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O meu tecer de esperanças !... Laura Vieira

O meu tecer de esperanças !... Laura Vieira Peguei nas minhas lembranças No meu tecer de esperanças E quis bordar o meu amor E assim… Deixei que meu

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O meu tecer de esperanças !...

Laura Vieira

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Peguei nas minhas lembrançasNo meu tecer de esperançasE quis bordar o meu amorE assim…Deixei que meu coraçãoDesse ponto simPonto nãoE crivei de amorCada ponto e pespontoDado em horas

De solidão !...

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Quis rendilhar a minha vidaDas mais finas linhasCheia de pontos e cores milMas hoje as minhas coresSão apenas o brancoE o azul anilE o verde dos campos que

alcançoE a luz fugidia da esperançaDebate-se entre frias coresE causa-me mais doresE amargores !...

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Não posso pedir à vidaQue me ensine a

bordarSei que terei de ser eu

A pegar nas minhas agulhas

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A picar-meNas dores dos pontosE a desmancharVelhos pespontosQue quase me deixam nuaE os trapos que vou despindoEstão todos por remendar !...

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Mas, já me sinto tão cansadaDe bordar no mesmo tecidoDe ter sempre as mesmas coresA entretecer o meu caminho

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Que não sei se continuareiA bordar nos velhos traposQue rompem a cada ponto

E a cada novo remendoNascem novos buracosOu se encomendareiNova peça de finos

linhos !...

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E se conseguir encontrá-laClaro que vou bordá-laCom todas as coresQue ainda vivem no meu serVou rendilhá-la a preceitoE com ela enfeitar meu peitoE será talvezA última e primeira vezQue meu corpo doridoSaberá e sentiráO que é a altivez !...

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Porque me doei sempre

E sempre dei tudo de mim

E nestes anos que passaram

Apenas recebi restos de rendas

Já usadas e esburacadas

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E senti que a vida teria para mimAlguma peça de fino brocadoGuardado e embaladoPara me ser entregue a mimApenas a mimSó a mim!...

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Poema

Laura VieiraFormatação

Zélia NicolodiDezembro/ 2008