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1 Editorial Este início de ano está a ser caracterizado pela grande quantidade de edições discográficas das nossas bandas, assim como uma elevada série de actuações ao vivo. O metal português continua bastante activo e o público têm marcado presença nos vários eventos. Para isso muito têm contribuído o esforço feito por todos, desde as bandas aos promotores, passando por todos os meios de divulgação. Os festivais marcados por uma forte presença de bandas portuguesas estão a marcar o ritmo da música que se faz por cá. Independentemente do estilo praticado, tem havido uma convivência salutar entre os vários elementos de modo a partilhar ideias e paixões. Neste número temos uma reportagem do Colhões de Ferro que é um dos festivais que a bastante tempo está a divulgar o que temos na música extrema nacional e nada melhor do que fazer uma visita para vivenciar isso mesmo. Temos também “Um dia na vida dos Booby Trap”, com um acompanhamento de um ensaio desta banda aveirense, em que mostram porque é que vale (ainda) a pena lutar pelas paixões que temos. Também temos Humanart, a marcarem a sua presença no black metal português através de esforço e dedicação. Aqui estão mais 8 páginas de edição gratuita com saída mensal. Imprimam esta zine (livreto A5) e divulgem o nosso metal! Marco Santos Para qualquer informação contactemnos através do nosso perfil Ode Lusitana no facebook ou através de [email protected] Breves Provenientes de Lisboa, os Wildnorthe, praticantes de “dark devotional music”, apresentam brevemente o seu EP de estreia “Awe”. Sara Inglês e Pedro Ferreira estão a despertar a curiosidade dos ouvintes depois do single de estreia “Wildnorthe” divulgado no ano passado. Analepsy, banda lisboeta de brutal death metal pretendem lançar brevemente o EP “Dehumanization by Supremacy”. Formados no final de 2013, causaram sensação com o single de estreia “Genetic Mutations”. Com as gravações já terminadas, as misturas estão a cargo do Miguel Tereso dos Primal Attack. “Dos vastos e melancólicos campos alentejanos, nasceu A Foice”. Originários de Beja e praticantes de psych doom / black metal é uma das bandas mais recentes a surgirem no panorama ‘necro’ português. Depois da actuação no passado dia 14 de fevereiro na Casa da Cultura de Beja junto com os Bruma Obscura, Invoke e Liber Mortis, ficamos a aguardar as primeiras edições. Forgotten Suns banda lisboeta com créditos assinalados no progressive rock / metal lança no dia 21 de março o seu longa duração “When Worlds Collide”. A festa de lançamento será no Paradise Garage, com os convidados Mindfeeder. A associação cultural Fora de Rebanho, apresentou uma actualização do seu cartaz para os próximos meses, com várias presenças de peso a nível nacional. A destacar teremos a presença dos Theriomorphic, que no dia 14 de março irão celebrar no RCA Club (Lisboa) os 10 anos da edição do primeiro longa duração, “Enter the Mighty Theriomorphic” e que contam em palco com a ctuação de Shadowsphere, Bleeding Display e Tales for the Unspoken. É a 6 e 7 de março que a Arena de Évora recebe o Évora Metal Fest, com a presença no dia 6 de Karseron, Above the Hate, Diabolical Mental State e Shoryuken. No sábado dia 7 teremos Wako, Corpus Christii, Uaninauei, Midnight Priest, Göatfukk, Borderlands, Push, Analepsy, Omega Sins e 13After. Os conimbricenses Tale for the Unspoken preparam para lançar em Abril deste ano o sucessor da estreia “Alchemy” através da Raising Legends. Inclui participações do Ricardo Martins (Terror Empire) e Miguel Inglês (Equaleft). Ode Lusitana Número 3 – Fevereiro 2015 continua página 3

Ode Lusitana # 3 - fevereiro 2015

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Fanzine de divulgação do metal português com entrevistas a JJ (Humanart), Booby Trap e especial "10º Colhões de Ferro". Notícias sobre Wildnorhte, Analepsy, A Foice, Forgotten Suns, Theriomorphic, Évora Metal Fest, Tales for the Unspoken, Monasterium Fest, Simbiose, Inaccessible Art, Blood on Metal Fest e Desire.

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 Editorial          Este  início  de  ano  está  a  ser  caracterizado  pela  grande  quantidade  de  edições  discográficas  das  nossas  bandas,  assim  como  uma  elevada  série  de  actuações  ao  vivo.  O  metal  português  continua  bastante  activo  e  o  público  têm  marcado  presença  nos  vários  eventos.  Para  isso  muito  têm  contribuído  o  esforço  feito  por  todos,  desde  as  bandas  aos  promotores,  passando  por  todos  os  meios  de  divulgação.          Os  festivais  marcados  por  uma  forte  presença  de  bandas  portuguesas  estão  a  marcar  o  ritmo  da  música  que  se  faz  por  cá.  Independentemente  do  estilo  praticado,  tem  havido  uma  convivência  salutar  entre  os  vários  elementos  de  modo  a  partilhar  ideias  e  paixões.        Neste  número  temos  uma  reportagem  do  Colhões  de  Ferro  que  é  um  dos  festivais  que  a  bastante  tempo  está  a  divulgar  o  que  temos  na  música  extrema  nacional  e  nada  melhor  do  que  fazer  uma  visita  para  vivenciar  isso  mesmo.          Temos  também  “Um  dia  na  vida  dos  Booby  Trap”,  com  um  acompanhamento  de  um  ensaio  desta  banda  aveirense,  em  que  mostram  porque  é  que  vale  (ainda)  a  pena  lutar  pelas  paixões  que  temos.  Também  temos  Humanart,  a  marcarem  a  sua  presença  no  black  metal  português  através  de  esforço  e  dedicação.          Aqui  estão  mais  8  páginas  de  edição  gratuita  com  saída  mensal.  Imprimam  esta  zine  (livreto  A5)  e  divulgem  o  nosso  metal!    Marco  Santos          Para  qualquer  informação  contactem-­‐nos  através  do  nosso  perfil  Ode  Lusitana  no  facebook  ou  através  de  [email protected]    Breves    -­‐  Provenientes  de  Lisboa,  os  Wildnorthe,  praticantes  de  “dark  devotional  music”,  apresentam  brevemente  o  seu  EP  de  estreia  “Awe”.  Sara  Inglês  e  Pedro  Ferreira  estão  a  despertar  a  curiosidade  dos  ouvintes  depois  do  single  de  estreia  “Wildnorthe”  divulgado  no  ano  passado.          -­‐  Analepsy,  banda  lisboeta  de  brutal  death  metal  pretendem  lançar  brevemente  o  EP  “Dehumanization  by  Supremacy”.  Formados  no  final  de  2013,  causaram  sensação  com  o  single  de  estreia  “Genetic  Mutations”.  Com  as  gravações  já  terminadas,  as  misturas  estão  a  cargo  do  Miguel  Tereso  dos  Primal  Attack.            -­‐  “Dos  vastos  e  melancólicos  campos  alentejanos,  nasceu  A  Foice”.  Originários  de  Beja  e  praticantes  de  psych  doom  /  black  metal  é  uma  das  bandas  mais  recentes  a  surgirem  no    

 

 panorama  ‘necro’  português.  Depois  da  actuação  no  passado  dia  14  de  fevereiro  na  Casa  da  Cultura  de  Beja  junto  com  os  Bruma  Obscura,  Invoke  e  Liber  Mortis,  ficamos  a  aguardar  as  primeiras  edições.    -­‐  Forgotten  Suns  banda  lisboeta  com  créditos  assinalados  no  progressive  rock  /  metal  lança  no  dia  21  de  março  o  seu  longa  duração  “When  Worlds  Collide”.  A  festa  de  lançamento  será  no  Paradise  Garage,  com  os  convidados  Mindfeeder.  

-­‐  A  associação  cultural  Fora  de  Rebanho,  apresentou  uma  actualização  do  seu  cartaz  para  os  próximos  meses,  com  várias  presenças  de  peso  a  nível  nacional.  A  destacar  teremos  a  presença  dos  Theriomorphic,  que  no  dia  14  de  março  irão  celebrar  no  RCA  Club  (Lisboa)  os  10  anos  da  edição  do  primeiro  longa  duração,  “Enter  the  Mighty  

Theriomorphic”  e  que  contam  em  palco  com  a  ctuação  de  Shadowsphere,  Bleeding  Display  e  Tales  for  the  Unspoken.  

 -­‐  É  a  6  e  7  de  março  que  a  Arena  de  Évora  recebe  o  Évora  Metal  Fest,  com  a  presença  no  dia  6  de  Karseron,  Above  the  Hate,  Diabolical  Mental  State  e  Shoryuken.  No  sábado  dia  7  teremos  Wako,  Corpus  Christii,  Uaninauei,  Midnight  Priest,  Göatfukk,  Borderlands,  Push,  Analepsy,  Omega  Sins  e  13After.  -­‐  Os  conimbricenses  Tale  for  the  Unspoken  preparam  para  lançar  em  Abril  deste  ano  o  sucessor  da  estreia  “Alchemy”  através  da  Raising  Legends.  Inclui  participações  do  Ricardo  Martins  (Terror  Empire)  e  Miguel  Inglês  (Equaleft).  

 

Ode Lusitana Número  3  –  Fevereiro  2015  

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     Humanart,  banda  proveniente  de  Santo  Tirso,  edita  o  seu  primeiro  trabalho,  a  demo  “Fossil”  a  15  anos  atrás.  Praticantes  de  uma  sonoridade  black  metal  bastante  convincente  editam  em  2014  o  seu  primeiro  longa  duração  “Lightbringer”  que  os  marca  como  uma  das  bandas  mais  interessantes  dentro  do  panorama  nacional.  Formados  pelo  Sathronus  (voz),  JJ  e  Fareal  (guitarras),  Ram  (baixo)  e  Izmit  (bateria).          Foi  com  o  guitarrista  e  mentor  JJ  que  estivemos  à  conversa.      -­‐  Viva  JJ!  Os  Humanart  formaram-­‐se  em  setembro  de  1998  em  Santo  Tirso,  mas  conta-­‐nos  um  pouco  de  como  chegaste  a  este  projecto,  num  concelho  onde  rareavam  os  adeptos  desta  sonoridade.  Como  foi  a  tua  evolução  como  ouvinte  até  chegar  a  este  género?  O  black  metal  português  da  altura  já  te  despertava  também  alguma  curiosidade?        Boa  noite  Marco  e  leitores  em  geral,  o  que  posso  dizer  é  que  nessa  altura  já  eu  ouvia  metal  à  uma  boa  meia  dúzia  de  anos  e  tinha  tido  uma  banda  de  garagem    quando  soube  de  um  grupo  de  amigos  mais  novos  e  sem  experiência  estavam  com  a  mesma  ideia  que  eu  vinha  a  amadurecer  desde  à  tempos,  a  de  formar  uma  banda  do  meu  estilo  de  metal  favorito,  o  Black  metal.  Assim,  com  essa  primeira  formação  gravamos  o  MCD  “Fossil”  (2000)  que  teve  bastante  aceitação  no  underground  nacional  e  em  algumas  publicações  estrangeiras  pois  fomos  reconhecidos  pela  qualidade  e  originalidade  num  meio  ainda  pouco  explorado  e  onde  reinava  a  semelhança  entre  projectos.    

 -­‐  Os  Humanart  durante  algum  tempo  foram  um  projecto  apenas  teu  devido  às  várias  mudanças  na  formação,  mas  com  a  entrada  de  novos  elementos,  evoluiram  a  nível  sonoro.  Como  é  o  vosso  processo  de  criação  de  novos  temas?  Os  concertos  ao  vivo  são  sempre  o  vosso  meio  predilecto  de  transmitir  o  vosso  som?        A  substituição  de  elementos  foi  acentuada  durante  estes  16  anos  de  banda,  eu  resumo  este  percurso  em  três  grandes  formações:  a  que  gravou  o  “Fossil”,  a  que  gravou  o  “Hymn  Obscura”  e  a  actual  que  gravou  a  Tape  “X  Years  of  Black  Crusade”  e  o  álbum  “Lightbringer”  que  estamos  a  promover.  O  som  foi  evoluindo  assim  como  acontece  com  os  gostos  pessoais,  o  que  começou  com  uma  guitarra/teclas  passou  a    

 duas  guitarras  assim  que  o  Black  metal  com  apontamentos  sinfónicos  deixou  de  fazer  sentido  para  nós.        Por  norma  eu  esboço  o  esqueleto  de  uma  nova  música  em  que  depois  todo  o  pessoal  trabalha  até  se  atingir  resultados  que  nos  satisfaçam,  e  sim,  somos  uma  banda  que  adora  tocar  ao  vivo  com  toda  a  interacção  que  isso  possibilita.    -­‐  Numa  entrevista  tua  dizes  que  o  “black  metal  é  música  carregada  de  raiva,  inconformismo  e  reflexão,  associados  ao  lado  obscuro  do  Ser  Humano”.  Consegues  explicar  este  lado  obscuro  do  Homem  e  de  tudo  o  que  o  rodeia?  Os  vossos  temas  giram  à  volta  deste  conceito?  Que  achas  desta  vaga  actual  de  bandas  post-­‐black  metal  que  vão  aparecendo  lá  por  fora?  Pode  ser  polémico,  mas  estas  bandas  estão  a  desvirtuar  o  estilo?        O  lado  obscuro  é  toda  aquela  parte  do  ser  que  se  encontra  aprisionada  pelos  dogmas  embebidos  na  sociedade  actual  principalmente  através  da  religião  organizada,  gostamos  de  explorar  os  limites  mesmo  que  para  isso  tenhamos  de  fugir  ao  politicamente  correcto.        Não  ouço  nada  dessa  coisa  do  Post-­‐bm  nem  acho  que  se  enquadrem  no  mesmo  universo  ao  qual  sou  fiel  à  duas  décadas,  simplesmente  ignoro.  

 -­‐  “Lightbringer”  o  vosso  primeiro  longa  duração  editado  em  2014,  foi  um  dos  melhores  registos  portugueses  do  ano.  Ao  final  deste  tempo  como  olhas  para  o  álbum?  Os  temas  encaixaram  bem,  mesmo  alguns  deles  já  terem  sido  escritos  a  algum  tempo?  Vamos  esperar  mais  tempo  por  um  novo  álbum?        Com  este  álbum  tem  acontecido  algo  que  é  inédito,  após  vários  meses  dou  comigo  a  ouvi-­‐lo  regularmente  e  com  imenso  prazer  sem  sentir  aquela  necessidade  de  me  afastar  um  pouco  do  material  como  é  comum,  adoro  ouvi-­‐lo  e  toca-­‐lo,  os  temas  fluem  bastante  bem  já  que  a  organização  dos  mesmos  foi  pensada  com  um  fio  condutor  e  uma  coerência  que  não  sendo  conceptual  é  completamente  intencional.          O  sucesso  deste  trabalho  só  não  teve  para  já  mais  eco  no  nosso  país  porque  “forças  estranhas”  tentaram  abafa-­‐lo  e  denegri-­‐lo  mas  estamos  satisfeitos  com  as  excelentes  críticas  que  nos  chegam  dos  media  estrangeiros,  alguns  nacionais  e  muitos  fãs  de  todo  o  lado  aos  quais  agradecemos  todo  o  apoio  no  meio  desta  podridão,  podem  continuar  a  contar  com  as  nossas  denúncias  e  exposições  de  situações  incorrectas  pois  não  devemos  nada  a  ninguém  nem  temos  qualquer  tipo  de  contemplação  com  meia  dúzia  de  imberbes  que  minam  a  cena  toda.          Quanto  a  novo  álbum  ainda  é  bastante  cedo  para  falar  nisso  pois  vamos  estar  na  estrada  com  “Lightbringer”  por  mais  um  ano  pelo  menos.  Estamos  a  compor  novo  material  mas  que  vai  permanecer  na  obscuridade  nos  próximos  tempos.    -­‐  Ainda  tens  a  noção  que  o  underground  português  podia  estar  mais  unido?  É  de  realçar  a  enorme  quantidade  de    

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 bandas  que  existem  actualmente  e  os  vários  sítios  que  existem  para  concertos,  mesmo  assim  o  que  podíamos  melhorar  ainda  mais?  Os  meios  de  divulgação  (facebook,  programas  de  rádio,  webzines,  fanzines)  tem  contribuído  para  o  crescimento  da  nossa  cena?        Tenho  e  cada  vez  mais,  o  underground  nacional  está  disperso  e  desestruturado  pelos  factores  que  mencionei  anteriormente  e  mais  alguns,  e  nem  me  vou  por  com  saudosismos  do  tempo  das  zines  de  papel  (que  vou  matar  agora!!!)  e  grandes  eventos  a  que  todos  acorriam  em  massa    pelo  prazer  de  apoiar  o  underground,  as  coisas  mudam  e  há  que  tentarmo-­‐nos  adaptar  mas  a  desilusão  passa  por  outros    factores,  dou-­‐vos  o  exemplo  do  ridículo  de  não  nos  convidarem  para  a  participação  em  determinados  festivais  pois  não  nos  viram  nas  últimas  edições  dos  mesmos  no  público  (quando  já  comparecemos  a  inúmeras  edições  de  alguns  e  mesmo  que  não  o  tivéssemos  feito  qual  era  o  problema???),  é  disto  que  se  faz  o  nosso  underground,  ter  de  levar  com  isto  além  de  tocar  de  borla  ou  quase.  Ou  toda  a  gente  saber  que  há  publicações  que  só  publicitam  e  dão  relevo  às  bandas  dos  amiguinhos  e  aos  estilos  post-­‐qualquererva  que  ouvem  dizendo-­‐se  generalistas  e  isentos  como  os  jornalistas  de  verdade.  A  nossa  cena  resume-­‐se  a  duas  ou  três  dezenas  de  boas  bandas,  meia  dúzia  de  promotores  sérios  e  umas  tantas  publicações  de  net  e  rádios,  só.    -­‐  Obrigado  JJ  pela  tua  participação  e  desejamos  também  que  os  Humanart  sigam  no  bom  caminho.  Algumas  palavras  finais.          O  nosso  obrigado  e  parabéns  à  Ode  Lusitana  pelo  seu  arranque  promissor!  Os  agradecimentos  extendem-­‐se  a  todos  os  leitores  que  de  uma  maneira  ou  de  outra  apoiam  o  metal  nacional.    www.facebook.com/Humanart      

     Os  Humanart  fazem  parte  da  4ª  edição  do  Monasterium  Fest  a  decorrer  na  vila  de  Ferreira  em  Paços  de  Ferreira  no  próximo  dia  14  de  março.        A  completar  o  cartaz  temos  os  aDarkPlace  (death/thrash  metal  –  Matosinhos,  que  planeia  este  ano  editar  o  seu  primeiro  longa  duração),  Toxik  Attack  (thrash  metal  –  Guimarães,  

com  a  única  edição  a  ser  a  demo  “Brutal  Attack”  do  ano  passado),  Skinning  (death  metal  –  Guimarães,  com  o  seu  longa  duração  de  estreia  “Cerebral  Mutilation”  a  ser  dos  grandes  lançamentos  de  2014),  Ashes  Reborn  (thrash  metal  –  Guimarães),  Evillution  (thrash  metal  –  Felgueiras)  e  Dor  na  Rótula  (alternative  /  rock  –  Paços  de  Ferreira).      

 Breves  continuação  página  1    -­‐  Simbiose,  banda  lisboeta  de  crust/punk  edita  o  seu  novo  álbum  “Trapped”  a  15  de  Março  através  da  Anticorpos  Records.  Gravado  por  Paulo  Vieira  nos  estúdios  Brugo  e  BPM’s,  com  a  mistura  e  gravação  a  cargo  do  Nuno  Rua.  Com  várias  datas  confirmadas  de  concertos  por  cá  e  em  Inglaterra.    -­‐  O  Inaccessible  Art  está  de  regresso  com  a  sua  terceira  edição  a  decorrer  a  9  de  maio  na  aldeia  de  São  Bartolomeu  da  Serra,  concelho  de  Santiago  do  Cacém.  As  bandas  estão  a  ser  anunciadas,  mas  já  contamos  com  o  crust  de  Animalesco,  o  Método.  Com  elementos  dos  Sem  Talento,  Sangue-­‐Xunga  e  Ingrowing  Nail,  realizarão  a  sua  estreia  absoluta  ao  vivo.  Since  Today,  banda  hardcore  de  Odemira  fundada  em  2014,  editaram  o  split  CD  “Don´t  Give  Away  All  Your  Roots”  com  os  The  Stray.    

 Os  lisboetas  Analepsy,  já  se  tornam  presença  frequente  na  Ode  Lusitana  e  por  esta  altura  esperaremos  ouvir  o  material  do  EP  “Dehumanization  by  Supremacy”.  Também  de  Lisboa  temos  Besta,  com  o  seu  grindcore  directo.  Neste  ano  já  editaram  o  EP  “Filhos  do  Grind”  com  covers  dos  Dag  Nasty,  Crucifix,  Spazz  e  Subcaos.  Para  setembro  de  2015  teremos  o  lançamento  do  split  12”  e  CD  com  os  HC  brasileiros  O  Cúmplice,  com  edição  Raging  Planet  e  Black  Embers  Records.  Os  Cruz  de  Ferro,  vindos  de  Torres  Novas  trazem  o  seu  “heavy  metal  na  língua  de  Camões”.  Com  o  seu  EP  de  2012  “Guerreiros  do  Metal”,  que  ficou  conhecido  pelo  vídeo  do  tema  “Defensores”  gravado  nas  Grutas  de  Lapas.  Em  final  de  janeiro  começaram  a  gravar  os  temas  para  o  novo  álbum.  Finalmente,  temos  já  confirmados  para  este  Inaccessible  Art,  o  regresso  dos  grinders  Downthroat  de  Anadia,  ao  fim  de  12  anos  arredados  do  palco.  Com  excelentes  trabalhos  desde  a  demo  icónica  “I’ve  Got  my  Mother’s  Eyes”  (reeditada  recentemente  pela  Firecum  Records)  até  ao  longa  duração  “Verminate”.  Mais  bandas  a  anunciar  brevemente.  -­‐  Blood  on  Metal  Fest,  é  o  evento  que  vai  decorrer  a  7  de  março  em  À  dos  Loucos  (UDCA),  em  São  João  dos  Montes  (Vila  Franca  de  Xira).  Será  o  concerto  de  apresentação  do  EP  “First  Blood”  dos  Speedemon.  A  banda  de  Castanheira  do  Ribatejo  toca  um  misto  de  “NWOBHM,  com  power,  thrash  e  speed  metal”.  Já  se  encontra  disponível  desde  o  ano  passado  o  vídeo  do  primeiro  single  “Road  to  Madness”.  Como  convidados  nesta  apresentação  estarão  os  lisboetas  Derrame  (death  metal),  assim  como  os  Machinergy  (thrash  metal)  de  Arruda  dos  Vinhos.    

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     Booby  Trap,  banda  aveirense  nascida  em  1993  ,  levou  o  nome  desta  cidade  a  todos  os  recantos  do  país  através  do  seu  thrash  metal/hardcore  inicial.  A  sua  demo  “Brutal  Intervention”  de  1994  marcou  grande  parte  do  ritmo  de  uma  geração  e  que  a  grande  quantidade  de  concertos  ao  vivo  iria  confirmar.  Depois  de  percorrerem  o  país  de  lés-­‐a-­‐lés  lançam  o  split-­‐CD  “Mosh  It  Up”  em  1996  através  da  Fast  ‘n’  Loud,  onde  também  fazem  parte  as  bandas  brasileiras  T.I.T.  e  Locus  Horrendus.        Corria  o  ano  de  1997  quando  a  banda  cessa  funções,  originando  os  seus  elementos  novas  formações,  como  os  Anger,  Konk,  Superego,  Strange  Airplane,  Snowball  e  Wild  Bull.        Em  2012  reúnem-­‐se,  com  algumas  alterações  na  formação.  O  que  deveriam  ser  dois  concertos  de  comemoração,  acabam  por  ser  o  mote  para  o  relançamento  da  banda,  que  em  novembro  de  2013  apresenta  a  edição  do  álbum  “Survival”.          É  no  palco  que  demonstram  a  verdadeira  química  que  engloba  os  Booby  Trap.  Apaixonados  pela  música  que  fazem,  com  um  sentido  de  humor  enorme,  foi  com  prazer  que  numa  tarde  de  janeiro  fomos  assistir  a  um  ensaio  da  banda.  Desde  a  recepção  inicial  ao  som  de  vários  vinis  que  passavam  pelo  gira-­‐discos,  até  aos  (vários)  copos  da  praxe,  misturado  com  o  humor  e  o  som  da  banda,  Peter  Junker  (Pedro  Junqueiro/voz),  Pedro  Azevedo  (guitarra),  Carlos  Ferreira  (baixo)  e  Miguel  Santos  (bateria)  falam-­‐nos  um  pouco  acerca  da  banda.          

       Viva  pessoal!  Ao  final  de  15  anos  de  interregno  dos  Booby  Trap  o  que  vos  passou  pela  cabeça  para  decidirem  aceitar  o  convite  da  organização  do  Festival  Vértice  (Aveiro),  para  fazer  uma  reunião  da  banda  em  2012.  E  como  foi  a  entrada  do  Carlos  para  a  banda.  Peter:  Basicamente  foi  uma  tempestade  de  merda  que  nos  passou  pela  cabeça!  (risos).  Não,  o  convite  já  vinha  de  a  uns  anos  que  nos  andavam  a  chatear  para  fazer  um  concerto  de  comemoração  dos  Booby  Trap.  Eu  entrei  em  contacto  com  o  resto  do  pessoal.  Algum  já  não  falava  a  anos  e  para  ver  quem    estava  disponível  para  a  ideia.  O  Pedro  (NR:  Azevedo)  mostrou-­‐se  logo  disponível,  o  Miguel  também.  O  Ricardo  e  o    

 Nuno  puseram  algumas  reservas.  Ainda  se  juntaram  conosco,  mas  não  era  o  que  queriam  fazer,  que  era  voltar  à  música,  no  caso  do  Nuno.  No  caso  do  Ricardo  tinha  uma  agenda  demasiado  completa.  Miguel:  Ainda  tocamos  com  cada  um  deles.    Nunca  os  cinco.  Por  acaso  não  calhou.  P:  É  claro  que  optamos  por  passar  a  tocar  só  com  uma  guitarra  e  arranjar  um  novo  baixista  e  a  primeira  pessoa  que  nos  veio  à  cabeça  foi  aqui  o  Carlitos.  Carlos:  É  pá,  és  tão  mentiroso!  (risos)    P:  Prefirimos  arranjar  um  gajo  feio  como  uma  porta,  mas  como  és  um  gajo  porreiro!  (risos)  C:  No  meio  de  vocês  até  sou  lindo!  P:  O  Carlos  é  nosso  amigo  desde  que  a  banda  começou.  M:  Acho  que  é  uma  questão  de  espírito  e  os  Booby  Trap  tem  um  espírito  muito  próprio  como  já  viste.  E  é  preciso  um  gajo  que  esteja  numa  boa.  As  vezes  o  pessoal  punk  é  demasiado  ‘religioso’  naquela  coisa  de  que  não  se  pode  sair  dali  e  põe  fronteiras  à  volta  deles.  O  pessoal  do  metal  também  é  um  bocado  sério,  têm  que  ser  arggggghh.  E  arranjar  um  gajo  para  aqui  não  é  muito  fácil.  P:  E  antes  de  ser  um  grande  baixista  tinha  que  ser  uma  grande  pessoa,  um  amigo  e  o  mesmo  espírito  que  nós  e  o  Carlos  ao  fim  de  duas  semanas  de  ensaiar  conosco..  Azevedo:  O  Carlos?  O  Carlos  é  mais  maluco  que  todos  nós  juntos!  (risos)  P:  O  espírito  está  lá,  a  música  veio  depois.  M:  Temos  que  nos  lembrar  que  quando  começamos  eramos  cinco  putos  que  não  sabíamos  tocar.    P:  Havendo  espírito,  o  resto  vem  por  arrasto.          Entre  ensaios  e  cervejas  chega  o  momento  em  que  sobem  novamente  aos  palcos,  a  começar  no  Blindagem  (Ílhavo).  Como  foi  a  sensação  de  estarem  novamente  juntos  em  palco  e  do  vosso  ponto  de  vista  como  correram  esses  concertos?    A:  É  pá,  o  primeiro  foi  quente  como  o  caraças!  (risos)  P:  Olha,  o  primeiro,  ele  (NR:  Miguel)  ia  tendo  um  ataque  cardíaco.  Havia  um  nervoso  miudinho  ,  aquela  cena  de  voltar  aos  palcos.  Havia  músicas  escritas  a  mais  de  15  anos,  algumas  a  20  anos  e  não  sabíamos  como  ia  ser  a  reacção,  mas  felizmente  correu  tudo  bem.  M:  Do  meu  lado  descobri  que  já  não  tinha  20  anos.  (risos)  P:  E  da  pior  maneira!  M:  Uma  pessoa  quando  era  puto,  podia  estar  abafado,  com  os  copos,  tudo  a  cair  para  o  lado,  mas  o  concerto  corria  muito  bem,  agora  já  não  é  bem  assim  e  é  preciso  dosear  melhor  as  coisas.  Mas  no  entanto  compramos  uma  ventoinha  e  a  partir  daí  está  tudo  a  correr  bem.  (risos).  P:  Obrigou-­‐nos  a  repensar  de  outra  forma  os  sets.  

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       Nesta  altura  já  se  tinham  decidido  que  iam  apostar  num  novo  lançamento  de  Booby  Trap?    P:  Não!  (risos)  A  ideia  desde  o  início  sempre  foi  darmos  os  dois  concertos  e  esperar  que  corram  bem.  E  não  pensamos  em  mais  nada  disso.  

A:  Tocar  é  fácil,  agora  criar  coisas  novas  é  que  muitas  vezes  é  complicado.  Se  tens  capacidades  e  aquela  veia  criativa  é  completamente  diferente.    P:  Em  97  quando  a  banda  acabou  nós  estávamos  numa  fase  um  pouco  de  estagnação.  Tínhamos  lançado  o  split  a  um  ano  atrás,  tínhamos  escrito  3  músicas  novas,  mas  demoramos  mais  de  um  ano  para  as  escrever,  coisa  que  

até  aí  nunca  tinha  acontecido.  Se  fores  ouvir  BT  cronologicamente  notas  perfeitamente  que  não  temos  duas  fases  iguais  e  há  sempre  uma  evolução.  A:  Ainda  assim  vês  que  existe  algo  de  novo  que  sempre  existiu  em  BT  .  P:  Tens  aquele  fio  condutor  que  é  a  nossa  imagem  de  marca.          E  como  funciona  esse  vosso  processo  de  criação  musical?  P:  Pode  partir  desde  uma  batida  que  o  Miguel  faça,  desde  um  riff  que  o  Pedro  (Azevedo)  comece  a  descarregar  ou  traga  de  casa,  pode  partir  de  uma  ideia  minha  de  uma  letra,  ou  de  uma  certa  melodia  que  eu  tente  transmitir  aqui,  ou  pode  partir  de  uma  jam.  Nos  anos  90  nunca  acontecia  essa  cena  da  jam.  Normalmente  alguém  trazia  alguma  ideia  de  casa  para  trabalhar.  M:  Nós  eramos  cinco  e  baseavamo-­‐nos  muito  nisso.  Alguém  trazia  uma  ideia  e  os  outros  completavam.  

       Editam  em  2013  o  álbum  ‘Survival’,  com  edição  própria,  gravado  na  vossa  sala  de  ensaios  que  a  tinham      

 convertido  para  o  efeito.                                                                                                                                    P:  Edição  própria  ponto  e  vírgula!  Inicialmente  com  edição    própria,  posteriormente  com  selo  da  Non  Nobis  (NR:  em  formato  CD)  e  da  SASG  Records  (NR:  em  vinil)          E  agora  tem  aqui  um  novo  espaço,  equipado  à  vossa  maneira.  Qual  a  importância  deste  vosso  espaço?  Já  têm  um  nome?  Todos:  (risos)  A:  Nós  chamamos  ao  primeiro  BTH  studio  1  e  agora  é  o  2!  (risos)  P:  O  nosso  covil  inicialmente  era  BTH,  tão  simples  como  Booby  Trap  Home  Studio.  Obviamente  que  é  importante  isto.  O  principal  objectivo  quando  foi  equipar  todo  este  espaço  foi  dar  todo  o  conforto  para  trabalharmos  à  vontade.  Acima  de  tudo  foi  criar  um  espaço  com  conforto  para  a  banda.    A:  E  tem  um  frigorífico  com  cerveja!  (risos)  P:  O  primeiro  equipamento  que  comprei  para  este  estúdio  foi  o  frigorífico!    M:  Há  uma  coisa  que  se  nota  (NR:  nesta  sala),  o  som  é  mais  definido  e  começamos  a  fazer  música  com  mais  perlimpimpims.  P:  O  conforto  e  a  comodidade  que  isto  nos  deu...  M:  Nos  está  a  influenciar  as  músicas!  P:  Em  dois  meses  fizemos  três  ou  quatro  músicas  novas.  Inspíra-­‐nos!  (risos)          O  vosso  local  predileto  é  em  cima  de  um  palco  a  tocarem  a  vossa  música,  com  muita  energia  no  ar.  E  concerto  que  é  concerto  acontece  sempre  alguma  coisa.  Tem  tido  alguma  aventura  nestes  concertos  que  tem  dado?  A:  (risos)  sim,  desde  cuecas  de  mulher  a  voar!  P:  princípios  de  ataques  cardíacos  ao  baterista!  (risos).  Bebedeiras  bem  grandes  do  nosso  baixista,  do  nosso  guitarrista.  A:  Quem,  eu??  (risos)  P:  Há  aquelas  coisas  inerentes  da  adrenalina  que  acontece  sempre  em  palco.  Depende  do  nosso  estado  de  espírito,  depende  do  publico,  depende  do  espaço  em  si.  Mas  verdade  seja  dita,  o  nosso  habitat  natural  é  mesmo  em  cima  do  palco.  É  assim,  nos  anos  90,  BT  existiu  durante  5  anos  e  demos  cerca  de  120  concertos,  o  que  para  uma  banda  underground  é  uma  média  assombrosa.  Eram  poucas  as  bandas  que  tocavam  tão  regularmente  como  nós.  Houve  fases  em  que  dávamos  mais  concertos  que  ensaios.              A  crítica  social  faz  parte  da  vossa  atitude  e  da  vossa  temática,  mas  o  humor  também  está  presente  em  larga  escala.  Este  balanço  é  de  extrema  importância?    

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 M:  Eu  quase  que  nem  diria  ‘também’.  Eles  são  duas  fases  da  mesma  moeda.  O  humor  está  embutido  na  sátira,  na  crítica  e  vice-­‐versa.    P:  Nós  todos  somos  pessoas  que  temos  opiniões  muito  vincadas  e  críticas  sobre  tudo  e  mais  alguma  coisa  do  que  acontece  na  sociedade.  Obviamente  que  seria  difícil  enfrentar  tudo  isto  se  não  fosse  com  um  toque  de  humor.  Infelizmente  e  é  uma  coisa  que  me  custa  um  bocado  e  tu  sabes,  ainda  agora  fomos  a  um  concerto,  90  por  cento  das  bandas  que  estão  acima  do  palco  parece  que  estão  ou  demasiado  sérias  ou  demasiado  empenhadas  em  tocar  as  coisas  perfeitas,  o  que  nós  não  entendemos  que  seja  o  verdadeiro  espírito  do  rock.  Não  sei  quem  disse  uma  vez,  “se  é  perfeito  não  é  rock”.  O  rock  tem  que  ser  uma  coisa  emotiva,  visceral.  Eu  quando  comecei  a  ouvir  thrash  nos  anos  80,  as  bandas  que  mais  me  cativavam  eram  aquelas  bandas  que  tinham  um  toque  de  humor.  Anthrax,  Acid  Reign,  aquelas  conversas  de  brincadeira,  de  cenas  punk  divertidas,  Sacred  Reich.  Tu  vês  as  gravações  de  BT  e  tem  sempre  que  haver  uma  piada  pelo  meio,  ou  se  não,  não  é  BT.  Uma  curiosidade  das  novas  músicas  para  o  próximo  álbum  é  que  estão  mais  divertidas.  A:  Este  ‘Survival’  foi  um  bocado  dark,  pesado.  P:  No  ‘Survival’  quer  pensássemos  ou  não,  tínhamos  uma  pressão  em  cima.  M:  Está  escarrapachado  no  nome!  P:  Queríamos  mostrar  que  não  era  uma  simples  reunião.  Temos  alguma  coisa  para  provar  às  pessoas.  Fizémo-­‐lo  e  estamos  orgulhosos,  mas  não  fazemos  dois  álbuns  iguais  e  posso-­‐te  que  garantir  que  o  próximo  álbum,  do  qual  já  esta  escrito  60  por  cento,  será  o  álbum  mais  divertido  dos  BT.          Thrash  metal/crossover,  rock  ‘n  roll  desenfreado..  por  onde  andam  hoje  em  dia  os  Booby  Trap  a  nível  musical?  Todos:  Ui!  P:  É  assim,  nós  começamos  por  ser  uma  banda  crossover/hardcore,  Nitidamente  eramos  uma  banda  com  influência  hardcore.  Suicidal  Tendencies,  S.O.D.,  os  próprios  Anthrax.  Daí  desenvolvemos  para  uma  vertente  mais  thrash,  numa  fase  em  que  bandas  como  Pantera  e  Sepultura  foram  uma  forte  influência  para  nós.  Independentemente  disso  nunca  deixamos  de  ter  o  nosso  cunho  BT.  Hoje  em  dia  prefiro  dizer  que  somos  crossover,  um  género  definido  e  lato  ao  mesmo  tempo.  Onde  antes  eramos  mais  crossover/thrash/hardcore,  hoje  se  calhar  somos  um  crossover/punk/heavy  metal!  (risos)  Se  é  que  isso  existe!  M:  Acho  piada  que  fomos  buscar  uma  cover  para  o  álbum,  dos  Motorhead  (NR:  Ace  of  Spades)  e  a  verdade  é  que  acentou  que  nem  uma  luva.  Nós  somos  um  bocado  isso.  Os  Motorhead  são  um  misto  de  fusão  entre  a  corrente  metálica  e  a  corrente  punk.      Qual  o  segredo  de  ao  fim  de  tantos  anos  desde  a  formação  inicial  da  banda  em  1993,  ainda  conseguirem  esta  química?  

 Todos:  É  a  Super  Bock!  (risos)  P:  É  assim,  eu  o  Miguel  e  o  Pedro  (Azevedo)  estamos  nesta  brincadeira  a  22  anos.  (...)  A  veia  criativa  continua  a  existir.  Eu  tenho  uma  pasta  com  mais  de  100  músicas  escritas.  Deem-­‐me  música  que  letras  não  hão-­‐de  faltar.  Nunca  seremos  uma  banda  instrumental  (risos).  A:  Fazermos  a  música  é  todos  nós  estarmos  de  acordo  em  relação  à  estrutura  e  à  ideia  geral  da  música.              Ano  novo,  um  álbum  novo.  O  que  nos  podem  contar  do  material  que  já  estão  a  preparar  e  que  terá  edição  ainda  este  ano?  P:  Nada!  Zero!  Está  nos  segredos  dos  deuses!  (risos)  Já  vais  ouvir  a  seguir!  Podemos  adiantar  que  realmente  estamos  a  trabalhar  num  novo  álbum  que  está  dois  terços  escrito.  A:  Há  dois  temas  que  já  tocamos  ao  vivo.  M:  Vai  ser  sempre  crossover.  P:  Se  tudo  correr  como  estamos  a  pensar  na  altura  do  Verão  estaremos  a  gravar  o  novo  álbum.  Felizmente  não  temos  pressões  de  parte  alguma.  Somos  uma  banda  totalmente  independente,  gravamos  um  álbum  de  forma  independente.  Tudo  o  que  venha  daí  por  acréscimo  é  um  bónus.  

             E  uma  última  pergunta:  de  onde  surgiu  o  nome  Booby  Trap?  Todos:  (risos)!  Ui!!  P:  O  Miguel  é  que  sugeriu  o  nome!  Ele  que  explique!  M:  Há  duas  vertentes  para  o  nome.  Uma  é  que  todas  as  bandas  acabavam  em  ‘ation’  (risos)  P:  Todas  as  bandas  tinham  um  nome  

demasiado  sério  e  agressivo!  E  fizemos  um  nome  catita.  M:  Entre  iguais  o  que  é  diferente,  destaca-­‐se.  Booby  Trap  veio  de  armadilha.  É  um  nome  brincalhão  e  veio  do  tal  humor.  Tínhamos  afinal  três  vertentes:  fugir  aos  ‘ation’,  a  mensagem  da  armadilha  (NR:  quando  começaram  eram  autênticos  putos  a  tocar  e  que  confundiam  as  pessoas)  e  a  brincadeira.            Obrigado  pelo  convite  que  me  fizeram  de  passar  uma  tardada  de  ensaio  com  os  Booby  Trap,  últimas  palavras  que  queiram  dizer  aos  nossos  leitores.    P:  Obrigadinho  e  ouçam  Booby  Trap!    www.facebook.com/boobytrap.pt  http://boobytrap-­‐pt.bandcamp.com    

(NR:  Um  especial  agradecimento  ao  Kid  (Fernando  Filipe  Fotografia),  pelas  excelentes  fotografias  e  à  Gui  Rodrigues  por  ter  aparecido  nesta  excelente  tarde  num  dia  frio  de  inverno  perto  da  cidade  de  Aveiro!)    

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         A  cultura  nas  Caldas  da  Rainha  é  vastamente  reconhecida,  como  por  exemplo  pelas  obras  do  pintor  José  Malhoa,  ou  pelo  inconfundível  traço  de  Rafael  Bordalo  Pinheiro.  Este  último,  criador  da  personagem  satírica  Zé  Povinho,  sendo  um  dos  maiores  artistas  portugueses,  estaria  muito  orgulhoso  deste  evento,  o  Colhões  de  Ferro,  já  na  sua  décima  edição.        Festival  extremo  realizado  nesta  cidade,  já  

se  tornou  um  marco  de  relevo  no  underground  nacional.          A  chegada  às  Caldas  da  Rainha  deu-­‐se  sob  um  frio  de  rachar,  mas  que  a  moldura  humana  e  as  cervejas  ajudaram  a  amenizar.  Antes  dos  concertos  começarem,  nada  melhor  que  um  reconhecimento  do  local,  com  as  boas  condições  apresentadas  por  este  Centro  da  Juventude  das  Caldas  da  Rainha.  Também  foi  o  momento  indicado  para  adquirir  algum  do  variado  merchandising  que  existia  para  venda.        Mas  vamos  aos  concertos!  Para  começar  tivemos  os  leirienses  Dirty  Harry,  na  forma  de  duo,  a  abrirem  o  palco  com  descargas  curtas  e  furiosas  daquilo  que  eles  definem  como  powerviolence/horror  surf  psychadelic.    

     Também  sob  a  forma  de  duo  apareceram  os  grinders  Estarrabaço  provenientes  de  Ourém,  com  um  concerto  bastante  animado  proporcionado  pelo  Luis  Neves  (guitarra  e  portátil(!))  e  Carlos  Lopes  (voz)  (ambos  provenientes  dos  Brutal  Brain  Damage).  Com  temas  como  “Só  ma  apetece  é  covrir  (o  

corpo  cas  mantas)”,  a  intimidade  da  banda  com  o  público  esteve  bastante  presente,  com  alguns  temas  a  serem  vociferados  no  meio  do  público.        Scum  Liquor  foi  a  primeira  banda  com  formação  completa  a  subir  ao  palco  e  esta  malta  proveniente  da  Brandoa  não  deixa  os  seus  créditos  por  mãos  alheias  com  a  sua  mistura  punk/metal/rock.  Com  o  aparecimento  nas  edições  apenas  feito  no  ano  passado  com  o  EP/K7  “Vicious  Street  Scum”  é  uma  das  bandas  a  seguir  com  atenção,  ficando  a  aguardar  novidades.        Antes  do  intervalo  para  o  jantar,  tivemos  a  descarga  sonora  dos  caldenses  Challenge,  a  mostrarem  o  seu  hardcore    musculado.  Banda  formada  em  2011  tem  uma  legião  já  bastante  grande  de  fãs,  percebendo-­‐se  pela  actuação    

   

efectuada  e  em  especial  o  ritmo  imposto  pelo  vocalista  Edgar  de    Barros.  Para  os  mais  aficionados  destas  sonoriedades  é  uma  banda  a  seguir  nos  vários  concertos  que  vão  dar  durante  os  meses  de  Abril  e  Maio.        Depois  da  pausa  onde  deu  para  recuperar  energias  passamos  à  segunda  parte  do  festival  com  os  grinders  Extreme  Retaliation  a  abrir  as  

hostilidades.  Banda  inicialmente  formada  em  Estremoz,  que  chegou  a  estar  inactiva,  reegue-­‐se  em  2012  tendo  o  J.  Espiga  (voz/guitarra)  como  o  único  elemento  da  formação  inicial.  Descargas  musicais  que  fazem  deles  uma  banda  a  seguir  atentamente.        Um  dos  pontos  altos  da  noite  e  que  deixou  o  seu  som  incrustado  na  pele  das  pessoas  foram  os  Bruma  Obscura.  Praticantes  de  black  metal,  com  letras  em  português  são  uma  das  bandas  mais  interessantes  dentro  da  cena  actual.  Com    vários  demos  editadas  sob  a  forma  de  cassete,  mas  em  pequeno  número,  tem  na  edição  de  “Tormentos”,  o  seu  último  trabalho  editado.  Procurem  e  ouçam  estes  Bruma  Obscura.        Quem  evita  apresentações  são  os  Decayed  e  voltaram  a  mostrar  o  porquê  de  serem  os  melhores  no  que  fazem.  JA  (guitarra/voz),  Vulturius  (voz/baixo)  e  Nocturnus  Horrendus  (bateria)  não  deram  descanso  ao  público  e  até  foram  buscar  temas  ao  “The  Conjuration  of  the  Southern  Circle”,  primeiro  longa  duração  datado  já  de  1993!  Em  2015  os  Decayed  vão  fazer  25  anos  de  carreira  (editaram  em  1990  a  “Promo  Tape”  sob  o  nome  Decay),  e  esperamos  grandes  novidades.  Para  já  estão  em  estúdio,  gravando  o  novo  álbum  “Into  the  Depths  of  Hell”.        A  última  banda  vista  foi  Vizir,  que  com  a  sua  amálgama  black/death/grindcore  abanou  os  alicerces  morais  dos  presentes.  Com  a  projecção  durante  o  concerto  de  imagens  porn/grind,  desfilaram  temas  como  “Esporrei-­‐me  na  Pia  Baptismal”,  “Punhetas  na  Catequese”  ou  “Diarréia  em  Fátima”.  Aproveitaram  o  festival  para  lançarem  uma  compilação  em  formato  cassete  com  os  dois  trabalhos  editados  até  à  data,  “Podridão  Astral”  e  “Uh  uh  uh”.        E  foi  assim  a  passagem  no  Colhões  de  Ferro,  com  boas  recordações,  bons  concertos  e  para  repetir  para  o  ano.    

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     Desire,  banda  lisboeta,  expoente  luso  do  melancholic  dark  doom  metal,  decidem  no  passado  dia  27  de  janeiro  dar  por  terminada  a  sua  longa  carreira  musical  de  22  anos.  Como  dizem  no  comunicado  encerram  “os  portões  do  reino  da  melancolia”.        Em  forma  de  reconhecimento,  um  pequeno  apontamento  histórico  acerca  dos  Desire.  Começaram  em  julho  de  1992  ainda  sob  o  nome  Incarnated,  constituídos  pelo  vocalista  Tear  (Nuno  Miguel)  e  o  baterista  Flame  (Vitor  Machado).  Com  a  presença  de  Rui  Sousa  (guitarras)  e  José  Adriano  (baixo)  gravam  a  em  1993  a  promo-­‐track  “Death  Blessed  by  a  God”.  Em  setembro  de  1994  decidem  mudar  o  nome  para  Desire,  apresentam  em  1995  uma  “Advance  Tape”  e  é  escolhida  a  Skyfall  Records  para  editar  no  ano  seguinte  o  álbum  de  estreia  “Infinity...  A  Timeless  Journey  Through  an  Emotional  Dream”.  Este  álbum  foi  considerado  uma  das  melhores  edições  desse  ano,  marcando  o  seu  território  no  metal  português.  Na  continuação  deste  sucesso  é  lançado  em  1998  o  EP  “Pentacrow...  Misanthropic...  Tragedy”  que  volta  a  dar  que  falar.        No  entanto  o  ano  de  1999  fica  marcado  pela  rescisão  do  contrato  com  a  Skyfall.  As  mudanças  contanstes  na  formação  tornam  o  processo  de  gravação  do  novo  álbum  bastante  difícil.        Em  Abril  de  2001  entram  no  L’Enfant  Terrible  Studios  para  a  gravação  do  terceiro  longa  duração,  que  veria  a  luz  do  dia  apenas  em  Maio  de  2002.  “Locus  Horrendus  –  The  Night  Cries  of  a  Sullen  Soul”,  um  álbum  auto-­‐financiado  que  é  considerado  uma  das  melhores  edições  mundiais  por  várias  revistas  e  webzines.  As  respostas  não  tardam  em  chegar  e  

levam  os  Desire  a  uma  série  enorme  de  concertos  tanto  no  nosso  país  como  pela  Europa  fora.                        Depois  desta  enorme  actividade,  a  banda  começa  a  lidar  com  vários  problemas  dentro  das  suas  hostes.  O  último  registo  é  o  EP  “CrowcifiX”  de  2009.    

“Black  as  our  emotions,      Sorrowful  as  our  (he)art...    Agenda    Fevereiro        19  –  The  Unholy  /  Dharma  /  Huracan’s  Fall  –  Resistance  Metal  Fest,  Oficina  Municipal  do  Teatro  –  O  Teatrão,  Coimbra        20  –  Madame  Violence  /  Huracan’s  Fall  /  Alma  Spectrum  –  Texas  Bar,  Leiria        20  –  Low  Torque  /  L’alba  di  Morrigan  (Itá)  /  Blame  Zeus  /  Blackstone  –  Canecas  Bar,  Paços  de  Ferreira          20  –  Night  Demon  (EUA)  /  Dragon’s  Kiss  –  Side  B  -­‐  Benavente        21  –  Edenkaiser  (Esp)  /  Vulpus  /  Peste  /  Nail  Surgery  –  Metalpoint,  Porto    

         21  –  Neoplasmah  /  Booby  Trap  /  Alchemist  –  A.  C.  Fora  do  Rebanho,  Quintela  de  Orgens        21  –  Inyourface  (Esp)  /  Stubborn  /  Rotura  –  Estudantino  Café,  Viseu          21  –  Low  Torque  /  L’alba  di  Morrigan  (Itá)  /  Stone  Cold  Lips  –  Tem  que  Ser  Bar,  Alpiarça        21  –  The  Last  of  Them  /  Above  the  Hate  –  For  Metal’s  Sake  #  3,  Direito  de  Resposta  –  Associação  Cultural,  Ilha  da  Morraceira,  Figueira  da  Foz        21  –  Bizarra  Locomotiva  –  RCA  Club,  Lisboa        26  –  Madball  (EUA)  /  Rise  of  the  Northstar  (Fra)  /  Strife  (EUA)  /  Backtrack  (EUA)  –  República  da  Música,  Lisboa        27  –  Saturnus  (Din)  /  Lantlôs  (Ale)  /  Ophis  (Ale)  /  Autumnal  (Esp)  /  Bosque  –  Under  the  Doom  Festival,  RCA  Club,  Lisboa        28  –  Forgotten  Tomb  (Itá)  /  Mourning  Beloveth  (Irl)  /  March  Funèbre  (Bél)  /  Dolentia  /  Agonia  –  Under  the  Doom  Festival,  RCA  Club,  Lisboa        28  –  M.O.R.G  /  Black  Burn  Hate  /  Claim  your  Throne  /  Abovemen  –  Heavy  B’day  Vol.  III  –  Feed  me  Fest  Vol.  II,  Metalpoint,  Porto          28  –  Midnight  Priest  /  Lyzzärd  /  Anarchrist  –  Cave  45,  Porto      Março        1  –  Terror  Empire  /  Revolution  Within  /  Destroyers  of  All  –  Salão  Brazil,  Coimbra        1  –  Mourning  Beloveth  (Irl)  /  Painted  Black  –  Metal  Point,  Porto        6  –  Karseron  /  Above  the  Hate  /  Diabolical  Mental  State  /  Shoryuken  –  Évora  Metal  Fest,  Arena  d’Évora,  Évora        7  –  Wako  /  Corpus  Christii  /  Uaninauei  /  Midnight  Priest  /  Göatfukk  /  Borderlands  /  Push  /  Analepsy  /  Omega  Sins  /  13After  –  Évora  Metal  Fest,  Arena  d’Évora,  Évora        7  –  Gazua  /  Quarteto  f  Woah!  –  RCA  Club,  Lisboa        7  –  Switctense  /  Terror  Empire  /  Stubborm  –  For  Metal’s  Sake  #  4,  Direito  de  Resposta  –  Associação  Cultural,  Ilha  da  Morraceira,  Figueira  da  Foz        7  –  Head:Stoned  /  Mindfeeder  /  Lyzzärd  –  Metalpoint,  Porto        14  –  Humanart  /  aDarkPlace  /  Toxik  Attack  /  Skinning  /  Ashes  Reborn  /  Evillution  /  Dor  na  Rótula  –  Monasterium  Fest,  Ferreira,  Paços  de  Ferreira        14  –  Theriomorphic  /  Shadowsphere  /  Bleeding  Display  /  Tales  for  the  Unspoken  –  Gods  of  Death  over  Lisbon,  RCA  Club,  Lisboa        20  –  Finntroll  (Fin)  /  Hatesphere  (Din)  /  Profane  Omen  (Fin)  –  Hard  Club,  Porto        21  –  Forgotten  Suns  /  Mindfeeder  –  Paradise  Garage,  Lisboa        20/21  –  Aura  Noir  (Nor)  /  Darkmoon  Warrior  (Ale)  /  Sturmtiger  (Ing)  /  Neoplasmah  /  Dragon’s  Kiss  /  Anarchos  (Hol)  /  Nefastu  /  The  Unholy  /  Ruach  Raah  –  Extreme  Metal  Attack,  Side  B,  Benavente        22  –  Aura  Noir  (Nor)  –  Hard  Club,  Porto        27  –  Moonspell  /  Septic  Flesh  (Gré)  –  Coliseu  dos  Recreios,  Lisboa        27  –  More  Than  a  Thousand  /  Iberia  /  Switchtense  /  Karnak  Seti  /  Jackie  D.  –  Moita  Metal  Fest,  Soc.  Filarmónica  Estrela  Moitense,  Moita        28  –  Onslaught  (Ing)  /  Bizarra  Locomotiva  /  Grog  /  Wako  /  Miss  Lava  /  Terror  Empire  /  Crossed  Fire  /  Albert  Fish  /  Colosso  /  Destroyers  of  All  /  Analepsy  /  Borderlands  –  Moita  Metal  Fest,  Soc.  Filarmónica  Estrela  Moitense,  Moita        28  –  Moonspell  /  Septic  Flesh  (Gré)  –  Hard  Club,  Porto