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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UTILIZANDO EMBALAGENS COMO RECURSO FACILITADOR DA
COMPREENSÃO DOS CONCEITOS GEOMÉTRICOS NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Marilda Desplanches Costa1 Marcos Aurélio Zanlorenzi2
Resumo: Este trabalho faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Apresenta os resultados de uma implementação realizada no primeiro semestre de 2014 no Colégio Estadual João Paulo I, Curitiba - Paraná. Teve como público alvo os alunos do 6.º ano do Ensino Fundamental e como tema a utilização de embalagens como recurso facilitador da compreensão dos conceitos geométricos. Foram desenvolvidas atividades utilizando como recurso didático embalagens com diferentes formas geométricas, um material acessível e do convívio social do aluno. A proposta é despertar o interesse e a motivação, trabalhando de forma significativa, de modo que o aluno consiga fazer associação entre teoria e prática, levando a uma melhor compreensão dos conceitos trabalhados.
Palavras chave: Geometria; Embalagens; Poliedros; Polígonos.
Abstract: This work is part of a Educational Program (PDE) of Education Department of Paraná State. It shows the results of a implementation which was done in the first semester of 2014, in “Papa João Paulo I” School, (located in Curitiba – Paraná). This work has as audience, students of the 6ª grade (elementary school ) and its topic was the using of packaging as a didactic resource in geometric concepts. It was developed some activities using packages with different geometric shapes. This material can be find easily by the students. The propose of this work is awaken the interest and motivation, as a result, the student can make the association between theory and practice, and they have a better comprehension about the concepts studient. Concepts worked. Keywords: Geometry; Packaging; Polyhedra; Polygons.
1. INTRODUÇÃO
O Colégio Estadual João Paulo I, de Curitiba, capital do Paraná, possui
atualmente 40 turmas distribuídas nos três turnos. Essa distribuição pelos diferentes
turnos respeita alguns critérios, como as características referentes à faixa etária dos
alunos. No período matutino, estão matriculados os alunos do Ensino Médio e dos 9.º
anos do Ensino Fundamental. No período vespertino, estão os alunos do 6.º ao 8.º
ano do Ensino Fundamental e, no período noturno, estudam os alunos do Ensino
1 Professora de Matemática do Colégio Estadual João Paulo I – Ensino Fundamental e Médio, Curitiba – Paraná. 2 Professor da Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral, Matinhos – Paraná.
Fundamental e Ensino Médio.
A escola realizou uma pesquisa junto à comunidade escolar e constatou que a
maioria dos alunos permanecem em casa no período contrário às suas aulas, alguns
sem supervisão de um responsável ou exercendo alguma atividade. Alguns alunos
frequentam projetos oferecidos pelo Governo Federal, Estadual, Municipal, como
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, Formando Cidadão, Agente
Jovem, Guarda Mirim, entre outros. Outros estagiam e/ou trabalham em empresas
privadas ou públicas. Diversos alunos se deslocam de várias regiões para a escola,
o que é um dos elementos que poderá dificultar o envolvimento da família com a
escola.
Analisando o Projeto Político Pedagógico - PPP, percebe-se que um dos grandes
desafios da escola é o enfrentamento às dificuldades dos alunos dos 6.º anos do
Ensino Fundamental, que apresentam problemas como: faltas sem justificativas,
indisciplina, desinteresse, problemas sociais, econômicos e emocionais, falta de
comprometimento, de organização com o material escolar, repetência e família pouco
comprometida com a escola.
Tendo em vista que o grande desafio da escola são os alunos dos 6.º anos, e a
necessidade de desenvolver um projeto como parte integrante do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, optou-se por um trabalho voltado para o público-alvo alunos dos 6.º anos do
Ensino Fundamental.
2. O PAPEL DA ESCOLA
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) afirmam que o papel fundamental
da educação é o desenvolvimento das pessoas, e aponta a necessidade de termos
uma escola que cumpra com seu dever que é formar cidadãos capazes de utilizar as
diferentes linguagens, expressando e expondo suas ideias.
Sobre a matemática no Ensino Fundamental, destaca que a disciplina tem por
objetivo levar o aluno a perceber sua importância e vê-la como instrumento que pode
facilitar a compreensão do mundo, estimular o interesse, desenvolver a curiosidade e
a capacidade para resolução de problemas.
Os PCN colocam ainda como fundamental que os professores tenham clareza
sobre suas concepções matemáticas, conheçam suas características e seus métodos
de ensino. Saibam a história de vida de seus alunos, os conhecimentos que possuem,
suas condições sociais, psicológicas e culturais. Sendo que todo esse contexto deverá
ser levado em consideração ao definir os objetivos, métodos que serão utilizados para
o desenvolvimento dos conteúdos e formas pelas quais os alunos serão avaliados.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná – DCE
(2008) apontam a necessidade de os educadores buscarem seu desenvolvimento
profissional, refletindo sobre suas práticas pedagógicas e, nessa ação reflexiva,
encontrem a direção que leva os alunos a apropriarem-se do conhecimento, ou seja,
a “aprendizagem da Matemática consiste em criar estratégias que possibilitem ao
aluno atribuir sentido e construir significado às ideias matemáticas de modo a tornar-
se capaz de estabelecer relações, justificar, analisar discutir e criar.” (PARANÁ, 2008,
p.45).
3. APRENDIZAGEM
Para Moreira (2009), a investigação produz conhecimento e o homem está
constantemente investigando e procurando construir modelos, representações e
teorias sobre determinado tema. O autor destaca a Teoria da Aprendizagem
Significativa, de David Ausubel, e sua importância no contexto escolar, distinguindo a
aprendizagem significativa da aprendizagem mecânica, bem como a aprendizagem
receptiva da aprendizagem por descoberta.
Para Moreira, a aprendizagem é significativa quando o sujeito consegue
estabelecer uma relação entre o novo conhecimento e aquele acumulado em sua
estrutura cognitiva. Sendo que na aprendizagem mecânica ocorre a memorização de
conceitos de forma arbitrária e não-substantiva, havendo pouca interação com os
conceitos preexistentes no intelecto.
Sobre aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta, Moreira destaca:
[...] na aprendizagem receptiva o que deve ser aprendido é apresentado ao aprendiz em sua forma final, enquanto que na aprendizagem por descoberta, o conteúdo principal a ser aprendido deve ser descoberto pelo aprendiz. Entretanto, após a descoberta, a aprendizagem só é significativa se o conteúdo descoberto estabelecer ligações a conceitos subsunçores
relevantes já existentes na estrutura cognitiva. Isto é, por recepção ou por descoberta, a aprendizagem só é significativa, segundo a concepção ausubeliana, se o novo conteúdo incorpora-se, de forma não-arbitrária e não-literal, à estrutura cognitiva. (MOREIRA, 2009, p.10).
3.1 Modelagem como metodologia do ensino e aprendizagem da Matemática
Um modelo matemático bem planejado, abordando conteúdos de maneira a
aceitar o conhecimento que o aluno possui, possibilitará ao mesmo confrontá-lo com
o conhecimento sistematizado da matemática.
Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica constata-se que:
A modelagem matemática tem como pressuposto a problematização de situações do cotidiano. Ao mesmo tempo em que propõe a valorização do aluno no contexto social, procura levantar problemas que sugerem questionamentos sobre situações da vida. Por meio da modelagem matemática, fenômenos diários, sejam eles físicos, biológicos e sociais, constituem elementos para análises críticas e compreensões diversas do mundo. (PARANÁ, 2008, p. 64)
Pelo que consta nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná, o
trabalho com modelagem matemática possibilita desenvolver conteúdos com
abordagens nas quais o aluno não é visto como ser passivo, mas como sujeito do
ensino e aprendizagem, tendo oportunidades de construir novos conhecimentos sobre
o assunto estudado, partindo das próprias experiências.
Analisando todo esse contexto, é necessário que o professor busque
metodologias que tornem as aulas mais atrativas, motivando o aluno a participar e
tornando-o sujeito da aprendizagem.
Espera-se que o aluno participe ativamente da aprendizagem perguntando,
argumentando, questionando e propondo soluções. Compete ao professor estimular
essas atitudes no aluno e assumir a condução desse trabalho propondo conteúdos e
métodos de ensino que podem levar à participação efetiva do aluno nas aulas de
matemática e, ao mesmo, ressignificar os conhecimentos que possui.
Segundo Demo (1993), para que o aluno adquira autonomia, ele precisa ser
participativo, superando a fase de usuário receptivo e, num processo de conquista,
avançar para a condição de sujeito, capaz de ver o todo e intervir. Ou seja,
Há um consenso no que diz respeito ao ensino de matemática precisa voltar-se para a promoção do conhecimento matemático e da habilidade em utilizá-lo. O que significa ir além das simples resoluções de questões matemáticas, muitas vezes sem significado para o aluno, e levá-lo a adquirir uma melhor compreensão da teoria matemática quanto da natureza do problema a ser modelado. (BIEMBENGUT, HEIN, 2005, p. 18)
Entende-se, assim, que o ensino da matemática trabalhado de forma
significativa para o aluno pode facilitar a compreensão da teoria e a promoção do
conhecimento matemático e sua aplicabilidade.
Para Gonçalez e Brito (2005), as mudanças no ensino que levam à
aprendizagem significativa, tornar-se-ão possíveis a partir do momento em que
ocorrerem mudanças na prática pedagógica dos professores.
Ainda, segundo Brito (2011), para que ocorra o conhecimento escolar
significativo, o aluno precisa estabelecer um elo entre o conhecimento que possui e o
novo que está sendo apresentado; e este novo conhecimento se constrói a partir das
descobertas pessoais e das experiências vividas pelo aluno.
Nessa concepção, cabe ao professor planejar os conteúdos de forma que
possibilite ao aluno estabelecer essa conexão.
3.2 Geometria
O ensino da geometria na educação básica, por várias décadas esteve pautado
em apenas demonstrações desvinculadas de uma prática, dificultando a compreensão
e aprendizagem nos espaços escolares, sendo que essa forma de trabalhar a
geometria foi um dos motivos que fez esse conteúdo ficar em segundo plano nos
currículos escolares e livros didáticos. (GRANDO, NACARATO, GONÇALVEZ, 2008).
Percebe-se que problemas relacionados ao ensino da geometria não são
exclusivos de nossas escolas. Usiskim, falando sobre os dilemas da geometria escolar
nas escolas americanas, afirma:
A melhora do desempenho requer mais estudo de geometria, o que requer um número maior de professores bem preparados, o que por sua vez requer que mais pessoas desejem estudar geometria, desejo esse em geral associado a um desempenho melhor. (USISKIN, 1994, p. 36)
Apesar de a geometria estar muito presente no mundo do qual fazemos parte,
com suas formas bastante conhecidas e muito utilizadas, ela se constitui em um
desafio constante para os professores. Não podemos negar que há necessidade de
mudanças no ensino da geometria. O professor deve estar empenhado nessa
discussão e reconhecer que ele próprio necessita se aproximar mais da geometria,
devendo buscar metodologias para desenvolver um bom trabalho, de forma
desafiadora, possibilitando ao aluno a apropriação do conhecimento.
Para Rocha, et al,
Através da geometria os alunos descobrem relações e desenvolvem o senso espacial construindo, desenhando, medindo, visualizando, comparando, transformando e classificando figuras, entre outras. A discussão de idéias, o levantamento de conjecturas e a experimentação das hipóteses precedem as definições e o desenvolvimento de afirmações formais. A exploração informal da Geometria pode ser motivadora e matematicamente produtiva, nos primeiros ciclos do Ensino Fundamental. Nesta etapa, o ensino de Geometria deve recair sobre a investigação, o uso de idéias geométricas e relações, ao invés de se ocupar com definições a serem memorizadas e fórmulas a serem decoradas. Nas séries finais, esta preocupação também deve permear o processo de construção desse conhecimento, a fim de que “as fórmulas” sejam trabalhadas de maneira significativa para o aluno e não meramente repetidas. (ROCHA et al, 2003)
Entende-se, assim, que o ensino da geometria possibilita ao professor propor
situações que permitirão ao aluno vivenciar experiências que complementam os
conhecimentos anteriores, que podem levá-lo a apropriar-se da linguagem
matemática de forma significativa.
Construindo objetos que mostrem os conceitos espaciais, como os poliedros,
por exemplo, o aluno tem oportunidades de observar, estabelecer relações espaciais
e estimular o pensamento criativo (POHL,1994).
Diante dessas concepções, buscou-se desenvolver um projeto no qual fosse
possível trabalhar um conteúdo de matemática utilizando como recurso didático
pedagógico um material acessível e do convívio social do aluno. Um projeto que
viesse atender a realidade da escola para o qual está sendo proposto, mas que
também pudesse ser desenvolvido em outras escolas, sejam urbanas ou do campo.
Optou-se por explorar os conceitos geométricos a partir da manipulação de
embalagens, descritas em seis atividades que foram propostas para despertar no
aluno interesse, motivação e a promoção da aprendizagem.
4. RELATOS DA IMPLEMENTAÇÃO
As seis atividades possibilitaram o trabalho dos conceitos geométricos a partir
das embalagens e também a reflexão quanto ao consumismo e às questões
relacionadas ao meio ambiente.
4.1 Atividade 1 – Diagnóstica
A primeira atividade tinha como objetivo fazer um diagnóstico sobre os
conhecimentos prévios apresentados pelos alunos sobre geometria e também
despertar o interesse pela proposta. Nessa etapa, assistiram a um filme sobre figuras
geométricas e, em seguida, registraram suas observações em forma de desenhos,
relatando sobre as figuras observadas no filme e no meio onde vivem. Os alunos
demonstraram interesse e tiveram uma boa participação. Percebeu-se nesta atividade
diagnóstica que os alunos conhecem figuras planas: triângulo, quadrado e retângulo.
Dos sólidos, a maioria conhece o cubo. Observou-se também que simplesmente
observando imagens de figuras espaciais, poucos alunos dessa turma conseguiram
perceber diferenças entre figuras planas e espaciais.
4.2 Atividade 2: Formas geométricas presentes nas embalagens
Para desenvolver esta atividade os alunos e a professora levaram para a sala
de aula embalagens de produtos com formas geométricas. A proposta desta atividade
foi levar o aluno perceber as formas geométricas presentes nas embalagens e a
classificação quanto à forma. A turma foi dividida em grupos e houve dificuldades para
trabalhar dessa maneira. Alguns tentaram trabalhar individualmente, outros queriam
trabalhar em duplas, gerando um desconforto inicial, mas que aos poucos foi
contornado. Quanto às atividades, demonstraram interesse e perceberam que as
formas geométricas estão muito presentes em seu dia a dia.
Na atividade diagnóstica, não relataram as formas geométricas presentes nas
embalagens, mas tiveram essa percepção a partir do momento que passaram a
manipular as mesmas e contornar em seus cadernos as faces planas, descobrindo
quais figuras planas formavam a partir das faces dos sólidos. A partir dessa atividade,
conseguiram perceber semelhanças e diferenças entre cubo e quadrado, triângulo e
pirâmide, paralelepípedo retangular e retângulo.
Na sequência foi realizada uma avaliação e, dentre as atividades propostas,
uma era para o aluno localizar um determinado sólido e responder se era um poliedro
ou corpo redondo e dizer por quê.
Algumas respostas:
Aluno 1. “É um poliedro, porque quando coloca na mesa ele não rola como o
corpo redondo.”
Aluno 2. “Poliedro. Porque quando coloca em uma mesa, para.”
Aluno 3. “Poliedro, porque tem todas as partes planas.”
Pelas respostas, foi possível perceber que entenderam e que construíram
conceitos a partir de suas próprias observações.
4.3 Atividade 3: Trabalhando conceitos geométricos a partir das embalagens
Para esta atividade, a professora levou para a sala de aula embalagens de
produtos com formas geométricas da atividade anterior e também sólidos geométricos
disponíveis na escola em forma de prismas e pirâmides com bases triangular,
quadrangular, pentagonal e hexagonal.
Esta atividade foi proposta para que o aluno identificasse os principais
elementos geométricos e percebesse diferenças entre poliedros e polígonos. A turma
foi organizada em grupos que, manipulando os materiais, identificavam o sólido e os
seus elementos: faces, arestas e vértices. Na sequência, registraram em uma tabela
o nome do sólido, número de faces, número de arestas e o número de vértices.
Ainda nesta atividade, foi proposto aos alunos que contornassem as faces dos
sólidos conforme a sequência da tabela anterior e registrassem qual polígono
formava. Os alunos perceberam que contornando todas as faces a figura se repetia.
Alguns argumentaram “Professora, não vai ter espaço na folha!”; “Por que registrar a
mesma figura várias vezes?”. A professora comentou que realmente não tinha
necessidade de repetir o mesmo polígono, era para contornar somente as faces que
formavam polígonos diferentes.
Na continuidade da atividade, os alunos foram instigados a falar sobre a
importância da embalagem para o produto, quais os formatos de embalagens mais
encontrados e por quê? Os alunos concluíram que as embalagens são importantes
para armazenar, proteger e conservar o produto. Observaram que as embalagens
mais encontradas são em forma de paralelepípedo. Disseram que essas formas
facilitam a acomodação nas prateleiras dos supermercados.
Pôde-se observar que os alunos demostraram interesse durante o
desenvolvimento das atividades e que os objetivos foram atingidos.
Para finalizar esta atividade os alunos produziram um texto sobre formas
geométricas, sendo que uma aluna fez as seguintes observações:
Figura 1
4.4 Atividade 4: Planificação
Esta atividade teve por objetivo fazer com que o aluno estabelecesse relações
entre formas espaciais e suas representações planas e reconhecesse representações
de sólidos geométricos registrados em perspectiva.
A professora iniciou esta atividade explicando e demostrando aos alunos que,
para planificar um poliedro, precisamos estender a sua superfície em um plano, ou
seja, desmontar o sólido deixando que cada face fique ligada a pelo menos outra face
pela aresta, formando um molde. Em seguida, organizou os grupos e distribuiu várias
embalagens de creme dental, sabonete, lata de achocolatado e pirâmides de base
triangular e base quadrangular, estas construídas pela professora.
Nesta atividade os alunos desmontaram as caixas e contornaram as
embalagens abertas em uma cartolina. Alguns deixaram as abas sem dobrar e não
conseguiam visualizar a embalagem planificada que tinham acabado de desmontar.
Houve alguns comentários como: “Professora, isso está muito estranho!”; “Não estou
conseguindo!”. A professora orientou que montassem a embalagem novamente e
prestassem atenção em quais partes formavam as faces e quais eram as abas. Os
alunos demonstraram interesse e sempre que encontravam dificuldades solicitavam
orientação. Ficaram surpresos ao constatar que o cilindro planificado também forma
um retângulo.
Ainda nesta atividade os alunos desenharam vários moldes formados por seis
quadrados em uma malha quadriculada e recortaram para descobrir com quais
poderiam formar um cubo. Para finalizar a atividade, a professora distribuiu aos alunos
uma folha contendo várias figuras de poliedros e suas planificações; o aluno
identificava o poliedro fazendo a correspondência a sua respectiva planificação.
4.5 Atividade 5: Construção de uma embalagem
O objetivo desta atividade foi levar o aluno a perceber que o conhecimento
matemático é necessário para a resolução de diversas situações, desde as mais
simples até as mais complexas. Antes de propor a atividade, a professora informou
que as embalagens, de modo geral, são construídas por empresas que possuem
máquinas especializadas, com as quais é possível a construção de grandes
quantidades.
A turma foi organizada em duplas para a construção de uma embalagem. Os
alunos foram orientados pela professora que o formato fosse decidido em comum
acordo. Após várias discussões e a mediação da professora, decidiram construir
embalagens em formato de um cubo. Utilizaram os moldes da atividade anterior,
ampliaram as medidas em uma malha quadriculada, colaram em uma cartolina e
montaram o cubo. Demostraram interesse. Alguns encontraram dificuldades na
construção das abas de fixação e na colagem do molde na cartolina. A atividade
possibilitou a revisão de alguns conceitos trabalhados anteriormente, como número
de faces, arestas, vértices e a forma geométrica das faces.
4.6 Atividade 6: Embalagens no meio ambiente
O objetivo desta atividade consistiu em levar o aluno a refletir sobre os danos
causados ao meio ambiente quando descartamos as embalagens de forma
irresponsável e, a partir dessa reflexão, desenvolver responsabilidade ambiental.
Para esta atividade a professora levou à sala de aula um vídeo que retrata os
problemas ambientais gerados pelo consumismo. Após isso, foram propostas
algumas questões como: Qual o destino das embalagens dos produtos consumidos
em casa? Como o destino incorreto das embalagens pode afetar a vida no planeta?
O que podem fazer pelo meio ambiente?
Dos vinte e cinco alunos, onze responderam que fazem a separação do lixo
em casa, quatorze responderam que não separam. Mas, todos demonstraram que
sabem sobre os grandes problemas causados pelo lixo e reconhecem a necessidade
de mudanças nos hábitos das famílias, como a simples separação do lixo orgânico e
reciclável.
Para finalizar esta atividade a professora perguntou: O que fazer com as
embalagens utilizadas nas atividades? Foram unânimes e a resposta esperada não
poderia ser outra: decidiram que as embalagens fossem encaminhadas para
reciclagem.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas aulas tradicionais, em que o professor se coloca como detentor do
conhecimento, comumente não propõe novas práticas pedagógicas e o aluno ouve e
repete o que está sendo repassado. Isso dificilmente despertará o interesse pela
aprendizagem.
Este trabalho possibilitou à professora desempenhar o papel de mediadora do
ensino e aprendizagem e o aluno atuou como sujeito da sua própria aprendizagem.
No desenvolvimento das atividades, foram utilizados organizadores prévios que,
segundo Moreira (2009 apud AUSUBEL, 1978. p. 171), têm a função de “servir de
ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele precisa saber para que possa
aprender significativamente a tarefa com que se depara”.
Os recursos didáticos manipuláveis estimularam a motivação. O aluno
demonstrou interesse e a participação nas atividades facilitou a compreensão dos
conceitos trabalhados.
6. REFERÊNCIAS
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