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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O OUTRO LADO DA POLUIÇÃO NO BAIRRO DO CAJU Por: Kátia Rodrigues Moreno Orientador Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2007

O Outro Lado Da Poluição No Bairro Do Caju - Katia Rodrigues Moreno

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Como a poluição da Baía de Guanabara afetou o bairro do Caju, Rio de Janeiro

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    O OUTRO LADO DA POLUIO NO BAIRRO DO CAJU

    Por: Ktia Rodrigues Moreno

    Orientador

    Prof. Vilson Srgio de Carvalho

    Rio de Janeiro

    2007

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    O OUTRO LADO DA POLUIO NO BAIRRO DO CAJU

    OBJETIVOS:

    Entender como a poluio que tomou conta da

    Baa de Guanabara afetou o bairro do Caju em

    seus mais diversos aspectos, principalmente

    econmico e social.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus em primeiro lugar, que me permitiu chegar at aqui,

    dando-me foras para superar os obstculos e fazendo-me

    confiante no cumprimento desta jornada.

    Aos amigos do Museu da Limpeza

    Urbana/Casa de Banho D. Joo VI, em

    especial a Patrcia Brito Coimbra, por

    compartilhar seu material e saber,

    ajudando-me sempre que necessrio com

    imensa delicadeza.

    Ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro pelas fotos

    do bairro do Caju de 1927.

    Aos amigos da Colnia de Pesca Z-12 e

    da Associao dos Moradores da Quinta

    do Caju que cederam valioso material para

    concluso deste trabalho.

    Ao professores, verdadeiros anjos que iluminaram os ca-.

    minhos que percorri para chegar aqui.

    amiga Vnia Duarte Figueiredo pelo

    apoio de sempre.

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    DEDICATRIA

    Dedico a minha me pelo apoio em todos os

    momentos da minha vida, verdadeira mestra

    na arte do amor e da educao.

    Ktia Rodrigues Moreno

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    RESUMO

    Esta pesquisa investigou o bairro do Caju revivendo a sua importncia

    ambiental em tempos idos e procurando mostrar o que resta do bairro atualmente.

    O lugar foi perdendo ao longo dos anos seus valores econmico, social e cultural,

    graas a poluio que a Baa de Guanabara vem sofrendo. Atravs deste trabalho

    podemos inclusive, conhecer um pouco da Histria do Rio de Janeiro, valorizando

    a Histria ambiental local e tentando resgat-la..

  • 6

    METODOLOGIA

    Para a elaborao desse trabalho foram realizadas pesquisas bibliogrficas,

    em jornais de poca, pesquisas de campo, visitas ao Museu da Limpeza

    Urbana/Casa de Banho D. Joo Vi, Associao de Moradores da Quinta do Caju

    e Colnia de Pesca Z-12.

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    SUMRIO

    INTRODUO 8

    CAPTULO I A Poluio na Baa de Guanabara 10

    1.1 Aspectos Histricos 10 1.2 - Fontes de Poluio 16 CAPTULO II O Outro Lado da Poluio 21

    CAPTULO III Um Patrimnio Histrico e Cultural do Bairro 26

    CAPTULO IV O Bairro do Caju Antes da Poluio 30

    CONCLUSO 40

    BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 42

    ANEXOS 43

    NDICE 57

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    INTRODUO

    Muitos que passam pela Avenida Brasil e observam o bairro do Caju,

    pensam que no local s existem cemitrios. No entendem que ainda existe vida

    aps a morte.

    Neste trabalho, procuramos pesquisar as origens do bairro e mostrar que

    o lugar j fez parte da Histria do Rio de Janeiro, quando D. Joo VI ao freqentar

    a sua praia de guas cristalinas, famosa por seus poderes medicinais, lanou no

    Rio de Janeiro a moda do banho de mar, tornando o lugar o mais famoso

    balnerio da poca.

    No primeiro captulo vamos navegar pela to amada Baa de Guanabara e

    conhecer um pouco dos seus aspectos histricos e conhecer as fontes de poluio

    que acabaram com suas guas antes to cheias de vida.

    No segundo captulo temos uma viso do que a degradao da Baa

    ocasionou ao bairro do Caju, exterminando a Colnia de Pesca Z-5, que chegou a

    ser a maior e mais famosa do Brasil, acabando com toda a beleza ambiental local.

    No terceiro captulo faremos uma visita ao Museu da Limpeza

    Urbana/Casa de Banho D. Joo VI, relquia da Histria do Rio de Janeiro e do

    bairro.

    Finalmente, no captulo quatro, faremos uma incurso pelo bairro do Caju

    antes da poluio, visitando sua praia que era tida por medicinal, conhecendo sua

    hsitria, seu valor ambiental, sua riqueza econmica que vinha da pesca e sua

    gente tranqila e hospitaleira.

    Infelizmente a poluio da Baa de Guanabara afetou de forma irreversvel

    toda a vida local, exterminando no apenas a parte ambiental, econmica, cultural

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    e social local, mas tambm a esperana de seus moradores em dias melhores, j

    que convivem atualmente com diversos problemas de toda sorte.

    Aps a leitura, com certeza, vamos perceber que embora a esperana no

    faa mais parte do dia-a-dia dos moradores do bairro, quem sabe um dia, um

    trabalho de recuperao ambiental seja feito no local e todos possamos vislumbrar

    que ainda existe vida aps a morte.

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    CAPTULO I

    A POLUIO NA BAA DE GUANABARA

    1.1 Aspectos Histricos

    Ao longo dos 800 km de extenso litornea do Estado do Rio de Janeiro,

    certamente os 131 km do permetro da Baa de Guanabara, caracterizam-se como

    o portal principal de entrada para a zona costeira e o mar, da maior contribuio

    de poluio orgnica e inorgnica produzida em terra firme, sem falar daquela

    originada no seu corpo dgua, segundo a FEMAR, 1997.

    Paisagem exuberante, rios escoando guas lmpidas, grande diversidade

    de ecossistemas perifricos como manguezais, lagunas, brejos e pntanos, ilhas,

    enseadas de guas calmas, costes rochosos, imensos cardumes de peixes de

    diferentes espcimes, golfinhos, baleias e mais de 3000 km de mata tropical

    sobre as serras e elevaes, com grande nmero de espcimes vegetais e

    animais, foi o que os navegadores portugueses encontraram quando chegaram

    em 1502.

    A ocupao e o incio da colonizao da ento chamada Baa do Rio de

    Janeiro deu-se a partir de 1530, comandada por Martin Afonso, primeiro

    Governador a Terra do Brasil.

    Os atrativos naturais e riquezas das terras circunvizinhas Baa, foram

    motivos de invases e guerras entre franceses e portugueses at 1565, quando

    definitivamente Estcio de S funda a cidade de So Sebastio junto ao Morro

    Cara de Co, na rea oeste da entrada da Baa.

  • 11

    O marco inicial da colonizao estava estabelecido e a partir da, a Baa de

    Guanabara comea a sofrer aes impactantes pela construo de aterros e

    desmatamentos para o crescimento da ocupao territorial.

    O ciclo do acar, com a construo de inmeros engenhos e a expanso

    das reas de plantio, a construo de fortificaes e a expanso das reas

    urbanas e porturias trouxeram grandes impactos ambientais durante o sculo

    XVII, que atravs da utilizao da mo-de-obra escrava (ndios e africanos) faziam

    o desmatamento, realizavam aterros e drenavam as vrzeas, brejos e

    manguezais, segundo a FEMAR, 1997.

    O ciclo da minerao do ouro e do caf em pocas subseqentes

    trouxeram a devastao ambiental (sculos XVII, XVIII e XIX), traduzidas no

    desmatamento dos macios costeiros e contrafortes da Serra do Mar, mais aterros

    de pequenas lagunas e brejos ao longo da orla da Baa de Guanabara e

    assoreamento dos principais rios da Baixada, importantes vias de navegao para

    transporte da produo do interior at o Porto do Rio de Janeiro (FEMAR, 1997).

    A final do sculo XIX, alm dos esgotos in natura, lanados direta ou

    indiretamente na Baa, a indstria naval emergente com o crescimento do nmero

    de estaleiros, contribua para a poluio por leo, soldas e rejeitos e a indstria

    txtil, como outra expressiva fonte de poluio atravs de setores de tinturaria e

    alvejamento que se estabeleceram em Pau Grande, Santo ALEIXO, Bangu, etc

    (FEMAR, 1997).

    A intensificao do processo de industrializao marcado pela Primeira

    Guerra Mundial (1914-1918) quando se fez necessrio a substituio de produtos

    importados e que teve continuidade durante a Segunda Guerra Mundial (1939-

    1945) e na dcada de 60, atraram grandes contingentes populacionais oriundos

    de reas carentes do pas, em busca de emprego e melhores condies de vida.

  • 12

    As dcadas de 1950 e 1960 marcaram definitivamente o crescimento do

    parque industrial do Rio de Janeiro que se expandia exatamente para as reas

    perifricas da Baa de Guanabara, onde a proximidade dos portos, a terra barata e

    a mo-de-obra abundante viabilizaram os empreendimentos.

    Paralelamente, o abandono das reas agrcolas e a misria do interior,

    foravam o avano de novos contingentes populacionais para as zonas perifricas

    cidade do Rio de Janeiro, ocupando reas menos nobres e insalubres, definindo

    um vetor de ocupao marcante na direo norte ao longo das reas oeste e

    noroeste, banhadas pelas guas da Baa. Para se ter idia do incremento

    populacional, a populao da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro duplicou em

    nmero entre 1940 e 1960, chegando a quase 5.000.000 de habitantes, segundo a

    FEMAR, 1997.

    A falta de recursos pblicos e a dificuldade de impedir o avano dos novos

    habitantes na busca de emprego e melhores condies de vida, estabeleceram

    um quadro de ocupao urbana lastimvel, principalmente no que se toca ao

    saneamento bsico.

    Os loteamentos clandestinos, as favelas e a ocupao das margens dos

    rios se proliferaram intensamente sem o necessrio investimento do poder pblico

    em infra-estrutura urbana.

    O resultado dessa ocupao no poderia ser outro que no a rpida

    degradao da qualidade das guas da Baa de Guanabara sob o ponto de vista

    de poluio orgnica provocada pela afluncia direta ou indireta dos esgotos

    sanitrios no tratados.

    Somando-se a isso, o crescimento do parque industrial e a decorrente

    produo de efluentes lquidos orgnicos e inorgnicos parcialmente ou no

    tratados, a ampliao gradual de refinarias de petrleo, terminais de apoio e

    postos de combustvel, as carncias e dificuldades no recolhimento do lixo urbano

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    e os acidentes no manuseio e transporte de cargas txicas, contriburam ao longo

    dos anos, para a delicada situao da qualidade das guas da Baa de

    Guanabara.

    A FEEMA, como rgo ambiental do Estado, pde, desde 1975, ter a viso

    global dos principais problemas da regio drenante Baa, monitorando a

    qualidade da gua dos principais rios contribuintes e da prpria Baa, mapeando

    os ncleos urbanos sem sistema de esgotamento sanitrio, enquadrando

    gradativamente as atividades industriais no Sistema de Licenciamento de

    Atividades Poluidoras SLAP, estabelecido atravs do Decreto Estadual nmero

    1633, de 21/12/77, e elaborando estudos especficos para o melhor conhecimento

    dos mecanismos de poluio e proteo da fauna e da flora (FEMAR, 1997).

    Dada a importncia cultural e econmica da Baa de Guanabara, j em

    1987, a FEEMA apresentou o Programa para Despoluio Gradual do

    Ecossistema da Baa de Guanabara, segundo A FEMAR, 1997.

    A proposta de um plano a longo prazo para melhoria da qualidade das

    guas da Baa e a busca dos recursos financeiros necessrios, passaram a ser

    meta prioritria dos sucessivos governos do Estado.

    Em 1991, iniciou-se conversaes com o Banco Interamericano de

    Desenvolvimento BID e com o The Overseas Economic Cooperation Fund

    OECF, ligado ao Governo do Japo para a viabilizao de financiamento relativo

    primeira etapa do Programa de Despoluio da Baa de Guanabara PDBG,

    assim proposto pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, envolvendo cinco

    componentes principais de ao: Saneamento Bsico, Resduos Slidos Urbanos,

    Macrodrenagem, Mapeamento Digital e Projetos Ambientais Complementares.

    Tambm em 1991, foi assinado entre os governos brasileiro e japons um

    convnio de cooperao tcnica para elaborao de estudo amplo sobre os

    mecanismos de poluio da Baa, englobando a identificao das principais fontes

    de poluio e a interao com as guas da Baa de Guanabara, monitoramento da

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    qualidade das guas dos rios afluentes e da prpria Baa, aplicao de modelo

    hidrodinmico, acoplado a modelo de qualidade das guas, como instrumento de

    previso, decises futuras e propostas de aes e investimentos de curto, mdio e

    longo prazo (FEMAR, 1997).

    A agncia japonesa, Japan International Cooperation Agency JICA,

    contratou a empresa Kokusai Kogyo Co. Ltd. para que, em conjunto com a

    FEEMA, cumprissem as diversas etapas acertadas no convnio, segundo a

    FEMAR, 1997.

    Os trabalhos que envolveram quase cinco milhes de dlares, foram

    desenvolvidos entre maro de 1992 e maro de 1994, cujo resultado foi a

    apresentao do documento Study on the Recuperation of the Guanabara Bay

    Ecosystem, editado em 5 volumes, segundo a FEMAR, 1997.

    Em maro de 1994, finalmente aps 3 anos de negociaes, o governo do

    Estado do Rio de Janeiro assinou contratos de financiamento com o BID (BID

    782/0C-BR e BID 916/SF-BR) e com a OECF (OECFBZ-P9) para pr em prtica o

    incio do Programa de Despoluio da Baa de Guanabara (FEMAR, 1997).

    O contrato BID 782/0C-BR, no valor de US$ 50.000.000,00 (cinqenta

    milhes de dlares) foi dirigido para investimentos na rea de Macrodrenagem

    (Bacia do Rio Acari); Resduos Slidos Urbanos (usinas de reciclagem e

    compostagem, aterros sanitrios, incineradores de lixo hospitalar, postos de apoio

    coleta de lixo, recuperao de estaes de transferncia de lixo e equipamentos

    de coleta); Projetos Ambientais Complementares (reforo institucional do sistema

    ambiental, melhorias no laboratrio da FEEMA, educao ambiental, plano diretor

    de gerenciamento dos recursos hdricos, monitoragem dos efluentes das principais

    indstrias poluidoras, dos rios e da Baa de Guanabara, etc.) e Mapeamento

    Digital (sistema de informaes geo-referenciadas em doze municpios). As

    aes, servios e obras previstas neste contrato devem estar concludas em

    maro de 1999 (FEMAR, 1997).

  • 15

    Os contratos de financiamento BID 916/SF-BR e OECF BZ-P9, no valor

    total aproximado de US$ 536.700.000 (quinhentos e trinta e seis milhes e

    setecentos mil dlares) foram voltados exclusivamente para a rea de

    Saneamento Bsico (sistemas de abastecimento dgua e esgotamento

    sanitrio),a cargo da Companhia Estadual de guas e Esgotos CEDAE e se

    caracterizam em investimentos para ampliao de rede coletora de esgotos,

    ligaes domiciliares, instalao de hidrmetros domiciliares, ampliao, e

    construo de estaes de tratamento de esgostos (Niteri, Paquet, Penha, So

    Gonalo, Alegria e Meriti) e implantao de emissrios submarinos (Paquet e

    Niteri), segundo a FEMAR, 1997.

    Em dezembro de 1997, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, atravs da

    Secretaria de Estado de Obras e Servios Pblicos SOSP e da Asssessoria de

    Execuo do Programa de Despoluio da Baa de Guanabara ADEG

    apresentou o documento-base para formulao da fase II do Programa. O

    documento apresenta, para discusso e avaliao dos demais rgos do governo

    do Estado, prefeituras municipais, organizaes no governamentais,

    universidades e outros setores interessados, o diagnstico geral das condies

    ambientais da bacia contribuinte Baa de Guanabara e uma relao de

    propostas que devero compor um plano de ao para a 2 fase do Programa de

    Despoluio da Baa de Guanabara (FEMAR, 1997).

    O corpo dgua da Baa recebe, sem tratamento, em torno de 85% dos

    esgotos domsticos, produzidos pela populao. O Programa de Despoluio da

    Baa de Guanabara prev a construo e ampliao de estaes de tratamento e

    emissrios e redes coletoras at o ano de 2010, beneficiando as reas de maior

    concentrao urbana como a regio nordeste do Municpio do Rio de Janeiro,

    Nilpolis, So Joo de Meriti, Duque de Caxias, So Gonalo, Niteri e as Ilhas do

    Governador e Paquet.

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    1.2 - Fontes de Poluio

    A principal fonte de poluio orgnica da Baa de Guanabara a dos

    esgotos sanitrios no tratados, produzidos pela populao residente ao redor.

    Os esgotos sanitrios so guas servidas, isto , contm 99,92% da gua antes

    de ser usada para qualquer finalidade, somada a 0,08% de impurezas

    acrescentadas a ela, aps o uso especfico. Essas impurezas podem ser

    substncias slidas, semi-slidas e lquidas, muitas das quais alteram as

    caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas da gua original.

    Os esgotos sanitrios, de uma maneira geral, trazem na sua composio,

    slidos dissolvidos e em suspenso, slidos sedimentveis, DBO (matria

    orgnica), carbono total , diversas formas de compostos de nitrognio e fsforo,

    cloretos, carbonatos (alcalinidade) e graxas.

    A JICA estimou, em funo de dados per capta, uma produo de carga

    orgnica domstica em torno de 383 t/dia de DBO. Por outro lado, somado a essa

    produo, vem a contribuio de cerca de 80 t/dia de DBO proveniente do parque

    industrial que se distribui ao norte do Municpio do Rio de Janeiro e nos Municpios

    d So Joo de Meriti, Nilpolis, Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguau, So

    Gonalo e Niteri, segundo a FEMAR, 1997

    As reas a oeste e a noroeste da Baa geram cerca de 78% da carga

    orgnica total de origem domstica e 70% da contribuio proveniente das

    indstrias.

    O esgoto domstico, conforme citado anteriormente, composto de 99.92%

    de gua pura e 0,08% de impurezas. No pequeno percentual de impurezas

    encontram-se nutrientes dissolvidos, matria slida em suspenso, uma infinidade

    de bactrias, fungos, vrus, protozorios e a prpria matria orgnica.

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    Um grande nmero de problemas pode ocorrer em um corpo dgua que

    recebe sistematicamente esgotos sanitrios no tratados. Dependendo do grau

    de renovao das guas do corpo hdrico, os fatores dos processos de

    eutrofizao podem se manifestar, provocando o crescimento descontrolado de

    organismos aquticos mais resistentes que tm nos nutrientes (nitrognio e

    fsforo), gs carbnico e no oxignio dissolvido, as principais fontes de

    reproduo. Muitas vezes, no processo de crescimento acentuado, certo tipo de

    algas se desenvolvem e podem liberar substncias altamente txicas vida.

    A Baa recebe, de forma crnica, 18 t/dia de leo, sendo 85% originrio do

    escoamento urbano, via rede de guas pluviais e de esgotos domsticos que, por

    sua vez, recebe os despejos dos postos de servio, da lavagem dos ptios das

    empresas de nibus, o leo sobre as vias pblicas, etc. Alm dessas fontes,

    ressalta-se, como citado anteriormente, o leo que chega Baa, presente nos

    efluentes das duas refinarias ((Manguinhos e Duque de Caxias) que so

    responsveis por aproximadamente 17% de todo o leo processado no pas

    (Ferreira, 1995).

    Em junho de 1989, foi inaugurado o sistema de tratamento biolgico dos

    efluentes da REDUC, constitudo de cinco lagoas aeradas, que removem 12 t/dia

    de carga orgnica.

    No ramo da metalurgia, so muitas as atividades de pequeno porte,

    localizadas de forma dispersa. Os despejos industriais so ricos em metais

    pesados, principalmente quando funcionam setores de acabamento metlico, dos

    processos de galvanoplastia e anodizao.

    Outro setor importante o alimentcio, potencializado pelas indstrias de

    beneficiamento de pescado que geram efluentes com alta concentrao de

    matria orgnica e nutrientes. A maioria das empresas situa-se nos Municpios de

    So Gonalo e Niteri, proporcionando incmodos pelo odor do prprio efluente e

    das substncias em decomposio.

  • 18

    A indstria txtil, mais concentrada no Municpio de Mag, gera efluentes

    ricos em matria orgnica biodegradvel e poluentes txicos, orgnicos ou

    metlicos, dada a utilizao de corantes e pigmentos.

    O setor de fabricao de papel e papelo, de uma maneira geral,

    recuperam a polpa de celulose, obtidas de terceiros, aproveitando as aparas de

    papel para produo de papis de qualidade inferior. A maioria das empresas

    possui sistemas de recirculao interna para o reaproveitamento de gua e

    matria prima. Com relao fabricao de bebidas, os efluentes so ricos em

    matria orgnica biodegradvel.

    Outro importante foco de poluio o Aterro Metropolitano de Gramacho,

    em Duque de Caxias que iniciou sua operao em 1978, desativando, por

    conseqncia os vazadouros de Bangu, Caju, Rio/Petrpolis, Duque de Caxias,

    So Joo de Meriti e Nilpolis, todos implantados em reas inadequadas. O

    aterro, estabelecido sobre rea de manguezal, recebe, em mdia, por dia, cerca

    de 5.700 toneladas de lixo de toda sorte, inclusive o hospitalar. Alm disso,

    prtica, a disposio final da massa seca dos lodos gerados nas estaes de

    tratamento existentes na Regio Hidrogrfica da Baa.

    Apesar dos esforos, a tecnologia utilizada na construo e operao deste

    Aterro no foi suficiente para impedir a percolao das guas das chuvas e o

    carreamento de contaminados txicos depositados at a Baa de Guanabara.

    importante citar a poluio por fontes no pontuais decorrentes da lavagem pelas

    guas das chuvas dos logradouros pblicos cujos detritos so despejados na Baa

    de Guanabara atravs dos cursos dgua.

    As fontes no pontuais contribuem predominantemente com carga

    poluidora de natureza orgnica e so difceis de serem quantificadas.

    As taxas de sedimentao da Baa, determinadas pela JICA, utilizando o

    mesmo mtodo empregado por Godoy et al., sugerem uma taxa atual de 2

  • 19

    cm/ano, prxima do valor mdio de 1.6 0.6 cm/ano, obtido no estudo

    anteriormente citado, segundo a FEMAR, 1997.

    Ambas as taxas, para as camadas junto ao sedimento superficial e ao

    sedimento do fundo, dos perfis determinados por Godoy et al., esto tambm

    prximas dos valores encontrados por Amador (1980).

    Segundo os resultados apresentados por Godoy et al., a primeira inflexo

    na idade das camadas de sedimento ocorreu 45 anos atrs, durante o final da

    dcada de 50, como comeo do intenso processo de industrializao.

    O segundo, ocorreu com a continuao do crescimento industrial somado

    ao elevado ndice de crescimento populacional (anos 60 e 70) em torno da Baa,

    com maior concentrao na Baixada Fluminense. Outros fatores tambm podem

    ter colaborado para o crescimento da taxa de sedimentao, como a construo

    dos Aterros do Flamengo e da Marina da Glria, a expanso do Aeroporto

    Internacional, a ocupao desordenada junto s margens dos rios e a destruio

    das matas ciliares.

    De uma maneira geral, com base nos estudos realizados, os resultados

    indicaram um aumento significativo da taxa de sedimentao entre 0.1 e 0.2

    cm/ano para 1 a 2cm/ano, nos ltimos 40 50 anos.

    Estudos realizados em organismos aquticos da Baa de Guanabara pela

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, FEEMA e IBAMA, demonstraram que os

    mexilhes carregam concentraes de metais pesados cerca de 4 (quatro) vezes

    mais do que o normal, concentraes de cobre e zinco em camares e

    caranguejos so altas da mesma forma que o mercrio em determinados peixes.

    Tais concentraes, ainda esto abaixo daqueles limites preconizados pela

    Organizao Mundial de Sade e, assim sendo, a contaminao dos sedimentos

    por metais pesados ainda no representa uma ameaa sade do homem (JICA,

    1994).

  • 20

    Por outro lado vem se tornando uma gradativa ameaa para os

    ecossistemas e, em especial, na reproduo das diversas espcies aquticas

    (FEMAR, 1997).

  • 21

    CAPTULO II

    O OUTRO LADO DA POLUIO

    O bairro do Caju, zona porturia do Rio de Janeiro, com nove favelas

    existentes, totalizando uma populao em cerca de 50.000 habitantes, em sua

    grande maioria de origem humilde, sem acesso cultura ou opo de

    entretenimento, atualmente o retrato da degradao ambiental. Essa populao

    convive com um ambiente insalubre, dada sua proximidade com a Avenida Brasil,

    a existncia de fbricas de concreto, a presena de estaleiros (praticamente

    desativados) e empresas de importao e exportao, onde acontece o trnsito

    dirio de conteineires, ocasionando engarrafamentos constantes. Como se no

    bastasse a poluio local, o perigo de vida imenso devido o transporte destes

    containeres pelas ruas do bairro, o que j ocasionou a morte de pessoas.

    A desvalorizao do bairro antiga. Coube ao presidente Campos Sales

    e ao prefeito Francisco Pereira Passos a execuo das primeiras grandes obras

    de remodelao da cidade, a partir de 1902. Nessas obras, que envolveram

    novos aterros da Baa, foram destrudas as caractersticas naturais e as

    construes histricas de todo o litoral entre o Caju e Copacabana, onde surgiu a

    Avenida Beira-Mar, enquanto os rios da Zona Sul inclusive o Carioca

    desapareceram engolidos por longos canais artificiais (Hetzel, 1968).

    Para construir um cais que permitisse a atracao de grandes navios,

    acabou tambm sendo arrasado o que restava do Saco de So Diogo, criando-se

    em seu lugar o estreito e ftido canal do Mangue.

    Na zona porturia e tambm no Centro, onde foram demolidos cerca de 2

    (dois) mil prdios para alargar as antigas ruas e criar novas artrias de circulao,

    as obras iniciadas por Pereira Passos acabaram por destruir o patrimnio

  • 22

    arquitetnico e a vida de dezenas de milhares de pessoas, que se viram impelidas

    a viver em favelas. Enquanto a crise social se instalava no Rio de Janeiro,

    luxuosos prdios de arquitetura europia eram erguidos na Avenida Central e

    grandes armazns e guindastes criavam uma barreira de cimento e ferro ao redor

    do porto, escondendo a destruio das praias, ilhas e mangues, segundo Hetzel,

    1968.

    Novos aeroportos foram erguidos sobre novos aterros, como o de

    Manguinhos, na enseada de Inhama, e, posteriormente, o aeroporto do Galeo,

    na Ilha do Governador.

    Em Manguinhos, a perda do esturio teve grande impacto sobre a

    produtividade pesqueira da regio, que por sculos havia sustentado a pesca com

    enormes cardumes de camares, sardinhas, corvinas, xarus e outros peixes. O

    desaparecimento dos manguezais, praias e ilhas tambm afugentou para sempre

    belas aves, como guars e colhereiros, alm de acabar com a colnia de

    pescadores do Caju, formada por pescadores portugueses e espanhis chegados

    no final do sculo XIX., segundo Hetzel, 1968

    At o incio da dcada de 1950, a indstria brasileira era voltada

    basicamente para a produo de bens de consumo no-durveis ou semidurveis,

    como alimentos, tecidos, fumo e material grfico. Ao assumir a Presidncia, em

    1956, Juscelino Kubitschek, estabeleceu o Plano de Metas, abrindo uma nova

    etapa na industrializao do pas. Para a Guanabara veio uma srie de indstrias

    de base, ou pesadas, como a refinaria e as indstrias qumicas da Petrobrs, que

    se somaram refinaria de Manguinhos, j existente, e s indstrias farmacuticas

    e qumicas internacionais, alm de grandes e modernos estaleiros (Hetzel, 1968)

    A partir de ento, multiplicaram-se de maneira assombrosa os aterros na

    orla e na regio da baixada, e os efluentes industriais passaram a contaminar

    silenciosamente as guas da Baa, que h muito no recebia despejos saudveis

    dos rios. Para sustentar o progresso do estado do Rio de Janeiro e do pas, o

  • 23

    plo industrial da baixada passou a lanar diretamente na gua e no ar da

    Guanabara substncias txicas e venenosas, como metais pesados,

    comprometendo a sade da fauna, da flora e da prpria populao.

    O crescimento populacional do bairro do Caju ocorreu de forma

    desordenada, principalmente na Quinta do Caju (rea da colnia de pesca) e no

    entorno da Av. Brasil.

    A Baa de Guanabara sofreu e sofre com o fato, j que a poluio se

    tornou mais intensa no local. Esgotos residenciais e lixo domstico passaram ser

    jogados diariamente em suas guas, devido ao crescimento populacional local

    desordenado e a falta de informao e de saneamento bsico na poca..

    Um dos benefcios do bairro era uma antiga fbrica de tecidos, que

    encerrou suas atividades h muito tempo.

    A morte do bairro do Caju comeou justamente com os aterros para a

    construo dos estaleiros. As praias foram desaparecendo e a poluio

    aumentando.

    Por um lado houveram benefcios como a criao de empregos. O

    comrcio local tambm foi beneficiado e o bairro ainda sobrevivia; no mais pela

    pesca.

    Mas, como tudo o que bom dura pouco, os estaleiros fecharam suas

    portas e um grande nmero de empregados acabaram sendo demitidos. O

    comrcio local sofreu um grande impacto e alguns comerciantes acabaram

    fechando suas portas.

    Hoje, o Caju uma sombra do que era. Um lugar de aparncia triste,

    como os prprios cemitrios que ocupam grande parte de sua rea.

  • 24

    O nico posto de sade foi fechado no ano passado, e para infelicidade dos

    moradores, no existe nenhum local para substitu-lo. Os hospitais da regio est

    em pssimas condies, inclusive, receberam a visita do atual Governador Srgio

    Cabral no incio de janeiro deste ano. O Governador prometeu reverter este

    quadro, o que seria timo, porque caso algum precise de socorro mdico durante

    a madrugada, s mesmo a solidariedade dos vizinhos poder servir de amparo.

    O transporte precrio e depois de certa hora da noite fica difcil para o

    morador retornar sua residncia. Isso pssimo, principalmente para os jovens

    que querem estudar noite. Nos finais de semana a quantidade de transportes

    pblicos tambm reduzida, o que desanima a sair de casa.

    O comrcio se resume a uma farmcia, um supermercado, uma vdeo

    locadora, um posto de correio, poucas lojas e alguns bares. A maioria de sua

    populao acaba recorrendo aos mercados em So Cristvo, Bonsucesso, ou

    outros bairros prximos.

    No existe mais a to famosa praia, famosa por suas guas cristalinas e

    medicinais, muito menos os ilustres freqentadores.

    Poucos so os pescadores que ainda sobrevivem de to antiga profisso.

    A Colnia de Pesca Z-12 (antiga Z-5) possui poucos barcos, mais ou menos

    quinze botes para a pesca do camaro, quando antes possua por volta de 60

    (sessenta) embarcaes de grande porte. Os poucos barcos maiores que ainda

    restam j no pescam mais na Baa de Guanabara, seus pescadores precisam

    procurar seu sustento em outras guas.

    O cinema que existia dentro do Asilo So Lus, h muito encerrou suas

    atividades. As festas juninas que existem no local, fazem parte apenas das

    memrias do bairro. J no temos mais opes de entretenimento.

  • 25

    No vislumbramos mais as pessoas sentadas na porta de suas casas,

    jogando conversa fora ao entardecer, enquanto observavam seus filhos

    brincando.

    Campo de futebol para a pelada da garotada, ou dos trabalhadores no fim

    de semana, s mesmo na Praa dos Pescadores, onde foi construda uma quadra.

    Hoje, As festas juninas, as procisses em homenagem a So Pedro, o

    piquenique no domingo de Pscoa, so apenas lembranas de um passado

    saudoso.

  • 26

    CAPTULO III

    UM PATRIMNIO HISTRICO E CULTURAL DO BAIRRO

    No bairro do Caju podemos encontrar uma parte da histria do Rio de

    Janeiro, mais precisamente em um local denominado Praia do Caju. Neste local

    encontramos a Casa de Banho D. Joo VI, hoje Museu da Limpeza Urbana. Este

    patrimnio estava em runas quando a Comlurb resgatou a sua integridade fsica e

    histrica.

    Com a chegada da famlia real, o bairro ganhou vulto. A antiga residncia

    utilizada pela Famlia Imperial foi transformada em museu atualmente.

    Tombada em 1930, a Casa de Banho, totalmente restaurada pela Comlurb,

    abriga desde 1996, o Museu da Limpeza Urbana.

    O prdio construdo em 1810, foi tombado pelo IPHAN (Instituto de

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional) em 1938. Restaurado pela COMLURB,

    passou a abrigar o Museu da Limpeza Urbana/Casa D. Joo VI e est aberto ao

    pblico desde novembro de 1996.

    O Museu da Limpeza Urbana Casa de Banho de D. Joo VI, abriga a

    histria da limpeza pblica da Cidade do Rio de Janeiro e uma parte da memria

    do bairro, alm de preservar documentos e fotografias sobre as aes

    desenvolvidas pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana Comlurb.

    O Museu traz como objetivos o trabalho, a educao, a civilidade, a cultura

    e o lazer, voltados para a vida do homem, pea chave em nosso cotidiano.

    O local uma porta aberta para projetos educativos, culturais e de lazer das

    comunidades locais. O Museu extremamente importante porque desenvolve

  • 27

    atividades que buscam valorizao do espao urbano e melhoria da qualidade

    de vida dos moradores da regio. Entre essas atividades, incluem-se projetos de

    educao ambiental, exposies, seminrios, espetculos teatrais e musicais,

    pesquisas, interaes comunitrias, saraus literrios e oficinas diversas.

    Um importante projeto desenvolvido dentro deste espao foi a Agenda 21.

    A Agenda 21 o compromisso assinado entre os governos de mais de 170

    pases reunidos na Conferncia Mundial de Meio Ambiente realizada em junho de

    1992 na cidade do Rio de Janeiro.

    o documento consensual que busca atravs de seus 40 (quarenta)

    captulos reverter o quadro global de degradao ambiental e desequilbrio social,

    promovendo o desenvolvimento sustentvel.

    A Agenda 21 um processo contnuo de planejamento participativo pelo

    qual o pas, estado, cidade, bairro ou regio, cria planos de ao ligados s suas

    necessidades e destinados a tornar a vida das pessoas mais sustentveis e

    harmoniosas.

    Com a Agenda 21 Local, as comunidades aprendem sobre as suas

    dificuldades, identificam recursos prprios, estabelecem parcerias e exercem a

    prtica da cidadania.

    Os parceiros envolvidos na Agenda 21 Local Caju, so: Associao Civil

    Fbrica de Sonhos, Museu da Limpeza Urbana/Casa de Banho D. Joo VI, Jornal

    Folha de Caju, revista Caju ArteCultura, ONG Biotica, Conselho Regional de

    Biologia 2 regio RJ/ES e Rdio Seletiva FM 104,1.. O ttulo do projeto : Sob

    Um Mar de Estrelas, segundo dados do Museu.

    Tal empreendimento fundamental, j que em um bairro de baixa renda,

    onde faltam opes culturais e locais para desenvolv-las, a populao,

    principalmente os mais jovens, ficam sem nenhum tipo de entretenimento.

  • 28

    A proposta do Projeto implementar a democratizao da cultura, reforo

    educao, educao ambiental, debates, entretenimento, gerao de trabalho e

    renda, esta a meta do Projeto Sob Um Mar de Estrelas, atravs da exibio de

    filmes, seguidos de debates, ao ar livre em espaos pblicos do Caju para toda a

    populao, do bairro e adjacncias.

    O objetivo geral do projeto atravs da stima arte promover a cultura,

    educao, o humanismo, a gerao de trabalho e renda, entretenimento, debate e

    reflexo, para um maior e real desenvolvimento humano da populao do bairro

    do Caju.

    Entre seus objetivos especficos, temos: o reforo a educao formal,

    ampliar o universo cultural da populao, educao ambiental no formal,

    fortalecer a identidade cultural da populao local, proporcionar entretenimento

    para a populao, gerao de trabalho e renda, promoo de debates e reflexo

    atravs de palestrantes voluntrios moradores do bairro ou no, que tenham

    alguma identificao ou ligao com o filme exibido, seja no mbito pessoal ou

    profissional. O Projeto, to cuidadosamente desenvolvido, persiste at os nossos

    dias, embora esteja precisando ser reativado.

    Sempre valorizando a memria e cultura do bairro, o Museu da Limpeza

    Urbana j promoveu Saraus, exposies temporrias, realizou parcerias com o

    grupo Jovens Pela Paz, realizou um festival de msica, uma Feira de Sade, um

    Evento do Dia da Mulher e implantou uma Sala de Leitura.

    Ano passado (2006), a White Martins e a COMLURB realizaram um Projeto

    junto s escolas. Cada escola deveria desenvolver um trabalho ligado ao meio

    ambiente. A escola vencedora ganharia uma biblioteca. A Sala de Leitura do

    Museu para felicidade de todos ns, moradores do Caju, tambm ganhou uma

    biblioteca com mil exemplares com temas variados. Sua inaugurao ser no dia

    23 de janeiro de 2007 (ano corrente), dez horas e para minha alegria tive a

    honra de ser convidada para to importante evento. O patrocnio da White

  • 29

    Martins, com o apoio do Ministrio da Cultura e do Grupo Empresarial Record e

    realizao do Instituto Oldemburg de Desenvolvimento. O nome da Sala de

    Leitura Carlos Drummond de Andrade.

    Na Sala, os leitores podero encontrar obras de qualidade sobre os

    seguintes assuntos: artes, cincias puras, cincias sociais, Filosofia e disciplinas

    relacionadas, Geografia, Histria, literatura brasileira, literatura infanto-juvenil,

    religio, tecnologia e cincias aplicadas .Na verdade um presente para todos os

    moradores, j que o bairro no possua uma biblioteca.

    Em visita ao Museu no ms de dezembro de 2006, na Sala de Exposio

    Contempornea, visitamos uma bela exposio, cujo ttulo : Descobrimento do

    Brasil. O mesmo pertence ao Museu Histrico Nacional, sendo uma exposio

    itinerante.

    Quem puder e tiver interesse em conhecer um pedacinho da histria do

    nosso Rio de Janeiro, no deve perder a oportunidade de conhecer o Museu, cuja

    restaurao fez com que a Casa recuperasse a beleza da poca de D. Joo VI.

    Para ns moradores, o Museu motivo de alegria, sendo a nossa nica

    opo educativa e cultural, onde podemos por breves instantes reviver o glorioso

    passado do nosso bairro.

  • 30

    CAPTULO IV

    O BAIRRO DO CAJU ANTES DA POLUIO

    Quem conhece o atual bairro do Caju e depara com um quadro deprimente,

    onde a poluio ambiental (em todos os sentidos) decretou sua morada, no

    consegue imaginar que o local j foi um recanto paradisaco, cercado por guas

    lmpidas e cristalinas. No pode sequer imaginar que seus moradores possuam o

    que tantos buscam em nossos dias: qualidade de vida! Muito menos pode

    imaginar que o bairro faz parte da Histria do Rio de Janeiro.

    Hoje, o local povoado por empresas, algumas extintas. O que foi

    deixando pelas ruas do bairro um ar de abandono e solido.

    Moradores existem em bom nmero, embora, pessoas que desconhecem o

    lugar, pensem que pouco povoado, que no local s encontraremos mesmo a

    presena dos cemitrios.

    A regio do atual bairro do Caju prolongava-se desde o Mangue de So

    Diogo (rea do atual Gasmetro sede da CEG), passando pela antiga Praia de

    So Cristvo, Praa Padre Seve, Rua da Igrejinha, Rua Monsenhor Manoel

    Gomes), at a Praia do Caju (que passava por toda a extenso da Rua

    Monsenhor Manuel Gomes rua dos cemitrios, terminando na rua homnima).

    Segundo o crnista do Rio Antigo, Dunlop:

    Era uma regio belssima, de praias com areias

    branquinhas e gua cristalina, onde no era rara

    a viso do fundo da Baa, tendo, como habitantes

    comuns os camares, cavalos-marinhos,

    sardinhas e at mesmo baleias.

  • 31

    A Histria do bairro remonta poca do Brasil Colnia e poucos a

    conhecem.

    Engana-se quem pensa que era a Quinta da Boa Vista a nica propriedade

    campestre da famlia reinante no Rio, porque para esse fim tambm foi adaptada

    outra fazenda deixada pelos jesutas, no ento distante Curato de Santa Cruz,

    onde certa vez D. Joo VI teve a perna esquerda picada por um carrapato, quando

    dormia sombra das rvores. O insignificante ferimento, aparentemente sem

    importncia, provocou-lhe depois uma incmoda inchao, infeccionou e o

    remdio que o mdico da corte recomendou foi banho peridico de gua salgada.

    Com medo de ser mordido por caranguejos, D. Joo VI entrava em uma tina

    furada que era iada por escravos e em seguida baixada ao mar. A gua s

    chegava at a altura do ferimento (Museu da Limpeza Urbana).

    Assim, ficou registrada a tradio de que neste local, em 1817, aos 50

    (cinqenta) anos de idade, por recomendao mdica, D. Joo VI tomou seu

    primeiro banho (Museu da Limpeza Urbana).

    Nesta ocasio as terras do bairro do Caju faziam parte da antiga Fazenda

    Real de So Cristvo, de propriedade da Companhia de Jesus. Com a expulso

    dos jesutas, em 1760, a Fazenda foi loteada em nome da Coroa Portuguesa

    banho (Museu da Limpeza Urbana).

    A residncia utilizada para o tratamento de sade de D. Joo VI, um solar

    construdo em 1810, por ordem do Comendador Tavares Guerra (rico comerciante

    de caf), no interior de sua chcara, as margens da Baa de Guanabara.

    Estava, assim, lanada a moda dos banhos de mar e convertido o bairro do

    Caju no primeiro dos nossos balnerios, freqentado por todos os Bragana,

    desde o filho de D. Maria, a Louca, at D. Pedro II. O Caju transformou-se num

    ilustre bairro de veraneio com elegantes casas e chcaras..

  • 32

    Nesta poca o bairro do Caju era repleto de atrativos, tais como: beleza

    natural e localizao privilegiada s margens da Baa de Guanabara, guas

    lmpidas, calmas e consideradas medicinais, localizao prxima a residncia da

    famlia real no Palcio de So Cristvo, na Quinta da Boa Vista e tambm um

    local prximo ao centro da cidade.

    Onde era o balnerio de D. Joo VI e da Famlia Imperial, se formou a mais

    caracterstica, a mais curiosa das nossas colnias de pesca, com suas redes ao

    sol e seus barraces sobre estacas a dois passos da calada da Rua da Praia do

    Caju.

    A Rua General Gurjo, bem perto, recorda-nos o General Hilrio Gurjo,

    paraense, sacrificado na batalha de Itoror em 1869. Nesta que ficava, alis, o

    porto da quinta real, num lugar onde hoje, porm o que predomina a

    construo naval, com seu velho estaleiro do armador Vicente dos Santos

    Caneco, fundado em 1882, e os modernos nipo-brasileiros da Ishikawajima,

    montados no Governo Kubitschek , segundo Brasil, 1970.

    Estes estaleiros tiveram sua fase de glria e foram uma chance de emprego

    para a populao local. Na verdade, com o posterior crescimento destes

    estaleiros, vrios empregos foram gerados durante anos e no s para a

    comunidade local.

    O local denominado Quinta do Caju, teve sua formao no incio do sculo

    XIX. O lugar j era conhecido por este nome, sendo na poca uma propriedade

    particular, na verdade, uma Quinta a beira da praia, que ao ser comprada pela

    Casa Real, veio a se chamar Quinta do Caju.

    D. Joo VI tomava banhos de mar nesta praia, mas como na Quinta do

    Caju no haviam instalaes adequadas Famlia Imperial, o solar da famlia

    Tavares de Guerra passou a ser a Casa de Banhos da realeza, na Praia do Caju,

    local bem prximo.

  • 33

    D. Joo VI mandou construir na Quinta do Caju um cais e uma capela que

    hoje no existem mais.

    A Quinta do Caju possui uma rea de 52 (cinqenta e dois) mil metros

    quadrados e o local de instalao da colnia dos pescadores. Geograficamente

    falando, o lugar uma ponta de terra que avana pela Baa de Guanabara.

    A colnia de pesca foi fundada por pescadores portugueses que vieram de

    Pvoa do Varzim, em Portugal, nas ltimas dcadas do sculo XIX. Construram

    casas de madeira colorida, tpicas da arquitetura popular portuguesa. At hoje

    possvel encontrar algumas dessas construes (Museu da Limpeza Urbana).

    Eles trouxeram tcnicas que modernizaram a tradio pesqueira carioca.

    Descendentes destes portugueses miscigenados com descendentes de ndios,

    negros e de outras etnias, implantaram no Caju a tradio da pesca e passaram a

    celebrar no ms de junho as festas de So Pedro padroeiro dos pescadores

    com procisses martima e terrestre.

    O local no foi apenas um reduto de chegada de portugueses, mas tambm

    espanhis, s que em nmero bem menor.

    A forma de ocupao da Quinta do Caju possui algumas peculiaridades.

    Prximo a praia se instalaram os que chegaram primeiro, os portugueses mais

    antigos, donos de barcos e com melhor situao financeira. No morro residia a

    populao mais pobre, geralmente funcionrios dos donos das embarcaes e

    com situao financeira inferior.

    A Colnia de Pesca Z-5 (hoje Z-12), progrediu e chegou a ser a maior do

    Brasil e a servir de referncia para as demais. A inaugurao da sua sede foi no

    dia 25/04/1965, Rua Circular, n 12 A, na Quinta do Caju. Foi um momento

    muito especial e festejado com solenidade. Seu primeiro presidente foi o Sr. Jlio

  • 34

    da Silva Marques. Durante muitos anos ocupou este endereo, onde hoje uma

    creche.

    A vida naquela poca podia ser bem simples neste pedacinho do Rio de

    Janeiro, mas uma coisa era certa: no havia a fome porque a pesca era farta e a

    vida era tranqila e sem a presena da poluio.

    A diverso tambm era garantida e grtis, j que a praia era limpa e ficava

    a poucos passos das residncias. Muitos aprenderam a nadar praticamente

    dentro de seus quintais.

    No ms de junho o bairro ficava em polvorosa com a Festa de So Pedro.

    A celebrao era uma tradio no bairro e permaneceu assim durante muitos

    anos. Esta tradio remonta a chegada dos primeiros moradores. No era

    apenas o testemunho da f, mas essencialmente a oportunidade de compartilhar o

    prazer de se sentir parte da comunidade e comungar esse estado de esprito.

    Vinham pessoas de diversas localidades do Rio de Janeiro para participar desse

    evento to especial e ansiosamente esperado.

    Um detalhe importante que o ms todo era muito especial, j que haviam

    trs datas para serem comemoradas: Santo Antnio, So Joo e a festa principal

    que era a dedicada ao padroeiro dos pescadores, So Pedro.

    Durante este ms to mgico para os pescadores e para a populao local,

    a celebrao no podia faltar. Ruas eram enfeitadas, moradores se uniam e

    contribuam para a festa com guloseimas e sua fora de trabalho. Em cada rua

    que se passasse, durante o dia de Santo Antnio e So Joo, era comum

    encontrar uma festa preparada pelos seus moradores e todos eram bem vindos.

    Os festejos dedicados ao padroeiro eram meticulosamente elaborados e

    tomavam um final de semana inteiro. A Festa de So Pedro comeava no

    sbado. A rua da praa dos pescadores era enfeitada, iluminada e ficava repleta

  • 35

    de barraquinhas coloridas. Durante o dia eram realizadas brincadeiras como:

    corrida de saco, ovo na colher, pau de sebo, entre outras tpicas desta tradio.

    Durante a noite a festa continuava com muita msica e animao.

    No Domingo havia a procisso martima com a participao dos barcos

    enfeitados e cada qual levava a imagem de um santo ou santa. Os barcos eram

    decorados com bandeirinhas, luzes e tudo o mais o que a imaginao permitisse e

    fosse integrado ao tema. Havia um concurso entre os barcos para verificar quem

    era o mais bonito. Os barcos seguiam em direo Urca onde havia uma missa.

    Mas os tripulantes no saltavam ao chegar. As embarcaes paravam por alguns

    momentos ao som dos sinos da igreja e dos fogos para receber a beno do

    padre, que j aguardava os pescadores para a missa.

    Ao retornar ao Caju, os santos eram retirados das embarcaes e

    colocados em andores decorados com flores e luzes e os mesmos eram

    conduzidos por moas vestidas de branco para simbolizar a pureza. S ento

    comeava a procisso por terra. A mesma seguia pelas ruas do bairro e uma

    verdadeira multido acompanhava com velas acessas nas mos cantando

    msicas religiosas e orando. Um padre precedia o cortejo. A procisso parava na

    praa prxima colnia dos pescadores e era realizada uma missa.

    S depois da missa e de agradecer a Deus e a So Pedro pelo ano de

    trabalho e pedir proteo e amparo para o restante do ano, que a festa

    comeava.

    Haviam shows e a msica podia ser ouvida de longe e animava a festa que

    era extremamente familiar.

    No final dos festejos havia a queima de fogos e um fechamento de ouro,

    quando um quadro com a imagem de So Pedro surgia em meio aos fogos.

    Depois de tanta emoo todos voltavam para os seus lares ansiosos pelo prximo

    ano.

  • 36

    Muitos pensam que a nica comemorao popular do bairro do Caju era a

    Festa de So Pedro. De forma alguma.

    No Domingo de Pscoa pescadores com seus familiares, vizinhos e

    amigos, se reuniam e programavam um piquenique na ilha de Paquet. Era mais

    um dia de confraternizao e alegria onde todos desfrutavam das guas lmpidas

    da Baa de Guanabara.

    Em um lugar to agradvel e salubre, no podia faltar a presena do

    esporte.

    Ao contrrio do que muitos imaginam, a prtica do volei nas areias das

    praias comeou por volta de 1910, e se estendeu pelas dcadas conseqentes,

    nas areias da Praia do Caju. O esporte era praticado por jovens remadores do

    Club Atltico Cajuense e por militares do Exrcito Brasileiro (Wakipdia).

    Na atual Rua Monsenhor Manuel Gomes, o provedor da Santa Casa da

    Misericrdia Jos Clemente Pereira, instalou em 1839, numa gleba adquirida de

    Joo Goularte, o primeiro cemitrio do Rio de Janeiro para indigentes.

    Na ocasio no existiam cemitrios que se pudesse chamar cristos para

    indigentes, pois o costume era enterr-los em valas comuns, em terrenos baldios

    na prpria cidade, exceto e a partir do comeo do sculo XIX, os falecidos na

    Santa Casa, que para eles havia improvisado um em Santa Luzia, e com capela e

    cruzeiro, mas em 1839 transferido para outra rea maior, longe do hospital,

    adquirida por 10 contos de Joo Goularte na Ponta do Calafate, no Caju. Seria

    esse, e com o nome de Campo Santo da Misericrdia, o primeiro cemitrio pblico

    fora do centro urbano e para to humanitrio fim, expressamente construdo,

    embora s ainda para os sem condies de serem recolhidos as igrejas. O

    cemitrio foi inaugurado como nome de Cemitrio do Caju, o maior da cidade do

    Rio de Janeiro e conservou essa denominao at 1851, passando ento a

    chamar-se So Francisco Xavier. Tem dois quadros de sepulturas reservados, um

  • 37

    destinado ao enterramento dos irmos da Confraria de So Pedro, e outro, ao

    enterramento dos israelitas, realizando-se anualmente, em 13 de setembro, a

    visitao s sepulturas dos descendentes da raa de Abrao, conforme ritual do

    respectivo culto (Brasil, 1970).

    Este no foi o nico cemitrio construdo no Caju. O cemitrio da

    Irmandade do Carmo, foi inaugurado em 1859, por ocasio da epidemia de febre

    amarela, a Ordem cuidou de estabelecer um cemitrio privativo aos irmos, por ter

    o Governo proibido o enterramento nas igrejas. O Cemitrio da Ordem 3 da

    Penitncia foi inaugurado em 1858, antes desse ano os irmos eram sepultados

    nas igrejas e em catacumbas (Brasil, 1970).

    Assim nasceu o Cemitrio de S. Francisco Xavier, com gradil e prtico

    (projeto do arquiteto Jacinto Rebelo modificado por Bethencourt Silva) e com

    ponte para o desembarque dos cadveres, porque era por mar nesse tempo que

    se faziam quase sempre os enterros. E a exemplo da Ordem de S. Francisco de

    Paula, a Terceira do Carmo e a Terceira da Penitncia logo teriam os seus

    tambm, e os destas duas Ordens ao lado do do Caju, em reas que a Santa

    Casa lhes cederia. E, enquanto isso, fracassaria o forno crematrio (Brasil, 1970).

    Ao terreno de Joo Goulart foram acrescidos outros aos lados, inclusive a

    Chcara Morundu, da viva de Baltazar Pinto dos Reis, cuja casa-nobre logo se

    transformaria em 1855 numa enfermaria para os pobres, ponto de partida para o

    Hospital de N. Sra. Do Socorro (ainda de p at os nossos dias). Anos depois o

    prdio foi dotado de prdio prprio, mais adequado, segundo Brasil, 1970.

    Pinto Guerra, rico proprietrio portugus, conhecido por Guerra Sapateiro

    doou Santa Casa algumas terras que possua na regio agora habitada pelos

    cemitrios. Estas foram adquiridas pelo industrial Teixeira de Azevedo para a

    construo da maior fbrica de tecidos do Rio Janeiro poca (1880). Entretanto,

    Teixeira logo seria levado falncia e a So Lzaro, entregue ao Banco do Brasil,

    acabaria nas mos do Governo, por 7.000 (sete mil) contos, para que nela se

  • 38

    instalasse o Arsenal de Guerra (o velho era na Ponta do Calabouo), inaugurado a

    11 de novembro de 1902 por Campos Sales. Hoje, ampliado, ele se estende por

    ambos os lados da rua, cobrindo-a, e com o trfego passando por dentro e por

    baixo da construo (Brasil, 1970).

    O Visconde Ferreira de Almeida (chegado de Portugal com 11 anos e

    modesto caixeiro na meninice no Catumbi) fundou em 1890 a Casa So Lus para

    a Velhice Desamparada. No interior foi instalado um cinema chamado Mariana e

    que era freqentado pelos moradores do bairro (Brasil, 1970).

    Este asilo, hoje um espao particular, j foi palco de diversas festas juninas.

    A entrada era permitida a qualquer pessoa disposta a se divertir. E diverso era o

    que no faltava. O ponto culminante da festa era a quadrilha dos Vovs, que

    participavam com muita animao.

    Na Rua Carlos Seidl (um grande diretor da Sade Pblica), o Ministro

    Ferreira Viana, levantou na mesma dcada o Hospital So Sebastio, o nosso

    primeiro autntico hospital de isolamento, destinado a prestar bons servios a

    Oswaldo Cruz na sua cruzada saneadora sob o Governo Rodrigues Alves

    (Brasil,1970).

    Prximo no local denominado Retiro dAmrica, linha da Estrada de Ferro

    do Rio Rio dOuro e Rua de So Janurio, est situado, no alto do Morro da

    Caixa Dgua, o Reservatrio de So Cristvo, antigo D. Pedro II, que abastece

    de gua parte da cidade e que tinha por finalidade, inicialmente, atender ao novo

    servio de abastecimento de gua da cidade pelo sistema moderno, baseado na

    canalizao domiciliar, maneira de Viena, de que acabava de encarregar-se

    Antnio Gabrielli, o mesmo Gabrielli convidado a vir ao Rio de Janeiro pelo

    Governo Imperial para dot-lo tambm de melhoramento, graas a uma rede geral

    de distribuio com reservatrios em diversos bairros, segundo o projeto do

    engenheiro militar Jernimo Morais Jardim (Brasil, 1970).

  • 39

    Foi lanada a pedra fundamental da Caixa Dgua, em 12 de dezembro de

    1876, em presena da Princesa Regente D. Isabel, Ministro da Agricultura,

    Conselheiro Toms Jos Coelho de Almeida, Diretor da Obras Pblicas, Dr.

    Manuel Buarque de Macedo, Tenente-Coronel Jernimo Rodrigues de Morais

    Jardim, encarregado da direo das obras, e empreiteiro Antnio Gabrielli (Brasil,

    1970).

    O bairro do Caju, como observamos, teve seu tempo de glria, para depois,

    infelizmente, ingressar no esquecimento.

  • 40

    CONCLUSO

    O conceito de lugar est ligado a espaos que nos so familiares, que

    fazem parte de nossa vida. O nosso lugar nos d identidade prpria e nos permite

    estabelecer relaes com lugares diferentes no resto do mundo.

    O que fazer quando nosso lugar perde sua identidade?

    uma pergunta difcil de responder.

    O que posso afirmar, que realizar esse trabalho foi gratificante, pois tive

    a oportunidade de conhecer um pouco mais do meu lugar que possuiu um grande

    valor ambiental, com um pedao da Histria do Rio de Janeiro encravado em

    suas veias.

    Foi maravilhoso reencontrar um lugar de gente simples sim, mas feliz,

    onde o trabalho e o alimento no faltavam, onde a amizade, a solidariedade e a

    tradio faziam parte do cotidiano de todos.

    Um lugar onde a boa e velha conversa na calada e as brincadeiras de

    roda, amarelinha, corda, pique, pio, bolinha de gude, futebol e muitas outras,

    faziam parte da vida da crianada, que hoje vive na frente da televiso e so

    prisioneiros dos vdeo games.

    Um lugar que possua uma beleza natural inigualvel e onde existia a to

    sonhada qualidade de vida.

  • 41

    Foi uma preciosa oportunidade de realizar uma viagem de volta a um

    passado cheio de recordaes que so verdadeiras jias raras de nosso bairro e

    de nossa gente.

    Foi uma oportunidade nica de entender como o meio ambiente

    importante, deve ser respeitado e preservado, que faz parte de todos ns.

    Finalmente, foi uma oportunidade nica de entender como necessrio

    que o desenvolvimento sustentvel se faa presente em cada cantinho do nosso

    planeta, para que no vivamos de recordaes e sim de realizaes, para que

    geraes futuras tenham o seu lugar nesse mundo.

  • 42

    BIBLIOGRAFIA CITADA

    1 - Associao de Moradores da Quinta do Caju.

    2 - Colnia de Pesca Z-12.

    3 - FEMAR FUNDAO DE ESTUDOS DO MAR, Uma Avaliao da Qualidade

    das guas Costeiras do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro:1997.

    4 - HETZEL, Bia. Baa de Guanabara, So Paulo: Manati, 1968.

    5 - LOROSA, Marco Antonio e AYRES Fernando Arduini. Como Produzir Uma

    Monografia Passo a Passo...Siga o mapa da mina.Rio de Janeiro: Wak, 2005.

    6 Museu da Limpeza Urbana/Casa de Banhos D. Joo VI.

    7 - SANTOS, Noronha. As Freguesias do Rio Antigo. Rio de Janeiro: Edies O

    Cruzeiro, 1965.

    8 - www.wakipedia.org.br

  • 43

    ANEXOS

    ndice de Anexos

    Anexo 1 >> Mapa;

    Anexo 2 >> Mapa;

    Anexo 3 >> Foto;

    Anexo 4 >> Foto;

    Anexo 5 >> Foto;

    Anexo 6 >> Foto;

    Anexo 7 >> Foto ;

    Anexo 8 >> Foto;

    Anexo 9 >> Reportagem;

    Anexo 10 >> Foto;

    Anexo 11 >> Foto.

  • 44

    ANEXO 1

    Mapa

    Mapa retirado do livro - FEMAR FUNDAO DE ESTUDOS DO MAR, Uma

    Avaliao da Qualidade das guas Costeiras do Estado do Rio de Janeiro,

    Rio de Janeiro:1997, 88p..

  • 45

    ANEXO 2

    Mapa

    Mapa retirado do livro - FEMAR FUNDAO DE ESTUDOS DO MAR, Uma

    Avaliao da Qualidade das guas Costeiras do Estado do Rio de Janeiro,

    Rio de Janeiro:1997, 91p..

  • 46

    ANEXO 3

    Foto

    Foto mostrando os aterros realizados no bairro do Caju, pertencente ao

    Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 1927.

  • 47

    ANEXO 4

    Foto

    Foto area da Quinta do Caju mostrando a ocupao desordenada. Do lado

    direito temos o Parque de Material de Eletrnica da Aeronutica e do lado

    esquerdo o estaleiro da Ishikawajima. Arquivo particular.

  • 48

    ANEXO 5

    Foto

    Foto atual do que resta do antigo varal dos pescadores, local onde os barcos

    atracavam e onde as redes eram colocadas para secar. Arquivo particular,

    2005.

  • 49

    ANEXO 6

    Foto

    Foto de uma parte da praia do Caju, que j no existe. Arquivo particular.

  • 50

    ANEXO 7

    Foto

    Inaugurao da Colnia de Pesca Z-5, em 25 de abril de 1965. Arquivo

    particular.

  • 51

    ANEXO 8

    Foto

    Inaugurao do per, no dia 13/03/1981. Arquivo da Colnia de Pescadores

    Z-12.

  • 52

    ANEXO 9

    Reportagem

    O Fluminense Pgina 13 Estado do Rio de Janeiro, domingo, 15 e segunda feira, 16 de maro de 1981

    Pier da Cooperativa do Caju inaugurado Rio de Janeiro Representando o Governador Chagas Freitas, que no pde comparecer solenidade, o Deputado Estadual Jos Pinto (PP-RJ), inaugurou ontem o pier (ancoradouro da Cooperativa Mista dos Pescadores da Colnia do Caju e Colnia de Pescadores Z-12 Senhor do Bonfim. Estiveram presentes o administrador regional de So Cristvo, Lus Cludio Tepedino Alves, o diretor do Hospital So Sebastio, Waldir Tavares, o diretor da Diviso Mdica do Hospital Clemente Ferreira, Armando Filardi, o diretor do 1 Distrito de Fiscalizao do Municpio do Rio de Janeiro, Amir Miguel e o Major Armando Antnio Rodrigues, assistente do Parque de Eletrnica de Material do Rio de Janeiro, representando seu diretor.

    O presidente da Cooperativa Mista dos Pescadores do Caju, Jlio da Silva Marques tambm esteve presente solenidade, explicou que a inaugurao do ancoradouro a primeira etapa do projeto de implantao da Cooperativa, que h um ano est sendo instalada ali em rea doada pelo Governador

  • 53

    Segundo ele, o objetivo principal do projeto a instalao de um porto pesqueiro no local, onde ser implantada toda a infraestrutura para atendimento aos pescadores, contando de servio mdico e odontolgico, fbrica de gelo e mercados, alm de restaurante e rea de lazer. O projeto do arquiteto Mrcio Franco da Cruz, est sendo executado pela firma Tempo Engenharia e Construes Ltda, sob a responsabilidade do engenheiro Antnio Carlos Franco. Mrcio F. da Cruz explicou que, depois de concludo, o projeto constar com um prdio de administrao, a fbrica de gelo uma oficina para reparos navais, um mercado de pesca artesanal destinado ao atendimento do pblico, duas cmaras frigorficas para armazenamento do pescado, vrios boxes para depsito de materiais de pesca, rea de lazer composta de restaurante, mercado, loja para venda de materiais de pesca e gneros alimentcios aos cooperativados, de auditrio e gabinetes mdico e odontolgico, alm de uma grande rea destinada para redes. O presidente da Cooperativa, Jlio da S. Marques, falou sobre o funcionamento da Colnia que existe h 18 anos e recebe em mdia 80 embarcaes com 20 tripulantes por dia. Nossa Cooperativa conta com cerca de 2.800 associados, dos quais 1/3 moram na comunidade. Outros residem fora, devido ao preo do aluguel na rea. Mas, dentro dos nossos planos, est a construo de

  • 54

    um conjunto habitacional para os cooperadores. A inaugurao de hoje vir dinamizar nosso servio, pois teremos o nico porto pesqueiro do Brasil.

    Poderemos suprir as deficincias do entreposto da Praa XV que funciona de 23 s 3h, onde um barco que chega s 5h no pode descarregar. Aqui no vai ter esse problema.

    Explico que a Cooperativa no ano passado, recebeu um volume de 20 mil toneladas de pescado, e olha que foi um ano ruim. Aqui estaremos preparados para receber trs tipos de embarcaes, de pequeno, de mdio e grande porte. Sobre a distribuio do pescado, disse que os barcos cooperativados recebem designao da Cooperativa, d onde devem vender os peixes, os melhores preos, sob o controle da Cooperativa...

  • 55

    ANEXO 10

    Foto

    Foto da procisso martima em homenagem a So Pedro, padroeiro dos pescadores. Arquivo particular.

  • 56

    ANEXO 11

    Foto

    Procisso em homenagem a So Pedro, realizada aps a chegada da procisso martima. Arquivo particular.

  • 57

    NDICE

    INTRODUO 8

    CAPTULO I 10

    A POLUIO NA BAA DE GUANABARA 10

    1.1 Aspectos Histricos 10

    1.2 Fontes de Poluio 16

    CAPTULO II 21

    O OUTRO LADO DA POLUIO 21

    CAPTULO III 26

    UM PATRIMNIO HISTRICO E CULTURAL DO BAIRRO 26

    CAPTULO IV 30

    O BAIRRO DO CAJU ANTES DA POLUIO 30

    CONCLUSO 40

    BIBLIOGRAFIA CITADA 42

    ANEXOS 43

    NDICE 57

    Por: Ktia Rodrigues MorenoO OUTRO LADO DA POLUIO NO BAIRRO DO CAJU

    SUMRIOINTRODUO8

    CAPTULO I A Poluio na Baa de Guanabara10CAPTULO II O Outro Lado da Poluio21CAPTULO III Um Patrimnio Histrico e Cultural do Bairro26CAPTULO IV O Bairro do Caju Antes da Poluio30

    CONCLUSO40BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional)42ANEXOS43NDICE57BIBLIOGRAFIA CITADA1 - Associao de Moradores da Quinta do Caju.

    2 - Colnia de Pesca Z-12.4 - HETZEL, Bia. Baa de Guanabara, So Paulo: Manati, 1968.5 - LOROSA, Marco Antonio e AYRES Fernando Arduini. Como Produzir Uma Monografia Passo a Passo...Siga o mapa da mina.Rio de Ja7 - SANTOS, Noronha. As Freguesias do Rio Antigo. Rio de Janeiro: Edies O Cruzeiro, 1965.ANEXOSndice de Anexos

    Anexo 1 >> Mapa;

    Anexo 2 >> Mapa;Anexo 3 >> Foto;Anexo 4 >> Foto;Anexo 5 >> Foto;Anexo 6 >> Foto;Anexo 7 >> Foto ;Anexo 8 >> Foto;Anexo 9 >> Reportagem;Anexo 10 >> Foto;Anexo 11 >> Foto.ANEXO 1Mapa

    ANEXO 2Mapa

    ANEXO 3Foto

    ANEXO 4Foto

    ANEXO 5Foto

    ANEXO 6Foto

    ANEXO 7Foto

    ANEXO 8Foto

    ANEXO 9ReportagemANEXO 10FotoANEXO 11FotoA POLUIO NA BAA DE GUANABARA10