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COMO ELABORAR PROJETOS Belo Horizonte – MG 2014 0

Orientação de projetos

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Page 1: Orientação de projetos

COMO ELABORAR PROJETOS

Belo Horizonte – MG

2014

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SUMÁRIO

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PáginaApresentação 02

O projeto sob o enfoque construtivo 03

O que é um projeto educacional 03

Plano de projeto 04

Planejamento de projeto orientado pelo escopo Escopo do projeto 04

Plano de ação 07Plano de monitoramento e avaliação 08

Resumo da apresentação do plano de projeto 09

Exemplos de Projetos 10

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Apresentação

Este documento norteador para elaboração de projetos visa auxiliar os Coordenadores do Programa Reinventando o Ensino Médio - REM - na construção de projetos na escola, atendendo aos compromissos pedagógicos que o programa se propõe realizar.

É de suma importância a leitura de todo o texto, observando os componentes indispensáveis do projeto. Para facilitar o entendimento, estamos utilizando modelo para exemplificar os itens do projeto. O modelo sugerido é o de Skopos que será apresentado, detalhado e explicado neste documento. Esperamos que ele possa auxiliar você, Coordenador(a) do REM e o seu grupo de professores e alunos a elaborar um projeto, considerando a situação geradora ou problema que fundamentará a justificativa, a escolha da área temática e da ferramenta, para que sejam alcançados os resultados esperados.

Lembramos que um plano de projeto bem-feito é a metade do caminho para se alcançar êxito na elaboração do projeto completo!

Desejamos sucesso a todos!Equipe NAPEM Central

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O Projeto sob o enfoque construtivo

Ao implantar o Reinventando o Ensino Médio, a escola deve assumir o compromisso de modificar a sua prática educativa, tendo os jovens do ensino médio como ponto central. Estamos denominando de mudança da prática educativa um acolhimento aos jovens por parte dos educadoares, especialistas e direção, construindo relações melhor estruturadas, com um novo olhar que enxerga esse aluno como sujeito na construção de sua própria história.

Para que essa mudança efetivamente ocorra, é necessário mais que a vontade de mudar e acertar, é necessário o investimento na formação tanto de alunos quanto de professores, para colocá-los em sintonia e em equiparação de idéias, valores e posturas. Esse aprender junto, entre alunos e professores, conhecendo seus limites e pontencialidades, nós estamos chamando de processo construtivo.

O REM surge como uma política pública que visa atender às necessidades dos educandos na construção de sua identidade como pessoa e como cidadão, visando à redução nos índices de evasão/abandono, distorção série/idade e a continuação de seus estudos. O Reinventando é inspirado numa visão de mundo, de pessoa e educação que propõe uma postura ética de compromisso com a formação integral do educando.

O que é um projeto educacional?

Um projeto educacional deve pautar-se no desafio de se oferecer um ensino de mais qualidade aos alunos. Para isso, deve ser identificado qual o problema ou situação geradora que precisa ser melhorado.

Todo projeto, independente de ser educacional ou não, parte de uma situação geradora e uma solução para melhorar tal situação; nesse caso, a situação é o problema e no corpo do projeto estão descritas as ações que juntas ajudarão na sua solução.

Projeto educacional é um empreendimento de duração finita, com objetivos claramente definidos em função de problemas, oportunidades, necessidades, desafios ou interesses de um sistema educacional, de um educador ou grupo de educadores, com a finalidade de planejar, coordenar e executar ações voltadas para melhoria de processos educativos e de formação humana, em seus diferentes níveis e contextos (MOURA, D. G. e BARBOSA, E., 2004, p. 7)”.

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Todo projeto tem em vista a produção de algo novo, diferenciando-se das atividades de rotina.

O modelo adotado nessa proposta é orientado pelo modelo de skopos ou escopo, que é dividido em escopo, plano de ação e plano de monitoramento. O passo a passo será apresentado a seguir. Plano de Projeto

É um documento que apresenta, de forma completa e organizada, toda a concepção, fundamentação, planejamento e meios de monitoramento e avaliação do projeto. Um pressuposto do modelo é ter entendimento sobre o que deve ser feito e clareza sobre os motivos e as finalidades para se fazer o que se pretende é condição indispensável para a efetivação do projeto.

Se quisermos realizar um bom projeto, devemos elaborar um bom plano de projeto.

Planejamento de projeto orientado pelo escopo

Para que o projeto seja considerado como modelo skopos, deve contemplar os itens apresentados a seguir:

Escopo Plano de ação Plano de monitoramento e avaliação

1. Escopo do Projeto:

a) Definição: expressa a essência ou identidade do projeto. É o conjunto de realizações que se pretende efetivar para o alcance de determinados resultados.

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b) Elementos que constituem o escopo do projeto: a definição do problema ou situação geradora do projeto. A justificativa na qual deve estar expresso o porquê da existência desse projeto, da área temática e as estratégias ou ferramentas que serão realizadas para que os resultados descritos sejam alcançados.

Definição do problema ou situação geradora do projeto: Projetos nascem a partir de problemas, necessidades, oportunidades, aspirações e desafios de um indivíduo, coletividade ou instituição. Um problema ou situação é relevante em si mesma para justificar o projeto. O problema gerador ou a situação geradora do projeto depende da visão do grupo, do que ele valoriza para a proposição de um projeto. A definição do problema determina a maneira como ele será equacionado, sendo fator decisivo nas etapas seguintes do desenvolvimento do projeto. Os problemas, necessidades e aspirações geralmente representam a distância entre uma situação ideal e a situação real desejada.

Um problema bem colocado é a metade de sua solução.

Justificativa do projeto: A dimensão e a complexidade da justificativa depende do tipo, contexto e complexidade do projeto. Em alguns casos, a apresentação clara da situação geradora do projeto é suficiente para justificar sua realização. Nos projetos em que o problema gerador é complexo e pouco conhecido, há necessidade de uma justificativa abrangente e bem fundamentada, que seja convincente para justificar a proposta de projeto. Elementos de fundamentação: apresentação, histórico, descrição do contexto, diagnóstico situacional. A justificativa deve se fundamentar nos aspectos mencionados na situação geradora. Ela deve ser redigida de forma concisa, objetiva e clara.

Definição dos objetivos geral e específicos do projeto: Um objetivo é a expressão de um propósito, intenção ou fim que se deseja alcançar por meio da realização de um projeto:

Objetivo Geral é uma declaração de caráter geral e abrangente que expressa a intenção de resolver o problema ou a necessidade que está descrita na situação geradora do projeto. Indica a intenção de oferecer uma solução para o problema gerador, que é o seu inverso.

Objetivo Específico é uma declaração de caráter bem definido sobre o que se pretende realizar para alcançar aquilo que está expresso no objetivo geral. Cada

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objetivo específico representa uma proposta de solução para a realização de um propósito mais amplo, expresso no objetivo geral. Aspectos a serem considerados na formulação de objetivos: clareza e exequibilidade; viabilidade com os recursos disponíveis; efeitos observáveis: devem permitir a avaliação dos efeitos ou resultados a eles associados, consensualidade: deve ser compartilhada pelos envolvidos no projeto, uso de verbos adequados.

Resultados e impactos esperados com a realização do projeto:

Os impactos do projeto estão relacionados com o objetivo geral. Os resultados do projeto estão relacionados com os objetivos específicos. Os impactos e resultados são conseqüências do projeto desenvolvido. Não temos

controle direto e imediato sobre eles. Os resultados informam sobre a ocorrência de mudanças, melhoria de desempenho, solução de problemas, aumento de eficiência que indicam progresso na realização dos objetivos do projeto. Os resultados esperados são definidos no momento da elaboração do escopo do projeto e os produtos e serviços juntamente com as ações, atividades e tarefas correspondentes são detalhados no momento da elaboração do plano de ação.

Os produtos e serviços traduzem as ações programadas e desenvolvidas no processo de execução do projeto. Temos controle direto sobre eles. Os produtos representam o trabalho realizado e, por si só, não garantem o alcance dos resultados esperados.

Abrangência do projeto: Conjunto de características que definem o tamanho ou amplitude do projeto em termos de público-alvo, pessoas envolvidas na sua

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Verbos com forte poder de expressão indicam claramente o resultado esperado

Verbos fortes: desenvolver, verificar, analisar, aumentar, descrever, aplicar, implementar,

comparar, executar, reestruturar, dinamizar, revitalizar....

Verbos fracos: contribuir, estimular, propiciar, promover etc. Esses verbos podem ser

usados no objetivo geral do projeto.

Uma única intenção por objetivo: facilita a definição de estratégia de implementação e

avaliação.

Sintaxe: verbo + objeto + contexto.

O objetivo específico deverá expressar o que deverá ser feito - ação (verbo) + sobre que

elementos da realidade (objeto, pessoa, instituição, conteúdo) + em que condições

(contexto).

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execução, e extensão da área de atuação do projeto – área de atuação geográfica ou amplitude das realizações pretendidas com o projeto. As informações expressas na abrangência do projeto são detalhadas na elaboração do plano de ação.

2. Plano de Ação

a) Definição: conjunto estruturado de procedimentos e recursos que serão mobilizados para a execução daquilo que foi expresso no escopo do projeto. Especificação de ações, atividades, tarefas e recursos encadeados no tempo e no espaço, de modo a maximizar a eficiência da realização dos objetivos do projeto.

b) Elementos do plano de ação: detalhamento das grandes ações em atividades e tarefas, estimativa de prazos, estimativa de custos e recursos, rede de tarefas, cronograma.

A elaboração do Plano de Ação, que integra o Plano de Projeto, depende do que foi estabelecido no Escopo do Projeto. Não é possível pensar na construção de um caminho (plano de ação) sem saber exatamente onde se está (situação geradora), nem onde se quer chegar (objetivos e resultados esperados do projeto). O Plano de Ação é uma espécie de mapa do caminho a ser percorrido em todo o percurso do projeto.

Assim, o Plano de Ação é um documento que apresenta, de forma estruturada, os procedimentos e recursos que serão mobilizados para a execução daquilo que foi expresso no escopo do projeto, em especial a realização de seus objetivos e resultados esperados. Especifica atividades, tarefas e recursos logicamente encadeados no tempo, tendo em vista a realização eficiente e efetiva dos objetivos e resultados esperados.

c) Questões a que o Plano de Ação responde:

Quais atividades serão necessárias para que sejam alcançados os objetivos e resultados esperados?

Quando as atividades serão desenvolvidas? Quem serão os responsáveis pela execução das atividades? Quanto custará cada atividade? Que produtos serão gerados com a realização das atividades? Que recursos serão necessários (materiais, humanos etc.)?

Planos de ação são de natureza dinâmica, podendo sofrer alterações ao

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longo da execução. A ação gerencial de controle existe para isso.

d) Objetivo x ação x atividade x tarefa

Um objetivo expressa algo que se pretende realizar no desenvolvimento de um projeto, para o alcance de fins mais amplos. Exemplo: Implantar a Metodologia de Projetos como recurso pedagógico na formação de competências no ensino médio.

Uma ação indica a ocorrência de um conjunto de atividades ou uma sequência de acontecimentos que resultam em modificação significativa no desenvolvimento do projeto, concorrendo para a realização de seus objetivos. Exemplo: Capacitação de professores para atividades pedagógicas envolvendo a Metodologia de Projetos no ensino médio.

Uma atividade indica a realização de trabalhos específicos, compostos por um conjunto de tarefas. Geralmente tem uma complexidade que ainda requer mais detalhamento para ser atribuída a uma pessoa ou grupo de pessoas. Exemplo: Realização de curso de aperfeiçoamento em planejamento e gestão de projetos para professores da escola; organização e implementação de grupos de estudos em metodologia de projetos.

Uma tarefa é a descrição de um trabalho específico a ser executado, sendo de menor complexidade. Exemplo: Contratação da instituição que oferecerá o Curso sobre Projetos; elaboração do questionário de avaliação para ser distribuído ao final do curso, etc.

3. Plano de Monitorameno e Avaliação

Definição: é um documento que apresenta, de forma estruturada, todos os procedimentos necessários ao monitoramento e avaliação sistemática da execução do projeto e dos seus resultados:

Como verificar se o projeto está sendo executado conforme planejado? Como serão obtidos dados sobre o andamento e os resultados do projeto? Que medidas serão adotadas para assegurar o seu sucesso?

Elementos do plano de monitoramento e avaliação:

Matriz de resultados e produtos Planilha de procedimentos de monitoramento Planilha de procedimentos de avaliação.

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Resumo da apresentação do plano de projeto

São itens indispensáveis de um plano de projeto:

Dados de identificação: na identificação do projeto são inprescindíveis:

apresentação do título do projeto nome do coordenador e dos participantes nome da escola com o código Superintendência Regional de Ensino que a escola é jurisdicionada quantitativo de alunos e professores diretamente e indiretamente envolvidos no

projeto.

Escopo - deve conter os seguintes itens:

situação geradora e justificativa objetivo geral e objetivos específicos resultados esperados abrangência

Plano de ação – deve discriminar os seguintes ítens:

ações/atividades e tarefas/responsáveis pelas atividades/ prazos/ recursos humanos e materiais/parcerias

cronograma geral do projeto: ações/atividades no ano/meses planilhas de custos: despesas correntes (material de consumo/serviços de terceiros) e

despesas de capital (material permanente)

Plano de monitoramento e avaliação – deve prever como, quando e quais pessoas serão responsáveis pelos seguintes itens:

planilha de procedimentos de monitoramento: ação/ atividades e tarefas / produtos e serviços/meios de verificação/fonte de obtenção/período de obtenção/responsáveis pela verificação.

planilha de procedimentos de avaliação: resultados esperados/indicadores de resultados/instrumentos de coleta de dados/fonte de obtenção dos dados/ período de obtenção/responsáveis pela verificação.

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Sugestões de projetos:

Exemplo 1 - Tema: Drogas , sexualidade e educação ética.

Situação geradora: Necessidade de elaborar e implementar um plano de estudos sobre a formação ética do adolescente e do jovem, com ênfase na educação sexual e na prevenção ao uso de drogas, tendo em vista uma atuação docente mais sintonizada com o apoio aos jovens na construção de projetos de vida dignos e responsáveis.

Objetivo Geral: Tornar o grupo melhor preparado para a compreensão e desenvolvimento de um programa de formação ética na escola, com enfoque especial em drogas, sexualidade e construção de projeto de vida.

Objetivos Específicos: Elaborar e implementar um plano de estudos envolvendo reflexões sobre a formação ética do adolescente e do jovem, na perspectiva da construção de projetos de vida dignos e responsáveis, com foco especial na educação sexual e na prevenção ao uso de drogas; elaborar e implementar uma proposta de educação ética para a Escola, envolvendo alunos e professores no desenvolvimento de projetos de efetivo protagonismo social nas questões da juventude local.

Contexto/Justificativa: A formação da identidade dos jovens no mundo atual se dá numa realidade perpassada por valores divergentes, uma vez que estão permanentemente expostos a informações e experiências que servem a diferentes interesses e códigos morais, exigindo deles, cada vez mais discernimento. Convivendo diariamente com os jovens, percebe-se o quanto são afetados pela falta de segurança contra o tráfico de drogas (que toma conta das escolas), pela prostituição e por outros crimes que acabaram se tornando fonte de renda certa e rápida para os nossos adolescentes. O espaço escolar reúne, diariamente, jovens das mais diferentes famílias e regiões, dando lugar a uma significativa troca de influências e construção/reconstrução de valores. E a escola precisa apropriar-se intencionalmente desse tempo para criar novas condições educativas para o jovem.

O grupo sente necessidade de se preparar para trabalhar as questões da sexualidade e da prevenção da droga na escola, por reconhecer a força da presença dessas temáticas entre os jovens e por considerar que a escola ainda constitui um espaço de vida grupal significativo para a sua formação. A intenção, num primeiro momento, é produzir conhecimentos sobre as temáticas selecionadas, desenvolvendo estudos teóricos e buscando contatos com outros grupos e organizações que desenvolvem estudos ou práticas educativas nesse campo. Em seguida, o grupo, subsidiado pelos novos saberes adquiridos, pretende elaborar e implementar uma proposta de ação em consonância com a nossa realidade.

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Esse projeto é relevante por inúmeras razões:

Resgate da formação ética como finalidade explícita da escola; Resgate da autoestima de alunos e professores, pelo canal que abre para novas

formas de convivência; Instrumentalização dos professores envolvidos, em termos teóricos e metodológicos,

para atuar com valores no campo da educação.

Exemplo 2 - Tema: Projeto Jacaraípe : orientação , integração e amizade.

Situação geradora: Necessidade do desenvolvimento de estudos, elaboração e implementação de um programa de ações cooperativas entre um conjunto de escolas e outras instituições e uma região de Jacaraípe, tendo em vista o desenvolvimento social e cultural da juventude local.

Justificativa: Crescendo numa sociedade em que as relações de convivência ficam cada vez mais marcadas por apelos ao consumo e ao sucesso individual, os jovens, mesmo nas cidades menores, tendem a viver em pequenos grupos, constituídos na escola ou no local onde residem, tendo pouca experiência de relações sociais comunitárias. Esse isolamento social (paradoxal à globalização cultural) é motivo de preocupação de muitos pais e educadores, por suas repercussões negativas na formação da identidade dos jovens. Por outro lado, o tempo escolar se prolonga cada vez mais na sociedade moderna, jogando o jovem numa espécie de “moratória social”, como costuma dizer Antonio Carlos Gomes, educador que luta pelo protagonismo juvenil como uma possível resposta a muitos problemas educacionais da juventude atual.

Essas razões levaram o grupo a pensar na importância do desenvolvimento de um trabalho escolar cooperativo e mais integrado à vida social. Fazer com que as escolas do bairro Jacaraípe se integrem em um projeto social situado para além de seus muros e passem a estabelecer uma relação mais estreita e proveitosa entre si e com outras instituições da comunidade próxima é o que motiva o grupo a desenvolver esse projeto.

Com essa iniciativa, esperamos promover o estabelecimento de uma rede de relações e parcerias fundamentais ao desenvolvimento de um trabalho escolar integrado à vida do bairro, tendo em vista a inserção dos jovens em espaços de efetivo protagonismo na vida social. Portanto, o projeto visa instituir relações de cooperação, integração e amizade na região envolvida, recorrendo para isso ao desenvolvimento de atividades culturais e produtivas capazes de agregar os jovens hoje dispersos em grupos que, muitas vezes, se antagonizam. Acreditamos que a oportunidade de aprender uma atividade produtiva e de

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participar de atividades socioculturais coletivas, independentemente da escola em que se estuda ou da parte da região em que se vive, pode ser um espaço promissor de integração da juventude local.

Pretendemos organizar, por meio de parcerias interinstitucionais, e com a efetiva participação dos jovens na condução das ações, atividades culturais como gincanas, festivais, torneios, bem como atividades socioeducativas envolvendo o trabalho e o estudo cooperativo entre os próprios jovens. Entre essas atividades, incluímos as seguintes possibilidades: oficinas de artes, oficinas de capacitação, oficina de corte e costura, aprendizado básico de cabeleireiro, cursos preparatórios para vestibular em escolas técnicas federais e em outras, aulas de reforço monitoradas pelos próprios alunos (de séries mais adiantadas ou da mesma série, da mesma escola ou de outras escolas) etc.

A elaboração dessa proposta exigirá uma compreensão mais aprofundada do protagonismo juvenil e das relações cooperativas entre instituições, o que demanda um período inicial de estudos a ser incluído no corpo da proposta. Acreditamos que esse projeto é relevante por instituir um espaço de aprendizagem da convivência democrática e cooperativa entre os jovens e entre as diversas instituições sociais locais, o que poderá trazer reflexos positivos para a convivência social na escola, na família e na comunidade em geral. Seus resultados poderão expandir-se para outras regiões, redundando na busca de novas formas de convivência.

Objetivo geral: Tornar o grupo melhor preparado para planejar e desenvolver um trabalho escolar cooperativo e de parceria institucional, tendo em vista o protagonismo social dos jovens na vida do bairro.

Objetivos específicos: Elaborar e desenvolver uma proposta de estudos e análise de experiência educativas relacionadas com as temáticas envolvidas no projeto; elaborar e implementar um programa de atividades socioculturais envolvendo parcerias com outras escolas e instituições locais.

Exemplo 3 – Tema: O jovem como agente de transformação da comunidade: inclusão digital, educação e cidadania.

Justificativa: Com a chegada dos primeiros computadores à nossa escola, enviados pela SEE, causou uma grande agitação e alimentou a esperança de que tudo iria mudar. Com a instalação do laboratório de informática, acreditávamos que a qualidade do ensino seria outra: novas práticas pedagógicas, novas experiências e novas possibilidades se abririam. Finalmente pudemos sentir que estávamos no séc. XXI preparados para enfrentar os desafios e exigências que a vida contemporânea apresenta à educação pública. Grande engano! Todos ficaram frustrados porque, ao final, ninguém se beneficiou (ou alguns se

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beneficiaram muito pouco) dos investimentos realizados na escola para instalar toda aquela parafernália tecnológica.

A comunidade ficou frustrada porque a escola permaneceu (olimpicamente) do mesmo modo que sempre foi, mantendo a sua prática educativa desestimulante e imune à influência desses novos recursos e cega às possibilidades pedagógicas que as novas tecnologias oferecem. Os alunos, talvez os mais entusiasmados com a chegada dos computadores, foram também os que mais se desiludiram. O seu interesse e, principalmente, a facilidade com que manipulavam esses equipamentos e dominavam a lógica do seu funcionamento foram percebidos pelos professores mais como uma ameaça à sua posição de quem é “senhor absoluto de todo conhecimento” do que como estímulo à vivência de novas experiências e novas aprendizagens.

Os professores ficaram frustrados porque viveram a ilusão de que, para mudar o ensino, bastava melhorar os meios à sua disposição. Hoje sabemos que não basta selecionar os melhores recursos didáticos se os próprios professores não mudam. O que realmente conta e faz a diferença é investir nas pessoas: só elas podem, se estiverem preparadas e motivadas, fazer um uso inteligente e inovador dos meios ao seu alcance.

Hoje, de maneira mais clara que antes, sentimos que o fato de estar conectado ou não a uma rede é, cada vez mais, um fator relevante na diferença entre “poder transformar-se” e “manter tudo do mesmo jeito”. E, para uma escola pública mineira, ser capaz de transformar-se é condição indispensável para que a educação possa contribuir decisivamente para a superação do histórico quadro de desigualdade e de exclusão social que tem marcado o nosso Estado.

Sabemos que os recursos tecnológicos, por mais sofisticados que sejam, não são capazes, por si só, de promover mudanças substanciais na área educacional e que a mera utilização de novas tecnologias na escola não implica o surgimento de novas concepções e práticas pedagógicas e a transformação da cultura educacional da instituição.

Nessa perspectiva, a tecnologia educacional deve-se adequar às necessidades dessa concepção de educação, colocando-se inteiramente a serviço de seus objetivos, nunca os determinando. Queremos colocar sob exame o modelo atual de ensino e enfrentar o desafio de inovar, seja pela incorporação de novos referenciais teóricos à prática pedagógica, seja por favorecer a adoção de nova visão do processo de aprendizagem.

As circunstâncias que moldam a vida na nossa comunidade, nos dias de hoje, requerem uma educação cuja essência em muito se distancia, qualitativamente, do saber enciclopédico e memorizador que o passado consagrara. Tais circunstâncias requerem uma educação para todos – para todas as pessoas e para cada pessoa como um todo – que não

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exclua qualquer segmento social e que acompanhe cada pessoa a vida inteira, abrindo novas perspectivas de vida e de ação na vida social e transformando-a para que possa transformar a sua realidade.

Essa educação tem a ver, fundamentalmente, com mudanças nos alunos por meio da aprendizagem e da participação na vida social. A partir desse entendimento, há que se fortalecer, primeiramente, a participação dos alunos nos processos educacionais, pois eles não podem ser considerados, como geralmente o são, como simples destinatários da ação educacional. Sabemos que aquilo que o aluno pode aprender depende tanto do momento quanto das características do contexto em que ele se desenvolve e aprende. Daí serem imprescindíveis mudanças nas escolas e nas concepções, atitudes e práticas dos educadores, de maneira a se tornarem capazes de fazer as seleções adequadas dos conteúdos e criar contextos enriquecedores para a aprendizagem dos seus alunos.

Esse projeto investirá no desenvolvimento de espaço de convivência solidária e de criatividade, no qual os alunos poderão exercitar a sua imaginação, o seu senso de autorespeito e confiança em si mesmo, assim como o seu sentimento de pertencimento a um grupo operativo por meio da implementação de projetos comuns. Mais especificamente, o que se pretende é maximizar o uso dos recursos de informática que a escola possui, colocando-os a serviço não apenas dos nossos alunos, mas também de toda a comunidade.

Para isso, nós mesmos, os professores, teremos que nos capacitar no uso competente desses recursos, procurando aprender a extrair deles o máximo proveito enquanto recurso pedagógico de preparação dos nossos jovens alunos para a vida social bem-sucedida e de atendimento às suas necessidades formativas. Em segundo lugar, dedicaremos à formação dos alunos em cursos de informática (como, por exemplo, introdução ao uso do computador, navegação na internet, montagem e manutenção de computadores, organização de sites, tratamento de imagens e sons etc.) para que eles possam atuar no desenvolvimento cultural da sua comunidade, ensinando o que aprenderam aos jovens de outras escolas, a seus pais e familiares e a outros interessados. Poderão, também, criar sites e grupos de discussão sobre temas de interesse da juventude, facilitando o acesso a informações sobre questões como sexualidade, cultura, trabalho, lazer e criando uma rede de trabalho colaborativo em prol do desenvolvimento da sua comunidade.

Eles poderão atuar como monitores voluntários no laboratório de informática da escola, ajudando os seus próprios colegas que ainda não dominam os fundamentos da informática, ou desenvolver trabalho de formação da comunidade aos finais de semana ou em qualquer outro horário em que o laboratório de informática esteja disponível. A finalidade é manter acesa em cada um deles a consciência de que podem dar uma contribuição decisiva para alterar o quadro de necessidades da sua comunidade e criar uma nova perspectiva para todos.

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A participação dos alunos nesse projeto não se fará individualmente, mas em grupo, através da apresentação de proposta coletiva de trabalho que deverá ser examinada, avaliada e selecionada pelos professores para integrar o elenco de ações a serem implementadas na escola. Os alunos, após um trabalho de sensibilização e mobilização, terão toda a autonomia para associar-se aos colegas que desejarem e formar o grupo que definirá a proposta de trabalho que mais se identifica com os seus interesses.

Objetivo geral: Criar espaço de convivência e de oportunidades que possibilite aos alunos desenvolver projetos de alcance social na área de informática, explorando as possibilidades oferecidas pelos recursos tecnológicos instalados na escola.

Objetivos Específicos: Elaborar e executar plano de sensibilização e mobilização da comunidade escolar; orientar a elaboração de projetos; inscrever e selecionar propostas de trabalho dos alunos; elaborar e implementar plano de capacitação na área de informática; executar os projetos dos alunos, monitorar e avaliar os projetos.

Resultados esperados: Comunidade informada, motivada e engajada com a escola; professores dominando e lecionando conteúdos de informática e projetos; consolidação do uso da informática e do trabalho colaborativo em rede na escola e grupos ativos de jovens protagonistas atuando na escola em benefício da comunidade.

Monitoramento e Avaliação: Relatórios de acompanhamento das ações do projeto.

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