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0 2 Acessos 20098 Publicado em 2015-03-31 Escrever comentário Enviar por e-mail Imprimir/Copiar Todos os artigos deste autor Avalie este artigo 136 votos Favorito: 0 Pesquisar Home Artigos Artigos Acadêmicos Educação História da Educação Universal e Brasileira No momento existem 17360 artigos de qualidade escritos por 1957 autores História da Educação Universal e Brasileira Em Destaque! Popular Nelson Valente O li O li d f ! Nã d t Ad t O li Autor em Destaque Laianne Gois 0 Gosto Gosto Instituto Millenium Democracia, Economia, Política. Confira a opinião de especialistas Curso de Coaching em MG Obtenha Certificação Internacional. Desenvolva- se e Torne-se um Líder! Home Artigos Seja um Autor! Bíblia Online Contato Login

O QUE É A EDUCAÇÃO

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RESUMOO livro O livro do professor! Não adapte. Adote. O livrodo professor. Intermedial Editora, o autor NelsonValente, visa oferecer um panorama geral da Históriada Educação e da Pedagogia desde a AntigüidadeClássica (Grécia e Roma) até a Modernidade com afinalidade de estabelecer as relações entre opassado e o presente em termos de teorias epráticas pedagógicas, possibilitando ao aluno (a) eao professor(a) e ao público em geral acompreensão da Educação sob a perspectivahistórica e a compreensão da Educação Brasileiracomo parte da educação ocidental e como fenômenohistoricamente situado.História é a reconstrução do passado, através datransmissão de uma herança cultural e refere-se aopassado dos grupos humanos

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    Histria da Educao Universal e BrasileiraEm Destaque! PopularNelson Valente

    O li O li d f ! N d t Ad t O li

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    Laianne Gois

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  • O livro O livro do professor! No adapte. Adote. O livrodo professor. Intermedial Editora, o autor NelsonValente, visa oferecer um panorama geral da Histriada Educao e da Pedagogia desde a AntigidadeClssica (Grcia e Roma) at a Modernidade com afinalidade de estabelecer as relaes entre opassado e o presente em termos de teorias eprticas pedaggicas, possibilitando ao aluno (a) eao professor(a) e ao pblico em geral acompreenso da Educao sob a perspectivahistrica e a compreenso da Educao Brasileiracomo parte da educao ocidental e como fenmenohistoricamente situado.

    Histria a reconstruo do passado, atravs datransmisso de uma herana cultural e refere-se aopassado dos grupos humanos.

    Educao, do ponto de vista pessoal deve propiciarao indivduo experincias que o capacite a responder de forma autntica e segura as exigncias que surgem noseu dia a dia.

    Um dos objetivos da educao levar ao homem a aprendizagem atravs dos conhecimentos adquiridos. Varivelde indivduo para indivduo de acordo com sua capacidade e meio.Aprendizagem implica em operacionalizarconhecimentos.

    Histria da Educao a teoria da educao que se ocupa com os fatos de ordem educacional da vida dos povos.Dedica ateno especial organizao da escola atravs dos tempos e dos principais educadores.

    AHistria da Educao explica, descreve em sucesso cronolgica a vida real da educao ( fato pedaggico conjunto de atividades planejadas pela escola), assinalando cuidadosamente os preceitos jurdicos (polticaeducacional) que trataram de regulament-la, assim como as doutrinas e tcnicas educativas, que buscaraminterpret-las e realiz-la do melhor modo (teoria e tcnica educativas).

    O Autor

    EDUCAO PRIMITIVA

    Aeducao entre os povos primitivos constitui a forma mais rudimentar do tradicionalismo pedaggico. Entre ospovos selvagens vamos encontrar as formas mais simples e elementares de educao e facilmente se podedeterminar a natureza geral, o fim, o mtodo, a organizao e o resultado da educao.

    Vamos encontrar nos povos situados no mais nfimo grau da civilizao, as formas mais puras, mais elevadas emais espiritualizadas de religio, de moral e de educao. J nos povos pigmeus, pertencentes s culturasiniciais, deparamos com uma educao intencional realizada pela famlia e pela comunidade, visando ideaisticos e espirituais.

    Nas civilizaes primitivas a famlia que desempenha o papel primordial na formao educativa das novasgeraes at a puberdade. Aps a puberdade, a educao vai variar nas diversas civilizaes. Nas civilizaestotmicas, a educao masculina assume um carter antifamiliar, as mulheres so desprezadas. Nas civilizaesmatriarcais, a educao feminina preponderante devido primazia da mulher. Nas civilizaes pastoris, a famliapatriarcal conserva o seu privilgio educativo.

    O estudo da educao primitiva nos faz entrar em contato com a alma do homem primitivo e conhecer a estruturada sua personalidade.O homem primitivo no um ser animalizado. No h educao sistemtica, nem instituies escolares. A escolateria surgido pela primeira vez entre os Incas e os Astecas. Os povos possuem pocas prprias e lugaresdeterminados para a realizao da educao intencional. A poca preferida a da puberdade dos educandos equanto aos lugares h as chamadas casas dos homens dos povos primitivos, os santurios do bosque ou osbosques sagrados. H uma preocupao clara pela formao das novas geraes, embora o objetivo imediato daeducao seja a satisfao de necessidades materiais, relativas alimentao, ao vesturio e ao abrigo. Da apossibilidade de se caracterizarem entre os povos primitivos, ainda que de forma rudimentar, as 3 formasfundamentais da educao: a educao fsica, a educao intelectual e a educao moral.

    Educao fsica: os selvagens do grande liberdade s crianas que se aproveitam para o exerccio dos seusjogos naturais. O jogo e a imitao tm papel importante e considervel na educao primitiva. As crianas detribos guerreiras fazem espadas, arcos, escudos. Nas pacficas imitam as atividades de tecelagem, construo decabanas, confeco de vasos e adornos, trabalhos no capo, a caa, a pesca e a navegao.

  • Educao intelectual: prtica e visa tornar a criana capaz de prover s suas necessidades individuais, maistarde s da famlia e da comunidade. Esta educao comea cedo conforme o sexo e a maneira de viver da tribo.Os jovens aprendem a conhecer hbitos dos animais e peixes, a confeccionar instrumentos de caa e de pesca, amanejar armas e construir embarcaes, a desenvolver sua agilidade fsica, aperfeioar sua acuidade sensorial.Assim suas faculdades intelectuais se tornam precisas, geis e eficazes. As mulheres so preparadas para o lar,criao dos filhos e auxiliar o marido nas ocupaes. Nos povos selvagens a memria se revela pronta, rica e fiel.Sua imaginao exuberante e colorida. Sua inteligncia viva, engenhosa e inventiva.

    Educao moral: o senso moral dos selvagens se encontra mais ou menos obscurecido e desfigurado, mas suaalma guarda a marca indelvel da lei natural. A sua conscincia lcida. Eles compreendem o dever quepossuem de transmitir aos descendentes preceitos morais e espirituais. Esses preceitos se referem ao respeitoaos pais e aos velhos ao culto dos antepassados, ao sentimento da honra, fidelidade palavra empenhada, obedincia s autoridades legtimas. O acontecimento de maior importncia na educao dos povos primitivos ainiciao da puberdade, que se reveste de um carter de formao moral. A iniciao representa a receposolene dos adolescentes na comunidade dos adultos. Os jovens nesta cerimnia so separados da comunidadee enviados a uma residncia especial onde permanecem sob a vigilncia dos ancios da tribo. L, so realizadassolenidades de carter purificatrio, depois ritos de iniciao. Recebem novo nome, so submetidos a provascruis e brutais que servem para aferir a coragem e a resistncia ao sofrimento. Recebem instrues relativas aomatrimnio, s tradies sagradas da tribo, aos limites do territrio, fidelidade ao chefe da nao. Os jovensrecebem conselhos sobre guerra, caa, pesca, artes manuais. Exortam-nos a combater com coragem, proteger osfracos e defender os humildes.

    As noes religiosas que os povos primitivos transmitem s novas geraes variam com o tipo de civilizao.Os pigmeus, por exemplo, possuem uma religio monotica, constituda pela crena num Deus nico, criador docu e da terra, infinitamente bom e justo, ao qual tero de prestar contas dos seus atos. Os caracteresfundamentais das religies professadas pelos povos primitivos so: crena num poder supremo; crena emespritos independentes; crena na alma humana, distinta do corpo e separando-se do mesmo com a morte;crena num mundo do Alm, mundo das almas e dos espritos; sentido de puder, de justia, de responsabilidade,de liberdade, de dever; reconhecimento da conscincia moral; noo do pecado com sano aplicada pelaautoridade do mundo invisvel; organizao do culto; orao, oferenda, sacrifcios, ritos, cerimnias; sacerdcio;distino entre o sagrado e o profano; organizao da famlia, procurando conservar a pureza do sangue, impondoleis, fortalecendo-se por alianas e transmitindo suas tradies.

    EDUCAO HINDU

    AGramtica foi a disciplina que serviu de base para a educao intelectual dos hindus, no a meramentealfabtica, reduzida leitura e escrita, mas fontica, isto , orientada para a anlise dos sons que constituem alinguagem. A venerao dos hindus pela linguagem dos Vedas, que consideravam divina, fez com que os mesmosse esforassem para conservar a pronncia exata dos seus hinos e, para preserv-la guardavam listas depalavras antigas, com a respectiva pronncia correta. E foi assim que teve origem a mais remota e perfeitagramtica, que deu lugar formao da gramtica moderna que parte do estudo das razes dos vocbulos e dasleis fonticas que presidem sua composio e modificao. Faziam parte da educao intelectual dos hindus osprovrbios e as fbulas. Os hindus cultivaram a Lgica, a lgebra e a Astronomia. Recebemos deles o sistemamtrico e o jogo do xadrez.

    As escolas elementares hindus eram numerosas, porm, no possuam organizao oficial. Os discpulos sereuniam em torno do mestre, ao ar livre, sombra de uma rvore e, quando chovia, sob uma tenda. A aprendiam aescrever, primeiro sobre a areia e, em seguida, sobre folhas de palmeiras ou de pltano. O ensino era realizadopor memorizao, os alunos repetiam em voz alta o que lhes era ditado pelo mestre. Quando as classes eramnumerosas, era comum empregar como auxiliares de ensino o alunos mais adiantados. Da a origem do ensinomtuo ou monitorial.

    O ensino era feito segundo certas frmulas rituais.

    O mestre pertencia casta dos brmanes e era objeto de profunda venerao. No recebia remunerao dado ocarter espiritual da sua obra. Os alunos podiam oferecer presentes ao mestre. O ensino revestia-se de umaorientao essencialmente religiosa. Os alunos eram instrudos oralmente, para em seguida, estudarem noslivros sagrados; os Vedas ou o catecismo budista. Amoral era ensinada por meio de provrbios e de fbulas.Outras matrias: leitura, escrita, aritmtica.

    O ensino superior era limitado aos brmanes e tinha por objetivo o estudo dos Vedas e das suas cinciasauxiliares. Para aprender cada um dos Vedas eram necessrios 12 anos, e para os quatro, 48 anos.Os hindus no consideram a cincia como um valor em si mesma, mas sim como um meio para conseguir aunio com a divindade. O jovem devia aprender a sabedoria, o varo pratic-la e o ancio olvid-la. A vidaintelectual do hindu comeava nas intrincadas anlises da gramtica para terminar na sntese suprema domisticismo.

    A educao elementar hindu era eivada de graves defeitos: rotina excessiva dos mestres, cultura exclusiva damemria, negligncia na educao das mulheres e das crianas, preconceito extremado contra a educao dos

  • servios e dos prias, desinteresse pela formao do carter, preocupao exclusiva pelo cultivo da inteligncia.

    EDUCAO CHINESA

    O povo chins possui um esprito positivo e prtico, despido de qualquer idealismo.

    AChina parece ter sido o primeiro pas a considerar o ensino como funo do Estado. J sob o imperador Yu, foidestinada a manuteno do ensino parte dos fundos comunais. Em 1097 a.C., o imperador Tcheu mandou instalarescolas em todos os seus domnios. No perodo do antigo imprio as escolas foram consideradas comoestabelecimentos do Estado e o ensino teve carter acentuadamente poltico. Da por diante, ficou livre a iniciativaparticular, mas, desde 650, esta sofreu a interveno do Estado que a regularizou por meio de um complicadosistema de exames. Estas provas constituem a pea central da mquina educativa chinesa, pois era atravs dasmesmas que se realizava a seleo de todos os funcionrios e dignitrios da China.

    Havia trs exames de dificuldade crescente que conferiam os graus de talento florido, homem promovido ecompleto erudito, ou apto para o cargo. A aprovao nesses exames proporcionava recompensa sob a forma deadornos para o vesturio, sinais de distino para a residncia, direito a lugar de honra nas festas, iseno depunio corporal etc. As provas dos exames consistiam na redao de trabalhos em prosa e verso sobre temastirados dos livros clssicos.

    A complexidade da escrita chinesa muito contribuiu para dificultar o ensino. Os caracteres grficos da linguagemchinesa representam idias e no sons. uma escrita ideogrfica e no fontica como o ocidental. Os caracteresarcaicos s eram ensinados aos letrados, os smbolos ideogrficos atingem o nmero de 25.000.

    AGramtica chinesa de difcil aprendizagem pois, os verbos no possuem tempo, voz e modo e os substantivosno tm gnero, nmero ou caso. A significao das palavras depende do tom da voz e da sua posio na frase.H na escrita chinesa 6 tipos de caligrafia: o ornamental, o oficial, o literrio, o manual comum, o corrente e oangular. O uso de estilo literrio s pode ser aprendido depois de longos anos de rgida e mecnica imitao dosmodelos clssicos. A Literatura chinesa rica e variada sendo constituda de obras histricas, filosficas, teatrais,poticas, contos e romances.

    A educao chinesa deve ser estudada principalmente pelos ensinamentos negativos que oferece. Tudo o que condenvel em matria de ensino foi cultivado pelos chineses: abuso excessivo da memria, desprezo pelaformao da inteligncia e do carter, desinteresse pelas necessidades reais da vida, passividade do educando. AChina foi o pas do Antigo Oriente que possui maior nmero de escolas. Isso no impediu que a sua civilizao secristalizasse em formas rgidas e mumificadas. O que nos mostra que o problema educacional de um povo podeser considerado do ponto de vista quantitativo. De nada vale abrirem-se muitas escolas, sem que as mesmas seencontrem preparadas para o exerccio integral da funo educativa. O progresso educacional de um povo noresulta do nmero de suas escolas, mas sim do valor intelectual e moral dos seus mestres.

    A partir do sculo XX, a educao tradicionalista da China comeou a sofrer a influncia das idia educativas doJapo e do Ocidente, iniciada pelas misses crists. Em 1911, j se encontrava o ensino chins completamentetransformado, com grande nmero de escolas do tipo ocidental onde lecionavam professores estrangeiroscontratados. Ao mesmo tempo, milhares de estudantes chineses seguiam para a Frana, Alemanha, EstadosUnidos e Japo, a fim de aperfeioarem seus estudos.

    EDUCAO EGPCIA

    Um dos traos marcantes da cultura egpcia foi o seu realismo. Esse aspecto se evidencia quando analisamos oesprito e a organizao da educao dos egpcios. Como todos os sistemas pedaggicos orientais, a educaoegpcia visou transmisso s novas geraes de uma tradio revelada, de um tesouro cultural, consideradocomo de origem divina.

    A formao religiosa e espiritual representou um dos objetivos primaciais da educao egpcia.

    A sociedade egpcia era dividida em numerosas classes, ainda que sem a fixidez e a impenetrabilidade dascastas hindus: sacerdotes, guerreiros, escribas, comerciantes, operrios, camponeses. A classe sacerdotal era amais elevada e tinha a seu cargo a direo intelectual, moral e religiosa da nao, como detentora que era dastradies, da literatura, da filosofia, das cincias, consideradas como patrimnio sagrado e inalienvel, de que sa pessoas reais podiam de certo modo compartilhar. Sucedia casta sacerdotal, a classe guerreira, emboragrande parte fosse constituda de estrangeiros mercenrios. Os escribas eram letrados que tinham estudado esabiam ler, escrever e calcular. Desempenhavam cargos pblicos, eram sustentados pelos faras, recebiamdoaes de terras e gozavam de certos privilgios maneira dos mandarins chineses.

    Amulher egpcia ocupava uma situao social superior da mulher chinesa e hindu, embora a poligamia fossepraticada em todas as classes, com exceo da sacerdotal. Era considerada senhora do lar, possua algumaeducao e tinha papel saliente na formao das novas geraes. As crianas eram cercadas de todos oscuidados pela famlia e envolvidas numa atmosfera de carinho e de amor. Dado o esprito religioso da sociedadeegpcia, eram habituadas prtica da piedade e da obedincia. Para se tornarem sadias e resistentes de corpo e

  • esprito, eram submetidas a um regime de vida simples e sbrio.

    De todos os pases do Antigo Oriente, o Egito foi aquele em que a instruo foi mais disseminada. Foiconsidervel o nmero de escolas entre os egpcios e elas denominavam-se casas de instruo e eramencontradas nas cidades e no campo. Raras as que tinham prdio prprio, quase todas funcionavam nos templos,uma vez que os sacerdotes eram os nicos que podiam exercer a funo de mestre.

    O regime de ensino era de internato ou semi-internato, cabendo famlia o fornecimento da alimentao aosfilhos. A instruo elementar compreendia o ensino da escrita, da leitura, do clculo, da ginstica e da natao.Havia trs gneros de escrita: a hieroglfica, empregada nas inscries, constituda de 650 sinais, uns silbicos,outros fonticos e outros simblicos; a hiertica, resultante da simplificao da hieroglfica, usada na literaturacientfica; e a demtica, formada por 356 sinais, era a escrita vulgar e a nica ensinada nas escolas.

    A leitura, a escrita, o culto, o conhecimento dos astros, a msica e a higiene ou medicina vulgar eramconsiderados como os seis dons concedidos a todos os egpcios, motivo pelo qual constituam a base do ensinoelementar. A passagem das escolas elementares para as superiores se fazia atravs de um exame de habilitao.O aluno bem sucedido tinha o direito de escolher o professor de sua preferncia. O ensino superior era ministradonos colgios sacerdotais muito bem organizados e providos de arquivos e bibliotecas.A educao egpcia possui aspectos elogiveis, entre os quais podemos destacar sua preocupao pelaformao moral das novas geraes, os processos didticos intuitivos de que se utilizaram e o interesse querevelaram pelo cultivo da cincia. Mas o sistema educativo dos egpcios passvel de crtica, pelo seu sentidoaristocrtico, pelo monoplio cultural exercido pelos sacerdotes e pelo abandono que votaram educaofeminina.

    A instruo superior egpcia produziu ilustrados e grandes cientistas, em todos os domnios do conhecimento.

    EDUCAO HEBRAICA

    O trao predominante da educao hebraica foi o idealismo. Os hebreus sempre viveram tangidos pelo ideal deuma grande misso espiritual a cumprir. Da o carter essencialmente religioso da sua cultura e da sua educao.O ideal educativo dos judeus foi a formao do homem virtuoso, do homem piedoso, do homem capaz de realizaros desgnios espirituais conferidos por Deus ao povo eleito.A sociedade israelita possua uma estrutura essencialmente democrtica. A educao familiar se caracterizavapela sua elevao e espiritualidade. Os pais desde cedo procuravam transmitir aos filhos os preceitos da suareligio e da histria do seu povo, acostumando-os prtica do bem e ao cultivo das virtudes. Alm da doutrinasagrada, as crianas recebiam ensinamentos sobre a escrita, a leitura e o clculo. Esta instruo elementar cabiaao pai. Ame ficava incumbida de iniciar as meninas nos trabalhos domsticos, alm disso, ela aprendiamnoes de literatura e de histria sagrada. Em certa poca, esta instruo foi ampliada pela aprendizagem daliteratura profana, quando a influncia da cultura grega se fez sentir sobre Israel. Nessa ocasio tornou-sefreqente o uso da lngua grega por parte dos rapazes e das moas, apesar das reprimendas dos rabinos.

    A disciplina no seio da famlia era rgida e austera. Os filhos rebeldes aos ensinamentos paternos eramrudemente castigados. Era prefervel do que v-los no caminho do vcio e da perdio.

    At sua permanncia no Egito, os hebreus no conheceram outra educao, a no ser a domstica, a nicacompatvel com o seu estado patriarcal. No havia escolas. Cumpria ao pai de famlia transmitir aos seusdescendentes noes sobre o conhecimento da Lei e dos benefcios concedidos pelo Senhor ao povo eleito. Como seu cativeiro no Egito, os judeus aprenderam o mtodo escolar de educao. AEscola dos Profetas foi umaimitao dos cursos superiores egpcios. Maior influncia exerceu sobre o sistema educativo dos hebreus odesterro babilnico. Os judeus se viram, nessa ocasio, dispersos e misturados com povos e raas diferentes,sentindo, a necessidade de uma educao sistemtica que assegurasse a conservao das tradies e dosideais de Israel. Nesta poca h o florescimento de uma cultura superior hebraica. Surgem os primeiros escribase legisperitos. Muito influiu sobre o ensino israelita a mudana que se foi verificando na linguagem, da nascendo anecessidade da instruo gramatical no idioma sagrado.Em todas as escolas, a Bblia era a base dos estudos. As matrias relacionavam-se com os textos bblicos:histria, geografia, aritmtica, cincias naturais. As lies eram impregnadas de preceitos morais.

    AEscola ou Casa de estudos compreendia 3 graus de ensino:

    Mikrab recebia crianas de 6 a 10 anos, ministrava o ensino da leitura, escrita, noes de hebreu e caldeu.Mishnab crianas entre 10 e 15 anos; a o mestre explicava a lei oral que compreendia as leis civis, comerciaise penais.Guemara alunos de 15 a 18 anos, faziam um estudo mais profundo das leis orais, adquiriam conhecimentosde histria natural, anatomia, medicina, geometria e astronomia.Os hebreus usavam mtodos didticos intuitivos e atraentes. Sabiam ensinar o alfabeto usando histrias oujogos. O estudo era sobretudo oral e a repetio e a reviso constituam os processos pedaggicos maisimportantes.O sistema educacional hebraico foi, sem dvida, o mais perfeito da antigidade oriental. Os mestres souberamusar processos intuitivos de ensino, souberam dosar a autoridade e a liberdade. Foram os precursores dos

  • mtodos ativos, pois, utilizavam o jogo como instrumento educativo.A histria confirma a eficcia do sistema educativo dos hebreus que constituram um povo laborioso, inteligente eempreendedor, que amou a liberdade e se conservou fiel s tradies espirituais.

    EDUCAO PERSA

    Aeducao persa, pela sua organizao e pelo seu esprito, constituiu um meio termo entre a educao teocrticae tradicionalista do Antigo Oriente e a educao nacional e humanista dos gregos e romanos.

    A educao e a cultura dos persas se basearam num livro sagrado, semelhante ao dos hindus, o Zend-Avesta,considerado como fundamento de toda a sabedoria. H neste livro um alento de moralidade e uma preocupaode glorificar o trabalho humano que o colocam num plano de espiritualidade superior ao dos livros sagrados dandia e do Egito. Talvez seja por isso que a educao persa se avantajou sobre os demais sistemas educativosorientais.

    A sociedade persa sofreu influncia dos costumes dos povos conquistados pelos seus soldados, tais como:assrios, caldeus, ldios, egpcios e gregos das colnias. Todavia, os costumes dos persas eram simples esbrios. O pai era o chefe absoluto da famlia; todos deviam prestar-lhe obedincia. A criana era educada no lardentro de preceitos rgidos e severos. O ideal dessa educao familiar era a prtica da virtude, a sade do corpo ea preparao para o servio do Estado. Herdoto dizia que os persas ensinavam s crianas, trs coisas; montara cavalo, atirar ao arco e dizer a verdade. As virtudes cardeais dos persas eram a obedincia, o amor aos pais, ajustia, a coragem, a temperana, o sentimento de honra e o desejo de ser agradvel a Ormuzd.

    provvel que a educao tenha sido reservada s classes superiores. As crianas pobres recebiam umainstruo muito sumria.At 7 anos, a criana era educada no seio da famlia onde aprendia a praticar as virtudes domsticas: averacidade, o pudor, o amor e a obedincia aos pais. Aos 7 anos entrava para a escola oficial, cujo regime era deinternato. A aprendia a cavalgar, correr, atirar ao arco e outros exerccios guerreiros. A educao intelectual eraconstituda apenas da leitura do Zend-Avesta e da aprendizagem da escrita cuneiforme. O ensino da religiocompletava essa instruo rudimentar.

    Dos 15 aos 25 anos, a educao se limitava formao militar. O jovem recebia o cinto da virilidade e fazia umjuramento de seguir a lei de Zoroastro e de servir o Estado com fidelidade.

    Dos 25 aos 50 anos, os persas eram soldados e tomavam parte nas guerras e expedies.

    Aos 50 anos, os mais instrudos se tornavam mestres da juventude. Eram escolhidos os mais dignos e maispuros, para servirem de exemplo. Estes mestres eram venerados pelos alunos e considerados Santos aps amorte.

    Os cursos superiores eram monopolizados pelos magos ou sacerdotes e versavam sobre os livros sagrados e ascincia auxiliares, isto , a histria, a matemtica, a astronomia, a astrologia, a alquimia. Havia um ensino especialpara os filhos dos prncipes, visando prepar-los para o desempenho de altos cargos da administrao.

    O aspecto elogivel da educao persa foi a sua preocupao pela formao moral das novas geraes.

    EDUCAOGREGA

    Para o humanismo pedaggico dos gregos, o ideal educativo no foi, apenas, a posse do conhecimento mas,sobretudo, o aperfeioamento da personalidade atravs desse conhecimento. Para a educao humanista grega acultura representava um meio para elevar o indivduo, um instrumento para. A pedagogia humanista tinha umcarter essencialmente formal, ao contrrio da pedagogia tradicionalista que se revestia de um carter material.

    O primeiro educador dos gregos foi Homero. O ideal educativo dos gregos foi transformar cada criana numhomem de ao e num homem de sabedoria, encarnados nas figuras hericas de Ulisses e de Aquiles. Pelabravura, pelo respeito aos deuses, pelo domnio sobre si mesmo, Ulisses representava o tipo do homem de ao.Pela prudncia, pela sua reflexo, Aquiles concretizava o tipo do homem de sabedoria.

    As duas grandes formas educativas do perodo histrico foram: a espartana e a ateniense, diferenciadas no squanto organizao, sendo tambm quanto ao esprito de suas instituies pedaggicas. A educao espartanarevela, nos meios e fins, a influncia da cultura asitica. A educao ateniense foi a nica que realizou, em suaplenitude, os ideais do humanismo grego.

    A educao espartana

    Seus traos fundamentais foram o seu carter militar e sua subordinao integral aos interesses do Estado. Suapreocupao era a formao fsica e militar das novas geraes. A sociedade espartana possua uma organizaorgida e heterognea, onde uma minoria guerreira vivia custa de uma maioria dominada pela fora. Trs classesdiferenciadas constituam a estrutura social de Esparta:

  • Espartanos formavam uma aristocracia militar.

    Periecos dedicavam-se indstria e ao comrcio e, em menor nmero, agricultura. Eram livres, tinham direitoscivis, pagavam impostos, prestavam servio militar.

    Ilotas tinham por obrigao cultivar a terra dos espartanos, auferindo parte da respectiva renda. Podiam ter casa,constituir famlia e servir nos exrcitos. Sua situao poltica e moral era precria.

    Os periecos e ilotas eram numerosos e viviam submetidos pelo poder das armas. Sua nica preocupao era apreparao para a guerra. As conseqncias dessa situao foram: a ausncia de uma cultura nacional e ocarter predominantemente fsico e militar da educao. A educao intelectual e moral possua valor secundrio ereduzia-se ao conhecimento e respeito s leis, obedincia absoluta ao Estado e aos superiores hierrquicos, sobriedade, deciso e ao esprito guerreiro.

    A primeira educao do jovem espartano era realizada pela famlia, sob a fiscalizao do Estado. Atravs de umregime educativo com rigorosa disciplina fsica e moral, a preocupao a formao fsica da criana. Se cultivavaa obedincia s autoridades, o respeito aos velhos, a mstica da ptria e a coragem diante do perigo. Aos 7 anos acriana era propriedade do Estado. A escola era nica, para a classe dominante e a educao visava formarhomens robustos, audazes e aptos para suportar as maiores fadigas. Deviam aceitar, sem relutncia, as tarefasmais speras, difceis e penosas. A educao fsica visava obter o mximo de fora e de resistncia do corpo.Faziam exerccios dirios de corrida, equitao, pugilato, natao, lanamento do disco e dardo e manejo daarmas. A educao intelectual ocupava um lugar reduzido e secundrio na formao do jovem espartano. Elesignoravam o alfabeto, a leitura e a escrita no faziam parte da educao pblica e as cincias e as artes no eramapreciadas.

    No esprito da juventude incutia-se o respeito aos velhos e superiores, a modstia, o sentimento de honra. Todosos bens individuais ou coletivos pertenciam ao Estado.

    A educao ateniense

    Aeducao ateniense difere profundamente da educao espartana, quer pela sua organizao, quer pelo seuesprito. nela que vamos encontrar o humanismo pedaggico com o seu culto da liberdade civil e a suapreocupao pelo desenvolvimento harmonioso da personalidade.

    A educao ateniense no foi obra de uma legislao, nem resultou de um sistema pblico de educao. Toda aorganizao educacional de Atenas foi fruto da iniciativa particular e a sua irradiao florescente originou-se doidealismo do povo grego e do seu amor ardente pelas cincias e pelas artes. Isso se tornou possvel graas absoluta liberdade de ensinar e aprender que reinava em Atenas.

    A educao ateniense compreendia a educao intelectual ou da msica e a educao fsica ou ginstica. Aeducao diferenciava-se ainda de acordo com a idade dos educandos, dividindo-se em dois ciclos: a educaoda infncia que se estendia at os 15 anos e a educao da juventude ou dos efebos que se prolongava at os 20anos.

    A educao da infncia

    At 5 ou 7 anos a criana era educada em casa pelos pais, educao esta que deixava a desejar, pois as meseram incultas e sem experincia social e os pais pouco permaneciam no lar. As crianas entregavam-se aosjogos naturais de sua idade. Todavia, a educao intelectual e moral da infncia no era inteiramente nula. Ascrianas aprendiam poesias e cnticos prprios para lhes inspirar bons sentimentos e desenvolver seus dotes decorao. Interessavam-se pelos contos e fbulas. A disciplina no lar era severa e quando os conselhos noproduziam efeito, os chinelos entravam em cena...

    Com 7 anos as crianas eram entregues a um pedagogo, escravo, quase sempre velho, cansado e ignorante queas acompanhava escola, ensinava as lies, desviava de ms companhias e lhes ministrava aulas de boasmaneiras. A escola musical compreendia o ensino gramatical e o ensino musical propriamente dito. As escolas degramtica e as de msica competiam entre si.

    Na escola de gramtica as crianas aprendiam a escrita, a leitura e os elementos de clculo. Os gregosemprestavam grande importncia recitao. Este exerccio permitia s crianas tornarem-se mais hbeis nomanejo da lngua, contribua para o desenvolvimento do gosto literrio e facultava o conhecimento de noes teis cultura geral e profissional. Atravs da leitura e da recitao, os alunos aprendiam religio, histria, geografia eadquiriam noes de economia poltica e cincias naturais.

    A escrita era ensinada primeiramente sobre as tbuas cobertas de cera que se riscavam com estiletes, depois que os alunos aprendiam a escrever com clamo e tinta sobre o papiro. O ensino do clculo era dificultado pelainexistncia de um sistema prtico de numerao. Visava afins utilitrios e era atravs da contagem dos dedos etambm eram utilizados tabuleiros numricos, bolas e contas. As operaes ensinadas eram a soma e asubtrao, alm de noes de geometria. O ensino era realizado de modo individual.

  • Aassociao da msica com a ginstica fez surgir a dana.

    Quando terminava esta educao elementar, as crianas pobres deixavam a escola, mas deviam preparar-se parao exerccio de uma atividade profissional. Os pais tinham o dever de encaminh-las para aprendizagem de umofcio. As crianas ricas continuavam seus estudos, completando-os com a msica, aritmtica, geometria edesenho. A crianas aprendiam a tocar um instrumento, sendo a ctara e a lira. Um ateniense bem educado deviasaber cantar, acompanhando-se a si prprio.

    A educao da juventude

    Ao atingirem 15 anos, entravam para o ginsio onde permaneciam 3 anos. Alm de uma formao fsicasistemtica, recebiam lies de cincias e de artes, atravs de conversas com homens ilustrados, da audio deobras musicais, declamao de poemas, discursos e conferncias. Nesses ginsios que se iniciou o ensinofilosfico e sofstico.

    Quando completavam 18 anos, os adolescentes eram recebidos entre os efebos, mediante sua inscrio noregistro comunal. Assim, tornavam-se maiores de idade e aptos para o servio ativo do Estado, que durava doisanos. Prestavam o juramento dos efebos e este juramento tinha um carter militar e cvico. Cada efebo preparadofsica e intelectualmente para as atividades da guerra e da paz, no foi mais suficiente quando a democraciaateniense atingiu a plenitude do seu florescimento. Tornavam-se necessrios ao jovem ateniense certos estudosque se designavam retrica, dialtica e sofstica.

    A educao feminina

    Era domstica e se realizava no interior dos gineceus. As mes ensinavam s filhas todas as atividades do lar.Transmitiam noes de higiene fsica e preceitos morais. A educao intelectual era nula. As mulheres atenienseseram preparadas exclusivamente para a vida da famlia.

    Os atenienses revelaram grande interesse pela educao das novas geraes. Seu sistema educativo visava formao harmoniosa da personalidade no sentido da beleza do corpo, da penetrao da inteligncia e da nobrezado corao. Da o carter essencialmente humanista de sua educao cujo ideal era a plenitude das virtualidadesfsicas e espirituais do homem.Outro aspecto elogivel da organizao educacional dos atenienses foi a liberdade do ensino.

    EDUCAO ROMANA

    Um dos traos caractersticos do esprito romano foi o seu sentido prtico e utilitrio. Ele se reflete em todas asatividades e instituies da antiga Roma.

    Aeducao romana era orientada no sentido do aperfeioamento do Estado. Do mesmo modo sua culturaintelectual no visou arte mas antes e sobretudo ao direito. A cultura grega nasceu dos poemas de Homero: acultura romana originou-se das leis das Doze Tbuas, em torno do qual se formaram a jurisprudncia, a cinciajurdica, a eloquncia forense e poltica.

    A educao romana pode ser dividida em trs grandes perodos:

    1 ) perodo antigo: se estende da fundao de Roma conquista da Grcia;2 ) perodo de transio: vai da conquista da Grcia ao reinado de Adriano;3 ) perodo greco-romano: do reinado de Adriano ao ano 200 d.C., em que a educao romana se subordina cultura grega.

    Perodo Antigo

    Nesta fase, o ideal educativo dos romanos foi a preparao de uma juventude forte, sadia e guerreira para oservio do Estado. Da o interesse pela educao fsica e militar e o desprezo pela cultura intelectual. Outro carterda educao foi a sua feio essencialmente domstica, devido slida estrutura da famlia romana. Em Roma ho absolutismo da famlia. O pater familias romano foi senhor absoluto do seu lar, com funes de rei e desacerdote, com direito de vida e de morte sobre a esposa, filhos e escravos. Fora de casa era o cidado, membroda Repblica, servidor do Estado. Dentro de casa seu poder era soberano e inviolvel, lhe competia o direito deeducar os filhos e nessa tarefa era auxiliado pela esposa. Durante toda a vida os filhos ficavam submetidos aoptrio poder. A liberdade de ensino era absoluta e nada se sobrepunha ao poder da famlia na formao das novasgeraes.

    Durante sculos a educao romana foi puramente domstica. Pobre, preparava os filhos para o trabalho. Rico,ensinava aos seus descendentes a leitura, o clculo, as leis das Doze Tbuas, que todo romano devia conhecer,alm dos exerccios fsicos e manejo das armas. s vezes, eram acrescentadas noes de geografia, astronomiae de agrimensura. A educao terminava aos 16 anos, trocando ento o jovem, a tnica com uma franja colorida(toga pretexta) por outra completamente branca (toga virilis).

  • Aeducao tinha um carter religioso e moral. As crianas, diariamente participavam das oraes proferidas pelopai aos deuses ou s almas dos antepassados.

    As virtudes cultivadas pelos romanos eram a simplicidade, a sobriedade e a obedincia.

    No final desse perodo comearam a aparecer escolas elementares sob direo de escravos que ministravam oensino da leitura, escrita e das contas. Estas escolas denominavam ludi (ludus) jogo ou brinquedo nome queindica que a sua funo era apenas suplementar.

    Perodo de Transio

    Caracterizou-se pela influncia da cultura grega. A lngua grega tornou-se oficial do comrcio e da diplomacia eRoma passou a ser visitada por polticos, negociantes e mestres, provenientes da Grcia. Data da a instalaodas primeiras escolas em Roma, dirigidas por professores gregos e destinadas a completar a educaodomstica. Foram esses mestres que introduziram a moda dos pedagogos para atrair a ateno do povo parasuas escolas.

    Em meados do sculo terceiro a.C., Roma estendeu seu domnio sobre toda a pennsula italiana e as escolastornaram-se mais numerosas passando a exercer o papel principal na educao das novas geraes. A princpio,o programa dessas escolas era idntico ao perodo antigo e mais tarde, o programa foi ampliado, enriquecido comestudos literrios que consistiam na anlise dos autores consagrados e em exerccios de declamao. Foramorganizados cursos de dialtica e retrica sob a direo dos mestres grego, inaugurando-se assim, o ensinosecundrio.

    Terceiro Perodo

    Iniciou-se com a conquista da Grcia de que resultou a helenizao integral de Roma. Ela imps aos seusconquistadores a sua cincia, a sua filosofia, a sua arte e a sua educao. As instituies escolares romanas seorganizaram e os seus mestres eram quase todos gregos. Essa subordinao total do esprito romano culturagrega no se processou sem protestos veementes de muitos romanos ilustres.

    Em 167 a.C., foi fundada em Roma a primeira biblioteca com livros da Grcia, recolhidos pelo conquistador PauloEmlio. E j em 100a.C., era completa a helenizao do mundo latino. Nessa poca, atingiu a sua plenitude ohumanismo pedaggico greco-romano resultante da fuso da educao romana com a grega ou melhor, dautilizao de meios educativos gregos para a consecuo de ideais romanos. A influncia grega fez com que opovo romano perdesse suas virtudes cvicas e familiares, pelo abandono das velhas tradies religiosas e morais.J no existiam aquela sobriedade, simplicidade, pureza de costumes das pocas passadas.

    O objetivo fundamental da educao romana, nessa poca, foi a formao de oradores e magistrados. Os estudospreferidos eram a gramtica, a eloquncia e o direito. O sistema educativo compreendia a escola elementar ou doludi-magister, a escola secundria ou de gramtica, a escola complementar ou de retrica e a escola superior ouAteneu, com cursos de Direito, Medicina, Mecnica, Arquitetura e Gramtica. Os mtodos de ensino eramempricos e rudimentares e a disciplina severa e cruel. Os mestres romanos usavam e abusavam da frula e dochicote.

    Os romanos sempre demonstraram grande empenho pela formao das novas geraes, mas a sua educao,embora inspirada na grega, no teve como esta o sentido da totalidade, da harmonia e da perfeio. que osromanos assimilaram a cultura helnica, mas subordinaram a mesma aos seus objetivos prticos e utilitrios.Voltados para a aplicao e para a utilidade, no compreenderam jamais o ideal de uma cultura desinteressada,visando apenas elevao da personalidade. No tiveram, como os gregos, a vocao misteriosa da verdade e dabeleza. Da o carter incompleto, superficial e pragmtico da sua educao.

    O CRISTIANISMO PEDAGGICO

    Ao longo da Idade Mdia, acompanhando a evoluo da educao crist, podemos verificar que ela se desdobraem quatro grandes perodos, diferenciados por seus caracteres extrnsecos, mas intimamente unificados por suasfinalidades espirituais: o perodo apostlico, o perodo patrstico, o perodo monstico e o perodo escolstico.

    No primeiro perodo, iniciou-se a difuso da doutrina crist pela prpria voz dos apstolos. No segundo perodo,operou-se a subordinao da cultura clssica aos ideais educativos do Cristianismo. No terceiro perodo, verificou-se a conservao da tradio pedaggica patrstica no meio das convulses sociais e polticas que precederam aformao das nacionalidades modernas. No quarto perodo, terminadas as guerras e as invases, estabelecida aordem social e poltica e formada uma atmosfera espiritual propcia difuso da cultura e da educao, puderamos estudos sair do recinto fechado dos mosteiros, das catedrais e dos castelos para florescerem ao ar livre dascidades. s instituies escolares monsticas vieram juntar-se ento s escolas criadas pelas corporaes epelas municipalidades sob a gide espiritual da Igreja. Desse movimento de intensificao e expanso educativae cultural resultaram as universidades, oriundas da fuso de instituies escolares de vrios tipos e graus econstituindo a mais poderosa e fecunda criao pedaggica da Idade Mdia. Ao mesmo tempo que se processavaesse desenvolvimento exterior do ensino e da cultura, tambm se realizava um desenvolvimento interior de que

  • resultou o mtodo de estudo denominado escolstico (de schola, escola e scholasticus, mestre-escola). O termoescolstico significa, entretanto, conforme o caso, um determinado sistema filosfico, um mtodo especial deexposio e ensino ou numa acepo mais ampla, o movimento intelectual que se estendeu desde o sculo XIIat o Renascimento.

    Este movimento que atingiu a sua plenitude no sculo XIII constituiu uma das fases mais brilhantes e gloriosas dahistria do pensamento humano. Alm de condies sociais e polticas favorveis e do aparecimento de espritosgeniais e criadores, vrios fatores vieram estimular a extraordinria florescncia intelectual da escolstica. Entreeles se destacaram:

    O desenvolvimento das escolas monsticas que difundiram a instruo por toda a parte, criando um climaespiritual propcio aos grandes empreendimentos intelectuais; A introduo no Ocidente das obras completas de Aristteles, escoimadas dos erros das tradues espria quehaviam desfigurado o pensamento do Estagirita ao ponto de a sua leitura ser proibida pelas autoridadeseclesisticas, obtidas tradues diretas do grego das obras do grande filsofo, voltou a enciclopdia aristotlica aser adotada nas escolas e a servir de base para as especulaes dos pensadores medievais; A criao das universidades, congregando alunos e mestres das escolas monsticas e constituindo centrospoderosos e fecundos de atividade intelectual e de irradiao cultural; A fundao das ordens mendicantes dos franciscanos e dominicanos que, seguindo a tradio pedaggica domonarquismo, cultivaram a filosofia, as cincias e as letras, fornecendo mestres brilhantes e profundos para asuniversidades medievais.

    O movimento escolstico, sob o ponto de vista filosfico, pode ser caracterizado pelos seguintes princpiosdoutrinrios: em criteriologia, existncia da certeza e objetividade do conhecimento; em metafsica, individualismoacentuado, construdo sobre as noes aristotlicas de ato e potncia, substncia e acidente; em cosmologia,composio substancial dos corpos de matria e forma, atividade e finalidade interna dos seres; em psicologia,espiritualismo moderado, unidade, substancialidade e espiritualidade da alma, distino entre o conhecimentosensitivo e o intelectual, origem sensitiva das idias, livre arbtrio; em teodicia, transcendncia e personalidade deDeus, criao e providncia. Alm desses caracteres doutrinais intrnsecos, distingue-se ainda, a escolstica pelatendncia a construir uma sntese geral do saber humano, pela orientao aristotlica das suas especulaes epela harmonia das suas teses com as verdades reveladas da teologia crist. Com esses elementos procurou aescolstica defender o dogma das heresias, refutar os erros filosficos, estabelecer as bases doutrinrias dareligio catlica e dar aos conhecimentos uma classificao verdadeiramente cientfica.

    Sob o ponto de vista pedaggico, podemos considerar o movimento escolstico como uma sntese da pedagogiatradicionalista e da pedagogia humanista, pois a tcnica de ensino preferida nessa poca foi, como observa RUIZAMADO, a anlise de um texto clssico para sobre o mesmo se construir uma teoria cientfica ou um sistemafilosfico. Preocupando-se, principalmente, com a formao dialtica do esprito, o mtodo escolstico, enquantose manteve dentro dos seus justos limites, foi um instrumento poderoso de disciplina intelectual.

    Um dos motivos da gnese do mtodo escolstico foi, sem dvida, a falta de livros. Nos monastrios se haviamorganizado bibliotecas considerveis, mas desde o momento em que o ensino saiu do interior dos claustros, osprofessores e alunos ficaram com deficincias de livros para aprofundar os seus estudos e, assim, foramforados a restringir-se a um texto que o mestre ditava e sobre o qual versava toda explicao e disputa.

    Neste perodo, as instituies escolares que maior influncia exerceram foram as universidades. Elas nosurgiram como instituies inteiramente novas. Resultaram do desenvolvimento das escolas dos mosteiros e dascatedrais. O nome universidade no significava conjunto de cursos ou de cincias, mas sim universitasscholarium et magistrorum, isto , corporaes de estudantes e professores reconhecidas na Idade Mdia deStudium Generale, isto , instituto de cultura geral por toda a cristandade. A partir do sculo XIV, essa instituiopassou a denominar-se universitas com a significao de agncia educativa.Vrias causas contriburam para a fundao das universidades. Entre elas:

    Desenvolvimento das escolas monsticas; Condies sociais e polticas favorveis; O auxlio e a proteo da Igreja.

    Toda a organizao e todo o ensino das universidades eram impregnados de vida crist.

    A criao das universidades se fazia mediante cartas de fundao concedidas pelo rei ou pelo papa. As cartasreais no eram outorgadas sem aprovao do papa.

    Uma universidade completa compreendia quatro faculdades: teologia, medicina, direito e artes.

    A direo geral da universidade cabia a um reitor, eleito por conselheiros e por deos, por sua vez eleitos pelasnaes e pelas faculdades. Os reitores eram alvo de grandes honrarias.

    As universidades medievais e seus alunos desfrutavam privilgios especiais: iseno do servio militar; dispensade taxas, impostos e contribuies; jurisdio sobre o prprio territrio; direito de conceder licena para ensinar.

  • Os grandes organismos universitrios exerceram uma influncia ampla e profunda sobre a vida cultural, social,econmica e poltica do mundo medieval. Foram ncleos de atividade intelectual intensa e fecunda. Os alunos quedeles saam disseminavam por toda parte as luzes do saber. a influncia civilizadora das universidades seestendeu por todos os recantos do Ocidente. Amaior contribuio oferecida pelas universidades foi oreconhecimento da primazia dos valores espirituais e dos direitos inalienveis da personalidade humana quesempre defenderam e ensinaram, e que constituram as caractersticas mais belas e ais dignas da civilizaocristo medieval.

    O MEDIEVALISMO PEDAGGICO

    Aeducao feudal

    A educao feudal constituiu o sistema educativo do feudalismo influenciado pela religio crist. Foi a educaoleiga que se desenvolveu paralelamente educao escolstica.

    Uma das instituies mais importantes e influentes do feudalismo foi a cavalaria que, aperfeioada eespiritualizada pela Igreja, se transformou num instrumento poderoso de educao intelectual e moral,contribuindo para suavizar a rudeza e a violncia dos costumes feudais. A origem da cavalaria antecede a pocafeudal.

    A educao dos cavaleiros era realizada nos castelos feudais e abrangia vrios perodos de formao:

    At os 7 anos, a criana era educada na famlia, sob a direo dos pais, que procuravam inspirar-lhe sentimentose atitudes de piedade religiosa, de obedincia aos superiores, de cortesia para com as damas, de amor justia e verdade, de respeito aos fracos e velhos e de compaixo pelos infelizes e pelos oprimidos. Aprendia noes deescrita, de leitura e de clculo, e exerccios fsicos adequados sua idade desenvolviam-lhe a fora muscular e aresistncia fsica; Aos 7 anos, o futuro cavaleiro entrava para o servio de uma dama, na corte ou no castelo, conforme seu grau denobreza. O jovem deveria adquirir hbitos de cortesia social, acompanhando a castel casa, aos torneios e sfestas. Aprendia a desprezar a mentira, a covardia, a deslealdade e a cumprir seus deveres com Deus e para como rei; Aos 14 anos, o pajem tornava-se escudeiro; recebia uma espada, era iniciado na equitao e na esgrima eacompanhava o cavaleiro a cujo servio se tinha colocado, cuidando da sua roupa, das suas armas e do seucavalo; nas horas vagas aprendia noes de religio e de letras; Aos 17 anos, o escudeiro partia para expedies longnquas, a fim de realizar proezas brilhantes que otornassem digno de receber a ordem da cavalaria; Aos 21 anos, era armado cavaleiro se tivesse dado provas de brio, de coragem, de bravura e demonstrassepossuir virtudes cavaleirescas como a galantaria, a justia e a cortesia. A investidura do cavaleiro era umacerimnia simples. O candidato a cavaleiro preparava-se por um jejum de 24 horas e na vspera da investidura,passava a noite numa igreja (viglia darmas), em orao, diante do altar, junto ao qual se achavam as peas desua armadura. Pela manh ouvia missa, comungava, vestia uma tnica branca (smbolo da pureza) e a seguir umavermelha que lembrava o dever de derramar o prprio sangue em defesa dos valores cristos.

    O sacerdote falava-lhe e obrigava a cumprir o solene juramento: vida de pureza e probidade, consagrada a serviodo rei, proteo das mulheres dos velhos e dos rfos. As peas de sua armadura eram benzidas e jurava diantede seu padrinho (que era um cavaleiro) dar cumprimento integral aos seus deveres.

    O objetivo da educao feudal foi a formao do cavaleiro, virtuoso e veraz, corts e galante, fiel Deus, Igreja eao rei, protetor dos velhos, fracos e humildes. A cavalaria constituiu uma escola de disciplina, de respeito, dedignidade e de herosmo.Estudando as instituies pedaggicas e culturais do feudalismo necessrio no esquecer a influncia profundaque sobre as mesmas exerceu o movimento das Cruzadas. Foi ampla e intensa a repercusso que o fluxo e orefluxo dessas expedies tiveram sobre a vida social, poltica, econmica e educativa do mundo medieval.

    A educao muulmana

    Os rabes exerceram uma influncia considervel sobre a cultura medieval.

    Apesar do seu esplendor, a civilizao muulmana ficou muito aqum da civilizao crist, principalmente sob oponto de vista moral. Como religio, o maometismo nada possui de original, pois representa uma combinao deelementos do judasmo com outros do cristianismo, formando uma mistura de dogmas simplificados edeformados. O princpio bsico da doutrina maometana a submisso integral vontade divina. O Alcoro, livrosagrado, resume as regras essenciais da doutrina, ou revelaes do Profeta.

    Os princpios islmicos se opem cincia. O que caracteriza a cultura muulmana a convico de que apesquisa intil, frvola e mpia. Deus sabe melhor a ltima palavra de toda discusso muulmana. Apesardesses preconceitos contrrios cincia, foi brilhante embora sem originalidade, a civilizao rabe. A lnguarabe, difundindo-se pelo mundo mediterrneo, constituiu um instrumento poderoso e eficaz para a expanso das

  • idias cientficas e filosficas dos gregos assimilados pelos maometanos. E foi atravs de tradues rabes queas idias aristotlicas se tornaram conhecidas no Ocidente.

    Iniciados pelos gregos, pelos hindus e pelos persas, os rabes cultivaram com entusiasmo, a cincia pura eaplicada. Foram notveis astrnomos, matemticos, fsicos, qumicos e mdicos. Dedicaram-se ao cultivo daalquimia. A literatura muulmana foi rica, bela e variada. Os rabes revelaram aptido pela letras. Foram criadoresde obras admirveis onde encontramos contos, fbulas, poemas, novelas, romances etc. As artes foram tambmcultivadas pelos rabes. A escultura e a pintura no puderam florescer livremente porque o Alcoro proibia arepresentao plstica dos homens e animais. A arquitetura foi a arte proferida como elemento decorativo. Essedesenvolvimento das cincias e das letras refletiu-se no mbito da educao, promovendo a criao denumerosas escolas, academias, bibliotecas e centros de estudos.

    O NEO-HUMANISMO PEDAGGICO

    Aeducao renascentista

    O Renascimento atinge sua plenitude no sculo XVI, a terceira grande fase da evoluo histrica da educao o naturalismo pedaggico que se inicia nessa poca e que passa a dominar o pensamento educacional atnossos dias.

    O naturalismo pedaggico se caracteriza pelo fato de o homem e o universo serem considerados como as nicasrealidades existentes e os valores efmeros e acidentais passarem a preponderar sobre os valores eternos esubstanciais da vida.

    Os caracteres fundamentais da pedagogia renascentista so:

    Carter crtico e polmico, de reao violenta e agressiva contra a educao escolstica; Carter naturalista e humanista, pela negao explcita e implcita, dos valores transcendentes e pelaconsiderao do homem como um fim em si mesmo desligado de quaisquer laos com a vida espiritual e eterna; Carter individualista e liberal, pela preocupao de educar o indivduo, no para a sociedade, mas para siprprio, liberto de qualquer disciplina espiritual, de qualquer limitao extra-temporal; Carter aristocrtico e particularista, por visar formao do educando para uma certa elite social. A formao doindivduo humano s se revestia de interesse e importncia quando esse indivduo tinha um valor socialreconhecido, quando ele pertencia a um certo meio social, por outro lado, o aristocratismo se explica pelo carteracentuadamente filosfico da educao -para realizar at certo ponto o ideal humanista, tornava-se necessriofazer parte de uma sociedade intelectualmente aristocrtica; os mestres queriam formar discpulos sua imagem; Carter intelectualista e formalista, por fazer dos estudos clssicos, isto , da cultura intelectual o objetivo bsicode toda a atividade pedaggica; ao lado disso, o culto excessivo da forma em detrimento do fundo das idias;reagindo contra o formalismo dialtico da escolstica decadente, a educao renascentista caiu, ao formalismoretrico ou ciceronismo.

    Entre as realizaes prticas da educao renascentista, cumpre citar, alm da renovao do ensino superior,assinalada com a fundao do Colgio de Frana, a criao de grande nmero de escolas e bibliotecas e odesenvolvimento acentuado dos estudos das humanidades (lnguas e literaturas clssicas), estendendo-se poressa denominao os estudos que formam, que humanizam, isto , que desenvolvem os caracteres essenciais eespecficos do homem.

    Aeducao reformista

    Com a reforma luterana, ocorrida durante a primeira metade do sculo XVI, rompe-se a unidade da cultura crist noterreno religioso e moral. AReforma veio reforar e completar a obra da revoluo renascentista. AReforma no foium reflexo de qualquer transformao social ou econmica, mas um movimento de origem puramente espiritual,fruto da iniciativa livre do pensamento religioso, do qual surgiram conseqncias sociais, econmicas e poltica.

    As conseqncias educacionais da Reforma foram no s diretas como indiretas. Diretamente, a reformasecularizou a administrao escolar e subordinou a educao ao controle do Estado; deu um sentido religioso educao humanista ento dominante, desenvolvendo ainda mais as tendncias individualistas e formalistas daeducao do Renascimento. No verdade que a Reforma tenha criado a educao primria popular, que tenhaelevado o nvel cultural da sociedade ou que tenha aumentado o nmero das escolas elementares entoexistentes. Essas afirmativas no tm fundamento na realidade histrica. Indiretamente, a Reforma influiu sobre aeducao provocando a Contra-Reforma pedaggica, a renovao do ensino catlico e a fundao de ordensreligiosas destinadas a fins educacionais. No foram numerosos o primeiros educadores reformistas.

    A educao contra-reformista

    A irradiao da Reforma e a situao de crescente indisciplina religiosa ameaando, cada vezmais, a unidade doCristianismo, j profundamente mutilada pela revoluo luterana, obrigaram a Igreja a assumir uma atitudeenrgica em face dos acontecimentos, no sentido de restaurar a disciplina espiritual.

  • OConclio de Trento (1545), reunido na cidade de Trento, convocado pelo Papa Paulo III, desempenhou um papelde relevante importncia na obra da Contra-Reforma. O Conclio corrigiu os abusos, restabelecendo a disciplinaeclesistica em sua primitiva austeridade. Foi a Companhia de Jesus que representou o papel de maior relevo narealizao dos objetivos educacionais da Contra-Reforma, fundada em 1534 por Santo Incio de Loyola, sendoque esta ordem dedicou especial ateno educao da juventude. A reforma luterana fizera da educao a suaprincipal arma de combate, de modo que os jesutas para lutarem contra as foras intelectuais protestantestiveram de dedicar-se ao ensino e assenhorear-se da cultura humanista que imperava em todas as escolas euniversidades.

    Dois objetivos educacionais passaram a ser colimados pela Companhia de Jesus: a formao dos membros daOrdem e a educao da juventude em geral. Esses objetivos eram realizados atravs de uma slida preparaoreligiosa e da mais completa educao secular da poca. Assim, procuravam formar o cristo perfeito e integral eo homem do seu meio e do seu tempo.Os colgios dos jesutas se dividiam em colgios inferiores e colgios superiores, os primeiros correspondendoaos ginsios e os ltimos s universidades e seminrios teolgicos. Ocupavam-se de preferncia com aeducao secundria, mas no desprezavam a educao primria. Em todos os seus colgios foram instaladasescolas elementares.

    O plano de estudos, os mtodos de ensino e o esprito que deve animar o trabalho dos mestres se encontravamcompendiados na Ratio Studiorum que representava o cdigo de educao dos jesutas. O Ratio Studiorum dividiao ensino em trs grupos de matrias: as letras humanas, a filosofia e a teologia. As letras abrangiam o estudo daslnguas e das literaturas grega e latina, compreendendo a gramtica, as humanidades e a retrica. A filosofiaabrangia o estudo da filosofia de Aristteles e Santo Toms de Aquino, da matemtica e das cincias. A teologiaera estudada pelos membros da Ordem e pelos alunos dos seminrios e das universidades. O ideal educativo eraconciliar a cultura clssica com a doutrina crist, fornecendo aos alunos uma preparao humanista slida eprofunda.Os jesutas, em sua educao, davam importncia eloquncia, no no sentido do cultivo do formalismo verbalmas a eloquncia representava a arte de exprimir, com elegncia e correo, o que era bem aprendido e bempensado. Para isso era exigido o conhecimento amplo e perfeito da lngua latina. Os alunos deviam falar eescrever corretamente em latim que na poca era a lngua de uso universal.

    Os processos didticos empregados pelos jesutas na educao intelectual eram os mais eficientes e variados.Eram: a preleo, a concertao ou discusso, a reviso, os exerccios escritos e a imitao.

    O sistema pedaggico da Companhia de Jesus teve por lema a mxima Non multa, sed multun, na esclarecidaconvico de que os alunos habituados a pensar com exatido e a exprimir-se com clareza estariam em condiesde dedicar-se aos estudos superiores. Os jesutas sempre combateram, no s o enciclopedismo pedaggicocomo a especializao prematura que constituem as grandes falhas da maioria dos sistemas educacionaismodernos.

    A educao Jansenista

    Os jansenistas constituram uma seita religiosa organizada em torno das idias de Cornlio Jansnio, bispo deYpres e autor do livro Augustinus onde so expostas doutrinas sobre a liberdade humana e a graa divinacontrrias ortodoxia catlica.

    Os jansenistas se tornaram rivais dos jesutas no s no terreno religioso, mas tambm no terreno pedaggico epoltico. E foi o ambiente hostil criado pelos mesmos contra a Companhia de Jesus um dos fatores quedeterminaram a expulso dos jesutas da Frana e finalmente a sua extino pelo Papa Clemente XIV. Apedagogia dos solitrios constituiu uma reao contra a pedagogia dos jesutas, no s pelo seu cunho realista,como pela sua feio sombria e pessimista, em contraste com o humanismo cristo e o otimismo sadio euniversalista do sistema educativo da Companhia de Jesus.

    Os jansenistas admitiram a maldade ingnita da natureza humana. Para eles a criana essencialmente m,porm, como recebeu o batismo, habituar-se- prtica do bem se for educada, por mtodos rgidos e severos. Odever do mestre vigiar os alunos e impedir a expanso dos seus impulsos naturais.

    O ideal da pedagogia jansenista o aniquilamento da personalidade do educando. O mestre deve pensar e agirpelo educando.Apesar do seu pessimismo radical e mutilador, os jansenistas souberam despertar o interesse geral peloproblema da educao e reagiram contra o formalismo pedaggico da sua poca, procurando ensinar crianasomente o que poderia pela mesma, ser compreendido.

    Os jansenistas empregaram o mtodo fontico no ensino da leitura e utilizaram processos didticos na educaoda infncia tornando-se precursores da pedagogia intuitiva. elogivel sua preocupao de promover a formaomoral e espiritual das novas geraes, realizando uma unio fecunda e harmoniosa da instruo com a educao.

    O NATURALISMO PEDAGGICO

  • Aeducao realista

    Educao realista aquela que se baseia na concepo do domnio do mundo exterior sobre o mundo interior, dasupremacia das coisas sobre as palavras e, por conseguinte, da superioridade pedaggica dos fenmenosnaturais e das instituies sociais sobre as lnguas e as literaturas.

    O realismo desenvolveu o culto da razo individual e o interesse pelo estudo da natureza que constituram, talvez,os dois aspectos mais expressivos da revoluo renascentista.

    Dois so os caracteres culminantes da educao nessa quarta poca de sua histria: seu fundamento filosfico eseu fim secular. A pedagogia neolatina estava inspirada, em princpio, j pela Escolstica (filosofia teolgica), jpela admirao e respeito Antigidade clssica: e se propunha um fim religioso. A partir do sculo XVII, pelocontrrio, se inicia na educao uma dupla mudana: seus fundamentos so procurados na Filosofia, na qualsurgem as novas tendncias baconianas e cartesianas, de que vo resultar o sensualismo, o positivismo e omaterialismo; e sua finalidade primordial tpica, no mais a formao do clrigo douto, e sim do homem culto,destinado, principalmente, vida secular.

    A educao realista, em seu desenvolvimento, passou por trs fases sucessivas: foi, primeiramente, humanista ouliterria, em seguida, social e, finalmente, cientfica.

    A educao disciplinar

    Segundo a concepo disciplinar, o valor da educao reside, no no contedo das matrias-primas de ensino,mas no processo de sua aquisio. O fator primacial do fenmeno educativo , por conseguinte, antes a forma deaprendizagem do que a coisa aprendida. O conceito disciplinar de educao se baseia no postulado de que umacapacidade ou habilidade quando devidamente desenvolvida, pode ser utilizada em qualquer atividade ouexperincia. Isto significa que as tcnicas mentais adquiridas com a aprendizagem de uma matria podero seraplicadas, com sucesso, aprendizagem de todas as outras matrias. Para eles, entre as matrias de ensino,so a matemtica, a lgica e as lnguas clssicas, j pela generalidade dos seus princpios, j pela naturezaformal do seu contedo, as que mais concorrem para o desenvolvimento das faculdades mentais. E o valoreducativo dessas matrias constitui uma virtude intrnseca que no depende da sua relao com a vida ou da suautilidade para o aluno.

    Os fundamentos psicolgicos da educao disciplinar so, assim, a teoria das faculdades, consideradas comocapacidades isoladas e autnomas, e a concepo da transferncia de todas a formas de aprendizagem.Admitindo a educao com disciplina do esprito, em oposio educao prtica ou de contedo, essa doutrinapedaggica constitui uma volta ao humanismo renascentista e ao formalismo da escolstica decadente e umareao contra o conceito realista de educao. A educao disciplinar apresenta relaes ntimas com apedagogia realista, quer pelas idias empiristas e sensualistas de LOKE, quer pelo valor que ele emprestou lngua verncula e matemtica, julgadas por ele como matrias de ensino superiores s lnguas clssicas.Divergiu, entretanto, do realismo quando desprezou o contedo das matrias para acentuar a importnciaeducativa do treino e da disciplina.

    A educao pietista

    Aeducao pietista foi o primeiro movimento pedaggico que aplicou prtica escolar os princpios do realismo,embora dando maior relevo ao aspecto religioso do que ao aspecto cientfico. O pietista foi uma seita ou, maisprecisamente, uma corrente religiosa que se produziu no seio do luteranismo alemo, a partir do sculo XVII, ecujos principais representantes exerceram uma influncia considervel sobre a educao da Alemanha, comrepercusses em toda a Europa. O pietismo constituiu uma reao contra o formalismo frio e seco da tradioluterana. Para fortalecer a crena e estimular o esprito religioso, os pietistas apelavam para os impulsos docorao, para a f viva e ativa e para a prtica do cristianismo que, para eles, possuam maior valor do que oconhecimento dos dogmas. Um gro de verdadeira f, diziam, vale mais do que um quintal de conhecimentoshistricos e uma gota de caridade superior a um oceano de cincias. Apesar do seu colorido sentimental e doseu desprezo pelas cincias e pelas artes, o movimento pietista revestiu-se de um carter racionalista, resultanteda influncia no s do individualismo reformista, como do naturalismo realista.

    A educao racionalista

    As tendncias individualistas, racionalistas e naturalistas do Renascimento, exaltadas pela reforma livre-examinista de Lutero, pela revoluo racionalista de Descartes e pela reao empirista de Bacon, foram os fatoresdeterminantes dos dois grandes movimentos filosficos, literrios e polticos que vamos encontrar dominando ocenrio do sculo XVIII: iluminismo racionalista e o naturalismo romntico, de que VOLTAIRE e ROUSSEAUforam, respectivamente, as figuras mais representativas.

    Identificadas, geralmente, como um movimento nico, essas duas correntes do pensamento apresentam,entretanto, caracteres divergentes. O iluminismo foi racionalista, cptico e aristocrtico. O naturalismorousseauniano foi sentimentalista, otimista e democrtico. Todavia, essa divergncia no foi muito profunda esubstancial, pois esses movimentos tinham origens comuns e colimavam idnticos objetivos. Ambos visavam

  • combater a Tradio, a Igreja, a Autoridade, em nome da Razo ou do Sentimento. Pretendiam, igualmente,construir uma concepo naturalista e antropocntrica da vida e do mundo, e, para isso, pregavam a libertaointegral do homem de todos os laos que o prendiam aos valores espirituais e eternos. A Igreja, como mensageirafiel desses valores, foi o alvo principal de todos os ataques. E como julgassem que o Estado, entoautocraticamente constitudo, fosse um aliado da Igreja, para ele voltaram tambm suas baterias, propugnandouma revoluo radical dos quadros sociais e polticos imperantes na poca.Procurando aniquilar a Igreja e o Estado, os iluminista e os naturalistas no perceberam que se iam escravizando Razo ou ao Sentimento. O relativismo religioso, o pragmatismo moral, o individualismo poltico, o liberalismoeconmico e o subjetivismo filosfico foram os resultados dessa nova concepo do universo e da vida quedesagregou a civilizao crist, facilitando as tendncias do seu aniquilamento.

    As idias dissolventes de VOLTAIRE, de ROUSSEAU e seus epgonos, encontrando um terreno propcio suagerminao e disseminao, das elites intelectuais ganharam as massas populares, infiltraram-se em todas asinstituies polticas e sociais e foram, finalmente, criar o clima espiritual, dentro do qual se formou e explodiu aRevoluo Francesa, com todas as suas inquietantes conseqncias para o destino do mundo moderno.

    Sob o ponto de vista pedaggico, os movimentos iluminista e naturalista combateram, no s a educaoescolstica, espiritualista e crist, como a educao renascentista, livresca, formalista e artificial, muito embora, nofundo, fossem ntimas as suas ligaes com o naturalismo pago do Renascimento.

    A educao naturalista

    Durante a primeira metade do sculo XVIII, o racionalismo enciclopedista concentrou a maioria dos seus ataquescontra a Igreja. A partir da segunda metade do mesmo sculo, a crtica foi dirigida, sobretudo, contra a organizaosocial e poltica ento dominante. O objetivo que passou a empolgar os espritos no foi apenas o de demolir aordem de coisas reinante, mas tambm o de construir uma sociedade ideal. O meio utilizado no foi mais a razo.A tirania do racionalismo tinha sido superior tirania da autoridade. Generalizava-se a crena de que no se podiaconfiar na fidelidade dos sentidos, nem na infalibilidade da razo. E comeou a considerar os sentimentos comoas verdadeiras expresses da natureza humana, superiores aos clculos frios e egostas da razo e, portanto,normas muito mais seguras para a orientao do pensamento e da conduta.

    O movimento cultural da segunda metade do sculo XVIII, baseado na concepo da bondade natural do homem,revestiu-se dum impulso de simpatia pelas massas populares, enquanto que o anterior resultara na formao deuma aristocracia intelectual. VOLTAIRE, racionalista, cptico, sarcstico, aristocrata, amante do refinamento e doartificialismo foi o lder do primeiro movimento. ROUSSEAU, sentimental, romntico, otimista, democrata,apologista da vida em plena natureza, foi o lder do segundo movimento. Mas ambos combatiam a ordem social, adisciplina moral e o respeito Tradio, Autoridade e Igreja.

    A educao filantropista

    O sistema educativo denominado filantropista resultou da aplicao prtica das idias pedaggicas deROUSSEAU, embora com certas modificaes, por alguns dos seus discpulos. As idias naturalistas eromnticas do mestre de Genebra tiveram repercusso profunda em todo o Ocidente. Nos primeiros tempos essainfluncia se fez sentir com maior intensidade sobre os meios filosficos, literrios e polticos do que sobre osmeios educacionais. Somente muito mais tarde, as idias pedaggicas de ROUSSEAU foram aplicadas prticaescolar. Muito contriburam para a difuso dessas idias o refinamento social e artificialismo literrio e oformalismo pedaggico dominante na poca.

    A educao revolucionria

    As idias individualistas e liberais do Renascimento que haviam sido, paulatinamente, fortalecidas e estimuladaspela reforma luterana e pelos sistemas filosficos racionalistas dos sculos XVII e XVIII tiveram sua eclosoinevitvel na Revoluo Francesa. Este movimento revolucionrio constituiu o acontecimento poltico e social maisimportante e significativo do sculo XVIII e marcou um perodo novo na histria pelas profundas repercusses queteve na evoluo do mundo moderno.

    Ao deflagrar a Revoluo, no se pode dizer que a educao popular estivesse em decadncia no territrio francs.A situao geral do ensino no era, por conseguinte, lastimvel, muito embora o edifcio educacional da Franaestivesse corrodo e antiquado e exigisse uma reforma ampla e radical, o que alis era reconhecido por todos oseducadores esclarecidos da poca.ARevoluo nada fez de positivo para melhorar e expandir a educao popular. Ao contrrio, sua obra foi negativa edestruidora, no obstante os discursos inflamados e os planos romnticos dos chefes revolucionrios em tornoda reconstruo educacional do pas. Os fatos no corresponderam eloquncia generosa dos lderes daRevoluo.

    ARevoluo procurou, entretanto, reerguer o edifcio educacional que ela prpria havia destrudo. Essa tarefasuscitou uma srie de discursos eloqentes e de projetos grandiosos. Mas as realizaes prticas ficaram muitoaqum das palavras e dos planos. E os decretos lavrados foram impotentes para revigorar o corpo alquebrado daeducao popular. AConveno elaborou vrios projetos e fez expedir vrios decretos instituindo o ensino

  • obrigatrio e criando escolas em todas as localidades que tivessem de 400 a 1.500 habitantes. Tudo isso nopassou do papel. No objetivo de substituir os estabelecimentos de ensino secundrio que haviam desaparecido, aConveno resolveu instalar escolas centrais em toda a Frana. Em fins de 1796, Paris possua duas e cadadepartamento uma dessas escolas. Todavia, essas escolas no foram suficientes para substituir os 800 colgiose 22 universidades existentes em 1789. Sua organizao didtica foi alvo de crticas severas, tornando-senecessrio voltar ao ensino graduado e tradicional dos antigos colgios. Essas realizaes no puderam impedirque o edifcio escolar construdo pela Revoluo russe devido fragilidade de suas bases. Todavia, a Convenoteve o mrito de proclamar a liberdade de ensino e de organizar algumas instituies de valor real, como o Museu,a Escola Politcnica e a Escola Normal. O Diretrio revelou acentuado interesse pela educao popular, mas suainiciativas no tiveram grande importncia.

    NAPOLEO BONAPARTE, tornando-se primeiro cnsul, resolveu reorganizar o ensino, mas quis ter antes umanoo precisa da situao do sistema escolar francs. Mandou realizar inqurito amplo e rigoroso, por meio dasdivises militares. Os resultados proclamaram o estado lamentvel da instruo popular no pas.

    Diante desse estado deplorvel, Napoleo baixou um decreto reorganizando o ensino primrio e secundrio. Mascometeu o erro de abolir a liberdade de ensino, conferindo ao sistema escolar uma estrutura rgida, inteiramentesubordinada ao Estado. Tornando-se Imperador, Napoleo criou, por decreto, a Universidade Imperial, atravs daqual o Estado passou a exercer um controle rigoroso sobre o ensino pblico e particular. Este decreto fazia dareligio catlica a base do ensino. Segundo RIBOULET, a reabilitao do ensino popular na Frana levaria umsculo para se efetivar.

    A educao revolucionria, portanto, revela caracteres perfeitamente definidos: o primeiro carter o revolucionrioj por ter sido obra de uma Revoluo. O segundo carter o estatismo, subordinao da criana e de suaeducao ao domnio exclusivo e absorvente do Estado. O terceiro carter o realismo, porque reage contra oensino humanista, dando relevo s cincias naturais, s lnguas modernas e aos trabalhos manuais.

    Quanto ao carter geral, a educao revolucionria romntica e passional no tendo o sentido da verdadeirarealidade.

    A educao psicolgica

    Com o raiar do sculo XIX, a influncia da psicologia sobre a educao, a preocupao de fazer o trabalhoeducativo gravitar em torno do esprito da criana, comea a ganhar terreno. A obra de Rousseau concorreu paraque essa tendncia se afirmasse e desenvolvesse. A educao psicolgica representou uma tentativa de dar aosprincpios do naturalismo pedaggico uma formulao cientfica e um carter de processo escolar prtico. Muitos,alm de Rousseau, j haviam acentuado a necessidade de se adaptar o trabalho escolar natureza psquica doeducando.

    A educao cientfica

    Apreocupao de transformar o processo educativo num simples problema cientfico e experimental foi um reflexodas idias filosficas da poca. A filosofia idealista que imperara nos primeiros decnios do sculo e que exerceragrande influncia sobre os sistemas educacionais foi perdendo o seu prestgio.

    A filosofia passou a empolgar as inteligncia na segunda metade do sculo XIX, teve por lema o combate metafsica. Mas s se pode combater a metafsica com outra metafsica e o homem, por um impulso natural doseu esprito, no pode desistir de explicar o sentido das coisas e a razo da sua presena no universo. E, oprotesto contra a metafsica nada mais representou do que um divrcio da concepo idealista, para substitu-lapor outra metafsica, a que emanava das cincias da natureza, apesar de todas as afirmativas empiristas efenomenistas feitas, em contrrio, pelos seus cultores. Foi o desenvolvimento extraordinrio das cincias naturaisa causa primacial desse retorno do pensamento filosfico ao empirismo e ao fenomenismo, atravs dos doisgrandes movimentos que passaram a dominar o panorama cultural do sculo XIX: o positivismo de COMTE e oevolucionismo de SPENCER.O positivismo e o evolucionismo se caracterizam pela exaltao e apoteose da natureza. Seu ponto de vista bsico que s existe o que possvel de verificao emprica. Amatria o fundamento eterno de toda a ordemexistencial. Deus substitudo pela Natureza, una, autnoma, soberana.

    Segundo essa concepo filosfica, a natureza o principal agente educativo e a educao considerada comoadaptao ao meio, como simples desenvolvimento, ou como preparao para a vida, tomada esta no sentidopuramente biolgico. O ideal na educao a formao cientfica. O conhecimento, o saber, o desenvolvimento dainteligncia pelas cincias positivas devem constituir as finalidades primordiais de todo o trabalho educativo. Omtodo de estudo e de ensino deve ser indutivo e experimental.

    O NEONATURALISMO PEDAGGICO

    Aeducao individualista

    O individualismo, como concepo de vida e de educao, defende o primado absoluto do indivduo sobre a

  • sociedade. A liberdade, a autonomia e a irredutibilidade do indivduo representam as fontes supremas da vida.Todo homem um produto de si mesmo e constri sua vida com seus prprios recursos. A sociedade simplesresultante da ao individual e nada mais representa do que uma soma de indivduos. E o progresso conseqncia do trabalho individual, da independncia e autonomia de cada indivduo em pensar e agir. O homemdeve libertar-se de todos os laos que possam impedir ou dificultar a afirmao integral da sua individualidade. Oelemento bsico da realidade social, o valor fundamental de toda a vida o indivduo.

    Para o individualismo, a educao um fenmeno essencialmente individual. Consiste no aperfeioamento daindividualidade, no desenvolvimento da iniciativa pessoal, no fortalecimento da capacidade criadora do homem,enfim, na exaltao dos atributos individuais do ser humano. O ideal da educao individualista, a formao dohomem criador de valores, do homem liberto de toda subordinao tradio, autoridade, sociedade e religio.

    A educao socialista

    O individualismo afirma o primado absoluto do indivduo sobre a sociedade, j, o socialismo, que veio reagir contrao individualismo, afirma o primado absoluto da sociedade sobre o indivduo. Para o socialismo, o homem simples produto da sociedade. Tudo o que especificamente humano tem a sua fonte na comunidade. Acoletividade uma entidade que no se confunde com a soma dos indivduos; uma realidade em si. Produto dasociedade, o homem depende em tudo dela. No possui vida, querer, pensar e fins prprios; no possui valor porsi mesmo; tudo baseado na vida em comum; o homem clula social.

    Para a doutrina socialista, o social constitui a essncia do homem e o valor fundamental da vida. Todas asatividades humanas devem ser consideradas do ponto de vista social. ASociologia ser a cincia suprema, capazde resolver todos os problemas da vida.Coerentes com a sua filosofia da vida, os socialistas consideram a educao como fenmeno essencialmentesocial. O objetivo da educao deve consistir na socializao do educando. Toda ao educativa deve gravitar emtorno da comunidade que a grande educadora. Todos os problemas educacionais so exclusivamente sociais.Todos os fatos e instituies pedaggicas devem ser considerados sob o ponto de vista social que o nicoverdadeiro.

    A sociedade a prpria fonte da vida educativa.

    A educao nacionalista

    O nacionalismo totalitrio uma forma de socialismo em que a sociedade representada pela Nao ou peloEstado. Para esse nacionalismo o homem um ser essencialmente cvico, um simples produto da Nao e devesubmeter todos os seus interesses e prerrogativas aos interesses e prerrogativas do Estado. ANao e o Estadoconstituem as realidades supremas, s quais se devem subordinar todos os valores. O civismo a virtudemxima do homem e dela derivam todas as outras. Todos os domnios do pensamento e da ao devem sercolocados sob o signo da Nao.

    A educao pragmatista

    O pragmatismo nasceu da pretenso de conciliar as divergncias existentes entre as correntes filosficas e deultrapassar as limitaes impostas ao conhecimento humano pelo idealismo kantiano e pelo naturalismopositivista. E teve a iluso de poder atingir esse objetivo, substituindo a inteligncia pela ao, e fazendo dautilidade o nico critrio para determinao da verdade. O pragmatismo possui como caracterstica fundamental, ade conceber a verdade subordinada ao, reduzindo-a a mero instrumento da utilidade prtica.

    A educao um constante reorganizar ou reconstruir de nossa experincia.

    A educao tcnica

    Sob a denominao de educao tcnica ou renovada, certas tendncias pedaggicas do sculo XXque,influenciadas pelo naturalismo de ROUSSEAU, pelo evolucionismo de SPENCER e pelo pragmatismo de WILLIAMJAMES, e estimuladas pelo progresso da psicologia experimental, reagem contra a passividade e ointelectualismo da maioria das correntes da pedagogia tradicional, preconizando a aplicao de mtodos didticosativos e atraentes, adaptados ao desenvolvimento livre e espontneo da criana.

    A atividade espontnea e criadora da criana o eixo de todo o trabalho escolar. Tudo se reduz a promover odesenvolvimento harmonioso da criana em consonncia com a evoluo dos seus interesses instintivos, dentrode um ambiente de vida e de ao.Essas tendncias tecnicistas da educao contempornea podem ser divididas em dois grandes grupos: o dosmtodos ativos, caracterizado pela sua feio cientfica e sistemtica, e o das escolas novas, marcado pela suaorientao empirista e romntica.

    AEDUCAO BRASILEIRA

  • Perodo Colonial

    Os jesutas foram os primeiros educadores do Brasil.

    Pioneiros da Contra-Reforma na sua reao vigorosa contra a revoluo protestante, eles colocaram a catequesedos silvcolas e a educao das novas geraes como principais objetivos da sua Companhia.

    Quando os primeiros jesutas chegaram ao Brasil, havia meio sculo que os portugueses o tinham descoberto. Asituao em que se encontrava a colnia era a mais triste e desoladora. Se dificultava o comrcio e aniquilava aindstria, no consentia, por outro lado, que a educao se expandisse e a vida intelectual florescesse. Proibiu acirculao de impressos, no admitiu que se instalassem tipografias, recusou-se a abrir escolas, sufocando todae qualquer manifestao de atividade cultural. Portugal s se importava em explorar as riquezas naturais do Brasilsem se interessar pelo desenvolvimento da sua civilizao.

    Os jesutas tiveram que enfrentar o abandono e a rdua e espinhosa tarefa de civilizar e cristianizar o Brasil. O povoera desinteressado pelo ensino e pela cultura.

    Em 1549, os jesutas chegam ao Brasil com Tom de Souza e logo trataram de fundar escolas.

    J, em 1552, estavam em pleno funcionamento trs escolas de instruo elementar, onde eram ensinadosrudimentos de latim e portugus.A alma da catequese e da educao no perodo colonial foi Jos de Anchieta (1534-1597). Ele possua slidacultura intelectual. Poeta e humanista conhecia o latim, o portugus e o espanhol. Isso no o impediu de aprendera lngua dos ndios e os modestos ofcios de carpinteiro, sapateiro e alfaiate.

    No Colgio So Paulo, Anchieta dava aulas de leitura, escrita, contas e msica aos ndios, aos filhos deportugueses e aos prprios irmos.

    Anchieta dedicou-se pelas coisas do ensino.

    Os colgios fundados pelos jesutas foram se espalhando pelo Brasil e medida que catequizavam e ensinavam,os jesutas iam expandindo a civilizao. Seus colgios eram centros de irradiao social, econmica e espiritual.Sob sua influncia, os ndios se reuniam em aldeia, perdiam os hbitos primitivos e ferozes, aprendiam astcnicas de agricultura, construam casas, constituram famlias, viviam dentro dos princpios da moral crist.

    No sculo XVII, com a chegada de Nassau, houve em Pernambuco um grande surto de desenvolvimento cultural.Ele construiu um jardim pblico e instalou uma escola e um observatrio astronmico.

    Neste sculo, apesar dos obstculos quase insuperveis, resultantes da extenso do territrio colonial, dadificuldade de transporte e da distribuio rarefeita das populaes, o sistema escolar dos jesutas havia atingidoa um alto grau de desenvolvimento e compreendia, no s numerosas aulas elementos e escolas para meninos,como colgios propriamente ditos.

    No sculo seguinte, foram instalados seminrios na Paraba, na Bahia, no Par, no Maranho, aumentandoassim, a rede de instituies educativas e culturais dos jesutas. Os colgios que se destacaram foram o da Bahia(Todo os Santos) e o do Rio de Janeiro (So Sebastio) pela sua organizao modelar e pela riqueza dos planosde ensino, que se estendiam das letras humanas e das artes at s cincias sagradas.

    Por estes colgios passaram a maioria dos brasileiros que professaram a Companhia de Jesus e se destacaramna vida religiosa e cultural da Colnia. Os colgios dos jesutas s ministravam o ensino fundamental. No haviana Colnia ensino superior, de modo que os bacharis e letrados que desejavam estudar medicina ou direitoeram forados a procurar as universidades da Europa.

    Em 1759, o Marqus de Pombal expulsa os jesutas do Brasil. Eles pagam com a priso e com o sofrimento osbenefcios prestados, durante dois sculos, Colnia. Surgem escolas fundadas por outras ordens religiosascomo os Beneditinos, os Carmelitas e os Franciscanos. Essas escolas no tiveram o adiantamento e a eficinciadas escolas dos jesutas. Para cobrir as despesas com as instituies escolares foi criado um imposto osubsdio literrio; este importo, alm de exguo, nunca foi cobrado com regularidade, de modo que os professoresficavam meses e anos sem receber vencimentos.

    A reforma de Pombal lavrou a sentena de morte do ensino na Colnia. As instituies escolares que se fundaram,a partir da expulso dos jesutas, insuficientes e fragmentrias, dirigidas por professores mercenrios eincompetentes, jamais poderiam substituir as escolas bem organizadas da Companhia de Jesus cuja foraeducativa consistia, no ideal superior que as impulsionava.

    Perodo Monrquico

    Este perodo se desdobra em duas fases: a do reino e a do imprio. A primeira fase corresponde ao reinado de D.Joo VI que, tendo notcia da invaso de Portugal pelas tropas de Bonaparte, embarca apressadamente para o

  • Brasil, onde chega a 22/01/1808. Ao descer na cidade da Bahia, decreta a abertura dos portos do Brasil aocomrcio estrangeiro. No mesmo ano, derroga o alvar que fechara todas as fbricas e funda a Imprensa Rgia, oque possibilita a publicao da Gazeta do Rio de Janeiro, marco inicial do jornalismo brasileiro.

    Apesar das instituies culturais criados nessa poca, sente-se na obra educacional de D. Joo VI um sentidoutilitrio e profissional. O seu objetivo menos a educao do que a preparao de especialistas e profissionaishabilitados para atender ao servio do reino e cuidar da defesa militar da Colnia.

    Visando formao de oficiais e engenheiros, foram criadas em 1808 algumas Academias. Para a preparao demdicos e cirurgies foram criados cursos de Cirurgia, Anatomia e Medicina. Foram se expandindo cursos parasuprir a deficincia de tcnicos em economia, agricultura e indstria.

    Em 1816 contratada a Misso Artstica Francesa da qual se originou, em 1820, a Real Academia de Desenho,Pintura, Escultura e Arquitetura Civil mais tarde transformada na Escola Nacional de Belas Artes.

    O ensino no Brasil, no tempo de D. Joo VI, nos mostra que, apesar das numerosas escolas superiores einstituies culturais criadas, no houve progresso real em matria de educao popular. O ensino primrio esecundrio, deficiente e fragmentrio no despertou o interesse do povo nem constituiu objeto de preocupao dogoverno.

    Em 1822, proclamada a independncia e fundado o Imprio do Brasil, a educao nacional torna-se um dostemas centrais da Constituinte.

    O objetivo do ensino j no apenas de carter pragmtico e imediatista, como na fase anterior. No se cogitasomente de formar profissionais. Agora a educao compreendida como instrumento de formao dapersonalidade e de desenvolvimento da nao. Mas o problema no sai do plano das divagaes tericas para odas realizaes prticas. E o interesse dominante ainda o ensino superior. Todo mundo reconhece a situaolamentvel da instruo pblica. O Brasil foi um dos primeiros pases do mundo a estabelecer, em lei, agratuidade do ensino elementar. Essa lei, porm, no se transformou em fato.

    A no ser a criao do Arquivo Pblico e do Instituto Histrico, no Rio, em 1838, e a reforma do ensino primrio enormal de So Paulo em 1846, nada se registra de notvel na educao brasileira de 1835 a 1850.

    A ltima reforma do Imprio foi decretada em 1870 e foi a reforma Lencio de Carvalho que permaneceu em vigordurante doze anos, s sendo substituda pela reforma de Benjamim Constant, em 1890.

    O balano da obra educacional do Imprio no apresenta resultados animadores. O ensino era deficiente efragmentrio, sem um plano nacional que lhe emprestasse uma estrutura orgnica. As escolas eram escassas,mal organizadas e dirigidas por mestres improvisados. As reformas de ensino se sucediam, uma aps outra, semcontinuidade e articulao. Os ministros no procuravam prestigiar a obra dos seus antecessores. Os liceusfundados morriam por falta de alunos e professores. O ensino secundrio, em sua maior parte, se reduzia a aulasesparsas e a cursos anexos s academias de medicina, engenharia e direito, onde o preparo dos adolescentes,feito s pressas, visando ao ingresso nos cursos superiores, no tinha nenhuma eficincia educativa. s atitudespessoais do Imperador D. Pedro II de interesse pelo ensino e pela cultura no correspondiam medidas prticas doseu governo, no sentido de desenvolver e expandir a educao popular. Tudo isso pe em relevo o quanto foi lento,irregular e insuficiente o progresso educacional do Imprio.

    Perodo Republicano

    Foram muitas as leis definidoras da educao brasileira. Enfrentando muitos atropelos e uma vida mdia, emgeral, inferior a dez anos, sucederam-se as reformas:

    BENJAMIMCONSTANT (1890)

    Reforma da educao primria e secundria do Distrito Federal, ensino superior, artstico e tcnico no Pas,introduzindo de maneira profunda as idias de positivismo de Augusto Comte