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TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Comunicação Social – Jornalismo 04 a 08 de Janeiro de 2010
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O USO DE RECURSOS HIPERTEXTUAIS NO JORNALISMO IMPRESSO: “CORREIO DO POVO”
FELIPE ZIBELL Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como requisito para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Dr. Elias José Mengarda e avaliação dos seguintes docentes:
Prof. Dr. Elias José Mengarda Universidade Federal de Santa Maria
Orientador
Prof. Ms. Carlos André Echenique Dominguez Universidade Federal de Santa Maria
Profa. Ms. Caroline Casali Universidade Federal de Santa Maria
Prof. Ms. Luís Fernando Rabello Borges Universidade Federal de Santa Maria
(Suplente)
Frederico Westphalen, 6 de janeiro de 2010.
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O uso de recursos hipertextuais no jornalismo impresso: “Correio do Povo”
Felipe Zibell Prof. Dr. Elias José Mengarda
RESUMO
Com a renovação tecnológica dos meios de comunicação e a recuperação de um velho paradigma do jornalismo impresso - a apuração detalhada e aprofundada das informações - um dos caminhos encontrados pelo jornal impresso para sua própria sobrevivência, foi o uso de estratégias hipertextuais, característica dos meios digitais, com finalidades didáticas ou pedagógicas no tratamento de algumas notícias. Este trabalho aborda a construção destas estratégias hipertextuais de caráter pedagógico no discurso do jornal impresso “Correio do Povo”. Procura ainda, relacionar o texto impresso e o hipertexto e demonstrar que, apesar de guardarem aspectos diferenciados quanto às peculiares de cada meio, eles podem compartilhar de características comuns, e que é possível a existência do hipertexto escrito.
PALAVRAS-CHAVE: hipertexto; jornalismo impresso; caráter pedagógico.
1 Introdução
Os avanços da tecnologia e o acesso gratuito e amplo aos recursos da Internet
revolucionaram as formas de comunicação e a instituição clássica do jornalismo impresso não
pode ficar alheia a essas mudanças. Ao contrário, pode incorporá-las à prática jornalística e
rever os conceitos tradicionais para renová-los de acordo com as novas possibilidades e
características da era tecnológica.
Com a chegada das novas mídias da televisão e principalmente, mais tarde, da
Internet, o caráter imediatista do jornalismo pareceu se encaixar melhor ao meio audiovisual
da televisão ou à emergência da cibermidia, com seus padrões de informação em tempo real.
A partir destas novas possibilidades de divulgação, o jornal impresso acabou relegado a uma
nova função. Frente a mídias ágeis como a TV e a Internet o aprofundamento teórico e
investigativo da notícia foi uma solução necessária. Isto, talvez indique um ciclo jornalístico
que renova os padrões da informação ao passo em que novas possibilidades vão surgindo para
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a divulgação dos fatos. “O jornal diário é cada vez mais instado a compilar fatos já
divulgados, investigar causas e antecedentes mais ou menos remotos, interpretar e produzir
versões da realidade – a fazer reportagem em suma” (LAGE, 2001, p. 52).
Com o jornalismo impresso voltado para uma notícia mais fundamentada, como era
antes da chegada destas novas tecnologias, houve a necessidade da adoção de estratégias
discursivas que pudessem servir ao púbico, que consome senão todos, vários tipos de mídia.
Uma destas estratégias utilizadas foi a adaptação dos recursos do hipertexto com funções
didáticas na prática do jornalismo impresso.
Sempre que falamos em hipertexto supomos uma construção textual não-linear que
nos possibilita fazer escolhas durante o percurso de leitura. Esta característica básica de
expandir a linha principal do texto e ampliar a gama dos desdobramentos textuais é que
transforma um texto linear em um hipertexto. Como diz Perfetti (1996, p. 157 apud
MARCUSCHI, 1999, p. 3), “entre o texto e o hipertexto está o hiper.” Isto pressupõe uma
evolução, tanto à forma quanto aos limites do texto.
O hipertexto rompe com a estrutura convencional do texto escrito. Em sua
característica não-linear ou não-seqüencial, o hipertexto não baseia sua ordem de leitura em
um único caminho. A leitura pode ser traçada em muitas ordens. Segundo Marcuschi (1999,
p. 1), “assim o leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a partir de
assuntos tratados no texto sem se prender a uma seqüência fixa ou a tópicos estabelecidos por
um autor”. Desta forma o receptor da mensagem toma suas decisões na construção do seu
próprio percurso de leitura.
Neste sentido, Marcuschi (1999) difere o texto impresso clássico do hipertexto no
momento em que afirma que este é responsável pela mudança da noção de autor e de leitor,
constituindo-se o que ele chama de “autoria coletiva ou de uma espécie de co-autoria”
(MARCUSCHI, 1999, p. 4).
A leitura se torna simultaneamente uma escritura, já que o autor não controla mais o fluxo da informação. O leitor determina não só a ordem da leitura, mas o conteúdo a ser lido. Embora o leitor usuário do hipertexto (...) não escreva o texto no sentido tradicional do termo, ele determina o formato da versão final de seu texto, que pode ser muito diverso daquele proposto pelo autor (MARCUSCHI, 1999, p. 4).
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Diversos pensadores tentam fazer a distinção entre texto impresso, supostamente linear
e o hipertexto digital, tanto que não conseguem vislumbrar a possibilidade de um texto poder
ser, como muitas vezes é, linear em meio digital e porventura não-linear em meio impresso.
Para outros, esta distinção é bem mais clara. Para Laufer e Scavetta (s.d. apud
RIBEIRO, 2006, p. 19), por exemplo, “para serem hipertextos, as produções escritas devem
ter certas características, sendo a principal a não-linearidade, tanto em meio impresso quanto
em meio digital.”
Analisando o trabalho de Ribeiro (2006), percebe-se a preocupação da autora em
buscar uma definição mais precisa para o hipertexto e o que ela chama de “nomenclatura mais
justa para as diversas formas de realização de um texto”, de acordo com o suporte em que se
encontra. Na tentativa de redefinir os conceitos básicos de texto, e hipertexto mais
especificamente, ela sugere:
a) texto – como materialidade, seja ela qual e onde for; b) leitura hipertextual – como modo de operar não - linearmente, algo que a mente faz de forma balística e natural na leitura de qualquer texto, seja ele oral, impresso ou digital, linear ou não-linear em sua aparência; c) hipertexto impresso – no caso de materialidades que simulem a não-linearidade da leitura como processo mental; d) hipertexto digital – caso essa simulação ocorra no computador, excluindo o termo “eletrônico” (RIBEIRO, 2006, p. 20).
Na realidade, vários autores, dentre eles Levy (1993) e Chartier (1998 apud RIBEIRO,
2006), defendem que o hipertexto não é recente e exclusivo das redes digitais, e que há muito
tempo existem produções escritas que se valem do princípio da hipertextualidade. Desde a
Bíblia, textos vêm sendo escritos de maneira que o leitor não seja pressionado a ler do início
ao fim, mas buscar pontos de interesse ao longo do texto.
A história nos mostra construções textuais que se guiam por este princípio, como as
enciclopédias e os dicionários, que são construídos por meio de verbetes e que ligam um texto
a outro, ou sugerem a leitura de outros tópicos de forma bem explícita através de marcadores
textuais (Ex.: ver item x) que funcionam exatamente como os links da era digital.
Nos próprios textos acadêmicos e nos livros, de forma geral, a utilização do índice e
das notas de rodapé indica, por si só, uma forma de deslinearização. O índice porque
possibilita ao leitor encontrar de forma mais ágil o que realmente lhe desperta interesse dentro
de um texto linear, fazendo com que ele não precise ler o texto integralmente; e as notas de
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rodapé porque é a forma mais explícita de não-linearidade em um texto escrito, na medida em
que desvia o olhar do leitor do texto e o direciona para algum tipo de informação adicional.
Ainda conforme Marcuschi, “um aspecto positivo decorrente do hipertexto é a
crescente interdisciplinaridade que se estabelece como demolidora de fronteiras entre as áreas
do conhecimento” (MARCUSHI, 1999, p. 1), aprofundando temas e contribuindo, dessa
forma, com o caráter educativo do jornalismo.
É interessante ressaltar como, ao longo de todos estes anos e apesar de todas as
mudanças pelas quais o jornalismo passou, o cunho social da prática jornalística nunca foi
abalada. Muito além de informar, o jornal educa e contribui na formação intelectual da
sociedade.
E o que seria este caráter pedagógico senão a própria manifestação da função social da
mídia? A importância que o jornal dá à formação cultural dos leitores é um compromisso de
cidadania e uma responsabilidade que o veículo chama para si. Mais do que uma função, o
jornal tem por obrigação a prestação de serviços à sociedade, a educação e a transmissão
direta de conhecimento já que é meio de comunicação de massa. Traquina (2005, p. 50)
colabora, afirmando que “um dos papéis do jornalismo é fornecer aos cidadãos as
informações necessárias para o desempenho de suas responsabilidades, tornando central o
conceito de serviço público como parte da identidade jornalística”.
Enquanto o trabalho na escola ou universidade é limitado ao passo que atinge um
número muito reduzido de pessoas, a mídia de massa atinge potencialmente milhões de
leitores porque dispõe de meios e contempla diversos formatos para a divulgação da
informação, antecipando a escola e ressaltando a importância fundamental da mídia na
formação intelectual da sociedade contemporânea.
Um bom exemplo desse caráter social do jornalismo foi a incessante divulgação do
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa1 por todos os meios de comunicação do país. De
1 O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, decreto de nº 6.583 publicado em 29 de setembro de 2008, entrou em vigor no Brasil no dia 1º de janeiro de 2009, tendo como principal objetivo a unificação da grafia do idioma Português em todos os países onde é utilizado como língua oficial. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa vem se reunindo desde 2004 para definir os parâmetros desta unificação ortográfica. Antes do acordo ortográfico, o Português era a única língua que mantinha duas grafias oficiais. Com a nova reforma, a Língua Portuguesa passa a ter uma correspondência de 98% dos vocábulos entre o idioma do Brasil e o de Portugal, o que favorece muito para que o Português seja adotado também como idioma oficial pela ONU. Apesar de apenas 2% da escrita ter sido alterada com as regulamentações do acordo – 1,6% de vocábulos alterados em Portugal e apenas 0,5% no Brasil – o prazo para a adequação total às novas regras gramaticais foi estipulado em quatro anos, no Brasil. Portanto até dezembro de 2012 serão aceitas ambas as grafias.
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diversas formas, dentro das possibilidades que cada mídia suporta, utilizando-se das mais
diferentes estratégias, o jornalismo informou e prestou um serviço à população brasileira,
tratando-se de um assunto de altíssimo interesse público.
Contudo, o que se mostra mais interessante de ser analisado é a inserção de um novo
paradigma na produção textual do jornalismo impresso através do jornal “Correio do Povo”
de Porto Alegre - RS. O jornal adota a utilização do recurso do hipertexto para a divulgação
das novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e esta atitude configura uma
novidade para o jornalismo impresso, não pelo advento do hipertexto – que data de muito
tempo atrás e manifesta-se através de diferentes formas no texto impresso – mas pela
evolução da tecnologia que possibilitou novas aplicações ao hipertexto e fez com que ele
retornasse à mídia impressa reformulado, carregando consigo inúmeras características
adquiridas pelo processo de leitura eletrônica e multilinear.
O jornal gaúcho optou por uma estratégia que foge aos padrões do jornalismo
impresso clássico para divulgar as mudanças ocorridas na Língua Portuguesa pós-acordo
ortográfico. Enquanto a maioria dos jornais de grande circulação encarou o fato como uma
notícia, o Correio do Povo, utilizando-se de estratégias hipertextuais com intenção
pedagógica, informou a população de forma eminentemente prática acerca das novas regras
do Português, na medida em que elas eram inseridas no texto jornalístico.
Sempre que uma palavra, cuja grafia havia sido alterada pelo novo Acordo da Língua
Portuguesa, era introduzida no texto jornalístico, através do recurso de hipertexto, um box era
elaborado para explicar a nova regra. Neste box, a regra gramatical em questão era
minuciosamente explicada, auxiliando na compreensão das mudanças ocorridas. As palavras
no texto apareciam ressaltadas em negrito e isto fazia com que o leitor buscasse uma
explicação que era encontrada por ele em uma caixa de texto em forma de quadro-negro
escolar, geralmente, na parte superior da página.
Esta prática nada mais é do que o uso deliberado de técnicas hipertextuais,
características do meio digital, inseridas no jornalismo impresso diário. O quadro funcionava
como um quadro de sala de aula, onde exemplos demonstravam a aplicação, na prática, das
normas gramaticais. O Correio do Povo adota esta técnica até hoje, ainda que em menor
frequência (geralmente uma vez por edição, não mais em cada página, como ocorria no
princípio).
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Considerando esta situação, surgem dúvidas acerca da construção de um texto
impresso e que agregue características de texto não-linear e estas dúvidas constituem-se em
problemas de pesquisa. A hipertextualidade é tida como característica fundamental dos textos
em meios digitais, no entanto, é possível adotá-la em meios impressos? Existe, enfim, a
possibilidade concreta, eficiente e atual de hipertexto impresso? Como o jornal impresso pode
incorporar estratégias hipertextuais com finalidades didáticas? E principalmente, de que forma
o jornal Correio do Povo, ao utilizar estas estratégias com intenções pedagógicas, consegue
fazer valer a função educativa da mídia?
Este trabalho objetiva, acima de tudo, discutir e analisar o tratamento que o jornal
Correio do Povo, de Porto Alegre, deu à notícia da regulamentação do Acordo Ortográfico e
investigar a inserção de estratégias hipertextuais e pedagógicas, com finalidades didáticas, na
construção da informação no jornal impresso. São estes os pontos principais que motivam
uma pesquisa que busca o entendimento de tais estratégias comunicacionais não-lineares e da
função educativa do jornalismo.
2 Percurso Teórico-Metodológico
Para a realização deste trabalho foram utilizados métodos de pesquisa baseados na
análise de caso e de discurso. Como método de coleta de dados, utilizou-se a pesquisa
documental, analisando o produto em questão, o jornal Correio do Povo.
O trabalho foi realizado a partir de duas fases principais. Na fase inicial, procedeu-se
com a busca, seleção e classificação do conjunto dos exemplares do jornal a serem analisados.
Nesta etapa foram catalogados sete (7) exemplares relativos à primeira semana de janeiro de
2009, ou seja, de 10/01/09 a 7/01/09: o primeiro contato com a nova Reforma Ortográfica. O
número de sete edições consecutivas possibilitou um entendimento da proposta do veículo e
sustentou a análise de seu discurso.
Após a devida classificação das edições, partiu-se à segunda fase da pesquisa, em que
o objetivo primeiro esteve na análise da forma em que as informações referentes às novas
regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa encontravam-se inseridas na página do
jornal, ou seja, o modo em que este conteúdo foi disponibilizado ao público. Para tanto, este
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nível do trabalho foi realizado à luz dos conceitos trazidos por Marcuschi (1999) e Koch
(2007) e através deles buscou-se a constatação de que existe a possibilidade de hipertexto
impresso.
Tanto Marcuschi (1999) quanto Koch (2007) quando analisam as características que
vêm sendo apontadas para determinar a natureza do hipertexto, levando em consideração
somente a possibilidade de hipertexto digital, destacam:
a) Não-linearidade: que aponta para a flexibilidade das ligações permitidas ou
sugeridas. A não-linearidade é considerada pelos autores a característica central do hipertexto.
Desta forma, o hipertexto se caracteriza como um processo de leitura, diferente
daquele processo clássico da leitura do texto impresso e refere-se, justamente, à flexibilidade
de leitura, que se baseia na sugestão de caminhos a serem percorridos e que levam o leitor à
construção de um texto coerente. Para manter esta coerência, o leitor não depende
exclusivamente do texto, mas da sua própria proposta enquanto organizador de idéias.
Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os leitores a ler numa onda linear – da esquerda para a direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não-seqüencialmente (SNYDER, 1996 apud MARCUSCHI, 1999, p. 3).
É por isso que Marcuschi (1999, p. 1) nos fala que o hipertexto rompe com a estrutura
convencional e as expectativas do texto linear quando afirma que “o hipertexto caracteriza-se,
pois, como um processo de escritura/leitura eletrônica, multilinearizado, multisequencial e
indeterminado”.
b) Volatilidade: por não ter estabilidade, no hipertexto, todas as escolhas são
passageiras assim como as conexões estabelecidas por seus leitores. Daí ser considerado um
fenômeno essencialmente virtual.
A intenção de leitura está intimamente relacionada ao conhecimento prévio de cada
hiper-leitor. A bagagem cultural de cada indivíduo influencia de maneira crucial no desenrolar
de cada link de forma a criar um texto único, enquanto construção textual, relacionado aos
interesses e às expectativas de cada leitor e também à subjetividade de suas escolhas. Estas
escolhas são voláteis porque podem ocorrer ou não.
Com isso o leitor passa a ter um papel muito mais ativo em relação ao texto.
Marcuschi (1999, p. 5) diz que “ele rompe a ordem de construção ao propiciar um conjunto de
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possibilidades de constituição textual plurilinearizada, condicionada por interesses e
conhecimentos do leitor-co-produtor.” Ou seja, o controle do texto passa ao leitor que conduz
o percurso de leitura de acordo com suas necessidades e interesses. Assim, “dificilmente dois
leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões”
(MARCUSHI, 1999, p. 3).
c) Topografia: o hipertexto não é hierárquico, nem tópico, mas topográfico, pois se
trata de um espaço de escritura e leitura que não tem limites para se desenvolver.
d) Fragmentalidade e Conectividade: a ligação entre trechos de texto geralmente
breves com possível retorno ao texto original.
Justamente ao contrário do que acontece com a leitura do texto linear, cabe ao hiper-
leitor relacionar os fragmentos textuais selecionados por ele e construir um texto coeso ao
final do processo de leitura. Por outro lado, cabe também ao autor do texto, “construir
segmentos textuais que tenham um sentido completo e que permitam a construção de relações
de sentido, mesmo se acessados em uma ordem diferente” (BRAGA, 2005, p. 758). Por isso
pode-se afirmar que o hipertexto é uma construção parcial para ambos os lados: o escritor
porque cria os elos e sugere caminhos a serem seguidos, e o leitor que, enfim, opta pelo
caminho que melhor julgar.
e) Acessibilidade ilimitada: o hipertexto acessa todo tipo de fontes (didáticas,
literárias, científicas, etc.) e não experimenta limites às ligações que estabelece e;
Multisemiose: caracterizada pela possibilidade de interconectar linguagem verbal e não-verbal
(música, imagens) de forma interativa.
f) Multicentramento: o hipertexto está ligado à possibilidade de deslocamento
indefinido de tópicos, mas que não se tratam de um agregado aleatório de fragmentos textuais.
[...] deve-se admitir que (o hipertexto) não se trata de uma produção textual randômica ou aleatória, pois isto tornaria ininteligível a informação. Há, sim, uma linearização mínima, seja em parágrafos, capítulos, pequenas peças que podem ser lidas seqüencialmente. O que se observa é que há possibilidades de prosseguir não linearmente na escolha dessa seqüência, ou seja, a propósito de qualquer elemento, pode-se inserir novos elementos por algum princípio geral ali presente, por exemplo, um link específico (SNYDER, 1997 apud MARCUSCHI, 1999, p. 5).
g) Interatividade: que, por um lado, é propiciada pela multisemiose e pela
acessibilidade ilimitada e, por outro, pela relação de um leitor-navegador com múltiplos
autores em quase sobreposição em tempo real.
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h) Intertextualidade: o hipertexto é um “texto múltiplo”, que funde e sobrepõe
inúmeros textos. Koch (2007, p. 24) nos fala a respeito da intertextualidade e do caráter
dinâmico do hipertexto quando discute as teorias de Levy. Diz a autora que:
O texto, assim constituído, é dinâmico, está sempre por fazer. Isto implica, por parte do leitor, um trabalho contínuo de organização, seleção, associação, contextualização de informações e, conseqüentemente, de expansão de um texto em outros textos ou a partir de outros textos, uma vez que os textos constitutivos dessa grande rede estão contidos em outros e também contêm outros (KOCH, 2007, p. 24).
Marcuschi também aborda este tema dizendo que a natureza da escritura que o
hipertexto propicia não é comandada por um único autor. “Podem-se acessar textos de autores
diversos e temas variados, desde que se queira aprofundar um dado elemento”
(MARCUSCHI, 1999, p. 5).
O segundo nível da pesquisa se deu na análise do discurso informativo presente na
proposta do Correio do Povo. Para isto buscou-se base nos estudos de Verón no que tange à
pedagogização do discurso.
A escolha pela utilização do recurso do hipertexto cria um vínculo com o leitor,
estabelecendo o que Verón (2004) conceitua como “contrato de leitura”.
Para Verón (2004, p. 219) este “contrato de leitura” é o acordo tácito estabelecido
entre um enunciador e um enunciatário de determinado periódico, onde o sucesso (ou o
fracasso) deste não é definido por aquilo que é dito (o conteúdo), mas pelas modalidades de
dizer o conteúdo (grifos do autor).
Desta forma, evidenciam-se dois tipos de abordagem ou estratégias enunciativas
definidas por Verón (1983): a estratégia da cumplicidade, que busca criar um elo entre
enunciador e enunciatário permitindo uma relação de cumplicidade que parece buscar uma
sugestão de conselhos por parte do enunciador; e a estratégia do distanciamento, que se baseia
na diferenciação entre enunciador e enunciatário e pode assumir um caráter pedagógico ou
não-pedagógico.
No distanciamento pedagógico, o enunciador assume a função de guia, já que pretende
mostrar ou explicar determinado conteúdo. O enunciatário, então, aparece como aquele que
escuta, entende e aproveita as informações transmitidas. Já quando fala em estratégia do
distanciamento não-pedagógico, pressupõe um discurso em que o enunciador não modaliza o
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que diz, simplesmente produz informações de forma impessoal através de recursos produzidos
em terceira pessoa. Há uma justaposição que não classifica ou hierarquiza os temas.
Buscou-se, ainda, um entendimento sobre a diversidade de regras gramaticais que
foram abordadas por esta prática do hipertexto, naquele intervalo de tempo. Se, no uso desta
estratégia, o jornal conseguiu transmitir a totalidade das mudanças na ortografia da Língua
Portuguesa, ou não e de que forma isto ocorria.
3 Análise dos Resultados
As palavras em negrito eram inseridas no texto jornalístico de forma aleatória, na
medida em que iam sendo utilizadas para compor uma matéria e só apareciam negritadas as
palavras que haviam, recentemente, sido alteradas pela Reforma Ortográfica da Língua
Portuguesa. Desta forma, buscavam chamar a atenção do leitor para uma mudança ocorrida
nos hábitos de escrita e leitura do usuário da língua.
Muitos veículos de comunicação se posicionaram a favor de adotar as novas regras do
Português já a partir de janeiro de 2009, quando a reforma foi definida. No entanto, o que
diferenciou o Correio do Povo dos demais veículos do país foi a forma estabelecida para o
tratamento da notícia, utilizando-se de recursos diferenciados e inovadores para a mídia
impressa diária do Brasil.
Isso não implica que o jornal gaúcho não tenha realizado uma matéria convencional
sobre as mudanças advindas da Reforma Ortográfica. A edição conjunta de 31 de dezembro
de 2008 e 1º de janeiro de 2009 trazia na página 19 do diário, dentro da editoria geral, o
seguinte título: Brasil e Portugal dão fim à “guerra linguística” (sem trema). Nesta matéria o
jornal adianta que o leitor irá se deparar diariamente com dicas sobre as regras, elaboradas
pelo professor de Português Landro Oviedo, consultor de gramática do Correio do Povo.
Ao invés de foto ou gráfico, esta matéria trazia um desenho de um quadro-negro
escolar com bordas de madeira cujo título escrito em giz branco anunciava a “Reforma
Ortográfica”. Dentro do quadro as regras e exemplos das duas mudanças mais significativas
da Língua Portuguesa falada no Brasil: a hifenização e a acentuação gráfica.
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Em janeiro de 2009, quando a regra entrou em vigor, o jornal inaugurava também seu
novo projeto gráfico, que trazia mudanças significativas ao layout do Correio do Povo. Entre
as inovações estava um espaço na margem superior da página reservado a pequenas notas.
O jornal utilizou-se do modelo de box adotado para a matéria do dia 1º para construir
os boxes diários, expandindo o texto a partir das palavras modificadas e negritadas. Os boxes
eram menores e dedicavam-se a explicar e exemplificar a regra referente à palavra em
questão. Foi, então, a margem superior da página, o principal espaço que o jornal se utilizou
para a inserção destas caixas de texto explicativas das novas regras.
Analisando esta iniciativa do Correio do Povo à luz dos conhecimentos de Marcuschi
(1999) e/ou Koch (2007) quanto à forma e às características do hipertexto, percebe-se que
mesmo estando inserida no contexto de um meio impresso, esta proposta mostra-se coerente
com muitas das características do texto não-linear digital, possibilitando, desta forma, uma
inevitável comparação.
Analisaremos, a partir de agora, cada uma das oito características comuns entre ambos
os autores, assumindo a possibilidade de estes pressupostos serem válidos também para o
texto não-linear impresso.
a) Não-linearidade: Crystal (2001, p. 196 apud SADE, s.d., p. 7) classifica este tipo de
texto não-linear como “um texto que pode ser lido de forma multidimensional” ou que não é
feito linha por linha, mas que propicia a visualização de vários aspectos dentro de um mesmo
tema, cujo foco é estabelecido pelo interesse do leitor. No hipertexto não há a obrigação de o
leitor seguir a estrutura convencional de introdução, desenvolvimento e conclusão. Isto não
quer dizer que a estrutura básica do texto não exista. Ela pode estar presente em cada um dos
textos acionados, mas o leitor não se vê obrigado a seguir esta estrutura linear pré-definida,
lendo da primeira à última página, e nem mesmo a concluir esta leitura, podendo saltar de um
texto para outro. E isto pode ser aplicado também quando falamos em hipertexto escrito.
Quando a palavra em negrito surge em meio a um texto impresso como parte da
informação jornalística, há a possibilidade tanto de seguir em frente, não alterando a
sequência do texto-base, quanto a possibilidade de o leitor interromper a leitura naquele
ponto, ler a informação do box, e voltar ao texto da matéria, se assim desejar.
b) Volatilidade: Quando cita esta característica, Marcuschi (1999) visualiza o
hipertexto como um fenômeno essencialmente virtual. E isto não é inteiramente uma verdade.
Ainda enquanto texto escrito, o hipertexto também assume um caráter volátil, pois é o
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interesse particular do leitor, tanto digital quanto de texto impresso, que guia o percurso de
leitura no decorrer de todo o texto ou até mesmo o tempo que o leitor dispõe para determinada
leitura.
O leitor tem a oportunidade de ignorar as possibilidades hipertextuais, dando
continuidade ao seu percurso de leitura, não alterando a construção lógica da informação do
texto original. Uma vez aceita a possibilidade do hipertexto, mesmo assim, após a leitura ela é
descartada. E se ignorado, ao passar de página no jornal, o hipertexto fica no passado,
reafirmando assim, seu caráter passageiro.
c) Topografia: Se nas mídias online o hipertexto não vê limites para se desenvolver, no
caso do hipertexto impresso o limite físico existe, já que o texto encontra inserido ente capa e
contracapa, ou entre as margens da folha de papel. O leitor tem contato com a íntegra do
documento físico que está em suas mãos. É esta a diferença que separa o hipertexto digital do
escrito. No hipertexto digital o texto se encontra escondido por trás das páginas digitais de
maneira que o leitor jamais terá acesso ao material por completo, evidenciando, desta forma, a
infinitude das possibilidades do hipertexto digital.
No texto impresso a estocagem é direta e seu acesso imediato, tendo consultas não lineares, tais como as notas, a bibliografia, os gráficos etc. No hipertexto a estocagem não é diretamente acessível nem acessível por completo. Muitas informações são acessadas por comandos específicos e com um cursor, mas isso também ocorre ao usarmos os índices remissivos de livros. A diferença maior está no caso do controle da seleção da informação. Neste caso, o livro providencia acessos sempre rígidos e estabelecidos de uma vez por todas. Já no hipertexto o controle fica por conta do leitor que agirá de acordo com suas necessidades e em função de suas condições cognitivas ou interesses específicos (MARCUSCHI, 1999, p. 4).
Desta forma, podemos afirmar que o texto impresso não é impedimento para o leitor
buscar uma melhor compreensão dos assuntos que está pesquisando e expandir o texto a partir
de uma palavra (como no caso do Correio do Povo). No momento que esta ou aquela
expressão chama a atenção do leitor, guia seus interesses a outros textos, contidos no mesmo
veículo (jornal ou livro), ou em qualquer outro material, que a explicam ou complementam de
acordo com os objetivos do leitor durante sua pesquisa.
d) Fragmentalidade e Conectividade: Se por um lado o hipertexto digital é constituído
por vários blocos de texto individuais, mas, interligados pelos links, estrutura esta
característica fundamental do meio digital e impossível de transplante para o meio impresso;
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por outro o impresso adotou estratégias que conseguem substituir de forma muito clara e
precisa a funcionalidade do link. Linhas, boxes ou caixas de diálogo, termos-chave em
negrito, ícones inseridos no texto por vezes fazem o papel de link no impresso, quando ligam
um bloco de texto a outro, direta ou indiretamente, de forma não-linear. A palavra em negrito
no texto do Correio do Povo é o elo, e pode ser considerada o próprio link que liga o texto
jornalístico ao fragmento textual secundário contido no box em destaque.
e) Acessibilidade ilimitada e Multisemiose: O hipertexto, seja digital, seja impresso,
tem o poder de acessar todo tipo de fontes (didáticas, literárias, científicas, etc.). O hipertexto
digital de forma direta, através de um clicar do mouse acessa-se um link que pode direcionar o
leitor a versões digitais de todo tipo de informação. O hipertexto impresso o faz ainda que de
forma indireta quando indica, através de verbetes nos dicionários ou enciclopédias, a consulta
a outros textos; ou quando extrai trechos de textos e os assume como extensão do texto
principal, na forma de notas ou boxes informativos, como no Correio do Povo, por exemplo.
O que nos parece impossível de transplante para o meio impresso é a capacidade que o
ambiente digital tem de suportar uma linguagem multimídia. Por mais inovador que um texto
escrito pretenda ser, ele jamais vai poder se utilizar de ferramentas como o som ou a imagem
em movimento devido às limitações do suporte. No caso do hipertexto digital existem
múltiplas opções cabendo ao leitor selecionar aquela que lhe interessa. No jornal impresso o
espaço é limitado e a proposta de conteúdos também se limita a realçar determinada
ocorrência gramatical trazida pelo Acordo Ortográfico, neste caso. As possibilidades são
maiores no meio digital, mas isto não deslegitima o hipertexto no suporte impresso.
f) Multicentramento: O fato de o hipertexto não se tratar de um agregado aleatório de
fragmentos textuais se encaixa tanto para o hipertexto digital quanto para o hipertexto
impresso. No caso do Correio do Povo, toda matéria que contém uma palavra negritada como
forma de link para um texto secundário externo é um texto jornalístico completo, com lead,
começo, meio e fim. No entanto, o leitor pode optar por escapar do texto no instante em que
passa o olhar pela palavra negritada e dirigir-se ao box, que também organiza suas idéias em
uma estrutura básica e linear. Ou seja, são ambos, textos independentes e construídos
respeitando a ordem básica do texto, embora ligados um ao outro de forma não-linear.
g) Interatividade: A interação entre autor e leitor, ou entre o leitor e o hipertexto não se
dá em função do meio em que se encontra este texto, impresso ou digital, mas em função das
possibilidades de acesso a outras informações ou pela relação do leitor-navegador com outros
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autores. Ribeiro (2006, p. 22) comenta que “navegar por um texto não é algo restrito ao
suporte digital, mas refere-se ao percurso que o leitor pode fazer em determinado objeto de
leitura (texto, gráfico, legenda, sumário, índice), de acordo com suas escolhas, a partir de
opções de caminho”.
h) Intertextualidade: Podemos falar em co-autoria não só a respeito do leitor enquanto
organizador de idéias, mas também no momento em que os textos acionados por meio de links
nas possibilidades do hipertexto podem ser e, na maioria das vezes o são, escritos por
diferentes autores com visões diferentes sobre o assunto. Isto torna o leitor um dos muitos
colaboradores do texto final. Toda vez que falamos em autor devemos considerar que o texto
formado ao final do processo de leitura é fundamentado nas idéias de várias personagens que
contribuíram na construção do entendimento e que, ao final, culmina com a participação do
leitor (e seus interesses), co-autor do texto final. No caso do Correio do Povo nota-se que o
texto do box é escrito por um autor diferente ao do texto jornalístico. Trata-se de outra
construção textual, com caráter mais escolar ou disciplinar que jornalístico, caracterizando o
efeito de polifonia já que insere a voz do professor de Português no discurso do jornal diário.
O termo hipertexto, quando foi criando nos anos 60, apoiou-se na idéia do texto não-
linear digital, empregado no contexto da informática. Porém, hoje, com as inovações
tecnológicas também na área impressa que possibilitam novas investidas, novas
experimentações em nível de diagramação, não é difícil pensar em hipertexto em relação ao
impresso.
Desta forma, podemos dizer que o avanço das redes digitais propiciou um novo
paradigma ao hipertexto e não o contrário. A tecnologia permitiu uma nova forma de
conceber o hipertexto valendo-se de suas características, como a dinamicidade, a
interatividade em tempo real, a interação entre vários tipos de mídia que revigoraram as
potencialidades do texto não-linear e não criam um novo hipertexto.
Ao olharmos para o passado percebemos que muitas das características atribuídas ao
hipertexto digital estão presentes no texto impresso. O que houve foi um “rearranjo” da era da
tecnologia na escrita, formatação, registro e leitura. Autores como Burbules e Callister (2000
apud BRAGA, 2005, p. 759) ressaltam, por exemplo, que o hipertexto recupera e expande
formas de relações inter e intratextuais já exploradas nos textos impressos.
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O olhar para a escrita e para a leitura que se tornaram possíveis a partir do texto eletrônico permite compreender, por uma influência retrospectiva, que o texto tradicional era e sempre foi um hipertexto. Assim, não é que o texto seja como o hipertexto, mas o hipertexto é como o texto, é uma metáfora do texto tradicional, e, dado o suporte, atualiza e incrementa as potencialidades dele (BARROS, 2007, p. 9).
Com esta estratégia hipertextual o jornal Correio do Povo conseguiu publicar nos sete
primeiros exemplares do ano de 2009, 83 boxes informativos sobre as novas regras da Língua
Portuguesa, inseridos nas 117 páginas válidas (não computadas as páginas publicitárias) dos
exemplares de 1º a 7 de janeiro de 2009.
Nestes 83 boxes o jornal abordou os temas de hifenização por 36 vezes, acentuação
gráfica por 31 vezes, uso do trema por 11 vezes, assuntos relativos à grafia das palavras, 4
vezes e mudanças ocorridas no alfabeto (como a inclusão das letras “k,w,y”), 2 vezes.
Estas intervenções se deram de forma completamente aleatória, na sequência em que
as palavras alteradas iam sendo utilizadas de forma natural na construção do texto jornalístico.
Muitas vezes os boxes utilizados para a explicação de determinada regra eram os mesmos
utilizados em páginas ou edições anteriores, pois tratavam da mesma regra gramatical,
aplicada em palavras diferentes, embora suscetíveis à aplicação das mesmas normas. O jornal
não se preocupou em abordar a totalidade das regras publicadas a partir do Acordo
Ortográfico em um curto período de tempo. Apenas as introduzia na medida em que o leitor
pudesse aproveitá-las na leitura do texto e assimilá-las gradativamente.
Esta estratégia corroborou de forma explícita com o jornal Correio do Povo afirmando
seu caráter educativo enquanto mídia; não somente pelo fato de trazer informação e
contribuir, assim, para a educação da sociedade, mas por meio de estratégias pedagógicas,
utilizando-se de recursos hipertextuais, como se a escola estivesse se inserindo dentro da
mídia. E quando isto aconteceu chamou a atenção por traçar um caminho inusitado. As
possibilidades da leitura hipertextual não-linear garantem que aquilo que é posto em destaque
seja observado com mais cuidado, ressaltando assuntos que muitas vezes passariam
despercebidos aos olhos do leitor.
Analisando esta situação pelo prisma dos conceitos de Verón (1983) quando nos fala
das estratégias de pedagogização do discurso, percebe-se a ocorrência, neste caso, de uma
estratégia de distanciamento por parte do jornal quando estabelece um afastamento entre o
jornal, ou o professor que explica a regra e o público leitor que as absorve. Pode-se
considerar, ainda, que esta estratégia do distanciamento assumiu no jornal Correio do Povo
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um caráter pedagógico. No distanciamento pedagógico, segundo Verón, o enunciador assume
a função daquele que guia ou explica e o enunciatário aparece como aquele que escuta e
aproveita as explicações.
O fato de o enunciador ser um professor de Língua Portuguesa já dá indícios de uma
abordagem pedagógica por parte do jornal. O uso dos boxes caracteriza as explicações e o
formato de quadro escolar colabora com a noção de posição didática utilizada pelo Correio do
Povo. Mas o distanciamento pedagógico se manifesta no discurso do jornal, principalmente
pelo uso de dicas de adequação ortográfica que indicam um caminho a ser seguido pelo leitor.
O texto não era escrito com verbos imperativos, denotando uma imposição por parte
do jornal, mas o uso do texto como forma de alertar o público está muito presente. Quando se
lê, a impressão é de ouvir o professor comentando as regras gramaticais e, porventura,
sugerindo adequações ortográficas. A ausência do uso de tópicos que explicariam o tema se
dá basicamente pela falta de espaço para o texto, que se desenvolve em um único parágrafo,
mas é suprida pela exaustiva recorrência a exemplos, que vão muito além da palavra em
questão (negritada no texto).
4 Conclusão
Pudemos perceber, enfim, que as diferenças existentes entre um texto e um hipertexto
não se dão em função do meio ou do formato em que estão dispostos, impresso ou digital, mas
em função das características que os definem como texto linear ou não-linear e que muitas das
características adotadas como essenciais ao hipertexto digital também definem o hipertexto
em meio impresso, ainda que de forma modesta.
Pelo que se observou durante esses anos, as redes de informática e seus ambientes
virtuais criaram uma imitação tecnológica para estabelecer um elo entre blocos de
informações relacionadas ao molde dos, já antigos, sumários e notas de rodapé. A este “novo”
dispositivo deram o nome de link. E hoje o link volta ao impresso reformulado, trazendo as
inovações adquiridas ao longo do tempo por diversas influências eletrônicas, principalmente
através de elementos gráficos e recursos de diagramação.
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Segundo Levy (1993, apud RIBEIRO, 2006, p. 27) as revistas e os jornais sempre
foram hipertextos, por si só, nos quais o leitor pode navegar a partir da capa ou do índice (no
caso da revista) que oferecem indicações (manchetes, títulos, paginação, caderno) e que
guiam à matéria de interesse. Isto demonstra a importância do hipertexto, especialmente para
o campo do jornalismo, que se vê rejuvenescido pelas possibilidades de aplicação do
hipertexto em suas páginas.
O Correio do Povo abordou o tema do acordo ortográfico de forma constante em uma
série de edições. A continuidade do tema superou o caráter perecível da notícia e combateu de
certa forma, a “deterioração do valor da informação”, como cita Traquina (2008, p. 37),
contribuindo, inegavelmente, na educação social e na prestação de serviços à comunidade.
O acordo ortográfico foi amplamente divulgado por todas as mídias do país, cada uma
em suas características fundamentais, mas é no jornalismo impresso que as mudanças ficam
mais visíveis. Há de se perceber que a Reforma Ortográfica se deu apenas em nível de língua
escrita e nada foi alterado na pronúncia, típica de cada país ou região. Isto faz do jornal
impresso o meio mais capacitado para a exploração desta temática. E o Correio do Povo o fez
levando em consideração os princípios da novidade, do imediatismo e da responsabilidade
social, não deixando de lado o aprofundamento do tema (ainda que de maneira diferenciada),
características do jornalismo impresso atual.
A inovação trazida pelo jornal gaúcho está no aprofundamento do tema por meio do
uso do hipertexto, que foi extremamente válido para a compreensão e adequação às novas
regras da Língua Portuguesa, na medida em que o jornal se aproximava dos métodos
utilizados por livros didáticos. A informação é pilar fundamental na educação e Sade (s.d., p.
5), assegura que “os benefícios da leitura de hipertexto para fins didáticos são imensos”.
Sabemos que a mídia impressa preza a novidade e é nesse sentido que a informação
sistemática sobre aspectos do Acordo Ortográfico ganhou relevância não só em nível de
informação, mas também em nível pedagógico. A abordagem dava-se a partir de palavras
inseridas em textos o que demandava dos leitores liberdade ou não de ler o que o Correio do
Povo indicava como novidade ou mudança em boxes paralelos ao texto-base.
Esta opção do jornal em termos de educação e cultura em geral foi de suma
importância. Sabemos que num país onde a leitura é deficiente, a atitude do Correio do Povo
foi, sem dúvida, ao abordar esta temática, muito construtiva para toda a sociedade e para as
instituições que se preocupam com a qualidade do ensino no Brasil.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, J. S. O texto na era do hipertexto. Revista eletrônica da FIA, vol. 3, n. 3, jul./dez. 2007. Disponível em: < www.fia.edu.br/fia/revista/revista3/1.pdf>. Acesso em: 23 out. 2009. BRAGA, D. B. Hipertexto: questões de produção e de leitura. In: ESTUDOS LINGUÍSTICOS, XXXIV, 2005, Campinas. Anais eletrônicos... Campinas: UNICAMP, 2005. p. 756-761. Disponível em: <http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos-2005/4publica-estudos-2005-pdfs/hipertexto-questoes-de-producao-1798.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2009. KOCH, I. G. V. Hipertexto e construção do sentido. São Paulo: Alfa, 2007. p. 23-38. Disponível em: <http://www.alfa.ibilce.unesp.br/download/v51-1/02-Koch.pdf>. Acesso em: 9 ago. 2009. LAGE, N. Ideologia e técnica da notícia. 3. ed. Florianópolis: Insular, Ed. da UFSC, 2001. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: 34, 1993. MARCUSCHI, L. A. Linearização, cognição e referência: o desafio do hipertexto. Línguas e Instrumentos Linguísticos, Campinas, n. 3, p. 1-12, 1999. Disponível em: < http://www.pucsp.br/ ~fontes/atividade/17Marcus.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2009. RIBEIRO, A. E. Texto e leitura hipertextual: novos produtos, velhos processos. Linguagem & Ensino, v. 9, n. 2, p. 15-32, jul./dez. 2006. Disponível em: <http://rle.ucpel.tche.br/ php/edicoes/v9n2/01Ribeiro.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2009. SADE, L. A. Estratégias de leitura de hipertexto. p. 1-10. São João del-Rei: Ed da UFSJ, [s.d.]. TRAQUINA, N. Teorias do Jornalismo: porque as notícias são como são. 2. ed. Florianópolis: Insular, 2005. TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo: a tribo jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. 2. ed. Florianópolis: Insular, 2008. VERÓN, E. Fragmentos de um tecido. São Leopoldo: Ed. da Unisinos, 2004. VERÓN, E. Quand lire c’est faire: l’enonciation dans le discours de la presse écrite. Semiotique II. Paris: IREP, 1983.
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APÊNDICE A – Análise dos boxes no Correio do Povo de 1º a 7 de janeiro de 2009 Jornal Correio do Povo - Dia 1º/01/09 Pag.2: hífen (mal-estar) Pag.4: acentuação ói/éi Pag.5: acentuação ói/éi (apoiar) Pag.6: acentos diferenciais (pode/por) Pag.7: verbo negociar/premiar Pag.8: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.10: acentos diferenciais (pera/pela/para/polo) Pag.11: acentuação (hiatos vogais iguais oo/eem) Pag.14: trema (gue/gui/que/qui) Pag.15: acentuação ói/éi Pag.18: trema (gue/gui/que/qui) Pag.19: matéria completa (hífen e acentuação) Pag.20: alfabeto (k/w/y) Pag.21: hífen (letras iguais) Pag.23: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) + Contato professor #17 pag. válidas/15 pag. utilizadas. Jornal Correio do Povo - Dia 2/01/09 Pag.2: trema (gue/gui/que/qui) Pag.4: hífen (noção de composição) Pag.5: acentuação ói/éi (apoiar) Pag.6: trema (sequencia) Pag.7: trema (frequentar) Pag.8: hífen (prefixo super) Pag.12: acentuação (hiatos vogais iguais oo/eem) Pag.14: acentuação ói/éi (paroxítonas) Pag.15: acentuação ói/éi (ditongos abertos) Pag.17: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.19: verbo negociar/premiar + Contato professor #15 pag. válidas/11 pag. utilizadas.
Jornal Correio do Povo - Dia 3/01/09 Pag.2: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.4: hífen (mal-estar) Pag.6: acentos diferenciais (pode/por) Pag.8: acentuação (hiatos vogais iguais oo/eem) Pag.9: hífen (letras iguais) Pag.12: acentuação ói/éi (apoiar) Pag.13: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) Pag.14: verbo negociar/premiar Pag.16: trema (gue/gui/que/qui) Pag.17: trema (gue/gui/que/qui) Pag.18: hífen (prefixo semi) Pag.19: Contato professor #14 pag. válidas/11 pag. utilizadas. Jornal Correio do Povo - Dia 4/01/09 Pag.2: acentuação ói/éi (apoiar) Pag.3: acentuação ói/éi (paroxítonas) Pag.4: acentuação ói/éi Pag.7: hífen (prefixo tele) Pag.9: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.10: acentuação i/u após ditongo (paroxítonas) Pag.12: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) Pag.14: hífen (prefixo sub) Pag.15: hífen (prefixos pré,pós,pró tônicos) Pag.16: acentuação ói/éi (paroxítonas) Pag.17: acentuação ói/éi Pag.18: Contato professor Pag.19: acentos diferenciais (pera/pela/para/polo) #18 pag. válidas/12 pag. utilizadas.
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Jornal Correio do Povo - Dia 5/01/09 Pag.2: hífen (prefixos pré,pós,pró tônicos) Pag.4: acentuação nome próprio Pag.5: trema (gue/gui/que/qui) Pag.6: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) Pag.7: hífen (letras iguais) Pag.8: hífen (prefixo super) Pag.13: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) Pag.14: verbo negociar/premiar Pag.15: acentos diferenciais (pera/pela/para/polo) Pag.17: hífen (prefixos pré,pós,pró tônicos) Pag.19: Contato professor #16 pag. válidas/10 pag. utilizadas. Jornal Correio do Povo - Dia 6/01/09 Pag.2: acentuação ói/éi Pag.4: hífen (advérbio bem) Pag.5: acentuação (oxítonas) Pag.6: trema (consequencia) Pag.7: hífen (mal-estar) Pag.8: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.10: acentos diferenciais (pode/por) Pag.12: trema (gue/gui/que/qui) Pag.14: hífen (prefixos pré,pós,pró tônicos) Pag.15: hífen (letras iguais) Pag.17: acentuação (hiatos vogais iguais oo/eem) Pag.19: Contato professor #17 pag. válidas/11 pag. utilizadas.
Jornal Correio do Povo - Dia 7/01/09 Pag.2: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) Pag.3: acentuação ói/éi Pag.4: hífen (prefixos pré,pós,pró tônicos) Pag.6: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.7: acentuação ói/éi (apoiar) Pag.9: acentuação ói/éi (ideia) Pag.12: trema (gue/gui/que/qui – sanguíneo) Pag.15: acentuação (verbos dupla pronúncia) Pag.16: alfabeto (k/w/y) Pag.17: hífen (além,vice,ex,recém,sem,pré,pro,pós) Pag.19: hífen (mal-estar) Pag.21: hífen (noção de composição) Pag.22: hífen (prefixos vogais diferentes) Pag.23: Contato professor #20 pag. válidas/13 pag. utilizadas. • Ocorrência de assuntos durante
uma semana: Hifenização: 36 vezes Acentuação: 31 vezes Trema: 11 vezes Grafia: 4 vezes Alfabeto: 2 vezes
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ANEXO A – Matéria sobre o Acordo Ortográfico do dia 1º de janeiro de 2009
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ANEXO B – Exemplo de box sobre o uso do hífen
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ANEXO C – Exemplo de box sobre o uso do acento
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ANEXO D – Exemplo de box sobre o uso do trema
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ANEXO E – Exemplo de box sobre a grafia das palavras
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ANEXO F – Exemplo de box deslocado da margem superior da página
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ANEXO G – Exemplo de box deslocado da margem superior da página
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ANEXO H – Exemplo do uso repetido de boxes idênticos (uso do trema)
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ANEXO I – Exemplo de box intitulado “Dicas do acordo” com o contato do autor