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O Núcleo e sua Estrutura Anos 30: um pouco antes, bastante durante, algo depois

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O Núcleo e sua Estrutura

Anos 30: um pouco antes, bastante durante, algo depois

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Sumário Escalas de tamanho Escalas de energia Primeiros modelos nucleares

Entra em cena o nêutron Energia de ligação

Gota líquida Fissão & Fusão

Forma nuclear: rotação e vibração Interações nucleares

Panorama das interações da Natureza Interação Forte

Interação Nuclear Forte Interação intermediada por partículas

Yukawa & Lattes Modelo de camadas

“Coexistência”: líquido e movimento de partícula independente ... Um pouco mais depois

Núcleos exóticos Rotação e movimento de partícula independente

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Do que as coisas são feitas?

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Escalas de tamanho

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Escalas de tamanho Se os prótons ou os nêutrons fossem

do tamanho de uma moeda de 10 centavos, os núcleos teriam o tamanho de uma bola de handebol e os átomos seriam objetos com cerca de um quilômetro de raio.

Escalas distintas de tamanho acarretam escalas distintas de energia.

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Escalas de energia P. Curie & A. Laborde (1903): um

grama de rádio libera suficiente energia para aquecer em uma hora cerca de 1,3 gramas de água do ponto de congelamento à ebulição.

Pouco? Um grama de rádio libera em um ano o mesmo que 100 gramas de carvão. MAS: o carvão é consumido e o rádio libera essa energia anos a fio.

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Escalas de energia

Entrou-se em uma nova escala de energia: a nuclear, que é cerca de 1.000.000 de vezes maior do que a atômica.

Questões importantes: De onde vem essa energia? O que produz o decaimento dos

elementos radioativos?

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Escalas de energia Já em 1905, Einstein, em um dos

cinco trabalhos publicados nesse “ano miraculoso”, escrevia: ... se um corpo emite energia E na forma

de radiação, sua massa decresce de E/c2 ... a massa de um corpo é uma medida do seu conteúdo de energia ... Não está excluída a possibilidade de se testar essa teoria utilizando-se corpos cujo conteúdo de energia seja bastante variável (por exemplo, sais de rádio).

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Primeiros modelos nucleares

Em 1911, E. Rutherford coloca em cena o núcleo: seu modelo atômico demandava a existência de um objeto extremamente denso e massivo localizado no centro do átomo.

Logo ficou claro também que o núcleo era a origem das emanações radioativas e fonte dessa energia.

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Primeiros modelos nucleares MAS, qual a estrutura desses núcleos? A construção de modelos para o núcleo

esbarrou numa dificuldade: Prótons e elétrons eram as únicas partículas

fundamentais conhecidas. Gravitação e eletromagnetismo eram as únicas

interações conhecidas. Os primeiros modelos nucleares foram

construídos a partir desses ingredientes.

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Primeiros modelos nucleares Pensemos como um físico pré 1930:

Os núcleos têm carga positiva igual ao número atômico (i.e., o número de elétrons), ou seja: +Ze.

A massa nuclear é aproximadamente um número inteiro, A, vezes a massa de um próton.

A~2Z As partículas fundamentais são o próton e o

elétron. No decaimento , elétrons eram emitidos pelo

núcleo. A massa do elétron é muito (~2000 vezes)

menor que a massa do próton.

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Primeiros modelos nucleares

Assim, nada mais natural do que: O núcleo atômico ser constituído por 2Z

prótons e Z elétrons. A massa nuclear ser M=Ampróton+(A-Z)me

MAS, as energias típicas do decaimento nuclear estão na faixa de poucos Mev. (1 MeV ~ 0,16 pJ = 0,16x10-12 J).

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Os núcleos não contêm elétrons O Princípio da Incerteza nos diz que:

px ~ (h/2) x é da ordem de grandeza do raio nuclear: 10

fm (10x10-15 m) p ~ (h/2)x ~ 20 MeV/c E ~ [(pc)2+(mec2)2]1/2 ~ 20 MeV ( ~ 3,2 pJ)

Considerando que no decaimento , elétrons com cerca de 1 MeV (~ 0,16 pJ) são emitidos pelo núcleo, podemos concluir que: Os elétrons não “cabem” dentro do núcleo.

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O nêutron A década de 30 foi extremamente rica de

acontecimentos: A Grande Depressão. Primeira Copa do Mundo. Dali pinta “A persistência da memória”. Revolução Constitucionalista. Hitler assume o poder. Fundação da USP. Guerra Civil Espanhola. Picasso pinta “A Guernica”. Início da Segunda Guerra Mundial.

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O nêutron A Física Nuclear também não ficou atrás:

A primeira antipartícula, o pósitron, é descoberta por Anderson & Neddermayer.

Lawrence (Ciclotron) e Cockroft & Walton constroem máquinas para estudar o núcleo atômico acelerando partículas e lançando-as sobre esses núcleos.

O neutrino é postulado. O NÊUTRON É DESCOBERTO. Irene & Joliot Curie produzem o 30P, um núcleo

radioativo artificial. Fissão Nuclear (Hahn & Strassman + Meitner &

Frisch).

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O nêutron O nêutron era uma

necessidade! Vemos claramente

que: Até Z~20, A~2Z. Para Z>20, A>2Z.

Deveria existir algo para compensar a repulsão coulombiana dos prótons e ajudar a “grudar” os constituintes nucleares 0 20 40 60 80

0

20

40

60

80

100

120

140 Núcleos Estáveis A-Z=Z

A-Z

Z

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Raio Nuclear

Experiências à la Rutherford mostraram que o raio nuclear tinha um comportamento peculiar: R=r0A1/3

Em outras palavras: A densidade nuclear é constante

Conhecemos um sistema com essas características: LÍQUIDOS!

0 50 100 150 2000

1

2

3

4

5

6

7

R=1,12A1/3R [

10 -

15 m

]

A

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Nomenclatura

Número de massa: A=Z+N Os núcleos são representados por:

Alguns exemplos: 21H, 16

8O, 73Li, 14

7Ni Núcleon: constituinte do núcleo;

designação genérica dos prótons e nêutrons

XElemento AZ

massadeNúmeroprótonsdeNúmero

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Energia de Ligação

Um núcleo que tenha recebido uma certa quantidade de energia (e.g., aravés da colisão com outro núcleo) vai devolvê-la ao fim de um certo tempo.

A Natureza é econômica e sempre busca minimizar a energia.

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Energia de ligação Da mesma forma, dois ou mais

constituintes somente formarão um núcleo atômico se for energeticamente favorável.

Por exemplo, o dêuteron (21H) é o

núcleo mais simples: é formado por um próton e um nêutron. Quando ambos se juntam, energia é liberada na forma de um raio gama.

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nn pp

D

Energia de ligação Assim, um nêutron e um próton têm mais

massa do que um dêuteron. De uma maneira geral, a massa de um

núcleo é dada por:

A energia de ligação, B, é a quantidade de energia a ser fornecida para quebrar o núcleo nos seus constituintes.

BcNmcZmMc np 222

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Energia de ligação

B/A é mais conveniente do que B para indicar a maior ou menor estabilidade de um núcleo em relação aos demais.

B/A: quanto maior for, mais ligados estarão, em média, os constituintes e, portanto, mais estável será o núcleo.

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Gota líquida

Vimos que o núcleo apresenta comportamentos de um líquido.

É uma gota de um líquido incompressível e carregado.

Sua energia de ligação tem as seguintes contribuições:

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B = avA

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B = avA - asA2/3

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B = avA - asA2/3 – acZ(Z-1)A1/3

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B = avA - asA2/3 – acZ(Z-1)A-1/3- asim(A-2Z)2/A

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B = avA - asA2/3 – acZ(Z-1)A-1/3- asim(A-2Z)2/A + δ(Z,A)

emparelhamento δ(Z,A) é:

negativo (diminui B) em núcleos ímpar-ímpares0 em núcleos ímpar-pares ou par-ímparespositivo (aumenta B) em núcleos par-pares

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Fissão e fusão Saltam aos olhos algumas características:

A curva tem um máximo próximo ao número de massa A=56. Na verdade, o 56Fe é o núcleo mais estável existente na Natureza.

Se um núcleo situado à direita desse máximo for dividido em dois, os núcleos resultantes terão uma energia de ligação por constituinte maior do que o núcleo que lhes deu origem e, portanto, serão mais estáveis.

Inversamente, se núcleos à esquerda do máximo juntarem-se, o núcleo resultante será mais estável.

Isso talvez fique mais intuitivo se olharmos a figura da energia de ligação de cabeça para baixo e pensarmos que o sistema nuclear “gosta” de buscar a maior estabilidade.

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Fissão e fusão As setas indicam os processos de fissão

(esquerda) e fusão (direita)

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Estrelas de nêutrons Estrelas de nêutrons são um dos estados finais

possíveis da evolução estelar. São uma espécie de grandes núcleos, compostos essencialmente por nêutrons (~1055 nêutrons).

A fórmula de massa, com os mesmos parâmetros utilizados para os núcleos e com a interação gravitacional em lugar da eletromagnética, prevê com apenas duas ordens de grandeza de erro, a massa e o raio dessa estrela. Nada mau para algo concebido para explicar propriedades de sistemas com cerca de 200 constituintes!

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Formas nucleares O núcleo atômico

não precisa ser necessariamente esférico. Afinal de contas,

uma gota poder ter outras formas.

Como porém obter informações sobre a forma do núcleo?

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Excitação Nuclear

A Natureza não é autista. Se perguntada, Ela responde (às vezes como a pitonisa de Delfos!)

Um núcleo excitado, devolve essa energia e a análise do espectro de excitação nos diz muito acerca da estrutura desse núcleo.

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Espectros Nucleares

A arte do jogo é ser capaz de enxergar regularidades.

Num espectro vibracional, há níveis igualmente espaçados.

No rotacional, os níveis são proporcionais a J(J+1).

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Três estadosa aprox.2 x 560.4

Primeiro estadoexcitado

VibracionalEnergias (em keV)

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RotacionalMomentos Angulares

Energias (em keV)

Existem núcleos cujas energias de vários estados excitados

seguem a relação

EJ J(J+1)numa ampla faixa de J´s(J é o momento angular)

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Espectros Nucleares

No caso vibracional, o núcleo comporta-se como uma gota esférica que efetua vibrações superficiais (quase harmônicas).

No rotacional, o núcleo deformado gira em torno do eixo perpendicular ao eixo de simetria.

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Interações fundamentais

O núcleo tem uma estrutura extremamente rica: é um sistema quântico de muitos corpos, finito, no qual agem três das interações fundamentais da Natureza.

A curva da energia de ligação, na verdade, representa o balanço entre essas três interações.

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Interações no núcleo

Quais interações agem no núcleo? A interação eletromagnética atua entre

partículas carregadas. A interação nuclear forte é a responsável

primária pela ligação dos núcleos. A interação nuclear fraca é a causa do

decaimento beta do nêutron.

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Interações fundamentais

Dois patinadores podem atrair-se ou repelir-se mediante a troca de “mensageiros”

Da mesma forma, a interação entre partículas é mediada por outras partículas, os bósons.

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Interações fundamentais

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Interação nuclear forte

Década de 30 primeiras tentativas de construir uma teoria quântica da interação entre partículas carregadas e o campo eletromagnético.

Na mesma época, Yukawa (1934) propõe uma teoria quântica para a interação forte.

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Interação nuclear forte Algumas estimativas:

Vbóson ~ c Alcance: r ~ c t ~ c/E ΔE ~ massa dessa partícula, mc²; Δr ~ 1,5 fm, o alcance da força nuclear. mc² ~ 130 MeV.

Uma partícula com massa dessa ordem de grandeza foi descoberta pouco depois, mas logo viu-se que não era ela o bóson mediador buscado.

Latte

s, O

cchi

alin

i e P

owel

l

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Interação nuclear forte Algumas características:

É forte núcleos são ligados apesar da repulsão coulombiana.

É de curto alcance desvios em relação a Rutherford.

Tem a propriedade da saturação um núcleon interage apenas com seus vizinhos mais próximos.

O sistema n-p (nêutron-próton: dêuteron) é ligado, mas o n-n (ou o p-p) não.

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Interação nuclear forte

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Bonus track A seguir discutiremos algumas descobertas

pós anos 30: As do modelo de camadas, referem-se a

desenvolvimentos ocorridos do fim da década de 40 em diante.

Núcleos exóticos são um assunto de pesquisa bastante atual e que teve início em meados dos anos 80.

Trabalha-se ainda muito com a física dos estados de grande momento angular; os primeiros resultados experimentais datam dos anos 70.

O pulsar Vela foi descoberto em 1969.

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Modelo de camadas A análise dos acertos da fórmula de massa,

chama também a atenção para seus desacertos.

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Modelo de camadas É sintomático o desvio da fórmula de massa em

relação aos dados experimentais sempre que N ou Z assumem determinados valores.

Esses “números mágicos”, indicativos de maior estabilidade, trazem imediatamente à mente a lembrança dos gases nobres da física atômica e o seu conseqüente nexo com órbitas.

Órbitas & Liquidos? São dois conceitos de compatibilização difícil. Como é possível que um sistema ligado por um força

com um caroço repulsivo dê origem a órbitas?

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Modelo de camadas Os núcleons dentro do núcleo

poderiam ser encarados com partículas independentes movendo-se em órbitas quase não perturbadas?

Estranho! Mas os dados experimentais de: Energias de separação Energias de excitação

são inequívocos.

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Energias de separação Como nos átomos, as energias de separação

nucleares apresentam máximos nos números. mágicos.

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Energias de excitação As energias dos

primeiros estados excitados são maiores para certas combinações do número de nêutrons e de prótons

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Modelo de camadas A compatibilização entre esses dois

extremos pode ser entendida se pensarmos que as colisões “ocorrem”, mas o Princípio de Pauli proíbe que as “órbitas” sejam alteradas.

Contrariamente aos átomos, o campo médio nuclear é gerado pela coletividade dos prótons e nêutrons, que constituem esse núcleo. Ingrediente importante: interação spin-órbita.

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... Um pouco mais depois

A seguir vou discutir brevemente dois aspectos da matéria nuclear quando levada aos seus limites. Núcleos exóticos, i.e., núcleos

caracterizados por terem uma grande assimetria entre o número de prótons e nêutrons.

Núcleos em estados com momento angular muito grande.

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Núcleos exóticos Um exemplo marcante

desses sistemas é o 11Li. Esse núcleo formado por 6n e 3p é maior do que o 11B, sendo quase tão grande quanto o chumbo.

Dois dos seus nêutrons formam um “halo” tão fracamente ligado, que se um deles for retirado, o outro sai (o 10Li não existe!).

Esses núcleos, produzidos em reações nucleares em laboratórios ou nas estrelas, são um exemplo de matéria nuclear muito diluída.

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Rotações Núcleos são objetos

pequenos (~ 10-14 m), mas podem efetuar ca. de 1020 rotações por segundo.

É de se esperar que ocorram grandes alterações no comportamento da matéria nuclear nessas alucinantes “piruetas”.

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Grandes momentos angulares Os níveis de

energia de certos núcleos, quando em estados de grande momento angular, apresentam desvios dramáticos em relação a EJ J(J+1)

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Grandes momentos angulares Nesses estados “alucinados”, a rotação

com elevados valores do momento angular induz profundas alterações na estrutura interna do núcleo.

Pictoricamente, é como uma bailarina, que, ao fazer uma pirueta segurando dois alteres próximos ao corpo, abre os braços por não conseguir mais mantê-los junto ao corpo devido às forças não inerciais, mudando subitamente seu momento de inércia.

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Grandes momentos angulares O que de fato acontece?

Momento de inércia

(Velocidade angular)2

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A Física é bela Há análogos em escala

astronômica: o pulsar Vela, uma estrela de nêutrons em alta rotação, também altera sua velocidade angular à custa de mudanças drásticas na sua estrutura.

Mesmos efeitos, causas distintas. A similaridade entre fenômenos em sistemas tão díspares é uma manifestação da universalidade das leis da física e da sua beleza.