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ARtigo sobre orquestras

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  • XXII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Joo Pessoa 2012

    Orquestras-escola e ensino coletivo

    Wilson Rogrio dos Santos UFBA [email protected]

    Resumo: Este trabalho trata das orquestras-escola e do ensino coletivo de instrumentos. Os objetivos foram: apresentar um panorama dos mtodos coletivos e ativos de ensino de msica, vincular a criao das orquestras-escola a estes mtodos; fazer propostas para seu desenvolvimento e sugerir uma bibliografia fundamental para interessados em realizar trabalhos deste tipo. Como fundamentao metodolgica foi utilizada uma abordagem qualitativa com questionrios, entrevistas e pesquisa bibliogrfica. Como resultado principal foi criado um conjunto de propostas destinadas a conduzir a formao e manuteno destes grupos. Palavras-chave: Educao musical, Ensino coletivo de instrumentos, Orquestras-escola

    School-Orchestra and Collective Teaching Abstract: This paper deals with the school orchestra. The objectives were: to present an overview of methods of collective and active methods of teaching music; link the creation of school-orchestras to these methods, to make proposals for its development and suggest a basic bibliography for those interested in creating or performing works of this kind. Methodological foundation was used as a qualitative approach using questionnaires, interviews and literature. As a main result has created a set of proposals (guidance) for driving the formation and maintenance of a school-orchestra. Keywords: Music education, Collective Teaching of Instruments, School-orchestras. 1. Introduo O ensino coletivo de msica vem sendo utilizado h muitos anos em diversos

    pases. A cada dia este sistema de ensino torna-se mais vivel e aceito por professores e

    alunos. Chegamos inclusive a perceber, com o passar do tempo, que muitos pedagogos

    inicialmente avessos a esta forma de ensino, perceberam suas vantagens e tornaram-se

    defensores e utilizadores desta pedagogia. O professor Adam Carse faz, no prefcio de seu

    livro The School Orchestra um depoimento entusiasmado sobre as orquestras-escola e por

    consequncia, sobre o ensino coletivo: Orquestras-escola no necessitam de defesa ou

    justificativa. No h treinamento melhor para o desenvolvimento de jovens instrumentistas...

    (CARSE, 1926: iii). Outros pedagogos como Joel Barbosa, Cristina Tourinho e Flvia

    Cruvinel tambm apresentam argumentos favorveis ao sistema e reconhecem os resultados

    alcanados com esta pedagogia. Joel Barbosa cita, por exemplo, a reduo da taxa de

    desistncia; entusiasmo dos alunos, maior facilidade no aprendizado dos alunos com menor

    talento, desenvolvimento da habilidade de tocar em conjunto (BARBOSA, 1996: 45). Flvia

    Cruvinel destaca vantagens como a melhora do estmulo e rendimento dos alunos, economia

    de esforos do professor, mudana (positiva) de atitude de professor e alunos, interao

    social, democratizao do ensino musical e transformao social (CRUVINEL, 2006: 5). A

    professora Cristina Tourinho afirma: Pode-se argumentar em favor do ensino coletivo que o

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  • XXII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Joo Pessoa 2012

    aprendizado se d pela observao e interao com outras pessoas, a exemplo de como se

    aprende a falar, a andar, a comer (TOURINHO, 2007: 2).

    O sistema de ensino coletivo de msica surgiu em meados do sculo XIX, sua

    criao deveu-se necessidade de melhor aproveitar os recursos disponveis e diminuir

    custos, atendendo mais alunos e, no caso dos primeiros exemplos do sistema, expandindo o

    mercado consumidor de instrumentos musicais. Guardadas as devidas propores estes

    motivos ainda so extremamente pertinentes e fundamentam a importncia deste processo

    pedaggico: praticidade, melhor aproveitamento de esforos do professor, rendimento do

    ensino e principalmente melhor relao custo-benefcio.

    Embora tenha uma aparncia moderna, a criao do sistema de ensino coletivo

    remonta ao sculo XIX, Enaldo de Oliveira cita em sua dissertao de mestrado o The

    Musical Academy, de Lewis A. Benjamin, mtodo que utiliza o ensino coletivo e que teve seu

    stimo volume editado em 1851 (nos EUA). Afirma ainda que em 1908 400.000 alunos de

    5.000 escolas britnicas estavam, efetivamente, tocando e estudando violino (OLIVEIRA,

    1998: 7). Posteriormente, a partir de 1923, foram criados, nos EUA, mtodos direcionados ao

    ensino de instrumentos de sopro e, como destaca Joel Barbosa, houve um crescimento

    significativo das bandas de msica no pas, mesmo sob fortes problemas de recesso: Em

    1923 havia entre 350 e 400 bandas escolares nos EUA e 30 delas, possivelmente 1.400

    estudantes participaram do primeiro concurso de mbito nacional. Em 1940 houve 1.949

    escolas participando do concurso nacional, envolvendo 57.373 estudantes (BARBOSA,

    1996: 43).

    A partir do incio do sculo XX muitos educadores procuraram solues

    pedaggicas para melhor desenvolver o ensino de msica, todos eles j so bastante

    conhecidos no meio da educao musical. Cabe ressaltar, entretanto, que alguns optaram pelo

    ensino da msica, transferindo o enfoque pedaggico do domnio de um instrumento para o

    desenvolvimento de outros componentes como a percepo, musicalidade e criatividade do

    aluno, utilizando outros meios que no o instrumento, como movimentos corporais (Dalcroze,

    Orff), palavra falada ou o canto (Orff, Kodly). At hoje suas metodologias so bastante

    utilizadas com resultados excelentes. Sua importncia reside no fato de quebrar conceitos

    preestabelecidos e propor uma nova e moderna tecnologia de educao. As principais

    mudanas na estrutura do ensino, tanto na Amrica do Norte como na Europa, transformaram

    o modo de transmisso de conhecimento, o enfoque pedaggico foi alterado e os mtodos que

    envolviam a simples repetio ou imitao perderam espao para aqueles que enfatizavam o

    desenvolvimento da capacidade de agir e pensar (SANTOS, 2001: 17).

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    Por outro lado, uma parte dos educadores optou por continuar utilizando a

    tradio de ensino de um instrumento musical como base de seu trabalho pedaggico.

    Fizeram isso sem deixar de aplicar as novas concepes de ensino e, por este motivo, criaram

    uma outra linha pedaggica que tambm privilegia o desenvolvimento da criatividade e

    musicalidade do aluno, s que desta vez, utilizando um instrumento musical como apoio para

    seu intento. Destacam-se neste grupo os professores Shinichi Suzuky, Samuel Applebaum e

    Paul Rolland. A proposta totalmente vinculada ao ensino coletivo de instrumentos e de

    msica e neste sentido tornam-se os pioneiros de uma outra onda de ensino coletivo, a partir

    dos meados do sculo XX. Estes mtodos, assim como os mtodos coletivos de ensino,

    apresentam novos elementos com relao ao desenvolvimento da musicalidade dos alunos,

    estimulando sua criatividade, percepo, expresso, habilidades e leitura a partir da prtica

    musical. Tambm permitem a socializao dos alunos, criando um perfil que se aproxima do

    construtivismo, pois os alunos mais adiantados, ou com mais facilidade, estabelecem relaes

    de cooperao e troca com os alunos iniciantes ou com maiores dificuldades.

    Os mtodos de Suzuki, Applebaum e Rolland aproximam-se muito das

    propostas de Dalcroze, Orff e Willems. Quanto a Kodly, estes mtodos agem na verdade

    como elemento de complementao, pois Kodly trabalha com a voz, enquanto Suzuki,

    Applebaum e Rolland com os instrumentos. Todos eles assumem a msica como uma

    linguagem e usam os instrumentos e a voz como seu meio de transmisso. Tambm usam o

    grupo como elemento bsico para desenvolver potencialidades individuais, utilizando o apoio

    dos familiares e procurando envolver a comunidade no processo pedaggico.

    Embora seja difcil falar do Brasil como um todo, pois as diferenas culturais e

    distncias geogrficas so continentais, podemos perceber dentro do meio musical que o

    ensino coletivo vem sendo a cada dia mais aceito e utilizado. Alguns exemplos de sucesso

    podem ser citados como o da Escola de Msica da Orquestra de Rio Claro, onde o ensino

    coletivo foi introduzido pelo maestro Pedro Bueno Cameron; da Orquestra de Cmara de

    Araras; da Orquestra de Cmara de Campinas; das Orquestras do Conservatrio Carlos

    Gomes; do Programa Integrao pela Msica em Vassouras - RJ; da Oficina de Cordas de So

    Jos dos Campos; dos projetos Banda Sinfnica de Nova Odessa e de Sumar coordenadas

    pelo maestro Mrcio Beltrami e de iniciativas de ensino coletivo registradas no Conservatrio

    de Tatu.

    Outras iniciativas prticas de ensino coletivo esto sendo realizadas dentro das

    universidades e demonstram como o setor acadmico est valorizando esta pedagogia.

    Exemplos podem ser citados como: o ensino coletivo de violo na Bahia (Oficinas de violo),

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  • XXII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Joo Pessoa 2012

    de sopros na Bahia (UFBA), o Projeto ACorda Toda na UNESP e o projeto Oficina de Cordas

    EMAC/UFG em Goinia.

    2. Problema da pesquisa

    O presente trabalho pretendeu oferecer uma contribuio para o estudo deste

    assunto. Ainda hoje, no Brasil, no so muitas as pesquisas relacionadas diretamente s

    orquestras-escola e ao ensino coletivo. evidente que somente por meio de pesquisas e da

    criao de novas orquestras e projetos de ensino se conseguir chegar ao domnio das tcnicas

    de trabalho e elevao da qualidade artstica dos grupos.

    Os objetivos do trabalho foram: apresentar um panorama dos mtodos coletivos

    de ensino; vincular a criao das orquestras-escola a estes mtodos; analisar a estrutura das

    orquestras-escola da regio de Campinas (SP), fazer propostas para seu desenvolvimento e

    sugerir uma bibliografia fundamental para possveis interessados em criar ou realizar

    trabalhos com estes grupos.

    3. Metodologia

    O trabalho desenvolvido foi qualitativo e descritivo. Qualitativo porque possui

    pelo menos trs caractersticas deste tipo de pesquisa, como definem Ldke & Andr

    (LUDKE; ANDR, 1986: 11-3): tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados, os

    dados coletados so predominantemente descritivos e a anlise dos dados tende a seguir um

    processo indutivo.

    Da mesma forma, o trabalho foi descritivo, porque os objetivos propostos se

    coadunam com as caractersticas deste tipo de pesquisa, que procura a obteno de dados

    sobre condies ou procedimentos, o estabelecimento de relaes sobre fatores ou condies e

    a determinao de progressos e mudanas (PHELPS, 1980: 199). A pesquisa descritiva

    tambm utilizada como forma de obter o conhecimento das condies atuais de um assunto.

    Onde estamos agora? De que ponto partimos? Estes dados podem ser obtidos atravs de uma

    descrio sistemtica e de uma anlise de todos os aspectos importantes da situao presente

    (BEST, 1972: 62). Finalmente a pesquisa descritiva pode apontar direes a seguir. Em que

    direo podemos ir? Que condies so desejveis ou se consideram como melhores? Como

    atingi-lo? (BEST, 1972: 62).

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    A categorizao, por si mesma, no esgota a anlise. preciso que o pesquisador v alm, ultrapasse a mera descrio, buscando realmente acrescentar algo discusso (...) para isso ele ter que fazer um esforo de abstrao, ultrapassando os dados, tentando estabelecer conexes e relaes que possibilitem novas explicaes e interpretaes (...). Esse acrscimo pode significar desde um conjunto de proposies bem concatenadas e relacionadas que configurem uma nova perspectiva terica at o simples levantamento de novas questes e questionamentos que precisaro ser mais sistematicamente explorados em estudos futuros (LUDKE, 1986: 49).

    Para obteno dos dados foram adotados os seguintes procedimentos: Entrevista

    semi-estruturada; com a finalidade de levantar dados sobre a estrutura e funcionamento das

    orquestras-escola. Observao estruturada direta, com a finalidade de realizar observaes

    acerca dos procedimentos de ensaio e de trabalho. Questionrio com questes abertas.

    Pesquisa bibliogrfica; com a finalidade de catalogar o material existente sobre o assunto.

    4. Resultados

    Nas concluses, a pesquisa procurou traar um panorama das inquietudes

    pedaggicas do final do sculo XIX e incio do sculo XX e das solues encontradas pelos

    educadores de ento, quando as principais mudanas na estrutura do ensino, tanto na Amrica

    do Norte, como na Europa, transformaram o modo de transmisso de conhecimento e

    alteraram o enfoque pedaggico que passou da simples repetio ou imitao para a nfase no

    desenvolvimento da capacidade de agir e pensar. Procurou mostrar como este ambiente

    propiciou o surgimento de novas ideias e concepes no ensino musical e posteriormente

    vinculou as ideias do ensino coletivo e das orquestras-escola base filosfica dos mtodos

    ativos de ensino de msica. Pretendeu-se com isso demonstrar que as orquestras-escola tm

    sua sustentao terica nestes mtodos e, por este motivo, so um caminho consistente,

    seguro e j trilhado, que permite o desenvolvimento do ensino musical de forma satisfatria.

    Foi possvel comprovar, por meio do questionrio e de entrevistas, que a influncia dos

    mtodos coletivos de ensino na criao da orquestras-escola estudadas foi marcante (69,5%),

    e que, atravs destes mtodos, as orquestras-escola obtm respaldo e embasamento para o

    trabalho, apoio tcnico e fundamentam seus objetivos e filosofia.

    A pesquisa tambm procurou apresentar um perfil dos conjuntos estudados,

    analisando e evidenciando suas caractersticas principais. Este levantamento foi o resultado de

    visitas, entrevistas e observaes, desta maneira foi possvel verificar a forma de trabalho das

    Orquestras-escola estudadas.

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  • XXII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Joo Pessoa 2012

    O material coletado possibilitou a confeco de um manual abordando diversos

    temas relacionados criao e manuteno das Orquestras-escola. Este Guia Prtico tratou

    de assuntos como: Infraestrutura do local, equipamentos, instrumentos e pessoal de apoio; da

    formao e instrumentao da orquestra; das questes relacionadas ao perfil do regente, ou

    condutor do grupo; de como cooptar e selecionar os msicos que integraro a orquestra; das

    questes de organizao do ensaio (sua preparao e realizao) e aspectos tcnicos

    relacionados a ele (afinao, equilbrio e sonoridade, dinmica, preciso rtmica e movimento

    conjunto). Foram abordadas tambm questes de relaes humanas, que se tornam

    fundamentais para a realizao de trabalhos deste tipo (esprito de equipe, motivao e

    disciplina); na questo das apresentaes foram consideradas a escolha do repertrio, a

    preparao e a divulgao dos concertos; aspectos tcnicos bsicos de cada famlia de

    instrumentos tambm foram considerados (cordas, sopros, percusso); alm de serem

    abordadas tcnicas bsicas de regncia: pulso, rea de trabalho, gesto preparatrio, esquemas

    bsicos de regncia para os compassos mais utilizados, exerccios bsicos para o

    desenvolvimento da tcnica e sugestes gerais voltadas a confeco de arranjos, substituies

    de instrumentos e adaptaes de partituras para serem executadas pelos grupos.

    Complementando o trabalho foi realizado um levantamento bibliogrfico que

    estudou vrias publicaes voltadas ao assunto e que podem trazer referncias e informaes

    importantes para os msicos que se dedicam formao de orquestras-escola, entre elas o

    livro The Administration of the school instrumental music de Nilo W. Hovey; as dissertaes

    de Dario Sotelo Calvo (Youth string orchestra) e de Enaldo de Oliveira (O Ensino coletivo

    dos instrumentos de corda) e as revistas The Instrumentalist, Weril e da Associao

    Americana de Professores de Cordas (American String Teachers).

    5. Concluso

    As orquestras-escola analisadas neste trabalho constituem um importante ncleo

    de realizao musical, ainda pouco explorado pelo setor cultural do Brasil. Geralmente, a elas,

    d-se pouca importncia. Adotar este procedimento perpetrar um engano, que prejudica o

    desenvolvimento cultural, musical e at econmico do Pas. Felizmente este quadro vem

    sendo alterado. A orquestra-escola fonte de produo cultural que atinge as mais diversas

    camadas da sociedade, fonte de educao, fonte de sustento para os professores e maestros

    que trabalham nestes grupos, elemento gerador de alternativa profissional para seus alunos,

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  • XXII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Joo Pessoa 2012

    e , principalmente, espao de convvio social, onde pessoas de diferentes raas, credos e

    classes sociais desenvolvem suas atividades em busca de um objetivo comum.

    Referncias: BARBOSA, Joel Luis. Considerando a viabilidade de inserir msica instrumental no ensino de primeiro grau. Revista da ABEM. Salvador, n.3, 39-49, 1996. BEST, John W. Como investigar en educacion. 2.ed. Madrid: Morata, 1972. CALVO, Dario Sotelo. Youth string orchestras: a comparative study between Great Britain and Brazil with a proposals for their development. London, 1992. 100f. Dissertao (Mestrado em Artes). City University. CARSE, Adam. The school orchestra: organization, training and repertoire. London: Joseph Williams, 1926. CRUVINEL, Flvia Maria. O Ensino coletivo de instrumento musical: uma alternativa para a educao musical ativa e transformadora por um mundo melhor. In: ENCONTRO REGIONAL DA ABEM, 6o. , 2006, Goinia. Anais. Goiania: Universidade Federal de Gois, 2006. p. 105-113. HOVEY, Nilo W. The administration of school instrumental music: a handbook for the beginning teacher and the teacher in training. Rockville Centre, L. I., N.Y.: Belwin, 1952. LDKE, Hermengarda; ANDR, Marli E. D. A. Pesquisa em educao: Abordagens qualitativas. So Paulo: Ed. Pedaggica e Universitria, 1986. OLIVEIRA, Enaldo de. O ensino coletivo dos instrumentos de corda: reflexo e prtica. So Paulo, 1998. 202f. Dissertao (Mestrado em Musicologia). Universidade de So Paulo. PHELPS, Roger P. A guide to research in music education. 2.ed. New Jersey and London: The Scarecrow, 1980. SANTOS, W. Rogrio dos. Orquestras-escola; estudo e reflexo. So Paulo, 2001. 190f. Dissertao (Mestrado em Artes Msica). Universidade Estadual Paulista. TOURINHO, Ana Cristina. Ensino coletivo de instrumentos musicais crenas, mitos, princpios e um pouco de histria. In: ENCONTRO NACIONAL DA ABEM e CONGRESSO REGIONAL DA ISME NA AMRICA LATINA, 16o., 2007, Campo Grande. Anais. Campo Grande: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 2007. 8p. Disponvel em . Acesso em 24/06/2012.

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