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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA
Marcia Joana Barbieri 1 Ana Paula Vieira 2
Resumo Partindo do pressuposto de que a psicomotricidade, através do movimento pode desenvolver no indivíduo capacidades afetivas, cognitivas e motoras e é indispensável para toda criança, utilizou-se a psicomotricidade como forma de amenizar as dificuldades de aprendizagem apresentadas no contexto escolar. A proposta desta pesquisa surgiu da constatação de dificuldades de aprendizagem principalmente na leitura e escrita em alunos da rede estadual de ensino. O presente projeto foi implementado no Colégio Estadual Presidente Vargas, em Pinhal de São Bento–PR, com alunos de Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, num total de três (03) alunos, abrangendo trinta e duas horas/aula. Elaborou-se material didático-pedagógico, cuja proposta foi apresentar atividades lúdicas, trabalhando as áreas da psicomotricidade como a coordenação motora global, fina e óculo manual; o esquema corporal e controle postural; a lateralidade; a orientação, estruturação e percepção espaço-temporal; a discriminação visual e auditiva. Durante as atividades observou-se que os alunos mostraram-se mais interessados e motivados, demonstrando uma melhora significativa em sua autoestima e alguns aspectos como consciência e domínio do corpo, a lateralidade, a coordenação motora, a orientação de espaço e tempo e discriminação visual e auditiva e uma melhora na leitura e escrita. Observou-se também que para se obter melhores resultados com o uso da psicomotricidade, haveria a necessidade do trabalho ser desenvolvido durante todo o ano letivo. Palavras-chave: Atividades Psicomotoras; Ludicidade; Desempenho Escolar.
1. INTRODUÇÃO
Ao se estudar a psicomotricidade, percebe-se a sua importância desde os
primeiros anos de vida, pois, para Oliveira (1997), ela proporciona as condições
mínimas para um bom desempenho escolar e aumenta o potencial motor e o domínio
do corpo, ou seja, é a base para as futuras aprendizagens, além de oportunizar os
aprendizados pré-escolares, fazendo com que a criança tome consciência de seu
corpo, de seu equilíbrio, da sua lateralidade, situe-se no espaço, saiba coordenar
1 Professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, com Licenciatura em Letras,
Especialização em Letras e Educação Especial. E-mail: [email protected] 2Docente Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional - UNIOESTE, orientadora. E-mail:
seus gestos, movimentos e ainda pode ser a prevenção de futuras lacunas
escolares.
Gonçalves (2009) aborda a questão da psicomotricidade como a auxiliadora
na estruturação do desenvolvimento das crianças, pois acredita que as experiências
motoras servem de ligação entre o cognitivo e o sócio-afetivo e estas são
indispensáveis para a formação do individuo.
Ainda de acordo com Gonçalves (2009, p. 21), entende-se a psicomotricidade
como “uma ciência que estuda o indivíduo por meio do seu movimento que exprime,
em sua realização, aspectos motores, afetivos e cognitivos, resultados da relação do
sujeito com seu meio social”. Para que uma criança se desenvolva bem em todos os
aspectos é preciso que desde cedo ela vivencie situações de brincadeiras, que
descubra seu corpo e seus limites, que brinque, imagine, explore tudo ao seu redor.
Barreto (2000) aponta que a psicomotricidade é se relacionar por meio da
ação do seu corpo e do seu movimento, levando em consideração a idade, a cultura
corporal, a maturação e os interesses da criança. Ele afirma que para aprender é
preciso a integração da mente com o corpo, e através do movimento consciente, ou
seja, a experiência, a criatividade, o domínio dos objetos, que se dá toda a
aprendizagem presente e futura.
A psicomotricidade, portanto, é a base para todas as futuras aprendizagens,
mas para que a criança se aproprie de seu corpo, ela deverá ser estimulada desde
cedo para que tome consciência de seu corpo de maneira integral, explorando
objetos, pessoas e espaços.
Existem muitos alunos que apresentam problemas ou dificuldades de
aprendizagem, por sua condição física, por limitações sensoriais ou déficits
intelectuais, mas também, há inúmeros casos de alunos que “não atingem as
expectativas de aprendizagem e avaliação da escola, em decorrência das condições
econômicas e culturais desfavoráveis que vivenciam, ou, ainda, pelo despreparo dos
profissionais da educação no trato das questões pedagógicas, as chamadas
dispedagogias”. (PARANÁ, 2006, p.37).
Pode-se neste sentido, enumerar muitos fatores que interferem na
aprendizagem e no desenvolvimento da criança, fatores internos e externos, desde
fatores orgânicos, a fatores emocionais e ambientais e um destes fatores está a falha
na educação psicomotora. Um exemplo é quando uma criança ainda não tem
consciência de seu próprio corpo ela poderá ter dificuldades de controle de equilíbrio
e de coordenação. Sobre isto Oliveira (1997) aborda:
Uma criança com grandes problemas de esquema corporal manifesta normalmente dificuldade de coordenação dos movimentos, apresentando uma certa lentidão que dificulta a realização de gestos harmoniosos simples – abotoar uma roupa, andar de bicicleta, jogar bola - por falta de domínio de seu corpo em ação. Elas as vezes, conseguem realizar alguns movimentos, mas, como não planejam seus gestos ao agir, desprendem tanto esforço nessas ações, que logo acabam desestimulando-se (OLIVEIRA, 1997, p. 61).
Sendo assim, devem-se propor caminhos que possam auxiliar tanto
educadores, buscando diferentes metodologias e novos recursos para trabalhar com
os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, trazendo os recursos da
psicomotricidade para a sala de aula como forma de educação e reeducação
psicomotora, dando oportunidade para que por meio de jogos e atividades lúdicas
possa ser desenvolvido ou aumentado todo o potencial do aluno, capacitando-o para
um melhor desenvolvimento e aproveitamento das aprendizagens escolares, quanto
educandos no sentido de sanar ou amenizar as dificuldades enfrentadas no decorrer
de sua vida acadêmica.
A reeducação psicomotora tem como o principal objetivo retomar ou resgatar
as atividades que não foram trabalhadas no momento certo, ou que ficaram em
defasagem. No entanto, é preciso haver harmonia entre o aspecto funcional e o
afetivo, pois eles caminham lado a lado e para que ocorra de forma harmoniosa é
preciso considerar vários aspectos, como a relação da criança com o adulto, o
ambiente em que ela está inserida, um ambiente prazeroso, acolhedor, faz com que
a criança tenha confiança em si mesma e consiga expandir-se, equilibrar-se, ter um
bom conhecimento e domínio de seu corpo.
Para tanto, os jogos e as brincadeiras que as crianças realizam são uma
preparação para uma aprendizagem posterior. Com eles a criança pode adquirir
noções de localização, lateralidade, orientação espaço temporal, noções de tempo,
duração de intervalos, sequência, orientação e ritmo, uma vez que os jogos trazem
momentos de alegria e diversão, além do aprendizado. Ajudam também no processo
de socialização, comunicação, construção do conhecimento, autonomia e o
desenvolvimento integral do indivíduo. (LE BOULCH, 1982).
Através da ludicidade as crianças desenvolvem seu corpo, seu ritmo, sua
atenção, concentração e fazem uso da imaginação. Wallon (1968) afirma que o jogo
é a atividade característica da criança, uma vez que este exige muita energia da
mesma, mas ao mesmo tempo proporciona lazer.
O jogo, portanto, é um recurso pedagógico muito importante na aprendizagem
e cabe ao professor criar situações favoráveis de estimulação de maneira que todas
as áreas como a psicomotricidade, a cognição, a afetividade e a linguagem estejam
interligadas.
A criança se sente bem no momento em que se desenvolve através de suas
experiências, da manipulação adequada de materiais que as rodeiam e das
oportunidades para se descobrir, mas para isso é necessário que suas necessidades
afetivas estejam satisfeitas.
Sabe-se que certos tipos de dificuldades de aprendizagem podem ser
amenizados ou até mesmo sanados ao usar o recurso da psicomotricidade, mas
para isso, é necessário um trabalho educativo que venha desenvolver as
potencialidades do educando, ou seja, uma educação e reeducação psicomotora de
base, utilizando-se de uma metodologia adequada às suas necessidades para
superação das dificuldades escolares.
Partindo desse pressuposto, o presente trabalho objetivou utilizar as
atividades psicomotoras através de atividades didáticas como os jogos e verificar sua
importância na prática pedagógica em Sala de Recursos Multifuncional Tipo I,
tornando-se um subsídio importante ao educador para melhorar o rendimento do
aluno com dificuldades de aprendizagem no contexto escolar.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A implementação do Projeto de intervenção pedagógica foi desenvolvido no
Colégio Estadual Presidente Vargas, município de Pinhal de são Bento PR numa
turma de Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, num total de três (03) alunos entre
dez a doze anos de idade.
A Sala de Recursos Multifuncional Tipo I é um atendimento educacional
especializado, que tem como natureza pedagógica complementar a escolarização de
alunos que apresentam deficiência intelectual, deficiência física neuromotora,
transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos
(PARANÁ, 2011). Este atendimento é ofertado pela Secretaria Estadual de Educação
do Paraná/Departamento de educação Especial, aos alunos com deficiência
Intelectual e Múltiplas Deficiências na rede regular de ensino e o encaminhamento
para a sala de recursos se dá a partir de uma avaliação psicoeducacional no
contexto escolar, enfocando aspectos relativos à aquisição da língua oral e escrita,
interpretação, produção de textos, sistemas de numeração, cálculos e outros, bem
como as áreas do desenvolvimento, considerando as habilidades adaptativas,
práticas sociais e conceituais.
Os três alunos participantes do estudo que frequentam a sala de recursos são
alunos que apresentam laudo neurológico especificamente relacionado a Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade, juntamente com Dislexia, sendo este um
transtorno de aprendizagem escolar na área da leitura (aluno 01);
Distúrbios de aprendizagem da leitura: Dislexia (aluno 02); Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade: TDAH (aluno 03).
Sobre o tema abordado, foram desenvolvidas as atividades psicomotoras que
envolvem as áreas da psicomotricidade como a coordenação global, fina e óculo-
manual, o esquema corporal e controle postural, a lateralidade, a orientação,
estruturação e percepção espaço-temporal e a discriminação visual e auditiva. As
atividades realizadas no trabalho seguiram a metodologia de acordo com Almeida
(2009), Lovisaro (2011), Gonçalves (2009), Queiroz e Martins (2002), Honora (2009),
Alves (2004), Gómez e Téran (2009), Jardini (2008) e o site Portal do Professor.
A aplicação das atividades foi desenvolvida na sala de aula destinada a Sala
de Recursos e nas dependências da escola conforme a necessidade de cada
atividade.
Também, juntamente com a implementação do projeto foi realizado o GTR-
Grupo de Trabalho em Rede, em ambiente virtual de aprendizagem, onde dezessete
professores da rede estadual de ensino participaram com discussões e reflexões
acerca da relevância do Projeto de Intervenção Pedagógica e a Produção Didático-
Pedagógica para as escolas públicas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Num primeiro momento, fez-se a apresentação da proposta aos professores,
equipe pedagógica e direção da escola, de acordo com orientação do PDE. Num
segundo momento, foram realizadas as atividades com os alunos que frequentam a
sala de Recursos Multifuncional Tipo I.
As atividades iniciaram-se com aplicação da história da “Família Silva” para
interação e socialização da turma com a professora. A história consistiu num texto
com 04 personagens, cada aluno recebia o nome de um personagem, bem com a
professora. Toda vez que se ouvia o nome do seu personagem, deveria se cumprir
uma tarefa (dar dois pulos para frente e dois passos para a direita, girar pelo lado
esquerdo, dar uma volta ao redor de um colega, pular num pé só, entre outros) e
toda vez que a professora falasse “Família Silva”, todos deveriam pular como “Saci”.
Nesta atividade, o principal objetivo foi a interação e socialização da turma com a
professora, havendo momentos de descontração e entusiasmo pela atividade, no
entanto, o aluno 01 não lembrava a atividade que era para fazer e os outros colegas
o ajudavam a lembrar. No geral, esta atividade foi bastante proveitosa e neste
momento, pode-se perceber a dificuldade dos alunos em relação à lateralidade, pois
não sabiam para qual lado deveriam pular, por exemplo, qual era o lado esquerdo e
qual era o lado direito. De acordo com Makishima e Zamproni (2014) pessoas com
dislexia podem apresentar dificuldade de identificação dos lados direito e esquerdo
ocasionando assim, problemas em atividades de leitura e escrita.
Segundo Oliveira (1997) o desenvolvimento da psicomotricidade se estrutura
nas seguintes áreas: Esquema Corporal; Coordenação Global, Fina e Óculo Manual;
Lateralidade; Estruturação Espacial e Estruturação Temporal, Discriminação Visual e
Auditiva. A seguir serão apresentados os resultados obtidos com as atividades
didáticas para cada área que compõe a psicomotricidade:
Esquema corporal
O corpo possui características próprias e através dele se estabelecem
relações com o mundo. Reconhecendo e nomeando as partes do corpo e as funções
que estas desempenham se descobre a si mesmo, por isso, conhecer e ter domínio
sobre o seu corpo significa ter maior habilidade para poder explorá-lo, distingui-lo e
diferenciá-lo (OLIVEIRA, 1997).
Para desenvolver o conhecimento do esquema corporal, usaram-se desenhos
de figuras humanas incompletas, onde os alunos teriam que completar com a
metade do eixo corporal faltante. Nesta atividade nenhum aluno apresentou
dificuldades para realizar a tarefa, no entanto, ao serem questionados sobre qual
parte faltava, se a direita ou a esquerda, houve segundos de silêncio e dificuldades
para responder. Em seguida, cada aluno deveria desenhar a si mesmo com todos os
detalhes, pedindo aos colegas a cor dos seus olhos, ou olhando-se no espelho.
Deveriam também, desembaralhar o nome das partes do corpo e organizar em seus
respectivos lugares. Os objetivos desta atividade foram alcançados e os alunos
demonstraram conhecimento sobre as partes do seu corpo, conseguindo finalizar a
atividade.
Para se desenvolver o esquema corporal é preciso que o corpo da criança
passe pela experiência, pelo uso que ela faz de seu próprio corpo e um recurso
importante para o desenvolvimento do esquema corporal é o uso do espelho, pois
através dele a criança descobre sua imagem refletida usando-o como fator de
reconhecimento de si, raciocinando e assim desenvolvendo seu esquema corporal
(OLIVEIRA, 1997).
Outra atividade desenvolvida foi ao som da música “cabeça, ombro, joelho e
pé”, quando em frente ao espelho, observassem sua própria imagem e tocassem em
diferentes partes do corpo ao som da música. Nesta atividade foi observado muita
dificuldade em gravar e tocar a sequência “olhos, ouvidos, boca e nariz”, e o aluno 01
apresentou grande dificuldade em realizar esta atividade, demonstrando uma
dificuldade de memória.
Com a proposta da brincadeira “seu mestre mandou”, todos deveriam
obedecer aos comandos, como cruzar as pernas, ajoelhar-se, pular num pé só, dar
dois passos para frente, dois passos para trás. Não foram observadas maiores
dificuldades na realização desta atividade.
Na proposta da atividade escrita, em que deveriam realizar uma produção
textual, onde os personagens principais seriam as partes do corpo e estas entrariam
em conflito umas com as outras se exigiu imaginação e criatividade por parte dos
alunos e no momento da elaboração do texto foi possível observar as dificuldades
como troca de letras simples como “v” por “f”, “p” por “b”, “d” por “t” e a omissão de
algumas letras em palavras como “então” por “etão”, “andar” por “adar”, bem como a
falta de ritmo na leitura e na escrita, omitindo sinais de pontuação. Esta atividade
exigiu maior concentração e esforço para ser realizada e também menos entusiasmo
por parte de dois dos participantes (alunos 01 e 03, respectivamente). Percebeu-se
que por encontrarem dificuldades na leitura e escrita não gostam e não se esforçam
para a realização de tal atividade, sendo necessário um estímulo a mais. De acordo
com Oliveira (1997) a criança disléxica tem dificuldade de escrever o que está
pensando, tornando sua mensagem incorreta e dificultando a compreensão de suas
ideias.
Para concluir as atividades para desenvolver o esquema corporal, foi entregue
aos alunos alguns acessórios como chapéus de palhaço, de bruxa, óculos grandes e
coloridos, echarpes e outros adereços para que em frente ao espelho, fantasiassem-
se e usassem a imaginação inventando histórias e personagens. Esta atividade foi
muito prazerosa e descontraída, onde os alunos puderam mostrar seu lado
imaginativo, sem pressão para realização de uma atividade e ao mesmo tempo
soltaram a imaginação e transformaram-se em príncipes, palhaços e outros
personagens. Durante a realização das atividades que trabalhavam o esquema
corporal, percebeu-se que os alunos conscientizaram-se sobre as partes do corpo,
porém um aluno (aluno 01) demonstrou não ter domínio sobre seu corpo nas
limitações do espaço, apresentando-se meio desajeitado e desastrado. Este aluno
apresenta dificuldade de aprendizagem escolar na área da leitura e também déficit
de atenção. De acordo com Makishima e Zamproni (2014) pessoas com dislexia
podem apresentar dificuldades de perceber-se e perceber o mundo a partir do seu
próprio corpo, ou seja, com sua imagem corporal.
Coordenação motora global, fina e óculo manual.
Para uma pessoa conseguir pegar e manipular objetos ela precisa de certas
habilidades como equilíbrio e domínio de seu gesto para se movimentar. Sendo
assim, ela precisa ter coordenação motora global, que se refere aos movimentos dos
membros superiores (braços, ombros, pescoço, cabeça) e membros inferiores
(pernas, pés, quadris). Depende da capacidade de equilíbrio postural e a partir deste
equilíbrio coordenando seus movimentos (andar, rolar, saltar, correr, arrastar-se,
sentar, lançar e pegar, entre outros), se conscientizando de seu corpo e de suas
posturas (OLIVEIRA, 1997).
A coordenação fina e a óculo manual ou viso motor, referem-se aos trabalhos
que são executados com as mãos e os dedos, relativo à destreza manual. E para
que haja uma boa coordenação motora fina é necessário também um controle ocular,
ou seja, a visão acompanhando os gestos da mão. É preciso ter o controle viso
motor para poder recortar, escrever, pintar, entre outros.
Para trabalhar a coordenação motora global, fina e óculo manual, foram
utilizadas cordas de vários tamanhos, onde os alunos puderam resgatar as
atividades infantis pulando corda. Eles pularam corda ao som de músicas e
respondiam aos comandos da música. Nesta atividade, nas primeiras tentativas, foi
possível observar a dificuldade em iniciar e ao pular, mas após várias tentativas
conseguiram entrar e sair com a corda sendo tocada. Um dos alunos (aluno 01)
apresentou grande dificuldade em pular, não sendo capaz de dar mais que cinco
pulos.
Em seguida, andaram sob a corda ora estendida, ora em zigue-zague, onde
foi possível observar a dificuldade na coordenação motora global. Pularam somente
com um pé, depois com o outro, por toda a extensão da corda e ao lado dela. Essa
atividade exigiu muito esforço por parte de um aluno (aluno 01), ele despendia de
toda sua força física para tentar pular e mesmo assim não conseguia manter-se com
um pé erguido por muitos segundos, já para os outros foi uma atividade mais
tranquila e muito prazerosa.
Para se trabalhar tonicidade e equilíbrio estático e dinâmico foi utilizado
pneus, onde ao sinal da professora todos deveriam correr ao redor dos pneus e parar
em pé sobre um deles, rolar, montar uma amarelinha e pular, andar sobre os pneus,
andar com um pé dentro do orifício do pneu e o outro fora e pular em um pé só.
Estas atividades foram bastante motivadoras e pode-se observar que um dos alunos
(aluno 01) dependia de um esforço maior para poder equilibrar-se no pneu ou pular
num pé só e até mesmo arrastar o pneu. Percebeu-se grande dificuldade no
equilíbrio, principalmente o equilíbrio estático e realização de movimentos precisos,
harmoniosos. Porém, após várias tentativas, foi possível observar um domínio maior
em relação ao equilíbrio.
Le Boulch (1982) afirma que os pneus são excelentes recursos para brincar e
com estes jogos é possível perceber o quanto de benefício físico as crianças
conseguem em se tratando de força e equilíbrio. Aos poucos as crianças aumentam
suas possibilidades de força e adquirem maiores habilidades para manusear os
pneus.
Para trabalhar a coordenação motora global, a atenção e agilidade, foi
utilizado o jogo do alfabeto silábico em MDF. Ao lado do cone, foi distribuído o
alfabeto silábico e cada participante deveria sair do ponto de partida, correr até o
cone e formar uma palavra com as letras disponíveis num determinado tempo
marcado pelo professor. Em seguida, a professora fez o registro das palavras na
lousa e os alunos registraram no caderno as palavras formadas, correções
necessárias foram realizadas e todos juntos inventaram uma história utilizando as
palavras formadas por eles. Percebeu-se nesta atividade um grande entusiasmo no
momento de formar as palavras e a competição entre os alunos, mas no momento de
registro e produção textual observou-se que os alunos precisavam de maior
motivação ou ajuda, já que estas atividades requerem maior concentração, atenção
e habilidade na escrita, mas todos participaram. Nesta atividade foi possível observar
dificuldades na escrita, no entanto, houve interação entre eles, pois mesmo sendo
uma competição, os colegas tentavam ajudar o seu adversário com as correções
ortográficas das palavras.
Para desenvolver a coordenação viso motora, utilizou-se de uma tabela com
figuras e sílabas, onde cada aluno deveria ler a tabela somente usando os olhos.
Várias atividades foram realizadas utilizando-se a tabela de símbolos e sílabas,
dentre elas, descobrir qual sílaba está sendo pedida por meio das coordenadas de
linha e colunas, por exemplo, A2, D5, H8; partindo de uma determinada silaba
descobrir qual sílaba está sendo pedida usando as noções espaciais em
cima/embaixo/direita/esquerda; nomear os desenhos da figura; ler uma sílaba e pular
a seguinte o mais rápido que pudesse. Nesta atividade foram trabalhadas também as
noções espaciais de: em cima, em baixo, direita e esquerda. A maior dificuldade
encontrada pelos alunos foi a localização das figuras e sílabas, uma vez que os
olhos ao buscarem as figuras e sílabas devem se mexer enquanto a cabeça
permanece fixa e isso tornou-se uma dificuldade para os alunos. Esta atividade foi
realizada com mais lentidão, porém maior tempo de concentração, atenção e
entusiasmo e todos conseguiram concluir a atividade.
Lateralidade
Diz respeito à preferência de um lado do corpo: direito ou esquerdo, onde o
lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e rapidez. A
lateralidade é função da dominância lateral, tendo um dos hemisférios a iniciativa da
organização do ato motor e o outro lado a função de apoio, de auxílio, mas os dois
funcionam de forma complementar.
Para trabalhar a lateralidade, as noções de espaço e tempo e também a
coordenação motora fina, desenvolveu-se a atividade de “ouvir sobre a história de
Pinhal de São Bento” e comentar sobre ela. Em seguida, foi proposta a construção
de uma maquete da cidade (centro e algumas quadras). Durante a construção foi
trabalhado a coordenação motora fina com uso de argila e massa corrida. Os alunos
mostraram habilidades manuais para trabalhar com esses materiais. As noções de
espaço e localização foram bastante exploradas nesta atividade, pois tiveram que
usar a memória para localizar-se no espaço. Para a construção das casas foi usado
materiais de sucata como caixinhas de medicamentos e outros. Os alunos pintaram
com tinta guache e colaram na maquete. Durante a construção percebeu-se a
dificuldade quanto à noção de espaço, pois um aluno (aluno 01) construiu sua casa
ocupando todo o espaço da quadra. Também, mostrou-se meio
desastrado/desajeitado, apresentando dificuldades ao abrir os potes de tinta e
manusear os pincéis. Após a construção da maquete, foi dado aos alunos um
boneco e um carrinho (de brinquedo) onde a professora pedia que se posicionassem
em uma rua qualquer e a partir daí dava comandos como: andar duas quadras e virar
a direita, por exemplo. Também foi trabalhada a localização de alguns pontos
específicos em relação à sua localização (onde o aluno estava naquele momento).
Esta atividade exigiu bastante esforço e concentração por parte dos alunos, mas em
nenhum momento sentiram-se desmotivados, ao contrário, percebeu-se grande
evolução na questão de lateralidade, bem como na memória, pois recontaram a
história para seus colegas exatamente como foi contada a eles.
Na atividade em que deveriam desenhar em uma folha em branco uma casa
no centro do papel, ao lado direito da casa, uma árvore, ao lado esquerdo da casa,
uma piscina e ao lado da piscina, um jardim, nesta atividade os alunos não
apresentaram maiores dificuldades.
Também foi trabalhado em frente ao espelho os seguintes comandos: mostrar
sua mão direita, com a mão direita tocar a orelha esquerda, com a mão esquerda
tocar o olho esquerdo, entre outros. Ao final das atividades, os alunos mostraram
maior domínio sobre lateralidade.
Oliveira (1997), afirma que a lateralidade é importante porque permite que a
criança faça uma relação entre as coisas que estão ao seu redor, e uma vez
conscientes dos lados direito e esquerdo de seu corpo está apta para localizar-se e
conhecer o espaço. Portanto, se uma pessoa não tem sua lateralidade bem
desenvolvida, poderá ter problemas na leitura e escrita, pois estas se realizam da
esquerda para a direita e também poderá ter dificuldades na discriminação das letras
como b/d, p/q.
As atividades desenvolvidas podem auxiliar nas noções espaciais e nas trocas
de letras com semelhança na escrita. Percebe-se também, que algumas
perturbações afetivas podem ocasionar reações de insucessos e falta de estímulo
em frequentar a escola, ocasionado baixa autoestima. Alunos com a autoestima
baixa dificilmente conseguirão apresentar um bom desempenho escolar e
entusiasmo para aprender.
Estruturação e orientação espaço-temporal
Refere-se ao domínio do próprio corpo em relação ao ambiente onde está
inserido. Conhecer o espaço significa conhecer além das dimensões físicas como
paredes, janelas e casas. A criança toma consciência do seu corpo em meio a um
ambiente, ou seja, se situar num lugar e se orientar em relação aos objetos. “Em
primeiro lugar, portanto, a criança percebe a posição de seu corpo no espaço.
Depois, a posição dos objetos em relação a si mesma e, por fim, aprende a perceber
as relações das posições dos objetos entre si” (OLIVEIRA, 1997, p. 75).
Para que a criança perceba a posição dos objetos no espaço é necessário que
ela tenha o seu corpo como ponto de referencia e através dos movimentos de seu
corpo poderá explorar tudo ao seu redor, num determinado tempo. Seus gestos e
movimentos vão se ajustando ao tempo e ao espaço e depois vai adquirindo
conceitos que lhe permitirão se movimentar livremente neste espaço e assim
assimilará noções de velocidade, de duração de atividades do seu dia-a-dia, entre
outras.
Para trabalhar a estruturação e orientação espaço temporal foi desenvolvido a
percepção visual com figura – fundo, que consiste em uma tabela com letras com
certa semelhança, mas invertidas: u/n; q/d onde os alunos deveriam pintar todas as
letras de uma cor e as outras de outra cor. Esta atividade exigiu muita atenção e
concentração por parte dos alunos. Em alguns momentos perdiam-se (como eles
diziam) e tinham que voltar a refazer, porém concluíram a atividade com melhor
aproveitamento.
Discriminação visual e auditiva
A discriminação visual refere-se aos movimentos oculares coordenados,
ritmados e orientados, que são necessários para a realização da leitura, mas para
isso é necessário que a criança aprenda a controlar o movimento de seus olhos de
tal forma que não precise colocar o dedo sobre a linha da qual está lendo. É preciso
dirigir os olhos para um determinado ponto para direcioná-lo para algum lugar.
A discriminação auditiva refere-se à capacidade do cérebro de receber,
processar e armazenar informações na memória. Se as informações forem
distorcidas, o cérebro também processará informações distorcidas, por isso os sons
deverão ser bem discriminados, uma vez que serão armazenados na memória
(OLIVEIRA, 1997).
Na atividade de discriminação visual e auditiva foi estimulada a linguagem por
meio da atenção e memória. Com uso de oito cartões nas diversas cores, os alunos
sentaram-se em círculo e os oito cartões foram dispostos no centro do grupo. Todos
observaram os cartões e a professora vendou um aluno e retirou um dos cartões. O
aluno já sem venda tentava descobrir e perceber qual cor estava faltando. Essa
atividade foi uma das mais simples, onde todos obtiveram o total de acertos. Porém
um dos alunos (aluno 01) demorou mais tempo para perceber a cor faltante.
Outra atividade para trabalhar discriminação visual e auditiva foi o “conflito no
cérebro”, onde o aluno teria que falar as cores e não as palavras de uma ficha com
os nomes das cores impressos em cores variadas. Esta atividade foi bastante
desafiadora para os alunos, principalmente porque queriam ser mais ágeis que os
colegas, mas acabaram errando e confundindo-se nas cores e palavras.
Foi realizada a atividade “morto-vivo” com troca de letras principalmente com v
e f, onde deveriam prestar atenção na frase elaborada pela professora e responder
ao comando. Foi possível perceber o uso frequente das trocas de letras, porém
depois de várias vezes sendo realizada a atividade, os alunos mostraram maior
domínio sobre a colocação das letras.
A atividade “Na Classe da Tia Suzy”, onde os alunos observavam o desenho
da classe e respondiam algumas questões como: Quantos alunos há na classe? Em
qual fila todas são meninas? Quem é canhoto? Quem perdeu os óculos? Entre
outras. A atividade apresentou-se bem desafiadora, onde foi possível observar a
demora em perceberem as características de cada aluno da “classe da tia Suzy”,
bem como insegurança nas respostas.
Por fim, foram trabalhados todos os elementos da psicomotricidade em uma
“maratona psicomotora”. Para esta atividade foram convidados os alunos do 6º ano,
mesma turma em que os alunos participantes do projeto frequentam na classe
comum, com intuito de verificar o comportamento e as destrezas destes alunos em
meio aos seus colegas da sala regular. Toda a turma participou com as atividades:
“estafeta do laço” com o objetivo de trabalhar a coordenação motora ampla e fina.
Foi utilizada fita vermelha e azul e dividida a turma em dois grupos formando fileiras.
Em frente de cada fileira um aluno ficava com o braço direito esticado e com uma fita
amarrada em seu braço. Ao sinal do professor o primeiro da fila iria até quem estava
na frente, desamarrava o laço e entregava a fita ao primeiro de sua fila,
posicionando-se ao final da fila.
A segunda atividade da maratona foi a “perna de lata” que tinha como objetivo
trabalhar equilíbrio, concentração e atenção. Foram utilizadas quatro latas, um prego
e barbante. As latas foram furadas nas laterais, passadas o barbante e dado um nó.
Foi traçado um caminho a ser percorrido e a turma foi dividida em duas fileiras onde
cada um na sua vez subiria na lata equilibrando-se e percorreria o caminho. Após
percorrer o caminho, o aluno se posicionava no final da fila esperando seus
companheiros concluir a prova.
A terceira atividade da maratona foi o “jogo das latas” com objetivo de
trabalhar a coordenação motora global através do arremesso, a coordenação viso
motora através do acerto ao alvo e domínio da lateralidade, usando dez latas
descartáveis empilhadas e uma bola de pano. Todos arremessaram as bolas até
derrubarem todas as latas.
A quarta atividade da maratona foi o “jogo dos lenços” com o objetivo de
trabalhar a percepção visual, auditiva, equilíbrio, ritmo, coordenação global e
memória. Com lenços de variadas cores e ao som de músicas de diferentes ritmos,
foi combinado que os alunos fariam movimentos previamente combinados como
pular, dançar na ponta dos pés, girar, dançar em duplas a cada cor de lenço
mostrado a eles.
A quinta e última atividade foi a “conclusão da maratona”, onde os alunos
divididos em dois grupos, formando fileiras deveriam chegar até a posição de uma
cadeira, vestir um paletó, um chapéu, um tênis e pegar uma bola, dar a volta por trás
da sua fileira, tirar tudo e voltar ao final da fila, para que seus companheiros
concluíssem também. Durante essas atividades percebeu-se que os três alunos da
sala de recursos multifuncionais tipo I, já estavam mais familiarizados com o
conteúdo e, portanto, desenvolveram as atividades com mais facilidade e agilidade
do que as primeiras atividades apresentadas no início da implementação do projeto.
Durante as atividades desenvolvidas, foi possível observar uma melhora na
interação social e uma melhora significativa na autoestima dos alunos em estudo,
pois se mostravam mais alegres, participativos e entusiasmados na realização de
todas as atividades propostas, contrariando a queixa dos professores na classe
comum que estes alunos não eram participativos e atrapalhavam o bom andamento
das aulas com conversas paralelas e inquietação constante. Por isso, segundo
Oliveira (1997) a importância do papel do professor ao criar situações de maior
interesse em sala de aula com materiais mais adequados e mais motivadores para
que os alunos percebam-se positivamente.
Foi possível observar também, um aumento de atenção em atividades
convencionais de leitura e escrita, na noção de espaço e domínio e conhecimento do
próprio corpo, tendo ele como ponto de referencia. Alunos mais motivados e
entusiasmados para as atividades escolares. Houve melhora também na oralidade,
no contar e recontar fatos e relatos.
Em conversa informal com os pais dos alunos participantes do projeto, os
mesmos relataram que seus filhos estavam mais entusiasmados e motivados para os
estudos durante o período de aplicação das atividades. Também foi possível
constatar que os professores das disciplinas relataram no conselho de classe que
observaram um melhora na autoestima e motivação por parte dos alunos durante o
período de aplicação do projeto, pois estes se mostraram mais atentos e
participativos nas aulas.
Por isso, a importância de buscar na ludicidade e no jogo, situações
facilitadoras de aprendizagem onde a criança tem a possibilidade de participar das
atividades com espontaneidade, tornando o aprendizado mais significativo.
Rossatto e Camargo (2010) em seus estudos também concluíram que as
atividades psicomotoras proporcionaram aos alunos conhecimento de si, de seu
corpo e do mundo que os cerca. E que a autoestima dos alunos melhora durante a
aplicação de atividades psicomotoras, tendo alunos mais confiantes na realização
das práticas pedagógicas.
Rodrigues e Nohama (2012) afirmam que a partir do momento que o professor
tenha consciência sobre a importância das atividades psicomotoras no processo de
ensino aprendizagem e propõe estas atividades, muitos problemas poderão ser
amenizados, pois as experiências corporais modificam o intelecto, a vida afetiva e as
ações motoras de um indivíduo.
Os resultados do presente trabalho reproduzem resultados identificados por
Oliveira (1997), onde a autora cita que as dificuldades encontradas na escrita como
troca de letras e escrita espelhada se devem em grande parte a problemas
psicomotores e que tais dificuldades podem ser diminuídas com uma reeducação
psicomotora especificamente na área da discriminação visual e auditiva. Uma criança
com dificuldade de aprendizagem facilmente pode apresentar déficit de percepção
visual e auditiva, na sua capacidade para responder, na memória, na organização
espacial, na lateralidade e estas áreas influenciam o desempenho na leitura e
também na escrita.
No presente trabalho foi possível perceber que a maioria das dificuldades de
aprendizagem englobam dificuldades nas áreas psicomotoras e não só de leitura e
escrita. Que muitas das dificuldades observadas poderiam ter sido amenizadas
usando o recurso da psicomotricidade na idade certa, ou seja, a idade anterior ou
durante a alfabetização seria a época mais adequada, e um dos recursos seria o uso
constante de jogos e materiais concretos.
A educação psicomotora, no entanto, pode ser preventiva na medida em que
dá condições para a criança se desenvolver melhor no seu ambiente. É vista
também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais
leve retardo motor até problemas mais sérios (OLIVEIRA, 1997).
Neste sentido, ainda segundo Oliveira (1997) a reeducação psicomotora tem
como principal objetivo retomar ou resgatar as vivências anteriores, as atividades ou
experiências que não foram trabalhadas no tempo certo ou vivenciadas, que não
foram superadas, seja por quais motivos forem, mas que em tempo hábil pode-se
resgatar.
Durante as atividades desenvolvidas no presente projeto, pode-se perceber
que atividades mais dinâmicas, com mais movimento, com mais ludicidade resgatou
nos alunos um novo desejo de reaprender os conteúdos escolares. No entanto,
observou-se também, que o tempo destinado às atividades propostas foi insuficiente,
uma vez que os alunos não sanaram as dificuldades na leitura e escrita, mas
apresentaram uma melhora no desempenho escolar, nas noções de espaço,
lateralidade, conhecimento de seu corpo, bem como na autoestima.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os alunos que frequentam a sala de recursos são alunos que já apresentam
certas dificuldades e trazem estas desde o inicio da alfabetização, portanto estão
cansados do mesmo trabalho por isso desmotivado e apresentando poucos
resultados no seu aprendizado.
A maioria das dificuldades de aprendizagem observadas englobaram
dificuldades nas áreas psicomotoras e não só de leitura e escrita. Foi possível
perceber que as atividades realizadas vieram ao encontro dos alunos que
frequentam a sala de recursos, pois estes demonstraram interesse em participar de
todas as atividades desenvolvidas bem como o aumento da autoestima, sendo esta
essencial para um bom desempenho escolar.
Concluiu-se que as atividades propostas para superação das dificuldades de
aprendizagem foram adequadas, considerando o público-alvo, no entanto, num curto
período de tempo houve uma melhora significativa na autoestima e alguns aspectos
como a consciência e domínio do próprio corpo, a lateralidade, as noções de espaço,
a discriminação visual e auditiva e uma melhora na leitura e escrita, porém quanto a
sanar as dificuldades de leitura e escrita presentes neste alunado, seria necessário
um tempo maior para a superação das dificuldades encontradas, provavelmente
devido aos transtornos por eles apresentadas como a Dislexia e Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade.
São notórios os benefícios e as vantagens que uma educação psicomotora
desenvolve no indivíduo, mas seria essencial que todos os educadores tivessem
uma visão de que o trabalho com as áreas da psicomotricidade deve acompanhar os
alunos na sua trajetória escolar e não somente ser trabalhado na educação infantil.
Para isso é preciso estar atento às dificuldades enfrentadas pelos alunos e
propor práticas pedagógicas diferenciadas onde se vivencie o mundo através do seu
corpo, portanto a mediação do professor deverá ser significativa no processo ensino
aprendizagem cabendo a ele proporcionar e criar situações favoráveis de
estimulação, de vivências corporais de maneira que todas as áreas como a
psicomotricidade, a cognição, a afetividade e a linguagem estejam interligadas.
Sendo assim, os exercícios psicomotores não devem ser realizados de forma
mecânica, mas associados a jogos, brincadeiras, atividades lúdicas em que se
priorizem a relação afetiva, a livre expressão e ainda o potencial de cada educando.
Após a oportunidade de realizar este trabalho, de pesquisar assiduamente
sobre as dificuldades de aprendizagem versus atividades psicomotoras, sonho que
este trabalho desperte em todos os educadores, sejam eles da educação infantil,
ensino fundamental ou ensino médio, o interesse de realizar mudanças em sua
prática pedagógica tornando suas aulas mais dinâmicas, prazerosas e com alunos
que queiram ir para escola e não que o simples fato de ir para a escola seja uma
obrigação.
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