O pensamento político de Nicolau Maquiavel

(*1469, Florença, Itália +1527).

Colégio Cenecista Dr. José Ferreira Departamento de Filosofia e Sociologia

Professor Uilson FernandesUberaba Abril de 2015

A geopolítica do poder: a Itália de Maquiavel

Os cinco estados italianos antes da unificação: Reino de Nápoles Estados PapaisRepública de Florença Ducado de Milão República de Veneza.

(Perceba que no mapa de época esta própria estrutura apresente um grande número de estados independentes , o que reforça a ideia de autonomia dos territórios italianos)

A estrutura da obra “O

príncipe”: regras

metodológicas.

Em análises políticas, devemos substituir o

dever Ser

Regra Metodológica A Verdade Efetiva das coisas

O estado deve ser pensado por aquilo que realmente é.

Pelo Ser( Fatos históricos usados pelo

autor)

O Príncipe, Maquiavel - Capítulo XV das razões pelas quais os homens e sobretudo os príncipes, são louvados ou

vituperados, p. 97

[...] é meu desejo escrever coisa útil para os que tiverem interesse. mais conveniente me pareceu buscar a verdade pelo fito das coisas, do que por aquilo que delas se venha a supor. E muita gente imaginou repúblicas e principados que jamais foram vistos e nunca tidos como verdadeiros. Tanta diferença existe entre o modo como se vive e como se deveria viver, que aquele que se preocupar com o que deveria ser feito em vez do que se faz, antes aprende a própria ruína do que a maneira de se conservar; [...] Deste modo, é preciso a um príncipe, para se conservar que aprenda a poder ser mau e que se utilize ou deixe de se utilizar disto conforme a necessidade.

A verdade efetiva das coisas: o pensamento político de Nicolau Maquiavel.

Encontramos em Platão um tipo de método que toma como princípio a idealização da cidade, ou seja o filósofo grego, parte de como as coisas deveriam ser, e não como são de fato, Maquiavel usa justamente um princípio metodológico inverso.

O Humanismo Italiano se põe uma tarefa:

Redescobrir a Política baseada na ação.

Dar valor aqueles que agem em favor da cidade.

O Realismo Político

A cidade possui uma cisão que origina a divisão do poder e a luta em torno de dois blocos e de dois interesses distintos e excludentes.

1) O povo não deseja ser governado nem oprimido pelos grandes; 2) Os grandes desejam governar e oprimir o povo.

O PRÍNCÍPE AQUI PRECISA DA ASTÚCIA DE SUBIR AO PODER

AGORA O PRÍNCIPE DEVERÁ SE MANTER NO PODER

SER MAU QUANDO É NECESSÁRIO ( NÃO PELO BEL PRAZER)

O MAU DEVE SER PRECISO, O BOM DEVE SER A CONTA GOTAS...

O PRÍNCIPE COM VIRTÚ ( ESPERTESA) O PRÍNCIPE PELO BEL PRAZER ( TIRANO)

No Renascimento Italiano, a Política torna-se exclusivamente humana; ou seja:

1. Ela afasta-se da providência divina; e perde os preceitos de um homem virtuoso, para assumir o caráter maldoso e egoístas da natureza humana.

2. Ela afasta-se da ideia de que os acontecimentos humanos só são conhecidos por Deus.

O Realismo Político

Princípio metodológico da verdade efetiva das coisas em Maquiavel :

Surge da critica aos humanistas anteriores , afirmando que estes não conseguiram, entre outras coisas,

solucionar o problema da relação entre política e ética.

O Realismo Político

REALISMO POLÍTICO

Do mesmo modo, deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se destacam numa arte qualquer. Além do mais, deve excitar os seus cidadãos a exercer em liberdade as suas atividades, no comércio, na agricultura e em qualquer outro terreno, de maneira que o agricultor não deixe de enriquecer as suas propriedades pelo medi de lhe serem arrebatadas e o comerciante não deixe de ativar o seu negócio por temer os impostos.

O Príncipe, Maquiavel - Capítulo XXIo que um príncipe deve realizar para ser estimado, p. 134

A aplicação de um conjunto de valores ao campo político nem sempre dá certo e não raro leva o governante ao fracasso. Diferentemente dos gregos, o príncipe não é necessariamente um virtuoso, ou um sábio no sentido platônico, mas antes de tudo uma espécie de estrategista, UM LOBO EM PELE DE COORDEIRO.

A ética e a política

O problema da Ética e dos Valores:

É preciso conceder autonomia à Política, ou seja, valores não podem ser aplicados universalmente a

condições particulares.

Nicolau Maquiavel e o Nascimento do Realismo Político

A Fortuna• Caráter situacional e mutável do

mundo...• A fortuna se relaciona com o fluxo

da própria existência que vai nos apresentando diferentes situações no transcorrer da vida fazendo com que tenhamos que escolher...

• No entanto o Príncipe, ou governante precisa ter cuidado redobrado ao julgar as situações possibilitadas pela fortuna... A deusa Fortuna influenciou a elaboração

deste conceito em Maquiavel.

A Fortuna, origem grega...

As Moiras gregas eram três irmãs chamadas Cloto,

Láquesis e Átropos, que determinavam os destinos

humanos, especialmente a duração da vida de uma

pessoa e seu quinhão de atribulações e sofrimentos.

Cloto, em grego significa "fiar": segura o fuso e puxa o

fio da vida. Láquesis "sortear": enrola o fio e sorteia o

nome dos que vão morrer. E Átropos "não voltar": corta

o fio da vida.

A Fortuna, origem grega...

As várias versões apresentam as Moiras como filhas do Caos. Na

mitologia grega, Moira, no singular, é inicialmente o destino e

significa "reguladora".

A fortuna na política brasileira...

Eduardo Campos morre em um acidente aéreo, Marina Silva ganha proporção, mas eleição de 2014 foi definida entre PSDB e PT.

Tancredo Neves, um dos grandes políticos brasileiros, morreu em 21 de abril de 1985 antes de tomar posse, durante um dos mais conturbados momentos do país, na reconquista dos nossos direitos democráticos..

A Virtú

• Cada ator político (o príncipe) se depara com diferentes situações propiciadas pela vida (fortuna) e precisa decidir frente A ou B;

• O ator político terá a Virtú, quando souber escolher o melhor diante de cada situação, pautado apenas em seu julgamento, e nas condições apresentados pela Fortuna...

• Assim a Virtú age diante das surpresas da Fortuna... Aqui temos um bom príncipe...

A VirtúA Virtù não se confunde com a virtude cristã, sendo que para a ação do príncipe não há

restrições, ou não deve importar-se em incorrer na infâmia religiosa dos vícios necessários

para o seu governo. O comportamento do príncipe, pelo menos nos assuntos acerca do

principado, não obedece aos preceitos da moral piedosa tradicional; Nas palavras do autor

(2008, pgs. 73 e 74):

Daí ser necessário a um príncipe, se quiser manter-se, aprender a poder não ser bom e a

valer-se ou não disto segundo a necessidade.

A Virtú

DEFINIÇÃO:A Virtú é a capacidade que desenvolvemos em flexibilizar as tomadas de decisão diante de diferentes circunstâncias, Assim não nos baseamos apenas nas experiências passadas diante de situações em que a decisão foi correta, mas antes na análise da peculiaridade de cada situação imposta pela Fortuna...

A virtù na política brasileira, ou de um povo sem memória...

Fernando Collor de Mello, de outubro de 1992, quando sofre um processo de impeachment.

Já com a popularidade em risco, Collor não tardaria a ser atingido pelas denúncias do irmão em maio de 1992. A mais contundente delas feita pelo motorista Eriberto França, que confirmou aos parlamentares que a empresa Brasil-Jet, de PC Farias, pagava as contas da Casa da Dinda, residência do presidente. Tentando permanecer no Planalto, Collor amparou-se numa farsa batizada por seu secretário, Cláudio Vieira, de Operação Uruguai. O presidente alegou que havia conseguido um empréstimo de 5 milhões de dólares com uma empresa de Montevidéu - e assim obtido o dinheiro com que pagava suas contas. O plano da Operação Uruguai falhou porque Sandra Oliveira, declarou na CPI ter presenciado reuniões nas quais os documentos apresentados por Collor em sua defesa foram forjados.

A virtù na política brasileira, ou de um povo sem memória...

O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), 65, foi reconduzido ao Senado pelos eleitores alagoanos neste domingo (5) e ficará mais oito anos em Brasília. Ele derrotou a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), que foi a principal adversária à sua candidatura em Alagoas. 

Collor ainda tentou, em 2000, candidatura à Prefeitura de São Paulo, mas acabou sendo vetado pela Justiça. Dois anos depois, tentou concorrer ao governo de Alagoas, mas perdeu ainda no primeiro turno para o então governador, Ronaldo Lessa (PDT).

Em 2006, Collor entrou na disputa para o Senado 28 dias antes da eleição, venceu e retornou à vida pública. Nas eleições de 2010, tentou mais uma vez voltar ao governo de Alagoas, mas acabou ficando fora do primeiro turno.http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/05/collor-derrota-heloisa-helena-em-al-e-renova-mandato-ao-senado.htm

A virtù na política brasileira, ou de um povo sem memória... A Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, conhecida como Lei da Anistia, assinada no governo Figueiredo, concedia a todos que cometeram crimes políticos, crimes eleitorais e aos que tiveram seus direitos políticos suspensos, a anistia ampla e irrestrita. Proporcionando a todos os brasileiros que direta ou indiretamente haviam participado do movimento subversivo e da luta armada, aos banidos e aos que se exilaram voluntariamente, fugindo do País, o direito de retorno ao Brasil, além da extinção dos processos a que estavam respondendo. O problema é que a lei também isentou os militares que cometeram crimes contra a vida humana, em torturas, perseguições e mortes durante todo o regime.

Questões chave da obra O Príncipe

• Maquiavel percebe ao compara diferentes momentos da história que os homens possuem alguns traços característicos:

• Ingratidão, simulação, covardes ante os perigos, ávidos pelo lucro e volúveis, são algumas das características humanas naturais.

• Além disso o autor percebe que em todas as sociedades existem sempre duas forças - uma que busca dominar; e a outra que tenta não ser dominada, assim é função do governante, no caso de Maquiavel do príncipe, buscar a estabilidade entre estas duas forças.

Mapa conceitual – O Príncipe

ENEM 2013

Nasce aqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que

amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é

difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de

faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral,

que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto

lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e

os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele

chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

ENEM 2013

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser...A)munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. C) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.E) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares

Alternativa C

Cavour e Garibaldi: personagens da unificação italiana que só ocorrera em 1870.

ENEM 2012

O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.

ENEM 2012

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na A) inércia do julgamento de crimes polêmicos. B) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. C) compaixão quanto à condenação dos servos D) neutralidade diante da condenação dos servos. E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe

Alternativa E

Para Maquiavel existe uma conveniência entre a moral tirânica e a moral do príncipe, assim a Virtú esta para além da moral enquanto princípio ético, e se coloca no plano da ação do príncipe pautada sempre na dosagem correta entre a violência e o amor, devendo prevalecer se necessário, a máxima de ser temido e não amado.