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O menino que não gostava de ler Era uma vez um menino muito bonito, mas que tinha um grande defeito: não gostava de ler! Quando fazia anos, se alguém lhe desse um livro ele dizia logo muito depressa: - Livros não são prendas! - e atirava os livros para um canto.

O Menino que não Gostava de Ler

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Page 1: O Menino que não Gostava de Ler

O menino que não gostava de lerEra uma vez um menino muito bonito, mas que

tinha um grande defeito: não gostava de ler!Quando fazia anos, se alguém lhe desse um livro

ele dizia logo muito depressa:- Livros não são prendas! - e atirava os livros

para um canto.

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À noite, a Ângela que era sua irmã e que só tinha dois anos, pedia-lhe para ler os livros da Camila, mas ele

resmungava logo:- Não leio nada! Eu não gosto de ler!

Sempre que a professora o mandava ler, ele resmungava baixinho e lia, mas sem nenhum gosto: não parava nos pontos finais, não fazia as vozes das personagens e tudo numa corrida. Os colegas não

percebiam nada e tinha sempre vermelho na leitura.

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Um dia, quando estava a dormir, ouviu um barulho e pareceu-lhe ouvir chamar:

- Rodrigo! Rodrigo!Ele abriu os olhos e olhou para o lado, mas não viu ninguém! A

única coisa de diferente no quarto era um livro pousado ao lado da sua almofada. Era vermelho, muito bonito e grande que se

chamava “O sonhador”.

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- Um livro?! Não gosto disto. Todos sabem que eu não gosto de ler! – resmungou o menino esfregando os olhos.

Mal lhe tocou para o arrumar, foi sugado para dentro de uma história. Foi transportado para um local com uma paisagem maravilhosa onde havia ao fundo um castelo feito de letras. Foi andando, …andando… e descobriu que todos os habitantes estavam tristes. Não se via ninguém com um sorriso! Tudo era desolador!...

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- Onde me encontro? O que se passa aqui? Está tudo tão triste! – exclamou o Rodrigo pasmado.

Uma menina que se encontrava perto, ganhando coragem, disse-lhe assim:

- O rei vizinho anda em guerra com o nosso e tirou-nos todas as letras dos livros que eram o nosso passatempo preferido.

- Não faz mal! Quem precisa de livros?! – Respondeu o menino.

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- Como é que podes não gostar de livros? – espantou-se um coelhinho ao pé da menina. – Aqui na Livrolândia não vivemos sem os livros! Não vivemos sem as letras! Tudo brilha quando abrimos um livro!

- Por isso é que estamos tão tristes! Até o castelo das letras onde mora o nosso rei está a perder a cor…– acrescentou a menina.

- Não vamos sobreviver assim! O que vai ser de nós? O que vai ser das avezinhas da leitura se não as ajudarmos? – continuou o coelhinho. O rei não sabe das palavras… nós estamos quase a perder a v…

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Calou-se tão de repente que Rodrigo ficou preocupado.- Vou-vos ajudar! Hei-de conseguir recuperar os vossos livros e

ajudar a Livrolândia a voltar a ser o que era! – disse o menino verdadeiramente sentido.

Então o Rodrigo, com os seus novos amigos, partiu numa grande aventura começando pela terra do A…

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Quando lá chegou reparou que todas as pessoas tinham o seu nome começado pela letra A: Abel, Alexandra, Andreia, Álvaro, Ana, Amélia, António, Alice, André, Alberto, Afonso, Arminda, Alexandrino, Armanda… e todas as plantas, animais, e objectos começavam também por essa letra.

Toda essa terra era iluminada por um belo arco-íris, as casas construídas com areia e pintadas de azul e amarelo, com belos arcos, as portas e as janelas tinham o feitio da letra A. Também lá existiam grandes espaços verdes, cheios de árvores, com um límpido riacho cheio de peixes agulhas, o ar era puro e saudável.

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Quando o Rodrigo passeava pelo jardim viu uma menina a tocar harpa. A música era suave e agradável. Aproximou-se dela e disse:

- Que bela música! Chamo-me Rodrigo e tu como te chamas?

- Chamo-me Andreia. Rodrigo?! Tu chamas-te Rodrigo? Mas tu não podes viver aqui! Aqui só vivem pessoas que tenham o seu nome iniciado pela letra A. Tu deverias estar na Terra do R.

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- Sim tens razão, eu não vivo cá. Eu e os meus amigos teremos de viajar por todas as terras das letras do alfabeto para ajudar a Livrolândia a recuperar todas as suas letras. Para isso teremos ir ao castelo do rei A e pedir-lhe a letra A. Poderás indicar-nos o caminho.

- Não se preocupem, eu levo-vos lá.Chegaram ao castelo. Rodrigo e os seus amigos dirigiram-se ao

Rei A e pediram-lhe a letra. O rei preocupado com o problema na Livrolândia, rapidamente lhes deu a letra.

O Rodrigo e os seus amigos despediram-se de todos e dirigiram-se para terra da letra B.

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Mal chegaram à terra da Letra B encontraram uma menina muito magrinha e muito baixinha chamada Beatriz.

A Beatriz era muito bonita, usava sempre dois totós e uma roupa de ballet.

Ela adorava bailar pelos campos maravilhosos daquele reino mas tinha uma grande tristeza porque era muito baixinha e todos se riam dela. O seu sonho era ser mais crescida.

O Rodrigo quando viu a Beatriz também teve vontade de se rir, mas não o fez.

Então perguntou-lhe:- Por que é que és tão baixinha?

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- Eu nem sempre fui assim, já estive maior, só que um dia deixei de comer alimentos saudáveis e passei a comer sempre lambarices.

- E depois???- Depois, nem imaginas! Fui pela floresta e encontrei uma

casinha muito saborosa feita de chocolate e doces. Logo corri para ela e dei-lhe uma trinca. Dessa casa saiu uma bruxa e transformou-me nesta figura pequenina que hoje sou…

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Mais tarde após longa conversa sobre alimentação saudável a menina convidou o amigo para irem juntos almoçar.

Lá havia uma sopa só com legumes.Quando a sopa terminou, Beatriz começou a crescer aos

poucos. O feitiço começava agora a quebrar-se!!! Agora era a vez da menina ajudar o seu novo amigo…

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Beatriz tornara-se gigante e achava imensa piada olhar para as pessoas que agora considerava pequeninas. Mas, empenhada em ajudar Rodrigo e os amigos, aconselhou-os:

- Subam para as minhas mãos, pois com passos gigantes percorreremos o Universo das letras num abrir e fechar de olhos.

- Que ideia fantástica! Temos urgência em resolver este problema, pois as palavras estão a desaparecer e os habitantes da Livrolândia não poderão mais comunicar e até viver…- disse entusiasmado Rodrigo.

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Muito delicadamente, Beatriz estendeu as mãos para que o Rodrigo e os amigos subissem. Então, pegando neles, colocou-os bem aconchegados num folho da sua saia de ballet. E começou a sua aventura.

Em dois passos gigantes chegou à Terra do C. Logo avistaram uma menina. Era o Capuchinho Castanho que andava a colher cogumelos no campo.

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- Por favor, indica-nos o caminho para o castelo do rei Carlos! – pediu Rodrigo do alto da saia de Beatriz.

- Quem falou? Foste tu, gigante? – perguntou a menina assustada.

Rodrigo esclareceu rapidamente o que se passava. O Capuchinho Castanho indicou o caminho para o castelo. O rei, muito compreensivo e carinhosamente entregou-lhes a letra C.

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A aventura continuou e, de terra em terra, foram recolhendo todas as letras até que se depararam com uma grande gravidade…

Tinham chegado a Terra do G. Como as letras do alfabeto estavam a desaparecer, todos os habitantes dessa terra estavam a ficar gggaaaagggos. Pooorr iiissssoo, dddeeeemmmorrraarrraam mmmmaiiiiis ttteeeemmmmpo a recccccoooolherem a lllleeeettra G.

Não conseguiram compreender a mensagem e, por isso, verificaram que tinham de ser rápidos a recolher todas as letras, antes que as palavras desaparecessem de vez.

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Regressando novamente à sua tarefa, saltitaram de país em país, colhendo as preciosas letras.

Para procurar o precioso P, partiram para país Perdido – onde Pedro podava papoilas prateadas para Paula, por paixão.

- Que engraçado! Aqui só se usam palavras começadas pela letra P… – constatou Rodrigo.

Também aí foram bem recebidos e todos se prontificaram a ajudar.

Depois de recolherem a letra, retomaram a sua aventura em busca de todas as letras do alfabeto.

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Finalmente, e já exaustos, chegaram à Terra do Z.Já muito cansados, recolheram a letra Z… A tarefa estava

concluída! Só faltava mesmo entregar todas as letras na Livrolândia e era preciso agir depressa, senão tudo desaparecia…

Nas mãos juntas de Beatriz, Rodrigo e os seus amigos fizeram uma roda gigante com as letras, de mãos dadas. Agarraram-se muito bem! Beatriz com muito cuidado mas ao mesmo tempo com muita força, soprou e esta roda-viva foi pelo ar e depois de sobrevoar sobre as nuvens, foi parar num campo enorme, com uma erva acastanhada e murcha. Tinham voltado à Livrolândia!

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- Adeus! Sejam felizes!- Obrigado, Beatriz!- agradeceram todos , ainda meio tontos

com a viagem.De repente, as letras começaram a formar um pó cintilante que

subia no ar.Nesse momento, a erva começou a ficar verde, as pessoas

começaram a sorrir e a correr pelo campo, os coelhos saltitavam, os pássaros, avezinhas da leitura, chilreavam e batiam com força as asas…A Livrolândia recuperava a sua cor e força!

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Rodrigo ficou parado a olhar tudo, encantado! “As letras têm tanta vida! Nunca tinha pensado nisso! E eu que não gostava delas nem dos livros!...”- pensou ele.

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Alguém o chamou ao lado:- Rodrigo!Rodrigo olhou para o lado e viu a mãe.- Como é que vieste parar aqui, mãe?- Aqui, onde? – perguntou a mãe -São horas de lanchar!

Adormeceste e parece que sonhaste!Rodrigo olhou à volta e viu que estava na sua cama.- Mãe! Chama a Ângela que eu quero ler-lhe uma história!- O quê? Tu queres ler?!!!! Estarás doente? – perguntou a

mãe pondo-lhe a mão na testa.- Sim mãe, quero ler! Descobri que os livros nos dão vida e

alegria.

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Ângela ficou muito feliz! Agora, todos os dias adormece com uma história que Rodrigo lhe lê.

Se escrevêssemos agora esta história, começávamos assim:

“Era uma vez um menino que adorava ler!”FIM

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História elaborada:

• Por todos os alunos da Escola de Calvário1Ano Lectivo 2009/2010Assinalar o Dia Internacional das Bibliotecas Escolares30 de Outubro de 2009

“Parabéns a todos pelo empenho!Não esqueçam!

A leitura é maravilhosa!Com o livro podemos viajar por onde quisermos!”