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O IMPACTO DA MATURIDADE DO CAPITAL INTELECTUAL NO DESEMPENHO GERENCIAL DOS CONSULTÓRIOS E CLÍNICAS PRIVADOS
Autor: Tobias Kfoury
Orientadora: Dra. Suzete Antonieta Lizote
ITAJAÍ 2017
OBJETIVO DA PESQUISA
Os profissionais da saúde necessitam de um aprofundamento maior de seus conhecimentos
sobre gestão para conseguirem administrar seus consultórios e suas clínicas (CC) de forma
sustentável, buscando o retorno financeiro, qualidade de vida e prestígio social adequados para
o sucesso almejado. É essencial, portanto, que conheçam novas técnicas de gerenciamento,
incluindo os novos achados da Gestão do Conhecimento no que tange as novas pesquisas sobre
Capital Intelectual (CI). Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar o impacto da
maturidade do capital intelectual no desempenho gerencial de consultórios e clínicas privados.
RELEVÂNCIA CIENTÍFICA E PRÁTICA
• Para Barros (2007) os administradores estão buscando medir e gerenciar o seu capital
intelectual para que se potencialize o desempenho das empresas, contribuindo na sua
gestão.
• Caproni (2015) afirma que a maioria dos desentendimentos numa organização ocorre
na implementação de ações operacionais cotidianas, quando não se tem objetivos e
faltam estratégias claras para atingi-los.
• Propiciar uma contribuição sobre a maturidade do capital intelectual e sua relação com
o desempenho gerencial na área da saúde, em específico os consultórios e clínicas.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
AS TRÊS DIMENSÕES DO CAPITAL INTELECTUAL
O Capital Intelectual é composto pelos bens
intangíveis do negócio. Não é possível
mensurar o preço de um bom colaborador,
de um bom sistema de gestão ou de um bom
relacionamento com os clientes. Porém,
saber administrar com perfeição o Capital
Intelectual dará um desempenho muito
melhor ao gestor do consultório ou da
clínica, conforme pesquisa realizada.
O CAPITAL HUMANO
O Capital Humano no contexto dos
consultórios e das clínicas está relacionado
às habilidades e competências das
recepcionistas, secretárias, auxiliares
clínicas, profissionais da saúde, gestores,
entre outros colaboradores. É através do
conhecimento da sua equipe que o gestor de
sua unidade de saúde será capaz de buscar
uma vantagem competitiva na busca pela
excelência no atendimento.
O CAPITAL ESTRUTURAL
O Capital Estrutural contempla a estrutura
organizacional da empresa, bem como os
sistemas de gestão, os processos internos,
os controles documentais. No contexto dos
consultórios e clínicas, o capital estrutural
está representado nos processos, na
organização interna, a forma de lidar com
as situações. O sucesso do uso dos
conhecimentos não depende apenas de ter
pessoas treinadas, pois o ambiente deve
favorecer o estímulo ao compartilhamento
do conhecimento, retendo o conhecimento
individual, mantendo e transformando o
Capital Humano em Capital Estrutural.
O capital humano está embarcado nas
experiências individuais dos
colaboradores e suas capacidades de
criatividade, inovação, gerência,
conhecimento, habilidades e
competências. Este conhecimento do
indivíduo compõe o capital humano
das empresas (BARROS, 2007).
O sucesso do uso dos
conhecimentos não depende
apenas de ter pessoas treinadas,
pois o ambiente deve favorecer o
estímulo ao compartilhamento do
conhecimento, retendo o
conhecimento individual,
mantendo e transformando o
capital humano em capital
estrutural (GUBIANI, 2011).
O CAPITAL RELACIONAL
O Capital Relacional no contexto dos
consultórios e clínicas é composto pelo
relacionamento com os clientes,
colaboradores, fornecedores (em especial
os fornecedores de materiais e
medicamentos, exames, radiografias e
imagens), advogados, contadores,
comunidade, entre outros. Manter o bom
relacionamento é fundamental para
estabelecer um vínculo de confiança e
respeito entre os stakeholders, gerando
vantagem competitiva.
O trabalho foi desmembrado da seguinte forma:
A relação com os clientes,
conforme Vaz e Selig (2016), é o
valor do relacionamento com os
clientes, a fidelização, um dos
pontos primordiais para o sucesso
das empresas. Este conceito
esteve sempre presente de forma
oculta dentro do conceito contábil
do Goodwill.
MÉTODO DE PESQUISA
A população de profissionais da saúde no Brasil é de difícil mensuração, uma vez que cada
Conselho de classe possui uma forma diferente de mensurar seus dados. E ainda, alguns
conselhos têm informações bastante defasadas. Portanto, é necessário fazer um recorte com o
intuito de apurar dados mais fidedignos e delimitar melhor o objeto de estudo. Com isso, como
forma de representar os profissionais da saúde no Brasil, escolheram-se as profissões de
médicos e cirurgiões-dentistas. O método de pesquisa utilizado neste trabalho segue o seguinte
esquema apresentado a seguir:
Para entender a maturidade do capital intelectual e seu impacto no desempenho gerencial das
clínicas e consultórios, devem-se avaliar diversas hipóteses. Com o modelo proposto se
pretende analisar a relação entre a maturidade do capital intelectual e o desempenho gerencial,
mas também a correlação entre as dimensões do capital intelectual, de forma a buscar entender
se o avanço de uma dimensão afeta positivamente as outras dimensões.
Com base na teoria apresentada, as hipóteses de pesquisa foram formuladas e apresentadas,
bem como suas relações que serão analisadas, tendo seus resultados interpretados para avaliar
o suporte de cada hipótese.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
O Capital Intelectual é uma das mais inovadoras linhas de pesquisa dentro da administração -
em especial da Gestão do Conhecimento - que trata a riqueza dos negócios não apenas pelo seu
valor contábil, mas também pelo seu valor intangível em agregar valor para seu cliente.
Após analisar os dados da pesquisa, concluiu-se que existem 13 indicadores fundamentais que
geram valor para potencializar o 14º indicador: o desempenho gerencial.
Os resultados mostram que mais de 84% do desempenho é explicado pela sua capacidade em
gerenciar o Capital Intelectual do consultório ou da clínica. Este valor é muito alto.
84%
Conforme dados pesquisados, o Capital Relacional explica até 41% do desempenho gerencial,
seguido pelo Capital Humano em até 34% e o Capital Estrutural em até 22%. Dominar todas
estas dimensões gera um diferencial competitivo de mercado muito forte.
Ao verificar que poderia ser insuficiente para os proprietários de consultórios e clínicas saber
como estava cada dimensão do Capital Intelectual em seu negócio, se buscou subir mais um
grau no detalhamento deste estudo, com a finalidade de contribuir para os objetivos de uma
dissertação de mestrado profissional: inovatividade, aplicabilidade e reaplicabilidade no
mercado trabalho. Com isso, foi detalhado cada dimensão do Capital Intelectual a partir da
criação de variáveis latentes.
Os valores e atitudes dos colaboradores e
corpo clínico é o fator de maior impacto
(37,1%) no CH. As aptidões representam a
capacidade do gestor em conseguir alocar o
colaborador certo na função certa,
potencializando suas habilidades e
competência. Isto explica 34,3% do capital
humano. A capacidade da equipe em lidar
com situações adversas e potencializá-las a
partir de treinamentos e aprimoramentos
representa importantes 30,8% do capital
humano.
Já o capital estrutural possui cinco variáveis
latentes, sendo a de maior impacto a
aprendizagem organizacional (explica
23,94% do CE), ou seja, a equipe precisa
saber executar aquilo que foi programado
de forma exemplar e evitar os gargalos
gerenciais. A segunda variável latente mais
relevante é a humanização do ambiente,
explicando 22,26% do Capital Estrutural.
A terceira variável latente mais relevante é
a que avalia os processos (explica 19,32%
do CE), sendo fundamental que os
consultórios e clínicas possuam processos
bem definidos e indicadores para fazer sua
gestão. Em quarto lugar tem-se a cultura
como ponto fundamental, explicando
18,48% do capital estrutural. Ter uma
cultura orientada para uma estrutura
condizente e profissionais que conhecem os
objetivos estratégicos, a missão, visão e
valores do negócio, faz com que o
desempenho seja melhorado. Por último, a
estrutura explica 17,22% do capital
estrutural, sendo importante que se tenha
ferramentas de gestão, maquinários e
sistemas de informação para conseguir
bons resultados.
O capital relacional também possui cinco
variáveis latentes: relacionamentos com
cliente, fornecedor, colaborador, parceiros
e concorrentes. O relacionamento com
parceiros foi o mais significativo,
explicando 23,1% do capital relacional.
Para consultórios e clínicas, ter parceiros de
profissão, entidades de classe, planos de
saúde, entre outros como parceiros
contribui muito para o desempenho dos
consultórios e clínicas. Já o relacionamento
com concorrentes foi considerado o
segundo mais importante, explicando
22,7% do capital relacional. Os resultados
demonstraram que o relacionamento com
colaboradores explica 21% do CR, uma vez
que explica a importância do clima
organizacional e da liderança na gestão.
Já o relacionamento com fornecedores
explica apenas 18,9% do capital relacional.
É importante manter o estoque de materiais
e medicamentos sempre em níveis
satisfatórios, os equipamentos em perfeito
estado de funcionamento e todos os
produtos e serviços dependentes de
fornecedores. O ponto de divergência entre
o esperado e o apresentado dar-se-á pela
pouca expressividade do relacionamento
com cliente apresentado no estudo,
explicando apenas 15,12% do capital
relacional.
A pouca influência do relacionamento com
clientes na maturidade do Capital
Relacional pode ser explicada pela
diferença cultural entre cidades do interior
da unidade federativa e das capitais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão teórica sobre a gestão de consultórios e clínicas trouxe duas realidades até então
pouco difundidas na literatura acadêmica: a falta da capacitação gerencial dos profissionais da
saúde e o desconhecimento dos fatores de sucesso do negócio, a partir de uma visão pouco
clara da gestão e do mercado na área da saúde.
Portanto, este trabalho teve o desafio de unir duas teorias que caminham em ritmos diferentes
na literatura nacional e internacional. Uma área do conhecimento sendo pouco discutida e
evoluindo a passos lentos (gestão de consultórios e clínicas) e outra área do conhecimento
sendo considerada uma das mais promissoras linhas de pesquisa da administração de empresas
recentemente (capital intelectual).
Frente a este cenário, na qual o capital intelectual está sendo amplamente discutido na
administração, e a gestão de CCs ainda está em um estágio embrionário de sensibilização de
sua importância para o sucesso dos profissionais da saúde, a questão que emergiu foi: qual o
impacto da maturidade do capital intelectual no desempenho gerencial de clínicas e
consultórios?
Como forma de compreender de forma mais detalhada esta relação do capital intelectual, a sua
abertura nas três dimensões propostas (capitais humano, relacional e estrutural) se mostrou
acertada, uma vez que foi possível compreender com maior exatidão como os ativos intangíveis
dos consultórios e das clínicas se comportam de forma a sustentar o desempenho gerencial.
Um objetivo estratégico traçado com sabedoria, fundamentado em estudos a partir do
entendimento da realidade do seu negócio é um poderoso instrumento de vantagem
competitiva. A partir dos resultados alcançados tem-se uma ideia dos principais gargalos da
gestão de consultórios e clínicas privados e, consequentemente, os pontos de atenção que todo
profissional da saúde deve acompanhar diariamente em sua gestão.
Com isso, este estudo cumpre com seu objetivo ao propor um modelo simples, direto e
aplicável aos gestores de consultórios e clínicas privados, gerando um diagnóstico condizente
com sua realidade e mostrando os caminhos para atingir as soluções adequadas para alcançar
os tão esperados retornos financeiros, qualidade de vida e prestígio social.
RECOMENDAÇÕES GERENCIAIS
A gestão de consultórios e de clínicas possui algumas peculiaridades que diferem da gestão
tradicional de micro e pequenas empresas. Portanto, sugere-se que os proprietários de CC
busquem aperfeiçoamento profissional da competência gerencial através de cursos
especializados em tratar da realidade destas empresas na área da saúde.
Complementarmente, busquem mensurar seus indicadores de performance – como este
questionário que mensura o capital intelectual – e trabalhem em um plano estratégico norteador
para tomar as decisões assertivas visando potencializar o desempenho gerencial.
REFERÊNCIAS
BARROS, L. P. S. A importância do capital intelectual nas organizações e os desafios da contabilidade para demonstrar a criação de valor de natureza intangível. Pensar Contábil, v. 9, n. 36, 2007.
CAPRONI, R. Valor agregado para consultórios e clínicas: como valorizar o profissional de saúde em um mercado cada vez mais saturado, massificado e competitivo. 5 ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Ed. do autor, 2015.
GUBIANI, J. S. Modelo para diagnosticar a influência do capital intelectual no potencial de inovação nas universidades, 2011, 194f. 2011. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
LIMEIRA, F. I. R. Ensino de gestão nos cursos de graduação em Odontologia no Brasil. 2015.
VAZ, C. R.; SELIG, P. M. Maturity Assessment Model of Intellectual Capital for Manufacturing Organization. IEEE Latin America Transactions, v. 14, n. 1, p. 206-219, 2016.