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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: A FÁBULA COMO INSTRUMENTO MOTIVADOR DE ENSINO/APRENDIZAGEM DA LEITURA
Autor Mércia Eliete Soares
Escola de Atuação Colégio Estadual do Campo Joaquim Maximiano Marques – EFM
Município da escola Carlópolis
Núcleo Regional de Educação
Jacarezinho
Orientadora Patrícia Cristina de Oliveira Duarte
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual do Norte do Paraná _ UENP
Disciplina/Área Língua Portuguesa
Produção Didático-pedagógica
Unidade Didática
Público Alvo
Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental
Apresentação:
Considerando que os alunos do 7º ano têm pouco acesso à literatura e apresentam pouco interesse pela leitura, surgiu a necessidade de intervenção que, por meio deste projeto, reforça o trabalho de leitura, produção textual e análise linguística, sobretudo com as marcas linguístico-enunciativas presentes em textos-enunciados do gênero selecionado, que contribuem para a construção dos efeitos de sentido nos textos. Elegemos veicular, nesta Unidade Didática, o gênero discursivo fábula, para o desenvolvimento de um estudo teórico-metodológico, visando posterior aplicação no 7º ano do Ensino Fundamental. Justificamos tal escolha, assinalando que a fábula é uma das formas de narrativa que mais agrada o público infanto-juvenil, pois possibilita, por meio de uma linguagem simbólica, a compreensão de valores morais atemporais e universais, que, na interação em sala de aula, podem ser ampliados, considerando-se o contexto sócio-histórico da sociedade atual. As atividades propostas nesta Unidade Didática fundamentam-se na teoria dos gêneros discursivos (BAKHTIN, 2003) e na proposta de transposição didática laborada por Gasparin (2009), na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica. Tal metodologia valoriza o contexto sócio-cultural do aluno, à medida que parte de seu conhecimento espontâneo sobre o conteúdo, visando transformá-lo em conhecimento científico.
Palavras-chave: Leitura, Fábula, Pedagogia Histórico-Crítica
UNIDADE DIDÁTICA
TRABALHANDO COM O GÊNERO FÁBULA
APRESENTAÇÃO
Caro (a) Professor (a)
Esta Unidade Didática tem por objetivo propor atividades voltadas para o
trabalho com textos-enunciados do gênero discursivo fábula, por intermédio do
modelo didático de Gasparin (2007), transcrito abaixo. A metodologia proposta pelo
autor permite aliar o contexto sociocultural do aluno ao conteúdo, contribuindo para
uma educação voltada para a realidade do aluno, sem desprezar o saber
historicamente produzido pelos homens.
PRÁTICA (zona de
desenvolvimento real)
TEORIA
(zona de desenvolvimento proximal)
PRÁTICA (zona de
desenvolvimento potencial)
Prática social inicial do conteúdo
Problematização Instrumentalização Catarse Prática social Final do conteúdo
1) Apresentação do conteúdo;
2) Vivência cotidiana do conteúdo:
a) O que o aluno já sabe: visão da
1) Identificação e discussão sobre os principais problemas postos pela prática social e
1) Ações docentes e discentes para construção do conhecimento. Relação aluno x objeto do conhecimento através da
1) Elaboração teórica da síntese, da nova postura mental. Construção da nova totalidade
1) Intenções do aluno. Manifestação da nova postura prática, da nova atitude sobre o conteúdo e da nova forma de
totalidade empírica. Mobilização.
b) Desafio: o que gostaria de saber a mais?
pelo conteúdo.
2) Dimensões do conteúdo a serem trabalhadas.
mediação docente.
2) Recursos humanos e materiais.
concreta.
2) Expressão da síntese. Avaliação: deve atender às dimensões trabalhadas e aos objetivos.
agir.
2)Ações do aluno.
Nova prática social do conteúdo
Fonte: GASPARIN, J. L. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores Associados, 2007, p. 159.
As atividades ora propostas possibilitam uma reflexão sobre o
comportamento humano, uma vez que as fábulas são histórias dotadas de morais e
críticas a determinadas ações do homem. Assim, o aluno pode trazer seu
conhecimento sócio-cultural para compreender e interpretar essas histórias, sendo
uma forma de motivar e estimular a leitura.
Cabe lembrar que as atividades, aqui propostas, não se constituem uma
“receita pronta”, mas sugestões didáticas para empreender uma transposição
didática de enunciados concretos do gênero fábula, que podem e devem ser
adaptadas, consoante às necessidades e perfil de cada sala de aula, bem como aos
objetivos propostos pelo professor.
PLANO DE TRABALHO DOCENTE PARA TEXTOS-ENUNCIADOS
DO GÊNERO FÁBULA
ETAPA I
Prática Social Inicial
Este é o primeiro passo da metodologia, momento em que o professor busca
resgatar os conhecimentos prévios dos alunos, por meio de questionamentos e
debates a respeito do conteúdo.
1 – Anúncio dos conteúdos
Preparando a abordagem do assunto (atividades para serem desenvolvidas
oralmente)
Em uma roda de diálogo formada pelo professor, este irá questionar os
alunos se, em algum momento, eles já tiveram contato com histórias onde os
personagens são animais que se comportam como humanos, histórias contendo
uma moral no seu final, além de características como a inveja, curiosidade, traição,
Nota para o Professor: A roda de diálogo contribui para que todos possam expor seu conhecimento e compartilhar informações de forma amistosa.
entre outras características. Após este breve diálogo, serão discutidas as seguintes
questões:
1) Vocês conhecem alguma história em que os animais agem como seres humanos?
R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Quem gostaria de contar, da maneira que lembrar, uma dessas histórias.
R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) Vocês sabem qual o nome dessas histórias?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Após essa breve contextualização, que funciona como uma motivação inicial, o
professor deve apresentar o conteúdo:
O gênero fábula:
Os temas:
A organização textual das fábulas;
Marcas de linguagem (linguístico-enunciativas), que se constituem
elementos imprescindíveis para a construção de efeitos de sentido do
texto;
Fábulas de diversos autores.
Nota ao Professor: Terminada esta abordagem inicial serão apresentados textos do
gênero fábula para os alunos. Com a distribuição de fábulas entre os alunos, que
deverão realizar uma rotatividade dos textos até que todos tenham lido os
conteúdos, o professor indagará: Quais as características comuns entre estas
fábulas? Questões, como animais que agem como seres humanos; brevidade dos
textos; falta de indicação de tempo e espaço e, principalmente, reflexões sobre a
moral, deverão ser levantadas.
2 – Vivência cotidiana dos conteúdos
Atividade 1
Leia os seguintes textos:
A Bela e a Fera
(Christiane Angelotti adaptação da obra de Madame Leprince de Beaumont)
Era uma vez um jovem príncipe que vivia no seu lindo castelo. Apesar de
toda a sua riqueza ele era muito egoísta e não tinha amigos. Numa noite chuvosa
recebeu a visita de uma velhinha que lhe pediu abrigo só por aquela noite.
Com um enorme mal humor ele se recusou a ajudar a velhinha. Porém, o
que ele não sabia é que aquela velhinha era uma bruxa disfarçada, que já ouvira
diversas histórias sobre o egoísmo daquele jovem príncipe. Indignada com a sua
atitude, ela lançou sobre ele um feitiço que o transformara numa fera horrível. Todos
os seus criados haviam se transformado em objetos. O encanto só poderia ser
desfeito se ele recebesse um beijo de amor.
Enquanto isso, numa vila distante dali, vivia um comerciante com sua filha
chamada Bela. Eles eram pobres, mas muito felizes. Bela adorava livros, histórias,
vivia a contá-las para as crianças da vila. Seu pai, Maurício, era comerciante e
viajava muito comprando e vendendo seus produtos diversos.
Um dia voltando de uma longa viagem, Maurício foi pego de surpresa por
uma forte tempestade, passou em frente a um castelo que parecia abandonado e
Nota para o Professor: Estas atividades devem ser feitas de maneira escrita e individualmente, a fim de que o professor possa saber o que o aluno já sabe sobre o conteúdo.
resolveu pedir acolhida. Bateu à porta, mas ninguém o atendeu. Como a porta do
castelo estava aberta resolveu entrar e se proteger da chuva. Acendeu a lareira e
encontrou uma garrafa de vinho sobre a mesma. Após bebê-la acabou
adormecendo. No dia seguinte, uma Fera furiosa apareceu diante dele. Quis castigá-
lo por invadir o seu castelo e assim, o fez prisioneiro.
A Fera decretou ao velho comerciante que este morreria por tal invasão.
Aterrorizado, o pobre homem suplicou:
- Deixa que me despeça da minha filha.
A Fera concedeu-lhe o pedido. De volta a sua casa, contou o ocorrido a sua
filha.
Sem medo, ela decidiu voltar ao palácio com o pai. Uma vez no palácio da
Fera, Bela tomou coragem e fez uma proposta:
- Deixa meu pai ir embora. Eu ficarei no lugar dele.
A Fera concordou, e o pobre comerciante foi embora desolado. A jovem
permaneceu com a Fera no castelo, mas não era mantida na prisão, podia ficar em
um quarto ou na biblioteca, local que muito a agradava.
Bela tinha medo de morrer, mas percebia que a Fera a tratava bem a cada
dia que passava. Com o passar do tempo o monstro e a Bela foram ficando mais
amigos. Ele se encantava com a forma que a moça via o mundo, as pessoas, a
natureza. Sentia que ela o via de uma forma diferente, além da sua aparência.
A Fera enfim havia se apaixonado, de verdade. Numa noite, ao jantarem,
pediu-a em casamento. Bela não aceitou, mas ofereceu sua amizade. Apesar da
tristeza, a Fera aceitou o desejo da Bela. Bela, por sua vez, passava dias muito
agradáveis no castelo, sentia-se bem lá, porém com muitas saudades do seu pobre
pai.
Certo dia, Bela pediu permissão à Fera para visitar o seu pai.
- Voltarei logo - prometeu.
A Fera, que nada lhe podia negar, a deixou partir. Bela passou muitos dias
cuidando de seu pai, que estava doente, tinha envelhecido de tristeza pensando que
tinha perdido a filha para sempre.
Quando Bela retornou ao palácio, encontrou a Fera no chão meio morta de
saudade por sua ausência. Então Bela soube o quanto era amada.
Bela se desesperou, também sentia um algo forte pela Fera. Amizade, amor
compaixão.
- Não morras, caso-me contigo - disse-lhe chorando.
Comovida, a Bela beijou a Fera... e nesse momento o monstro transformou-
se num belo príncipe. Enfim, o encanto havia se desfeito. A Fera encontrou alguém
que o amava de verdade, além da sua aparência grotesca.
Afinal, a verdadeira beleza está no coração.
A lebre e a tartaruga
(Esopo)
Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a
lebre para uma corrida.
A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente.
Não perdendo tempo, a tartaruga pôs-se a caminhar, com seus passinhos
lentos, porém, firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e
resolveu cochilar.
Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de
chegada, toda sorridente.
Moral da história: Devagar se vai ao longe!
Responda às seguintes questões:
1) Qual desses textos pertence ao gênero fábula? Como você chegou a essa
conclusão?
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2) Quais características revelam que determinado texto é uma Fábula?
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3) Qual a função da moral nas fábulas?
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4) Como você entende a moral no final da fábula em estudo?
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4) Afinal, o que é fábula?
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ETAPA II
Problematização
Nesta etapa, ocorre a ligação entre as experiências e conhecimentos do aluno, ou
seja, a prática inicial, com o conteúdo sistematizado (teoria). Em outras palavras, é o
momento que o conhecimento sobre o tema pode ser relacionado aos
conhecimentos espontâneos dos alunos, de forma problematizadora.
a) Dimensão conceitual
Pesquise a palavra fábula no dicionário, para compreender seu significado. Escreva,
em seu caderno, as definições encontradas.
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Pesquise, também, significados para a palavra moral.
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b) Dimensão Histórico-cultural
Neste momento, o professor deve problematizar o conteúdo por meio
de diversas dimensões, como histórica, social, cultural, entre
outras.
Faça uma breve pesquisa, na internet, sobre a origem das fábulas.
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Por que as fábulas existem até hoje?
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c) Dimensão social
Qual a importância do gênero fábula para a sociedade?
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d) Dimensão política
Você considera que todas as pessoas possam compreender a moral presente no
final das fábulas? Justifique.
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ETAPA III
Instrumentalização
Nesta etapa, utilizam-se instrumentos culturais e científicos, essenciais para
transformar os conhecimentos trazidos da realidade do aluno em conhecimentos
científicos. Segundo Gasparin (2007, p.52) “[...] neste processo, parte-se do
conhecimento que se tem (sincrético) e aos poucos (pela mediação da análise) este
conhecimento anterior vai se ampliando, negando, superando, chegando a um
conhecimento mais complexo e abrangente (sintético = 'concreto').”.
Vamos conhecer um pouco mais sobre o contexto de
produção das fábulas?
O gênero discursivo fábula é uma das formas de texto que permite a
elaboração de sentidos que servem de base para a elaboração de interpretações
sócio-históricas e ideológicas (ROMÃO, 2006).
A fábula se caracteriza por ser uma narrativa curta, podendo apresentar uma
linguagem culta ou coloquial, que depende da finalidade e do contexto em que se
insere. No final do texto, há uma moral, que tem por finalidade transmitir
ensinamento (ROMÃO, 2006).
Os animais, que são os personagens das fábulas, são como símbolos, que
segundo Romão (2006), adquirem a seguinte significação: a formiga simboliza o
trabalho; o leão representa a força; a raposa representa a astúcia; o lobo, o poder
despótico, entre outros.
Desta forma, a leitura das fábulas permite uma interpretação, na qual se
valoriza o bom comportamento, sendo que ações contrárias a isso são sempre
suscetíveis a punições no final (ROMÃO, 2006).
Atividade 1
O LEÃO E O RATO (Esopo)
O leão era orgulhoso e forte, o rei da selva. Um dia, enquanto dormia, um
minúsculo rato correu pelo seu rosto. O grande leão despertou com um rugido.
Pegou o ratinho por uma de suas fortes patas e levantou a outra para esmagar a
débil criatura que o incomodara.
- Ó, por favor, poderoso leão – pediu o rato. Não me mate, por favor. Peço-lhe
que me deixe ir. Se o fizer, um dia eu poderei ajudá-lo de alguma maneira.
Isso foi para o felino uma grande diversão. A idéia de que uma criatura tão
pequena e assustada como um rato pudesse ser capaz de ajudar o rei da selva era
tão engraçada que ele não teve coragem de matar o rato.
- Vá-se embora – grunhiu ele – antes que eu mude de idéia.
Dias depois, um grupo de caçadores entrou na selva. Decidiram tentar
capturar o leão. Os homens subiram em duas árvores, uma de cada lado do
caminho, e seguraram uma rede lá encima.
Mais tarde, o leão passou despreocupadamente pelo lugar. Ato contínuo, os
homens jogaram a rede sobre o grande animal. O leão rugiu e lutou muito, mas não
conseguiu escapar.
Os caçadores foram comer e deixaram o leão preso à rede, incapaz de se
mover. O leão rugiu por ajuda, mas a única criatura na selva que se atreveu a
aproximar-se dele foi o ratinho.
- Oh, é você? – disse o leão. Não há nada que possa fazer para me ajudar.
Você é tão pequeno!
Nota ao Professor: Esta atividade deverá ser realizada, inicialmente, retomando as principais características do gênero fábula. Na sequência, o professor distribuirá três versões de uma mesma fábula, contadas por autores diferentes: Esopo (séc. IV), La Fontaine (séc. XVII) e Monteiro Lobato (século XX).
- Posso ser pequeno – disse o rato, mas tenho os dentes afiados e estou em
dívida com você.
E o ratinho começou a roer a rede. Dentro de pouco tempo, ele fizera um
furo grande o bastante para que o leão saísse da rede e fosse se refugiar no meio
da selva.
Às vezes o fraco pode ser de ajuda ao forte.
O LEÃO E O RATO (La Fontaine)
Vale a pena espalhar razões de gratidão:
Os pequenos também têm sua utilidade.
Duas fábulas* mostrarão que eu não estou falando senão a verdade.
Ao sair do buraco, um rato,
Entre as garras terríveis de um leão, se achou.
O rei dos animais, em mui magnânimo ato,
Nada ao ratinho fez, e com vida o deixou.
A boa ação não foi em vão.
Quem pensaria que um leão
Alguma vez precisaria
De um rato tão pequeno? Pois é, meu amigo,
Leão também corre perigo,
E aquele ficou preso numa rede, um dia.
Tanto rugiu, que o rato ouviu e acudiu,
Roendo o laço que o prendia.
Mais vale a pertinaz labuta
Que o desespero e a força bruta.
O LEÃO E O RATINHO (Monteiro Lobato)
Ao sair do buraco viu-se o ratinho entre as patas do leão. Estacou, de pêlos
em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
- Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois o leão caiu numa rede. Urrou desesperadamente, debateu-se,
mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
- Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas.
Num instante conseguiu romper uma das malhas. E como a rede era das tais,
rompida a primeira malha fugiu.
Mais vale paciência pequenina
Do que arrancos de leão.
Nota ao Professor: Terminada a leitura, proponha que os alunos realizem uma
comparação entre as três fábulas. Para auxiliar, será apresentado um quadro com
os indicadores da comparação, para que os alunos possam observar aquilo que
mudou e o que continuou nos textos escritos em séculos diferentes.
ESOPO LA FONTAINE LOBATO
Caracterização da
personagem
Indicações de
tempo e espaço;
forma como foram
apresentados os
cenários da história
Forma de
linguagem (se
houve diálogo, se é
somente uma
narração, etc.)
Moral
b) Você consegue perceber, nos textos estudados, características que mostrem o
momento histórico de quando as fábulas foram escritas? Justifique sua resposta.
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Atividade 2:
Contato com a fábula
Nota ao Professor: Formados os grupos, distribua a cada um deles três fábulas
diferentes. Nesta atividade, os alunos também deverão trocar com os outros grupos
os textos, de forma que todos tenham lido os textos propostos. Após essa leitura, os
alunos poderão expressar como a moral dessas fábulas pode ser entendida no seu
contexto social e na sua realidade.
Este tipo de atividade, além de contribuir para a leitura e interpretação, auxilia o aluno a compreender a diferença dos contextos socioculturais de cada momento histórico.
Nesta atividade, reúna os
alunos em
grupos.
Atividade 3
Leia a Fábula A Galinha dos Ovos de Ouro (Esopo)
Era uma vez uma galinha muito especial. À primeira vista parecia uma
galinha igualzinha às outras. Comia milho como as outras galinhas, cacarejava como
as outras galinhas, punha ovos como todas as outras... Ora, era mesmo por isso que
a galinha desta história era muito especial. Ela punha ovos de ouro.
Quando o dono descobriu, ficou muito contente, pois logo pensou que os
seus problemas iam terminar.
- Estou rico! Estou rico! Já não vou precisar mais trabalhar!
A partir daí, todas as manhãs, bem cedinho, lá estava ele à espera que a
galinha pusesse mais um ovo, um ovo de ouro brilhante e reluzente.
- Vá lá, galinha! Põe o ovo. Quero guardá-lo ao lado dos outros todos que já
juntei.
- Cacaracacá! - Cantava a galinha, muito serena sem perceber a pressa do
seu dono.
- Se calhar o homem tem fome, coitado!
Muitas pessoas podem confundir as fábulas com os contos
de fadas. Os contos de fadas são histórias que giram em
torno de uma problemática existencial, mostrando o
contraste entre o bem e o mal, a humildade e a vaidade, a
vitória e a derrota, e assim por diante. As fábulas também
podem trazer essas lições, mas utilizam animais com
características humanas como personagens principais,
sempre contando com uma moral no final da história.
E lá punha mais um ovo de ouro sem saber que aquilo valia muito, mas
muito dinheiro.
"Eh...eh...eh", ria o lavrador, todo contente por aumentar o seu tesouro.
Mas o homem começou a cansar-se de ter de esperar sempre pelo dia
seguinte para ter mais um ovo.
- Só um ovo por dia?! Assim nunca mais fico rico.
A sua paciência esgotou-se e teve vontade de ficar rico mais depressa.
Acreditava que dentro da galinha havia um tesouro, que a sua barriga estava
cheia de ovos valiosos. "Vou matar a galinha. Vou abri-la e ficarei rico para sempre.
Já estou farto de esperar".
E a pobre galinha sem saber de nada.
Mal o pensou, logo o fez, mas também logo se arrependeu, pois, assim que
viu a galinha por dentro, percebeu que ela era igual a todas as outras galinhas da
sua capoeira e que não havia tesouro. Agora, a única coisa que podia fazer com ela
era uma rica canja para matar a fome.
Quem tudo quer, tudo perde.
Há pessoas que ficam pobres por causa da ambição, por quererem
enriquecer depressa de mais.
Após essa leitura, será proposto que os alunos formem grupos e apontem, por meio
de uma tabela, quais valores são aceitos e quais são condenados pela sociedade,
que se encontram inseridos nessa fábula.
VALORES ACEITOS VALORES CONDENADOS
ETAPA IV
Catarse
Nesta etapa, o professor deve criar condições para aferir se o aluno
assimilou mentalmente os conteúdos propostos durante as aulas. Essa observação
pode ser feita quando o aluno passa a expressar os conhecimentos científicos
adquiridos, confrontando-os com os seus conhecimentos espontâneos sobre o
conteúdo.
a) Aponte as principais características de uma fábula.
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b) Qual a função social da fábula?
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c) Partindo da observação da sua realidade social, crie uma fábula apontando um
ensinamento moral (característica importante da fábula) para um problema social
presente no seu meio. Você pode utilizar como referências as fábulas utilizadas nas
atividades anteriores ou outras das quais tem conhecimento, e realizar uma versão
dessas para sua própria fábula. Ao final, mostre aos colegas a sua produção.
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Esta atividade contribui para interpretação
textual, leitura e
escrita.
ETAPA V
PRÁTICA SOCIAL FINAL
Nesta quinta e última etapa, o aluno irá demonstrar, por meio das ações, que os
conteúdos propostos durante a Unidade Didática foram assimilados mentalmente e
irão auxiliá-lo em suas vivências cotidianas, na escola e fora dela.
Assim, serão sugeridas ações para que os alunos dêem continuidade ao estudo do
tema. Essas ações incluem:
- Pesquisa sobre as fábulas na biblioteca do município e também na internet;
- Leitura de livros de fábulas de autores conhecidos;
- Pesquisa sobre como escrever uma fábula, etc.
REFERÊNCIAS
ESOPO. 1995. Fábulas de Esopo. São Paulo: Loyola. 1995.
GASPARIN, J.L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Autores
Associados, 2009.
LA FONTAINE, J. Fábulas de La Fontaine. Belo Horizonte: Itatiaia. 1992
LOBATO, M. Fábulas. São Paulo: Brasiliense. 1994
RAMOS, V.M. Pedagogia histórico-crítica como perspectiva didática de ensino: uma
discussão sobre seus limites. In: Rev. LENPES-PIBID Ciências Sociais UEL. v.1,
n.2. jul/dez, 2012.
ROMÃO, L. M.S. Era uma vez uma outra história. São Paulo: DCL, 2006