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Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 34 O ensino do tuteo e do voseo a partir de histórias em quadrinhos da Espanha e Argentina Kátia Boroni [email protected] (UNI-BH) Introdução Ao se ensinar o uso do registro informal em língua espanhola é comum que professores e livros didáticos privilegiem apenas o seu ensino na variedade peninsular. Atualmente é defendido o ensino das diferentes variedades do espanhol, porém sabemos ser este um trabalho árduo, já que muitos livros didáticos trabalham apenas com a variedade espanhola. Portanto, é papel do professor buscar maneiras de introduzir as demais variedades nas suas aulas, ou enriquecer os exemplos e atividades dadas aos alunos quando o livro didático já as traz. Refletindo sobre um material adequado ao ensino deste conteúdo, encontramos nas histórias em quadrinhos em língua espanhola um corpus adequado a este ensino, sendo que se trata de um material autêntico trazendo, portanto, mostras reais de uso da língua alvo. Por ser formado pela união da linguagem verbal e não verbal permite ainda ser trabalhado desde os níveis básicos, e uma aproximação do aluno com a linguagem coloquial, e com o uso dos registros formal e informal. Este artigo se limita à análise de um corpus formado por histórias em quadrinhos da Espanha e Argentina, enfatizando os usos sócio-comunicativos dos dois registros, nas suas respectivas variedades. Propomos também uma atividade didática que trabalha com a introdução do voseo, a partir da leitura de histórias em quadrinhos. 1. O Gênero HQ No passado as histórias em quadrinhos eram vistas como prejudiciais ao desenvolvimento intelectual das crianças, hoje esta visão mudou radicalmente, sendo que o seu uso didático é recomendado tanto pelos PCNs de língua portuguesa e estrangeira, quanto pelo Marco Comum Europeu de Ensino de Línguas. Este gênero

O ensino do tuteo e do voseo kátia boroni

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Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 34

O ensino do tuteo e do voseo a partir de histórias em quadrinhos da

Espanha e Argentina

Kátia Boroni

[email protected]

(UNI-BH)

Introdução

Ao se ensinar o uso do registro informal em língua espanhola é comum

que professores e livros didáticos privilegiem apenas o seu ensino na variedade

peninsular. Atualmente é defendido o ensino das diferentes variedades do espanhol,

porém sabemos ser este um trabalho árduo, já que muitos livros didáticos trabalham

apenas com a variedade espanhola. Portanto, é papel do professor buscar maneiras

de introduzir as demais variedades nas suas aulas, ou enriquecer os exemplos e

atividades dadas aos alunos quando o livro didático já as traz.

Refletindo sobre um material adequado ao ensino deste conteúdo,

encontramos nas histórias em quadrinhos em língua espanhola um corpus adequado a

este ensino, sendo que se trata de um material autêntico trazendo, portanto, mostras

reais de uso da língua alvo. Por ser formado pela união da linguagem verbal e não

verbal permite ainda ser trabalhado desde os níveis básicos, e uma aproximação do

aluno com a linguagem coloquial, e com o uso dos registros formal e informal.

Este artigo se limita à análise de um corpus formado por histórias em

quadrinhos da Espanha e Argentina, enfatizando os usos sócio-comunicativos dos

dois registros, nas suas respectivas variedades. Propomos também uma atividade

didática que trabalha com a introdução do voseo, a partir da leitura de histórias em

quadrinhos.

1. O Gênero HQ

No passado as histórias em quadrinhos eram vistas como prejudiciais ao

desenvolvimento intelectual das crianças, hoje esta visão mudou radicalmente, sendo

que o seu uso didático é recomendado tanto pelos PCNs de língua portuguesa e

estrangeira, quanto pelo Marco Comum Europeu de Ensino de Línguas. Este gênero

Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 35

possui, ainda, um fator motivacional muito grande, agradando crianças, jovens até

mesmo os adultos.

Atualmente este gênero é muito usado nas aulas de língua estrangeira,

assim como nos seus livros didáticos, não apenas para despertar o interesse do aluno

pelo estudo, mas especialmente para trabalhar o aspecto cultural. Hoje se defende

que as aulas de língua estrangeira não podem ignorar o ensino da cultura do povo

nativo desta língua, restringindo-se apenas ao ensino de gramática e vocabulário, já

que é impossível separar uma da outra. Aspectos culturais estão presentes nas

histórias em quadrinhos, e também o uso particular que cada país faz da língua

espanhola. Gordillo cita a importância do uso das histórias em quadrinhos em

espanhol para o ensino da língua, sob esta perspectiva cultural:

Los tebeos están cargados de ideología y de formas de ver el mundo, no son meros productores de humor, sino que a través de ellos se transmite la Cultura con mayúsculas y la cultura con minúsculas de un pueblo: reflejan los cambios históricos, sociales, económicos, los modos de vida y la manera de entender el mundo de sus habitantes, sus costumbres, sus hábitos, sus modos lingüísticos (...) (GORDILLO, 2001: 230)

O fato de que as histórias em quadrinhos não são textos produzidos com

finalidade didática também é destacado como uma das vantagens do seu emprego

nas aulas de língua espanhola, por Gordillo:

También constituyen material auténtico, de alta calidad artística, << producidos para fines comunicativos sin ninguna intención de enseñar la lengua>> (MECD, 2001: 144), es decir, no creados artificialmente para fines didáticos, un material que utiliza primordialmente la variante coloquial y refleja siempre un estado de lengua actual y próximo, adecuado al público juvenil, lo que favorece un uso auténtico de la lengua por parte de los aprendices de E/LE. (GORDILLO, 2001: 231)

Podemos perceber como as histórias em quadrinhos são importantes no

ensino de Espanhol/Língua Estrangeira, por se tratarem de material autêntico e

trazerem usos reais da variedade e da cultura do povo de seu criador. Acreditamos,

portanto, ser este o gênero ideal para introduzir aos alunos o tema dos usos da

linguagem formal e informal, em diferentes variedades do Espanhol.

Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 36

2. Tuteo ou Voseo

No primeiro momento em que o aluno tem contato com o aprendizado de

Espanhol como língua estrangeira, ele se depara com algo simples a uma primeira

vista, mas altamente complexo: o registro formal versus o registro informal.

Primeiramente é importante ressaltar a relevância do ensino desta dicotomia nas aulas

de ELE, já que nela estão incluídos valores culturais que são distintos da cultura

brasileira. É de extrema importância que o aluno saiba em quais situações sócio-

comunicativas nos países de fala hispânica se deve usar cada registro, para evitar

problemas de mal entendido cultural.

Ao se ensinar os registros formal e informal, a questão da variedade

linguistica aparece, já que a língua espanhola possui, pelo menos, seis variedades de

acordo com Herrero (2004): Peninsular, zona do México e América Central, Zona do

Caribe, Zona Andina, Zona do Chile e Zona do Rio da Prata. Surge então a dúvida

sobre qual variedade escolher neste momento, se será ensinado o tuteo ou o voseo

para o tratamento informal no singular, dentre muitos outros questionamentos

possíveis relacionados a este tema.

Na maioria das vezes os professores e livros didáticos de espanhol apenas

privilegiam o ensino do tuteo, o uso de tú, por ser o pronome de tratamento informal

mais difundido na Espanha e em grande parte da Hispanoamérica. Porém, o

fenômeno do voseo, o uso do pronome vos para tratamento informal, é muito difundido

na Hispanoamérica, e não apenas na Argentina e no Uruguai. Como geograficamente

estamos muito mais próximos dos países onde o voseo ocorre, são de extrema

relevância e importância o seu estudo e ensino para os alunos brasileiros.

De acordo com Irala (2004), o ensino do voseo não ocorre nem mesmo no

curso de Letras Espanhol, e quando ele é realizado, seja no nível superior ou

fundamental/médio, é apenas visto como curiosidade, e não como uma marca

linguística de suma importância, tendo em vista a sua larga difusão entre falantes

nativos. O seu estudo sobre a variedade adotada por professores de espanhol foi feito

no interior do Rio Grande do Sul, quase fronteira com o Uruguai. O que foi observado

pela autora é que mesmo em uma região fronteiriça, onde o uso do voseo é

predominante, seria de se esperar que o seu ensino fosse um dos primeiros conteúdos

do currículo, porém ele nem ao menos faz parte do mesmo. A justificativa pela a sua

falta de uso são, segundo Irala, as seguintes:

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O entrave da falta de material específico sobre esse aspecto da linguagem e a insegurança para passar aos alunos um determinado conteúdo que não se tem domínio ou se conhece superficialmente, são uma das principais justificativas para a ausência do “voseo” nas aulas, quando não há o preconceito quanto ao seu uso e a alegação de que não “há necessidade de ensiná-lo”, visto sua “pouca difusão”, quando na realidade, em termos geográficos, esse é o mais difundido que o plural “vosotros”, conforme considerações feitas por Bugel (1999) e totalmente pertinentes com a realidade constatada. (IRALA, 2004: 113)

Como podemos ver na citação acima, o voseo deve ser visto e ensinado

com a mesma importância do tuteo, e como os materiais didáticos raramente o trazem,

é papel do professor buscar outros veículos para o ensino deste fenômeno linguístico.

Porém esta busca deve ser criteriosa para não prejudicar o aluno ao invés de auxiliá-

lo. Segundo Ventura (2001) temos que escolher muito bem o material a ser usado

para apresentar e trabalhar as diferentes variedades aos alunos, ou então eles não

assimilarão corretamente os seus usos.

Es necesario que las variedades aparezcan contextualizadas y por medio de un hablante real o posible que muestre dicha variedad en funcionamiento. El profesor no puede sólo hablar sobre las variedades y ser la única voz que las representa, es importante que transmita la palabra a otros hablantes que mostrarán cómo funciona cada variedad. (VENTURA, 2001: 80)

Podemos perceber como a escolha do corpus para o trabalho com este

assunto deve ser criteriosa. Os alunos devem ter contato com o voseo e o tuteo, além

do vosotros e ustedes em diferentes situações comunicativas e contextos para que

eles possam compreender exatamente como os falantes nativos os utilizam. Além

disso, o material didático a ser usado para este ensino deve ser de fácil compreensão,

não podemos trabalhar com textos teóricos ou transcrições de situações

comunicativas que estão além do nível de compreensão dos alunos. É também

importante motivar os alunos ao aprendizado deste conteúdo, e levá-los a refletir sobre

as suas diferenças e variedades.

Para realizarmos este artigo tivemos que escolher apenas duas variedades

por motivos de espaço, a Peninsular e a Rio-Platense. Escolhemos como corpus

algumas histórias de Gaturro, do autor argentino Nik; e Zipi e Zape do autor Espanhol

José Escobar Valiente.

Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 38

3. Os personagens e seus criadores

Escolher apenas dois personagens, um de cada variedade do Espanhol,

não foi tarefa fácil. Apesar de serem pouco difundidos no Brasil, temos muitos

personagens e excelentes quadrinistas em todos os países de fala hispânica.

Decidimos escolher personagens jovens, pensando que na maioria das vezes o

conteúdo escolhido para ser trabalhado se dá aos alunos do ensino fundamental,

porém os personagens escolhidos agradam a todas as faixas etárias, sem distinção.

Da variedade Rio-Platense escolhemos o personagem Gaturro, do quadrinista Nik. Da

variedade Peninsular escolhemos os personagens Zipi e Zape, do quadrinista José

Escobar Valiente.

Gaturro

Gaturro é um gato criado em 1993 pelo humorista

argentino Cristian Dzwonik, conhecido como Nik. É o personagem

principal da sua tira cômica, e pode ser considerado uma junção de

dois personagens famosos, Garfield e Mafalda. Gaturro reflete sobre

a política, mas também diverte com situações do cotidiano como

tentar conquistar sua amada Ágatha, ou ir para a escola e

aprender inglês. Gaturro não fala com os humanos, apenas

pensa, porém conversa com os outros animais que fazem parte da sua turma.

Zipi e Zape

São os personagens criados pelo

quadrinista espanhol José Escobar ao final dos anos

50, e que se tornaram um clássico dos quadrinhos

espanhóis. Estes personagens apesar de muito

antigos continuam atuais, ao ponto de terem

recentemente estrelado uma animação para o cinema.

Zipi e Zape são gêmeos endiabrados e vivem aprontando travessuras. Suas histórias

Fonte: ESCOBAR, 1988.

Fonte: site www.gaturro.com

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refletem o dia a dia de uma criança normal: seu relacionamento familiar, suas

brincadeiras com os amigos, o dia a dia na escola.

4. Corpus selecionado

Para realizarmos este trabalho escolhemos algumas tiras do personagem

Gaturro, tiradas do seu site oficial: www.gaturro.com, e a história El truco, do livro Gran

Enciclopédia del Cómic (ESCOBAR, 1988).

Selecionamos diferentes situações sócio-comunicativas no corpus,

sempre confrontando as mesmas situações nas duas variedades para analisar como

cada variedade age nas mesmas situações, em relação ao tratamento formal e

informal. As situações selecionadas foram: em família, com amigos, com

desconhecidos, na escola, com a polícia e no trabalho.

5. Análise do corpus

Se compararmos as histórias de Gaturro e de Zipi e Zape no uso da

formalidade e da informalidade, podemos perceber algumas diferenças importantes:

Personagens Em família

Com os amigos

Com desconhecidos

No trabalho Na escola

Gaturro O tratamento é sempre informal, utilizando o voseo e o pronome ustedes para o plural.

Tratamento informal, uso do voseo – ustedes.

Tratamento formal – uso de usted e ustedes.

Tratamento formal – uso de usted e ustedes.

A professora trata os alunos formal-mente. Gaturro trata sua professora informal-mente.

Zipi e Zape O tratamento é sempre informal, utilizando o tuteo e o pronome vosotros para o plural.

Tratamento informal, uso do tuteo – vosotros.

Tratamento formal – uso de usted e ustedes.

Tratamento formal – uso de usted e ustedes. Só quando há intimidade entre os empregados percebemos o uso do tuteo.

O professor trata os alunos informal-mente, e os alunos o tratam formal-mente.

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Percebemos que nas histórias de Zipi e Zape o tratamento informal é

sempre o tuteo para o singular e o vosotros para o plural. Apesar de o tratamento

informal aparecer muito entre os familiares e as crianças, no caso dos adultos o

tratamento é sempre formal. Quando há diferença de idade o mais velho trata o jovem

de tú, mas o contrário não é permitido, sendo necessário o uso de usted.

Nas tirinhas do Gaturro percebemos que o tratamento informal singular é

unicamente o voseo, e no plural o uso de ustedes. Só se tratam informalmente os

amigos e familiares, sendo os conhecidos ou desconhecidos tratados sempre

formalmente. Nas situações de poder sempre o tratamento é formal, tanto do superior

(patrão) quanto do inferior (empregado). Na escola, professores e pais se tratam

formalmente, e os professores com os alunos da mesma maneira. No caso das tiras

analisadas o aluno Gaturro trata a professora informalmente, porém fica impossível

saber no corpus analisado se isto se passa por uma questão irônica, já que ele não se

comunica falando com os humanos. Outro dado interessante é o uso de gírias ou

coloquialismos entre amigos, especialmente o uso de diminutivos.

Com os dados desta análise e com os anexos, o professor de língua

espanhola pode elaborar atividades didáticas para o ensino da dicotomia formal x

informal dentro das duas variedades analisadas, enfatizando o uso do voseo em

contraste com o uso do tuteo, sendo possível trabalhar com todos os níveis e faixas

etárias. Outra proposta seria criar uma atividade onde se demonstre através das

histórias em quais situações um falante nativo utiliza o registro formal e o informal.

Para demonstrar como pensamos ser a maneira ideal de trabalhar as

tirinhas para o ensino do tuteo/voseo, propomos em anexo uma atividade introdutória

do assunto, para alunos de nível básico, com a duração de uma a duas horas de aula.

Esperamos assim contribuir dando uma sugestão, sendo que a partir dela cada

professor possa elaborar suas próprias atividades, de acordo com a sua realidade

docente. Na atividade proposta trabalhamos apenas a questão do voseo/tuteo, mas

pensamos ser importante após esta atividade que o professor amplie o assunto,

trabalhando também a dicotomia ustedes/vosotros, para o tratamento informal no

plural.

Conclusão

Este trabalho se propôs a mostrar como o gênero história em quadrinhos é

um excelente auxílio no ensino de uma língua estrangeira, em especial a língua

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espanhola. São muitos os motivos pelos quais se deve utilizá-lo na escola, desde a

sua qualidade ao fator motivador que ele exerce nos alunos. Porém, o mais importante

é o fato das histórias trazerem a cultura do povo retratado nelas, e este fator cultural

vem adquirindo cada vez mais importância no ensino de uma língua estrangeira ao

longo dos anos.

Para ensinar o uso do tuteo e do voseo não podemos apenas ensinar a

parte gramatical do conteúdo, precisamos ensinar aos alunos como os falantes nativos

os utilizam, levando em consideração, portanto, a sua cultura nativa. Além disso,

através do ensino desta dicotomia, se amplia a visão do aluno sobre a língua

espanhola, mostrando se tratar de uma língua rica em diversidade e cultura.

Apesar de ser essencial que o aluno saiba das diferentes variedades do

Espanhol, e dos diferentes usos dos registros formal e informal, o professor não pode

despejar o conteúdo nos alunos, este trabalho deve ser feito com muito cuidado. É

neste momento que acreditamos que as histórias em quadrinhos servem como o

melhor recurso para o ensino não da parte gramatical deste conhecimento, mas da

sua parte prática, dos seus usos. Como hoje é defendido o uso de material autêntico

no ensino de uma língua, não há melhor gênero para mostrar situações comunicativas

e usos reais do idioma estudado.

Através da atividade didática proposta em anexo, esperamos dar apenas

uma sugestão de como se pode trabalhar o gênero quadrinhos em sala de aula, para o

ensino da variedade linguistica, no caso do tratamento informal, no singular. A partir

desta proposta o professor pode ampliar a atividade de acordo com seu público alvo, e

também criar novas atividades com objetivos didáticos diversos.

Esperamos que este artigo contribua para a divulgação da importância do

uso didático do gênero história em quadrinhos no ensino da língua espanhola, e que

motive os professores de espanhol a utilizarem os quadrinhos com mais frequência e

com o objetivo de ensinar a cultura do povo representado neles, e não apenas como

um momento de diversão.

Referências

ESCOBAR, José. El truco. In: Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III, p. 55-58. Madrid: Ediciones Bruch, 1988. FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São Paulo: Moderna, 2005.

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GORDILLO, Carmen Rojas. Diseño de actividades lúdicas para la clase de E/LE sobre tebeos españoles con material de internet. 2001. Disponível em: www.sgci.mec.es/br/cv/tebeo. Acesso em 05/08/2009 HERRERO, Maria Antonieta Andión. Variedades del español de América: una lengua y diecinueve países. Brasília: Thesaurus editora de Brasília, 2004. IRALA, Valesca Brasil. A opção da variedade de Espanhol por professores em serviço e pré-serviço. In: Linguagem e ensino. Volume 7, n. 2, 2004. Disponível em: http://rle.ucpel.tche.br/index.php?sCentro=php/edicoes/v7n2/v7n2.php Acesso em 05/08/2009. MARCO COMUM EUROPEU DE ENSINO DE LÍNGUAS. Disponível em: http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/marco/default.htm. Acesso em: 10/09/2009. NIK. Gaturro. Disponível em: www.gaturro.com RAE – Diccionario de la Real Academia Española. Disponível em: www.rae.es VENTURA, Rosana Pereira. Variaciones en algunos usos pronominales del Español. In: Actas del IX Seminario de Dificultades Específicas de la Enseñanza del Español a Lusohablantes: Registros de la lengua y lenguajes específicos. São Paulo: Thesaurus, 15 de Setembro de 2001. p. 75-81. Imagens: Gaturro: site www.gaturro.com Zipi y Zape: ESCOBAR, José. Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III. Madrid: Ediciones Bruch, 1988.

ANEXO 1: atividade didática

Historietas en Español

I. Objetivos Generales

Actividad concebida para estudiantes de nivel básico I, jóvenes o adultos, después de haber estudiado el presente de indicativo (verbos regulares e irregulares). Trabaja con vocabulario básico, palabras comunes, práctica del presente de indicativo, comprensión lectora y expresión escrita.

II. Materiales

Las hojas de trabajo en anexo.

III. Duración

1 ó 2 clases de 50 minutos o de una hora

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IV. Procedimiento

A) Preactividad

1. Lectura del texto sobre los personajes Zipi y Zape y Gaturro. 2. Preguntas orales sobre el texto. 3. Explicación del vocabulario nuevo.

B) Actividad

1. Lectura de la tira de Gaturro. 2. Ejercicios de predicción del contenido nuevo (el voseo). 3. Explicación oral del profesor sobre el voseo, usando la tira de Gaturro como

ejemplo. 4. Lectura de la tira de Zipi y Zape. 5. Ejercicios de predicción del tuteo. 6. Explicación de la variedad lingüística en español, en el caso del tratamiento

informal en singular. 7. Explicación de los cambios en los verbos en presente de indicativo en el voseo y

en el tuteo, en las tiras de Gaturro y Zipi y Zape. 8. Explicación del cuadro comparativo entre voseo y tuteo.

C) Pos actividad

Como tarea final, pedir que hagan la actividad 5, rellenar los globos vacíos de la historieta de Zipi y Zape, y escribir un nuevo final para la historia, utilizando el voseo para el tratamiento informal en el singular.

V. Bibliografía

FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São Paulo: Moderna, 2005.

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¿Conocen algunas historietas en español? Vamos a trabajar hoy con dos personajes muy divertidos:

Gaturro (www.gaturro.com)

Es un personaje creado en 1993 por el humorista gráfico argentino Cristian Dzwonik, más conocido como Nik. Gaturro es un gato marrón, con unos grandes cachetes amarillos con tres bigotes en cada uno. Es el principal personaje de la tira cómica que lleva su nombre. Vive con una familia que lo adoptó de muy chiquito. Le encanta su casa, pero al mismo tiempo le gusta andar por los techos del vecindario. Es un

romántico incurable, está perdidamente enamorado de Ágatha e inventa mil y una técnicas para conquistarla,

aunque siempre fracasa.

Zipi y Zape Es una serie de historieta humorística creada y desarrollada por el autor español José Escobar a partir de 1948. Este par de gemelos, que se distinguen entre sí por ser uno moreno (Zape) y otro rubio (Zipi), se caracterizan principalmente por sus endiabladas travesuras. Son muchachos traviesos e inquietos, si bien muchas de sus travesuras no son intencionadas, la mayoría suelen acabar con alguien persiguiéndoles Vamos ahora a leer una tira cómica de Gaturro, donde él habla con su novia, Agatha.

Fonte: site www.gaturro.com

Fonte: site www.gaturro.com

Fonte: ESCOBAR, 1988.

Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 45

En la historieta podemos notar el uso del pronombre de tratamiento VOS. 1) Responda algunas preguntas sobre el uso del VOS, de acuerdo con la

historieta de Gaturro:

a) ¿El tratamiento con el uso del VOS es formal o informal? ____ b) ¿Cómo está conjugado el verbo SER en la tira? ___________

2) Completa el cuadro abajo con la explicación del uso del pronombre de tratamiento vos:

En Argentina, Uruguay y otros países tenemos un pronombre de tratamiento llamado _____ que se usa para el tratamiento ___________, o sea, entre familia y amigos, en el singular. En el presente del indicativo, los verbos se conjugan de manera distinta cuando el sujeto es el vos, en el caso del verbo ser, él se queda ________. El uso de este pronombre de tratamiento se llama VOSEO.

¡Muy bien! Vamos a ver otros verbos conjugados en el voseo:

3) ¿Cómo están conjugados los verbos querer y tener en la historieta al lado? ____________ ____________

En el español de España no se usa el vos. ¿Qué pronombre de tratamiento se usa en su lugar? Mira este trecho de una historieta de Zipi y Zape abajo y descubre:

Fonte: site www.gaturro.com

Fonte: site www.gaturro.com

Fonte: ESCOBAR, 1988: 83.

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4) Completa la explicación abajo:

En España, se usa el pronombre de tratamiento ____ para el tratamiento ___________ , o sea, entre familia y amigos, para el singular. Este uso se llama tuteo.

Tenemos entonces dos posibilidades para el tratamiento informal en español, en el singular: el voseo y el tuteo. El voseo ocurre en algunos países como Argentina, Uruguay, Paraguay, y el tuteo en

muchos otros, como México y España. Mira cómo conjugamos los verbos en el voseo, en el presente de indicativo:

Formación Formas de vos Formas de tú

Se quita la í de la forma de vosotros. Se mantiene la acentuación: Vosotros sabéis- vos sabés

¿Cuántas lenguas hablás? ¿Querés un té con limón? Mi mejor amiga sos vos.

¿Cuántas lenguas hablas? ¿Quieres un té con limón? Mi mejor amiga eres tú.

Apud FANJUL, A. (2005: 176)

5) ¡Ahora vamos a jugar un poco! Imagínate que Zipi y Zape pasaron un tiempo en Argentina y quieren vosear. Completa los globos en blanco con el habla de los personajes e inventa un final para la historia. ¡No te olvides de usar el voseo!

Fonte: ESCOBAR, 1988: 91.