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1 PANORAMAS ECONÓMICOS NACIONAL E INTERNACIONAL | CÁLCULO DO PIB POTENCIAL E ANÁLISE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA DE ANGOLA | DIAGNÓSTICO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NAS EMPRESAS INSTALADAS EM LUANDA Do cálculo à análise do crescimento económico de nosso País O PIB POTENCIAL DE ANGOLA 01 3 ANO 4 2016

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PANORAMAS ECONÓMICOS NACIONAL E INTERNACIONAL | CÁLCULO DO PIB POTENCIAL E ANÁLISE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA DE ANGOLA | DIAGNÓSTICO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

NAS EMPRESAS INSTALADAS EM LUANDA

Do cálculo à análise do crescimentoeconómico de nosso País

O PIB POTENCIALDE ANGOLA

013

AN

O 4

2016

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OCentrodeEstudoseInvestigaçãoCientífica1 (CEICin), sediado no Instituto SuperiorPolitécnicoMetropolitanodeAngola(IMETRO),colocaàdisposiçãodosleitoresmaisumaediçãodoBarómetrodeconjunturaeconómicareferenteao1ºsemestrede2016,umtítuloactualizadocominformações,dadosdemonitoramentoeanálisecríticadosprincipaisassuntosdaconjunturasocioeconómicadeAngolaedomundo.Estaediçãotrazum“resumo”dosprincipaisacontecimentosdo1ºsemestrede2016,bemcomo,umaanálisecríticadaactualconjunturaeconómicamundialedeAngola,edoisartigoscientíficos,umcomocálculodoPIBpotencialdeAngolaeoutroreferenteainteligênciacompetitivadasempresasdoPaís. OobjectivodoBarómetroélevaraoleitorinformaçõesdealtarelevânciasobre o actual cenário da economiamundial e nacional, com os seus tópicosde destaque, selecionados de diversas fontes e de estudos desenvolvidos porentidadesacadémicasecientíficasdeprestígioecredibilidade,demodoamantê-loinformadosobrearealidadeeconómicavigentenomomentodasuapublicação.Apublicaçãopropõe-seaindaaserumabalizadortécnicoesocialparaoprocessode elaboração de políticas económicas e sociais, para alémde ser umpilar adisposiçãodeorganismospúblicoseprivados,degestoreseestudiosos,entreoutros,paraatomadadedecisõesdenegócios,de investimento,decompraevenda,quernoâmbitodomésticoounoâmbitointernacional. Nesta edição, é oferecido um panorama da economia internacional, asrazões que apontam para a crise que omundo vivencia nos últimos tempos;os factoresque levaramaoBREXIT; a economia relacionadaao terrorismonomundo,entreoutrosassuntos.Há tambémumaabordagemsobreoambienteeconómicoemAngolaeosfactoresquelevaramopaísparaaactualsituação,equaisseriamospossíveiscenáriosparaofuturopróximo,desenvolvidospelaequipacientíficaetécnicadoCEICin. Oleitorencontraráaindaumartigointitulado,“CálculodoPIBpotencialeanálisedecrescimentodaeconomiadeAngola”,queconsistenoexercíciodecálculo do Produto Interno Bruto potencial de Angola e a análise através dosperíodosadecomposiçãodocrescimentoparadeterminarosfactoresindutoresdaevoluçãodaeconomiaangolananoperíodode1980a2014,utilizandocomometodologia,oFiltroHP(HodrickePrescott,1997)queéummétododesériestemporaisqueextraiumatendêncianão-linear,queésensívelàsflutuaçõesdelongo prazo.O filtro permite decompor o produto real em dois componentes:produto potencial e excesso de demanda.O filtro estima o produto potencial,minimizando a soma dos quadrados dos desvios entre o produto e o produtopotencial para cadamomento com relação à restriçãode variaçãodoprodutopotencial. O cálculo do PIB potencial é importante para identificar a situaçãoestruturaleconjunturaldeumpaísparaqueseimplementedemaneiraeficazaspolíticasdecrescimentoeconómico. Ooutroartigopublicadonestaediçãodobarómetroéintitulado,“DiagnósticosobreautilizaçãodetécnicasdeinteligênciacompetitivanasempresasinstaladasemLuanda”,quebuscaavaliarcomoéfeitaagestãoedisseminaçãodainformaçãonasorganizaçõesempresariaisemLuanda. Certosdequeosobjectivospropostosforamatendidos,aequipadoCEICindesejabomproveitodosconteúdoseesperareceberosnecessárioscomentários2, observações e críticas, quando o futuro desta publicação impor-se como tãonecessárioparaoPaísquantoéparanós.

Cézar Augusto Lins de Andrade 3

NOTA EXPLICATIVA

1- Paramaioresinformações,acessarwww.ceicin.com.2- Comentáriospodemserenviadosaoendereçoeletrônico:cezar.andrade@ceicin.com3-DirectorGeraldoCentrodeEstudoseInvestigaçãoCientífica–CEICin,éEconomistaformadopelaUniversidadeFederalRuraldePernambucoeMestreemAdministraçãoeDesenvolvimentoRural-UFRPEpeloprogramadePós-GraduaçãoemAdministraçãoeDesenvolvimentoRuraldaUFRPE.–[email protected].

04PANORAMAS ECONÓMICOS

21DIAGNÓSTICO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NAS EMPRESAS INSTALADAS EM LUANDA

DESTAQUE

12CÁLCULO DO PIB POTENCIAL E ANÁLISE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA DE ANGOLA

Av. 21 de JaneiroTravessa de Talatona, s/n,

Campus Universitário do Morro Bento II, 1º andarEdifício da Biblioteca

Tel: 219-235-401Fax: 219-235-401

Correio electrónico: [email protected]

Barómetro de Conjuntura TrimestralSondagem Empresarial - Sondagem ConsumidorLinhas de Pesquisa:Macroeconomia e Conjuntura InternacionalFinanças Públicas e Economia MonetáriaEconomia RegionalMercado de Trabalho e Empregabilidade

CENTRO DE ESTUDO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA CEICIN

A instituição

Ciências Sociais aplicadas do Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola (IMETRO), com destacada actuação nas áreas de pesquisa, ensino e consultoria

Missão

“Produzir, articular e disseminar conhecimento, seja na realização de pesquisas, trabalhos técnicos ou na capacitação de pessoas, para contribuir para o desenvolvimento

angolano nos âmbitos económico e social.”

Unidade de Conjuntura Económica e Macroeconomia.

Equipa Técnica: Cézar Andrade e Zeferino VenâncioRevisora textual: Beatriz Maria Salucombo

Secretária Executiva: Zola Neves |Bolseiros: Adriano Domingos, Denise António e Elizandra ChissolaCampus Universitário Imetro, 1º andar, edifício da biblioteca | Correio electrónico: [email protected] | Site: www.ceicin.com

Publicado em março de 2016.

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PANORAMA ECONÓMICO MUNDIAL

O mundo está a passar por umagrande crise financeirahá mais de sete anos, e segundo o último Relatório dasNações Unidas, divulgado atéao fechamento desta ediçãodo Barómetro, os fazedores depolíticacontinuamcomenormesdificuldades para estimularo investimento e reavivar o crescimento. A economia mundialviu-se travada por váriosacontecimentos: incertezasmacroeconómicasevolatilidadespersistentes; baixos preçosda matéria-prima e fluxosde comércio decrescente,volatilidade crescente dos tiposde câmbio e fluxos de capital;estancamento do investimentoe diminuição do crescimentoe da produtividade; e, umacontínua desconexão entre asactividadesdosectorfinanceiroedaeconomiareal. O desemprego crescena maioria dos países em desenvolvimento, especialmentenaAméricadoSulepermaneceobstinadamente alto em paísescomoaÁfricadoSul.Astaxasdeparticipaçãodaforçadetrabalho,especialmentemulheresejovensvem decrescendo, bem como asegurança do emprego. Em muitos países, a menorelasticidadedoemprego,relativamente ao crescimentoassociado a um estancamentodos salários reais, coloca umverdadeirodesafioparapromoverum crescimento económicosustentáveleinclusivoeacriaçãode emprego e trabalho decentepara todos.

Espera-se que o cresci-mentonaseconomiasdesenvol-vidas continue a fortalecer-seem 2016, ultrapassando a cifrade2%pelaprimeiravez,desde2010. Nas economias em de-senvolvimento e em transição, o crescimento registado em 2015caiuparaoseunívelmaisfraco,desde a crise global em 2008,causada por uma queda bruscado preço das matérias-primas,avultadas saídas de capital ecrescente volatilidade dos mer-cadosfinanceiros. Segundo um relatório do WEO (World Economic Outlook)de Janeiro de 2016, os preçosdo petróleo conheceram umaacentuadaquedadesdeSetembrode2015,devidoàexpectativadeque a Organização dos PaísesProdutores de Petróleo (OPEP) continue a aumentar a suaprodução,numcontextoemquea produção mundial de petróleo continua a superar a demanda.Os mercados futuros apontampara ligeiros aumentos de preços para2016e2017. A queda do preço dopetróleo está a exercer umagrande pressão fiscal nossaldos dos países exportadores,ameaçandoassuasperspectivasde crescimento; ao mesmotempo,estáafazerbaixarocustocomercialdaenergianospaísesimportadores, especialmentenas economiasmais avançadas,onde os consumidores finais sebeneficiam desta redução depreços. A queda do preço dobarril teveum impactonegativonos investimentosemextracçãode gás e de petróleo. Apesar da desaceleraçãodo crescimento chinês, o LesteeSuldaÁsiacontinuarãosendo

as regiões com o crescimentomais acelerado, beneficiando-sedosbaixospreçosdasmatérias-primas, do crude e outrosminerais. Dos países menosdesenvolvidos, espera-se queo crescimento do PIB seja de5,6% em 2016, sem alcançar,no curto prazo, a meta de 7%estabelecida nos objectivos dodesenvolvimento sustentável. Mercadomonetário Em termos gerais, se por um lado a distensão financeiralevada a cabo pela zona Euroe pelo Japão prosseguem, por outrolado,areservafederaldosEstados Unidos subiu a taxa dejuros dos fundos federais, queaté Dezembro 2015 se tinhamantido no nível mais baixo(0). No geral, as condiçõesfinanceiras continuam sendomuito favoráveis nas economiasavançadas. Osníveisde inflaçãodospaísesdesenvolvidosmantém-seestáveis, e possivelmente, podem ocorrerdeflação,devidoabaixados preços da matéria-primae a debilidade da manufacturamundial. Em contrapartida, ainflação aumenta nos paísesemergentes, reflectindo, porumlado,asimplicaçõesdeumademandainternadébileaquedados preços; por outro lado,as pronunciadas depreciaçõescambiais das matérias-primasocorridas ao longo de 2015-2016.

Prognósticos Globalmente, as projec-çõesdecrescimentomundialso-freram uma revisão para baixode 0,2 pontos percentuais, tan-to para 2016, como para 2017(FMI, Janeiro de 2016). Estas

revisões devem-se, em gran-departe, ao facto deque a re-cuperação económica demuitospaísesserámaisdébildoqueoprognosticado em Outubro de2015, pela mesma instituição.Pode-se citar, como exemplo,o Brasil cuja recessão (causadapelasincertezaspolíticas)estáamostrarsermaisprofundadoqueoesperado.Asperspectivasparaomédioorienteestãoofuscadaspela queda do preço do barrildo petróleo e pelos conflitosarmadosaíexistentes. As perspectivas decrescimentodocomérciomundialtambém reduziram para maisde 1,5 pontos percentuais para2016e2017,comoconsequênciadasituaçãoeconómicanaChinae em outras economias comproblemas.

Riscos para os prognósticos Amenosqueastransiçõescríticasqueestãoaacontecernaeconomiamundialsurtamefeitospositivos,ocrescimentomundialpoderá descarrilar-se. Entre osriscosmaisimportantesdestaca-seosseguintes: 1. Umadesaceleraçãomais acentuada do que oesperado,commaioresefeitosdecontágiointernacional,porviadocomércio,dospreçosdamatéria-primaedaconfiançaeosefeitossubsequentes nos mercados

financeiros internacionais e nascotaçõesdasmoedas; 2. Efeitos adversosnos balanços das empresas edificuldades de financiamentorelacionadas com uma novaapreciação potencial do dólarnorte-americano; 3. Um crescimentoda aversão mundial ao riscoque agudize as depreciaçõese gere tensões financeirasnas economias de mercadoemergentesvulneráveis; 4. Uma escalada detensões geopolíticas em umasérie de regiões que afectema confiança e transtornem osfluxos internacionais comerciais,financeiroseturísticos.

O Terrorismo e a Economia Europeia Os actos de terrorismoem Paris não poderiam ter ocorrido em pior hora, não sópara a França, mas tambémpara a economia da Europa emgeral. O PIB (Produto Interno Bruto) da União Europeia (UE)cresceuapenas0,3%noterceirotrimestre, bem abaixo do quemuitosanalistaspreviam.Baixastaxas de juros e uma enormeinjeção de liquidez atravésde flexibilização quantitativa,não conseguiram fazer comque o continente retomasse ocrescimentoeconômico.Ascenas

decarnificinanasruasdacapitalfrancesa terão repercussõesportoda a Europa. Embora os mercadosna Ásia tenham caído em1% no início da semana, elesrapidamente se estabilizaramna Europa e tiveram altas nos Estados Unidos, na segunda-feira. No entanto, esta situaçãonão vai durar por muito tempo. Os investidores até podem desconsideraroimpactoimediatodo terrorismo, mas eles não serãocapazesdeignorarosaltoscustosfinanceirosrelacionadosaconsumidores temerosos e umamaior segurança em todos os lugares. Na própria Europa, o fim do acordo de Schengen vaiimpactarmuitoolivretransportedebenseserviços.Asfronteirasinternacionais abertas, namaior parte do continente, têmpermitido uma transferênciaeficiente de produtos entre ospaíses,semcontarqueoacordopermitequeoscidadãospossamviajar livremente por toda aUnião Europeia. Esta foi umadasmaiores conquistas emprolda unidade europeia quando foiimplementadaem1995. ApolíticadeSchengendefronteirasabertas,quejáestavaem questão devido à crise dosrefugiados,agoraprovavelmenteiráacabar,devidoaomedodeo

PANORAMAS ECONÓMICOSUma visão geral sobre o cenário internacional e angolano.

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terrorismo espalhar-se por todaaEuropa.AFrança já convocouo restabelecimento emergencialde controlesnas suas fronteirascomouma formade rastrearoscriminososquesãoresponsáveispelos violentos actos em Paris,assim como indivíduos queplanejamataquesfuturos. Os francesesestãoagoraajuntar-seàlistadepaísesquejáreintroduziramocontrolodesuasfronteiras. Nessa lista incluem-se a Áustria, a Alemanha, aHungriaeaSuécia.Nasactuaiscircunstâncias, o controlo sobreas pessoas e os seus benspessoais provavelmente serão adoptados por todos os outros paísesdaUnião.Afinaldecontas,acélulaterroristaqueorquestrouo ataque em Paris estava sediada naBélgica. A França também estáa exigir a adopção imediatado controverso sistema PNR(Passenger Name Records,ou, registro dos nomes dos passageiros). Isto irá rastrear totalmente a circulação depassageiros em todos os aviões, comboios e navios namaior parte do continente,independentemente do local departida.Acçõesdeempresas in-

ternacionaisactuantesnaindús-triadoturismoerelacionadasjáestãoacair.Companhiasaéreas,agências de viagens, operado-resdecruzeiros,hotéis, restau-rantes e empresas que atendem aosturistas,jáestãotodosaserafectados pelos acontecimentosocorridosnaFrança.Talsituaçãopoderiaespalhar-serapidamentenosectordeviagensanegócioecomerciaistambém. Já que os terroristas atacaram pessoas inocentesem lugares públicos, algunspotenciaisconsumidoresestarãomenosinclinadosaparticipardeeventos que reúnam grandes números de pessoas em um só lugar. Omovimento e os lucrosde muitas empresas irão cairesteano,principalmenteaquelasquecontamcomatemporadadefériasparagrandepartede suareceitaanual. Essa situação vai acabarbeneficiandoospaíseslocalizadosmaislongedoepicentrodocaosque está a emanar do Oriente Médio. Podemos incluir nessalista os Estados Unidos e oCanadá, por exemplo, desdeque não ocorram atentadosterroristas por lá também.Existem também várias nações

naAméricaLatinaquepoderiamreceber esses investidores queprocuram novas oportunidadeslongedainstabilidadenaEuropa.

Saída do Reino Unido da União Europeia (BREXIT) AsaídadoReinoUnidodaUniãoEuropeia(UE)éapelidadade Brexit, originada na línguainglesa resultante da fusão daspalavras Britain (Grã-Bretanha)e exit (saída). A saída da Grã-Bretanha da UE tem sido umobjectivo político perseguidopor vários indivíduos, grupos de interesse e partidos políticos,desde 1973 quando o ReinoUnido ingressounaComunidadeEconómica Europeia (CEE), aprecursora da UE. A saída daUniãoéumdireitodosestados-membros segundo o Tratadoda União Europeia (artigo 50):“Qualquer Estado-Membropode decidir, em conformidadecom as respetivas normasconstitucionais, retirar-se daUnião.” Em1975,foirealizadoumreferendo sobre a permanênciaou não do país na Comunidade Económica Europeia (CEE). Oresultadodavotaçãofoifavorávelà permanência. O eleitoradobritânicofoinovamentechamadoa decidir sobre a questão dapermanência ou não do paísno bloco comum, em novoreferendo,realizadonodia23dejunho de 2016. Esse referendofoiorganizadoapósaaprovaçãodo European Union ReferendumAct de 2015 pelo Parlamentobritânico.Oresultadodasegundaconsultafoioopostoàprimeira:favorável à saída. Analistasdizemqueestafoiadecisãomaisimportante para os britânicosdesde1975,quandodois terçosdo eleitorado optaram por ingressar na então Comunidade EconómicaEuropeia. Em 16 de junho de2016, a parlamentar trabalhistabritânica Jo Cox, partidária dapermanência doReinoUnidonaUnião Europeia, foi assassinadaapós ter sido atingida por dois tiros em um ataque, em Birstall (norte da Inglaterra). Por contadesseataque,tantoacampanhapelapermanêncianaUEcomoafavorável à saída suspenderam

todos os atos do dia. Várias testemunhas relataram que o agressor gritou “Britain First!”(“Grã-Bretanha primeiro!”),nomedeumpartidodeextrema-direitacontrárioàimigração.

Causas e consequências do Brexit do Reino Unido para União Europeia O mercado único, semimpostosnemtarifascomerciais,é o grande pilar da economiaeuropeia. No coração dele, estáo movimento de bens, pessoase capitais. Os partidários dacampanhapelasaídadizemquetal entendimento poderia ser firmado até 2020. Eles alegamque a economia britânica éforte e dela dependem muitospaísesdaUE,incluindoaFrança,que exporta boa parte de suaprodução agrícola para o outroladodoCanaldaMancha. OMinistériodaEconomiabritânico foi bem explícito,ao dizer que uma saída daUE desencadearia um choqueeconómico intenso e imediato,afirmouSajidDavid,secretáriodeEstado britânico para Negócios,Inovação e Capacitação. Numestudopublicadopeloministério,DavidapontaqueoBrexitcustariameio milhão de empregos e resultaria no encolhimento daprodução económica do ReinoUnidoematé3,6%nospróximosdois anos. UmestudopublicadopelaComissão Europeia, em 19 deJulho de 2016 e retomado pelo‘Jornal Economia’ revela que“na sequência do referendo, ocrescimento (económico) nazonaeurodeveabrandarparaos1,5%a1,6%em2016e1,3%a1,5%em2017”. A vitória da “saída” doReino Unido da União Europeia(UE) no referendo de 23 deJunhopassadopoderáinfluenciarnegativamente a já “moderada”retomadaeconómicadaEuropa.51,9% dos britânicos votou‘não’ à permanência na U.E.Este ‘não’ é o resultado dodescontentamento de muitosbritânicos dos desequilíbriosgerados pela União, sobretudoem zonas menos prósperas daInglaterra,ondeo“NÃO”atingiuíndicesdeaté67%(RevistaVeja,

29/06/2016). O estudo levado a cabopelaDirecção-GeraldeAssuntosEconómicos e Financeiros, nasequênciadoreferendobritânicosublinhou que o mesmo “nãoéumaprevisãoeconómica”: A Comissão Europeia -que só voltará a actualizar assuas previsões em Novembropróximo – explica que, parailustrar os potenciais efeitos do‘Brexit’, analisou dois cenários,um mais moderado e outro mais grave, e ambos apontampara um recuo do crescimentoeconómiconaEuropa.Deacordocom o documento, a vitória da“saída” já levou a um aumentoda incerteza, da volatilidadedos mercados financeiros emovimentos abruptos dastaxas de juro, podendo um“períodoprolongadodeincertezainfluenciar a retomadamodestada economia europeia” aofazer recuar o investimento e oconsumo. O mesmo estudo mostra que os últimos dados disponíveis antes do referendo apontavampara um aumento de 1,7% doProduto Interno Bruto (PIB) na zona euro e 1,8% na UE,tanto em 2016 como em 2017.“Na sequência do referendo, ocrescimento(económico)nazonaeurodeveabrandarparaos1,5%a1,6%em2016e1,3%a1,5%em2017,deacordocomambososcenários”.AComissãosalientaque, apesar da depreciação dalibraesterlinaajudaracontrariaraquebradaeconomiadoReinoUnido, esta deverá ainda assimser mais afectada do que asrestantes, com uma perda doPIBentre1%e2,75%até2017,enquanto o crescimento doPIB nos restantes 27 Estados-membros deve abrandar dosesperados 1,9% em 2016 para1,7a1,8%,enopróximoanode1,8%para1,4a1,7%.“Nenhumdos cenários analisados incluiassumpçõessobreosmoldesdeum futuro acordo entre oReinoUnidoeaUE”.O Brexit e a economia dos EUA Segundo o jornal Econó-mico, a agência de classificaçãode risco Fitch divulgou um re-latório dia 19 de Julho do cor-

rente ano no qual estima que a saída do Reino Unido da UniãoEuropeia terá um impacto di-recto limitado na economia dosEstados Unidos. Segundo a Fi-tch, o principal efeito do Brexitserá sentido no fortalecimentododólar,quevai limitaro cres-cimento e poderá postergar apróximaaltadejurosdoFederalReserve.Deacordocomorelató-rio,ochoquenosnegóciosmun-diaisrepresentamenorriscoaosEUA do que a outros países in-dustrializados. “Aexportaçãodebenseserviçosparaomercadobritânico representa 5,5% dasexportaçõesdosEUA.UmmaiorisolamentodoReinoUnido teriaum impacto significativo, masnão seria grande e teria poucoefeito no crescimento”, diz odocumento. Além disso, o totalde exportações para a UniãoEuropeia corresponde a quatrovezesotamanhodeexportaçõesparaoReinoUnidoetrêsvezeso estoque de investimentos de multinacionais norte-americanasnoReinoUnido,segundoaFitch.“Um impacto mais grave naeconomia europeia, por outrolado,trariamaiorescomplicaçõespara as nossas previsões decrescimento dos EUA”, afirmao relatório ( Económico, 19-07-2016). O Impacto do Brexit em África Atualmente, as relaçõescomerciaisentreaUniãoEuropeiae África são estipuladas peloAcordodeCotonou,assinadoem2000,eporumasériedeAcordosdeParceriaEconómicaentreaUEe as Comunidades EconómicasRegionais. No caso de acontecera Brexit, todos estes acordosiriamsofreralterações.“ABrexitmudaria fundamentalmenteos acordos comerciais entre aEuropa e África. No entanto, oGoverno Britânico iria procederdeformapragmáticaedefenderoscontratosexistentesnoâmbitodo Acordo de Cotonou”, explicaRobert Kappel, especialista empolítica africana no InstitutoAlemão de Estudos Globais eRegionais(GIGA),emHamburgo.Apesar de se manterem oscontratoscelebradosaoabrigodoAcordodeCotonou,acooperação

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para o desenvolvimento teria de ser reestruturada. A UniãoEuropeiaéoprincipaldoadordeajudas para o desenvolvimentoem África e o Reino Unido –tendo em conta o seu passadocolonial–tambémcontribuicomboapartedovalor. “TendoemcontaaposiçãodoReinoUnidonaUE,sendoumdosdoadoresmaisconsistentes,mastambémumdospaísesquemaiscontribuiparaoorçamentoda UE para ajudas para odesenvolvimento, a saída teria umimpactosubstancialnãosónomontantequeédadoemajudaspara o desenvolvimento para a regiãodaÁfricaSubsariana,mastambémnaformacomoégastaenasuaeficácia”,dizUzoMadu.RobertKappelrelembraaindaqueaperíciabritânicajánãoestariadisponívelpararesolverquestõesque a União Europeia possa teremrelaçãoàcooperaçãoparaodesenvolvimento. Outro problema contro-versoéaPolíticaAgrícolaComum(PAC)daUniãoEuropeia.Duran-te vários anos, os críticos quei-xaram-se que os subsídios paraos produtores europeus estavam alevarosagricultoresafricanosàruina,umavezqueelesnãocon-seguemcompetircomospreçosartificialmentebaixosdosprodu-tores europeus. AGrã-BretanhaéumdosprincipaisopositoresdaPAC.“Sequeremos pensar de que modo é queaPACpodesermelhor,elasómelhorarácomoReinoUnidonaUniãoEuropeia”,defendeMadu.E será que, caso a Brexit seconcretize,opaísiráaumentaroseu envolvimentomilitar com aGrã-Bretanha?“Poderiaimaginarque o Reino Unido, com baseem cooperações bilaterais coma Nigéria, Quénia e Gana, porexemplo, estaria predisposto aagirmaisrapidamenteedeformapragmáticaemsituaçõesdecrisee conflito do que no contextoda União Europeia”, respondeKappel. Noentanto,oespecialistaacredita que “eles não vãoseguir o exemplo de França eestabelecer bases militares emtodo o continente africano. Ofardo financeiro iria impedir talcompromisso”.

PANORAMA ECONÓMICO ANGOLANO

Angola está a passarpor um momento económicocomplicado desde a derrocadadospreçosdobarrildepetróleoem meados de 2014. Desdeentão, as autoridades do país vêm a realizar esforços paraamenizarestacriseeretomarocrescimentodosanosanteriores.Entre14e15deJulho,ogovernoangolanoorganizouemLondres,comoapoiodaGoldmanSachsedaDeutscheBank,13encontroscom 53 representantes deinstituições financeiras, fundosde investimento e agências decrédito.Essesencontrossurgem,em certa medida, para dissiparinformações ruidosas difundidasno mercado internacional,desalinhadas com a realidadee com os últimos esforços edesenvolvimentos do Executivo,procurandomanteracomunidadedeinvestidoresactualizadasobreosrecentesdesenvolvimentosdaeconomia. Segundo um comunicadodo Gabinete de ComunicaçãoInstitucional do Ministério DasFinanças, de 15 de Julho de2016, a equipa de trabalho foicoordenada pelo Ministro dasFinanças, Dr. Armando Manuel,sendointegradapeloMinistrodosPetróleos, o engenheiro Botelho Vasconcelos, o vice-Governadordo Banco Nacional de Angola,Dr. Tiago Dias e responsáveisseniores da Sonangol e do MinistériodasFinanças. Segundoomesmogabinete,a equipa realizou encontros detrabalhocomosinvestidoresdosprincipais mercados financeirosde Londres, Nova Iorque e Boston. Para além de garantir o diálogo permanente com a comunidadede investidores, esse encontroteve como objectivo actualizara informação macroeconómicadopaíseapresentarosrecentesdesenvolvimentos ao nível da política fiscal, monetária ecambial, bem como apresentarreferências claras sobre asustentabilidade do sectorpetrolífero em Angola, nãoobstante o impacto nefasto dochoque nos preços de petróleo.Ainformaçãodisponibilizadaaos

investidores mostra o grande esforço, por parte do executivoangolano, demaior flexibilidadedapolíticafiscalemonetáriaparaassegurarasustentabilidadedascontaspúblicas. A representaçãoangolana,em Londres, explicou aosinvestidores as reformasestruturantes no âmbito dagestão das finanças públicas,especificamente as reformas napolíticadesubsídios,namáquinaadministrativa de arrecadaçãode impostos, no sectorpetrolífero e no melhoramentoda política monetária e domercado financeiro interno ea sua adequação aos padrõesrequeridos internacionalmente.Estespontosforamconsideradospelo investidores como factorescríticosde sucessodopaísparamitigar os riscos das incertezasquehojeafectamamaioriadospaísesexportadoresdematérias-primas. Para colmataraescassezde cambiais no mercadomonetário angolano, o BancoNacional de Angola (BNA)vendeu aos Bancos Comerciaisum montante total de divisas equivalente a 597,4 milhões dedólaresnaprimeiraquinzenadeJulhodocorrenteano,destinadasà cobertura de operações decarácter prioritário, tais comobensalimentares,ajudamédica,despesas com formação noexterior e telecomunicações,incluindo,igualmente,acoberturadeoperaçõesdeOrganismosdoEstado(BBC,17/07/2016). Segundoamesma fonte,o Banco Nacional de Angolaassegurou, desde já, que asvendas de divisas vão manter-se de forma regular, recorrendoaos vários agentes económicos,comdestaqueparaasempresas,a fim de evitarem o recurso aomercadoinformaleaindexaremospreçosdosprodutosaocâmbiodomercadoparalelo. OBNArealizasemanalmenteum leilão de divisas dirigido especialmenteparaprojectosdoExecutivoesectoresestratégicosprioritários;informatambémquedecorre um trabalho conjuntocom os Bancos Comerciais eas suas áreas competentes, nosentidodese fazerumamelhor

O BNA REAlIzA SEmANAlmENTE Um lEIlãO

dE dIvISAS dIRIgIdO ESPECIAlmENTE PARA

PROjECTOS dO EXECUTIvO E SECTORES ESTRATégICOS

PRIORITÁRIOS

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programação na venda de divisas para suprir de forma graduala falta de recursos externos naeconomia.

Índice de Preços no Consumidor Nacional – IPCN O Índice de Preços noConsumidor Nacional registouumavariaçãode4,26%,duranteo período de Junho a Julho de 2016. Segundo o Instituto NacionaldeEstatística(INE,Julho2016)) a classe “Saúde” com6,31%foiaqueregistouomaioraumento de preços. Destacam-se também os aumentos dospreços verificados nas classes“Alimentação e Bebidas nãoAlcoólicas” com6,22%, “BenseServiços Diversos” com 4,78%e “Bebidas Alcoólicas e Tabaco”com4,02%.

Perspectiva Económica O Produto Interno Bruto (PIB) angolano cresceu a 2,8%em 2015, inferior aos 4,8%registados em 2014, sobretudoem consequência da queda dospreços do petróleo. O declíniodo preço do petróleo bruto nomercado internacional teve umimpacto significativo nos saldosorçamentais. O preço médio do petróleobrutodeAngolaeradeUSD104,00noterceirotrimestrede 2014, tendo caído para USD85,00 no quarto trimestre. Ospreços continuaram a cair em2015, ficando o preço médiodo petróleo em USD 52,00, oque representa um declínio deaproximadamente 48% em 12meses. Os preços continuarama cair ainda mais no princípiode 2016, chegando a um valormédio de USD 30,00 nos doisprimeirosmeses do ano (BancoMundial,Abril2016). Dados do Banco Mundialapontam que a produção de petróleo de Angola oscilou emtorno de 1,7 milhões de barrisdepetróleopordia(bps/dia)nosúltimos cinco anos, enquantoa meta de longo prazo é de2 milhões bps/dia. Depois deter atingido o pico em 2010– 1 786 milhões bps/dia – aprodução caiu ligeiramentepara1660milhõesbps/diaem2014.Apesar da queda dos preços do

petróleo, a produção teve um aumento de 5,7% em 2015,comparativamenteaumdeclíniodecercade2,6%em2014. O crescimento daeconomia não petrolíferatambém abrandou em 2015em consequência de atrasosna execução de investimentosessenciais na electricidade eno sector industrial. Estima-se, contudo, que o crescimentodo sector não-petrolífero tenhachegado a 1,3%, com umcrescimento de 2,5% no sectordaenergia,3,5%naconstrução,3,2%nosdiamantese0,2%nosectordaagricultura. O segundo maior produto de exportação de Angola sãoos diamantes. A produção dediamantes cresceu rapidamenteaté 2006, quando o volume deproduçãoatingiu9,2milhõesdequilates.Desdeentão,aproduçãotem oscilado entre 8,2 e 9,2milhões de quilates. Em 2015,aumentou 4% e alcançou os 9milhõesdequilates.Opaísaindatem um potencial elevado paraexpandir a mineração uma vezqueapenassãoconhecidos40%dosrecursosmineraisdeAngola.Aexploraçãodediamantesestáaserconduzidaem13provínciase há 108 novos projectosdisponíveis para investidores privados (Banco Mundial, Abril2016). As exportações depetróleo nos últimos 10 anosrepresentaram em média 97%das exportações angolanas. De2014a2015,apercentagemdopetróleo nas exportações totaisfixou-se em torno do mesmonível.Asexportaçõesdepetróleotrouxeram USD 60.200,00milhões em receitas para opaís em 2014. Em 2015, asentradas de divisas resultantes das exportações de petróleocifraram-se em USD 33.400,00milhões, um declínio de 44,5%em relação ao mesmo período do ano anterior. OBancoCentralAngolanovendeu ligeiramente menos divisas estrangeiras em 2014 eem2015:USD17.500,00milhõesem2014 faceaUSD19.200,00milhões em 2015. As vendaspelosbancosprivadosregistaramuma redução drástica: 83%

no mesmo período. O total das vendas de divisas ao mercadocaiu42,2%de2014para2015.Ainflaçãotemestadoaaumentarcontinuamente desde Junho de2014, altura emque chegou aoseu valor mais baixo de 6,8%.Em 2015, a inflação quase queduplicoupara14,3%.Ospreçosdo produtor seguiram um padrão semelhante, passando de 6%nofimde2014para11,3%emNovembro de 2015. O bancocentralaumentouastaxasdejurode 9% para 12% e as reservasmínimasde12,5%para25%. Comoseprevia,asreceitastiveram um declínio abrupto de11 pontos percentuais (p.p.) doPIBem2015.Asreceitasglobaisdopetróleobaixaramde23,8p.p.para12,6p.p.doPIB.Asreceitasnão-petrolíferas registaram umapequenasubida,masestãolongede compensar a redução nasreceitas do petróleo. O governosubiurecentementeoimpostodeconsumosobreváriosprodutos–sobretudoembensdeluxo,mastambém introduziu o mesmoimposto nos combustíveis, oque iráajudara incrementarasreceitasem2016.

Comércio Exterior Angolano No primeiro trimestre de 2016, o Indicador de Confiançado comércio angolano evoluiunegativamente em relação ao períodohomólogoepermaneceuabaixo da média da série.A Conjuntura Económica édesfavorável para as empresascomerciais (INE- ConjunturaEconómicadoITrimestre2016). O INE aponta que a evolução negativa do comérciodeveu-se ao comportamentonegativo das variáveis stock,actividade actual e perspectivadeactividade. ODoingBusinessconfirmao facto, dizendo que Angoladesceu um lugar no ranking docomérciointernacional,passandoda posição 180 em 2015 para181em2016,numconjuntode189economias. Outra mudança digna de realce é a subida dos EstadosUnidos para o primeiro lugarda origem das importaçõesangolanas no primeiro trimestre de 2016, ultrapassando aChina

ecolocandoPortugalnoterceirolugar – indicam dados de umrelatório do Ministério dasFinanças angolano, compiladospelaLusa(Julho,2016).Globalmente, no primeirotrimestre do ano, o valor aduaneiro das importaçõesangolanas cifrou-se em 494milmilhões de kwanzas (2,7 milmilhões de euros), uma quebrade41porcento faceaomesmoperíodode2015. As empresas norte-americanas exportaram paraAngola, neste período, bens eserviços no valor de 80,9 milmilhõesdekwanzas(442milhõesdeeuros),umaumentode62%(DNJulho2016) Este crescimento foisuficiente para o fornecimentodo mercado norte-americanochegar ao primeiro lugar dalista,masemcontrapartida,esteresultadofoifrutodaaquisiçãodeturborreatores, turbopropulsorese outras turbinas a gás pelaempresapúblicadeproduçãodeeletricidadeProdel. A crise financeira,económica e cambial emAngola, decorrente da quebranas receitas com a exportaçãode petróleo, provocou umforte corte nas importaçõesangolanas, com a generalidadedos países a apresentarem quebras nos negócios. É o casoda China, que fechou o ano de2015 como principal fornecedorangolano, que viu o valor total

das exportações descer 47%,no primeiro trimestre deste ano, para69,7milmilhõesdekwanzasou seja, 381 milhões de euros(LusaJulho2016). No terceiro lugar dasimportações por Angola estáagora Portugal, que até 2014liderava esta tabela, tendogarantido entre janeiro emarçoúltimos menos 19% do volumedo ano anterior, descendo para66,2 mil milhões de kwanzas(362milhõesdeeuros). O relatório do MinistériodasFinançasrefereaindaquenoprimeirotrimestreasexportaçõesglobais angolanas foram, emvalor, de 457 mil milhões dekwanzas (2,5 mil milhões deeuros),umareduçãode51%faceao ano de 2015. Deste total, osectorpetrolíferogarantiu385,4milmilhõesdekwanzas(2,1milmilhõesdeeuros)eaexportaçãode diamantes 30,5 mil milhõesde kwanzas (166,8 milhões deeuros). AChinacontinuaaliderarentre os destinos das exporta-ções angolanas, essencialmentepetróleobruto,com192milmi-lhõesdekwanzas(1.050milhõesde euros) no primeiro trimestre, oquerepresentaumaquebraho-móloga de 50%, em termos devalor. Seguem-seasexportaçõespara os Estados Unidos, quedesceram49%,paraos75,2milmilhõesdekwanzas(411milhõesdeeuros),eosEmiradosÁrabes

Unidos, que aumentaram ascomprasàAngolaem61%,para27,1 mil milhões de kwanzas(148,2milhõesdeeuros). Portugal desceu parao oitavo lugar nas compras àAngola, tendo feito negócios novalor de 16,1 mil milhões dekwanzas (88 milhões de euros)no primeiro trimestre, uma descidade54%. De acordo com estesdados, o saldo da balançacomercial angolana foi negativoem 37 mil milhões de kwanzas(maisde200milhõesdeeuros).

Desafios de Desenvolvimento Angola fez um progressosubstancial em termos econó-micosepolíticosdesdeofimdaguerra em 2002. No entanto, o país continua a enfrentar desa-fios de desenvolvimento enor-mes, que incluem a redução dadependênciadopetróleoeadi-versificação da economia, a re-construçãodasinfraestruturas,oaumento da capacidade institu-cionaleamelhoriadossistemasde governação e de gestão das finanças públicas, dos indicado-res de desenvolvimento humano edascondiçõesdevidadapopu-lação. Segmentos consideráveisda população continuam avivernapobreza, semoacessoadequado a serviços básicos edeverãobeneficiardepolíticasdedesenvolvimentomaisinclusivas.

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CÁLCULO DO PIB POTENCIAL E ANÁLISE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA DE ANGOLA4

1- INTROdUÇãO

O presente trabalho consiste no exercíciode cálculo do Produto Interno Bruto potencialde Angola e analisar, através dos períodos, adecomposição do crescimento para determinaros factores indutores da evolução da economiaangolana no período de 1980 a 2014. O cálculodo PIB potencial é importante para identificar asituaçãoestruturaleconjunturaldeumpaísparaqueseimplemente,demaneiraeficaz,aspolíticasdecrescimentoeconómico. De acordo com Fernandez (2009), oconhecimentodoPIBpotencialpermiteidentificara fase de ciclo em que se encontra a actividadeprodutiva e, assim, implementar políticas pró-cíclicasouanti-cíclicas.Segundooautor,permite,também, determinar a contribuição dos factoresprodutivosedoavançotecnológiconaevoluçãoda

economia, estimar a capacidade de expansão doprodutonomédioprazoeanteciparaevoluçãodepressõesinflacionárias. Souza Jr. (2005) afirma que o produtopotencial é uma variável não-observável e, porisso, sua definição não é unanimidade entre oseconomistas. O termo “potencial” não é definidocomoum limitemáximodecapacidadeprodutivade uma economia. De acordo com o autor, esselimitesóseriarelevanteemumasituaçãoextrema,como um período de guerra. Para este presentetrabalho, o produto potencial é definido como acapacidadedeofertadaeconomiacomplenousodosfactoresdeprodução(capitaletrabalho).Aliteraturaapontaqueexistemdiferentesmétodosde cálculo do PIB potencial, como por exemploo Filtro de Hodrick-Prescott (Filtro HP), comomencionadoporSouza Jr. (2005)eAndreietalli(2009). No entanto ométodo consensual para o

cálculodoPIBpotencialéodafunçãodeprodução,que foi proposto por Giorno et alli (1995). Essametodologia é aplicada pelo Fundo MonetárioInternacional(FMI),OrganizaçãoparaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconómico (OCDE),ComissãoEuropeia eBancoCentral Europeu.Dessa forma,a abordagem utilizada para o cálculo do PIBpotencialparaeconomiaaangolanaéadafunçãode produção. AlémdecalcularoPIBpotencialdaeconomiaangolana,buscou-seidentificarquaisfactoresforamimportantes para evolução do produto no país no período de 1980 a 2014. Para analisar de formamaisdetalhada,operíodoanalisadofoidivididoemtrêssub-períodos:(i)períododeguerracivil(1980-2001);(ii)operíodopós-guerraimediato,duranteoqualospreçosdopetróleosubiramrapidamente(2002-2008);e(iii)operíodomaisrecentedacrisefinanceiraglobaleconsequentequedadospreçosdopetróleo(2009-2014). Dessa forma será possível identificar ocaminho de crescimento da economia angolana,e também quais factores (tecnologia, capital etrabalho)foramresponsáveispelocrescimentodoprodutodeAngolanoperíododeanálise.Destaca-se também que o exercício do cálculo do PIBpotencialé inéditoparaaeconomiaangolana,noentantoacontabilidadedecrescimentodopaísfoimencionadapelaAngolaEconomicUpdate(2014). Este trabalho está dividido em cincosecções,incluindoaintrodução.Asegundasecçãorevisaa literaturasobreoexercíciodocálculodoPIB potencial e decomposição de crescimento.

A terceira secção comenta sobre a metodologiade cálculo da função de produção e também dacontabilidade de crescimento. A quarta secçãoapresenta os resultados e discussões sobre asestimações.Aquintasecçãoconclui.

2- REvISãO dE lITERATURA

Na moderna literatura macroeconómica,o cálculo do PIB potencial permite decompor oprodutonoscomponentescíclicosedetendência.DeacordocomDomenécheGomez(2006),essescomponentescontamcomtrês factosestilizados:(i)aco-relaçãonegativaentreodesviodoprodutodasuatendênciaeodesviodataxadedesempregoda sua taxadedesempregoestrutural (NAIRU)5. Essa relação entre os componentes cíclicos doprodutoeodesempregoéreferidacomoaLeideOkun;(ii)otrade-offdecurtoprazoentreinflaçãoedesemprego;(iii)eoco-movimentoentreprodutoeinvestimento,poisataxadeinvestimentoaumentaemexpansõesdoprodutoereduzemperíodosderecessão. De acordo com os autores, esses trêsfactos sugerem que o desemprego, inflação etaxasdeinvestimentosãoelementosimportantespara identificar os componentes cíclicos e detendêncianaeconomia.Baseadosnessahipótese,os trabalhos de Domenech e Gomez (2006),BasisthaeNelson (2007),NeisseNelson (2005)modelarame calcularamo produto potencial e ogapdoproduto,utilizandoomodelodacurvadePhillips com expetativas para a economia norte-

DESTAQUE

4- ArtigoelaboradopeloprofessorAndrédeSouzaMelo,DoutoremEconomiapelaUniversidadeFederaldePernambucoecoordenadordoProgramadePós-GraduaçãoemAdministraçãoeDesenvolvimentoRural–PADRdaUniversidadeFederalRuraldePernabuco.–[email protected].

5- EssetermoéreferenteaotermoNonacceleratingInflationRateofUnemployment,queéataxanaturaldedesemprego.

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americana. Utilizando a abordagem univariada emultivariada para o cálculo do PIB potencial, aliteraturatratadoassuntodesdeadécadade1960.Dentreeles,destaca-seotrabalhodeKuh(1966),que utilizou o método de função de produçãoparadiversospaíses.Noentanto,esseassuntofoitratadocommaiorpropriedadeapartirdadécadade1980,comoporexemplo,Giornoetalli(1995),De Masi (1997), que calcularam para os paísesindustrializados. Também na literatura destacam-se ostrabalhosdeAndreietalli(2009),quecalculouparaaRomênia,Fernandez(2009)paraoMéxico,Smithe Burrows (2002) para a África do Sul, Johnson(2013)paraospaísesdaAméricaCentral,Kattai(2010)paraaEstônia,SummaeLucas (2010)eSouza Jr. (2005) para o Brasil. Em suma, todosessestrabalhosutilizaramaabordagemunivariada(Filtro HP e Kalman) e também a multivariada(funçãodeprodução). KempeSmit(2015),porsuavez,utilizaramo filtro multivariado para o comportamento doproduto potencial da África do Sul e viram queo produto potencial sofreu queda após a criseeconómica mundial. Eles afirmam também queessefenómenofoivistoemoutrospaíses,incluindoospaísesdoG20. O trabalho de Fernandez (2009) calculouo PIB potencial e a taxa natural de desempregoutilizando a função de produção de Codd-Douglas e ofiltro deKalman.Nesse trabalho eletambémexecutouoexercíciodecontabilidadedecrescimento para identificar a contribuição dosfactoresprodutivosnocrescimentoeconómico.Osresultadosmostraramquedurante1980-2007asrecessõesnoMéxicosão121,1%maioresquenosEstados Unidos, enquanto que as expansões são46,8%menores. Esses ciclos foram identificadospelo desvio do produto em relação ao produto potencial. SouzaJr.(2005)realizaumarevisãoteóricametodológica e de estimativas do PIB potencialparaa economiabrasileira.Ao longodo trabalhoele comenta acerca de diversos métodos decálculodoprodutopotencialeconcluiqueomaisadequadoéoFiltroHPeométododa funçãodeprodução. Como resultado, as estimativas do PIB potencial são bastante sensíveis à metodologiautilizada.Tambémconcluiquefoipossívelverificararetomadadocrescimentodaeconomia,apartirdofinalde2003,masqueoprodutopotencialnãocresceunamesmaproporção. Em conclusão, a literatura convergepara o uso dométodo de função de produção eacompanhado da análise estatística univariada.Algunstrabalhosincrementamaanáliseutilizandoa decomposição do crescimento como Fernandez(2009).Nasecçãoseguintedetalha-seaestratégiaempíricaeosdadosaseremutilizadosnopresentetrabalho.

3- mETOdOlOgIA

3.1. Filtro de Hodrick-Prescott O Filtro HP (Hodrick e Prescott, 1997) éum método de séries temporais que extrai umatendêncianão-linearqueésensívelàsflutuaçõesdelongoprazo.Ofiltropermitedecomporoprodutoreal em dois componentes: produto potencial eexcesso de demanda. O filtro estima o produtopotencialminimizandoasomadosquadradosdosdesviosentreoprodutoeoprodutopotencialparacadamomentocomrelaçãoàrestriçãodevariaçãodoprodutopotencial. Tomando yt como o produto real atravésdo tempo, τt comoa tendênciaque representaoprodutopotencialeumcomponentecíclicoc_tqueéoexcessodedemanda,pode-se,assim,escrever:yt =τt+ct. O produto potencial ou a tendência écalculadopelasoluçãodoproblemademinimizaçãoquesegue:

Oparâmetroλéasensibilidadedoprodutopotencial com relação a flutuações de curtoprazo. Um menor valor do λ indica que menorserá a importância dos choques cíclicos em levaatendênciaaseguirasériedoprodutoreal.Ummaior valor do λ irá resultar em uma melhorsuavização e umamaior variabilidade do gap doproduto.Quandooλ tendea infinitoa tendênciatorna-selinear.Nopresentetrabalhoutilizou-seovalordeλ=6,25comorecomenda(RavneUhlig,2001)paradadosanuais6. Estemétodoéunivariado,ouseja,ébaseadoapenas no histórico da série do produto real. Avantagemdeutilizaressemétodoéasimplicidade,transparência e facilidade para utilizá-lo emcomparações internacionais (Souza Jr., 2005). Aprincipal desvantagemdessemétodo é a de nãoconsiderar a influência de outras variáveis. Alémdisso,ofiltrotorna-serobustoquandonãoexistemquebrasestruturais.

3.2. Abordagem da Função de Produção Para o cálculo do PIB potencial tambémfoi utilizado o método da função de produção.A função de produção assume as hipóteses domodelo neoclássico de crescimento. Ela é afunçãodosinsumostecnologia,capitaletrabalho.DiferentementedofiltroHP,afunçãodeproduçãotem a vantagem de identificar a contribuição decadainsumoparaoprodutopotencial. Considera-se, dessa forma, a função deprodução Cobb-Douglas com retornos constantesdeescala:

Onde Yt é o produto real da economia ao longodotempo,Atéaprodutividadetotaldosfactores(PTF), Kt o estoque de capital físico acumuladoe Lt o número de trabalhadores. Os parâmetrosα e 1-α representam a contribuição do capital edo trabalho, respectivamente, no produto. Comoassumem-seretornosconstantesdeescala,ovalordeαécompreendidocomo0<α<1. A PTF não é uma variável observável naeconomia.Parasecalcularaprodutividadetotaldosfactoreséprecisoseguiroseguinteprocedimento:

Uma vez calculada a PTF é possívelidentificaracontribuiçãodecadafactorprodutivonocrescimentodoprodutoatravésdadecomposiçãologarítmica do crescimento, ou seja, podedeterminar-se para um intervalo de tempo, quala contribuição quantitativa de cada um dos trêsinsumosparaaevoluçãodoprodutonaeconomiaangolana.De(2),calcula-seavariaçãologarítmicados insumos entre dois instantes t e t+N a partir da seguinteequação:

A importância relativa para o crescimentodoprodutodevariaçõesnaPTF,aacumulaçãodecapital físico e a variaçãona força de trabalho édada,respectivamente,por:

A função de produção para o produtopotencialé:

OndeAt

POT representa a produtividade total dosfactorespotenciaisqueéatendênciadelongoprazoextraídadofiltroHPeKt

POT é o estoque de capitalpotencialqueéderivadodofiltroHP. Paraaforçadetrabalhopotencialutiliza-seaequaçãopropostaporGiornoetalli(1995):

Onde LtSéapopulaçãoempregadanotempotcom

filtroHPeutNAIRUataxadedesempregonaturalque

étambémextraídapelofiltroHP.Dessaforma,otrabalhopotencialrepresentaonúmerodepessoasque poderiam estar empregadas se a taxa dedesemprego for igual à taxa que não acelera ainflação. O desvio do produto é definido como adiferençaentreoprodutorealeopotencialdivididopeloprodutopotencial,ouseja:

O gap do produto pode ser positivo, ou seja,quandoocrescimentodademandaagregadaexcede o da oferta agregada. Isso pode levar aumprocesso inflacionário.Seogapfornegativo,entãotem-seumasituaçãoderecessãoque levaaoprocessodedeflação.

3.3. dados Osdados foramextraídosdeduas fontes:APennWorldTables9.0(PWT)eoBancoMundial.Os dados da Penn World são o PIB, o estoque de capitalea forçadetrabalho.ParaoprodutorealaolongodotempofoiextraídooPIBRealapreçosnacionais constantes em milhões de dólares de2011. O estoque de capital também é a preçosnacionais constantes em milhões de dólares de20117. A força de trabalho é representada pelonúmerodepessoasquetrabalhamemmilhõesdepessoas.Asinformaçõesestãodisponíveisde1970a2014. A série extraída do Banco Mundial foi odesempregoqueéaparceladototaldaforçadetrabalhoquenãotrabalha,masqueestádisponívele à procura de emprego. A série está disponívelentreosanosde1991a2014. Comoasseriesnãoestãopareadas,nãofoipossível calcularoPIBpotencialparaasdécadasanteriores a 1990 pelo método da função deprodução.Comisso,oprodutopotencialdedécadasanteriores é apresentado apenas pelo método do filtroHP. Comocalibragem,osvaloresdaparceladocapitaledotrabalhonarenda(αe1-α)utilizados,respectivamente, foram de 0,2 e 0,8. Algunsestudos, como Fernandez (2009) recomendamque seestimea funçãodeproduçãodaequação(3) e se obtenha os valores das elasticidades.No entanto, o estudo do Banco Mundial (2007)calculouacontribuiçãodocapitaledotrabalhonarendaeconstataramumvalorpróximoa0,2e0,8,respectivamente.Osresultadosnãosemodificaramquandoalteram-seosvaloresde0,15e0,85paraocapitaleotrabalhoetambém,respectivamente,de 0,25 e 0,75. Issomostra que a economia deAngolaédetrabalhointensivo.

6- Pararobustezderesultadosutilizou-seovalordeλ=100,comorecomendaçãodeSouzaJr.(2005).7- Quandoasestatísticasdoestoquedecapitalnãosãodisponibilizadas,ométododoinventárioperpétuoéomaisutilizadoparacalcularoestoque.Essemétodoutilizaoinvestimentoeataxadedepreciaçãodaeconomiaparacalcularaevoluçãodoestoquedecapital.ParamaioresdetalhesverOCDE(2009)

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Fonte: Elaboração própria baseado em dados da PWT (2016)

4. RESUlTAdOS

4.1. Produtividade Total dos Fatores, Estoque de Capital e de TrabalhoPara o cálculo da PTF de Angola, utilizou-se aequação(4).AlinhaazulrepresentaaProdutividadePotencial, extraída do filtro HP. Percebe-se, pela

Figura1,queaPTFsofreuumaquedamédiaanualde-0,6%,e-30%noperíodode1970a2001.Essefenómenopodeserexplicadopelacrisedopetróleona década de 1970 e também pelo período deguerracivilnopaísatéaoanode2001.Após2001,essatendênciaérevertidacomoperíododepazetambémcomoaumentodopreçodopetróleo.No

períodode2002a2008,aPTFteveumaumentoanualmédiode7,2%eapósesseperíodo,comaquedadopreçodopetróleoeoperíodopós-crisede2008,aprodutividadeapresentouestabilidadecomaumentosanuaismédiosde1%edecompletaestabilidadenasuatendênciadelongoprazo. Aolongodoperíododeanálisepercebe-se,pelaFigura2,queoestoquedecapitaleonúmerodepessoasque trabalhamnoperíodode1970a2014 sofreram variações positivas ao longo dotempo.Oestoquedecapital,porsuavez,sofreuvariações positivas e decrescentes, chegando a

decresceremalgunsperíodos.

4.2. PIB Potencial O PIB potencial calculado pelo Filtro HPé apresentado na Figura 3. Percebe-se umaestagnação do PIB real e do potencial durantea década de 1970 até 1994. constata-se que aeconomia angolana mostrou-se praticamenteestávelatéoiníciodadécadade1990. O PIB potencial também acompanhouessa trajectória. Após esse período, observa-sea tendência de alta de ambas as séries. Pode-

se perceber que essa recuperação da economiaangolana pode estar atrelada ao crescimentoda produtividade total dos factores, no qual seobservouumamudançadetendêncianessamesmaépoca. AFigura4mostraodesviodoprodutocomrelação ao produto potencial. O que percebe-seao longo dos anos é que o valor positivo do gap foiobservadoapenasemoitomomentoseogapnegativo em dez momentos. Um desvio positivoindicaumprocessodeaceleraçãodaeconomia,comreflexosinflacionários.Noentanto,apenasduranteadécadade1990équeseobservouumperíododehiperinflaçãoenessemesmoperíodoobservou-seum maior valor negativo do desvio. Esse resultado sugerequeoproblemadocrescimentodeAngoladuranteadécadade1990éestrutural.

Com relação aos resultados encontradospelométododafunçãodeprodução,observou-seummesmo comportamento do produto potencial(Figura5). No entanto, diferentemente do resultadoencontrado anteriormente comomostra a Figura6, no período de 1991 a 2014, apenas em ummomento,ogaptiverasidonegativo,oquefoinoperíodode1992a1994. Observa-se na Figura certa persistênciado gap positivo ao longo do período analisado, principalmenteapartir dadécadade1990atéoanode2014.Noentantoaofimdadécadade1990,a economia angolana apresentou estabilidadeeconómica, com inflação abaixo dos dois dígitos,sugerindo que o valor positivo e persistente do gapnãoocasionouemumapressãoinflacionária,

Fonte: Elaboração própria

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da PWT (2016)

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da PWT (2016)

Figura 1 - Evolução da Produtividade Total dos Fatores e da Produtividade Total dos Fatores Potencial.

Figura 3 - Evolução do PIB e do PIB potencial utilizando o filtro HP

Figura 4 - gap do Produto no período de 1970-2014.

Figura 2 - Crescimento do Estoque de Capital e do Trabalho no Período 1970-2014.

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mostrandoqueos factores estruturais guiaramocrescimentodaeconomiadeAngola.DiferentementedoresultadoapresentadonofiltroHP,oscálculoscomaabordagemdafunçãodeproduçãomostraqueoutros factores impulsionaramocrescimentodaeconomiaangolanaacimadoseuvalorpotencial.4.3. decomposição do Crescimento Como mencionado anteriormente, acontabilidade do crescimento permite analisar ascontribuições da produtividade, do capital e dotrabalhonocrescimentodaeconomiaetambémnoprodutopotencial.ATabela1mostraocrescimentoeascontribuiçõesdesses factoresemrelaçãoaoPIBe aoPIBpotencial.A análise foi dividida emtrêsperíodos:(i)guerracivil;(ii)pazeoboomnopreço do petróleo e (iii) queda no preço de petróleo e crise. A Tabela mostra que a PTF teve umainfluênciaconsiderávelnocrescimentodoPIBedoPIBpotencialdeAngola.Entre1980e2014oPIBdeAngolaapresentouumcrescimentomédiode4%aoanoeduranteesseperíodooestoquedecapital

aumentou0,5%comimportânciarelativade11%nocrescimentodoPIB.Aforçadetrabalhocresceu2,3%comimportânciade52%eaprodutividade,quecresceu1,2%,teveumaimportânciade37%. ComrelaçãoaoPIBpotencial,aprodutividadefoiofactorpreponderantenocrescimentodoPIBaolongodoperíodode1991a2014,com61,9%,seguidodocapital(51,1%)etrabalho(35,2%). Duranteoperíodode1980-2001 -apesarde no período seleccionado observar-se umcomportamento distinto - foi visto, segundo oAngolaEconomicUptade(2014),umacombinaçãode investimento público de grande escala eminfraestrutura e investimento privado no sectorpetrolíferoforamresponsáveispelocrescimentodequase0,3%noestoquedecapitalede2,1%naforçadetrabalho. No entanto de acordo com a AngolaEconomic Update (2014), a guerra ocasionouumadeterioraçãogeneralizadaquefezcomqueoPIBcrescesseapenas1,9%aoano.Esseperíodo

tambémrefletiuemumdeclíniodaPTFedaPTFpotencialquefoiosegundofactorresponsávelpelocrescimentodoPIBeoprincipalfactorresponsávelpelocrescimentodoPIBpotencial. Com o período de paz em conjunto como aumento do preço do petróleo, o PIB e o PIB potencial angolano aumentou emmédia 10% aoano.APTFfoiofactorquemaiscresceunoperíodo(7,8% da PTF e 6,4% ao ano da PTF potencial)e foi aprincipal responsávelpelo crescimentodo

PIBedoPIBpontencial,comimportânciasrelativasde65,5%e67,6%, respectivamente.SegundoaAngolaEconomicUpdate (2014),aprodutividadetotal dos factores de Angola está estreitamentecorrelacionadacomospreçosdopetróleo. Noperíodode2009a2014,ocrescimentodoPIBedoPIBpotencialforammenoresemrelaçãoaoperíodoanterior.Essefenómenofoiatribuídoàcriseeconómicafinanceiraeàquedadopreçodobarril de petróleo, o que refletiu numaquedada

Fonte: Elaboração Própria baseada em dados da PWT (2016) e Banco Mundial.

Fonte: Elaboração Própria baseada em dados da PWT (2016) e Banco Mundial.

Fonte: Elaboração própria

Figura 5 - Produto Real e Produto Potencial de Angola Utilizando a Abordagem da Função de Produção.

Figura 5 - Produto Real e Produto Potencial de Angola Utilizando a Abordagem da Função de Produção.

Figura 6 - desvio do Produto Real em Relação ao Produto Potencial.

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PTF,quefoiaprincipalcausadoradocrescimentodoPIBreal.Noentanto,comrelaçãoaoPIBpotencial,oestoquedecapitalfoioprincipalresponsávelcomocrescimento.EsseresultadosugerequeAngolaévulnerávelaalteraçõesnopreçodopetróleo.

5. CONClUSÕES

Este trabalhopropôscalcularoPIBpotencialeogap do produto de Angola durante o período de1980 a 2014. Para realizar esse exercício forampropostasduasabordagens:ofiltroHPeafunçãode produção. Os resultados sugerem uma melhor análisequandoseutilizaaabordagemdafunçãodeprodução,devidoàobservânciadeoutrosfatoresnocomportamentodoPIBpotencialangolano. OcomportamentodoPIB,doPIBpotencialdeAngolaetambémdogapdoprodutomostramqueoseucomportamentofoicondicionadoavariáveisestruturais (capital, trabalho e produtividade)e que apesar do desvio do produto ser positivo, nãofoivistoumprocessoinflacionárionoperíodoanalisado. Com a decomposição do crescimento,observou-sequeaprodutividadetotaldosfactoresfoiaprincipalresponsávelpelocrescimentodoPIBao longo do período analisado. Esse resultado sugere que a economiade Angola é vulnerável a choques externos,principalmenteemmudançasnopreçodopetróleo.Noentanto,aimportânciadaPTFnocrescimentofazsurgiranecessidadedeseaceleraroprogressocom reformas estruturais e que aumentem aprodutividade, como por exemplo, reformasinstitucionais que proporcionem umamelhora noambiente económico e também no crescimentodocapitalhumanoeassim, insularaeconomiaachoquesexógenos.

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DIAGNÓSTICO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NAS EMPRESAS INSTALADAS EM LUANDA8

Resumo: As novas organizações que surgemneste milénio defrontam-se com problemáticasdiferentes daquelas que surgiam ou operavamno século passado. Temas como RH, Produção,Finanças, dentre outros, não são, isoladamente, os maisrelevantesnomundodosnegóciosdoséculoXXI.Actualmente,agestãode informaçãotorna-se uma riqueza tão valiosa quanto o número devendas, resultando num contínuomonitoramentoambiental. Para isso, o tema InteligênciaCompetitiva (IC) surge, estabelecendo técnicasprocessuaisparaumaeficazgestãoedisseminaçãoda informação.No caso das empresas instaladasemLuanda,centroeconómicodeAngola,conceitonovo, especialmente pelo excesso na procurade serviços, haja vista histórico social e políticorecente.Comisso,oprojetoprocurouavaliarcomoé feita agestãoeadisseminaçãoda informaçãonasorganizaçõesempresariaisemLuanda.Comoresultado, verificou-se que o uso e disseminaçãodetécnicasdeICemAngolaéaindaescasso,tendocomo principal variável o desconhecimento davantagemcompetitivadoseuuso.Factores,comocustos e capital humano também são variáveisinfluenciadoras.

Palavras-Chave:InteligênciaCompetitiva;GestãodaInformação;EconomiaLocal.

1.INTROdUÇãO

1.1. As organizações e novo ambiente de negócios As empresas, qualquer que seja a suanatureza, deparam-se com a problemática doprocesso decisório e estão em constante buscapelo método mais seguro de decidir e o quefazerno futuro.Este factoaplica-seàsempresasjovens,devidoàs incertezaseàsexpectativas,eàsempresasmaduras,devidoaoseualtoníveldeconvicção.(CASTRO&ABREU,2006). Esta busca condiciona as organizaçõesa utilizarem, cada vez mais, técnicas que lhespermitem conhecer e monitorar o ambiente denegócios,especialmentenumaeconomiaquesurgefortemente balizada na evolução das Tecnologiasde InformaçãoeComunicação(TICs)aplicadasàgestão,conformeMarçal&Costa(2006).Paraosautores“aevoluçãodasforçasdasTICsmodificamomododeoperar,gerandoumaincertezaambientalelevadanasempresasnãoatentas”. Asorganizações,mesmoqueimplicitamente,já sabem dessa nova problemática e já utilizammecanismosparaminimizaraincertezadofuturonoambientedenegóciosemqueactuam.Todavia,independentemente dométodo utilizado (não háum receituário clássico), as principais barreiras

8- ArtigoelaboradoporJúlioCésardaSilvaBecher,mestreemEngenhariadeProduçãopelaUniversidadeFederaldePernambuco,possuiespecializaçãoemGestãodeProjetospelaFGVegraduaçãoemEconomiapelaUNICAP.PossuicertificaçãonacionalemInteligênciaCompetitivapelaABEP/BR.

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estão na cultura organizacional geralmente nãovoltadapara a captaçãode sinais oumensagensemitidasportodaacadeiadeprodução,bemcomopela não compreensão dos processos de IC pelaaltadirecção.(CANONGIAetal2001;TARAPANOFF,2001;MILLER,2002;PRESCOTT&MILLER,2002eVIDIGAL&NASSIF,2012). Não obstante, antes de se descreverque técnicas podem ser utilizadas para supriros casos, onde as barreiras acima levantadasforam suplantadas, é pertinente compreender asprincipais definições sobre o uso da gestão dainformaçãonaestratégiaorganizacional. Ao longo da história da administraçãodiversosmétodosforamimplementados,todoscomoseugraudecertezasefalhas.SegundoPrescott&Miller(2002),conhecerbemoambienteemqueseactuaéopassofundamental.Maisainda,umbomnívelde informaçõessobreasprincipaisáreasdonegócio–Finanças,RH,TI,Produção,Marketing–sãoessenciaisparaumadecisãoassertiva(GARBER,2001;MILLER,2002;PRESCOTT&MILLER,2002;

TYSON,2002eSTAUFFER,2004). Aquestãoinstauradanomundodosnegóciosactual centra-se na velocidade e na forma comoessa informaçãochegaaosque tomamdecisões.ParaFuld(1994),manterumprocessoestruturadode planeamento, recolha, análise e disseminaçãode informações tratadas dentro da organização,é oquediferenciaráas empresasdo séculoXXI.Aindanessaóptica,Miller(2002)ePrescott&Miller(2002),alertamqueaInteligênciaCompetitiva(IC)éaartederecolherinformação,demaneiraética(sem espionagem), e analisar as informações domercado,colocandooprocessodecisórioàfrentede possíveis estrangulamentos. Rios et al (2011) fazem uma abordagembastante esclarecedora sobre os diversosconceitos de IC aplicados ao ambiente denegócios. Corroborando a ideia, Canongia et al(2011) e Balestrin (2014) também descrevemqueoambienteactualpodeserdivididoem trêsdimensões: macroambiente, microambiente eorganizacional.

O primeiro deles –macroambiente - estárelacionado com as questões cuja influência daempresaémínima,poistratadoambienteexterno,que envolve questões políticas, económicas,sociais, tecnológicas e ecológicas. Em relaçãoao microambiente, a influência da alta gestãotorna-secrível,poisenglobaquestõesinerentesàoperaçãodaempresaemrelaçãoaosfornecedores,distribuidores,financiadoresereguladores(KOTLER&KELLER,2006;TYSON,2002;BALESTRIN,2014).O último deles, porém não menos importante, refere-se ao ambiente organizacional, ondeo relacionamento com os clientes (internos eexternos) e os concorrentes são o binómio dosucesso. Mesmo com tal concepção, manter umaestrutura de IC nas organizações ainda é vistocomoalgodispendiosoederesultadosdificilmentemensuráveis. Para Garber (2001) e Vaitsman(2002) essa realidade é fruto de uma culturaorganizacional reactiva, que usa informações de

maneiranãoestruturadae,normalmente,deformaadefender-sedepossíveisvariaçõesjáinstaladasnoambientedenegócios. Noextractosectorialemquestãopercebem-sesignificativasvariaçõesacercadousodetécnicasde IC na gestão. Como base experimental, estetrabalhopretendeavaliaressaquestãodemaneiragenérica nas empresas instaladas em Luanda,principal centro económico de Angola, tendo emvistaadificuldadederepresentatividadesectorial,umavezqueoestudopedeumainvestigaçãocomdadosprimáriosediagnósticos. Estaavaliaçãotorna-setambémpertinentepeloefeitotecnológicojápercebido,especialmentequando se observa o crescimento do número deconcorrentesoriundosdoexterior,quenaturalmentepossuem uma componente de competitividademaisassertivaqueasempresasnacionais.Dito isto, acredita-se que explorar os conceitosde IC nas empresas instaladas em Luanda pode contribuir com a disseminação de estratégias

aplicadas, permitindo que a qualidade da ofertadesse serviço – essencial para amanutenção docrescimentoeconómicoactual–avancenamesmavelocidade que o número de instituições. Pois,possibilitaráaconstruçãodeumametodologiadeacção antecipativa, permitindo que os gestoresconheçamcadavezmaisosegmentodeactuaçãoe estruturem o seu processo decisório à luz deinformações tratadas e analisadas de maneiracustomizada(CARON-FARSAN&JANISSEK-MUNIZ,2004).

2. INTElIgÊNCIA COmPETITIvA: EvOlUÇãO E APlICABIlIdAdE

2.1. Conceitos e definições ParaOliveiraetal(2007),aprincipalideiapor trásdaInteligênciaCompetitiva(IC)équeainformaçãohojeéumamoedaparaamanutençãodacompetitividade.AlémdissooclientedeveestarnocentrodasatençõesdequalquerorganizaçãoeumprocessoformaldeICpodetornaraempresamaisefectivanessecontexto. Além disso, as técnicas de IC permitemqueosgestorespassematomardecisõesdeumamaneiramais profissional, balizados em dados einformações do ambiente em que actuam e nãosomentecombasenoempirismo(VIDIGAL,2012).Stauffer (2004) enfatiza essa questão, alertandoque a IC permite a redução ou mitigação da incertezanoprocessodecisório,poiscriaummétodoformalpararecolher, tratar,organizar, interpretare disseminar dados dentro da organização (apudPRESCOTT&MILLER,2002). Noutro aspecto, como as organizações,essencialmente,navegamporummacroambientenão controlado que provoca oportunidades eameaças, ter um processo formal que maximizeoportunidades (novos consumidores, hábitos,alterações tecnológicas, etc.) e/ou minimizeameaças(novosconcorrentes,alteraçõestributáriase legislações, etc.) coloca as organizações aexplorar horizontes menos autofágicos e compotencialelevado(TARAPANOFF,2001;KOTLER&KELLER,2006). Na literatura é possível verificar algumaspráticasjáinstituídasdeIC.Sumariamente,algunsexemplos:

A. Análise SWOT Técnica normalmente utilizada pela áreade Planeamento Estratégico, com o intuito dediagnosticar as questões internas (Forças eFraquezas)easexternas(AmeaçaseOportunidades)quepossaminfluenciarnoatingimentodasmetasdaempresaecomisso,aconstituiçãodeplanosdeacção,monitoramentoecorrecção.

B.Benchmarking Consiste em comparar e compatibilizar osprocedimentosdaorganizaçãocomaspráticasdemercado,especialmentecomasempresaslíderesdesegmento.Visitaafeiras,congressosefóruns

são bons insights nesse sentido. Pesquisa deimagemdaempresatambéméumbompontodepartidapara entender comoaempresaé vista equemasubstituiemcertosaspectos.

C. Sistema de CRM Trata-se de uma gestão cuidadosa dosclientes e não clientes da organização, a fimde maximizar a sua fidelidade, pois trata-se doprincipalimpulsionadordalucratividade:ocliente.As principais dificuldades estão no alto custo deimplantaçãoenorobustohardwareexigido.Todavia,oCRMéconstituídoparaauxiliarasorganizaçõesaatenderàsnecessidadesdosclientesantesdosconcorrentes,atravésdacontínuainvestigaçãodosseus interesses.

Fonte: www.sites.google.com/site/profvaldec

Figura 7 - mecanismos de vigilância

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D. Pesquisa de Satisfação de Clientes A satisfação deve ser medida comregularidade e critério, pois a manutenção dosclientesdeve-se,essencialmente,àsuafelicidadeno uso do bem/serviço, pois, em regra quandosatisfeitos,comprammais,falambemesãomenossensíveis a variações nos preços e, com sorte,sugerem melhorias e incrementos. Essa regraaplica-seaclientesenão-clientes,poisouvironãocompradoréfundamental.

E. Inteligência de Mercado A contínua recolha e disseminação éticade informações é fundamental para estruturar oprocesso decisório da empresa. Seja demaneiraafundamentareaorientaroplanoestratégicoouparasubsidiarocontrolodosobjectivosestratégicosvigentes.Esseprocesso,porviaderegra,procuraconhecerantecipadamente,alteraçõesresultantesde movimentos no macroambiente, relativos àtecnologiaeautomação,àsmudançasdehábitoseestilosdevidadeconsumidores,aosinvestimentosdogovernoemP&D,àsalteraçõesnaimportânciadasquestõesclimáticas,dentreoutros.

2.2. Sistema de Inteligência de mercado Uma vez compreendidas as principaisdefinições do tema e as suas aplicabilidades,abordar-se-á,agora,aconstituiçãodeumSistemade Inteligência de Mercado (SIM) dentro dasorganizações.Normalmente,essepassoérealizadoporempresasjáamadurecidasnousodetécnicasdeICcomopartedoseuprocessoorganizacional. SegundoaSocietyofCompetitiveIntelligenceProfessionals–SCIP9,trata-segeralmentedequeumdepartamentodeICqueécustosoequecheganormalmente, a resultados não mensuráveis ou de difícil compreensão.Corroborandoa ideia,Marçal&Costa(2001)eCastro&Abreu(2006)atestamtambémquea falta de patrocínio da alta gestãoe a dificuldade de capital humano completam alista dos constrangimentos à implementação dastécnicasdeICefectivanasempresas. Paramitigaressesefeitos,aliteraturaindicaa estruturação de um SIM como ferramenta degestãoeimplantaçãodasboaspráticasdeICnasempresas(VIDIGALeNASSIF,2012;BALESTRIN,2014). A concepção e implementação eficazde um SIM em qualquer organização passa,necessariamente, por seis etapas. Na literaturaé designada de Ciclo de Inteligência Competitiva(PRESCOTT&MILLER,2002eMILLER,2002). O metabolismo do ciclo de inteligência edo seu uso está no aumento do valor agregado para a tomada de decisões, num processo detransformaçãodedados/informaçõesemdecisões/acções amparadas por recomendações viáveis, apartirdeumaanálisemercadológica. 2.3. Fluxo básico para implantação do SIm Como se constata, existem seis passospadrõesparaacriaçãodeumSistemadeInteligência

de Mercado (SIM). São elas: a Necessidade deinformações;oPlaneamentodaRecolha;aRecolha;aAnálisedosdados;aDisseminaçãoeaAvaliação.2.3.1. Necessidadedeinformação Oprimeiropassoestáconsubstanciadoemdefinir a Missão/Objectivos do SIM e entender:“Oqueénecessáriorecolher?Paraquem?Ecomque finalidade? Nesse ponto é preciso, conformePrescott & Miller (2002), classificar os tipos demissões de um SIM, como Informativa (sugereapenas uma compreensão e acompanhamentogeraldoscompetidores),Ofensiva(tentaidentificarondeosconcorrentessãovulneráveis)eDefensiva(identificarmovimentosdoscompetidoreseplanosdereacção).

2.3.2. Planeamento da Recolha Esta fase caracteriza-se por organizar arecolhadeinformaçõesedefinircomclarezaquaissãoasfontesdeinformaçãoeasformasderecolha.A ideia implícita está em inventariar questõesrelevantesàgestãoestratégicadaorganização.Por fontes de informação, é possível haver duassegmentações principais. As fontes podem serpúblicasouprivadaseprimáriasousecundárias. As fontes públicas são aquelas deconhecimento geral, de acesso universal,geralmenteproduzidaspor institutosdepesquisaouestatísticaoficiais;asprivadas,sãodeinteresseparticular e não estão totalmente disponíveis.Geralmentesãoproduzidassobencomendaeporempresas especializadas em recolha de dados.A outra segmentação, envolve as classificações:primária,quesãoaquelasrecolhidaspelaprimeiravez ou pela própria empresa; e secundária, quejáestãodisponíveisesãoutilizadasporterceiros.Pordedução,umbomSIMdevesemprepriorizareesgotartodasasfontespúblicasesecundárias,recolhendo dados primários e/ou comprando-osemúltimocaso.Aoutradefiniçãoenquadra-senaformadarecolha.Porviaderegra,existemquatroclassificações: Recolha Primitiva (sem propósito/fim; aleatória); Ad hoc (busca activa, porémsensívelaproblemaspontuais;eventual);Reactiva(buscaemfunçãodecombateaalgumaameaça;contingência) e Pró-activa (busca de maneiracontínua e estruturada; contínua). É natural quearecolhaPró-activadevaseraideal;noentanto,essa definição está directamente relacionadaà Missão do SIM (PRESCOTT & MILLER, 2002;PASSOS,2007eBALESTRIN,2014).

2.3.3. Recolha A fase de obtenção dos dados é semprecrucial,poistodasasinferênciaserecomendaçõespartirão da base recolhida. Assim, algumasvariáveis devem ter controlo integral, a exemplododelineamentodarecolhacomasdecisõesqueos usuários deverão tomar; com o treinamentodos inquiridores (caso haja); do instrumento(questionário) utilizado e, ainda, das técnicas deabordagemedasignificânciaestatísticadaamostradefinida(ALMEIDA,2009).

Fonte: Elaboração própria baseado em Prescott & Miller (2002)

Fonte: Figura de internet

Figura 8 - Ciclo de Inteligência Competitiva

Figura 9 - Pirâmide de impacto do ciclo de inteligência na gestão

2.3.4. Processamento e Análise São as actividades de interpretação,análise e filtragem dos dados recolhidos. Deve-se sempre avaliar a confiabilidade, catalogar(banco histórico) e agrupar as informações emfunção das recomendações sugeridas. Por fim, ainterpretação dos dados (agora já transformadosem informações). Esse passo é a inteligência doSIM,poisforneceráaosdecisoresinsumoparaagiremambientesdeincertezaerisco.

2.3.5. disseminação e Uso Disseminaréoprocessopormeiodoqualo produto do esforço da organização em aplicaro ciclo de inteligência competitiva é comunicadopor toda a empresa, especialmente porque ainformaçãoirrelevantedificultaoprocessoereduzaconfiabilidadedoSIM.Omaiseficazestáemenviarinformações filtradas para as pessoas certas, nahoracerta(MARÇALECASTRO,2001;PRESCOTT&MILLER,2002;CASTRO&ABREU,2006;VIDIGAL9- Verwww.scip.org

DESAFIOS PARAA ORGANIZAÇÃO

ECONÔMICAS POLÍTICAS SOCIAIS TECNOLÓGICAS

INFORMAÇÕES

DECISÃO

Necessidades

Planejamento

Coleta

Avaliação

Disseminação

Análise

CICLO DE IC

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eNASSIF,2012;BALESTRIN,2014). Emadição a este ciclo vema criação dosKey Intelligence Topics (KITs), tópicos-chave quedevemnortearaspráticaserecomendaçõesdoSIMnaorganização.Emconsequência,sãoconcebidasas Key Intelligence Questions (KIQs) e KeyIntelligenceAnswer(KIAs),modelandoposturaseplanosdeacçãoparasubsidiaragestãoestratégicacominformaçõesoportunas.

2.3.6. Avaliação Por fim, todo o ciclo de inteligênciada organização deve possuir uma entrega,normalmente,emformatoderelatórios,clippingse apresentações. Todos esses produtos deinformação devem ser avaliados continuamente,paraqueopropósitodosistemasejasustentáveleainformaçãoalcancesempreapessoacertanomomentocerto.

3. mETOdOlOgIA

Ométododetrabalhodessapesquisaserádotipoqualitativaedescritiva.Primeiro,realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o tema,demonstrandotodososconceitoseaplicabilidadedotema“InteligênciaCompetitiva”nasorganizações,deummodogeral,objectivandocriarumarcabouçoteóricoparacompreendera importânciado temapara a eficácia na gestão estratégica. O alvo derecolha desta fase foram publicações científicassobre o tema, através de artigos e periódicosespecializados. Diante do referencial encontrado, foinecessárioarealizaçãodeumarecolhadedadosprimários consubstanciada num questionárioestruturado a ser aplicado numa amostrapreviamentedefinida. O intuito desta fase foi o de avaliar, combase nos pressupostos encontrados na literatura–dequediantedanovaeconomia,a informaçãotornou-seumamoedatãovaliosaquantoagestãodeRH,finançaseprodução–oníveldematuridadee perspectivas futuras acerca do uso de técnicasde Inteligência Competitiva nas empresas, cujapremissa é gerar informações para agilizar oprocessodecisóriocomumabasefactual. Porfim,foiconstruídoumdiagnósticocomoobjectivodeanalisarepropôrformasdeinclusãoedifusãodemétodosdegestãodainformaçãocomoferramenta de competitividade para o contínuocrescimentodaeconomialocal.

4.4 Pesquisa Aplicada: diagnóstico E Uso de Técnicas de Ic Nestaetapa,apesquisadireccionou-seemverificar,atravésdaaplicaçãodeumquestionárioestruturado em campo, o uso de técnicas de ICna gestão estratégica das organizações. Foramentrevistadas11empresasdesegmentosvariados,comoobjectivoprincipaldeavaliaraaplicabilidadedetaisferramentasnoseuprocessodecisório. A recolha deu-se exclusivamente viatelefone,atravésdeumquestionárioestruturado,

e ocorreu na primeira quinzena de novembro de2014.

3.1. Situação atual Verificou-se que, em apenas 36,4% dasempresas, havia a existência de planeamentoestratégico formal, facto que demonstra que agestão de informações ainda é pouco utilizadana prática, indicando uma tomada de decisãoconsubstanciadanofeelingdosnegócios.

Figura 10 - Plano Estratégico formalmente constituído

Fonte: Pesquisa directa

Outradasquestõesabordadas refere-seàexistênciadeumSistemadeInformaçãoqueprocurecontrolaremedirodesempenhodaorganização.Nestecaso,apesardobaixograudeusodoPlanoEstratégico, percebeu-se que apenas 27,3% dasempresas pesquisadas não possuem um SIG.Todavia, ainda existe um percentual significativo(27,3%) de empresas que não o utilizam comoferramenta estratégica. Tal situação pode serexplicadapeloavançoqueasTICstêmprovocadonomercado, induzindoasempresasaadquiriremsistemas, mas sem o devido entendimento da sua aplicabilidade.

Figura 11 - Sistema de Informação para controlo e medição do desempenho ao

logo do tempo

Fonte: Pesquisa directa

Quando se preconiza a avaliação do uso deinformações de maneira estratégica, o que seprocuraéapoiaroprocessodecisório,munindoaAltaDirecçãocominformaçõesacontento.Nessecaso,aICprocuraatacarproblemasdesconhecidosou antecipar ameaças que possam prejudicar aorganização.Napresentepesquisa,vê-sequeháumagrandefatiaquenãodiferenciaosdiferentestiposdeproblemas,nãocaracterizandooquepode

viraserumproblemaoperacionalestratégico. Na avaliação sobre o macroambiente emqueas organizações actuam,percebe-se elevadapreocupação com os consumidores e o governo,típico de ummercado ainda em forte expansão.Existe baixo monitoramento do mercado deactuação, factorqueserárelevanteàmedidaemqueosoutrosconcorrentescomecemaentrarnomercadosemseremnotadosoumonitorados. A baixa preocupação e monitoramentopodemserexplicadostantopelanãoexistênciaou

eficácia de departamentos de marketing quantopelo desconhecimento de técnicas de recolha deinformaçõesdemercado. O desconhecimento ou não utilização detécnicasdeICeGestãodaInformaçãosãofortesinfluenciadores para esse cenário. Como se vê,apesardoconhecimentodaGestãodaInformação,45,5%nãoutilizaasmesmasnatomadadedecisão,e,mesmoasqueindicamconhecer,nenhumaindicaterconhecimentodeInteligênciaCompetitiva. As principais justificações para a não

Fonte: Pesquisa directa

Fonte: Pesquisa directa

Figura 12 -decisões tomadas

Figura 13 - Preocupações da empresa

Fonte: Pesquisa directa Fonte: Pesquisa directa

Figura 14 - departamento de marketing estruturado

Figura 15 - Uso de informações de mercado na gestão Estratégica

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utilização eficaz de uma gestão de informaçõesdirecionam-se aos grandes estrangulamentos jácitadosnoreferencialteóricodestetexto,sendoafaltadeformaçãodocapitalhumanoeoscustososmais proeminentes. Por fim, procurou-se induzir os inquiridos,para testar se possuem conhecimento dospressupostosedasvantagensdousodetécnicasde IC; e se os mesmos conseguiam valorar osganhos do uso antecipado de informações nagestãoestratégica.

Sabendo que um departamento deInteligênciadeMercado,implantadonumaempresa,fornecerá de maneira contínua e consistenteinformações sobre o mercado de actuação(consumidor, concorrente, governo, cadeia defornecimentoemeioambiente).OGráficodafigura19estádiagramadodeacordocomanotaatribuídapelosinqueridosparaosreferidostópicos,ondeanota5éaquemaisconcordae1,aquemenosconcorda.

4.CONClUSÕES

Apesquisaverificouqueapesardoavançoeconómico vivenciado por Angola nesta últimadécadaeaconsequentechegadadeváriasempresasdenacionalidadeestrangeira,ousodetécnicasdegestãoestratégicaeinformacionalaindaestãoemestágio introdutório de desenvolvimento. Alguns são os factores que explicam talconclusão: os altos custos e o escasso capital

humanoespecializado,tornandooinvestimentoporvezes inviável. A aquecida actividade económicalocaltambéméumfactorcontributivo,dandoumazonadeconfortoaosnegócios. Entretanto, pelos resultados obtidos, aprincipal causa ainda é o desconhecimento dosbenefíciosdousodetécnicasdeIC,emparalelocomagestãoestratégicadaorganização.Ficaclaroqueafaltadecasosaplicados,literaturaespecializadae a disseminação conceitual sobre o sucesso do

Fonte: Pesquisa directa

Fonte: Pesquisa directa

Fonte: Pesquisa directa

Figura 16 - Conhecimento de técnicas de gestão da Informação

Figura 19

Figura 17 - Técnicas de gestão da Informação conhecidas pelas empresas

Fonte: Pesquisa directa

Figura 18

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usodetaistécnicasinfluenciamnegativamentenobaixograudeaplicabilidade.Aescassaexistênciadeempresasprestadorasdessasoluçãotambéméumavariávelcondicionante. Por fim, esta pesquisa alcança o seuobjectivomestre,queéadifusãodosconceitosdeIC,demonstrandosuaviabilidadeeaplicabilidade.Énatural que a sua limitação, em termos de amostra e de grupo controlo, influencie o resultado,masabreoespaçoparaacriaçãodenovaspesquisasneste domínio. Comosugestãoatrabalhosfuturosépossívelavançar nessa temática através de um estudode caso em organização que utilize plenamenteas técnicas de IC para que se possa iniciar umaestrutura mínima aplicada e contextualizada àrealidade angolana. REFERÊNCIAS

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