento. Observando a distância percorrida, que vai depender da
rugosidade das duas superfícies em contato: a do disco e a da mesa ou piso. Ao se
acoplar o balão e permitir a saída do ar, o mesmo peteleco aplicado ao disco
aumentou sensivelmente a distância percorrida.
O objetivo do experimento foi mostrar a influência que o atrito exerce sobre o
movimento de um objeto. As forças de atrito são na maioria dos casos responsáveis
pelo fato de que não se observa comumente um objeto se deslocando
continuamente sem a ação de outra força propulsora.
Esse experimento serviu para mostrar aos alunos que quando um objeto é
posto em movimento desloca-se por distâncias maiores se são removidas as fontes
de atrito. Quanto mais fontes se remover, maior será à distância percorrida.
O G2 fez uma demonstração intitulada de “Arrastão” e teve como objetivo
mostrar que não há relação entre a força de atrito que age em um objeto e sua área
a influência da área de contato no atrito. Para tanto, os alunos colocaram três caixas
de CDs sobre uma carteira e as prenderam com um elástico. Puxaram o elástico até
ficar esticado, porém não distendido, fizeram uma marca de caneta nele. A marca foi
o indicador. Ainda na mesma posição, riscaram uma reta na carteira na direção do
elástico e marcaram na reta qual a posição do indicador no elástico. Continuaram
puxando o elástico e registrando quanto o mesmo esticou. Na sequência
modificaram a posição das caixas e refizeram as anotações, comparando os valores
das duas medidas.
Com essa demonstração foi possível mostrar que a força de atrito não
depende da área de contato entre as superfícies. Em nossa experiência a força de
atrito aumentou quando a área de contato diminuiu (mas não na mesma proporção),
fato que vai contra a ideia que a maioria das pessoas têm a respeito. Percebe-se
neste caso, que ao empilhar as caixas e ocasionar um aumento de pressão de
contato, aumentamos o número de soldas microscópicas, apesar de a área ter
diminuído.
O G3 fez o experimento “Segredo da caixa”, utilizando uma caixa de sapato,
fita adesiva, régua e elástico montou-se um medidor de força de atrito. O objetivo foi
descobrir se a força de atrito entre a caixa e a carteira aumenta na medida em que
aumenta o peso que a caixa aplica sobre a mesa. Ou seja, pode-se medir a
intensidade da força de atrito pela dilatação do elástico.
Nesse momento a professora explicou que o objetivo do experimento foi
mostrar que há relação entre a força de atrito que age em um objeto e o peso desse
objeto. Fato comprovado quando se colocou dois livros iguais dentro da caixa, o
elástico alongou o dobro do que alongou quando se puxou a caixa com um livro só.
O G4 realizou o experimento intitulado de “Lixa” com o objetivo de mostrar a
influência do tipo de superfície no atrito, para tanto pegaram uma caixa de giz,
amarraram um elástico e a puxaram sobre duas superfícies diferentes, uma lixa e
uma folha de papel.
Nesse momento foi possível observar que quanto mais lisa e uniforme forem
as superfícies em contato, menos força de atrito surgirá entre elas. Com o G5 foi possível observar a influência do rolamento no atrito, a idéia foi
parecida com a do G4, no entanto a caixa de giz dessa vez foi colocada em cima de
dois tapetes de lápis, um tapete com os lápis presos e um tapete com os lápis
soltos.
Com essas demonstrações inserimos a princípio da Inércia, ou primeira Lei
de Newton, que diz que um objeto tende sempre a manter seu estado de movimento
ou repouso, se não houver a ação de forças externas. Dessa forma, conseguimos
apresentar Isaac Newton aos alunos.
Quarto encontro: Conhecendo Isaac Newton
Duração: 2 aulas.
Essa atividade teve o objetivo de mostrar um pouco de Isaac Newton aos
alunos, para tanto apresentamos um vídeoexibido na TV multimídia disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=4ZIYMmJ2ewE. O vídeo mostrou um pouco da
biografia do físico e suas teorias. Para aprofundar o assunto, realizou-se uma
pesquisa no laboratório de informática do enunciado das três Leis de Newton e das
várias interações apresentadas no vídeo.
Pedimos que escrevessem cartazes com os enunciados da forma que Newton
os redigiu em seu livro Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. O objetivo foi
fazer com que se familiarizassem com os enunciados tendo em vista que as que as
ações seguintes seriam demonstrar essas leis. Aproveitamos também para mostrar
que as leis de Newton são geniais exatamente porque sintetizam, em poucas linhas,
milênios de saber acumulado por diversas civilizações, no entanto, passa-se nas
salas de aula uma errônea ideia de sua simplicidade. Para isso, foi utilizado como
referência o texto apresentado na fundamentação teórica da unidade didática.
Quinto, sexto e sétimoencontros: Demonstrando as Leis de Newton
Duração: 10 aulas.
Essas demonstrações foram realizadas utilizando o mesmo procedimento das
anteriores, ou seja, cada grupo apresentou um experimento. A Equipe 1 demonstrou
que objetos em movimento, quando não há ação de forças externas, tendem a
continuar em movimento, utilizando um carrinho, uma rampa de madeira, duas
bonecas (uma com cinto de segurança outra sem).
O primeiro passo foi colocar as duas bonecas sentadas dentro do carrinho,
uma boneca utilizando o cinto de segurança e a não. Depois empurraram o carrinho
sobre uma rampa de madeira até que ele batesse sobre uma tábua. A boneca que
estava com o cinto de segurança não aconteceu nada, enquanto a outra que estava
sem o cinto foi lançada para frente.
Durante a demonstração, fomos mediando uma discussão por meio de
questionamentos que fizessem os alunos chegarem ao princípio da inércia, ou
Primeira Lei de Newton, diz que "um objeto tende sempre a manter o seu estado de
movimento, este podendo também ser o de repouso, se não houver a ação de
forças externas.
A equipe 2 também abordou a primeira Lei de Newton, utilizando um ovo cru
e um ovo cozido. Equilibraram os dois ovos em cima de uma carteira e os fizeram
rodar. Colocaram a mão rapidamente sobre os dois ovos com o objetivo de os
fazerem parar de rodar. Ao fazerem isso, observaram que o ovo cru demorou mais
para parar, mas girou devagar e o ovo cozido gira mais rápido, mas ao tocá-lo ela
para rapidamente. Diante desse resultado questionamos:
Porque o ovo cru continuou a rodar? Enquanto o ovo cozido parou?
Fomos mediando as discussões na intenção de fazê-los entender que o
movimento do ovo cru se deve à parte líquida que continua em movimento depois
de parar o ovo, pois a força aplicada para parar o ovo atuou apenas sobre a casca.
A parte interna continuou a rodar, e quando retiramos a mão provocou o reinício do
movimento do ovo.
Como os alunos estavam com dificuldade de entender o processo do
experimento, exibimos um vídeo disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=nF9YXDpVdenominado “Ovo cozido x ovo
cru”,que mostrou a demonstração com explicações lógicas de inércia. Assim foi
possível mostrar com imagens o que acontece com a clara do ovo cru, que continua
em movimento, mesmo depois de para o ovo. O que não acontece com o ovo
cozido, já que o mesmo não está mais no estado líquido.
A equipe 3 colocar o copo em cima da mesa, em seguida colocou uma
cartolina em cima do copo. Equilibraram uma bolinha de pingpong em cima da
cartolina, bateram rapidamente sobre a cartolina fazendo com que a bolinha
de pingpong caísse dentro do copo. Após várias tentativas conseguiram realizar a
demonstração, com o resultado obtido realizamos questionamentos até concluírem
que a inércia é uma propriedade física da matéria.
A demonstração da equipe 4 seguiu a mesma ideia, só que estes colocaram
uma toalha sobre a carteira e uma garrafa Pet vazia em cima da toalha, puxaram
bruscamente a toalha, de forma que a garrafa não caísse da carteira. Como já
estávamos debatendo a primeira Lei de Newton, foi fácil fazê-los chegar ao conceito
de que "todo corpo em repouso, tende a permanecer em repouso", Qualquer
tentativa de retirar do estado atual (repouso ou movimento) encontrará séria
imposição.
A equipe 5 ficou com a segunda lei de Newton. Para demonstrá-la
empurraram com o máximo de força um tijolo. Primeiro utilizando o dedo mindinho,
depois dois dedos, depois uma mão e duas mãos. Sempre questionando: Qual a
relação entre a força resultante aplicada e aceleração? Na sequência repetiram a
demonstração, só que desta vez empurraram primeiro um tijolo, depois dois, depois
três, com os questionamentos: Qual a relação entre força resultante e massa?Qual
a relação entre massa e aceleração dos corpos?
Oitavo encontro: Construindo um Dinamômetro:
Duração: 02 aulas
Para medir a intensidade das forças montou-se um dinamômetro com uma
régua de trinta centímetros; um barbante; um clipe; pedaços de fita adesiva
(pode ser fita crepe); um elástico igual àquele utilizado para prender dinheiro;
algumas caixinhas de fósforo com diferentes quantidades de areia, ou seja, com
diferentes pesos. A atividade consistia em pegar uma das caixas com areia, fixar
no clipe e anotar quantos centímetros o elástico deformou, a seguir, repetir este
mesmo procedimento com todas as outras caixas, uma de cada vez. Dessa forma
conseguiram chegar a definição de peso de um corpo e dizer que a aceleração
gravitacional é constante nas proximidades das superfícies e fazê-los observar que
quanto maior a massa, maior o peso de um corpo. Sendo a massa e o peso
conhecidos, calcular por meio de F = massa x aceleração, a aceleração da
gravidade ou seja FR = m.g.
Nono encontro:Vídeo Ação e Reação
Duração: 02 aulas
Exibimos o vídeo denominado “O Mundo de Beakman” - Ação e Reação,
disponível em: <http:// http://www.youtube.com/watch?v=QpwS-Dsolxo, explicando
a terceira Lei de Newton. Após a exibição e discussão, os alunos buscaram formas
de demonstrá-la. Cada equipe apresentou uma forma de demonstrar essa lei.
Décimo encontro:Análise de tirinhas
Duração: 02 aulas
Para completar as atividades foi exibido no Data Show, 6 tirinhas, onde nas
três primeiras os interlocutores conversam inserindo as leis de Newton no
diálogo. E as três últimas são imagens de ações que podem ser relacionadas com
as referidas leis. Em cada tirinha houve questões que se complementam com outras
informações que foi trabalhado durante toda a implementação. As tirinhas foram
retiradas dos endereços abaixo e para preservar os direitos autorais não serão
exibidas.
http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/940garfieldin.jpg
http://www.fisicanacuca.xpg.com.br/3_lei_de_newton.htm
http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/galeria/imagem
http://www.crv.educacao.mg.gov.br
Décimo primeiro encontro:Construindo um mural explicativo e
reaplicação do questionário inicial.
Duração: 02 aulas
Para apresentar os resultados desse estudo, foi construído um mural
explicativo no pátio do colégio para expor todo o recurso de ensino coletado durante
a implementação do material didático, bem como os resultados obtidos. Com esta
atividade, concluiu-se a implementação do material didático, e conforme já relatado
o questionário inicialmente trabalhado foi novamente aplicado, para verificar se
houve uma melhora na aprendizagem dos alunos.
4. ANÁLISES DOS RESULTADOS
Analisando os resultados da implementação do projeto na escola,
percebemos que, ao usar experimentos e vídeos em sala de aula sobre os
conteúdos de Física, como objetivo de desenvolver um trabalho mais dinâmico e
prazeroso para os alunos, estes, demonstraram um comportamento diferente
daquele comum nas aulas tradicionais (aulas expositivas).
Os alunos passaram a ser mais participativos e interessados tanto nas
atividades quanto nos conteúdos trabalhados no projeto, mesmo entre aqueles que
demonstram desinteresse nas aulas de Física. Tão importante quanto uma maior
participação, interesse e desempenho dos alunos no projeto, é o estudo e a
aprendizagem dos conteúdos, força; movimento; Inércia; massa; Intensidade de
força; as três leis de Newton, de uma forma diferenciada e melhor organizada e
contando com a participação de toda a classe em cada atividade. Dessa forma os
alunos se conscientizam que são capazes de fazer ciência!
No início da implementação por meio do questionário diagnóstico pode-se
observar uma enorme dificuldade dos alunos em conceituar adequadamente os
Fundamentos da Força e Movimento: como exemplo, o conhecimento do conceito
de massa nas translações ligadas à concepção de força; compreensão do conceito
de inércia; associação de força com quantidade de movimento, velocidade,
aceleração e desaceleração; apropriação da noção de condições de equilíbrio
estático, identificando a 1ª lei de Newton e as noções de equilíbrio estável e instável;
reconhecimento e representação das forças de ação e reação nas mais diferentes
situações e ainda entendimento do conceito e aplicação da gravitação, entre outros.
Após a aplicação da proposta didática e o desenvolvimento das atividades,
aplicou-se novamente o questionário inicial como objetivo de observar se houve
significativa apropriação dos conceitos.
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 01, pode-se observar
que houve uma significativa melhora, quanto aos acertos das questões, embora já
se esperasse esse resultado tendo em vista que os conteúdos referente às questões
foram trabalhados no decorrer da implementação, com a participação e interação
dos estudantes.
Tabela 01- Apresentação das respostas obtidas com a aplicação dos
questionários (fase inicial e final da implementação).
Questões Nº de acertos (%) Antes
Nº de acertos (%) Depois
1 25 100
2 15 90
3 0 80
4 0 80
5 45 100
6 40 100
7 0 80
8 30 100
9 35 90
10 45 100
11 30 100
Ao utilizar diferentes metodologias para produzir o conhecimento científico,
estimulou-se a participação dos alunos nas aulas, e ainda, melhorou o
relacionamento entre professor e aluno. O conteúdo passou ater significado para
avida dos mesmos, pois conseguiram fazer a relação entre a teoria e a prática, ou
seja, o que eles vivenciam no cotidiano com o que aprendem na escola.
A análise dos encontros apresentou um resultado positivo para
aprendizagem dos alunos. As primeiras ações desenvolvidas apresentaram alguns
conceitos básicos de mecânica e sugere compreender algo importante e
indispensável á vida: o movimento, a força e o equilíbrio. Compreendendo alguns
conceitos oi possível entender melhor alguns fatos que acontecem no dia a dia e
ainda ter explicações de cunho científico a fenômenos conhecidos.
As pesquisas orientadas levaram a reflexão sobre os limites de velocidade
permitidos em alguns trechos da zona urbana de Paranavaí. Relacionando dessa
forma os conceitos físicos com o cotidiano dos alunos. Muitos dos fenômenos
relacionados ao movimento que presenciamos em nosso dia a dia acabam sendo
explicados somente na linguagem popular, sem que haja uma explicação científica
para mesmo. Entretanto, esses fenômenos puderam ser explicados e entendidos
por meio de demonstrações.
Todas as ações realizadas tiveram o objetivo de mostrar que a física tem um
significado real e os fenômenos apresentados fazem parte da vida cotidiana de
todos nós. Com a análise de tirinhas, possibilitou a superação do senso comum e
fortaleceu os conceitos científicos, construindo dessa forma um ensino centrado em
conteúdos e metodologias capazes de levar estudantes a refletir sobre o mundo das
ciências sob as perspectivas de que esta ciência não é um fruto apenas da pura
racionalidade científica.
Desta forma, os alunos puderam relacionar a teoria com a prática no decorrer
da aplicação da implementação da unidade didática, e ao mesmo tempo expressar
suas dúvidas ao professor. Esse tipo de estratégia desenvolve nos estudantes a
criatividade, o espírito de cooperação, investigação, promove a troca de idéias e
proporciona a construção do conhecimento e o que é mais importante, a interação
efetiva entre o aprendiz e o orientador na figura do professor.
As atividades práticas experimentais acompanhadas pelas discussões, as
apresentações de vídeos, o uso de pesquisa na internet, a leitura e produção
de textos e todas as atividades desenvolvidas durante a implementação do
material didático na escola, contribuiu para uma efetiva participação dos alunos e
de fato, promoveu o interesse pela aprendizagem.
Quanto à participação dos mesmos nas atividades, pode-se dizer que foi
surpreendente, tendo em vista, os questionamentos e a disposição em realizarem
as atividades propostas.
Para tentar responder essas questões e amenizar essas dificuldades, foram
utilizadas algumas estratégias metodológicas que pudessem despertar o interesse
pela disciplina e que tornasse o conteúdo significativo para a sua vida do estudante.
Estratégias tais como: atividades experimentais que relacionam a teoria com a
prática dentro do cotidiano do aluno; utilização das mídias tecnológicas, como o
computador e a internet, vídeos e simulações de atividades práticas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se trabalhar com metodologias diferenciadas para atender todos os
alunos, pois, se eles têm dificuldade em aprender somente com a explicação oral,
podem aprender através da realização da atividade experimental, fazendo,
discutindo e construindo o conceito, ou através de leitura de texto, pesquisa, pelo
uso de vídeos, até mesmo uso do livro didático.
Percebeu-se que alguns alunos têm maior facilidade em aprender por meio
da oralidade, outros se apropriam do conhecimento por meio de imagens e alguns
por meio de demonstrações. Dessa forma, pode-se dizer que ao ser desenvolvido
um conteúdo deve-se utilizar várias estratégias de ensino e recursos metodológicos,
para que os alunos apreendam os conceitos e possam torná-los significativos para
a sua vida.
Logo, pode-se dizer que as conclusões se deram de maneira satisfatória, os
objetivos propostos foram alcançados com êxito, tanto em relação à
fundamentação teórica quanto ao desenvolvimento e análise durante a parte
experimental. Entendeu-se que os alunos compreenderam a importância de se
estudar leis de Newton e como elas fazem parte do nosso dia a dia. Fato
comprovado nas reflexões e debates sobre o tema desenvolvido em sala de aula.
Diante do exposto, concluiu-se que, por trabalhar com vários alunos, com
diferentes níveis de aprendizagem, onde cada um aprende no seu tempo, não é
concebível que o professor desenvolva um conteúdo utilizando apenas uma única
metodologia. Os resultados aqui obtidos mostraram que o ensino de Física pode se
tornar mais acessível com uma mudança de atitude do professor. Os alunos podem
gostar e participar da aula e assim formarem seus conceitos se o professor permitir
este espaço dentro da sua prática pedagógica.
Sinto-me na obrigação de dizer que o PDE é um programa de formação
continuada que oportuniza ao professor do ensino médio retomar os estudos e
refletir sobre a necessidade de reativar a busca e renovação constante do
conhecimento para poder auxiliar com mais eficiência o aprendiz que está sobre
seus cuidados.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, MST. De; ABIB, M. L. V. dos S. Atividades experimentais no ensino de
física: Diferentes enfoques,diferentes finalidades. In: revista Brasileira de Ensino
de Física, v. 25, n. 2, Junho de 2003.
BRENNAN. R.P. Gigantes da Física, uma história da Fica Moderna. Tradução:
Maria Luiza Borges. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2003.
CADERNO DO PROFESSOR.Física: ensino médio 2ª série– 1º bimestre/
Guilherme Brockington – São Paulo: SEE, 2008.
CARVALHO, A.M.P. de (org). Ensino de ciências: unindo a pesquisa e a prática.
São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006.
DIEZ ARRIBAS, Santos. Experiências de Física na Escola. 4. ed. Passo Fundo:
Universitária, 1996.
FRANCISCO JR., W. E., FERREIRA, L. H., HARTWING, D. R.
Experimentação problematizadora: fundamentos teóricos e práticos para a
aplicação e salas de aula de ciências. Química Nova na Escola, nº 30, 34-41, 2008.
GREF– Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Leituras de Física. 2. ed.
Ver. Eampl.Disponível em http://www.if.usp.br/profis/gref_leituras.html, acesso
em 08/05/2012.
GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova
na Escola, nº 10, 43-49, 1999.
HODSON,D. Experimentos na ciência e no ensino de ciência.
EducationalPhilosophyandTheory, 20, 53-66, 1998 (Tradução de Paulo A. Porto)
KAWAMURA, M. R. D.Disciplinaridade, Sim!, Ciência e Ensino, Vol. 2, junho, 3-6,
1997.
PARANÁ/SEED/DEB. Diretrizes Curriculares da Educação Básica/DCEs–
Física.Curitiba: SEED/DEB, 2008.
PENTEADO, P.C. M.; TORRES, C. M. A. Física – Ciência e Tecnologia – v.
2. Termologia, óptica, ondas. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, 2005.
PIETROCOLA, M. et. al. Física em Contextos: Pessoal, social e histórico. 1ª ed.
São Paulo: FTD, 2010, VOL 1.
PONCZEK, R.I.L. Origens e Evolução das Ideias da Física. Salvador: EDUFBA,
2002. 374 p.
ROSA, C. W., ROSA, A. B. Ensino de Física: objetivos e imposições no ensino
médio, Revista Electrónica de Enseñanza de lasCiencias Vol. 4, nº 1, 6, 2005.
SALVADEGO, W. N. C., LABURÚ, C. E. A atividade experimental no ensino
dequímica: uma relação com o saber profissional do professor do ensino médio.
XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008.
SUART, R. C., MARCONDES, M. E. R.A manifestação de habilidades cognitivas
em atividades experimentais investigativas no ensino médio de
química.Ciência e Cognição, Vol. 14, nº 1, 50-74, 2009.