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O IMPACTO DO REGISTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO (RAI)
NA ATIVIDADE POLICIAL
REGISTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO (RAI) AND IT´S
AFECTS IN THE POLICE ACTIVY
FERREIRA, Hugo Domingos 1
SOUZA, Gustavo Batista de Castro 2
RESUMO
Este estudo tem como objetivo servir de auxilio no estudo e identificação de diretrizes para se desenvolver melhorias no sistema de Registro de Atendimento Integrado (RAI), através de uma pesquisa de satisfação junto a um conjunto de usuários das diversas forças de segurança pública da região de Aparecida de Goiânia. Esse estudo constatou que apesar do sistema ser avaliado positivamente pela a maioria dos entrevistados, existem diversas sugestões a serem levados em consideração, tendo em vista a visão centralizadora que o sistema tem, pois algumas instituições questionam a falta de certas informações especificas de sua área de atuação que ainda não estão contempladas pelo sistema. Desse modo, enfatiza-se a importância de se levar em consideração a opinião e as sugestões dos entrevistados pois são estes quem usam o sistema e sabem da realidade da aplicabilidade do sistema.
Palavras-chave: Estudo. RAI. Forças de Segurança Pública.
ABSTRACT
This research aims to aid in finding and identifying ways of guidelines and to enhance the Registro de Atendimento Integrado (RAI) system through a satisfaction inquiring with a group of the system’s users of the different safety forces of Aparecida de Goiânia area. This research verified, even though the system is well accepted amongst the interviewed, if there were many suggestions that should to be taken on account considering the goal of been a centralized recording system. On this account some users of institutions diverse of Military Police identified specific information that were not in the system. Thus is important to emphasize the relevance of the suggestions and opinions collected with the interviewed crew assembled in this research, considering they are the system’s users and the ones that know it’s applicability in the real life daily activities.
Keywords: Resarch. RAI. Public Safety Forces.
1Aluno do Curso de Curso de Formação de Praças do Comando da Academia da Polícia Militar de
Goiás - CAPM, [email protected]; Aparecida de Goiânia – Go, Maio de 2018 2Professor orientador: Mestre em Engenharia Elétrica e de Computação pela Universidade Federal
de Goiás. Professor do Programa de Pós-Graduação e Extensão da Academia da Polícia Militar
de Goiás [email protected], Goiânia – Go, Maio de 2018.
2
1 INTRODUÇÃO
Com os avanços tecnológicos das sociedades e todo seu processo de
evolução, comunicação, etc, também as organizações criminosas se tornaram mais
sofisticadas, exigindo da administração pública que procurasse combatê-las de
forma mais eficiente; procurando desta forma encontrar meios que a auxiliassem
nesse sentido.
A Administração Pública por si só é complexa e burocrática, tornando
assim, qualquer processo, em qualquer área de sua atuação, lento e demorado.
Como referido anteriormente, a sociedade tem evoluído e também as organizações
privadas, procurando formas de melhor atender seu cliente, seu maior aliado são
as tecnologias da informação e comunicação pois têm trazido eficiência e eficácia
nos procedimentos das instituições e organizações, permitindo atender seus
clientes de melhor forma, e assim lucrando.
Portanto, apesar do Poder Público não buscar o lucro de forma direta, o
mesmo no entanto, também necessita atender seus clientes (contribuintes), de
forma eficaz e eficiente. Por isso ele também têm constatado que precisa adaptar
seus meios de atuação de forma a consegui-lo. Assim sendo, tem existido um
investimento massivo pelo poder público de modo a informatizar seus processos e
também a educar seus agentes nesse sentido, de modo a usar esses novos
mecanismos corretamente, tornando sua ação o mais eficiente e eficaz possível.
Contudo, verificava-se uma grande dificuldade de comunicação entre as
diversas instituições que constituíam as forças de segurança pública. Seja devido
a relação separatista que ainda existe entre elas, seja por desinteresse da
administração pública ou outros fatores e interesses diversos. Neste sentido, o
Governo de Goiás, seguindo também diretrizes a nível nacional, decidiu investir
numa tecnologia que permitisse uma maior e mais fácil comunicação entre as
mesmas, (Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Técnico-Científica, Bombeiros, etc),
disponibilizando uma plataforma de sistemas integrados que facilite essa
comunicação entre esses órgãos, evitando assim a redundância e a perda de
informação, proporcionando portanto, maior celeridade no processo.
3
Levando em consideração a Polícia Militar, mais especificamente, como
função principal a manutenção da ordem pública, através de ações preventivas
visando inibir atividades ilícitas executando o policiamento ostensivo. Portanto, sua
atividade fim é feita em campo, trabalhando com informação, tratando-as e
registrando-as como: registro de ocorrências, a fiscalização de trânsito, ou na
atuação em uma patrulha “Maria da Penha”, ou num policiamento comunitário, ou
ainda em sua função investigativa cumprindo mandato judicial para a recolha de
material necessário em investigação ou processo correndo na justiça, entre outros.
Portanto, necessita de meios adequados para o armazenamento,
processamento e disseminação das informações, para por exemplo, dar a devida
publicidade aos objetivos alcançadas em determinada ação de combate ao crime.
Assim as tecnologias de informação são armas importantes no tratamento,
manuseio, na agilidade, na qualidade e segurança desses dados.
Deste modo, verifica-se que a Polícia Militar (dentro das forças de
segurança pública), precisa modernizar-se no sentido de usar essas tecnologias
para potencializar sua ação frente as forças do crime tirando proveito dessas
tecnologias. Contudo, não se deve esquecer que a mesma depende verba estatal,
e assim, precisa de investimento para atualizar seu parque informático, especializar
e atualizar seu efetivo nas formas avançadas de tecnologia da informação. Pois de
nada serve o Estado investir em sistemas avançados de sistematização e
centralizada da informação, se não se investir também, na formação de seus
servidores, que são afinal, quem estarão na frente da ação usando de forma eficaz
esses mecanismos que os auxiliarão nas suas atividades diárias.
“A maior parte das pesquisas sistemáticas sugerem que a ausência de
treinamento nas novas técnicas, o medo e resistências dos policiais vão minando
o potencial dessas inovações” (MANNING, 2003, p.400apud SANTOS; ANJOS;
ANDRADE; 2009).
Portanto, com este trabalho pretende-se estudar o impacto das
tecnologias disponibilizadas às forças de segurança pública na sua atividade
ordinária e também seu efeito prático na atuação dos seus agentes, pois como
referido, são estes quem beneficiários diretos desse investimento. Dado que para
4
a sociedade, o resultado é indireto, constatando-o nos índices e resultados gerais
apresentados pela administração pública resultantes da ação de seus órgãos
auxiliados por essas tecnologias em suas ações diárias de combate ao crime,
investigação criminal e manutenção da ordem pública.
2 REVISÃO LITERATURA
Na realidade atual é impossível falar de eficiência sem associá-la as
tecnologias da informação. Isto é devido à grande importância das mesmas nas
vidas das pessoas e das instituições. No setor público não seria diferente,
principalmente na área da segurança pública.
Segundo Back (2006), eficiência nada mais é que um "resultado total
sem perda", portanto, significa alcançar resultados delineados em programas de
forma sistematizada, com o intuito de diminuição de gastos operacionais sem,
contudo, representar uma degradação no grau de qualidade e oportunidade dos
serviços prestados pela Entidade, Projeto ou Empresa Pública.
Relativamente à eficácia Back (2006), defende como eficaz a
administração/entidade que ao alcançar suas metas e atinge os "efeitos
necessários", portanto, logra as metas a que se propôs.
Portanto a eficiência e eficácia andam lado a lado e tem se tornado
objetivo almejado tanto pela a iniciativa privada quanto a pública, pois sem esses
pontos, suas ações não obteriam os resultados esperados (lucro / satisfação de
seus clientes, respectivamente).
Deste modo, faz-se necessário associar as tecnologias da informação à
segurança pública de modo a se obter essa eficiência e eficácia pretendida.
Consequentemente ocorre uma reestruturação e reconfiguração organizacional e
operacional devido a integração de processos na forma de realizar o trabalho
(VENKATRAMAN, 1991 apud ALBERTIN, 2005).
5
A área da Segurança Pública no Brasil caracteriza-se por ser composta
por diversos órgãos públicos, nos três patamares de poder da administração
pública, Federal, Estadual e Municipal. Onde cada um, na sua atuação por sua
competência conforme definição constitucional, realizando-a de maneira
independente e isolada.
Deste modo não se observa no poder público uma organização sistêmica
que proporcionaria uma atuação integrada e coordenada desses órgãos. Ocorre
assim, o inverso, uma atuação descoordenada, mesmo em situações que exijam a
atuação de mais de uma instituição (SILVA, 2014).
Verifica-se que atualmente existe uma maior aplicabilidade de
informações no âmbito do setor público de modo a auxiliar nas definições de novas
diretrizes baseadas em informações pelos administradores públicos (autoridades
responsáveis). Assumindo assim um papel de grande importância no combate a
utilização irresponsável e indiscriminada dos recursos públicos e da máquina
Estatal (ARAÚJO, 2008).
Existe uma maior reticência no setor público do que no privado no que
concerne a adoção de novas tecnologias e inovação, sendo reflexo da dificuldade
em inovar a administração pública devido em grande parte das vezes do
desinteresse dos responsáveis por ela ou devido a burocracia (ARAÚJO, 2008).
Vale ainda ressaltar que os grupos criminosos muitas vezes têm mecanismos muito
mais avançados, como relata Silva (2006):
Com os avanços espantosos das tecnologias nas áreas mais significativas
da esfera global, os grupos de criminosos utilizam as novas formas de
comunicação e transporte. Saindo assim na frente dos governos,
utilizando técnicas avançadas de gerenciamento, controle de produção e
distribuição. Este é o caso dos cartéis de drogas no mundo (SILVA, 2006,
p 26 Apud ARAÚJO, 2008, p 3)
Levando em consideração a Segurança Pública, mais especificamente
a atividade policial, verifica-se que esta, seja em seu trabalho comum ou ações
específicas policiais, como a atuação em eventos especiais ou ações coordenadas
com diferentes forças (como blitz onde trabalham com entidades de transido,
DETRAN por exemplo). Constata-se a necessidade do registro, armazenamento e
manutenção de dados. Deste modo, as tecnologias da informação, apresentam-se
6
como auxiliar fundamental de modo a proporcionar celeridade, qualidade e
segurança no manuseio de dados. (SANTOS; ANJOS; ANDRADE, 2009).
Devido ao fato de a polícia se relacionar diretamente com a população,
torna a mesma em uma de suas principais fontes de informação. Assim sendo,
verifica-se que para se entender as funções da polícia, é de relevante importância
entender como a mesma obtém, processa, codifica, decodifica e usa essas
informações (MANNING, 2003, p.375 apud SANTOS; ANJOS; ANDRADE, 2009).
Portanto constata-se que uma polícia eficiente é aquela que tem
tecnologia como aliada. Assim sendo, pode-se afirmar que o desenvolvimento de
uma Segurança Pública eficiente está intrinsicamente ligado a aplicação, e a
ascensão da tecnologia nas sociedades (SANTOS; ANJOS; ANDRADE, 2009).
Deste modo constata-se que na atividade policial verifica-se uma
dificuldade na aplicação das tecnologias da informação, seja no âmbito da atividade
interna, como na atividade de policiamento ostensivo, onde é acentuado devido a
variedade de processos criados e realizados, pelas especificidades dos sistemas
de informações e pela tecnologia de última geração empregada nesses
equipamentos tecnológicos (SANTOS; ANJOS; ANDRADE, 2009).
Como os autores afirmam, existe uma dificuldade em adaptar as
especificidades de novas tecnologias ao ambiente policial devido a sua inerente
atividade prática e ativa, como se demonstra neste artigo, além dos entraves óbvios
inerentes a atividade policial, tais como a operacionalidade das funções direta de
policiamento urbano/rural, seja também na atividade de inteligência, onde mesmo
esta tendo um contato maior que a anterior, com as tecnologias da informação.
As informações recolhidas e apresentadas pela base operacional são
usadas no sistema de inteligência para a tomada de decisões. O sistema de
inteligência por sua vez, ajuda, proporciona meios na exploração e análise de
informações de gestão e táticas em entidades públicas e privadas, conseguindo
desta forma tornar mais rápido o acesso aos dados, deixando mais célere a
coordenação devida a possibilidade de se usar poucos sistemas (meios), para se
ter acesso as informações necessárias, trazendo uma maior segurança
7
relativamente aos dados obtidos devido a diminuição de redundância e assim, uma
maior consistência dos mesmos (DANDOLINI; SOUSA, 2012).
Deste modo, possibilita-se ao gestor da informação uma ação mais
confiável devido ao suporte das tecnologias. Constata-se uma ação continua de
investigação sobre os dados desenvolvidos pelas instituições com o objetivo de
diminuir ou evitar, possíveis erros na gestão do conhecimento. Assim sendo, as
informações que as bases operacionais apresentam, auxiliam na concepção do
sistema de inteligência para a tomada de decisão (DANDOLINI; SOUSA, 2012).
Tanto é verdade que com o advento da plataforma de Sistemas
Integrados, do qual o RAI é base fornecedora de informação primordial; onde essas
informações são registradas e acedidas pelos diversos órgãos de segurança
pública, onde os mesos podem acrescentar informações durante o desenrolar da
investigação. Como por exemplo, um RAI aberto de uma ocorrência atendida pela
PM, pode ter informações acrescentadas pelo agente da Polícia Civil que também
atendeu a ocorrência e encontrou dados importantes que serão cruciais para a
investigação da mesma; do mesmo modo o Bombeiro Militar e a Policia Técnico
Científica que participarem da ocorrência. Isto tem colocado Goiás na frente do
avanço da aplicação das tecnologias da informação a serviço das forças de
Segurança Pública.
No âmbito da atualização tecnológica no setor público, mais
propriamente dito na área da Segurança Pública, o governo do Estado de Goiás
lançou, (06/04/2016), uma plataforma de Sistemas Integrados (PSI), que é
composta pelos programas Registro de Atendimento Integrado (RAI), Sistema
Geográfico de Informação (GisGestão), Mapeamento de Operações Policiais
Integradas (MOPI), Mapeamento de Ações Sociais Integradas (MASI) e o Aplicativo
de Integração entre Polícia e Cidadão (I9X) (GOVERNO DE GOIÁS, 2006.)
O RAI é aplicado, tendo como um dos principais objetivos, um esforço
de integração, atuando no processo de dinâmica do principal instrumento utilizado
pelas forças de segurança, no curso inicial de qualquer tratativa de evento: a
ocorrência ou notificação de crime. Deste modo, a implantação do programa,
demonstra não se tratar de uma mera mudança tecnológica, mas sim, uma
8
mudança de paradigma que tem impacto direto na cultura das instituições
(GOVERNO DE GOIÁS, 2006).
Como referido, Integração é palavra da vez, principalmente quanto o
tocante a Secretaria de Segurança Pública. Neste sentido existe um esforço a nível
nacional, não somente a nível do Estado de Goiás.
O diretor de ensino e pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança
Pública, informa que todas as unidades federativas da União se comprometeram
formalmente, (através de um documento oficial), em registrar, manter e atualizar os
dados regularmente conforme padrões predeterminados pela União.
Comprometem-se também em fomentar um banco de dados uniformizado,
inclusive entre as polícias civil e militar. São ações de suma importância na
averiguação e apurações dos delitos, e para circunscrever quais seriam as zonas
de maior incidência de crimes (BENEDITES, 2015).
Deste modo verifica-se um maior interesse e investimento por parte do
poder público, (tanto nas esferas nacional quanto estaduais) na área da segurança
pública e no seu melhoramento, e ainda possibilitar uma maior integração entre as
diversas forças que a constituem. Para assim estar à altura das forças do crime que
eles enfrentam e também prestarem um serviço de qualidade a população, que
afinal de contas, é quem estes devem prestar contas.
3 METODOLOGIA
Este artigo tem como objetivo estudar o impacto/efeito das
tecnologias aplicadas na área da segurança pública, mais especificamente o RAI
na atividade policial. Nesse sentido, verificou-se a relevância de se realizar um
estudo sobre a aplicabilidade desse sistema junto a essas forças de segurança
pública, de modo a se saber a opinião de seus usuários finais sobre o efeito desta
tecnologia sobre suas atividades ordinárias.
9
Assim sendo, para tal deve-se realizar questionário com policiais
(militares e civis), bombeiros militares, na região de Aparecida de Goiânia, com
intuito de apresentar uma visão genérica do efeito das tecnologias e a mudança de
paradigma que está sendo implementada na Polícia Militar do Estado de Goiás.
Relativamente a amostra, está refere-se a uma porcentagem em cerca de 10% em
média, do efetivo das populações de servidores do 8º Batalhão de Polícia Militar,
5º e 7º Corporação de Bombeiro Militar, 4ª e 5ª Delegacia de Polícia e da Polícia
Científica, todos da região de Aparecida de Goiânia.
Portanto, como se trata de um estudo sobre o impacto/efeito de uma
plataforma nova e inovadora como RAI, que alimenta diversas fontes de estudos
de criminalidade, necessitou-se efetuar questionários no modelo misto, com o
intuito de se verificar na opinião dos entrevistados, o efeito da aplicabilidade dessa
ferramenta, bem como sua opinião, o perfil destes usuários, sua visão sobre esta
maior interação entre as diversas forças de segurança pública, entre outros.
Deve-se acrescentar que para executar este questionário foi
necessário o deslocamento às instalações das referidas instituições e efetuá-lo com
os entrevistados disponíveis, sendo assim, através de contato direto com os
entrevistados.
Assim sendo, com os questionários aplicados foi possível obter uma
visão em âmbito genérico da opinião destes sobre o RAI, como referido
anteriormente. É relevante ressaltar que pretendia-se questionar uma média de
vinte entrevistados (entre PM’s, PC’s e Bombeiros), conforme a disponibilidade dos
mesmos. Vale ainda informar que estes questionários foram efetuados no período
compreendido entre 08/04/2018 à 20/04/2018. Além disso, pretende-se trabalhar
esses dados obtidos de modo a se gerar gráficos que facilitem a visualização do
resultado obtido. Para a criação destes gráficos é usado o programa Microsoft Excel
em conjunto com a ferramenta Google Forms.
É importante ressaltar que levando em consideração o tempo e a
complexidade que uma pesquisa com todo o efetivo das forças de segurança
pública usuárias do sistema, optou-se por restringir a pesquisa a região de
10
Aparecida de Goiânia (como referido anteriormente), com o intuito de torná-la
exequível.
Deve-se ressalvar de que como se trata de uma tecnologia
desenvolvida recentemente, ainda não existe muito material de pesquisa específico
sobre ele (RAI). Assim sendo, foi necessário estudar material sobre as tecnologias
informáticas aplicadas a área de segurança pública, suas particularidades,
intemperes na implementação, como por exemplo a resistência dos usuários a
utilização delas, parque informático não preparado para a implementação, entre
outras situações.
4 DISCUSSÃO E RESULTADOS
Realizou-se então uma pesquisa com os diversos usuários do sistema
RAI de modo a se obter uma ideia sobre a efetividade do sistema na vida prática
das organizações. Contudo, deve-se informar que devido aos horários de escalas
dos servidores e também do pesquisador, em algumas instituições foram difíceis
de recolher.
Assim sendo, mesmo com o objetivo de se chegar a uma
aplicabilidade com o efetivo real das instituições, isto não foi possível, chegando as
populações apresentadas no gráfico 1.
Essa população, como já referido anteriormente, refere-se a área de
Aparecida de Goiânia, e ao efetivo disponível nos dias de realização da pesquisa
de campo. Portanto, deve ser observada como exemplificativa, não devendo ser
assumida como absoluta.
11
Assim sendo vale ressaltar, que apesar do efetivo das instituições ser
expressivo, existiu uma dificuldade aplicabilidade num maior número de
entrevistados devido ao curto espaço de tempo para pesquisa e também ao fato de
maior parte destes trabalharem na parte operacional, assim, não ficando muito
tempo nos quarteis. No gráfico 2 apresenta-se a faixa-etária do pessoal das
instituições questionadas:
Neste sentido, vale apresentar a variedade da população questionada,
ver tabela 1. Mesmo não se conseguindo a população ideal, deve-se ressaltar as
informações recolhidas são igualmente relevantes e importantes para se perceber
e ter uma noção do real efeito dessa plataforma na atividade desses servidores da
segurança pública. E ainda, entender e conhecer sugestões que somente quem
usa e aplica estas ferramentas poderia apresentar, deste modo poder-se
Gráfico 1 - População a que se aplicou o questionário sobre o tema
Gráfico 2 – Faixa-etária da população questionada
0 5 10 15 20 25
Até 21 anos
Entre 22 e 25
entre 26 e 30 anos
entre 31 e 35 anos
0
5
10
15
20
25
30
35
Polícia Técnico-Cientifica Polícia Militar Polícia Civil Bombeiro Militar
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
12
aperfeiçoá-la de modo aproximar o máximo possível do objetivo traçado que é a
efetiva integração entre as forças de segurança pública.
Como se pode verificar, apesar de não ser uma amostra grande, é
variada e alcançou-se usuários de diversos níveis nas várias instituições,
possibilitando assim, se ter uma visão de vários setores das forças atuantes na
área de segurança pública.
No tocante ao efetivo das diversas forças de segurança pública e os
sistemas de informação e as tecnologias da informação, como referido pelos
autores e estudos citados no referencial teórico, ressalta-se que apesar de uma
certa resistência inicial por parte dos usuários dessas ferramentas, os mesmos
acabam por adaptarem-se as mesmas, tirando maior proveito dessas,
potencializando o seu trabalho (ver gráfico 3).
Delegado 1
Capitão 2
2º Tenente 1
Subtenente 3
1º Sargento 8
2º Sargento 12
3º Sargento 13
Cabo 15
Soldado 7
Agente de Polícia 2
Escrivão de Polícia 6
Perito Criminal 10
Tabela 1 - Variedade de população alcançada
0 2 4 6 8 10 12 14
Entre 1 a 5 Anos
Entre 5 a 10 anos
Entre 10 a 15 Anos
Entre 15 a 20 Anos
Entre 20 a 25 Anos
Entre 25 a 30 Anos
Gráfico 3 - Tempo de Serviço do pessoal entrevistado
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
13
Verificou-se dois pontos importantes no âmbito da pesquisa, a
escolaridade (gráfico 4) e o ambiente profissional (gráfico 5), pois demonstram que
a escolaridade é boa, na maior parte de nível superior, alguns com pós-graduação.
Isso reflete que o pessoal apesar experiente, também tem senso crítico e
perspicácia para adesão e adaptação a novas tecnologias aliadas ao ambiente
profissional, principalmente na área de segurança pública que em que a atividade
é maioritariamente prática (operacional, terceira variável) e exige ferramentas que
sejam somadoras e agregadoras as suas funções.
Relativamente ao uso e acesso as tecnologias da informação, como
referido, constata-se que em sua grande maioria é efetivo, demonstrando que para
muitos, a informatização do procedimento pode não ter sido tão turbulento e
complicado, e os usuários tem tido uma maior abertura a informatização do
1%13%8%
46%
5%
27%
Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Incompleto
Ensino Superior Completo Pós-graduação Incompleta Pós-graduação Completa
Gráfico 4 - Formação académica dos entrevistados
18%
53%
29%
Administrativo Operacional Ambos
Gráfico 5 - Ambiente de trabalho
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
14
procedimento devido aos próprios terem um maior contato com as tecnologias
também fora do ambiente profissional, (ver gráfico 6), ainda é de se ressaltar o
acesso dos mesmos às tecnologias no próprio ambiente de trabalho (gráfico 7).
Contudo, deve-se ressaltar a importância de se considerar que a
pesquisa foi feita em Aparecida de Goiânia, região metropolitana de Goiânia, onde
se tem um maior acesso a recursos e investimentos nos parques tecnológicos, o
mesmo não se pode dizer das regiões interioranas, sendo cabível presumir que
exista uma maior dificuldade no acesso aos mesmos.
Sobre o tema do acesso e utilização de ferramentas de tecnologias da
informação, faz-se a ligação ao tema referido deste artigo, o sistema RAI. Nesse
sentido fez-se pertinente a questão apresentada no gráfico 6, onde procura-se
verificar o nível de utilização do sistema RAI por parte dos questionados.
1%16%
83%
Não Utiliza Ocasionalmente Frequentemente
Gráfico 6 – Acesso a tecnologias da informação fora do ambiente de trabalho
0%
10%
90%
Não Utiliza Ocasionalmente Frequentemente
Gráfico 7 - Utilização de tecnologias no ambiente trabalho
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
15
Como se verificou, relativamente a população pesquisada; mas que,
contudo, pode-se observar uma tendência geral; é grande, senão predominante, a
utilização do sistema RAI, não somente por ser a plataforma padrão de registro de
ocorrências da Polícia Militar, mas também devido ter se tornado ferramenta de
interligação entre os diversos órgãos sob a tutela da Secretaria de Segurança
Pública do Estado de Goiás.
3%11%
19%
67%
Nunca Utiliza Em poucos diasde trabalho
Em quase todosos dias trabalho Todos os dias detrabalho
Gráfico 8 - Com que frequência utiliza o sistema de Registro de Atendimento Integrado (RAI)?
87%
3%10%
Facilita o trabalho Dificulta o trabalho Não facilita nemdificulta o trabalho
Gráfico 9 - Opinião sobre o efeito do RAI no trabalho
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
16
Como o gráfico 9 aponta, é predominante a visão de que o sistema RAI
propicia a integração almejada entre as forças de segurança pública. Contudo, ao
conversar com os participantes do questionário, principalmente das forças diversas
à Polícia Militar, constatou-se que a queixa da maioria era da falta de quesitos
(campos, opções mais especificamente) importantes para o completo
funcionamento do serviço da sua instituição pelo sistema RAI, além do correto e
completo preenchimento dos campos já existentes.
Assim sendo, verifica-se que apesar de já se ter avançado muito, tanto
a nível de desenvolvimento como implementação, o RAI precisa agora voltar-se as
outras instituições (diversas a PM), de modo a também conseguir efetivamente
abrange-las e tornar-se assim, com efeito, a plataforma integradora que pretende
e almeja ser, pois consta com o efetivo já adaptado e integrado.
Nesse âmbito, deve-se ressaltar a visão dos entrevistados sobre dois
pontos relativos ao RAI: Primeiro, ao pessoal que trabalhava antes da
implementação da ferramenta, o que mudou no seu trabalho (gráfico 10). Segundo,
se efetivamente o sistema está sendo a ferramenta integradora que se propõe
(gráfico 11).
Como os gráficos demonstram, apesar de críticas e características
específicas pontuais, é boa a avaliação do sistema pois tem ajudado a diminuir a
redundância de informação e facilitado a comunicação das ocorrências entre as
instituições.
0
10
20
30
40
50
60
Melhorou depoisdo RAI Ficou mais difícil depois do RAI Não houve impacto notrabalho
Gráfico 10 - Caso tenha trabalhado antes da implementação do RAI, como o sistema alterou seu trabalho?
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
17
Como já referido anteriormente, o sistema RAI, foi desenvolvido
inicialmente tendo em foco, primeiramente a informatização do registro de
ocorrências da pela Polícia Militar. Contudo, verificou-se a sua potencialidade de
eliminação de redundância de informações e ainda de integração entre as forças
de segurança pública, pois inúmeras são as vezes que duais ou mais instituições
atendem a mesma ocorrência, onde era de costume, cada uma gerar um registro
separado da mesma ocorrência. Portanto visualizou-se o potencial da unificação
do registro único de ocorrência para diversas instituições que atendessem a mesma
ocorrência.
Nesse âmbito, quando questionados sobre melhorias no sistema, os
usuários apontavam vários pontos, como por exemplo, nas instituições diversas à
Polícia Militar, haviam muitas queixas sobre campos e opções específicas voltadas
as especificidades mesmas como por exemplo, possibilitar oitiva de vítimas,
integrar dados da equipe socorrista, como nomes, telefones, etc; além disso, capôs
para a SPTC, relativamente aos bombeiros, na área pertinente, se inserisse os
campos existentes nas fichas físicas, entre outros.
Constatou-se ainda, queixas relativamente a falta de meios para a
utilização do RAI relativamente tecnologias renovadas e atuais (parque informático
atualizado e acesso a rede de melhor qualidade). Apesar dos esforços das
instituições de informar e conscientizar da importância do correto preenchimento e
73%
19%
8%
Sim Não Não sei responder
Gráfico 11 - O Sistema RAI tem realmente servido como ferramenta integradora?
Fonte: Hugo Domingos Ferreira (2018).
18
registro do RAI para o devido processo legal de investigação e punição, ainda
existem queixas sobre a incorreta e incompleto registro.
Alega-se ainda a demasiada abertura e acesso demasiado amplo as
ocorrências, pois como relatados diversas foram as vezes, que fizeram uso de
informações de ocorrências para tentar constranger ou enganar as vítimas,
questionando sobre o acesso que permitido para impressão da ocorrência pelo
cidadão comum. Além disso, evitar-se a alteração da narrativa por qualquer um dos
usuários, portanto, se podendo editá-la enquanto se registra.
Além disso, questiona-se, se o RAI pretende ser essa ferramenta
integradora, por que não se agregar de vez, todos os formulários inerentes as
diversas forças de segurança pública ao sistema, eliminando assim, o desperdício
de material e recurso público e ainda, efetivando a comunicação integrada entre as
mesmas.
5 CONCLUSÃO
Após estudar a opinião dos principais usuários do sistema RAI, verificou-
se que apesar de o RAI ser um sistema bastante desenvolvido, com o intuito de se
informatizar e automatizar o registro de ocorrências, este ainda está
demasiadamente voltado para a Polícia Militar, levando em consideração que um
dos intuitos do sistema é integrar as forças de segurança pública e ainda trazer
maior eficiência, é evidente que é necessário absorver também as necessidades
das outras forças.
Constatou-se também, que além das diversas especificidades das forças
de segurança pública que não estavam ainda contempladas no sistema, é evidente
que, nas zonas mais interioranas é ainda necessário investimento nos parques
informáticos e estruturas de TI e acesso a Internet para o pleno funcionamento do
sistema, além de outros investimentos.
19
Mesmo apesar de queixas e questionamentos, até mesmo avaliações
contrárias ao sistema, a opinião e avaliação geral e majoritária é positiva, pois
muitos informaram que apesar dos pesares, o sistema veio trazer uma
padronização, eliminação de duplicidade e redundância de registros de
ocorrências, além de diminuir gastos com material administrativo.
Portanto, pode-se afirmar com plena convicção que o sistema é bastante
efetivo e eficiente, sem contudo deixar de ressaltar pontualidades que merecem
toda a atenção e trabalho de modo a se sanar deficiências do sistema podendo
assim, permitir melhoria e avanço no desenvolvimento do sistema permitindo trazer
mais eficiência e eficácia à Administração Pública, mais especificamente a
Segurança Pública, que é uma área de suma importância à sociedade, junto com
a Saúde e Educação.
REFERÊNCIAS
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