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O humor de
cada dia
SUGESTÃO DO TEMA: Elisabeth Soares Lopes
REVISÃO: Os próprios Autores
DIAGRAMAÇÃO: PerSe Editora
DESIGN DA CAPA: Arisson Tavares
Arisson Tavares é escritor, jornalista e ilustrador brasiliense. É autor dos livros "Evolução Decrescente" (2014, Chiado Editora) e "No Vermelho" (2013, Novo Século).
http://evolucaodecrescente.blogspot.com.br/
https://arissontavares.wixsite.com/site
Projeto Apparere
O humor de
cada dia
PRIMEIRA EDIÇÃO
SÃO PAULO
2017
Copyright by Autores(as) Todos os direitos reservados aos(às) Autores(as). Proibida a repro-dução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especial-mente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográfi-cos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou que ve-nham a ser inventados. A violação dos direitos autorais é passível de punição como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, Lei n° 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão, e indenizações diversas (artigos 122 a 124 e 126 da Lei 11° 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Índices para Catálogo Sistemático 1. Poesia : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9108 1. Contos : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9308
2. Crônicas : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9308004
Projeto Apparere Coletânea O humor de cada dia – 1. ed – São Paulo :
PerSe, 2017.
Vários autores.
ISBN 978-85-464-0516-9
1. 1. Poesia brasileiras – Coletâneas 2. Contos brasileiros – Coletâneas 3. Crônicas brasileiras – Cole-tâneas I. Projeto Apparere
CDD – 869.9108 CDD – 869.9308 CDD – 869.9308004
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO __________________________________ 9
MILAGRES _____________________________________ 11
ADNELSON BORGES DE CAMPOS
PÉROLAS FUTEBOLÍSTICAS DO CHICÃO BATATA _____________ 16
ANTONIO VENDRAMINI NETO
VASSOURA ATRÁS DA PORTA _________________________ 21
DANIELLE XAVIER DO NASCIMENTO
AMIGO TRAÍRA __________________________________ 22
DIOGO JOVI
O PAPA NÃO TEM ÚTERO___________________________ 24
EDSON AMARO DE SOUZA
CARTA DE UM VELHO BARRIGUDO AO SEU PÊNIS ____________ 34
ELSON CARVALHO AVES
O CACHORRO ___________________________________ 36
FLOR AIDA PEREGRINO DA SILVA
OLHA O GÁS!! __________________________________ 39
GECILENO LUIZ DE OLIVEIRA
FLORA A PADARIA ENCANTADA DE CORES E SABORES! ADEUS REGIME! _________________________________ 42
GLACE AUGUSTA MOTTA SILVA
IMAGINAÇÃO INFANTIL _____________________________ 45
GLEIANDERSON SILVA DOS SANTOS
LA CUCARACHA__________________________________ 47
HENRIQUE BRITTO
GANSOS SELVAGENS? _____________________________ 49
ISABEL FURINI
SUMÁRIO
NECESSIDADES ESPECIAIS ___________________________ 50
J. SANTOS
ENGANO NO ELEVADOR ____________________________ 54
JANAINA CAIXETA
O CHEQUE_____________________________________ 56
JOÃO PAULO BRASILEIRO
QUANDO ELA PASSOU _____________________________ 58
JORGE SOUVAL
O BÊBO NO MEI DA ESTRADA _________________________ 59
JOSÉ BERNARDINO
BEBENDO ETANOL DESCOBRI ÁGUA EM PÓ ________________ 62
LAILTON ARAÚJO
ABELA - ACADEMIA BRASILEIRA DE ESCRITORAS LOIRAS ADAPTADAS ________________________ 66
LUIS CARLOS NIGRI
CRÔNICA PRIVADA _______________________________ 72
LUIZ LOUREIRO
O EXAME _____________________________________ 74
LUIZ HORTENCIO FERREIRA
VIDA DE ESTÁTUA ________________________________ 78
MARCELO NAZAR
PUM_________________________________________ 81
MARINA IRENE BEATRIZ POLONIO
O GUARDAMENTO _______________________________ 82
MOACYR MEDEIROS ALVES
SUMÁRIO
SILVA ________________________________________ 87
NESTOR PINHEIRO
ENGOLI A CRIANÇA________________________________ 91
NEYD MONTINGELLI
FOLCLORE POLÍTICO _______________________________ 94
PRIMO ANTONIO
O LATERAL SUMIU ________________________________ 97
ROSANGELA R. SEIXAS
MARCAS I_____________________________________ 99
ROSEMARI DUNCK
ESPIANDO PELA FECHADURA ________________________ 102
TULLIO CESAR DE OLIVEIRA ANDRADE
SOBRE OS(AS) AUTORES(AS) ________________________ 105
Projeto Apparere
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O humor de cada dia
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APRESENTAÇÃO
Apresentamos a Coletânea “O humor de cada dia”. Seu ob-jetivo é termos uma coletânea composta de textos humorísticos so-bre do dia a dia, relatos do cotidiano com um tom entre o humor e o absurdo, textos que divirtam e surpreendam o leitor. Tudo isso você encontrará nessa Coletânea com 30 Obras selecionadas entre Con-tos, Crônicas, Poemas e Roteiro Teatral.
Com isso, o Projeto Apparere1 de Coletâneas entrega, sua terceira Coletânea e a segunda Coletânea Temática. Nesse livro você encontrará as 30 melhores Obras (na visão dos julgadores) dentre 67 que se inscreveram. Esse livro traz ainda outra inovação, o tema desta Coletânea foi sugerido por uma leitora e selecionado dentre várias participações. Como na coletânea anterior, a Capa desta obra é a capa escolhida pela maioria dos 67 Autores que se inscreveram para esta coletânea, dentre 2 inscritas para participar desta seleção. Com isso temos uma Obra com a participação democrática não só de Escritores, mas também de Designers e Leitores.
Essa política de se buscar o maior envolvimento de Autores, Designers e Leitores sempre será a tônica do Projeto Apparere, e para as próximas Coletâneas continuaremos escolhendo temas su-geridos pelas pessoas em geral. Assim, deixamos aqui um convite a você leitor, entre em nosso site (www.apparere.com.br) e faça Su-gestões de Temas que gostaria de ver em nossas próximas Coletâ-neas.
Muito obrigado e até a próxima.
Equipe Apparere
1 Apparere em latim significa aparecer; sair à luz; vir a lume; publicar -se ... e o objetivo do projeto é justamente este, o de revelar novos talentos da literatura.
Projeto Apparere
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O humor de cada dia
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MILAGRES ADNELSON BORGES DE CAMPOS
Os últimos dias no trabalho haviam sido difíceis, a sexta-feira parecia muito distante, mas chegou. Leo e Pedro correram para o bar. Nunca um chope descia tão suavemente pela garganta. Combi-naram que seria proibido falar sobre trabalho naquela noite. Estavam muito animados, recordando algumas passagens da infância e ado-lescência. Os dois cresceram no mesmo bairro e durante um bom tempo frequentaram a mesma escola.
O bar era muito interessante e agradável. Imitava algumas da-quelas redes americanas que preenchiam a parede com vários obje-tos ligados a música. No centro do salão, pendurado no teto, um fusca estilizado compunha a atmosfera. Apesar de bastante frequentado e da música sempre presente, as mesas eram bem distribuídas e permi-tiam conversas e até um pouco de sossego para quem quisesse.
Acompanhado pelo atendente, perceberam a entrada de um colega da empresa. Estava afastado do trabalho já há algum tempo.
- Não entendo esse cara, é inteligente, poderia ter uma bela carreira, mas não consegue trabalhar – observou Leo.
- Dizem que ele sofre de Síndrome do Pânico. É uma doença silenciosa – completou Pedro.
- Tem gente que duvida. Dizem que ele nunca gostou de tra-balhar, prefere gastar o dinheiro que lhe resta e ainda mais um pouco da família – argumentou Leo.
- Não há como saber ao certo. Ele já passou pela mão de vá-rios especialistas e ninguém dá jeito.
João preferiu sentar-se no balcão. Pediu uma bebida e cur-vou-se sobre o copo. Leo levava o copo à boca quando percebeu, do outro lado do balcão, numa mesa, estrategicamente montada para o sossego, alguém bastante conhecido.
- Pedro, Olha! Aquele sentado naquela mesa, próximo da es-cada. Não é Jesus Cristo?
- Você bebeu demais!
- É apenas o meu segundo copo! Olhe com atenção, é Jesus Cristo sim!
Projeto Apparere
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- Deixa de bobagens, Leo! Vamos falar de coisas reais, me conta como foi o jogo do seu time!
- É ele sim. Olha o cabelo até o ombro, a barba bem dese-nhada. Veja o detalhe daquele nariz. Eu vou até lá! Espera aí!
Leo hesitou, quase voltou, ganhou coragem e abordou o sujeito.
- Olá Tudo bem?
- Olá! – Disse o homem sem virar o rosto, voltado para o copo.
- Eu conheço você! Posso chamar de você?
- Me conhece? De onde?
- Tenho visto os seus retratos ao longo de toda a minha vida. É claro que cada um pinta ou desenha o seu rosto do seu jeito, mas sempre algo em comum. Você é Jesus Cristo!
- Acho que você bebeu demais.
- Eu sei que você é Jesus Cristo! Pode ficar tranquilo, não con-tarei para ninguém. Posso me sentar?
- Por favor.
- Minha nossa! É você, o Senhor mesmo?
O homem, contrariado, permaneceu em silêncio por alguns segundos, enquanto Leo congelava um sorriso aberto no rosto. Per-cebendo que Leo não desistiria facilmente, pronunciou-se:
- Está bem, meu filho. Eu sou Jesus Cristo. Hoje estou num dia de folga, cuidar de toda a humanidade não é tarefa fácil e eu tam-bém preciso relaxar. Aqui eles servem um bom coquetel a base de frutas e uma ótima comida. Há gente de todos os estilos, pensei que poderia passar despercebido.
- Encontra-lo aqui de calça jeans e camiseta. Mesmo que eu contasse, não acreditariam. Se eu insistisse, com certeza pensariam em me internar para tratamento – disse Leo.
- Leo, caso outros percebam, não poderei voltar aqui. Peço que guarde segredo.
- Entendo, mas, será que eu poderia fazer um pedido? É algo simples comparado aos seus milagres. Tenho um problema de co-luna, o nervo ciático não me dá trégua.
O humor de cada dia
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- Está bem! – disse o Senhor tocando as costas do sujeito, eli-minado a dor.
Leo voltou feliz da vida para sua mesa.
- Está vendo rapaz. Era Jesus Cristo mesmo. Ele curou a mi-nha coluna. Está duvidando? Veja. Você acha que eu conseguiria to-car os pés se não estivesse curado.
Pedro engoliu o líquido do copo que bebia, respirou fundo e rapidamente foi até a mesa do Salvador. Não pediu licença, sentou -se e despejou:
- Olá Jesus Cristo!
- Seu amigo me prometeu que não comentaria nada com ninguém!
- É que nós somos muito chegados, amigos de infância e eu também tenho um probleminha...
- Já sei, são as hemorroidas. Vá meu filho, siga em paz! – o Senhor tocou o traseiro do homem que voltou à mesa onde estava o amigo.
- Você tinha razão. Estou com o escapamento novinho em folha. Garçom me traz uma porção de Buffalo Wings, com bastante pimenta, por favor! – gritou Pedro.
- Mal se curou já quer estragar de novo? – riu Leo.
- Hoje é nosso dia de sorte. Só falta aquelas duas gatinhas do RH aparecerem por aqui.
- Mesmo assim precisaríamos de mais um milagre para que elas sentassem na nossa mesa e concordassem ao menos com um bate-papo – lamentou Leo.
- Pena que pedi a cura das hemorroidas. Quem sabe o rosto de um galã de novela não fosse melhor! – disse Pedro, arrependido.
- Falando novamente em milagres, poderíamos fazer uma boa ação hoje. Será que se nós falássemos com o João ele não pediria a cura para o Redentor.
- Sei lá, Leo, prometemos que não iríamos contar para ninguém.
- Ajudar o próximo não é pecado. Ele entenderia.
Foram até a mesa do sujeito, que os recebeu mal.
- Não me interessa! – disse João, que continuou bebendo.
Projeto Apparere
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Meio sem jeito, os dois amigos retornaram para o seu canto. Voltaram a descontrair-se em seguida, porém, não deixavam de dar umas olhadelas para o Homem de Nazaré, que em certo momento os encarou com olhar de repreensão.
O Salvador, que já estava no seu terceiro copo de suco e se-gundo sanduíche, estava intrigado. João ainda não o procurara. Es-perou mais algum tempo, não se conteve e abordou o sujeito. Olhou de anto de olho e percebeu, na outra mesa, o movimento dos dois amigos cutucaram-se e passaram a observar a cena.
- Boa noite! – Jesus Cristo cumprimentou João que permane-ceu indiferente.
- A noite está boa! Espero que ela continue assim.
- Você sabe quem eu sou!
- Sei sim, O Leo e Pedro me disseram.
- Por que não me procurou? Eu posso lhe ajudar – disse Cristo levando a mão em direção à cabeça de João.
- Sai daí Mão Santa! Eu ainda tenho seis meses de auxílio doença.
Desapontado, o Homem foi até a mesa dos dois amigos.
- Posso me sentar?
- Claro! – responderam os dois em coro.
- Pela sua expressão, decepcionou-se na conversa com o João – afirmou Leo.
- Confesso que nesses milênios de vida, depois de tantos pe-didos diários de um milagre, me surpreendi com a reação do seu amigo João. Eu ali, na frente dele e ouço uma recusa. Não compre-endo. Poço experimentar um pouco do seu copo? – perguntou o Sal-vador desapontado.
- A doença dele deve ser bem séria mesmo – sugeriu Pedro.
- Acredito que não seja uma doença e sim um estado de espí-rito. Seu amigo está cometendo um pecado, daqueles que leva a morte.
- Sério, e o que você acha que é Senhor?
- Desrespeitar o filho de Deus! – disse Pedro.
- Não, é preguiça mesmo. – disse Jesus inconsolável.
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Os dois amigos entreolharam-se surpresos.
- Este chope está bom mesmo. É uma bela tentação. Preciso ir. Meu dever me espera – disse Cristo já em pé.
- Apareça! – sugeriu Leo.
- Antes de sair, me digam uma coisa. Como é o nome das duas gatinhas do RH mesmo?
- Priscila e Joana - respondeu Pedro, curioso com a pergunta.
- Por acaso são aquelas duas jovens passando agora pela porta? – sorriu Jesus.