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O processo histórico de colonização e
descolonização da África
Para os países europeus, inicialmente, a África era percebida como um espaço importante de
passagem para o comércio com a Ásia. Depois, o continente africano passou a interessar pela
possibilidade de conseguir mão de obra escrava, tão necessária para a colonização da América.
Rotas. Imagem 13. Fonte:
http://www.educacional.com.br/upload/arquivo/atlrotas_das_viagens_maritimas_portuguesas_espanholas_dos_seculos_xv_e_xvi_300.jpg
África: no período das Grandes Navegações
No século XVI, época dos
descobrimentos, exploradores
europeus chegaram a África. Através
de trocas com alguns chefes locais, os
europeus iniciaram a captura e
exportação de milhões de africanos,
naquilo que ficou conhecido como
a escravidão. O mapa ao lado mostra
de onde saiam e para onde iam os
escravos.
De acordo com Benedicto (2010)
“nenhuma linguagem pode descreveradequadamente o que osupremacismo branco fez àhumanidade do Africano durante a erada Europa de 1492 a 1900”. Rota da Escravidão. Imagem 14. Fonte:
https://historiadesaopaulo.files.wordpress.com/2010/12/mapa_thumb.jpg?w=420&h=393
Os africanos foram escravizados por
razões econômicas, pela necessidade
que os europeus tinham de
desenvolver as terras que eles
invadiram na América. Porém, o que
sustentou a escravidão foi a crença
da superioridade europeia em relação
aos africanos.
África: NO SÉCULO XVI
As pessoas se tornavam escravizadas
na África principalmente por guerras.
Outra forma de escravidão presente na
África foi a escravidão por dívida, ou
seja, a escravidão já existia na África
antes da chegada dos europeus no
continente, assim como em vários
outros povos, fora, que adotavam esta
prática, a escravidão africana se tornou
um negócio lucrativo tanto para os
africanos que escravizavam, quanto
para os europeus que traficavam
escravos. A acentuação da escravidão
na África aconteceu porque as vendas
de escravos para a América se tornou
uma lucrativa atividade.
COMO COMEÇOU A ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA
Escravidão. Imagem 15. Fonte:
http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/53a2cea5ca7b379
44360625a0033950d.jpg
“Desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistoscomo seus semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos sempreforam as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores.Mas um homem podia perder seus direitos de membro da sociedade por outros motivos, como acondenação por transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de pagar dívidas, ou mesmo desobreviver independentemente por falta de recursos “ (Camargo, 2010).
O processo de migração forçada que foi imposto
aos povos africanos não tem paralelo nenhum
na história da humanidade. Nada comparável
aconteceu a nenhum outro povo. Os europeus,
para realizar tamanha atrocidade, tiveram que
vencer as intempéries marítimas, construir
portos, dividir os povos africanos, promovendo
durante três séculos o maior genocídio que a
história conheceu. Isto sem contar a destruição
de impérios, culturas, famílias – que, juntamente
com racismo e o imperialismo, são os
responsáveis pelo estado de miséria atual da
África. Estima-se que dez a cem milhões de
africanos foram vitimados (Benedicto, 2015).
ÁFRICA: MARCAS DA COLONIZAÇÃO
Imperialismo e Neocolonialismo
África, Ásia e Oceania na mira da Europa industrial
Imperialismo - política de expansão e
domínio territorial, cultural ou
econômico de uma nação sobre
outras, ou sobre uma ou várias
regiões (Luft, 2005).
Os europeus em uma nova onda de colonização
A revolução industrial se expande por alguns países da Europa e acaba gerando algumas consequências:
Busca por novas áreas de investimento Mão-de-obra barata e farta Mercado consumidor Matéria- prima barata Fonte de energia Escoamento de um excedente populacional
As riquezas minerais
• Desde o século XVI, devido aotráfico de escravos, os europeus jáconheciam e exploravam algumasregiões litorâneas da África.
• Com a expansão do capitalismoindustrial, várias expedições foramenviadas ao continente com oobjetivo de conhecer melhorriquezas e potencialidades daregião.
• As riquezas minerais presentes nocontinente africano despertaram ointeresse e a cobiça das potênciaseuropeias, que em plena revoluçãoindustrial estavam à procura denovos mercados e centrosfornecedores de matéria prima.
Fonte: Atlas geográfico IBGE
Entre 1884 e 1885, realizou-se
em Berlim, na Alemanha, a
Conferência de Berlim, que
reuniu as principais potências da
Europa e os Estados Unidos para
definir as regras da partilha do
território africano.
Suas decisões levaram em conta
a necessidade da ocupação
efetiva dos territórios partilhados,
sob pena de perda deles . Em
menos de duas décadas, o vasto
interior africano foi colocado sob
dominação políticas das
potências europeias.
Partilha da África
Conferência de BerlimA descoberta de riquezas
minerais no continente africano despertou a cobiça de muitas
nações europeias, que brigavam entre si pelo
interesse na anexação de territórios.
A Conferência de Berlim, que ocorreu entre novembro de 1884 e dezembro de 1885,
contava com representantes de Inglaterra, Alemanha, França,
Bélgica, Estados Unidos, Holanda e Itália.
Regra: para um país possuir efetivamente um território
deveria ocupá-lo. Consequência: corrida de todas as nações por todos os cantos do continente, ignorando-se fronteiras naturais e culturais
preexistentes.
Foram assinados acordos de partilha da África e regras para seu controle e ocupação, que
eram baseados em povoamento permanente,
exploração e dominação dos povos subjugados.
As fronteiras são percebidas, ainda nos dias de hoje, como
linhas retas, divididas por uma régua, obrigando diversos povos aparentados a se
separar territorialmente e outros rivais a conviverem
sobre as mesmas fronteiras.A Partilha da África, Jean-Pierre Joblin. Gravuras Coloridas extraídas de Au coeur de l'Afrique, Toulouse,Édition Milan, 2004. (detalhe).
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an
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Inglaterra e França ficaram com poucomais de dez colônias cada uma,seguidas por Alemanha e Itália, comtrês cada uma, e Bélgica, que dominouo Congo.
Portugal e Espanha não entraram nacorrida, mas mantiveram as antigascolônias que dominavam desde osséculos XV e XVI.
Os únicos países africanos que não foram
colônias foram a Etiópia (que apenas foi
brevemente invadida pela Itália, durante
a Segunda Guerra Mundial) e a Libéria, que
tinha sido recentemente formada por
escravos libertos dos Estados Unidos da
América.
Partilha da África
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A divisão do continente
Bélgica
Congo
Itália
Líbia,Eritreia,parte Somália
Espanha
Rio do Ouro,Guiné,Marrocos
Alemanha
Camarões, sudeste do continente, parte da África oriental
Inglaterra
Egito, parte do Sudão, sul do continente, Costa do Ouro, Nigéria,Serra Leoa
França
Argélia, Tunísia, parte da África ocidental, costa da Somália e a Ilha de Madagascar
Libéria e Etiópia - sofrem tentativas de invasão por
parte da Itália, mas consegue derrotar as tropas
europeias - são reinos independentes.
A Partilha da África, Jean-Pierre Joblin. Gravuras Coloridas extraídas de Au coeur de l'Afrique, Toulouse,Édition Milan, 2004. (detalhe).
Portugal
AngolaMoçambiqueCabo VerdeGuiné Bissau
• A divisão ao lado foifeita sem considerar osaspectos naturais,culturais e étnicos dospovos que habitavam ocontinente. Essadivisão “artificial”contribui para aeclosão de muitosconflitos na região.
www.anovademocracia.com.br/10/24.htm
Divisão étnica da África Divisão política da África
Fonte: almanaque abril 2004www.socialesweb.com/mapas/africapolitico
Os diferentes povos e culturas
As justificativas racistas do imperialismo:
A principal ferramenta para legitimar a dominação e a exploração imperialista
sobre a África e a Ásia foi a teoria racial, chamada de darwinismo
social, utilizada pelos imperialistas.
Darwinismo Social;
Missão Civilizatória;
O “Fardo do Homem Branco”;
O “Destino Manifesto”.
O imperialismo (XIX) é a principal causada miséria econômica de países africanose asiáticos atualmente
O darwinismo social foi uma adaptação da
teoria da evolução das espécies de Charles
Darwin para o âmbito social, ou seja, essa teoria
propagou o propósito de que, na luta pela vida,
somente as nações civilizadas (onde estariam
as raças mais fortes e superiores)
sobreviveriam.
Segundo a teoria racial do darwinismo social,
somente as potências industrializadas e
civilizadas poderiam propagar a civilização. Ou
seja, a raça superior branca europeia levaria a
civilização (tecnologia, formas de governo,
religião cristã e ciência) para as colônias.
Darwinismo Social
Sendo assim, dentro da lógica dessa teoria, para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas
sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com as potências
imperialistas.
Todo esse discurso legitimou a exploração política e econômica imperialista nos continentes
africanos e asiáticos até a década de 1960, período marcado pela descolonização da África e
Ásia e fator responsável pela atual miséria e fome existentes em diversos países africanos.
Justificativa das Invasões Imperialistas A “ missão civilizatória” significava que era uma obrigação do europeu levar a
civilização e a evolução aos povos atrasados. Essa seria o “fardo do homem branco” , que deveria ser carregado filantropicamente.
Missão Civilizadora – Fardo do Homem Branco
“O homem branco eeuropeu, teria a missãosagrada de levar odesenvolvimento e acivilização aos povos‘selvagens’”
Impacto sobre o continente africano
• perda da soberania e independência deseus povos
• violência• perda do direito a liberdade• trabalhos forçados• Empobrecimento• Subdesenvolvimento• Perda da identidade cultural• Destruição das economias locais• As diferenças entre povos de uma
mesma localidade foi ignorada pelosimperialistas, que fizeram com quetribos rivais se agrupassem. Com isso,mesmo após a saída das potências ,existem regiões ainda assoladas porguerras civis e conflitos.
• destruição dos costumes tradicionais edas culturas locais
• políticas de segregação, separaçãoentre europeus e africanos
• urbanização e chegada de produtosindustriais europeus
Descolonização da Ásia e da África
A descolonização da Ásia e da África está relacionada com a decadência da Europa (fim dahegemonia mundial), motivada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise de 1929 e SegundaGuerra Mundial.
Outro fator será o despertar do sentimento nacionalista na Ásia e na África, impulsionadopela decadência da Europa e pela Carta da ONU, que, em 1945, reconheceu o direito dospovos colonizados à autodeterminação. O ponto máximo do nacionalismo será a Conferênciade Bandung (1955), ocorrida na Indonésia que estimulou as lutas pela independência.
A guerra fria e a polarização entre EUA (capitalismo) e a URSS (socialismo) tambémcontribuiu para o fim dos impérios coloniais. Cada uma das superpotências via nadescolonização uma oportunidade de ampliar suas influências políticas e econômicas.
Descolonização da Ásia
Nas décadas de 1940 e 1950, os territórios coloniais praticamente desapareceram na Ásia.
Surgiram países independentes:
• Índia, Paquistão, Birmânia(atual Mianmar), Ceilão (atualSri Lanka) - pertencia aoReino Unido.
• Indonésia , que pertenceu àHolanda
Entre 1953 e 1954 três países daIndochina Francesa – Vietnã,Laos e Camboja - conquistaramsua independência, apósviolentos conflitos com oscolonizadores.
Descolonização da África
Países africanos que conquistaramindependência nos anos 1950: Marrocos, Tunísiae Gana.
1960 a 1970 – a marcha de descolonizaçãoacelerou na África.
Esse processo foi desencadeado a partir daantiga colônia britânica da Costa do Ouro (atualGana). Kwame N´Kruman, líder do partido daConvenção Popular, iniciou a luta pela libertaçãocontinental.
N´Kruman, pregada o ideal Pan-africanismo. Paraele “era melhor ser livre para governar bem oumal a si próprio, do que ser governado poroutros”.
“A independência de Gana não temsentido sem a libertação total de África”(Nkrumah (1967)
Pan-africanismo
Movimento nacionalista que defende a união detodos os povos africanos opondo-se ao colonialismo,ao racismo e ao imperialismo na África
Movimento iniciado no século XIX por africanos e descendentes de
africanos que moravam nos Estados Unidos, Caribe e Europa.
Defendia uma identidade única para todos os afrodescendentes.
No início do século XX, membros desse movimento começaram a
criar entidades em prol da independência da África e organizar
congressos e conferências para divulgar suas ideias.
Pan-africanismo
1961 – Ano da África – dezessetepaíses obtiveram suaindependência.
A França travou longas batalhaspara manter regiões de seuimpério colonial na África,consideradas estratégicas, masacabou derrotada.
Situação da África e Ásia –movimento de descolonização
O movimento de descolonização fez surgir dezenas denovos Estados independentes na África e na Ásia.
Ainda que apresentem uma enorme diversidade étnica,cultural e política , a maioria deles herdou da épocacolonial problemas econômicos semelhantes.
• Fome - Em muitos Estados, as melhores terras agrícolasestavam ocupadas pelas culturas de exportaçãointroduzidas pelos colonizadores e a produção dealimentos era insuficiente para abastecer a populaçãolocal.
• Analfabetismo - A maioria da população eraanalfabeta, pois os colonizadores haviam investidopouco na educação.
• Miséria• Doenças – falta de saneamento básico.
Conferência de Bandung
A Conferência de Bandung,realizada em 1955 naIndonésia, foi a primeiratentativa de estabelecer laçosde solidariedade e ajudamútua entre povos tãodiferentes, mas comproblemas tão parecidos.
Nela, representantes de 29países se reunião para criar umplano de ação comum.
No plano econômico, a Conferência de Bandung proclamou a necessidade de uma política conjunta devalorização dos recursos naturais dos participantes no mercado mundial, além da promoção de acordosregionais de cooperação econômica.
No plano político, definiu uma plataforma para a atuação desses países na comunidade internacional:eles iriam lutar de todas as maneiras possíveis pela emancipação dos povos ainda colonizados, pelorespeito à soberania e a à integridade territorial das nações recém-libertas e pelo reconhecimento daigualdade entre os países do mundo, independentemente de seu tamanho ou poderio militar.
Os dez princípios•Respeito aos direitos fundamentais;•Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações;•Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas;•Não intervenção e não ingerência nos assuntos internos de outros países (autodeterminação dos povos);•Respeito pelo direito de cada nação defender-se individual e coletivamente;•Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada para servir aos interessesparticulares das superpotências;•Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorialou a independência política de outro país;•Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações, arbitradaspor tribunais internacionais);•Estímulo aos interesses mútuos de cooperação;•Respeito pela justiça e obrigações internacionais.
Conferência de Bandung