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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” O LÚDICO COMO NORTEADOR DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aparecida Francisca Arantes Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento. GOIÂNIA 2009

O LÚDICO COMO NORTEADOR DE APRENDIZAGEM NA … · verdadeiro cidadão para o exercício pleno da cidadania. LIBÂNEO, em um congresso realizado em Goiânia, aborda as concepções

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”

O LÚDICO COMO NORTEADOR DE APRENDIZAGEM

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aparecida Francisca Arantes

Trabalho monográfico apresentado

como requisito parcial para a obtenção

do Grau de Especialista em Educação

Infantil e Desenvolvimento.

GOIÂNIA

2009

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AGRADECIMENTO

Agradeço ao Pai Maior por essa vitória de

chegar ao final de mais um curso.

Agradeço especialmente a minha família pelo

apoio, resignação e compreensão nos momentos

de estudo e dedicação ao curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a minha

família pelo apoio e compreensão a minha

necessidade de aperfeiçoar, tendo paciência

nos momentos de minha ausência.

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"Educar é crescer. E crescer é viver.

Educação é, assim, vida no sentido mais

autêntico da palavra".

(Anísio Teixeira)

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RESUMO

A presente monografia foi estruturada com base em análise

bibliográfica sobre a importância do brincar na educação infantil, com o objetivo

de mostrar o quanto o lúdico auxilia na aprendizagem das crianças. Para que

os textos tivessem fundamentos foram pesquisados vários autores de renome

como: Vygotsky, Piaget, Rossini, dentre outros que enriqueceram bastante o

trabalho. O lúdico é um ótimo subsidio pedagógico ao professor, pois faz com

que a criança aprenda de forma descontraída e prazerosa e mais, faz com que

ela se interesse em aprender. É através do lúdico que a criança vive seu

próprio corpo, se relaciona com o outro e o mundo ao seu redor. O emprego do

lúdico na instituição escolar caracteriza-se com um subsidio pedagógico

riquíssimo na busca da valorização do movimento, das relações, solidariedade.

O lúdico é um imperativo ao ser humano e possibilita a integração com o meio

onde vive, sendo considerado como meio de expressão e tirocínio. As

atividades lúdicas possibilitam a inclusão de valores, desenvolvimento cultural,

assimilação de novos conhecimentos, desenvolvimento da sociabilidade e da

criatividade. Por intermédio do lúdico, a criança encontra o equilíbrio entre o

real e o imaginário, oferece a oportunidade de desenvolvimento de maneira

prazerosa. De alguma forma o lúdico se faz presente e acrescenta um

ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas, possibilitando

que a criatividade aflore. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em

qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento

do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e

cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior

fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e

construção do conhecimento. A brincadeira não é uma atividade inata, mas sim

uma atividade social e humana e que supõe contextos sociais, a partir dos

quais as crianças recriam a realidade através da utilização de sistemas

simbólicos próprios.

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METODOLOGIA

O presente estudo irá apresentar como tema o lúdico na Educação

Infantil e para realizá-lo será feita inicialmente uma definição de ludicidade,

bases legais da educação infantil e perfil do profissional da educação infantil,

com base na bibliografia de Piaget; No Referencial Curricular da Educação

Infantil; nos Parâmetros Curriculares Nacionais; em revistas como a Nova

Escola, Pátio, do Professor, entre outras.

Após diagnosticar e fundamentar a teoria, com base em autores

renomados, sobre o tema em pauta será feita uma pesquisa sobre o lúdico e

sua influência na aprendizagem da criança, também baseada nestas obras

bibliográficas citadas anteriormente. A Monografia será baseada apenas em

pesquisa qualitativa, tendo como foco as bibliografias citadas anteriormente.

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SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................ 08

Capítulo I – Educação Infantil: aspectos legais e o perfil do professor......... 11

1.1 – As leis que norteiam a Educação Infantil................................................ 11

1.2 – O educador de Educação Infantil............................................................ 15

1.3 – A criança e o inicio da vida escolar......................................................... 17

Capítulo II – O brincar na Educação Infantil.....................................................

21

2.1 – Ludicidade e a aprendizagem................................................................. 21

2.2 – A importância jogo e a Educação Infantil............................................... 27

2.3 – A Importância da Afetividade na Aprendizagem da Criança................... 32

Capítulo III – Brinquedos e brincadeiras...........................................................

33

3.1 – Por que brincar?...................................................................................... 33

3.2 – Brincadeiras antigas e a criança............................................................. 34

3.3 – Brincadeiras atuais e a criança............................................................... 36

3.4 – O educador e o lúdico............................................................................. 37

Considerações Finais.................................................................................... 41

Referências Bibliográficas............................................................................ 43

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INTRODUÇÃO

O tema dessa monografia “O lúdico na Educação Infantil”, se justifica

porque se tem como objetivo mostrar que os jogos, o lúdico auxiliam muito na

aprendizagem das crianças, tanto quanto a coordenação motora.

Brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a

criança. Brincando, ela não apenas de diverte, mas recria e interpreta o mundo

em que vive, se relaciona com este mundo. Brincando, a criança aprende. A

brincadeira é uma forma privilegiada de aprendizagem. Na medida em que vai

crescendo, a criança traz para suas brincadeiras o que vê, escutam, observa e

experimenta. As brincadeiras ficam mais interessantes quando a criança pode

combinar os diversos conhecimentos a que teve acesso. A ludicidade se torna

uma parte facilitadora da aprendizagem quando o educador faz uma reflexão

sobre sua forma de ensinar. A ludicidade contribui, de fato, com a

aprendizagem? Como? Qual é o papel do professor na opção por essa

metodologia?

Este trabalho se justifica porque, o período de adaptação da criança

é bastante difícil, pois é necessária muita compreensão por parte dos

educadores. É preciso que estes tenham preparo adequado para atender as

crianças.

Para que as crianças adaptem-se melhor a rotina da instituição, o

lúdico é bastante utilizado, principalmente o jogo.

A participação em jogos contribui para a formação de atitudes

sociais: respeito mútuo, solidariedade, cooperação, obediência às regras,

senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal. É jogando que a criança

aprende o valor do grupo como força integradora e o sentido da competição

salutar e da colaboração consciente e espontânea.

Os jogos são fatores fundamentais ao desenvolvimento das aptidões

físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta

estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes, descubra sua

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personalidade, aprenda a viver em sociedade e preparar-se para as funções

que assumirá na idade adulta.

Os jogos tradicionais, como amarelinha, o esconde-esconde, a

queimada, a cabra-cega etc. são encontrados, nas diferentes regiões do

mundo: Portugal, Espanha, França, Itália e outros.

Assim, o presente estudo tem por objetivo geral estudar a

importância dos jogos na Educação Infantil.

A finalidade dessa pesquisa é Identificar as bases legais da

Educação Infantil; Apresentar o perfil do Educador desta etapa; Identificar

porque o jogo e o lúdico são tão importantes na Educação Infantil; Mostrar a

importância das brincadeiras antigas e atuais na aprendizagem da criança;

O período inicial da inserção da criança na escola é de extrema

importância na construção dos alicerces de sua afetividade, socialização e

inteligência e, conseqüentemente, em seu desenvolvimento integral e

harmônico. Para que a escola possa cumprir esse papel, é necessário

conhecer as características do desenvolvimento das crianças de quatro a seis

anos e organizar o ambiente e as atividades para elas de modo a atender suas

necessidades nessa etapa da educação escolar.

O professor de Educação Infantil tem uma função muito especial na

vida da criança. Ele deve ser um profissional reflexivo, em constante formação

pessoal e acadêmica, aberto a mudanças e atento às diversidades e

pluralidades das crianças com as quais trabalha, de maneira a oferecer-lhes

uma prática de qualidade.

O lúdico também é uma ótima opção, pois além de atrair a atenção

dos educandos, através dele pode-se se levar este a aprender a aprender e

isso é imprescindível na educação, pois ao atingir este objetivo à aprendizagem

fica mais fácil.

O brincar é uma das formas mais comum do comportamento

humano, principalmente durante a infância. As crianças têm brincado e

jogado em todos os tempos ao longo da História em todas as culturas.

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Brincar é instintivo, voluntário e espontâneo, é natural e exploratório. A

limitação desse comportamento na infância poderá comprometer níveis de

desenvolvimento intelectual, interativo e motor.

Este estudo será desenvolvido com pesquisas bibliográficas como

Piaget, PCN, Menin, Revistas (Nova Escola, Professor, Pátio, etc.) internet e

outras bibliografias que favoreçam a compreensão do assunto.

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CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS

LEGAIS E O PERFIL DO PROFESSOR

O presente capítulo irá ressalvar sobre os aspectos legais que

regem a Educação Infantil, bem como qual é o papel do profissional que atua

nessa faixa etária.

O professor da educação infantil precisa ser amoroso, dedicado e

deve gostar muito de sua profissão.

O bom professor tem as seguintes características: humildade,

amorosidade, tolerância e coerência em todos seus afazeres.

1 - As leis que norteiam a Educação Infantil

A Educação Infantil começa de zero a seis anos e é preciso que os

governantes ofereçam esses direitos a todas as crianças, independentemente

da classe social, raça ou etnia. A Educação Infantil tem como objetivo geral o

desenvolvimento de uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez

mais independente. É preciso que a criança conheça e descubra seu próprio

corpo, suas potencialidades, limites, cuidados com a saúde, higiene. A criança

precisa aumentar o laço afetivo com os outros e crescer sua auto-estima,

aprender a relacionar e com as outras desenvolver atitudes de ajuda e

colaboração. Toda criança tem o direito de brincar, expressando, emoções,

desejos e necessidades.

A Educação Brasileira, no sentido de Educação Infantil teve algumas

melhorias como:

“Educação infantil:

Finalidades:

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A 1ª etapa da educação básica tem, como finalidade o

desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus

aspectos físicos, psicológico, intelectual e social; complementando a

ação da família e da comunidade.

Organização:

A educação infantil será oferecida em:

I – creches ou entidades equivalentes;

II – pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos de idade.

Avaliação:

Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e

registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção mesmo

para o acesso do ensino fundamental”. (LDB, 1996).

Além da LDB, há o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº

8.069, de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre a proteção integral à criança e

ao adolescente que em seu capítulo IV aborda a educação e no artigo 53 prevê

que, a criança e o adolescente têm direitos à educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho. Além de outros artigos que asseguram a criança e

ao adolescente o direito à educação. Assim sendo, já existem leis que

asseguram essa educação às crianças, portanto, o que falta é complementá-

las, especificá-las e colocá-las em prática. E para que sejam cumpridas,

primeiramente o professor precisa estar preparado para trabalhar com essas

crianças.

Segundo o REFERENCIAL curricular,

“O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de natureza diversas que

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abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos, provenientes das diversas áreas do conhecimento”. (1998, p. 41).

Portanto, é necessário o aperfeiçoamento constante por parte do

professor. Nossos governantes, no entanto precisam ter essa visão de que ao

qualificar seus educadores, seus profissionais, o Brasil poderá ter um

desenvolvimento mais acirrado e chegar até ao palco do primeiro mundo, basta

investir em educação de qualidade.

Tanto a escola quanto o educador, nesse novo milênio tem uma nova

função, ou seja, uma função mais aprimorada na formação do educando, como

verdadeiro cidadão para o exercício pleno da cidadania.

LIBÂNEO, em um congresso realizado em Goiânia, aborda as

concepções de seu livro “Organização e Gestão da Escola: teoria e prática”,

para enfatizar suas palavras.

Segundo ele,

“A escola hoje e o profissional do magistério precisa não apenas conviver, mas, também, articular-se e integrar-se com outras modalidades de educação não-formal, informal e profissional, a fim de formar cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo. Para isso, o ensino na escola deverá contribuir para: formar indivíduos capazes de pensar e de aprender a aprender permanentemente num contexto de avanço das tecnologias de produção, de modificação da organização do trabalho, das relações contratuais capital-trabalho, dos tipos de emprego; prover formação global que seja patamar para atender a necessidade de maior e melhor qualificação profissional, de preparação tecnológica e de desenvolvimento de atitudes e disposição para a vida numa sociedade técnico-informacional; desenvolver conhecimentos, capacidades e qualidades para o exercício autônomo, consciente e critico da cidadania; formar cidadão éticos e solidários”. (2001, p. 25).

Portanto, para atender a essas necessidades vigentes, o professor

precisa se preparar precisa de uma formação continuada.

O professor desempenha um papel de autonomia e muita

responsabilidade para estar trabalhando na preparação dos indivíduos. As

dimensões de atuação profissional do professor são política e pessoal.

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Segundo o REFERENCIAL CURRICULAR (1998, p. 53), “a

dimensão pessoal é também política e não há exercício político de cidadania

sem envolvimento pessoal”.

Além dessas proposições o REFERENCIAL mostra ainda que (1998,

p. 55), “Autonomia não é, portanto, a possibilidade de fazer o que se quer sem

ter que dar satisfação a ninguém; é o espaço da liberdade com

responsabilidade”.

O REFERENCIAL embasa sobre essa autonomia também na página

54, onde relata que,

“Para se desenvolver a autonomia como capacidade pessoal, é necessária a vivência de relações sociais não autoritárias, nas quais haja participação, liberdade de escolha, possibilidade de tomar decisões e assumir responsabilidades. Ao mesmo tempo, a efetivação de relações democráticas exige a participação de pessoas autônomas: capazes de fazer escolhas, tomar decisões e assumir responsabilidades compartilhadas”. (1999, p. 54).

A autonomia é essencial para o desempenho de uma prática

qualitativa e com êxito.

O REFERENCIAL, aborda que,

“Articulando a dimensão pessoal e social, trabalhar na perspectiva da autonomia possibilita superar a dicotomia entre as perspectivas individualistas e coletivistas, redutoras, cada uma a seu modo, da complexidade das questões humanas, políticas e educativas”. (1999, p. 55).

Assim, concebe-se ressaltar que a atuação do educador é

simultaneamente coletiva e pessoal.

“Na atuação do professor, autonomia é exercício de cooperação e criatividade, práticas de intervenção e transformação com base na realidade social. Implica poder, conhecimento, sensibilidade, desejo e responsabilidade – exercida “no” e “com” um coletivo, a partir de envolvimento pessoal”. (REFERENCIAL, 1999, p. 55)

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Fica claro então que o educador precisa assumir sua função com

empenho e ter autonomia para praticá-la. Para isso, precisa estar preparado,

apto a lidar com as novas situações decorrentes da globalização e das

mutações pelas quais a sociedade passa.

1.2 - O educador de Educação Infantil

A Educação Infantil tem tido uma grande expansão pelo nosso país,

isso porque o mundo evoluiu, o mercado de trabalho cedeu lugar à mulher e

esta está cada vez mais atuante, não sobrando tempo para ficar com os filhos

em casa. Isso faz com que o número de crianças na pré-escola aumente a

cada ano.

O período inicial da inserção da criança na escola é de extrema

importância na construção dos alicerces de sua afetividade, socialização e

inteligência e, conseqüentemente, em seu desenvolvimento integral e

harmônico. Para que a escola possa cumprir esse papel, é necessário

conhecer as características do desenvolvimento das crianças de quatro a seis

anos e organizar o ambiente e as atividades para elas de modo a atender suas

necessidades nessa etapa da educação escolar.

Percebe-se que é na Educação Infantil que a criança se apega

demais a professora, pois a vê como uma segunda mãe. Quando a criança se

comunicar socialmente com outras pessoas, desenvolve sentimentos de

simpatia e antipatia de acordo com seus interesses e valores.

O professor das séries iniciais deve preparar-se para ser um

pesquisador capaz de avaliar as muitas formas de aprendizagem que estimula

em sua prática cotidiana, as interações por ele construídas com crianças e

famílias em situações específicas. Ele é alguém cuja riqueza de experiências

vividas deve ser integrada ao conjunto de saberes que elabora o seu fazer

docente.

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Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil:

“O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos das diversas áreas de conhecimento”. (1998, p. 41).

Uma das importantes questões nesse processo é a da formação do

professor de séries iniciais, considerado como sendo todo profissional que

trabalha com crianças de 1ª a 4ª séries. Muitos desses profissionais têm uma

formação mais próxima de uma visão tradicional do que seria o trabalho

escolar com crianças mais velhas, faltando-lhes modelos de desempenho

adequados para mediar o desenvolvimento de crianças. Outros, não têm

sequer o nível mínimo de escolaridade legalmente requerido – a habilitação

magistério ou curso normal em nível médio, o que tem levado as políticas

públicas na área a dar maior atenção ao problema, criando programas

especiais de formação docente, sobretudo para educadores de séries iniciais.

Nesse sentido verifica-se:

“Para que os projetos educativos das instituições possam, de fato representar esse diálogo e debate constante, é preciso ter professores que estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de responder às demandas familiares e das crianças. Assim como às questões especificas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis”. (REFERENCIAL, 1998, p. 41).

Dessa forma, o professor deve preparar-se para ser um pesquisador

capaz de avaliar as muitas formas de aprendizagem que estimula em sua

prática cotidiana, as internações por ele construídas com crianças e famílias

em situações específicas. Ele é alguém cuja riqueza de experiências vividas

deve ser integrada ao conjunto de saberes que elabora sobre o seu fazer

docente.

Para que um professor introduza jogos no dia-a-dia de sua classe ou

planeje atividades lúdicas, é preciso, que ele acredite que brincar é essencial

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na aquisição de conhecimentos, no desenvolvimento da sociabilidade e na

construção da identidade.

1.3 – A criança e o inicio da vida escolar

Desde a concepção até a morte, o ser humano participa ativamente

do processo interrupto de desenvolvimento. Esse processo abrange o

crescimento do corpo, com suas características neurológicas, suas sensações,

e está aliado à crescente capacitação de raciocínio, à apreensão de conceitos

abstratos e à compreensão e segurança quanto aos aspectos afetivos e

sociais.

Conforme Maria Lúcia THIESSEN e BEAL,

“Na idade escolar inicial, o aspecto afetivo é caracterizado pelo aparecimento das simpatias e antipatias ligadas à valorização do próximo (colegas e adultos) e ao aparecimento de sentimentos de inferioridade e superioridade ligados a autovalorização”. (1987, p. 12).

Essa idade é aquela em que a criança se apega demais a

professora, pois a vê como sua segunda mãe.

Quando a criança passa a se comunicar socialmente com outras

pessoas, desenvolve sentimentos de simpatia e antipatia de acordo com seus

interesses e valores.

Para que haja simpatia é necessário que exista um mínimo de

equilíbrio ou enriquecimento mútuo. A antipatia é gerada quando as trocas

afetivas não proporcionam enriquecimento mútuo.

É muito importante lembrar que o professor precisa ser o mais

verdadeiro possível, assim conquistará a criança, se usar de falsidade, o

educando acaba percebendo e pode até prejudicar sua aprendizagem, devido

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ao laço que os une, porque a criança pequena direciona uma certa devoção ao

seu professor.

Existem várias formas de estar trabalhando para que haja um certo

estreitamento entre professor/aluno, precisa ser atividades criativas e

envolvente, os jogos são uma ótima opção. Jogo supõe relação social, supõe

interação. Por isso, a participação em jogos contribui para a formação de

atitudes sociais: respeito mútuo, solidariedade, cooperação, obediência às

regras, senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal. É jogando que a

criança aprende o valor do grupo como força integradora e o sentido da

competição salutar e da colaboração consciente e espontânea.

O jogo com regras: as brincadeiras em conjunto proporcionam o

desenvolvimento social das crianças e contribuem para a formação de

sentimentos e atitudes de cooperação e respeito mútuo.

O jogo corresponde a um impulso natural da criança e neste sentido,

satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência

lúdica.

“Brincando e jogando, a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que a cerca, aprendendo-a e assimilando-a. Brincando, jogando, a criança reproduz as suas vivências, transformando o real de acordo com seus desejos e interesses. Por isso, pode-se dizer que, através do brinquedo e do jogo, a criança expressa, assimila e constrói a sua realidade”. (RIZZI e HAUGDT, 1986, p. 15).

O jogo simbólico é uma forma de assimilação do real e um meio de

auto-expressão, pois à medida que a criança que a criança brinca de casinha,

representando os papéis de mãe, pai e filho, ou brinca de escola, reproduzindo

os papéis de professor e aluno, ela está, ao mesmo tempo, criando novas

cenas e também imitando situações reais por ela vivenciadas.

A criança tende a reproduzir nestes jogos as atitudes e as relações

predominantes no seu ambiente: ela será autoritária ou liberal, carinhosa ou

agressiva conforme o tratamento que recebe dos adultos com os quais convive.

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Outras atividades como história, mensagens de auto-estima são

ótimos subsídios para estar aumentando a segurança do aluno.

O trabalho em grupo favorece a interação com os companheiros e

possibilita à criança a descentralização do pensamento egocêntrico, condição

necessária para o alcance da objetividade.

Uma das características mais importantes da personalidade humana

é a criatividade. Ser criativo não é apenas saber expressar-se com

originalidade e senso crítico através das artes. Ao contrário, a arte é apenas

uma das formas de comunicação interpessoal que algumas pessoas criativas

são capazes de utilizar.

A repressão da criatividade na infância leva à formação de adultos

conformistas, incapazes de descobrir novos caminhos para a sua vida e a de

seus semelhantes.

A criatividade vista como capacidade de pensamento crítico e criador

poderá ser considerada parte do aspecto cognitivo da personalidade. Deve-se

ressaltar, entretanto, que o autoconhecimento, a auto-estima e a segurança

são pontos-chaves para o desenvolvimento de uma pessoa realmente criativa.

As atividades artísticas também devem ser precedidas de

explicações para que a criança saiba colorir, pintar, usar cola, etc. Ela precisa

saber manusear os materiais sozinha e com segurança, para criar e se

expressar livremente. É então que os trabalhos de artes podem ser utilizados

como registro dos conhecimentos adquiridos, relembrando e fixando o que foi

aprendido.

A criança interage com o meio ambiente através da inteligência:

primeiramente ela explora o local, manipulando objetos, materiais e

brinquedos; depois passa a organizá-los e finalmente consegue transformá-los,

elaborando seu conhecimento. Para alcançar este estágio é preciso que a

criança tenha oportunidade de explorar livremente o ambiente em que vive,

seja em sua casa ou pré-escola.

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Assim sendo, a criança precisa ter um bom professor para orientá-la

no seu desenvolvimento.

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CAP. II – O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Neste capítulo veremos que o brincar é uma das formas mais

comum do comportamento humano, principalmente durante a infância. As

crianças têm brincado e jogado em todos os tempos ao longo da História em

todas as culturas. Brincar é instintivo, voluntário e espontâneo, é natural e

exploratório. A limitação desse comportamento na infância poderá

comprometer níveis de desenvolvimento intelectual, interativo e motor.

2.1 – Ludicidade e a aprendizagem.

O lúdico é muito importante para a aprendizagem.

Em estudos realizados sobre aprendizagem infantil Negrine (1994, p.

18) afirma que “quando a criança chega à escola traz consigo uma pré-história

construída a partir de suas vivencias, grande parte delas através das atividades

lúdicas”.

Através de pesquisas bibliográficas foi concluído que a ludicidade é

uma via válida no processo ensino-aprendizagem em qualquer tipo de aula,

desportiva ou não. Porém, é sabido que as crianças não aprendem

automaticamente só porque dispõe de recursos lúdicos. Elas necessitam da

interação com os adultos e com outras crianças, visto que a aprendizagem é o

resultado de uma interação social e instrumental.

Hoje em nossas escolas, o educador pode fazer uso de muitas e

diversificadas técnicas e estratégias em busca de uma aprendizagem sólida.

Técnicas essas, conhecidas como Atividades Lúdicas, que podem envolver

brincadeiras, jogos ou divertimentos, relacionados aos brincar.

A ludicidade se torna uma parte facilitadora da aprendizagem quando

o educador faz uma reflexão sobre sua forma de ensinar.

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“A compreensão e uso adequado das técnicas motivadoras podem resultar em interesse, concentração da atenção, atividade produtiva e eficiente de uma classe, mas, a falta de motivação pode conduzir ao aumento da tensão emocional, problemas disciplinares, aborrecimentos e a aprendizagem pouco eficiente da classe”. (CAMPOS, 1986, p. 34).

Muitos professores, ainda hoje mostram preconceito com essa nova

maneira de ensinar, pois associam a disciplina ao silencio e vêem a conversa

como sinônimo de bagunça e indisciplina. O comportamento que se espera da

criança é da simples obediência, o silencio e a imobilidade. Segundo Rizzo

Pinto (1997, p. 22), “não há aprendizado sem atividade intelectual e sem

prazer”, o brincar tem um papel fundamental no desenvolvimento das

capacidades e exercita o sistema sensório-motor. Brincando a criança aprende

a lidar com o mundo e forma sua personalidade, recria situações do cotidiano e

experimenta sentimentos básicos, como o amor e o medo.

Os jogos didáticos utilizados em sala de aula simulam uma

brincadeira, onde as regras são criadas pelo professor ou em conjunto e

acontece quando se tenta ensinar conteúdos didáticos. A análise psicológica

da atividade de brincar permite ao professor não somente conhecer sobre a

criança e suas possibilidades de desenvolvimento, como também as

circunstancias, o contexto e as peculiaridades de sue ambiente social. Nesse

sentido, tais atividades lúdicas não podem ser consideradas um fim, mas sim

meio, instrumentos auxiliares para que cada aluno se lance com um maior vigor

no processo aprendizagem.

Vários aspectos devem ser levados em consideração na escolha dos

jogos lúdicos. O educador deve observar se estes estimulam a imaginação

infantil, possuem força socializadora, facilitam o processo de construção do

conhecimento e auxiliam na aquisição da auto-estima. É necessário saber

preparar as atividades lúdicas, de maneira que sejam atrativas, até mesmo

pelo fato de que nossas crianças estão acostumadas com vários brinquedos

eletrônicos e isto faz com que elas sejam mais espectadoras do que

intérpretes.

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Para Piaget, os jogos constituem-se em expressão e condição para o

desenvolvimento infantil. Já que, as crianças quando jogam assimilam e podem

transformar a realidade. Durante o seu desenvolvimento a criança estabelece

decisões, conflitua-se com seus adversários e reexamina seus conceitos.

Como afirma Vygotsky (1998), “as maiores aquisições de uma criança são

conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível

básico de ação real e moralmente”.

Sintetizando, o lúdico propicia a simulação de situações-problemas

que exigem soluções imediatas. Isso estimula o planejamento de ações e

possibilita a construção de uma atitude positiva diante dos erros, uma vez que

as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural,

no decorrer da ação sem deixar marcas negativas.

“Os métodos tradicionais de ensino estão cada vez menos atraentes

para a criança, ela quer participar questionar, atuar e não consegue ficar horas

a fio sentada ouvindo uma aula expositiva” (LOPES, 1998, p. 27).

E nós educadores temos que estar atentos para ao prepararmos

nossas aulas para que não caiam numa rotina, que só nós educadores falamos

e o educando sentadinho no seu canto só ouve.

Se assim o for correremos o risco de tornar nossa aula cansativa,

desinteressante que fará o aluno distrair-se ou causar-lhe sonolência e como

conseqüência de tudo isso a indisciplina e não o aprendizado.

Nosso mundo torna-se cada vez mais informatizado, com aparelhos

ultramodernos que se acionam apenas com uma voz de comando, sem

precisar tocar botão algum, e as crianças a cada dia se interam e fazem mais

parte dessas novas tecnologias. Até mesmo os desenhos animados são

ultramodernos. Seria então uma covardia fazer com que nossos alunos

cheguem todos os dias, sentem nas mesmas cadeiras enfileiradas e copiem

matérias e mais matérias do famoso quadro negro. Mas isso não quer dizer

que devamos aderir às novas práticas de ensino e abolir totalmente o que

dizemos tradicional, pelo contrário devemos dosar nossas aulas.

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Seria interessante que ao planejar suas aulas, o professor

procurasse diversificá-la colocando um pouco de tudo, música, jogos, TV, retro-

projetor, jornais, revistas e mesmo o livro didático. Interligando todas as

matérias, desenvolvendo projetos, pesquisas, aulas expositivas, etc.

O professor precisa por na sua cabeça que ele não é o poderoso,

mantedor do saber e sim um facilitador que precisa tanto ensinar como também

aprender, sendo o aprender mais importante que o próprio ensinar.

“Os professores normalmente reagem à inovação. Há os que são extremamente conservadores, por insegurança ou excesso de segurança, tem medo de mudar porque estão contentes com o que estão fazendo. Há os que adoram mudar, sobretudo, quando ninguém lhes cobra resultados e vivem a procura de uma nova técnica, de métodos ou soluções miraculosas. E há uma maioria que já se frustrou com tantas ondas de mudanças curricular ou metodológica que lhes são impostas pelas burocracias das secretárias e que não mais suportam ouvir falar em inovação”. (OLIVEIRA, 1997, p. 95).

O primeiro passo a ser tomado é o planejamento, quando

planejamos bem nossas aulas sabemos o que queremos, qual direção seguir,

como, sobretudo, nossos alunos sintam gosto e prazer de ir para a escola.

É necessário, sobretudo, se criar e recriar novas maneiras para se

ensinar e melhor para que aprendam, mas que este aprendizado seja

prazeroso sem pressões ou decorebas.

Para que o aluno aprenda, ele precisa se sentir envolvido pela

escola, que faça parte dela e não um objeto a ser manipulado por ela. Essa

tarefa não cabe só ao professor, e sim toda a escola, diretor, coordenador,

enfim um trabalho conjunto.

O mundo da criança é rico de imaginação de faz-de-conta e ali ela

pode tudo nos recreios principalmente quando ela tem a oportunidade de se

juntar a outras crianças da mesma idade, elas podem tudo, viajar pelos lugares

mais remotos do planeta, ser um grande rei ou uma charmosa rainha, navegar

como piratas, voar como astronautas e até mesmo galopar igual o misterioso

mascarado “Zorro” dos desenhos animados.

25

Nessas inúmeras viagens e aventuras a criança aprende, inventa e

redescobre novas maneiras de ser feliz ali no seu mundinho. Porém ao soar o

sino são obrigados a deixarem tudo para traz e encarar o famoso quadro-

negro, livro didático ou mesmo produzir um texto com o tema posto pelo

professor.

“A infância caracteriza-se por um estado de integração do ser com o meio ambiente e, portanto pela ausência egoística. As instituições educacionais geralmente ignoram a intuição, pois desconhecem a rica interioridade da criança e seu potencial de desenvolvimento”. (PUEBLA, 1998, p. 51).

Existem técnicas que além de despertar a fértil imaginação de

nossos alunos ainda, desperta o interesse e o gosto pela produção de textos.

Um exemplo é quando pedimos aos alunos que fechem os olhos e

vamos narrando lugares e os alunos e os alunos vão imaginando no final pedir

que relatem a sua história aos demais, transpondo-o no papel.

Ainda com o mesmo texto poderemos explorar tipos de paisagens,

solos água...Talvez surja daí a proposta de um piquenique e do piquenique

uma maravilhosa aula expositiva.

Afinal, um simples passeio ajuda a transformar a teoria em prática.

Podemos substituir o livro didático com todos seus números e

complicações por aulas práticas e agradabilíssimas.

O nosso folclore é repleto de jogos e brincadeiras que podem muito

bem ser encaixadas nessas aulas tornando-as bem mais prazerosas tanto para

o professor quanto para o aluno.

Seria muito importante e interessante que o professor resgatasse

brincadeiras do seu tempo de criança e apresentassem-nas aos alunos, do

mesmo modo seria apresentado pelos alunos às principais brincadeiras ditas

brincadeiras de rua praticadas hoje por eles, após a exposição será feito uma

escolha de algumas dessas brincadeiras para as aulas de Educação Física.

26

Os brinquedos cantados também exercem importante papel nas

aulas, pois além de movimentar as crianças, ainda poderão realizar pesquisas

sobre as danças e brincadeiras típicas de sua região e de todas as regiões

brasileiras, pois a nossa diversidade cultural oferece várias possibilidades de

aprendizado.

A escola está caminhando a cada dia para deixar de ser um lugar de

torturas e tornar-se um lugar prazeroso onde o aprendizado será uma

conseqüência e não mais uma forma de reprovar o aluno. Existem hoje várias

receitas prontas de como tornar uma aula mais agradável, cabe a nós

educadores adequá-las a nossa realidade, tomando o cuidado para que invés

de aprendizado nossas aulas virem apenas algazarra.

E o mais importante, trabalhar a literatura infantil, a leitura, pois a

leitura é um meio no qual, podemos internalizar, além do registro padrão da

língua, estruturas lingüísticas mais complexas desenvolvendo, de modo

globalizado o desempenho lingüístico do falante. Para tanto, é necessário, que

seja oferecido à leitura de textos ricos, variados e de boa qualidade, a partir

dos quais se torna possível à ampliação de experiências, e o desenvolvimento

do processo de leitura, escrita e fala.

As crianças geralmente estão expostas a experiências interessantes

sobre leitura e escrita em seu cotidiano, resultando com isso em uma melhor

compreensão do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que isso

seja possível, a escola deverá possuir um espaço privilegiado visando o

desenvolvimento do gosto pela leitura, tendo como principal função, propiciar o

encontro entre criança e livro de forma prazerosa.

A leitura produz sensações estéticas (prazer). Realizando

simbolicamente o que leu, o indivíduo libera seu mundo interior,organiza-se

internamente, buscando conhecer-se e vencer dificuldades.

Para ser criativo é preciso ter liberdade e saber usá-la. Cabe a nós,

educadores, encorajarmos o nosso aluno a se expressar, abrindo um espaço

interior para o estabelecimento de vínculos afetivos.

27

2.2 – A importância do jogo na Educação Infantil

A Educação Infantil, parte integrante da Educação Básica, é uma das

áreas educacionais cuja demanda tem sido crescente.

Nesse local a criança brinca. Certamente brinca. Começa a fazer

amigos, passa horas felizes convivendo com crianças e adultos que não são

seus familiares.

Não é apenas isso o que acontece. Até os 6 anos, a criança viverá

uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano, nos aspectos

intelectual, emocional, social e motor, que será tanto mais rica quanto mais

qualificadas forem às condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que

a cercam.

Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se

brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com

professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo

intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a

possibilidade de uma base sólida que influenciará todo o desenvolvimento

futuro dessa criança.

Toda escola de Educação Infantil precisa ter certeza do que quer

desenvolver na criança.

Assim, para formar uma criança saudável e desenvolver sua

capacidade de aprender a aprender, sua capacidade de pensar e estabelecer

as bases para a formação de uma pessoa ética capaz de conviver num

ambiente democrático.

Percebe-se que é na Educação Infantil que a criança se apega

demais a professora, pois a vê como uma segunda mãe. Quando a criança se

comunicar socialmente com outras pessoas, desenvolve sentimentos de

simpatia e antipatia de acordo com seus interesses e valores.

28

Na intenção de melhorar a qualidade educacional é que foi

estruturado esse projeto, já que o projeto político pedagógico é a “alma da

instituição”, ou seja, através dele se conhecer a realidade institucional, a

instituição desejada pela comunidade e o que fazer para atingir a qualidade.

Além disso, é um trabalho coletivo, onde todos os seguimentos se

unem para traçar objetivos e metas que tragam qualificação necessária a

educação oferecida neste estabelecimento.

O período inicial da inserção da criança na escola é de extrema

importância na construção dos alicerces de sua afetividade, socialização e

inteligência e, conseqüentemente, em seu desenvolvimento integral e

harmônico. Para que a escola possa cumprir esse papel, é necessário

conhecer as características do desenvolvimento das crianças de zero a seis

anos e organizar o ambiente e as atividades para elas de modo a atender suas

necessidades nessa etapa da educação escolar.

Conforme Maria Lúcia THIESSEN e Ana Rosa BEAL,

“Na idade escolar inicial, o aspecto afetivo é caracterizado pelo aparecimento das simpatias e antipatias ligadas à valorização do próximo (colegas e adultos) e ao aparecimento de sentimentos de inferioridade e superioridade ligados a autovalorização”. (1987, p. 12).

Essa idade é aquela em que a criança se apega demais à

professora, pois a vê como sua segunda mãe.

Quando a criança passa a se comunicar socialmente com outras

pessoas, desenvolve sentimentos de simpatia e antipatia de acordo com seus

interesses e valores.

O período de adaptação da criança é bastante difícil, pois é

necessário muita compreensão por parte dos educadores. É preciso que estes

tenham preparo adequado para atender as crianças.

29

Piaget (1998) acredita que ele é essencial na vida da criança. De

início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma

determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos.

Em torno dos 2-3 e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos

simbólicos, que satisfazem à necessidade da criança de não somente

relembrar o mentalmente o acontecido, mas de executar a representação.

Em período posterior surgem os jogos de regras, que são

transmitidos socialmente de criança para criança e por conseqüência vão

aumentando de importância de acordo com o progresso de seu

desenvolvimento social. Para Piaget, o jogo constitui-se em expressão e

condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam

assimilam e podem transformar a realidade.

Já Vygotsky (1998), diferentemente de Piaget, considera que o

desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas

superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para

explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem

passivo: é interativo.

Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas

privilegiadas de acesso a informações: aprendem à regra do jogo, por exemplo,

através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na

solução de problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento

pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não.

Enquanto Vygotsky fala do faz-de-conta, Piaget fala do jogo

simbólico, e pode-se dizer, segundo Oliveira (1997), que são correspondentes.

“O brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na

criança”. (OLIVEIRA, 1977: 67), lembrando que ele afirma que a aquisição do

conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: a real e a

proximal. A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é

o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de início, com o

auxílio de outras pessoas mais “capazes”, que já tenham adquirido esse

conhecimento.

30

“As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no

brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real

e moralidade”. (VYGOTSKY, 1998).

Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática

educativa .

Para Vygotsky, citado por Wajskop (1999:35): ...a brincadeira cria

para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa

senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela

capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de

desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema,

sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz.

Vygotsky, citado por Lins (1999), classifica o brincar em algumas

fases: durante a primeira fase a criança começa a se distanciar de seu primeiro

meio social, representado pela mãe, começa a falar, andar e movimentar-se

em volta das coisas. Nesta fase, o ambiente a alcança por meio do adulto e

pode-se dizer que a fase estende-se até em torno dos sete anos. A segunda

fase é caracterizada pela imitação, a criança copia os modelos dos adultos. A

terceira fase é marcada pelas convenções que surgem de regras e convenções

a elas associadas.

Vygotsky (1989, p. 109), ainda afirma que: é enorme a influência do

brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança

aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa,

dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos

fornecidos por objetos externos”.

A noção de “zona proximal de desenvolvimento” interliga-se,

portanto, de maneira muito forte, à sensibilidade do professor em relação às

necessidades e capacidades da criança e à sua aptidão para utilizar as

contingências do meio a fim de dar-lhe a possibilidade de passar do que sabe

fazer para o que não sabe. (POURTOIS, 1999, p. 109).

31

As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo

com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra, desta forma, pode-se

perceber a importância do professor conhecer a teoria de Vygotsky.

No processo da educação infantil o papel do professor é de suma

importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa

das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento.

A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em

favor do conhecimento estruturado e formalizado, ignora as dimensões

educativas da brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a

atividade construtiva da criança. É urgente e necessário que o professor

procure ampliar cada vez mais as vivências da criança com o ambiente físico,

com brinquedos, brincadeiras e com outras crianças.

O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade,

deverá encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida

em que os professores compreenderem melhor toda sua capacidade potencial

de contribuir para com o desenvolvimento da criança.

NEGRINE (1994, pág. 20), em estudos realizados sobre

aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que "quando a criança chega

à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas

vivências, grande parte delas através da atividade lúdica".

Segundo esse autor, é fundamental que os professores tenham

conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente

familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.

Entendemos, a partir dos princípios aqui expostos, que o professor

deverá contemplar a brincadeira como princípio norteador das atividades

didático-pedagógicas, possibilitando às manifestações corporais encontrarem

significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o

mundo.

32

2.3 – A Importância da Afetividade na Aprendizagem da Criança

A afetividade tem um papel imprescindível no processo de

desenvolvimento da personalidade da criança, que se manifesta primeiramente

no comportamento e posteriormente na expressão. ALMEIDA (1999, p. 42) ao

mencionar WALLON diz que ele “atribui à emoção como os sentimentos e

desejos, são manifestações da vida afetiva, um papel fundamental no processo

de desenvolvimento humano. Entende-se por emoção as formas corporais de

expressar o estado de espírito da pessoa, este estado afetivo pode ser penoso

ou agradável.”

O sucesso ou fracasso do aluno, na escola, depende em parte de

sua auto-estima, da confiança que tem em si mesmo. Mas essa auto-estima e

essa confiança originam-se da estima e da confiança que os outros depositam

nele, principalmente o professor. A necessidade de realização expressa à

tendência a transformar em realidade o que somos potencialmente, a realizar

os planos e sonhos, a alcançar os objetivos.

A busca da realização é uma das motivações básicas do ser

humano; pode atuar fortemente em sala de aula, em benefício da

aprendizagem.

É fundamental que a criança seja estimulada em sua criatividade e

que seja respondida às suas curiosidades por meio de descobertas concretas,

desenvolvendo a sua auto-estima, criando em si uma maior segurança,

confiança, tão necessária à vida adulta.

É preciso que os pais se impliquem nos processos educativos dos

filhos no sentido de motivá-los afetivamente ao aprendizado. O aprendizado

formal ou a educação escolar, para ser bem-sucedida não depende apenas de

uma boa escola ou de bons programas, mas, principalmente, de como a

criança é tratada em casa e dos estímulos que recebe para aprender;

33

CAP. III – BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

Nesse capítulo observar-se-á a importância dos jogos e brincadeiras

na vida da criança, bem como a diferença entre brinquedo e brincadeira.

3.1 – Por que brincar?

Desde o nascimento, as crianças são mergulhadas num contexto

social. Os adultos que convivem com elas, quando se transformam em

parceiros de seus jogos e brincadeiras, muitas vezes não se dão conta da

importância de cada gesto, de cada palavra, de cada movimento. Alguns

desses adultos cantam, transmitem conhecimentos e ensinam brincadeiras.

Outros pensam que as crianças não entendem nada e que só é preciso cuidar

para que não fiquem doentes, não passem fome, frio ou sede.

Brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a

criança. Brincando, ela não apenas de diverte, mas recria e interpreta o mundo

em que vive, se relaciona com este mundo. Brincando, a criança aprende. Por

isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e brincadeiras

ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil.

Na visão sócio- histórica de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma

atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando

sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto cultural e

social. É uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e

realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de

34

expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir

relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

Vygotsky (1987) afirma que na brincadeira “a criança se comporta

além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento

diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade”

(p.117). Em sua visão, a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento

proximal favorecendo e permitindo que as ações da criança ultrapassem o

desenvolvimento real já alcançado permitindo-lhe novas possibilidades de ação

sobre o mundo.

A brincadeira é uma forma privilegiada de aprendizagem. Na medida

em que vão crescendo, as crianças trazem para suas brincadeiras o que vêem,

escutam, observam e experimentam. As brincadeiras ficam mais interessantes

quando as crianças podem combinar os diversos conhecimentos a que tiveram

acesso. Nessas combinações, muitas vezes inusitadas aos olhos dos adultos,

as crianças revelam suas visões de mundo, suas descobertas.

Atualmente, as crianças começam a freqüentar cada vez mais cedo

as instituições voltadas para elas, como as creches e as escolas de Educação

Infantil. Nesses espaços, o brincar é, muitas vezes, desvalorizado em relação a

outras atividades, consideradas mais produtivas. A brincadeira acaba

ocupando o tempo da espera, do intervalo. Valorizar a brincadeira não é

apenas permiti-la, é suscitá-la.

Ao observarmos atentamente o modo como as diferentes crianças

brincam, é possível perceber que os usos que fazem dos brinquedos e a forma

de organizá-los estão relacionados com seus contextos de vida e expressam

visões de mundo particulares.

3.2 – Brincadeiras antigas e a criança

As brincadeiras de infância são muito importantes na formação da

criança, no desenvolvimento da noção de espaço, da lateralidade, no

35

entendimento de regras e valores, da coordenação motora, da interação com o

grupo e tantas outras habilidades que podem ser desenvolvidas.

Infelizmente o que mais se vê hoje em dia são as crianças dentro de

apartamentos na frente do videogame, do computador ou da televisão. Parece

que aquelas brincadeiras antigas e que tanto nos divertiam foram relegadas ao

esquecimento. As meninas brincavam de passa-anel, amarelinha ou corda,

enquanto os meninos jogavam bolinha de gude, pião ou faziam cabo de guerra.

A turma toda se reunia também em outros momentos. Era a hora da queimada,

do esconde-esconde, do elefante colorido e do corre.

Algumas coisas vêm contribuindo para essa mudança na sociedade,

essa transformação no cotidiano das pessoas, como:

• A violência, que a cada dia trás mais medo aos moradores das

grandes cidades e, de certa forma, impede que as crianças brinquem

na rua;

• A correria cada vez maior e mais precoce para se preparar as

crianças para o mercado de trabalho (cursos de inglês, espanhol,

informática...);

• A necessidade dos pais trabalharem mais para possibilitarem aos

filhos uma vida melhor (e por isso não têm tempo de brincar com as

crianças e quando têm, querem descansar);

• O valor maior dado ao “Ter” do que ao “Ser”. Assim, mesmo que

inconscientemente, os adultos de um modo geral pensam estar

fazendo um bem maior à criança trabalhando muito para que ela

possa “Ter” o brinquedo que quer e acaba não pensando que ela não

tem com quem brincar;

• A redução das famílias, que cada vez têm menos filhos e assim a

criança fica ainda mais privada da relação cotidiana com outras

crianças fora do ambiente escolar;

• Tudo isso aliado às novas tecnologias que fazem os brinquedos

mais diferentes e interessantes, mas que não sugerem (ou mesmo

36

não possibilitam) o contato com outras pessoas (é apenas a criança

e o jogo de computador ou vídeo-game, mais ninguém).

Essas transformações que vêm ocorrendo com a infância estão

diretamente ligadas à transformação ocorrida nas famílias.

É importante lembrar que brincar faz parte do desenvolvimento da

criança e que as brincadeiras oferecem diversão e entretenimento, além de

ajudar no aprendizado.

A cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar

a cultura infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer

de brincar.

3.3 – Brincadeiras atuais e a criança

Os jogos da criança pequena são fundamentais para o seu

desenvolvimento e para a aprendizagem, pois envolvem diversão e ao mesmo

tempo uma postura de seriedade. A brincadeira é para a criança um espaço de

investigação e construção de conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo.

Brincar é uma forma de a criança exercitar sua imaginação. A imaginação é

uma forma que permite às crianças relacionarem seus interesses e suas

necessidades com a realidade de um mundo que pouco conhecem. A

brincadeira expressa à forma como uma criança reflete, organiza, desorganiza,

constrói,destrói e reconstrói o seu mundo.

A brincadeira é uma ponte para a realidade e que nós, adultos,

através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e

constrói o mundo: quais são as suas preocupações, que problemas ela sente,

como ela gostaria que fosse a sua vida. Ela expressa o que teria dificuldade de

colocar em palavras. Ou seja, brincar é a sua linguagem secreta que devemos

respeitar mesmo que não a entendamos.

37

Atualmente as crianças não brincam mais como antigamente, pois ao

invés de jogos, brincadeiras de roda e de rua, se restringe aos computadores,

vídeo-game, entre outros.

As brincadeiras atuais são também individualista, ou seja, planejadas

para crianças sozinhas, de forma que se entreteçam e não dêem trabalho aos

pais.

As crianças que tem oportunidade de brincar, estarão mais

preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do

contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da

sua vida.

(...) O Jogo constitui o pólo extremo da assimilação do real ao eu”

(Piaget, A formação do símbolo na criança, p. 207). Os objetivos dos jogos

infantis a serem alcançados na aprendizagem utilizando diferentes técnicas de

jogos didáticos, baseia-se em tornar o ensino de conteúdos e a assimilação

mais prazerosa e fácil para a criança, promovendo através da criatividade das

atividades, um maior interesse do aluno no conteúdo dado e principalmente

juntamente com os alunos , desenvolver a capacidade de memorizar, a

coordenação, atenção, socialização, além de outros aspectos necessários para

um bom aprendizado dentro da sala de aula.

3.4 – O educador e o lúdico

Ser Professor não é tarefa fácil, é preciso muito idealismo.

Esta profissão exige doação integral, pois além de ensinar, é

necessário educar.

Professores são modelos, os alunos imitam seus gestos, suas ações,

o que delega aos educadores grande responsabilidade.

38

As metodologias tornam-se singulares e repetitivos, porém o maior

desafio é formar o senso crítico do aluno, contribuindo para que se torne um

cidadão atuante na sociedade.

Educar para a cidadania global significa formar seres capazes de

conviver, comunicar e dialogar num mundo interativo e interdependente

utilizando os instrumentos da cultura. Significa preparar o indivíduo para que

acima do individual, deverá sempre prevalecer o coletivo.

Para se formar cidadãos críticos e sabedores de suas obrigações, a

escola exerce papel fundamental para que o indivíduo compreenda o mundo e

suas transformações, sendo o eixo central e participativo representando as

diversidades culturais de cada um.

O profissional da educação hoje precisa estar apto a lidar com as

conseqüências e influências da globalização, a fim de formar cidadão mais

preparados e qualificados para um novo tempo. Para isso, o ensino ministrado

deverá contribuir para formar indivíduos capazes de pensar e de aprender a

aprender permanentemente num contexto de avanço das tecnologias de

produção, de modificações da organização do trabalho e prover formação

global.

O professor deve continuar investindo na ajuda aos alunos a se

tornarem críticos, a se engajarem na luta pela justiça social. Além disso, o

educador pode ajudar desenvolvimento de competências comunicativas que

possibilitarão um diálogo em um consenso baseado na razão crítica.

O Referencial Curricular Nacional faz uma abordagem importante em

relação ao educador (1998, p. 55), “os professores são profissionais cuja ação

influi de modo significativo na constituição da subjetividade de seus alunos

como pessoas e como cidadãos”.

Isso significa que o professor tem uma parte de responsabilidade na

formação do educando, alguma coisa que ensinou orientará seu aluno em

algum momento de sua vida e seria muito bom que essa influencia fosse

positiva, que o professore se orgulhasse de dizer, “contribui para o sucesso

39

desse cidadão” e não que venha dizer, “contribui para o fracasso desse

individuo!”.

O professor deve agir sobre a relação pedagógica mediante

processos comunicacionais facilitadores, para aí criar um sistema interativo

que, para além dos conteúdos programáticos e das imposições normativas do

Sistema Educativo, não deixe de equacionar as necessidades e o sentir

humano. Os recursos multissensoriais são de grande importância no

desenvolvimento dos alunos, pois além de estarem envoltos na tecnologia em

que estão acostumados nos dias de hoje, elas são um suporte muito prático

que ajudam o professor na transmissão de conhecimentos, e fazem a aula

mais prazerosa e interessante.

Além disso, o lúdico também é uma ótima opção, pois além de atrair

a atenção dos educandos, através dele pode-se se levar este a aprender a

aprender e isso é imprescindível na educação, pois ao atingir este objetivo à

aprendizagem fica mais fácil.

Como diz Antunes (2001, p. 10), “quem aprende a aprender pode um

dia ficar uma pessoa enorme. Enorme de conhecimento e, por isso, cheia de

amor, de experiência, de bondade e de tudo quanto é útil”.

Quem ensina precisa incentivar os alunos a relacionarem o que foi

aprendido na escola com outras experiências fora dela e a propor temas e

problemas que considerem relevantes para serem debatidos.

O professor pode ajudar os alunos a superar visões de mundo

restritivas, individualistas ou autoritárias, obtendo esquemas de significações

mais flexíveis, complexos e criativos.

Segundo Weil (2002, p. 75), “a atenção de quem ensina deve ser

concentrada inteiramente nos alunos”.

O professor deve manter um relacionamento de equilíbrio, amizade e

responsabilidade para com o educando.

Weil fala que,

40

“Cultivar no educando o senso de responsabilidade, o hábito de trabalhar em grupo, o gosto pela pesquisa e pela objetividade cientifica, assim como o respeito pelo próximo, não se faz através de aulas verbais nem discursos, mas sim pelo exemplo pessoal dos educadores e pela participação ativa dos educadores e pela participação ativa do aluno nos estudos”. (2002, p. 76)

Portanto, o educador precisa estimular o senso de responsabilidade,

respeito, amizade e gosto em aprender no aluno, assim o seu desenvolvimento

será bem melhor.

Ao estabelecer metodologias práticas e dinâmicas, o educador

poderá obter resultados mais eficazes.

41

Considerações Finais

Diante do que foi lido e analisado, observa-se que o lúdico, se bem

planejado propicia sim a aprendizagem, pois ao brincar a criança se interage,

participa, se interessa e consequentemente a aprendizagem acontece. Para

aprender, o aluno necessita mais do que apenas obter conhecimentos. Ele

precisa querer aprender, sentir satisfação nesse aprender e reconhecer a

importância dessa aprendizagem em sua vida cotidiana.

A ludicidade se torna uma parte facilitadora da aprendizagem quando

o educador faz uma reflexão sobre sua forma de ensinar.

No processo de ensino-aprendizagem as atividades lúdicas ajudam a

construir uma práxis emancipadora e integradora, ao tornarem-se um

instrumento de aprendizagem que favorece a aquisição do conhecimento em

perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando

A brincadeira não é uma atividade inata, mas sim uma atividade

social e humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças

recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios.

É através do lúdico que a criança vive seu próprio corpo, se

relaciona com o outro e o mundo ao seu redor.

A utilização do lúdico na escola caracteriza-se com um recurso

pedagógico riquíssimo na busca da valorização do movimento, das relações,

solidariedade. O lúdico é uma necessidade humana e proporciona a

integração com o ambiente onde vive, sendo considerado como meio de

expressão e aprendizado.

As atividades lúdicas possibilitam a incorporação de valores,

desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos,

desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Por intermédio do lúdico, a

criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, oferece a

oportunidade de desenvolvimento de maneira prazerosa. Brincar é um ato

criador.

42

Quando olhamos para a criança escutamos seus raciocínios, ou

observamos seus comportamentos, podemos notar que toda sua vida é

iluminada pelo lúdico.

Sintetizando, o lúdico propicia a simulação de situações-problemas

que exigem soluções imediatas. Isso estimula o planejamento de ações e

possibilita a construção de uma atitude positiva diante dos erros, uma vez que

as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural,

no decorrer da ação sem deixar marcas negativas.

Sendo assim a escola e, principalmente, a educação infantil deveria

considerar o lúdico como parceiro e utiliza-lo amplamente para atuar no

desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

43

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”

O LÚDICO COMO NORTEADOR DE APRENDIZAGEM

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aparecida Francisca Arantes

GOIÂNIA

2009

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